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RAFAEL AUGUSTO VALENTIM CRUZ MAGDALENA

FOTO CAPA

TECNOLOGIA EM
MEIO AMBIENTE
UNIDADE 12

CIDADES INTELIGENTES
“SMART CITIES”

1. REDE IoT- INTERNET DAS COISAS


O avanço tecnológico que a humanidade está desenvolvendo tem grande potencial
para mudar de forma radical as práticas cotidianas, transformando as estruturas so-
ciais e econômicas. Gradativamente, o que era tido apenas como possibilidades de um
futuro distante começam a ser incorporadas no cotidiano, como a robótica avançada,
inteligência artificial, entre outros.

A Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) é uma dessas tecnologias que está
relacionada a uma nova era da internet denominada de web 3.0, que está no foco de
diversas empresas privadas e governamentais ao redor do mundo. A ideia de IoT já
exista há muito tempo, uma coleção de avanços recentes em diversas tecnologias dife-
rentes tornou-a prática, como sensores de baixo custo e baixa potência, conectividade,
plataformas de computação em nuvem, Inteligência Artificial (IA) conversacional, entre
outros.

Não existe um conceito unânime sobre a internet das coisas, para Magrani (2018, p.
45):

[...]do ponto de vista da normalização técnica, a IoT pode ser vista como uma
infraestrutura global voltada para a era digital, permitindo serviços avançados
por meio da interconexão físicas ou virtuais com base na tecnologia de in-
formação e comunicação interoperáveis existentes e em constante evolução.

Entretanto, existem pontos em comum entre todos, possibilitando compreender a IoT


como a interação e o processamento de informações e dados de objetos, computadores
e sensores em um ambiente de hiperconectividade.
IMPORTANTE

Vale ressaltar que uma rede são os objetos físicos incorporados a sensores, software
e outras tecnologias com o objetivo de conectar e trocar dados com outros dispositivos
e sistemas pela internet. Esses dispositivos variam de objetos domésticos comuns a
ferramentas industriais sofisticadas.

A hiperconectividade é um termo considerado novo, em que descreve a disponibilidade


que o indivíduo tem para se conectar em qualquer momento, trazendo grande riqueza
de informações, gerando grande conteúdo de dados e fluxo contínuo de informações.
Esse processo de hiperconectividade pode ocorrer entre indivíduos, entre máquina e
indivíduo e entre máquinas. Como a hiperconectividade não é um termo definido tecni-
camente e varia com as possiblidades tecnológicas, é importante, quantificar ou colocar

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valores atuais como referência. Por exemplo, hoje existem mais de 10 bilhões de dis-
positivos IoT conectados, os especialistas esperam que esse número cresça para 22
bilhões em 2025.

A Internet das Coisas está além das funções atribuídas às casas inteligentes ou a itens
como geladeiras, que controlam o estoque de alimento e indicam o que precisa ser com-
prado na lista da semana. Tal tecnologia traz, de forma progressiva, a automação da vida
social e da economia por meio da comunicação máquina-máquina, impactando no trans-
porte, na produção industrial, na agricultura, na saúde, na logística, entre outros.

Entretanto, para que a IoT seja uma prática cotidiana, necessita-se que cada vez mais
se tenha um ambiente adaptado a essa tecnologia, como um grande número de disposi-
tivos com acesso à internet. Porém, muitos ainda não possuem este acesso. Dessa for-
ma, a democratização da internet se torna fundamental para esse avanço tecnológico.

O conceito de big data aparece nesse cenário de hiperconetividade e se relaciona com


o IoT. Para compreender o que é o big data, existem 5Vs que auxiliam na identificação
e na utilização dos métodos para análise de dados estruturados e não estruturados.

Figura 01. 5Vs para a compreensão do big data

Fonte: elaborada pelo autor

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A base dessas informações são, sobretudo, os conteúdos e os dados que os sujeitos


acessam tanto de forma online como offline, ou seja, tudo que é feito deixa vestígios.
Exemplos desses vestígios são as pesquisas realizadas, as compras concluídas, os
likes, entre outros, que são armazenados e convertidos em gráficos e tabelas que pos-
sibilitam a compreensão do fenômeno analisado. Esse processo de transformação de
dados brutos é chamado de data science.
EXEMPLO

O mecanismo da IoT com a data base pode ser vivenciado no cotidiano de um sujeito
que acessa à internet, após uma pesquisa sobre pressão alta, por exemplo, sendo
possível então a página apresentar remédios e soluções para a sua busca.

O mercado econômico explora a customização automática nas plataformas digitais de con-


teúdos e a personalização para capitalizar com a filtragem publicidade direcionada por meio
de mídia programática, rastreamento de cookies, entre outros. As projeções na economia são
impressionantes com este cenário da hiperconectividade. Segundo Magrani (2018, p. 24), “[a]
estimativa de impacto econômico global corresponde a mais e U$ 11 trilhões em 2025”.

A IoT, como todas as tecnologias, pode apresentar muitos benefícios e desafios que
cabe à sociedade como um todo analisar, criticamente, essa tecnologia em desenvol-
vimento para encontrar caminhos para um crescimento sustentável para a sociedade
e que os benefícios possam superar os desafios. Entretanto, um ponto que deve ser
analisado é que a tecnologia digital não garante que a vida das pessoas será mais fácil,
assim como se torna inviável os custos em conectar dispositivos que retornem poucos
benefícios. Além do que, o interesse em coisas tidas como não essenciais e que não
apresentam benefícios substanciais acabam rapidamente, não tendo uso duradouro.

Figura 02. Benefícios e desafios da IoT

Fonte: elaborada pelo autor

Embora a IoT seja uma cultura relativamente nova e ao mesmo tempo compreendendo
que cada vez mais ela participa das interações entre pessoas, sensores e máquinas,
alterando a forma como as decisões são tomadas assim como as ações praticadas, fa-

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z-se necessário pensar nas questões éticas que envolvem esse cenário. Tais questões
precisam ser observadas constantemente, pois, como é uma tecnologia em desenvolvi-
mento, não é conhecido plenamente seus riscos e benefícios potenciais.

Ao passo que a tecnologia se desenvolve, é necessário construir regulações jurídicas


que possibilitem o desenvolvimento da tecnologia, do mesmo modo como assegure que
os direitos fundamentais de cada sujeito sejam protegidos e garantidos. A segurança e
a proteção dos dados pessoais precisam ser marcantes na IoT, assim como na visão do
direito fundamental, cuja vulnerabilidade dos dispositivos e sistemas demonstram um
grande trajeto a seguir em busca da solidez dessa tecnologia.

O Brasil não está de fora desse novo cenário, entretanto, segundo o índice de Competi-
tividade Mundial 2020, o nosso país continua sendo um dos países menos competitivos
do mundo – dentre as 63 nações avaliadas, o Brasil está na posição 56. Para essa
avaliação são utilizados mais de 340 critérios em amplos aspectos de competitividade.

Acrescentando ao panorama, o Índice Global de Inovação indica que o Brasil se encon-


tra na posição 62. Essa posição, contudo, não deve ser comemorada, pois o país está
perdendo de forma gradativa a capacidade inovadora, principalmente, para economias
consideradas emergentes. No ano de 2011, o Brasil estava na posição 47. A posição 62
ocupada em 2020 pelo Brasil é a pior colocação nos últimos 10 anos. Essa pesquisa
analisa 80 indicadores e foram avaliados 131 países.

Saiba mais sobre o Anuário de Competitividade Mundial 2020 (World Competitive-


ness Yearbook – WCY), visite: https://nucleos.fdc.org.br/wp-content/uploads/2020/06/
SAIBA MAIS

Relat%C3%B3rio_Analise_IMD-2020.pdf. Acesso em: 1 jun. 2021.

Para ampliar seu conhecimento sobre o Índice Global de Inovação 2020, clique em: ht-
tps://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2021/03/brasil-tem-pior-nota-em-inova-
cao-em-dez-anos-e-perde-destaque-entre-emergentes.shtml. Acesso em: 1 jun. 2021.

Analisando os dados referentes à competitividade e à inovação, é possível compreen-


der que o Brasil está distante desse cenário de hiperconectividade e novidade, sendo
proposta por vias privadas ou públicas. Contudo, com as estruturas e incentivos corre-
tos, a economia do país possui grande potencial aliando a esse cenário a internet das
coisas, propiciando assim um aumento da produtividade, que permite a ampliação e a
criação de novos mercados incentivando a inovação.

Magrani (2018, p. 78) apresenta a hipótese de como o Brasil deve se movimentar nesse
cenário e as preocupações que devem apresentar que vai além da infraestrutura, «[...]
não basta para o Brasil apenas investir nos setores de serviços por meio da IoT. Deve
haver outras preocupações que envolvam, além da infraestrutura da inovação nacional
e da educação, questões jurídicas e técnicas”. Para o autor, é fundamental para o Brasil
repensar alguns pontos destacados na Figura.

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Figura 03. Pontos a serem desenvolvidos no Brasil para a IoT

Interoperabilidade entre
as máquinas.

Ética na comunicação
máquina a máquina.

Fonte: elaborada pelo autor


Diagnóstico das políticas públi-
cas na seara tecnológica do país.

Reavaliação do cenário de desen-


volvimento tecnológico nacional.

Ética na utilização de dados


pessoais dos usuários.

O Brasil precisa acelerar a retomada de sua posição inovadora e competitiva, pois a IoT
impactou profundamente a sociedade, chegando até a ser fomentado o conceito, ainda
em construção, de Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0.
Figura 04. As quatro Revoluções Industriais

Fonte: elaborada pelo autor

Nesta quarta revolução, a inovação se desenvolve rapidamente e possui como carac-


terísticas o desenvolvimento da inteligência artificial, pela produção de dispositivos e
sensores cada vez menores e de baixo custo, assim como fábricas que são totalmente
automatizadas, sem que o homem interfira diretamente no processo de produção. Há
também conexão de variadas tecnologias sendo elas digitais ou físicas, produção de
máquinas inteligentes e que são conectadas, entre outras.

O Brasil apresenta como plano para a infraestrutura ampliar a malha brasileira de fibra
óptica, que auxiliará na melhor qualidade da internet, promovendo um ambiente mais
adequado para a IoT. A ampliação da malha brasileira está relacionada com o 5G, que

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é o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga, que
as empresas de telefonia celular começaram a implantar em todo o mundo no final do
ano de 2018, e é o sucessor planejado das redes 4G que fornecem conectividade para
a maioria dos dispositivos atuais.

Devido ao aumento da largura de banda, espera-se que as redes 5G não atendam,


exclusivamente, a telefones celulares como as redes movéis existentes, mas também
sejam utilizadas como provedoras de serviços gerais de internet para laptops e compu-
tadores desktop, competindo com fornecedores de acesso à internet (ISPs) existentes,
como internet a cabo, além de possibilitar novas aplicações em internet das coisas (IoT)
e áreas de máquina a máquina (M2M).

Além da ampliação da malha de fibra óptica, o Brasil possui o Programa Brasil Mais,
que se propõe a popularizar a conexão com a internet, levando conexão de banda larga
a 95% da população. Esse programa possui dois eixos de atuação: Melhores Práticas
Produtivas e Melhores Práticas Gerenciais.

O “Brasil Mais” é uma iniciativa do Governo Federal que visa aumentar a produtividade
e a competitividade das empresas brasileiras com a promoção de melhorias rápidas,
SAIBA MAIS

de baixo custo e alto impacto. Saiba mais sobre esse programa, acesse o link a seguir.

BRASIL. Quer melhorar a gestão e a produtividade da sua empresa? Brasil Mais,


[s. d.]. Disponível em: https://brasilmais.economia.gov.br/. Acesso em: 1 jun. 2021.
Acesso em: 22 jul. 2021.

2. TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO


O advento e o avanço da internet promoveu um acesso facilitado de diversos tipos de
dados e tecnologias, ou seja, o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs), que podem ser definidas como:
[...] o conjunto total de tecnologias que permitem a produção, o acesso e a
propagação de informações, assim como tecnologias que permitem a comu-
nicação entre pessoas. Com a evolução tecnológica, surgiram novas tecno-
logias, que se propagaram pelo mundo como formas de difusão de conhe-
cimento e facilitaram a comunicação entre as pessoas, independentemente
de distâncias geográficas (RODRIGUES, 2016, p. 15).

Ampliando este conceito, é possível aplica-lo também para as cidades, as chamadas


Smart Cities ou cidades inteligentes. Quando a gestão urbana se articula com as TICs,
um grande número de projetos são criados e desenvolvidos. Mas, por causa da grande
variedade se torna de difícil classificação, quer seja pela escala, nível, alcance, grau de
participação das comunidades que estão na localidades, ou outros fatores.

Além das variedades encontradas nos projetos destacadas anteriormente, outro desafio
para a classificação é o estágio em que cada país encontra-se na hiperconectividade
em prol das cidades inteligentes. No mundo, cada país está em um estágio, existem

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países que nem começaram o movimento e outros que mesmo possuindo algumas po-
líticas voltadas para as cidades inteligentes não conseguiram implementar totalmente,
pois ainda estão caminhando em projetos-pilotos.

As cidades inteligentes surgiram a partir de uma iniciativa de agências governamentais


e empresas do setor privado advindas das tecnologias e as pessoas sendo cada vez
mais adeptas às inovações. Decidira-se, então, fazer o uso dessas tecnologias em prol
da sociedade e, de certa forma, melhoram a qualidade da infraestrutura das cidades e
também a qualidade de vida das pessoas, facilitando o acesso à informação e serviços.

Os países desenvolvidos fazem o uso dessas tecnologias em suas cidades com alta de-
manda de pessoas, podendo ser essenciais para o trabalho uniforme e organização de pes-
soas, com a alta eficácia em transmitir as informações que a população está procurando.
IMPORTANTE

As Smart Cities têm como principal conceito o uso astucioso de infraestrutura, siste-
mas de informação e comunicação para melhorias nas condições sociais e econômi-
cas da sociedade.

Bencardino e Greco (2014, p. 40) afirma que três abordagens diferentes podem ser ob-
servadas nas cidades inteligentes: a primeira voltada para a utilização das TICs e infra-
estrutura, apresentando foco no hardware; a segunda apresenta o capital humano como
centro das ações assim como as inovações sociais que avançam simultaneamente. A
terceira é uma integração das duas anteriores a fim de auxiliar a estratégia da cidade.

Atualmente, as cidades inteligentes constituem um elemento importante para o conceito


de sustentabilidade voltado para as cidades, pois integra vários movimentos crescentes
e outros já consolidados.

Figura 05. Conceitos associados nas cidades inteligentes

Crescente difusão Ações de gestão


Inovação social
e capacidade de e planejamento de
Revolução digital e integração de
computação das espaços urbanos
mecanismos
novas tecnologias

Fonte: elaborada pelo autor

Analisando o conceito de cidades inteligentes, é possível perceber que elas são mode-
los que devem ser alcançados. No entanto, para alcançar esse patamar de cidade inteli-
gente, o desenvolvimento deve ser setorizado, elegendo focos de atenção e dimensões
que devem ser mobilizadas, por exemplo, a área da mobilidade urbana, implementando
um serviço de transporte e sistemas inteligentes, formando um sistema urbano de mo-
nitoramento, uma rede elétrica inteligente, entre outras.

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É partir de focos de desenvolvimento que será possível montar uma rede urbana inteli-
gente em que, por meio da sinergia entre os projetos, grupos de interesse, sendo eles
associações, cidadãos, universidades, governos e empresas, inovação local, monitora-
mento do big data, entre outros, possibilitarão a integração entre eles, propiciando uma
governança e estratégia únicas, a fim de amenizar ou quem sabe resolver os problemas
urbanos, além de auxiliar no desenvolvimento de tecnologias que possibilitarão oferecer
melhor qualidade de vida para a sociedade.

É importante salientar que as Smart Cities usam a tecnologia para desenvolver cidades
sustentáveis e limpas. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2020,
p. 6) existem algumas características e fatores para se instituir uma Cidade inteligente:

Economia Inteligente Ambiente Inteligente

Pessoas Inteligentes Mobilidade inteligente

Governança inteligente Modo de Vida Inteligente

Ainda de acordo com o Ministério (BRASIL, 2020, p. 6), a Economia Inteligente está ba-
seada no espírito inovador, empreendedorismo, produtividade, integração internacional
entre outros. O capital social e humano compreendido como Pessoas Inteligentes pre-
cisa apresentar como característica o nível de qualificação, pluralidade social e étnica,
criatividade, participação na vida pública, entre outros. A atratividade das condições na-
turais, nível de poluição, proteção animal e gerenciamento de recursos sustentáveis são
a base do Ambiente Inteligente. A Mobilidade Inteligenteintegra os transportes e TIC,
sendo composto por acessibilidade local, sistemas de transporte inovadores, seguros e
sustentáveis, entre outros.

A qualidade de vida, por sua vez, é o elemento principal do Modo de Vida Inteligente,
que é formado por instalações culturais, segurança individual, qualidade da habitação,
entre outros. Por fim, a Governança Inteligente necessita da participação na tomada de
decisões, serviços públicos e sociais, governança transparente, entre outros.

Ampliando um pouco mais, a interação dos conceitos de cidades inteligentes e desen-


volvimento sustentável são contemporâneos. Segundo Genari et al. (2018, p. 77), os
estudos que trabalhavam de forma concomitante a esses conceitos se intensificaram
entre os anos de 2014 e 2015. Mesmo que os estudos demonstrem a integração entre
os temas cidades inteligentes e sustentabilidade, verifica-se que ainda se apresentam
desafios oriundos deste contexto.
[...] o desenvolvi-mento e aplicação de métodos que auxiliem a avaliar se
uma smart city é, de fato, sustentável; a criação de estratégias para o forta-
lecimento das competências governamentais e o aperfeiçoamento de mode-
los de governança que propiciem o desenvolvimento sustentável das smart
cities (GENARI et al., 2018, p. 81).

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Compreendendo que a relação das cidades inteligentes e desenvolvimento sustentável


apresentam muitos desafios, ela se apresenta como grande área para desenvolvimento
de pesquisa em estudos. Genari et al. (2018, p. 81) apresenta algumas oportunidades
de pesquisa que relacionam as cidades inteligentes com as dimensões social e eco-
nômica da sustentabilidade, que trabalhem as relações existentes entre os atributos
das cidades inteligentes e a capitação de investimentos privados, que compreendam
o papel dos capitais relacionais e sociais no desenvolvimento das cidades inteligentes,
entre outros.

No Brasil, o Sistema Integrado de Monitoramento do Ministério da Ciência, Tecnologia,


Inovações e Comunicações (SIMMC) monitora e recebe dados de projetos como Cida-
des Digitais,Telecentros, entre outros, transformando em base de dados para o SIMMC.
Esse sistema permite o acompanhamento do projeto e fiscaliza o funcionamento deles,
possibilitando que os desenvolvedores do projeto possam controlar o que ocorre no
planejamento nas mais variadas cidades que estão implantados de forma econômica.

O Cidades Digitais é um projeto promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia,


Informação e Comunicação (MCTIC). Teve início em 2012 e, em todo o país, conta
com 334 cidades participantes, selecionadas a partir de duas chamadas pública, ba-
seando-se nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e o acesso à internet e no
número de habitantes.
SAIBA MAIS

Conheça mais detalhes do Projeto, visitando: https://cidadesdigitais.c3sl.ufpr.br/#so-


bre. Acesso em: 1 jun. 2021.

O Ministérios de Minas em Energia - MME em 2020 apresentou um informe técni-


co sobre as Cidades Inteligentes e Sustentáveis aprofundando este tema. Saiba
mais em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/
Documents/IT1%20-%20O%20que%20sa%CC%83o%20Cidades%20Inteligentes_
rev2020_10_30%20%282%29.pdf. Acesso em: 21 jun. 2021.

3. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Com o passar das décadas, o avanço tecnológico auxiliou profundamente na produção
de conhecimento e este tem se tornado o fundamento da sociedade. “A produção inten-
sa de conhecimento científico e tecnológico vivenciada pela sociedade nos dias atuais
dá a esta uma característica que lhe permite a denominação de sociedade do conheci-
mento” (CASTELLS, 2002, p. 41).

Nessa sociedade dinâmica, o termo Sistemas de Informação é intrínseco e natural.


Porém, para melhor compreender o termo Sistemas de Informação é necessária uma
análise das partes que o constroem, sendo assim, a palavra Sistema pode ser com-
preendida como um grupo de partes que são interdependentes e que, quando atuam
juntas, funcionam como um todo que possui um objetivo/função.

A palavra informação pode ser compreendida como algum dado que foi coletado e pro-
cessado se tornando útil para um determinado contexto e usuário, ou seja, nada mais é

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que um dado com valor agregado e a maneira/forma que esta informação será utilizada
produzirá inevitavelmente algum tipo de conhecimento. Neste contexto, é preciso escla-
recer o conceito de dado, que é referente à descrição dos fenômenos, sendo estes de
diferentes origens.

Figura 06. Fases do sistema de informações

Fonte: 123RF

O termo Sistemas de Informação é muito amplo e não se limita a um conceito único.


Segundo Spinola e Pessôa (1998, p. 98), um “[...] Sistema de Informação (S.I.) é um sis-
tema que cria um ambiente integrado e consistente, capaz de fornecer as informações
necessárias a todos os usuários”.

Já de acordo com Schutzer e Pereira (1999, p.149), “é um sistema integrado homem-
-máquina que fornece informações de suporte a operações, gerenciamento, análise e
funções de tomada de decisões em uma organização”. Logo, é evidente que o termo
Sistemas de Informação pode ser aplicado a diferentes áreas do conhecimento, ou seja,
na área tecnológica, social ou econômica. Dentro desse contexto, surgem os sistemas
de informações transacionais, sistema de processamento de transações, sistemas de
informação geográfica, sistema de informação gerencial etc.

Os Sistemas de Informação podem ser manuais ou informatizados, tal decisão está rela-
cionada ao grau de complexidade, agilidade e recursos disponíveis ao alcance do usuá-
rio, ambos os modelos apresentam um significativo aprimoramento. No modelo manual
existem três pilares essenciais: o peopleware, ou seja, os recursos humanos, pessoal
de coleta e processamento da informação e usuários finais; bases de dados, ou seja, o
conjunto de dados armazenados; e os métodos e procedimentos, ou seja, a definição dos
procedimentos de entrada, processamento e geração dos dados e informações.

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Figura 07. Pilares do sistema de informação manual

Fonte: elaborada pelo autor


No caso dos Sistemas de Informação informatizados existem cinco pilares essenciais:
` O hardware: que se refere à parte física de computadores e outros sistemas microeletrônicos.

` O software: ou seja, um conjunto de instruções organizadas de forma lógica para serem


inteligíveis pela CPU (Central Process Unit ou Unidade Central de Processamento), os
chamados programas de computador.

` O peopleware: isto é, os recursos humanos, pessoal de processamento (analista, progra-


madores etc.), usuários finais (digitadores, operadores, digitalizadores etc.).

` As bases de dados: que é o conjunto de dados armazenados; e os métodos e procedi-


mentos – a definição dos procedimentos de entrada, processamento e geração dos dados
e informações.

Figura 08. Pilares do Sistema de Informação Informatizado


Fonte: elaborada pelo autor

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Cidades Inteligentes “Smart Cities” U12

Um exemplo de Sistemas de Comunicação que transmite e processa informações é o


Sistema de Posicionamento Global, mais conhecido como sistema de GPS – ele é
dedicado à aquisição de medidas e orientação sobre a superfície terrestre. Quando foi
desenvolvido em 1940, reuniu uma série de outros sistemas similares de navegação,
sendo que foi o setor militar dos Estados Unidos da América o responsável por desen-
volver o sistema de GPS que teria função primeiramente militar, porém, com a passa-
gem das décadas em 1980 o sistema foi disponibilizado para uso civil. São necessários
três elementos para que sistema de GPS funcione:

Figura 09. Componentes do Sistema de GPS

Espacial Controle Utilizador


Fonte: elaborada pelo autor

O componente espacial é identificado como sendo os 27 satélites que estão em ór-


bita, sendo que 24 deles estão em funcionamento e três estão em apoio no caso da
necessidade de alguma substituição. Esta constelação de satélites pretende garantir
que sempre existirá um cobertura de sinais para qualquer parte do planeta.

O componente de controle é composto por bases de processamento que são respon-


sáveis por atualizar, corrigir e sincronizar a orbita dos satélites. O componente utili-
zador é o equipamento que receberá os sinais do sistema de GPS, ou seja, é através
deste equipamento que os dados de navegação e medidas serão exibidos.

Os sinais emitidos pelos satélites e receptores são processados considerando o tempo


e a distância para a emissão e recepção dos sinais. Para que o sistema tenha eficiência
mínima, são necessários três satélites que enviam os dados de navegação e um quarto
satélite envia a altitude em que o utilizador se encontra. Individualmente, os satélites
enviam sinais precisos e contínuos que transmitem importantes informações, como:
` Códigos de precisão, destinados a receptores militares.

` Dados de correção de órbita e generalidades para os satélites.

` Dados coletivos sobre a órbita dos satélites.

` Dados individuais sobre a órbita do satélite.

` Códigos gerais de posicionamento, destinados a receptores de uso civil.

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U12 Cidades Inteligentes “Smart Cities”

Ao capturar os sinais dos satélites, os receptores identificam cada um deles e determi-


nam os elementos de navegação e medidas. Porem, é preciso considerar que determi-
nados dados são codificados para um tipo especifico de usuário:
` O Serviço de posicionamento preciso, ou PPS, é utilizado pelos militares, com capacidade
de acertar alvos com precisão de até 1 metro.

` O serviço de posicionamento padrão, ou SPS, é destinado para o uso dos civis e sua
precisão pode variar em até 100 metros.

Sendo um sistema de informação, é muito importante que os receptores coletem dados


emitidos por satélites que estão posicionados em orbita de forma correta, ou seja, que
tenham recebido suas correções e estejam livres de interferências. Alem de pensar nas
condições dos dados enviados pelos satélites, também é preciso considerar a posição
dos receptores, para que não estejam em áreas de grande interferência que prejudi-
quem a coleta dos dados enviados.

O sistema GPS é composto por um conjunto de satélites lançados ao decorrer das


décadas, por isso, para cada novo satélite o serviço se torna mais aprimorado, ou seja,
quanto maior o numero de satélites maior a quantidade de dados disponíveis para ana-
lise, além de várias outras utilidades para o sistema.

Figura 10. Utilidades para o sistema de GPS

Fonte: elaborada pelo autor

O sistema de GPS tem origem norte-americana, todavia, não é o único – em 2013,


surgiu o Galileo de origem europeia e a Rússia também desenvolveu o seu sistema,
chamado de Glonass.

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Cidades Inteligentes “Smart Cities” U12

É indispensável salientar que os satélites estão suscetíveis a mudanças tecnológicas,


fazendo com que fiquem desatualizados, apresentem falhas e até mesmo atrapalhem
IMPORTANTE

o funcionamento de outros satélites que não estão defasados. Quando são desativa-
dos, viram lixo espacial, o qual é composto de inúmeros objetos que podem incluir,
além dos satélites desabilitados, detritos de naves, objetos metálicos, entre outros.
Estima-se que existem mais de 17.000 objetos compondo o lixo espacial, esse grande
volume de material, que continua em movimento em torno do Planeta Terra, pode ser
o responsável por danos causados em naves ou até mesmo colisões.
COMPLEMENTAR

Assista aos vídeos 1-BIG DATA / 2-Qual a diferença entre sinal analógico e digital? /
ATIVIDADE

3-A revolução dos satélites. Disponível nos links a seguir:

` https://youtu.be/hEFFCKxYbKM. Acesso em: 3 jun. 2021.

` https://youtu.be/p3IQU-PmJGU; https://youtu.be/xtbnUlOi_ag. Acesso em: 3 jun. 2021.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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