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Avaliação
Baseada em Área
(ABA) em Boa
Vista, Roraima
Novembro de 2022
© REACH 2022.
ABA | Boa Vista
Novembro 2022
Sumário
Introdução...................................................................................................................................................................................................................................3
Perfis demográficos................................................................................................................................................................................................................5
Perfis migratórios.....................................................................................................................................................................................................................6
Educação......................................................................................................................................................................................................................................7
Saúde..............................................................................................................................................................................................................................................8
Segurança alimentar..............................................................................................................................................................................................................9
Programas sociais...................................................................................................................................................................................................................10
Acesso a moradia...................................................................................................................................................................................................................11
Riscos de proteção.................................................................................................................................................................................................................14
Mecanismos de enfrentamento......................................................................................................................................................................................16
Assistência humanitária.......................................................................................................................................................................................................17
Referências.................................................................................................................................................................................................................................17
Sobre a REACH
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ABA | Boa Vista
Introdução Novembro 2022
3
ABA | Boa Vista
Novembro 2022
Questionário a nível do grupo
fraestrutura de captação dos serviços sociais dos Centros
A amostragem dos questionários da população refugia- de Referencia de Assistência Social (CRAS).7 Ao mesmo
da e migrante venezuelana foi aleatorizado, com o fim de tempo, os GFD procuraram coletar informação sobre os
obter representatividade estadística. Com a população de domicílios improvisados de refugiados e migrantes vene-
acolhida, a amostragem foi intencionada pela busca de zuelanos que compraram vivendas o terrenos na periferia
um grupo elegível nas redondezas (a 500 metros) de um de Boa Vista. Por cuestões externas, nenhum GFD foi reali-
grupo venezuelano que já participou no questionário. O zado num bairro na macroárea Silvio Leite.
questionário foi administrado através de entrevistas com
o/a chefe de grupo ou com uma pessoa maior de 18 anos
que pudesse contestar em seu nome. Ponderações
Por causa da estratégia de amostragem utilizada, os resul- As seguintes considerações devem ser levadas em consi-
tados do questionário da ABA são resultados representati- deração ao ler este relatório:
vos para grupos refugiados e migrantes, e indicativos para
os grupos da população de acolhida. Veja a tabela abaixo: 1) Nos questionários só uma pessoa foi entrevistada (pre-
ferivelmente o/a chefe do grupo), quem deu conta sobre
os demais membros. Isso pode dificultar conhecer infor-
Características Refugiados Comunidade mações especificas sobre os indivíduos daquele grupo;
do questionário e migrantes de acolhida 2) As repostas aos questionários e aos GFD foram auto-
-relatadas e não podiam ser verificadas, o que não exclui a
Questionários 170 62 existência de viés nas respostas;
realizados 3) O relatório apresenta informações principalmente sobre
Membros dos gru- 861 281 a situação dos grupos refugiados e migrantes, e sobre os
pos representados grupos de acolhida quando houverem dados relevantes
para a comparativa. Encontre no banco de dados no Cen-
Nivel de confiança 95% N.A. tro de Recursos da REACH maiores informações sobre os
dois grupos populacionais;
Margem de erro +/- 8 % N.A. 4) Os resultados dos grupos refugiados e migrantes re-
presentativos ao nível de Boa Vista, não em outros níveis
Grupos focais de discussão geográficos. O relatório contém mapas a nível de macro-
área de caráter indicativo. Leve em conta que o número
Para os grupos focais de discussão, a amostragem foi in- de questionários nas macroáreas Cauamé e União e baixo
tencionada por meio da busca de participantes em bairros para fazer inferências (veja o N no mapa 2).
com alta concentração de população refugiada e migran-
tes morando em casas alugadas e domicílios improvisa-
dos. Os bairros foram identificados em visitas em campo e Questões éticas
após da consulta com as organizações que trabalham com
esta população. O consentimento informado e o anonimato das repostas
foram informados ao participantes de questionários e GFD
A amostragem procurou incluir pelo menos um bairro de antes, durante e depois das atividades. Por razões de pro-
cada uma das macroáreas em que a cidade está dividi- teção, não foram coletados dados pessoais que pudessem
da segundo os perfis socioeconômicos dos bairros e a in- ser utilizada para identificar aos participantes da pesquisa.
n=2 n=13
o
n=2 União
Ri
n=9 n=6
Caranã
Silvio
Leite
Asa Branca São Vicente
n=10 Nova Canaã
n=26 Pintolândia
Senador
Centenário
Questionário aplicado a um
Hélio Campos n=11
n=16 grupo de acolhida
n=20
n=39 Questionário aplicado a um
grupo refugiado e migrante
Doutor Airton Operário
Rocha Bairro do grupo focal de
discussão
Nova Cidade
Macroárea
n=16
n=62
Rede viária
co
n
Bra
Área excluida da
Rio
amostragem
5 Limite da macroárea
Km Rio principal
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Perfis demográficos Novembro 2022
No 71% dos questionários a grupos refugiados e migran- Ensino fundamental 6°-9° incompleto 2% 0%
tes, a pessoa entrevistada era o/a chefe de grupo. A pro- Ensino fundamental 6°-9° completo 5% 5%
porção foi similar nos grupos de acolhida, com 68% dos
entrevistados que afirmaram ser o/a chefe do grupo. Ensino médio incompleto 16 % 8%
Ensino médio completo 38 % 45 %
Composição dos grupos Técnico/tecnológico incompleto 4% 0%
Distribuição por sexo e idade dos membros do grupo: Técnico/tecnológico completo 7% 3%
Grupos refugiados e
Ensino superior incompleto 4% 3%
50% migrantes 50%
Ensino superior completo 15 % 27 %
<1%
95+4183+ 87+10181+
18%
10%
7%
7%
8%
219+957+ 220+9510+
+ 60 anos
27 - 59 anos
18 - 26 anos
12 - 17 anos
6 - 11 anos
0 - 5 anos
tes entre 0 e 17 anos de idade. Apenas 2% (3) dos grupos das. Entre eles, 5 eram menores de 18 anos, o equivalente
relataram pertencer a um grupo indígena e somente 5% a 9% das mulheres grávidas e a 11% das menores na faixa
(8) dos grupos relataram ter membros que se consideram etária de 12-17 anos. Nos grupos de acolhida, foram re-
lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros ou queer (LGBTQ). latadas mulheres grávidas em 19% dos grupos e apenas
uma mulher grávida com menos de 18 anos de idade es-
tava presente. Por último, 23% dos grupos refugiados e
migrantes e 20% dos grupos de acolhida tinham mulheres
49% Grupos de acolhida 51% amamentando.
3% + 60 anos 2%
18% 27 - 59 anos 20% Dificuldades físicas e cognitivas de pelo menos um mem-
9% 18 - 26 anos 9% bro do grupo:
4% 12 - 17 anos 5%
5% 6 - 11 anos 5% A fim de explorar a presença de quaisquer dificuldades fí-
9% 0 - 5 anos 10% sicas e/ou cognitivas nos grupos, os entrevistados relata-
ram se eles ou qualquer membro do grupo experimentava
alguma das seguintes dificuldades:
O tamanho médio dos grupos de acolhida era de 4 mem-
bros. Em 47 grupos (76%) havia crianças de 0 a 17 anos
de idade. Em 9 grupos (15%) foi relatado que pelo menos Grupos Grupos de
um membro pertencia a um grupo indígena; e apenas 3% Tipo de dificuldade8 refugiado acolhida
(2) dos grupos relataram ter membros que se consideram e migrante
lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros ou queer (LGBTQ).
Ver, mesmo com óculos 31 % 34 %
Ouvir, mesmo com
Chefia do grupo: 9% 13 %
fone de ouvido
A chefia feminina foi relatada em 55% dos questionários a Lembrar ou concentrar-se 11 % 25 %
grupos de refugiados e migrantes, e em 48% desses casos,
o estado civil da chefe de grupo era solteira, separada ou Caminhar ou subir escadas 17 % 13 %
viúva. Esta situação fez das mulheres cabeças econômicas
de fato (sem a presença de um companheiro) em 26% dos
grupos de refugiados e migrantes, os quais também ten- Segundo o entrevistado, havia pelo menos um membro
deram a ter um maior número de membros. Nos grupos com alguma limitação funcional em 46% dos grupos de
de acolhida, a chefia feminina foi relatada em 60% dos refugiados e migrantes e em 48% dos grupos de acolhida.
lares, enquanto a chefia econômica de fato foi identificada Dentro desses subgrupos, foi relatado que a dificuldade
em 30% dos questionários realizados. afetava ao/à chefe do grupo em 46% dos grupos de re-
fugiados e migrantes, e em 64% dos grupos de acolhida.
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Perfis migratórios Novembro 2022
Falcón
Distrito
Capital
Varga
Vargas
Nueva
Esparta
Sucre
´
Carabobo 2%
Lara Miranda
Miranda
5% Monagas
Zulia Trujillo Aragua 36%
Delta
Anzoátegui 24% Amacuro
Guárico
Táchira
Colômbia Apure
VENEZUELA
18% SURINAM
1%
Área de estudo
Boa Vista
Amazonas
Estados de origem na Venezuela
Trajetórias migratórias
Grupos de refugiados e migrantes
77%
Tempo que o grupo está em Boa Vista:
que relataram que pretendem
=110116
+ 530
+ 110
+ 110
+ permanecer em Boa Vista no
próximo ano
Menos de 6 meses 11% Entre 2 e 3 anos 10%
Entre 6 meses e um ano 16% Mais de 4 anos 11% Intenções de movimento no proximo ano
Entre 1 e 2 anos 52%
Além dos grupos que relataram que pretendem permane-
A maioria (80%) dos grupos refugiados e migrantes che- cer em Boa Vista, o 17% dos grupos pesquisados informa-
gou em Boa Vista depois de agosto de 2020. Vinte e sete ram que pretendem se mudar no próximo ano para outro
por cento deles estão na cidade há menos de um ano. lugar no Brasil, fora dos estados do Amazonas e Roraima.
Por outro lado, apenas 2% dos grupos relataram querer
voltar à Venezuela, e o 2% restante não sabia.
Nacionalidade dos membros do grupo:
Interesse relatado pelos grupos na interiorização através
Em 80% dos grupos refugiados e migrantes, os membros da Operação Acolhida: :
eram exclusivamente de nacionalidade venezuelana; em
19%, foram encontrados membros venezuelanos e bra-
63+11+942I
sileiros, e no 1% restante, venezuelanos e membros de
outras nacionalidades. Foram identificados grupos mistos Não estamos interessados 63 %
entre os que relataram mais de seis meses em Boa Vista, Sím, mas não iniciamos o processo 11 %
com a maioria concentrada entre aqueles que já estavam Sim, mas não temos receptor 11 %
em Boa Vista entre um e dois anos. Queremos viajar por conta própria 9 %
Já começamos o processo 4 %
Regularização migratória dos membros do grupo: Náo sabe 2 %
Oito por cento (13) dos grupos refugiados e migrantes Principais razões pelas quais 107 grupos relataram não
relataram ter pelo menos um membro sem regularização estar interessados na interiorização10:
migratória (residência ou protocolo de refúgio). Na maio-
ria desses grupos, a razão para não ter documentação foi
8129+ 21
a falta de tempo para completar o processo (11), seguida Querem estar perto da fronteira 81 %
pelo desinteresse no processo (1) e falta de conhecimento Já têm um trabalho estável 29 %
do motivo pelo entrevistado (1). Seus filhos estão estudando aqui 21 %
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Educação Novembro 2022
Educação para menores de 5 anos
% de grupos com pelo menos um menor de
O 58% dos grupos refugiados e migrantes e 54% dos gru- idade entre 6 e 17 anos que não frequentava à
pos de acolhida tinham pelo menos um membro entre
zero e cinco anos de idade. Em ambos os grupos, foi re- escola no momento da coleta de dados:
latado que as crianças menores de cinco anos passavam Grupos refugiados e migrantes 19%
a maior parte dos dias de semana na vivenda aos cuida-
dos de seus pais (69% em grupos refugiados e migrantes Grupos de acolhida 5%
e 74% em grupos de acolhida). Entretanto, o número de
grupo que relataram ter acesso a um programa de edu-
cação pré-escolar foi relativamente maior nos grupos de que caminhar longas distâncias para chegar à escola, já
acolhida (14%) do que nos grupos refugiados e migrantes que não há transporte escolar em alguns bairros. Em 3
(5%). Nesta última população, também foi relatado que GFD os participantes também comentaram sobre as bar-
as crianças ficavam em casa com um parente (17%) e com reiras linguísticas que os pais enfrentam ao seguir o pro-
seus pais no trabalho (6%). tocolo de acesso à educação, o que aumenta a sua falta
de compreensão do sistema educacional brasileiro. Final-
mente, os participantes da metade dos GFD identificaram
Falta de acesso à escola de crianças e ado- a escola como um lugar onde há discriminação com base
lescentes entre 6 e 17 anos na nacionalidade por parte dos estudantes e professores.
Principais razões pelas quais crianças e adolescentes de Perspectivas para o acesso ao ensino técnico
33 grupos refugiados e migrantes não frequentavam a
escola10: ou superior
Conhecimento no grupo sobre como acessar a educação
técnica ou universitária no Brasil:
4025+ 1815+
16+72+12I
Não encontrou vaga 40 %
Não fez a matrícula 25 %
Requisitos de documentação 18 %
Não sabe onde inscrevê-los 15 % Sim 16 %
Não 72 %
Não sabe 12 %
Barreiras ao acesso à educação para refugiados e migran-
tes venezuelanos: Validação de titulos de ensino superior estrangeiros no
Brasil:
Semelhante aos resultados dos questionários, em 7 GFD
mencionaram a falta de vagas na escola como uma barrei- 23% dos grupos de refugiados e migrantes pesquisados
ra ao acesso à educação. Além disso, em todos os GFDs, os tinham pelo menos um membro que atingiu um grau téc-
participantes apontaram que as longas distâncias consti- nico, tecnológico ou universitário completo. Em 64% dos
tuem uma dificuldade de acesso e permanência na escola casos, este diploma havia sido emitido fora do Brasil, mas
para seus filhos. A distância de casa à escola influencia a nenhum deles havia concluído o processo de validação
tomada de decisões e a autorização de matrícula escolar: do diploma de ensino superior para reconhecimento no
alguns participantes relataram perder vagas por morarem Brasil.
longe das escolas; outros observaram que as crianças têm
Mapa 4. Tempo reportado da viagem à escola e grupos com pelo menos um menor na escola nos grupos refugiados e migrantes
´
% de grupos com pelo
menos um menor de idade
União na escola
Cauamé
União São Francisco 100%
20%
57% 80%
56%
50%
20%
7
ABA | Boa Vista
Saúde Novembro 2022
Mapa 5. % de grupos refugiados e migrantes com pelo menos um membro con uma doença crônica e % de grupos sem vacinação completa contra
a COVID-19
´ União
União
Cauamé
São Francisco
% de grupos que relataram não
ter vacinação completa contra a
COVID-19
100%
83% 38% 80%
89% 50%
20%
8
ABA | Boa Vista
Segurança alimentar Novembro 2022
Acesso financieiro aos alimentos % de grupos que relataram comer duas o menos
Para analisar a situação de segurança alimentar dos gru-
refeições por dia nos sete dias anteriores à
pos, o questionário explorou indicadores relacionados coleta de dados:
com a capacidade econômica para comprar alimentos e as Grupos refugiados e migrantes 34%
estratégias e recursos disponíveis para lidar com as restri-
ções de acesso. Grupos de acolhida 19%
Principais meios de acesso à alimentação relatados por
grupos refugiados e migrantess10: Mecanismos de afrontamento na ausência
de alimentos ou dinheiro para comprá-los
Comprado com dinheiro
Comprado em crédito
Assistência alimentar
Comprado com dinheiro emprestado 9222+ 15+
92 %
22 %
15 %
15%
Nenhum
Mecanismo
Grupos refugia-
dos e migrantes
24 %
Grupos de
acolhida
56 %
Renda do grupo N1 % da renda para alimentação Recorrer a comida mais
39 % 29 %
barata ou menos preferida
Menos de 1 SM2 68 85 %
Comida emprestada ou apoio
Entre 1 e 2 SM 43 52% 24 % 18 %
de amigos ou familiares
Mais de 2 SM 11 49 % Reduzir a porção das refeições 42 % 12 %
1-Amostra de 122 grupos que relataram dados em renda e depesas em alimentação
2-O salário mínimo mensal para 2022 é BRL$1,212.
Intervenções nutricionais
Os grupos que declararam uma renda inferior a um salário
mínimo no mês anterior à coleta de dados (que consti- Intervenções nutricionais nas quais os grupos relatam ter
tuem mais da metade das famílias de refugiados e migran- participado10:
tes, ver seção Meios de Subsistência abaixo) gastaram, em
média, 85% da renda em alimentação. Como tal, eles cons- Grupos refugiados Grupos de
tituem grupos que têm menos recursos disponíveis para e migrantes acolhida
4245+ 3532+
atender outras necessidades básicas, são mais suscetíveis 53 % Nenhuma 42 %
a choques econômicos e têm maior probabilidade de utili- 31 % Avaliação nutricional 45 %
2428+3153+
zar mecanismos de afrontamento negativos. 28 % Micronutrientes 35 %
24 % Desparasitação 32 %
Mapa 6. Mediana das despesas mensais em alimentos e % de grupos que relataram comer duas ou menos refeições nos 7 dias anteriores à coleta
de dados dos grupos refugiados e migrantes
´ União
União
Cauamé
São Francisco
% de grupos que relataram
comer duas o menos
refeições por dia nos sete
44%
dias anteriores à coleta de
67% 15%
dados
100%
80%
50%
Centenário 20%
Silvio Leite
33%
42%
Pintolândia
Mediana das despesas
mensais reportadas em
13%
alimentos
R$ 600 - $800
R$ 801 - $1000
Nova Cidade
R$ 1001 - $1200
34% Área excluida da
amostragem
Rede viária
Rio principal
Limite da macroárea
5
Km
9
ABA | Boa Vista
Programas sociais Novembro 2022
33+67+I 33+67+I
prova de estudos das crianças do grupo. Os participan-
tes também relataram ter pouca clareza sobre o proces-
so de pós-inscrição. Além disso, eles relataram o risco de
Sim 15% Sim 33% cair em um modo de fraude, no qual os processadores
Não 85% Não 67% oferecem “acesso rápido” aos serviços de registro, co-
bram do beneficiário, e não entregam o dinheiro com o
argumento de que o benefício ainda não foi aprovado.
Mapa 7. % dos grupos refugiados e migrantes registrados no Cadastro Único e no Auxilio Brasil
´ União
União
Cauamé
% de grupos que relataram
estar registrados no
Cadastro Único e no Auxílio
São Francisco Brasil
67%
43% 71% 100%
80%
50%
20%
Silvio Leite
Centenário % de grupos que relataram
60%
53% estar registrados no
Pintolândia
Cadastro Único
71%
0% - 20%
21% - 40%
41% - 60%
61% - 80%
Nova Cidade
81% - 100%
57%
Área excluida da
amostragem
Rede viária
Rio principal
5 Limite da macroárea
Km
10
ABA | Boa Vista
Acesso a moradia Novembro 2022
2) Em consonância com isto, observou-se que famílias ou Nos cinco GFD realizados nas macroáreas de Nova Cida-
indivíduos que dividiam moradia em uma ocupação es- de, União, Pintolândia, Centenário com pessoas alugando
pontânea ou que viviam na rua, agiram juntos para ter e morando em domicílios improvisados, os participantes
acesso a moradia alugada ou a um terreno para a constru- mencionaram ter dificuldade para se deslocar de suas ca-
ção de um domicílio improvisado. Isto também se refletiu sas devido à falta de transporte público e de boas condi-
no fato de que muitos dos participantes dividiam a mora- ções das estradas, o que dificultava até mesmo a entra-
dia com um grande número de outras pessoas e grupos. da de transporte privado. Além disso, relataram falta de
transporte escolar nos bairros dessas cinco macroáreas, o
3) Finalmente, também foi identificado que a transição que implicava em riscos para a segurança e a permanência
entre uma moradia precária fora dos abrigos e uma ca- das crianças na escola. Finalmente, nestes GFD, algumas
sas alugadas ou terreno não é linear nem definitiva, pois pessoas também mencionaram que às vezes não vão ao
houve relatos de pessoas que foram despejadas ou se sen- médico porque não têm como chegar devido à falta de
tiram inseguras em suas casas. Por conta de isso, elas re- transporte.
tornaram a ocupações espontâneas ou moraram nas ruas
antes de poder economizar dinheiro suficiente para alugar Acesso aos serviços públicos:
novamente. Isto também indica a incidência de riscos de
proteção no acesso à moradia. Em geral, não foram identificados problemas de acesso
aos serviços públicos nos questionários nem nos GFD
Condições de habitabilidade (exceto os problemas dos domicílios improvisados e com
fossas sépticas, que serão tratados na seção sobre Água,
Défices habitacionais observados nas moradias ocupadas Saneamento e Higiene).
pelos grupos:
Principais fontes utilizadas pelo grupo para cozinhar10:
Défice observado
Grupos refugia- Grupos de Grupos refugiados Grupos de
dos e migrantes acolhida e migrantes acolhida
97 % Botijão de Gás 97 %
Chão de terra, areia ou lodo 6% 2% 17 % Carvão Vegetal 6%
11 % Madeira ou outros restos vegetais 10 %
Materiais de reuso ou
4% 0%
perecedeiros no teto
Principal forma de acesso do grupo à Internet:
Materiais de reuso ou
3% 0% Grupos refugia- Grupos de
perecedeiros nas paredes Forma de acesso
dos e migrantes acolhida
As equipes de campo observaram as características habi- Wifi ou dados moveis próprios 53% 80 %
tacionais e ambientais das casas pesquisadas, registran- Conexão compartilhada com vizinhos 26 % 10 %
do necessidades habitacionais agudas em alguns casos
de refugiados e migrantes, principalmente aqueles que Não tem acesso 18 % 10 %
viviam em domicílios improvisados. Embora a proporção
de vivenda com infra-estrutura adequada observada fosse Nos espaços com Wifi livre 2% 0%
alta, outros problemas habitacionais foram relatados pelos
Não sabe 1% 0%
grupos.
11
ABA | Boa Vista
Condições do aluguel e riscos de despejo Novembro 2022
Acesso financeiro à moradia e tipo de con- % de grupos que relataram ter atrasos no
trato aluguel no momento da coleta de dados:
O mercado de aluguel foi a principal forma de acesso à Grupos refugiados e migrantes 23%
moradia para a maioria (91%) dos grupos de refugiados e
migrantes pesquisadas, para os quais foram coletados os Grupos de acolhida 14%
seguintes indicadores no questionário domiciliar:
Despesas relatadas pelos grupos refugiados e migrantes Em todos os GFD realizados, foi mencionada a percepção de
em aluguel no mês anterior à coleta de dados: insegurança jurídica para o arrendatário devido à falta de con-
tratos formais, que deixa a população de refugiados e migran-
R$
R$
R$
R$
R$
0 - 200
201 - 400
401 - 600
601 - 800
801- 1000
2417+ 3319+ 6
24 %
17 %
33 %
19 %
06 %
Risco de despejo
41 % Acordo verbal 32 % Proporção de grupos refugiados e migrantes que haviam
39 % Não tem contrato 21 % sido despejadas ou enfrentado o risco de despejo nos três
20 % Contrato escrito 46 % meses anteriores à coleta de dados:
8414+ 1+
Também foi identificado que quase todos os pagamentos Nunca percebemos o risco 84 %
de aluguel eram feitos mensalmente (97% para ambos os Corremos o risco, mas não aconteceu 14 %
grupos), e que o período principal de aluguel era indefi- Fomos despejados 1 %
nido. No entanto, a proporção do período foi muito mais
elevada para os grupos refugiados e migrantes (76%) do Em mais da metade dos GFD, os participantes relataram
que para os grupos de acolhida (57%). que estavam em risco de despejo devido à falta de capa-
cidade de pagamento pela à instabilidade de sua renda.
Por sua vez, os habitantes de domicílios improvisados dis- Isto também foi relatado como um risco por aqueles que
seram em 3 GFD que tiveram que economizar, acumular vivem em domicílios improvisados, pois foi mencionado
benefícios governamentais e pedir empréstimos a paren- que as pessoas poderiam perder suas casas se não pagas-
tes para adquirir o terreno onde estavam construindo. sem o pagamento mensal acordado, e que quando isto
Entretanto, alguns mencionaram que continuam a pagar acontecesse, elas poderiam não receber o reembolso do
uma taxa mensal, semelhante à do aluguel, às pessoas que dinheiro já pago.
os venderam.
Mapa 8. Mediana da despesa relatada em aluguel e tipo de contrato de aluguel dos grupos refugiados e migrantes
´ União
União
Cauamé
São Francisco
% de grupos que relataram
ter um contrato de aluguel
por escrito
44% 67% 100%
15%
80%
50%
20%
Centenário
Silvio Leite Mediana da despesa relatada
33%
42%
Pintolândia em aluguel
13%
R$ 200 - $400
R$ 401 - $600
R$ 601 - $800
Área excluida da
amostragem
Nova Cidade
Rede viária
34%
Rio principal
Limite da macroárea
5
Km
12
ABA | Boa Vista
Agua, saneamento e higiene Novembro 2022
62+22+16I 69+27+4I
e migrantes de acolhida Nos GFD com arrendatários em Nova Cidade e Centená-
rio, os participantes destacaram condições insalubres de
Boa 62% Boa 69% moradia devido ao colapso de fossas sépticas e ao trans-
Regular 21% Regular 27% bordamento de fossas sépticas durante a estação chuvosa.
Ruim 16% Ruim 4% Além destes problemas na casa, todos os FDGs menciona-
ram outras condições inadequadas de moradia, principal-
mente devido à falta de espaço, vazamentos e inundações
dentro das casas durante a temporada de chuvas.
Tipo de tratamento para água de consumo humano:
Acesso às práticas de higiene
A maioria (82%) dos grupos refugiados e migrantes rela-
taram que não tratam sua água de forma alguma, ao con- Disponibilidade de um lavatório próximo do vaso sani-
trário de 58% dos grupos de acolhida que também não tário (menos de dez passos):
tratam sua água. Nos grupos de acolhida, o tratamento
mais comum era a filtragem (27%), enquanto que nos lares
de refugiados e migrantes, era ferver a água (8%). Grupos refugiados Grupos
77+23+I 84+16+I
e migrantes de acolhida
13
ABA | Boa Vista
Riscos de proteção Novembro 2022
Mapa 9. % de grupos refugiados e migrantes que não conhecem canais para denunciar violência violência baseada no gênero e % de grupos refu-
giados e migrantes que conhecem autoridades que poder ajudar em caso de discriminação ou problemas de segurança
´
% de grupos que NÃO tem
conhecimento de canais de
União
oficiais e não oficiais para
União
Cauamé denunciar casos de violência
São Francisco
83% baseada no gênero
38%
89%
100%
80%
50%
Centenário 20%
Silvio Leite
38% % de grupos que tem
42%
Pintolândia conhecimento de autoridades
67%
que podem ajudá-los em caso
de discriminação ou problemas
de segurança
0% - 20%
21% - 40%
Nova Cidade 41% - 60%
40% 61% - 80%
81% - 100%
Área excluida da
amostragem
Rede viária
5
Rio principal
Km Limite da macroárea
14
ABA | Boa Vista
Meios de vida e integração Novembro 2022
Acesso a renda
% de grupos com alta dependência econômica
88% dos grupos refugiados e migrantes e 87% dos grupos (mais de três pessoas por membro que recebeu
de acolhida informaram que os membros tiveram alguma uma renda do trabalho)12:
fonte de renda no mês anterior à coleta de dados.
Grupos refugiados e migrantes 57%
Principais fontes de renda relatadas pelos grupos durante Grupos de acolhida 45%
o mês anterior à coleta de dados10:
25+54+21I
apesar do fato de que a maioria deles sai à busca de tra-
balho diariamente. Isto acontece, por exemplo, no caso de
pedreiros e pintores, que às vezes ficam semanas sem con- Baixo 25 %
seguir um emprego. Em resposta, alguns comentaram que Médio 54 %
eles reduzem o preço de seus serviços de trabalho a fim de Alto 21 %
conseguir o seu sustento.
15
ABA | Boa Vista
Mecanismos de enfrentamento Novembro 2022
Uso de mecanismos por parte dos grupos % de grupos que relataram ter adotado
mecanismos de enfrentamento no mês anterior
Principais mecanismos de enfrentamento usadas pelo à coleta de dados:
grupo no mês anterior à coleta de dados10:
Grupos refugiados e migrantes 73%
Os mecanismos de enfrentamento são ações tomadas pe- Grupos de acolhida 42%
los grupos para atender suas necessidades em meio a uma
situação problemática ou de choque.
podem ser mais difíceis de reverter. Este último grupo in-
Grupos refugia- Grupos de clui ações como enviar crianças para outra família, mendi-
Principal mecanismo gar ou recolher lixo ou alimentos na rua, e se envolver em
dos e migrantes acolhida
atividades que possam colocar sua integridade em risco,
Pedir emprestado dinheiro 39 % 21 % ou que o grupo prefere não mencionar.
Compartilhar despe- Proporção de grupos que adotaram mecanismos de
17 % 2%
sas com outras casas enfrentamento no mês anterior à coleta de dados (classi-
ficação de acordo com a estratégia mais severa relatada):
Mudar o local de residência 16 % 0%
Grupos refugiados Grupos de
Receber ajuda de e migrantes acolhida
15 % 15 %
membros da família 22 % Nenhum 50 %
36 % Estresse 34 %
Vender bens da família 15 % 13 % 27 % Crise 6%
9% Emergência 2%
Dependendo de suas características, os mecanismos de en- 5% Sem dados15 8%
frentamento podem comprometer a capacidade dos gru-
pos de lidar com dificuldades futuras. Eles são, portanto,
classificados em: 1) mecanismos de estresse, que geral- Ao analisar a adoção de mecanismos de enfrentamento
mente envolvem a redução de recursos ou o aumento da nos grupos refugiados e migrantes de acordo com as ca-
dívida e correspondem a usar a poupança, receber ajuda racterísticas do grupo, foi identificado que uma maior taxa
da família ou da comunidade, pedir dinheiro emprestado, de dependência econômica doméstica estava associada a
crédito para comprar alimentos e vender bens domésticos; uma maior prevalência do uso de estratégias. Verificou-se
2) mecanismos de crise, que estão diretamente associa- também que os grupos com crianças menores de cinco
dos à redução da produtividade futura do grupo e incluem anos tinham um uso geral mais elevado de todas as estra-
mecanismos como compartilhar despesas com outras fa- tégias, independentemente de sua severidade. O mesmo
mílias, trabalhar por alimentos, abrigo e bens, mudar de se aplicava aos grupos chefiados por mulheres. Finalmen-
casa e colocar as crianças para trabalhar; e 3) mecanismos te, descobriu-se também que metade dos grupos chefia-
de emergência, que além de afetar a produtividade futura dos por pessoas com deficiência relataram ter usado pelo
menos uma estratégia de emergência.
Mapa 10. % de grupos refugiados e migrantes que relataram ter adotado mecanismos de crise e emergência e renda média relatada pelos grupos
refugiados e migrantes no mês anterior à coleta de dados
´
% de grupos que relataram
ter adotado mecanismos de
União crise e emergência no mês
Cauamé
União
33%
São Francisco anterior à coleta de dados
66% 31%
100%
80%
50%
Centenário
20%
Silvio Leite
20% 33% Renda média relatada
Pintolândia
33%
pelos grupos no mês
anterior à coleta de dados
R$ 600 - $900
R$ 901 - 1200
R$ 1201 - 1500
Nova Cidade R$ 1501 - 1800
39%
Mais de R$ 1800
Área excluida da
amostragem
Rede viária
Rio principal
5
Km Limite da macroárea
16
ABA | Boa Vista
Assistência humanitária Novembro 2022
4540+ 11+
Comida 45 %
Dinheiro em cartões pré-pagos 40 %
Grupos de acolhida 5%
Itens não alimentares 11 %
Por sua vez, as informações coletadas nos GFD aponta-
A principal fonte deste apoio foram as organizações não go- vam para outras formas de apoio destinadas a soluções
vernamentais (30%), seguidas pela igreja (13%) e por membros duráveis, tais como treinamento em empreendedorismo (5
brasileiros da comunidade (13%). Noventa e seis por cento dos GFD), acesso a programas de saúde (5 GFD) e mais infor-
grupos relataram estar satisfeitos com a assistência recebida. mações sobre agentes humanitários (5 GFD).
4742+ 3720+ 10
33 % Alimentos 56 % Amigos e familiares 47 %
33 % Atenção médica 44 % Facebook 42 %
31 % Emprego 21 % WhatsApp 37 %
26 % Dinheiro 19 % Televisão 20 %
18 % Itens não alimentares 10 % Líder religioso 10 %
Preferencias dos grupos no caso receber assistência no Formas preferidas de comunicação para aprender sobre
futuro10: as ações humanitárias:
A necessidade de comunicação cara a cara com as organi-
Grupos refugiados Grupos de zações humanitárias foi destacada na maioria (6) dos GFD
e migrantes acolhida realizados. Por sua vez, os grupos refugiados e migrantes pes-
68 % Alimentos 53 % quisados confirmaram estes desejos de mais comunicação in-
43 % Dinheiro 37 % terpessoal, pois destacaram o desejo de aprender sobre ações
35 % Voucher para alugel 8% humanitárias em sua comunidade através das seguintes for-
27 % Serviços 51 % mas de comunicação: 1) WhatsApp, 72%; 2) Chamadas telefô-
10 % Itens não alimentares 10 % nicas, 33%; e 3) Cara-a-cara, 27%.10
Referências
1 R4V. Plano de Reposta a Refugiados e Migrantes (RMRP, da sigla em inglês). 2022.
2- Governo do Brasil. 2022. Subcomitê Federal Para Recepção, Identificação e Triagem Dos Imigrantes Migração Vene-
zuelana. Janeiro 2017 - Agosto 2022.
3- Veja, por exemplo, o analise do Jornal O Globo em 2021.
4- Operação Acolhida. Painel da Estratégia de Interiorização. Agosto 2022.
5- Veja o Perfil dos abrigos em Roraima, regularmente atualizado, e os relatórios mensais da OIM sobre população fora
de abrigos, em ocupações espontâneas e morando nas ruas.
6- A unidade de analise dos questionários foi o hogar, entendido como o “conjunto de pessoas, parentes ou não, que
ocupam em sua totalidade ou em parte uma moradia e compartilham pelo menos as refeições principais e/ou outras
necessidades básicas comuns”. Seguindo o exemplo do R4V’s JNA, a palavra hogar foi traduzida como “grupo”.
7- Veja a divisão dos bairros em macroáreas pelos CRAS aqui.
8- As perguntas sobre cada uma das dificuldades foram realizadas de forma independiente, pelo qual os resultados
soman máis de 100%.
9- As equivalências com o sistema escolar brasileiro são as seguintes: primaria, corresponde ao ensino fundamental de
1º - 5º ano; secundaria, ao ensino fundamental de 6º - 9º ano; media, ao ensino médio, de 1º - 3º ano; técnico ou tec-
nológico, que é conhecido da mesma forma no Brasil; e superior ou universitário, que corresponde ao ensino superior.
10- Os entrevistados podiam escolher várias opções de resposta, portanto os resultados somam mais de 100%.
11- Como este programa não estava em vigor no momento da coleta de dados, perguntamos se as pessoas haviam
recebido pelo menos uma prestação de ajuda de emergência durante a pandemia COVID-19..
12- Indicador indireto dos níveis de renda do grupo, calculado com a informação do número de membros que rece-
beram uma renda do trabalho durante o mês anterior à coleta de dados foi tomado como referência. São classificados
como grupos com alta dependência econômica aqueles em que o número de pessoas por membro empregado é maior
que três.
13- Cálculo da renda total dos grupos, com base nos dados de 149 grupos refugiados e migrantos e de 54 grupos de
acolhida que declararam ter uma renda no mês anterior à coleta de dados.
14- Taxa de câmbio para novembro 2022 1 USD=5.339 BRL.
15- Questionários com resposta Outro, Não sabe, e Se recusa a responder.
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