Você está na página 1de 3

6o Workshop de Maputo sobre Impunidade Corporativa e Direitos Humanos

22, 23, 24 e 25 de Novembro de 2022, das 8h30 às 13h30 (hora de Maputo)

Local: Pensão Martins, Av. 24 de Julho 1098, Maputo


Contacto e inscrições: impunidade.corporativa@gmail.com / +258 84 3106010
Para participação online: https://us06web.zoom.us/meeting/register/tZwodu6gqjopGdOEl3ZB3IQHWLZAPPe-tKei

CONTEXTO E PROPOSTA

Hoje em dia, é impossível pensar na estrutura do capitalismo neoliberal sem se debruçar sobre o
papel e o poder que as grandes empresas conseguiram acumular ao longo das últimas décadas. As
CTNs, corporações transnacionais, são actores que lideram e controlam o processo de expansão e
acumulação de capital, e têm um impacto directo em todas as esferas da vida. Da privatização de
serviços públicos aos fluxos financeiros ilícitos, da usurpação de terras à evasão fiscal, da crise
climática à militarização, muitas são as formas como as grandes empresas garantem máximos lucros
para os seus accionistas e conduzem-nos para múltiplas crises planetárias. De acordo com Nnimmo
Bassey, um dos nossos especiais convidados, ‘as corporações transnacionais e instituições
financeiras internacionais constituem os principais guardiões do neocolonialismo, e o investimento
directo estrangeiro (IDE) continua a ser um dos instrumentos fundamentais do neocolonialismo
‘benigno’’.

Para debater poder, sociedade, crise e mudança, é fundamental compreendermos a forma como as
CTNs operam, os vazios legais de que se aproveitam, e os diferentes elementos que contribuem
para que permaneçam impunes, mesmo quando cometem graves crimes ambientais ou violam
direitos humanos. Pensar a arquitectura da impunidade corporativa é também encontrar ferramentas
para desmantelar um sistema extractivista neocolonial, que prospera na exploração irresponsável da
natureza e do trabalho, o que por sua vez cria crises sistemáticas que ameaçam a vida na terra.

O Workshop de Maputo sobre Impunidade Corporativa e Direitos Humanos teve a sua primeira
edição em 2017, como um pequeno encontro entre amigos e colegas de trabalho, na sua maioria da
região da África Austral, que estavam interessados em debater estes temas. Ao longo dos anos,
tornou-se um importante espaço de encontro e debate na agenda sobre empresas e direitos humanos,
reunindo sempre uma ampla gama de actores sociais de Moçambique e outros países. Após dois
anos em formato virtual devido à pandemia do COVID-19, em 2022 o Workshop volta a acontecer
fisicamente, em Maputo, e conta também com actividades culturais e outros espaços paralelos de
conversa e mobilização. Mantemos também a possibilidade de participação virtual, para poder
garantir uma ampla participação de pessoas interessadas a partir de outras províncias do país, e de
outros países.

Convidamos todos e todas a juntar-se a nós para uma imersão no mundo obscuro e secreto das
corporações transnacionais, e debater juntamente com especialistas que lideram lutas locais por
justiça e direitos, advogados populares, artistas, académicos e defensores ambientais e de direitos
humanos, para melhor entendermos as ramificações do poder corporativo e os seus impactos no
meio ambiente e nos direitos humanos. Acima de tudo, propomos um espaço onde juntos e juntas
possamos analisar as crises que nos afectam, compreender os seus catalisadores, e construir
alternativas radicalmente emancipatórias, inclusivas e justas.
AGENDA - Todos os dias das 8h30 às 13h30 (hora de Maputo)

Terça-feira, 22 de Novembro: Analisando o poder das empresas transnacionais

Visão geral do capitalismo neoliberal e da arquitectura da impunidade corporativa. A corporação


transnacional com uma entidade não-regulada. Poder económico em África e a persistência do
neocolonialismo. Acordos de livre comércio e de investimentos, o mecanismo ISDS e direitos dos
investidores. A privatização dos recursos e serviços e a comodificação da vida. A ineficácia das
normas voluntárias e as demandas por normas vinculativas para as empresas.
Oradores: Dima Asfour (Representante Permanente do Estado da Palestina nas Nações Unidas),
Lea di Salvatore (Pesquisadora Doutora da Universidade de Nottingham), Manoela Roland
(Professora e pesquisadora do HOMA – Centro de Direitos Humanos e Empresas, Brasil), Daniel
Ribeiro (Justiça Ambiental, Moçambique), João Nhampossa (Advogado de Direitos Humanos,
Moçambique), Aderonke Ige (Corporate Accountability & Public Participation Africa (CAPPA),
Nigéria), Sanyu Awori (AWID, Kenya), entre outros.

Quarta-feira, 23 de Novembro: A expansão do poder corporativo e o encolhimento do espaço cívico

O encolhimento do espaço cívico em Moçambique e no mundo: repressão e intimidação de


defensores ambientais e de direitos humanos, jornalistas e organizações da sociedade civil, e um
contexto generalizado de perda de direitos e liberdades fundamentais. Como isto se relaciona com o
modelo de desenvolvimento extractivista e o poder das grandes corporações transnacionais
actualmente? Quais são as semelhanças com os nossos países vizinhos, com o resto do continente, e
o Sul global?
Oradores: Nnimmo Bassey (HOMEF, Nigéria), Mai Taqueban (Legal Resources Centre,
Filipinas), Quitéria Guirengane (Observatório das Mulheres, Moçambique), Estácio Valói
(Jornalista investigativo, Moçambique), Fátima Lenade (Grupo de Jovens Activistas de Moatize,
Moçambique), Bobby Peek (groundWork, África do Sul), Anabela Lemos (Justiça Ambiental,
Moçambique), entre outros.

Quinta-feira, 24 de Novembro: O capitalismo verde e as ‘soluções’ de mercado

As múltiplas crises planetárias e o capitalismo ‘verde’. Como as grandes empresas se aproveitam


das crises para expandir o seu poder e travar soluções reais e sistémicas. Os mercados de carbono e
outras falsas soluções. A estratégia de agronegócio de Israel em África e os impactos das plantações
de monocultura.
Oradores: Natacha Bruna (Pesquisadora do Observatório do Meio Rural, Moçambique),
Nnimmo Bassey (HOMEF, Nigéria), Rodrigues Bicicleta (Missão Tabita, Moçambique),
Jacqueline Rukanda (Natural Justice, África do Sul), Winnie Overbeek (World Rainforest
Movement, América Latina), entre outros.

Sexta-feira, 25 de Novembro: Utopias reais e mudança de sistema

Pensar o pós-capitalismo e o pós-extractivismo: resistência e mudança de sistema. Litigância


estratégica e o direito a dizer NÃO. Ecofeminismo Africano, ecosocialismo, e discussão sobre
teorias de mudança em Moçambique e no mundo. A urgência de uma transição justa.
Oradores: Terezinha da Silva (Activista social, Moçambique), Allan Basajassubi (Natural
Justice, África do Sul), Rita Uwaka (Environmental Rights Action, Nigéria), Apollin Koagne
(Pesquisador Doutor, Camarões), João Mosca (Observatório do Meio Rural, Moçambique), entre
outros.

Você também pode gostar