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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 8
UNIDADE I
TEORIAS E ATUALIZAÇÕES.................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
SONOLOGIA: RELAÇÃO ENTRE MÚSICA, CIÊNCIA ETECNOLOGIA. . ............................... 11
CAPÍTULO 2
LIVRE IMPROVISAÇÃO. . ............................................................................................ 15
CAPÍTULO 3
INTERAÇÃO, INTERFACES E MÚSICA ELETROACÚSTICA. . ............................................... 20
CAPÍTULO 4
SOUNDSCAPES EM MÚSICA UBÍQUA. . ........................................................................ 26
CAPÍTULO 5
ATUALIZAÇÃO DA ESCUTA ATRAVÉS DAS MÍDIAS PORTÁTEIS.......................................... 31
UNIDADE II
PESQUISAS E CONCEITOS.................................................................................................... 45
CAPÍTULO 1
A POTÊNCIA CRÍTICA DA SONOLOGIA. . ..................................................................... 45
CAPÍTULO 2
PESQUISA E PRÁTICA DENTRO DA SONOLOGIA . . ......................................................... 50
CAPÍTULO 3
TEORIA DA ESCUTA TENDO O SOM COMO OBJETO.................................................... 55
CAPÍTULO 4
RUÍDO. . .................................................................................................................. 59
CAPÍTULO 5
CONCEITOS E PROPOSTAS DE CLASSIFICAÇÃO . . ........................................................ 63
UNIDADE III
PERFORMANCE E PEDAGOGIA............................................................................................ 67
CAPÍTULO 1
REESCRITURA.......................................................................................................... 67
CAPÍTULO 2
CRIAÇÃO E PERFORMANCE EM SONOLOGIA............................................................ 72
CAPÍTULO 3
DESIGN DE SOM..................................................................................................... 78
CAPÍTULO 4
PEDAGOGIA DA ESCUTA.......................................................................................... 83
CAPÍTULO 5
O SOM E O AUDIOVISUAL........................................................................................ 91
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 99
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Olá Alunos!
8
Objetivos
» » Estudar o material acústico e seu vínculo com as produções e
atividades musicais, visando abordar problemas relacionados à
criação, a percepção e a recepção.
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TEORIAS E UNIDADE I
ATUALIZAÇÕES
CAPÍTULO 1
Sonologia: relação entre música,
ciência etecnologia
Por outro lado, pensadores das mais diversas épocas escreveram sobre música,
textos que iam além das impressões e do gosto. Tratados, como aqueles, escritos
pelo estadista Boethius ou pelo engenheiro de rádio Pierre Schaeffer, elevaram
a música ao status de objeto de reflexão científica, enquanto filósofos de todas
as épocas encontraram na lógica particular da música um modo de refletir sobre
aquilo que o logos verbal não dava conta.
Entender o som e identificar como ele é percebido foi o primeiro passo para
poder capturá-lo. Assim como a notação havia permitido anotar a música
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
O mesmo som que podia ser preso no sulco de um disco era libertado quando
tocado. Não há lugar, dos espaços, em que ele não se intrometa, vazando por
cada fresta como um gás que se espalha de maneira desenfreada.
Mais tarde, foi possível criar espaços musicais dentro do estúdio de gravação e
com isso fomos nos acostumando a escutar ambientes que não existem, a não ser
na virtualidade acusmática dos alto-falantes.
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
A ordem das coisas vem mudando pouco a pouco, então, tivemos que mudar
também nossa relação com a música. Qual o modelo de análise para músicas
techno? O que escolher: progressão harmônica ou algoritmo genético?
Pentagrama ou sonograma? Análise formal ou estatística?
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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CAPÍTULO 2
Livre improvisação
A improvisação livre passou a ser considerada como um tema cada vez mais
presente nos meios acadêmicos e é atualmente uma área importante de
pesquisa. O ambiente da improvisação livre é diferente de um ambiente de
improvisação idiomático (Improvisação em Jazz, MPB etc.) e é estabelecido
por meio das performances instrumentais entre os músicos que se relacionam
em tempo real de forma criativa, portanto, imprevisíveis.
A improvisação livre é uma prática que começa sem qualquer estilo definido
ou forma preconcebida e que se estabelece nas qualidades naturais do som.
Há uma busca incessante por novas formas de produção do som.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
Por exemplo, quando uma nota é tocada num instrumento ela poderia ser
interpretada como: muito agudo, de longa duração, com acento, timbre doce
etc. Cada critério de interpretação sonora corresponderá a um gesto físico do
instrumentista. Isso mudará o som para o ouvinte.
O som doce, por exemplo, pode ser produzido quando o performer toca seu
instrumento com delicadeza muscular, delicadeza na atitude, procurando
equilíbrio das frequências e corpo de som compacto. É de responsabilidade do
performer vincular seu som ao seu gesto, controlando suas atitudes físicas de
acordo com as necessidades e variáveis sonoras exigidas pela música e pelos
colegas de performance.
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 3
Interação, interfaces e música
eletroacústica
Interação
Há bem pouco tempo, a interação inteligente era estudada apenas como um
fenômeno humano. Ela foi observada, analisada e teorias foram desenvolvidas
por cientistas do comportamento, sempre sob a perspectiva da explicação, não
do design. Agora, designers de interfaces de computador estão observando
as teorias das ciências do comportamento, modelos e ferramentas para
compreender a interação inteligente, bem como as ciências do comportamento
estão observando a interação entre homens e computadores como um
importante contexto para a coleta de dados e para o teste de teorias.
Entre as artes, a música é uma das que mais tardiamente deixou o período
quase primitivo de produzir (composição e performance), porém, deixou
esse primitivismo no que tange a difusão no início do século XX, com a
descoberta das formas de gravação e reprodução sonoras. Para a atividade
musical, sendo uma atividade basicamente compartilhada, o ato de tocar
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
A outra situação dizia respeito ao uso de uma nova tecnologia chamada MIDI,
que se utilizava de um teclado eletrônico. Dessa forma, o performer passa
a controlar essa nova tecnologia e seus gestos vão determinar aquilo que
acontecerá com o som.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
Interfaces
O instrumento musical não precisa ser fácil para ser utilizado. Se o músico
pode aprender um instrumento inteiro em 20 minutos, então, nós não
produzimos um instrumento, mas um brinquedo.
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
Enfim, nos últimos tempos, tem ocorrido com grande frequência nas
performances com suporte tecnológico a escuta acusmática, ouvindo sons
sem observar o local dessa produção. Essa audição de um determinado
período da história em que normalmente não identificamos a fonte desse
som, a não ser os alto-falantes, não elimina nossas lembranças acústicas
adquiridas ao longo do tempo.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
Música eletroacústica
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 4
Soundscapes em música ubíqua
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
CAPÍTULO 5
Atualização da escuta através das
mídias portáteis
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
quais ele está engajado para uma reconfiguração do foco de sua atenção
exclusivamente à música, ação que ele pode ser incapaz de realizar.
Música mecanizada
Entre as inovações tecnológicas da transição do século XlX para o século
XX, podemos iniciar destacando o fonógrafo, em 1877 – ano em que Thomas
Edison recebeu a patente do aparelho. A máquina se apresenta como
mediadora do processo de escuta, de maneira que o ouvinte já conseguia
escutar uma orquestra dentro da sala de sua casa, ou ainda seu cantor
predileto dentro de seu quarto.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
Agora, o som de grandes orquestras pode caber num pequeno barco, o som
de um violão de nylon pode preencher um estádio, pode-se ouvir uma marcha
numa banheira de hidromassagem e músicas estilo Rag Time nas montanhas.
No final do século XX, com a chegada das mídias portáteis como iPod, tablets
e smartphones, a escuta inovou sua maneira de ser móvel, requerendo aos
ouvintes um novo processo de adaptação e que ocorreu sem muito esforço.
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
Porém, basta observar a história para saber que não se deve apegar-se
ao que é transitório e as mídias e formatos digitais são transitórios. O
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TEORIAS E ATUALIZAÇÕES │ UNIDADE I
Assim como a geração do século XXl tem nos smartphones e iPods mais
que aparelhos, mas uma cultura e um estilo de vida, este mesmo efeito foi
observado no walkman durante as décadas de 1980 e 1990. Ele era tão popular
que dez anos após seu lançamento, a Sony ainda controlava aproximadamente
45-50% do mercado nos Estados Unidos e 46% no Japão.
A portabilidade não foi uma criação inédita do Walkman, pois o rádio a pilha
já o fazia, mas sim a capacidade de o usuário criar sua própria sequência
musical. Escolher as músicas, editá-las e colocá-las na sequência desejada
foi um ineditismo. Essa inovação causou impacto no âmbito tecnológico e
também na maneira de se ouvir. Nunca antes na história da escuta, o ouvinte
foi capaz de compilar suas músicas prediletas e concentrá-las num mesmo
aparelho.
A maioria das músicas se tornou uma música que acompanha nossas ações,
não importa o gênero ou o que se faz enquanto é ouvida. O profissional com
seu Walkman, lendo o Wall Street Journal, no ônibus da manhã, pode estar
facilmente ouvindo um quarteto de Schoenberg ou um lançamento de Crosby.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
2. Estetização.
3. Controle do ambiente.
4. Demarcação do território.
5. Mediação interpessoal.
6. Companhia.
7. Memória auditiva.
9. Controle de tempo.
10. Estímulo.
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UNIDADE I │ TEORIAS E ATUALIZAÇÕES
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PESQUISAS E UNIDADE II
CONCEITOS
CAPÍTULO 1
A potência crítica da sonologia
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
A sonologia pode ser algo mais do que uma linha de pesquisa em que se
mensura o som ou em que se produz equipamentos para atender as novas
demandas. Ela pode também funcionar para investigar possibilidades de
análise dos modelos lógicos, onde encontramos sons distintos, e se colocar
como uma área de realização prática e crítica da escuta.
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
A história da música está plena de figuras de músico e ouvinte que são mais
inclinadas ao modo operatório lúdico e experimental do que à economia
normativa centrada nas noções de obra e na instituição da propriedade
intelectual. Há todo um povo que se relaciona mais como usuário que como
proprietário da música.
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 2
Pesquisa e prática dentro da
sonologia
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
A partitura de escuta pode ser também uma ferramenta útil para a análise
da música instrumental. Ela permite que abordemos o material musical para
além da nota e que se represente sucintamente elementos da análise que na
descrição textual demandariam longas explanações.
O autor ressalta que não se deve fixar uma tipologia de condutas, mas a
cada enquete o analista pode desenvolver uma tipologia diferente.
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
A partitura musical tem uma função prescritiva para fins de execução pelo
instrumentista. A partitura não tem, por assim dizer, a função primeira de
descrever um som. É a nossa educação musical que nos dá o treino de olhar uma
partitura e ouvir a obra. Desta forma, a análise da partitura não é uma análise
mais objetiva ou neutra de uma obra musical.
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CAPÍTULO 3
Teoria da escuta tendo o som como
objeto
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
Esta notação musical não é dominada por todos. Este tipo de experiência
musical se limita aos músicos treinados institucionalmente e, claro, entre
estes, estas relações entre som ouvido e som representado ocorrem não só
em níveis diferentes, mas também com uma pluralidade de versões.
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
Parece ser aquela que tenta encontrar algo que seja reconhecido como
musical, no caso do instrumentista, nos sons que produz com seu
instrumento, no caso do ouvinte (e também do compositor de música
concreta) nos sons que ouve e manipula.
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CAPÍTULO 4
Ruído
A partir daí desenvolveu uma teoria na qual dava aos termos “informação”
e “ruído” um significado técnico: informação foi definida como uma
medida de diminuição na incerteza e ruído era para qualquer interferência
randômica na informação e não mais apenas os “chiados” ou “barulhos”
que usualmente ocorriam numa linha telefônica.
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
Investigar o ruído e sua força motriz no processo cultural, seja ele musical
ou não, é uma tarefa complexa, contudo, procuramos estabelecer uma
reflexão sobre a passagem do ruído, enquanto elemento desorganizador,
para som quando incorporado na música.
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
Dessa forma, ouvir um caminhão como se fosse uma composição musical diz
respeito a um processo de “limpeza sonora”. Transformar aquilo que não é
considerado som musical – ruído – em algo percebido como sons musicais.
Comumente vinculado como sons que devem ser evitados, o ruído pode ter várias
funções: agradável ou desagradável, por exemplo. Algumas pessoas lamentam
as gravações realizadas com alta tecnologia pois eliminam os ruídos de uma
apresentação ao vivo.
Esse ruído expressaria a autenticidade, o vigor musical que seria retirado num
processo de limpeza sonora realizado num estúdio.
Nos dispositivos eletrônicos, por exemplo, o ruído é inevitável pois faz parte
da natureza térmica dos circuitos. Para eliminá-los, seria necessário eliminar
o calor, baixar a temperatura a um nível em que não pode haver vida. O ruído
de fundo é signo de vida. Silenciá-los seria o equivalente à própria morte.
Alguns autores como John Cage e Pierre Schaeffer são referências no que diz
respeito a ruído. Eles pesquisam intensamente seu uso em suas experiências
sonoras. Cage chama a atenção para uma consciência dos sons ao redor do
mundo, os tornando parte do processo musical. Isto a partir de uma nova
atitude da escuta; P. Schaeffer estimula o uso do ruído como estruturas
sonoras reais nas composições.
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
próprio ruído como desestabilizador. Assim sendo, esse ruído passa a fazer
parte de uma composição musical e produz uma nova discussão. Essa dinâmica
repetitiva também é conhecida como propulsora da linguagem musical,
incorporando a instabilidade para criar estruturas sonoras estáveis.
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CAPÍTULO 5
Conceitos e propostas de
classificação
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
Cada gênero realça alguns critérios. O uso comum do termo gênero musical
é aberto, pois envolve critérios já citados, por isso existe a dificuldade de
definição única e aceita pela maioria.
Contudo, entende-se que o objetivo de um estudo não deve ser fechar uma teoria
bem-acabada, mas conhecer melhor o seu objeto. Desta forma, chamamos
como gênero, seguindo o uso comum e mais corrente dessa classificação.
Toda música que requer transformadores de algum tipo entre energia elétrica
e mecânica seria reconhecida como música eletroacústica.
Grande parte dos autores analisados não estão satisfeitos com uma
definição de música eletroacústica em função do critério de mídia, por
isso o descontentamento com o nome e a constante procura para outras
possibilidades que definam melhor suas composições.
Temos que lembrar que boa parte dos autores que cuidam da música
eletroacústica são os próprios compositores que não veem nesse termo uma
coerência musical. Essa definição se estenderia para outros elementos da
música.
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PESQUISAS E CONCEITOS │ UNIDADE II
Essa indefinição sobre o conteúdo soa estranha, pois nos lembra a teoria da
informação, utilizada por músicos para dar suporte a chamada música de
vanguarda da década de 1960.
Existem composições que vão além de todos esses limites e talvez fosse o caso
de lhes atribuir novos nomes para elas.
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UNIDADE II │ PESQUISAS E CONCEITOS
Mais uma definição, que não está submetida a história e aos limites das
diferentes escolas e, assim, se mostrou livre para os usos variados da mídia
eletroacústica, é a definição que segue um caminho conhecido: mídia,
auto-falantes, mas não pode ser reproduzida com instrumentos tradicionais
ou objetos físicos.
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PERFORMANCE E UNIDADE III
PEDAGOGIA
CAPÍTULO 1
Reescritura
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Citaria também o Requiem ,de Mozart, o qual vem atravessado por obras
de Haendel, Pergolesi e Palestrina.
Dessa forma, uma pequena sonoridade pode servir como foco para
reescritura. Ouve-se uma música inteira e é um pequeno intervalo arrastado
de segunda menor que nos chamou a atenção. É como se a outra música se
convertesse em um grande gesto a ser refeito.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
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CAPÍTULO 2
Criação e performance em
sonologia
Este capítulo irá tratar das práticas e dos processos de criação e performance
de música experimental desenvolvida na última década no ambiente de
pesquisas em sonologia.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Nos dias de hoje, não existe mais uma metalinguagem como existia no
período do absolutismo, que permite ao compositor criar algo novo dentro
de uma estrutura dada. Hoje estamos em uma condição de potencial
infinitude que nos faz uma demanda completamente nova, que é encontrar
uma orientação em um contexto em que tudo é válido, sem cair no beco
sem saída.
Desta forma, propomos que devem ser ponderados diversos pontos de vista
na análise da produção musical experimental interativa realizada no contexto
da musicologia em três dimensões.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Ela se mostra uma área que permite abordagens alternativas e mais amplas
do estudo da música justamente por uma diferença estrutural em relação
a tradicional musicologia acadêmica. A sonologia não parte da música
(enquanto arte superior – criada em sua tradição, a partir da simbologia da
notação musical) e sim do fenômeno sonoro.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
A tecnologia permite que uma obra seja criada e difundida quase que
exclusivamente por computadores. Tal difusão pode ocorrer por meio
de alto-falantes, instrumentos acústicos robóticos, que, de certa forma,
interpretariam o que foi processado pelo computador. Para que isso
aconteça, é necessário que o software seja programado por alguém e que
siga regras implementadas através de algoritmos. O computador atua,
apenas, dentro das possibilidades de sua programação.
Não por acaso que, no decorrer do século XX, ao mesmo tempo em que
estes aparelhos tecnológicos eram difundidos, os movimentos artísticos com
caráter de vanguarda contestaram profundamente uma série de conceitos
antes considerados fundamentais para as artes, como a própria genialidade e
domínio técnico do artista criador.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Arqueólogos, como Nicholas Connard, propuseram que o fato deo ser humano
já se reunir há aproximadamente 40.000 anos para fazer músicas e vivenciar
outros rituais coletivos, teria sido um fator determinante para o sucesso da
espécie ao reforçar o vínculo social, fundamental em momentos de crise.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Este ritual, por mais diverso que seja, em diferentes culturas e épocas,
é considerado por muitos como fundamental para nossas sociedades e
nossa espécie, mesmo que não compreendamos totalmente suas funções e
objetivos.
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CAPÍTULO 3
Design de som
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Dizendo de outra forma, o texto serve para mostrar que planejar som não
é exatamente movimentar botões, fazer cálculos e ligar cabos em caixas
de som. É antes planejar possibilidades de experiências das pessoas em
um lugar e tempo próprios. É oferecer condições de partilha de emoções
e sentimentos que produzem sentidos e afetos diversos nos contextos
específicos da vida das comunidades de pessoas envolvidas.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
O som não é algo que está lá adiante, formando uma paisagem com objetos
que eu escuto, mas antes, é a ação de escutadores interagindo em lugares de
escuta específicos. A condição em que se escuta é aquela em que se vive e por
isso o antropólogo afirma que não se escuta o som, como algo que está lá, mas
se escuta no som, no mundo no qual a vida se faz ao mesmo tempo em que
faz o mundo.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
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CAPÍTULO 4
Pedagogia da escuta
É fácil perceber o ator em ação se desligando dos ruídos da plateia, dos sons
produzidos pela sala quando não houve seus colegas de palco ou a si mesmo. A
escuta é uma condição fundamental para o alto nível de uma apresentação. Ela
é determinante durante os ensaios e a criação vocal do ator.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Ela começou a questionar o vínculo entre oralidade e escrita, para o ator. Uma
estratégia é pressionar o ator a decorar o texto, repetindo um a um, como num
exercício, uma frase seguida por seu parceiro lateral.
Esse exercício é realizado muitas vezes. O objetivo é que o ator não leia o texto
e se lembre de sua frase, sabendo exatamente sua hora de falar e no restante
do tempo, escute seus colegas. A repetição das palavras, longe do texto escrito,
visual, possibilita ao ator a incorporação de sua fala sem recorrer à leitura.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
promove vários exercícios que tem como objetivo levar o ator à exploração
tátil da origem e propagação do som no corpo, levando-se em conta uma
técnica particular baseada na condução óssea do som.
Quando ela começa a trabalhar com um grupo de atores, uma das primeiras
coisas que ela propõe é que eles desenhem a imagem de suas vozes. Este é o
primeiro passo para dizer que o ouvido não é o sentido mais importante na
percepção da voz.
Outra coisa que ela pede nesse sentido é que eles percebam suas vozes
em seus corpos. Estamos assim sobre ressonância física. Na raiz latina da
palavra ressonância – ressoar – há som. O som é vibração. Você pode sentir
as vibrações.
A condução óssea foi o princípio usado por Ludwig Van Beethoven para dar
prosseguimento ao seu trabalho como compositor depois de tornar-se surdo
aos 26 anos.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Assim sendo, bem mais do que expandir o sistema auditivo para todo o
corpo, as diferentes formas de observar a escuta nos trabalhos de Cicely
Berry, Zygmunt Molik, Kristin Linklater ou Gloria Beuttenmüller nos
conduzem para uma relação não hierárquica e sinestésica da percepção do
som que envolve voz, corpo, imaginário e até mesmo o ouvido.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Não se trata, portanto, de sugerir uma mudança direta para outras áreas
pedagógicas ou do conhecimento, mas de estabelecer que, esses pedagogos
e atores propõem um pensamento sobre a auralidade e, consequentemente,
sobre o som, o que pode contribuir com muitas questões e dúvidas sobre o
funcionamento fisiológico da audição e sobre a cognição auditiva.
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CAPÍTULO 5
O som e o audiovisual
Sistema audiovisual
A palavra audiovisual resulta da aglutinação dos termos “audio” e “visual” e
refere-se a tudo o que pertence ou é relativo ao uso simultâneo e/ou alternativo
do visual e auditivo e também a tudo que tem características próprias para a
captação e difusão mediante imagens e sons.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Num sentido restrito, estabelece-se uma íntima relação entre os termos para
originar um outro produto. A percepção simultânea de som e imagem vincula de
tal maneira estes elementos que eles originam uma unidade expressiva, total e
autónoma. Exemplo: cinema sonoro, televisão, algumas aplicações multimídia.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
Retemos aqui a ideia Peirceana de signo tal como o autor a definiu em 1873 –
algo que representa outra coisa. O signo é uma entidade própria, podendo ser
um objeto material, um fenômeno ou uma ação; remete-nos para outra coisa,
que poderá ser um signo de outra realidade, mas nunca é signo de si mesmo.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
Mas, existe uma grande quantidade de sons que não são perceptíveis pelo
sistema auditivo. São chamados de infrassons que se situam abaixo do limiar
de frequências audíveis, e os ultrassons, que estão acima desse limiar.
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PERFORMANCE E PEDAGOGIA │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
entre si, deixando sua autonomia de lado, para se integrar e criar um conjunto
com significado próprio.
Atualmente, o som não pode ser mais entendido como mero suporte da
imagem, uma ideia que se fundamentou, exclusivamente, em práticas
culturais seculares.
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UNIDADE III │ PERFORMANCE E PEDAGOGIA
98
Referências
BARBIERO, D. 1989. After the aging of new music. New York: Telos Press,
pp. 144-150, 1989.
BERRY, Cicely. Voice and The Actor, London: Random House, 2011.
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REFERÊNCIAS
The dialectics of walking”: Walkman use and the reconstruction of the site of the
experience.”. In: HEARN, J.; ROSENEIL, S. (Orgs.). Consuming Cultures:
Power and Resistance. London: Macmillan, pp. 199-220, 1999.
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REFERÊNCIAS
KAHN, D. Noise water meat: a history of sound in the arts. Cambridge London,
The MIT Press, 1999.
101
REFERÊNCIAS
(Org). The Sound Studies Reader. London and New York: Routledge, pp.
388-404, 2012.
SZENDY, Peter. Écoute: une histoire de nos oreilles. Paris: Minuit, 2001.
TRAUB, P. Sounding the Net: Recent Sonic Works for the Internet and, Computer
Networks. Contemporary Music Review, vol. 24, 2005.
102