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DISCURSO DE POSSE DO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

GOVERNADOR JERÔNIMO RODRIGUES  


Salvador, 01 de janeiro de 2023

Senhoras e senhores, bom dia!

I.

Agradeço a Deus a oportunidade de estar aqui,

compartilhando, com o povo do nosso Estado, a

esperança que renasce do reencontro do Brasil com

a democracia. Sinto um imenso orgulho em saber

que a Bahia foi determinante para que nesse

primeiro de janeiro, pudéssemos nos reconciliar,

enquanto nação, e recomeçar a construção de um

futuro digno, respeitoso e próspero. 

Com muita honra, assumo hoje o Governo do

Estado da Bahia, com o compromisso de trabalhar

incansavelmente pelo desenvolvimento dos 15

milhões de baianas e baianos. Sou um homem

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trabalhador, vindo do interior da Bahia. Como

outros tantos, eu também precisei sair em busca de

oportunidades longe de onde nasci, na comunidade

de Palmeirinha, em Aiquara. Trago no rosto os

traços genuínos do povo brasileiro e, na alma, as

marcas de séculos de história do nosso país - e ela

nos conta que, em outros tempos, seria impensável

que homens como eu, viessem algum dia a

governar esse Estado. Mas, aqui, estou eu, filho de

Ziza, um vaqueiro, e de Maria Cerqueira, uma

costureira. Eu assumo com muita consciência e

responsabilidade, o meu papel nessa luta secular

por justiça social. 

Eu não cheguei aqui sozinho. Sou um homem de

grupo. Sou resultado de lutas, sonhos e projetos

coletivos. A minha história de vida, a minha

trajetória foi construída nos movimentos sociais, no

estudo e no debate sobre as questões mais


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fundamentais de quem, como eu, sonha com um

mundo mais respeitoso e com oportunidades

acessíveis ao nosso povo. 

Meus amigos e companheiros de ideais e de

trabalho, Jaques Wagner e Rui Costa, é um

privilégio sucedê-los no governo da Bahia. Ainda

mais nesse momento, em que o Presidente Lula é

reconduzido democraticamente ao Planalto Central

para liderar o processo de reconstrução do país.      

Quero dizer às senhoras e aos senhores que a

prioridade central do meu governo é o

enfrentamento à pobreza, o combate à fome e ao

desemprego. 

II.

Cumprimento o Presidente da Assembleia

Legislativa da Bahia, o deputado Adolfo Menezes e,

em seu nome, todas as parlamentares e os

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parlamentares dessa Casa, aos quais sou muito

grato pelo trabalho realizado e pela aprovação de

projetos importantes para o início do meu

mandato. 

A reforma administrativa, recém aprovada, é um

exemplo de fortalecimento das áreas sociais do

governo, modernização da administração pública e

consolidação das áreas de controle interno das

secretarias. Muito obrigado. Também sou grato pela

aprovação das medidas de socorro e apoio aos

municípios e segmentos sociais atingidos pelas

fortes chuvas do mês passado. O Governo da Bahia

está ao lado dos gestores municipais e da

população. Nesse contexto, a Procuradoria Geral do

Estado continuará as medidas necessárias à

apuração de responsabilidades da Chesf em relação

a Barragem de Pedra, em Jequié. Não admitiremos

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que nada e nem ninguém ponha em risco a vida e a

dignidade do povo da Bahia.

Cumprimento também as deputadas e deputados

estaduais e federais eleitos e reeleitos em 2022 -

que tomarão posse em fevereiro, e aquelas e

aqueles que foram candidatos. Abraço

especialmente o senador reeleito, Otto Alencar -

amigo que caminha ombro a ombro conosco todos

esses anos. Gratidão Otto, pelo seu

companheirismo. Também abraço o Senador Ângelo

Coronel. 

Saúdo o Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia,

desembargador Nilson Soares Castelo Branco, e o

Presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, o

Desembargador Roberto Maynard Frank,

estendendo os cumprimentos a todos os membros

do Judiciário.  Também saúdo a chefe do Ministério

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Público da Bahia, Drª. Norma Angélica Reis

Cavalcanti; e o Chefe da Defensoria Pública da

Bahia, Dr. Rafson Saraiva Ximenes; e todas as

autoridades do sistema de justiça e da segurança

pública presentes nesse ato.

Um abraço afetuoso ao vice-governador Geraldo

Júnior, um querido parceiro nessa caminhada. A sua

participação foi importante na nossa vitória e

gostaria de aqui reforçar minha gratidão a você, ao

seu partido e a sua família. Vamos juntos, Geraldo,

nesses próximos quatro anos, trabalhando com

muita responsabilidade e compromisso com o povo

baiano. 

Quero me dirigir às prefeitas e prefeitos, ex-

prefeitas e ex-prefeitos; vereadoras e vereadores

dos 417 municípios para dizer que governarei para

todas as baianas e baianos. Caminharemos juntos

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para realizar os projetos e enfrentar os desafios em

prol do desenvolvimento dos 27 Territórios de

Identidade. Inclusive, quero fortalecer e aperfeiçoar

o pacto federativo e, nesse contexto, a experiência

dos Consórcios Públicos. 

Minha gratidão e respeito aos partidos políticos que

compõem a nossa base. Peço licença para iniciar

pelo Partido dos Trabalhadores, o meu partido, e

enviar um forte abraço à nossa militância. Também

saúdo os partidos que nos apoiaram no primeiro e

no segundo turno: o PSB, o PCdoB, o PSD, o PV, o

MDB, Avante, o PSC, o Patriota, o PSOL e a Rede. O

compromisso com o diálogo franco, aberto e

respeitoso com todos está mantido e renovado,

inclusive com os partidos de oposição.

Saúdo também os profissionais de imprensa aqui,

presentes. É importante reconhecer o papel que

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desempenha uma imprensa livre, responsável e

comprometida com os interesses coletivos. Isso

fortalece a nossa democracia. 

Minha saudação especial à juventude baiana. É

diretriz nossa voltar a atenção à juventude como

aposta estratégica para a inclusão social, assim

como dos povos e comunidades tradicionais, povo

negro, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+

e todos os demais os segmentos sociais que são

vítimas de violência e discriminação.

III.

Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia

de reafirmação e ampliação de compromissos. Nós

iniciamos hoje, uma nova etapa neste processo

histórico de mudanças sociais da Bahia.

O compromisso central do meu governo é a

promoção da inclusão social. Ainda convivemos com

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a fome e com a pobreza em nosso país. Ambas

foram muito agravadas pelos rumos que o Brasil

tomou desde o golpe contra a Presidenta Dilma. Nós

temos a obrigação moral e cívica de reverter esse

processo e combater essas mazelas que tanto

maltratam a nossa população.

A pobreza e a fome ardem no estômago e na pele

de quem as vive e está submetido às suas dores e

consequências. Elas não são fenômenos

imprevisíveis e inevitáveis da dinâmica social. Pelo

contrário, elas são produtos de uma engrenagem

social, racial e econômica que as banalizou. Repito:

é compromisso meu empregar a nossa energia para

promover inclusão por meio de uma política objetiva

de desenvolvimento social e econômico que gere

trabalho e renda para o nosso povo.

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“Quando uma criança passa fome, é problema de

todo mundo”, disse uma das mais importantes

escritoras brasileiras, Carolina Maria de Jesus. Não

basta que o alimento esteja na mesa das pessoas. É

preciso promover uma política consistente de

Segurança Alimentar e Nutricional na Bahia. 

Tenho convicção de que uma das formas de

promover inclusão social é por meio da geração da

oportunidade de trabalho, isso dá dignidade às

pessoas e às suas famílias. Por isso, vamos

dinamizar a nossa política de atração de

investimentos. Quero estar próximo ao mundo

empresarial, valorizar e induzir a industrialização no

Estado e o fortalecer as cadeias produtivas. 

O Estado continuará priorizando os grandes

investimentos em obras de infraestrutura e logística

que estão interligando e integrando as nossas

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regiões, dando a fluidez produtiva que nós

precisamos para fazer a roda da economia girar.

Avançaremos nas obras de grande envergadura:

pontes, entre elas a Ponte Salvador - Itaparica,

estradas, aeroportos e aeródromos, portos e

ferrovias, além dos grandes investimentos na

mobilidade urbana e metropolitana. 

Nossos olhos estão postos no futuro e trabalharei

muito para que ele seja o embaixador de esperança

e de desenvolvimento à nossa gente.

IV.

Nessas últimas eleições, o povo brasileiro emitiu um

claro posicionamento em favor da democracia e da

recomposição da moldura constitucional. A inversão

de valores, o desrespeito e a intolerância levada às

últimas consequências nos últimos quatro anos, não

cabem mais na nossa sociedade. 

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Basta olhar o que aconteceu nas eleições de 2022!

Não adiantou viralizar fake news nas redes sociais,

nem engendrar operações escusas que tentaram até

atrasar e impedir a chegada dos eleitores às suas

sessões. A democracia é maior! A esperança

venceu, o sonho foi maior do que o medo. O povo

enviou um sonoro recado civilizatório: “Com tiranos,

não combinam brasileiros corações”, professa o

Hino da Bahia. 

V.

Nessas eleições, a população baiana confirmou o

reconhecimento e a confiança depositada no nosso

projeto. Mas, também, mandou um recado

consistente: ela quer mais e melhor. O palanque

eleitoral acabou. Precisamos de um Brasil unido e

sem ódio. O Brasil é um só.

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Nesses 16 anos, o ambiente político e institucional

na Bahia foi distensionado. Partidos políticos,

parlamentares e prefeitos de diversas matizes

ideológicas experimentaram a conduta respeitosa e

republicana dos governadores Wagner e Rui Costa,

e isso será mantido por mim. 

Fomos além e implementamos uma cultura de

diálogo real da população, inclusive legitimando os

espaços de representatividade dos movimentos

sociais nas esferas de planejamento das ações

governamentais. A realização do Programa de

Governo Participativo, o PGP, é uma prova desse

diálogo.

Faço questão desse registro hoje porque o considero

fundamental para a realização de todos os

investimentos e transformações que colocaram a

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Bahia em um outro patamar de respeitabilidade

externa e de desenvolvimento real.  

Hoje, não somos apenas um Estado exuberante nas

riquezas e belezas naturais e na sua diversidade.

Nós construímos as condições para estimular e

estruturar, por exemplo, a cadeia turística para

além do nosso litoral. Assim como a valorização da

nossa diversidade cultural. Ambos os setores são

prioritários e dialogarão com os demais segmentos

produtivos do Estado. Aproveito para saudar

também a ministra da Cultura, a baiana Margareth

Menezes. Registro aqui, a nossa alegria por tê-la

Ministra da Cultura 

VI.

São muitos os resultados dessa nova forma de

governar. Vou citar, rapidamente, alguns.

Construímos a experiência da “convivência com o

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semiárido”, respeitando suas características e

integrando a região e a sua população ao projeto de

desenvolvimento do Estado. Nos nossos  governos

direcionamos para lá robustos investimentos em

infraestrutura hídrica, social, logística e produtiva. É

lá, inclusive, onde estão as usinas eólicas e solares.

A Bahia já lidera a produção de energia renovável

no país e já deu os primeiros passos para ingressar

na produção do hidrogênio verde. Temos potencial

para ser referência mundial e vamos trabalhar para

isso.  

Alteramos para sempre o interior do Estado, com

programas como o Água para Todos e o Luz para

Todos. Nunca se investiu tanto em abastecimento

de água e esgoto na Bahia - o impressionante

volume de R$ 13 bilhões. Assim como tiramos da

escuridão a zona rural e viabilizamos mudanças

importantes no perfil produtivo das pequenas


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propriedades, o que levou cidadania às

comunidades do campo. A agricultura familiar

continua no centro das nossas prioridades, assim

como o tema do meio ambiente, cada vez mais

central no debate global da economia e dos direitos

humanos. A agricultura exportadora continuará

recebendo a nossa atenção e parceria.

VII.

Para tratar desses assuntos, é primordial falar em

educação. 

Acredito verdadeiramente no ensino público. Eu e

minhas irmãs construímos as nossas formações em

instituições públicas. Sou Engenheiro Agrônomo e

professor da Universidade Estadual de Feira de

Santana. Fui Secretário de Desenvolvimento Rural e

Secretário Estadual de Educação. Caminhei a vida

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inteira por entre os desafios da agricultura e da sala

de aula. 

Penso que a Educação é, a um só tempo, uma

estratégia de desenvolvimento e uma experiência a

estar à serviço da humanização dos povos. Paulo

Freire nos ensina que a educação é um bonito ato

de amor e, dessa forma, precisamos que as escolas

sejam ambientes de diálogo democrático e de

aprendizado criativo para as nossas crianças,

adolescentes e jovens. Esse é um precioso requisito

para formar almas inclinadas à paz e à cidadania,

ainda mais se estiver aliada ao esporte e à cultura,

no seu sentido mais amplo e inclusivo. É no acesso

às múltiplas linguagens artísticas e manifestações

culturais que criamos as condições para que a

sociedade aprenda a conviver respeitosa e

livremente com a nossa rica diversidade.  A

construção do conhecimento precisa ser estimulada


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no contexto da experiência empática da

solidariedade e da cooperação. 

Estarei perto das prefeitas e prefeitos para construir

as parcerias necessárias para melhorar a educação

dos nossos estudantes, desde o Infantil até o Ensino

Superior.

Nosso projeto investiu muito na valorização e na

qualificação permanente dos profissionais de

educação, em programas na infraestrutura escolar e

nos projetos de assistência estudantil. Mas eu estou

convencido de que é preciso seguir investindo na

escola e na sua permeabilidade com as demandas

das comunidades. 

Será desse ambiente fértil e curioso, que emergirão

as mentes capazes de apontar os questionamentos

e as soluções que colocarão a Bahia definitivamente

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na rota dessa nova configuração mundial, sobretudo

no pós-pandemia.

Com o mesmo compromisso de cuidar de gente,

daremos novos saltos na saúde pública. As pessoas

precisam ter acesso aos serviços públicos com

dignidade e garantia de qualidade, tanto para

prevenir como para tratar doenças. Continuaremos

a interiorizar a infraestrutura e os serviços de média

e alta complexidade, qualificando ainda mais a

nossa capacidade de absorver as demandas da

população em todos os territórios do Estado. Para

isso, a gestão estará em constante processo de

modernização.  

VIII.

Esse tempo todo, estamos falando de

reconhecimento e afirmação de direitos. Esse é o

sentido que move cada ação nossa e isso está

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refletido na composição da nossa equipe de

secretárias e secretários de Estado. Buscamos em

nosso governo assegurar a presença de novos perfis

políticos, muitos dos quais, filhos do interior da

Bahia. Também fizemos questão de convidar

mulheres para ocupar posições chaves na

administração pública e também observar a

diversidade étnica, racial, cultural e religiosa na

composição do primeiro escalão do nosso Governo.

Aproveito para agradecer às secretárias e

secretários do Governo Rui Costa. Também

agradeço a todas as servidoras e servidores públicos

que fazem as políticas de estado chegarem a toda a

Bahia.  

Mais do que uma preocupação com a

representatividade, selamos aqui um compromisso

com a reparação histórica. 

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Vamos combater firmemente todas as formas de

preconceito e discriminação. O racismo e os seus

desdobramentos serão enfrentados com uma clara

vinculação à luta por justiça. É inaceitável que a

sociedade ainda conviva com uma violência tão

sistemática contra as mulheres, os indígenas e

demais povos e comunidades tradicionais, os negros

e todos os grupos sociais historicamente excluídos.

A história recente do país demonstrou o quanto a

essas formas de discriminação espalham sofrimento

e atrasam a construção de uma sociedade moderna

e comprometida com a vida digna para todas as

pessoas.  

Avançarei nos investimentos em infraestrutura,

valorização e qualificação constante do efetivo

policial e, sobretudo, darei seguimento aos aportes

em tecnologia e inteligência. Mas, como disse

durante a campanha, a Bahia tem muito a contribuir


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no debate sobre a concepção de um sistema

nacional de segurança. Eu defendo essa ideia. 

Nesse sentido, festejamos a decisão do Presidente

Lula de reestruturar o Programa Nacional de

Segurança Pública com Cidadania. Com a liderança

do governo federal será possível dar passos

decisivos no enfrentamento ao tráfico de drogas e

ao crime organizado. A força e a inteligência

precisam caminhar lado a lado com o

reconhecimento e a promoção de direitos. 

Segurança pública e Direitos Humanos são duas

faces da mesma moeda. A firmeza no cumprimento

da lei e o respeito às garantias individuais são duas

dimensões de um mesmo projeto de justiça,

igualdade e cidadania. É isso que queremos

construir.

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O exercício da democracia depende do envolvimento

de todos. A cidadania é uma construção permanente

e cotidiana em favor de um tecido social inclinado à

tolerância e à paz. 

IX.

A responsabilidade de governar um estado com as

dimensões e a complexidade da Bahia, exige uma

dedicação constante e permanente. Tenho o

privilégio de integrar uma família amorosa e amiga.

Agradeço a minha companheira Tatiana Velloso. Eu

sou muito feliz por caminhar ao seu lado,

compartilhando os sonhos e trabalhando por um

mundo mais justo e humano. A nossa parceria

segue firme tanto no cuidado com a nossa família

quanto nas nossas lutas comuns. Somos pai e mãe

de João Gabriel, um rapaz jovem a quem dedicamos

todo o nosso amor. Para você, meu filho, quero

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deixar uma mensagem consistente de respeito ao

próximo, responsabilidade, honestidade e apreço

pelo conhecimento e pelo trabalho. 

Estou pronto para, junto com os partidos, os

movimentos sociais, os senadores, deputadas e

deputados, prefeitas e prefeitos, ex-prefeitas e ex-

prefeitos, vereadoras e vereadores, enfim, com o

povo da Bahia, governar ao lado de Lula e

reconstruir o Brasil com dignidade e muito amor.

Um 2023 de esperança e prosperidade para todos.

Vamos juntos!

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