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Uma obra por: Angelus.

Rubra foi criado originalmente como um RPG ( Role Playing Game ), com o início do projeto em
20/05/2023 e colocado em prática em 27/07/2023, utilizando como base o sistema "A Ordem
Paranormal" por Rafael Lange.
©Todos os direitos reservados para João Victor Lopes Lima Silva.™

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Capítulo 1
O CLUBE DE OCULTISMO

O ano é 2008 em Kamakura, cidade do Japão, onde o crime e desonestidade nesse

país tem se tornado cada vez mais comum. Sua economia quebrada acabou gerando
um desequilíbrio considerável para grande parte da população. Organizações
criminosas, máfia e entre outras instituições ficaram ainda mais significantes com o
passar do tempo. Mas agora… sinceramente, do que isso importa?

Um jovem planeja sair de sua casa para conseguir ir ao seu último dia de aula antes das
férias, que começam dia 29 de julho, e atualmente é dia 28. Apesar de ser um motivo
para grande alegria, aquele rapaz não parece tão animado assim quanto como talvez
deveria estar.
Seus cabelos pretos e lisos já estão chegando quase nos ombros, com sua franja
colocada ao centro de sua testa, descendo um pouco abaixo de seus olhos. Sua pele é
branca e ele veste seu uniforme escolar do Instituto Itame – Uma camiseta social
branca complementada por um paletó preto desabotoado e uma gravata preta em seu
colarinho.
Pegando sua mochila, o jovem desanimado a arruma em suas costas enquanto começa
a deixar sua casa para ir ao ponto de ônibus, não demorando muito para pegá-lo. Este
se senta em um banco vazio enquanto olha para a janela a viagem toda, "admirando" a
vista dos subúrbios no início de um pôr do sol, como casas em construção, moradias
destruídas, e etc.
Sua visão se conecta com um sentimento de frustração, arrumando seus cabelos de
forma um pouco desajeitada, pegando de sua mochila um livro, contando a história
de duas pessoas se enfrentando, baseado em jogos mentais.
— “Entra dia, sai dia. As mesmas coisas se repetem” — Diz Tsuki.

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A viagem em direção ao colégio é tranquila, não passando por qualquer dificuldade.
Ao sair do ônibus, o jovem já está acostumado a aquele ambiente, uma estrutura com
cerca de três andares além do térreo, com quadras, jardins e um estacionamento ao
lado para professores.
O Instituto Itame era muito famoso por ser um dos colégios mais bem requintados
naquela região, mas acabou decaindo por motivos misteriosos, teorizando ser
justamente pela queda na economia japonesa.

Tsuki segue com seus passos calmos e lentos em direção a entrada de sua escola, se
deparando com um cartaz importante na lateral da porta, sendo informado as
seguintes obrigações:
‘O Instituto Itame gostaria de informar para os alunos a importância de horas
complementares. Nada é mais importante do que ver nossos alunos felizes e
participando cada vez mais em nosso lugar, como uma segunda casa. Caso os alunos
não possuam mais de 24 horas complementares até o final do ano, será reprovado
imediatamente, independente de sua nota.’ – Juntamente disso há instruções de onde
conseguir horas complementares.
— “Isso é mesmo necessário? Tudo aqui está indo de mal a pior…” — Diz Tsuki
claramente não tendo gostado de receber tal notícia, muito por parte de achar
completamente inútil e também chato a ideia de ter que passar mais tempo em um
ambiente assim, onde poderia aproveitar seu tempo para outros afazeres.

Por fim, seus passos voltam ao caminho da entrada do colégio, adentrando o local e
buscando pelo espaço a qual poderia encontrar clubes, assim como informado nas
instruções do cartaz.
Seguindo o caminho até achar o mural com todos os clubes existentes naquele
colégio, é possível notar um mais aceitável, talvez do interesse daquele jovem
desanimado. O Clube de Ocultismo parece ser uma resposta perfeita – Não há quase
nada de pessoas, é algo consideravelmente incomum, e não parece ser tão chato assim.

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Antes de continuar a seguir para o Clube de Ocultismo, Tsuki acaba reparando em
murmúrios de julgamento próximo, desviando seu olhar para o lado de forma curiosa
e atenta para tentar entender o que estava alí acontecendo. Assim, é possível notar um
outro estudante passando por outros alunos por perto, mas que se afastam como
reação a não ter aquele tal estudante no mesmo ambiente.
Sua pele é branca, utilizando seu uniforme escolar de maneira despojada, carregando
consigo um casaco punk enquanto arruma um pirulito vermelho em sua boca. Seus
cabelos seguem um pouco acima de seus ombros, com cores mistas entre verde escuro
e branco em uma linha horizontal, onde a tonalidade de branco se mescla em suas
mechas e o verde em sua raiz.
Seu estilo despojado e também sua expressão neutra torna aquela situação tão normal
quanto escovar os dentes pela manhã – Em outras palavras, aquele rapaz não parece
ligar para os afastamentos e os cochichos sobre ele.

Tsuki olha para o de aparência 'delinquente' um tanto curioso, mas apenas o deixa
passar sem falar nada. Em sequência, começa a caminhar em direção aonde seria a sala
do clube que escolheu para ir, até uma situação constrangedora começar a acontecer:
Tsuki percebe que está virando os mesmos corredores e indo para a mesma direção
que aquele tal outro jovem que o despertou curiosidade, e aos ambos notarem isso,
param na porta do que seria a entrada para o clube, se encarando por alguns segundos
em silêncio até alguém começar a falar.
— “Aí, eu sei que eu sou estranho, mas não é preciso ficar me seguindo não. Ou tá
precisando de alguma coisa?” — Diz o de cabelos verdes retirando o pirulito de sua
boca, arqueando uma sobrancelha para o de cabelos pretos.
Tsuki nem mesmo tem a vontade de responder algo assim, aceitando o fato de que
provavelmente terá de entrar no mesmo clube que aquela pessoa, suspirando de
maneira cansada.

— “Espera aí… eu lembro de você! Hahah, é o garoto que acabou tirando a nota mais
alta na prova do ano passado e até mesmo foi destaque! Prazer em conhecê-lo, meu
nome é Ohma.” — O 'rockeiro' revela seu nome, Ohma, estendendo sua mão em
direção ao Tsuki para apertar.

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Tsuki não estende sua mão de volta, mas faz uma breve reverência ao inclinar seu
torso para frente, revelando seu nome também.
— “Tsuki… prazer. Eu diria que isso aí do aluno destaque foi apenas uma sorte, mas
obrigado.” — Tomando um tom de voz calmo no momento, o de cabelos pretos
tenta não demonstrar nada além do necessário.
Então, de repente, é possível escutar o barulho da porta de correr ao lado, sendo
exatamente da sala do Clube de Ocultismo, revelando uma figura nova aos dois
rapazes – Uma garota de pele branca e longos cabelos vermelhos, onde seus cabelos
eram presos a longas maria-chiquinhas voltadas para a parte inferior.
Ela utiliza o uniforme escolar femino padrão do colégio – uma camiseta social branca
por baixo de um paletó preto com o brasão da escola, complementando com um laço
vermelho em seu colarinho, saias um pouco acima dos joelhos e meias que vão um
pouco acima de seus tornozelos.

A expressão dessa garota parece ser de surpresa, não tendo imaginado que duas
pessoas iriam acabar aparecendo em frente ao seu clube, os analisando visualmente
como primeira impressão.
— “Oh… me desculpe caso interrompi algo. Eu acabei escutando o som de vocês
conversando em frente ao meu clube…” — A ruiva comentou, um pouco confusa
ainda por saber que não é comum que pessoas apareçam no seu clube.
É neste momento que Ohma sorri, dando um pouco de contexto à pequena.
— “Vim aqui porque esse parece ser o clube mais interessante que tem aqui… mas
ainda não estou tão convencido… por que eu deveria ficar aqui, hein?” — Ohma
pergunta de maneira desafiadora, querendo alguma prova de que valeria seu tempo
participar do Clube de Ocultismo.

Neste momento, a ruiva ficou com uma expressão pensativa, entrando dentro do
clube enquanto sinaliza com sua mão para que os outros ali entrassem também.
— “Venham, venham!” — Pediu empolgada, começando a mostrar o local todo para
os dois interessados, onde seguem a menor e a acompanha. O local cheio de livros
relacionado ao sobrenatural e o oculto é muito interessante e chamativo, com toda a
temática e decoração dedicada ao assunto – como quadros, pôsteres, bonecos, fitas e

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até mesmo a luz propositalmente um pouco mais fraca para criar o clima de
ocultismo em seu clube.
— “É muito difícil vocês encontrarem um lugar que tenha tanta coisa relacionada ao
sobrenatural por aqui. Me chamem de Shiro, a Presidente do Clube de Ocultismo.”

Enquanto Ohma bate palmas lentas com um sorriso em sua face, Tsuki olha ao redor
minuciosamente, admirando o lugar ao seu redor de maneira curiosa.
— “Realmente impressionante… está bem, você me convenceu. Pode colocar Ohma em
sua lista, é meu nome. Darei uma olhada em algumas coisas aqui!” — Ohma
comenta e vai direto até a estante de livros sobrenaturais, procurando diretamente
um sobre lendas japonesas, mais intitulado como ‘Yokai's’, abrindo um assim que o
acha.
— “Que delícia… um livro inteirinho sobre Yokai's… isso aqui é uma obra de arte. Vocês
já viram sobre o Bake-kujira? Eu queria muito ter um… imagina andar em uma
baleia esquelética fantasma?” — É perceptível que o tal ‘punk’ tem muito interesse
relacionado aos tais espíritos, sendo claramente um amante sobre essa parte do
oculto.

— “Ohma, certo… tudo bem, e você? Como se chama?” — A presidenta do clube tem
um caderninho sobre as suas mãos, juntamente de uma caneta para anotar o nome de
ambos. Após anotar o nome de Ohma, direciona seu olhar para Tsuki com tal
pergunta.
— “Tsuki… Tsuki Mazamoki.” — O de cabelos pretos respondeu a pergunta de
Shiro, utilizando um tom de voz um pouco mais baixo quando foi pronunciar seu
sobrenome.
— “Certo… é tímido…” — Comentou Shiro mentalmente consigo mesma, anotando
o nome do rapaz.

O som do ambiente parece quieto, enquanto o de cabelos verdes lê e fala consigo


mesmo sobre as lendas que aparecem naquele livro, até a porta de correr se abrir
como uma quebra daquele silêncio. Por trás daquela porta há outra figura – Um
jovem, com seus cabelos pretos volumosos e um rabo de cavalo voltado para a parte
inferior de sua cabeça, utilizando óculos redondos e um band aid que cobre uma

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cicatriz em seu nariz – Seu uniforme escolar é um tanto despojado, sem gravata
alguma e alguns botões abertos. Sua expressão é com certeza surpresa.

Os olhares de Shiro e Tsuki vão para a nova pessoa, mantendo um silêncio até aquela
expressão surpresa se tornar um sorriso e um comentário.
— “Olha só, novos membros para o clube! Muito prazer em conhecê-los. É bom ver
pessoas novas se interessando pelo clube. Me chamem de Machi, sou meio que o
vice-presidente aqui do clube.” — Machi se apresenta, tomando uma postura mais
respeitosa, cumprimentando todos que estão alí com uma reverência, inclinando seu
torso para frente.
Shiro sorri, já estando acostumada com aquele garoto que está diante de todos. Tsuki
acena sua cabeça com uma reverência também, revelando seu nome. Porém, o que
parece estar menos interessado na figura ainda lê sobre alguns dos espíritos famosos
no livro.
— “Vocês sabiam que os Kitsunes são os espíritos mais famosos do folclore japonês?
Extremamente gananciosos, manipuladores e mentirosos… Ah, olá.” — Depois de
tanto falar sobre o tal espírito, Ohma finalmente conseguiu tirar sua atenção do livro
e direcionar sua visão ao Machi.

Machi riu um pouquinho, comentando sobre o que Ohma estava falando.


— “Não dá pra negar que Kitsunes são realmente muito interessantes.” — Após seu
comentário, Machi se aproximou de todos alí de forma bem amigável, enquanto
Shiro comenta sobre a aparição daqueles dois indivíduos.
— “Finalmente apareceu mais pessoas aqui, Machi… Pessoal, que tal nós fazermos algo
hoje envolvendo rituais–” — A fala da ruiva é interrompida por um sinal alto,
indicando que o horário de prova começou. Sua expressão se tornou de empolgação
para um susto, seguido de frustração.

— “Oh… na verdade os rituais são muito interessantes… mas agora é o horário de


prova. Quando voltarmos, será a primeira coisa que iremos fazer!” — Machi
respondeu após o tal sinal alto acabar, massageando suas orelhas suavemente com o
zumbido dos vestígios daquele som.

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Os três outros alunos concordam com o que o de olhos acinzentados diz, arrumando
suas mochilas em suas costas e partindo em direção a sala de cada um.
Todos os estudantes alí pertencem ao horário da noite em seu último ano do ensino
médio, divididos em duas salas principais desse turno, sendo estas a Turma 3 - C e 3 -
D, enquanto outras turmas são provenientes de outros turnos.
Tsuki, Ohma e Machi direcionam seus passos para a sala 3 - C, enquanto Shiro vai
sozinha para a sala 3 - D.

Os professores chegam em ambas as salas, carregando com eles diversos papéis


empilhados como papeladas por cima de seus braços. O ambiente parece frio e tenso,
com a ventania do lado externo se movendo gradualmente para dentro das salas de
aulas. Tudo estava tão quieto, os alunos pareciam centrados e ansiosos para
receberem os papéis e iniciarem suas provas.
Ohma se senta atrás de uma garota na fileira da janela, colocando sua caneta em cima
da mesa de maneira despojada. Ao perceber de quem ele estava sentado atrás, se
inclina para frente, com seus lábios próximos ao ouvido da moça, sussurrando
minuciosamente.
— “Hey, Kagi…-” — Ao de cabelos verdes chamar a estudante em sua frente
sussurrando em seu ouvido, ela se vira um tanto assustada, não esperando a
aproximação do ‘delinquente’.
Kagi é uma jovem de cabelos escuros, puxado para um tom castanho, com sua pele
branca como a neve e seus olhos cor de mel. O cabelo dela chega um pouco acima de
seus ombros e forma uma franjinha delicada em sua testa, utilizando uma tiara azul
escuro como adereço.
— “Quer me matar de susto, Ohma…? Aah… você pelo menos estudou pra prova?” — A
de cabelos curtos pergunta, com seu olhar desviando para os lados, com medo de que
o professor percebesse ambos conversando de tal maneira, ditando em um tom de voz
baixo.
— “Eh… hehe… não… Na verdade eu fiquei afinando minha guitarra a noite inteira e
acabei esquecendo desse detalhe…” — O garoto revela não ter estudado, parecendo um
pouco envergonhado por ter esquecido algo tão importante quanto estudar para a
prova final antes das férias.

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— “Oh… bem… vou deixar minha prova de fácil acesso pra você… apenas tome
cuidado.” — Kagi sorri ao seu companheiro, levantando seu polegar em direção ao
Ohma e mostrando que o ajudaria.
Quando o professor da sala percebe que Ohma e Kagi estavam de cochicho após a
jovem decidir ajudar o de cabelos verdes, chama a atenção de ambos de maneira
autoritária, fazendo com que ambos tomem uma postura reta e respeitosa.
Apesar do rapaz não ter conseguido agradecer sua amiga, o sorriso em sua face
demonstra estar satisfeito.

O tempo passa e os estudantes começam a pegar em mãos as suas provas, com uma
quantidade de perguntas exorbitantes. Alguns permanecem com expressões tensas e
nervosas, e outros apenas mais tranquilos e pensativos sobre cada questão.
Após 2 horas de prova, todos os alunos deixam suas canetas em cima da mesa. O
gabarito é colocado ao final, revelando assim as notas de cada um.

Notas:
— Shiro: 100/100.
— Yuri: 100/100.
— Kagi: 97/100.
— Chiteki: 96/100.
— Ohma: 94/100 ( colou da Kagi ).
— Kuro: 88/100.
— Tsuki: 58/100.
— Machi: 52/100.
— Joyce: 51/100.
— Raito: 32/100.

Alguns ficam satisfeitos com suas notas, e já outros nem tanto. Entregando suas
provas para os professores, decidem sair da sala de aula, apenas sobrando uma
pequena quantia para conversarem entre si.
Tsuki demonstra uma expressão indiferente, somente suspirando por ver como sua
nota foi tão baixa esse ano, já que era comum ter suas notas altas no ano passado.

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Então, este se movimenta calmamente até uma outra estudante de sua turma, que
está arrumando os materiais em sua mochila.
A estudante é Chiteki, uma jovem de olhos azuis, pele branca e cabelos pretos
volumosos, com grandes mechas laterais que chegam abaixo de seus ombros, mas
com uma extensão curta o suficiente na parte de trás para não ultrapassar a linha de
sua nuca. Já seu uniforme escolar femino é comum como todos os outros, porém sem
seu paletó preto e com a adição de uma gravata vermelha.
— “Tsuki… oi… tá precisando de alguma coisa?” — Chiteki levanta seu olhar para o de
cabelos pretos em sua frente, perguntando curiosa sobre o que ele gostaria de
conversar. Seu tom de voz é um tanto melancólico, mantendo contato visual com o
rapaz.
— “Ah, eu gostaria de perguntar se você iria fazer algo durante as férias. Tipo, já
pensou no clube que você quer entrar?” — A pergunta de Tsuki foi completamente
inocente, esperando uma resposta sobre para talvez indicar ir ao Clube de Ocultismo,
clube esse que ele acabou de entrar. Porém, a expressão formada no rosto da jovem é
perceptível sua frustração, deixando seus olhos azuis um pouco para baixo de maneira
melancólica.
— “Me desculpe… eu irei me mudar. Daqui algumas semanas eu não estarei mais
aqui… então já não faz mais tanta diferença participar de um clube ou não.” — Um
clima pesado é forma ao redor de ambos quando Chiteki responde a pergunta de
Tsuki, parados um de frente para o outro, afundados a um destino ruim de como
aquele assunto acabará.
— “Entendi… então se cuide, Chiteki.” — Tsuki nem mesmo soube como responder,
virando seu rosto para o lado e caminhando para longe do campo de visão da garota,
acabando o assunto por alí da maneira mais seca e direta possível, desconfortante para
ambos.

Escutando um som de impacto e tombo forte vindo de fora da sala de aula, o de


cabelos pretos olha pela porta, visualizando Ohma correndo rapidamente em direção
as escadas enquanto ri descontroladamente, tomando um enorme contraste entre as
situações percebidas por Tsuki.

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Desviando seu olhar para baixo, o Mazamoki vê Raito com um carrinho de limpeza
por cima dele, molhando principalmente ele com produtos de limpeza e o chão ao
redor também.
Raito é um homem de pele branca e cabelos loiros até os seus ombros, pertencendo
olhos verdes e uma postura de ‘bully’, normalmente tentando intimidar os outros de
maneira infantil. Seu uniforme escolar está completamente sujo com os produtos de
limpeza e a água, junto com os seus cabelos à frente dos olhos, onde tudo foi jogado
para cima dele quando aconteceu o impacto com o carrinho de limpeza.
— “Desgraçado!! Quem foi que fez isso…?? Eu vou matar quem jogou isso em mim!!”
— Raito fala com raiva em seu tom de voz, tentando tirar tudo de cima dele de
maneira desajeitada e até cômica, sendo claro que o culpado da ocasião foi o Ohma,
que não tem lá grandes convivência com o loiro.

Tsuki vê a situação e apenas ignora, passando por cima de Raito e caminhando até a
sala do Clube de Ocultismo, passando pelos corredores e chegando até a linha de
entrada, onde consegue ver Shiro, Ohma e Machi um do lado do outro. O de cabelos
verdes parece estar rindo do acontecido até agora, enquanto os outros dois
acompanham com risos leves, sabendo já que o Raito era taxado como um otário.

— “Então foi você quem fez aquilo, não foi?” — Chegou Tsuki perguntando, mesmo
já sabendo que a resposta era 100% de certeza que sim.
— “Viu como aquele idiota tombou? Ele merecia, hahaha.” — Ohma claramente não
se arrepende de ter feito Raito se chocar contra aquele carrinho, respondendo com
risadas e um sorriso em seu rosto.
Depois da situação tensa que aconteceu entre o Mazamoki e a Chiteki, aquela
descontração estava funcionando um pouco para deixar Tsuki mais leve, fazendo com
que seus lábios formem um sorriso sutil.

— “Muito bem, pessoal. Vamos entrar? Eu gostaria de fazer o que eu mencionei antes
do sinal tocar. Agora que estamos em 4, vai ser perfeito.” — Shiro fala olhando para o
resto do grupo, mencionando sobre fazer um ritual em conjunto, algo nunca testado
antes pelo Clube de Ocultismo. Um clima de esperança e ansiedade sobe entre os
envolvidos, concordando todos enquanto adentram a sala do clube.

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Shiro começa a procurar um ritual entre os milhares de pergaminhos contendo os
mais diversos tipos de escrituras, passando seus dedos por cada papel escondido nas
partes mais profundas das estantes de seu clube, até o momento em que ela acha um,
aparentando ser um a escritura de um ritual antigo sobre manifestar e falar com
espíritos mortos.
— “Na mosca…” — A ruiva vai em direção a mesa do clube, colocando o pergaminho
por cima pra todo mundo presente ler.
— “Precisa de alguém para conduzir o ritual… Ohma, pode fazer isso? Você parecia
bem animado quando chegou aqui, não é…” — Shiro direciona seu olhar para o de
cabelos verdes ao fazer tal pergunta, sinalizando que sim com a cabeça pela parte dele.

O processo para a inicialização do Ritual se inicia.


Machi parte para pegar as velas, sendo no total 6 velas para a conclusão. Este
posiciona cada uma das velas minuciosamente no lugar correto ensinado pelas
escrituras, formando um círculo.
Tsuki anda em direção ao interruptor da sala, desligando todas as luzes presentes no
ambiente, escurecendo tudo ao redor como um breu, tendo apenas a leve iluminação
da luz da lua na janela central do lugar.
Com o ambiente já escuro, Ohma pega os fósforos e começa a acendê-los,
iluminando o clube com a tonalidade laranja de cada uma das 6 velas.
Por fim, Shiro pega um giz e se agacha em frente a cada uma daquelas velas,
flexionando os seus joelhos cuidadosamente, completando o símbolo do ritual em
um desenho preciso muito semelhante a um pentagrama.

O sentimento no coração de cada um dos estudantes presentes são mistos, olhando


diretamente a iluminação que as chamas proporcionam como um aro em volta do
ritual.
As mãos são dadas cuidadosamente – Ohma dá a mão para Tsuki, que dá a mão para
o Machi, que dá a mão para a Shiro, e que enfim dá a mão para o Ohma de volta.
Os 4 se vêem em volta do círculo daquele ato tão profano e obscuro, fechando seus
olhos aos poucos para a inicialização.

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Ohma é o condutor. Ohma é quem será a pessoa que servirá para fazer o contato,
fechando seus olhos por último de todos os outros.
— “Ā, watashitachi ga sunde iru fujōna basho ni zokusuru rei yo, soko ni iru nodesu
ka? Anata no shi no riyū ya, anata ni nani ga okotta no ka wa wakarimasenga,
nanika ohanashi ga deki tari, otetsudai dekiru koto ga areba, zehi oshirase kudasai...
Onegaishimasu.” — As palavras pelo de cabelos verdes cessam alí, onde tudo parece
tão quieto e vazio. A apreensão em seu coração o deixa confuso, não sabendo se deu
certo ou não.
Todos presentes conseguem sentir tudo e ao mesmo tempo nada, como se o espaço
do clube fosse desconectado ao resto do mundo. As cortinas se fecham de repente,
impedindo a visão do lado de fora, simultaneamente às chamas aumentarem sob o
arco de fogo do ritual, trazendo uma iluminação mais forte enquanto o calor
aumenta como um incêndio.
Ohma inicia uma respiração ofegante, abrindo os seus olhos como um ato daquilo
cessar, tomando uma tonalidade branca em sua íris. Mesmo com a intenção de acabar
com o ritual, a situação somente piora, começando a enxergar uma distorção espacial
a sua frente de maneira intensa, onde o tempo-espaço não faz sentido algum.
Um ruído intenso invade a cabeça de todos, começando a ficar insuportável a cada
segundo passado.

Quando a intensidade chega ao seu ápice, Ohma fica inconsciente e todos abrem seus
olhos. As luzes acendem, as velas apagam e as cortinas abrem como mágica.
Antes que Ohma encontrasse o chão com sua queda, Tsuki o segura firmemente em
suas costas.
— “Ohma? Ele desmaiou.” — A conclusão é facilmente tirada ao ver o de cabelos
verdes sem mexer um único músculo.
— “Hm… Ohma…?” — Machi se aproxima a tocá-lo, estendendo a mão em sua
direção. Porém, é repentinamente surpreendido com o despertar do desmaiado.
— “Ah!! Caralho, eu esqueci de tirar as roupas do varal.” — Ohma diz ao acordar de
forma tão repentina, surpreendendo e deixando todos confusos.

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Após cada um dos três encararem Ohma de maneira estranha, o sinal da escola é
tocado juntamente de um chamado nos alto-falantes, mandando todos descerem ao
pátio como emergência.
— “Isso foi completamente estranho, mas tudo bem… vamos primeiro ir ver o que está
acontecendo no pátio.” — Shiro comenta um tanto apreensiva. Todos do clube estão
com o sentimento de confusão, estranheza, desconforto e ansiedade presente dentro
de si. Porém, é como se um vazio existisse, ou nada tivesse acontecido.

Deixando a sala, os 4 direcionam seus passos até o pátio informado pela direção. Pelo
caminho, todos permanecem quietos ao que aconteceu, andando um do lado do
outro até chegarem ao local desejado.
É perceptível todo o resto dos alunos prestando atenção em algo, se dando conta que
o diretor Itame está posicionado em cima do 'palco'. Há um microfone em suas
mãos, e uma expressão centrada visada em seu rosto, sendo iluminado pela luz forte
das lâmpadas.
Suas roupas formais demonstram um tom mais sério, com seus cabelos brancos e
curtos ressaltando sua velhice.
— “Eu sinceramente já estou cansado… chamei todos vocês aqui porque é impossível
olhar o que está acontecendo e não fazer mais nada contra. Acredito que saibam do que
eu tô falando… 6 alunos desaparecidos do horário da noite! 6 pessoas já não estão mais
aqui e nós não temos um pingo de noção da onde estão de verdade. Podem estar mortas
ou sofrendo tortura psicológica e física até agora. Isso está acontecendo somente no
horário da noite… somente aqui… Há alguma ligação com vocês e o culpado disso tudo.
Eu vou prender todos vocês aqui, mas eu vou achar quem está fazendo iss–” — É nesse
instante que sua fala cessa. O tom de raiva em sua voz gritava como a batida de um
martelo, estressado e cansado com o desaparecimento dos seus alunos apenas no
turno da noite.
É possível escutar sons de placas de ferro se soltando do teto do pátio, onde os
parafusos não sustentam mais o seu peso.
As placas caem em queda livre para baixo, em direção ao diretor com alta velocidade.
O impacto e estrondo das placas formam contra o palco perfuram os tímpanos dos
estudantes. A poeira se levanta, mas ao abaixar, sangue escorre pelas bordas de onde
Itame estava.

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Diretor Itame está morto.

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