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ENGENHARIA QUÍMICA

MARIANA SOUZA DA CONCEIÇÃO


PRICILA ALVES PEREIRA

OS DESAFIOS DA MISTURA BIODIESEL/DIESELNO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL E SOCIOECONÔMICO

MACAÉ
2019
MARIANA SOUZA DA CONCEIÇÃO
PRICILA ALVES PEREIRA

OS DESAFIOS DA MISTURA BIODIESEL/DIESEL NO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL E SOCIOECONÔMICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de


graduação em Engenharia de Química, da Faculdade
Salesiana Maria Auxiliadora, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química.
Orientador: Prof. M.Sc. Rogério Manhães Soares.

MACAÉ
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

MARIANA SOUZA DA CONCEIÇÃO


PRICILA ALVES PEREIRA

OS DESAFIOS DA MISTURA BIODIESEL/DIESEL NO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL E SOCIOECONÔMICO

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do


grau de Engenharia Química da FSMA – Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora,
pela seguinte comissão examinadora:

_____________________________________________
Prof. M. Sc. Rogério Manhães Soares

_____________________________________________
Prof. M.Sc. Priscila Martins Barros Camara

_____________________________________________
Prof. M.Sc. Warlley Ligório Antunes

MACAÉ
2019
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meus pais,


Eleidimar Pereira de Souza da
Conceição e Luiz Claudio da
Conceição

Mariana Souza da Conceição


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais,


Janete de Mattos Alves (in memoriam)
e Antonio Carlos de Melo Pereira

Pricila Alves Pereira


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado saúde e por ter me sustentado em


momentos difíceis que apareceram durante o período da Faculdade.
Aos meus pais, Eleidimar e Luiz Claudio, pelo amor, incentivo e apoio
incondicional.
À minha irmã, Marcela, que sempre esteve disposta a me ajudar e por ser tão
compreensiva ser tão paciente comigo.
Aos meus amigos ofereço o meu mais sincero agradecimento por todo amor,
paciência, orações e compreensão.
À minha dupla, Pricila, pelo empenho e paciência de dividir comigo este
momento tão importante.
Ao meu orientador, Rogério, pelo incentivo, disponibilidade e apoio durante o
período de preparação deste trabalho.
Aos meus professores e Coordenador, o meu Muito Obrigada, por
compartilharem seus conhecimentos e me fazendo enxergar o mundo com outra
perspectiva.
Aos professores desta banca examinadora, obrigada por ceder uma parte do
tempo de vocês para análise e avaliação deste trabalho.
À Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, pelo amplo e confortável ambiente
o qual desfrutamos ao longo do curso, ao pessoal da biblioteca e corpo docente o
meu muito obrigada.

Mariana Souza da Conceição


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo discernimento e fortaleza durante toda a jornada.


Aos meus pais, que mesmo sem ter alcançado o nível médio de ensino, não
mediram esforços para incentivar, apoiar e tornar as conquistas possíveis. Em
especial à minha mãe Janete de Mattos Alves (in memoriam), que infelizmente não
poderá participar desse momento em minha vida, mas foi forte o suficiente pra me
inspirar em vida e ainda após ela.
À professora Rozimeri Costa e à orientadora educacional Eleide Lessa do
meu ensino fundamental, que desde minha infância são exemplos de mestre, e
incentivadoras da educação, e até hoje com muito zelo e carinho ainda
acompanham-me na vida, dando-me a honra de mostrar que a dedicação e o
trabalho valeu a pena.
À minha dupla, Mariana, por compartilhar comigo deste desafio e superar
comigo as dificuldades, e aceitar minha participação e contribuição nesta etapa tão
importante.
Ao meu orientador, Rogério, por todo incentivo, apoio, paciência e sabedoria
durante o desenvolvimento desse trabalho.
Ao meu coordenador Warlley, por me receber nessa instituição, pelo apoio e
por sempre ter demonstrado o zelo em me conduzir pelo longo e árduo caminho da
graduação.
Aos professores desta banca examinadora, por dedicarem seu tempo para
análise e avaliação deste trabalho.
Aos professores e demais, que fazem parte da equipe, da Faculdade
Salesiana Maria Auxiliadora, onde, contribuíram diretamente em minha formação, e
tiveram paciência e dedicação em me passar seus conhecimentos.
Aos amigos que estou fazendo ao longo dessa jornada, pela amizade e
experiências compartilhadas.

Pricila Alves Pereira


EPÍGRAFE

Se você for uma pessoa que busca realmente a


verdade, é necessário que ao menos uma vez
na vida duvide de todas as coisas, da maneira
mais profunda possível.
“René Descartes”
RESUMO

Este trabalho descreve e analisa os aspectos ambientais, socioeconômicos e


técnicos da mistura do Biodiesel x Diesel de petróleo usadas em motores do ciclo
Diesel, para identificar as perspectivas futuras em relação à produção, identificar a
relevância do Biodiesel no desenvolvimento sustentável e social, comparar e
analisar a viabilidade técnica e os impactos ambientais. Foi realizada uma ampla
pesquisa bibliográfica, para analisar as vantagens e desvantagens, e os desafios da
mistura biodiesel/diesel, através de um compilamento de dados. Foi demonstrado
que apesar da capacidade de gerar energia ser umas das maiores vantagens do
diesel e sua produção em larga escala, e seu custo operacional ser mais atrativo do
que os biocombustíveis, o Diesel emite gases do efeito estufa como o CO2, gerado
na combustão, e a obtenção da matérias-primas se dá por meio extrativistas
gerando impactos ambientais negativos. Em contrapartida, o Biodiesel não tem
origem fóssil, a emissão de gases da combustão dos motores que operam com
biodiesel não contém óxidos de enxofre, pode ser adicionado ao diesel formando
uma mistura e pode ser usado em um motor a diesel sem nenhuma adaptação na
estrutura do veículo. Algumas recomendações foram apontadas, como de incluir na
norma de qualidade da ANP, que define um parâmetro mínio de 20 horas de
“estabilidade à oxidação”. A produção de biodiesel permitirá ao Brasil também atingir
as metas propostas pelo Protocolo de Kyoto, através do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, habilitando o País a participar no mercado de “bônus de
carbono”. O Brasil, vêm incentivando a ampliação da produção de biocombustíveis,
adotando melhorias que visam o desenvolvimento e inovação para a produção de
biodiesel. Apesar desse incentivo, principalmente da garantia da inclusão da
agricultura familiar pela adoção do Selo Social, é notório o fracasso das metas do
PNPB para o Norte/Nordeste, onde os maiores empreendedores possuem o maior
domínio na produção e comercialização das matérias-primas do Biodiesel.

Palavras-chave: Biodiesel, Diesel, Sustentabilidade.


ABSTRACT

This work describes and analyzes the environmental, socioeconomic and


technical aspects of the biodiesel-diesel oil blend used in diesel cycle engines to
identify future prospects in the production relationship, to identify the relevance of
biodiesel in sustainable and social development. compare and analyze technical
feasibility and environmental impacts. A broad bibliographic research was carried out
to analyze the advantages and disadvantages and the challenges of the biodiesel /
diesel blend through a data compiler. It has been shown that despite the ability to
generate energy is one of the biggest advantages of diesel and its large scale
production, and its operating cost is more attractive than biofuels, diesel emits
greenhouse gases like CO2, causes in combustion, and the use of raw materials
occurs through extractivism generating isolated environmental impacts. By contrast,
Biodiesel has no fossil origin, a combustion gas emission from engines running on
biodiesel does not contain sulfur oxides, can be added to the formed diesel or a
mixture and can be used in the diesel engine without any vehicle structure. . Some
recommendations were indicated, such as the inclusion of ANP quality standard,
which defines a 20 hour parameter of "oxidation stability". Selected biodiesel
production in Brazil also meets the targets set by the Kyoto Protocol through the
Clean Development Mechanism, enabling the country to participate in the "carbon
bonus" market. Brazil has been encouraging the expansion of biofuel production,
adopting improvements aimed at the development and innovation of biodiesel
production. Despite this incentive, especially ensuring the inclusion of family farming
through the adoption of the Social Seal, is the history or number of stages of the
PNPB for the North / Northeast, where the largest entrepreneurs sell or the largest
domain in the production and marketing of raw materials. biodiesel feedstocks.

Keywords: Biodiesel, Diesel, Sustainability.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Dependência externa de energia. ............................................................. 27


Figura 2 - Áreas impactadas pelo PNPB. .................................................................. 34
Figura 3 - Evolução do percentual do teor da mistura biodiesel no diesel. ............... 35
Figura 4 - Produção de oleaginosas no Brasil. .......................................................... 46
Figura 5 - Estrutura dos ácidos graxos presentes no óleo de soja. ........................... 51
Figura 6 - Estrutura química do ácido ricinoléico....................................................... 53
Figura 7 - Estrutura dos ácidos graxos presentes no óleo de dendê. ....................... 55
Figura 8 - Fluxograma da produção do sebo bovino. ................................................ 58
Figura 9 - Reação de transesterificação de um triglicerídeo ..................................... 61
Figura 10 - Etapas do processo de hidroesterificação .............................................. 62
Figura 11 - Resultados não alcançados do PNPB. ................................................... 72
Figura 12 - Programa de incentivo a produção de Biodiesel nacional....................... 75
Figura 13 - Alternativas para redução dos custos do biodiesel. ................................ 76
Figura 14 - Vantagens e desvantagens do diesel. .................................................... 80
Figura 15 - Vantagens e desvantagens do Biodiesel em relação ao Diesel. ............. 82
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Cenário petrolífero.................................................................................... 24


Tabela 2 - Consumo final de energia por setor. ........................................................ 26
Tabela 3 - Oferta interna de energia no Brasil e no Mundo. ...................................... 28
Tabela 4 - Produção mundial de biodiesel (2014). .................................................... 29
Tabela 5 - Evolução da Participação da Oferta Interna de Energia (em %) .............. 41
Tabela 6 - Projeção da Oferta Interna de Energia (participação em %) .................... 42
Tabela 7 - Teor de óleo nas oleaginosas. ................................................................. 47
Tabela 8 - Percentual das matérias primas utilizadas para a produção de biodiesel
por região em janeiro de 2017................................................................................... 50
Tabela 9 - Principais estados nacionais produtores de soja. .................................... 51
Tabela 10 - Produção mundial de soja. ..................................................................... 52
Tabela 11 - Composição química em ácidos graxos dos óleos de algodão e soja. .. 56
Tabela 12 - Principais tipos de resíduos gordurosos para uso como combustível .... 59
Tabela 13 - Características técnicas dos óleos vegetais em relação ao diesel ......... 78
Tabela 14 - Resultado dos teste para validação do combustível B15. ...................... 78
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos de Incentivo dados ao biodiesel em alguns países ....................... 31

Quadro 2 - Regulamentação do Biodiesel ................................................................. 66

Quadro 3 - Principais tipos de GEE e seu poder de aquecimento global .................. 66


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Consumo mundial de biodiesel. ............................................................... 30


Gráfico 2 - Evolução do número de cooperativas fornecedoras de matéria-prima
detentoras do Selo Combustível Social de 2008 a 2016. .......................................... 39
Gráfico 3 - Evolução do número acumulado total de famílias fornecedoras de matéria
prima nos arranjos do Selo Combustível Social por ano, no período de 2008 a 2016.
.................................................................................................................................. 40
Gráfico 4 - Produção de biodiesel por matéria-prima ................................................ 48
Gráfico 5 - Perfil nacional de matérias-primas consumidas para produção de
biodiesel em agosto de 2018..................................................................................... 49
Gráfico 6 - Emissões de CO2 por Setor em 2017 ...................................................... 68
Gráfico 7 - Tendência do transporte Rodoviário Biodiesel x Diesel 2008 – 2017. ..... 69
LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis


CEIB - Executiva Interministerial
CNPE - Nacional de Política Energética
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
GEE - Gases do Efeito Estufa
MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário
MME - Ministério de Minas e Energia
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
PNPB - Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 19
1.1 Problema ...................................................................................................... 20
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................ 21
1.3.2 Objetivo específicos ...................................................................................... 21
1.4 Justificativas ................................................................................................ 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 23


2.1 Diesel ............................................................................................................ 23
2.1.1 Definição e característica .............................................................................. 23
2.1.2 Cenário mundial e brasileiro das reservas petrolíferas.................................. 23
2.2 Biodiesel ...................................................................................................... 25
2.2.1 Definição e característica .............................................................................. 25
2.2.2 Breve histórico ............................................................................................... 25
2.2.3 Cenário mundial do biodiesel ........................................................................ 28
2.3 Referência do biodiesel no Brasil .............................................................. 32
2.3.1 Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel .................................... 32
2.3.2 Mistura Diesel/Biodiesel ................................................................................ 34
2.3.3 Leilões ........................................................................................................... 36
2.3.4 Selo Combustível .......................................................................................... 36
2.4 Matriz Energética ......................................................................................... 40
2.4.1 Plano Nacional de Energia - 2030 ................................................................. 40
2.4.2 A Inserção do Biodiesel na Matriz Energética Nacional ................................ 43
2.5 Matérias-primas para produção do biodiesel ........................................... 45
2.5.1 Alguns óleos vegetais .................................................................................... 50
2.6 Produção do biodiesel ................................................................................ 60

3 METODOLOGIA ........................................................................................... 63
3.1 Perspectiva do estudo ................................................................................ 63
3.1.1 Tipo de pesquisa ........................................................................................... 63
3.1.5 Análise dos dados ......................................................................................... 64
4 OS DESAFIOS DO BIODIESEL NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
65
4.1 Aspectos ambientais ................................................................................... 65
4.1.1 Análise crítica do estudo comparativo ........................................................... 69
4.2 Aspecto Socioeconômico ........................................................................... 70
4.3 Aspectos técnicos ....................................................................................... 76
4.3.1 Análise crítica do estudo comparativo .............................................................. 79
4.4 Vantagens e Desvantagens do Biodiesel em Relação ao Diesel ............ 80
4.4.1 Conseqüências positivas e negativas do consumo do Diesel ................ 80
4.4.2 Consequências positivas e negativas do consumo do Biodiesel........... 81

5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 85
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87
19

1 INTRODUÇÃO

A poluição atmosférica vem aumentando ao longo dos séculos desde a


revolução industrial com a expansão das zonas urbanas e industriais, rompendo
assim o equilíbrio que existia entre o homem e a natureza. Muitos países, então,
começaram a adotas políticas e pesquisas científicas com o objetivo de diminuir a
taxa de concentração desses poluentes no meio ambiente. Os combustíveis fósseis
contribuem negativamente para a qualidade e o equilíbrio do meio ambiente. O
diesel é um combustível fóssil muito poluente rico em compostos como o enxofre e
nitrogênio, utilizados principalmente em motores ciclo diesel, amplamente consumido
no Brasil uma vez que é o principal combustível utilizado no setor automotivo
(BRAUN; APPEL; SCHMAL, 2003).
A criação do primeiro modelo de motor a partir de biodiesel foi apresentado na
Feira de Mundial de Paris em 1900 por Dr. Rudoff Diesel, o combustível utilizado era
o óleo de amendoim, um biocombustível obtido pelo processo de transesterificação,
mas, só em 2002 o país aprovou o biodiesel como fonte energética autorizando as
pesquisas e obtenção (SANTOS, 2011).
O Brasil então passou a investir em combustíveis orgânicos, o primeiro dessa
busca foi o etanol com a introdução do Proálcool em 1975, o segundo foi o biodiesel
com o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel criado em 2004, assim
diversas variedades de plantas oleaginosas com potencial de produção de biodiesel
foram vistas no que se refere ao abastecimento no país. O propósito desse
programa foi introduzir o biodiesel na matriz energética nacional com o objetivo de
inclusão social e desenvolvimento regional (GARCILASSO, 2014).
A matriz energética brasileira é composta por 56,5% de combustíveis não
renováveis, dos quais 36,5% são oriundos do petróleo e seus derivados, 12,3% do
gás natural e 5,5% do carvão mineral e seus derivados, contudo, estes combustíveis
são os responsáveis pela poluição ambiental devido à emissão dos GEE durante a
queima (MME, 2017).
Segundo a Agência Nacional de Petróleo (2017) o biodiesel é um
biocombustível renovável obtido a partir de um processo químico denominado
transesterificação e tem como fontes de matérias-primas gordura animal e óleos
vegetais. A mistura ao biodiesel/diesel teve início comercial voluntária entre 2005 e
20

2007, mas, só em 2008 a obrigatoriedade veio com o artigo 2º da Lei nº 11.097/2005


que inseriu o biodiesel na matriz energética brasileira com teor de 2% (B2). Ao longo
dos anos a especificação do biodiesel tem sido alterada o que tem contribuído para
elevar sua qualidade às condições de mercado garantindo segurança e expectativa
aos agentes econômicos.

1.1 Problema

A demanda de energia vem crescendo paralelamente com o aumento da


população contribuindo assim para o elevado uso dos combustíveis fósseis e
emissões dos GEE na atmosfera, sendo necessária a busca por fontes de energia
renováveis. A maior parte de energia consumida origina-se do petróleo, uma fonte
não renovável, finita e limitada (MOTA et al, 2009).
Estudos apontam o esgotamento das fontes de energia fóssil nos próximos 40
ou 50 anos reforçando a busca por fontes alternativas do petróleo que sejam mais
viáveis, biodegradáveis e menos poluente, uma vez que o mundo sofre com o
aquecimento global. Outro fator importante é que 80% das reservas estão em área
de conflito político/religioso conferindo instabilidade ao suprimento e preço
(FERREZ, 2010).
Mediante as questões relacionadas ao meio ambiente, socioeconômica e a
preocupação com o desenvolvimento sustentável, induzidas pelo uso dos
combustíveis fosseis, tornarem-se necessárias investimento em pesquisas
direcionadas para as fontes renováveis de energia que provocam menos danos ao
meio ambiente. Neste sentido o biodiesel tem ganhado muita atenção sobre o seu
uso por ser uma fonte de energia limpa. A pergunta que descreve a situação
problema é: Quais os impactos ambientais causados com o uso dos combustíveis
fósseis?
21

1.2 Hipóteses

Pesquisas recentes apontam que a produção de biodiesel a partir fontes


renováveis apresentando resultados satisfatórios em relação à sustentabilidade e
benefícios econômicos, tornando-se fortes candidatos na substituição total ou parcial
dos combustíveis fósseis diminuindo os impactos ambientais causados por sua
utilização. Os óleos e gorduras de vegetais e animais e a são fontes de matéria-
prima renovável com potencial para produzir biocombustíveis (ANP, 2018).
Segundo Ramos et al, (2016), o uso do biodiesel se desenvolveu
notavelmente no Brasil e no mundo e este biocombustível representa uma
alternativa, de interesse social e político, aos combustíveis derivados do petróleo.
Outra questão pertinente a isso é a redução das emissões dos GEE, emitido
principalmente pelo setor automotivo através dos combustíveis fósseis e para
geração de energia nas indústrias. O que se espera é que seja possível assegurar o
desenvolvimento econômico e a inclusão social sem prejudicar o meio ambiente e a
saúde humana.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Analisar e identificar as vantagens e desvantagens do biodiesel, usado em


motores do ciclo diesel, em relação ao combustível derivado do petróleo (diesel).

1.3.2 Objetivo específicos

• Identificar as perspectivas futuras em relação à produção industrial de


biodiesel no Brasil.
• Analisar as principais oleaginosas utilizadas para a produção do biodiesel
usado no setor automotivo.
• Identificar a relevância do biodiesel no desenvolvimento sustentável e social.
22

• Comparar e analisar a viabilidade técnica e os impactos ambientais do


biodiesel x diesel.

1.4 Justificativas

O presente trabalho tem como proposta, explorar informações sobre o


biodiesel no Brasil com foco na sustentabilidade e nos avanços tecnológicos
comparados com o diesel de petróleo, que atualmente é a principal fonte de matéria-
prima utilizada para a produção de energia. Nos últimos anos surgiram
preocupações em relação à poluição ambiental e ao aquecimento global,
fortalecendo a busca por combustíveis renováveis.
Muitas pesquisas científicas e programas políticos em torno de fontes
renováveis de energia ganharam destaque mundial, das quais podemos citar a
energia solar, eólica, derivados de biomassa e os bicombustíveis e outros. O
interesse na produção e comercialização deste combustível é em função de acordos
entre países que exigem redução dos gases poluentes como o Protocolo de Kyoto e
da instabilidade política e social em países produtores de petróleo (LIMA; SOGABE;
CALARGE, 2008).
O biodiesel foi introduzido na matriz energética brasileira por meio do
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, cujo objetivo era incorporar a
produção e do uso do biodiesel de forma sustentável, com enfoque na inclusão
social e no desenvolvimento regional, visando também diminuir a dependência de
importação do combustível fóssil, o diesel (ANP, 2017).
A RenovaBio, criado pelo governo atual, abre perspectivas sobre as
condições que favorecem ao uso comercial dos biocombustíveis, envolvendo melhor
eficiência e redução dos custos contribuindo tanto para segurança energética quanto
para a redução de emissões de GEE. Este é um programa que promete expandir o
setor de biocombustíveis e aumentar a confiança dos investidores nacionais e
internacionais que buscam oportunidades de participar no desenvolvimento deste
setor (MME, 2017b).
23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Diesel

2.1.1 Definição e característica

O óleo diesel é um combustível derivado do petróleo composto por átomos de


carbono e hidrogênio, e em baixas concentrações por enxofre, nitrogênio e oxigênio.
É inflamável, levemente tóxico, volátil é utilizado em motores de combustão interna e
ignição por compressão (motores do ciclo diesel) de automóveis, caminhão e ônibus.
A partir do refino do petróleo obtêm-se inicialmente, por destilação atmosférica as
frações básicas denominadas de óleo diesel leve e pesado. A estas podem ser
inseridos a nafta, o querosene e gasóleo leve de vácuo gerando o petróleo (BR
DISTRIBUIDORA, 2018).
Os compostos de emissão dos motores à diesel ou de combustíveis mistos,
podem ser classificados em dois tipos: os que não causam danos à saúde (O2, CO2,
H2O e N2) e os que apresentam perigos à saúde, sendo esses subdivididos em
compostos cuja emissão está regulamentada: CO, os hidrocarbonetos (HC), óxidos
de nitrogênio (NOX), óxidos de enxofre (SOX) e material particulado (MP); e aqueles
que ainda não estão sob regulamentação: aldeídos, amônia, benzeno, cianetos,
tolueno e hidrocarbonetos aromáticos polinucleares (HPA) (BRAUN; APPEL;
SCHMAL, 2003).

2.1.2 Cenário mundial e brasileiro das reservas petrolíferas

Segundo a ANP, em 2017 as reservas mundiais de petróleo totalizaram


1.696,6 bilhões de barris e o consumo do ano deste combustível fóssil foi estimado
em 98.186 mil barris/dia. No Brasil foram declarados em 2017, 12,835 bilhões de
barris de petróleo em reservas provadas e 23,630 bilhões de reservas provadas,
prováveis e possíveis.
24

A Tabela 1 apresenta uma relação dos quinze países com maiores reservas
de petróleo do mundo, de acordo com o relatório estatístico anual de energia
mundial da companhia BP em 2018. O relatório apresenta o crescimento dos países
em 10 anos (2008 a 2017) e também a quantia de reservas provadas em bilhões
que cada empresa obteve nesse período (ANP, 2018).

Tabela 1 - Cenário petrolífero


Colocação País Participação Reservas Reservas Crescimento
Mundial (%) provadas em provadas em em 20 anos
2011 (bilhões) 1991 (bilhões) (%)
1° Venezuela 17,9 296,5 62,6 373
2° Arábia 16,1 265,4 260,9 1,7
Saudita
3° Canadá 10,6 175,2 40,1 337
4° Irã 9,1 151,2 92,9 62,8
5° Iraque 8,7 143,1 100 43,1
6° Kuwait 6,1 101,5 96,5 5,2
7° Emirados 5,9 97,8 98,1 0,3
Árabes
Unidos
8° Rússia 5,3 88,2 Não informado 20,8
9° Líbia 2,9 47,1 22,8 106,6
10° Nigéria 2,3 37,2 20 86
11° EUA 1,9 30,9 32,1 -4
12° Cazaquistão 1,8 30 Não informado 455
13° Catar 1,5 24,7 3 723
14° Brasil 0,9 15,1 4,8 214,6
15° China 0,9 14,7 15,5 -5,2
Fonte: Adaptado de SCHIAVI (2015).

Através da Tabela 1 é possível analisar o crescimento dos países nos últimos


dez anos. Alguns países como Estados Unidos e China tiveram subiram no ranking.
O Brasil mantém-se na décima quarta posição, e ao contrário do previsto, não entrou
na lista das dez maiores potências mundiais do petróleo como conseqüência da
descoberta do pré-sal1 (SCHIAVI, 2015).

1
São formadas grandes depressões, que deram origem a grandes lagos. Nas regiões mais profundas
destes lagos acumularam-se grandes quantidades de matéria orgânica oriundas, principalmente, de
algas microscópicas. Esta matéria orgânica, misturada a sedimentos, formam as rochas geradoras de
25

2.2 Biodiesel

2.2.1 Definição e característica

O biodiesel é um combustível biodegradável proveniente de fontes renováveis


com os óleos vegetais, e gorduras animais, obtido através de uma reação de
transesterificação. Neste processo químico os triglicerídeos, presentes nos óleos e
gordura animal, reagem com um álcool primário em presença de catalisador. Só
poderá ser comercializado após passar por um processo de adequação as
especificações vigentes, seu uso está destinado a motores de ignição por
compressão (MME, 2018).
A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005 nessa lei estão dispostas as
diretrizes para a fabricação e comercialização do biodiesel no Brasil. A especificação
do biodiesel ficou a cargo da Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e
Combustível, onde visam garantir um padrão de identidade e de qualidade para que
o produto não seja adulterado. Segundo essa lei:

Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em


motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme
regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir
parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (Inciso 10 do art. 20 da
Lei nº 11.097 da Constituição Federal, de 13 de janeiro de 2005).

2.2.2 Breve histórico

Em 1853, E. Duffy e J. Pratick foram os primeiros produtores do processo de


transesterificação dos óleos vegetais, mas, só em 1893 que foi desenvolvido o
primeiro motor ciclo diesel. Este motor foi apresentado na Feira Mundial de Paris, em
1898, por Rudolph Diesel utilizando óleo de amendoim como base. Rudolph afirmou

óleo e gás do pré-sal. Após um processo que envolve altas temperaturas e pressões, a matéria
orgânica transforma-se em óleo e gás, em um processo denominado geração. Já nas partes mais
rasas, em grandes ilhas lacustres, depositaram-se muitas conchas calcáreas (as coquinas) e
posteriormente acumularam-se depósitos de estromatólitos, tipos de algas que formam rochas
calcáreas. Estes dois tipos de depósitos constituem os principais reservatórios do pré-sal
(PETROBRAS, 2019).
26

que os óleos vegetais podem ser usados como combustível e que com o tempo irão
se tornar tão importantes quanto o petróleo contribuindo para o desenvolvimento
agrário. Já em 1920, O Instituto Nacional de Tecnologia iniciou o uso de óleos
vegetais como fonte de energia para combustíveis, utilizando como matéria-prima a
palma, o amendoim e o algodão. A primeira patente de combustível a base de óleos
vegetais surge no Brasil em 1980, registrada pelo Doutor Expedito Parente (COSTA,
2012).
Foi na década de 70, que iniciaram os estudos envolvendo novas fontes de
energia limpa, incluindo o Proálcool e o biodiesel. No entanto, às condições de preço
do petróleo e a participação do diesel no país não foram favoráveis para inserir
esses combustíveis na matriz energética nacional. Em 2003 com o apoio do
Governo Federal a ideia do uso do biodiesel foi retomada com interesse na cadeia
produtiva deste biocombustível decretando a realização de estudos com o objetivo
de analisar a viabilidade econômica, social e ambiental da produção e uso destes
biocombustíveis no Brasil (RODRIGUES, 2007).
Com relação ao meio ambiente os bicombustíveis contribuem para a
diminuição das emissões dos GEE, visto as preocupações locais e globais foi
incorporado as políticas públicas do Brasil o objetivo de reduzir as dependências do
petróleo, principalmente no setor de transporte (MME, 2017) que apresenta um dos
maiores índice de consumo de energia em relação aos os outros setores, de acordo
com Tabela 2, o consumo final de energia cresceu em 2017 com taxa de 1,7% com
destaque no setor industrial de 2,6% e na sequencia o transporte com 2,3% (MME,
2018b).

Tabela 2 - Consumo final de energia por setor.


Setor 2016 (mil tep) 2017 (mil tep) %
Indústria 84.257 86.486 2,6
Transporte 82.647 84.534 2,3
Setor energético 26.307 26.011 -1,1
Outros setores 47.584 47.921 0,7
Uso não-energético 14.752 15.059 2,1
Total 255.547 260.010 1,7

Fonte: Ministério Minas e Energia, 2018b.


27

Sendo assim, o Brasil assumiu o compromisso através do Protocolo de Kyoto,


de reduzir em 2025 as emissões de GEE em 37% e em 2030 fez a indicação de
reduzir em 43%, tendo o ano de 2005 como referência. Em relação à produção e o
uso da energia os compromissos assumidos incluem aumento de 18%, até 2030, da
expansão do uso de biocombustíveis avançados e o aumento do teor de biodiesel
na mistura do diesel (MME, 2017).
Destacam-se três momentos importantes na história do país, representados
na Figura 1, no setor de biocombustíveis como o lançamento do Programa Nacional
do Álcool (PROALCOOL) em 1975, a inserção da tecnologia flex flue em 2003 e o
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) em 2005 (MME, 2017).

Figura 1 - Dependência externa de energia.

Fonte: Adaptado de MME 2017b.

Nos últimos 44 anos, as matrizes energéticas do Brasil apresentaram


significativas alterações estruturais indicados na Tabela 3. No Brasil, houve forte
aumento da energia hidráulica, bioenergia líquida e do gás natural e houve recuo na
participação dos derivados de petróleo tanto no Brasil como no mundo. Essa
redução de 9,4 pontos percentuais entre 1973 e 2017 evidencia que o país, vem
desenvolvendo esforços significativos de substituição desses energéticos fósseis.
Em termos de fontes renováveis na matriz energética é notável a vantagem do Brasil
registrando 43,2% de participação em 2017 e no mundo com 13,8% (MME, 2018b).
28

Tabela 3 - Oferta interna de energia no Brasil e no Mundo.


Fonte Brasil % Mundo%
1973 2017 1973 2017
Derivados de petróleo 45,6 36,2 46,1 32,0
Gás natural 0,4 12,9 16,0 22,4
Carvão mineral 3,2 5,6 24,6 26,5
Urânio 0 1,4 0,9 5,0
Hidro 6,1 11,9 1,8 2,5
Outrasnão renováveis 0 0,6 0 0,3
Outras renováveis 44,8 31,2 10,6 11,3
Biomassa 44,3 23,9 10,5 8,9
sólida 0,5 6,1 0 0,63
Biomassa 0 1,24 0 0,69
líquida 0 0,024 0 0,52
Eólica 0 0 0,01 0,55
Solar
Geotérmica
Total 100 100 100 100
%dos quais renováveis 50,8 43,2 12,5 13,8

Fonte: Adaptado Ministério Minas e Energia, 2018b.

2.2.3 Cenário mundial do biodiesel

A produção mundial de biodiesel apresentou um crescimento mais expressivo


a partir de 2005, estimulada por legislações favoráveis à entrada dos
biocombustíveis como forma de combate ao aquecimento global e para a melhoria
do ar nas grandes cidades. Os maiores produtores mundiais são os países da União
Européia, os Estados Unidos e o Brasil. A busca pelo aumento da capacidade de
produção de biodiesel vem sendo pautada pelas expectativas de consumo crescente
nos últimos anos (SEBRAE, 2007).
De acordo com Tabela 4, a produção mundial de biodiesel cresceu de 26.036
mil toneladas em 2013 para 28.549 mil t em 2014. Os Estados Unidos produziram
4.113 mil toneladas de biodiesel, em 2014, recebendo o título de principal país
produtor, em segundo lugar ficou para a Alemanha com 3.352 mil toneladas. O Brasil
ficou em quinto lugar com 2.567 mil toneladas, seguida pela França com 2.360 mil
toneladas e pela Holanda com 1.720 mil toneladas (MME, 2017e).
29

Tabela 4 - Produção mundial de biodiesel (2014).


PAÍS Mil t %
1 Estados Unidos 4.113 14,4
2 Alemanha 3.352 11,7
3 Argentina 3.074 10,8
4 Indonésia 2.936 10,3
5 Brasil 2.567 9,0
6 França 2.360 8,3
7 Holanda 1.720 6,0
8 Espanha 1.212 4,2
9 Tailândia 1.009 3,5
10 Polônia 739 2,6
11 Malásia 696 2,4
12 Itália 580 2,0
13 China 400 1,4
14 Bélgica 374 1,3
15 Coréia do Sul 358 1,3
Outros 3.059 10,7
Mundo 28.549 100

Fonte: MINISTÉRIO MINAS E ENERGIA, 2017e.

No que diz respeito ao consumo de biodiesel no mundo em 2015, o Brasil foi


o segundo maior consumidor, com 3,9 milhões de m3, atrás somente dos Estados
Unidos com 5,6 milhões de m3e sucedido pela Alemanha e Argentina. O Gráfico1
representa a evolução dos principais países consumidores de biodiesel, no período
de 2012 a 2017 (MME, 2017c).
30

Gráfico 1 - Consumo mundial de biodiesel.

7,8
8
7

5,6
5,4

5,3
6
MILHÕES DE M3

5
5

3,9

3,8
3,4

3,4
4
2,9
2,7

2,7
2,5

2,5
2,4

2,4

2,4
3

1,6
2

1,2
1,1

1,1

0,8
1

1
0,6

0,6

0,6

0,6
0,5

0,4
1
0
2012 2013 2014 2015 2016 ago/17

EUA Brasil Alemanha Argentina Colômbia

Fonte: Ministério Minas e Energia, 2017c.

O Quadro 1 apresenta um breve resumo dos


do tipos de medidas adotadas por
alguns dos maiores produtores mundiais de biodiesel para viabilizarem a produção
de biodiesel. Os mecanismos adotados têm por objetivo o desenvolvimento da
competitividade do biodiesel no médio prazo,
prazo, todos eles praticando renúncia fiscal
ou aplicando algum subsídio por unidade produzida. No Brasil, Estados Unidos,
França e Argentina há uma preocupação com a proteção da agricultura onde a
matéria-prima
prima vem de cultivos temporários (IPEA, 2010).
31
32

2.3 Referência do biodiesel no Brasil

2.3.1 Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), foi criado em


6 de dezembro de 2004. As principais diretrizes do programa são garantir preços
competitivos, implantar um programa sustentável promovendo inclusão social e
produzir biodiesel a partir de diferentes fontes de oleaginosas fortalecendo o
desenvolvimento regional na produção de matéria-prima. O programa é conduzido
por uma Comissão Executiva Interministerial (CEIB) e por um Grupo Gestor que tem
como função elaborar, programar e monitorar as diretrizes do programa. Além de
estimular a produção do novo combustível, procura apoiar a participação da
agricultura familiar na sua cadeia de produção. O Quadro 2 apresenta as principais
leis, decretos e portarias que regulamentam o biodiesel no Brasil (MDA, 2018).

De acordo com Rodrigues (2007) a introdução do PNPB trouxe importantes


benefícios para o Brasil, em diferentes aspectos, representados na Figura 2, no
sentido de contribuir favoravelmente para minimizar as questões fundamentais do
País como:

a) Promover a inclusão social de agricultores familiares (pequenos produtores


rurais) mediante a geração de emprego e renda resultante de seu progressivo
engajamento na cadeia produtiva desse biocombustível;

b) Contribuir para a economia de divisas e para a redução da dependência do


petróleo importado;

c) Fortalecer o componente renovável da matriz energética brasileira;

d) Melhorar as condições ambientais reduzindo custos na área de saúde com o


combate aos chamados males da poluição, especialmente nos grandes centros
metropolitanos.
33
34

Desta forma, o Governo brasileiro apostou no biodiesel a possibilidade de


aumentar a segurança energética do país inserindo agricultores familiares e
produtores de pequeno porte das regiões mais pobres na cadeia produtiva do
biodiesel. Para inserir essa estratégia, a mistura biodiesel ao diesel de petróleo foi
obrigatória por força de lei (RODRGUES 2007).

Figura 2 - Áreas impactadas pelo PNPB.

Meio
ambiente

Investimento Emprego

BIODIESEL
Saúde
pública Inclusão
Social

balança
Indústria comercial

Fonte: Adaptado Peterson


P Solutions (2015).

2.3.2 Mistura Diesel/Biodiesel

No primeiro instante a Legislação Federal possibilitou a adição voluntária de


2% do biocombustível em cada litro do diesel vendido. No entanto, a Lei nº 11.097,
de 13 de janeiro de 2005, acabou estabelecendo a obrigatoriedade da adição de 2%
(B2), a partir de 2008, com elevação para 5% (B5) em 2010
0 (ANP, 2018b).
2018 Desta
forma, a utilização do biodiesel iniciou-se
iniciou se gradativamente com elevação dos
percentuais ao longo dos anos, representados na Figura 3 de acordo com
resoluções do Conselho
35

Nacional de Política Energética (CNPE), atendendo às reivindicações dos


produtoresnacionais de biodiesel e a demanda atual pelo biocombustível,
biocombustível garantindo
assim mais segurança aos agentes que estão
estão investindo no mercado (FERREZ,
2010). Em 2018 o percentual obrigatório mínimo passou a ser de 10% (B10), e pode
chegar até 20% (B20)) ao longo dos próximos anos, de maneira gradual e
progressiva (MME, 2018).

Figura 3 - Evolução do percentual do teor da mistura biodiesel no diesel.

Opcional 2% 3% 4% 5% 6% 7% 10% 11% 20%


2003 Jan/2008 Jul/2008 Jul/2009 Jan/2010 Ago/2014 Nov/2014 Mar/2018 Set/2019 2028

Fonte: Adaptado Agência Nacional do Petróleo,


Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, 2018b;
2018b e Ubrabio,
2019 .

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


(2007; COSTA,2017),
), no
no mercado de biocombustível convencionou-se
convencionou adotar a
expressão BXX na qual B significa Biodiesel e XX a proporção do biocombustível
misturado ao óleo diesel. Assim, a sigla B2 significa 2% de biodiesel (B100), e 98%
de óleo diesel. Essa mistura está aprovada para uso no território brasileiro e devem
ser produzidas segundo as especificações técnicas definidass pela Agência
A Nacional
de Petróleo. O segmento do biodiesel tem como órgão reguladores as seguintes
instituições:
a) CNPE – Conselho Nacional de Política Energética, órgão de assessoramento
do presidente da República que tem como atribuição formular políticas e
diretrizes de energia;
energia
b) MME – Ministério de Minas e Energia, responsável pela execução da política
energética;
c) ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, com delegação
para regular o mercado do segmento biodiesel com as mesmas funções
fu da
regulação, da contratação e da fiscalização das atividades econômicas
integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos bicombustíveis;
bicombustíveis
36

d) MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário, com a missão de conceder o


Selo Combustível Social.
e) Probiodiesel - O Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de
Biodiesel foi criado em 2002, para “promover o desenvolvimento científico e
tecnológico de biodiesel”.

2.3.3 Leilões

No Brasil, a comercialização do biodiesel é feita por meio de leilões públicos


organizados pela ANP, observando as diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
As resoluções da ANP referentes às regras de comercialização do biodiesel vão ao
encontro desses dispositivos e institucionalizam a sistemática dos leilões de
biodiesel, cujos procedimentos são detalhados nos editais públicos dos leilões. Os
leilões de biodiesel visam à aquisição de biodiesel pelos adquirentes (refinarias e
importadores de óleo diesel) para atendimento ao percentual mínimo obrigatório de
adição de biodiesel ao óleo diesel e para fins de uso voluntário, cujo volume deve
ser entregue pelas unidades produtoras de biodiesel (ANP, 2018d).
Além dos leilões regulares, cuja periodicidade é bimestral para reger as entregas
de biodiesel do bimestre seguinte ao de realização do certame, a ANP poderá
realizar leilões complementares ou específicos em situações nas quais houver
necessidade de suprir os volumes de biodiesel não entregues pelos produtores aos
adquirentes, e aquisição de quantidades de biodiesel superiores à demanda
necessária ao atendimento do percentual mínimo obrigatório (ANP, 2018d).
Segundo a ANP, 2018, o caráter público do leilão promove um ambiente mais
transparente de comercialização devido ao conhecimento, pelos agentes envolvidos,
dos fornecedores, dos volumes transacionados e das condições de preços. O leilão
também fornece igualdade de acesso entre fornecedores e não discrimina o porte do
produtor no processo de negociação.

2.3.4 Selo Combustível

De acordo com o Decreto Nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004, o Selo


Combustível Social é um componente de identificação concedido pelo MDA ao
37

produtor de biodiesel que cumpre os critérios descritos na Portaria nº 512, de 5 de


setembro de 2017. O Selo confere ao seu possuidor o caráter de promotor de
inclusão social dos agricultores familiares enquadrados do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, tendo validade de cinco anos,
contados do dia 1o de janeiro do ano subsequente à sua concessão.
Quando os produtores de biodiesel fomentam a produção de matéria prima
(mamona, dendê, girassol, soja, entre outras) da agricultura familiar, eles estão
promovendo a inclusão social e o desenvolvimento regional, pois com isso, geram
trabalho e renda para estas famílias. Por esse motivo, estes produtores recebem o
Selo Combustível Social (MDA, 2018b).
De acordo com o MDA, 2018b, A concessão do direito de uso do Selo
Combustível Social permite ao produtor de biodiesel ter acesso as alíquotas de
PIS/PASEP e COFINS com coeficientes de redução diferenciados para o biodiesel,
que varia de acordo com a matéria prima adquirida e região da aquisição, incentivos
comerciais e de financiamento, além de:
• Participação assegurada de 80% do biodiesel negociado nos leilões
públicos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP);
• Acesso às melhores condições de financiamento junto aos bancos que
operam o Programa (ou outras instituições financeiras que possuam
condições especiais de financiamento para projetos);
• Possibilidade de uso do Selo Combustível Social para promover sua
imagem no mercado.

Como contrapartida destes benefícios o produtor assume algumas obrigações


descritas na Portaria nº 512, de 5 de setembro de 2017, a destacar:
• Firmar contratos com os agricultores familiares negociados com a
participação de uma entidade representativa deles (sindicatos,
federações). A agricultura familiar organizada na forma de sindicatos ou
federações terá que dar anuência por meio de carta para validar o que foi
acordado entre as partes;
38

• Repassar cópia dos contratos devidamente assinados pelas partes para o


agricultor familiar contratado e para a entidade representativa (sindicato,
federação, outros);
• Assegurar assistência técnica gratuita aos agricultores familiares
contratados:
• Capacitar os agricultores e agricultoras familiares para a produção de
oleaginosa, de forma compatível com a segurança alimentar da família e
com os processos de geração de renda em curso, contribuindo para a
melhor inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel e
para o alcance da sustentabilidade da propriedade;
• Repassar ao agricultor familiar assistido pelo técnico, cópia do laudo de
visita devidamente assinado;
• Adquirir um percentual mínimo de matéria prima da agricultura familiar,
que varia de região para região, de acordo com a normativa vigente, no
ano de produção;
• Estimular o plantio de oleaginosas somente em áreas com zoneamento
agrícola para a oleaginosa em questão, ou em áreas que tenham
recomendação técnica emitida por órgão público competente. Nos casos
de oleaginosa de origem extrativista as áreas terão que possuir um plano
de manejo.

No ano de 2016, o MDA manteve o uso do Selo Combustível Social em 79


cooperativas fornecedoras de matéria prima. O Gráfico 2 apresenta a evolução do
número acumulado total de unidades produtoras de biodiesel detentoras do Selo
Combustível Social por ano, no período de 2008 a 2016.
39

Gráfico 2 - Evolução do número de cooperativas fornecedoras de matéria-prima


matéria
detentoras do Selo Combustível Social
Socia de 2008 a 2016.
90
Nº de cooperativas fornecedoras
80
70
60
50
40 77 78 82 79
74
30 59 65
20 42
10 20
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: Adaptado MAPA, 2018b.

A participação dos agricultores familiares na produção de biodiesel se dá em


algumas etapas, entre elas: produzindo sementes e mudas de oleaginosas,
fornecendo os grãos das oleaginosas (mamona, dendê, girassol, soja etc.) para as
indústrias processadoras; extraindo o óleo vegetal dos grãos e separando-o
separando do
farelo. Neste caso, quando comercializam apenas o óleo bruto, além de agregar um
valor maior, os agricultores familiares podem utilizar o farelo para ração dos animais
ou para adubação, obtendo mais vantagens
vantagens no uso da produção e organizando suas
próprias usinas para a produção do biodiesel.
O Gráfico 3 Apresenta
presenta a evolução do número acumulado total de famílias
fornecedoras de matéria prima nos arranjos do Selo Combustível Social por ano, no
período de 2008
8 a 2016.
40

Gráfico 3 - Evolução do número acumulado total de famílias fornecedoras de matéria


prima nos arranjos do Selo Combustível Social por ano, no período de 2008 a 2016.
120.000
Nº de famílias Fornecedoras

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: MAPA, 2018b.

2.4 Matriz Energética

Segundo o MME, 2017d,


2017 , a Matriz Energética é definida como a “demanda
total de energia de um país ou região, segmentada por fonte”, sendo essas fontes de
energia o Óleo (Petróleo
Petróleo e seus derivados), Carvão (carvão
carvão mineral bruto, de
diferentes tipos, e seus derivados),Gás
derivados), Natural, Hidráulica e outras, como Biomassa,
Biodiesel, Eólica, Solar, Geotérmica (Renováveis), Gás Industrial (não-renováveis),
(não
entre outras.

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado


com 45,3% de sua produção proveniente
proveniente de fontes como recursos hídricos,
biomassa e etanol, além das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são
responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade do País. Vale lembrar
que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes
fontes renováveis no caso
de Países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento
(GOVERNO DO BRASIL, 2017).

2.4.1 Plano Nacional de Energia - 2030

O modelo energético brasileiro apresenta um forte potencial de expansão, o


que resulta em uma série de oportunidades de investimento de longo prazo. A
estimativa do Ministério de Minas e Energia para o período 2008-2017
2008 2017 indica aportes
41

públicos e privados da ordem de R$ 352 bilhões para a ampliação do parque


energético nacional. Os recursos públicos virão principalmente do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), iniciativa federal lançada em 2007 para promover
a aceleração da expansão econômica no País. Para a área hidrelétrica estão
previstos cerca de R$ 83 bilhões. Hoje, apenas um terço do potencial hidráulico
nacional é utilizado.Outros R$ 23 bilhões devem ser aplicados na expansão da
produção e oferta de biocombustíveis como etanol e biodiesel. O cenário
internacional aponta o interesse de vários Países em conhecer e adotar o uso dos
biocombustíveis em suas frotas e, para atendê-los, o Brasil é capaz de fornecedor o
produto, os serviços e o conhecimento (GOVERNO DO BRASIL, 2017).

Entre 1970 e 1980 a demanda total de energia (Oferta Interna de Energia)


aumenta 71,5%, entre 1980 e 1990, 23,7%, entre 1990 e 2000, 34,3%, e, entre 2000
e 2005, 14,8%, tendo como destaque uma participação expressiva das fontes
renováveis de energia que se mantém acima dos 40% ao longo do horizonte dos
estudos, como mostrado na TABELA 5.

Tabela 5 - Evolução da Participação da Oferta Interna de Energia (em %)


Identificação 1970 1980 1990 2000 2005
Energia não renovável 41,61 54,36 50,91 58,95 55,49
Petróleo e derivados 37,71 48,26 40,66 45,50 38,66
Gás natural 0,25 0,95 3,05 5,38 9,38
Carvão mineral e derivados 3,64 5,14 6,77 7,11 6,27
Urânio e derivados 0 0 0,42 0,94 1,16
Energia renovável 58,38 45,63 49,08 41,04 44,50
Hidráulica e eletricidade 5,10 9,64 14,12 15,72 14,80
Lenha e carvão vegetal 47,57 27,08 20,09 12,09 13,01
Derivados da cana-de-açúcar 5,36 8,03 13,37 10,89 13,78
Outras renováveis 0,33 0,88 1,49 2,32 2,89
TOTAL 100 100 100 100 100
Fonte: BEN - MME/EPE (2006).

A partir de meados da primeira década deste novo milênio o crescimento da


economia (média ao ano de 4,1%), previsto no cenário até 2030, de acordo com a
TABELA 6, impulsiona o forte crescimento do consumo de energia. Entre 2005 e
42

2030 a oferta interna de energia aumenta 154% a uma taxa média anual de 3,8%,
abaixo da taxa média do PIB,conforme Tabela 8,o que é recomendável na medida
em que significa uma expansão econômica racional com respeito ao uso dos
recursos energéticos (MME, 2017b).
Vale assinalar, ainda, que os estudos apontam para uma maior diversificação
da matriz energética brasileira. De fato, pode-se perceber uma tendência clara nessa
direção: em 1970, apenas dois energéticos (petróleo e lenha), respondiam por 78%
do consumo de energia; em 2005, eram quatro os energéticos que explicavam
80,3% do consumo (além dos dois já citados, mais a energia hidráulica e produtos
da cana); para 2030, projeta-se uma situação em que cinco energéticos serão
necessários para explicar 84,6% do consumo: entram em cena o gás natural e
outras renováveis, permanecem com Ministério de Minas e Energia Matriz
Energética 2030 grande participação o petróleo, a energia hidráulica e os produtos
da cana, havendo significativa perda de participação da lenha (MME, 2007d).

Tabela 6 - Projeção da Oferta Interna de Energia (participação em %)


Identificação 2005 2010 2020 2030
Energia não renovável 55,5 57,0 54,2 53,4
Petróleo e derivados 38,7 34,8 29,9 28,0
Gás natural 9,4 13,4 14,2 15,5
Carvão mineral e derivados 6,3 7,2 7,6 6,9
Urânio (U3 O8) e derivados 1,2 1,7 2,5 3,0
Energia renovável 44,5 43,0 45,8 46,6
Hidráulica e eletricidade 14,8 13,5 13,7 13,5
Lenha e carvão vegetal 13,0 10,1 7,0 5,5
Cana-de-açúcar e derivados 13,8 14,1 17,4 18,5
Outras fontes primárias renováveis 2,9 5,3 7,6 9,1
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: MME (2007).

Outro ponto que merece destaque é a manutenção do alto percentual de


energia renovável que sempre caracterizou a matriz energética brasileira. Cabe
lembrar que em 1970, essa participação era superior a 58%, em razão da
predominância da lenha. Com a introdução de energéticos mais eficientes,
deslocando principalmente esse energético, tal participação caiu para 44,5% no ano
43

2005. No horizonte de estudo, 2005-2030, observa-se uma clara quebra de


tendência na qual há um aumento da participação de energia renovável que alcança
46,5% em 2030. Muito desse movimento deve-se a introdução da biomassa, do
biodiesel e do processo H-bio no conjunto de opções para o desenvolvimento
energético nacional, os dois últimos a partir de 2010 (MME, 2007d).

2.4.2 A Inserção do Biodiesel na Matriz Energética Nacional

De acordo com RATHMANN, et al 2014, as dúvidas dos agentes envolvidos


com o biodiesel são muitas. Os questionamentos envolvem tributos, matérias-
primas, marco-regulatório e avaliação dos diferentes projetos. Em um mundo em
constantes mudanças, é natural que os empresários se sintam receosos em investir
em setores considerados recentes e de alto risco para o capital. A incerteza que
permeia suas considerações nos mostra que ainda existe um longo caminho a
percorrer para atender os anseios dos empresários e demais envolvidos. É preciso
manter e aumentar os investimentos nos projetos de biodiesel, inserindo o Brasil no
que há de mais moderno em termos de combustíveis, pois em se mantendo o atual
ritmo de uso do petróleo as atuais reservas se esgotarão, logo, sendo necessária, a
inserção de novas formas de geração de energia. Ainda é preciso garantir a
confiabilidade do combustível que os consumidores utilizarão, atendendo a normas
técnicas que garantam que não haverá prejuízos para os motores, o que poderia
colocar em risco o projeto.
O Brasil tem a principal vantagem de possuir muitas fontes potenciais de
oleaginosas para a produção de biodiesel, dada a ampla diversidade de nosso
ecossistema,entre as demais vantagens(RATHMANN, et al, 2014):
• Vantagens ecológicas: A emissão de gases da combustão dos motores que
operam com biodiesel não contém óxidos de enxofre, principal causador da
chuva ácida e de irritações das vias respiratórias. A produção agrícola que
origina as matérias primas para o biodiesel capta CO2 da atmosfera durante o
período de crescimento, sendo que apenas parte desse CO2 é liberada
durante o processo de combustão nos motores, ajudando a controlar o “efeito
estufa”, causador do aquecimento global do planeta;
• Vantagens macroeconômicas: A expansão da demanda por produtos
agrícolas deverá gerar oportunidades de emprego e renda para a população
44

rural; a produção de biodiesel poderá ser realizada em localidades próximas


dos locais de uso do combustível, evitando o custo desnecessário de uma
movimentação redundante; o aproveitamento interno dos óleos vegetais
permitirá contornar os baixos preços que predominam nos mercados mundiais
aviltados por práticas protecionistas;
• Diversificação da matriz energética, através da introdução dos
biocombustíveis.
• Vantagens financeiras: A produção de biodiesel permitirá atingir as metas
propostas pelo Protocolo de Kyoto, através do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, habilitando o País para participar no mercado de
“bônus de carbono”;
• Desenvolvimento regional: A dinâmica da globalização é renovar-se
continuamente. Logo é vital uma reestruturação do sistema produtivo,
demonstrando a necessidade por inovações produtivas, inserindo-se aí a
constituição de uma cadeia competitiva do biodiesel como resposta de
desenvolvimento local ante ao desafio global.
• Economia de divisas: no ano de 2004 o Brasil gastou com importações de
óleo diesel, aproximadamente US$ 826 milhões, em dólares correntes. (ANP,
2005). Assim se estima que a diminuição de importações com petróleo e
derivados, proveniente da mistura de biodiesel a 2% no óleo diesel (B2),
geraria uma economia em divisas de US$ 160 milhões / ano, enquanto para a
mistura de biodiesel a 5% no óleo diesel (B5) haveria uma economia de US$
400 milhões/ano. (ANP, 2005).

Em outubro de 2018, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)


propôs a expansão da adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel comercializado
no Brasil, de maneira gradual e progressiva. A proposta estabelece que a adição de
biodiesel cresça um ponto percentual ao ano, passando do atual patamar de 10%
(mistura B10) para 11% (mistura B11) em junho de 2019. Sucessivamente, a
ampliação será feita até março de 2023, quando todo o diesel comercializado ao
consumidor final conterá 15% de biodiesel. A evolução está condicionada à
conclusão e resultados dos testes determinados.
Estima-se que a produção do biodiesel brasileira passe de 5,4 para mais de
10 bilhões de litros anuais, entre 2018 e 2023. Esse crescimento representa um
45

aumento de 85% da demanda doméstica, o que deve consolidar o Brasil como um


dos maiores produtores de biodiesel no mundo, com a mais nova proposta de
expansão do biodiesel ao diesel até a mistura de 15% (B15) (MME, 2018).

2.5 Matérias-primas para produção do biodiesel

As matérias-primas graxas empregadas para a produção de biodiesel


correspondem os óleos vegetais, gordura de animais e óleos e gorduras residuais.
Todos os óleos vegetais que possuem triacilglicerídios na estrutura química podem
ser transformados em biodiesel, os óleos e gorduras de animais também possuem
estrutura semelhante, as diferenças estão nos tipos e distribuições dos ácidos
graxos combinados com o glicerol (PERENTE, 2003).
O Brasil possui grande extensão territorial e uma ampla diversidade de
matérias-primas para a produção de biodiesel como a soja, o caroço de algodão, a
palma, o dendê e a canola que são alguns exemplos de óleos vegetais, além das de
origem animal como o sebo bovino, gorduras de frango e suíno, e os óleos de
frituras (RAMOS, 2017). Cada cultura oleaginosa desenvolve-se melhor dependendo
das condições endafoclimáticas2, conforme Figura 4 (DIB, 2010).

2
Endafoclimáticas: refere-se a condições definidas através de fatores do meio tais como o clima, o
relevo, a litologia, a temperatura, a umidade do ar, a radiação o tipo de solo, o vento, a composição
atmosférica e a precipitação pluvial.
46
Figura 4 - Produção de oleaginosas no Brasil.

Fonte: Dib 2010.

Dentre as diferentes fontes de matérias-primas já mencionadas é fundamental


que tenham baixo custo, possibilidade de produção em larga escala e balanço
energético com resultado satisfatório entre a energia consumida e a energia
disponibilizada no processo de produção (PORTELA, 2008).
Segundo Ramos (2017) nem todas as matérias-primas oriundas das
oleaginosas possuem propriedades ideais para a obtenção de um produto que
atendas as especificações internacionais do biodiesel, sendo assim, a viabilidade de
uma matéria-prima para produção industrial, depende dos seguintes aspectos:
• Teor de óleo vegetal e a complexidade exigida no processo de extração;
• Produtividade por unidade de área;
• Equilíbrio agronômico;
• Atenção a diferentes sistemas produtivos;
• Ciclo de vida da planta;
• Adaptação territorial;
• Impacto socioambiental do seu desenvolvimento.

Diante das diversas fontes de matéria-prima verifica-se a qualidade do


biodiesel produzido a partir de cada uma delas, pois cada tipo de óleo ou gordura
apresenta seu próprio perfil de ácidos graxos. No caso do óleo de soja, de girassol e
canola, o grau de insaturação das suas moléculas confere uma excelente fluidez ao
biodiesel produzido, mesmo em regiões de mais altas latitudes e em época de
47

inverno. Já os óleos de palma e mamona e as gorduras animais, por apresentarem


uma estrutura molecular saturada, possuem fluidez moderada, o que dificulta seu
uso em regiões mais afastadas dos trópicos durante o período de inverno (WWF,
2014).
A Tabela 7 apresenta as oleaginosas mais utilizadas para esta função,
incluindo valores do teor de óleo e o valor do rendimento em óleo. O babaçu
apresenta um alto teor de óleo, 66% com rendimento de 0,1 a 0,3 (t/ha) já a soja
possui 18% e rendimento entre 0,2 a 0,4 (t/ha. O óleo de soja não é um das
oleaginosas que apresentam maior teor de óleo, porém é umas das plantas que
possuem maior avanço tecnológico que existe no país em relação as outras
(QUESSADA, 2010).
Inicialmente buscou-se estimular o aproveitamento das oleaginosas mamona
e palma, produzidas nas regiões Norte e Nordeste. Contudo, a soja vem se
destacando como fonte de matéria-prima, no que diz respeito a produção brasileira
de biodiesel, proporcionando vantagens que facilitam o cumprimento das metas do
PNPB (COSTA, 2017).

Tabela 7 - Teor de óleo nas oleaginosas.


Espécie Origem do Teor de Meses de Rendimento em óleo
óleo óleo % colheita (t/ha)

Dendê Amêndoa 22 12 3,0-6,0

Babaçu Amêndoa 66 12 0,1-0,3

Girassol Grão 38-48 3 0,5-0,9

Coco Fruto 55-60 12 1,3-1,9

Colza Grão 40-48 3 0,5-0,9

Mamona Bagos 45-50 3 0,5-0,9

Amendo Fruto 40-43 3 0,6-0,8


im

Soja Grão 18 3 0,2-0,4

Algodão Semente 15 3 0,1-0,2


Fonte: Adaptado, Garcilasso 2014.
48

No Gráfico 4, apresenta as principais matérias-primas


matérias primas para a produção de
biodiesel (B100) desde 2008 até 2017, registrando maior produção de soja em 2010
com 82%, e 2011 com 81% e 2017 com 70%. Em segundo lugar no ranking de
produção foi a gordura animal com 17% em 2017 e sua maior produção foi em 2013
e 2014 com 21% respectivamente (ABIOVE, 2018).

Gráfico 4 - Produção
rodução de biodiesel por matéria-prima

100%

80%
% PRODUÇÃO

60%

40%

20%

0%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Óleo de soja Gorduras animais Óleo de algodão Óleo de fritura usado Outras

Fonte: Adaptado ABIOVE, 2018.

Em
m agosto de 2018, não houve grandes alterações no perfil nacional de
matérias-primas,
primas, como mostra no Gráfico 5, o óleo de soja permaneceu em
destaque com 69,8%,
%, seguido de 13,4%
1 % de gordura bovina. Outros materiais graxos
apareceram em pequenas porcentagens como,
como óleo de fritura,, dendê e óleo de
algodão (ANP, 2018b).
49

Gráfico 5 - Perfil nacional de matérias-primas consumidas para produção de


biodiesel em agosto de 2018.

Fonte: EPE, 2019

Para garantir disponibilidade e custos baixos de matéria-prima, é necessário


ajustar a fonte vegetal para cada região brasileira, já que o Brasil possui uma grande
extensão territorial e uma ampla diversidade de oleaginosas garantindo versatilidade
de produção. Portanto, na região Norte do Brasil é favorável à produção de dendê e
soja; no Nordeste as fontes mais típicas são a mamona, pinhão-manso, dendê,
babaçu e algodão; no Centro-Oeste oferta a soja, algodão, mamona e girassol; no
Sul apresenta a soja, girassol, colza e algodão como principais fontes de matéria-
prima e no Sudeste têm a soja, mamona, girassol e algodão (PORTELA, 2008).

Na Tabela 8, representa o percentual das matérias-primas utilizadas para a


produção de biodiesel por região em janeiro de 2017, nota-se que na região Centro-
Oeste predomina a produção de óleo de soja, seguida da região Sul com 65,35%.
No Norte a produção foi 100% de gordura bovina, em relação aos outros estados, e
no Nordeste o cultivo de óleo de palma e dendê somam 19,49%. O Sul, Sudeste e o
Centro-Oeste são as regiões que mais produzem diferentes fontes de matéria-prima
para a produção de biodiesel (ANP, 2018b).
50

Tabela 8 - Percentual das matérias primas utilizadas para a produção de biodiesel


por região em janeiro de 2017.

Matéria-prima Região

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Óleo de soja 47,02% 75,65% 26,72% 65,35%

Gordura bovina 100% 20,61% 4,07% 52,34% 18,59%

Óleo de algodão 5,77%

Outros materiais graxos 7,08% 20,05% 1,37% 2,82%

Óleo de fritura 0,03% 0,12% 7,26% 0,14%

Gordura de porco 0,09% 0,01% 9,72%

Gordura de frango 0,02% 1,18% 1,05%

Óleo de palma/dendê 19,49% 11,11%

Óleo de canola/colza 2,34%


Fonte: Adaptado ANP, 2018b.

2.5.1 Alguns óleos vegetais

2.5.1.1 Soja (Glycine max (L.) Merrill)

A expansão da soja no Brasil veio a ocorrer nos anos 70, com o interesse
crescente da indústria de óleo e a alta demanda do mercado internacional. Um dos
interesses para o cultivo da soja como fonte de matéria-prima para o biodiesel foi a
grande escala de produção agrícola no Brasil, e seu valor agregado atribuído a seus
coprodutos, o que poderá favorecer a viabilidade econômica de projetos. Os
avanços da produção de soja nas últimas décadas estão diretamente relacionados
ao desenvolvimento tecnológico o que tornaram a soja brasileira cada vez mais
competitiva (PORTELA, 2008).
Com relação à composição de ácidos graxos a soja apresenta, ácido
linoléico (55,3%), ácido oléico (23,6%), ácido palmítico (12,7%), ácido linolênico
(4,5%) e esteárico (3,9), conforme Figura 5 (EMBRAPA apud SAMBANTHAMURTHI
et al. 2000). Os ácidos graxos, insaturados particularmente o linoléico e o oléico, e
olinolênico, são os que se destacam da fração lipídica do óleo de soja por serem
51

facilmente oxidados, fator decisivo na velocidade da reação. A oxidação do


biocombustível causa aumento da sua viscosidade, o que pode levar a formação de
materiais insolúveis causando entupimento dos filtros de combustível, elevação da
acidez e a presença de hidroperóxido que ocasiona a corrosão de componentes do
sistema de injeção de combustível (EMBRAPA, 2008).

Figura 5 - Estrutura dos ácidos graxos presentes no óleo de soja.

Fonte: Adaptado Souza, 2015.

Os principais estados produtores, de acordo com a Tabela 9, são o Mato


Grosso de Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. O somatório das expectativas para os
próximos anos indica forte tendência de crescimento da área plantada, atingindo um
intervalo de 0,85% a 2,9% em relação à safra anterior variando de 35.446,3 mil
hectares a 36.174,2 mil hectares (CONAB, 2018). À medida que a produção de soja
se expande, amplas áreas de florestas e pastagens deram espaço para o uso
agrícola, principalmente nos países em desenvolvimento, o que pode ocasionar
possíveis problemas ambientais (WWF, 2014).

Tabela 9 - Principais estados nacionais produtores de soja.

Estado Produção (Milhões Área plantada (Milhões de Produtividade


de toneladas hectares) (kg/h)
Mato Grosso de 31,887 9,519 3.350
Sul
Paraná 19,070 5,444 3.503
Rio Grande do sul 16,968 5,692 2.981

Fonte: EMBRAPA, 2018.


52

A soja produz mais proteína por hectare do que qualquer outro dos grandes
cultivos, trata-se de um dos produtos agrícolas mais rentáveis (WWF, 2014). Estima-
se que a produção mundial, para a safra 2018/19, será de 369,32 milhões de
toneladas, conforme a Tabela 10, e se comparado a safra de 2017/18 houve um
aumento de 9,65%. Os Estados Unidos continuam como maior produtor de soja
mundial, com 34% de toda a produção do mundo, seguido do Brasil com 32,63%
dessa produção, e a Argentina com 15,43% (CONAB, 2018b). A soja, além de ser a
oleaginosa mais cultiva no mundo, faz parte de atividades agrícolas com maior
destaque mundial, principalmente em três países: Estados Unidos, Brasil e Argentina
juntos são responsáveis por 82,65% da safra do mundo (GARCILASSO, 2014).

Tabela 10 - Produção mundial de soja.

País Milhões de toneladas


2017/2018 2018 ago. 2018 set.

Estados Unidos 119,52 124,81 127,73

Brasil 119,5 120,5 120,5


Argentina 37,8 57 57
China 14,2 14,5 15
Outros 45,8 50,3 49,09
Total 336,82 367,1 369,32

Fonte: Adaptado, CONAB 2018b.

Diante dos dados apresentados é possível observar que a soja dominou e


possibilitou a implantação do regime de mistura de biodiesel ao diesel no Brasil,
devido ao seu forte mercado internacional, baseado no farelo e à larga escala de
produção, devido ao Brasil ser um dos grandes produtores mundiais do grão
(HIRAKURI, 2010).
Trouxe também grande contribuição para o PNPB através da distribuição pelo
território nacional permitindo significativa regionalização do fornecimento de matéria-
prima, já que grande parte das empresas produtoras de biodiesel se encontram
próximas a campos produtores de grãos (WWF, 2014).
53

2.5.1.2 Mamona (Ricinuis communis L.)

A mamoneira é uma das culturas mais tradicionais no semiárido brasileiro,


com importância econômica e social e inúmeras aplicações industriais. Originada da
Ásia, é encontrada em várias regiões do Brasil, desde o Amazonas até o Rio Grande
do Sul (EMBRAPA, 2008). Cerca de 90% do óleo de mamona, conhecido como óleo
de rícino é composto por um único ácido graxo, o ácido ricinoléico, apresentado na
Figura 6, que contém uma ligação insaturada e pertence ao grupo dos hidroxiácidos
e se caracteriza por seu alto peso molecular (298), baixo ponto de fusão (-5ºC) e
solubilidade em álcool (WEISS, 1983; MOSHKIN,1986 apud EMBRAPA, 2008).

Figura 6 - Estrutura química do ácido ricinoléico.

Fonte: Souza, 2015.

Fonte: Adaptado Souza, 2015.

Os derivados da mamona são muito utilizados na ricinoquímica3,


principalmente nos países desenvolvidos como os Estados Unidos, Alemanha,
França e China. É uma importante matéria-prima utilizada na composição de tintas,
vernizes, cosméticos, lubrificantes, plásticos etc. A produção de biodiesel a partir
deste óleo criou um mercado para este produto e grande importância social por
utilizar como mão de obra os trabalhadores rurais para o plantio, colheita e controle
de plantas daninhas, constituindo uma saída economicamente viável se for bem
administrada. (RIZZI, 2010).
Os Estados produtores de mamona, são a Bahia e Mato Grosso com
produção acima de 2 mil toneladas. As estimativas para a safra de 2018/19 de área
plantada, para a Bahia são em torno de 27,5 a 30 mil hectares, representando uma
variação de 1,9 e 11% em relação à safra anterior. O cultivo é feito através da
agricultura familiar com baixa mecanização agrícola. Em Minas Gerais o cultivo de

3
Ricinoquímica: Industria química que utiliza o óleo de mamona para fabricação de qualquer produto.
54

mamona está em extinção, devido às restrições relacionadas à cultura e a


dificuldade de comercialização, mantendo a área plantada da safra passada de 0,1
hectare (CONAB, 2018).
A mamona se destacou no início do programa biodiesel, gerando expectativas
em relação a alta produtividade por hectare tornando-se a principal fonte de renda
para agricultores familiares da região nordeste (FERREZ, 2010). Entretanto, do
ponto de vista tecnológico, a alta viscosidade do óleo de mamona, é apontada como
problemática para o biodiesel puro, devido à alta concentração do ácido ricinoléico
em sua composição, o que resulta em uma queima incompleta do biodiesel
provocando a formação dos acúmulos de carbono nos bicos injetores e nos anéis de
pistões (EMBRAPA, 2008).
Um novo estudo mostrou que o biodiesel feito à base de uma mistura de
30% de óleo de mamona e 70% de óleo de girassol (ou soja) é de melhor qualidade,
criando expectativas para a expansão da mamona (FERREZ, 2010).

2.5.1.3 Dendê (Elaeis guineensis L.)

Conhecido como dendezeiro, a planta é originaria da África e foi introduzida


no Brasil no período colonial pelos escravos africanos. A sementes foram plantadas
na Bahia, onde encontrou condições ideais para seu desenvolvimento. Apresenta
maior produtividade, com rendimento de 3 a 6 toneladas de óleo/ha, corresponde
40% de ácido oléico monoinsaturado, o principal ácido graxo insaturado, 44% de
ácido palmítico e 5% de ácido esteárico, de acordo com a Figura 7. A vantagem do
biodiesel de dendê ou palma é a alta estabilidade oxidativa devido aos grandes
teores de ácidos graxos saturados e uma das desvantagens é sua utilização em
regiões de clima frio, pois o ponto de solidificação é em torno de 15ºC, temperatura
comum nas regiões Sul do Brasil (EMBRAPA, 2008).
55
Figura 7 - Estrutura dos ácidos graxos presentes no
óleo de dendê.

Fonte: Adaptado Souza, 2015.

O cultivo de dendê é importante fonte de renda agrícola na região Norte,


especialmente no Estado do Pará. Na Amazônia seu cultivo estáassociado a alta
produção do óleo vegetal, alta capacidade de fixação de carbono e de proteção do
solo contra erosão, uma alternativa para áreas desmatadas (CAMARA et al, 2008).
No Brasil a área cultivada é cerca de 236 mil hectares, com destaque para o
Estado do Pará, seguido pelos Estados da Bahia e de Roraima. Já os principais
produtores mundiais são a Indonésia, Malásia e Tailândia(MAPA, 2018).
Estima-se que 72% do óleo de palma produzido no mundo sejam
aplicados em alimentação, no Brasil a margem é em torno de 97%. O óleo de palma
é utilizado em cerca de 50% em produtos comercializados nos supermercados e
ganha cada vez mais utilizações industriais, principalmente em produtos químicos,
cosméticos, farmacêuticos e para produzir biodiesel. A palma se adaptada a
condições climáticas típicas de regiões tropicais úmidas, no entanto esta espécie
não se adapta bem a condições de baixas temperaturas, pois limitam seu
crescimento e produtividade (MAPA, 2018).

2.5.1.4 Algodão (Gossypium hirsutum L. latifolium Hutch)

O Algodoeiro é uma planta fibrosa e oleaginosa com 15% do teor de óleo, do


qual constituem ácido graxos mirístico, palmítico, esteárico, e os principais que são
56

os ácidos graxos palmitoleico, oléico e linoleico. Tem demonstrado viabilidade


quanto ao uso na produção de biodiesel, porém a contaminação por gossopil4 é um
dos problemas da etapa de refino do biodiesel (EMBRAPA, 2008). Conforme
exposto na Tabela 11, o óleo de algodão apresenta propriedades físico-químicas
semelhantes ao óleo de soja, no que diz respeito aos tipos e à concentração de
ácidos graxos (VARÃO et al, 2018).
Tem como uma das principais aplicações, à fabricação de produtos na
indústria têxtil, onde caroço de algodão é um subproduto neste setor e o óleo
extraído é considerável matéria-prima para produção de biodiesel (AZEVÊDO,
2017). No Brasil o óleo de algodão é uma das matéria-prima mais consumida e um
dos mais economicamente viáveis para a produção de biodiesel sendo o seu custo
menor que o óleo de soja (AZEVÊDO, 2017).

Tabela 11 - Composição química em ácidos graxos dos óleos de algodão e soja.

Ácido Graxo Fórmula Algodão (%) Soja (%)


Láurico C12:0 0,1 0,1
Mirístico C14:0 0,7 0,1
Palimítico C16:0 20,1 10,2
Esteárico C18:0 2,6 3,7
Oleico C18:1 19,2 22,8
Linoleico C18:2 55,2 53,7
Linolênico C18:3 0,6 8,6

Fonte: Adaptado Varão et al, 2018.

No que dizer respeito à relação entre a produtividade agrícola e produtividade


de óleo por hectare, o caroço de algodão oferece um teor de óleo médio de 15%,
produtividade anual de 1.800 toneladas por hectare e produção de óleo entre 0,1 e
0,2 toneladas por hectare ao ano. O óleo de algodão pode ser extraído de seu
caroço através de diferentes processos, os quais podem ser químicos, onde o
solvente hexano é o mais utilizado, os físicos ou uma combinação de ambos
(VARÃO et al, 2018).

4
Gossopil: pigmento polifenólico presente na semente do algodão, apresenta características muito
ácidas e reage com bases fortes (EMBRAPA, 2008).
57

O Brasil tem apresentado crescimento considerável na produção de algodão


ao longo dos anos, com produção centralizada nos Estados de Mato Grosso, Bahia
e Mato Grosso do Sul. (AZEVÊDO, 2017). O cultivo de algodão é realizado por
produtores altamente qualificados, que dispõem de um bom pacote tecnológico e de
insumos (CONAB, 2018).
O algodão possui um mercado estabilizado e não disputa com
outras oleaginosas destinadas ao consumo humano, como a soja por exemplo. Por
esse motivo, acredita-se que a planta seja completa e uma fonte interessante para a
indústria de biodiesel, pois possui fibra, óleo e proteína. Logo, poderia utilizar a soja
para suprir as necessidades alimentícias e produzir biodiesel a partir do óleo do
algodão, complementado pelo de dendê (TIUSSU, 2009 apud OLIVEIRA, 2017).
Por outro lado, o óleo de algodão possui algumas limitações, como o baixo
teor de óleo comparado com as outras oleaginosas, o processo de extração do óleo
necessita ser melhorado e a presença de impurezas demanda um pré-tratamento
específico gerando custos adicionais no processo de industrialização do biodiesel
(VARÃO et al, 2018).

2.5.2 Gorduras animais

Os óleos e gorduras de animais, também chamado de sebo, são compostas


por moléculas triglicerídicas de ácidos graxos, estruturas químicas semelhantes às
dos óleos vegetais, sendo uma das diferenças a distribuição dos ácidos graxos
combinados com o glicerol. Portanto, também podem ser transformadas em
biodiesel. Constituem exemplos de gorduras de animais, possíveis de serem
transformados em biodiesel, o sebo bovino, os óleos de peixes, o óleo de mocotó, a
banha de porco, entre outras matérias graxas de origem animal. De modo
simplificado, a Figura 8 mostra o processo de obtenção do sebo bovino (PARENTE,
2003).
58

Figura 8 - Fluxograma da produção do sebo bovino.

Fonte: Varão et al, 2017.

A gordura animal é um subproduto proveniente dos frigoríficos que


normalmente é descartada de forma irregular no meio ambiente ou é utilizada para a
fabricação de ração. Esse resíduo é uma fonte de matéria-prima auxiliar na
produção de biodiesel e uma alternativa para o dilema entre a produção de
alimentos e energia. Dessa forma, o reaproveitamento dessa gordura poderá gerar
energia de maneira sustentável e ecologicamente correta (VARÃO, 2017). Em média
são produzidos no ano 2,5 milhões de toneladas de gordura proveniente do abate
industrial de aves, bovinos e suínos (OLIVEIRA et al, 2017).
Em relação ao processo de transformação dessa matéria-prima em óleo, 01
kg de sebo resulta em 01 kg de óleo, com aproveitamento de aproximadamente 93%
da reação e sua composição química, é composta principalmente por ácidos graxos
de cadeia saturada. Comparativamente, os óleos vegetais são compostos
basicamente por ácidos graxos insaturados, e 01 kg de soja gera 170 g de óleo.
Portanto, o sebo bovino apresenta grandes vantagens na utilização pela indústria de
biodieselno Brasil. Em função, sobretudo, de aspectos de ordem econômica,
ambiental e de suas características energéticas e físico-químicas (VARÃO et al,
2017).
59

Em contrapartida a gordura animal uma maior quantidade de enxofre a


apresenta a formação de sabão no processo de produção do bicombustível,
diminuindo a eficiência do processo (OLIVEIRA et al, 2017).

2.5.3 Óleos de fritura

Outras possibilidades para fabricação de biodiesel são os óleos de fritura,


provenientes de residências, bares e restaurantes. Uma das vantagens do uso deste
resíduo, como fonte de matéria-prima, é a alternativa de descarte ecologicamente
correto, evitando assim a contaminação do solo e da água. Devido a esses e outros
fatores o descarte adequado é de extrema importância ambiental (GARCILASSO,
2014).
Por não possuir uma lei específica para o descarte adequado, pode-se
considerar o Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008. A Tabela 12, a
seguir, a presenta a disponibilidade, os tipos e qualidade dos resíduos para a
produção do biodiesel e uma comparativa entre eles. (OLIVEIRA et al, 2017). A
captação desse material é através de projetos de coleta em residência, escolas e
bares. Sua produção é semelhante ao dos demais óleos vegetais, porém é
necessário um pré-tratamento para retirar as impurezas (GARCILASSO, 2014).

Tabela 12 - Principais tipos de resíduos gordurosos para uso como combustível


Óleo e Gordura residual Custo Qualidade Volume Preparo
De fritura comercial (0) + ++ +
De fritura residencial (0) ++ - ++
De fritura industrial - + ++ +
De matadouros e frigoríficos (0) - ++ -
Do tratamento de esgoto - -- + --
(++) muito favorável, (+) favorável, (0) satisfatório, (-) desfavorável, (--) muito desfavorável.

Fonte: Oliveira et al, 2017.

Segundo Garcilasso (2014), as desvantagens do óleo residuais é a logística


do processo, pois é difícil reunir grandes quantidades de óleo para manter a
produção contínua do combustível. Além do mais é necessária conscientização a
60

não descartar este óleo no meio ambiente, e sim entregar a uma empresa produtora
de biodiesel.

2.6 Produção do biodiesel

Segundo Ramos et al, 2011, o primeiro relato do que hoje se denomina


biodiesel é de uma patente Belga de 1937, do pesquisador Charles Chavanne da
Universidade de Bruxelas,onde foi relatada a utilização de ésteres etílicos obtidos do
óleo de palma por transesterificação em meio ácido, descrito como análogo ao diesel
de petróleo. Os óleos vegetais testados como combustíveis na sua forma in natura,
demonstraramque sua alta viscosidade causa sérios problemas operacionais, como:
- ocorrência de gomas durante a estocagem dos óleos e menor eficiência de
lubrificação, devido às reações de oxidação e polimerização destes, principalmente
no caso de óleos insaturados;
- obstrução dos filtros de óleo e bicos injetores;
- diluição parcial do combustível no lubrificante;
- comprometimento da durabilidade do motor e aumento em seus custos de
manutenção;
- produção de acroleína durante a combustão, uma substância altamente tóxica e
cancerígena, formada pela decomposição térmica do glicerol (RAMOS et al, 2011).
Das várias metodologias descritas na literatura para obtenção do biodiesel,
principal método é a transesterificação, principalmente porque as características
físicas dos ésteres de ácidos graxos são muito próximas às do diesel. Éum processo
relativamente simples e reduz a massa molecular para um terço em relação aos
triacilglicerídeos, como também reduz a viscosidade e aumenta a volatilidade. Além
da transesterificação, para a produção de biodiesel é possível utilizar vários
métodos, como por exemplo esterificação e pirólise (GERIS et al, 2007).

2.6.1 Transesterificação

No processo de transesterificação, um mol de triacilglicerol reage com três


mols de álcool, usualmente o metanol ou o etanol, na presença de um catalisador,
que pode ser homogêneo, heterogêneo ou enzimático (RAMOS et al, 2011). A
Figura 9 mostra a reação de transesterificação de óleos vegetais onde um
61

triglicerídeo reage com um álcool na presença de um catalisador produzindo uma


mistura de ésteres monoalquílicos de ácidos graxos e glicerol (GARCIA, 2011).

Figura 9 - Reação de transesterificação de um triglicerídeo

Fonte: Garcia, 2011

2.6.2 Esterificação

Processos de esterificação de ácidos graxos são grande importância para a


produção de biodiesel, utilizando-se matérias-primas de alta acidez, sendo o uso de
destas reações usualmente associado ao desenvolvimento de processos híbridos.
Ácidos graxos representam matérias-primas de alto valor agregado, dificilmente
compatível com a realidade do setor de biocombustíveis (PISARELLO; CORDEIRO;
QUERINI; 2007 apud RAMOS et al, 2011, p.395).

2.6.3 Processos híbridos

Atualmente, o custo da matéria-prima é a variável que mais onera o processo


de produção do biodiesel. Desta forma, processos que possibilitem o uso de
materiais graxos alternativos, como os óleos vegetais brutos, borras de refino e
óleos utilizados em frituras, são de grande interesse científico e industrial. O
processo de produção do biodiesel por transesterificação em meio alcalino é o mais
comum, entretanto, este processo é bastante sensível à presença de ácidos graxos
livres no meio de reação (RAMOS et al, 2011).
Três processos que podem ser realizados em meio homogêneo, têm sido
propostos: a esterificação seguida da transesterificação, a esterificação
62

simultaneamente à transesterificação, a hidrólise seguida de esterificação (ou


hidroesterificação)(RAMOS et al, 2011).
Outro tipo de tratamento de óleos de elevada acidez é a hidroesterificação,
apresentados na Figura 10. As principais vantagens deste processo são a obtenção
de uma fase glicérica mais límpida, facilitando assim o uso do glicerol em outros
processos e a produção de um biodiesel isento de contaminação com acilgliceróis
(RAMOS et al, 2011).

Figura 10 - Etapas do processo de hidroesterificação

(a) Hidrólise dos triacilgliceróis e; (b) esterificação dos ácidos graxos. R representa grupamentos alquila. O etanol foi utilizado
como exemplo de agente de esterificação
Fonte: RAMOS et al, 2011.
63

3 METODOLOGIA

3.1 Perspectiva do estudo

3.1.1 Tipo de pesquisa

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver,


esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos
de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento.
Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não
padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas
quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas
pesquisas (GIL, 2008)
Foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica, para analisar as vantagens e
desvantagens do biodiesel em relação ao diesel de petróleo usadas em motores do
ciclo diesel nas questões ambientais, socioeconômicas e técnicas.

3.1.2 Fonte de dados

Em uma pesquisa, os documentos terão fontes primárias ou secundárias.


Fontes primárias são os documentos que gerarão análises para posterior criação de
informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias, cartas e artigos. Já as fontes
secundárias são as obras nas quais as informações já foram elaboradas, como
livros, apostilas, teses e monografias(GIL, 2008).
No presente trabalho, por ser uma pesquisa bibliográfica sem estudo de caso,
foram utilizadas informações secundárias.

3.1.3 Instrumento de coleta de dados

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante a material já elaborado,


principalmente livros e artigos científicos. O material consultado na pesquisa envolve
64

todo o referencial já tornado público em relação ao tema estudado, desde


publicações avulsas, boletins, jornais, livros, pesquisas, monografias, dissertações,
teses, entre outros. Com base nisso é que se pode elaborar trabalho monográfico,
reunindo diversas publicações isoladas e atribuir-lhes uma nova leitura (GIL, 2008).
Neste trabalho, foram utilizadas, em sua maior parte, artigos científicos, tese,
dissertações e monografias, a fim de se obter dados mais precisos em relação aos
aspectos ambientais, sociais, técnicos e perspectivas futuras do biodiesel.

3.1.4 Apresentação dos dados

Dados quantitativos caracterizam-se pelo emprego de instrumentos


estatísticos, visando mais o comportamento geral dos acontecimentos garantindo
precisão dos resultados e possibilitando uma margem de segurança quanto as
interferências feitas. Logo, a pesquisa qualitativa aborda uma análise mais profunda
em relação ao fenômeno que está sendo estudado destacando características não
observadas(RAUPP; BEUREN, 2006).
No presente trabalho foram empregados os dois tipos de dados. Gráficos,
Quadros, Tabelas e estimativas foram utilizados para destacar a relevância do
consumo do biodiesel no desenvolvimento sustentável.

3.1.5 Análise dos dados

Conforme Raupp e Beuren (2006), a análise de dados pode ser quantitativa


ou qualitativa, na busca por respostas aos objetivos estudados.
Neste trabalho, os dados foram analisados tanto qualitativamente quanto
quantitativamente.

3.2 Delimitação do estudo

A pesquisa foi feita utilizando publicações da CAPES. Foram pesquisadas


informações a respeito dos desafios da mistura biodiesel/diesel no desenvolvimento
sustentável e socioeconômico.
65

4 OS DESAFIOS DO BIODIESEL NO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

Neste capítulo, será abordado um estudo da mistura biodiesel/diesel, dando


ênfase nos seguintes tópicos: aspectos ambientais, técnicos e sociais relacionando
em cada um deles a sustentabilidade.

4.1 Aspectos ambientais

Quando existe um balanço entre a energia solar incidente e a energia refletida


na forma de calor pela superfície terrestre, o clima se mantém praticamente
inalterado. Entretanto, o balanço de energia pode ser alterado de várias formas,
entre elas, pela alteração na quantidade de energia de maiores comprimentos de
onda refletida de volta ao espaço, devido a mudanças na concentração dos GEE na
atmosfera (MMA, 2019).
O dióxido de carbono (CO2) é o mais abundante dos GEE, com 84% na
atmosfera, sendo 82% resultante da queima de combustível fóssil. Sendo assim, a
quantidade de dióxido de carbono na atmosfera aumentou 35% desde a era
industrial, e este aumento deve-se a atividades humanas, principalmente pela
queima de combustíveis fósseis e remoção de florestas (DIAS, et al, 2009). Essas
mudanças na concentração dos GEE na atmosfera estão ocorrendo em função do
aumento insustentável das emissões antrópicas5 desses gases. Há quatro gases
principais, além das famílias de gases, regulados pelo Protocolo de Kyoto,
representados no Quadro 1, onde são descritas as principais fontes emissoras de
cada um e o poder de aquecimento global, em comparação com o CO2. Pode-se
observar que o CO2 e N2O são os principais em termos de emissão por queima de
combustíveis fósseis, tendo o N2O um poder de aquecimento global 310 vezes maior
do que o CO2.

5
Emissões produzidas como resultado da ação humana. São lançadas grandes quantidades de gás
carbônico na atmosfera por tais atividades, como a queima de combustíveis fósseis, agricultura,
fabricação de cimento etc.
66

Quadro 1 - Principais tipos de GEE e seu poder de aquecimento global


Gás / Família de Fonte emissora Poder de aquecimento global
Gases

Dióxido de Carbono Resultado de diversas atividades humanas: Parâmetro de referência para


CO2 classificação do poder de aquecimento
• queima de combustíveis fósseis global dos demais GEE.
(petróleo, carvão e gás natural)
• mudança no uso da terra (remoção de
florestas)

Metano CH4 Decomposição da matéria orgânica: 21 vezes maior que o CO2.


• em aterros sanitários, lixões e
reservatórios de hidrelétricas;
• criação de gado e cultivo de arroz.

Óxido nitroso (N2O) • tratamento de dejetos animais 310 vezes maior que o CO2
• uso de fertilizantes
• da queima de combustíveis fósseis
• alguns processos industriais

Hexafluoreto de Utilizado principalmente como isolante Gás com o maior poder de


enxofre SF6 térmico e condutor de calor. aquecimento:

23.900 vezes mais ativo no efeito estufa


do que o CO2

Hidrofluorcarbonos Utilizados como substitutos dos Não agridem a camada de ozônio, mas
clorofluorcarbonos (CFCs) em aerossóis e têm, em geral, alto potencial de
HFCs refrigeradores quecimento global (variando entre 140
e 11.700)

Perfluorcarbonos Utilizados como gases refrigerantes, Potencial de aquecimento global


(PFCs) solventes, propulsores, espuma e variando de 6.500 a 9.200.
aerossóis.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados MMA, 2019


A poluição ocasionada pela combustão do óleo diesel traz externalidades
negativas, através da exposição a diversos poluentes, ocasionando efeitos nocivos
locais, como smog fotoquímico6 e chuva ácida, e efeitos ambientais globais, como
alterações do clima em função do aumento da concentração de CO2 na atmosfera.
Dentre os poluentes primários emitidos à atmosfera pela combustão do diesel,
encontram-se os óxidos de enxofre (SOx), os óxidos de nitrogênio (NOx), o
monóxido de carbono (CO), os hidrocarbonetos (HC), além de material particulado

6
Efeito que ocorre em função da reação de hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx) na
presença de radiação solar. O ozônio (O3) surge como produto desta reação e danifica os tecidos
pulmonares, diminuindo a resistência às doenças infecciosas e causando envelhecimento precoce
destes tecidos. Além disso, o ozônio provoca irritação nos olhos, nas vias respiratórias e diminuição
da capacidade pulmonar. O aumento das admissões hospitalares é associado à exposição ao ozônio
(FETRANSPOR, 2011).
67

(MP), que são extremamente prejudiciais à saúde e comprometem a qualidade do ar


(MMA, 2019b).
Dados publicados pela Global Energy Transformation, evidenciam que quanto
maior o teor de biodiesel misturado ao diesel mineral, maior será a redução de
emissões de GEE. Os biocombustíveis têm potencial de reduzir em 70% as
emissões globais de CO2 até 2050. Neste sentido, os biocombustíveis
desempenharão papel
pel fundamental na descarbonização,
descarbonização, principalmente no setor de
transporte, da matriz energética global até 2050 (BIODIESELBR, 2019).
2019)
A elevada participação de fontes renováveis na matriz energética nacional
proporciona uma significativa redução nas emissões
emissões de GEE. Quanto aos
biocombustíveis líquidos, as emissões evitadas pelo uso de etanol (anidro e
hidratado) e biodiesel, em comparação aos equivalentes fósseis (gasolina e diesel),
somaram 66,3 MtCO2 (milhões de toneladas de CO2) em 2018.
O Gráfico 18 evidencia
evid que quanto maior o teor de biodiesel misturado ao
diesel mineral, maior será
ser a redução de emissões de GEE. O B10
10 que está em vigor
recentemente no Brasil reduz em 79 g/mg as emissões,, isso remete a uma diferença
de -6,2g/MJ em relação
o ao diesel fóssil.
f Na vigência o B20,, a redução
redu seria 72,8
g/MJ de CO2 chegaria a 7,3% (UBRABIO, 2017).

Gráfico 18 – Potencial de redução dos Gases do Efeito Estufa (GEE) pelo aumento
do percentual de biodiesel no diesel.
diesel

90
80
70
60
g/MJCO2

50
40
30
20
10
0
Diesel B5 B7 B8 B9 B10 B20 B30
g/MJ de CO2 85,2 82,1 80,9 80,23 79,61 79 72,8 66,51

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados UbraBio, 2017.


2017
68

Dentre os setores consumidores de energia, destaca-se


destaca se o transporte, com
46%, que mais emitiu Gases do Efeito Estufa (GEE) em 2017, representados no
Gráfico 6.

Gráfico 6 - Emissões de CO2 por Setor


tor em 2017

Outros 2017 Geração Elétrica


9% 13%

Indústria
32%

Transporte
46%

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados MME, 2018b.

O Balanço Energético Nacional (EPE, 2018), que contabiliza a oferta e


demanda de energia no Brasil registrou a trajetória do biodiesel e diesel no consumo
final de energia
nergia por setor no transporte rodoviário
ro nacional
onal no período de 2008 a
2017, apresentados no Gráfico 7.
69

Gráfico 7 - Tendência do transporte Rodoviário Biodiesel x Diesel 2008 – 2017.

60,0
50,4 49,1 48,6 48,4 47,9 48,2 47,1
50,0 45,2 45,4 45,5

40,0

30,0
%

20,0

10,0
2,4 2,5 2,5 2,5 2,5 3,4 3,4 3,4
1,3 1,8
0,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados EPE, 2018.

Diante dos dados, o consumo de biodiesel foi evoluindo ao longo dos anos,
começou em 2008 com 728 103
10 tep, isso corresponde a 1,3% total em relação às
outras fontes de combustível. Já em 2017 o consumo aumentou para 3,4%
mostrando crescimento significativo para os
os próximos anos. Em contrapartida houve
uma redução de consumo de diesel, no transporte neste período, em virtude do
surgimento do biodiesel. Em 2008 foi o auge do consumo de diesel com 50,4% no
total e fechou 2017 com uma
um pequena queda para 45,5% (EPE, 2018).
20

4.1.1 Análise crítica do estudo comparativo

A demanda energética
energ cresce à medida da evolução
o tecnológica
tecnol e dos
padrões de vida da população. O cenário mundial do uso dos recursos energéticos
atualmente caracteriza-se
se pela forte dependência dos combustíveis
combustívei fósseis para a
produção de bens e serviços causando diversos tipos de impactos negativos desde
a sua exploração até o seu produto e, além disso, não é uma fonte de renovável. O
aquecimento global vem se mostrando uma das maiores preocupações
preocupa mundiais
dos últimos tempos, devido ao aumento das emissões GEE principalmente do setor
de transporte como já mencionado anteriormente.
70

Os combustíveis, em especial o biodiesel, vêm como uma solução promissora


de forma a diminui essa dependência. No entanto, o grande desafio é garantir seu
espaço no mercado e seu desenvolvimento de forma sustentável. O estudo
apresentou que vários países, inclusive o Brasil, vêm incentivando a ampliação da
produção regional de biocombustíveis.

4.2 Aspecto Socioeconômico

O metanol é um insumo fundamental para a obtenção do biodiesel brasileiro.


O Brasil importou 484 mil toneladas deste insumo para a produção de biodiesel. O
total em 2018 foi 31,4% a mais que 2017 e o dispêndio totalizou em 192 milhões de
dólares, 65,4% maior que 2017. O aumento nas importações deste insumo está
diretamente relacionado ao incremento nos volumes produzidos de biodiesel, diante
da elevação do percentual mandatório em 2018 (EPE, 2019c). Por isso seria
estratégico para o Brasil utilizar o etanol para a produção de biodiesel, para que a
balança comercial se torne mais equilibrada. Entretanto, o uso do etanol precisa de
investimentos em pesquisa e desenvolvimento para viabilizar técnica e
economicamente o processo de produção de biodiesel pela transesterificação via
rota etílica (GARCILASSO, 2014).
Em 2017, a produção brasileira de derivados de petróleo foi de 110,2 milhões
3
de m , 3,7% inferior à de 2016. A partir da base de dados da Empresa de Pesquisa
Energética no período de 2008 a 2017, pode-se observar no Gráfico 19, que houve
um aumento crescente da produção de óleo diesel entre 2010 até 2015, mas a partir
de 2016 sua produção apresentou uma queda. Em 2017 a produção de B100 no
país cresceu 12,9% em relação ao ano anterior atingindo o montante de 4,29
milhões m³ (EPE, 2018).
71

Gráfico 19 - Produção Diesel x Biodiesel no Brasil 2008 a 2017.

Diesel Biodiesel (B100)

60,00

50,00

40,00
milhõe m3

30,00

20,00

10,00

0,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Elaborado própria a partis dos dados EPE, 2018.


2018

Os benefícios sociais causados pelo biodiesel acontecem de acordo com que


de que modo cada país desenvolve e encara essa questão. O biodiesel no Brasil,
mais precisamente nas regiões Norte e Nordeste, em seu início de comercialização,
possui um regime tributário diferenciado devido à importância da produção de
oleaginosas pela agricultura familiar, principalmente de mamona e dendê,
dendê e a
criação do Selo Combustível Social que são instrumentos fundamentais para a
inclusão social na cadeia de produção do novo combustível, favorecendo
favorecen a geração
de emprego e renda (MOTA et al, 2009).
Contudo, as fragilidades na sistemática ocorrem exatamente por não atingir
os objetivos desta inserção no Norte/Nordeste,
Norte/Nordeste, onde existem problemas
operacionais e estruturais com quebra de contratos de fornecimento, de assistência
técnica e de aquisição da matéria-prima.
matéria Quebras de safras também têm dificultado
um melhor funcionamento do selo, juntamente com a baixa remuneração da
mamona destinada ao biodiesel, se comparado a outros usos industriais (IPEA,
2010).
O caso da mamona,
mamona por exemplo, foi um pouco complexo.
complexo Embora, o
Governo Federal inicialmente apostar na produção de mamona na região Nordeste
como importante geração de renda para o semi árido, esta perspectiva
perspectiv não se
concretizou. A mamona tem também seus usos finais com elevados custos de
72

oportunidade que inviabilizam


lizam seu uso para o biodiesel (RIZZI,
RIZZI, B.; SILVA, G.;
MAIOR, T. S. 2010). Além disso, houve dificuldades na capacitação
capacitação dos agricultores
da região com relação ao plantio e colheita adequados da mamona, inviabilizando a
sua produção (GARCILASSO,, 2014).
2014
Segundo Garcilasso, 2014,
201 os empreendedores se vêem obrigados a fornecer
sementes, insumos e até mesmo capacitação técnica para que o pequeno agricultor
produza as sementes, para que o empreendedor em seguida compre.
compre. A participação
da agricultura familiar na produção de biodiesel só é garantida porque parte do
volume de biodiesel comercializado nos leilões é reservado para as unidades
produtoras que detêm o Selo
elo Social como mencionado.
mencionado A Figura 12,, representa os
resultados não alcançados do PNBP desde que entrou em vigor, onde é perceptível
a fragilidade pelo não alcance das metas, principalmente na inclusão social.

Figura 11 - Resultados não alcançados do PNPB.

Baixa inserção social (que era o foco


principal da política);

Fracasso das metas para o Norte e


Nordeste, carência de matérias-primas
matérias
alternativas à soja e à gordura animal;

Baixo impacto no desenvolvimento


regional.

onte: Elaboração própria a partir dos dados Glaciasso, 2014.


Fonte:

Objetivo dos leilões é aferir suporte econômico à cadeia de produção de


biodiesel e continuar com o atendimento das diretrizes do programa brasileiro de
biodiesel. Entretanto, o biodiesel comercializado nos leilões é a preço bastante alto.
Uma opção seria o biodiesel ser comercializado diretamente dos produtores, assim
como acontece com o álcool anidro. Além disso, os leilões deveriam ocorrer
73

somente para essas fontes alternativas de matérias-primas, como a palma e a


mamona. Enquanto o biodiesel de soja e gordura animal são comercializado
diretamente dos produtores (GLACIASSO, 2014).
Em todos os países a produção de biocombustíveis recebe críticas pela
concorrência com outros usos do solo, principalmente com alimentos. Outra questão
que importa para a formulação de políticas públicas é o fato de que, por tratar-se de
uma commodity, a soja tem preço determinado pela demanda do mercado
internacional. Isto interfere nos preços da cadeia da terra, insumos, água, energia,
além das agroindústrias,derivados da soja, rações, aves, suínos, etc. Mesmo não
sendo possível prever todas as reações do mercado, definir quais destas etapas da
cadeia são prioritárias é essencial para se desenhar políticas com a finalidade de
alcançar, por exemplo, a inserção social (EPA, 2010).
Para alcançar a sustentabilidade na produção de biodiesel a produção deverá
considerar aspectos específicos importantes, como o acompanhamento de toda a
cadeia de produção (cultivo, processamento, uso, conversão e destinação dos
resíduos), os limites da capacidade de regeneração dos recursos naturais (solo,
água, etc.), de tal modo que a proporção de energia utilizada não seja superior à
capacidade de renovação, e que também evite ocasionar outros conflitos, como por
exemplo, a produção de alimentos versus produção de energia (ANDRADE et al,
2007, apud DIAS, 2009). Sendo assim nota-se a necessidade de melhorias, de
algumas estratégias políticas visando desenvolvimento e inovação para a produção
de biodiesel (IPEA, 2010). A Figura 13 apresenta propostas para melhorias das
estratégias políticas assim como o uso sustentável do biodiesel.
74
75

4.2.1 Análise crítica do estudo comparativo

A procura por segurança de abastecimento e a necessidade da redução de


poluente, que estão entrelaçados pelo uso dos combustíveis
combust fósseis,
sseis, promovem um
ambiente promissor e cada vez mais relevante para os biocombustíveis
biocombust na matriz
energética
tica brasileira e mundial. Na Figura 12,, estão representados os principais
programas de incentivo a produção e consumo de biodiesel.

Figura 12 - Programa de incentivo a produção de Biodiesel nacional

Protocolo de
Kyoto

PNPB RenovaBio

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Nota-se
se que as condições de mercado para o biodiesel, estão relacionadas
aos preços do petróleo,
leo, taxas de impostos e das matérias-primas,
primas, principalmente a
soja que é um óleo muito utilizado na indústria alimentícia. De acordo com a Figura
13, os avanços tecnológicos na área industrial e agrícola, e a diversificação das
matérias-primas
primas seria uma alternativa para minimizar os custos de produção
produ
aumentando assim sua competitividade. A soja representou cerca de 68,9% da
produção
o de biodiesel em 2018.
2018. Uma alternativa para diminuir essa dependência,
seria o aproveitamento energético
energ de outras oleaginosas com maior teor de ácido
graxo que a soja, como a palma ou a manona.. Além disso, o aproveitamento dos
óleos e gorduras residuais, que tem seu descarte normalmente incorreto, são fontes
de energia sustentáveis, não competem com os alimentos e não precisam
precisa de área
para plantio.
76

Figura 13 - Alternativas para redução dos custos do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria, 2019.

A política de biocombustíveis deve ser conduzida para promover o


desenvolvimento econômico rural e a agricultura sustentável, reforçando a
importância do investimento em outras fontes matérias-primas para a produção do
biodiesel que não competem com os alimentos e não precisam de grandes áreas
para o plantio. Entretanto, mesmo com essas questões ambientais em alta, a
sustentabilidade caminha de forma lenta, pois a maioria das empresas visam mais
os lucros do investir em novas pesquisas.

4.3 Aspectos técnicos

O biodiesel deve possuir características físico-químicas similares ao diesel de


petróleo, que possibilitem a substituição do fóssil. Visando assegurar a qualidade do
biocombustível, assim como o bom funcionamento dos motores e veículos e a
preservação ambiental, são estipulados padrões de qualidade, definidos pela norma
técnica vigente em cada país. Essa estabelece valores e limites para as diferentes
propriedades e características do biodiesel, bem como os métodos de ensaio a
serem utilizados para sua determinação. No Brasil, a Resolução ANP 45/2014
estabelece a especificação do biodiesel em seu Regulamento Técnico ANP nº
3/2014 e as obrigações quanto ao controle da qualidade para a comercialização do
produto (COSTA, 2017).
77

Os motores do ciclo Diesel, conhecidos como motores de ignição por


compressão, utilizam o aumento de temperatura devido à compressão de uma
massa de ar para iniciar a reação de combustão. Por essas características de
funcionamento, os motores do ciclo Diesel necessitam de pressões elevadas e de
um combustível que seja adequado à queima. O diesel a ser comercializado no
Brasil deve atender a uma série de parâmetros especificados no Regulamento
Técnico ANP nº 4, parte integrante da Resolução ANP 50/2013 (ANP, 2013b).
Dentre as principais características que definem a qualidade do combustível a ser
queimado nesses motores, destacam-se:
• Apresentar adequada qualidade de ignição, para que a queima se inicie com
o menor retardo em relação à injeção do combustível (número de cetano-NC);
• Vaporizar-se adequadamente no interior da câmara de combustão (curva de
destilação, viscosidade);
• Queimar de forma limpa e completa, produzindo o mínimo de resíduos e
cinzas e o mínimo de emissão de poluentes (NC, viscosidade, lubricidade e
teor de enxofre);
• Não formar cristais em baixas temperaturas, evitando problemas na partida a
frio do motor (ponto de entupimento);
• Ser estável à oxidação, para evitar entupimentos e danos às peças do motor
(estabilidade à oxidação);
• Não ser corrosivo para evitar desgastes do motor (teor de enxofre);
• Apresentar aspecto límpido, indicando ausência de água ou materiais em
suspensão (resíduo de carbono, teor de água e sedimentos) e;
• Oferecer segurança no manuseio e estocagem (ponto de fulgor).
A diferença de propriedades entre o diesel e os óleos vegetais deve-se
principalmente à sua diversidade molecular. Além da presença do grupamento
funcional do tipo éster, os óleos vegetais possuem peso molecular cerca de três
vezes superior ao diesel. É importante pontuar que a qualidade do biodiesel e suas
características físico-químicas podem sofrer modificações, tanto em função das
estruturas moleculares dos ésteres, como pela presença de contaminantes
provenientes da matéria-prima, do processo produtivo ou mesmo produzidos na
estocagem do biocombustível (COSTA, 2017). A Tabela 13 mostra as características
técnicas dos óleos vegetais em relação ao diesel.
78

Tabela 13 - Características técnicas dos óleos vegetais em relação ao diesel

Características técnicas Resultados


comparativos
Número de cetano +
Viscosidade +
Lubricidade +
Ponto de fulgor +
Teor de enxofre -
Estabilidade -
Resíduo de carbono +
Ponto de névoa +
(+) maior (-) menor
Fonte:Elaboração própria a partir dos dados Costa, 2017.

Um importante passo para o desenvolvimento do biodiesel e das tecnologias


automotivas no Brasil se concretiza com a publicação do Relatório de Consolidação
dos Testes e Ensaios para Validação da Utilização de Biodiesel B15 em Motores e
Veículos. A Tabela 14, apresenta um resumo dos resultados dos testes realizados
pelas empresas para validar a utilização da mistura B15. Os testes seguiram
metodologias padronizadas em normas nacionais e internacionais, ou ainda
metodologias próprias ou semelhantes. É importante lembrar que a Lei nº 13.263, de
2016, estabeleceu metas para a progressão da adição de biodiesel ao óleo diesel
comercializado em todo o território nacional, com previsão de alcançar até a mistura
B15, 15% de biodiesel e 85% de óleo diesel (MME, 2019).

Tabela 14 - Resultado dos teste para validação do combustível B15.


ESPECIFICAÇÃO RESULTADOS
Partida a frio +
Desempenho +
Emissões +
Estabilidade à oxidação -
Consumo de combustível +
Durabilidade +
Contaminação do óleo lubrificante +
(+) positivo (-) negativo

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados MME, 2019.


79

No todo, os diversos testes realizados tiveram um papel fundamental para


suprir dúvidas e lacunas de conhecimento sobre um importante biocombustível.
Algumas recomendações foram apontadas, como de incluir na norma de qualidade
da ANP o parâmetro da “estabilidade à oxidação”. Sugerem a definição desse
parâmetro em 20 horas (mínimo), como sendo fundamental para evitar a degradação
do combustível ao longo de toda a cadeia de produção e comercialização, até
chegar ao consumidor final. Em números totais, os resultados dos testes foram
regulares. Todavia, com parecer geral pela continuidade da investigação do uso de
biodiesel em maiores proporções.
A produção de conhecimento e de melhorias é um processo contínuo. Com
base no exposto, e levando em consideração as recomendações e indicações
realizadas pelos vários participantes, o Ministério de Minas e Energia fez
recomendações aos fabricantes de veículos, motores e peças; à Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e a todos os agentes do mercado de
combustíveis e consumidores de diesel com adição de biodiesel para garantir o
melhor desempenho do combustível B15 e aperfeiçoamento das suas tecnologias e
a melhoria dos seus produtos, para o progressivo maior uso do biodiesel, até B15
em 2023.

4.3.1 Análise crítica do estudo comparativo

O biodiesel deve possuir características físico-químicas similares ao diesel de


petróleo, que possibilitem assegurar a qualidade do biocombustível, bom
funcionamento dos motores e veículos, assim como preservação ambiental. Cada
país possui padrões de qualidade, definidos pela norma técnica vigente. A qualidade
do biodiesel e suas características físico-químicas podem sofrer modificações, em
função das estruturas moleculares dos ésteres e pela presença de contaminantes
derivados das matérias-primas.
80

4.4 Vantagens
antagens e Desvantagens do Biodiesel em Relação ao Diesel

4.4.1 Conseqüências positivas e negativas do consumo do Diesel

O petróleo é ainda a principal fonte de energia atualmente comercializada no


planeta. Esse recurso mineral se tornou o insumo-chave
insumo do desenvolvimento do
século
culo XX quando substituiu o carvão,
carv graças à sua facilidade de produção,
transporte e uso (COSTA, 2017).
A capacidade de gerar energia
ene gia é umas das maiores vantagens do diesel e
sua produção em larga escala, por isso, compõe a maior parte da matriz energética
mundial.Os
Os fósseis são de difícil obtenção e processamento. A transformação de
material fóssil em energia demanda investimentos
investimentos altos. Isto faz com que haja uma
progressiva elevação de preços destas formas de energia. Entretanto, diferente do
investimento, os custos operacionais de obtenção do produto são bem mais atrativos
do que os biocombustíveis. A energia liberada na
a combustão pode ser
descarregada na forma de energia mecânica com mais facilidade que outras fontes.
O controle industrial também é relativamente favorável, sendo um produto com mais
benefícios mercadológicos do que custos de obtenção (DOMINGOS, 2012).

Figura 14 - Vantagens e desvantagens do diesel.

Vantagens
•Produção em larga
escala.
•Benefício mercadolígico.
•Maior capacidade de
geração de enregia.

Desvantagens
•Dependência
Dependência econômica
•Conflitos
Conflitos políticos
•Exploração
Exploração extrativista
•Emissão
Emissão dos GEE
•Não
Não é renovável

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados, Domingos 2012; Costa,


Costa, 2017.
81

Por outro lado, o diesel emite gases do efeito estufa, como o monóxido de
carbono (CO) gerado da combustão. A obtenção da matérias-primas se dá por meio
extrativistas, e geram impactos ambientais negativos nos locais de suas jazidas. Já
os benefícios mercadológicos tem-se a extrema dependência econômica pelo
produto e está dependência desencadeia conflitos políticos (DOMINGOS, 2012).

4.4.2 Consequências positivas e negativas do consumo do Biodiesel.

As dúvidas que envolvem o uso do biodiesel são muitas. Os questionamentos


envolvem pontos financeiros, ambientais e socioeconômicos. A incerteza que
permeia suas considerações nos mostra que ainda se tem um longo caminho a
percorrer para atender os anseios dos empresários e demais envolvidos. A Figura 11
envolve as principais vantagens e desvantagens do consumo do biodiesel em
relação ao diesel de petróleo. (DOMINGOS,2012).
O Biodiesel não tem origem fóssil, mas pode ser adicionado a ele formando
uma mistura. Pode ser usado em um motor a diesel sem nenhuma adaptação na
estrutura do veículo (DOMINGOS, 2012). A emissão de gases da combustão dos
motores que operam com biodiesel não contém óxidos de enxofre, principal
causador da chuva ácida e de irritações das vias respiratórias. A produção agrícola
que origina as matérias primas para o biodiesel capta CO2 da atmosfera durante o
período de crescimento, sendo que apenas parte desse CO2 é liberada durante o
processo de combustão nos motores, ajudando a controlar o efeito desses gases
poluentes, causador do aquecimento global do planeta (RATHMANN, 2014).
A produção de biodiesel poderá ser realizada em localidades próximas dos
locais de uso do combustível, evitando o custo desnecessário e o aproveitamento
interno dos óleos vegetais permitirá contornar os baixos preços que predominam nos
mercados mundiais. A matéria-prima pode ser obtida facilmente, considerando as
diferentes matérias que podem ser empregadas e as condições de cada região
produtora, diversificando assim a matriz energética. (RATHMANN, 2014).
Para o Brasil, o biodiesel representa uma oportunidade de negócio, pois, pode
suprir o seu consumo interno por combustíveis, que ficará menos dependente do
mercado de petróleo e ainda, poderá exportar biocombustíveis para outros países.
82

Outro fator é o incentivo à inclusão social, pois é oferecido aos fabricantes


fabricantes benefícios
em financiamento e elisão tributária obtidos ao adquirirem matérias-primas
matérias dos
agricultores familiares, e logo, favorecer estas famílias a melhores condições de
vida. Tem baixo risco de explosão, grande facilidade de transporte e armazenagem
armaz
(DOMINGOS, 2012).

Figura 15 - Vantagens e desvantagens do Biodiesel em relação ao Diesel.

Benefícios Benefícios Benefícios Técnicos Desvantagens


Ambientais Socioeconômico - Baixo risco de - Desmatamento.
- Redução da - Inclusão social. explosão. - Dependencia
emissões de GEE. - Desenvolvimento - Facilidade de excessiva da soja.
- Biodegrádavel . regional. transporte e - Alto custo de
- Renovavel. - Diversificação da armazenagem. produção.
- Controla o efeito matriz energética. - Lubicidade - Preço de mercado
estufa. - Oportunidades de - Os motores não alto.
- Não é de origem negócios. precisam de - Competição com
fossíl. - Permitirá atingir adaptação. alimentos.
- Captura de CO2 metas propostas pelo - Maior viscosidade.
Protocolo de Kyoto.
- Economia de
divisas.

Fonte: Elaboração própria a partir


parti dos dados Domingos, 2012; Rathmann, 2014;
2014
Damasceno, Sampaio e Santos, 2015;
2015 Ferrés, 2010.

Além disso, o biodiesel possui viscosidade maior em relação ao diesel


mineral, o que pode danificar a injeção do combustível, alteração na potência dos
motores. O custo com processamento de matéria-prima
matéria prima da produção unitária de
biodiesel em relação ao diesel
diesel é maior, devido à grande quantidade de matéria
necessária à sua produção escalar (DOMINGOS, 2012).
Mas desde que o país começou a produzir biodiesel, a soja tem sido, desde
então, a principal fonte de matérias-primas utilizada para a sua produção sem
qualquer ameaça.. Apesar de, nos últimos anos, o Governo Federal ter incentivado o
83

cultivo de outras oleaginosas para atender ao programa do PNPB, a produção, em


escala industrial, de outras fontes que não a soja ainda está muito distante da
realidade, e a situação, ao que parece, tenderá a permanecer assim pelos próximos
anos (FERRÉS, 2010).
Apesar de a participação da soja ser grande na produção brasileira de
biodiesel, a produção e os preços internos do grão não são influenciados pela
demanda para a fabricação do combustível. A formação do preço interno da
oleaginosa permanece dependente do mercado internacional, sendo bastante difícil
desvencilhar as cotações domésticas da Bolsa de Chicago, visto que a soja é uma
commodity global (FERRÉS, 2010). A produção de óleo de soja entre 2008 e 2018
cresceu 38%. Esta taxa de crescimento é muito inferior à do volume que é destinado
à obtenção do biodiesel, que saiu de 0,8 milhão para 3,4 milhões de toneladas (EPE,
2018)
O crescimento populacional promove um consumo mundial em larga escala,
que necessita de plantações em grandes áreas agrícolas. Assim, em países que não
fiscalizam adequadamente seus recursos florestais, ocorre um alto grau de
desmatamento de florestas para dar espaço às plantações de grãos, diminuindo as
reservas florestais do planeta e ocasionando a perda de biodiversidade e aumento
do efeito-estufa (TEIXEIRA; TAOUIL, 2010).
A produção de biodiesel permitirá também atingir as metas propostas pelo
Protocolo de Kyoto, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, habilitando o
País para participar no mercado de “bônus de carbono”. A dinâmica da globalização
é renovar-se continuamente (RATHMANN, 2014).
Isto significa que são necessários regulamentos para motivar boas práticas
agrícolas e industriais, bem como matérias-primas adequadas. A política da PNPB
atualmente não considera suficientemente essas questões, e é necessário que seja
modificada de tal forma que os critérios ambientais sejam adicionados ao Selo
Combustível Social (GARCEZ, 2009 apud GLACIASSO, 2014).
84
85

5 CONCLUSÃO

Através de um compilamento de dados, foi demonstrado que apesar da


capacidade de gerar energia ser umas das maiores vantagens do diesel e sua
produção em larga escala, e seu custo operacional ser mais atrativo do que os
biocombustíveis, o Diesel emite gases do efeito estufa como o CO2, gerado na
combustão e a obtenção da matérias-primas se dá por meio extrativistas gerando
impactos ambientais negativos.
Em contrapartida, o Biodiesel não tem origem fóssil, a emissão de gases da
combustão dos motores que operam com biodiesel não contém óxidos de enxofre,
pode ser adicionado ao diesel formando uma mistura e pode ser usado em um motor
a diesel sem nenhuma adaptação na estrutura do veículo. Algumas recomendações
foram apontadas, como de incluir na norma de qualidade da ANP, que define um
parâmetro mínio de 20 horas de “estabilidade à oxidação”. A produção de biodiesel
permitirá ao Brasil também atingir as metas propostas pelo Protocolo de Kyoto,
através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, habilitando o País a participar no
mercado de “bônus de carbono”.
O Brasil, vêm incentivando a ampliação da produção de biocombustíveis,
adotando melhorias que visam o desenvolvimento e inovação para a produção de
biodiesel. Em 2017 o consumo aumentou para 3,4% mostrando crescimento
significativo para os próximos anos. Neste mesmo período houve uma redução de
consumo de diesel, no setor de transporte, em virtude do surgimento do biodiesel.
Para o Brasil, o biodiesel representa uma oportunidade de negócio, pois, pode
suprir o seu consumo interno por combustíveis, que ficará menos dependente do
mercado de petróleo e ainda, poderá exportar biocombustíveis para outros países.
Outro fator é o incentivo à inclusão social, pois é oferecido aos fabricantes benefícios
em financiamento e elisão tributária obtidos ao adquirirem matérias-primas dos
agricultores familiares, e logo, favorecer estas famílias a melhores condições de
vida.
Apesar desse incentivo, principalmente da garantia da inclusão da agricultura
familiar pela adoção do Selo Social, é notório o fracasso das metas do PNPB para o
Norte/Nordeste, onde os maiores empreendedores possuem o maior domínio na
produção e comercialização das matérias-primas do Biodiesel.
86

Há ainda muitos aspectos específicos a serem considerados, principalmente


os limites da capacidade de regeneração dos recursos naturais, devido a utilização
do solo, e ainda, a concorrência com a produção de alimentos. Porém, mesmo com
as questões ambientais em alta, a sustentabilidade caminha de forma lenta, pois a
maioria das empresas ainda visam somente a obtenção de lucros, do que investir
em novas pesquisas na área.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

Sabe-se que os trabalhos e as pesquisas científicas vêm sendo


desenvolvidas no segmento dos Biocombustíveis, especialmente em pesquisas
nacionais.
Com todas as questões ambientais envolvidas, contrapondo os efeitos
técnicos principalmente no setor do transporte, ressalta-se a importância de buscar
maneiras alternativas promissoras, para serem implantadas nas indústrias, que
promovam a minimização dos impactos. E faz com que seja necessário estudar mais
profundamente outros parâmetros, além dos apresentados, que influenciam no
desempenho dos Biodiesel apresentado no presente trabalho.
Além do Biodiesel produzidos pelos óleos vegetais mencionados nesse
trabalho, buscar outras matérias primas alternativas, como algas marinhas que vem
sendo pesquisada no Brasil.
Abordar alternativas para os aditivos de fontes renováveis para a gasolina,
que já vem sendo estudado no exterior, como a variedade de aditivos oxigenatos e
seus impactos técnicos e ambientais.
E por fim, a busca melhores alternativas para a produção do Biodiesel no
Brasil, diante da grande barreira social e econômica expostas nesse trabalho.
87

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