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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM AMBIENTE E SAÚDE

JARDES ARQUIMEDES DE FIGUEIREDO JUNIOR

EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS E DESFECHOS


GESTACIONAIS ADVERSOS EM MATO GROSSO

Cuiabá
2021
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JARDES ARQUIMEDES DE FIGUEIREDO JUNIOR

EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS E DESFECHOS


GESTACIONAIS ADVERSOS EM MATO GROSSO

Dissertação apresentada a Universidade de Cuiabá para


obtenção do título de Mestre em Ambiente e Saúde.
Orientador: Profº Drº Ageo Mário Cândido da Silva

Cuiabá
2021
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JARDES ARQUIMEDES DE FIGUEIREDO JUNIOR

EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS E DESFECHOS


GESTACIONAIS ADVERSOS EM MATO GROSSO

Dissertação apresentada à UNIC, no Mestrado em Ambiente e Saúde. Área de concentração em


Ambiente e Saúde na Amazônia Legal como requisito parcial para a obtenção do Título de
Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

________________________________________________
Prof. Dr. Ageo Mário Cândido da Silva
UNIC - Universidade de Cuiabá

________________________________________________
Prof. Dr. Vander Fernandes
UNIC – Universidade de Cuiabá

________________________________________________
Profª. Drª. Luciana Marques da Silva
UNIC – Universidade de Cuiabá

Cuiabá, 26 de maio de 2021.


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DEDICATÓRIA

À Deus primeiramente, por ser essencial em minha vida, meu guia, socorro na hora da
angústia, pela sua infinita bondade e amor, a ti, Senhor, toda honra e toda a glória. Aos meus
pais, Jardes Figueiredo e Vera Lucia Figueiredo, pelo apoio e incentivo em todos os
momentos da minha vida. Por acreditarem em mim, e não medirem esforços para a
concretização dos meus sonhos e que me ajudaram para que eu chegasse até esta etapa de
minha vida, tenho plena certeza de que com eles posso contar sempre.
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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado paciência, resiliência, sabedoria, serenidade e determinação,


principalmente nos momentos difíceis dessa trajetória e nunca ter me abandonado.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)
através do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares
(PROSUP) pelo auxílio financeiro recebido durante o Mestrado.
A todos os professores do Programa de Mestrado em Ambiente e Saúde, pelos
ensinamentos e a todos os funcionários da pós-graduação, minha gratidão.
Ao meu orientador, Profº Drº Ageo Mário Cândido da Silva, por todo conhecimento
compartilhado ao longo desses anos, pela paciência e seu conhecimento inestimável, sempre
me instruindo o melhor caminho a ser seguido no campo da pesquisa, todas as vezes que precisei
sempre pude contar, pois és muito sábio e acreditou no meu potencial. Muito obrigado
professor, esta pesquisa é nossa.
Não posso esquecer-me da minha querida Profª Drª Silvana Margarida Benevides
Ferreira, minha professora desde a graduação em enfermagem, a qual tenho imenso carinho,
respeito e admiração, onde por incentivo da mesma, ingressei no mestrado, por mudanças no
decorrer da nossa jornada, não chegamos até o final desta juntos, mais saibas que sou grato por
tudo.
Aos membros da banca avaliadora que tão prontamente aceitaram nosso convite, e que
nos honrará com suas sugestões e contribuições enriquecendo a nossa pesquisa, obrigado pela
disponibilidade e conhecimento.
Aos meus pais Jardes Figueiredo e Vera Lucia, por todo amor doado e por sempre me
conduzirem pelo caminho do bem, incentivando meus estudos e acreditando em minha
capacidade, sem vocês este sonho não seria concretizado.
Aos meus irmãos Janieli, Jardel e Ingridd, que desde início torceram e vibraram pelo
meu ingresso no programa de mestrado.
Aos meus sobrinhos Camilla, Alicia e João Vitor, pois são meu tudo, a cada degrau que
conquisto é pensando neles, para ser um exemplo ao qual quero que sigam no caminho da
educação, o ´´Dindo`` ama vocês.
A todos meus familiares que sempre torceram por mim, gratidão.
As minhas amigas de mestrado e da vida, Karine Prado, Nêmora Barros e Thaissa
Rachid, pelas aulas, trabalhos, angústias, alegrias, parceria, desabafos e apoio ao longo desses
anos, mesmo distantes, porém sempre perto um do outro. Das vezes em que dava vontade de
desistir e abandonar tudo, um apoiava o outro. Obrigado por tudo amo vocês.
A todos aqueles que, de maneira direta e indireta, fizeram parte desta jornada e que me
fizeram estar aqui hoje.
Hoje ao concluir esta etapa, percebo o quanto gratificante é realizar a conclusão de um
sonho, superar obstáculos, necessidades.

MUITO OBRIGADO A TODOS !!!


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RESUMO

Introdução: O Brasil é considerado um dos maiores produtores agropecuários do mundo e


lidera o ranking mundial no uso de insumos, fertilizantes e agrotóxicos, sendo o estado de Mato
Grosso o maior consumidor de agrotóxicos do país. A exposição humana a determinados grupos
de agrotóxicos, tem sido associada a efeitos adversos durante o período gestacional, como o
aborto, malformação congênita, doenças neoplásicas e recém-nascido de baixo peso. Objetivo:
Analisar a exposição materna aos agrotóxicos e a ocorrência de desfechos gestacionais adversos
no estado de Mato Grosso no período de 2011 a 2017. Método: Trata-se de um estudo
quantitativo, ecológico, abrangendo o período de 2011 a 2017, realizado em municípios do
estado de Mato Grosso. O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira foi realizada a
divisão dos municípios em dois grupos de comparação, onde o 1º grupo (caso) foi constituído
de municípios de maior consumo de agrotóxicos e o 2º grupo (controle) que foi constituído por
municípios com características sociodemográficas semelhantes, porém, com menor consumo
de agrotóxicos. Na segunda etapa foi calculado os indicadores de desfechos gestacionais
selecionados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), sendo eles,
malformação congênita, baixo peso ao nascer, muito baixo peso e prematuridade, acessados
pela homepage do DATASUS. Resultados: Comparando às médias de consumo de agrotóxicos
por habitante dos municípios caso em relação aos controle observa-se que o grupo dos
municípios caso consome 6.078% (32.884.497,03 litros por habitante) a mais que o grupo dos
municípios controle. As taxas dos casos tanto de baixo peso quanto de prematuridade se
apresentaram superior em relação à taxa controle em todos os anos estudados. Pelas analises
gráficas das tendências de proporções dos desfechos gestacionais estudados entre 2011 e 2017
observa-se tendência estável para todas as morbidades analisadas. A taxa de nascidos vivos com
baixo peso foi 1,05 vezes maior nos municípios estudados em relação aos controle (p=0,019).
Neste sentido, a taxa de nascidos vivos com prematuridade também foi maior nos municípios
caso (RT =1,06; p=0,001). Conclusão: As tendências de taxas dos desfechos gestacionais
adversos foram estáveis para todos os municípios estudados no período. Houve uma maior
ocorrência de taxas de nascidos vivos com baixo peso e com prematuridade nos municípios de
maior utilização de agrotóxicos.

Palavras-chaves: Anomalias Congênitas, Recém-Nascido de Baixo Peso, Recém-Nascido


Prematuro, Pesticidas.
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ABSTRACT

Background: Brazil is considered one of the largest agricultural producers in the world and
leads the world ranking in the use of inputs, fertilizers and pesticides, with the state of Mato
Grosso being the largest consumer of pesticides in the country. Human exposure to certain
groups of pesticides has been associated with adverse effects during pregnancy, such as
abortion, congenital malformation, neoplastic diseases and low birth weight newborns.
Objective: To analyze maternal exposure to pesticides and the occurrence of adverse pregnancy
outcomes in the state of Mato Grosso from 2011 to 2017. Method: This is a quantitative,
ecological study, covering the period from 2011 to 2017, carried out in municipalities of the
state of Mato Grosso. The study was divided into two stages. In the first, the municipalities
were divided into two comparison groups, where the first group (case) consisted of
municipalities with the highest consumption of pesticides and the second group (control), which
consisted of municipalities with similar sociodemographic characteristics, however, with lower
consumption of pesticides. In the second stage, the indicators of gestational outcomes selected
from the Live Birth Information System (SINASC) were calculated, namely, congenital
malformation, low birth weight, very low birth weight and prematurity, accessed on the
DATASUS homepage. Results: Comparing the average consumption of pesticides per
inhabitant of the municipalities in relation to the controls, it is observed that the group of
municipalities consumes 6,078% (32,884,497.03 liters per inhabitant) more than the group of
municipalities in control. The rates of both low birth weight and prematurity cases were higher
than the control rate in all years studied. Graphical analyzes of trends in the proportion of
gestational outcomes studied between 2011 and 2017 show a stable trend for all analyzed
morbidities. The rate of live births with low weight was 1.05 times higher in the cities studied
compared to controls (p = 0.019). In this sense, the rate of live births with prematurity was also
higher in the case municipalities (RT = 1.06; p = 0.001). Conclusion: The trends in rates of
adverse pregnancy outcomes were stable for all municipalities studied in the period. There was
a higher occurrence of rates of live births with low weight and prematurity in the municipalities
with the highest use of pesticides.

Key words: Congenital Abnormalities; Infant, Low Birth Weight, Infant, Premature, Pesticides.
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Descrição dos municípios selecionados por população e consumo 38


de agrotóxicos por habitante, Mato Grosso em 2010.
Tabela 2 Proporções médias de malformação congênita, baixo peso, muito 39
baixo peso e prematuridade dos municípios caso e controle, Mato
Grosso, 2011 a 2017.
Tabela 3 Razões de proporção de nascidos vivos com malformação 41
congênita, baixo peso, muito baixo peso e prematuridade nos
municípios caso e controle, Mato Grosso, 2011 a 2017.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Demonstração gráfica de tendência de proporção de alguns 40


desfechos gestacionais em municípios de Mato Grosso, com alto
(caso) e baixo (controle) consumo de agrotóxicos de 2011 a 2017.
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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

OMS Organização Mundial da Saúde

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SINAN Sistema de Informações de Agravos de Notificação

WHO World Health Organization

RCIU Retardo do crescimento intrauterino

UTI Unidades de Terapia Intensiva

DCNT Desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis

MC Malformação Congênita

AC Anomalia Congênita

BP Baixo peso

MBP Muito baixo peso

NV Nascidos vivos

INDEA Instituto de Defesa Agropecuário


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 14

2.1 UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NO MUNDO ................................ 14

2.2 FORMAS DE EXPOSIÇÃO HUMANA AOS AGROTÓXICOS E SEUS IMPACTOS .. 15

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS


DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL ............................................................................ 17

2.4 RELAÇÃO ENTRE O BAIXO PESO DE RECÉM-NASCIDOS E A EXPOSIÇÃO AOS


AGROTÓXICOS ..................................................................................................................... 19

2.5 FATORES DE RISCO MATERNO QUE FAVORECEM O PARTO PREMATURO ....... 20

2.6 CONSEQUÊNCIAS DO PARTO PREMATURO NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA ................................................................................................................................ 22

2.7 MALFORMAÇÃO CONGÊNITA E INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS .............. 25

3 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26

4 ARTIGO ............................................................................................................................... 31
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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado um dos maiores produtores agropecuários do mundo e lidera o


ranking mundial no uso de insumos, fertilizantes e agrotóxicos (PIGNATI et al., 2017).
No cenário nacional, o estado de Mato Grosso se baseia na cultura agropecuária e, pelo
modelo agrícola se tornou o maior consumidor de agrotóxicos, representando 18,9% da
produção (MEIRA, 2018). Os mato-grossenses foram expostos no ano de 2009 a uma
concentração de 34,1 litros de agrotóxicos por habitante, uma exposição oito vezes maior que
a média nacional (UEKER et al., 2016).
O uso indiscriminado ou em excesso desses produtos, podem causar forte impacto
ambiental contaminando o ar, a água e o solo (OLIVEIRA, 2012). Alguns estudos mostram
evidências da contaminação em trabalhadores e moradores das áreas de plantios circunvizinhos
devido à aplicação dos pesticidas serem realizados através de pulverização por tratores e aviões
agrícolas, podendo gerar algum dano à saúde do homem (OLIVEIRA et al., 2014).
Segundo Windham e Fenster (2008) a exposição humana a determinados grupos de
agrotóxicos, tem sido associada a efeitos adversos durante o período gestacional. Dentre eles
está o aborto, malformação congênita (MC), doenças neoplásicas e recém-nascido de baixo
peso (BP) (MILDEMBERG; ONOFRE; RIBAS, 2017).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2014) todo bebê nascido com o peso
inferior a 2.500 gramas é considerado recém-nascido de baixo ao nascer, muito baixo peso
(MBP) com ≤1.499 gramas e extremo baixo peso quando nasce com ≤ 999 gramas e ainda são
considerados prematuros aqueles nascidos com ≤ 37 semanas de gestação.
Segundo Tourinho e Reis (2012), o peso do recém-nascido possui ligação com a
sobrevivência da criança nos primeiros anos de vida. Diversos fatores maternos influenciam no
baixo peso, um deles é a exposição aos agrotóxicos no período gestacional (DUTRA;
FERREIRA, 2019). Neste sentido, Chrisman (2008) identificou maior prevalência de aborto
espontâneo entre mulheres de agricultores que manipularam fungicidas e herbicidas, maior
incidência de recém-nascidos com baixo peso e ligação entre a ocorrência de parto prematuro
e a exposição aos agrotóxicos no período gestacional.
Apesar da maioria das MCs não poderem ser relacionadas com uma causa específica, a
exposição pré-natal a agrotóxicos é sugerida como um fator que aumenta o risco de
teratogenicidade e suscetibilidade da maioria dos sistemas fetais durante certos períodos de
desenvolvimento (STILLERMAN et al, 2008). A exposição materna aos agrotóxicos durante a
gestação está associada à maior incidência de MC (OLIVEIRA et al., 2014). Neste sentido,
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outra pesquisa realizada em Minas Gerais verificou que nos anos que ocorreram maior
exposição de agrotóxicos, as taxas de MC também foram maiores (DUTRA; FERREIRA,
2017).
14

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NO MUNDO

No mundo os agrotóxicos são tema de discussão entre os governos em virtude de seus


impactos ambientais e humanos. Leis de diretrizes são revogadas e criadas o tempo todo no
intuito de minimizar esses impactos e ainda assim, muito pouco se vê em relação aos efetivos
resultados no combate à utilização dos mesmos.
De acordo com Cezimbra (2004, p. 3), agrotóxicos ou fitossanitários:

“[...] São substâncias ou misturas de substâncias de natureza química ou biológica


ou organismos vivos destinados a prevenir, controlar, destruir ou repelir qualquer
forma de agente patogênico, animal ou vegetal que seja nocivo às plantas úteis e
a seus produtos.”

Pesquisas realizadas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e


Agricultura (FAO) através da consultoria de mercado Phillips McDougall em 2013, comparou
o investimento feito em pesticidas nos 20 maiores mercados globais em três rankings: números
absolutos, número por área cultivada e por volume de produção agrícola (GRIGORI, 2019).
Segundo Grigori (2019), com a pesquisa foi possível verificar que sim, o Brasil naquele
ano foi o país que mais comprou agrotóxicos no mundo, cerca de US$ 10 bilhões, seguido por
Estados Unidos, China, Japão e França. Todavia, se considerada a utilização de agrotóxico por
hectare plantado, o Brasil cai para sétimo lugar, com US$ 137 por hectare, ultrapassado por
Japão, Coreia do Sul, Alemanha, França, Itália e Reino Unido.
O mesmo autor complementa dizendo que com relação à utilização com base no volume
de produção, o Brasil é o 13º da lista, cujo investimento é de US$ 9 por tonelada, ao passo que
no topo da lista ficam Japão e Coreia do Sul, isso tudo no ano de 2013 e lembrando que o Brasil
foi considerado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura em 2018
o terceiro maior exportador agrícola do mundo, sendo responsável por 5,7% da produção
agrícola do planeta em 2016, sendo superado apenas pelos Estados Unidos, com 11%, e da
União Europeia, com 41%.
Desse modo, é fácil perceber que de um modo geral o Brasil é sim o país que mais utiliza
agrotóxico no mundo, porém quando essa utilização é subdividida e calculada pela área de
plantio que é imensa, o ranking muda consideravelmente.
15

Para Carneiro et al. (2015) ele pondera que cada vez mais os processos produtivos no
Brasil dependem de agrotóxicos e fertilizantes químicos em suas diversas culturas e que isso
representa sim um grande risco tanto para o meio ambiente quanto para a saúde das pessoas.
E acrescenta:

“Se o cenário atual já é suficientemente preocupante, no que diz respeito à


saúde pública deve-se levar em conta que as perspectivas são de agravamento
dos problemas nos próximos anos. De acordo com as projeções do MAPA para
2020-2021, a produção de commodities para exportação deve aumentar em
proporções de 55% para a soja, 56,46% para o milho, 45,8% para o açúcar,
entre outros. Como são monocultivos químico-dependentes, as tendências
atuais de contaminação devem ser aprofundadas e ampliadas” (CARNEIRO
et al., 2015, p. 55).

Uma situação que vem sendo abordada atualmente pelo governo brasileiro é a
flexibilização no uso dos agrotóxicos (PL nº 6.299/02), que dá ao Ministério da Agricultura o
poder de decidir sobre a liberação ou não de substâncias, “[...] restando à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) um papel menor no processo, de homologação da avaliação do
produto apresentada pela empresa requerente – algo como uma recomendação e não
necessariamente um veto, em caso de discordância (VASCONCELOS, 2018, p. 21).

2.2 FORMAS DE EXPOSIÇÃO HUMANA AOS AGROTÓXICOS E SEUS IMPACTOS

A exposição humana aos agrotóxicos pode ocorrer de diversas formas, mas atinge
principalmente trabalhadores rurais (até em virtude do manuseio), populações do campo em
geral e também o meio ambiente que, nesse contexto pode prejudicar populações de cidades
que ficam próximas as áreas rurais (MERLINO; MENDONÇA, 2012).
Especificando as formas de exposição aos agrotóxicos é possível mencionar a exposição
ocupacional que é aquela em que o trabalhador tem contato direto com o pesticida, bem como
suas famílias pela exposição decorrente da utilização de domissanitários. Outra forma bem
comum de exposição está no consumo de alimentos contaminados, onde qualquer pessoa pode
estar exposta e em qualquer lugar, e desse modo é fácil perceber que os impactos negativos
recaem sobre toda a população (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997).
De acordo com Burigo (2016), a utilização de agrotóxicos nas lavouras prejudica o meio
ambiente em diversas frentes, ou seja, pode estar inserido no ar, na terra e na água e isso pouco
tem a ver com a forma como é aplicado, tanto que ele afirma que “menos de 10% dos
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agrotóxicos aplicados por pulverização atingem seu alvo”, e até mesmo aqueles em que o
pesticida é aplicado diretamente na planta acaba sendo lavados das folhas e ficando no solo por
irrigação ou pela chuva e que, consequentemente vai parar nos lençóis freáticos pela mesma
maneira.
Quanto aos agrotóxicos contidos nos alimentos que são consumidos pela população, a
preocupação é com os princípios ativos não autorizados, como é o caso por exemplo do
ingrediente ativo metamidofós que, ao mesmo tempo que combatem as pragas da lavoura
prejudicam o sistema nervoso através da diminuição da atividade da enzima acetilcolinesterase
responsável pela neurotransmissão (MERLINO; MENDONÇA, 2012).
As autoras ressaltam que mesmo sendo proibidos os agrotóxicos com essa composição,
resíduos dele foram encontrados em alimentos básicos de consumo diário como é o caso do
arroz, da alface, da beterraba, da cenoura, do morango, do mamão, do repolho, do tomate, da
couve, do pepino e do pimentão.
Isso mostra que todos os dias as pessoas consomem junto com os alimentos
considerados “saudáveis” para o ser humano, agrotóxicos com alto nível de toxidade, podendo
ocasionar ao longo do tempo sérios problemas de saúde em virtude desse tipo de exposição
(MERLINO; MENDONÇA, 2012).
Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA)
(2014), o maior consumo de agrotóxicos não está concentrado nas menores propriedades como
se tem noticiado, mas sim nos grandes proprietários de terras agrícolas. Tanto é verdade que o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010) informou que as culturas que mais
utilizam agrotóxicos são a soja com 35,7%, seguida pelo milho com 19,8%, a cana-de-açúcar
com 14%, o feijão com 5,6%, o arroz com 4,3%, o trigo e o café com 3,3%.
Para embasar esse posicionamento o próprio Ministério da Saúde publicou em 2018 no
Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos que no ano
de 2014 foi registrada no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) a maior
incidência de notificação de intoxicações por agrotóxicos no Brasil, isto é, 6,26 casos para cada
100 mil habitantes e entre 2007 e 2015 foram registrados 12 84.206 casos, sendo que os Estados
com a maior incidência foram Tocantins, Espírito Santo, Paraná, Roraima e Goiás, cujos valores
foram acima do dobro da média nacional (BRASIL, 2018).
O Ministério da Saúde concorda que a exposição aos agrotóxicos, seja lá qual for a
maneira, possui impactos relevantes e que é um problema não só ambiental como também de
saúde pública (BRASIL, 2018).
17

Segundo Brasil (2018), os impactos na saúde dependem muito da quantidade de produto


absorvido, do tempo de absorção, da toxicidade do produto e do tempo decorrido entre a
exposição e o atendimento médico e os quadros de intoxicação podem variar entre leve,
moderado ou grave e desencadear de acordo com a Organização Mundial da Saúde (2019)
“alergias; distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, reprodutivos e neurológicos;
neoplasias; mortes acidentais; suicídios; entre outros”.

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS


DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL

O período gestacional é uma fase muito importante da vida, uma vez que trata da
formação da pessoa como ser vivo e nesse sentido há uma preocupação constante dos órgãos
relacionados à saúde com a gravidez, especialmente quando se trata dos desfechos indesejáveis
que podem surgir como a prematuridade, o baixo peso ao nascer e as MCs que por sua vez são
grandes responsáveis pela mortalidade infantil (CHRISMAN, 2008).
Chrisman (2008), explica que esses fatores de risco durante a gestação recebem
influência especialmente de condições adversas como stress, desnutrição, consumo de drogas
ilícitas, cigarro e bebida alcóolica, bem como exposição à substâncias químicas, incluído por
óbvio os agrotóxicos.
A exposição aos agrotóxicos no sentido amplo do termo está relacionada a tudo aquilo
que pode expor a pessoa aos agentes químicos do produto e não apenas e diretamente a quem
tem o contato direto com o artefato. Assim, os impactos dos agrotóxicos sobre a saúde humana
incluem o consumo dele através dos alimentos e da água, bem como através do ar que se respira
(LOPES; ALBUQUERQUE, 2018).
Segundo os mesmos autores a contaminação da água, do solo e do ar prejudicam de tal
forma o meio ambiente que é capaz até de mudar o habitat natural de insetos, animais e peixes.
Enquanto isso Chrisman (2008), relata que apesar de não haverem ainda estudos conclusivos
em seres humanos, estudos experimentais realizados em ratos e camundongos evidenciaram
várias alterações no desenvolvimento intra-uterino, no entanto os danos por essa exposição só
aparecem depois do nascimento.
Nesse sentido, Oliveira et al. (2014) mencionam que outros estudos realizados também
evidenciaram maior ocorrência de determinados tipos de MCs de nascidos vivos (NV) de mães
que trabalhavam na agricultura em períodos de exposição semelhantes, bem como no caso do
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contato direto com os agrotóxicos em virtude do manuseio das roupas e utensílios do


companheiro/marido em que o trabalho era diretamente com os agrotóxicos.
É justificada a preocupação com a exposição da gestante aos agrotóxicos inclusive pelo
fato de ter sido verificado em um estudo realizado em 2011 no Mato Grosso que é um dos
maiores consumidores de agrotóxicos do Brasil devido a grande produtividade agrícola,
excreção de substâncias químicas através do leite materno, o que por sua vez passa a ser mais
uma fonte de contaminação diretamente ligada aos recém-nascidos (PALMA, 2011).
Palma (2011) explica que não só a nível de Brasil mas a nível de mundo o uso de
agrotóxicos é monitorado através de pesquisas que buscam verificar a ocorrência de prejuízos
à saúde e ao meio ambiente, sendo que em algumas dessas pesquisas como exemplo de uma
realizada na África do Sul foi possível verificar que a exposição de mulheres aos agrotóxicos
aumenta em sete vezes o risco de ter filhos com alguma MC o que sugere uma relação bem
próxima entre a exposição aos agrotóxicos e as MCs em recém-nascidos.
Já na Espanha, estudos mostraram que a exposição paterna aos agrotóxicos é que
apresentou relação com a MC fetal podendo resultar na morte do feto durante o primeiro
trimestre da gestação (PALMA, 2011). A autora ressalta que mesmo com os estudos realizados
que sugerem a MC devido à exposição materna ou paterna aos agrotóxicos (especialmente
quando se trata de atividade específica que exige o contato direto com as substâncias químicas),
resultados não são conclusivos, ou seja:

Enquanto alguns estudos mostram que filhos de agricultores têm uma maior
frequência de morte fetal e/ou mortalidade perinatal do que filhos de não agricultores,
provavelmente devido à exposição a pesticidas, outros estudos não encontraram
diferenças. [...] uma possível explicação para esses resultados inconsistentes é que as
principais causas de óbito fetal e morte perinatal são diferentes de um lugar para outro
(PALMA, 2011, p. 23).

Segundo Oliveira et al. (2014), outro fator que contribui para que os resultados sejam
diferentes é que a quantidade de agrotóxicos utilizada varia de lugar para lugar, assim como o
princípio ativo que causa danos à saúde, uma vez que o tipo de agrotóxico de cada monocultura
é diferente conforme a finalidade a que se destina, podendo ainda ser utilizado
concomitantemente com outras substâncias tóxicas de acordo com as safras anuais.
Lopes e Albuquerque (2018) concordam que a exposição a alguns agrotóxicos é capaz
de gerar alterações tanto no sistema reprodutor da mulher quanto do homem onde os
organoclorados apresentam efeitos antiandrogênicos nos homens e estrogênico nas mulheres.
19

Desse modo, a preocupação paira sobre a constatação em experimentos com animais de


que “os agrotóxicos atravessam facilmente a barreira placentária devido à sua alta liposso-
lubilidade, aumentando a suscetibilidade do embrião aos seus múltiplos efeitos tóxicos e te-
ratogênicos” (OLIVEIRA et al., 2014).

2.4 RELAÇÃO ENTRE O BAIXO PESO DE RECÉM-NASCIDOS E A EXPOSIÇÃO AOS


AGROTÓXICOS

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o baixo peso ao nascer é qualificado quando


o recém-nascido nasce com peso inferior a 2,5kg, o que no Brasil representa um problema de
saúde pública, já que está diretamente relacionado à maior mortalidade neonatal (MOREIRA;
SOUSA; SARNO, 2018).
Segundo Tourinho e Reis (2012), o peso do recém-nascido, entre outros, é um parâmetro
utilizado para avaliar a sua saúde logo no momento do nascimento, cujo acompanhamento é de
grande relevância já que pode representar a sobrevivência ou não do recém-nascido, pois o
baixo peso é o fator mais influente na sobrevivência da criança nos primeiros anos de vida.
De acordo com Dutra e Ferreira (2019), vários fatores maternos podem influenciar no
baixo peso do recém-nascido e dentre eles está à exposição da gestante aos agrotóxicos. Em um
estudo realizado em New Jersey que monitorou a exposição de bebês ainda no útero da mãe a
pesticidas observou que, “[foram encontradas concentrações elevadas de um agrotóxico no
sangue do cordão umbilical, que foi relacionado ao baixo peso ao nascer.]”

[...] a exposição humana a determinados grupos de agrotóxicos tem sido associada com
eventos adversos na gravidez. Assim, vários estudos epidemiológicos vêm apontando a
exposição crônica de mulheres a agrotóxicos, principalmente durante o período
gestacional, como fator de risco potencialmente para a prematuridade, baixo peso ao
nascer, peso reduzido para a idade gestacional, retardo do crescimento intrauterino, da
altura e do perímetro cefálico do neonato, morte fetal, índice de Apgar insatisfatório, e
malformações congênitas em meninos, como criptorquidia e hipospádias, entre outros
(CREMONESE et al., 2012, p. 1).

Para Cummings e Kavlock (2004) citados por Cremonese (2014), a exposição aos
agrotóxicos afeta o sistema reprodutivo que ocorre em diversos estágios ao longo da vida desde
o período pré-natal, a pré-puberdade, a puberdade e o período adulto até a menopausa. Cada
uma dessas fases apresenta vulnerabilidades diferentes segundo os autores, sendo que as
exposições sofridas em estágios iniciais podem apresentar seus prejuízos em fases tardias,
20

sendo considerados como efeitos adversos os problemas constatados na gravidez ou nascimento


e estes incluem o baixo peso, a prematuridade, a morte fetal e materna, entre outras causas.
No mesmo sentido:

Poluentes ambientais como os praguicidas perturbam e têm o potencial de alterar a


ação de hormônios esteróides gonadais em virtude de suas propriedades
antiandrogênicas ou estrogênicas e, ao fazer isso, mudam o balanceamento hormonal
como um todo (CRAIG; WANG; FLAWS, 2011). Durante a vida fetal e neonatal, o
desenvolvimento do trato reprodutivo é regulado hormonalmente, que inicialmente se
encontra em um estado indiferenciado, sem mecanismos compensatórios
homeostáticos para evitar efeitos adversos de EDC (MURRAY et al., 2001;
GUIMARÃES et al., 2014).

Tourinho e Reis (2012), explica que o baixo peso ao nascer é decorrente de duas
situações principais sendo elas a prematuridade e o retardo do crescimento intrauterino (RCIU)
e associados a isso estão os fatores fetais, maternos, gestacionais, placentários e ambientais que
também contribuem para a condição de nascimento com baixo peso.
Ela argumenta ainda que estudos já mostraram que o baixo peso também está associado
ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na vida adulta como
doenças cardiovasculares e diabetes tipo II, por exemplo, isso porque quando faltam nutrientes
para o feto durante a gestação seu metabolismo é alterado no intuito de evitar a hipoglicemia o
que por sua vez aumentaria a resistência periférica à insulina e secretando menores quantidades
desse hormônio, tendo como consequência a restrição do crescimento intrauterino.

2.5 FATORES DE RISCO MATERNO QUE FAVORECEM O PARTO PREMATURO

O nascimento prematuro de uma criança é uma preocupação constante dos órgãos de


saúde, e por sua vez uma questão importante de saúde pública em que é caracterizada pelo
nascimento precoce de um bebê antes de completar 37 semanas de gestação ou com peso
inferior ou igual a 2.500 gramas (SCHNEIDER, 2017).
A preocupação acerca desse tema é justificada pelo fato de que muitos recém-nascidos
desenvolvem problemas de saúde no decorrer do tempo em virtude do nascimento prematuro,
justamente por não completar todo o ciclo necessário para o seu pleno desenvolvimento dentro
do útero da mãe, assim como o risco de mortalidade é considerável, haja vista a fragilidade de
sua saúde incluindo aqui o baixo peso (DAMASCENO et al., 2014).
Estudo realizado por Krey et al. (2016) mostra que as variáveis que influenciam para
um parto prematuro são diversas e incluem a bolsa rota, pré-eclâmpsia, infecção urinária,
21

sepses materna, oligodrâmio, hipertensão arterial gestacional, descolamento de placenta,


gestação gemelar, multípara, tabagismo, retardo de crescimento intrauterino, diabetes
gestacional, vírus da imunodeficiência humana, sofrimento fetal, síndrome de hellp, uso de
drogas, etilismo entre outros, e é importante mencionar que no referido estudo constatou-se
também que o baixo peso esteve presente quase na totalidade dos caso estudados.
A exposição da mãe aos agrotóxicos durante o período gestacional também é
considerado um fator de risco para a ocorrência do parto prematuro, tanto que um estudo
realizado nos Estados Unidos constatou maior prevalência de aborto espontâneo entre mulheres
de agricultores que manipularam fungicidas e herbicidas, assim como a maior incidência de
recém-nascidos com baixo peso (CHRISMAN, 2008).

[...] mulheres residentes em áreas agrícolas de intensa utilização de


agrotóxicos apresentaram risco estatisticamente mais elevado de dar a luz a
uma criança com MC. Em estudo semelhante realizado na Holanda, observou-
se um aumento no risco para aborto espontâneo (OR: 4,0, I.C.: 1,1-14,0) em
mulheres que trabalhavam na agricultura. Neste estudo também foi relatado
que este tipo de evento ocorre principalmente em gestante na primeira gravidez
(CHRISMAN, 2008, p. 23).

Segundo Krey et al. (2016), a sobrevida de recém-nascidos prematuros no Brasil foi


aumentada em virtude do desenvolvimento de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) voltadas
aos cuidados neonatais a partir dos anos 2000, mesmo assim ainda hoje com toda a tecnologia
mundial disponível para estudos sobre a saúde, ainda há conclusões específicas sobre os efeitos
da prematuridade no decorrer da vida.
De acordo com Pohlmann et al. (2016), dentre os países que mais possuem a incidência
de partos prematuros, o Brasil se encontra na 10ª posição, sendo que só em 2010 a estimativa
era de mais de 250 mil nascimentos prematuros, porém esta estimativa ainda não foi confirmada
pelos órgãos de saúde brasileiros.
Considerando que os fatores de risco envolvem diretamente a gestante para determinar
um nascimento prematuro, alguns estudos sugerem que a ausência de controle pré-natal
associados a fatores de ordem psicossocial e comportamental da mulher que levam em conta a
forma de cuidados gerais com a gravidez como no caso de uso de drogas e controle de situação
de alto estresse, por exemplo, poderiam ser evitados diversos casos de prematuridade, o que
comprova a importância da assistência pré-natal regular no intuito de detectar precocemente
22

possíveis sinais e sintomas que indicam a possibilidade de um parto prematuro (POHLMANN


et al., 2016).

2.6 CONSEQUÊNCIAS DO PARTO PREMATURO NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA

Conforme já mencionado anteriormente os efeitos da prematuridade no


desenvolvimento da criança ainda não são conclusivos, porém há alguns estudos acerca do tema
que sugerem que várias situações adversas podem ocorrer durante o crescimento da criança
(ZELKOWITZ, 2017).
Um estudo em especial apresentado pela McGill University do Canadá mostrou que
entre 10 e 15% dos bebês nascidos prematuros apresentam graves problemas neurossensoriais
tais como cegueira, surdez ou paralisia cerebral enquanto que de 30 a 60% apresentou algum
tipo de deficiência cognitiva como incapacidade de aprendizado e anomalias de linguagem.
Outras deficiências mais sutis e bem comuns em crianças que nasceram prematuras
relacionadas ao comportamento também foram percebidas com este estudo tais como
hiperatividade, timidez, retraimento excessivo e déficit de atenção (ZELKOWITZ, 2017).
A doutora em educação Phyllis Zelkowitz (2017), coordenadora do referido estudo,
explica que cerca de 29% das crianças e adolescentes participantes da pesquisa apresentaram
pelo menos um problema de saúde mental. Isso porque bebês prematuros possuem duas vezes
mais chances de desenvolver distúrbios relacionados à formação da personalidade tais como
déficit de atenção, hiperatividade e transtornos do espectro autista, comparado aos bebês
nascidos a termo.
Esses déficits cognitivos e comportamentais por sua vez possuem grande influência
especialmente quando a criança chega na idade escolar onde fica evidente os prejuízos causados
pelo baixo peso do nascimento quando se verificam as “[...] dificuldades de linguagem,
anormalidades neurológicas, atrasos no desenvolvimento e maior risco de sequelas, como
surdez, cegueira, convulsões e paralisia cerebral” (NASCIMENTO; CARVALHO; IWABE,
2012, p. 01).
O efeito do nascimento prematuro nas crianças é motivo de bastante preocupação para
estudiosos e profissionais da área da saúde especialmente fora do Brasil, que buscam entender
cada vez mais sobre essa vulnerabilidade biológica no intuito de viabilizar a diminuição desses
efeitos ao longo do crescimento da criança (MOREIRA; MAGALHÃES; ALVES, 2014).
23

Segundo Moreira, Magalhães e Alves (2014) mesmo com todos os avanços da


tecnologia voltados a saúde, no que se refere à prematuridade há sérias lacunas a serem
preenchidas, isso porque as pesquisas atuais ainda não são detalhadas a ponto de identificar
todos os fatores de risco que devem ser acompanhados ao longo do desenvolvimento da criança.
Para ela, é fundamental que a ciência conheça claramente a relação entre a prematuridade e o
desempenho contínuo das crianças nascidas sob essa condição para que ao longo do seu
desenvolvimento se possa entender quais são os reais efeitos que a prematuridade exerce sobre
a saúde da criança de um modo geral, incluindo aqui a sua escolaridade.
Em um estudo realizado com lactentes durante o primeiro ano de vida, Rodrigues e
Bolsoni-Silva (2011) mencionam que a prematuridade é prejudicial em varias etapas da vida da
criança, tanto na parte motora quanto na cognitiva, sendo mais acentuados os prejuízos na parte
do aprendizado escolar. No entanto elas também explicam que apesar dos inúmeros estudos na
área, não há um consenso sobre qual idade representa maior incidência para avaliação dos
efeitos no nascimento pré-termo.
No estudo dos lactentes no decorrer do primeiro ano de vida foi verificado que os recém-
nascidos prematuros apresentaram dificuldades significantes no desenvolvimento motor,
cognição e socialização em comparação aos recém-nascidos a termo, representados por 68%
das análises conduzidas, o que segundo as autoras do estudo é muito parecido com os dados e
informações constantes na literatura que trata do tema e segundo elas, ainda que muito já se
sabe quanto aos efeitos negativos da prematuridade no desenvolvimento da criança, o
conhecimento específico sobre cada comportamento é muito vago. Na opinião de Rodrigues e
Bolsoni-Silva (2011), os resultados confiáveis nesse sentido só serão possíveis quando o
instrumento de avaliação de lactentes possibilitar a identificação da ocorrência do
comportamento específico de acordo com critérios específicos e condições pré-determinadas o
que permitirá a análise funcional desses dados, possibilitando até mesmo uma forma de prevenir
a ocorrência do parto pré-maturo ou de minimizar os riscos para tal ocorrência.
Já quanto ao desenvolvimento físico da criança que nasce prematura, a doutora em
ciências da Universidade de Harvard Marie C. Mc Cormick publicou um artigo em 2017 em
que menciona as principais doenças relacionadas ao nascimento prematuro, incluindo o baixo
peso:

“Entre as principais complicações que podem ocorrer no período neonatal


estão as doenças pulmonares crônicas, em decorrência de patologias respiratórias e
sepse. Uma minoria entre eles sofre também de enterocolites necrosantes,
24

hemorragias intracranianas e alterações da substância branca cerebral. Foi


comprovado ser difícil conseguir ganhar peso no terceiro trimestre no NICU, de forma
que muitos bebês prematuros pesam abaixo do percentil 10 (sendo que o normal é o
percentil 50) de um bebê a termo que recebe alta do hospital, geralmente em uma data
próxima de quando o bebê deveria ter nascido” (MCCORMICK, 2017, p. 01).

A necessidade de estudar sobre a prematuridade é antiga, porém como esclarece Pizzani


(2013), o primeiro artigo científico a tratar do assunto foi publicado de 1988 e a partir daí
começaram os estudos compilados no mesmo formato tal qual se tem acesso hoje, não devendo
deixar de mencionar que além da medicina pediátrica diversas outras áreas da medicina buscam
entender cada vez melhor sobre os aspectos que cercam a prematuridade podendo ser citadas
as seguintes áreas: psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional.
Diante de todos os fatores de risco que cercam o desenvolvimento de um bebê prematuro
os estudos buscam focos diferentes de concentração, ou seja, as vezes os estudos são voltados
para a prevenção da prematuridade, outras vezes na intervenção ao neonato, acompanhamento
do desenvolvimento da criança e assim por diante, formando uma literatura nacional bem vasta
a esse respeito (PIZZANI, 2013).
Dentre as práticas que tratam da prevenção do parto prematuro está a consulta pré-natal,
uma vez que é a partir dela que o obstetra pode verificar o desenvolvimento do neonato, bem
como orientar a gestante dos cuidados que esta deve ter durante a gestação, incluindo a questão
da alimentação e de exames periódicos. Nesse sentido, um estudo realizado entre 2008 e 2011
na cidade de Divinópolis/MG mostrou que as mães com 6 ou menos consultas pré-natal tiveram
partos cesáreos e aquelas com menor idade tiveram maiores chances de ter nascimentos
prematuros (GUIMARÃES et al., 2017).
Guimarães et al. (2017) explica que não só a consulta pré-natal como também o tipo de
parto são fatores que influenciam na prematuridade, tanto que no referido estudo apresentado
por ela restou evidenciado que as gestantes que realizaram os exames de pré-natal regularmente
apresentaram poucas chances de ter um parto pré-termo. Ela sustenta essa afirmativa
apresentando os dados de outro estudo realizado em 2010 na maternidade pública do estado do
Maranhão, onde se verificou que praticamente 60% das puérperas de prematuros realizaram
menos de 5 consultas de pré-natal e apresentaram cinco vezes mais chances de prematuridade,
em relação às mães de crianças nascidas a termo.
25

2.7 MALFORMAÇÃO CONGÊNITA E INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a MC é verificada no recém-nascido,


intraútero ou após o nascimento, seja de natureza estrutural, funcional ou metabólica (OMS,
2019).
O Brasil, no período de 1990 a 2015, apresentou queda de 70,7% na taxa de mortalidade
infantil (47,1 para 13,8 óbitos/1000 NV). Entretanto, as MCs passaram da quinta para a segunda
posição entre as causas de morte, desde 1999 (IBGE, 2016).
Os termos ‘defeitos, malformações ou anomalias congênitas’ são utilizados para
descrever distúrbios do desenvolvimento presentes no nascimento, podendo ser estruturais,
funcionais, metabólicos, comportamentais ou hereditários (DUTRA; FERREIRA, 2019).
Apesar da maioria das malformações não poderem ser relacionadas com uma causa
específica, a exposição pré-natal a agrotóxicos é sugerida como um fator que aumenta o risco
de teratogenicidade e suscetibilidade da maioria dos sistemas fetais durante certos períodos de
desenvolvimento (STILLERMAN et al, 2008).
Com relação aos defeitos congênitos, 40% a 45% das malformações têm causas
desconhecidas. A predisposição genética, como alterações cromossômicas e a mutação de
genes, representam aproximadamente 28% das ocorrências; fatores ambientais representam
aproximadamente 5 a 10%, e a combinação entre influências genéticas e ambientais (herança
multifatorial) representa 20% a 25% (SADLER, 2013).
Os agrotóxicos são utilizados para a produção de culturas e em áreas urbanas para o
controle de doenças transmitidas por vetores, sendo potencialmente tóxicos para outros
organismos, incluindo seres humanos (OMS, 2019). A exposição humana a agrotóxicos pode
ocorrer ambientalmente, por meio do ar, do consumo via resíduos em alimentos e água, bem
como ocupacionalmente, durante ou após a aplicação interna/externa (VAN DEN BERG et al.,
2012).
A mortalidade proporcional por MC no Brasil vem aumentando progressivamente. Em
2014, as mortes por MC representaram a segunda principal causa de mortalidade infantil e a
principal causa de mortalidade pós-neonatal (BRASIL, 2009).
No entanto, é importante ressaltar que poucos estudos analisam a incidência de MC e a
exposição à agrotóxicos específicos. Isso porque há enorme dificuldade metodológica na
quantificação dessa exposição, uma vez a população está sujeita à múltiplos produtos químicos
por meio de diferentes vias de contaminação e absorção (DUTRA; FERREIRA, 2019).
26

Um outro estudo brasileiro, do tipo caso-controle, avaliou a associação entre a exposição


dos genitores aos agrotóxicos e o nascimento de crianças com MC no Vale do São Francisco. A
análise das variáveis relacionadas à exposição aos agrotóxicos mostrou um aumento do risco
de ocorrência de MC quando foram considerados: ambos os pais vivendo e trabalhando perto
de lavouras; moradia próxima a lavouras; pai trabalhando na lavoura; pai aplicando produtos
na lavoura e exposição aos agrotóxicos de pelo menos um dos progenitores. No entanto, não
houve diferença estatística significativa entre os casos e os controles (SILVA et al., 2011).
No estudo desenvolvido por Oliveira et al. (2014), foram selecionados oito municípios
com maior quantidade de agrotóxicos comercializados por área de cultivo na região de estudo
(Mato Grosso), observando que a exposição materna ao agrotóxico foi significativamente
associada à maior incidência de MC.
No contexto de contaminação por agrotóxicos, a população rural tende a ser a mais
atingida (DUTRA; FERREIRA, 2019).
Agrotóxicos como a atrazina, o alacloro e o clorpirifós são classificados como DE,
enquanto outros, como diuron e bifentrina, são classificados como substâncias tóxicas à
reprodução (DUTRA; FERREIRA, 2019).
Além de possuírem classificações distintas, os agrotóxicos considerados teratogênicos
também possuem diversos mecanismos de ação. Eles podem atravessar a placenta e serem
absorvidos sistemicamente, podem agir por meio da desregulação endócrina, da indução ao
dano genético, causando defeitos nas células neuronais e o estresse oxidativo, sendo estes os
mecanismos propostos como principais para a toxicidade desses produtos perante o
desenvolvimento (VAN GELDER et al., 2010).

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4 ARTIGO

EXPOSIÇÃO MATERNA AOS AGROTÓXICOS E DESFECHOS GESTACIONAIS


ADVERSOS EM MATO GROSSO
32

RESUMO

Introdução: O Brasil é considerado um dos maiores produtores agropecuários do mundo e


lidera o ranking mundial no uso de insumos, fertilizantes e agrotóxicos. Já o estado de Mato
Grosso é o maior consumidor de agrotóxicos do país. A exposição humana aos agrotóxicos tem
sido associada a efeitos adversos durante o período gestacional. Dentre eles, esta o aborto,
malformação congênita e recém-nascido de baixo peso. Objetivo: Analisar a exposição
materna aos agrotóxicos e a ocorrência de desfechos gestacionais adversos no estado de Mato
Grosso no período de 2011 a 2017. Método: Trata-se de um estudo quantitativo e ecológico,
em 16 municípios do estado de Mato Grosso, onde foi realizada a divisão em dois grupos de
comparação, sendo o 1º grupo (caso) constituído de 8 municípios de maior consumo de
agrotóxicos e o 2º grupo (controle) constituído igualmente por 8 municípios com características
sociodemográficas semelhantes, porém, com menor consumo de agrotóxicos. Posteriormente
foi calculado os indicadores de desfechos gestacionais selecionados do Sistema de Informações
de Nascidos Vivos (SINASC), tendo como variáveis resposta os indicadores: proporção de
nascidos vivos com malformação congênita, proporção de nascidos vivos com prematuridade,
proporção de baixo peso e proporção de muito baixo peso ao nascer. Resultados: Comparando
às médias de consumo de agrotóxicos por habitante dos municípios caso em relação ao controle
observa-se que o grupo dos municípios caso consume 6.078% (32.884.497,03 litros por
habitante) a mais que o grupo dos municípios controle. As taxas dos casos tanto de baixo peso
quanto de prematuridade se apresentaram superior em relação à taxa controle em todos os anos
estudados, porém observou-se tendência estável nas proporções dos desfechos gestacionais para
todas as morbidades. Conclusão: As tendências de taxas dos desfechos gestacionais adversos
foram estáveis para todos os municípios estudados no período e houve uma maior ocorrência
de taxas de nascidos vivos com baixo peso e com prematuridade nos municípios de maior
utilização de agrotóxicos.

Palavras-chaves: Anomalias Congênitas, Recém-Nascido de Baixo Peso, Recém-Nascido


Prematuro, Pesticidas.

ABSTRACT
33

Background: Brazil is considered one of the largest agricultural producers in the world and
leads the world ranking in the use of inputs, fertilizers and pesticides. The state of Mato Grosso
is the largest consumer of pesticides in the country. Human exposure to pesticides has been
associated with adverse effects during pregnancy. Among them are abortion, congenital
malformations and low birth weight newborns. Objective: To analyze maternal exposure to
pesticides and the occurrence of adverse pregnancy outcomes in the state of Mato Grosso from
2011 to 2017. Method: This is a quantitative and ecological study in 16 municipalities in the
state of Mato Grosso, where it was the division into two comparison groups was performed,
with the 1st group (case) consisting of 8 municipalities with the highest consumption of
pesticides and the 2nd group (control) also consisting of 8 municipalities with similar
sociodemographic characteristics, but with lower consumption of pesticides. Subsequently, the
indicators of gestational outcomes selected from the Live Birth Information System (SINASC)
were calculated, having as response variables the indicators: proportion of live births with
congenital malformation, proportion of live births with prematurity, proportion of low birth
weight and proportion of very low weight at birth. Results: Comparing the average
consumption of pesticides per inhabitant of the case municipalities in relation to the control, it
is observed that the group of case municipalities consumes 6,078% (32,884,497.03 liters per
inhabitant) more than the group of control municipalities. The rates of both low birth weight
and prematurity cases were higher than the control rate in all years studied, but there was a
stable trend in the proportions of gestational outcomes for all morbidities. Conclusion: The
trends in adverse pregnancy outcome rates were stable for all municipalities studied in the
period and there was a higher occurrence of rates of live births with low birth weight and
prematurity in the municipalities with the highest use of pesticides.

Key words: Congenital Abnormalities; Infant, Low Birth Weight, Infant, Premature, Pesticides.

INTRODUÇÃO
34

O Brasil iniciou a modernização de sua agricultura em 1965, com a chamada Revolução


Verde, na qual colocou o país como um dos maiores produtores de alimentos e maior
consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2008 (FIOCRUZ, 2018). No estado de Mato
Grosso em 2009 a população foi exposta a 34,1 litros de agrotóxicos por habitante, se
comparada a média nacional sendo uma exposição oito vezes maior (UEKER et al., 2016).
O uso indiscriminado de produtos químicos pode causar forte impacto ambiental
contaminando a água, o ar e o solo (OLIVEIRA, 2012). Além disso, diversos estudos
identificaram contaminação de trabalhadores e moradores de regiões de plantios devido à
pulverização dos pesticidas serem realizadas por tratores e aviões agrícolas, que por sua vez
podem causar complicações de saúde ao homem (OLIVEIRA et al., 2014).
A exposição humana aos agrotóxicos esta associada a diversos problemas de saúde e
efeitos adversos durante o período gestacional (WINDHAM; FENSTER, 2008). Dentre eles
pode se destacar o suicídio, depressão, câncer, problemas cardíacos (BURIGO, 2016), aborto,
malformação congênita (MC) e recém-nascido de baixo peso (BP) (MILDEMBERG;
ONOFRE; RIBAS, 2017).
O peso de todo recém-nascido (RN) ao nascer com menor ou igual a 999 gramas é
considerado de extremo baixo peso, com menor ou igual a 1.499 gramas é chamado muito baixo
peso (MBP) e com peso inferior a 2.500 gramas de baixo peso (OMS, 2014). A expectativa de
vida de toda criança nos primeiros anos de vida é impactada pelo peso do RN (TOURINHO;
REIS, 2012). Na qual, por sua vez é influenciado por múltiplos fatores maternos, sendo um
deles a exposição aos agrotóxicos no período gestacional (DUTRA; FERREIRA, 2019).
No Brasil, em 2013, a prematuridade foi considerada a principal causa de morte em
crianças menores que 5 anos (OMS, 2015). Todo bebê nascido vivo (NV) antes de 37 semanas
de gestação é considerado prematuro (OMS, 2018). Neste sentido, Chrisman (2008) identificou
maior incidência de RNs com baixo peso e verificou ligação entre parto prematuro e exposição
aos agrotóxicos no período gestacional.
A malformação congênita ou anomalia congênita é toda deformidade estrutural,
funcional ou metabólica que ocorre com o feto no período intrauterino, a qual pode ser
identificada tanto antes como depois do nascimento (OMS, 2016). As MCs geralmente possuem
múltiplas causas, alguns fatores são considerados influenciadores no aumento da
teratogenicidade e sensibilidade de grande parte dos sistemas fetais durante a gestação, como a
exposição ambiental e a agrotóxicos (STILLERMAN et al., 2008). Contudo, existem poucos
estudos no estado de Mato Grosso nesta temática e metodologia.
35

Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar a exposição materna aos agrotóxicos e a
ocorrência de desfechos gestacionais adversos no estado de Mato Grosso no período de 2011 a
2017.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo, ecológico, abrangendo o período de 2011 a 2017,


realizado em 16 municípios do Estado de Mato Grosso.
Este estudo foi dividido em duas etapas, sendo na primeira realizada a divisão dos
municípios em dois grupos de comparação, onde o 1º grupo (caso) foi constituído de 8
municípios de maior consumo de agrotóxicos no estado: Campo Novo do Parecis, Campo
Verde, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Primavera do Leste, Sapezal e Sorriso.
Já o 2º grupo (controle) foi constituído igualmente por 8 municípios com características
sociodemográficas semelhantes, porém, com menor consumo de agrotóxicos: Alta Floresta,
Aripuanã, Barra dos Garças, Cáceres, Guarantã do Norte, Juína, Mirassol D´Oeste e Pontes e
Lacerda.
Para a seleção e inclusão dos municípios em seus respectivos grupos, primeiramente
utilizou-se o método de Pignati, Oliveira e Silva (2014) onde o consumo de agrotóxicos em
litros por habitante é estimado considerando-se a área total de área plantada em cada município
e o quanto se utiliza de agrotóxicos por hectare de acordo com o tipo de lavoura, bem como a
população residente destes municípios de acordo com o ano estudado. Importante destacar que
para a seleção dos 8 municípios do grupo controle, buscou-se garantir pareamento com os
municípios caso segundo tamanho de população e algumas das principais características
sociodemográficas, tais como condições de saneamento e renda mensal média, utilizando-se
uma razão de 1:1 (município controle para cada município caso).
Na segunda etapa foi calculado os indicadores de desfechos gestacionais selecionados
do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), sendo eles, malformação congênita,
baixo peso ao nascer, muito baixo peso e prematuridade, acessados pela homepage do
DATASUS.
Como variáveis resposta foram avaliados os seguintes indicadores: proporção de
nascidos vivos com MC, proporção de nascidos vivos com prematuridade, proporção de baixo
peso e proporção de muito baixo peso ao nascer. Estes indicadores foram calculados
considerando-se como numeradores, os desfechos selecionados e nos denominadores, o total
de nascidos vivos segundo ano de ocorrência.
36

As proporções foram calculadas através das seguintes fórmulas:

Taxa de MC × 100
Total de nascidos vivos

Taxa de prematuridade × 100


Total de nascidos vivos

Taxa de BP × 100
Total de nascidos vivos

Taxa de MBP × 100


Total de nascidos vivos

Posteriormente estes indicadores foram comparados entre os munícipios dos Grupos 1


e 2 por meio de razões de taxas e estimou-se as taxas médias dos municípios do estudo e as
taxas médias dos municípios casos. Já as estatísticas da população dos municípios estudados
foram filtrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (IBGE, 2010).
Procedeu-se ao cálculo das proporções de nascidos vivos segundo desfecho de estudo,
em seguida realizou-se a análise de tendência das proporções (1ª fase) por meio de modelos de
regressão linear simples. A análise dos diagramas de dispersão das proporções de desfechos
gestacionais adversos demonstrou que a suposição de uma evolução linear poderia ser assumida
para todas as análises, fato este que justificou o uso de modelos lineares, sendo então ajustados
estes modelos para cada série temporal. A modelagem estatística considerou cada proporção
dos desfechos em estudo como variável dependente e, o tempo cronológico (de 2011 a 2017),
onde optou-se pela centragem desta variável subtraindo o ponto médio de cada valor da série
(X – 2014). Desta maneira, evitou-se a autocorrelação entre os termos da equação de regressão.
Os modelos estimados podem ser escritos como: Y = β0 + β1 (X – 2014), onde Y correspondeu
às proporções de desfechos gestacionais adversos, β0, coeficientes anuais médios, β1,
coeficientes de efeito linear e X, anos de nascimento. A tendência foi considerada significativa
quando o modelo obteve p < 0,05. Como medida de precisão dos modelos, utilizou-se o
coeficiente de determinação (R2) (KLEINBAUM; KUPPER; MULLER, 1988; MORETTIN;
TOLOI, 1986).
Em seguida, construiu-se tabelas de contingência onde foram calculadas as Razões de
Proporções de desfechos adversos gestacionais dos municípios do Grupo 1, cuja a estimativa
de utilização de agrotóxicos foi alta, divididas pelas proporções do grupo 2 (controle), estes
37

últimos referentes aos que não usavam os agrotóxicos de maneira intensiva, conforme
demonstrado na Tabela 1. As razões de proporções e Intervalo de Confiança de 95% (IC95%)
foram estimadas pelo método de Mantel–Haenszel. Para todas as análises o nível de
significância adotado foi o de valor p < 0,05. Foi utilizado, para todas as análises, o software
Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 18.0 para Windows.
Por se tratar de um estudo realizado com dados secundários, de domínio público onde
não são informados dados pessoais dos registros, extraídos do DATASUS, segundo a Resolução
510/2016, este estudo dispensou a submissão em comitê de ética em pesquisa (CEP).

RESULTADOS

Percebe-se que dos municípios caso (grupo 1) os que tiveram maior consumo de
agrotóxicos por habitante foram Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste e Sapezal, já dos
municípios controle (grupo 2) foram Barra do Garças, Alta Floresta e Cáceres. Se comparado
às médias de consumo de agrotóxicos por habitante dos municípios caso em relação ao controle
observa-se que o grupo 1 consome 6.078% (32.884.497,03 litros por habitante) a mais que o
grupo 2 (Tabela 1).

Tabela 1- Descrição dos municípios selecionados por população e consumo de agrotóxicos por habitante, Mato
Grosso, 2010
Grupo 1 População Consumo de Grupo 2 População Consumo de
(Caso) agrotóxicos/hab. (Controle) agrotóxicos/hab.
Campo Novo do 35.360 44.598.865,71 Alta Floresta 51.782 750.915,83
Parecis
Campo Verde 44.041 28.580.505,48 Aripuanã 22.354 91.680,80
Diamantino 22.041 27.801.677,49 Barra do Garças 61.012 1.218.723,68
Lucas do Rio Verde 65.534 26.026.017,25 Cáceres 94.376 663.468,24
Nova Mutum 45.378 25.616.478,89 Guarantã do Norte 35.816 168.821,15
Primavera do Leste 62.019 40.619.087,13 Juína 40.997 570.084,30
Sapezal 25.881 39.319.339,16 Mirassol D´Oeste 27.739 411.494,25
Sorriso 90.313 34.842.330,09 Pontes e Lacerda 45.436 453.136,72
Total - 267.404.301,20 Total - 4.328.324,97
Fonte: IBGE, elaborado pelo Autor, 2021

As proporções médias de indicadores de desfechos gestacionais dos municípios caso e


controle dos anos de 2011 a 2017 encontram-se na tabela 2. As taxas dos casos tanto de BP
quanto de prematuridade se apresentaram superior em relação à taxa controle em todos os anos
estudados. Já em relação às taxas de MBP e MC verificou-se que em alguns anos as taxas dos
38

controles foram superiores as taxas dos casos. Contudo, nos anos de 2012 e 2014 as taxas dos
casos de todos os desfechos gestacionais analisados foram maiores que as taxas dos controles.

Tabela 2 – Proporções médias de malformação congênita, baixo peso, muito baixo peso e prematuridade segundo
o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) nos municípios caso e controle, Mato Grosso, 2011 a
2017
Proporçã Proporçã Proporçã Proporçã Proporçã Proporçã Proporçã Proporçã
Ano o MC o MC o BP o BP o MBP o MBP o o
Caso Controle Caso Controle Caso Controle Prematu. Prematu.
Caso Controle
2011 8,31 8,70 7,52 6,44 0,98 0,88 13,12 10,77
201 6,61 6,20 6,66 6,08 1,13 0,83 13,71 10,29
2
201 6,10 6,30 7,69 6,18 1,16 0,72 14,05 10,74
3
201 5,47 3,10 7,38 6,94 1,01 0,73 13,28 11,61
4
201 7,80 14,6 7,29 6,83 0,82 0,90 11,40 11,21
5
201 5,34 14,0 7,75 6,79 1,07 0,81 12,40 10,61
6
201 6,10 2,50 6,78 6,54 0,93 0,96 12,08 9,66
7
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)
Elaborado pelo autor, 2021

A figura 1 apresenta as análises gráficas das tendências de proporções dos desfechos


gestacionais estudados entre 2011 a 2017. Na figura A, verifica-se que apesar da taxa de
nascidos vivos com anomalia congênita permanece superior aos casos nos anos de 2015 e 2016,
a tendência apresentou-se estável. O mesmo se deu na figura B, onde as taxas de nascidos vivos
com BP dos casos também foram superiores as taxas dos controles em todos os anos, sendo que
também a tendência de ambas as proporções foram estáveis. Observa-se na figura C uma
estabilidade das taxas nascidos vivos com MBP também com tendência estável, entretanto as
taxas dos municípios casos permaneceram menores às taxas dos municípios controle nos anos
de 2015 e 2017. Já na figura D observa-se a mesma estabilidade de taxas de nascidos vivos com
prematuridade, mesmo que maiores entre o grupo caso em relação aos municípios controle.
39

As razões de proporção de nascidos vivos com desfechos gestacionais estudados nos


munícipios caso e controle entre 2011 e 2017 estão descritos na tabela 3. Observa-se que a taxa
de nascidos vivos com baixo peso foi 1,05 vezes maior nos municípios caso em relação aos
controles, tendo sido estas diferenças estatisticamente significantes (p=0,019). Neste mesmo
sentido, a taxa de nascidos vivos com prematuridade também foi maior nos municípios caso e
com significância estatística (RT=1,06; p=0,001). Já em relação às proporções de nascidos
vivos com muito baixo peso e com MC, ambos não apresentaram significância estatística
(p=0,059 e p=0,113 respectivamente).
40

Tabela 3 - Razões de proporção de nascidos vivos com malformação congênita, baixo peso, muito baixo peso
e prematuridade nos municípios caso e controle, Mato Grosso, 2011 a 2017

Indicadores Taxa (%) Razão de taxas p-valor


(IC 95%)

Proporção NV malformação
Municípios Controle 0,68 1,00
Municípios Caso 0,61 0,91 (0,77-1,06) 0,113
Proporção NV baixo peso
Municípios Controle 6,60 1,00
Municípios Caso 6,95 1,05 (1,01-1,73) 0,019
Proporção NV muito baixo peso
Municípios Controle 0,90 1,00
Municípios Caso 0,10 1,10 (0,97-1,26) 0,059
Proporção de NV prematuridade
Municípios Controle 11,72 1,00
Municípios Caso 11,07 1,06 (1,02-1,10) 0,001
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), elaborado pelo Autor, 2021

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos pelas análises realizadas com os municípios de intensa produção


agrícola e uso de agrotóxicos em comparação com os municípios de menor atividade
agropecuária apresentaram, em todas as análises, tendências estáveis, apesar de as taxas de
nascidos vivos com BP e prematuridade terem sido maiores nos municípios caso, em todos os
anos estudados.
Corroborando com os achados do presente estudo com relação aos nascidos vivos com
baixo peso, uma pesquisa desenvolvida nos estados brasileiros por Guimarães et al. (2014)
identificou associação estatística entre baixo peso ao nascer e exposição a agrotóxicos durante
a gravidez. Neste sentido, outro estudo do tipo caso-controle realizado na Espanha identificou
que MCs geniturinárias, aborto espontâneo e baixo peso ao nascer aumentam com a exposição
ambiental a pesticidas (GONZÁLEZ et al., 2017).
Com relação à prematuridade, um estudo realizado na região Sul do Brasil, no período
de 1996 a 2000, que investigou possíveis eventos adversos durante e após a gravidez, como
duração da gravidez, peso ao nascer e índice de Apgar. Como resultados, identificaram casos
de prematuridade de bebês do gênero masculino (0,5%) e do gênero feminino (3,8%), ou seja,
nascimento com período gestacional menor que 37 semanas (CREMONESE et al., 2012). Neste
sentido, Guimarães et al. (2014) obtiveram resultados semelhantes, onde identificaram
associação estatística significante entre prematuridade e exposição a agrotóxicos durante a
gravidez.
41

Um dos achados deste estudo foi à associação limítrofe para MBP ao nascer, isso devido
ao seu pequeno número de ocorrências. Apesar disso, uma pesquisa realizada em Nova
Friburgo, interior do Rio de Janeiro, de 2004 a 2006 com 6714 nascidos vivos, identificou que
mulheres residentes em áreas rurais possuem maior risco de dar à luz a RNs com extremo baixo
peso, baixo índice de apgar e uma MC em comparação com mulheres que residem em zona
urbana (CHRISMAN et al., 2016).
As MCs não apresentaram associação estatística significativa, possivelmente por conta
de essas mulheres residirem em municípios de intensiva produção agrícola, mas distante dessas
regiões de pulverização. Corroborando com a ideia, um estudo realizado em 2008, em Lavras,
Minas Gerais, buscou estimar a distância horizontal alcançada por uma gota pulverizada de um
tamanho determinado, em diferentes alturas e velocidade do vento. Assim, identificou que uma
gota lançada de 0,8 m de altura, de 40 µm, com vento de 5 ms-1 pode percorrer 38,3 m, sendo
estas as condições que a levou em maior distância (DA CUNHA, 2008).
Apesar disso, associações com MCs são verificadas na literatura em diversos estudos.
Um deles é este estudo desenvolvido no estado do Paraná, no período de 2008 a 2015, na qual
se buscou analisar a taxa de prevalência de nascidos vivos com MC com relação a indicadores
sociais, fatores econômicos, de saúde e ambientais. Assim, a taxa de MC apresentou
significância estatística com gestantes expostas a agrotóxicos (FREIRE et al., 2020).
Ainda neste sentido, um estudo realizado em hospitais da cidade de Cuiabá (MT) em
2011, investigou a associação da exposição à agrotóxicos e a ocorrência de MC, a pesquisa
utilizou como critérios, a progenitora ter sido exposta a agrotóxicos três meses antes e após a
fecundação e também exposição paterna durante um ano antes da fecundação. Concluindo
assim, que a exposição paterna a agrotóxicos, correlacionado com a baixa escolaridade materna
pode corroborar com a ocorrência de MC (UEKER et al., 2016).
Oliveira et al. (2014) ao analisar a associação da exposição a agrotóxicos durante a
gestação com a presença de MC, em oito municípios de Mato Grosso, considerou como casos
todos os nascidos vivos com MC dentro do período de 2000 a 2009 e como controle os nascidos
vivos com mais de trinta e sete semanas de gestação e sem nenhuma MC. O referido estudo
concluiu que a exposição materna a agrotóxicos no período pós-fecundação (primeiro trimestre
gestacional) e no período total gestacional foram associados à maior ocorrência de casos de
MC.
Dutra e Ferreira (2019) analisaram a presença de MC em estados brasileiros com maior
utilização de agrotóxicos no período de 2000 a 2016 sendo eles, Mato Grosso, São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul. As taxas encontradas foram maiores em microrregiões com maior
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índice de consumo de agrotóxico (de 0,50% a 0,94%) e as razões de taxas de MC foram entre
2,3 e 10,68 vezes maiores nestes estados em comparação aos de menor utilização de
agrotóxicos.
Observou-se que os desfechos gestacionais estudados afetam as mães residentes
próximos a áreas de cultivos se apresentando em tendência estável em todos os desfechos.
Entretanto, mesmo assim, baixo peso e prematuridade mostraram proporções maiores ao longo
do tempo estudado.
Este estudo encontrou algumas limitações no decorrer de seu desenvolvimento, como a
dificuldade de obter as informações reais de consumo de agrotóxicos dos municípios do estado
de Mato Grosso, por isso estes dados foram estimados pela metodologia de Pignati, Oliveira e
Silva (2014). Idealmente, os registros de venda das casas agropecuárias e receituários de
agrônomos do estado são obtidos pelo Instituto de Defesa Agropecuário (INDEA), que não mais
disponibiliza estes dados. Outra dificuldade é em relação ao nível de exposição da população,
pois não é possível determinar exatamente a distância entre a população e as lavouras onde
ocorreram as aplicações dos agrotóxicos. Todavia, os achados deste estudo trazem grandes
contribuições para compreensão dos riscos à saúde materna-infantil que estão ligados à
exposição de agrotóxicos.

CONCLUSÃO

As tendências de taxas dos desfechos gestacionais adversos foram estáveis para todos
os municípios estudados no período. Houve uma maior ocorrência de taxas de nascidos vivos
com baixo peso e com prematuridade nos municípios de maior utilização de agrotóxicos. Por
isso, é de suma importância melhorar o controle de aplicação de agrotóxicos e facilitar o acesso
às informações com a divulgação dos dados de consumo de pesticidas por parte dos órgãos
governamentais. Permitindo assim, instruir e alerta a população quanto aos riscos à saúde
ligados a exposição a produtos agrícolas.

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