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Abordagem metodológica para o cálculo da pegada ecológica como

indicador de qualidade e de sustentabilidade na produção de vinho – O


caso da Herdade do Esporão

Inês Catarina Alves Ribeiro

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia e Gestão Industrial

Orientador: Professor Paulo Vasconcelos Dias Correia

Júri
Presidente: Professor João Agostinho de Oliveira Soares
Orientador: Professor Paulo Vasconcelos Dias Correia
Vogal: Professor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro

Junho 2019
AGRADECIMENTOS
É com grande prazer que agradeço a todos aqueles que tornaram esta tese possível fornecendo o suporte,
ajuda e confiança necessários.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao professor Paulo Correia por toda a transmissão de
conhecimentos, sugestões, disponibilidade, simpatia e paixão demonstrada na sua área de investigação.

Um obrigada à Cláudia Fernandes e ao Nuno Oliveira por terem tornado possível esta dissertação de
mestrado, me darem a oportunidade de conhecer e desenvolver este trabalho conjuntamente com uma empresa
enraizada em tradições, cultura, ambição e harmonia verdadeiramente contagiantes.

Um obrigada ao Sebastian Labella, que se disponibilizou desde o primeiro minuto para me ajudar, para me
apresentar a uma nova metodologia e que, partilhando o seu tempo comigo, me transmitiu informação e
conhecimento essenciais.

Um obrigada especial à Raquel Pinto, com quem cresci pessoal e academicamente. Obrigada por todos os
momentos inesquecíveis ao longo desta caminhada, pelo apoio incondicional e por saber que poderei contar
sempre contigo.

À Carolina Belo, que foi muito mais do que uma colega de faculdade. É uma amiga para todos os momentos,
a pessoa que me demonstra todos os dias o verdadeiro sentido da amizade, é quem levo para a vida, mesmo
estando longe fisicamente.

À Marta Sousa, que mais do que uma amiga é a irmã que a vida me deu, companheira de inúmeros
momentos a cada etapa do meu crescimento.

À Sofia Rocha, que foi um pilar fundamental no meu percurso, uma amiga carregada de positividade que
me transmitiu sempre a força necessária para encarar todas as situações.

Às minhas avós que estarão sempre, em algum lugar, orgulhosas e a olhar por mim.

À minha querida mana por fazer parte da minha vida, por ser uma extensão de mim, por estar sempre
presente mesmo quando está longe, pelas palavras certeiras e amor incondicional que sempre demonstrou.

Aos meus pais, o mais profundo agradecimento, porque a eles devo o verdadeiro significado de tudo o que
aprendi. Obrigada por me terem ajudado a ultrapassar mais esta grande etapa na minha vida. Obrigada pela
presença constante e apoio nos momentos mais difíceis. Obrigada por serem quem são e por terem feito de mim
aquilo que sou hoje, com todas as qualidades e defeitos.

II
ABSTRACT
Social behavior on ecological issues has been changing over time. Currently, we are facing a population
concerned and interested in responding to what nature has to offer us, treating these resources consciously and
carefully. In this way, the research community looks for sustainability strategies, as well as induces their efforts to
contribute to the green economy in order to mitigate the impact of the human being on the environment.
The ecological footprint is an indicator of sustainability that quantifies the human impact on nature, i.e.,
through the calculation of the ecological footprint, it is possible to create a relation between the consumption of
resources and the regenerative capacity of the biosphere in the absorption of waste consumed. Thus, it is possible
with this measure to define objectives, identify action plans and create alternatives for future activities or
improvements in current activities.
Esporão S.A. is a company that stands out for its business in the wine sector, which aims to guarantee a
sustainable policy and the preservation of the environment. In this way, the company has been constantly achieving
better results in its business, given the practice of its actions and investment in measures to strengthen
environmental care, contributing essentially to the awareness of the importance of production focused on respect
for nature. This concern induces a rise in the level of confidence towards its customers and evidences its business
quality certification.
Through the study of the protocol currently used by Herdade do Esporão in the calculation of its carbon
footprint, it is intended with this work, the validation of the whole approach carried out by Herdade do Esporão, as
well as, the analysis of key points and quality improvement indicators, as is the case of the ecological footprint.
Thus, the claim is that Herdade do Esporão has at its disposal some aspects in which it can gather the strength to
continue its process of corporate growth sustained by an entirely ecological policy, and proving before the whole of
its community the true sense of responsibility green economy with clear evidence of the trend that its reinforcements
in environmental care have against what is currently being observed in the world.

KEYWORDS: Sustainability, green economy, ecological footprint, quality certification.

III
RESUMO
A conduta social relativa a questões ecológicas tem vindo a modificar-se ao longo do tempo. Atualmente,
estamos perante uma população preocupada e interessada em responder ao que a natureza nos oferece, tratando
esses recursos de forma consciente e cuidada. Desta forma, a comunidade de investigação procura estratégias
de sustentabilidade, bem como, induz os seus esforços de contribuição para a economia verde de modo a mitigar
o impacto do ser humano no meio ambiente.
A pegada ecológica é um indicador de sustentabilidade que quantifica o impacto do ser humano na
natureza, ou seja, através do cálculo da pegada ecológica é possível criar uma relação entre o consumo de
recursos e a capacidade regenerativa da biosfera na absorção dos resíduos consumidos. Assim, é possível com
esta medida definir objetivos, identificar planos de ação e criar alternativas para atividades futuras ou melhorias
nas atividades correntes.
O Esporão S.A. é empresa destacada pelos seus negócios no setor vitivinícola que pretende garantir uma
política sustentável e a preservação do meio ambiente. Desta forma, a empresa tem vindo constantemente a
alcançar melhores resultados no seu negócio, face à prática das suas ações e investimento em medidas de reforço
de cuidado ambiental, contribuindo essencialmente para a consciencialização da importância de uma produção
focada no respeito pela natureza. Esta preocupação induz uma elevação do nível de confiança perante os seus
clientes e evidencia a sua certificação de qualidade empresarial.
Através do estudo do protocolo atualmente utilizado pela Herdade do Esporão no cálculo da sua pegada
de carbono, é pretendido com este trabalho, a validação de todo o enfoque realizado pela Herdade do Esporão,
bem como, a análise de pontos-chave e de indicadores de melhoria contínua de qualidade, como é exemplo a
pegada ecológica. Assim, fica a pretensão de que a Herdade do Esporão tenha ao seu dispor alguns aspetos em
que possa reunir forças para dar continuidade ao seu processo de crescimento empresarial sustentado por uma
política integralmente ecológica, e comprovando perante toda a sua comunidade o verdadeiro sentido de
responsabilidade económica verde com uma clara evidência da tendência que os seus reforços no cuidado
ambiental têm perante o que se constata atualmente no mundo.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade, economia verde, pegada ecológica, certificação de qualidade.

IV
ÍNDICE
1 Introdução.......................................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento ............................................................................................................................. 1

1.2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2

2 Revisão Bibliográfica ......................................................................................................................... 4

2.1 Pegada Ecológica – Definição, Conceitos e Princípios ................................................................. 4

2.2 Cálculo da Pegada Ecológica ....................................................................................................... 7

2.2.1 Áreas de terra e água utilizadas no cálculo da PE ............................................................... 7

2.2.1.1 Área de terra arável ......................................................................................................... 8

2.2.1.2 Área de pasto .................................................................................................................. 8

2.2.1.3 Área de floresta ............................................................................................................... 8

2.2.1.4 Área de pesca.................................................................................................................. 8

2.2.1.5 Área construída ............................................................................................................... 8

2.2.1.6 Área de energia ............................................................................................................... 8

2.2.2 Técnicas de cálculo .............................................................................................................. 9

2.3 Pegada de Carbono .................................................................................................................... 10

2.4 Economia verde .......................................................................................................................... 11

3 Metodologia em estudo ................................................................................................................... 15

3.1 Método Composto de Contas Financeiras .................................................................................. 15

3.1.1 Considerações do Método Composto de Contas Financeiras............................................ 15

3.1.2 Níveis contemplados no Método Composto de Contas Financeiras .................................. 17

3.1.3 Normas MC3 V2.0 .............................................................................................................. 19

3.1.3.1 Alcance e Enfoque do MC3 ........................................................................................... 19

3.1.3.2 Cálculo da Pegada de Combustíveis ............................................................................. 20

3.1.3.3 Cálculo da Pegada de Eletricidade ................................................................................ 21

3.1.3.4 Cálculo da Pegada de Materiais .................................................................................... 21

3.1.3.5 Cálculo da Pegada de Serviços ..................................................................................... 22

3.1.3.6 Cálculo da Pegada Agropecuária e Pesqueira .............................................................. 22

3.1.3.7 Cálculo da Pegada Florestal .......................................................................................... 23

V
3.1.3.8 Cálculo da Pegada Hídrica ............................................................................................ 23

3.1.3.9 Cálculo da Pegada de Ocupação do Solo ..................................................................... 23

3.1.3.10 Cálculo da Pegada de Resíduos ................................................................................. 24

3.1.3.11 Standards MC3 – Ajustes e Resultados ...................................................................... 24

3.1.4 Folha de Cálculo MC3 V.2.0 ............................................................................................... 25

3.1.5 Método de Cálculo.............................................................................................................. 25

3.1.5.1 Consumos Organizacionais ........................................................................................... 25

3.1.5.2 Produtividade ................................................................................................................. 26

3.1.5.3 Pegada por tipo de ecossistema.................................................................................... 26

3.1.5.4 Pegada total e Contra-pegada ....................................................................................... 26

4 Caso de Estudo ............................................................................................................................... 27

4.1 O Esporão, a consciencialização ambiental e a importância da pegada ecológica .................... 28

4.2 Metodologia de investigação ....................................................................................................... 29

4.2.1 Método corrente ................................................................................................................. 29

4.2.1.1 Nível 1 – Emissões diretas de Gases de Efeito de Estufa ............................................. 29

4.2.1.2 Nível 2 – Emissões provenientes de eletricidade adquirida........................................... 31

4.2.1.3 Nível 3 – Emissões indiretas de Gases de Efeito de Estufa .......................................... 31

4.2.2 Perspetiva do estudo revisitado.......................................................................................... 33

5 Aplicação do MC3 ao Caso de Estudo ............................................................................................ 36

5.1 Categorias de Consumo.............................................................................................................. 36

5.1.1 Emissões diretas ................................................................................................................ 36

5.1.2 Emissões Indiretas ............................................................................................................. 37

5.1.3 Materiais ............................................................................................................................. 38

5.1.4 Recursos Agrícolas ............................................................................................................ 38

5.1.5 Recursos florestais ............................................................................................................. 39

5.1.6 Recursos Hídricos .............................................................................................................. 39

5.1.7 Ocupação do Solo .............................................................................................................. 39

5.1.8 Resíduos ............................................................................................................................ 40

6 Resultados....................................................................................................................................... 42

VI
7 Conclusão........................................................................................................................................ 50

8 Referências ..................................................................................................................................... 51

Anexos ....................................................................................................................................................... 54

VII
LISTA DE TABELAS
Tabela 3-1 Categorias de consumo da metodologia MC3. ........................................................................ 17
Tabela 3-2 Fontes de emissão incluídas no MC3 V.2.0, adaptado de (Soares, 2013). ............................. 18
Tabela 3-4 Estrutura da tabela da ferramenta de cálculo para o MC3. ..................................................... 25
Tabela 4-1 Emissões de CO2e em toneladas nos respetivos anos, adaptado de (Esporão, 2016). .......... 33
Tabela 5-1 Consumo de água registado pela HE – anos 2016 e 2017. .................................................... 39
Tabela 6-1 Pegada Ecológica em hag dos combustíveis nos anos 2016 e 2017 na HE. .......................... 42
Tabela 6-2 Pegada Ecológica em hag do consumo energético nos anos 2016 e 2017 na HE. ................ 43
Tabela 6-3 Pegada Ecológica em hag das matérias-primas nos anos 2016 e 2017 na HE. ..................... 43
Tabela 6-4 Pegada Ecológica em hag dos recursos agrícolas nos anos 2016 e 2017 na HE. ................. 44
Tabela 6-5 Pegada Ecológica em hag dos recursos florestais nos anos 2016 e 2017 na HE. .................. 45
Tabela 6-6 Pegada Ecológica em hag dos recursos hídricos nos anos 2016 e 2017 na HE. ................... 45
Tabela 6-7 Pegada Ecológica em hag do uso do solo nos anos 2016 e 2017 na HE. .............................. 46
Tabela 6-8 Pegada Ecológica em hag dos resíduos gerados nos anos 2016 e 2017 na HE. ................... 47

VIII
LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 Balanço do capital natural do mundo em 2013, (Global Footprint Network, 2013). ................... 4
Figura 2-2 Quantificação de hectares e hectares globais divididos por categorias, adaptado de (GFN, s.d.).
................................................................................................................................................................................ 5
Figura 2-3 Diagrama simplificado de abordagens para a PE, adaptado de (DEFRA - Department for
Environment, Food & Rural Affairs, 2005) ............................................................................................................. 10
Figura 2-4 Contraste entre a economia linear e a economia circular (Banaitė, 2016)............................... 12
Figura 2-5 Objetivos da alteração do modelo económico para um modelo de economia circular, adaptado
de (IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, 2018). ..................................... 13
Figura 3-1 Cálculo bottom-up e top-down com enfoque nos produtos e organizações, adaptado de
(Doménech Quesada, 2010). ................................................................................................................................ 20
Figura 4-1 Localização da Herdade do Esporão. ...................................................................................... 27
Figura 4-2 Delimitação da HE, retirado de (Herdade do Esporão, 2015). ................................................. 27
Figura 5-1 Consumo de combustíveis na HE no ano de 2016. ................................................................. 36
Figura 5-2 Consumo de combustíveis na HE no ano de 2017. ................................................................. 37
Figura 5-3 Mix de Produção Elétrica em 2016, (IBERDROLA, 2017). ...................................................... 37
Figura 5-4 Mix de Produção Elétrica no ano 2017, (IBERDROLA, 2017). ................................................ 38
Figura 5-5 % de distribuição da área de ocupação do solo da HE, elaboração própria a partir de dados de
(Herdade do Esporão, 2015). ................................................................................................................................ 40
Figura 5-6 Distribuição da área de ocupação do solo em hectares, referente à vinha e ao olival na HE,
elaboração própria a partir de dados de (Herdade do Esporão, 2015). ................................................................ 40
Figura 5-7 Resíduos gerados em 2016 e 2017 na HE em kg. .................................................................. 41
Figura 6-1 % da distribuição da Pegada Ecológica da HE no ano de 2016. ............................................. 48
Figura 6-2 % da distribuição da Pegada Ecológica da HE no ano de 2017. ............................................. 49
Figura 0-1 Esquema de fluxo de materiais na UE em 2014, (Comissão Europeia, 2018). ....................... 55
Figura 0-2 Fatores considerados no cálculo da Pegada Ecológica, retirado de (Soares, 2013). .............. 61
Figura 0-3 Matriz de intensidades energéticas, segundo Doménech, retirado de (Soares, 2013). ........... 62
Figura 0-4 Índices de conversão para os Resíduos, retirado de (Branco, 2012). ..................................... 63

IX
ACRÓNIMOS

A
ACV – Avaliação do Ciclo de Vida
APA – Agência Portuguesa do Ambiente

D
DEFRA – Department for Environment, Food & Rural Affairs

F
FAO – Food and Agriculture Organization

G
GEE – Gases de Efeito de Estufa
GFN – Global Footprint Network
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

H
HE – Herdade do Esporão
HFC – Hidrofluorocarbonetos

I
ISO – International Organization for Standardization
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
IWCC – International Wine and Carbon Calculator

M
MPI – Modo de Produção Integrada
MPB – Modo de Produção Biológico

P
PC – Pegada Carbono
PE – Pegada Ecológica
PEC – Pegada Ecológica Corporativa
PEO – Pegada Ecológica Organizacional
PET – Polietileno tereftalato

X
PTO – Power Take Off

U
UE – União Europeia

XI
1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO
Na atualidade, existe uma preocupação crescente com a proteção ambiental e desenvolvimento
sustentável imposta por fatores como regras de conduta, padrões de consumo, consciencialização ecológica e
parâmetros indicadores de qualidade. Vários autores defendem que, o primeiro passo para a resolução da crise
ecológica que o planeta enfrenta – quer ao nível de alterações climáticas, poluição de águas e até devastação de
florestas – é admitir que sendo o ser humano o responsável por esta degradação é também ele lúcido da sua
obrigação de a travar.
A pegada ecológica (PE) é um sistema de contagem de indicadores cujo contexto subjacente é o
reconhecimento de que a terra disponibiliza uma quantidade finita de produção biológica que suporta toda a vida
que nela existe. Neste sentido, a PE é uma medida que dispõe da capacidade de rastrear o uso (excessivo ou
não) de recursos naturais, bem como, as consequências dessa utilização nos ecossistemas e biodiversidade (Lin,
et al., 2018).
O cálculo da pegada ecológica surge da necessidade de criar uma única medida que represente o impacto
global da humanidade no meio ambiente. Desta forma, funciona como ferramenta de análise estimando o consumo
de recursos e a assimilação de resíduos necessários a uma população ou economia em termos de área de terra
produtiva correspondente (Wackernagel & Rees, 1996). Neste sentido, é importante garantir, como condição
primária do conceito de sustentabilidade, que os serviços e recursos naturais não são utilizados mais rapidamente
do que a capacidade que a natureza detém para regenerá-los (Nicky, et al., 2000).
O conceito de biocapacidade – capacidade sustentada de produção de recursos e absorção de resíduos –
permite fazer a correlação com o conceito de pegada ecológica admitindo que, em condições perfeitas, a medida
de biocapacidade de uma determinada área deve ser igual (ou superior) à pegada ecológica deixada pelo ser
humano nessa mesma área (Ewing, et al., 2010). Desta forma, a PE funciona como um acesso à condição histórica
e trajetória da biocapacidade da terra em termos afetos à utilização por parte do ser humano (Lin, et al., 2016).
Em oposição ao que foi anteriormente mencionado, quando o consumo de recursos excede a capacidade
regenerativa do planeta dá-se um desequilíbrio ambiental, reduzindo, futuramente, a nossa capacidade de utilizar
as fontes atuais com a mesma taxa, e assim, levar a um possível colapso do nosso ecossistema.
O setor industrial que funciona como uma atividade económica coordenada, estrategicamente planeada,
com suporte e envolvência em parcerias benéficas para o controlo da sua laboração e projeção do seu negócio
no mercado de clientes, constitui em todo o seu domínio uma ferramenta fundamental de consciencialização
ecológica para a restante sociedade. Cada vez mais as empresas procuram reduzir a sua pegada ecológica, e
consequentemente, os consumidores procuram produtos que apresentem baixas emissões de carbono em todo o
seu ciclo de vida (Muthu, 2014). Esta visão consciente sobre o meio ambiente, pode constituir uma grande
vantagem competitiva para as organizações, uma vez que, atualmente o mercado distingue-se por empresas

1
ambientalmente responsáveis. As organizações devem compreender as boas práticas ambientais como forma de
explorar oportunidades e neutralizar fraquezas, conduzindo a uma performance organizacional de excelência
(Severo & Guimarães, 2017).
A acrescentar à matéria supracitada, a economia verde surge nos recentes estudos de modelos
económicos, encorajando a reutilização de matérias-primas e produtos tanto quanto o possível, de modo que seja
praticável limitar a destruição de valor. Quanto mais circular se conseguir tornar a economia, mais sustentável ela
se tornará em termos ecológicos e deve ser, portanto, uma abordagem evidente nas análises concludentes acerca
da pegada ecológica (Stegeman, 2015).
O cálculo da pegada ecológica pode ser realizado em várias escalas, desde uma escala global, nacional
ou regional e abrangendo organizações, produtos ou serviços. Esta amplitude constitui uma vantagem para a
medição que se pretende, bem como para as necessidades de análise dos resultados procurados.
O Esporão S.A. é uma empresa portuguesa líder no mercado de vinhos e azeites com uma atividade
comercial crescente nos mercados internacionais. A nível ambiental, o Esporão demonstra profunda clareza do
intuito de assegurar a sustentabilidade da sua atividade. Desde 2008, deu início à certificação do seu modo de
produção como sendo biológico (MPB), e é esperado até 2020 ter por concluída a fase de conversão das suas
áreas agrícolas para o MPB, deixando para trás o método de produção integrada até então utilizado (Esporão,
2017). Com a evidência da compreensão de um cuidado vincado da gestão da produção agrícola no seu negócio,
torna-se necessário para a Herdade do Esporão dispor de uma metodologia capaz de, além do cálculo da sua
pegada ecológica, permitir a definição de caminhos e alternativas a implementar e a analisar a curto e médio prazo.

1.2 OBJETIVOS
Na presente dissertação, tem-se como objetivo principal estudar uma metodologia de cálculo da pegada
ecológica e aplicá-la no setor vitivinícola, mais concretamente ao caso específico da Herdade do Esporão. A
metodologia abordada denomina-se Método Composto por Contas Financeiras e permite avaliar os recursos
utilizados por uma empresa por forma a identificar um valor de pegada ecológica para cada uma das categorias
representativas de consumo organizacional.
Numa primeira fase, o estudo analisa o cálculo efetuado atualmente pela HE através do protocolo utilizado
- The Wine Institute of California no International Wine Carbon Calculator (IWCC) (versão 1.2) -, que é respeitante
ao cálculo da pegada de carbono, fazendo uma correlação entre este indicador e o indicador pormenorizadamente
calculado – a PE.
Assim, os pontos visados e desenvolvidos ao longo deste estudo são os seguintes:

• Posicionamento da pegada ecológica na importância da consciencialização ambiental e inclusão do


conceito de biocapacidade e economia verde no aperfeiçoamento da abordagem à produção e ao
consumo;
• Compreensão de quais as categorias de consumo de recursos que mais contribuem para a pegada
ecológica de produtos no setor vinícola – no caso específico da HE;

2
• Contextualização dos métodos de produção biológica que a Herdade do Esporão tem vindo a implementar
por forma a aprimorar a sua excelência operacional e aumentar o nível de confiança perante os clientes;
• Contribuição para a melhoria contínua de técnicas de desenvolvimento ecológico da Herdade do Esporão,
reforço da valorização da natureza e valor do património perante os seus clientes através da
demonstração e reconhecimento de uma medida indicadora de sustentabilidade ambiental e de qualidade
– a pegada ecológica.

3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PEGADA ECOLÓGICA – DEFINIÇÃO, CONCEITOS E PRINCÍPIOS


A pegada ecológica é um conceito proposto pelos autores Wackernagel e Rees, no início dos anos 90, que
tem como propósito mensurar o espaço ecológico necessário para conservar um determinado sistema. No seu
íntimo, a PE pode ser definida como a superfície produtiva ou ecossistema aquático essencial para manter o
consumo de recursos e energia, assim como absorver os resíduos produzidos por uma determinada população ou
economia, considerando a tecnologia existente, independentemente da parte do planeta em que está situada. Mais
do que um conceito, a PE é um método que permite gerar uma avaliação de sustentabilidade objetiva, agregada,
não tendenciosa e com indicadores unidimensionais (Wackernagel & Rees, 1996).
O conceito de pegada ecológica parece ser bem aceite na comunidade científica, política e organizacional,
uma vez que, a exploração humana de recursos e do meio ambiente fica beneficamente reduzida a uma única
dimensão de área de terra e água. A área de terra e água é assim mensurada de acordo com a sua produtividade
biológica e fornece a possibilidade de comparar ecossistemas com diferente bioprodutividade e diferentes áreas
do mundo numa única unidade – o hectare global (gha) (Ewing, et al., 2010).

Figura 2-1 Balanço do capital natural do mundo em 2013, (Global Footprint Network, 2013).

Na figura acima, podem ver-se representados a azul os países denominados como reservas de
biocapacidade uma vez que a sua pegada ecológica é menor do que a sua biocapacidade, e a vermelho podem
observar-se os países denominados como países em défice de biocapacidade uma vez que a sua pegada
ecológica é maior que a sua biocapacidade.
O hectare global representa um hectare com produtividade média mundial e tem não só a virtude de incluir
numa mesma métrica diferentes impactos sobre o sistema ecológico através da PE, como também, torna possível
a incorporação de serviços ecológicos através da biocapacidade (Magalhães, 2012). O ajuste entre cada superfície

4
e a sua biocapacidade é para Wackernagel a maior vantagem desta unidade de medição, uma vez que, a
capacidade de regenerar a biomassa difere de hectare para hectare de área. Por exemplo, um hectare do deserto
do Sáara, apesar de receber muita energia solar, não representa a mesma produtividade que um hectare de
floresta Amazónica. Assim, consideramos a segunda como maior em hectares globais (devidamente
standardizados). Portanto, conclui-se que um hectare de uma área altamente produtiva é equivalente a um número
superior de hectares globais comparativamente a um hectare de uma área menos produtiva (Wackernagel, 2007).

ÁREAS BIOPRODUTIVAS
12

Pesca
10
Pastagem
8
Floresta
Área (109)

6 Solo Agrícola

Área Construída
4

0
Hectares Hectares Globais

Figura 2-2 Quantificação de hectares e hectares globais divididos por categorias, adaptado de (GFN, s.d.).

Enquanto a economia, a população e a procura de recursos cresce, o tamanho do planeta mantém-se


(Wackernagel, 2009). É esta consciência e alerta que a pegada ecológica traz ao ser humano, evidenciando a sua
existência num mundo de recursos finitos onde está presente a ideia da possibilidade de ocorrência de impactos
negativos em vários países e até mesmo indústrias, dentro de poucos anos. A nível ambiental, torna-se urgente e
necessário o desencaminhar de rumo de cenários de falhas meteorológicas, perda de biodiversidade, colapso de
ecossistemas ou até, desastres naturais (World Economic Forum, 2018).
A biocapacidade como medida de quantidade de terra bioprodutiva e área marítima que se encontra
disponível para fornecer o que ao ecossistema diz respeito, ao mesmo tempo que a humanidade consome,
depende exclusivamente das áreas de solo e das produtividades que lhes estão associadas. As áreas de solo
detêm o proveito do uso agrícola, florestal, pastagem e pesca. A biocapacidade é também ele um conceito
fundamental quando se fala em pegada ecológica, uma vez que, ambos podem ser relacionadas de forma direta.
Abaixo é apresentado um desses exemplos.

𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝐸𝑐𝑜𝑙ó𝑔𝑖𝑐𝑜 = 𝐵𝑖𝑜𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑃𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 𝐸𝑐𝑜𝑙ó𝑔𝑖𝑐𝑎 (1)

5
Da equação 1 supracitada, conclui-se que a obtenção de um saldo ecológico positivo constitui uma reserva
ecológica (área com um valor de biocapacidade superior ao de pegada ecológica), de outra forma, estamos
perante um défice ecológico (área bioprodutiva não suporta a pegada ecológica que lhe é correspondente), pelo
que, a missão ecológica flui no sentido de criar condições para a obtenção de reservas ecológicas.
A pegada ecológica utiliza áreas bioprodutivas para fornecer recursos e produtos e assimilar as emissões
de CO2. Importa referir que a pegada ecológica total de um sistema é a soma de todas as pegadas calculadas em
cada uma das áreas onde se concentram as atividades implícitas nas definições de pegada ecológica.
Apesar da divergência de opiniões entre autores que debatem o tema da pegada ecológica, a generalidade
defende a pegada ecológica como uma ferramenta para contabilizar o consumo de recursos renováveis. Estes
recursos renováveis envolvem a superfície terrestre e marítima que suporta a atividade para uso humano, não
contabilizando assim, áreas de superfície terrestre como desertos, glaciares e polos do planeta (GFN, s.d.;
Monfreda, et al., 2004).
Uma vez que a pegada ecológica apoia um indicador de sustentabilidade ecológica, é aceite de forma
natural que este possua determinadas limitações que devem ser evidenciadas de modo a que possamos aplicá-
lo de forma correta.
Uma das principais críticas à pegada ecológica está assente com o facto desta medida apenas lidar com a
questão ambiental da sustentabilidade ecológica, não tendo um avanço significativo nas questões sociais e
económicas. A somar a este fator, sabe-se ainda que a pegada ecológica revela uma dimensão radical, com pouco
apelo para o desenvolvimento de políticas e ainda, uma falta de explicação de dados utilizados para realizar os
cálculos que, muitas vezes, são extrapolados de ano para ano. Esta situação ocorre porque nem sempre estão
disponíveis todos os dados necessários ao cálculo da PE, assim, é fundamental o uso de médias internacionais,
que apesar de constituírem uma das melhores soluções em vista, poderão afetar a pegada ecológica final e
comprometer a precisão de resultados (Maduro-Abreu, et al., 2009).
A pegada ecológica pode levar a uma análise incorreta de resultados. O Brasil, Indonésia, Austrália e
Malásia são exemplos disso mesmo. Apesar de serem países que apresentam elevadas taxas de degradação
ambiental, são ao mesmo tempo países com massa populacional suficiente para o culminar de uma pegada per
capita que nos indica que estamos perante uma reserva biológica, ou seja, um resultado em análise aparentemente
positivo e detalhadamente e precisamente não tão favorável quanto o que se espera (Lenzen & Murray, 2001).
A realidade que é experienciada com a pegada ecológica é refutada por um dos princípios base da sua
metodologia o que constitui também uma desvantagem desta medida. A PE traduz a utilização de cada unidade
de terra como tendo apenas uma função, no entanto, tal não deve ser visto desta forma, uma vez que, por exemplo,
estamos na presença de florestas que sequestram carbono e ao mesmo tempo, fornecem madeira (Maduro-Abreu,
et al., 2009).
Outra das questões que a pegada ecológica traz para discussão é a utilização e contabilização da emissão
de CO2 como sendo o único impacto ecológico significativo. De facto, a pegada ecológica reconhece esta lacuna

6
e, tem vindo a progredir nesta matéria, com vista à introdução de outros poluentes na sua análise. No entanto, não
há ainda planos para incluir componentes do impacto ambiental, tais como, outros gases com efeito de estufa,
contaminação de materiais radioativos, poluição de materiais pesados, compostos sintéticos e outras emissões
para as quais não existe capacidade de assimilação significativa (ECOTEC - U.K., 2001).
Importa ainda referir que, a pegada ecológica demonstra ser menos eficaz a nível local/regional
comparativamente a estudos nacionais, visto que, para os relatórios locais a informação é consideravelmente
agregada e inúmeras vezes, os seus dados de consumo são mais difíceis de obter (Maduro-Abreu, et al., 2009).
Isto acontece essencialmente porque a PE faz um ajuste da produtividade média anual, onde perde assim detalhes
regionais importantes (Collins & Cooper, 2017).
Após a introdução da pegada ecológica, recentes estudos realizados pelos autores Wackernagel e Rees,
demonstram que a pegada ecológica não pode responder a questões relacionadas com o desenvolvimento
sustentável no futuro, mas sim, ajudar a quantificar os desafios ecológicos e conflitos que a humanidade tem de
resolver se quiser atingir a sustentabilidade global (Maduro-Abreu, et al., 2009).

2.2 CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA

2.2.1 ÁREAS DE TERRA E ÁGUA UTILIZADAS NO CÁLCULO DA PE


Como visto anteriormente, o ponto de inicialização do cálculo de uma pegada ecológica é o consumo, por
parte de uma população humana, de recursos naturais renováveis. Seguidamente, são apresentadas as seis
atividades que consideram o uso de terra e água segundo o Department for Environment, Food & Rural Affairs
(DEFRA - Department for Environment, Food & Rural Affairs, 2005).

• Cultivo de alimentos, ração animal, fibra, óleo e borracha;


• Pasto de animais para produção de carne, lã e produtos lácteos;
• Colheita de madeira para obtenção de lenha, fibra e combustíveis;
• Pesca em água marítima e em água doce;
• Acomodação de infraestruturas de edifícios, transportes, produção industrial, deposição de resíduos
sólidos e geração de energia;
• Assimilação de emissões de dióxido de carbono produzidas pela queima de combustíveis fósseis.

Cada uma destas atividades requer terra que corresponde à área biologicamente produtiva (produção de
capital natural/recursos). Os seis tipos de área de terra e água comumente usados são:

• Área de terra arável;


• Área de pasto;
• Área de floresta;
• Área de pesca;
• Área construída;

7
• Área de energia.

2.2.1.1 ÁREA DE TERRA ARÁVEL


A pegada ecológica do solo arável é determinada pelo consumo da população dos bens nela produzidos.
É descrita como a área necessária para a produção de alimentos (cereais, frutas, legumes, café, chá, tabaco, etc.)
e também culturas não alimentares (cereais para animais, algodão, borracha, etc.).

2.2.1.2 ÁREA DE PASTO


A área de pasto corresponde ao nosso consumo de carne, produtos lácteos e lã provenientes do gado que
se encontra domesticado permanentemente em pastagens. A produtividade de terra arável é significativamente
maior que a área de pasto o que culmina numa procura por área de pasto elevada.

2.2.1.3 ÁREA DE FLORESTA


A pegada ecológica da área de floresta inclui todos os produtos provenientes da madeira, quer na sua
forma mais virgem até aos produtos mais tratados (painéis de fibra, pasta de papel, etc.). Para o cálculo da pegada
ecológica, o consumo de produtos florestais é convertido na área florestal necessária para produzi-los. A madeira
e o carvão queimado para combustível são contabilizados na área de energia e não na área de floresta.

2.2.1.4 ÁREA DE PESCA


Esta área é definida como a área necessária para produzir o peixe e alimentos provenientes do mar que a
população consome. Isto inclui todo o peixe marinho e de água doce, crustáceos e cefalópodes, assim como
produtos alimentares marinhos.

2.2.1.5 ÁREA CONSTRUÍDA


A pegada ecológica da área construída diz respeito à área ocupada por todos os edifícios e infraestruturas
relacionadas com a habitação, transportes e produção industrial (incluindo a produção de energia).
A informação global desta categoria é baseada em imagens de satélites de baixa resolução que é incapaz
de capturar infraestruturas dispersas, desta forma, é a categoria que tem menor quantidade de documentação.
Assume-se assim, que esta área substitui áreas aráveis, uma vez que as infraestruturas estão geralmente
localizadas nas áreas mais férteis de um país.

2.2.1.6 ÁREA DE ENERGIA


A área de energia detém um tipo de área hipotética que Wackernagel defendeu que devemos reservar para
a absorção de CO2. Lewan e Simmons sugerem que esta área representa o grau de como o planeta deveria ser
maior de forma a que não existisse um aumento de CO2 na atmosfera, ou seja, funciona como indicador de
sustentabilidade dos estilos de vida. Geralmente, a área de energia representa a maior fatia das pegadas
ecológicas.
A pegada ecológica dos combustíveis fósseis é calculada como a área de floresta necessária à absorção
de dióxido de carbono por eles gerado, excluindo a proporção absorvida pelos oceanos.

8
2.2.2 TÉCNICAS DE CÁLCULO
É habitual associar o cálculo da pegada ecológica a duas principais metodologias: abordagem por
componente (component based approach) e abordagem por composto (compound approach) (DEFRA -
Department for Environment, Food & Rural Affairs, 2005).
A abordagem por componente resume a pegada ecológica de todos os componentes relevantes do
consumo de recursos de uma população e da sua produção de resíduos. Isto é realizado fazendo, primariamente,
uma identificação de todos os elementos individuais bem como as quantidades correspondentes que uma
determinada população consome, e de seguida, uma avaliação da pegada ecológica de cada um deles através de
dados fornecidos pelo seu ciclo de vida. Esta abordagem revela-se, na sua generalidade, errática no que confere
aos resultados expectáveis, uma vez que existe uma lacuna na precisão de informação dos ciclos de vida de
produtos e é necessário analisar uma elevada quantidade de informação de forma muito detalhada (Monfreda, et
al., 2004).
De modo a contrariar estas fragilidades, o método por composto apresenta uma calibração capaz de
superar a abordagem anteriormente referida. A abordagem por composto foi desenvolvida por Wackernagel &
Rees em 1996 e, constitui um modelo que utiliza dados nacionais agregados (produção e produtividade) e dados
relativos ao comércio internacional (importações e exportações) para o cálculo da pegada ecológica. A utilização
destes dados agregados faz, em contraste com o método de componentes, com que não seja necessário ter
informação sobre o uso final de cada consumo. Assim, é comum utilizar esta abordagem para calcular a pegada
ecológica nacional (Monfreda, et al., 2004).
A pegada ecológica nacional é calculada e representada em hectares globais da seguinte forma:

𝑃
𝐸𝐹 = . 𝑌𝐹. 𝐸𝑄𝐹
𝑌𝑁 (2)

Onde:
P – Quantidade de produto produzido em toneladas;
YN – Rendimento médio nacional de P em toneladas por hectare (National Average Yield);
YF – Fator de rendimento para o tipo de uso de terra em estudo (Yield Factor);
EQF – Fator de equivalência para o tipo de uso de terra em estudo (Equivalence Factor).
A quantidade de produto produzido é convertida em equivalentes de produtos primários. Por exemplo, a
quantidade de farinha produzida é convertida na quantidade de trigo através do uso de taxas de extração. Estas
quantidades de equivalentes dos produtos primários são traduzidas numa determinada pegada ecológica. O fator
de rendimento é o rácio dos rendimentos médios nacionais e é calculado como a disponibilidade anual de produtos
utilizáveis. O fator de equivalência diz respeito à área fornecida de um tipo específico de uso de terra (p.e. terra
cultivável, pastagens, etc.) em unidades de média mundial de área biologicamente produtiva, isto é, em hectares

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globais. Importa referir que a pegada ecológica incorpora também a energia necessária para o processo de
fabricação de produtos (Ewing, et al., 2010).

Figura 2-3 Diagrama simplificado de abordagens para a PE, adaptado de (DEFRA - Department for Environment, Food & Rural Affairs,
2005)

2.3 PEGADA DE CARBONO


A pegada de carbono é um conceito interligado à pegada ecológica. Isto porque ambos os indicadores
pretendem transmitir uma informação acerca dos impactos no meio ambiente. Uma das divergências dos índices
centra-se nas suas unidades de medida. Consiste a pegada de carbono, numa grandeza de emissões de GEE
associadas a uma atividade ou produto e é expressa em unidades de CO2. O cálculo da pegada de carbono pode
ser realizado a par com a pegada ecológica, também ele de diversas formas, e estão-lhe associados vários fatores
de emissão, ou seja, quantidades médias de um poluente ou material descarregado na atmosfera por um processo
específico, expressas por kg de partículas por unidade do material ou combustível correspondente. Tipicamente o
cálculo da pegada de carbono é dividido em três níveis. O primeiro corresponde a emissões diretas, isto é,
emissões diretamente resultantes da queima de combustíveis fósseis, ou de processos que resultam em GEE,
libertados pelas organizações. Por exemplo, o combustível consumido pelas viaturas da empresa representa uma
emissão direta. O segundo nível representa as emissões indiretas de uso de energia, isto é, a utilização de energia
cuja produção teve, na sua origem, associadas emissões diretas de GEE. Um exemplo é o uso de eletricidade,
uma vez que na sua produção, nas centrais elétricas de combustíveis fósseis como gás natural ou carvão, emitiu
GEE. O terceiro nível engloba outras emissões indiretas, onde se incluem as emissões na produção de outros
materiais consumidos, serviços contratados e resíduos, por exemplo, as emissões necessárias para a produção
das matérias primas usadas nos processos produtivos. A análise da pegada de carbono é uma medida de elevado
interesse organizacional pois permite às empresas perceber onde estão a emitir GEE. Repartindo a fatia das suas
emissões em maioritariamente diretas ou indiretas, e sobretudo, orientando-se no sentido de uma utilização mais

10
sustentável dos recursos, e selecionando boas estratégias, de acordo com a origem da pegada de carbono
associada às suas atividades (Goodier, 2010).

2.4 ECONOMIA VERDE


No contexto atrás apresentado de crescente preocupação ambiental, as responsabilidades sociais e
ambientais projetam o conceito de economia verde. A economia verde é vista como uma filosofia de gestão para
o século XXI. Enquanto a sociedade continua a desenvolver inúmeras formas de satisfazer o seu propósito de
existência no que confere a padrões de consumo, é realizada uma apropriação dos recursos naturais que o mundo
nos disponibiliza. A conversão da natureza em bens é recorrentemente feita de um modo desequilibrado. Assim
torna-se urgente minimizar a exposição da economia às flutuações no mercado de matérias-primas. Esta
crescente procura mundial de recursos naturais causa para além de problemas de escassez, volatilidade dos
preços, e a consequente concorrência pelos mesmos pode provocar instabilidade em muitas regiões (European
Comission, 2017).
A economia verde é uma economia traduzida por ser baixa em carbono e eficiente no uso de recursos,
assim, a transição para uma economia verde é uma oportunidade para transformar a economia e torná-la mais
sustentável, contribuir para os objetivos climáticos e para a preservação dos recursos mundiais, criar emprego
local e gerar vantagens competitivas num mundo que atravessa mudanças profundas (Comissão Europeia, 2018).
Por forma a alcançar o modelo económico apresentado, utiliza-se uma abordagem que tem também ela um
impacte muito significativo para as empresas: a economia circular. A economia circular constitui uma das
ferramentas para alcançar a economia verde e resulta da transição do modelo linear de produção de bens -
extração de matéria-prima, produção, uso e rejeição dos produtos –, assente na disponibilidade ilimitada de
matérias-primas e energia, para um modelo circular, onde os materiais e resíduos são devolvidos ao ciclo produtivo
através da reutilização, recuperação e reciclagem. É uma abordagem à produção e ao consumo que resulta de
desenvolvimento e inovação, e que permite novos produtos, serviços e modelos de negócio, que contribuem para
um relacionamento mais equilibrado e criativo entre as empresas, os consumidores e os recursos naturais (BCSD
Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, 2017).
Em definição, a economia torna-se circular, onde pode ser traduzida como sendo um modelo económico
de economia regenerativa que descarta a economia tradicional (fabricar – utilizar – dispor) em detrimento da
criação de um modelo restaurador para recuperar de forma circular o produto da sua atividade (Miranda Ribeiro &
Kruglianskas, s.d.).

11
Figura 2-4 Contraste entre a economia linear e a economia circular (Banaitė, 2016).

Uma forma de analisar a economia circular é observar como os materiais entram, circulam e saem da
economia. Tal panorâmica visual pode ser fornecida por meio de um diagrama do fluxo dos materiais que mostre
todas as matérias-primas — agregadas por categoria de materiais — na economia, desde a sua extração até se
tornarem resíduos (ver Anexo I).
O principal desafio da economia verde centra-se na implementação de políticas de R’s de sustentabilidade.
Inicialmente, os conceitos introduzidos foram o da reciclagem, reutilização e redução (3 R’s), de forma a que, em
resultado das perceções sobre a sustentabilidade que advêm naturalmente de um sistema educacional sólido em
matéria ecológica, haja uma poupança tão significativa quanto possível de recursos. A reciclagem e a reutilização
auxiliam a conservação de recursos contrariamente ao tradicional uso único de recursos e de produtos. Para além
disto, é também uma forma de conversão de materiais que de outro modo seriam considerados resíduos sem
reaproveitamento, em novos materiais ou produtos. A reutilização refere-se à utilidade que um produto pode ter
em várias atividades económicas ou instalações após o seu consumo inicial. Por último, a redução visa atingir os
objetivos fixados para a produção e o consumo, utilizando um mínimo de materiais e energia, resultando assim,
também, numa estratégia de corte na poluição logo no início da atividade económica. Estes três princípios levam
a economia à circularidade e minimização de recursos de extração de matérias-primas (Banaitė, 2016).
Atualmente, a política contempla um novo R – este último diz respeito à reparação. A reparação não considera
apenas o reparo de produtos. A projeção de produtos que permitam a sua manutenção e reparo constitui um dos
essenciais princípios de gestão ambiental por forma à consciencialização da proteção ambiental ainda numa fase
inicial do ciclo de vida do produto. (Marchezan & Streb, 2016).

12
Figura 2-5 Objetivos da alteração do modelo económico para um modelo de economia circular, adaptado de (IAPMEI - Instituto de Apoio
às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, 2018).

Atualmente, os estudos têm visado a complementaridade da inicial política dos 3 R’s que promovam a
mudança de comportamento dos consumidores e da sociedade no geral. Novos R’s são agora debatidos e
demonstrados – como o reaproveitar e o reduzir. O reaproveitar de materiais, por exemplo, envolve o ato de
redesenhar a próxima geração de produtos, que podem vir a usar componentes, materiais e recursos recuperados
do ciclo de vida anterior. Aliado a isto, cria um padrão de consciencialização social, uma vez que, estimula a
criação de formas de pensamento que contrariem o atual sistema de consumo excessivo em que a sociedade está
assente (Jawahir & Bradley, 2016). O R relativo à redução pretende incentivar a redução do consumo de energia,
materiais e impactos socioambientais ao longo do ciclo de vida.
Os princípios que estão na base da economia verde são os seguintes (Ramkumar, s.d.):

• Priorizar os recursos renováveis - Garantir que os recursos renováveis, reutilizáveis e não tóxicos
sejam utilizados como materiais e energia de maneira eficiente;
• Preservar e estender o que já foi feito - Enquanto os recursos estão em uso, manter, reparar e
atualizá-los são formas para maximizar sua vida útil e dar-lhes uma segunda vida através de
estratégias de devolução, quando aplicável;
• Utilizar resíduos como um recurso – A utilização de resíduos pode servir como fonte de recursos
secundários, bem como, poderá resultar numa recuperação para posterior reutilização e reciclagem;
• Reavaliar o modelo de negócio – No meio empresarial é extremamente importante aliar a economia
circular a oportunidades para criar valor e alinhar incentivos por meio de modelos de negócio que se
baseiam na interação entre produtos e serviços;
• Antever o futuro – A antevisão e projeção das necessidades de cada produto poderá resultar no uso
dos materiais corretos, bem como, garantir uma vida útil adequada para utilização futura;
• Incorporar sistemas digitais - Otimizar o uso de recursos e fortalecer as conexões entre os agentes
da cadeia de abastecimento através de plataformas digitais e novas tecnologias;

13
• Obter parcerias para criar valor - Trabalhar em conjunto ao longo da cadeia de abastecimento,
internamente nas organizações e com o setor público, visa aumentar a transparência e criar valor
conjunto empresarial.

A pegada ecológica deve concentrar o seu propósito na proposta económica supracitada, sendo que, o
grande desafio da sua medição passa por alertar para o desenho atual do consumo global, bem como, contribuir
para a continuidade da economia no sentido quer de respeitar a capacidade regenerativa da natureza, como de
satisfazer as necessidades da população (Ede, 2016).

O modelo de Economia Verde tende a deixar de ser um modelo opcional para se tornar inevitável. A sua
implementação trará num futuro próximo mais competitividade e introdução de indústrias que utilizam produtos
recuperados. Este modelo económico não se torna importante apenas do ponto de vista ambiental. Funciona como
uma oportunidade win-win-win, ou seja, custos mais reduzidos, menos emissões de GEE para a atmosfera e
criação de mais postos de trabalho. Para além da vantagem de não ter de existir uma escolha entre o nível de
importância dado a cada área – económica e ambiental - a Economia Verde permite a delineação de modelos de
negócio com oportunidades reais de aumentar o seu crescimento e lucro (Ellen MacArthur Foundation; McKinsey,
2015).

14
3 METODOLOGIA EM ESTUDO

3.1 MÉTODO COMPOSTO DE CONTAS FINANCEIRAS


O Método proposto para o presente estudo denomina-se método Composto de Contas Financeiras (MC3).
O MC3 foi proposto por Juan Luis Doménech Quesada em 2006, abrangendo o estudo de pegada ecológica ao
setor industrial. Inicialmente, quando os autores Wackernagel e Rees introduziram o conceito, este centrava-se
sobretudo no cálculo direcionado para regiões como cidades ou países. Mais tarde, as vantagens associadas ao
cálculo orientado para uma empresa ou organização foram particularmente reconhecidas. Assim, a PE ao nível
empresarial apresenta-se como uma forma de capturar informação sobre os impactos e aspetos ambientais em
torno da atuação de cada negócio. Permitindo a melhoria e o desempenho ambiental, a pegada ecológica
corporativa considera-se uma ferramenta de gestão capaz de identificar usos insustentáveis da biosfera e usos
alternativos de capital, servindo de base para o processo de tomada de decisão (Carballo Penela, et al., 2009).
A abreviação para MC3 provém do nome Método Compuesto e do facto das Cuentas Contables serem
constituídas por três principais contas, sendo elas, contas do ativo, do passivo e capital próprio (Branco, 2012).
A metodologia MC3 permite às empresas estabelecer objetivos claros e concretos de sustentabilidade
ambiental, integrar indicadores e ciclo de vida numa única ferramenta e constitui um novo método de decisão
política para lutar, de forma mais justa, contra as alterações climáticas (Doménech, 2006).
A pegada ecológica organizacional funciona como avaliador do espaço necessário para suportar uma
atividade ao mesmo tempo que traduz um indicador integrado limitativo do desequilíbrio ambiental provocado por
cada agente. As empresas uma vez estimuladas ao cálculo da sua pegada ecológica corporativa encontram-se
aptas para desenvolver sistemas de informação ambiental eficazes que forneçam um processo de monitorização
capaz de avaliar futuras melhorias implementadas (Gondran, 2012).

3.1.1 CONSIDERAÇÕES DO MÉTODO COMPOSTO DE CONTAS FINANCEIRAS


A pegada ecológica corporativa valoriza a quantidade de ecossistemas ou natureza medida em hectares
necessária para a sua existência. Assim sendo, Doménech propõe quatro principais fatores que justificam o
impacto ambiental gerado por qualquer organização. Sendo eles:

• Compra de produtos e serviços refletidos nas suas contas;


• Venda de produtos de produção primária de alimentos ou outros recursos florestais ou bióticos
(Exemplo: vegetais, frutas ou carnes);
• Ocupação de espaço;
• Produção de resíduos refletidos no território ambiental.

Da definição supracitada pode concluir-se que todos os produtos utilizados (criados e vendidos), devem
ser contabilizados na pegada de qualquer empresa dado que são tão importantes como os produtos em que a
empresa é consumidora final.

15
Pode afirmar-se que a metodologia proposta por Doménech é similar ao cálculo da metodologia utilizada
para calcular uma pegada ecológica nacional, no entanto, Doménech assegura este cálculo mesmo quando a
informação por parte da empresa se encontra em unidades financeiras, deixando em hipótese a facilidade de
conversão destas unidades para unidades de massa (toneladas). A conversão em toneladas pode ser feita tendo
em consideração preços médios de produtos específicos no período em estudo (por exemplo, unidade
monetária/kg). De notar que praticamente todos os dados necessários para calcular a pegada ecológica de
organizações se podem obter a partir da contabilidade da organização. (Carballo-Penela & Doménech, 2010).
Nos últimos anos, a gestão integrada é alvo de destaque visto que a cadeia de abastecimento de uma
empresa funciona como um todo. Qualquer produto que chega ao consumidor final passa por uma cadeira de
valor, seja ela curta ou longa, que vai desde a extração de matérias-primas até ao produto final acabado. É
importante compreender este conceito uma vez que a cada etapa da cadeia é associado um valor de pegada
ecológica, ou seja, cada etapa é responsável por influenciar a pegada ecológica final. Por norma, um produto
passa por variados consumidores intermédios até chegar ao consumidor final. Esta sequência passa por transporte
de matérias-primas, fábrica, distribuição e finalmente, consumidor final. Na situação mais favorável de todas, cada
etapa deveria apresentar uma pegada ecológica organizacional nula, isto é, todos os intervenientes no processo
deveriam assumir a exigência de uma pegada anterior nula. Desta forma, cada etapa corrente não teria de suportar
a pegada ecológica anterior associada ao processo. No entanto, a situação mais comum é gerar-se um efeito
dominó em que a empresa distribuidora e encarregue de levar o produto ao consumidor final traduz o acumular
das pegadas ecológicas das empresas que atuaram anteriormente (Carballo-Penela & Doménech, 2010).
A origem do MC3 está no conceito de Pegada Familiar que Wackernagel introduziu e baseia-se na matriz
de consumos e superfícies presentes na folha de cálculo para a estimação da pegada das famílias por ele realizada
(Carbonfeel, 2011). Doménech propõe a partir daqui uma matriz de consumos e superfícies semelhante que
contém o consumo de bens e serviços principais de cada categoria que uma empresa necessita. A ideia geral é
elaborar uma lista de todas as categorias de consumo, resíduos gerados e uso do solo sendo que o método estima
a pegada de todos os bens e serviços reconhecidos nas contas financeiras, os resíduos gerados provenientes da
aquisição dos bens e o espaço ocupado por todas as instalações da empresa que são reconhecidas no relatório
de contas da mesma (Preston-Wilsey, 2015).
À semelhança do que acontece com a PE tradicional a pegada ecológica organizacional expressa-se em
hectares globais e toneladas de CO2 e o modo de conversão é feito com recurso a fatores de absorção,
equivalência e produtividade. A pegada de carbono, em alguns estudos, inclui vários gases com efeito de estufa,
expressando o indicador em toneladas de CO2e. No entanto, existem autores que consideram apenas um gás, o
CO2. O facto de apenas se considerar o CO2 ou assumir a importância de outros gases é centrado sobretudo na
divergência de definições de pegada ecológica existentes. Por exemplo, a Global Footprint Network1 defende que
a pegada de carbono indica a procura da biocapacidade necessária para sequestrar as emissões de CO 2 que
estão na origem da combustão de combustíveis fósseis. Em contrapartida, a Carbon Trust2 admite que a pegada

1 Organização sem fins lucrativos de resposta à mudança climatérica e à gestão de recursos naturais;
2 Grupo que tem como missão acelerar a transição para uma economia sustentável de baixo carbono;

16
ecológica deve incluir a totalidade de emissões dos gases com efeito de estufa em CO2e durante todo o ciclo de
vida de um produto.
O MC3 contem as emissões de CO2, bem como as de outros GEE (por exemplo, N2O3 e CH44) que serão
convertidos em unidades de CO2e através dos coeficientes de potencial de aquecimento global que podem ser
expressos em unidades de CO2e. O potencial de aquecimento global representa o potencial de efeito de estufa
para uma unidade de massa de um GEE, expresso habitualmente em CO2, para um determinado período de tempo.
Com a inclusão de outras fontes de GEE nos seus cálculos, o método aumenta a utilidade deste indicador,
sobretudo para as empresas que têm metas de emissões a atingir, relacionadas com o Protocolo de Quioto e
futuros acordos internacionais pós-Quioto (Aurrekoetxea Arratibel, 2013).

3.1.2 NÍVEIS CONTEMPLADOS NO MÉTODO COMPOSTO DE CONTAS FINANCEIRAS


Seguidamente, na tabela apresentada estão descritas as secções de categorias de consumo da
metodologia MC3 e posteriormente é apresentada a tabela que detalha as subcategorias (fontes de emissão que
o método contabiliza).

Tabela 3-1 Categorias de consumo da metodologia MC3.

CATEGORIAS DE CONSUMO MC3 – ESTRUTURA DESCRIÇÃO – ALCANCE

EMISSÕES DIRETAS CÁLCULO DA PEGADA DE COMBUSTÍVEIS

EMISSÕES INDIRETAS CÁLCULO DA PEGADA DE ELETRICIDADE

MATERIAIS CÁLCULO DA PEGADA DE MATERIAIS

SERVIÇOS E CONTRATOS CÁLCULO DA PEGADA DE SERVIÇOS

RECURSOS AGROPECUÁRIOS E PESQUEIROS CÁLCULO DA PEGADA AGROPECUÁRIA

RECURSOS FLORESTAIS CÁLCULO DA PEGADA FLORESTAL

PEGADA HÍDRICA CÁLCULO DA PEGADA HÍDRICA

USO DO SOLO CÁLCULO DA PEGADA DA OCUPAÇÃO DO SOLO

RESÍDUOS, DESCARGAS E OUTRAS EMISSÕES CÁLCULO DA PEGADA DE RESÍDUOS

3 Óxido Nitroso;
4 Metano.

17
Tabela 3-2 Fontes de emissão incluídas no MC3 V.2.0, adaptado de (Soares, 2013).

CATEGORIAS DE CONSUMO MC3 SUBCATEGORIAS DE CONSUMO MC3

COMBUSTÍVEIS
EMISSÕES DIRETAS
OUTRAS EMISSÕES DIRETAS
ELETRICIDADE
EMISSÕES INDIRETAS
OUTRAS EMISSÕES INDIRETAS
MATERIAIS DE FLUXO (MERCADORIA)
MATERIAIS NÃO AMORTIZÁVEIS
MATERIAIS MATERIAIS AMORTIZÁVEIS (GENÉRICOS)
MATERIAIS AMORTIZÁVEIS (OBRAS)
USO DE INFRAESTRUTURAS PÚBLICAS
SERVIÇOS COM BAIXA MOBILIDADE
SERVIÇOS COM ALTA MOBILIDADE
SERVIÇOS E CONTRATOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAS
SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE MERCADORIAS
USO DE INFRAESTRUTURAS PÚBLICAS
VESTUÁRIO
RECURSOS AGROPECUÁRIOS E PESQUEIROS PRODUTOS AGROPECUÁRIOS
SERVIÇOS DE RESTAURANTE
RECURSOS FLORESTAIS
CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL
PEGADA HÍDRICA
CONSUMO DE ÁGUA NÃO POTÁVEL
SOBRE TERRA FIRME
USO DO SOLO
SOBRE ÁGUA
RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
RESÍDUOS PERIGOSOS
RESÍDUOS RADIOATIVOS
RESÍDUOS, DESCARGAS E OUTRAS EMISSÕES DESCARGAS DE EFLUENTES
EMISSÕES (GEE DO PROTOCOLO DE QUIOTO,
OUTROS GEE OU PRECURSORES, OUTRAS

EMISSÕES ATMOSFÉRICAS)

A metodologia MC3 define a organização como a entidade que dispõe de contas financeiras separadas e
independentes. O alcance do método é o conjunto da organização e não excede de nenhuma forma os seus
limites, isto é, não inclui a pegada dos clientes, fornecedores ou consumidores. A pegada destas entidades deverá
ser calculada de forma independente da organização em questão.

18
A consistência entre a pegada da organização e a pegada dos seus produtos deve ser total, e, portanto,
deve ser utilizada a mesma metodologia de cálculo quer para uma, quer para outra. Numa fase primária é calculada
a pegada da organização, esta por sua vez, irá posteriormente dar origem à pegada dos seus produtos.
O método MC3 respeita normas tais como a ISO 14040:2006 (Environmental management - Life cycle
assessment - Principles and framework) e a ISO 14044:2006 (Environmental management - Life cycle assessment
- Requirements and guidelines). A ISO 14040:2006 fornece informação sobre os princípios e a estrutura e a ISO
14044:2006 sobre requisitos e diretrizes para o cálculo da pegada de carbono e ecológica durante as várias fases
do ciclo de vida dos produtos. A ISO 14069 que corresponde à quantificação e notificação de emissões de gases
de efeito estufa para organizações está também na base da metodologia MC3. Esta norma descreve os princípios,
conceitos e métodos relacionados com a quantificação e notificação de emissões diretas e indiretas de GEE de
uma organização pelo que o método se torna mais credível, reconhecido e passível de ser cada vez mais utilizado
(Veiga, 2017).

3.1.3 NORMAS MC3 V2.0


As normas (standards) MC3 V2.0 que se encontram descritos de seguida foram todos consultados em
“Estándares 2010 de Huella de Carbono MC3” de (Doménech Quesada, 2010).

3.1.3.1 ALCANCE E ENFOQUE DO MC3

• Âmbito da organização - O MC3 define a organização como qualquer centro de trabalho ou entidade
que tenha contas contáveis separadas e independentes. Em MC3 o alcance será sempre o conjunto
da organização e nunca excederá os seus limites. A pegada dos clientes, ou dos fornecedores, não
será incluída, consórcios, consumidores ou estações de tratamento de resíduos devem calcular a sua
pegada de forma independente.

• Enfoque organizacional - Deverá existir total consistência entre a pegada da organização e a pegada
dos produtos. O enfoque será top-down, ou seja, em primeiro lugar calcula-se a pegada da
organização que influencia a pegada dos produtos que saem do sistema.

19
Figura 3-1 Cálculo bottom-up e top-down com enfoque nos produtos e
organizações, adaptado de (Doménech Quesada, 2010).

• Alcance operacional - Cálculo de todas as fontes de emissão partindo da “melhor tecnologia


disponível”.

• Alcance funcional - No caso dos bens, a unidade funcional será sempre a tonelada de produto a fim
de permitir a comparabilidade entre diferentes produtos. A PCO expressar-se-á sempre em termos
absolutos (tCO2e) ou relativos (tCO2e/tproduto). A PEO expressar-se-á em hectares globais (hag).

• Obtenção de dados - A maioria dos dados obtém-se preferencialmente das contas financeiras da
organização ou do centro de trabalho.

• A estrutura e as análises da PCO-PEO realizadas com o MC3 tentarão ser consistentes com os
standards da PE da GFN (organização de onde deriva o MC3), especialmente no emprego de hag,
fatores de equivalência e fatores de produtividade, tipos de superfície utilizados ou conversão da PCO
em PEO.

3.1.3.2 CÁLCULO DA PEGADA DE COMBUSTÍVEIS


Os combustíveis mínimos incluídos como fontes de emissão no cálculo da pegada dos combustíveis são
os seguintes: carvão, madeira, biomassa (madeira ou não), gás natural, gasolina (95 e 98), gasóleo (A, B e C),
fuelóleo, biodiesel e bioetanol. Para além destas fontes de emissão podem ainda ser adicionadas mais, utilizando,

20
numa primeira fase, as mesmas fontes de fatores de emissão usadas na metodologia. Também se podem incluir
fontes diretas de emissão de CO2, de CH4, de N2O e outros GEE incluídos no Protocolo de Quioto.
Os fatores de conversão utilizados são baseados nos dados de IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas). No caso da pegada do ciclo de vida dos combustíveis, utilizam-se os fatores de conversão
da JRC (Joint Research Center) da Comissão Europeia.
Todos os gases diferentes do CO2 procedentes à combustão são contabilizados na secção de resíduos,
descargas e emissões. Em nenhum caso são contabilizados como emissões diretas ou indiretas os transportes
dos trabalhadores ao trabalho (veículo privado), ou dos consumidores aos pontos de venda, já que são
considerados fora do alcance da organização.

3.1.3.3 CÁLCULO DA PEGADA DE ELETRICIDADE


As tecnologias de produção elétrica mínimas incluídas como fontes de emissão são as seguintes: térmica
de carvão-fuel, ciclo combinado, nuclear, hídrica, mini-hídrica, cogeração, eólica, fotovoltaica, solar térmica,
biomassa e resíduos. Tal como no cálculo da pegada dos combustíveis, podem ainda ser adicionadas mais fontes
de emissão, utilizando, numa primeira fase, as mesmas fontes de fatores de emissão usadas na metodologia.
O consumo elétrico total desagrega-se segundo o mix da companhia de eletricidade que fornece a empresa.
Caso estes dados não sejam conhecidos, utiliza-se o mix elétrico nacional. Para converter os kWh em joules tem-
se em conta o fator de ecoeficiência ou rendimento da tecnologia utilizada.
O fator de emissão mais apropriado para converter o consumo energético em emissões de CO2 é o
divulgado pelas empresas de eletricidade. Caso não seja conhecido, deve ser utilizado o fator empregue pelo
inventário nacional ou, por fim, o fator proposto por organismos ou standards internacionais.
As perdas de eletricidade nas atividades de transporte e distribuição apenas são contabilizadas quando
são redes ou transformadores internos. Caso a empresa venda energia renovável produzida pela mesma, não se
contabiliza como contra-pegada.

3.1.3.4 CÁLCULO DA PEGADA DE MATERIAIS


Incluem-se como fontes de emissão os materiais de fluxo (mercadorias), os materiais amortizáveis e não
amortizáveis. Cada um destes abrange vários grupos de materiais, desde os menos intensivos em energia
(matérias-primas, cimento, etc.) aos mais intensivos (máquinas, veículos, etc.). Outros tipos de materiais como
materiais de construção e obras públicas são também contabilizados nesta metodologia.
Os dados de consumo de materiais são obtidos, tal como para o resto das categorias de consumo, através
das contas da organização. A empresa deve tentar obter unidades físicas, quilogramas ou toneladas, de todas as
compras efetuadas aos seus fornecedores e inclusive tentar refletir este dado nas faturas emitidas.
A base de dados de intensidades energéticas dos materiais utilizada nesta metodologia provém da
Methodology Report v12 Draft, promovida pelo WWF One Planet Business, elaborado por autores SEI (Stockholm
Environment Institute), SERI (Sustainable Europe Research Institute) e Best Foot Forward. As intensidades

21
energéticas podem, no entanto, ser substituídas por dados mais específicos do sector em que se insere a empresa
em causa.
Para calcular a pegada de carbono a partir de gigajoule consumidos e do fator de emissão do combustível
predominante no ciclo de vida do material, é utilizado, por defeito, o gasóleo.
Caso a empresa produza materiais, a pegada gerada pelo seu uso e pelo tratamento dos seus resíduos,
tal como já foi referido, não é contabilizada para a pegada própria, já que sai fora do alcance da empresa.

3.1.3.5 CÁLCULO DA PEGADA DE SERVIÇOS


Incluem-se como fontes de emissão os serviços de baixa mobilidade (hotelaria, formações externas,
serviços interiores de limpeza, telefones, aluguer em centros comerciais, etc.), os serviços de alta mobilidade
(serviços exteriores de limpeza, correio, gestor de resíduos, etc.), os serviços de transporte de pessoas (táxi,
comboio, avião, camioneta, etc.) e mercadorias (furgões, camiões, avião, etc.) e o uso de serviços públicos. Caso
seja relevante, podem ser incluídos mais serviços.
Todos os dados de consumo dos serviços enumerados são obtidos através das contas da empresa. Os
fatores de conversão para a pegada da mobilidade (passageiros ou mercadorias) são em gigajoule por passageiro
ou tonelada e quilómetro (permite-se a entrada de dados tanto em euros como tonelada-quilómetro ou passageiro-
quilómetro).
Pode e deve-se contabilizar como emissões de âmbito 3 os serviços de transporte de mercadorias ou
passageiros contratados a terceiros, mas nunca o deslocamento dos clientes e fornecedores à empresa.
Recomenda-se ainda que a empresa inclua nos seus contratos a obrigatoriedade por parte dos transportadores
subcontratados de calcularem a sua pegada de acordo com a metodologia MC3.

3.1.3.6 CÁLCULO DA PEGADA AGROPECUÁRIA E PESQUEIRA


Incluem-se como fontes de emissão os alimentos e outros recursos agropecuários e pesqueiros adquiridos
diretamente e os consumidos através de serviços de restauração, catering, etc. Também se inclui vestuário natural
e manufaturado.
Os dados de produtividade natural obtêm-se diretamente das bases de dados da FAO. A pegada dos
produtos agrícolas e pecuários são compensados com contra-pegada já que se assume que o espaço produtivo
se transmite desde o produtor pela cadeia de abastecimento. A pegada do peixe não se compensa uma vez que
se assume que o peixe provém de zonas livres, não submetidos a planos de exploração verdadeiramente
sustentáveis.

22
3.1.3.7 CÁLCULO DA PEGADA FLORESTAL
Incluem-se como fontes de emissão três grupos de madeiras com diferentes níveis de intensidade
energética (madeira pouco trabalhada, artigos fabricados de madeira e mobiliário), papel e produtos editoriais e
produtos de cortiça e borracha.
Tal como no cálculo da pegada agropecuária, os dados de produtividade natural obtêm-se diretamente das
bases de dados da FAO.
A pegada florestal não é compensada com contra-pegada, a não ser que os produtos adquiridos sejam
certificados e sejam provenientes de explorações sustentáveis.

3.1.3.8 CÁLCULO DA PEGADA HÍDRICA


Incluem-se como fontes de emissão tanto a água potável como não potável, desagregando o mais possível
cada uma delas (consumo, anti-incêndios, sistema de rega, etc.), com o intuito de se efetuar, numa fase posterior,
ações corretoras independentes.
A pegada hídrica inclui tanto a pegada energética, baseada no consumo energético por metro cúbico, como
a pegada do uso do solo.

3.1.3.9 CÁLCULO DA PEGADA DE OCUPAÇÃO DO SOLO


No cálculo de ocupação do solo, inclui-se a ocupação do espaço terrestre e aquático. A pegada por
ocupação de espaços bioprodutivos é zero quando os produtos obtidos são aproveitados por terceiros, caso
contrário a pegada é equivalente ao espaço ocupado (florestas, cultivos, pastos ou mar).
Quando o espaço ocupado é próprio, é contabilizado como contra-pegada. É o espaço disponível (ou
adquirido junto com os produtos e serviços) que permite compensar a pegada. Quando se dispõe de um espaço
bioprodutivo que é explorado por terceiros, apenas se contabiliza a contra-pegada. Um produto pode ser eco
etiquetado tanto com a sua pegada como com a sua contra-pegada. O “crédito” da contra-pegada total
contabilizada de uma organização pode ser utilizada como indicador do capital natural da mesma e da sua
capacidade para acolher biodiversidade.
A pegada de carbono calculada com MC3 é automaticamente convertida em pegada ecológica, e vice-
versa. É o único indicador que se expressa de duas formas, em toneladas de CO2 e em hectares globais. A pegada
expressa em hectares (ha) é convertida em hectares globais (hag) através do fator de equivalência. Os fatores de
equivalência são disponibilizados pela GFN.
A pegada e contra-pegada dos espaços bioprodutivos próprios, expressadas em hectares globais,
multiplicam-se pelo fator de produtividade local. Caso os espaços não sejam próprios, ou seja, sejam adquiridos
com os produtos ou serviços, assume-se que o fator de produtividade é 1 (fator de produtividade global mundial).

23
A conversão da pegada de carbono para pegada ecológica, e vice-versa, realiza-se a partir dos fatores de
absorção. Tal como já foi referido, o fator de absorção das florestas obtém-se pelo IPCC e os restantes devem ser
estimados (cultivos, pastos e mar).

3.1.3.10 CÁLCULO DA PEGADA DE RESÍDUOS


Incluem-se como fontes de emissão os resíduos perigosos, não perigosos, descargas em redes de
saneamento, descargas no mar e os GEE incluídos em Quioto.
Os fatores de emissão utilizados provêm de fontes reconhecidas como IPCC para a combustão de carvão,
biomassa, gás e gasóleo e JRC para biodiesel e bioetanol. Os GEE diferentes do CO2, incluídos no Protocolo de
Quioto, convertem-se em CO2 equivalente através do Potencial de Aquecimento para um período de 100 anos.

3.1.3.11 STANDARDS MC3 – AJUSTES E RESULTADOS

• Pegada dos produtos - No MC3, a pegada dos produtos é a parte proporcional da pegada da
organização correspondente a esse produto e não a soma requerida para criar, utilizar e destruir o
produto. A pegada da organização baseia-se numa abordagem bottom-up, ou seja, calcula-se a partir
dos componentes “de entrada” que fazem parte dos consumos da mesma. A pegada dos produtos
(bens ou serviços), ou seja, elementos “de saída”, baseia-se num enfoque top-down, uma vez que é
obtida a partir da pegada do conjunto da organização. No caso de empresas multiproduto (de bens
ou serviços), a pegada da organização repartir-se-á entre os seus produtos, segundo os critérios de
afetação que se determinem.

• Ecoetiquetagem de produtos e organizações - No MC3 ecoetiquetar-se-á todo o tipo de produto,


o que facilita a transmissão da pegada de uns fornecedores para os outros, de forma automática.
Propõe-se que a unidade da ecoetiqueta, com o MC3, seja as toneladas de CO2 por tonelada de
produto (tCO2/tproduto).

• Indicadores de sustentabilidade e outras aplicações - O MC3 pode ser utilizado como indicador
integrado de sustentabilidade, o qual se expressará em termos relativos da seguinte forma:
a) No seu aspeto ambiental com a quantidade de produto por tonelada de CO2 (este indicador
não existe nas organizações de serviços que não manuseiam produtos ou mercadorias);
b) No seu aspeto económico, com a ecoeficiência ((cash flow+salários) / tCO2);
c) No seu aspeto social, por meio do número de empregos gerados por unidade de
ecoeficiência.

24
3.1.4 FOLHA DE CÁLCULO MC3 V.2.0
A folha de cálculo utilizada no caso de estudo constitui a principal ferramenta de cálculo da pegada
ecológica sendo que diz respeito à segunda versão da metodologia MC3. Esta atualização de cálculo teve na
origem de se considerar essencial a criação de uma norma que permitisse calcular a pegada quer das
organizações quer dos seus produtos de forma simultânea. A ferramenta de cálculo MC3 V.2.0. consiste numa
metodologia mais completa e precisa em relação à anterior e que é baseada numa série de requisitos que, segundo
o autor, pode servir como suporte para a realização dessa norma.
As principais diferenças da segunda versão relativamente à matriz inicial são a inclusão de novos tipos de
ecossistema do qual é exemplo a pegada hídrica, e também, a reorganização das categorias para facilitar a divisão
entre emissões diretas e indiretas.
De seguida é apresentada a tabela com a composição da folha de cálculo respeitante ao método MC3.

Tabela 3-3 Estrutura da tabela da ferramenta de cálculo para o MC3.

GRUPOS DE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V
COLUNAS
FATOR PEGADA
CATEGORIAS E PCO POR TIPO DE
COMPOSIÇÃO DE EMISSÃO; TOTAL;
SUBCATEGORIAS CONSUMO ANUAL ECOSSISTEMA; PEO POR
COLUNAS FATOR DE CONTRA-
DE CONSUMO TIPO DE ECOSSISTEMA
CONVERSÃO PEGADA
tCO2e/tComb.;

l
t/ha/ano
GJ/ano

tCO2; ha

tCO2; ha

tCO2; há

tCO2; ha

tCO2; ha

tCO2; ha
kWh
GJ/t

UNIDADES (Várias) tCO2; ha


ton

ha
m3

3.1.5 MÉTODO DE CÁLCULO


De uma forma geral, o método de cálculo MC3 consiste em dividir os dados de consumo da empresa pela
produtividade das áreas o que resulta num valor de pegada ecológica para cada tipo de área. Esta divisão é
realizada em categorias e subcategorias de consumo (Grupo I da tabela 4).

3.1.5.1 CONSUMOS ORGANIZACIONAIS


Representados no Grupo II da tabela 4, de modo a obtermos os consumos organizacionais dos materiais
utilizados pela empresa em toneladas é necessário utilizar índices de conversão. Isto acontece porque no seio
empresarial normalmente os valores para os consumos são apresentados em unidades monetárias ou unidades
físicas (litros, kWh, m3, etc.). Para o caso em que o consumo é apresentado em unidades monetárias a conversão
pode ser realizada através da consideração de preços médios de produtos no período em estudo (por exemplo,
euros/kg). No segundo caso, onde estamos perante unidades físicas, a conversão ocorre considerando o peso
específico do item (por exemplo, no caso da eletricidade considera-se a quantidade de combustível necessárias
para obter 1kWh).

25
3.1.5.2 PRODUTIVIDADE
O grupo II da tabela 4 representa os fatores de emissão e conversão. Estes fatores subdividem-se em
produtividade natural e produtividade energética.

Produtividade Natural – A produtividade natural de uma empresa diz respeito ao facto de esta consumir
recursos bióticos como por exemplo, alimentos. Se for o caso, o cálculo da pegada realiza-se pelo método
habitualmente conhecido, ou seja, dividindo o consumo, em toneladas, pela produtividade natural da superfície à
qual se atribui cada produto, consoante a seguinte expressão matemática:

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 [𝑡]
𝑃𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 [ℎ𝑎] = 𝑡 (3)
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 [ ]
ℎ𝑎

Produtividade Energética – Uma vez que parte dos bens de uma empresa não se obtêm a partir de uma
superfície produtiva (bens não bióticos), neste caso é necessário transformar todos os elementos em energia e
dividi-los pela produtividade energética de terra, ou seja, a quantidade de energia necessária para produzir ou
assimilar um hectare de terreno. Doménech recorre desta forma, a fatores de intensidade energética que indicam
a energia consumida na produção de cada categoria de produto.

3.1.5.3 PEGADA POR TIPO DE ECOSSISTEMA


A pegada por tipo de ecossistema subdivide-se em seis colunas (Grupo IV da tabela 4) e é respeitante à
superfície necessária para absorver as emissões de CO2 (energia fóssil), terra cultivável, pastos, floresta, terreno
construído e mar. Todas estas superfícies serão multiplicadas pelo respetivo fator de equivalência com o objetivo
de unificar os diferentes tipo de solo.

3.1.5.4 PEGADA TOTAL E CONTRA-PEGADA


O último grupo da tabela, grupo V, identifica a pegada ecológica e a contra-pegada. A contra-pegada
ecológica é um indicador que reflete a capacidade de suporte de uma região ou país. No caso concreto, trata-se
de um indicador que irá refletir a capacidade de suporte para a organização e ainda que seja expectável reduzir a
pegada ecológica através da diminuição de consumos e recursos, é também, através deste segundo indicador - a
contra-pegada, fomentada a importância de possuir espaços naturais que contribuam para a sua sustentabilidade
e conservação (Carballo Penela, et al., 2009).

26
4 CASO DE ESTUDO
O caso de estudo abordado é respeitante ao Esporão S.A., um grupo que possui atividade agrícola e
industrial no setor vinícola e também, na produção de azeite. O presente caso de estudo delimita a exploração
vitivinícola da Herdade do Esporão.
A HE situa-se no Alentejo – em Reguengos de Monsaraz – ocupando uma área com cerca 1830 hectares
dos quais 700 hectares de vinhas, olivais e outras culturas. Neste território estão plantadas aproximadamente 40
castas, 4 variedades de azeitona, pomares e hortas.

Figura 4-1 Localização da Herdade do Esporão.

Figura 4-2 Delimitação da HE, retirado de (Herdade do Esporão, 2015).

27
A HE produz anualmente cerca de 6 milhões de litros de vinho, um número que traduz a responsabilidade
implícita no seu negócio. Denomina-se uma empresa com preocupação na sua envolvência ambiental e detém
uma cultura que preserva como sendo o seu património mais valioso. Assim, a HE tem em vista obter os melhores
produtos que a natureza nos pode proporcionar, de forma consciente e inspiradora para a sociedade.
Desta forma, a produção, comercialização e exportação de vinhos e azeites de alto predicado, gera
reconhecimento por parte dos seus principais clientes e tem vindo a despertar o interesse de todos os apreciadores
de produtos com qualidade.
Neste sentido, a Herdade do Esporão, acompanha os requisitos legislativos no que respeita o ambiente e
visa antecipar as exigências que, não estando ainda do ponto de vista do quadro legal nacional em vigor,
certamente que terão lugar num futuro próximo. (Esporão, 2014).
Este estudo é apresentado como uma mais valia para o trabalho que o Esporão desenvolve a nível
ambiental e foca a sua investigação na obtenção de resultados para a PE do seu setor vinícola.

4.1 O ESPORÃO, A CONSCIENCIALIZAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA PEGADA ECOLÓGICA


Apesar de ser mais comum calcular a pegada ecológica de uma região ou país, é possível calcular a PE
de uma empresa. Esta aplicação faz sentido já que uma instituição causa impactos, maioritariamente negativos
no ambiente, no decorrer das suas atividades. Uma organização sustenta consumidores finais de bens e serviços
e consome hectares de forma direta (solo ocupado, alimentação e madeira, etc.), e de forma indireta, através da
produção, transformação e transporte dos bens ou serviços que comercializa (Branco, 2012).
Tal como referido anteriormente, o Esporão revela uma enorme consciencialização face ao ambiente. A
sua responsabilização com este tema é notavelmente evidenciada em diversas ações, das quais é exemplo, o
modo de produção biológico implementado na Herdade desde 2008 e a conversão da área em falta neste modo
de produção em vigor desde 2016, criado com o objetivo de desenvolver atividades com base em princípios de
agricultura biológica e tendo por vista a sua finalização até 2020 (Esporão, 2016).
Os alicerces em que o Esporão sustenta o seu propósito conduzem a um apreço pelo ambiente que requer
medidas concretas para comprovar o seu sucesso ao nível de estratégias de sustentabilidade.
Seguidamente, são inumerados alguns dos pontos que dão conotação à estratégia de sustentabilidade do
Esporão (Esporão, 2014):

• Boas práticas agrícolas e agroflorestais – Práticas de modo de produção biológico;


• Recursos hídricos e uso sustentável da água – Controlo dos recursos hídricos nas atividades de
produção, bem como, proteção dos recursos hídricos endógenos e dos habitats associados;
• Alterações climáticas e gases de efeito de estufa – Adaptação dos processos produtivos e boas
práticas de gestão aos efeitos das alterações climáticas e às estratégias de mitigação emergentes;
• Gestão de resíduos e economia circular – Promoção da economia verde e circular de modo a
valorizar as matérias-primas e subsidiárias e os subprodutos do sistema produtivo;

28
• Conservação da natureza e biodiversidade e economia ecológica – Proteção e gestão não só
de bens e serviços como também de espécies e habitats do seu ecossistema.

Com o compromisso de uma melhoria contínua na qualidade e desempenho dos seus processos, produtos
e serviços, nos diferentes níveis organizacionais, o Esporão considera o cálculo da sua pegada ecológica uma
medida valiosa para se poder traduzir perante os seus clientes.

4.2 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

4.2.1 MÉTODO CORRENTE


Atualmente, o Esporão aborda uma metodologia de cálculo de pegada de carbono em conformidade com
o International Wine Carbon Calculator Protocol (versão 1.2) realizado pelo The Wine Insitute of California.
O protocolo divide as emissões para o ambiente em três principais níveis: Nível 1, Nível 2 e Nível 3 (The
Wine Institute of California, 2008). Estes três níveis que sustentam a metodologia serão descritos de forma
genérica seguidamente.

4.2.1.1 NÍVEL 1 – EMISSÕES DIRETAS DE GASES DE EFEITO DE ESTUFA


O primeiro nível contempla as emissões sobre as quais a empresa tem controlo direto, ou seja, que ocorrem
a partir de produtos ou processo controlados pela empresa ou que são propriedade da mesma. Na indústria
vinícola são atribuídas a este nível todas as emissões provenientes de tratores, empilhadoras, e ainda, geração
de eletricidade. Importa referir que todas estas emissões pertencem ao nível 1 de emissões diretas apenas quando
são detetadas na propriedade da empresa, excluindo emissões do mesmo tipo fora do espaço de atuação.
Diversas atividades onde estas emissões geralmente ocorrem são por exemplo:

• Emissões produzidas através da geração de calor, vapor ou eletricidade via combustão;


• Emissões que surgem do processamento químico ou físico. Dentro da indústria do vinho, temos
como exemplo, a fermentação dos açúcares que produz dióxido de carbono;
• Emissões produzidas pela queima de combustível em equipamentos operacionais móveis, como
tratores e empilhadoras. Para ser classificado como uma emissão do nível 1, o equipamento deve
ser propriedade da empresa;
• Emissões não intencionais de Gases de Efeito de Estufa (GEE) dentro da empresa através de fugas
de gases fluorados. Estas emissões são conhecidas como emissões fugitivas. As emissões fugitivas
na indústria vinícola estão maioritariamente relacionadas com fugas de hidrofluorocarbonetos
(HFC)5 nos sistemas de refrigeração.

De seguida são apresentadas e pormenorizadas as inclusões do protocolo no nível 1:

5 Gases de refrigeração que contêm hidrogénio, fluor e carbono;

29
4.2.1.1.1 GERAÇÃO DE CALOR, VAPOR OU ELETRICIDADE
A geração de calor, vapor ou eletricidade por meio de mecanismos de combustão estacionária é modelada
fazendo uma abordagem aos combustíveis consumidos. Todos os gases de efeito de estufa são utilizados para
desenvolver um fator de emissão de CO2e6. O consumo de combustível deve ser traduzido por uma unidade de
volume ou energia. Esta inclusão ao cálculo da PC inclui gases que são maioritariamente possíveis de ser
modelados, incluindo assim, metano, GLP, gasolina, gasóleo, óleo combustível, carvão e madeira.

4.2.1.1.2 PROCESSAMENTO FÍSICO OU QUÍMICO


Este termo diz respeito às emissões que surgem da produção física ou química de um produto. Por
exemplo, o vidro é produzido predominantemente a partir de areia, carbonato de sódio e calcário. Em temperaturas
muito altas, esses componentes reagem e como resultado desse processo químico, o dióxido de carbono é
libertado. Assim, à semelhança do que acontece com o vidro, também as operações vinícolas traduzem processos
físicos e químicos que precisam de ser contabilizados.

• Vinha – Na vinha é importante referir as emissões referentes ao N2O7 que resultam na sua grande
maioria da aplicação de fertilizantes e através do cultivo do solo. As emissões referentes ao ciclo de
carbono de curto prazo contabilizadas no protocolo, incluem os sequestros nas uvas e estruturas de
videiras não permanentes, bem como as emissões de decomposição da poda das videiras dentro da
vinha;

• Adega - O processo químico de conversão dos açúcares em etanol liberta CO2. A fermentação é
incluída no modelo para a sua integralidade, no entanto, não é adicionada ao total de emissões, uma
vez que está em equilíbrio com o sequestro da vinha. A fermentação alcoólica é distinguida da
fermentação maloláctica e ambas são consideradas;

• Transporte - Todas as emissões geradas a partir de equipamentos móveis pertencentes à empresa


estão incluídas dentro desta secção. As emissões são modeladas de duas maneiras plausíveis, seja
por uma quantidade consumida de combustível ou por uma abordagem de distância percorrida. A
abordagem através da quantidade consumida resulta num maior nível de precisão e deve por isso ser
utilizada sempre que possível. Apenas os meios de transporte terrestres, não ferroviários, estão
incluídos nesta secção, assumindo-se que as empresas da indústria vinícola não possuem sistemas
de transporte ferroviário, aéreo ou marítimo;

• Emissões perdidas – As emissões perdidas referentes aos sistemas de refrigeração relacionados


com os HFC são também incluídas no modelo devido ao seu extremo potencial de aquecimento global

6 Dióxido de carbono equivalente;


7 Óxido nitroso.

30
(as emissões de SF68 são estimadas em mais de vinte e três mil vezes de potencial de aquecimento
global que as de CO2). Os compostos do SF6 são utilizados para isolamento a gás em painéis
elétricos, devido à sua alta capacidade dielétrica;

4.2.1.2 NÍVEL 2 – EMISSÕES PROVENIENTES DE ELETRICIDADE ADQUIRIDA


A maioria das empresas depende de energia elétrica. As emissões provenientes da produção de
eletricidade ocorrem, maioritariamente, em instalações que não pertencem à empresa. Todas as emissões
referentes à eletricidade adquirida são classificadas como emissões do nível 2. São assinaladas como emissões
indiretas exatamente pelo facto de não serem provenientes da produção própria da empresa. Estas emissões são
modeladas através da utilização de fatores de emissão de CO2e específicos da região.
A geração de eletricidade contribui significativamente para o aquecimento global, assim sendo, apesar
deste tipo de emissão se enquadrar nas emissões indiretas de GEE, o modelo apresentado considera este tipo de
emissão num nível independente e por isso o calcula separadamente.
As reduções no consumo elétrico traduzem, muitas vezes, uma alternativa difícil e cara para a empresa, no
entanto, contribuem irrefutavelmente para um decréscimo significativo nas emissões de GEE.

4.2.1.3 NÍVEL 3 – EMISSÕES INDIRETAS DE GASES DE EFEITO DE ESTUFA


No nível 3 estão caraterizadas as emissões que ocorrem como consequência do fabrico de um produto
vinícola emitido através de equipamento ou instalações respeitantes a outra empresa.
Para clarificar a diferença entre o nível 1 e o nível 3, podemos dizer que, se o terreno da propriedade possuir
uma máquina para realizar a colheita da uva, as emissões lançadas para a atmosfera que dessa máquina resulta,
inserem-se no nível 1 dos tipos de emissões analisadas. Por outro lado, se a empresa não possui esta máquina e
o trabalho necessário é realizado por um contrato de empreitada, então as emissões da máquina que realiza a
colheita da uva são inseridas no nível 3 do modelo.
É importante notar que a maioria dos cálculos de PC realizados pelas empresas, omite este terceiro nível,
uma vez que, inúmeras vezes não existem dados suficientes ou estão perante uma escassez de acesso aos
mesmos para que os possam incluir. No entanto, a PC só será um reflexo realístico do negócio quando todas as
fontes de emissão de CO2 associadas à origem do produto são relatadas.

De seguida são apresentadas e pormenorizadas as inclusões (e exclusões) do protocolo no nível 3:


Infraestrutura – As infraestruturas não são contabilizadas neste nível do método. Este facto dá-se devido
a este ponto não estar incluído em nenhuma das normas internacionais referentes aos GEE;

Produtos comprados – Os produtos comprados dividem-se em três categorias – garrafas/recipientes e


materiais relacionados, embalagens de fibra e produtos de madeira. As garrafas e recipientes incluem os materiais

8 - Hexafluoreto de enxofre.

31
de vidro, PET, alumínio, sacos próprios para vinho, emissões referentes à selagem de garrafas, cápsulas de
alumínio e cortiça (natural e aglomerada);

Contratos relativos a equipamentos – Todas as emissões referentes a máquinas contratadas para a


realização de trabalhos são contabilizadas no nível 3 do método de cálculo da PC. Existem diferentes formas de
contabilizar estas emissões que variam de máquina para máquina. Por exemplo, no caso das máquinas de
vindimar, as emissões são calculadas com base na classificação da sua potência PTO;

Produtos relacionados – Estas são as emissões resultantes da produção de uva, sumo, concentrados de
sumo, vinho a granel, bebidas espirituosas, bem como, as emissões relacionadas com as barricas naturalmente
presentes em qualquer negócio vinícola. Para além disto, importa referir que são também contabilizadas as
emissões por via dos aditivos que são considerados no cálculo: ácido tartárico9 e bentonite10;

Atividades relacionadas com transporte - O transporte é amplamente considerado como tendo um


contributo significativo para a pegada de carbono global. Está incluído na categoria de transporte: o transporte de
produtos comprados para o local em que são utilizados, o transporte de produtos intermediários entre etapas de
agregação de valor, o transporte de produtos vinícolas acabados para o ponto de venda, e por último, o transporte
de resíduos até o ponto de descarte. Apesar da consideração destas emissões, as mesmas não são contabilizadas
no cálculo da PC por parte do Esporão. Os pontos que são incluídos no protocolo são: as viagens internas dos
funcionários para o trabalho; quando se trata de transporte pessoal as mesmas não são contabilizadas.

Perdas de transmissão e distribuição - A transmissão e distribuição de energia elétrica não é


completamente eficiente. Existem perdas de energia manifestadas como calor e ruído. Esta perda tem um fator de
emissão associado que depende da eficiência da rede elétrica que distribui a energia, e depende também do fator
de emissão original que resulta do combustível utilizado para produzir energia. Assim, por se considerar
importante, as perdas de transmissão e distribuição estão incluídas no nível 3 do protocolo;

Eliminação de resíduos - A eliminação de resíduos e resíduos reciclados deverá igualmente ser


contabilizada como uma emissão do nível 3. Isto inclui o tratamento ou processamento de águas residuais que é
feito em instalações ou equipamentos que não são propriedade da empresa – como o sistema de esgotos de uma
cidade ou os serviços de água municipal. O processamento de lixo sólido também deve ser contabilizado neste
nível do protocolo. Na HE os equipamentos da ETAR são propriedade da empresa, pelo que não existe uma
contabilização destas emissões.

9 Principal ácido do vinho obtido através da fermentação;


10 Utilizada para estabilização e clarificação de vinhos.

32
O estudo supracitado pela HE, traduz uma sintetização da aplicação do protocolo internacional aplicado ao
setor vinícola. Deste estudo, resultam dados que descrevem unicamente a métrica da pegada de carbono para o
negócio na sua globalidade (suportando a componente de produção de vinho e a de azeite). Por forma a tornar o
estudo mais próximo de um valor real, a pegada ecológica seguidamente dissertada através do método MC3 será
dirigida exclusivamente para o setor vitivinícola. Desta forma, este indicador irá acompanhar a integral intenção do
Esporão em obter a sua afirmação ecológica.

4.2.2 PERSPETIVA DO ESTUDO REVISITADO


Perante o estudo de cálculo de pegada de carbono realizado pelo Esporão, é-nos permitido retirar várias
conclusões em matéria respeitante a impactos no meio ambiente através da aplicação desta metodologia. Após a
introdução do método, o vidro foi avaliado como o maior contribuidor para as emissões de GEE. Esta análise
possibilitou à HE a adoção de garrafas de vidro mais leves em alguns dos seus produtos de modo a reduzir o total
de emissões tanto diretas como indiretas. Esta redução foi estimada em menos 1,5% do total das emissões
medidas anteriormente. Importa referir que o vidro é um material conhecido por ser infinitamente reciclável. Pode,
também, ser reutilizado sob certas condições de higiene e de segurança, pelo que, constitui uma mais valia
compreender as possibilidades que detemos para o reutilizar, estimulando assim uma poupança em matérias-
primas e energia, bem como, um decréscimo nas emissões de CO2 e deposição em aterro de embalagens. Assim,
apesar dos materiais de engarrafamento e embalamento, como é o exemplo do vidro, revelarem uma grande fatia
do bolo de emissões de GEE no negócio do Esporão, a adoção da utilização de garrafas mais leves, bem como,
a introdução de rolhas com certificação de gestão florestal sustentável e embalagens de cartão 100% reciclável
introduzem uma resposta eficaz nesta matéria.
O estudo traduziu também o crescimento verificado nas emissões originadas em resíduos. Este
crescimento seria proveniente do aumento nas quebras de vidro resultante dos processos de controlo de qualidade
implementados pela empresa – pelo que tornou-se atraente estimar uma alternativa ao controlo do crescente
número de emissões causadas pelo tratamento de resíduos, de forma a que, por um lado as normas de qualidade
continuem a ser cumpridas, por outro lado, sejam cumpridas de forma a prejudicar o menos possível o ambiente
e a minimizar as emissões resultantes do processo.
De seguida é apresentada a tabela referente às emissões equivalentes de CO2 calculadas pela HE no
âmbito do modelo IWCC e que complementa as conclusões anteriormente referidas.

Tabela 4-1 Emissões de CO2e em toneladas nos respetivos anos, adaptado de (Esporão, 2016).

EMISSÕES (TCO2 EQ) 2015 2016

NÍVEL 1 – EMISSÕES DIRETAS 423 363

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS 307 289

33
COMBUSTÃO ESTACIONÁRIA 116 55

EMISSÕES PERDIDAS 0 19

NÍVEL 2 – ELETRICIDADE ADQUIRIDA 732 740

ELETRICIDADE ADQUIRIDA 732 740

NÍVEL 3 – EMISSÕES INDIRETAS 17718 17781

EMBALAGENS 14985 14925

MATÉRIAS-PRIMAS COMPRADAS 2451 2472

RESÍDUOS 234 336

MATÉRIAS SUBSIDIÁRIAS 48 48

EQUIPAMENTOS SUBCONTRATADOS 0 0

TOTAL 18873 18884

Na tabela, pode verificar-se que um dos pontos com maior desfoque que a Herdade do Esporão apresenta,
está relacionado com dados provenientes dos fornecedores que, não sendo apresentados de forma transparente
por parte dos mesmos, acabam por transpor para o seu cálculo uma percentagem considerável de erro na
totalidade do valor para a pegada de carbono final empresarial. Um exemplo claro do que é referido é o facto da
Herdade do Esporão para além de produzir uva, dada a sua percentagem de vendas, ser ainda compradora de
uma quota de uva a fornecedores da sua confiança. Os dados relativos às emissões referentes a esta percentagem
de uva comprada não são alcançáveis, pelo que, a empresa pressupõe no seu cálculo emissões em concordância
com as suas. O mesmo acontece, por exemplo, para o vinho comprado. Posto isto, o cálculo apresentado está
sujeito às oscilações de veracidade da equiparação dos valores de produto fornecido aos seus próprios produtos.
O trabalho realizado pelo Esporão revela-se verdadeiramente inspirador, no sentido em que, ao longo dos
anos, em detrimento dos valores apresentados referentes à sua pegada de carbono, a empresa revela um enorme
foco e capacidade de resposta às suas práticas agrícolas e gestão de recursos.
A clarificação e conhecimento de medidas como a pegada de carbono e pegada ecológica dão enfâse e
evolução ao seu processo produtivo e constituem uma vantagem no mercado.
Ao nível dos recursos hídricos, a empresa desenvolve uma otimização de processos relacionados com o
consumo de água. É realizado um controlo das tubagens de água de rega para evitar perdas por roturas e ajustar
pressões que possam ser inapropriadas. Outro dos objetivos a que o Esporão se propõe é a redução do gasto de
água para a produção de vinho, ambicionando passando a utilizar 1 litro de água por cada litro de vinho produzido.
A Herdade do Esporão possui painéis solares. No entanto, estes painéis solares não são propriedade sua,
sendo alugado o espaço por eles ocupado. Assim, a energia por eles gerada não é injetada na rede da HE. Neste
parâmetro o principal objetivo será alcançar a autossuficiência energética através de energias renováveis. Para

34
além disto, as caves de estágio são subterrâneas e não necessitam da utilização de energia para a obtenção da
temperatura e humidade ideais.
A biodiversidade é também convidada a permanecer na Herdade do Esporão, um exemplo disto é a
instalação de caixas de abrigo para as espécies de morcegos identificadas na Herdade. Estudos realizados
comprovaram a vantagem destes mamíferos no combate a pragas como a da traça-da-oliveira. Desta forma,
fazendo a traça parte da sua dieta, o acolhimento dos morcegos constitui uma fórmula de sucesso no alcance da
agricultura biológica sem a necessidade de introduzir químicos na terra.
A abordagem futura que se segue em detrimento de complementar o trabalho do Esporão, particularmente
no que respeita a metodologia estudada, denomina-se método composto por contas financeiras – MC3. Este
método foi inicialmente desenvolvido para incluir diretrizes específicas para avaliar a PE das empresas, conhecida
como pegada corporativa. Mais recentemente, a abordagem MC3 funciona como um procedimento capaz de
avaliar e reduzir as emissões de GEE provenientes de empresas. Este processo estima a PE de todos os bens e
serviços, resíduos gerados provenientes da aquisição de bens e o espaço ocupado por todas as instalações da
empresa reconhecidos nas contas financeiras (Carballo-Penela & Doménech, 2010).
A economia circular não está apenas associada à redução de resíduos, constitui-se também como uma
alavanca económica associada à inovação que promove o repensar do ciclo de vida dos produtos e gera
oportunidades de emprego e de criação de riqueza. Existem oportunidades crescentes para os agentes
económicos no âmbito dos desperdícios, uma vez que, estes podem ser transformados em recursos para o
processo, com impacto positivo no ambiente e na economia do país. É necessário assim, estimar de que maneira
os indicadores que contribuem fortemente para o impacto da atividade empresarial da HE, mencionados
anteriormente, podem ajudar no aprovisionamento de uma economia circular na HE. Através da
complementaridade e adaptação da matéria revista no capítulo 2 ao caso específico do Esporão, o cálculo da PE
resultará num estudo rico de uma série de conceitos fundamentais referentes ao mundo ecológico para o qual nos
faz sentido caminhar.
De forma a poder sustentar os seus resultados respeitantes ao cálculo da pegada de carbono, pretende-se
complementar esta informação com a introdução de novos indicadores (como é o caso da pegada ecológica),
visando desta forma o aprofundamento da própria metodologia e a análise comparativa com uma metodologia
distinta que poderá constituir uma forma robusta de evidenciar o mercado onde a Herdade do Esporão se insere,
bem como, consumar as verdadeiras intenções pela obtenção da clarificação daquilo que deve ser o foco da sua
responsabilidade ambiental e climática.

35
5 APLICAÇÃO DO MC3 AO CASO DE ESTUDO

5.1 CATEGORIAS DE CONSUMO


Tal como visto no capítulo 3, o Método Composto de Contas Financeiras reconhece as categorias de
consumo de uma empresa. Neste sentido, são seguidamente apresentadas as categorias de consumo
identificadas apenas para a produção pertencente à HE. Os anos em estudo são 2016 e 2017 e todos os dados
são fornecidos pelo Esporão.

5.1.1 EMISSÕES DIRETAS


As emissões diretas consideras no caso da HE dizem respeito à pegada ecológica provocada pelos
combustíveis. Os combustíveis dividem-se em combustão estacionária e combustão móvel. A HE possui os dois
tipos de combustão, sendo que, estão incluindo no primeiro tipo o gás butano, gás propano, gás propano a granel
e ainda biomassa (caroço da azeitona). Já no que é respeitante à combustão móvel a HE utiliza gasóleo agrícola,
gasóleo rodoviário e ainda, gasolina.
Nos gráficos seguintes pode ver-se a distribuição relativamente aos anos de 2016 e 2017 de consumo de
combustíveis quer por combustão estacionária quer por combustão móvel.

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NA HE - 2016


2% 1%

8%

45%

44%

Gás Propano Gás Propano a Granel Gasóleo Agrícola Gasóleo Rodoviário Gasolina

Figura 5-1 Consumo de combustíveis na HE no ano de 2016.

36
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NA HE - 2017
1% 0% 1%

21% 4%

35%

38%

Gás Butano Gás Propano Gás Propano a Granel Biomassa


Gasóleo Agrícola Gasóleo Rodoviário Gasolina

Figura 5-2 Consumo de combustíveis na HE no ano de 2017.

5.1.2 EMISSÕES INDIRETAS


As emissões indiretas que o MC3 contempla e que estão presentes na atuação da HE são as emissões
referentes ao cálculo da pegada da eletricidade, é assim necessário, estimar as diferentes fontes de emissão de
energia, e consequentemente, a pegada gerada por cada uma delas.
Para os anos estudados, a companhia elétrica em vigor na HE foi a Iberdrola e o mix de produção elétrica
foi o seguinte (IBERDROLA, 2017):

MIX DE PRODUÇÃO ELÉTRICA

31%
26%

13%
8% 9%
6% 5%
2%

Figura 5-3 Mix de Produção Elétrica em 2016, (IBERDROLA, 2017).

37
MIX DE PRODUÇÃO ELÉTRICA

39%

22%

13%
8% 8%
5% 4%
1%

Figura 5-4 Mix de Produção Elétrica no ano 2017, (IBERDROLA, 2017).

5.1.3 MATERIAIS
A HE não dispõe de um sistema de contabilização de recursos que lhe permita saber em detalhe a
totalidade dos materiais utilizados na sua atuação. No entanto, os materiais mais importantes do seu processo
produtivo são integralmente identificados anualmente. Assim, traduzem-se seguidamente os referidos materiais à
exceção de materiais provenientes de recursos florestais:

• Cápsulas de Alumínio;
• Cápsulas de Alumínio-Estanho;
• Cápsulas de Plástico;
• Cápsulas PVC;
• Garrafas de Vidro;
• Sacos BIB;
• Fitofármacos.

5.1.4 RECURSOS AGRÍCOLAS


A HE contempla três formas de monitorizar o seu processo de fabrico – produção de vinho a partir de uva
própria, compra de vinho e produção de vinho a partir de uva comprada. Neste parâmetro, são identificadas duas
subcategorias para a HE – a uva comprada e o vinho comprado. Uma vez que o volume que a própria herdade
produz não sustenta a procura por parte dos consumidores pelo seu produto, a HE suporta esta procura de duas
formas distintas - através da compra de vinho e da compra de uvas a fornecedores da sua confiança. Estes dois
componentes comprados entram no cálculo da pegada ecológica no campo de recursos agrícolas, uma vez que
são obtidos para lá dos limites de produção agrícola da própria herdade.

38
A contabilização da pegada ecológica referente quer à uva comprada, quer ao vinho comprado, contraria o
algoritmo utilizado no cálculo da pegada ecológica destes componentes quando os mesmo dizem respeito a
produção própria. A contabilização da produção própria é realizada na categoria de uso de solo referente a zonas
de cultivo e evita-se assim, uma dupla contagem referente a esta matéria-prima.

5.1.5 RECURSOS FLORESTAIS


Tal como já foi referido, os recursos florestais são identificados na ferramenta de cálculo separadamente
dos restantes materiais. A distinção entre estes materiais e os já referidos (5.1.3.) centra-se sobretudo nos
indicadores de produtividade natural utilizados quer para uns, quer para outros. Assim, os componentes que a HE
utiliza identificados como recursos florestais são:

• Cartão e Papel;
• Madeira;
• Rolhas Naturais;
• Rolhas Microgranulado;
• Barricas.

5.1.6 RECURSOS HÍDRICOS


Nesta categoria estão englobados os consumos de água totais que a HE registou para os anos de 2016 e
2017. Importa referir que os consumos de água da HE são provenientes de um furo, exceto na vinha onde a água
utilizada na rega é proveniente da barragem. A preocupação com os recursos hídricos está na linha da frente das
atenções do Esporão, sabe-se que, para além da diminuição do consumo de água na sua globalidade, o Esporão
quer alcançar uma meta de gasto de 1 litro de água por cada litro de vinho produzido. Ao longo dos últimos anos,
este valor desceu significativamente desde uma utilização de cerca de 3 litros de água por cada litro de vinho para
1,5 litros atuais. Na tabela seguinte apresenta-se detalhado o consumo geral para os anos em estudo.

CONSUMO DE ÁGUA (m3)


2016 970848,1

2017 1064286

Tabela 5-1 Consumo de água registado pela HE – anos 2016 e 2017.

5.1.7 OCUPAÇÃO DO SOLO


A área da HE perfaz a totalidade de 1831,17 ha. O solo está assim classificado em 6 grandes sistemas de
ocupação. São eles: a área agrícola, a área social e infraestruturas, a área florestal, agroflorestal e ainda, a área
referente a massas de água (Herdade do Esporão, 2015).

39
De seguida é apresentado um gráfico que traduz a divisão de ocupação de solo da HE.

ÁREA DE OCUPAÇÃO DO SOLO (%)


Restante
4%

Água
15% Agrícola
30%

Agroflorestal
20%

Florestal
31%

Figura 5-5 % de distribuição da área de ocupação do solo da HE, elaboração própria a partir de dados de (Herdade do Esporão,
2015).

Dentro da área agrícola importa destacar a área relativa à vinha e ao olival. Assim sendo de cerca dos
cerca de 549 ha de área agrícola, 85% dizem respeito à vinha e 15% pertencem ao olival, como está representado
no gráfico abaixo.

Área de Ocupação Agrícola (ha)


600

500 467
400

300

200

100
82
0

Vinha Olival

Figura 5-6 Distribuição da área de ocupação do solo em hectares, referente à vinha e ao olival na HE, elaboração própria a partir
de dados de (Herdade do Esporão, 2015).

5.1.8 RESÍDUOS
Os resíduos gerados e o modo como estes são administrados são também umas das fatias do bolo que
contribui para a pegada ecológica. São reconhecidas na HE variadas formas de gestão de resíduos, de onde se
destacam, a utilização de materiais recicláveis, gestão da energia no sentido de melhorar o desempenho e

40
eficiência energética ou até, a procura por produtos energeticamente mais eficientes desde a sua fase de conceção
(Esporão, 2017).
Assim, os resíduos identificados para a HE nos anos de 2016 e 2017 foram os seguintes:

• Absorventes;
• Solventes;
• Herbicidas;
• Óleos Alimentares;
• Gorduras;
• Emulsões de Água em Óleo;
• Lamas;
• Plásticos e Metais;
• Cartão;
• Vidro;
• Filtros;
• Embalagens Contaminadas;
• Descargas ETAR.

RESÍDUOS GERADOS NA HE

200000
195000
190000
185000
180000
175000
170000
165000

2016 2017

Figura 5-7 Resíduos gerados em 2016 e 2017 na HE em kg.

Como podemos observar no gráfico acima, houve um decréscimo significativo de resíduos nos anos em
estudo, tal facto pode ser explicado com a contabilização de alguns resíduos referentes ao ano de 2015 só se ter
verificado no ano de 2016 contribuindo assim para que os dados reais referentes ao ano de 2016 aumentassem.

41
6 RESULTADOS
Procedendo à análise de resultados, nas diferentes categorias é identificado um valor de pegada ecológica
que culmina num valor total de pegada ecológica para a organização.
No caso dos combustíveis (emissões diretas), pode ver-se seguidamente na tabela abaixo representada.

Tabela 6-1 Pegada Ecológica em hag dos combustíveis nos anos 2016 e 2017 na HE.

COMBUSTÍVEIS 2016 2017


GÁS BUTANO (kg) 0 12

GÁS PROPANO (kg) 1351 1245

GÁS PROPANO A GRANEL (kg) 9149 8139

BIOMASSA (kg) 0 65332

GASÓLEO AGRÍCOLA (l) 52900 70042

GASÓLEO RODOVIÁRIO (l) 53556 38221

GASOLINA (l) 3013 1954

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 121,69 154,38

No final de 2016, passou a operar na HE uma central térmica que fez aumentar os consumos do
biocombustível sólido – caroço da azeitona. Desta forma, como se pode constatar pela tabela acima, em 2016 não
houve registo dos consumos referentes a este biocombustível, os quais foram compensados nos registos de 2017,
onde se pode observar uma diferença significativa de valores, por suportarem consumos ainda referentes ao final
de 2016 (aproximadamente 3 meses).
Já no que confere aos consumos de gás, verifica-se que na sua generalidade houve uma diminuição do
ano de 2016 para o ano de 2017. Esta diminuição é justificada, por exemplo, com o número de refeições servidas
no departamento de turismo da herdade, bem como, na otimização deste processo.
Relativamente ao gasóleo rodoviário, gasóleo agrícola e gasolina, os consumos na sua globalidade foram
bastante similares num e noutro ano, apenas com a constatação de aumento de consumo de gasóleo agrícola e
em contrapartida diminuição de gasóleo rodoviário.

Já no que respeita às emissões indiretas pode ler-se na tabela seguinte:

42
Tabela 6-2 Pegada Ecológica em hag do consumo energético nos anos 2016 e 2017 na HE.

CONSUMO ENERGÉTICO 2016 2017


ELETRICIDADE – Iberdrola (kWh) 1665782 1845601

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 376,27 526,40

Verifica-se entre 2016 e 2017 um aumento do consumo de eletricidade na HE. Este aumento pode ser
explicado em consequência, por exemplo, das alterações climáticas. Os anos de 2016 e 2017 foram anos, do
ponto de vista climático, muito secos e quentes. Desta forma, o consumo de eletricidade para suportar, quer as
elevadas temperaturas quer as alterações ambientais a elas subjacentes, resulta num número mais elevado que
o expectável devido à necessidade de estabilizar a temperatura através de esforços implícitos ao processo que
garantam as condições necessárias para manter a qualidade do produto final. São exemplo disto, bombas de
arrefecimento da adega – chillers de absorção de calor.
Outro aspeto importante que pode estar na origem de um aumento no consumo de eletricidade é o volume
de produção. Se o volume de produção de vinho for maior, naturalmente o consumo de eletricidade nas adegas,
linhas de enchimento da produção e equipamentos de tratamento da ETAR sofrem um aumento significativo.
De seguida, traduz-se a pegada ecológica referente às emissões determinadas pelos materiais do processo
produtivo da HE.

Tabela 6-3 Pegada Ecológica em hag das matérias-primas nos anos 2016 e 2017 na HE.

MATÉRIAS-PRIMAS 2016 2017


CÁPSULAS (kg)
ALUMÍNIO 4961 3962

ALUMÍNIO-ESTANHO 285 373

PLÁSTICO 0 1

PVC 7250 8011

GARRAFAS DE VIDRO (kg) 5493564 5705065

SACOS BIB (kg) 6973 6534

FITOFÁRMACOS (kg) 35571 156531

OUTROS MATERIAIS (kg) 804 0

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 3400,23 4416,17

Os principais materiais utilizados no processo produtivo do vinho suportam sobretudo a matéria-prima


inerente ao produto final. Desta forma, a contabilização de cápsulas dos diversos materiais, rolhas, sacos BIB,
garrafas de vidro e outros produtos de embalagem é útil para determinar a pegada ecológica respeitante ao setor.

43
Nesta secção de materiais, podemos destacar a pouca utilização de cápsulas de plástico, a diminuição
do consumo de cápsulas de alumínio e o aumento do consumo de cápsulas de alumínio-estanho e PVC. Os
consumos de sacos BIB e os consumos das garrafas de vidro mantém-se aproximados com ligeiras flutuações
devido à necessidade da produção.
No que respeita aos fitofármacos, pode observar-se um aumento substancial destes componentes do ano
de 2016 para o ano de 2017. Este fator explica-se com a mudança do modo de produção da HE. A partir de 2016,
a HE deu início à conversão para MPB da área agrícola ainda não reconhecida como tal reconhecida como tal.
Desta forma, a partir de 2017 deu-se um aumento do consumo de fitofármacos, produtos de consumo autorizados
em agricultura biológica.
Na tabela seguinte, encontram-se os valores referentes aos consumos de uva e vinho comprados, bem
como, a pegada ecológica a eles associada nos anos estudados.

Tabela 6-4 Pegada Ecológica em hag dos recursos agrícolas nos anos 2016 e 2017 na HE.

RECURSOS AGRÍCOLAS 2016 2017


UVA COMPRADA (kg) 5686300 4669440

VINHO COMPRADO (l) 3516101 4812135

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 410,57 337,15

Como já foi supracitado, os anos de 2016 e 2017 reconheceram-se como particularmente atípicos a nível
climatérico. Dentro deste cenário, a produção própria de uva da HE sofreu um acréscimo, no entanto, em
contrapartida houve uma quebra generalizada de produção proveniente dos fornecedores da HE. Esta quebra
deveu-se, sobretudo, ao facto de as vinhas utilizadas pelos fornecedores da HE não suportarem a falta de água
que subsistiu em consequência das condições meteorológicas. Assim, como se pode observar na tabela 6-4,
houve um decréscimo do consumo de uva produzida fora dos limites da HE. Apesar disso e em efeito da procura
dos vinhos da HE, deu-se um aumento na compra de vinho (Esporão, 2017).

No parâmetro de recursos florestais encontram-se detalhados os principais materiais do processo produtivo


do vinho que estão relacionados com a extração de recursos pertencentes a florestas, como por exemplo, a
exploração de árvores e plantas. Assim, a pegada ecológica contabiliza todo o material de papel e cartão (por
exemplo caixas), madeira, rolhas de cortiça e barricas. A pegada ecológica para os anos em estudo é apresentada
seguidamente.

44
Tabela 6-5 Pegada Ecológica em hag dos recursos florestais nos anos 2016 e 2017 na HE.

RECURSOS FLORESTAIS 2016 2017


PAPEL E CARTÃO (kg) 500048 435446

MADEIRA (kg) 16493 10563

ROLHAS NATURAIS (kg) 5289 5377

ROLHAS MICROGRANULADO (kg) 49887 46410

BARRICAS (kg) 490 455

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 1187,25 1027,30

Na tabela acima pode atentar-se ao facto de apenas o consumo de rolhas naturais de cortiça ter sofrido um
ligeiro aumento. Os consumos dos restantes recursos detiveram decréscimos consideráveis fruto de uma gestão
mais adequada de utilização de recursos. Tal facto, levou a uma descida da pegada ecológica do ano de 2016
para o ano de 2017, tal como era expectável nesta categoria.

A pegada ecológica destacada para a utilização de recursos hídricos na HE é seguidamente detalhada.

Tabela 6-6 Pegada Ecológica em hag dos recursos hídricos nos anos 2016 e 2017 na HE.

RECURSOS HÍDRICOS 2016 2017


ÁGUA (m3) 970848,1 1064286

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 945,01 1046,27

O consumo de água sofreu, como pode observar-se na tabela 6-6, um aumento entre os anos de 2016 e
2017. Este aumento do consumo de água deve-se, sobretudo, à necessidade de água para irrigação das vinhas.
A água é um elemento fundamental para o crescimento reprodutivo e vegetativo e funcionamento fisiológico das
videiras e, assim sendo, torna-se um componente determinante no rendimento e qualidade das uvas e
naturalmente, nas características dos vinhos (Ojeda, 2007). Em períodos de seca e stress hídrico torna-se
necessário equilibrar o nível de água adequado ao correto funcionamento metabólico das videiras. O aumento do
consumo de água fez aumentar a pegada ecológica do ano de 2017 em cerca de 10% relativamente ao ano de
2016.

45
Tabela 6-7 Pegada Ecológica em hag do uso do solo nos anos 2016 e 2017 na HE.

USO DO SOLO 2016 2017


ÁREA AGRÍCOLA (ha) 549,35 549,35

ÁREA FLORESTAL (ha) 567,66 567,66

ÁREA AGROFLORESTAL (ha) 366,34 366,34

ÁREA CONSTRUÍDA (ha) 73,25 73,25

MASSAS DE ÁGUA (ha) 274,68 274,68

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 2155,73 2155,73

Nos anos de 2016 e 2017 constata-se que o uso do solo e consequentemente o valor da pegada ecológica
se mantém igual. Tal facto seria de esperar uma vez que não existiu, nos anos estudados, modificações acerca
da ocupação dos solos da HE. Todas as considerações referentes ao uso de solo que se processam nesta fase
da metodologia dizem respeito a áreas de ocupação da empresa. A menos que os limites da Herdade se
modifiquem, quer no sentido de aumentar ou diminuir, não se esperam modificações nos inputs ao cálculo e
consequentemente, na sua pegada ecológica. Desta forma, pode observar-se que apesar de se manter igual, a
pegada ecológica relativa à apropriação de solo é elevada. Este dado acentua a realidade da empresa onde a sua
atuação está também ela, de forma elevada, associada a recursos naturais que de que a HE é proprietária na sua
grande maioria.

46
Tabela 6-8 Pegada Ecológica em hag dos resíduos gerados nos anos 2016 e 2017 na HE.

RESÍDUOS 2016 2017


ABSORVENTES (kg) 477 180

SOLVENTES (kg) 605 369

HERBICIDAS (kg) 1247 407

ÓLEOS ALIMENTARES (kg) 1734 1619

GORDURAS (kg) 8240 0

EMULSÕES DE ÁGUA EM ÓLEO (kg) 524 0

LAMAS (kg) 70280 55920

PLÁSTICOS E METAIS (kg) 16286 21298

PAPEL E CARTÃO (kg) 51137 65359

VIDRO (kg) 36492 25152

FILTROS (kg) 114 131

EMBALAGENS CONTAMINADAS (kg) 7359 3662

DESCARGAS ETAR (kg) 4140 4412

PEGADA ECOLÓGICA (hag) 17,08 16,54

Os resíduos produzidos pela HE não são em quantidades avultadas. Esta constatação deve-se ao facto
da HE ter uma preocupação constante com o ambiente e priorizar a redução de recursos. A HE adota, por exemplo,
em 100% das suas atividades métodos de reciclagem. Como consequência da diminuição de resíduos de ano
para ano, verificam-se sobretudo vantagens do ponto de vista económico, onde se torna possível um gasto muito
menor com a disposição final de resíduos. A pegada ecológica apresenta assim um valor muito satisfatório em
matéria de desperdícios, onde a oscilação de valores entre 2016 e 2017 não é significativa.

Toda a explicação de cálculos e pressupostos da metodologia MC3 encontram-se no Anexo II.

Através do que foi apresentado alcança-se assim um valor de pegada ecológica para os anos em estudo
para a Herdade do Esporão. A pegada estimada para o ano de 2016 foi um total de 8614,6 hag, enquanto que a
pegada ecológica para o ano de 2017 sofreu um aumento e foi de 9681,4 hag.
Numa análise por garrafa de vinho de 0,75 litros, o valor obtido de pegada ecológica estimou-se em cerca
de 0,0011 e 0.0012 para o ano de 2016 e 2017, respetivamente. Comparativamente ao estudo de cálculo de
pegada ecológica entre dois vinhos italianos da Toscânia, pode concluir-se que estes valores se encontram
próximos do expectável na indústria do vinho. Assim, no estudo relatado no que confere a produção de vinho

47
podem ler-se os valores obtidos por garrafa de vinho de aproximadamente 0,0014 hag e 0,0008 hag numa
produção convencional e orgânica, respetivamente (Niccoluccia, et al., 2008). Em contrapartida, no cálculo
efetuado para a HE os valores de PE no que diz respeito à PE convencional – onde se reflete o valor gerado pelo
vinho comprado – os resultados demonstram um ligeiro decréscimo face ao cálculo supracitado. São apresentados
os valores de aproximadamente 0,0007 hag nos dois estudados. Este fator induz uma das principais limitações
reconhecidas na PE, o facto de ser uma estimativa da tentativa de quantificação dos desafios ecológicos, muitas
vezes, perante a dificuldade de precisão e acesso aos dados provenientes do consumo.
Desta forma, a diferença de valores entre o ano de 2016 e 2017 é sobretudo justificada na categoria
referente ao uso de materiais. O principal responsável por esta subida de valor de pegada ecológica é o vidro, um
material utilizado de forma recorrente nesta indústria sob a forma de garrafas. Um dos desafios da indústria passa
pelo investimento contínuo em garrafas leves. Outra das opções será a de continuar a apostar nas embalagens
alternativas e que não influenciam a qualidade do produto na indústria do vinho, de como são exemplo as bag-in-
box, tentando o seu aumento em alternativa às garrafas de vidro.

PE 2016 (hag)
0% 1%

4%

25%

40%
11%

14%
5%

Emissões Diretas Emissões Indiretas Uso de Materiais Recursos Agrícolas


Recursos Florestais Recursos Hídricos Uso do Solo Resíduos

Figura 6-1 % da distribuição da Pegada Ecológica da HE no ano de 2016.

48
PE 2017 (hag)
0% 2%

5%
22%

11%
46%

11%
3%

Emissões Diretas Emissões Indiretas Uso de Materiais Recursos Agrícolas


Recursos Florestais Recursos Hídricos Uso do Solo Resíduos

Figura 6-2 % da distribuição da Pegada Ecológica da HE no ano de 2017.

49
7 CONCLUSÃO

Finalizado o presente estudo, conclui-se que principal objetivo do trabalho foi alcançado. Foi estimado um
valor de pegada ecológica para a Herdade do Esporão, um indicador ambiental até então não abordado.
O indicador estimado – a pegada ecológica – representa atualmente um instrumento que quantifica a
repercussão da atividade humana na natureza. A importância em debater este tema surge da necessidade de
interligar as ambições económicas empresariais com a capacidade ambiental que temos em nossa posse no
mundo atual.
O método MC3 apresenta-se como um método viável à obtenção dos valores de pegada ecológica, quer
seja pela intuição relativa à sua aplicação, bem como, a utilidade da ferramenta para contactar com a generalidade
do público que apresenta recetividade face ao conceito. Apesar de ser um método intuitivo do ponto de vista de
quem o aplica, os cálculos a ele associados são de extrema complexidade, pelo que, torna-se relevante uma
recolha de dados exaustiva e cuidada.
Assim, contrariando a sua definição inicial associada a cidades e países, a pegada ecológica expressa-se
atualmente a nível individual e organizacional.
Tal como já foi referido, a aplicação do método realça algumas lacunas de informação relativas aos
consumos organizacionais da HE. Desta forma, desconsiderando alguns componentes de consumo que são
efetivados, mas aos quais não se tem acesso por não existirem registos, poderá comprometer-se o cálculo correto
e exato do indicador.
A metodologia é descrita e aplicada no presente trabalho para um setor de uma organização específica –
a Herdade do Esporão da empresa Esporão S.A. – tendo sido obtido o valor total de pegada ecológica de 8614,6
hag para o ano de 2016 e o valor de 9681,4 hag para o ano de 2017. Estes valores comparativamente com a
aplicação da metodologia noutros estudos (como é o exemplo do estudo da Autoridade Portuária da fachada Norte
de Espanha (Mateo-Mantecón, et al., 2010)), são tidos como relativamente baixos. Apesar desta verificação, a
comparação não deve ser realizada uma vez que se trata de uma organização díspar, significando isto que se
traduz perante o mercado de formas igualmente muito diferentes.
Relativamente à Herdade do Esporão, os resultados refletem a proteção ambiental aliada à propensão de
crescimento económico que a empresa apresenta.
A utilização do indicador de pegada ecológica é ainda reduzida, quer a nível nacional ou internacional.
Assim, um dos contributos deste trabalho será no sentido de difundir a metodologia utilizada por forma à
contribuição de sensibilização para o comportamento ambiental cuidado, bem como, acréscimo da melhoria de
qualidade de vida, procura por produtos certificados e biológicos e aumento da saúde da população.

50
8 REFERÊNCIAS
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53
ANEXOS

Anexo I – Fluxo de Materiais na UE em 2014.

Anexo II – Pressupostos e Fontes de Dados.

54
ANEXO I – FLUXO DE MATERIAIS NA UE EM 2014

Figura 0-1 Esquema de fluxo de materiais na UE em 2014, (Comissão Europeia, 2018).

Na figura pode observar-se que 8 mil milhões de toneladas de materiais são transformados em energia e produtos e apenas 600 milhões de toneladas de materiais têm origem
na reciclagem. Dos 2 200 milhões de toneladas de resíduos gerados, apenas 600 milhões deles entram novamente no ciclo como materiais que são reciclados.

55
ANEXO II – PRESSUPOSTOS E FONTES DE DADOS

II.1 Emissões Diretas

a. Através do consumo dos combustíveis em unidades físicas (litros), para passar para toneladas,
assume-se uma densidade de t/m3 para cada um deles e divide-se por 1000. No caso do consumo
se encontrar em m3 o último passo não é considerado. Quando as unidades se encontram em kg
a conversão para toneladas é direta.

b. Todos os dados relativos ao Poder Calorífico (PC), são obtidos das seguintes fontes: Associação
Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, 2017) e
APA (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013). Os valores de PC permitem a conversão dos dados
dos combustíveis de toneladas para GJ/ano.

c. De seguida, é necessário multiplicar o consumo pelo fator de conversão para cada tipo de
combustível (sendo o cálculo realizado através da divisão entre energia consumida pela energia
contida no combustível final).

d. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do consumo em


GJ/ano pelo fator de emissão por tipo de ecossistema (medido em tCO2/GJ) que posteriormente
se divide pelo fator de absorção por tipo de ecossistema. O resultado final é apresentado em hag.

Apresenta-se a equação para o cálculo da pegada ecológica referente aos combustíveis de


seguida:

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜) × 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 /𝐺𝐽)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (4)
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 ⁄ℎ𝑎)

II.2 Emissões Indiretas

a. Através dos dados de consumo da eletricidade em unidades físicas (kWh), para obtermos a
informação de GJ/kWh, assume-se a conversão de 1 kWh = 0.0036 GJ.

b. De seguida, é necessário multiplicar o consumo pelo valor encontrado de GJ/kWh e dividir tudo
pelo fator de produtividade associado às diversas fontes de energia. O fator de produtividade
associado às diversas fontes de energia diz respeito ao mix elétrico fornecido pela companhia de
eletricidade – Iberdrola.

56
c. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do consumo em
GJ/ano pelo fator de emissão por tipo de ecossistema (medido em tCO 2/GJ) que posteriormente
se divide pelo fator de absorção por tipo de ecossistema (medido em tCO2/ha). O resultado final é
apresentado em hag – no caso da pegada de energia fóssil.

d. O cálculo da pegada ecológica é efetuado através da divisão do consumo em GJ/ano pela


produtividade energética associada às diversas fontes de energia (hídrica, mini-hídrica, eólica,
fotovoltaica). O resultado final é apresentado em hag – no caso da pegada de pastos e terra
cultivável.

Apresentam-se as equações para o cálculo da pegada ecológica referente à eletricidade de seguida:

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜) × 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 /𝐺𝐽)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (5)
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 ⁄ℎ𝑎)

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) =
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐺𝐽⁄ℎ𝑎/𝑎𝑛𝑜) (6)

II.3 Materiais

a. Através dos dados de consumo dos materiais em unidades físicas (kg), para obtermos a
informação em toneladas faz-se uma conversão direta (1kg = 0.001 ton).

b. De seguida, é necessário multiplicar o consumo em toneladas pelo valor de intensidade energética


para o material em cálculo. As intensidades energéticas dos materiais foram propostas por
Doménech e encontram-se em GJ/ton. Encontra-se assim o valor do consumo em GJ/ano.

c. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do consumo em


GJ/ano pelo fator de emissão por tipo de ecossistema (medido em tCO 2/GJ) que posteriormente
se divide pelo fator de absorção por tipo de ecossistema (medido em tCO2/ha). O resultado final é
apresentado em hag – no caso da pegada de energia fóssil.

Apresenta-se a equação para o cálculo da pegada ecológica referente aos materiais de seguida:

57
(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜) × 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2/𝐺𝐽)
𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (7)
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 ⁄ℎ𝑎 )

II.4 Recursos Agropecuários

a. Através dos dados de consumo dos recursos em unidades físicas (kg e litros), para obtermos a
informação em toneladas faz-se uma conversão direta de kg para ton (1kg = 0.001 ton) ou através
da densidade considerada para o vinho (0,8kg/l).

b. De seguida, é necessário multiplicar o consumo em toneladas pelo valor de intensidade energética


para os alimentos em cálculo. As intensidades energéticas destes alimentos são propostas por
Doménech e encontram-se em GJ/ton. Encontra-se assim o valor do consumo em GJ/ano.

c. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do consumo em


GJ/ano pelo fator de emissão por tipo de ecossistema (medido em tCO 2/GJ) que posteriormente
se divide pelo fator de absorção por tipo de ecossistema (medido em tCO2/ha). O resultado final é
apresentado em hag – no caso da pegada de energia fóssil.

d. O cálculo da pegada ecológica é efetuado através da divisão do consumo em ton/ano pela


produtividade natural associada aos alimentos. O resultado final é apresentado em hag – no caso
da pegada de terra cultivável.

Apresentam-se as equações para o cálculo da pegada ecológica referente aos recursos agropecuários de
seguida:

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜) × 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2/𝐺𝐽)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (8)
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 ⁄ℎ𝑎 )

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑎𝑛𝑜)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) =
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝑡𝑜𝑛⁄ℎ𝑎/𝑎𝑛𝑜) (9)

58
II.5 Recursos Florestais

a. Através dos dados de consumo dos recursos florestais em unidades físicas (kg), para obtermos a
informação em toneladas faz-se uma conversão direta de kg para ton (1kg = 0.001 ton).

b. De seguida, é necessário multiplicar o consumo em toneladas pelo valor de intensidade energética


para dos recursos florestais a ser calculados. As intensidades energéticas destes recursos são
propostas por Doménech e encontram-se em GJ/ton. Encontra-se assim o valor do consumo em
GJ/ano.

c. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do consumo em


GJ/ano pelo fator de emissão por tipo de ecossistema (medido em tCO2/GJ) que posteriormente
se divide pelo fator de absorção por tipo de ecossistema (medido em tCO2/ha). O resultado final é
apresentado em hag – no caso da pegada de energia fóssil.

d. No caso da pegada de floresta o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da divisão do


consumo em ton/ano pela produtividade natural associada aos recursos florestais. O resultado
final é apresentado em hag.

Apresentam-se as equações para o cálculo da pegada ecológica referente aos recursos florestais de
seguida:

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝐺𝐽⁄𝑎𝑛𝑜) × 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2/𝐺𝐽)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (10)
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 (𝑡𝐶𝑂2 ⁄ℎ𝑎 )

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑎𝑛𝑜)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) =
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝑡𝑜𝑛⁄ℎ𝑎/𝑎𝑛𝑜) (11)

II.6 Água

a. Através dos dados de consumo de água em unidades físicas (m3) aplicamos diretamente o fator
de produtividade natural da água proposto por Doménech (m3/ha/ano).

59
b. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da divisão do consumo em m3/ano
pela produtividade natural (m3/ha/ano). O resultado final é apresentado em hag – no caso da
pegada de floresta.

Apresenta-se a equação para o cálculo da pegada ecológica referente aos recursos hídricos de seguida:

(𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 (𝑚3 ⁄𝑎𝑛𝑜)


𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = (12)
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 (𝑚3 ⁄ℎ𝑎/𝑎𝑛𝑜)

II.7 Uso do Solo

a. Através dos dados de área ocupada (ha) aplicamos diretamente o fator de equivalência proposto
por Doménech que nos converte essa mesma área em hag dependendo de cada ecossistema.

Apresenta-se a equação para o cálculo da pegada ecológica referente ao uso do solo de seguida:

𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = Á𝑟𝑒𝑎 𝑂𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑎 (ℎ𝑎) 𝑥 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (13)

II.8 Resíduos

a. Através dos dados de resíduos gerados em unidades físicas (kg) aplicamos diretamente o fator
de conversão para passar este valor a toneladas (1kg = 0.001 ton).

b. Por último, o cálculo da pegada ecológica é efetuado através da multiplicação do valor dos
resíduos gerados em ton/ano pelo índice de conversão que Doménech propõe para converter a
quantidade de resíduos de toneladas para hectares.

Apresenta-se a equação para o cálculo da pegada ecológica referente aos resíduos gerados por
determinada organização de seguida:

60
𝑃𝐸 (ℎ𝑎𝑔) = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 (𝑡𝑜𝑛/𝑎𝑛𝑜)𝑥Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 (14)

II.9 Fontes de dados

Figura 0-2 Fatores considerados no cálculo da Pegada Ecológica, retirado de (Soares, 2013).

61
Figura 0-3 Matriz de intensidades energéticas, segundo Doménech, retirado de (Soares, 2013).

62
Figura 0-4 Índices de conversão para os Resíduos, retirado de (Branco, 2012).

63

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