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FACULDADE DE NUTRIÇÃO
Orientadora:
Prof. DSc. Shirley F. Pereira
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA
Muito obrigada!
SUMÁRIO
ABSTRACT
This work is a study of quantitative, descriptive and transversal approach performed in 5 State public schools in
the municipalities of Cuiabá and Várzea Grande-MT, with the objective of assessing the relationship between
the nutritional status of adolescents with the accession to the school meals. The group studied was composed of
105 students aged between 14 and 16 years, of both sexes attending the ninth grade of elementary school. Was
applied questionnaire with questions about personal identification, demographic data and membership of the
school meals. Weight measurement was carried out and of the stature of the school, for the assessment of
nutritional status. The body mass Index indicators for age (IMC/I) and height for age (E/I) were calculated in
Anthroplus program of the World Health Organization and evaluated in percentile. For tabulation and data
analysis was used the Epi-Info version 3.5.4. We used the Chi-square test for comparison between the
prevalence of the studied variables. The results showed that 11.4% of the adolescents were at risk of low birth
weight and 20% Overweight/obesity, and only 10.5% with risk of short stature. No significant differences were
found in this group between sexes and ages. We observed a tendency to higher prevalence of low birth weight
risk among those who joined the school meals regularly joined the front, being overweight/obesity and the risk of
stunting similar between the two groups. These figures reaffirm that the overweight in adolescents is a growing
today, and that membership of the school feeding is not influencing the improvement of nutritional status.
Interventions should be made, so there is a further reduction of nutritional status in this group and prevent
chronic diseases in later life.
KEY WORDS: nutritional evaluation; adolescents; school feeding; overweight; low weight
8
processo de maturação sexual (OLIVEIRA et al., 2012). Utiliza indicadores que são capazes
de fornecer, de acordo com o parâmetro utilizado, informações sobre a adequação nutricional
de um indivíduo ou coletividade em relação a um padrão compatível com a saúde em longo
prazo (GOMES, ANJOS; VASCONCELOS, 2010).
Em crianças e adolescentes a avaliação do estado nutricional leva em conta um
conjunto maior de parâmetros. Além da análise do IMC feita de acordo com a idade, leva-se
em conta outros fatores como a estatura para idade (CLEMENTE et al., 2011).
O monitoramento contínuo do crescimento auxilia na identificação das alterações
nutricionais dos adolescentes, ajudando na prevenção e no diagnóstico de distúrbios
nutricionais. Vale ressaltar que existem algumas deficiências nutricionais especifica que
podem ocorrer sem comprometimento antropométrico imediato, e sua detecção depende da
realização de uma cuidadosa anamnese nutricional (TOZZATO, SANTOS; MENEZES,
2014).
Atualmente a prevalência da obesidade tem aumentado em todo o mundo e em todas
as faixas etárias e níveis socioeconômicos. E um dos fatores para esse aumento é a mudanças
no padrão alimentar e nutricional que está ocorrendo no mundo, inclusive no Brasil,
resultando no aumento da obesidade e na redução da desnutrição (BERLESE et al., 2016).
Entre os fatores relacionados a esse padrão alimentar, as mudanças no estilo de vida e
nos hábitos alimentares têm importante papel. Observa-se, entre outros alimentos e bebidas
consumidas pela população, maior consumo de bebidas não alcoólicas açucaradas. Ao mesmo
tempo, ocorreu a redução no consumo de leite e derivados, principalmente entre os
adolescentes (BERLESE et al., 2016). Para estes autores entre as causas ambientais da
obesidade na adolescência, destacam-se as mudanças no padrão nutricional, motivadas por
transformações políticas e econômicas, ocorridas em todas as nações. A forte tendência para o
consumo de alimentos e bebidas processados e ultraprocessados é geral.
A prevalência de obesidade em adolescentes em todo o mundo aumentou de menos de
1% (equivalente a cinco milhões de meninas e seis milhões de meninos) em 1975 para quase
6% em meninas (50 milhões) e quase 8% em meninos (74 milhões) em 2016. Combinado, o
número de obesos com idade entre cinco e 19 anos cresceu mais de dez vezes, de 11 milhões
em 1975 para 124 milhões em 2016 (BRASIL, 2017a).
As crianças e adolescentes passaram rapidamente de uma maioria com desnutrição
para uma maioria com sobrepeso em muitos países de média renda. Boff et al. (2018)
evidenciam que isso pode refletir um aumento no consumo de alimentos densos em energia,
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consequentemente refletir em uma boa aceitação, além de ser saudável, colorida, ter
variedade, ser balanceada, equilibrada e saborosa (BASAGLIA, MARQUES; BENATTI,
2015), e colaborar com a melhoria dos hábitos alimentares e do estado nutricional dos
estudantes. Segundo estes autores a merenda escolar é um dos artifícios que motivam a
frequência dos alunos nas escolas, em muitos dos casos essa refeição é a única que esse
estudante vai ter ao longo de seu dia.
JUSTIFICATIVA DO ESTUDO:
2. OBJETIVOS
3. POPULAÇÃO E MÉTODO
Este estudo foi desenvolvido como parte de um projeto de pesquisa intitulado como
“Avaliação da regularidade e da qualidade do Programa Nacional de Alimentação Escolar em
escolas da rede estadual de Cuiabá e Várzea Grande, MT.” “Alimentação Digoreste”,
desenvolvido por docentes e discentes da Faculdade de Nutrição, em convênio com a
Ouvidoria Regional da União Regional Mato Grosso e a Secretaria Estadual de Educação de
MT, do qual participaram cinco escolas públicas estaduais, três de Cuiabá e duas de Várzea
Grande, durante o ano letivo de 2018.
3.1. POPULAÇÃO
As escolas foram selecionadas entre as com nível sócio econômico médio classificado
pelo ENEM em 2017 sendo excluídas aquelas que não tinham turmas de 9ª ano ou que a
direção não concordasse em participar do estudo.
A amostra do estudo foi composta por alunos de ambos os sexos, que cursavam o 9º
ano do ensino fundamental de 5 escolas públicas estaduais, da área urbana dos municípios de
Cuiabá e Várzea Grande, MT, durante o ano letivo de 2018.
Critérios de inclusão: alunos cursando o 9º ano do ensino fundamental, idade entre 12
e 18 anos, aceitaram participar do estudo e entregarem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis.
Critérios de exclusão: escolares que apresentarem alguma limiação que impedissem a
aferição das medidas antropométricas.
3.2. MÉTODO
Foi realizado um estudo transversal de abordagem quantitativa. A coleta dos dados foi
realizada nas escolas, pela pesquisadora e pela equipe previamente treinada para a pesquisa,
com horário previamente agendado. Constituiu na aplicação de questionário e aferição de
medidas antropométricas.
Para investigação das características sóciodemográficas e grau de adesão dos
estudantes à alimentação escolar foram aplicados um questionário de (CUNHA, 2019).
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A coleta dos dados foi realizada nas escolas, pela pesquisadora, com horário e local
previamente agendado. Foi feita a aferição do peso e da estatura, pela pesquisadora, no
período das aulas (APÊNDICE 1).
Peso: Os adolescentes foram pesados em uma balança digital eletrônica da marca
Wisocare, capacidade de 180kg e graduação de 100g, sem sapatos ou meias, trajando o
uniforme da escola, sem enfeites e prendedores de cabelos conforme recomendação da
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011).
Estatura: Foi aferida com um estadiômetro fixado à parede sem rodapé, com prancha
colocada sobre o topo da cabeça do adolescente, a fim de se obter um ângulo reto com a
parede durante a leitura. Os alunos foram orientados a permanecerem eretos, com a cabeça
posicionada de modo que o plano de Frankfurt ficasse horizontal, o corpo, os tornozelos,
glúteos e ombros fiquem em contato com a parede, braços relaxados e mãos voltadas para o
corpo. A medida foi realizada em duplicata, utilizando uma média dos valores na análise dos
dados, com o objetivo de minimizar os erros de medição (OMS, 2011).
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Para tabulação e análise dos dados foi utilizado o programa Epi-Info versão 3.5.4. Os
resultados foram apresentados sob a forma de frequências, e aplicado o Teste do Qui-
quadrado para comparação entre a prevalência das variáveis estudadas. Para significância
estatística foi considerado o nível de confiança de 95% (p <0,05).
4),os quais foram entregues devidamente assinados pelos pais ou responsáveis, ficando uma
via sob sua posse e a outra devolvida ao entrevistador.
Riscos e desconfortos: Este projeto não envolveu nenhum risco ou desconforto físico
para os adolescentes, pois os dados foram coletados durante a aula, na presença do
responsável da turma.
Benefícios: Os resultados foram encaminhados à direção das escolas e servirão para
nortear políticas públicas que visem melhorar o estado nutricional dos escolares. Foram
realizadas palestras de orientação sobre alimentação saudável e sobre prevenção da obesidade
pela equipe envolvida no estudo.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participou do estudo uma amostra de 105 alunos de um total de 571 alunos matriculados
no 9° Ano do ensino Fundamental, pertencentes de cinco escolas estaduais, através da
avaliação do estado nutricional e a adesão à refeição ofertada. Desse total 62,9% pertenciam
ao gênero feminino e 37,1% ao masculino. Entre os alunos 82,8% estavam na faixa etária de
14 anos. Foi avaliado o grau de instrução da mãe onde se identificou que 14,3% não
concluíram o 1º Grau, e a maior parte delas tinha concluído o 2º Grau (40,0%).
Quadro 1: Caracterização dos adolescentes das escolas estaduais avaliadas (MT, 2018).
Variável n %
Sexo
Masculino 39 37,1
Feminino 66 62,9
Idade
14 anos 87 82,8
15 anos 14 13,3
16 anos 04 3,9
Escola
E.E. Estevão Alves Correia 17 16,2
E.E. Prof° João Crisóstomo 20 19,0
E.E. Deputado Salim Nadaf 21 20,0
E.E. Prof° Eliane Digigov 19 18,1
E.E. Maria Leite Markoski 28 26,7
Grau de instrução da mãe
1° Grau Incompleto 15 14,3
1° Grau Completo 18 17,1
2° Grau Completo 42 40,0
Superior Completo 11 10,5
Não sabe 19 18,1
Total 105 100
20
Quadro 2: Classificação do estado nutricional dos adolescentes das escolas estaduais avaliadas
(MT, 2018).
Variável n %
Classificação E/I
Risco de déficit estatural 11 10,5
Estatura adequada 94 89,5
Total 105 100,0
Classificação IMC
Risco de déficit ponderal 12 11,4
Estatura adequada 72 68,6
Excesso de peso 21 20,0
Total 105 100,0
Quando o indicador IMC/I é relacionado com o sexo (tabela 1), observa-se que os
escolares do sexo feminino apresentam maior ocorrência de risco de baixo peso, embora a
diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Essa diferença pode ser causada pelo
fato das meninas nessa fase estarem construindo a sua identidade. As meninas ficam
facilmente insatisfeitas com seu corpo, e com isso acabam desejando ser mais magras, e com
esse desejo acabam adotando estratégias na esperança de uma mudança na imagem corporal, e
que muitas vezes são perigosas para o próprio corpo (COPETTI; QUIROGA, 2018). Estes
autores falam que todas as mudanças decorrentes do período e a auto-aceitação na
adolescência estão condicionadas a critérios formulados pelo grupo de amigos que são
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motivados pelos modelos sociais. Amigos e familiares, por vezes, contribuem para a
necessidade de estar, de forma constante, dentro dos padrões e expectativas sociais.
Um estudo entre adolescentes de 13 a 19 anos feito por Dumith et al. (2018) em alguns
municípios do semiárido brasileiro, definiu a prevalência de baixo peso para IMC como
abaixo de menos dois escore-z, e encontraram uma prevalência de 4,2% para toda a amostra,
sendo 4,9% para o sexo masculino e 3,6% para o sexo feminino, percentual um pouco maior
do encontrado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares, em 2008-2009, com adolescentes de
10 a 19 anos que foi de 3,4%.
Outro estudo no interior de São Paulo feito por Peres, Latorre e Slater (2012),
utilizando o mesmo indicador, mostrou que a prevalência de baixo peso entre meninos e
meninas foi semelhante (4,2% para meninos e 5,6% para meninas), e esse baixo peso seria por
conta de comportamentos alimentares inadequados. Segundo Mattos et al. (2010), a TV aberta
é a maior fonte de lazer e informação da maioria da população, moldando opiniões e
comportamentos. Por isso, ao mesmo tempo em que a TV pode transmitir importantes
mensagens sobre a promoção da saúde e prevenção de doenças, a exposição excessiva a ela
parece ser um indicador de aumento nos riscos à saúde.
Os adolescentes estão sendo influenciados por fortes tendências sociais e culturais, que
promovem a busca pelo corpo ideal. Esse perfil socialmente aceito pode introduzir no
adolescente uma alimentação inadequada e, futuramente, propiciar o desenvolvimento de
Transtornos alimentares (COPETTI; QUIROGA. 2018). Em geral, a auto-estima de pessoas
com sobrepeso/obesidade encontra-se comprometida, principalmente em adolescentes do sexo
feminino, o que mostra a importância de se estar atento às funções psicossociais dessas
adolescentes (HOERLLE, BRAGA; PRETTO, 2019).
Quando a análise é realizada em relação ao sobrepeso/obesidade, observamos em
nosso estudo um excesso de peso de 25,6% para os meninos e 16,7% para as meninas, embora
a diferença não tenha sido significativa. Um estudo feito por Guimarães et al. (2018) mostra
que na região centro-oeste a prevalência de sobrepeso entre meninos foi de 21,1% e das
meninas de 22,9%, evidenciando que o grupo de escolares estudado obteve um resultado
muito semelhante, ao contrário do obtido em nosso estudo.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO, 2016), a região do Centro-Oeste é a terceira com maior
prevalência de sobrepeso e obesidade entre adolescentes de 10 a 19 anos, ficando atrás
somente da Região Sul e Sudeste. Cidrão et al. (2019) destacam que elevados índices de
prevalência da obesidade têm sido observados não somente nos países desenvolvidos, como
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também naqueles que estão em fase de desenvolvimento, como por exemplo, o Brasil, e vem
aumentando também na população de baixa renda.
Tabela 1 - Distribuição dos adolescentes de acordo com o indicador IMC/I e o sexo (MT, 2018).
Classificação do IMC/I
Risco de baixo Eutrofia Excesso de peso Total
peso
Sexo
n % n % n % n %
Feminino 09 13,6 46 69,7 11 16,7 66 100,0
Masculino 03 7,7 26 66,7 10 25,6 39 100,0
Total 12 11,42 72 68,58 21 20,0 105 100,0
Qui-quadrado = 1,777 p valor = 0,411
Tabela 2: Distribuição dos adolescentes de acordo com o indicador E/I e o sexo (MT, 2018).
Classificação de E/I Total
n % n % n %
Feminino 07 10,6 59 89,4 66 100,0
Masculino 04 10,3 35 89,7 39 100,0
Gatti e Ribeiro (2007) destacam em seu estudo que quando se avalia o crescimento
físico envolvendo o estado nutricional na adolescência além do peso e da estatura, deve-se
considerar a maturação sexual que é representada pelo aparecimento dos caracteres sexuais
secundários sendo que a idade cronológica na adolescência deixa de ser um parâmetro seguro.
Porém a avaliação da maturação sexual baseada nos caracteres sexuais secundários apresenta
dificuldades para sua realização devido a fatores culturais, necessidade de local apropriado e
profissionais qualificados.
Ao longo da adolescência o aumento dos valores de IMC pode ser interpretado como
um marcador do amadurecimento, expresso pelo aumento na estatura e nas alterações da
composição corporal. A diferença no ritmo de amadurecimento sexual entre os sexos é
evidentemente maior no período de até 15 anos, período esse de maior contraste, decrescendo
depois, à medida que os estagiamentos de meninas e meninos se aproximam (GATTI e
RIBEIRO, 2007).
Como esse estudo mostra um aumento de adolescentes com excesso de peso a partir
do aumento da idade, vale ressaltar que a prevenção deve ser feita desde a infância, já que se
torna algo muito mais difícil de reverter quando se chega à vida adulta já com obesidade, por
isso a importância de programas de educação alimentar envolvendo toda a família.
Tabela 3 - Distribuição dos adolescentes de acordo com o indicador IMC/I e a idade (MT, 2018).
Classificação do IMC/I
Risco de baixo Eutrofia Excesso de peso Total
Idade
peso
n % n % n % n %
14 anos 10 11,5 61 70,1 16 18,4 87 100,0
15 anos 01 7,2 10 71,4 03 21,4 14 100,0
16 anos 01 25,0 01 25,0 02 50,0 04 100,0
Total 12 11,42 72 68,58 21 20,0 105 100,0
Qui-quadrado = 3,951 p valor = 0,412
Na tabela 4 observa-se que o risco de baixa estatura também aumenta com a idade,
mostrando que o déficit de estatura vai se agravando, provavelmente porque os alunos mais
velhos, já fora da idade adequada para a 9ª ano, são os que têm problemas de crescimento,
desenvolvimento e aprendizagem. Apesar do aumento significativo da média da estatura nos
países em desenvolvimento, seu déficit ainda continua sendo um problema de saúde pública
em muitos deles. Pedraza e Menezes (2014) falam que as estimativas da Organização das
Nações Unidas indicam que 34% das crianças de todo o mundo apresentam risco de déficit de
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estatura, percentual que aumenta para 44% quando analisados os países menos desenvolvidos.
De acordo com a análise destes autores, a determinação do déficit de estatura se dá por três
níveis de variáveis: as condições socioeconômicas, os antecedentes maternos e as
características das crianças, representando assim a interação de múltiplos fatores na expressão
do crescimento linear.
Tabela 4 - Distribuição dos adolescentes de acordo com o indicador E/I e idade (MT, 2018):
Classificação de E/I
Risco de baixa estatura Estatura adequada
Idade Total
n % n % n %
14 anos 08 9,2 79 90,8 87 100,0
15 anos 02 14,3 12 85,7 14 100,0
16 anos 01 25,0 03 75,0 04 100,0
Total 11 10,5 94 89,5 105 100,0
Qui-quadrado = 1,268 p valor = 0,530
dependências cantinas, sendo assim os alunos muitas vezes preferem comprar um alimento na
cantina a invés de comer a refeição ofertada pela escola. Observamos que 69,5% dos jovens
estudados compravam merenda na cantina.
A tabela 5 mostra que 15,1% dos alunos que consomem a merenda encontram-se com
risco de déficit ponderal versus 3,13% dos que não consomem. Este resultado, apesar de não
apresentar diferença estatisticamente significativa, nos leva a pensar que a adesão à
alimentação escolar é maior entre aqueles que têm risco nutricional.
Basaglia, Marques e Bematti (2015) destacam que esse é um dado preocupante já que
a alimentação saudável, balanceada e nutritiva é um direito de todos. Mas devido às
necessidades socioeconômicas da população em geral isso nem sempre é possível. Sendo
assim, o ambiente escolar se torna propício para o desenvolvimento de práticas alimentares
saudáveis, melhorando o nível educacional e reduzindo transtornos de aprendizado causados
por deficiências nutricionais, tais como anemia e desnutrição.
O sobrepeso e a obesidade foram alterações nutricionais mais freqüentes entre os
adolescentes avaliados (20,5% entre os que consomem a alimentação escolar VS 18,7% entre
os que não consomem). Essa observação está de acordo com a situação que vem sendo
relatada a partir de dados populacionais, que mostram um aumento na prevalência de
sobrepeso e redução na ocorrência de baixo peso em jovens brasileiros (CORRÊA, COGNI;
CINTRA, 2008) e independe da aceitação ou não da alimentação escolar, já que a prevalência
de excesso de peso foi semelhante entre os dois grupos.
Carlini, Costa e Mesquita (2015) destacam que o estímulo e a realização de práticas de
educação nutricional são necessários já que, mesmo aderindo efetivamente à alimentação
escolar, existem adolescentes que não a avaliam como saudável, já que muitos estudantes
entendem como alimentação saudável um tipo de refeição que, além de fazer bem para a sua
saúde, deve estar em correspondência com os seus hábitos alimentares. Contudo, sabe-se que,
nessa população, de um modo geral, os hábitos alimentares se caracterizam pela substituição
de alimentos tradicionais por outros com baixo valor nutricional e elevada concentração de
energia e de mais fácil consumo, sendo eles destacados os refrigerantes e guloseimas,
alimentos esses que não fazem parte dos cardápios escolares. Mais uma vez, ressalta-se a
importância de atividades de educação alimentar e nutricional, as quais podem contribuir para
27
Ao se analisar a tabela 6, nota-se que os alunos que não consumiam a merenda tiveram
uma prevalência de risco de déficit de crescimento um pouco maior dos que os que
consumiam a merenda, embora sem diferença estatisticamente significativa, ao contrário do
observado com o déficit ponderal.
Santos et al. (2005) explicam que a estatura final pode ser resultado da interação entre a
influência de fatores genéticos e ambientais, e essas variações na estatura podem refletir
problemas nutricionais associados às diferenças socioeconômicas, sendo comum a presença
de déficit estatura em adolescentes brasileiros de classes econômicas menos favorecidas.
Nas últimas décadas tem-se estudado muito os hábitos alimentares neste estágio de vida.
Alguns autores descrevem que nesta fase há um alto consumo de alimentos processados,
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como lanches fastfood, refrigerantes e doces, ricos em gorduras, sódio e açúcares simples que,
somados ao sedentarismo e ao longo período destinado à TV, computador e videogames,
estão diretamente relacionados com a incidência de obesidade entre outras doenças crônicas
não transmissíveis durante a adolescência e a vida adulta (PEREIRA, PEREIRA; ANGELIS-
PEREIRA, 2017).
Sendo assim mudanças no estilo de vida desses adolescentes são necessários para
combater o atual perfil nutricional desses indivíduos, por isso ressalta-se a importância da
implementação de programas voltados para alimentação saudável e que incentivem a prática
de exercícios físicos (SANTOS, 2018).
Quando se trabalha com adolescentes é importante ressaltar que intervenções devem ser
implantadas para que haja uma redução do agravo do estado nutricional nesse grupo, e assim
proporcionar a prevenção de doenças na vida adulta.
Para a eliminação das taxas de risco de baixo peso e obesidade, é necessário intensificar
os investimentos públicos em saneamento, saúde e educação, fatores para que haja melhorias
no desenvolvimento adequado desses adolescentes.
Este período da adolescência pode ser a última oportunidade para programar estratégias
a fim de se corrigir déficits no desenvolvimento (PERES, LATORRE; SLATER, 2012), o que
reforça a urgência de se adotar programas de educação alimentar e nutricional tendo como
público alvo principal estes indivíduos, destacando-se neste caso a escola como um dos canais
mais efetivos para a incorporação destas ações.
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5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Nágila Araújo de. Fatores associados à não adesão e à não aceitação da
alimentação escolar por alunos de escolas publicas de tempo integral. Dissertação
(Mestrado em Nutrição e Saúde) – Universidade Federal de Goiás, Goiás, Goiânia, 2015.
OLIVEIRA, L. P. M. et al. Índice de massa corporal obtido por medidas autorreferidas para a
classificação do estado antropométrico de adultos: estudo de validação com residentes no
município de Salvador, estado da Bahia, Revista Epidemiologia e Serviço de Saúde,
Brasília , v. 21, n. 2, p. 325-32, 2012.
PERES, S. V.; LATORRE, M. R. O.; SLATER, B., Prevalência de excesso de peso e seus
fatores associados em adolescentes da rede de ensino público de Piracicaba, São Paulo.
Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 57-64, 2012.
SANTOS, Rayssa Leal dos Santos. Avaliação do estado nutricional de adolescentes: uma
análise de tendência (2014 a 2016). 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Nutrição) - Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, Universidade Federal da
Paraíba, João Pessoa, 2018.
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
____________________________________
Assinatura do(a) menor
44
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
Eu,___________________________________________________________________,CPF:_
_____________________________, fui informado(a) dos objetivos da pesquisa acima de
maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas e autorizo a participação do meu filho(a)
na pesquisa. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar
minha decisão se assim o desejar. Fui informado(a) que todos os dados desta pesquisa serão
confidenciais. Em caso de dúvidas poderei entrar em contato com a coordenadora ou com o
Comitê de Ética em Pesquisa.
Cuiabá,_____/_____/2018
__________________________________
Assinatura do(a) responsável pelo aluno