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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA

CAMPUS DE SALVADOR

CLÍVIA ELEN OLIVEIRA DA SILVA

ESTUDO COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE COMPOSTAGEM COMO PROCESSO


BIOLÓGICO DE TRANSFORMAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA PARA GESTÃO DE
RESÍDUOS NO IFBA - CAMPUS SALVADOR

SALVADOR
2021

i
CLÍVIA ELEN OLIVEIRA DA SILVA

ESTUDO COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE COMPOSTAGEM COMO PROCESSO


BIOLÓGICO DE TRANSFORMAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA PARA GESTÃO DE
RESÍDUOS NO IFBA - CAMPUS SALVADOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Química do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia, Campus de Salvador, como requisito para
obtenção do título de bacharela em Engenheira
Química.

Orientador: Profº. Luís Filipe Freitas Da Silva De


Jesus

SALVADOR
2021
ii
Clívia Elen Oliveira Da Silva

ESTUDO COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE COMPOSTAGEM COMO PROCESSO


BIOLÓGICO DE TRANSFORMAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA PARA GESTÃO DE
RESÍDUOS NO IFBA - CAMPUS DE SALVADOR

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Instituto Federal da Bahia


como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química.

Aprovado em: 06 de julho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof. DSc. Walter Alves Gomes Junior
IFBA, Campus de Salvador

__________________________________________
Prof. DSc. Luiz Antônio Pimentel Cavalcanti
IFBA, Campus de Salvador

__________________________________________
Prof. MSc. Luís Filipe Freitas da Silva de Jesus

IFBA, Campus de Salvador (orientador)

iii
AGRADECIMENTOS

O tão sonhado dia chegou finalmente a conclusão de curso, obrigado Deus por ter
chegado até aqui inteira.
Essa jornada que começou lá em 2013 na UFCG, com a mudança pra Paraíba, me fez
abrir os olhos para o mundo, conhecer pessoas incríveis e realmente me apresentar o mundo da
universidade pública. Foram tantas lutas, tantas risadas, tantas filas do RU e tantas noites de São
João, que ficarão pra sempre na minha memória, e o melhor presente são as pessoas que conheci
e que tanto mudaram quem eu sou hoje e em especial as que ainda permanecem na minha vida:
Heloyza, Jade, Luana, Pablo, Bianca e Jessica. Obrigado por tudo amigos!
Hoje minha jornada como graduanda finaliza no IFBA. Agora, estou perto de iniciar uma
nova jornada: finalmente ser engenheira e aplicar na prática todos os ensinamentos aprendidos
durante esses anos de graduação. Se pudesse voltar no tempo, não mudaria em nada a minha
trajetória. Hoje posso afirmar que com absoluta certeza que sou uma pessoa diferente da que
iniciou essa jornada e agradeço ter tido a oportunidade de vivenciar essa experiência em
instituições públicas com ensino de excelência e que me permitiram sair da caixinha tantas e
tantas vezes, me ajudou a enxergar além da minha bolha social e moldar meu papel como agente
transformador na sociedade.
Agradeço primeiramente a Deus, por ter sido minha força, minha paz e meu consolo em
todos os momentos. Agradeço a toda minha família, em especial a minha mãe Clivania por ser
exemplo de altruísmo e dedicação; ao meu pai Antônio pelo carinho, pelo incentivo, por ser tão
batalhador e acreditar que eu conseguiria a todo o momento; a minha avó Zinha pelo amor e
pelas palavras de afeto.
Aos mestres que passaram na minha vida acadêmica, muito obrigada pelo exemplo de
amor a profissão, atenção aos alunos, dedicação ao trabalho. Em especial ao meu orientador Luís
Filipe, por segurar na minha mão e correr contra o tempo para fazer esse TCC sair, além de
sempre brigar junto aos alunos por seus direitos na universidade, muito obrigada por todas as
conversas engrandecedoras e pelo carinho com todos os seus alunos.
Ao “Fitness depressão” e ao “DIREITINHAS” muito obrigada por ser minha distração,
por suportar todas as minhas reclamações diárias e por me darem forças pra continuar todos os
dias. Especialmente a minha amiga Juliana Maria que me pegou pela mão desde o primeiro dia
no IFBA e me faz seguir adiante. A Maria Itamara, por me aguentar todos os dias, por ser minha
psicóloga, amiga, companheira de festa e de bater perna na Barroquinha. Ao meu amigo João
Víctor obrigado por ser tanto pra mim, por ser apoio, por me desconstruir a cada conversa e me
receber tão bem. A todos os meus outros amigos e as pessoas que conheci tanto no IFBA quanto
na UFCG, toda minha gratidão, pois sem vocês eu não seria a pessoa que sou hoje, vocês são
muito especiais pra mim, sem vocês nada disso seria possível!

iv
“Com o tempo a gente aprende que amadurecer é uma delícia; aguça os gostos, valoriza os
abraços, seleciona as pessoas, inverte as prioridades e percebe que, apesar do tempo que se
fez a vida só está começando”

Frederico Elboni

v
RESUMO

É cada vez maior a preocupação da humanidade com a produção e destino final dos resíduos
sólidos. A solução desta problemática passa mais por uma mudança de atitude do que por
desenvolvimento de novas tecnologias. Mudar para recusar produtos notadamente agressivos ao
meio ambiente, repensar os hábitos de consumo, reduzir a produção de resíduos, reutilizar o que
é possível e reciclar. A compostagem é um processo biológico que pode tratar e reciclar resíduos
e convertê-los em fertilizantes, trazendo benefícios ambientais e valor econômico ao composto
orgânico formado. A compostagem da fração orgânica tem despontado como uma solução
eficiente e eficaz. Solução de baixo custo, a técnica vem sendo aprimorada, portanto tornando-se
acessível à municipalidade, desonerando cofres públicos e devolvendo ao meio ambiente, húmus
para a reestruturação de solo. Compostar resíduos sólidos urbanos significa em outras palavras,
agir proativamente no caminho da sustentabilidade. Os benefícios da compostagem vão além do
uso do composto produzido no solo, é também: a redução do uso de fertilizantes; o desvio de
resíduos aos aterros; o sequestro de carbono; a redução de emissões de gases de efeito estufa pela
diminuição do uso da água; entre outros. Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada para
avaliar métodos de compostagem disponíveis na literatura, para a redução e tratamento de
resíduos orgânicos. O restaurante universitário do IFBA, campus de Salvador, disponibiliza
diariamente 750 refeições gerando anualmente cerca de 15,75 toneladas de resíduos orgânicos.
Após o estudo dos métodos de compostagem, para o tratamento desses resíduos foi
dimensionado uma Unidade Descentralizada de Compostagem através do sistema de aeração
passiva (método UFSC), considerando um período de compostagem de 14 semanas, onde o pátio
constará com a montagem de baterias de três leiras simultâneas e ao fim da compostagem de
cada leira, produzirá cerca de 70 kg de composto pronto. Além do desvio dos resíduos dos
aterros sanitários, o tratamento através da compostagem proporcionará uma redução de cerca de
13.687 toneladas/ano de CO2eq emitidos na atmosfera.

Palavras-chave: resíduos, reciclagem, compostagem, composto.

vi
ABSTRACT

Humanity is increasingly concerned with the production and final destination of solid waste. The
solution to this problem requires a change of attitude rather than the development of new
technologies. Change to refuse products that are particularly aggressive to the environment,
rethink consumption habits, reduce waste production, reuse what is possible and recycle.
Composting is a biological process that can treat and recycle waste and convert it into fertilizers,
bringing environmental benefits and economic value to the organic compost formed. The
composting of the organic fraction has emerged as an efficient and effective solution. A low-cost
solution, the technique has been improved, thus making it accessible to the municipality, freeing
public coffers and returning to the environment, humus for soil restructuring. Composting urban
solid waste means, in other words, acting proactively on the path to sustainability. The benefits
of composting go beyond the use of compost produced in the soil, it is also: the reduction in the
use of fertilizers; the diversion of waste to landfills; carbon sequestration; reducing greenhouse
gas emissions by reducing water use; between others. This work presents a survey carried out to
evaluate composting methods available in the literature for the reduction and treatment of
organic waste. The university restaurant at the IFBA, campus Salvador, offers 750 meals a day,
generating approximately 15.75 tons of organic waste every year. After studying the composting
methods, a Decentralized Composting Unit was designed for the treatment of these wastes
through the passive aeration system (UFSC method), considering a 14-week composting period,
where the yard will have the assembly of three batteries simultaneous windrows and at the end of
the composting of each windrow, it will produce about 70 kg of ready compost. In addition to the
diversion of waste from landfills, treatment through composting will provide a reduction of
about 13,687 tons/year of CO2eq emitted into the atmosphere.

Keywords: waste, recycling, composting, compost.

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Hierarquia de resíduos sólidos trazida pela PNRS 2010 ________________________ 1


Figura 2: Gravimetria dos RSU no Brasil ___________________________________________ 7
Figura 3: Geração de RSU com relação ao PIB (2019-2050) ____________________________ 8
Figura 4: Exemplos de caminhão sem e com compactação ____________________________ 12
Figura 5: Código de cores para os diferentes tipos de resíduos. _________________________ 15
Figura 6: Intervalos de temperatura suportados os pelos vários tipos de microrganismos _____ 22
Figura 7: Fases da compostagem ________________________________________________ 23
Figura 8: Fases da Compostagem ________________________________________________ 23
Figura 9: Perfil típico de temperatura numa pilha____________________________________ 25
Figura 10: Tipos de maquinário para revolvimento do composto _______________________ 35
Figura 11: Fluxo de ar quente no interior do composto _______________________________ 36
Figura 12: Sistema de leiras estáticas aeradas _______________________________________ 36
Figura 13: Funcionamento de leiras estáticas aeradas ________________________________ 37
Figura 14: Leira sendo montada e após a montagem _________________________________ 39
Figura 15: Procedimento de montagem leira método UFSC ___________________________ 40
Figura 16: Exemplos de reatores biológicos ________________________________________ 41
Figura 17: Reator de fluxo vertical _______________________________________________ 42
Figura 18: Reator horizontal ou em canal __________________________________________ 43
Figura 19: Reatores do tipo tambor rotativo ________________________________________ 44
Figura 20: Reator em batelada __________________________________________________ 44
Figura 21: Composteira em baldes de três níveis ____________________________________ 49
Figura 22: Pilhas de compostagem _______________________________________________ 50
Figura 23: Compostagem em buracos na terra ______________________________________ 50
Figura 24: Compostor feito de ripas de madeira _____________________________________ 50
Figura 25: Fluxograma do processamento em uma usina de reciclagem __________________ 52
Figura 26: Layout IFBA campus Salvador _________________________________________ 57
Figura 27: Área escolhida para implantação da UDC _________________________________ 58
Figura 28: Arquitetura da leira de compostagem segundo o método UFSC ________________ 67
Figura 29: Fluxograma do processo de montagem das leiras ___________________________ 68
Figura 30:Benefícios do uso do composto e da redução total das emissões de gases de efeito
estufa em -130,5 kg de CO2eq/tonelada ___________________________________________ 70
Figura 31: Descarga de lixo no fosso _____________________________________________ 80

viii
Figura 32: Transferência do lixo do fosso para a moega ______________________________ 80
Figura 33: Recepção do lixo na esteira da seleção de recicláveis ________________________ 81
Figura 34: Moega de concreto com esteira metálica __________________________________ 81
Figura 35: Esteira metálica com taliscas ___________________________________________ 82
Figura 36: Triadores de materiais recicláveis _______________________________________ 82
Figura 37: Polia metálica_______________________________________________________ 83
Figura 38: Pátio de compostagem com leira piramidal ________________________________ 83
Figura 39: Modelo de ficha de monitoramento da leira _______________________________ 84
Figura 40: Modelo de ficha para monitoramento das atividades da UDC _________________ 85

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Métodos de transformação do RSU .............................................................................. 13


Tabela 2: vantagens e desvantagens relativas à coleta realizada porta a porta e à coleta em PEV’s
....................................................................................................................................................... 16
Tabela 3: Classificações da compostagem .................................................................................... 20
Tabela 4: Relações C/N ótimas para a compostagem segundo alguns autores ............................. 26
Tabela 5: Parâmetros do composto orgânico para comercialização ............................................. 31
Tabela 6: Resumo dos principais sistemas de compostagem ........................................................ 48
Tabela 7: Resumo dos cálculos e valores obtidos para dimensionamento da UDC ..................... 65

x
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Algumas características físicas desejáveis para um composto .................................... 30


Quadro 2: Recomendações de projeto para uma usina de triagem e compostagem de lixo
domiciliar ...................................................................................................................................... 56

xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CEFET-BA - Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia
CH4 - Gás Metano
CISA - Comissão Interna de Sustentabilidade
CO2 - Gás Carbônico
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETS - Escola Técnica de Salvador
GEE - Gases do efeito estufa
H2O - Água
H2S - Sulfeto de hidrogênio
IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IFBA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
LEV’s - Locais de Entrega Voluntária
MMA - Ministério do Meio Ambiente
N2O - Óxido Nitroso
NBR - Norma Brasileira Registrada
O2 - Gás Oxigênio
PAAE - Programa de Assistência e Apoio aos Estudantes
PEV’s - Pontos de Entrega Voluntária
pH - Potencial Hidrogeniônico
PIB - Produto Interno Bruto
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
UDC - Unidade Descentralizada de Compostagem
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
USP - Universidade de São Paulo

xii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 4

3 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ............................................................................. 5

3.1 Conceito e classificação......................................................................................... 5

3.2 Panorama dos resíduos sólidos no Brasil .............................................................. 6

3.3 Gestão De Resíduos Sólidos .................................................................................. 8

3.3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos ............................................................ 8

3.3.2 Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos ................................. 9

3.4 Estratégias Para Minimização E Tratamento De Resíduos Sólidos Urbanos ...... 12

3.4.1 Educação ambiental ....................................................................................... 13

3.4.2 Coleta Seletiva ............................................................................................... 14

3.4.3 Reciclagem..................................................................................................... 17

3.4.4 Incineração ..................................................................................................... 17

4 COMPOSTAGEM ...................................................................................................... 19

4.1 Fração orgânica como alvo da reciclagem .......................................................... 19

4.2 O processo de compostagem ............................................................................... 19

4.3 Microbiologia da compostagem .......................................................................... 21

4.3.1 Grupos microbianos ....................................................................................... 21

4.3.2 Transformações bioquímicas e dinâmica microbiana .................................... 21

4.4 Parâmetros influenciadores do processo.............................................................. 24

4.4.1 Umidade ......................................................................................................... 24

4.4.2 Aeração .......................................................................................................... 24

4.4.3 Temperatura ................................................................................................... 25

4.4.4 Relação Carbono/Nitrogênio ......................................................................... 26

4.4.5 Granulometria ................................................................................................ 27

4.4.6 pH................................................................................................................... 27

4.5 Aspectos Ambientais decorrentes da compostagem ............................................ 27


xiii
4.6 O composto orgânico e suas aplicações .............................................................. 29

4.7 Influência da característica dos resíduos no processo de compostagem ............. 31

5 MÉTODOS DE COMPOSTAGEM ........................................................................... 34

5.1 Sistemas de compostagem ................................................................................... 34

5.1.1 Sistema de leiras revolvidas (windrow) ......................................................... 34

5.1.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile) ............................................. 36

5.1.3 Sistema de leiras estáticas com aeração passiva (método UFSC) ................. 38

5.1.4 Sistemas de reatores biológicos (In-vessel) ................................................... 40

5.2 Vantagens e desvantagens dos sistemas de compostagem .................................. 45

5.3 Compostagem doméstica ..................................................................................... 48

5.4 Usinas de triagem e compostagem ...................................................................... 52

5.5 Projeto de uma usina de triagem e compostagem................................................ 55

6 PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE COMPOSTAGEM


NO IFBA CAMPUS SALVADOR ............................................................................................... 57

6.1 Caracterização da área de estudo ......................................................................... 57

6.2 Local para a implantação da UDC ....................................................................... 58

6.3 Resíduos gerados ................................................................................................. 58

6.4 Área da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC)............................... 59

6.5 Avaliação e seleção do método de compostagem ............................................... 59

6.6 Equações para o dimensionamento da área de compostagem no IFBA .............. 60

6.7 Dimensionamento da área de compostagem no IFBA ........................................ 63

6.8 Procedimento de coleta do resíduo sólido orgânico ............................................ 66

6.9 Implantação e operação da composteira .............................................................. 66

6.10 Beneficiamento do composto orgânico ............................................................ 68

6.11 Cuidados necessários durante a operação ........................................................ 68

6.12 O impacto do tratamento de resíduos orgânicos na mitigação das emissões de


gases poluentes 70

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 72


xiv
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 74

ANEXO I ........................................................................................................................... 80

ANEXO II ......................................................................................................................... 84

xv
1 INTRODUÇÃO

Até o início do século passado, os resíduos gerados - resíduos de alimentos, esterco


animal e outros materiais orgânicos - eram reintegrados ao ciclo natural e utilizados como
fertilizantes agrícolas. Porém, com a industrialização e a concentração da população nas grandes
cidades, o lixo se tornou um problema. No século XXI, um grande problema ambiental tem
assolado as cidades brasileiras - a geração e destinação de resíduos sólidos das atividades
humanas diárias.
A sociedade moderna quebrou o ciclo natural: por um lado, extraímos cada vez mais
matéria-prima, por outro lado, despejamos montanhas de resíduos sólidos. Como todos esses
resíduos não retornarão ao ciclo natural, eles se tornarão uma fonte de poluição perigosa ao meio
ambiente ou de doenças. O aumento da produção de resíduos sólidos tem várias consequências
negativas: aumento dos custos de coleta e destinação do lixo; dificuldade para encontrar áreas
disponíveis para sua disposição final; grande desperdício de matérias-primas. Por isso, os
resíduos deveriam ser integrados como matérias primas nos ciclos produtivos ou na natureza.
Outras consequências do enorme volume de lixo gerado pelas sociedades modernas,
quando o lixo é depositado em locais inadequados ou a coleta é deficitária, são:
• contaminação do solo, ar e água;
• proliferação de vetores transmissores de doenças;
• entupimento de redes de drenagem urbana;
• enchentes;
• degradação do ambiente e depreciação imobiliária;
• doenças.
Conforme o último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2018 foram
gerados 79 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), o que representou um
aumento de cerca de 1% em relação ao ano anterior, onde aproximadamente 29,5 milhões de
toneladas de RSU foram parar em lixões e aterros sanitários.
Conforme Ferreira (2017), em razão do crescimento exponencial da população mundial,
alguns projetos de gestão e políticas foram formulados para a minimização do impacto desses
compostos no planeta. Diante dessa situação de constante mudança, a sociedade global atual em
relação às questões ambientais, busca criar políticas para o desenvolvimento sustentável do
planeta.
Dessa forma, formular estratégias e alternativas viáveis para minimizar o aumento da
geração de resíduos sólidos nos últimos anos é essencial para a manutenção da qualidade de vida
das gerações futuras e visa à sustentabilidade do processo.
Pensando nisso, segundo Araújo; Almeida; Basso (2015) o Brasil promulgou a Lei
Federal nº 12.305, em 2 de agosto de 2010, e instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), que a partir da preocupação com a geração e destinação dos resíduos gerados pela
sociedade brasileira, define prioridades à serem observadas (Figura 1). Conforme apontado no
Capítulo II, Art. 7º, Inciso II (que aborda os princípios e objetivos da lei), a ordem de prioridade
das ações para determinação da hierarquia de resíduos é explicada da seguinte forma: Não
geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, e disposição
adequada dos rejeitos.
Figura 1: Hierarquia de resíduos sólidos trazida pela PNRS 2010

Fonte: (ARAÚJO; ALMEIDA; BASSO, 2015)

1
A ABRELPE enfatiza que a coleta seletiva está distante de ser universalizada, e que os
índices de reciclagem estão estagnados há quase uma década. Para a entidade, enquanto o mundo
fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de
resíduos, o país ainda registra lixões em todas as regiões e precisa lidar com um problema de
comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a
separação do resíduo com potencial de reciclagem (SOUZA, 2019).
O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos consiste em um conjunto de
ações educativas, normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, baseados em critérios
sanitários, ambientais e econômicos visando à segregação, coleta, triagem, tratamento e
destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos a nível municipal (CEMPRE, 2018).
Somente após as técnicas de prevenção serem adotadas por completo é que se deverá
utilizar as opções de reciclagem. E, somente depois dos resíduos serem reciclados é possível
considerar o tratamento (NASCIMENTO, 2012).
Visando a minimização da geração de resíduos, algumas medidas simples como educação
ambiental e coleta seletiva podem ser instituídas, já com o intuito de torná-los menos agressivos
para a disposição final, diminuindo o seu volume, quando possível, medidas de tratamento
podem ser aplicadas, tais como compostagem, incineração, pirólise, entre outras. Pois conforme
cita Zanette (2015) desviar resíduos do aterro significa reduzir a produção de rejeitos e encontrar
soluções para fechar o ciclo de vida do máximo de resíduos recicláveis e compostáveis possível.
A coleta seletiva e a reciclagem são colocadas dentre as ações prioritárias a serem
executadas no processo de gestão de resíduos, devido a sua ampla divulgação e maior facilidade
de implantação quando comparado aos outros métodos.
Segundo (IBAM, 2001; LOPES, 2003) os principais benefícios ambientais decorrentes
da coleta seletiva e reciclagem de materiais presentes nos resíduos sólidos são:
• Diminuição da exploração de recursos naturais renováveis e não-renováveis;
• A economia de energia nos processos produtivos;
• O aumento da vida útil dos aterros sanitários.
• Diminuição da poluição do solo, água e ar;
• Diminuição da proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;
• Melhoria na qualidade do composto produzido a partir da matéria orgânica;
• Melhoria na limpeza da cidade;
Preocupando-se com a fração orgânica presente nos resíduos sólidos urbanos, que
segundo a ABRELPE (2020) constitui mais de 50% nos resíduos domiciliares, segundo Peixe;
Hack (2014) ela pode ser fonte basicamente de dois produtos: lixo gerador de chorume e doenças
ou composto orgânico da melhor qualidade com líquidos biológicos agricultáveis.
A compostagem é um dos mais antigos processos de tratamento e constitui – se em um
dos mais eficientes processos de reciclagem de resíduos orgânicos com vistas à utilização na
agricultura. Este processo tem sido indicado por vários pesquisadores como uma das melhores
técnicas para tratar a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, principalmente nos países de
terceiro mundo, devido à possibilidade de ser implantada sob condições de baixo custo.
(BÜTTENBENDER, 2004)
Inúmeras são as vantagens apresentadas pela compostagem, dentre elas o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas - IPT (2000) destaca:
• Redução de cerca de 50% do resíduo destinado ao aterro;
• Redução dos impactos ambientais associados à degradação dos resíduos orgânicos
em locais inadequados;
• Economia de aterro;
• Aproveitamento agrícola da matéria orgânica;
• Melhoria das propriedades físicas do solo;
• Reciclagem de nutrientes para o solo;
• Economia na aquisição de fertilizantes minerais;
2
• Processo ambientalmente seguro;
• Eliminação de patógenos;
• Economia de tratamento de efluentes;
• Economia na coleta e transporte dos resíduos sólidos.
Para Fernandes; Silva (1999) os processos de compostagem podem ser divididos em três
grandes grupos: leiras revolvidas, leiras estáticas aeradas e sistemas fechados. Porém o método
de leiras com aeração passiva vem sendo bastante difundido e se tornou um dos mais utilizados
atualmente, no Brasil ficando conhecido como método UFSC, pois foram realizados estudos e
aprimoramento do método na Universidade Federal de Santa Catarina.
• Sistema de leiras revolvidas (windrow), onde a mistura de resíduos é disposta em
leiras, sendo a aeração fornecida pelo revolvimento dos resíduos e pela convecção e difusão do
ar na massa do composto. Uma variante deste sistema, além do revolvimento, é a insuflação de
ar sob pressão nas leiras.
• Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile), onde a mistura a ser compostada é
colocada sobre uma tubulação perfurada que injeta ou aspira o ar na massa do composto, não
havendo revolvimento mecânico das leiras.
• Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel), onde os resíduos são
colocados dentro de sistemas fechados, que permitem o controle de todos os parâmetros do
processo de compostagem.
• Sistema de leiras estáticas com aeração passiva (método UFSC), método de leiras
estáticas sem necessidade de revolvimentos periódicos para a manutenção de condições aeróbias,
baixo custo e mão de obra reduzida. Método com destaque na arquitetura das leiras.
O IFBA, campus de Salvador, possui cerca de 5500 alunos, onde com o auxilio do
Programa de Assistência e Apoio aos Estudantes (PAAE), que visa apoiar estudantes em
situação de vulnerabilidade socioeconômica, o restaurante universitário proporciona diariamente
750 refeições sendo elas 550 almoços e 200 jantares, gerando uma média diária de 500 kg de
alimentos prontos para o consumo. Segundo o levantamento realizado pelo setor de nutrição do
campus são descartados cerca de 20 kg de alimentos que não foram consumidos e cerca de 50 kg
de resíduos durante a preparação das refeições.
Portanto, diante dos problemas ambientais gerados pelos resíduos apresentados e das
formas de reaproveitamento, tratamentos e destino final previamente mencionados, este trabalho
tem como objetivo analisar técnicas de compostagem como processo biológico de transformação
de matéria orgânica para redução e tratamento de resíduos orgânicos gerados no restaurante do
IFBA, campus Salvador.

3
2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo o estudo comparativo de técnicas de compostagem como
processo biológico de transformação de matéria orgânica para redução e tratamento de resíduos
orgânicos gerados no restaurante do IFBA, campus de Salvador. Esse projeto visa à apresentação
de uma alternativa para a redução da quantidade de resíduos orgânicos descartados, visto que não
há soluções, atualmente, visando o tratamento destes resíduos.

Como objetivos específicos citam-se:


• Apresentar um panorama sobre os resíduos sólidos urbanos no Brasil;
• Realizar estudo sobre gerenciamento integrado e métodos de minimização e
tratamentos de resíduos;
• Realizar estudo sobre a compostagem destacando seus aspectos, fases, fatores de
influência e benefícios;
• Analisar os métodos de compostagem;
• Definir o método de compostagem mais adequado aos resíduos do IFBA e
dimensionar um pátio de compostagem.

4
3 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
3.1 Conceito e classificação
Segundo Fritsch ( 2000) o antigo conceito de “lixo” foi superado e ultrapassado, pois a
concepção de reaproveitamento e reciclagem foi adotada por muitos países. Isso se deve ao valor
econômico atribuído ao resíduo, não sendo mais totalmente descartados, apenas resíduos
completamente inúteis. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR
(Norma Brasileira Registrada) 10.004 (2004), define resíduos sólidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de


atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível.” (ABNT, 2004)

Sua classificação é decorrente dos processos ou atividades que lhes deram origem, de
seus constituintes e características e da comparação desses constituintes com listagens de
resíduos e substâncias cujos impactos à saúde e meio ambiente são conhecidos.
Os resíduos podem ser classificados em:
Resíduos classe I –Perigosos, no qual em função de suas propriedades químicas, físicas
ou infectocontagiosas podem exprimir: periculosidade, inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Resíduos classe II – Não perigosos, que são aqueles que não apresentam risco ao meio
ambiente nem a saúde pública e nenhuma característica citada nos resíduos perigosos. Esses
tipos de resíduos são divididos em: resíduos classe II A – Não inertes, que podem apresentar
propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água e em resíduos
classe II B – Inertes, que não diluem ou reagem ao contato com água.
Segundo Schalch (1992), por exemplo, os resíduos sólidos podem ser classificados de
acordo com sua fonte:
Resíduos Sólidos Urbanos: São os resíduos provenientes das residências, ou seja, resíduo
domiciliar; da limpeza pública; dos comércios e de serviços, como feiras livres, capinação e
poda;
Resíduos Industriais: São resíduos produzidos por diferentes tipos de indústrias de
processamento (usinagem, fabricação / montagem de peças, fabricação de alimentos, etc.) e
podem ser sólidos, semissólidos, líquidos ou gasosos. A classificação desses resíduos atende à
norma técnica NBR 10.004/2004 e classifica-os como I ou II.
Resíduos de Serviços de Saúde: São todos os resíduos provenientes de qualquer serviço
em estabelecimentos de saúde, tais como hospitais, clinicas médicas e odontológicas, clinicas
veterinárias, farmácias, unidades ambulatoriais, laboratórios de análises clínicas e patologias,
banco de sangue, entre outros. A classificação deste tipo de resíduo obedece ao Regulamento
ANVISA nº 306, de 7 de dezembro de 2004, sendo eles divididos em 5 grupos (A,B,C,D e E),
onde o tratamento deve atender as exigências do regulamento, independentemente do grupo do
resíduo.
Resíduos Radioativos (resíduo atômico): Pertencem a esse grupo os rejeitos radioativos
ou contaminados por radionuclídeos, oriundos de serviços de medicina nuclear e radioterapia,
laboratórios de analises clinicas, no qual o gerenciamento desses resíduos deve obedecer às
exigências do CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.
5
Resíduos Agrícolas: São os gerados nas atividades agropecuárias, inserido os
relacionados a insumos utilizados nessas atividades, principalmente os vasilhames descartados
pelo uso de agrotóxicos.
Segundo a ABNT sob a NBR 10007/2004, a caracterização de resíduos é a “determinação
dos constituintes e de suas respectivas porcentagens em peso e volume, em uma amostra de
resíduos sólidos, podendo ser físico, químico e biológico”.
Conhecer a composição e as características do resíduo sólido é de suma importância para
o planejamento e avaliação da eficiência dos sistemas de coleta, tratamento e sua disposição final
além de fornecer informações para uma correta avaliação de suas potencialidades econômicas
(LIMA, 1995; TEIXEIRA, 2009).
Conforme explicita Zanette (2015) a caracterização dos resíduos é essencial para a
pesquisa e o planejamento que avaliam a geração de cada tipo de resíduo sólido no município e
delineiem ações que proporcionam aos resíduos serem separados e transferidos para o próximo
destino.
3.2 Panorama dos resíduos sólidos no Brasil
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE), em 2018 somente no Brasil foram gerados 79 milhões de toneladas de Resíduos
Sólidos Urbanos (RSU), o que representou um aumento de cerca de 1% em relação ao ano
anterior, no gráfico 01 é possível observar a evolução da geração de resíduos ao longo dos anos.
Do montante de RSU gerado em 2018, 40,5% foi destinada de maneira inadequada, ou seja,
aproximadamente 29,5 milhões de toneladas de RSU foram parar em lixões e aterros sanitários
que não possuem sistemas e medidas necessárias para proteger a saúde das pessoas e o meio
ambiente de danos e degradação.
A geração média de RSU em 2018 correspondeu a 380 kg/ano por pessoa, isso significa
que cada brasileiro gerou em média cerca de 1 quilo de resíduo por dia, apresentando uma curva
ascendente em relação aos anos anteriores. Esse aumento tanto nas quantidades totais, quantos
nos valores per capita se dá pela variação do poder aquisitivo da sociedade e pelas novas formas
de consumo atuais, representados pelo aumento nos índices de produto interno bruto (PIB).

Gráfico 1: Geração de RSU no Brasil anualmente

GERAÇÃO DE RSU NO BRASIL (t/ano)


85,0

79,9
80,0 78,6 78,3 78,4 79,0
76,4
75,0

70,0
66,7

65,0 62,7
61,9

60,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Elaborado pela autora

6
Conforme o estudo de composição gravimétrica dos resíduos sólidos referente à
categorização dos tipos de materiais descartados pela população, realizado pela ABRELPE em
2020, tem-se que a fração orgânica é a principal componente dos RSU, correspondendo 45,3%.
Dado isso consta-se que cerca de 170 kg de matéria orgânica é descartada por pessoa a cada ano.
Já os resíduos recicláveis secos somam 33,6%, sendo compostos principalmente pelos
plásticos (16,8%), papel e papelão (10,4%), além dos vidros (2,7%), metais (2,3%), e
embalagens multicamadas (1,4%). Os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e
contemplam, principalmente, os materiais sanitários. Quanto às demais frações, temos os
resíduos têxteis, couros e borrachas, com 5,6%, e outros resíduos, também com 1,4%, os quais
contemplam diversos materiais teoricamente objetos de logística reversa (Figura 2). (ABRELPE,
2020)

Figura 2: Gravimetria dos RSU no Brasil

Fonte: (ABRELPE, 2020)

O termo rejeito é utilizado para definir e categorizar o resíduo não reciclável sem
possibilidade de reaproveitamento destinado ao aterro sanitário. (IBAM, 2001)
Como aponta a ABRELPE (2020) estima-se que até 2050 o Brasil observará um
crescimento de quase 50% na quantidade de RSU gerada, tomando como base o ano de 2019. É
esperado um crescimento populacional de até 12%, para o mesmo período, o que mostra
influência decisiva no componente das perspectivas econômicas na seguinte equação: o aumento
gradual do Produto Interno Bruto (PIB) e consequente aumento do poder aquisitivo da
sociedade. Lima (1995) e Nagle (2004) enfatizam que o componente econômico é o que mais
influencia na quantidade e na qualidade do resíduo doméstico.
Exemplificando, se uma cidade está em crescimento, logo há um maior consumo e
consequentemente uma maior quantidade de resíduos gerados, havendo uma complexa rede de
fatores sociais e de eventos naturais que influenciam nesse processo. Segundo Polprasert (1996)
há uma forte correlação entre a quantidade de resíduos gerados e a renda per capita dos
moradores do domicílio: quanto maior a renda, maior a quantidade de resíduos produzidos.
Importante notar, conforme figura 3, que o país alcançará uma geração de 100 milhões de
toneladas de RSU em 2033, marca que traz um chamado urgente por políticas públicas mais
incisivas de estímulo a não geração e à reutilização de materiais, etapas iniciais e prioritárias na
hierarquia da gestão preconizada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
(ABRELPE, 2020)

7
Figura 3: Geração de RSU com relação ao PIB (2019-2050)

Fonte: (ABRELPE, 2020)

Conforme Ferreira (2017), em razão do crescimento exponencial da população mundial,


alguns projetos de gestão e políticas foram formulados para a minimização do impacto desses
compostos no planeta. Diante dessa situação de constante mudança, a sociedade global atual em
relação às questões ambientais, busca criar políticas para o desenvolvimento sustentável do
planeta.

3.3 Gestão De Resíduos Sólidos


3.3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos
Nas últimas décadas, a gestão de resíduos sólidos se tornou uma questão cada vez mais
complexa em todo o mundo e começou a exigir que toda a população prestasse ainda mais
atenção. No Brasil, por exemplo, foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a
qual objetiva um gerenciamento dos resíduos gerados no país, sancionada em agosto de 2010.
Nas palavras de Abreu (2013) do ponto de vista legal a promulgação da PNRS, a qual demorou
mais de 20 anos para ser votada, foi um importante marco nacional para a questão dos resíduos
sólidos.
A Lei nº 12.305/10 que promulga a PNRS é recente e contém importantes instrumentos
para que o país avance no enfrentamento das principais questões ambientais, sociais e
econômicas causadas pela má gestão dos resíduos sólidos. Tendo como principal objetivo a
eliminação das formas inadequadas da disposição final dos resíduos e atuando como guia para
uma disposição final ambientalmente adequada para os resíduos recicláveis e reutilizáveis.
(MMA, 2012)
A Lei disciplina a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a
prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e
pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos
(aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). (MMA, 2012)
Relativo à gestão de resíduos sólidos, dentre os principais componentes da PNRS,
destacam-se: I) Fortalecimento da Gestão Institucional; II) Capacitação e Sistema de Informação;
III) Educação Ambiental; IV) Instrumentos Econômicos e Fiscais. V) Fomento à Inovação e
Pesquisa Tecnológica; VI) Formação de Consórcios Públicos; VII) Elaboração de Planos de

8
Gestão e de Gerenciamento de Resíduos Sólidos; e, VIII) Inclusão Socioeconômica dos
Catadores de Materiais Recicláveis.
Abreu (2013) problematiza a situação da geração de RSU e diz que “grande quantidade
destes resíduos deixa de ser reciclada e compostada e a perda deste potencial de valorização dos
resíduos sólidos urbanos é um fator causador de poluição e desperdício de matérias-primas e
energia” esta questão reforça o artigo 9º da lei que traz como ordem de prioridade na gestão e
gerenciamento de resíduos a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. (BRASIL, 2010)
No Brasil, os serviços de limpeza urbana, assim como os serviços de infraestrutura
urbanos, são de responsabilidade principalmente dos poderes públicos municipais. Na maioria
das cidades brasileiras, a coleta de resíduo é realizada pela iniciativa privada ou sob forma de
concessão, subcontratação ou permissão.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que a responsabilidade do destino
do resíduo deve ser compartilhada entre todos que fazem parte do ciclo de vida dos produtos,
incluindo fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os
responsáveis pelos serviços públicos de limpeza urbana. Esta lei federal determina que a partir de
2015 não seja mais permitido o uso de lixões e que os aterros sanitários legalizados deverão
receber somente rejeitos, ou seja, somente aquilo que não pode mais ser reaproveitado ou
reciclado. (ABREU, 2013)
Outro grande marco foi à proclamação da Lei n° 14.026/2020 que também proporcionou
alterações especificas no texto da PNRS, instituindo o período máximo de dez anos para revisão
dos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos e determinou que a disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos deveria ser implantada até 31 de dezembro de 2020,
exceto para os Municípios que até essa data já tenham elaborado um plano intermunicipal ou um
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos e que disponham de mecanismos de
cobrança que garantam sua sustentabilidade econômico-financeira.

3.3.2 Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos


O sistema atual de gestão e gerenciamento de RSU no Brasil continua visando o “final do
tubo”, ou seja, preocupa-se mais com a destinação final dos resíduos, concentrando maior
preocupação das administrações públicas nesta área e não na prevenção, indicando limitados
avanços na minimização da geração de resíduos.
Para a ABELPE, enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais
avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, o país ainda registra lixões em todas as
regiões e precisa lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está
aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem.
(SOUZA, 2019)
Diante dos obstáculos frente às questões de resíduos, é necessário tomar medidas para o
controle, desde a geração até a sua destinação final.
Nas palavras de Lopes (2003), compreende-se como “Gestão de Resíduos Sólidos” o
conjunto de leis e normais relativas a estes e como “Gerenciamento Integrado dos Resíduos
Sólidos” todas as operações que envolvem os resíduos, como coleta, transporte, tratamento,
disposição final, entre outras. Neste faz-se necessário estudar toda a trajetória do resíduo e
analisar quanto ele custa para uma cidade.
O gerenciamento integrado do resíduo “trata-se do conjunto articulado de ações
normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração municipal
desenvolve (com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos) para coletar, tratar e
dispor o lixo de sua cidade” (CEMPRE, 2018)
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos é, em síntese, o envolvimento de
diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a

9
limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do resíduo, elevando assim a
qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as
características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos – para a eles ser dado
tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente corretas –, as características
sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e
urbanísticas locais. (IBAM, 2001)
Um sistema de gestão e gerenciamento ideal é projetado de maneira a minimizar a
quantidade de resíduo gerada.
O aproveitamento dos resíduos já é considerado por alguns pesquisadores e por algumas
indústrias como uma alternativa econômica, social e ambientalmente adequada, sendo parte
integrante do gerenciamento adequado desses materiais, por reduzir os impactos da extração da
matéria-prima, dar um destino ao resíduo e minimizar os impactos ambientais das atividades
produtivas, reduzindo a quantidade de resíduos sólidos destinada aos aterros, além de poder gerar
novos empregos. (LOPES, 2003)
De acordo com Zanette (2015), desviar resíduos dos aterros sanitários, representa reduzir
a produção dos rejeitos e encontrar soluções para fechar o ciclo de vida do máximo de resíduos
recicláveis e compostáveis possível.
De acordo com Dutra (2013), o manuseio e destinação inadequada de resíduos sólidos
podem causar diversos problemas ambientais, tais como: assoreamento de rios e canais, causado
por detritos lançados nesses locais; níveis de água subterrâneos poluídos, prejudicando para seu
uso doméstico; liberação de odores e gases desagradáveis que causam o efeito estufa, poluindo
assim a atmosfera e a propagação de insetos e roedores que se espalham causando doenças.
Para um gerenciamento integrado de sucesso é de suma importância a colaboração de
todo os agentes envolvidos na gestão, como por exemplo: a) da população, com a separação e
acondicionamento adequado dos materiais recicláveis e dos resíduos orgânicos; b) dos grandes
geradores, sendo eles responsáveis pelos seus resíduos; c) dos catadores e cooperativas,
atendendo a demanda na coleta de recicláveis e comercialização junto às fontes de
beneficiamento; d) dos estabelecimentos de saúde conferindo a eles a responsabilidade de tornar
seus resíduos inertes e proporcionar coleta diferenciada e disposição adequada; e) da prefeitura,
desempenhando papel principal no sistema, através dos seus agentes, instituições e empresas
associadas, mediante acordos, parcerias e convênios.
Utilizado como instrumento didático o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal- IBAM (2001),
que contem orientações para elaboração de Plano Local de Gestão dos Resíduos Sólidos
Urbanos, incluindo os arranjos institucionais necessários ao gerenciamento adequado dos
serviços, desde orientações para elaboração de planos de operação e manutenção, até a
destinação final dos resíduos sólidos, é importante identificar algumas rotinas funcionais de
âmbito organizacional (formal) que exercem um protagonismo no gerenciamento dos sistemas de
limpeza urbana, que são elas: Acondicionamento, Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos, e
Disposição Final de Resíduos Sólidos.

I. Acondicionamento

O acondicionamento de resíduos sólidos significa preparar para a coleta de forma


higiênica e compatível com o tipo e a quantidade de resíduos.
A qualidade da operação de coleta e transporte vai depender diretamente da maneira em
que os resíduos foram acondicionados, armazenados e dispostos nos locais, de forma a facilitar o
serviço de limpeza urbana, sendo assim o acondicionamento adequado evita acidentes e
proliferação de vetores (causadores de doenças), minimiza o impacto visual e olfativo e reduz a
heterogeneidade (caso haja coleta seletiva).

10
Nas cidades brasileiras utilizam-se os mais diversos tipos de recipientes para
acondicionamento do resíduo domiciliar:
• vasilhames metálicos (latas) ou plásticos (baldes);
• sacos plásticos de supermercados ou especiais para resíduo;
• caixotes de madeira ou papelão;
• latões de óleo, algumas vezes cortados ao meio;
• contêineres metálicos ou plásticos, estacionários ou sobre rodas;
• embalagens feitas de pneus velhos.

Porém a escolha do tipo de recipiente mais adequado deve ser orientada em função:
• das características do resíduo;
• da geração do resíduo;
• da frequência da coleta;
• do tipo de edificação;
• do preço do recipiente.

Os recipientes adequados para acondicionar o resíduo devem pesar no máximo 30 quilos,


incluindo a carga, caso a coleta for manual, sejam herméticos, seguros e preferencialmente que
possam ser fechados para evitar a exposição aos resíduos, que facilitem o deslocamento e não
produza ruídos do imóvel até o local de coleta, que possam ser esvaziados sem deixar resíduos
no fundo e que sejam baratos e de fácil acesso a população.
Considerando a adequação para acondicionamento do resíduo domiciliar, merecem
destaque: os sacos plásticos, contêineres de plástico e os contêineres metálicos. Já para o
acondicionamento dos resíduos públicos indica-se: as cestas coletoras tipo papeleira, as cestas
coletoras plásticas para pilhas e baterias e os sacos plásticos e contêineres.
Alguns tipos de resíduos necessitam de acondicionamento especial, são eles: os resíduos
de construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus, resíduos sólidos industriais,
resíduos radioativos, de portos e aeroportos e de serviços de saúde, onde para algum destes o seu
acondicionamento e descarte seguem regulamentações especificas.

II. Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos

É necessária a coleta dos resíduos já acondicionados de maneira eficiente, por meio de


um transporte apropriado, para propiciar um tratamento e destinação final adequados, evitando
assim os diversos problemas que esses resíduos podem ocasionar a população e ao meio
ambiente.
Geralmente, a coleta e o transporte dos resíduos domésticos gerados em imóveis
residenciais, logradouros e pequenos negócios são realizados por órgãos municipais responsáveis
pela limpeza das cidades. Os “grandes geradores” (empresas que produzem mais de 120 litros de
resíduos por dia) devem coletar os resíduos através de empresas privadas que devem ser
cadastradas e autorizadas pelo governo municipal.
O ideal é que a coleta seja realizada em cada imóvel e sempre nos mesmos dias e
horários, estabelecendo assim um hábito, fazendo com que a população coloque os recipientes ou
embalagens dos resíduos nas calçadas, somente nos dias e horários em que o veículo coletor irá
passar. Sendo desta forma a regularidade da coleta uma das mais importantes características do
serviço.
Os veículos utilizados na coleta podem ser de dois tipos: Compactadores, que são os mais
utilizados no Brasil, podendo ser estes de carregamento traseiro ou lateral, e os sem
compactação, com fechamento da carroceria por meio de portas corrediças (Figura 4).

11
Figura 4: Exemplos de caminhão sem e com compactação

Fonte: Adaptação (IBAM, 2001)

Para os veículos compactadores algumas características são imprescindíveis para que


esses sejam adequados para o serviço, algumas delas são: não permitir o derramamento do lixo
ou do resíduo nas vias públicas, apresentar taxa de compactação de pelo menos 3:1 (ou seja, a
cada 3m³ de resíduos, estes ficarão reduzidos por compactação à 1m³), dispor de local adequado
para transporte dos trabalhadores, apresentar altura de carregamento de no máximo 1,20 metros,
entre outras.
Para os resíduos de varrição são utilizados carrinhos revestidos internamente com sacos
plásticos ou em contêineres. Em vias íngremes ou de difícil acesso o carrinho de mão pode ser
utilizado.
III. Disposição Final de Resíduos Sólidos

O desafio da limpeza urbana não é apenas retirar o lixo dos locais públicos, mas também
dar uma destinação final adequada aos resíduos coletados.
Ao realizar a coleta de resíduo de maneira ineficiente, rapidamente a população pressiona
a administração pública para melhorias no serviço, fato este que não ocorre quando a destinação
final dos resíduos é realizada de maneira inadequada, visto que poucas pessoas são diretamente
impactadas pela situação.
Diante de um orçamento restrito, o que ocorre em grande número dos municípios
brasileiros, é priorizada a coleta e a limpeza pública, enquanto a disposição final fica em segundo
plano, por consequência disso é comum presenciar a existência de “lixões” em diversas cidades,
principalmente as de menor porte.
Esses “lixões” são locais onde o resíduo coletado é jogado diretamente no solo sem
qualquer controle ou proteção ambiental, poluindo o solo, o ar, as águas subterrâneas e
superficiais próximas, além de ser responsável pela proliferação de vetores de doenças.
A única forma de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é através de aterros,
sejam eles sanitários, controlados, com resíduo triturado ou com resíduo compactado. Todos os
demais processos ditos como de destinação final (usinas de reciclagem, de compostagem e de
incineração) são, na realidade, processos de tratamento ou beneficiamento do resíduo, e não
prescindem de um aterro para a disposição de seus rejeitos. (IBAM, 2001)

3.4 Estratégias Para Minimização E Tratamento De Resíduos Sólidos Urbanos


Conforme aponta o IBAM (2001) o tratamento de resíduos sólidos consiste em uma série
de medidas destinadas a impedir o descarte inadequado do resíduo no ambiente ou transformá-lo
em material inerte ou biologicamente estável, reduzindo sua quantidade e seu potencial poluidor.
À medida que a área de resíduos sólidos avança e se agrega ao programa de educação
ambiental, a separação do material passa a atrair outras preocupações, principalmente no que se
refere à separação dos resíduos da fonte de produção. Depois que o resíduo é separado e
classificado, ele se posiciona no mercado e aumenta seu valor econômico. A coleta seletiva e a
12
reciclagem (do ponto de vista econômico) permitem ampliar a comercialização de materiais
reutilizáveis e recicláveis e (do ponto de vista ambiental) também possibilita a conservação dos
recursos naturais.
A transformação do RSU pode ocorrer por diversos processos, podendo ser eles de
intervenção humana ou de forma natural. Estas transformações podem ser físicas, químicas ou
biológicas, conforme é possível observar na tabela 1.
Qualquer método de tratamento de resíduo sólido depende do empenho da população em
reduzir a quantidade de resíduo gerada, evitar o desperdício, reaproveitar o material, separar o
resíduo reciclável na fonte e se desfazer do resíduo que produz de maneira correta (IBAM,
2001).
Tabela 1: Métodos de transformação do RSU

Fonte: Adaptado de (TCHOBANOGLOUS; VIGIL; THEISEN, 1993) e (TENÓRIO; ESPINOSA, 2009)

O padrão de consumo estabelecido nas últimas décadas tem contribuído para o aumento
da geração de resíduos, principalmente nas grandes cidades, tornando o quadro ambiental
preocupante diante da geração excessiva de resíduos nas cidades modernas, sendo necessário
buscar soluções que se associem com o enfoque do desenvolvimento sustentável.
Somente após as técnicas de prevenção serem adotadas por completo é que se deverá
utilizar as opções de reciclagem. E, somente depois dos resíduos serem reciclados é possível
considerar o tratamento. (NASCIMENTO, 2012)
A alternativa para os aterros sanitários seria uma coleta seletiva eficiente, encaminhando
o resíduo seco para reciclagem e o resíduo orgânico para compostagem e geração de biogás. A
alternativa da incineração, utilizada em países como o Japão, tem elevado custo se for utilizado o
sistema adequado de filtragem das emissões. Incinerar o resíduo sem o sistema de filtros e em
baixas temperaturas pode gerar emissões tóxicas e colocar a saúde da população em perigo.
(NASCIMENTO, 2012)
A seguir serão abordadas algumas metodologias desde as mais simples como educação
ambiental que visam à minimização do RSU até operações que reduzam seu volume total ou sua
toxicidade.
3.4.1 Educação ambiental
Segundo a UNESCO (1987) a Educação Ambiental é considerada parte de um processo
permanente, onde a população adquire ferramentas e principalmente consciência para entender o

13
meio em que vivem, refletindo, repensando e criticando o modelo em que estão inseridos,
tornando-se aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros, obtendo percepção
de que até pequenas mudanças podem gerar grandes transformações.
Nascimento (2012) relata que a educação ambiental pode ocorrer por meio de um
processo formal, nas escolas ou informal com campanhas, ações práticas entre outros. Em 1999
foi aprovada no Brasil a Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre Educação Ambiental como:
“Componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
Desta maneira conforme cita Lopes (2003) é importante formular planos de propaganda
educativa e mobilização social para sensibilizar e orientar o público. O objetivo é envolver os
moradores para que tenham motivação para participar efetivamente das discussões e encontrar
soluções para problemas, como por exemplo: os decorrentes da geração de resíduos sólidos.
A mobilização social pode ser realizada, por meio de entrevistas, encontros com a
sociedade, participação em atividades comunitárias, atividades culturais e de lazer, dentre outros,
buscando a integração entre as pessoas. A cidadania ambiental depende da participação e coesão
de toda a população, o que pode proporcionar a uma cidade mais qualidade de vida por meio da
conscientização da comunidade para um desenvolvimento mais sustentável.
Prega-se a necessidade de mudanças de comportamento/hábitos do cidadão, da sociedade
moderna, relativos à redução do consumo e produção. A concretização dessa ambição parece-nos
um grande desafio para a política de comunicação/educação ambiental junto à sociedade.
(NUNESMAIA, 2002)

3.4.2 Coleta Seletiva


Dentre as alternativas para redução ou tratamento de RSU, a reciclagem é aquela que
promove maior interesse na população. Porém para ocorrer a reciclagem de maneira mais
assertiva, o ideal é que os materiais recebam a segregação adequada desde a fonte geradora.
Desta maneira sendo a coleta seletiva o modelo mais utilizado nos programas de reciclagem.
A coleta seletiva corresponde na separação de papéis, plásticos, metais, vidros e
orgânicos na fonte geradora, ou seja, é um sistema de segregação e recolhimento de materiais
recicláveis, onde pós a coleta, estes materiais podem ser classificados por categoria e
encaminhados às indústrias recicladoras ou aos sucateiros.
A coleta seletiva é uma estratégia para desviar os resíduos sólidos dos lixões e aterros
sanitários, prolongando sua vida útil. Segundo Neder (1995) cerca de 25 a 40% dos resíduos
sólidos presentes no resíduo domiciliar são recicláveis
Para o êxito dos programas de coleta seletiva, as administrações municipais devem estar
cientes de que o fundamental é investir para conscientizar as pessoas quanto à redução da
geração de resíduos. Assim, os programas devem estar integrados a movimentos de Educação
Ambiental, propondo mudanças de hábitos e costumes, divulgando informações sobre o
potencial de reutilização e reciclagem dos materiais. (LOPES, 2003)
Segundo (IBAM, 2001; LOPES, 2003) os principais benefícios ambientais decorrente da
coleta seletiva e reciclagem de materiais presentes no lixo são:
 Diminuição da exploração de recursos naturais renováveis e não-renováveis;
 A economia de energia nos processos produtivos;
 O aumento da vida útil dos aterros sanitários.
 Diminuição da poluição do solo, água e ar;
 Diminuição da proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;
 Melhoria na qualidade do composto produzido a partir da matéria orgânica;
 Melhoria na limpeza da cidade;
Vários modelos de coleta seletiva são adotados no Brasil, mas elas podem ser
classificadas em dois grandes grupos: coleta porta a porta e coleta em pontos determinados,
14
podendo ser esse último dividido em coleta por postos de entrega voluntária, os chamados PEVs
(Pontos de Entrega Voluntária) ou LEVs (Locais de Entrega Voluntária) e por postos de
recebimento e troca.
I. Coleta porta a porta
É o modelo mais utilizado atualmente. Assemelha-se ao sistema convencional, devido à
coleta ser realizada na fonte geradora (residências, estabelecimentos comerciais, instituições
públicas e serviços), geralmente com dias e horários fixos. A diferença em relação ao sistema
convencional consiste que na coleta seletiva é necessário que a população realize a separação dos
materiais recicláveis presentes nos resíduos domésticos.
Após separado os matérias devem ser acondicionados em sacos ou tambores conforme
cada tipo de resíduo ou modelo de seleção adotado pelo município e posteriormente coletados
por um veículo específico ou por catadores.
Depois da coleta, os materiais recicláveis necessitam ser levados para uma unidade de
triagem, que disponham de mesas de catação, para que seja realizada uma separação mais
criteriosa dos materiais tendo em vista a comercialização dos mesmos.
II. Coleta por postos de entrega voluntária
A entrega do material também pode ser feita em locais previamente definidos, chamados
“Postos de Entrega Voluntária” (PEV’s) ou Locais de Entrega Voluntária (LEV’s), onde a
população pode levar os materiais separados, apenas o resíduo seco reciclável e cada material é
depositado em recipiente próprio, normalmente com cor e nomenclatura específica.
Neste sistema utilizam-se caçambas, containers ou pequenos depósitos de cores
diferenciadas, que são colocados em pontos fixos e pré-determinados que preferencialmente
devam estar em locais de grande fluxo de pessoas e fácil acesso. Os recipientes contêm a
recomendação indicada, de acordo com o tipo de resíduo, conforme Resolução CONAMA nº
275, de 25 de abril de 2001, conforme a figura 5.

Figura 5: Código de cores para os diferentes tipos de resíduos.

Fonte: (BRASIL, 2002)

III. Postos de recebimento e troca


A modalidade de coleta seletiva em postos de troca se baseia como o nome já diz, na
troca do material entregue por algum bem ou benefício, que pode ser alimento, vale-transporte,
vale-refeição descontos, etc. (CEMPRE, 2018)
A alternativa de instalação de postos de recebimento (ou troca) pode ser bastante útil
tanto para as modalidades de coleta seletiva em que a coleta seletiva for porta – a – porta, como
para os modelos de coleta seletiva voluntária. Outra opção é criar centros de recebimento e troca
15
independentes em locais afastados dos centros urbanos, que podem servir inclusive de estações
de transferência. (BÜTTENBENDER, 2004)
A tabela 2 relaciona as vantagens e desvantagens relativas à coleta realizada porta a porta
e à coleta em postos de entrega voluntária.

Tabela 2: vantagens e desvantagens relativas à coleta realizada porta a porta e à coleta em PEV’s

VANTAGENS DESVANTAGENS

a) mantém a mesma relação existente


para a coleta convencional entre o serviço
público e o usuário – as pessoas estão
acostumadas a dispor seus resíduos para
coleta em determinados dias e horários,
b) dispensa o transporte por parte do a) Os custos de transporte são
COLETA PORTA usuário dos resíduos até o local da coleta, muito elevados b) a
A PORTA permitindo maior participação, por produtividade por quilômetro
exemplo, da população que não dispõe de percorrido é muito baixa.
veículo próprio c) permite medir a adesão
da população ao programa d) permite
correção da segregação mais de perto
pela possibilidade de contato direto do
agente da coleta com o morador.
a) requer muitos recipientes, que
devem ser adquiridos pelo poder
a) diminui custos de transporte, pois
público; b) demanda maior
concentra a coleta em pontos pré-
disposição da população; c) não
determinados; b) evita que a população
permite identificar as adesões;
necessite de local próprio para
d) não facilita contato direto
COLETA FEITA acumulação dos recicláveis; c) permite
com os usuários, o que não
EM PEVs OU LEVs exploração do espaço do PEV para
permite correção da segregação
publicidade e parcerias que diminuem os
mais de perto; e) os containers
custos de implantação e manutenção; d)
ficam sujeitos a atos de
facilita a separação por tipo de resíduo,
vandalismo; f) exige constante
facilitando a triagem.
manutenção e limpeza.

Fonte: Elaborada pela autora

IV. Catadores
Segundo a CEMPRE (2018), há anos a reciclagem no Brasil e em vários outros países em
desenvolvimento é sustentada pelos catadores, estimando-se que em 2018 o número de catadores
no Brasil chegava a cerca de 800 mil. Este dado se dá devido a grande crise social existente no
país, fato que tem levado essa grande fatia da população a buscar sobrevivência através da
catação de materiais recicláveis existentes no lixo domiciliar.
Os catadores percorrem as ruas das cidades coletando apenas alguns materiais presentes
no lixo, porém lamentavelmente, muitas vezes eles rasgam as sacolas de lixo e deixam os
resíduos expostos, comprometendo a qualidade ambiental urbana. O ideal seria a associação
entre a administração pública, que em conjunto com uma entidade de assistência às populações
carentes incentivaria a formação de associações de catadores, que proporcionariam a
implementação de programas de educação ambiental para os catadores evitando o acontecimento
deste tipo de problema.
16
Conforme cita CEMPRE (2018) a organização desses trabalhadores pode ajudar a
racionalizar a coleta seletiva e triagem, reduzindo custos e aumentando o fluxo de materiais
recicláveis, promovendo geração de emprego e renda e proporcionando o resgate da cidadania
dos catadores, que em sua maioria são moradores de rua ou pessoas em situação de
vulnerabilidade social.

3.4.3 Reciclagem
Reciclar é tornar utilizável o que já foi usado, se necessário, em alguns casos, infinitas
vezes. Assim, não é preciso tirar da natureza, novamente, aquilo que ela já nos deu. Reciclar é
combater o desperdício. É garantir o futuro, copiando a sabedoria da própria natureza (CMRR,
2008)
Reciclagem é uma série de atividades que visa desviar dos lixões e aterros sanitários
materiais que se tornariam lixo, por serem considerados velhos ou inutilizáveis, mas que após
coletados, separados e processados podem ser utilizados novamente, podendo ser reintegrados na
sociedade como uma matéria-prima para a fabricação de diversos novos produtos ou empregado
com a mesma finalidade do uso anterior.
(CEMPRE, 2018; IBAM, 2001) destacam que as principais vantagens associadas à
reciclagem são:
• preservação de recursos naturais;
• diminuição de impactos ambientais;
• economia de energia;
• economia de transporte (pela redução de material que demanda o aterro);
• diminuição da quantidade de lixo a ser aterrada;
• geração de emprego e renda;
• conscientização da população para as questões ambientais.
A reciclagem ideal é aquela proporcionada pela população, que separa os resíduos
recicláveis em casa, principalmente com a ajuda da coleta seletiva, facilitando a separação desses
resíduos que possuem um alto potencial de reciclagem e jogando no lixo apenas o material
orgânico, caso não exista unidades de tratamento para este tipo de resíduos, como por exemplo
as unidades de compostagem.
Atualmente, existem vários tipos de processos de reciclagem, isto depende diretamente
do material a ser reaproveitado e do seu objetivo final, sendo os resíduos classificados como:
plástico, metal, papel e vidro. Em termos gerais, os produtos alcançados por meio do processo de
reciclagem são totalmente diferentes dos produtos iniciais, contudo, alguns materiais (como as
latas, por exemplo) podem ser utilizados em sua própria produção. (FERREIRA, 2017)

3.4.4 Incineração
A Incineração é uma forma de tratamento dos resíduos sólidos que envolve a combustão
de substâncias orgânicas, ou seja, a queima na presença de excesso de oxigênio, no qual os
materiais à base de carbono presentes na matéria que compõe os resíduos, são decompostos,
liberando calor e gerando um resíduo de cinzas.
Conforme cita o dicionário Novo Aurélio, incineração é o “ato ou efeito de queimar até
reduzir às cinzas”, no qual ocorre sua redução mássica e volumétrica, tornando este resíduo
absolutamente inerte em pouco tempo e diminuindo assim a necessidade de áreas para a
disposição de resíduos, se realizada de forma adequada.
Bizzo; Goldstein Jr (1995) deixam claro que algumas das principais vantagens da
incineração são: a destruição de organismos patogênicos, a eliminação de odores comuns nos
aterros sanitários e a destruição de diversos produtos tóxicos que são descartados de maneira
deliberada pela população.

17
Conforme aponta Dos Santos (2011), a incineração transforma os resíduos basicamente
em três produtos: cinzas, gases da combustão e calor.
As cinzas são em sua maioria formadas por constituintes inorgânicos que estavam
presentes nos resíduos. Os gases da combustão, que são constituídos por gases ácidos, SOx, NOx
e metais pesados, necessitam de um tratamento adequado, sendo necessária a redução da
concentração desses poluentes e para diminuir a quantidade de material particulado, antes de
serem despejados na atmosfera. O calor gerado pela combustão oferece a possibilidade de
recuperação energética, isto quer dizer que: através da energia contida nos resíduos, liberada na
queima, esta energia pode ser utilizada em outros processos, ou seja, reciclada.
Recentemente, graças ao desenvolvimento de tecnologias de redução da poluição, os
incineradores têm sido capazes de alcançar, e até ultrapassar as metas estabelecidas pela
legislação ambiental, se transformando em uma forma mais segura para a destinação dos
resíduos e, consequentemente, para a geração de energia elétrica ou térmica. (DOS SANTOS,
2011)
Segundo o IBAM (2001) as usinas de incineração são geralmente dispendiosas, dado a
sua instalação e funcionamento, principalmente em razão da necessidade de filtros e
implementos tecnológicos sofisticados para diminuir ou eliminar a poluição do ar provocada
pelos gases produzidos durante a queima do resíduo, pois conforme especifica Dos Santos
(2011), o incinerador de resíduos não é apenas um forno isolado, mas sim uma completa
instalação industrial contendo todas, ou parte, dos componentes citados a seguir:
- armazenamento e manipulação de resíduos;
- alimentador de resíduos;
- combustão no forno;
- recuperação do calor com produção de vapor e eletricidade (plantas com
aproveitamento energético);
- controle da poluição do ar (tratamento dos gases da combustão)
- manipulação dos dejetos (cinzas e águas residuais).

18
4 COMPOSTAGEM
4.1 Fração orgânica como alvo da reciclagem
A matéria orgânica presente nos resíduos sólidos urbanos é representada pelos restos de
vegetais e animais, podendo ter diversas origens, como doméstica (restos de alimento e poda de
árvores), de saneamento básico (lodos de estações de tratamento de esgoto), de agroindústrias
(resíduos do processamento de alimentos), ou de produções animais (animais mortos, resíduos de
frigoríficos).
Segundo a ABRELPE (2020) esta fração orgânica permanece como a principal
componente dos RSU, com 45,3%, ou seja, pouco mais de 36 milhões de toneladas deste tipo de
resíduo. O que representa aproximadamente 170 kg de matéria orgânica descartada por pessoa a
cada ano, que majoritariamente são enviadas para disposição final em aterros sanitários ou
lixões, se tornando fonte de emissões de gases de efeito estufa.
Faz-se necessário a criação de medidas para a minimização da problemática do aumento
da geração de resíduos nos últimos anos, visando à melhoria da qualidade de vida e da
sustentabilidade dos processos.
Na maioria dos municípios brasileiros os resíduos orgânicos não são separados dos outros
resíduos, sendo descartados junto com os materiais que não foram coletados de maneira seletiva
e dos rejeitos. Se essa matéria orgânica fosse separada de forma adequada pela população e
encaminhada para tratamento, como a compostagem, por exemplo, seriam evitadas despesas para
o municio com transporte, mão de obra e prolongaria a vida útil de aterros e lixões.
É preciso o surgimento de políticas públicas e financiamento de programas municipais. O
estímulo à informação e divulgação para fomentar a separação da matéria orgânica podendo ser
destinada a compostagem caseira, pátios de compostagem comunitários, dentro de escolas e
centros comunitários, entre outros empreendimentos. (ZANETTE, 2015)
Hoje difundida como compostagem, a reciclagem dos resíduos orgânicos foi pesquisada e
difundida por Howard a partir de 1920, com o nome de Processo Indore, onde o produto final é
o húmus orgânico. (MAESTRI, 2010)
Segundo Inácio; Miller (2009) a reciclagem orgânica é um método para a gestão dos
resíduos com potencial de integração entre setores da sociedade, tornando-se o principal meio de
retirada desses resíduos de aterros sanitários.
Conforme cita Dores-Silva; Landgraf; Rezende (2013) os resíduos orgânicos são
materiais biodegradáveis e a sua reciclagem contribui para a retenção de umidade e na melhoria
da textura do solo, além de fornecer macro e micronutrientes às plantas. Além disso, o aumento
do custo dos fertilizantes comerciais e a crescente poluição ambiental fazem do uso de resíduos
orgânicos na agricultura uma opção atrativa do ponto de vista econômico, em razão da ciclagem
de carbono e de nutrientes. (LOUREIRO et al., 2007; MELO; SILVA; DIAS, 2008)

4.2 O processo de compostagem


A definição de compostagem pode variar a depender do enfoque microbiológico,
agronômico ou de engenharia ambiental conforme cita Inácio; Miller (2009).
A compostagem pode ser definida como uma bioxidação aeróbia exotérmica de um
substrato orgânico heterogêneo, no estado sólido, caracterizado pela produção de CO2, água,
liberação de substâncias minerais e formação de matéria orgânica estável. (FERNANDES;
SILVA, 1999)
Na prática a compostagem é um processo utilizado para o tratamento de resíduos
orgânicos, que ocorre naturalmente, muito semelhante à decomposição da matéria orgânica que
ocorre na natureza, diferindo somente que na compostagem há a manipulação do material pelo
homem.

19
Os materiais orgânicos sejam eles de origem urbana, industrial, agrícola ou florestal, que
seriam descartados como lixo, são transformados e estabilizados em adubo (composto orgânico)
permitindo a reciclagem e a reutilização de nutrientes.
Para realizar a compostagem, devemos misturar materiais orgânicos com diferentes
características físicas e químicas, normalmente com características desagradáveis (odor, aspecto,
contaminação por microrganismos patogênicos, entre outros) e acompanhar a decomposição
desses resíduos, manejando os materiais periodicamente até que a decomposição acabe e estes
sejam completamente transformados em um rico produto final, o composto orgânico, que possui
propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem e que
pode ser utilizado como insumo agrícola.
Segundo Lima (1995), a compostagem tem várias classificações e estas classificações
estão descritas na tabela 03.

Tabela 3: Classificações da compostagem


Presença de ar; temperatura da massa
Aeróbio elevada; desprendimento de CO2 e
água.
Quanto à biologia Sem a presença de ar; desprendimento
Anaeróbio
de gases CH4 e H2S e outros.
Combinação dos dois processos
Misto
anteriores
Matéria orgânica digerida a uma
Criofílico temperatura próxima ou inferior à do
ambiente.
CLASSIFICAÇÃO Quanto à
Temperaturas variando de 40 a 55°C,
DA temperatura
Mesofílico temperatura varia em função da
COMPOSTAGEM população de microrganismos
Termofílico Temperaturas superiores a 55°C
Aberto Realizada a céu aberto.
Quanto ao Através de digestores,
ambiente Fechado bioestabilizadores, torres e células de
fermentação.
Revolvimento da massa em
Estático/Natural
Quanto ao fermentação é feita esporadicamente.
processamento A massa é revolvida continuamente,
Dinâmico/Acelerado favorecendo a aeração, a atividade e o
controle biológico.
Fonte: Adaptação (LIMA, 1995)

Inúmeras são as vantagens apresentadas pela compostagem, dentre elas o Instituto de


Pesquisas Tecnológicas - IPT (2000) destaca:
 Redução de cerca de 50% do resíduo destinado ao aterro;
 Redução dos impactos ambientais associados à degradação dos resíduos orgânicos
em locais inadequados;
 Economia de aterro;
 Aproveitamento agrícola da matéria orgânica;
 Melhoria das propriedades físicas do solo;
 Reciclagem de nutrientes para o solo;
 Economia na aquisição de fertilizantes minerais;
 Processo ambientalmente seguro;
 Eliminação de patógenos;
 Economia de tratamento de efluentes;
20
 Economia na coleta e transporte dos resíduos sólidos.

4.3 Microbiologia da compostagem


4.3.1 Grupos microbianos
Bactérias: São organismos unicelulares procarióticos, abundantes nos solos, cuja função
principal é decompor a matéria orgânica (animal ou vegetal), aumentar a disponibilidade de
nutrientes, agregar partículas no solo e fixar nitrogênio. Segundo Cardoso; Tsai; Neves (1992) as
bactérias possuem crescimento rápido e atividade respiratória vigorosa. Tuomela et al. (2000)
afirmam que são capazes de produzir endósporos com parede espessa e por isso são muito
resistentes ao calor, radiação e desinfecção química entre outras condições ambientais
desfavoráveis.
Existem diversas espécies de bactérias podendo ser elas: fotossintetizantes, fixadoras de
nitrogênio, capazes de oxidar compostos minerais de nitrogênio e enxofre ou de fixar CO2.
Fungos: São organismos eucarióticos com parede celular, sem clorofila, heterotróficos e
aeróbios obrigatórios. Tem seu crescimento beneficiado quando há um decréscimo na
temperatura, umidade e pH, o que ocorre ao longo do processo de compostagem, mas podem
crescer em uma ampla faixa destes fatores.(DE BERTOLDI; VALLINI; PERA, 1983;
TUOMELA et al., 2000). Geralmente são encontrados em solos de predominância ácida, com
pH variando entre 3,0 e 9,0. Os fungos são praticamente excluídos da fase termófila (alta
temperatura), devido ao baixo número de populações que conseguem crescer em temperaturas
acima de 50ºC.
Os fungos têm como principal função a decomposição de materiais recalcitrantes ricos
em celulose e ligninas (Lima, 1991).
Actinomicetos: são bactérias filamentosas multicelulares que se parecem com fungos
devido ao tipo de esporos que produzem. Actinomicetos são uma importante parte da
comunidade microbiana na compostagem por agirem na conversão da hemicelulose e celulose
em compostos de fácil degradação como açucares e amido. (VANDERGUEYNST; LEI, 2003)
Eles preferem pH neutro ou levemente alcalino, ambientes úmidos mas aeróbicos,
toleram altas temperatura, na faixa dos 50ºC , devido a isto aparecem predominantemente na fase
termófila, mas também na maturação e no resfriamento da compostagem. São capazes de
degradar a lignocelulose e geralmente atuam na decomposição da matéria orgânica em um
estágio mais avançado, quando a maior parte dos substratos de pronta disponibilidade já foi
utilizada. (DE BERTOLDI; VALLINI; PERA, 1983; INÁCIO; MILLER, 2009; KIEHL, 1998)

4.3.2 Transformações bioquímicas e dinâmica microbiana


A compostagem pode ser aeróbia ou anaeróbia, em função da presença ou não de
oxigênio no processo. (IBAM, 2001)
Segundo IBAM (2001) e Kiehl (1998) na compostagem anaeróbia a decomposição é
realizada por microrganismos que vivem em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em
baixa temperatura, geralmente à temperatura ambiente, com exalação de fortes odores, e leva
mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize, aproximadamente 180 dias.
Na compostagem aeróbia, processo mais adequado ao tratamento do resíduo domiciliar, a
decomposição é realizada por microrganismos que só vivem na presença de oxigênio. A
temperatura pode chegar a até 70ºC. Quando realizada de maneira correta, ocorre à liberação
apenas de gás carbônico, vapor de água, gases inodoros, e sua decomposição é mais rápida em
relação à compostagem anaeróbia, podendo levar de 90 a 120 dias e os odores emanados não são
agressivos.
A compostagem é um processo biológico e de ecologia complexa por envolver grupos
variados de microrganismos em sucessão que transformam o substrato em decomposição e que

21
afetam e são afetados pelos fatores físicos e bioquímicos envolvidos durante o processo.
(INÁCIO; MILLER, 2009)
A ação microbiológica, na compostagem, é responsável pela transformação dos materiais
orgânicos, alterando por completos as suas características físicas e químicas, no entanto a
decomposição é sujeita a condições favoráveis como disponibilidade de oxigênio, temperatura e
umidade por exemplo.
Conforme cita Inácio; Miller (2009) existem dois grandes grupos principais de
microrganismos que atuam na compostagem: os mesófilos que possuem atividade ótima até
45ºC, onde prevalecem as bactérias e fungos produtores de ácidos orgânicos e de pequenas
quantidades de ácidos minerais. E os termófilos que atuam numa faixa cima de 45ºC até 75ºC,
sendo predominante a população de actinomicetes, bactérias e fungos termófilos ou
termotolerantes, devido à disponibilidade de oxigênio.
Na figura 6 encontra-se um resumo esquemático dos intervalos de temperatura suportados
pelos vários tipos de microrganismos.

Figura 6: Intervalos de temperatura suportados os pelos vários tipos de microrganismos

Fonte: (PARADELA, 2014) apud (FIGUEIRA JR., 2012)

A matéria orgânica que será alvo de transformação, é constituída por diversos tipos de
substâncias, no qual segundo Epstein (1997) podem ser destacados sete grandes grupos: Os
prontamente biodegradáveis que são os carboidratos e açúcares, proteínas e gorduras; os de
biodegradação mais lenta como a hemicelulose e celulose; a lignina que é resistente a
decomposição . E o sétimo grupo de constituintes são os materiais minerais.
A proporção destes constituintes vai variar dependendo da composição do material
orgânico. Conforme Inácio; Miller (2009) moléculas mais simples são utilizadas como fonte de
energia disponível, tornando-se a fonte primária de energia e carbono, sendo de grande
importância para o inicio da compostagem e para toda a fase termofílica. Moléculas mais
complexas são quebradas em substratos mais simples.
As bactérias formam o grupo mais ativo no processo inicial da compostagem e em toda
fase termofílica. Os actinomicetos são importantes na degradação de substratos orgânicos
relativamente complexos. Os fungos em sua grande maioria mesófilos crescem melhor quando a
umidade na leira é menor, na fase mais avançada do processo. (INÁCIO; MILLER, 2009)
Existem autores que consideram a existência de 3 fases na compostagem: fermentação;
fase de semicura ou bioestabilização e fase de cura ou humificação. Na primeira fase o pH e a
temperatura sofrem um aumento progressivo. Na segunda fase a degradação da matéria orgânica
praticamente não sofre evolução e, por fim, na última fase ocorre a humificação do composto
seguindo-se de uma estabilização como se pode analisar na figura 7, (FIGUEIRA JR, 2012)

22
Figura 7: Fases da compostagem

Fonte: (FIGUEIRA JR., 2012)


Inácio; Miller (2009) dividem o processo de compostagem nas seguintes fases:
Fase Inicial: Expansão das colônias de microrganismos mesófilos e torna-se mais intensa
a decomposição e a liberação de calor, ocorrendo à elevação rápida da temperatura. Dura no
máximo 24 horas, até atingir a temperatura de 45ºC no interior das leiras, mas pode variar entre 3
dias e menos de 15 horas , dependendo do método e material utilizado.
Fase Termófila: temperaturas acima de 45ºC, geralmente predominando entre 50 e 65ºC,
faixa de temperatura ideal para plena ação dos microrganismos termófilos, ocorrendo intensa
decomposição do material, com formação de água metabólica e conservação da geração de calor
e vapor d’água. O calor gerado provoca a aeração (dinâmica de fluxo de ar) por convecção, que
junto com a acelerada decomposição pode gerar um colapso do substrato orgânico, dificultando
assim o suprimento de oxigênio, tornando a aeração a forte influenciadora dessa fase.
Fase Mesófila: fase de degradação de substâncias mais resistentes por microrganismos
mesófilos, ocasionando queda na temperatura das leiras e perda de umidade, devido à redução da
atividade microbiana. Enquanto a fase anterior (termófila) é controlada por bactérias, daqui em
diante os fungos e actinomicetos têm papel igualmente relevante.
Maturação: baixa atividade biológica e o composto perde a capacidade de auto
aquecimento. Maturação do composto com formação de substâncias húmicas, com
decomposição a taxas muito baixas, que continuará quando o composto for aplicado ao solo,
liberando nutrientes.
Na figura 8, é mostrado as fases da compostagem relacionando a temperatura do
composto no tempo.
Figura 8: Fases da Compostagem

Fonte: CEMPRE (2018)

23
4.4 Parâmetros influenciadores do processo
4.4.1 Umidade
No processo de decomposição da matéria orgânica, a manutenção da umidade é
fundamental, pois se trata de um processo biológico, onde a água é essencial no metabolismo
microbiano. No entanto é importante buscar o equilíbrio água-ar, visto que a água concorre com
o oxigênio pelos mesmos espaços na matriz da leira.
A umidade deve se situar na faixa entre 40 e 60%, sendo 55% considerado o valor ótimo
(KIEHL, 1998)
Umidades maiores que 65% trazem prejuízo à aeração, dado que a água ocupará os
espaços vazios do meio impedindo a passagem de oxigênio, ocasionando zonas de anaerobiose,
promovendo a redução da velocidade de degradação, por baixar o potencial de oxidação-
redução, diminuindo assim a eficiência do processo.
Quanto maior a quantidade de água presente, maior a produção de chorume e de líquidos,
consequentemente teores de umidade acima de 65% podem produzir odores desagradáveis,
promover a atração de vetores e a geração de líquidos percolados.
Por outro lado umidade abaixo de 40% inibe o processo de compostagem devido à
redução da atividade biológica. Kiehl (1998) cita a predominância da ação de fungos nestas
condições, pois as bactérias estarão pouco ativas.
Durante a compostagem a quantidade de água dentro da leira de compostagem muda com
a evaporação e precipitação, mas também com a formação de água metabólica (resultado da
respiração microbiana: matéria orgânica + O2 = CO2 + H2O).
Geralmente mais água evapora do que é adicionada e a umidade tende a diminuir durante
o processo de compostagem. (INÁCIO; MILLER, 2009)
Ajustes podem ser feitos a partir da mistura de alimentos e matéria seca, podendo ser
também introduzida água caso o sistema esteja seco.
Para umidades abaixo de 40%, pode-se adicionar água uniformemente sobre o material,
promovendo a irrigação da leira de compostagem. Kiehl (1998) recomenda que leiras muito
ressecadas podem ser irrigadas por chorume por ocasião do revolvimento.
Em caso de excesso de umidade, pode-se misturar materiais absorventes, como palhas,
camas de aparas de madeira. e serragens ou maravalhas.(MARRIEL et al., 1987)
Deve-se evitar leiras a céu aberto em regiões com altas precipitações, pois o excesso de
água pode causar a compactação das leiras e muitas vezes até inviabilizar o processo de
compostagem.

4.4.2 Aeração
Sendo a compostagem um processo predominantemente aeróbio, o oxigênio é de vital
importância para que os microrganismos possam se alimentar o que ocorre através da oxidação
biológica do carbono dos resíduos orgânicos. Por esse motivo, a presença de ar, em um processo
aeróbio é fundamental na garantia de eficiência da atividade dos microrganismos. A baixa
disponibilidade de O2 pode provocar o surgimento de zonas de anaerobiose, ocasionando a
liberação de mau cheiro e consequentemente a proliferação de vetores.
A circulação de ar na massa do composto é, portanto, de grande importância para uma
compostagem rápida e eficiente, visto que a troca gasosa é mais eficiente na periferia da leira, o
interior desta apresenta uma atividade menor. Esta circulação depende da geometria de
confecção da leira, da umidade, do tamanho das partículas e da tecnologia de compostagem
aplicada;
Segundo Kiehl (1998) para obter um composto estável é aconselhável garantir uma
digestão aeróbia em todo material e a aeração é o principal mecanismo capaz de promover o
aumento da velocidade de oxidação do material orgânico e diminuir a emanação de odores,

24
promovendo também a dissipação das altas temperaturas (>65ºC) que ocorrem na fase de
degradação ativa. A aeração pode ser feita por meio manual através de revolvimentos da massa,
ou de forma mecânica, como com insulflamento de ar.
No sentido de favorecer a aeração durante o processo de compostagem, procura-se
adicionar resíduos estruturantes, que demoram mais para se decompor, tais como: serragem e
poda vegetal. (BÜTTENBENDER, 2004)
Para Araújo; Almeida; Basso (2015) na prática é difícil utilizar a aeração como um
parâmetro de controle. Utiliza-se a temperatura, a umidade e o tempo de revolvimento para se
mensurar o impacto.

4.4.3 Temperatura
A compostagem caracteriza-se por ser um processo exotérmico de degradação de
resíduos orgânicos, isto ocorre, pois há a geração calor, provocando o aumento da temperatura da
leira, em razão principalmente da multiplicação bacteriana.
Conforme Ventura (2009) o perfil típico das temperaturas numa leira de compostagem,
quando operada corretamente, é normalmente decrescente, de dentro para fora, resultado das
perdas de energia associadas ao processo, como é possível ver na figura 9.

Figura 9: Perfil típico de temperatura numa pilha

FONTE: (VENTURA, 2009)

A compostagem aeróbia pode ocorrer tanto em regiões de temperatura termofílica (45 a


85ºC) como mesofílica (25 a 43ºC). Pereira Neto (1996) cita que o valor médio ideal da
temperatura nos processos de compostagem é de 55 ºC.
Conforme Kiehl (1998) e Lima (1981) cada grupo de microrganismos que decompõem a
matéria-prima se desenvolve em uma faixa de temperatura ótima, a qual é estimulada pela
atividade metabólica e consequente aumento da população, desta forma sendo necessário
promover condições ótimas de temperatura para o desenvolvimento de cada grupo. Os
microrganismos que participam mais ativamente da decomposição aeróbia são os mesófilos que
predominam em temperaturas entre 20 ºC e 45ºC e os termófilos de 45 ºC a 65ºC
Desta forma a temperatura se torna um fator indicador do processo, permite avaliar se o
processo esta ocorrendo e em que fase este se encontra. Além de indicador, o calor também tem
a função de afastar moscas, impedindo o desenvolvimento de larvas, e de garantir a destruição de
patógenos quando mantida a temperatura na faixa termofílica. (ZANETTE, 2015)
A liberação e o acúmulo de calor, para proporcionar o aquecimento da pilha de
compostagem, assim como o tempo para atingir cada fase do processo e sua duração estão
relacionados com os diversos fatores, como: composição química da matéria-prima a ser tratada,

25
população microbiana, dimensões da leira, aeração, umidade, relação carbono/nitrogênio, tipo do
resíduo, quantidade e granulometria.

4.4.4 Relação Carbono/Nitrogênio


Os microrganismos que decompõem a matéria orgânica requerem uma fonte de carbono,
nitrogênio, macronutrientes e microelementos para seu crescimento, sendo o carbono e o
nitrogênio os mais importantes para a atividade microbiana.
Segundo Zanette (2015) e Inácio; Miller (2009) o Carbono (C) funciona como fonte de
energia e para formação da estrutura das células microbianas, e o Nitrogênio (N) serve para a
formação de proteínas garantindo a multiplicação celular e especialmente no DNA e RNA
microbiano, atuando de modo direto na capacidade de reprodução e crescimento da população
das diferentes espécies de bactérias, actinomicetos e fungos. . Por esta razão que a relação
carbono/nitrogênio (C/N) é considerada como fator que melhor caracteriza o equilíbrio dos
substratos.
Conforme Inácio; Miller (2009) a relação carbono/nitrogênio influencia diretamente
sobre a atividade microbiana e sobre os grupos que irão predominar na decomposição,
ocasionando um maior ou menor tempo para uma decomposição completa. A composição do
material destinado à compostagem irá, portanto, determinar a velocidade do processo de
decomposição. Quanto maior a relação C/N maior o tempo de decomposição, considerando alta
essa proporção com valores acima de 50:1. O intervalo de valores para C/N inicial entre 25:1 e
40:1 é definido como ótimo por diversos autores (INÁCIO; MILLER, 2009; KIEHL, 1998;
PEREIRA NETO, 1996) para o início do processo de compostagem, isto porque os
microrganismos absorvem o carbono e o nitrogênio sempre na relação 30 para 1, independente
da proporção inicial. Valores mais elevados reduzirão a velocidade de decomposição,
ocasionando um tempo de compostagem maior, por outro lado, se for baixa a proporção C/N, a
decomposição realiza-se mais rapidamente, porém ocorre à eliminação do excesso de nitrogênio
na forma de amônia, ocasionando mau cheiro. Ao final da compostagem o composto maturado
terá uma proporção C/N da ordem de 20 à 10:1.
Na tabela 4 são apresentados os valores ótimos da relação C/N propostos por alguns
autores.
Tabela 4: Relações C/N ótimas para a compostagem segundo alguns autores
Relação C:N Autor Ano
30:1 - 35:1 Gotaas, H. B. 1959
30:1 Haug, R. T. 1980
< 20:1 Cardenas et al 1980
20:1 - 30:1 Gouleke, C. G. 1981
25:1 Bertoldi et al 1983
30:1 - 40:1 Pereira Neto, J. T. 1989
25:1 - 40:1 Richard, T. L. 1992
Fonte: adaptado (RUSSO, 2003)

Se o quociente C/N é grande, os microrganismos do composto aplicado no solo, entrarão


em competição com as plantas, resultando em fenômenos depressivos na vegetação.
(DEGRAZIA, 2002)
No processo de compostagem, quase todo o nitrogênio orgânico está disponível para ser
utilizado pelos microrganismos, mas o mesmo não se verifica relativamente ao carbono de
determinados materiais, por se encontrar em formas resistentes à degradação biológica (BRITO,
2006). A matéria orgânica resistente à compostagem é caracterizada pela presença da lignina,

26
ceras, resinas, graxas, óleo dos vegetais, quitina dos artrópodes e outras substâncias resistentes
de animais terrestres. (KIEHL, 1998)

4.4.5 Granulometria
A granulometria é considerada um importante fator para o processo de compostagem,
pois conforme cita Inácio; Miller (2009) ela define a extensão da superfície disponível para a
ação dos microrganismos.
A granulometria influi diretamente em diversos parâmetros da compostagem, como
oxigenação, umidade e temperatura.
De acordo com Kiehl (1985) e Brito (2006), quanto menor o tamanho das partículas,
maior é a superfície que pode ser atacada e digerida pelos microrganismos, sendo os materiais
mais facilmente degradados, dado que a superfície específica aumenta, mas, em contrapartida, a
granulometria muito fina aumentam os riscos de compactação das leiras e de falta de oxigénio
causando anaerobiose.
Para Inácio; Miller (2009) tendo em vista somente o fator microbiológico, quanto mais
fina for a granulometria do material utilizado, mais rápida será a decomposição, porém é
necessário levar em conta o tipo de material utilizado, pois os restos de alimentos, por exemplo,
vão contra a indicação de triturar os resíduos para a compostagem, visto que já possuem rápida
decomposição e tendem a formar muita água metabólica durante a fase termofílica.
A granulometria interfere diretamente na aeração da massa original, sendo que partículas
maiores promovem melhor aeração, e já o tamanho excessivo apresenta menor exposição à
decomposição, tornando o processo mais demorado. (SILVA, 2007)

4.4.6 pH
Para Inácio; Miller (2009) o pH do meio interfere na atividade microbiana uma vez que
cada espécie de microrganismo tem sua atividade ótima em uma determinada faixa de pH,
influenciando principalmente das fases iniciais da compostagem.
Inácio; Miller (2009) deixa claro que poucas são as espécies que possuem plena atividade
em faixas extremas de pH, desde muito ácidas à muito básicas. Por exemplo, se o pH do meio
encontra-se ácido ( pH< 4,0) pode retardar a ação microbiana e não conseguir chegar a fase
termofílica, já para valores muitos altos, provocam a deficiência de fósforo, de micronutrientes
(exceto Mo e Cl) e perdas de Nitrogênio por volatilização. Então considera-se interessante uma
mistura com pH próximo ao neutro.
Quando são utilizadas misturas com pH próximo da neutralidade nas fases iniciais do
processo de compostagem, conforme explica Fernandes; Silva (1999), a tendência é a
diminuição do pH devido à formação de pequenas quantidades de ácidos minerais, que logo
desaparecem, e dão lugar aos ácidos orgânicos (fórmico, acético e pirúvico). Posteriormente,
estes ácidos são decompostos até serem totalmente oxidados, ocorrendo a elevação do pH, que se
explica pela hidrólise das proteínas e liberação da amônia. Assim, normalmente o pH se mantém
alcalino no final do processo.
Fernandes; Silva (1999) cita que se a relação C/N da mistura for conveniente, o pH
geralmente não é um fator crítico da compostagem.

4.5 Aspectos Ambientais decorrentes da compostagem


Vários aspectos ambientais são importantes para que o processo de compostagem não
impacte negativamente o meio ambiente e a população, que conforme Pereira Neto (2007) são
basicamente três: emanação de odores, atração de vetores e produção de lixiviados (chorume). Já
Inácio; Miller (2009) cita também os impactos relacionados à saúde ocupacional dos
trabalhadores envolvidos e os impactos relacionados à aplicação do composto orgânico no solo.

27
A compostagem está longe de ser uma atividade poluidora do meio ambiente, desde que
realizada de maneira correta. É importante na elaboração de um projeto do processo de
compostagem, se atentar ao método que será aplicado e o gerenciamento dos resíduos utilizados
como matéria prima, evitando assim a maioria dos impactos citados, sendo de extrema
importância possuir um manejo adequado das leiras de compostagem, pois desta maneira evita o
odor e a proliferação de moscas, que são as principais queixas da população vizinha.
É necessário no projeto de engenharia da área de compostagem levar em consideração
todos os possíveis riscos inerentes ao processo, na intensão de tentar controlar ou minimizar os
impactos ambientais causados, dado que a falta de controle desses fatores tornam-se
impedimento para o licenciamento ambiental de unidades de compostagem em centros urbanos.
A matéria prima orgânica é um meio biológico para o desenvolvimento de moscas. Lixo
contendo ovos de moscas domésticas pode produzir o inseto adulto em menos de duas semanas
(KIEHL, 2012). As moscas são transmissores de doenças ao ser humano: posam sobre fezes,
animais mortos e material em decomposição e após sobre o alimento humano contaminando-o.
(RUSCHEL, 2013)
Segundo Inácio; Miller (2009) a manutenção das leiras de compostagem na fase
termofílica previnem o aparecimento de larvas de moscas, principalmente as da espécie Musca
domestica, pois ovos e larvas de moscas domesticas não sobrevivem a temperaturas acima de
46ºC. Devido à falta de uniformidade da temperatura ao longo das leiras, é comum o
aparecimento de moscas, principalmente quando o resíduo utilizado possui grande quantidade de
resto de comida. Este tipo de resíduo exerce grande atratividade às moscas então o ideal é que
tenha-se um cuidado especial desde a fonte geradora, acondicionando-os em bombonas ou
contêineres fechados, evitando assim que esse resíduo sofra exposição e chegue ao pátio de
compostagem já contendo ovos de moscas.
O percolado das leiras, conhecido popularmente como chorume , segundo Inácio; Miller
(2009) é um liquido de coloração marrom-escuro e odor característico, que contém partículas
decantáveis de matéria-orgânica biodegradável e matéria-orgânica dissolvida e sais dissolvidos,
sendo que a composição desse percolado irá variar de acordo com a composição dos resíduos
utilizados.
O chorume além do seu cheiro característico possui um potencial poluidor se despejado
em águas superficiais, como rios, lagos, reservatórios e tanques de criação de peixes (INÁCIO;
MILLER, 2009), pois ele provoca redução dos níveis de oxigênio disponível desses locais, mas é
preciso levar em consideração a quantidade de percolado despejada por vazão de água. Nos
lençóis freáticos desde que se evite as áreas de afloramento de água e lençóis freáticos muito
próximos a superfície, o risco de contaminação é baixo, visto que o chorume é prontamente
biodegradável e ao entrar em contato com o solo, sofrerá a ação dos microrganismos perdendo o
seu potencial poluidor.
O percolado pode ser utilizado na fertilização e irrigação de solos, podendo ser usado
diretamente, desde que diluído a concentração de 2% em água.
A compostagem realizada de maneira incorreta produz zonas de anaerobiose o que leva a
produção de odores desagradáveis. Sob estas condições as reações que ocorrem são de redução e
formação de mercaptanas, ácido aminobutírico de muito mau cheiro (KIEHL, 2012). Amônia
também é frequentemente liberada durante operações de compostagem que envolvem fezes de
animais, restos de alimentos e lodo de esgoto. Matérias prima com baixa relação carbono-
nitrogênio (inferior a 20:1) liberam amônia durante a compostagem. (EPSTEIN, 1997;
RUSCHEL, 2013)
Para Inácio; Miller (2009) a geração e a intensidade desse mau cheiro vai depender
diretamente do resíduo utilizado, do gerenciamento e do método aplicado.
Preocupações com a saúde humana em relação à compostagem dependem tanto do
individuo como dos resíduos a serem compostados. Normalmente medidas sanitárias comuns são
suficientes (lavar as mãos antes de comer, não tocar os olhos, etc.). Os equipamentos de proteção
28
individual básicos indicados para limitar a exposição são o uso de luvas, botas de cano alto,
máscara contra pó e poeira, óculos de proteção, macacão de mangas compridas ou curtas e bonés
tipo “árabe”. ((INÁCIO; MILLER, 2009)

4.6 O composto orgânico e suas aplicações


O composto orgânico é definido pela NBR 13.591/1996 como o produto final da
compostagem, sendo um termo utilizado para o produto maturado resultante da biodigestão da
fração orgânica, que pode ser aplicado ao solo.
Segundo Kiehl (1998) e Pereira Neto (1996) a qualidade desse composto irá depender
diretamente do sistema de compostagem, da eficiência do controle operacional e principalmente
do resíduo utilizado no processo, onde os fatores determinantes para a qualidade dos
componentes orgânicos são: o conteúdo, a umidade, o tamanho de partículas, a concentração de
N, o pH e a condutividade.
Inácio; Miller (2009) citam que o composto é um material de composição praticamente
homogênea, de cor marrom-escura a preta, com cheiro suave e típico, plástico a pressão dos
dedos quando úmido e bastante friável. Oliveira; Lima; Cajazeira (2004) e Silva (2007)
complementam que é rico em húmus e contém de 50 a 70% de matéria orgânica, podendo ser
classificado como adubo orgânico.
A composição química do composto gerado é bastante particular já que cada
compostagem utiliza um material orgânico inicial distinto (BEZ, 2020), já que está relacionado
às características sociais, econômicas e culturais da população que habita as localidades nas
quais o resíduo sólido foi gerado. (SILVA, F. C. et al., 2002)
Alguns parâmetros podem ser utilizados para garantir a estabilidade do composto, os
principais são a relação Carbono/Nitrogênio que deve apresentar valores abaixo de 20:1 e o pH
neutro a alcalino, com valores acima de 6,0. Segundo Bez (2020) a garantia desses parâmetros
são indicativos que o composto está totalmente estabilizado, contendo húmus e sais minerais
nutrientes, dessa maneira seguro para o uso. A estabilização do composto, em alguns casos, pode
ser determinada pela análise, através de ensaios físico-químicos do nível de degradação das
estruturas mais complexas, como a lignina, ocorrência que se dá nas etapas finais de
decomposição.
Algumas características para um composto orgânico de qualidade podem ser encontradas
na literatura (quadro 1). As principais características físicas estão relacionadas à cor, tamanho
das partículas, odor, principais contaminantes, umidade, nutrientes e matéria orgânica.
(GASPODINI, 2015)
Dependendo da qualidade do composto, este poderá ser indicado para diversos usos
(DUTRA, 2013; PEREIRA NETO, 2007)
- Horticultura;
- Fruticultura;
- Floricultura;
- Produção de grãos,
- Programas de paisagismo, parques, jardins e playgrounds;
- Reflorestamento;
- Hortos e produção de mudas;
- Recuperação de solos exauridos;
- Controle de erosão;
- Proteção de encostas e taludes;
- Cobertura de aterro, e,
- Produção de fertilizantes organo-minerais, etc.
O composto orgânico humificado pode ser considerado um fertilizante orgânico e
definido com sendo todo produto de origem vegetal ou animal que, aplicado ao solo em

29
determinadas quantidades, em épocas e formas adequadas, proporciona melhorias de suas
qualidades físicas, químicas e biológicas, podendo atuar como um corretivo da acidez, um
complexante de elementos tóxicos e uma fonte de nutrientes às plantas, garantindo a produção de
colheitas compensadoras, com produtos de boa qualidade, sem causar danos ao solo, à planta ou
ao ambiente (KIEHL, 1998)
Para Severino et al. (2005) uma das vantagens na utilização do adubo orgânico quando
comparado aos fertilizantes químicos, é a liberação gradual dos nutrientes à medida que são
necessários no crescimento da planta. No entanto, segundo Tenório; Espinosa (2004) o composto
orgânico não alcança o teor de macronutrientes como os fertilizantes químicos, mas pode ser
utilizado como uma fonte de nutrientes a longo prazo devido à todos os benefícios já citados. E
para garantir uma maior eficiência, de Oliveira; Sartori; Garcez (2008) cita que o composto
orgânico deve ser utilizado imediatamente, se possível, após a finalização do processo de
compostagem.

Quadro 1: Algumas características físicas desejáveis para um composto


Parâmetro Observações
Escurecimento do material ao longo do processo
Cor O material escuro é normalmente associado a uma elevada concentração de
matéria orgânica
Desempenha um papel muito importante no armazenamento, embalagem,
Tamanho de distribuição e utilização final do material.
partículas Determina a textura do solo tendo um impacto sobre a produtividade do
solo.
A presença de odores desagradáveis durante o processo é
geralmente indicação de que foram estabelecidas condições
Odor anaeróbicas.
A presença contínua de um forte odor de terra pode significar
que o processo de compostagem está concluído.
O composto final não deve conter contaminantes identificáveis,
Contaminantes tais como: pedras, partículas de vidro, peças de metal e plástico,
sementes de ervas daninhas nocivas, metais tóxicos e agentes patogênicos
Deve ser inferior a 50% para promover a facilidade de
Teor de
manuseio, a aplicação e o transporte.
umidade
Não deve ser excessivamente seco (inferior a 30% de umidade).
Os nutrientes mais importantes para as plantas incluem o nitrogênio,
Conteúdo de fósforo e potássio
Nutrientes Nutrientes menos significativos incluem cobre, ferro, manganês
e boro.

Matéria A utilidade do composto depende da sua capacidade para


Orgânica aumentar a concentração de húmus no solo, uma vez que este
aumenta a fiabilidade e retenção de água do solo.
Fonte: adaptado (GASPODINI, 2015) Apud (EGGERTH et al. 2007)

O composto deve ser incorporado ao solo trinta dias antes da instalação da cultura, tanto
em culturas anuais, como perenes. No caso de culturas perenes instaladas (como a do café e das
frutíferas), este adubo orgânico deverá ser enterrado formando uma coroa ao redor das plantas.

30
As recomendações de quantidades variam com o tipo de composto orgânico aplicado, com o
solo, a cultura e as condições ambientais. (DE OLIVEIRA; SARTORI; GARCEZ, 2008)
Conforme cita o CEMPRE (2018), para ser comercializado, no Brasil, o composto
orgânico precisa atender alguns parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, de
acordo com os índices da tabela 5.

Tabela 5: Parâmetros do composto orgânico para comercialização


Parâmetro Valor Tolerância
pH Mínimo de 6,0 até 5,4
Umidade Máximo de 40% até 44%
Matéria orgânica Mínimo de 40% até 36%
Nitrogênio total Mínimo de 1,0% até 0,9%
Relaçaõ C/N Máximo de 18/1 até 21/1
Fonte: adaptado (CEMPRE, 2018)

Quando o composto é produzido a partir dos resíduos sólidos urbanos que não receberam
uma devida segregação na fonte, ou seja, a partir de resíduo domiciliar contendo materiais como
plásticos, pilhas, lâmpadas, entre outros, sendo desta forma a compostagem realizada não
somente com os resíduos orgânicos é necessário a preocupação com a presença de metais
pesados e a presença de patogênicos no composto estabilizado, dado que em altas concentrações
são prejudiciais ao solo , as culturas agrícolas e ao consumidor.

4.7 Influência da característica dos resíduos no processo de compostagem


Segundo Gaspodini (2015) o resíduo utilizado para a compostagem possui um conjunto
de características que afetam direta ou indiretamente as atividades dos microrganismos e,
portanto, irão determinar a estratégia de compostagem. Do ponto de vista do manejo de uma
leira, pode-se dizer que cada tipo de resíduo “desempenha um papel” no processo de
compostagem.
Algumas características que influenciam diretamente a atividade microbiana são: relação
carbono/nitrogênio; conteúdo de carboidratos disponíveis a biodegradação; superfície exposta às
colônias de microrganismo; resistência física ou química a biodegradação e pH. As
características com influência indireta seriam: porosidade da massa do resíduo (volume de
vazios/ volume total), efeito a estabilidade da estrutura da leira; retenção de umidade e retenção
de calor (condutividade térmica). Este grupo de características tem influência sobre o fluxo de ar
no interior da leira (aeração) e a perda de calor e umidade. (GASPODINI, 2015; MILLER, 1993)
Conforme Gaspodini (2015) o entendimento das características de ambos os grupos de
resíduos levou ao entendimento das pilhas de compostagem como um ecossistema microbiano.
No entanto, mais atenção é dada às propriedades dos componentes bioquímicos, ou propriedades
químicas simples, como a relação C/N, para preparar misturas de resíduos. O papel dos efeitos
indiretos nas características, como porosidade e o efeito na estabilidade da estrutura da leira, são
geralmente ignorados. Um exemplo disso são as recomendações para a trituração acelerada de
resíduos de compostagem. Essas recomendações geralmente são baseadas em resultados de
laboratório e não levam em consideração certas questões, como a tendência de certos materiais
ao colapso, que é entendida como a compactação do orgânico úmido em decomposição na leira
de compostagem. Este colapso da estrutura da pilha impede ou obstrui a ventilação natural ou
mesmo forçada. Ou ainda, a aversão ao uso de grande quantidade de materiais celulósicos (alto
C/N), tais como aparas de madeira, serragem e palhas secas de culturas agrícolas. Por sua
decomposição lenta estes materiais auxiliam no controle da aeração e temperatura. Geração de
odores desagradáveis e fortes e atração e proliferação de moscas são consequências conhecidas
destas falhas.
31
Alguns aspectos referentes a alguns tipos de resíduos serão abordados abaixo.
 Lodo de estação de tratamento de esgoto
Efluentes e sistemas de tratamento de esgoto com cargas orgânicas produzirão resíduos
sólidos ao final do processo, chamados de lodo de esgoto ou, abreviadamente, lodo biológico.
Segundo Pegorini et al., (1999), podem ser utilizados para compostagem e posterior
aproveitamento agrícola.
A reciclagem agrícola desses biossólidos é uma das formas mais benéficas de se
gerenciar esses resíduos por representar aporte de nutrientes e matéria orgânica ao solo, com
reflexos na formação de agregados do solo, na capacidade de retenção de água e na redução do
uso de fertilizantes industrializados. (ANDREOLI; PEGORINI, 1998)
De acordo com Gaspodini (2015) por apresentarem quase nenhuma porosidade e serem
muito densos, o lodo deve ser misturado a materiais como maravalhas (aparas de madeira ou
serragem) para dar maior porosidade e estabilidade à estrutura da pilha de compostagem. Epstein
(1997) também mencionou que alguns lodos que passaram por uma digestão anaeróbia efetiva
quase não têm energia (carbono) disponível para a atividade microbiana, o que geralmente torna
difícil aumentar a temperatura do composto sem adicionar fontes externas de carbono
disponíveis. No Brasil, tal como Estados Unidos e Europa, existem regulamentações ambientais
para regulamentar a reciclagem agrícola de lodo de esgoto. No Brasil, a Resolução CONAMA nº
375 regulamenta essa questão, estabelecendo parâmetros e limites de concentração para
potenciais poluentes.
No entanto, a reciclagem agrícola desse lodo deve seguir padrões técnicos para evitar
impactos ambientais relacionados a metais pesados, cargas excessivas de nitrato e fósforo e a
presença de patógenos e vermes (parasitas intestinais) nos materiais que entram no solo agrícola.
 Esterco bovino
Se vier de animais monogástricos ou ruminantes, as fezes dos animais têm características
fundamentalmente variáveis. A primeira categoria inclui suínos, aves e cavalos, a segunda
categoria é representada por bovinos, búfalos e caprinos, sendo citados apenas os grupos mais
representativos na agricultura. O tipo de alimento ingerido também afeta a composição do
estrume. De um modo geral, devido às restrições de assimilação, os dejetos de suínos e aves
contêm altos nutrientes, principalmente nitrogênio. O esterco de vaca já contém uma grande
quantidade de fibra vegetal remanescente. O esterco de frangos de corte geralmente é misturado
com aparas ou serragem para formar camas para aviários. É um material rico em nitrogênio, de
baixa densidade, estrutura estável, mas baixa umidade. O esterco de vaca fresco é mole com alta
umidade, o que torna a compostagem difícil, mas se remover o excesso de água (esterco curtido)
é um importante insumo na compostagem por sua alta disponibilidade para biodecomposição e
composição de nutrientes.
 Carcaças de animais
Atualmente, a bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no
cenário mundial, conforme aponta Roque; Malheiros; Martinelli (2014) o Brasil apresenta o
segundo maior rebanho do mundo, em consequência disso, a taxa de mortalidade desses animais
também é alta, gerando bastante discussões sobre o descarte das carcaças e cadáveres desses
tipos de animais.
Com o aumento do número de carcaças de animais de médio e grande porte, e o pouco
conhecimento que se tem a respeito de sua destinação/disposição, o trato desses resíduos acabam
afetando o meio ambiente de diferentes maneiras e chamando a atenção dos produtores rurais e
de entidades do governo(ROQUE; MALHEIROS; MARTINELLI, 2014)
Roque; Malheiros; Martinelli (2014) afirmam que as legislações a respeito do descarte
das carcaças de animais de médio de grande porte, diferem, gerando mau entendimento por
parte da sociedade.

32
Os animais mortos deixados nos terrenos sem nenhum preparo para receber esse tipo de
material, são fontes potenciais de contaminação do solo, águas superficiais e subterrâneas. Essa
contaminação pode gerar riscos epidemiológicos, por inserir no meio ambiente uma nova fauna
de microrganismos presente nos corpos dos animais. (ROQUE; MALHEIROS; MARTINELLI,
2014)
A compostagem de animais mortos ou de suas partes é encarado muitas vezes como uma
prática trabalhosa que só sobrecarrega o sistema de produção, conforme aponta Lopes, et al.
(2020), porém essa é uma visão ultrapassada que precisa ser modificada.
A compostagem dos animais mortos ou de suas partes é uma destinação correta e de
baixo custo para um resíduo que não tem valor comercial e tem alto potencial contaminante.
Dela resulta um produto de boa qualidade, que pode ser destinado para áreas agrícolas da
propriedade ou pode ser comercializado, mas a compostagem tem, antes de tudo, a função de dar
destino correto a um resíduo que pode comprometer a qualidade da água que sustenta o próprio
sistema de produção. (LOPES, et al., 2020)
 Resíduos orgânicos alimentares
Segundo Gaspodini (2015) certas características dos resíduos podem até determinar a
forma e a localização dos materiais colocados na pilha de compostagem, ou seja, o
gerenciamento dos resíduos. Por exemplo, quando os resíduos do restaurante são misturados à
cama de biotério para compostagem, os montes são cobertos com aparas de grama, folhas ou
palha. Essa camada evita que o material atraente seja exposto aos vetores (moscas e
camundongos) e ajuda a preservar o calor da camada superior da leira (a principal parte de
crescimento das larvas da mosca). Sobras de arroz e feijão, macarrão e carne facilitam o
crescimento dessas larvas e dificultam a ação microbiana aeróbia da compostagem. Portanto, se
esses materiais forem armazenados em aglomerados e/ou expostos ao exterior, podem ser
produzidos focos de fermentação e larvas, o que pode ser catastrófico.
Materiais com excessiva quantidade de lipídios, gorduras animais e vegetais no caso de
resíduos de restaurantes, que se tornam pastosos à alta temperatura da compostagem, podem
reduzir a porosidade disponível à difusão do ar, de tal forma que alguns autores recomendam
considerar umidade e conteúdo lipídico juntos no cálculo da umidade dos materiais para
compostagem. Na prática realmente se verifica uma dificuldade maior na condução da
compostagem quando a quantidade de materiais gordurosos é grande, o que também tem forte
relação com o fraco crescimento inicial dos microrganismos sobre esses materiais.
(GASPODINI, 2015; MILLER, 1993)

33
5 MÉTODOS DE COMPOSTAGEM
5.1 Sistemas de compostagem
A compostagem é um processo biológico, em sua grande maioria aeróbio, de
transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades
e características diferentes do material que lhe deu origem. Em linhas gerais, consiste no
aproveitamento de matérias-primas que contenham um balanço da relação carbono/nitrogênio
favorável ao metabolismo dos organismos, os quais vão efetuar sua biodigestão.
Para Zanette (2015) e Massukado (2008) a compostagem é um processo flexível e pode
ser aplicado em grande escala como em projetos municipais, fazendas ou em pequena escala
como escolas, hortas comunitárias e quintais. O processo pode demandar uma quantidade maior
ou menor de equipamentos e tecnologia, podendo ser utilizado tantos os métodos simples, quanto
os complexos o importante para a obtenção de um bom composto, conforme cita Fernandes;
Silva (1999), é fazer o uso de resíduos adequados e garantir que o processo biológico ocorra em
boas condições. O método escolhido deve se adequar a situação vigente, principalmente do ponto
de vista técnico e socioeconômico.
Büttenbender (2004) destaca que os métodos de compostagem se diferem basicamente de
acordo com a tecnologia de aeração e da mistura dos materiais, fator que limita a etapa inicial do
processo de oxidação, para o qual a oxigenação é essencial. Para Araújo; Almeida; Basso (2015)
a escolha do método de compostagem é a base da eficiência do projeto. Com o avanço da
tecnologia, além da tecnologia manual existente, diversas alternativas surgiram, dentre elas
processos altamente tecnificados, onde todos os parâmetros são monitorados e controlados com
precisão.
Para Fernandes; Silva (1999) os processos de compostagem podem ser divididos em três
grandes grupos: leiras revolvidas, leiras estáticas aeradas e sistemas fechados. Atualmente o
método de leiras com aeração passiva vem sendo bastante difundido e se tornou um dos mais
utilizados no Brasil ficando conhecido como método UFSC, uma vez que foram realizados
estudos e aprimoramento do método na Universidade Federal de Santa Catarina por Inácio;
Miller (2009).

5.1.1 Sistema de leiras revolvidas (windrow)


Dos sistemas de compostagem apresentados, o de leiras revolvidas é o mais simples, que
conforme Inácio; Miller (2009) é o método mais difundido no Brasil, sendo o mais comum para
a compostagem de resíduos sólidos domiciliares e o mais utilizado nas chamadas “usinas de
triagem e compostagem” que foram implementadas no país entre os anos 80 e 90.
O método de leiras revolvidas funciona da seguinte maneira, o resíduo é disposto em
grandes leiras que são revolvidas de forma periódica até a estabilização do composto.
Segundo Sharma et al. (1997) para que isso ocorra é necessário que o local seja
tecnicamente apropriado. imprescindível que o projeto leve em considerao as condições do
solo, topografia, sistema de drenagem existente, além de outras características específicas. As
leiras devem ser projetadas de forma que não aconteça perda de calor para manutenção do
processo.
Para Inácio; Miller (2009) as dimensões das leiras irá variar muito, pois depende da
disposição e tamanho do local e do maquinário que será utilizado no revolvimento. Segundo
Bidone; Povinelli (2010) as leiras geralmente possuem altura de cerca de 1,5m a 1,8m, e 2,5m a
4,5m de largura. A forma irá variar de acordo com as condições pluviométricas do local.
Segundo Fernandes; Silva (1999) as de seção triangular são as mais comuns e as que apresentam
resultados comprovados.
O espaçamento entre as leiras deve ser determinado em função das características do
equipamento que fará o revolvimento.
34
A mistura e aeração dos resíduos orgânicos no sistema “windrow” é realizada através de
revolvimentos realizados por equipamentos mecânicos. Existem máquinas específicas para
misturar e revolver o composto, que segundo Fernandes; Silva (1999) podem ser equipamentos
tracionados por tratores agrícolas (figura 10a) ou equipamentos autopropelidos (figura 10b),
porém na prática são mais utilizadas pás carregadeiras ou retroescavadeiras (figura 10c) que são
equipamentos convencionais. Para leiras pequenas, de compostagem domiciliar, o revolvimento
pode ser realizado até por intermédio de uma simples enxada.

Figura 10: Tipos de maquinário para revolvimento do composto

Para Kiehl (1998) o programa de revolvimento das leiras deve ser baseado na
concentração de oxigênio, na temperatura e na umidade, considerando-se o parâmetro mais
deficiente ou apenas dois ou os três conjuntamente. (REIS, 2005)
Segundo Fernandes; Silva (1999), durante a compostagem, as leiras devem ser revolvidas
no mínimo três vezes por semana para atender os seguintes objetivos:
 Aerar a massa de resíduos em compostagem;
 Aumentar a porosidade do meio, que sofre uma compactação natural devido ao
peso próprio do resíduo;
 Homogeneizar a mistura;
 Expor as camadas externas às temperaturas mais elevadas do interior da leira,
melhorando a eficiência da desinfecção;
 Em alguns casos, reduzir a granulometria dos resíduos;
 Diminuir o teor de umidade dos resíduos;
 Controlar a temperatura do processo.
A aeração tem como objetivo aumentar a porosidade da pilha e melhorar a
homogeneidade dos resíduos (CARMICHAEL, 1999; MASSUKADO, 2008). É feita por meio
da difusão e convecção do ar da massa do composto. No entanto o processo tem uma limitação,
pois alguns estudos dizem que depois de uma hora o nível de oxigênio da leira pode chegar à
zero (FERNANDES; SILVA, 1999).
No momento em que é realizado o revolvimento, a matéria orgânica entra em contato
com a atmosfera rica em oxigênio, o que permite suprir momentaneamente as necessidades de
aeração do processo biológico. O efeito do revolvimento é limitado e depende de outros fatores,
principalmente porosidade, umidade e nutrientes (FERNANDES; SILVA, 1999).
A figura 11 representa a seção de uma leira de compostagem, mostrando como acontece o
fluxo de ar quente dentro da mesma. Segundo Kiehl (1985) o movimento de ar quente é essencial
para garantir o fornecimento de oxigênio para os microrganismos. As forças de convecção
aumentam a pressão do ar no centro da pilha à medida que a temperatura se eleva, fazendo-o
deslocar-se como indicam as setas e sair pela crista do composto. (KIEHL, 1985) O suprimento
de oxigênio vai depender principalmente dos espaços vazios, da umidade e da frequência de
revolvimento. Para Kiehl (1985) existe uma relação ideal entre conteúdo de água do material
orgânico e a porosidade, que deve estar entre 55% e 65% para umidade e entre 30% e 36% para
35
a porosidade total. Consequentemente materiais de consistência firme e de granulometria
grosseira, estruturalmente resistentes, não se compactam com tanta facilidade, garantindo uma
melhor aeração a leira.

Figura 11: Fluxo de ar quente no interior do composto

Fonte: (KIEHL, 1985)

No método “windrow” segundo Bidone; Povinelli (1999) o tempo varia de 60 a 90 dias


para a compostagem e sendo necessário mais 45 a 60 dias para a humificação. Sendo interessante
ressaltar que a eliminação dos patógenos ocorre nos 15 dias inicias, com a estabilização nos 15
dias seguintes. (BIDONE; POVINELLI, 2010)
Conforme Fernandes; Silva (1999) e Inácio; Miller (2009) esse método apresenta
algumas desvantagens, dentre elas estão: à dificuldade do controle de moscas, a emissão de
fortes odores, principalmente no inicio do processo, a produção de chorume, a necessidade de
grandes espaços e a necessidade de revolvimento constante para a manutenção da aeração.

5.1.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile)


Um dos diferenciais da aplicação desta tecnologia está no fato de não necessitar de revira.
Neste método os resíduos são colocados sobre uma tubulação perfurada, conectada a um
soprador industrial (figura 12), porém conforme Ferreira (2017) deixa claro, essa técnica não é
recomendável para todo tipo de resíduo sólido, pois o material a ser compostado deve ser
homogêneo e possuir granulometria suficiente para garantir uma boa permeabilidade do ar
insuflado, sob baixa pressão.
Figura 12: Sistema de leiras estáticas aeradas

Fonte: (KIEHL, 1998) apud (PIRES, 2011)

36
Segundo Inácio; Miller (2009) esse método permitiu resolver um dos principais
problemas da compostagem que é a falta de oxigênio nos primeiros dias do processo, devido a
grande atividade microbiana. Desta forma em concordância com Epstein (1997) a aeração
forçada é uma maneira muito mais eficiente quando comparada ao revolvimento para a
manutenção dos níveis de oxigênio na leira, principalmente na fase termofílica.
A mistura de resíduos é colocada sobre o piso do pátio que possui uma rede de tubos
perfurados, ligados a um exaustor. Fernandes; Silva (1999) recomenda recobrir a tubulação com
uma camada de 20-30 cm de resíduo estruturante seco, para evitar entupimentos (figura 13). Para
Ferreira (2017) esse revestimento servirá de leito filtrante para o lixiviado e também facilitará a
passagem do ar na leira, que será insuflado ou aspirado através dos orifícios da tubulação.
Pedaços de madeira triturada, pela sua porosidade e resistência mecânica, são excelentes para
esta aplicação.

Figura 13: Funcionamento de leiras estáticas aeradas

Fonte (FERNANDES; SILVA, 1999)

A aeração deve ser dimensionada de acordo com os objetivos visados (FERNANDES;


SILVA, 1999):
a) Satisfazer às demandas de oxigênio do processo de biodegradação aeróbia
b) Remover o excesso de umidade
c) Remover o excesso de calor para manter a temperatura em torno de 60 ºC.
A necessidade de aeração vai variar de acordo com os objetivos estipulados. Desta
maneira os ciclos de funcionamentos dos sopradores irá considerar a quantidade de oxigênio
requerida para o processo a partir da fase em que a compostagem se encontra. Sendo pequena
nos primeiros dias, aumentando muito após o inicio da fase termofílica e caindo novamente após
o estabelecimento da fase mesofílica quando há queda na temperatura.
Segundo Fernandes; Silva (1999) é possível projetar um sistema de aeração controlado
por um computador que será capaz de regular a aeração através de um parâmetro escolhido.
Quando este parâmetro for o consumo de oxigênio pelos microrganismos, o limite de 2 – 5 %
nos gases de aspiração é apropriado para prover as demandas de oxigênio da população
microbiana. Já quando o parâmetro escolhido for a temperatura, que deve se manter entre 55 e 65
ºC , as necessidades de aeração serão muitos maiores, pois para manter a temperatura nessa faixa
é exigido muito oxigênio no processo de decomposição. Fernandes; Silva (1999) recomenda que
para o sistema de leiras aeradas, os sopradores devem funcionar durante toda a fase termófila
(bioestabilização), pois é a fase de maior demanda de oxigênio.

37
Depois de formadas as leiras, também é importante recobri-las com uma camada de
aproximadamente 5 cm de resíduo estruturante ou de composto já curado. Já Kiehl (1998) indica
30 cm.
Esta prática visa: (FERNANDES; SILVA, 1999)
a) Proteger o composto do ressecamento superficial, o que impediria a atividade
microbiológica nesta região.
b) Isolar a massa de resíduos de moscas, que são atraídas nos primeiros dias do processo.
c) Isolar parcialmente os resíduos do meio externo, permitindo a elevação da temperatura
na camada externa, o que contribui para melhorar a eficiência de remoção de patógenos.
Uma forma simples e eficiente segundo Kiehl (1998) e Fernandes; Silva (1999) para a
retenção de odores é fazer com que o ar retirado das leiras seja insuflado no composto já
maturado, pois esse composto tem a capacidade de aprisionar as moléculas orgânicas voláteis
causadoras do mau odor.
Fernandes; Silva (1999) cita que este sistema de compostagem permite a formação de
leiras em duas configurações:
a) Leiras isoladas.
b) Leiras agrupadas, onde a massa de resíduos é colocada em blocos compactos de
grandes dimensões.
Sendo a primeira alternativa de melhor controle, pois a segunda opção as produções de
cada dia ficam umas em cima das outras, dificultando a gestão e o controle de diferentes lotes.
Em estudos mais recentes de compostagem de lodos de esgoto, a madeira triturada foi
substituída por lascas de pneus velhos, e a tubulação perfurada foi substituída por estreitas
canaletas abertas no pátio, cheias com brita até o nível do piso, onde é realizado o processo de
aeração e sobre estas, montada a pilha estática. Esta inovação permite que a operação de
disposição do material a ser compostado e a remoção do composto curado seja feita por tratores
com pá carregadeira, que podem trabalhar transitando livremente por todo o pátio. Outra
inovação para a aeração da leira estática é a abertura de canaletas de alvenaria, mais largas que
as anteriores, que são recobertas com placas removíveis de concreto contendo perfurações por
onde passa o ar insuflado ou aspirado. (FERREIRA, 2017; KIEHL, 1998)

5.1.3 Sistema de leiras estáticas com aeração passiva (método UFSC)


Esse método foi aperfeiçoado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e foi
adotado pela EMBRAPA em projetos de compostagem. O diferencial desse sistema é o destaque
na estruturação das leiras. É um método de baixo custo, que necessita de equipamentos simples e
pouca mão de obra.
O livro “Compostagem: ciência e prática na gestão de resíduos orgânicos”, de Inácio &
Miller (2009), publicado pela EMBRAPA, apresenta claramente as características do método e,
portanto, foi utilizado como referencial teórico básico para esse item.
O método é caracterizado por algumas especificidades técnicas, são elas:
 Formato das leiras: as leiras são montadas em retas, formando 90º com o solo,
adquirindo um formato retangular.
 Leiras estáticas: as leiras não são revolvidas constantemente, geralmente, apenas
uma ou duas vezes ao fim da fase termofílica, com o objetivo de homogeneizar o material para a
maturação.
 Densidade do substrato: é necessária uma alta parcela de material “estruturante”
que apresentam alta relação C/N e baixa densidade.
 Carga contínua: as leiras são alimentadas com novas cargas de resíduos
periodicamente.
 Mistura de camadas: a cada carga, realiza-se a mistura com o material da carga
anterior, com garfos agrícolas, já em fase termofílica do processo.
38
 Cobertura: realiza a cobertura das leiras com material vegetal, como cortes de
grama, folhas secas, serragem, ou qualquer outro material vegetal, para evitar a exposição dos
restos de alimentos, evitando assim a perda de temperatura e proliferação de vetores.
Na figura 14 é apresentada a montagem de uma leira utilizando o método UFSC e a
mesma leira após a finalização da montagem.

Figura 14: Leira sendo montada e após a montagem

Fonte: (ZANETTE, 2015)

Esse método dá ênfase à rigorosa forma de montagem das leiras, que são: leiras estáticas,
retangulares e com a proporção correta entre material estruturante e material orgânico. Desta
maneira com aeração passiva, as leiras se mantêm aeróbias, com 2/3 do volume com >10% de
O2, formando um centro interno anaeróbio, refletindo assim no padrão de temperatura, que se
apresenta na faixa de 55 a 65 ºC, sendo assim uma compostagem termofílica.
Para pátios de compostagem sem o auxilio de maquinas recomenda-se leiras com
dimensões entre 1,0 e 1,5 m de altura e 1,5 a 2,5 m de largura e o comprimento pode variar entre
10,0 e 20,0 m, dependendo do volume de resíduos a serem compostados e do espaço disponível.
Para pátios mecanizados podem-se construir leiras maiores de até 2,0 m de altura e 3,0 m de
largura.
A montagem das leiras basicamente é realizada da seguinte maneira:
1) Sobre o solo levanta-se uma parede de material vegetal seco, como palha de
capim, com cerca de 30 cm de altura. Essas paredes formam um “ninho” onde os resíduos serão
depositados.
2) Em seguida é despejado o material orgânico proveniente da coleta seletiva.
Importante salientar que esse método utiliza resíduos que receberam segregação adequada.
3) Sobre essa camada é adicionado materiais secos, como serragens, palhas, folhas.
4) Outras camadas são formadas, seguindo a ordem anterior e a ultima camada é
feita de grama, conforme representação apresentada na figura 15.

39
Figura 15: Procedimento de montagem leira método UFSC

Fonte: (INÁCIO; MILLER, 2009)

As leiras são montadas aos poucos, geralmente recebendo camadas a cada 2 ou 3 dias até
alcançar a sua altura máxima. Desta maneira tem-se sempre a montagem simultânea de 2 ou 3
leiras , a depender da quantidade de resíduos disponíveis. Quando essa leira atinge a sua altura
máxima, ela para de receber resíduos e não é revolvida até o fim da fase termofílica, o que dura
cerca de 120 dias.
Os revolvimentos somente serão necessários caso haja queda da temperatura em
diferentes pontos da leira, ocasionando a diminuição da atividade microbiana, para tal
conhecimento é indicado a observação rotineira das leiras através da observação da temperatura
no seu interior, com o auxilio de termômetros e também através do teste de tato que consiste em
retirar a camada de palha da cobertura e observar os aspectos físicos do material para verificar se
a decomposição esta ocorrendo corretamente. Pois é perceptível quando a mesma esta sendo mal
conduzida, resultando na formação de massas de matéria orgânica compactadas e odores
desagradáveis devido a anaerobiose do processo ou a falta/excesso de umidade.
Após a fase termofílica, ocorre um revolvimento para homogeneização e inicio da fase de
maturação. Caso haja ainda algum carbono disponível para a degradação pode acontecer
processos termofílicos curtos. Então procede-se à fase de maturação até o composto estar
completamente estabilizado e pronto para uso.

5.1.4 Sistemas de reatores biológicos (In-vessel)


Segundo Inácio; Miller (2009) o método de compostagem em sistemas fechados ou
também chamados reatores biológicos é um processo totalmente mecanizado, onde todos os
resíduos são confinados em estruturas fechadas, como containers, grandes cilindros de material
metálico (figura 16a) ou em concreto e alvenaria (figura 16b). São métodos totalmente
dependentes da aeração forçada e de revolvimento mecânico da massa compostada, ocupam uma
menor área quando comparado aos outros métodos e são menos suscetíveis às influencias
externas como variações climáticas. Apresentam um tempo reduzido de compostagem,
40
geralmente quatro semanas segundo Inácio; Miller (2009), e de 7 a 20 dias para Fernandes; Silva
(1999), dependendo do resíduo utilizado, no entanto necessitam de um tempo de maturação mais
longo, em torno de 60 dias.

Figura 16: Exemplos de reatores biológicos

Neste método é possível um controle detalhado da umidade, temperatura e taxa de


oxigenação. No reator é mais fácil monitorar a taxa de aeração e adequá-la as necessidades do
processo, pois se pode medir o teor de oxigênio dos gases de saída do reator e quando a
porcentagem de oxigênio estiver próxima a 2%, aumenta-se a vazão para não permitir
anaerobiose na massa do composto (FERNANDES; SILVA, 1999)
Esse tipo de compostagem demanda mais capital, mais custo de operação e manutenção,
porém demanda menos mão de obra, menor área e é possível ter um controle sobre a qualidade
do composto e o tempo de compostagem.
Segundo Inácio; Miller (2009) esse método pode ser subdividido em três tipos: reatores
de fluxo vertical, reatores de fluxo horizontal e reatores em batelada, onde os dois primeiros são
de fluxo continuo.
Reis (2005) descreve os tipos de reatores da seguinte maneira:
 Reatores de fluxo vertical: São constituídos por sistemas parecidos com silos
verticais onde os resíduos geralmente entram pela parte superior e percorrem o reator no
sentido descendente. O ar pode ser injetado em vários níveis ou apenas na parte inferior do
reator;
 Reatores de fluxo horizontal: geralmente em forma cilíndrica e são dispostos
horizontalmente. Por estas características às vezes são conhecidos como túneis. Os resíduos
entram por uma extremidade do reator e saem pela outra, com tempo de detenção suficiente
para realização da etapa termófila. Uma variação deste tipo de reator são os túneis fechados
onde o ar é injetado sob pressão ao longo do trajeto.
 Reatores de batelada: difere dos anteriores pelo fato do composto ficar confinado
no mesmo local, sem se deslocar. O reator geralmente é dotado de um sistema de agitação da
massa de resíduos, que pode ser por rotação lenta do reator em torno de seu próprio eixo, ou
por um sistema misturador interno. O revolvimento é necessário para limitar os caminhos
41
preferenciais de passagem do ar, no entanto, alguns reatores, entretanto, não realizam esta
operação.
I. Reatores de fluxo vertical
Os reatores de fluxo vertical apresentam características muito semelhantes à de silos
verticais. Segundo Ventura (2009) possuem mais de 4 metros de altura e a introdução dos
resíduos é realizada por cima e por ação da gravidade cai até o fundo, onde o composto é
recolhido (Figura 17).

Figura 17: Reator de fluxo vertical

Fonte: (VENTURA, 2009)

O reator é projetado de tal maneira para que quando o material chegue à parte inferior, a
fase termofílica já tenha terminado e o composto esteja pronto para ser descarregado, recolhido e
encaminhado para a fase de maturação. Fase que conforme Mendes (2009) será uma fase
prolongada.
Ventura (2009) e Boina (2018) citam que a aeração do composto pode ocorrer pela
injeção de ar em vários níveis ou apenas na parte inferior do reator sendo essa insuflação de ar
realizada no sentido de contra corrente. Mendes (2009) salienta que o fluxo de ar de saída pode
ser recolhido e direcionado a um sistema de tratamento de odores.
Ventura (2009) explica que devido a grande distância percorrida dentro dos reatores
(altura elevada) é mais difícil manter o controle de parâmetros como a temperatura e a
concentração de oxigênio quando comparado a métodos considerados mais simples como a
compostagem realizadas em leiras estáticas. Porém para minimizar as variações apresentadas por
esses parâmetros ao longo do reator, deve-se inverter o sentido do fluxo de ar ou insufla-lo
horizontalmente.

42
II. Reatores de fluxo horizontal
Reatores de fluxo horizontal geralmente são de forma cilíndrica e dispostos na horizontal.
Segundo Boina (2018) nesse tipo de reator os resíduos entram no sistema por um lado e saem por
outro, possuindo um tempo de residência suficiente para a realização da fase termofílica. A
aeração é introduzida no decorrer do trajeto.
Os reatores horizontais mais comuns são os do tipo túnel e do tipo tambor rotativo.
Os reatores do tipo túnel (Figura 18), conforme Mendes (2009) são identificados por
possuir um sistema em canal, onde o material a ser compostado é disposto em vários canais
longos e estreitos, sendo o material revirado por um sistema automático apoiado em carris.
Conforme Ventura (2009) a altura dos resíduos pode variar entre 2 e 4 metros, ocasionando
menores variações de temperatura e de nível de oxigênio do que nos reatores verticais. Mendes
(2009) cita que a aeração pode ser garantida através da instalação de um sistema de difusores na
base e nas laterais dos canais.

Figura 18: Reator horizontal ou em canal

Fonte: (MENDES, 2009)

Os reatores do tipo tambor rotativo (sistema “DANO”), (Figura 19), segundo Mendes
(2009) a inserção dos resíduos é realizada numa das extremidades do tambor, que possui uma
certa inclinação, esta inclinação possibilita que os resíduos se movimentem por ação da
gravidade para a direção oposta, através de uma lenta rotação.
Conforme Ventura (2009) suas dimensões variam entre 2 e 4 metros de diâmetro e
podendo chegar até 45 metros de comprimento, girando entre 0,5 e 2 rpm. Essa rotação
proporciona uma maior homogeneização e trituração dos resíduos, diminuindo a formação dos
gradientes de temperatura.

43
Figura 19: Reatores do tipo tambor rotativo

Fonte: (VENTURA , 2009)


Dentre estes, o mais utilizado é o sistema horizontal (sistema “DANO”), onde grandes
cilindros com aproximadamente 3 metros de diâmetro e 35 metros de comprimento, com
capacidade diária de 50 toneladas a um período de detenção de 3 dias. A temperatura atinge
55ºC. São utilizados filtros especiais no fim do reator, que tem como objetivo limpar os gases de
saída do reator. A velocidade de rotação e o grau de inclinação do cilindro determina o tempo de
detenção. (SHARMA et al., 1997)
III. Reatores de batelada
De acordo com o estudo de Sharma et al. (1996), um reator batelada recebe uma certa
quantidade de resíduos e os trata. Quando a fase de alta temperatura termina, o reator é aberto,
descarregado em bateladas, e o processo é reiniciado com novos resíduos frescos.
Segundo Boina (2018) a diferença entre os reatores em batelada e os reatores verticais e
horizontais é que os compostos ficam confinados no mesmo lugar e não podem ser movidos. No
entanto, os reatores em batelada geralmente têm sistemas de agitação de massa residual, que
podem ser obtidos por rotação lenta do reator em torno de seu próprio eixo ou por um sistema de
mistura interno. Este tombamento por agitação ou rotação é necessário para restringir o caminho
preferencial da passagem de ar, mas alguns tipos de reatores descontínuos não são equipados
com este dispositivo.
Verifica-se através da Figura 20, um exemplo do processo de compostagem através de
reatores biológicos, no caso, de batelada.

Figura 20: Reator em batelada

Fonte: (PEREIRA, 2016)

44
5.2 Vantagens e desvantagens dos sistemas de compostagem
Compostagem eficiente não depende necessariamente do uso de tecnologia complicada.
Para Fernandes; Silva (1999) é necessário controlar a qualidade dos resíduos a serem
processados e monitorar o processo para garantir uma produção de compostos orgânicos
ecologicamente correta. Para determinar a tecnologia a ser utilizada, é necessária uma avaliação
de critérios técnicos e econômicos. As principais vantagens e desvantagens citadas por vários
autores (BOINA, 2018; FERNANDES; SILVA, 1999; INÁCIO; MILLER, 2009; MENDES,
2009) dos sistemas são apresentadas abaixo.

 Sistema de leiras revolvidas

→ Vantagens

1. Baixo investimento inicial


2. Flexibilidade de processar volumes variáveis de resíduos
3. Simplicidade de operação
4. Uso de equipamentos simples
5. Produção de composto homogêneo e de boa qualidade
6. Possibilidade de rápida diminuição do teor de umidade das misturas devido ao
revolvimento

→ Desvantagens

1. Requerem áreas elevadas devido à necessidade de existir espaço entre as leiras


para o revolvimento;
2. Dificuldade de controle do odor, principalmente na fase do revolvimento;
3. A produção em terreno aberto torna as pilhas sensíveis às condições atmosféricas
(temperatura, humidade e chuvas);
4. Necessidade de revolvimento frequente, principalmente nas etapas iniciais, de
forma a se manterem boas condições de porosidade e de temperatura;
5. Exigência de grande trabalho humano e de utilização dos equipamentos
mecânicos para o revolvimento;
6. Impossibilidade de fazer revolvimento em tempo de chuva se não existir cobertura
do pátio de compostagem;
7. Custos assinaláveis em médio prazo resultantes do uso e desgaste dos
equipamentos;

 Sistema de leiras estáticas aeradas

→ Vantagens

1. Investimento inicial moderado;


2. As leiras podem ser maiores do que as leiras revolvidas uma vez que, ao contrário
destas, o arejamento é forçado;
3. Não é necessário espaço para o equipamento de viragem nem entre pilhas;
4. O aumento no arejamento encurta o tempo de duração da compostagem;

45
5. O controle dos ventiladores, por tempo de funcionamento ou temperatura da pilha,
permite controlar as variações de diversos parâmetros contribuindo para um composto mais
consistente;
6. A elevada temperatura atingida aumenta a eliminação de agentes patogénicos;
7. Requer um menor investimento de capital quando comparado com as operações
do sistema em reator (também requer a utilização de arejamento forçado);
8. Melhor controle dos odores associados ao processo;

→ Desvantagens

1. Quando a mistura é realizada de forma incorreta, no que se refere à porosidade e à


estruturação da pilha, podem criar-se caminhos preferenciais de ar que implicarão uma desigual
compostagem da pilha e naturalmente originam a produção de um composto de menor qualidade;
2. Os orifícios dos tubos de arejamento podem ficar obstruídos, impedindo assim o
correto arejamento de toda a pilha. Como as perfurações se encontram na base da leira, este
problema é de difícil resolução;
3. A instalação, remoção e os danos provocados nos tubos de arejamento durante a
formação das pilhas podem constituir um problema;
4. Necessidade de investimento elevado para a instalação do sistema de arejamento;
5. O arejamento forçado tende a secar a pilha de composto sendo necessário um
maior controle da humidade;
6. Alto gasto com energia elétrica.

 Sistema de leiras estáticas com aeração passiva (método UFSC)

→ Vantagens

1. Baixo custo de implantação


2. Operação simples
3. Não há a necessidade dos revolvimentos periódicos
4. Sanitariamente adequado
5. Devido ao elevado tempo da fase termofílica aumenta a eliminação de agentes
patogénicos;
6. Mínima produção de odores, chorume e geração de vetores.
7. As leiras suportam novas cargas de resíduos após o inicio da compostagem, sem
prejuízos para o processo.
8. Suportam ambientes com altas precipitações

→ Desvantagens

1. Necessita operadores capacitados em compostagem


2. Utiliza muito material vegetal, que pode ser difícil de conseguir.
3. Necessita de extensas áreas de implantação.
4. Sua eficiência é dependente da correta estruturação da leira
5. Necessitam de resíduos com segregação adequada

 Sistemas de reatores biológicos (In-vessel)

→ Vantagens

46
1. O fato do processo se desenvolver em sistema fechado anula os efeitos negativos
das condições atmosféricas permitindo o controle da qualidade e consistência do produto final;
2. Reduz o potencial de problemas relacionados com os odores através da diluição
do ar interior com ar proveniente do exterior ou por aplicação de um sistema de tratamento
desses odores;
3. Permitem uma menor demanda de área que juntamente com uma gestão eficiente
do espaço, possibilita a preparação de pilhas com uma altura superior quando comparadas com
as pilhas revolvidas;
4. Implicam menor intervenção humana uma vez que o processo de revolvimento da
leira é automatizado;
5. Dependendo do sistema adotado existe a possibilidade de recuperação de energia
térmica;

→ Desvantagens

1. Custos elevados de investimento, operação e manutenção associados ao


equipamento automático de revolvimento do material;
2. A estabilização do produto final pode não ser tão eficiente tendo em conta o
reduzido período de tempo em que se desenvolve a compostagem, implicando desta forma um
tempo maior de maturação;
3. Sistema com pouca flexibilidade no que diz respeito à localização e ao
equipamento utilizado;
4. Menor flexibilidade para tratar diferentes volumes de resíduos;
5. Dependência de sistemas mecânicos;
6. Produto final extremamente dependente das tecnologias adotadas;
7. As avarias nesse equipamento podem atrasar a compostagem se este não for
reparado com brevidade;
A tabela 6 apresenta um resumo dos principais sistemas de compostagem. Segundo
Mendes (2009) em escala industrial, os métodos de pilhas estáticas (aeração passiva), não são
frequentemente utilizadas, devido aos longos períodos necessários à compostagem e ao reduzido
controle do processo, as demais aplicações mais comuns para cada método são apresentados na
tabela, porém a aplicabilidade vai variar conforme ao tipo de resíduo, área e capital disponíveis.

47
Tabela 6: Resumo dos principais sistemas de compostagem
Leiras estáticas Leiras estáticas
(aeração passiva) Leiras revolvidas (aeração forçada) Sistemas de reatores

Reduzida utilização de
Indicados para usos Sistema de grande
tecnologia. Aplicados em
Geral municipais ou dimensão para
Problemas de explorações agrícolas
explorações agrícolas aplicações comerciais.
qualidade
Importante no
Crescente com a planejamento e Necessita de níveis de
Mão de obra Reduzido frequência de concepção do gestão e de produção
arejamento sistema. consistentes para se
Monitorização obter a maior eficiência.
Menor quantidade de
área requerida, Áreas limitadas, devido
Necessita de extensas Necessita de extensas devido a taxas a taxas elevadas de
Instalação
áreas de implantação áreas de implantação superiores de compostagem e a uma
compostagem e de operação continua
volume de leira
Tempo de degradação ativa 6 - 24 meses 21 - 40 dias 21 - 40 dias 21 - 35 dias
Tempo de Maturação - > 30 dias > 30 dias > 30 dias
Dimensões
Altura 1 -4 m 1 -2,8 m 3 - 4,5 m Variável
Largura 3 -7 m 3-6m Variável Variável
Comprimento Variável Variável Variável Variável
Revolvimento Intenso revolvimento
Sistema de arejamento Convecção natural mecanico e convecção mecânico e arejamento
natural Arejamento forçado forçado
Mistura inicial,
Mistura inicial,
Apenas na mistura Mistura inicial e arejamento,
Controle do processo arejamento e
inicial revolvimentos temperatura e
temperatura
revolvimentos
Quanto mais larga a Podem ser Pode ocorrer devido a
As viragens podem
leira, maior a controlados por falhas no equipamento
Odores liberar odores nas
possibilidade de isolamento da pilha ou ou deficiências no
semanas iniciais
ocorrência filtração do ar da leira projeto do sistema
Fonte: adaptado (MENDES, 2009)

5.3 Compostagem doméstica


De acordo com Marquez (2021), a compostagem doméstica há muito está cercada de
mitos e tabus, mas seus benefícios foram comprovados ao longo dos anos e hoje qualquer pessoa
pode praticá-la de forma simples e descomplicada em qualquer lugar.
A redução na quantidade de resíduo em casa, a economia gerada pela própria produção de
fertilizantes orgânicos, a melhoria da qualidade de vida e felicidade familiar, a possibilidade de
começar a cultivar seus próprios alimentos saudáveis, e até mesmo a oportunidade de usar os
recursos obtidos para gerar renda adicional, são alguns dos benefícios citados por Marquez
(2021) da compostagem domestica. Os resíduos orgânicos são uma parte importante dos nossos
resíduos, além de volumosos, quando colocados em sacos plásticos na lata de lixo, começam a
apodrecer, produzindo um cheiro desagradável, atraindo moscas e outros insetos e animais
indesejados.
48
Desta maneira a compostagem domestica é uma solução simples e uma forma eficiente de
sanar esses problemas e de ajudarmos a curar nosso planeta.
O método de compostagem para a realização domestica, irá depender principalmente da
quantidade de espaço disponível.
Uma das alternativas que tem se tornados muito difundidas e bastante utilizadas para
quem dispõe de pouco espaço é a compostagem em baldes, a mais comum são as composteira de
três níveis ilustrada na Figura 21.

Figura 21: Composteira em baldes de três níveis

Fonte: (ANDRADINA, 2018)

No primeiro balde deverá ser feito um furo para o encaixe da torneira, ela servirá para
retirar o chorume produzido pela compostagem. A tampa desse balde deverá ser cortada de
maneira que o balde superior encaixe perfeitamente para evitar a propagação de odores.
No balde 2 deverá ser feito vários furos no fundo , se possível com auxilio de uma
furadeira e broca de 4,0 mm, esses furos servirão para a passagem do chorume, deverão também
ser realizados furos nas laterais para a entrada de ar, com broca 1,5 mm. Deve-se cortar a tampa,
assim como realizado no balde número 1.
No balde 3, assim como no balde 2, devem ser realizados os furos no fundo e nas laterais.
É neste balde que a leira começa a ser montada.
Basicamente, o procedimento é semelhante à montagem de leiras ao ar livre. Dentro do
balde são adicionados os resíduos orgânicos que devem ser bem cobertos com a matéria seca. A
tampa do terceiro balde é deixada inteira, para fechar a composteira e evitar a propagação de
odores.
Quando o recipiente de cima (balde 3) estiver cheio, basta trocá-lo de lugar com o
recipiente do meio (balde 2) para dar sequência na prática. A partir do momento que o recipiente
está cheio, basta aguardar o tempo de compostagem e estabilização do composto.
Se a pessoa dispuser de um quintal, Carmo (2008) apresenta algumas opções para quem
não deseja comprar um compostor.
A primeira delas é a construção de pilhas (figura 22), para isso basta amontoar o material
a ser decomposto, de maneira que adquiram a forma de uma pirâmide (pilha), com dimensões
aproximadas de 2m de diâmetro de base e pelo menos 1 m de altura, pois pilhas com dimensões
menores que essas não aquecem o suficiente para que a decomposição atinja a fase termofílica.

49
Figura 22: Pilhas de compostagem

FONTE:(CARMO, 2008)

A segunda forma sem auxilio de compostor é através de um buraco na terra (Figura 23),
que deve possuir cerca de 60 cm de diâmetro e 25 - 40 cm de profundidade, onde serão
colocados os resíduos orgânicos e cobertos por camada de terra ou folhas secas.

Figura 23: Compostagem em buracos na terra

FONTE:(CARMO, 2008)

A última alternativa é a construção de um compostor com recursos simples, como ripas


de madeira. Deve-se construir um recipiente, tipo caixa de frutas com tampa (figura 24), sendo
recomendada as dimensões de 1m x 1m x 1m em cada cuba (pode-se construir a caixa com
quantas cubas quiser).
Figura 24: Compostor feito de ripas de madeira

Fonte: (CARMO, 2008)

50
Em “MMA. Lixo, um grave problema no mundo moderno” recomenda uma série de
passos para a construção de uma composteira domestica, esses passos serão apresentados abaixo.
1) Reserve um recipiente, em sua cozinha, apenas para o descarte de resíduos orgânicos.
As embalagens ou objetos de plástico, vidro, metais etc. deverão ser descartados em outro
recipiente.
2) Escolha um canto no seu quintal, de preferência sombreado, onde você montará sua
composteira.
Use materiais como bambu, madeira velha, tela de galinheiro, blocos ou tijolos (sem
cimentar).
3) Deposite na composteira o material orgânico já separado do seu lixo. Cubra-o com
folhas, grama etc., do seu jardim (ou de um terreno baldio próximo), ou com serragem, esterco
seco, cama de animais, até que não dê para ver o material mais úmido (restos de alimentos)
embaixo.
4) Regue o monte para umedecer esta camada de cobertura mais seca. Em época de chuva
cubra a composteira com tábuas, telhas ou plástico, para não encharcar. Essa cobertura também
protege o monte do sol direto.
Importante:
• A cada dois ou três dias areje bem o monte, passando todo o material de um lado para o
outro. Após estes revolvimentos o material esquenta – não será fácil deixar a mão no meio do
monte por muito tempo!
– indicando que a decomposição está ocorrendo corretamente. Em qualquer momento
você pode adicionar mais material orgânico à composteira, repetindo a etapa 3.
• Fungos, tatuzinhos, besouros, piolhos-de-cobra, minhocas e trilhões de bactérias estarão
trabalhando para você, decompondo o material. Esses “bichinhos” são inofensivos e não se
espalham para além da leira (monte). Se, quando o composto estiver pronto, você quiser ensacá-
lo para doar ou vender, peneire-o antes, devolvendo ao monte os bichinhos, para que eles possam
continuar o trabalho de decomposição.
5) Quando não couber mais material num dos lados da composteira, comece outra
seguindo o mesmo procedimento.
O monte deve ser revirado e regado, por cerca de 2 meses. Após este período, o monte
deve ter murchado pela metade.
6) Pronto: O material será um composto, pronto para ser usado, se o monte:
• Tiver cor marrom café, e cheiro agradável de terra;
• Estiver homogêneo, e não der para distinguir os restos (talvez apenas um ossinho ou
caroço mais duro) e;
• Não esquentar mais, mesmo após o revolvimento.
Segundo Carmo (2008) os resíduos indicados para uso em compostores domésticos são:
 Restos da cozinha: comida cozinhada e restos de vegetais da preparação
 Arroz
 Massa
 Cereais, pão
 Restos e filtros de café e chá
 Legumes, vegetais e frutas
 Aparas de relva e ervas
 Restos de plantas (sem doenças)
 Cascas de ovos
 Cabelos e pelos de animais
 Caruma e casca de árvores
 Guardanapos de papel
51
 Folhas secas, ramos de arbustos e árvores
 Palha, feno e aparas de madeira e serradura

Alguns resíduos que podem causar problemas no compostor, são eles:

 Madeiras tratadas quimicamente;


 Excrementos de animais domésticos;
 Carvão, cinzas de carvão e de madeira;
 Plantas doentes;
 Restos de carne, peixe e lacticínios;
 Ossos e espinhas;
 Resíduos de jardim tratados com pesticidas ou herbicidas;
 Gorduras e óleo;
 Ramos muito grandes e tábuas inteiras;
 Resíduos inorgânicos (por exemplo: vidro, plástico e metal).

5.4 Usinas de triagem e compostagem


O “Manual de gerenciamento integrado: Lixo Municipal”, sob coordenação de André
Vilhena, 4ª edição (2018), publicado pela CEMPRE, apresenta as características desse tipo de
instalação e por consequência, foi utilizado como referencial teórico para este capitulo, em
conjunto com o “Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos” de José Henrique
Penido Monteiro ...[et al.] , publicado pelo IBAM em 2001.
O processamento em uma usina de reciclagem, com uma unidade de compostagem
acoplada, em geral mostra o aproveitamento expresso no fluxograma da figura 25, cujas etapas
são detalhadas a seguir.

Figura 25: Fluxograma do processamento em uma usina de reciclagem

Fonte: adaptado (IBAM, 2001)

As instalações de uma usina de triagem e compostagem natural podem ser agrupadas em


seis setores: recepção e expedição; triagem; pátio de compostagem; beneficiamento e
armazenagem de composto; aterro de rejeitos; sistema de tratamento de efluentes.

52
I. Recepção e Expedição
Este setor inclui as instalações e os equipamentos responsáveis pelos fluxos de entrada
(resíduos, insumos, entre outros) e de saída (composto, recicláveis e rejeitos).
A depender do tamanho e capacidade de processamento da usina, para possibilitar o
manuseio inicial dos resíduos antes da triagem, esse setor pode conter os equipamentos descritos
abaixo:
 Balança – Mostrando-se ideal o do tipo rodoviária, pois permite o
acompanhamento da quantidade de resíduo recebida e do composto expedido. Podem ser
utilizadas também balanças mecânicas simples ou digitais, que fazem automaticamente o registro
e o tratamento dos dados.
 Pátio de recepção – Local disponível para descarregar os resíduos, com espaço
suficiente para manobra e descarga dos caminhões. Quando houver interrupção temporária da
usina esse pátio funcionará como “pulmão” recebendo as descargas de resíduos até a
normalização do funcionamento.
 Moega ou tremonha - Com capacidade de, pelo menos, dois caminhões,
construída em chapa de aço grossa, acabamento anticorrosivo, ou em concreto revestido e sem
cantos vivos. Equipada com chão movediço, metálico de taliscas serrilhadas, para que o lixo seja
descarregado na esteira de triagem.
 Fosso com braço articulado ou ponte rolante - As duas partes servem para (por
meio de sua caçamba hidráulica, provida de um pólipo) recolher o resíduo do fosso e descarregar
no próximo equipamento. O braço articulado é um dispositivo relativamente simples. Pode
processar até 1 metro cúbico de resíduos e tem movimentos circulares, mas restritos. A ponte
pelo contrário, coleta maiores porções de resíduos por vez, pode ser movida em duas direções e,
portanto, atender fossos separados de diversas linhas de processamento. É recomendável sua
utilização em usinas para até 200 t/dia.
 Fosso com chão movediço – Neste caso, o resíduo é descarregado em fosso, no
fundo do qual está instalado o equipamento denominado chão movediço. Consiste em uma
esteira de chapas metálicas articuladas, as taliscas (como a esteira de um trator) que, ao se
movimentar, arrasta o resíduo. Acompanha o equipamento uma peça chamada guilhotina que
fica localizada na saída do fosso, de altura regulável, cuja função é dosar a descarga do resíduo
para o próximo equipamento. É recomendável sua utilização em usinas para mais de 300 t/dia.
Alguns desses equipamentos estão representados pelas figuras 31 a 35 no anexo I
II. Triagem
Local onde é realizada a separação dos diversos tipos de resíduo. A esteira de triagem é o
equipamento principal, revestida de borracha, movimentando os resíduos de um lado ao outro,
através do deslizamento sobre roletes. O material é descarregado em carrinhos ou vagonetes de
rodas e levado para as baias de recicláveis ou para o seu beneficiamento.
Os catadores devem ser colocados próximo ao tubo ou recipiente ao longo da esteira de
coleta, separando materiais maiores (como papel, papelão e filme plástico) no início da esteira
para que materiais menores (latas de alumínio, vidro, etc.) possam ser visualizados e separados
pelos coletores no final da linha. Normalmente, a primeira posição é ocupada por um "rasga-
sacos", que também é responsável por espalhar os resíduos na esteira para facilitar o trabalho dos
demais coletores de resíduos.
Quando existem várias esteiras de classificação, elas devem ser projetadas com altura
suficiente para permitir a instalação de uma enfardadeira e espaço suficiente para mover o
material triado.
Quanto ao processo de seleção, podem ser instalados separadamente ou associados entre
si. As fábricas simplificadas geralmente contam apenas com esteiras transportadoras, enquanto
plantas mais complexas possuem outros equipamentos que separam os materiais recicláveis ou
53
facilitam a catação manual. Entre estes podem-se citar as peneiras, os separadores balísticos, os
separadores magnéticos e os separadores pneumáticos.
No intuito de retirar a máxima quantidade de metal, especialmente pilhas elétricas, ao
final da esteira deve-se dispor de um separador magnético.
Algumas usinas são dotadas de moinhos ou trituradores após a esteira de catação, esses
equipamentos possuem o propósito de reduzir o tamanho das partículas.
A escolha do material reciclável a ser separado nas unidades de reciclagem irá variar de
acordo com a demanda da indústria. Todavia, na grande maioria das unidades são separados os
seguintes materiais:
• papel e papelão;
• plástico duro (PVC, polietileno de alta densidade, PET);
• plástico filme (polietileno de baixa densidade);
• garrafas inteiras;
• vidro claro, escuro e misto;
• metal ferroso (latas, chaparia etc.);
• metal não-ferroso (alumínio, cobre, chumbo, antimônio etc.)
Algumas imagens desse setor estão representados pelas figuras 36 e 37 no anexo I
III. Pátio de compostagem
Normalmente, as usinas simplificadas realizam a compostagem natural onde todo
processo ocorre ao ar livre. Nessas unidades, o resíduo é amassado em um moinho de martelos e
empilhado em uma pilha denominada leiras de compostagem até que a matéria orgânica obtida
pelo revolvimento em uma frequência predeterminada de acordo com um método de
compostagem escolhido seja bioestabilizado. Uma vez que o composto esteja estável, ele é
peneirado e preparado para o solo agrícola.
O pátio de compostagem é o “equipamento” mais importante da usina, pois é a área onde
a parte orgânica dos resíduos é decomposta por microrganismos e transformada em composto.
Para Inácio & Miller (2009) o projeto do pátio de compostagem alguns aspectos são
fundamentais, sendo eles: à escolha do local e controle ambiental. As características do local
escolhido são: área disponível, relevo, drenagem, solo, variação do lençol freático, proximidade
de corpos d’água e áreas alagadas, acessos e vizinhança. O controle de poluição está relacionado
à coleta e tratamento de percolados e drenagem superficial (precipitação).
Uma boa drenagem é fundamental para o pátio de compostagem, em função disto a
camada superior deve possuir uma boa drenagem, visto que uma drenagem insuficiente
acarretaria na formação de atoleiros, poças de lama, maior saturação das leiras, maior produção
de chorume/efluentes. Dessa maneira a pavimentação do solo deve ser evitada, podendo ser
realizada somente quando o material a ser compostado possui metais pesados ou outros
poluentes que irão prejudicar o solo.
Os pátios devem possuir inclinação de 2 – 4% para evitar o acúmulo de água e a
formação de poças. Esse desnível é essencial para a captação das águas pluviais, porém devem
ser realizados de maneira cuidadosa a fim de evitar erosão hídrica no solo. As leiras devem ser
paralelas ao desnível para evitar retenção de água.
As águas pluviais devem ser coletadas e transferidas para seu sistema correspondente, e
os efluentes, que em leiras bem manejadas são produzidos em pequena quantidade, devem
receber tratamento sanitário, como, por exemplo, em lagoa de estabilização.
Na determinação do tamanho do pátio, é necessário deixar espaço entre as pilhas para a
circulação de caminhões, carregadeiras ou máquinas de revolvimento. E uma área para
armazenamento de composto orgânico pronto. O formato e o tamanho das leiras de
compostagem irão corresponder ao método escolhido.
Uma imagem desse setor está representada pela figura 38 no anexo I

54
IV. Beneficiamento e Armazenagem
O processamento do composto curado inclui peneiramento, para a remoção de materiais
indesejados, diminuindo o tamanho das partículas e facilitando o manejo pelos agricultores. O
processamento de materiais recicláveis inclui prensagem e embalagem para facilitar seu
manuseio e transporte. A armazenagem dos produtos processados deve ser realizada em local
não afetado por intempéries.
V. Aterros de Rejeitos
Os materiais a granel e os resíduos da seleção de resíduos e do beneficiamento do
composto devem ser encaminhados para o aterro de rejeitos. O aterro deve atender às
características dos rejeitos e sua localização deve ser homologada pelo órgão responsável pelo
meio ambiente. Aterro sanitário é um processo utilizado para tratar resíduos sólidos no solo,
principalmente resíduos domésticos.
De acordo com as normas de engenharia e normas operacionais específicas, permite o
controle seguro da saúde em termos de controle da poluição ambiental e proteção da segurança
pública. Outra definição o descreve como uma forma de disposição final de resíduos sólidos
urbanos, que se restringe a uma camada coberta com material inerte (geralmente solo) de acordo
com normas operacionais específicas para evitar danos à saúde e segurança pública ou risco para
minimizar o impacto sobre o meio Ambiente.
A usina de triagem e compostagem acarreta uma diminuição da ordem de 70% da
tonelagem de resíduo, com a consequente redução de custos e aumento da vida útil da área do
aterro.
VI. Sistema de Tratamento de Efluentes
O setor de tratamento de efluentes recebe e trata as águas residuais da lavagem dos
equipamentos da usina, da lavagem de veículos e os líquidos provenientes do pátio de
compostagem e do aterro de rejeitos, quando este estiver localizado na mesma área. Os efluentes
de usinas de compostagem têm características similares ao chorume originado em aterros
sanitários, porém mais diluídos. A exemplo do tratamento de chorume, o fator determinante no
dimensionamento do tratamento desses percolados deriva da pluviosidade do local. (CEMPRE,
2018)

5.5 Projeto de uma usina de triagem e compostagem


Segundo CEMPRE (2018) o desenvolvimento de um projeto de uma usina de triagem e
compostagem, para ser realizado de maneira adequada, deve-se levar em consideração as
características socioeconômicas e culturais da população, objetivando:
 economia de aterro;
 redução dos custos de implantação;
 menor custo operacional;
 maior rendimento na separação dos recicláveis;
 maior rendimento na produção do composto;
 maior qualidade do composto;
 menor impacto ambiental.
Na quadro 2 são apresentadas as principais recomendações de projeto feitas pela
CEMPRE (20018), reunidas por setor, atendendo os critérios apresentados como fundamentais
anteriormente para cada área.

55
Quadro 2: Recomendações de projeto para uma usina de triagem e compostagem de lixo domiciliar
Setor Recomendações
Balança rodoviária
Pátio de recepção de preferência pavimentado, com drenagem
Fosso de descarga coberto, com captação de chorume
Recepção
Paredes de moegas e tremonhas devem ter inclinação mínima de 60 graus em relação à horizontal
Fossos devemter paredes verticais de um lado e inclinadas de outro, para favorecer o escoamento
do lixo.
Utilizar motores elétricos e componentes mecânicos à prova de pó e de água
Triagem Esteira com largura útil de um metro e velocidades entre 6 e 12 m/min, com variador de
velocidades, dotada de eletroímã na sua extremidade final
Deve-se prever reviradeira de leiras ou pá carregadeira.
Tempo de compostagem varia com as características da matéria-prima e do clima da região em
geral,em torno de 90 dias em climas quentes e 120 dias em climas frios.
No processo acelerado, o tempo de residência no biodigestor deve ser da ordem de 4 dias,
reduzindo em cerca de 30 dias a permanência no pátio de compostagem.
Pátio de compostagem Utilizar leiras com altura entre 1,2 e 1,8 m; ou maiores, desde que compatíveis com o equipamento
de revolvimento.
O pátio deve ser impermeabilizado e ter inclinação de cerca de 2/100, para drenagem de chorume
e águas pluviais, e captação de águas residuárias para o sistema de tratamento.
A área de beneficiamento deve conter peneiramento, secagem e armazenamento de composto
curado.
Utilizar peneiras rotativas de seção hexagonal; pode-se prever duas malhas, para produzir dois
tipos de composto, uma de abertura grossa (20 mm) e outra fina (4 mm).
Beneficiamento Fardos devem ter peso máximo de 40 kg e ser guardados ao abrigo de chuva.
Aterros devem ter capacidade mínima para 10 anos de operação e estar a uma distância máxima
de 15 km da usina.
Outras instalações existentes (administração, instalações de utilidades: vestiário, sanitários,
refeitórios, manutenção, almoxarifado) devem situar-se em posições adequadas para facilitar
Outras instalações
acesso e evitar problemas de perda e contaminação.
Sistema de tratamento de efluentes compatível com o tamanho da usina
Fonte: CEMPRE, 2018

56
6 PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE COMPOSTAGEM NO
IFBA CAMPUS SALVADOR

A partir de todos os conceitos apresentados e dos objetivos específicos traçados para este
estudo, elencaram-se as seguintes ações, em ordem de desenvolvimento, para o estudo da
viabilidade da implantação de um pátio de compostagem no IFBA- Campus Salvador:
caracterização da área de estudo, levantamento de alternativas locacionais para o pátio de
compostagem, levantamento e estimativa da massa gerada de resíduos orgânicos, escolha do
método de compostagem, recomendações para a área da unidade de compostagem,
dimensionamento do sistema de compostagem proposto, sugestão de procedimentos de
montagem e operação dos sistemas.

6.1 Caracterização da área de estudo


A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, no Estado da Bahia, foi fundada
no ano de 1910, a partir da instalação da primeira Escola de Aprendizes Artífices, na cidade de
Salvador. No decorrer dos anos recebeu diversas denominações como: Escola Técnica de
Salvador (ETS) em 1942, passando por Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia
(CEFET-BA), em 1993, entre outros, até finalmente em 2008 chegar ao nome que é conhecido
atualmente: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA.
O instituto na sua totalidade consta com 22 campi, dentre eles o campus Salvador, que
está localizado na capital baiana, no bairro do Barbalho, que será o alvo de estudo desse trabalho.
Esta unidade de ensino está localizada em uma região histórica da cidade e possui uma
área aproximada de 50.000 m².
Do ponto de vista da estrutura física, a instituição está composta por um prédio
administrativo (bloco A), além de oito blocos com salas de aulas, oficinas de práticas,
laboratórios especializados, Clínica Escola, Laboratórios de informática. A unidade conta ainda
com um ginásio poliesportivo, além de duas quadras e três estacionamentos (Figura 26).

Figura 26: Layout IFBA campus Salvador

Fonte: IFBA (2021)

57
6.2 Local para a implantação da UDC
Para escolha do melhor local para a implantação da UDC (Unidade Descentralizada de
Compostagem), analisou-se a planta do IFBA – Campus Salvador, disponibilizado pelo setor de
engenharia, buscando áreas que apresentem viabilidade aparente de implantação.
Foi constatado que o IFBA dispõe de uma área verde disponível próximo as quadras de
esportes, localizadas ao fundo do terreno. Como é uma região extrema da área construída do
campus, longe das salas, a circulação de pessoas por esta região é reduzida. O local possui
grandes dimensões, possibilitando a implementação do pátio de compostagem.
A área selecionada representada pela área destacada em azul na figura 27 possui
aproximadamente 229 m2. O acesso é feito por via pavimentada, o que facilitará o transporte dos
resíduos e do composto ao final da compostagem.
Há muitos anos a área não tem sido utilizada, sendo ocupada apenas pela vegetação. Esta
vegetação deverá ser suprimida.

Figura 27: Área escolhida para implantação da UDC

Fonte: Levantamento Planialtimétrico Cadastral

6.3 Resíduos gerados


Diferentes tipos de resíduos orgânicos podem ser gerados no âmbito universitário, essa
variação será de acordo com as atividades desenvolvidas em locais específicos das instalações.
No IFBA, folhas secas e restos de podas de árvores e gramas são gerados pela manutenção das
áreas verdes e jardins, já os restos de alimentos cozidos são produzidos nas cozinhas e
refeitórios.
Segundo os dados fornecidos pelo setor de nutrição do IFBA, o restaurante universitário é
voltado aos bolsistas do Programa de Assistência e Apoio aos Estudantes (PAAE) e diariamente
são servidas em torno de 750 refeições, sendo 550 almoços e 200 jantares, gerando uma média
diária de 500 kg de alimentos prontos para o consumo, incluindo todos os itens do cardápio
como: salada, arroz/macarrão, feijão, carne ou frango ou peixe ou outra proteína animal ou
vegetal e sobremesa.
Identificou-se aproximadamente 20 kg de restos de alimentos prontos por dia (ou seja
alimentos que foram para o prato e não foram consumidos pelos estudantes) e cerca de 50 kg de
resíduos gerados na preparação das refeições.

58
O processo de poda e varrição no Campus universitário é de responsabilidade do setor de
zeladoria, onde são realizados pelos jardineiros e zeladores do Campus, foram identificados
cerca de 40 toneladas por ano desse resíduo.

6.4 Área da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC)


Considerou-se, para a área a ser implantada a UDC, a necessidade de:
 Cercado, para delimitação da unidade e proteção contra a entrada de animais de
médio/grande porte, como cachorros e gatos, que estão presentes no campus;
 Área coberta, pequena, sem paredes, para armazenamento dos resíduos secos e
composto humificado e para secagem e tratamento de alguns resíduos, quando necessário;
 Depósito, entre paredes, que possa ser trancado, para se guardar alguns materiais,
como pás, termômetros, baldes, carrinhos, lona;
 Banheiro;
 Área externa dividida em duas alas, a que conterá as leiras e a que receberá
pessoas para visitas à unidade;
 Alguns instrumentos, como balança, tambores ou bombonas, lona, telas
“mosquiteiro”, carrinho de mão, pás e vassouras entre outros.
 Sobre a organização do espaço, propõe-se definir bem os locais onde serão
montadas as leiras, e que o local de armazenamento da matéria seca esteja o mais próximo
possível, reduzindo o trajeto e esforço para utilização da mesma.

6.5 Avaliação e seleção do método de compostagem


Para a análise da viabilidade e escolha do melhor método serão consideradas as variáveis
técnicas, econômicas, ambientais e sociais que impactam em cada alternativa, por isso a
necessidade de se entender por completo o funcionamento de cada parte da cadeia.
Após o estudo de todos os métodos de compostagem apresentados no capítulo 05, como
proposta de sistema para a valorização dos resíduos orgânicos gerados no restaurante
universitário e nos serviços de poda e varrição do IFBA, propõe-se o sistema de leiras estáticas
com aeração passiva: método UFSC.
Esta metodologia apresenta vantagem por ter baixos custos com materiais, baixa
interferência humana, além da baixa necessidade de energia e mão de obra, que são fatores
escassos no IFBA. O método proposto não possui uma barreira de altura de leira a ser superada,
melhorando a ergonomia e apresenta uma flexibilidade no dimensionamento, suportando maior
ou menor aporte de resíduos. Também mostra-se um método interessante por atingir as
temperaturas termofílicas sem que a leira seja revirada.
Esse sistema tem como principal característica a obediência à ecologia do processo, dessa
forma o sistema consegue criar um ambiente interno na leira que consegue preservar as relações
bióticas entre os microrganismos, com a manutenção da atividade biológica do processo,
favorecendo altas temperaturas e diminuindo a necessidade de molhamento artificial das leiras.
Por esse motivo o sistema consegue se adaptar com relativa facilidade aos fatores abióticos.
A existência de projetos de sucesso similares na UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina) (INÁCIO; MILLER, 2009), na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
(DUTRA, 2013), na USP - São Carlos (Universidade de São Paulo) (ZANETTE, 2015) e na
UNESP de Rio Claro (SOUZA, 2015) mostram que na prática o método tem demostrado
resultados positivos em situação semelhante à proposta desse projeto.

59
6.6 Equações para o dimensionamento da área de compostagem no IFBA
Com base nos cálculos realizados por Dutra (2013), adaptando a quantidade de resíduos
gerados no restaurante universitário do IFBA, alguns parâmetros podem ser determinados a
partir das seguintes considerações:
 Área da seção transversal reta de uma leira em forma de paralelepípedo;
 Geração média semanal 350 kg de resíduo orgânico;
 Altura da leira: 1 metro;
 Montagem de uma leira por semana.

De acordo com o método UFSC, diversas leiras deveriam ser montadas simultaneamente.
Porém, para efeito de cálculos utilizou-se o tempo de maturação de 98 dias (14 semanas). Ou
seja, a cada três semanas três leiras seriam montadas simultaneamente. Isto é equivalente à
construção de uma leira por semana. O diferencial neste caso seria a dinâmica de desmontagem e
montagem de leiras. A cada 98 dias, 3 leiras seriam desmontadas simultaneamente para liberar
espaço para montagem de outras 3 leiras.

 Cálculo do volume de resíduo orgânico

(1)

Onde:

Onde Dro = 500 kg/m3 (densidade do resíduo orgânico, valor estimado com base em
Kiehl (1998), Massukado (2008) e Pereira Neto (2007)).

Seguindo a proporção apresentada por Inácio; Miller (2009), o volume de material


estruturante, no caso o triturado de podas, a ser adotado deve ser igual ao volume de resíduo
sólido orgânico, portanto:

(2)
Onde:

 Cálculo dos volumes de resíduo orgânico e do material triturado de podas

(3)

 Cálculo da área da base quadrada (AbUFSC):

(4)

Onde:
60
 Cálculo do lado do quadrado da base
(5)
Onde:

 Cálculo do volume de grama

Adotando a construção das leiras com o método UFSC proposta por Inácio; Miller
(2009), com cobertura de 0,20 m de espessura montada com grama nas paredes laterais
(bUFSC+0,20m) e superior (h+0,20 m). Obtêm-se o volume de grama a ser utilizado por leira, a
partir do seguinte cálculo:

(6)
Onde:

 Cálculo do volume total da leira

(7)
Onde:

 Cálculo da área da base considerando as paredes

(8)
Onde:

 Cálculo da área útil para as leiras de compostagem

Considerando um período de compostagem de 14 semanas (98 dias).

(9)
Onde:

 Cálculo da área total para as leiras de compostagem


61
Adotando-se um coeficiente de segurança de 10% (devido a áreas de circulação), tem-se:

(10)
Onde:

 Cálculo da quantidade do composto pronto

Cálculo da geração de composto peneirado, considerando a redução a um quinto da


massa inicial de resíduo sólido orgânico (MASSUKADO, 2008; RAVEN; EVERT; SUSAN,
2001) tem-se:

(11)

Onde:

O dimensionamento da área de armazenagem de composto pronto (Acp) foi realizado


considerando um período de escoamento de 28 semanas. Este período de 28 semanas
corresponde ao fechamento de dois ciclos de compostagem.
Segundo Massukado (2008), a densidade do composto pronto é de 360 kg/m3.

 Cálculo do volume ocupado pelo composto:

(12)

Onde:

 Cálculo da área do local de armazenamento do composto pronto

Considerando uma altura útil da área de armazenamento de composto pronto (Acp) de 1,5
metros, conforme recomendação de Dutra (2013), pode-se calcular a área necessária:

(13)

Onde:

Recomenda-se construir uma área de armazenamento de composto pronto coberta, para


evitar perda de nutrientes devido à lixiviação.

 Cálculo da área de disposição do triturado e da grama

Considerando a dinâmica de reposição de triturado e grama a cada 14 semanas, pode-se


calcular o volume necessário para este material neste período.

62
(14)

e
(15)

Onde:

Para a disposição do triturado e da grama não existe limitação de altura, estabelecendo


1,50 m à altura de disposição destes materiais, conforme recomendação de Dutra (2013) tem-se:

Onde:

 Cálculo da área total da Unidade de Compostagem

(18)

Onde:

6.7 Dimensionamento da área de compostagem no IFBA


Utilizando a recomendação proposta por Inácio; Miller (2009) para o método de aeração
passiva (método UFSC), deve-se iniciar a leira com 30 cm de altura do material estruturante.
Lembrando que foi considerada a montagem de três leiras simultâneas, adequando-se a
quantidade de resíduos gerados no restaurante universitário do IFBA em conjunto com uma boa
ergonomia instituiu-se 1 m como altura máxima.
Desta maneira através das equações apresentadas no item 6.6, os parâmetros obtidos
foram:

 Volume de resíduo orgânico: Vro = 0,7 m3


 Volumes do triturado de podas: VtrUFSC = 0,7 m3
 Volume da leira (VLUFSC): VLUFSC = 1,4 m3
 Área da base quadrada (AbUFSC): AbUFSC = 1,4 m2
 Lado do quadrado da base: b = 1,2 m
 Volume de grama: VgrUFSC = 0,9 m3
A leira em forma de paralelepípedo será construída com 0,7 m3 de resíduo sólido
orgânico misturado com 0,7 m3 de triturado e coberta com 0,9 m3 de grama.

63
 Volume total da leira: VLCUFSC = 2,3 m3
Isto significa que será ocupado um volume de 2,3 m3 para a formação de uma leira
aplicando-se o método UFSC.
 Área da base considerando as paredes: AblUFSC = 1,91 m2
Considerando um período de compostagem de 14 semanas (98 dias). Ou seja, a cada três
semanas três leiras seriam montadas simultaneamente. Isto é equivalente à construção de uma
leira por semana. Assim, a área útil para as leiras de compostagem com o método UFSC de
compostagem (AuUFSC), deve ser:
 Área útil para as leiras de compostagem: AuUFSC = 26,79 m2
Adotando-se um coeficiente de segurança de 10% (devido a áreas de circulação), a área
de disposição das leiras de compostagem será:
 Área total para as leiras de compostagem: AtUFSC = 29,46 m2
Desta forma, a área total necessária para a disposição das leiras de compostagem será de 29,46
m2, ou seja, aproximadamente 30 m2.
 Quantidade do composto pronto: CP = 70 kg
 Volume ocupado pelo composto pronto: Vc = 5,44 m3
 Área do local de armazenamento do composto pronto: Acp = 3,63 m2
 Área de disposição do triturado e da grama: AtrUFSC = 6,53 m2 e AgrUFSC = 8,36
2
m
 Área total da Unidade de Compostagem
Os módulos básicos de uma unidade de compostagem são: ( PEREIRA NETO, 2010):
- administração;
- almoxarifado para guardar ferramentas; e,
- banheiro/ vestiário.
Visto que o sistema de compostagem proposto para o IFBA é de pequena dimensão, seria
necessário apenas um galpão coberto para: a segunda classificação do resíduo orgânico,
armazenamento das bombonas com resíduos, um local reservado e fechado para a colocação das
ferramentas que seriam utilizadas no pátio de compostagem e banheiro para os funcionários
envolvidos. Pereira Neto (2007) sugere a instalação de um galpão de 50 m2 para a triagem do
resíduo sólido orgânico para um local com geração média de 10.000 kg semanais de resíduo
sólido orgânico. Na Moradia Estudantil da UNICAMP a geração de resíduo é bastante inferior,
518,6 kg de resíduo sólido orgânico por semana e foi utilizado um galpão de 16 m2 (DUTRA,
2013). Desta maneira, como a geração semanal do IFBA é ainda mais reduzida comparada à
UNICAMP, um galpão de 12 m2 seria suficiente para atender a demanda.
Área mínima para o galpão (Ag): 12 m2
Onde, Ag - área do galpão
Portanto, a área total da Unidade de Compostagem, segundo Inácio; Miller (2009) seria:
AucUFSC = 29,46 + 3,63 + 6,53 + 8,36 + 12
AucUFSC = 60 m2

Dado que a área disponível no IFBA possui aproximadamente 229 m2 livres e seriam
necessários aproximadamente 60 m2 para realizar a compostagem da quantidade atual de
resíduos orgânicos do campus, conclui-se que a área possui dimensões adequadas para comportar
a UDC.
Verifica-se por meio da Tabela 07 um resumo dos cálculos e os valores obtidos para o
dimensionamento da Unidade de Compostagem.

64
Tabela 7: Resumo dos cálculos e valores obtidos para dimensionamento da UDC
Valores
Valores calculados Cálculos
Obtidos
Geração semanal de resíduo
- 350
sólido orgânico (kg)
Volume do resíduo sólido
0,7
orgânico (m3)

Volume de triturado (m3) 0,7

Volume de grama
(cobertura) 0,9
3
(m )
Volume da leira sem
cobertura 1,4
(m3)
Volume da leira com
cobertura 2,30
(m3)
Área da base da leira com
1,91
cobertura (m2)

Área útil para as leiras (m2) 26,79

Área total (m2) 29,46

Área ocupada pelo


composto ; ; 3,63
2
pronto (m )
Volume ocupado pelo
triturado 9,8
para 14 semanas (m3)
Volume ocupado pela grama
12,54
para 14 semanas (m3)
Área necessária para a
6,53
disposição de triturado (m2)

65
Área necessária para a
8,36
disposição da grama (m2)

Área do galpão (m2) Ag 12

Área da Unid. de
60
Compostagem (m2)
Fonte: Adaptada pela autora

6.8 Procedimento de coleta do resíduo sólido orgânico


Os resíduos orgânicos devem ser coletados inicialmente em recipientes de plástico rígido
que possam ser facilmente esvaziados e higienizados com água, garantindo assim as condições
de higiene para não atrair vetores. Propõe-se a aquisição de lixeiras com rodas para facilitar o
transporte dos resíduos do restaurante até o pátio de compostagem.
Um dos funcionários deverá ficar responsável por diariamente levar os resíduos do
restaurante para o pátio de compostagem. Antes da disposição dos resíduos na leira é
recomendada a realização de uma segunda segregação, onde a pessoa responsável deverá realizar
uma triagem manual retirando o resíduo que não deverá ser depositado nas leiras, ou seja, o
material não compostável, este deverá ser separado e depositado em uma sacola de
supermercado.
É recomendado que os funcionários/bolsistas retirem porções grandes de resíduo de
origem animal, pois poderá atrair animais domésticos (gatos e cachorros). Esse rejeito deverá ser
destinado ao aterro sanitário.
Após esta segunda segregação, a matéria orgânica deverá ser pesada e depositada em uma
leira previamente preparada.
Os resíduos de poda e varrição também devem ser encaminhados ao pátio e
acondicionados em área coberta, porém não é fechada por paredes. Ela deve ser no formato de
um pequeno galpão, com as laterais abertas, para propiciar a circulação de ar no local, conforme
foi dimensionada no item 6.7.

6.9 Implantação e operação da composteira


É importante lembrar que o projeto em questão tem uma dimensão pequena, desta
maneira, qualquer pequeno erro na montagem da leira pode causar perda de eficiência no
processo como um todo. Como o método escolhido não envolve o revolvimento será a
arquitetura da leira que garantirá a aeração necessária aos microrganismos.
Conforme foi proposto no item 6.7 as dimensões para as leiras são de 30 cm de altura
(iniciais), alcançando 1 m de altura, 1,2 m de largura e 1,2 m de comprimento (lembrando que as
dimensões podem variar conforme a quantidade de resíduos).
Os passos de montagem foram apresentados no item 5.1.3, mas resumidamente são os
seguintes:
I. Elaboração de plano de organização para alimentação da leira e gerenciamento dos
resíduos orgânicos;
II. Construção de uma “parede” retangular feita de galhos, capim e palha, com as
dimensões descritas acima, formando uma espécie de “berço”;
III. Distribuição, entre as paredes da leira e todo o espaço interior dela, de galhos e
ramos, para formação de um “colchão” de ar.

66
IV. Deposição de resíduos orgânicos (na proporção 50% em volume de resíduos do
restaurante universitário e 50% de resíduos de poda);
V. Cobrimento de todo o material com palha, grama e serragem;
VI. Incorporação de novos resíduos orgânicos à leira, com afastamento dos resíduos
secos que a cobrem, aumentando as paredes dela, e repetição do procedimento aqui descrito.
VII. Fechamento da leira e espera da maturação quando for atingida a altura de 1m.
Esse procedimento é ilustrado na figura 28

Figura 28: Arquitetura da leira de compostagem segundo o método UFSC

Fonte: (DA COSTA, 2018)


Para melhor controle do processo de compostagem decidimos por montar baterias de
leiras. Isso consiste em ter uma série de leiras a serem abastecidas por um tempo determinado.
Empiricamente observou-se que 3 leiras seriam suficientes para o manejo dos resíduos
da semana, onde diariamente os resíduos serão depositados em leiras diferente, por exemplo, o
resíduos da segunda-feira será depositado na leira 1, o da terça-feira na leira 2 e o de quarta-feira
na leira 3, o de quinta-feira será depositado na leira 1 , essa sequencia se manterá até quer todas
as leiras atinjam a altura estabelecida de 1 metro.
Esse rodizio estabelecido na alimentação das leiras permite que o ecossistema interno
tenha tempo para se reproduzir e reduzir o volume até o próximo manejo. Se o manejo for feito
na mesma leira diariamente, isso dificultará o desenvolvimento da vida microbiana, pois em cada
manejo haverá um desequilíbrio devido à perda de calor e revolvimento.
Após atingir a altura estabelecida de 1 metro, essas 3 leiras não irão mais de receber
resíduos e não serão revolvida até o fim da fase termofílica, o que dura cerca de 100 dias.
Enquanto a primeira bateria de leiras está realizando seu processo de compostagem e maturação,
uma nova bateria será iniciada e alimentada.
Além disso, a quantidade de material estruturante também varia de acordo com o clima
local e as condições meteorológicas - portanto, é necessário armazenar esse resíduo em local
coberto, mas sem paredes laterais, possibilitando a circulação de ar.
Verifica-se por meio da Figura 29, o fluxograma do processo de montagem das leiras.

67
Figura 29: Fluxograma do processo de montagem das leiras

Fonte: Elaborado pela autora

6.10 Beneficiamento do composto orgânico


Após um período de aproximadamente 100 dias o composto maduro deverá ser retirado
da leira, peneirado e armazenado em uma baia no pátio experimental de compostagem ou estocar
em bombonas, a sugestão das bombonas se dá mais pela facilidade e impossibilidade de
contaminação do composto. Deve-se utilizar o composto com as características adequadas, por
esse motivo não é indicativo que seja armazenado por um longo período.
Os materiais retidos na peneira, tais como ossos e composto com granulometria
acentuada são adicionados a novas leiras que estão sendo confeccionadas.
Para a aplicação do composto será necessário um funcionário, além da disponibilidade
das caminhonetes ou carrinhos de mão para levar o composto até o seu lugar de aplicação. A
disponibilidade de locais para a aplicação ficaria a cargo do setor de zeladoria do campus.

6.11 Cuidados necessários durante a operação


Alguns cuidados devem ser levados em consideração durante a operação de
compostagem, para que seja garantida a qualidade do composto gerado e consequentemente a
68
qualidade do solo em que será inserido esse composto. Nesse sentido, segue algumas
recomendações que devem ser seguidas pelos operadores do sistema:
Deve-se controlar a umidade do composto diariamente. A umidade deve sempre
permanecer em torno de 50% a 60%. Isso pode ser monitorado pelo “teste do punho” que
consiste em retirar a camada seca de cobertura da leira e encher o punho com matéria de
preferencia do centro da leira, tentando não pegar os materiais orgânicos adicionados
recentemente. Esprema o material cerrando o punho e caso esse material escorra água a umidade
está muito elevada, então deve-se acrescentar materiais secos, caso escorra apenas algumas gotas
ou nada a umidade está correta, agora caso nada escorra e o composto se esfarela ao abrir sua
mão, o composto está muito seco então pode-se adicionar água para aumentar a umidade.
Deve-se monitorar a temperatura das leiras diariamente. O ideal é que esse controle seja
feito por meio de anotações diárias de cada leira, medida deve ser realizada com um termômetro
básico com uma sonda de 10 a 20 cm de profundidade. Faça a medição em diferentes pontos do
processo de compostagem, a faixa desejável é de 30 e 45ºC, geralmente, mas pode ser mais alto
(até 65°C) se for uma pilha de compostagem maior.
No caso da temperatura das leiras demorarem a subir, ou seja, após o período da fase
inicial, que conforme Inácio; Miller (2009) pode levar até 3 dias para acontecer, as temperaturas
não alcançarem os níveis desejáveis, significa a falta de atividade microbiológica. Nesse caso o
aumento da matéria orgânica é desejável, além de verificar a umidade local.
Deverão ser produzidas fichas de monitoramento, de forma a padronizar a coleta de
dados e observações de maneira que facilite a interpretação e garanta o registro de novos dados.
A ideia é ter uma ficha que permaneça fixada ao lado de cada leira, indicando em que estágio ela
se encontra, data do início de seu abastecimento, maturação, temperatura, umidade, de forma a
facilitar a comunicação dentro do pátio de compostagem. Também deve-se produzir outra ficha
que sirva para promover a relatoria diária das atividades do pátio de compostagem. Exemplos
dessas fichas encontram-se nas figuras 39 e 40 no anexo II.
Em período de muitas chuvas ou ventos fortes é recomendado cobrir as leiras de
compostagem com lonas.
Propõe-se um plano de gestão de operação distribuindo as atividades da seguinte
maneira:
 Atividades Diárias
 Coleta e transporte dos resíduos orgânicos e de poda para a UDC;
 Acondicionamento dos resíduos orgânicos nas bombonas;
 Acondicionamento dos resíduos de poda no galpão;
 Pesagem dos resíduos orgânicos, de poda e grama necessários para a
montagem da leira;
 Alimentação da leira
 Medida da temperatura da leira;
 Teste de umidade da leira;
 Higienização dos equipamentos
 Atividades a cada 3 semanas
 Inicio de uma nova bateria de leiras.
 Atividades a cada 14 semanas
 Desmontagem de uma leira;
 Acondicionamento do composto pronto;
 Disponibilização do composto pronto.

69
6.12 O impacto do tratamento de resíduos orgânicos na mitigação das emissões de
gases poluentes
Para o pátio de compostagem dimensionado, estima-se receber cerca de 15.750 kg
anualmente, pois o campus possui dois períodos de férias, com cerca de 4 semanas cada e
considerando os recessos e feriados temos um período letivo de cerca de 45 semanas por ano. Ou
seja, somando as 15,75 toneladas de resíduos orgânicos mais as 40 toneladas de resíduos de poda
o IFBA evitará o envio anual de cerca de 55,75 toneladas de resíduos para aterros sanitários.
Segundo Ricci (2016) realizar o cálculo da geração de gases de efeito estufa significa
avaliar o balanço entre as emissões de um processo e os benefícios gerados por ele ou seus
produtos. Alguns estudos sobre o cálculo das emissões de compostagem doméstica demonstram
uma média de emissões em 49% de dióxido de carbono - CO2, 0,21% de metano - CH4, e 0,83 de
óxido nitroso - N2O (g/kg C), o que resulta em uma geração média de 80,64 kg de CO2
eq/tonelada.
Os benefícios do uso do composto no solo vão desde a recuperação de fertilizantes
minerais a vantagens como supressão de ervas daninhas, melhoria do desempenho do solo com a
retenção de água e proteção de efeitos erosivos. Não são fatores fáceis de quantificar, mas uma
avaliação conservadora estima que o benefício total é de -130,5 kg de CO2eq/por tonelada de
resíduos utilizado. Assim, considerando os valores estimados na relação entre emissões e
benefícios, o saldo final para a compostagem doméstica é de -49,86 kg de CO2 eq/tonelada de
emissões evitadas. (RICCI, 2016)

Figura 30:Benefícios do uso do composto e da redução total das emissões de gases de efeito estufa em -
130,5 kg de CO2eq/tonelada

Fonte: (RICCI, 2016)


Segundo Ricci (2016) considerando também as emissões evitadas pelo desvio desses
resíduos orgânicos dos aterros sanitários que possuem sistema de coleta de gás, onde se assume
uma emissão líquida de 819,12 kg de CO2eq/por tonelada.
Dessa forma, em um cenário (ideal) onde o IFBA realiza compostagem local e reciclam
as 4,5 toneladas anuais, a redução seria expressa pela equação 19.

Onde:

70
Desta maneira a redução atingiria -13.686,4 toneladas/ano de CO2eq. Os efeitos positivos dessas
iniciativas são ainda maiores por evitar a disposição final em aterros sanitários e pela aplicação
do composto no solo das áreas verdes. (RICCI, 2016)

71
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aumento da atividade industrial, aliado ao aumento da população e do consumo social,


tem gerado, como consequência, uma maior produção de resíduos. A disposição final inadequada
desses resíduos, os possíveis tratamentos desses compostos e os graves problemas ambientais são
os fatores abordados no presente trabalho.
Portanto, a destinação desses resíduos é baseada na avaliação de alternativas para reduzir
a destinação inadequada desses materiais. No processo de busca por essas alternativas, pode-se
observar que a reciclagem de resíduos e a coleta seletiva são práticas comuns, que apresentam
grandes vantagens, como a redução dos recursos naturais utilizados no processo de fabricação e
agregação de valor econômico a diversos produtos.
Em relação ao tratamento de resíduos orgânicos através da compostagem, sendo uma
alternativa viável, econômica e de baixo impacto aliado às diversas vantagens proporcionadas
por cada método é o melhor caminho para a construção de uma cultura que possui o objetivo
preservar o meio ambiente e manter o planeta um lugar agradável em diversos aspectos, unindo
os esforços da população, empresas e governo.
Em geral, o método de compostagem transforma matéria orgânica instável em compostos
estáveis, livres de organismos patogênicos e que podem ser utilizados como insumos agrícolas,
oferecendo todas as condições para que haja uma disposição adequada dos resíduos em
conformidade com as normas de engenharia e controle ambiental, e apresenta uma grande
capacidade de absorção diária dos resíduos gerados, se necessário.
A partir da análise de área e da quantidade e tipo de resíduo disponível foi possível
determinar qual sistema de compostagem deve ser utilizado. O estudo demonstrou a viabilidade
de criação de uma Unidade de Compostagem para reciclar os resíduos orgânicos produzidos no
refeitório do IFBA campus Salvador.
Para o tratamento dos resíduos do campus foi dimensionado uma Unidade
Descentralizada de Compostagem através do sistema de aeração passiva (método UFSC),
considerando que o restaurante universitário gera anualmente cerca de 15,75 toneladas de
resíduos orgânicos, levando em conta um período de compostagem de 14 semanas (100 dias),
onde o pátio necessitará de uma área aproximada de 60 m² e constará com a montagem de
baterias de três leiras simultâneas, com medidas de 1,2 m de comprimento x 1,2 m de largura e 1
m de altura. Ao fim da compostagem de cada leira, será produzido cerca de 70 kg de composto
pronto, esses compostos serão disponibilizados para o uso no campus. O tratamento através da
compostagem proporcionará uma redução de cerca de 13.687 toneladas/ano de CO2eq emitidos
na atmosfera, além do desvio dos resíduos dos aterros sanitários e os demais benefícios
associado a compostagem citados durante o trabalho.
O modelo pode ser viável economicamente, com investimentos em ações de educação
ambiental na comunidade acadêmica, mas requer apoio dos órgãos responsáveis para
disponibilizar a área, funcionários e/ou bolsas de iniciação cientifica para os alunos e apoio
financeiro, para a obtenção da infraestrutura necessária, que pode ser obtido através de editais de
projetos existentes na própria instituição, como o CISA (Comissão Interna de Sustentabilidade
Ambiental).
Em suma, o objetivo principal deste trabalho deu-se por concluído visto que consistia
essencialmente nos estudos comparativos de técnicas de compostagem como processo biológico
de transformação de matéria orgânica para gestão de resíduos no IFBA campus Salvador.
Recomenda-se um estudo prévio na instituição para que sejam recolhidos os dados
fundamentais relativos ao desenvolvimento do processo e que neste estudo foram retirados de
bibliografia e pelos setores responsáveis.
Por fim, sugere-se a aplicação e o funcionamento da unidade de compostagem no campus
e futuramente a expansão do projeto para atender a comunidade, associando-se a prefeitura, no
sentido de se obter uma maior quantidade de resíduos estruturantes, que permita a sua integração
72
no processo de compostagem, reduzindo o custo de aquisição desse tipo de resíduos, para
posteriormente poder atender a comunidade vizinha através do recolhimento dos seus resíduos
orgânicos.

73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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79
ANEXO I

Figura 31: Descarga de lixo no fosso

Fonte: (CEMPRE, 2018)

Figura 32: Transferência do lixo do fosso para a moega

Fonte: (CEMPRE, 2018)

80
Figura 33: Recepção do lixo na esteira da seleção de recicláveis

Fonte: (CEMPRE, 2018)

Figura 34: Moega de concreto com esteira metálica

Fonte: (CEMPRE, 2018)

81
Figura 35: Esteira metálica com taliscas

Fonte: (CEMPRE, 2018)


Figura 36: Triadores de materiais recicláveis

Fonte: (CEMPRE, 2018)

82
Figura 37: Polia metálica

Fonte: (CEMPRE, 2018)

Figura 38: Pátio de compostagem com leira piramidal

Fonte: (CEMPRE, 2018)

83
ANEXO II

Figura 39: Modelo de ficha de monitoramento da leira

Fonte: Elaborado pela autora

84
Figura 40: Modelo de ficha para monitoramento das atividades da UDC

Fonte: Elaborado pela autora

85

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