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ESTRUTURAR
UMA AULA QUE
FAÇA SENTIDO?
Nathan Willig Lima
COMO
ESTRUTURAR
UMA AULA QUE
FAÇA SENTIDO?
Porto Alegre
“Caminhante, não há caminho, o caminho
se faz ao caminhar”
Antônio Machado
SOBRE O AUTOR
INTRODUÇÃO:
Assim, esse texto não deve ser encarado como um manual, ou uma proposta
acabada em si mesma. Ele é um ponto de partida para quem quer refletir sobre a
prática docente, para quem está iniciando no processo de ministrar aulas, para
quem sente falta de uma estrutura inicial mais clara e objetiva. Nada do que será
apresentado é mandatório, ou compulsório, mas é uma recomendação a partir de
minha própria vivência, é a estrutura básica que uso para minhas aulas. Uma vez
dominada essa estrutura simples, o (a) professor (a) pode se arriscar a avançar em
outras direções e dominar outras técnicas.
Devo ressaltar, também, que as sugestões são apresentadas pensando em
um cenário ideal, em que o (a) professor (a) tem um ambiente de trabalho propício
para desenvolver sua aula com autonomia, e com o tempo necessário. Infelizmente,
nem sempre a realidade é essa. Por isso, o texto também pode ser encarado como
uma sugestão ideal que cada um pode adaptar dentro de seu contexto concreto.
Certamente, muitas discussões importantes da área de Educação ficarão de
fora. Entretanto, reforço, o objetivo neste texto é ser simples e objetivo, apresentar
o que há de mais fundamental (mas que, muitas vezes, é esquecido), introduzir uma
primeira reflexão sobre o tema. O processo de ser professor (a) é um eterno
processo de aprendizagem e de autorreflexão. Não deve acabar nunca. Nenhum
texto jamais poderá dizer de forma definitiva como se dar uma aula ou esgotar o
tema sobre a docência. Mesmo assim, acredito que as orientações incluídas aqui
podem ser úteis para ajudar a organizar alguns pontos fundamentais da didática
contemporânea. Para aqueles que sentem falta de um texto introdutório e de
orientações práticas objetivas para estruturação da aula, entendo que esse texto
pode ser útil.
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Capítulo 1:
1
Ontologia é a área da filosofia que fala sobre o estudo do ser.
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podem ser depositadas. Parece, pelo menos do ponto de vista etimológico, que
educar e ensinar são práticas completamente distintas, possivelmente, até opostas.
Desafiando essa distinção etimológica, entretanto, Herbart, há mais de um
século, propôs a noção de um “ensino educativo” ou “instrução educativa”
(HILGENHEGER, 2010)2. A ideia é que, por meio do ensino, isto é, de instrução, de
discussão sobre conhecimentos técnicos, específicos e disciplinares, possamos
também desenvolver as virtudes dos (as) educandos (as).
Trazendo essa reflexão para nossa realidade contemporânea, podemos, em
uma aula de ciências, por exemplo, promover reflexões sobre a sociedade atual,
sobre questões ambientais, sobre a relação da tecnologia com a sociedade, sobre
o desenvolvimento da ciência, sobre o papel da ciência em nossa sociedade. Pode-
se, ainda, fazer com os (as) educandos (as) pensem sobre problemas
contemporâneos locais concretos e, até mesmo, tomem ações ao final da disciplina
(HODSON, 1994). Ao longo desse processo, os (as) educandos (as) aprendem os
temas técnicos, as especialidades disciplinares, mas também desenvolvem uma
reflexão mais ampla sobre nossa sociedade. Nesse sentido, temos o
desenvolvimento de uma prática cidadã, e, portanto, um ensino educativo.
Deve-se ter clareza que nem todo ensino é educativo. Precisa-se que a prática
pedagógica se direcione em relação a algo que seja significativo, a uma reflexão
que transcenda a própria dimensão disciplinar em si. Por outro lado, não deve se
abandonar de forma alguma o ensino disciplinar. É por meio do ensino que se chega
à educação.
Para quem, assim como eu, atua no campo da educação em ciências e
matemática (Física, Química, Biologia, Ciências, Matemática) esse desafio é ainda
mais substancial. Historicamente, nossas disciplinas são bastante associadas a
uma prática instrucional e tecnicista, principalmente após a segunda guerra mundial
(KAISER, 2006). O grande desafio é usar essas instruções a serviço da educação,
do desenvolvimento de virtudes, de forças de caráter, do engajamento cidadão, e
da reflexão social.
2
Mais sobre Herbart pode ser encontrado em (DALBOSCO, 2018).
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Como mencionado, cidadania e política são duas palavras com sentido muito
próximos. Historicamente, entretanto, pensa-se em política como algo que se refere
à relação apenas dos humanos entre si. Assim, como seria possível um ensino de
Física cidadão?
Alguns filósofos e sociólogos contemporâneos têm proposto a expansão do
conceito de política para o de cosmopolítica (LATOUR, 2004; STENGERS, 2018)3.
Segundo essa visão, não é só a organização humana que faz parte de um processo
coletivo, mas a própria realidade natural. Humanos e não-humanos interagem para
que se forme a concepção sobre o que é a realidade natural e social. Na sociedade
contemporânea, tal hibridização entre o natural e o social é tão grande que entes
naturais, como um vírus, estão no centro do debate político, enquanto a legislação
(um aparato humano) é usada para proteger, por exemplo, a camada de ozônio, um
ente natural (LATOUR, 2013).
Nesse sentido, a ciência é um ator fundamental da sociedade contemporânea.
As ações que são necessárias para mitigar o aquecimento global antropogênico, e
para combater a pandemia de covid-19, entre tantos outros casos, são orientadas
pela ciência. Ao mesmo tempo, elas afetam aspectos econômicos e sociais, sendo
alvo de disputa. Isso tem criado uma tensão sobre o discurso da ciência e
fomentado o desenvolvimento de movimentos antagônicos à ciência e de narrativas
alternativas à ciência e aos fatos – o que alguns chamam de período de pós-verdade
(LIMA et al., 2019b).
Assim, todo ensino de ciências ou educação em ciências faz parte desse
processo cosmopolítico – uma vez que tensiona o debate público sobre a realidade
natural e social. Stengers (2018) defende, ademais, que, na proposição
cosmopolítica, não se defender a priori um tipo específico de organização social. A
realidade e o contrato social são justamente o resultado do processo cosmopolítico.
Ou seja, segundo essa visão, não cabe a um indivíduo específico advogar por uma
solução específica para os problemas reais, mas apresentar os problemas, as
3
Para mais textos sobre o pensamento de Latour, ver (LIMA; OSTERMANN; CAVALCANTI, 2018)
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4
Devo ressaltar que essa visão cosmopolítica não é hegemônica dentro da área de Educação em Ciências.
Outras concepções sobre a relação entre ensino de ciências e política são possíveis; mas tal discussão foge ao
escopo desse texto.
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Capítulo 2:
Co-criação Didática
O que é um (a) professor (a)? Ou que ideia fazemos sobre o que um (a)
professor (a) faz? Eu diria que a maioria das pessoas pensa no trabalho do (a)
professor (a) como o de simplesmente expor ou transferir um certo conhecimento já
estabelecido em uma linguagem fácil e acessível. Nesse sentido, o (a) professor
(a) seria um (a) transmissor (a). Ele (Ela) não teria nenhuma ingerência sobre quais
tópicos deveria ensinar, nem teria muita liberdade para discutir e ampliar esses
tópicos. Tipicamente, o que está definido no currículo e que aparece no livro didático
é o que o (a) professor (a) tem que explicar.
Uma visão diferente e nada usual seria supor que o (a) professor (a) é um (a)
criador (a) livre. Ele (Ela) chega na sua sala e expõe qualquer tópico que tiver
interesse com qualquer abordagem a partir de qualquer material. Liberdade total e
criatividade total seriam permitidas a professores (as) como a de um pintor
contemporâneo diante de um quadro branco.
Essas duas visões são justamente visões extremas que se pode ter sobre o
próprio processo de comunicação (LIMA et al., 2019a). Podemos imaginar que a
fala do (a) professor (a) é totalmente determinada pelo sistema institucional ou que
ela é totalmente livre. Na verdade, ela sempre fica no meio desses dois extremos
(podendo estar mais próximo de um ou de outro).
Quando ministramos uma aula, de fato, temos que nos atentar ao currículo (na
maioria das escolas, mas há exceções), e ao que é esperado antecipadamente
naquele contexto escolar. Nesse sentido, a fala do (a) professor (a) já está
delimitada. Por outro lado, abordagens, reflexões, textos, atividades, discussões,
isso está no campo de liberdade do (a) professor (a). Como ele (ela) organiza a
aula, sua própria fala, a sequência de atividades, que perguntas faz, nada disso está
prescrito em lugar algum. Isso tudo é criação do (a) professor (a). Cada aula é um
ato único. Não existe uma aula igual à outra.
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2 - Nas aulas que você já elaborou, você percebe que foi mais criativo ou seguiu
um caminho mais rígido, próximo aos textos didáticos?
4 - Que características você gostaria que sua aula tivesse? Como você gostaria que
sua aula fosse?
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Capítulo 3:
Plano de Aula
Disciplina:
Nome do (a) Professor (a):
Contexto de implementação didática:
Tema da Aula:
Objetivo técnico geral:
Objetivos técnicos específicos:
Objetivo educacional geral:
Objetivos educacionais específicos:
Material de Consulta do (a) professor (a):
Material de consulta para os (as) educandos (as):
Desenvolvimento:
Avaliação:
Capítulo 4:
remetem ações externas que podem ser observadas. Ao ser capaz de executar
essas ações, podemos inferir que o (a) educando (a) entendeu a primeira lei.
Além disso, em todos os objetivos específicos, determinamos o instrumento
(nesse caso um instrumento simbólico), que o estudante deve usar: forma verbal,
equação, escrita, álgebra. Sabemos exatamente para cada objetivo que tipo de
material devemos coletar para avaliar se o objetivo foi alcançado ou não.
É muito comum que estabeleçamos objetivos genéricos demais, ou muito
abstratos. Embora isso não seja “proibido”, por outro lado, também não parece
benéfico. A importância de estabelecer os objetivos de forma precisa é justamente
para que possamos determinar quais métodos e instrumentos usar bem como que
procedimentos de avaliação são adequados. Se os objetivos não estão precisos,
fica muito mais difícil determinar a metodologia da aula e o instrumento avaliativo a
ser empregado.
Respostas:
A
1. Se você marcou (D), estamos de acordo.
2. Se você marcou (D), estamos de acordo.
3. Se você marcou (E), estamos de acordo. Entender o papel do experimento
no desenvolvimento da ciência não é um objetivo disciplinar, ultrapassando
o limite da instrução tradicional. Pode-se, por exemplo, ao ensinar a Lei de
Coulomb trazer essa discussão para o ensino.
4. Se você marcou (E), estamos de acordo. Ao entender as relações entre
ciência e arte, o (a) educando (a) pode entender a ciência como parte da
Cultura.
5. Se você marcou (E), estamos de acordo. Discutir a interrelação entre
matemática e física extrapola a instrução tradicional e permite que o (a)
educando (a) reflita sobre a natureza da ciência.
6. Se você marcou (D), estamos de acordo.
7. Se você marcou (E), estamos de acordo. Ao discutir o papel dos meios de
comunicação, o (a) educando (a) pode refletir sobre o papel das mídias
digitais na propagação de informações hoje.
8. Se você marcou (E), estamos de acordo. Essa discussão histórica permite
que haja reflexão e debate sobre possíveis práticas estruturais que moldaram
a sociedade e o desenvolvimento da ciência apagando e desvalorizando
grupos específicos.
9. Se você marcou (D), estamos de acordo.
10. Se você marcou (E), estamos de acordo. Ao reconhecer o papel das
metáforas, pode-se perceber e entender o papel da linguagem no
desenvolvimento científico e como é possível estabelecer formas de
compreensão da realidade que sejam criativas.
B
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Capítulo 5:
Uma vez que você tenha o tema da aula que deve ministrar, o próximo passo
é estudar o assunto de forma aprofundada. Antes de se debruçar sobre o material
de estudo, você já pode imaginar e esboçar alguns objetivos iniciais para sua aula.
Depois que você estudar o tema da aula, você deve rever os objetivos propostos,
melhorá-los, retirar alguns objetivos que não façam sentido e acrescentar outros. O
processo de preparação da aula é dinâmico e orgânico. Ao longo do processo de
elaboração da aula podemos sempre voltar a revisitar os passos anteriores.
Que materiais, então, um (a) professor (a) deve usar para estudar o tema de
sua aula? Tipicamente, o primeiro material é o livro didático. Foge ao escopo desse
trabalho discutir o papel do livro didático na educação contemporânea. O (A)
professor (a) deve estar consciente, entretanto, de que há sérios problemas
epistemológicos, historiográficos e políticos na elaboração de muitos livros atuais
(LIMA et al., 2017; MARTINS, 2006). Tendo esse alerta em mente, o (a) professor
(a) pode consultar diferentes livros didáticos do nível para qual vai lecionar (ensino
médio, por exemplo). Sugiro olhar pelo menos três livros para comparar diferentes
abordagens, definições, problemas, etc. Sugiro, também, que o (a) professor (a)
olhe dois livros de ensino superior, para que possa relembrar como os conceitos
são apresentados em um nível mais formal.
A leitura desse material ajuda principalmente no estabelecimento dos
conceitos a serem apresentados e na definição dos objetivos disciplinares.
Tipicamente, os livros didáticos atuais adotam uma perspectiva tecnicista e
instrumentalista (certamente, há exceções), reduzindo-se a apresentar uma
instrução, sem um caráter educativo mais amplo como temos discutido nesse livro.
Portanto, não se deve esperar que esse material seja suficiente para
estabelecer uma discussão educacional mais profunda. Não somente isso, muitas
vezes os livros apresentam visões ingênuas sobre a natureza da ciência ou sobre
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a relação entre ciência e sociedade. Por isso, o (a) professor (a) deve fazer um
estudo crítico desses materiais, não adotando de forma despreocupada os
discursos epistemológicos e políticos subjacentes.
A discussão educacional, por outro lado, pode ser consultada em outros
materiais que não os livros didáticos. Em especial, há bons trabalhos da área de
educação e ensino que trazem reflexões sobre o ensino de diferentes disciplinas.
Por isso, no próximo capítulo, vamos discutir como encontrar trabalhos acadêmicos
na área de ensino e educação.
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Capítulo 6:
Para elaborar sua aula e, principalmente, para refletir sobre quais objetivos
educacionais podem ser propostos, para buscar materiais históricos, ou discussões
sobre a interação entre ciência, sociedade e tecnologia, é muito proveitoso procurar
trabalhos acadêmicos da área de ensino e educação que tratem do tema da sua
aula.
Devemos pensar, também, que, entendendo o (a) professor (a) como
intelectual crítico (a), ele (ela) deve ler diferentes autores e reflexões para, a partir
de sua análise e experiência, formar a sua visão sobre o assunto e traçar suas
reflexões. Mas onde encontrar esses trabalhos?
Primeiramente, você pode procurar por trabalhos em buscadores acadêmicos
como o google scholar (https://scholar.google.com/). Você pode encontrar artigos,
teses, dissertações, trabalhos publicados em eventos. Além disso, você pode
pesquisar revistas especializadas da sua área de ensino.
Por exemplo, se você é da área de ensino de Física, os periódicos Caderno
Brasileiro de Ensino de Física
(https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/issue/view/3147) e Revista Brasileira de
Física (http://www.sbfisica.org.br/rbef/) são fontes fundamentais de pesquisa. Ainda
existem outros periódicos tradicionais da área de Ensino de Ciências, como Revista
Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências
(https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec) , Ciência & Educação
(https://www.scielo.br/j/ciedu/) , Investigações em Ensino de Ciências
(https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/index) , Ensaio
(https://periodicos.ufmg.br/index.php/ensaio) , Alexandria
(https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria) , entre tantos outros.
No portal de cada uma dessas revistas, existe um mecanismo de busca.
Você pode colocar o assunto que pretende estudar, ou o nome de algum autor que
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você já conheça. A partir dessa busca, você encontrará os artigos da revista que
trazem os termos procurados.
Caso você não seja da área de ensino de ciências ou queira procurar em
outros periódicos, a melhor forma de busca, na minha opinião, é por meio de
pesquisa nos periódicos considerados A1, A2 e B1 no Qualis Capes (um sistema
de classificação de periódicos da CAPES, sendo A1 o mais alto extrato). Você pode
acessar o portal do Qualis capes
(https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQ
ualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf) . Você deve colocar a classificação do último
quadriênio, selecionar “Ensino” ou “Educação” na área de classificação e marcar
classificação: “A1” ou “A2” ou “B1” (sugiro começar pesquisando A1, e depois ir para
os próximos extratos). Ao clicar em buscar, serão listadas todas as revistas da área
no extrato que você selecionou. Você pode, então, entrar no portal das revistas que
lhe interessam e pesquisar o seu tema no próprio portal do periódico.
Embora o objetivo desse texto se refira à elaboração de aulas
especificamente, considero que é proveitoso investir algum tempo para, sempre que
possível, ler artigos da área de Ensino e Educação. A ideia é formar uma cultura
pedagógica. Isso demora uma vida inteira, é um processo infinito. De tempos em
tempos, busque passar os olhos nos últimos artigos publicados, leia os que mais
chamam sua atenção.
Alguns autores, como Latour (1997), apontam que uma característica
fundamental da prática científica é justamente a leitura e a escrita. Por isso, é
importante que o (a) professor (a) e os (as) educandos (as) também se engajem
ativamente no processo de leitura de textos didáticos e acadêmicos, formando
uma espécie de rede ou comunidade de leitura e escrita (LIMA; OSTERMANN;
CAVALCANTI, 2018).
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Capítulo 7:
- Livro didático
- Livros de divulgação
- Notícias de jornais
- Filmes
- Músicas
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1 - Quais são os materiais que você usualmente sugere para seus educandos
estudarem?
2 - Quais livros de divulgação científica você conhece? Sobre o que tratam? Procure
algumas sugestões de livros de divulgação. Quais você poderia usar em suas
aulas?
3 - O que arte tem a ver com ciências? É possível introduzir discussões em uma
aula de ciência por meio da arte (quadros, filmes, fotos, músicas)? Você se lembra
de exemplos que poderiam ser usados em suas aulas?
Capítulo 8:
Métodos de Ensino
Método Método
centrado no (a) centrado no (a)
Professor (a) educando (a)
Método que
combina
ambas vises
Assim, você pode escolher por uma aula que combine diferentes métodos.
Ou, em uma aula específica, você pode ser mais direito (aula centrada no (a)
professor (a)). Em outra aula, pode-se fazer uma atividade centra no (a) educando
(a).
Uma aula centrada no (a) professor (a) é uma aula expositiva. Idealmente,
deve ser uma aula expositiva-dialogada, em que os (as) educandos (as) respondem
a perguntas do (a) professor (a) e, a partir dessas respostas, o diálogo vai se
construindo. O (A) professor (a) pode trazer, ao longo de sua fala, elementos de
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particulares em sua relação com os conceitos mais genéricos (o que Ausubel chama
de reconciliação integrativa).
Com isso, chega-se ao final da aula, sua conclusão. Seguindo a orientação
de Ausubel, na conclusão, o (a) professor (a) deve fazer uma reconciliação
integrativa, retomando o que foi feito e conectando os conceitos particulares a
conceitos mais genéricos. Considerando ainda que, no início da aula, o (a) professor
(a) trouxe uma questão motivadora, ou problemas iniciais, ou uma reportagem, ou
um episódio histórico, a finalização da aula é um momento para retomar a questão
inicial e refletir de forma mais elaborada. Ou seja, após o (a) educando (a) passar
por toda a discussão ao longo da aula, agora ele é capaz de pensar sobre a questão
inicial de forma mais profunda e reflexiva. É importantíssimo que o (a) professor (a)
faça esse fechamento, para que a aula tenha uma conclusão e o tema estudado
ganhe sentido.
Resumindo, no início, o (a) professor (a) traz um tema inicial, uma questão
ou problema, algo que mobilize os (as) educandos (as), que os instigue, que os
desestabilize, como diria Piaget. Na perspectiva que temos trabalhado nesse texto,
esse momento inicial envolve tanto a motivação do objetivo disciplinar como
educacional. Na sequência, temos então o desenvolvimento da aula que pode
seguir métodos mais centrados no (a) professor (a) ou no (a) educando (a). Por fim,
tem-se o encerramento da aula com a reflexão sobre as perguntas ou proposições
iniciais de forma que o(a) educando(a) possa usar o que aprendeu para amadurecer
seu entendimento sobre o problema proposto.
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Capítulo 9:
Todos esses materiais são instrumentos que ajudam o (a) professor (a) a
avaliar o (a) educando (a). Pode-se, nessas avaliações, atribuir uma nota, um
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Capítulo 10:
didática
Ao preparar o início da aula, o (a) professor (a) define qual será o problema
ou situação motivadora, define quais questões passará para os (as) educandos (as)
e como motivará o tema a ser abordado. Na sequência, define-se o andamento da
aula. Haverá discussão histórica e filosófica? Haverá uma discussão CTS? Em que
momento o formalismo matemático entrará? A aula será centrada no (a) professor
(a) ou no (a) educando (a)? Ao longo dessa atividade, o (a) professor (a) deve
avaliar a atividade dos (a) educandos (a) e seu engajamento. Por fim, planeja-se o
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Referências
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Mirada para a Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
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ANEXO
PLANO DE AULA
Data: Disciplina: Nome do Professor (a):
Contexto de implementação didática:
Tema da aula:
Obj. Disc. Geral Obj. Tec. Obj. Pedag. Obj. Pedag. Material Material Desenvolvimento Avaliação Observações
Específicos Geral Específicos Consulta Prof. Consulta (Métodos de Ensino)
Educando
Enunciado de Deve Deve, além da Deve, além da Livro Didático; Livro didático; Início, meio e fim (ou “Inicial, ao
forma ampla e expressar instrução, instrução, fazer apresentação, longo, e
genérica. exatamente o fazer referência, Trabalhos Textos desenvolvimento e ao final”.
que se espera, referência, também, ao Acadêmicos na conclusão);
Uma ideia geral área de históricos; Observar,
ao final da também, ao desenvolvimento
sobre o tema e aula, que o desenvolvime das educação e Início: apresentação constatar
foco da aula ensino; Livros de do tópico a ser e analisar
educando nto das potencialidades e
consiga fazer, potencialidade virtudes humanas divulgação; estudado, a
e com quais s e virtudes (o desenvolvimento justificativa da
instrumentos humanas (o da cidadania) de Imagens; importância;
utilizados desenvolvime forma direta Meio: os métodos
nto da Notícias de diretivos e os
cidadania) de jornais; métodos não
forma diretivos;
genérica e Filmes;
ampla Fim: momento para
retomar a questão
Músicas
inicial e refletir de
forma mais
elaborada