Você está na página 1de 39

NUTRIÇÃO

LARA FULGÊNCIO ROCHA

OCORRÊNCIA DE COMPULSÃO ALIMENTAR EM MULHERES OBESAS

Itaperuna
2020
LARA FULGÊNCIO ROCHA

OCORRÊNCIA DE COMPULSÃO ALIMENTAR EM MULHERES OBESAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito
parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Nutrição ao
Centro Universitário Redentor.

Orientador: Graciely Nunes Rosa Borges

Itaperuna
2020

FOLHA DE APROVAÇÃO
Autora: LARA FULGÊNCIO ROCHA
Título: OCORRÊNCIA DE COMPULSÃO ALIMENTAR EM MULHERES OBESAS
Natureza: Trabalho de Conclusão de Curso
Objetivo: Título de Bacharel em Nutrição
Instituição: Centro Universitário Redentor
Área de Concentração: Nutrição Clínica
Aprovada em:____/_____/______
Banca Examinadora:

___________________________________________
Prof. Arthur da Silva Gomes
Instituição: Centro Universitário Redentor

___________________________________________
Profª. Sandra Tavares da Silva
Instituição: Centro Universitario Redentor

____________________________________________
Profª. Graciely Nunes Rosa Borges
Instituição: Centro Universitário Redentor
LISTA DE TABELAS

1. Tabela 1 - Distribuição das mulheres de acordo com grau de


obesidade................................................................................................12
2. Tabela 2 - Distribuição de acordo com a faixa etária das mulheres
entrevistadas...........................................................................................12
3. Tabela 3 – Ocorrência de compulsão alimentar em mulheres com
obesidade............................................................................................... 13
LISTA DE ABREVIATURAS

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis


IMC – Índice de Massa Corporal
TCAP – Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
BES – Binge Eating Scale
DEDICATÓRIA

‘’Á Deus que com seu infinito amor mostrou-se presente em todos os
momentos.”

“Ás minhas queridas amigas Caroline Silveira e Stella Righetti.”

“Á minha maravilhosa mãe por permitir que meu sonho se tornasse


realidade.”

“Á todas as mulheres obesas.”

RESUMO
A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que atualmente temos para
enfrentar. É estimado que no ano de 2025, 2,3 bilhões de adultos em todo o mundo
estejam acima do peso, onde 700 milhões apresentarão obesidade, ou seja, um
índice de massa corporal (IMC) maior que 30. Nos últimos treze anos, no Brasil,
essa doença crônica aumentou 67,8%, saindo de 11,8% em 2016 para 19,8% em
2018. Estudos correlacionando a obesidade com o transtorno da compulsão
alimentar periódica vêm sendo cada vez mais vistos, uma vez que o índice de
compulsão alimentar em pessoas com obesidade é alto. A compulsão alimentar é
considerada um distúrbio alimentar, característico por apresentar episódios de
descontrole, ingestão de alimentos em excesso, mesmo sem a presença de fome,
acompanhada de culpa, raiva, frustrações, etc. O objetivo desse estudo é verificar
ocorrência de compulsão alimentar através da Escala de Compulsão Alimentar
Periódica BES (Binge Eating Scale), em uma amostra de mulheres obesas
atendidas pelo Programa de Saúde da Família. Os resultados obtidos demostraram
baixa ocorrência de compulsão alimentar em mulheres obesas, reforçando a
necessidade de estudos mais aprofundados acerca do tema.
Palavras-chave: obesidade; compulsão alimentar; binge eating scale.
ABSTRACT

Obesity is one of the most serious health problems that we currently have to face. It
is estimated that in the year 2025, 2.3 billion adults worldwide are overweight, where
700 million will have obesity, that is, a body massa index (BMI) greater than 30. In
the last thirteen years, in the Brazil, this chronic disease increased 67,8%, going from
11,8% in 2016 to 19,8% in 2018. Studies correlating obesity whit bing eat desorder
have been increasingly seen, since the index of binge eating in people with obesity is
high. Binge eating is considered an eating disorder characterized by episodes of lack
of control, excessive food intake, even without the presence of hunger, accompanied
by guilt, anger, frustations, etc. The objective of this study is to verify the occurrence
of binge eating using the Binge Eating Scale (BES) in a sample of obese women
attended by the Family Health Program. The results obtained demonstrated a low
occurrence of binge eating in obeses woman, reinforcing the need for further studies
on the subject.
Keywords: obesity; binge eating desorder; binge eating scale.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
2. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................11
3. RESULTADOS.....................................................................................................12
4. DISCUSSÃO........................................................................................................13
5. CONCLUSÃO.......................................................................................................17
REFERÊNCIAS...........................................................................................................18
(APÊNDICE I)..............................................................................................................31
(APÊNDICE II).............................................................................................................34
10

1. INTRODUÇÃO

O corpo é resultado de uma elaboração social, e as características que


o constituem para serem consideradas como “bonitas” são, na maioria das
vezes, criadas pelos padrões de beleza, bem como ideais corporais, impostos
pela sociedade, que por possuir diferentes dinâmicas, irá variar em diversos
contextos sociais, culturais e históricos. Possui grande importância como
constituinte da realidade biopoliticohistórica, apresentando mudanças na
percepção do mesmo bem como sua sensorialidade através de mudanças
políticas de cada momento, não envolvendo somente razões biológicas, mas
de história também. Através desse contexto, devido as alterações presentes
no contexto sócio histórico que ocorreram no decorrer do século XX e no
mundo contemporâneo, o corpo passou a ter uma liberdade que esconde um
sistema complexo de exagerada observação e condenação para as pessoas
que não se encaixam nos padrões de beleza moldados pelo mercado (SILVA
et al., 2018). A
magreza, caracterizada pelo corpo magro, que nos tempos passados
simbolizava fraqueza e falta de alimentos, possui valorização e toma forma de
modelo dominante e, atualmente, vem sendo considerado como algo que
todas as pessoas precisam buscar, não dependendo de classe social, de
etnia ou gênero, buscando alimentar um desejo que não é próprio, mas sim o
que é imposto para que seja aceito pela sociedade. Concomitante a isso, o
corpo gordo, antes considerado uma forma de mostrar abundância, poder e
riqueza, nos dias atuais é tachado como inadequado devido a supremacia da
magreza (SILVA et al., 2018). É estimado que
no ano de 2025, 2,3 bilhões de adultos em todo o mundo estejam acima do
peso, onde 700 milhões apresentarão obesidade, ou seja, um índice de
massa corporal (IMC) maior que 30. Nos últimos treze anos, no Brasil, essa
doença crônica aumentou 67,8%, saindo de 11,8% em 2016 para 19,8% em
2018. A maior taxa de crescimento foi entre adultos de 25 e 34 anos (84,2%)
e de 35 a 44 anos (81,1%). Atualmente, no Brasil, 20,7% das mulheres
apresentam obesidade e 18,7% dos homens também apresentam (ABESO,
2020). No atual cenário, onde a
obesidade transformou-se no estigma de algo que as pessoas não querem ter
11

e a magreza transformou-se em sinônimo de saúde, é observado o uso


constante de estratégias não adequadas para controle de peso (restrição
alimentar, exercício físico excessivo, uso de laxantes, diuréticos, medicação
para emagrecer e até mesmo vômitos) compulsão alimentar e presença de
atitudes alimentares inadequadas (DUNKER et al.,2015).
Recentemente definido, o Transtorno da Compulsão
Alimentar Periódica (TCAP) é uma categoria diagnóstica geralmente
relacionada com distúrbios mentais e excesso de peso, podendo ocasionar
obesidade. A compulsão alimentar caracteriza-se por ser um distúrbio
obstinado da alimentação que tem como atributo um comportamento
relacionado com ingestão alimentar que pode resultar em alterações no
consumo e absorção do alimento. Tal distúrbio é seguido por sensação de
ansiedade subjetiva, unindo-se ao constrangimento, repugnância e/ou culpa.
Alguns estudos mostram que o indivíduo que come compulsivamente engloba
no mínimo dois elementos: o subjetivo, onde observa-se o sentimento de falta
de controle e o objetivo, que se relaciona com a quantidade do consumo de
alimentos. Ademais, o estresse é um fator que pode conduzir ao aumento de
crises de compulsão alimentar, visto que nessa condição emocional, os níveis
de cortisol são aumentados estimulando assim a ingestão de alimentos e
consequentemente o aumento do peso (MARÇAL & JARDIM JÚNIOR, 2018).
Dessa forma, destaca-se
a relevância da compreensão sobre o comportamento alimentar e sua relação
com o excesso de peso, bem como a influência da distorção da imagem
corporal no Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. Objetivou-se
nesse estudo avaliar a ocorrência de compulsão alimentar em mulheres
obesas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo baseia-se em uma estratégia de caráter descritivo através de


uma pesquisa de campo. Para o presente estudo participaram 41 mulheres com
idade entre 18 e 65 anos, atendidas no Programa Saúde da Família (PSF) no bairro
Cehab e no bairro Hospital na cidade de Miracema/RJ. Foram coletados dados
como peso e estatura com intuito de classificar o Índice de Massa Corporal (IMC)
12

das participantes para verificar a presença de obesidade. Foram coletados alguns


dados através da aplicação da Escala de Compulsão Alimentar Periódica BES -
Binge Eating Scale - (Apêndice II). O questionário é composto por etapas.
Características da compulsão alimentar foram definidas, gerando um grupo de 16
itens. Cada afirmativa é correspondente a uma pontuação, entre 0 a 3, e o score
final é o resultado obtido pela soma dos pontos de cada item. Juntamente com a
Escala de Compulsão Alimentar Periódica BES (Binge Eating Scale), que foi
apresentada em forma de questionário online, estava presente o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I), que teve como objetivo esclarecer
possíveis dúvidas para que as participantes da pesquisa pudessem tomar sua
decisão de participação de forma justa e sem constrangimentos. Este projeto foi
submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa e a aplicação do questionário, assim como
análise do mesmo, ocorreu após a aprovação por esse órgão.

3. RESULTADOS

Participaram da pesquisa um total de 41 mulheres, sendo todas elas


diagnosticadas com obesidade grau I ou grau II, representando 100% da amostra
total. O maior índice de obesidade observado foi correspondente ao grau I,
representando 68,2% (n=28) da amostra, conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição das mulheres de acordo com grau de obesidade.


Variável N %

IMC (m²)
Obesidade grau I 28 68,2
Obesidade grau II 13 31,8
IMC= índice de massa corporal.

As participantes apresentaram idade entre 18 e 65 anos e foram


classificadas em quatro grupos de acordo com a faixa etária, sendo a maior
parte da amostra composta por mulheres com idade entre 18-25 anos,
representando um total de 34,1% (n=14) e a menor parte da amostra
composta por mulheres com idade entre 26-35 anos, representando um total
de 14,6% (n=6), conforme descrito na tabela 2.
13

Tabela 2 - Distribuição de acordo com a faixa etária das mulheres


entrevistadas.
Faixa etária Entrevistada Porcentagem
(anos) s (%)
(n)

18-25 14 34,1
26-35 6 14,6
36-45 9 21,9
46-65 12 29,2

Em relação aos resultados obtidos através da escala de compulsão


alimentar BES (Binge Eating Scale), a maior parte da amostra encaixou-se no
grupo classificado como “normal”, ou seja, que não apresenta o transtorno da
compulsão alimentar periódica, representando 48,7% (n=20) das mulheres.
Verificou-se também que 31,7% (n=13) das participantes apresentaram o que
foi denominado de “variação de inclinação ao comer muito” ou seja, variam
entre não comer nada a comer muito, e 19,5% (n=8) das participantes
apresentaram compulsão alimentar periódica, conforme apresentado na
tabela 3.

Tabela 3 - Ocorrência de compulsão alimentar nas mulheres com obesidade.


TCAP N %

Sim 8 19,5
Variação a inclinação de comer muito 20 31,7
Não 13 48,7
TCAP= transtorno da compulsão alimentar periódica.

4. DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi aplicar a escala BES (Binge Eating Scale)
no intuito de avaliar a presença de compulsão alimentar periódica em mulheres com
obesidade.
O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) foi descrito pela
primeira vez por Stunkard, no ano de 1959, sendo uma forma patológica de
hiperfagia que acometia pacientes com quadro clínico de obesidade (COUTINHO,
2006). Os critérios diagnósticos específicos do transtorno da compulsão alimentar
periódica e sua classificação como “transtorno alimentar” surgiram a partir de 2013,
14

de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – Quinta


Edição/ DSM 5 (American Psychiatric Association, 2014). Ademais, a Classificação
Internacional de Doenças (CID) identificou pela primeira vez em sua 11ª edição o
diagnóstico da TCA, ainda sobre denominação em inglês de “binge eating desorder”
(WORD HEALT ORGANIZATION, 2018).
Segundo Baldam et al. (2012), fatores como predisposições
genéticas, aspectos socioculturais e vulnerabilidades biológicas e psicológicas
representam grande importância no que se diz respeito a compreensão dos
transtornos alimentares, visto que a relação emocional existente entre o ser humano
e o alimento tem início na infância, logo ao início do aleitamento materno, sendo
perdurada por toda a vida. Viera e Meyer (2013) afirmam que existem pessoas
obesas que apresentam padrões disfuncionais de alimentação e, que por
consequência disso, adquirem transtornos alimentares, tal como o transtorno da
compulsão alimentar periódica (TCAP).
As participantes do estudo que apresentaram o
transtorno da compulsão alimentar periódica -19,5% (n=8) - apresentaram idade
entre 19 e 46 anos, onde 12,1% (n=5) apresentaram obesidade grau I. Cerca de
1,4% a 5% da população apresenta sintomas de compulsão alimentar. Indivíduos
que procuram tratamento para perda de peso apresentam maior prevalência desse
transtorno, ficando entre 15 e 30,1%. Pessoas obesas graves submetidas a cirurgia
bariátrica podem apresentar uma prevalência maior ainda, acima de 50%.
Comparado a outros transtornos alimentares, a incidência do transtorno da
compulsão alimentar possui maior diversificação em relação à média de idade e
sexo (KLOBUKOWSKI & HÖFELMANN, 2017).
Segundo Araújo el al. (2020), a
obesidade é um fenômeno que abrange números preocupantes no mundo inteiro, e
sua manifestação está associada a diminuição da qualidade de vida através da
carga de doenças relacionais. O cenário epidemiológico mostra que a obesidade é
um problema de saúde pública que pode ser evitado, entretanto, é negligenciado em
aspectos socioculturais que envolvem sua complexidade.
É impossível apontar um tipo de
personalidade para pessoas obesas, entretanto, alguns estudos evidenciam que o
comportamento prevalente entre esses indivíduos tem a ver com impulsividade,
menor autocontrole alimentar e perfeccionismo (MYSLOBODSKY, 2003 apud
15

FIGUEIREDO et al., 2014). Diante das respostas obtidas pelo questionário aplicado,
foi observado que 31,7% (n=13) das participantes afirmaram que ficam
constrangidas com a própria aparência e peso, sentindo-se desapontadas consigo
mesmas. Além disso, 41,4% (n=17) das participantes responderam que sentem ter
falhado em controlar o próprio comportamento alimentar em relação a outras
pessoas e 439, % (n=18) afirmaram que de vez em quando comem alguma coisa
por impulso, mesmo quando não estão realmente com fome.
Das oito participantes diagnosticadas
com o transtorno da compulsão alimentar periódica, cinco afirmaram que
apresentam o forte hábito de comer quando estão chateadas e que nada parece
ajudar a parar com esse hábito. Além disso, seis participantes com TCAP
afirmaram comer tanta comida que, regularmente, sentem-se bastante
desconfortáveis depois de comer e, algumas vezes, um pouco enjoadas. Segundo
Vitolo et al. (2006), mulheres com TCAP tendem a comer proporcionalmente ao seu
tamanho corporal. Um estudo realizado com 143 mulheres, com idade média de 22
anos, que tinha como objetivo verificar a relação entre diversas situações sociais e
comportamentos alimentares específicos, observou que as mulheres que
apresentavam TCAP comeram em maior quantidade em diferentes situações, não
considerando o tipo de situação envolvida. Um aspecto
a ser observado durante a aplicação dos questionários tem relação com a forma
como as participantes responderam ao questionário proposto, não descartando a
possibilidade de ter havido sentimentos relacionados a vergonha em relação as
afirmativas apresentadas, podendo contribuir assim com um fator limitante para
fidedignidade dos resultados obtidos, uma vez que as afirmativas podem não ter
sido escolhidas de forma sincera.
Este estudo investigou a relação entre TCAP e obesidade em mulheres,
revelando um maior índice de mulheres obesas sem compulsão alimentar periódica
quando comparadas a mulheres com esse transtorno, não corroborando com a ideia
principal da pesquisa. Foi observado a prevalência de TCAP em 19,5% da amostra
estudada, resultado abaixo do esperado quando comparado a literatura. De acordo
com Biagio et al. (2020), existe limitação no que se diz respeito ao conhecimento
sobre a prevalência de alterações em padrões de comportamentos alimentares em
indivíduos com sobrepeso e obesidade, bem como a aderência ao tratamento
dietético.
16

Palmeira et al. (2020), afirmam que a obesidade pode ser entendida como
uma doença demasiadamente estigmatizada e existem evidências que mostram
como os indivíduos obesos sofrem tratamentos preconceituosos em diversos
contextos sociais, incluindo ambientes educacionais, de saúde, sociais e
educacionais, além das relações interpessoais. Danos severos como preconceito,
discriminação e exclusão da sociedade, vem sendo observados naqueles que
apresentam uma imagem corporal considerada inadequada e em dissonância com
os padrões de beleza. Presenciar essas situações pode gerar prejuízos para gestão
de peso, contribuindo para que haja ainda maior ganho do mesmo, visto que os
indivíduos que vivenciam esse estigma podem estar menos inclinados a praticar
exercícios físicos em público, experimentando assim mais estresse. Evidências
mostram que a estigmatização do peso é um fator preditivo para o transtorno da
compulsão alimentar periódica, reganho de peso e outros fatores de risco
(PALMEIRA et al., 2020). O termo estigma possui origem
na civilização grega e fazia referência a sinais feitos com fogo ou com cortes nos
corpos de pessoas consideradas não aptas para aceitação plena na sociedade.
Pode-se afirmar que aqueles que apresentavam essas marcas corporais eram
rejeitados pela sociedade por serem tidos como pessoas moralmente defeituosas e
que representavam vergonha e desonra. Levando em consideração a
estigmatização que pessoas com obesidade sofrem e o isolamento consequente no
qual se sujeitam, é necessário que haja a elaboração de um diálogo que aborde o
processo socialmente construído de estigmatização, relacionando-o com a temática
da obesidade (LOPES & MEDEIROS, 2017). A Organização
Mundial de Saúde (OMS) negligencia a dimensão do estigma social da obesidade
mesmo reconhecendo o potencial risco que essa doença apresenta a saúde física e
mental. Assim sendo, é preciso repensar obesidade e o estigma causado nas
pessoas acometidas por ela, uma vez que quase 20% da população brasileira é
atingida por essa doença e a proporção do estigma de obesidade com suas
influências negativas à saúde mental dos indivíduos obesos não é levado em
consideração (ARAÚJO et al., 2020). Levando
em consideração que a obesidade é uma condição multifatorial, é correto aceitar que
os diferentes tipos de obesidade existem, procurando definições que dissociem o
termo da visão biomédica e/ou do resumo em malefícios a saúde, relacionando
também a palavra obesidade com cursos de vida em um corpo maior, visto que essa
17

doença é um espaço de vivência onde o sujeito vive uma experiência e, no caso de


inúmeras pessoas, uma condição de vida (PEREZ, 2017).

5. CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, notou-se uma pequena ocorrência de


compulsão alimentar em mulheres obesas. A escala de compulsão alimentar
periódica aplicada mostrou-se útil e de fácil aplicação para os estudos, contudo, os
dados ainda não estão completamente elucidados, surgindo assim uma necessidade
de maior conteúdo bibliográfico a respeito do assunto. Considerando que o estigma
da obesidade apresenta consequências comportamentais, desconsiderar essa
variável na obtenção de esclarecimentos sobre o tema pode dificultar sua
compreensão. O transtorno da compulsão alimentar requer cuidados
multidisciplinares, ressaltando a importância de auxílio psicológico e nutricional. É
necessário, portanto, que haja o desenvolvimento de novas reflexões e pesquisas
relacionadas ao tratamento adequado a esse transtorno, compreendendo de forma
mais profunda sua relação com a obesidade.
18

REFERÊNCIAS

ABESO – Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.


Mapa da obesidade.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais. Artmed Editora.

LIMA, K; DE FREITAS, M. C. S; PENA, P. G. L. Iatrogenia e Estigma de Obesidade.  The


Journal of the Food and Culture of the Americas, v. 2, n. 1, p. 4-20, 2020.

BALDAM, E. A. P et al. Tratamento da compulsão alimentar relacionada à obesidade.


RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 2, n. 10, 2012.

BIAGIO, L. D; MOREIRA, P; AMARAL, C. K. Comportamento alimentar em obesos e sua


correlação com o tratamento nutricional. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 69, n. 3, p.
171-178, July  2020.

COUTINHO, W. F. Avaliação e tratamento da compulsão alimentar no paciente obeso.


Einstein, supl, v. 1, p. 49-52, 2006.

DUNKER, K.; ALVARENGA, M.; ROMANO, E.; TIMERMAN, F. Nutrição comportamental na


prevenção conjuntada obesidade e comer transtornado. In ALVARENGA, M; ANTONACCIO,
C; FIGUEIREDO, M; TIMERMAN, F. Nutrição Comportamental. 1 ed. Barueri: Manole,
2015. p. 1046.

FIGUEIREDO, M. D et al. Comportamento alimentar e perfil psicológico de mulheres


obesas. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, [S.I.], v.3, n. 1, p. 43-54, dez.
2014.
GROESZ, L. M. et al. What is eating you? Stress and the drive to eat. Appetite, London, v.
58, n. 2, p. 717-721, 2012.

KLOBUKOWSKI, C., & HOFELMANN, D.A. (2017). Binge eating in overweight users of
primary health care: prevalence and associated factors. Cadernos de Saúde Coletiva,
25(4), 443-452.

MEDEIROS, O. C. R; LOPES, V. R. Estigmas da Obesidade no Contexto das Organizações:


Abominação, Fracasso e Incapacidade. Revista Organizações em Contexto, v. 13, n. 25, p. 21-49.

MARÇAL, T. A. E. A; JARDIM JÚNIOR, E. G. Intervenção psicológica em adultos obesos


com o transtorno da compulsão alimentar periódica. Arch of Healt Invest. 2018.

MYSLOBODSKY, M. Gourmand savants and environmental determinants of obesity.


Obesity Review, Oxford, v. 4, p. 121-128, 2003.

PALMEIRA, C. S et al . Estigma percebido por mulheres com excesso de peso. Rev. Bras.


Enferm.,  Brasília, v. 73, supl. 4, e20190321, 2020.

PEREZ, I. C. G. Significados e percepções atribuídos à qualidade de vida por mulheres


que vivem com obesidade. 2017. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
19

SILVA, A. F. S et al. A magreza como normal, o normal como o gordo: REFACS. Uberaba,
MG, v. 6, n. 4, p. 808-813, 2018.

SILVA, da B. M. S. Sintomas de Ansiedade, Depressão, Compulsão Alimentar e


Qualidade de Vida em Mulheres com Obesidade. Dissertação (Mestrado) - Escola
Bahiana de Medicina e Saúde Pública. ESBMSP. Salvador. 2015. 58p.

VIEIRA, A. E; MEYER, E. Considerações a respeito da terapia cognitivo-comportamental e


do transtorno de compulsão alimentar periódica. Artigo apresentado ao Programa de Pós-
Graduação da Wainer & Piccoloto como requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista em Psicologia Clínica, 2013.

VITOLO, M. R; BORTOLINI, G. A; HORTA, R. L. Prevalência de compulsão alimentar entre


universitárias de diferentes áreas de estudo. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre, v.
28, n. 1, p. 20-26, Apr. 2006.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. ICD - 11: International classification of disease for


mortality and morbidity statistics. 11ª Revision. World Health Organization, 2018.
20

ARTIGO CIENTÍFICO

Este artigo foi redigido de acordo com as normas do periódico:


Revista Interdisciplinar Pensamento Científico (REINPEC)
Disponível em: http://www.reinpec.org/
21

OCORRÊNCIA DE COMPULSÃO ALIMENTAR EM MULHERES


OBESAS

Lara Fulgêncio Rocha1

Graduanda em Nutrição

Graciely Nunes Rosa Borges2

Especialista em Nutrição Clínica

Resumo

A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que atualmente temos para
enfrentar. É estimado que no ano de 2025, 2,3 bilhões de adultos em todo o mundo estejam
acima do peso, onde 700 milhões apresentarão obesidade, ou seja, um índice de massa
corporal (IMC) maior que 30. Nos últimos treze anos, no Brasil, essa doença crônica
aumentou 67,8%, saindo de 11,8% em 2016 para 19,8% em 2018. Estudos correlacionando
a obesidade com o transtorno da compulsão alimentar periódica vêm sendo cada vez mais
vistos, uma vez que o índice de compulsão alimentar em pessoas com obesidade é alto. A
compulsão alimentar é considerada um distúrbio alimentar, característico por apresentar
episódios de descontrole, ingestão de alimentos em excesso, mesmo sem a presença de
fome, acompanhada de culpa, raiva, frustrações, etc. O objetivo desse estudo é verificar
ocorrência de compulsão alimentar através da Escala de Compulsão Alimentar Periódica
BES (Binge Eating Scale), em uma amostra de mulheres obesas atendidas pelo Programa
de Saúde da Família. Os resultados obtidos demostraram baixa ocorrência de compulsão
alimentar em mulheres obesas, reforçando a necessidade de estudos mais aprofundados
acerca do tema.
Palavras-chave: obesidade; compulsão alimentar; binge eating scale.

Abstract

Obesity is one of the most serious health problems that we currently have to face. It is
estimated that in the year 2025, 2.3 billion adults worldwide are overweight, whre 700 milliom
will have obesity, that is, a body massa index (BMI) greater than 30. In the last thirteen
years, in the Brazil, this chronic disease increased 67,8%, going from 11,8% in 2016 to
19,8% in 2018. Studies correlating obesity whit bing eat desorder have been increasingly
seen, since the index of binge eating in people with obesity is high. Binge eating is
considered an eating disorder characterized by episodes of lack of control, excessive food
intake, even without the presence of hunger, accompanied by guilt, anger, frustations, etc.
The objective of this study is to verify the occurrence of binge eating using the Binge Eating
Scale (BES) in a sample of obese women attended by the Family Health Program. The
results obtained demonstrated a low occurrence of binge eating in obeses woman,
reinforcing the need for further studies on the subject.
Keywords: obesity; binge eating desorder; binge eating scale.

INTRODUÇÃO
1
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ. larafsrocha@hotmail.com
2
Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ. graciely.rosa@redentor.edu.br
22

O corpo é resultado de uma elaboração social, e as características que o constituem


para serem consideradas como “bonitas” são, na maioria das vezes, criadas pelos padrões
de beleza, bem como ideais corporais, impostos pela sociedade, que por possuir diferentes
dinâmicas, irá variar em diversos contextos sociais, culturais e históricos. Possui grande
importância como constituinte da realidade biopoliticohistórica, apresentando mudanças na
percepção do mesmo bem como sua sensorialidade através de mudanças políticas de cada
momento, não envolvendo somente razões biológicas, mas de história também. Através
desse contexto, devido as alterações presentes no contexto sócio histórico que ocorreram
no decorrer do século XX e no mundo contemporâneo, o corpo passou a ter uma liberdade
que esconde um sistema complexo de exagerada observação e condenação para as
pessoas que não se encaixam nos padrões de beleza moldados pelo mercado (SILVA et al.,
2018). A magreza, caracterizada pelo corpo magro, que nos tempos passados
simbolizava fraqueza e falta de alimentos, possui valorização e toma forma de modelo
dominante e, atualmente, vem sendo considerado como algo que todas as pessoas
precisam buscar, não dependendo de classe social, de etnia ou gênero, buscando alimentar
um desejo que não é próprio, mas sim o que é imposto para que seja aceito pela sociedade.
Concomitante a isso, o corpo gordo, antes considerado uma forma de mostrar abundância,
poder e riqueza, nos dias atuais é tachado como inadequado devido a supremacia da
magreza. Coexistente atuais (SILVA et al., 2018).
É estimado que no ano de 2025, 2,3 bilhões de adultos
em todo o mundo estejam acima do peso, onde 700 milhões apresentarão obesidade, ou
seja, um índice de massa corporal (IMC) maior que 30. Nos últimos treze anos, no Brasil,
essa doença crônica aumentou 67,8%, saindo de 11,8% em 2016 para 19,8% em 2018. A
maior taxa de crescimento foi entre adultos de 25 e 34 anos (84,2%) e de 35 a 44 anos
(81,1%). Atualmente, no Brasil, 20,7% das mulheres apresentam obesidade e 18,7% dos
homens (ABESO, 2020). Recentemente definido, o Transtorno da
Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é uma categoria diagnóstica geralmente relacionada
com distúrbios mentais e excesso de peso, podendo ocasionar obesidade. . A compulsão
alimentar caracteriza-se por ser um distúrbio obstinado da alimentação que tem como
atributo um comportamento relacionado com ingestão alimentar que pode resultar em
alterações no consumo e absorção do alimento. Tal distúrbio é seguido por sensação de
ansiedade subjetiva, unindo-se ao constrangimento, repugnância e/ou culpa. Alguns estudos
mostram que o indivíduo que come compulsivamente
________________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.
23

engloba no mínimo dois elementos: o subjetivo, onde observa-se o sentimento de falta de


controle e o objetivo, que se relaciona com a quantidade do consumo de alimentos.
Ademais, o estresse é um fator que pode conduzir o aumento de crises de compulsão
alimentar, visto que nessa condição emocional, os níveis de cortisol são aumentados
estimulando assim a ingestão de alimentos e consequentemente o aumento do peso
(MARÇAL & JARDIM JÚNIOR, 2018).
Dessa forma, destaca-se a relevância da compreensão sobre o
comportamento alimentar e sua relação com o excesso de peso, bem como a influência da
distorção da imagem corporal no transtorno da compulsão alimentar periódica. Objetivou-se
nesse estudo avaliar a recorrência de compulsão alimentar em mulheres obesas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo baseia-se em uma estratégia de caráter descritivo através


de uma pesquisa de campo. Para o presente estudo foram selecionadas 41
mulheres entre 18 e 65 anos, atendidas no Programa Saúde da Família (PSF) no
bairro Cehab e no bairro Hospital na cidade de Miracema/RJ. Foram coletados dados
como peso e estatura com intuito de classificar o Índice de Massa Corporal (IMC)
das participantes para verificar a presença de obesidade. Foram coletados alguns
dados através da aplicação da Escala de Compulsão Alimentar Periódica BES -
Binge Eating Scale - (Apêndice II). O questionário é composto por etapas.
Características da compulsão alimentar foram definidas, gerando um grupo de 16
itens. Cada afirmativa é correspondente a uma pontuação, entre 0 a 3, e o score final
é o resultado obtido pela soma dos pontos de cada item. Juntamente com a Escala
de Compulsão Alimentar Periódica BES (Binge Eating Scale), que foi apresentada
em forma de questionário online, estava presente o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice I), que teve como objetivo esclarecer possíveis dúvidas para
que as participantes da pesquisa pudessem tomar suas decisões de forma justa e
sem constrangimentos. Este projeto foi submetido
ao Comitê de Ética e Pesquisa e a aplicação do questionário, assim como análise do
mesmo, ocorreu após a aprovação por esse órgão.

____________________________________________________________________
24

Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.


² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br

RESULTADOS

Participaram da pesquisa um total de 41 mulheres, sendo todas elas diagnosticadas com


obesidade grau I ou grau II, representando 100% da amostra total. O maior índice de
obesidade observado foi correspondente ao grau I, representando 68,2% (n=28) da amostra,
conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1 Distribuição das mulheres de acordo com grau de obesidade.


Variável N %

IMC (m²)
Obesidade grau I 28 68,2
Obesidade grau II 13 31,8
IMC= índice de massa corporal.

As participantes apresentaram idade entre 18 e 65 anos e foram classificadas


em quatro grupos de acordo com a faixa etária, sendo a maior parte da amostra
composta por mulheres com idade entre 18-25 anos, representando um total de
34,1% (n=14) e a menor parte da amostra composta por mulheres com idade entre
26-35 anos, representando um total de 14,6% (n=6), conforme descrito na tabela 2.

Tabela 2 Distribuição de acordo com a faixa etária das mulheres


entrevistadas.
Faixa etária Entrevistada Porcentagem
(anos) s (%)
(n)

18-25 14 34,1
26-35 6 14,6
36-45 9 21,9
46-65 12 29,2

Em relação aos resultados obtidos através da BES (Binge Eating


Scale), a maior parte da amostra encaixou-se no grupo classificado como “normal”,
ou seja, que não apresenta representando 48,7% (n=20) das mulheres. Verificou-se
também que 31,7% (n=13) das participantes apresentaram o que foi denominado de
“variação de inclinação ao comer muito” ou seja, variam entre não comer nada a
25

comer muito, e 19,5% (n=8) das participantes apresentam compulsão alimentar


periódica, conforme apresentado na tabela 3

_______________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.

Tabela 3 Ocorrência de compulsão alimentar nas mulheres com obesidade.


TCAP N %

Sim 8 19,5
Variação a inclinação de comer muito 20 31,7
Não 13 48,7
TCAP= transtorno da compulsão alimentar periódica.

DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi aplicar a escala BES (Binge Eating Scale) no intuito
de avaliar a presença de compulsão alimentar periódica em mulheres com obesidade.
O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) foi descrito pela primeira vez
por Stunkard, no ano de 1959, sendo uma forma patológica de hiperfagia que acometia
pacientes com quadro clínico de obesidade (COUTINHO, 2006). Os critérios diagnósticos
específicos do transtorno da compulsão alimentar periódica e sua classificação como
“transtorno alimentar” surgiram a partir de 2013, de acordo com o Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais – Quinta Edição/ DSM 5 (American Psychiatric
Association, 2014). Ademais, a Classificação Internacional de Doenças (CID) identificou pela
primeira vez em sua 11ª edição o diagnóstico da TCA, ainda sobre denominação em inglês
de “binge eating desorder” (WORD HEALT ORGANIZATION, 2018).
Segundo Baldam et al. (2012), fatores como predisposições genéticas, aspectos
socioculturais e vulnerabilidades biológicas e psicológicas representam grande importância
no que se diz respeito a compreensão dos transtornos alimentares, visto que a relação
emocional existente entre o ser humano e o alimento tem início na infância, logo ao início do
aleitamento materno, sendo perdurada por toda a vida. Viera e Meyer (2013) afirmam que
existem pessoas obesas que apresentam padrões disfuncionais de alimentação e, que por
consequência disso, adquirem transtornos alimentares, tal como o transtorno da compulsão
alimentar periódica (TCAP).
As participantes do estudo que apresentaram o transtorno da compulsão alimentar
periódica -19,5% (n=8) - apresentaram idade entre 19 e 46 anos, onde 12,1% (n=5)
apresentaram obesidade grau I. Cerca de 1,4% a 5% da população apresenta sintomas de
26

compulsão alimentar. Indivíduos que procuram tratamento para perda de preso apresentam
maior prevalência desse transtorno, ficando entre 15 e 30,1%. Pessoas obesas graves
sujeitos a cirurgia bariátrica podem apresentar uma prevalência maior ainda, acima de 50%.

________________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.
Comparado a outros transtornos alimentares, a incidência do transtorno da compulsão
alimentar possui maior diversificação em relação à média de idade e sexo (KLOBUKOWSKI
& HÖFELMANN, 2017).
Segundo Araújo el al. (2020), a obesidade é um fenômeno que abrange números
preocupantes no mundo inteiro, e sua manifestação está associada a diminuição da
qualidade de vida através da carga de doenças relacionais. O cenário epidemiológico
mostra que a obesidade é um problema de saúde pública que pode ser evitado, entretanto,
é negligenciado em aspectos socioculturais que envolvem sua complexidade.
É impossível apontar um tipo de personalidade para pessoas obesas,
entretanto, alguns estudos evidenciam que o comportamento prevalente entre esses
indivíduos tem a ver com impulsividade, menor autocontrole alimentar e perfeccionismo
(MYSLOBODSKY, 2003 apud FIGUEIREDO et al., 2014). Diante das respostas obtidas pelo
questionário aplicado, foi observado que 31,7% (n=13) das participantes afirmaram que
ficam constrangidas com a própria aparência e peso, sentindo-se desapontadas consigo
mesmas. Além disso, 41,4% (n=17) das participantes responderam que sentem ter falhado
em controlar o próprio comportamento alimentar em relação a outras pessoas e 439, %
(n=18) afirmaram que de vez em quando comem alguma coisa por impulso, mesmo quando
não estão realmente com fome. Das oito participantes diagnosticadas com o transtorno
da compulsão alimentar periódica, cinco afirmaram que apresentam o forte hábito de comer
quando estão chateadas e que nada parece ajudar a parar com esse hábito. Além disso,
seis participantes com TCAP afirmaram comer tanta comida que, regularmente, sentem-
se bastante desconfortáveis depois de comer e, algumas vezes, um pouco enjoadas.
Segundo Vitolo et al. (2006), mulheres com TCAP tendem a comer proporcionalmente ao
seu tamanho corporal. Um estudo realizado com 143 mulheres, com idade média de 22
anos, que tinha como objetivo verificar a relação entre diversas situações sociais e
comportamentos alimentares específicos, observou que as mulheres que apresentavam
TCAP comeram em maior quantidade em diferentes situações, não considerando o tipo de
situação envolvida. Este estudo investigou a relação entre TCAP e
obesidade em mulheres, revelando um maior índice de mulheres obesas sem compulsão
alimentar periódica quando comparadas a mulheres com esse transtorno, não corroborando
com a ideia principal da pesquisa. Foi observado a prevalência de TCAP em 19,5% da
27

amostra estudada, resultado abaixo do esperado quando comparado a literatura. De acordo


com Biagio et al. (2020), existe limitação no que se diz respeito ao conhecimento sobre a
prevalência de alterações em padrões de

_______________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.

comportamentos alimentares em indivíduos com sobrepeso e obesidade, bem como a


aderência ao tratamento dietético.
Um aspecto a ser observado durante a aplicação dos questionários tem relação com
a forma como as participantes responderam ao questionário proposto, não descartando a
possibilidade de ter havido sentimentos relacionados a vergonha em relação as afirmativas
apresentadas, podendo contribuir assim com um fator limitante para fidedignidade dos
resultados obtidos, uma vez que as afirmativas podem não ter sido escolhidas de forma
sincera.
Palmeira et al. (2020), afirmam que a obesidade pode ser entendida como uma
doença demasiadamente estigmatizada e existem evidências que mostram como os
indivíduos obesos sofrem tratamentos preconceituosos em diversos contextos sociais,
incluindo ambientes educacionais, de saúde, sociais e educacionais, além das relações
interpessoais. Danos severos como preconceito, discriminação e exclusão da sociedade,
vem sendo observados naqueles que apresentam uma imagem corporal considerada
inadequada e em dissonância com os padrões de beleza. Presenciar essas situações pode
gerar prejuízos para gestão de peso, contribuindo para que haja ainda maior ganho do
mesmo, visto que os indivíduos que vivenciam esse estigma podem estar menos inclinados
a praticar exercícios físicos em público, experimentando assim mais estresse. Evidências
mostram que a estigmatização do peso é um fator preditivo para o transtorno da compulsão
alimentar periódica, reganho de peso e outros fatores de risco (PALMEIRA et al., 2020).
O termo estigma possui origem na civilização grega e fazia referência
a sinais feitos com fogo ou com cortes nos corpos de pessoas consideradas não aptas para
aceitação plena na sociedade. Pode-se afirmar que aqueles que apresentavam essas
marcas corporais eram rejeitados pela sociedade por serem tidos como pessoas
moralmente defeituosas e que representavam vergonha e desonra. Levando em
consideração a estigmatização que pessoas com obesidade sofrem e o isolamento
consequente no qual se sujeitam, é necessário que haja a elaboração de um diálogo que
aborde o processo socialmente construído de estigmatização, relacionando-o com a
temática da obesidade (LOPES & MEDEIROS, 2017). A Organização Mundial de Saúde
28

(OMS) negligencia a dimensão do estigma social da obesidade mesmo reconhecendo o


potencial risco que essa doença apresenta a saúde física e mental. Assim sendo, é preciso
repensar obesidade e o estigma causado nas pessoas acometidas por ela, uma vez que
quase 20% da população brasileira é atingida por essa doença e a proporção do estigma de
obesidade com suas influências negativas à saúde mental dos indivíduos obesos não é
levado em consideração (ARAÚJO et al., 2020).

________________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.
Levando em consideração que a obesidade é uma condição multifatorial, é correto
aceitar que os diferentes tipos de obesidade existem, procurando definições que dissociem
o termo da visão biomédica e/ou do resumo em malefícios a saúde, relacionando também a
palavra obesidade com cursos de vida em um corpo maior, visto que essa doença é um
espaço de vivência onde o sujeito vive uma experiência e, no caso de inúmeras pessoas,
uma condição de vida (PEREZ, 2017).

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, notou-se uma pequena ocorrência de compulsão


alimentar em mulheres obesas. A escala de compulsão alimentar periódica aplicada
mostrou-se útil e de fácil aplicação para os estudos, contudo, os dados ainda não estão
completamente elucidados, surgindo assim uma necessidade de maior conteúdo
bibliográfico a respeito do assunto. Considerando que o estigma da obesidade apresenta
consequências comportamentais, desconsiderar essa variável na obtenção de
esclarecimentos sobre o tema pode dificultar sua compreensão. O transtorno da compulsão
alimentar requer cuidados multidisciplinares, ressaltando a importância de auxílio
psicológico e nutricional. É necessário, portanto, que haja o desenvolvimento de novas
reflexões e pesquisas relacionadas ao tratamento adequado a esse transtorno,
compreendendo de forma mais profunda sua relação com a obesidade.
29

________________________________________________________________________
Centro Universitário Redentor, Nutrição, Itaperuna – RJ, larafsrocha@hotmail.com.
² Centro Universitário Redentor, Itaperuna – RJ, graciely.rosa@redentor.edu.br.

REFERÊNCIAS

ABESO – Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.


Mapa da obesidade.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais. Artmed Editora.

LIMA, K; DE FREITAS, M. C. S; PENA, P. G. L. Iatrogenia e Estigma de Obesidade.  The


Journal of the Food and Culture of the Americas, v. 2, n. 1, p. 4-20, 2020.

BALDAM, E. A. P et al. Tratamento da compulsão alimentar relacionada à obesidade.


RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 2, n. 10, 2012.

BIAGIO, L. D; MOREIRA, P; AMARAL, C. K. Comportamento alimentar em obesos e sua


correlação com o tratamento nutricional. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 69, n. 3, p.
171-178, July  2020.

COUTINHO, W. F. Avaliação e tratamento da compulsão alimentar no paciente obeso.


Einstein, supl, v. 1, p. 49-52, 2006.

DUNKER, K.; ALVARENGA, M.; ROMANO, E.; TIMERMAN, F. Nutrição comportamental na


prevenção conjuntada obesidade e comer transtornado. In ALVARENGA, M; ANTONACCIO,
C; FIGUEIREDO, M; TIMERMAN, F. Nutrição Comportamental. 1 ed. Barueri: Manole,
2015. p. 1046.

FIGUEIREDO, M. D et al. Comportamento alimentar e perfil psicológico de mulheres


obesas. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, [S.I.], v.3, n. 1, p. 43-54, dez.
2014.
GROESZ, L. M. et al. What is eating you? Stress and the drive to eat. Appetite, London, v.
58, n. 2, p. 717-721, 2012.

KLOBUKOWSKI, C., & HOFELMANN, D.A. (2017). Binge eating in overweight users of
primary health care: prevalence and associated factors. Cadernos de Saúde Coletiva,
25(4), 443-452.

MEDEIROS, O. C. R; LOPES, V. R. Estigmas da Obesidade no Contexto das Organizações:


Abominação, Fracasso e Incapacidade. Revista Organizações em Contexto, v. 13, n. 25, p. 21-49.

MARÇAL, T. A. E. A; JARDIM JÚNIOR, E. G. Intervenção psicológica em adultos obesos


com o transtorno da compulsão alimentar periódica. Arch of Healt Invest. 2018.
30

MYSLOBODSKY, M. Gourmand savants and environmental determinants of obesity.


Obesity Review, Oxford, v. 4, p. 121-128, 2003.

PALMEIRA, C. S et al . Estigma percebido por mulheres com excesso de peso. Rev. Bras.


Enferm.,  Brasília, v. 73, supl. 4, e20190321, 2020.

PEREZ, I. C. G. Significados e percepções atribuídos à qualidade de vida por mulheres


que vivem com obesidade. 2017. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

SILVA, A. F. S et al. A magreza como normal, o normal como o gordo: REFACS. Uberaba,
MG, v. 6, n. 4, p. 808-813, 2018.

SILVA, da B. M. S. Sintomas de Ansiedade, Depressão, Compulsão Alimentar e


Qualidade de Vida em Mulheres com Obesidade. Dissertação (Mestrado) - Escola
Bahiana de Medicina e Saúde Pública. ESBMSP. Salvador. 2015. 58p.

VIEIRA, A. E; MEYER, E. Considerações a respeito da terapia cognitivo-comportamental e


do transtorno de compulsão alimentar periódica. Artigo apresentado ao Programa de Pós-
Graduação da Wainer & Piccoloto como requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista em Psicologia Clínica, 2013.

VITOLO, M. R; BORTOLINI, G. A; HORTA, R. L. Prevalência de compulsão alimentar entre


universitárias de diferentes áreas de estudo. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre, v.
28, n. 1, p. 20-26, Apr. 2006.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. ICD - 11: International classification of disease for


mortality and morbidity statistics. 11ª Revision. World Health Organization, 2018.
31

(APÊNDICE I)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Prezado participante,

Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa Ocorrência de


Compulsão Alimentar em Mulheres Obesas, desenvolvida por Lara Fulgêncio Rocha,
discente de graduação em Nutrição do Centro Universitário Redentor, sob orientação
da Professora Graciely Nunes Rosa Borges.
O objetivo central do estudo é avaliar a ocorrência de compulsão alimentar em
mulheres com obesidade, buscando compreender os fatores que promovem tal
distúrbio e a interferência desses fatores no cotidiano das mulheres.
O convite a sua participação se deve à importância de avaliar a presença de
compulsão alimentar em conjunto a obesidade, podendo avaliar a relação entre tais
comorbidades e assim descobrir a interferência na saúde física, bem como na saúde
mental das mulheres.
“Sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória, e você tem plena
autonomia para decidir se quer ou não participar, bem como retirar sua participação a
qualquer momento. Você não será penalizado de nenhuma maneira caso decida não
consentir sua participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito importante para
a execução da pesquisa.”

“Serão garantidas a confidencialidade e a privacidade das informações por você prestadas.”


“Qualquer dado que possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da pesquisa,
e o material será armazenado em local seguro.”

“A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar do


pesquisador informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que poderá ser feito
através dos meios de contato explicitados neste Termo.”
32

Os participantes desse estudo não serão identificados de forma alguma. Qualquer dado que
possa contribuir para essa identificação será omitido nos resultados. Apenas as pesquisadoras
terão acesso a tais informações.

Procedimentos detalhados que serão utilizados na pesquisa


A pesquisa é constituída por três partes: seus dados como altura e idade serão coletados na
UBS do bairro CEHAB; em seguida, ocorrerá uma avaliação física para aferir seu peso e por
fim, você responderá as perguntas de um questionário à pesquisadora do projeto.
Tempo de duração da entrevista/procedimento/experimento
O tempo de duração da aplicação dos questionários será de aproximadamente 30 minutos.
Guarda dos dados e material coletados na pesquisa
Os dados coletados serão armazenados em arquivos digitais, mas somente terão acesso às
mesmas a pesquisadora e sua orientadora. Os resultados serão divulgados no Trabalho de
Conclusão de Curso da referida discente e poderão ser divulgados ainda em artigos
científicos, sem qualquer tipo de identificação dos participantes da pesquisa.
Ao final da pesquisa, todo material será mantido em arquivo, por pelo menos 5 anos,
conforme Resolução 466/12 e orientações do CEP/UNIREDENTOR.
Explicitar benefícios diretos (individuais ou coletivos) ou indiretos aos participantes da
pesquisa
O benefício (direto ou indireto) relacionado com a sua colaboração nesta pesquisa é o de
auxiliar a compreender o comportamento de mulheres obesas verificando a relação do
comportamento com a compulsão alimentar.
Previsão de riscos ou desconfortos
O estudo não prevê riscos físicos aos participantes. Os participantes desse estudo correm risco
de constrangimento e dano emocional durante o momento do preenchimento dos
questionários. Tais consequências podem ocorrer devido ao fato de que questões envolvendo
distúrbios alimentares e obesidade trazem, para a maioria das pessoas, sentimentos negativos.
Questões econômicas e sociais também podem trazer tais sentimentos.
Sobre divulgação dos resultados da pesquisa
Os resultados serão divulgados no trabalho de conclusão de curso da pesquisadora, podendo
ser divulgados em artigos científicos e congressos científicos.
Observações:
1. Ressalta-se que os participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano
previsto ou não no termo de consentimento e resultante de sua participação no estudo, além
do direito à assistência integral, têm direito à indenização, conforme itens III.2.0,IV.4.c, V.3,
V.5 e V.6 da Resolução CNS 466/12.
33

2. Este termo é redigido em duas vias, sendo uma para o participante e outra para o
pesquisador. Todas as páginas deverão ser rubricadas pelo participante da pesquisa e pelo
pesquisador responsável (ou pessoa por ele delegada e sob sua responsabilidade), com ambas
as assinaturas apostas na última página.

“Em caso de dúvida quanto à condução ética do estudo, entre em contato com o Comitê de
Ética em Pesquisa do Centro Universitário Redentor. O Comitê de Ética é a instância que tem
por objetivo defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e
dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Dessa
forma o comitê tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de modo que a
pesquisa respeite os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da dignidade, da
autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade”.

___________________________________________
Lara Fulgêncio Rocha (pesquisador do campo)
________________________________________________________
Graciely Nunes Rosa Borges (pesquisador responsável – orientador)

Contato com o (a) pesquisador(a) responsável (pesquisador de campo) :


Nome: Lara Fulgêncio Rocha
Tel: (22) 997746472
e-mail: larafsrocha@hotmail.com

MIRACEMA, DE NOVEMBRO DE 2020

Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e concordo


em participar.
_________________________________________
(Assinatura do participante da pesquisa)

Nome do participante:
___________________________________________________________
34

(APÊNDICE II)

ESCALA DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA BES (BINGE EATING


SCALE)
Você encontrará abaixo grupos de afirmações numeradas. Leia todas as afirmações em cada
grupo e marque, nesta folha, aquela que melhor descreve o modo como você se sente em
relação aos problemas que tem para controlar seu comportamento alimentar.
#1
( ) 1. Eu não me sinto constrangido(a) com o meu peso ou o tamanho do meu corpo quando
estou com outras pessoas.
( ) 2. Eu me sinto preocupado(a) em como pareço para os outros, mas isto, normalmente, não
me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 3. Eu fico mesmo constrangido(a) com a minha aparência e o meu peso, o que me faz
sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 4. Eu me sinto muito constrangido(a) com o meu peso e, frequentemente, sinto muita
vergonha e desprezo por mim mesmo(a). Tento evitar contatos sociais por causa desse
constrangimento.
#2
( ) 1. Eu não tenho nenhuma dificuldade para comer devagar, de maneira apropriada. ( ) 2.
Embora pareça que eu devore os alimentos, não acabo me sentindo empanturrado(a) por
comer demais.
( ) 3. Às vezes tendo a comer rapidamente, sentindo-me então desconfortavelmente cheio(a)
depois.
( ) 4. Eu tenho o hábito de engolir minha comida sem realmente mastiga-la. Quando isto
acontece, em geral me sinto desconfortavelmente empanturrado(a) por ter comido demais.
#3
( ) 1. Eu me sinto capaz de controlar meus impulsos para comer, quando eu quero.
35

( ) 2. Eu sinto que tenho falhado em controlar meu comportamento alimentar mais do que a
média das pessoas.
( ) 3. Eu me sinto totalmente incapaz de controlar meus impulsos para comer.
( ) 4. Por me sentir tão incapaz de controlar meu comportamento alimentar, entro em
desespero tentando manter o controle.

#4
( ) 1. Eu não tenho o hábito de comer quando estou chateado(a).
( ) 2. Às vezes eu como quando estou chateado(a) mas, frequentemente, sou capaz de me
ocupar e afastar minha mente da comida.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer quando estou chateado(a) mas, de vez em quando,
posso usar alguma outra atividade para afastar minha mente da comida.
( ) 4. Eu tenho o forte hábito de comer quando estou chateado(a). Nada parece me ajudar a
parar com esse hábito.

#5
( ) 1. Normalmente quando como alguma coisa é porque estou fisicamente com fome.
( ) 2. De vez em quando como alguma coisa por impulso, mesmo quando não estou realmente
com fome.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer alimentos que realmente não aprecio para satisfazer
uma sensação de fome, mesmo que fisicamente eu não necessite de comida.
( ) 4. Mesmo que não esteja fisicamente com fome, tenho uma sensação de fome em minha
boca que somente parece ser satisfeita quando eu como um alimento, tipo um sanduíche, que
enche a minha boca. Às vezes, quando eu como o alimento para satisfazer minha “fome na
boca”, em seguida eu o cuspo, assim não ganharei peso.
#6
( ) 1. Eu não sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 2. De vez em quando sinto culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 3. Quase o tempo todo sinto muita culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer
demais.
#7
( ) 1. Eu não perco o controle total da minha alimentação quando estou em dieta, mesmo após
períodos em que como demais.
36

( ) 2. Às vezes, quando estou em dieta e como um alimento proibido, sinto como se tivesse
estragado tudo e como ainda mais.
( ) 3. Frequentemente, quando como demais durante uma dieta, tenho o hábito de dizer para
mim mesmo(a): “agora que estraguei tudo, porque não irei até o fim”. Quando isto acontece,
eu como ainda mais.
( ) 4. Eu tenho o hábito regular de começar dietas rigorosas por mim mesmo(a), mas quebro as
dietas entrando numa compulsão alimentar. Minha vida parece ser “uma festa” ou “um morrer
de fome”.
#8
( ) 1. Eu raramente como tanta comida a ponto de me sentir desconfortavelmente
empanturrado(a) depois.
( ) 2. Normalmente, cerca de uma vez por mês, como uma tal quantidade de comida que
acabo me sentindo muito empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho períodos regulares durante o mês, quando como grandes quantidades de
comida, seja na hora das refeições, seja nos lanches.
( ) 4. Eu como tanta comida que, regularmente, me sinto bastante desconfortável depois de
comer e, algumas vezes, um pouco enjoado(a).
#9
( ) 1. Em geral, minha ingesta calórica não sobe a níveis muito altos, nem desce a níveis muito
baixos.
( ) 2. Às vezes, depois de comer demais, tento reduzir minha ingesta calórica para quase nada,
para compensar o excesso de calorias que ingeri.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer demais durante a noite. Parece que a minha rotina
não é estar com fome de manhã, mas comer demais à noite.
( ) 4. Na minha vida adulta tenho tido períodos, que duram semanas, nos quais praticamente
me mato de fome. Isto se segue a períodos em que como demais. Parece que vivo uma vida de
“festa” ou de “morrer de fome”.
#10
( ) 1. Normalmente eu sou capaz de parar de comer quando quero. Eu sei quando “já chega”.
( ) 2. De vez em quando, eu tenho uma compulsão para comer que parece que não posso
controlar.
( ) 3. Frequentemente tenho fortes impulsos para comer que parece que não sou capaz de
controlar, mas, em outras ocasiões, posso controlar meus impulsos para comer.
37

( ) 4. Eu me sinto incapaz de controlar impulsos para comer. Eu tenho medo de não ser capaz
de parar de comer por vontade própria.
#11
( ) 1. Eu não tenho problema algum para parar de comer quando me sinto cheio(a).
( ) 2. Eu, normalmente, posso parar de comer quando me sinto cheio(a) mas, de vez em
quando, comer demais me deixa desconfortavelmente empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho um problema para parar de comer uma vez que eu tenha começado e,
normalmente, sinto-me desconfortavelmente empanturrado(a) depois que faço uma refeição.
( ) 4. Por eu ter o problema de não ser capaz de parar de comer quando quero, às vezes tenho
que provocar o vômito, usar laxativos e/ou diuréticos para aliviar minha sensação de
empanturramento.

#12
( ) 1. Parece que eu como tanto quando estou com os outros (reuniões familiares, sociais),
como quando estou sozinho(a).
( ) 2. Às vezes, quando eu estou com outras pessoas, não como tanto quanto eu quero comer
porque me sinto constrangido(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 3. Frequentemente eu como só uma pequena quantidade de comida quando outros estão
presentes, pois me sinto muito embaraçado(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 4. Eu me sinto tão envergonhado(a) por comer demais que escolho horas para comer
demais quando sei que ninguém me verá. Eu me sinto como uma pessoa que se esconde para
comer.
#13
( ) 1 Eu faço três refeições ao dia com apenas um lanche ocasional entre as refeições.
( ) 2. Eu faço três refeições ao dia mas, normalmente, também lancho entre as refeições.
( ) 3. Quando eu faço lanches pesados, tenho o hábito de pular as refeições regulares.
( ) 4. Há períodos regulares em que parece que eu estou continuamente comendo, sem
refeições planejadas.
#14
( ) 1. Eu não penso muito em tentar controlar impulsos indesejáveis para comer.
( ) 2. Pelo menos, em algum momento, sinto que meus pensamentos estão “pré-ocupados”
com tentar controlar meus impulsos para comer.
( ) 3. Frequentemente, sinto que gasto muito tempo pensando no quanto comi ou tentando não
comer mais.
38

( ) 4. Parece, para mim, que a maior parte das horas que passo acordado(a) estão “pré-
ocupadas” por pensamentos sobre comer ou não comer. Sinto como se eu estivesse
constantemente lutando para não comer.
#15 ( ) 1. Eu não penso muito sobre comida.
( ) 2. Eu tenho fortes desejos por comida, mas eles só duram curtos períodos de tempo.
( ) 3. Há dias em que parece que eu não posso pensar em mais nada a não ser comida.
( ) 4. Na maioria dos dias, meus pensamentos parecem estar “pré-ocupados” com comida.
Sinto como se eu vivesse para comer.
#16
( ) 1. Eu normalmente sei se estou ou não fisicamente com fome. Eu como a porção certa de
comida para me satisfazer.
( ) 2. De vez em quando eu me sinto em dúvida para saber se estou ou não fisicamente com
fome. Nessas ocasiões é difícil saber quanto eu deveria comer para me satisfazer.
( ) 3. Mesmo que se eu pudesse saber quantas calorias eu deveria ingerir, não teria ideia
alguma de qual seria a quantidade “normal” de comida para mim.
TABELA PARA RESULTADOS

Grade de correção da Escala de Compulsão Alimentar Periódica

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8

1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0


2=0 2=1 2=1 2=0 2=1 2=1 2=1 2=1
3=1 3=2 3=3 3=0 3=2 3=3 3=3 3=2
4=3 4=3 4=3 4=2 4=3 - 4=3 4=3

#9 #10 #11 #12 #13 #14 #15 #16

1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0 1=0


2=1 2=1 2=1 2=1 2=1 2=1 2=1 2=1
3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2 3=2
4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 4=3 -

Resultados:

Menor ou igual 17 = normal

Entre 17 e 30 = variação de inclinação ao comer muito (de nada a muito)

30 ou mais = Compulsão alimentar Periódica


39

Você também pode gostar