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CONTEXTO E PROPOSTA
Hoje em dia, é impossível pensar na estrutura do capitalismo neoliberal sem se debruçar sobre o
papel e o poder que as grandes empresas conseguiram acumular ao longo das últimas décadas. As
CTNs, corporações transnacionais, são actores que lideram e controlam o processo de expansão e
acumulação de capital, e têm um impacto directo em todas as esferas da vida. Da privatização de
serviços públicos aos fluxos financeiros ilícitos, da usurpação de terras à evasão fiscal, da crise
climática à militarização, muitas são as formas como as grandes empresas garantem máximos lucros
para os seus accionistas e conduzem-nos para múltiplas crises planetárias. De acordo com Nnimmo
Bassey, um dos nossos especiais convidados, ‘as corporações transnacionais e instituições
financeiras internacionais constituem os principais guardiões do neocolonialismo, e o investimento
directo estrangeiro (IDE) continua a ser um dos instrumentos fundamentais do neocolonialismo
‘benigno’’.
Para debater poder, sociedade, crise e mudança, é fundamental compreendermos a forma como as
CTNs operam, os vazios legais de que se aproveitam, e os diferentes elementos que contribuem
para que permaneçam impunes, mesmo quando cometem graves crimes ambientais ou violam
direitos humanos. Pensar a arquitectura da impunidade corporativa é também encontrar ferramentas
para desmantelar um sistema extractivista neocolonial, que prospera na exploração irresponsável da
natureza e do trabalho, o que por sua vez cria crises sistemáticas que ameaçam a vida na terra.
O Workshop de Maputo sobre Impunidade Corporativa e Direitos Humanos teve a sua primeira
edição em 2017, como um pequeno encontro entre amigos e colegas de trabalho, na sua maioria da
região da África Austral, que estavam interessados em debater estes temas. Ao longo dos anos,
tornou-se um importante espaço de encontro e debate na agenda sobre empresas e direitos humanos,
reunindo sempre uma ampla gama de actores sociais de Moçambique e outros países. Após dois
anos em formato virtual devido à pandemia do COVID-19, em 2022 o Workshop volta a acontecer
fisicamente, em Maputo, e conta também com actividades culturais e outros espaços paralelos de
conversa e mobilização. Mantemos também a possibilidade de participação virtual, para poder
garantir uma ampla participação de pessoas interessadas a partir de outras províncias do país, e de
outros países.
Convidamos todos e todas a juntar-se a nós para uma imersão no mundo obscuro e secreto das
corporações transnacionais, e debater juntamente com especialistas que lideram lutas locais por
justiça e direitos, advogados populares, artistas, académicos e defensores ambientais e de direitos
humanos, para melhor entendermos as ramificações do poder corporativo e os seus impactos no
meio ambiente e nos direitos humanos. Acima de tudo, propomos um espaço onde juntos e juntas
possamos analisar as crises que nos afectam, compreender os seus catalisadores, e construir
alternativas radicalmente emancipatórias, inclusivas e justas.
AGENDA - Todos os dias das 8h30 às 13h30 (hora de Maputo)