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Apostila do Curso Online

Violão Chord Melody


Professor Michael de Souza

www.terradamusica.com.br
Apostila do Curso de Violão Chord Melody
Professor Michael de Souza

O nosso ouvido, percebe a nota mais aguda de forma especial. Então é interessante deixar a
melodia que desejamos harmonizar como nota mais aguda.
Cada forma de acorde, cada inversão e cada estrutura em quartas fornece uma ponta (nota mais
aguda) diferente para um mesmo acorde. Conhecendo a relação entre o acorde e a ponta fornecida por
cada estrutura, fica fácil colocar a melodia na nota mais aguda, bastando para isto escolher a forma
ideal para cada nota que desejamos harmonizar.

FORMAS
formas 1 2 3 4 5
nota mais
Terça Oitava Quinta Terça Oitava
aguda

Formas 1 2 3 4 5 (caso não esteja familiarizado com as formas, estude guitarra e violão muito além do CAGED)

1
Alterações que acontecem quando mudamos as notas que compõem um acorde maior:

TERÇA DESCER DESCER 1 SUBIR 1/2


MAIOR 1/2 TOM TOM TOM
Se transforma Terça
segunda maior quarta justa
em: menor
Na cifra Acorde
Acorde Sus 2 Acorde sus 4
aparece como: menor

SUBIR 1
QUINTA DESCER DESCER 1 SUBIR 1/2 SUBIR 1 SUBIR 2
TOM E
JUSTA 1/2 TOM TOM TOM TOM TONS
MEIO
quinta quinta
Se diminuta ou aumentada
decima sétima sétima
transforma decima ou decima sexta maior
primeira menor maior
em: primeira terceira
aumentada menor
Na cifra
aparece (b5) 11 (#5) 6 7 7M
como:
(#11) (b13) 13

DESCER 1 SUBIR SUBIR 1


OITAVA DESCER DESCER 1 SUBIR 1
TOM E MEIO TOM E
JUSTA 1/2 TOM TOM TOM
MEIO TOM MEIO

sexta maior
Se transforma sétima sétima nona
ou sétima nona menor nona maior
em: maior menor aumentada
diminuta

Na cifra
aparece 7M 7 6 (b9) 9 (#9)
como:

acorde
diminuto

Cada forma fornece uma nota de acorde que pode ser substituída por uma (ou mais)
notas de extensão ou tensão .

2
FORMAS
formas 1 2 3 4 5
Quinta (ou sexta, Oitava (ou
nota mais Terça (ou quarta, ou Oitava (ou sétima, Terça (ou quarta,
ou sétima, ou sétima, ou nona,
aguda segunda) ou nona) ou segunda)
decima primeira) ou sexta)

Tensões e extensões disponíveis para os principais tipos de acorde:

Acorde Maior com sétima maior pode receber: Nona maior, Décima primeira aumentada e Sexta.

Acorde Menor com Sétima pode receber: Nona Maior, Décima primeira e Sexta.

Acorde Dominante (Maior com sétima menor) pode receber: Nona Maior, Nona menor e Nona
Aumentada, Décima primeira Aumentada, Décima terceira menor e Décima terceira Maior.

Para facilitar a execução é possível mudar os acordes de região.

A guitarra e o violão são instrumentos afinados em quartas. A sexta corda é E, a quinta corda é a quarta
dele (A), a quarta corda é D (quarta de A), a terceira corda é G (quarta de D), a segunda corda é B (Terça
de G). A segunda corda está meio tom abaixo do que deveria, a quarta de G (terceira corda) é C, mas a
segunda corda está afinada em B. A primeira corda é E (quarta de B). Um intervalo de quarta justa tem
dois tons e um semitom (o que equivale a 5 casas nos instrumentos de cordas).
Isto quer dizer que tudo o que for feito na sexta corda, se formos nos mover 5 casas para traz pode ser
realizado na quinta corda. Tudo que fizermos na quinta corda, se formos nos mover 5 casas para traz,
pode ser realizado na quarta corda. E por aí vai.
A única exceção à essa regra se encontra entre a terceira e segunda corda. A segunda corda está meio
tom abaixo do que “deveria”. Então tudo que fizermos sobre ela terá que ficar uma casa acima.
Para mudar um acorde de região basta contar cinco casas para traz (direção ao headstock da guitarra ou
do violão), descer todos os dedos de uma corda e subir de uma casa o dedo que se encontrar na segunda
corda. O mesmo raciocínio se aplica a um solo.

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Inversão de Acordes
Inverter um acorde consiste em mudar a ordem das notas que fazem parte da sua formação.
Quando invertemos um acorde, utilizamos, como referencia para classifica-lo, a sua nota mais grave (o
baixo). Um acorde só pode ter o baixo nas notas que fazem parte da sua formação, sendo ele uma tríade
(Baixo na Fundamental, terça ou quinta) ou uma tétrade (Baixo na Fundamental, terça, quinta ou
sétima).
É necessário manter as notas da formação do acorde, para não correr o risco de transforma-lo em outro.
Inversão de Tétrades
Para inverter uma tétrade é necessário manter todas as notas que formam o acorde, e é aconselhável
não utilizar notas de tensão, para não descaracterizar o acorde e sua função.
Utilizaremos as formas 1,3 e 4 para inversão de tétrades (nas formas 2 e 5 os desenhos ficam
impraticáveis).
Para mantermos todas as notas da tétrade, pegaremos cada nota do acorde em estado fundamental
(acorde sem inversão) e transformaremos na nota seguinte de sua formação (na mesma corda).

Ex.: Na forma 1, a fundamental do acorde se encontra na quinta corda, então transformaremos esta
nota em terça (na mesma corda). Em “C7M” a fundamental é “C” e ela se encontra na quinta corda,
então, na primeira inversão colocaremos a terça que é a nota “E” na quinta corda. A quinta deste acorde
é a nota “G” que está na quarta corda, transformaremos ela em “B” que é a sétima do acorde (na mesma
corda). A sétima do acorde (B) está na terceira corda, transformaremos em Fundamental (C) na mesma
corda. A terça do acorde (E) está na segunda corda, transformaremos na quinta (G) na mesma corda.
Cada inversão fornece uma nota diferente do acorde na ponta.
Forma 1

ESTADO PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA


CORDA
FUNDAMENTAL INVERSÃO INVERSÃO INVERSÃO
quarta Fundamental terça quinta sétima
Terceira quinta sétima fundamental terça
Segunda sétima fundamental terça quinta
Primeira terça quinta sétima fundamental

C7M forma 1 (Fundamental, quinta Justa, sétima maior e terça maior de cima para baixo)

C7M/E primeira inversão na forma 1 (baixo na terça) (terça maior, sétima maior, fundamental
e quinta justa de cima para baixo)

4
C7M/G segunda inversão na forma 1 (baixo na quinta) (quinta justa, fundamental, terça maior
e sétima maior de cima para baixo)

C7M/B terceira inversão na forma 1 (baixo na sétima) (Sétima maior, terça maior, quinta justa e
fundamental de cima para baixo)

Na forma 3, a fundamental do acorde se encontra na sexta corda, então transformaremos esta


nota em terça (na mesma corda). Em “G7M” a fundamental é “G” e ela se encontra na sexta corda, então,
na primeira inversão colocaremos a terça que é a nota “B” na sexta corda. A sétima deste acorde é a nota
“F#” que está na quarta corda, transformaremos ela em “G” que é a fundamental do acorde (na mesma
corda). A terça do acorde (B) está na terceira corda, transformaremos em quinta (G) na mesma corda. A
quinta do acorde (D) está na segunda corda, transformaremos na sétima (F#) na mesma corda.
Forma 3
ESTADO PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
CORDA
FUNDAMENTAL INVERSÃO INVERSÃO INVERSÃO
Sexta Fundamental terça quinta sétima
quarta sétima Fundamental terça quinta
terceira terça quinta sétima fundamental
segunda quinta sétima fundamental terça

G7M forma 3 (Fundamental, sétima maior, terça maior e quinta justa de cima para baixo)

G7M/B primeira inversão na forma 3 (baixo na terça) (terça maior, fundamental, quinta justa e
sétima maior, de cima para baixo)

5
G7M/D segunda inversão na forma 3 (baixo na quinta) (quinta justa, terça maior, sétima maior
e fundamental de cima para baixo)

G7M/F# terceira inversão na forma 3 (baixo na sétima) (sétima maior, quinta justa,
fundamental e terça maior de cima para baixo)

Na forma 4, a fundamental do acorde se encontra na quarta corda, então transformaremos esta


nota em terça (na mesma corda). Em “E7M” a fundamental é “E”, então, na primeira inversão
colocaremos a terça que é a nota “G#” na quarta corda. A quinta deste acorde é a nota “B” que está na
terceira corda, transformaremos ela em “D#” que é a sétima maior do acorde (na mesma corda). A
sétima maior do acorde (D#) está na segunda corda, transformaremos em fundamental (E) na mesma
corda. A terça do acorde (G#) está na primeira corda, transformaremos na quinta (B) na mesma corda.

Forma 4
ESTADO PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
CORDA
FUNDAMENTAL INVERSÃO INVERSÃO INVERSÃO
quinta Fundamental terça quinta sétima
quarta quinta sétima fundamental terça
terceira sétima fundamental terça quinta
segunda terça quinta sétima fundamental

E7M forma 4 (Fundamental, quinta Justa, sétima maior e terça maior de cima para baixo)

E7M/G# primeira inversão na forma 4 (baixo na terça) (terça maior, sétima maior,
fundamental e quinta justa de cima para baixo)

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E7M/B segunda inversão na forma 4 (baixo na quinta) (quinta justa, fundamental, terça maior
e sétima maior de cima para baixo)

E7M/D# terceira inversão na forma 4 (baixo na sétima) (Sétima maior, terça maior, quinta
justa e fundamental de cima para baixo)

Todos os exemplos apresentados são de acordes maiores com sétima maior. Para
formarmos um acorde menor, reduzimos a terça de um semitom. Para formarmos um
acorde aumentado, subimos a quinta de um semitom. Para realizarmos um acorde
diminuto, reduzimos a terça e a quinta de um semitom.

Para obtermos uma sétima menor, reduzimos a sétima maior de um semitom. Para termos
uma sétima diminuta, reduzimos a sétima maior de um tom. As alterações são as
mesmas, não importa a inversão em que o acorde se encontra.

Se quiser estudar as inversões a fundo, aconselho que estude o curso “Guitarra e violão
muito além do CAGED” modulo II.

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Estruturas em quartas
A harmonia convencional constrói seus acordes por superposição de terças (conforme vimos na
formação de acordes). Todavia, é possível organizar estruturas diferentes aproveitando as escalas de
acordes (notas de tensão disponíveis e evitadas para cada acorde). Dentre estas outras estruturas, a mais
interessante para o nosso instrumento (devido à sua afinação) encontramos as estruturas em quartas.

Para organizarmos as escalas de acorde (notas do acorde e notas de tensão disponíveis) em


quartas superpostas, consideramos as seguintes regras:
A relação tem que ser sempre que possível por quartas justas.
Também podemos eventualmente utilizar o trítono (quarta aumentada ou quinta diminuta).
As vozes devem representar o som básico do acorde (se você estiver tocando sozinho).
Quando o intervalo de quarta não está disponível, podemos substitui-lo pela terça (não colocamos
dois intervalos de terça seguidos, para não descaracterizar a construção em quartas).
O intervalo de quinta, também está disponível como alternativa (para substituir a quarta, se a
terça também não estiver disponível), mas só podemos utiliza-lo uma vez em cada estrutura.
Não dobramos nenhuma voz. O som básico do acorde pode estar incompleto para caracterizarmos
a sonoridade quartal, de preferencia na pulsação fraca do compasso.

Montaremos estruturas em 4 vozes, utilizando as quatro cordas mais finas ( E B G D).

Estruturas no primeiro grau da tonalidade maior para I7M(9, 13). Tomando dó como exemplo,
temos as seguintes notas: C E G B D A (F é uma nota evitada).

C D E G A B
E G A C D E
A C D E G A
D E G A C D

Estruturas da tonalidade maior para IIm7(9,11,6). Tomando Ré como exemplo, temos todas as notas
da escala de dó maior disponíveis.

D E F G A B C
G A B C D E F
C D E F G A B
F G A B C D E

Estruturas da tonalidade maior para IIIm7(11). Tomando Mi como exemplo, temos as seguintes notas:
E G B D A.

E G B D A
A B E G D
D E A B G

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Estruturas da tonalidade maior para IV7M (9,#11,6). Tomando Fá como exemplo, temos todas as notas
da escala de dó maior disponíveis.

F G A B C D E
B C D E F G A
E F G A B C D
A B C D E F G

Estruturas da tonalidade maior para V7(9, 13). Tomando sol como exemplo, temos as seguintes notas:
G B D F A E (C é uma nota evitada).

G B D F A E
B E G B D A
E A B E G D
A D E A B G

Estruturas da tonalidade maior para VIm7(9,11). Tomando Lá como exemplo, temos as seguintes
notas: A C E G B D (F é uma nota evitada)

A C E G B D
D E A C E G
G A D E A C
C D G A D E

Estruturas da tonalidade maior para VIIm7(B5,11,B13). Tomando Si como exemplo, temos as


seguintes notas: B D F A E G (C é uma nota evitada).

B D F A E G
E G B D A B
A B E G D E
D E A B G A

Assista à música de exemplo em que utilizamos os desenhos quartais.

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A escala maior bebop e a rearmonização

Na escala maior bebop, acrescentamos a 5˚ aumentada (ou 6 menor) à escala maior, o


que gera uma possibilidade harmônico/melódica muito interessante. Com esta alteração,
as notas que não pertencem ao acorde, podem ser harmonizadas com um acorde
diminuto (que contenha a nota na sua estrutura). Confira:

A escala maior bebop de C:

C D E F G G#(ou Ab) A B C

Os acordes gerados por esta escala são:

C E G B C7M

D F A C Dm7

D F Ab Cb (B) D˚

E G B D Em7

F A C E F7M

F Ab Cb Ebb(D) F˚

G B D F G7

Ab C E Gbb(F) Ab˚

A C E G Am7

B D F A Bm7(b5)
B D F Ab B˚

Observe que existe um acorde diminuto em cada nota que não faz parte do acorde de
C7M, logo todas as notas da melodia que não pertencem ao acorde, podem ser
harmonizadas com acordes diminutos!

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A ideia central do Chord Melody é fazer com que nosso instrumento consiga realizar, ao
mesmo tempo, a melodia, a harmonia e o ritmo de acompanhamento. Todavia,
observamos que não é necessário que todas as notas da melodia estejam
acompanhadas de acordes, isto é, harmonizadas.

Imagine os acordes como a base harmônica, estabeleça uma rítmica e tente mante-lá.
Por exemplo, se o seu arranjo for um samba tente realizar a melodia e tocar os acordes
mantendo a batida do samba.

O seu arranjo em chord melody pode utilizar todas as técnicas apresentadas ou


algumas delas. É o seu senso estético quem determinará o que utilizar.

Como observamos, cada forma fornece uma nota de acorde que pode ser substituída
por uma (ou mais) notas de tensão. Cada inversão fornece uma nota diferente do acorde
na ponta. E cada estrutura quartal fornece uma nota diferente da escala do tom na
ponta.

Para você se aprofundar no estudo da técnica de chord melody, a minha sugestão é a


de que você escolha algumas melodias simples e monte, nota por nota, as formas de
acordes correspondentes (escolha as formas que forneçam a nota da melodia na ponta).
Repita o processo com as inversões e depois com as estruturas em quartas.

A coisa mais importante, para evoluirmos no domínio de nosso instrumento, é a


constância nos estudos. Não importa quanto tempo você tenha à disposição para isso,
tente praticar todos os dias, mesmo que seja por apenas dez minutos. Dessa forma, o
seu subconsciente entenderá que estas informações fazem parte do seu “dia-a-dia” e
as manterá sempre acessíveis. Bons estudos!

Michael de Souza

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