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LIÇÕES APRENDIDAS EM TEMPOS PANDÊMICOS: REVISÃO

DE ESCOPO SOBRE A ATUAÇÃO DOCENTE E OS IMPACTOS


NA SAÚDE
Recebido em: 10/07/2023
Aceito em: 09/08/2023
DOI: 10.25110/arqsaude.v27i8.2023-015

Ana Paula Lucas Caetano 1


Flávia Faissal de Souza 2
Ana Carolina Barboza Brandão 3
Joviana Quintes Avanci 4

RESUMO: A pandemia de Covid-19 alterou a atuação dos profissionais da educação


para o ensino remoto devido à emergência sanitária de saúde pública global. Esse novo
formato de trabalho trouxe consequências e desafios para a educação mundial, e deixou
legado a ser incorporado na prática educacional. Este estudo teve como objetivo analisar
como a literatura científica nacional e internacional abordou o trabalho docente no
período da pandemia de COVID-19, bem como a saúde desses profissionais e as lições
aprendidas a partir desse contexto. Realizou-se uma revisão de escopo com abrangência
nacional e internacional, no período que compreende os anos de 2020 a 2021. Foram
analisados 36 estudos e identificados três temáticas principais: (1) atuação docente e
estratégias pedagógicas, (2) impactos na saúde física e mental de docentes e (3) lições
educacionais aprendidas. Constatou-se que a experiência do trabalho remoto emergencial,
sem diretriz política específica e planejamento para desenvolvimento desta nova forma
de desenvolvimento do trabalho docente foi complexa e imprevisível em todos os países
componentes do estudo. Nos demais países pesquisados, os dados expressam um
resultado semelhante ao brasileiro, com dificuldades no acesso e permanência à internet
pelos estudantes e professores, além da ausência de equipamentos apropriados para
ministrar/assistir as aulas remotas.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalhador Docente; Saúde Docente; Educação na Pandemia;
COVID-19.

LESSONS LEARNED IN PANDEMIC TIMES: SCOPE REVIEW ON


TEACHING ACTIVITY AND HEALTH IMPACTS

ABSTRACT: The COVID-19 pandemic has shifted the workings of education


professionals to remote education due to the global public health health health emergency.

1
Doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ). Escola Politécnica de
Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ). E-mail: paulacaetano2021@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0000-9541-9151
2
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: flaviasouza.uerj@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0225-8358
3
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Escola Nacional de
Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ). E-mail: carolinabrandao95@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2976-3867
4
Doutora em Ciências pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ). Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ). E-mail: joviana.avanci@fiocruz.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7779-3991
Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v.27, n.8, p. 4351-4383, 2023. ISSN 1982-114X 4351
This new format of work brought consequences and challenges for world education, and
left a legacy to be incorporated into educational practice. This study aimed to analyse
how national and international scientific literature addressed the teaching work in the
period of the COVID-19 pandemic, as well as the health of these professionals and the
lessons learned from this context. A national and international scoping review has been
carried out in the period from 2020 to 2021. 36 studies were analysed and three main
themes identified: (1) teaching performance and pedagogical strategies, (2) impacts on
the physical and mental health of teachers and (3) educational lessons learned. It was
found that the experience of remote emergency work, without specific policy guidelines
and planning for the development of this new form of teaching work development, was
complex and unpredictable in all the countries that were components of the study. In the
other researched countries, the data expresses a result similar to the Brazilian one, with
difficulties in access and permanence to the internet by the students and teachers, besides
the absence of appropriate equipment for teaching/attending the remote lessons.
PALAVRAS-CHAVE: Teaching Worker; Teaching Health; Pandemic Education;
COVID-19.

LECCIONES ADQUIRIDAS EN TIEMPOS PANDÉMICOS: EXAMEN DEL


ÁMBITO DE ENSEÑANZA Y LOS EFECTOS EN LA SALUD

RESUMEN: La pandemia del Covid-19 ha cambiado las acciones de los profesionales


de la educación a distancia debido a la emergencia mundial de salud pública. Este nuevo
formato de trabajo ha traído consecuencias y retos para la educación mundial y ha dejado
el legado para ser incorporado a la práctica educativa. El objetivo de este estudio fue
analizar cómo la literatura científica nacional e internacional abordó el trabajo docente
durante el período de pandemia COVID-19, así como la salud de estos profesionales y las
lecciones aprendidas de él. En el período 2020-2021 se llevó a cabo un examen del
alcance nacional e internacional. Se analizaron 36 estudios y se identificaron tres temas
principales: 1) actividades docentes y estrategias pedagógicas, 2) impactos en la salud
física y mental de los maestros y 3) lecciones educativas aprendidas. Se constató que la
experiencia de la labor de emergencia a distancia, sin directrices normativas y
planificación específicas para el desarrollo de esta nueva forma de desarrollo del trabajo
docente, era compleja e impredecible en todos los países que elaboraban el estudio. En
los otros países investigados, los datos expresan un resultado similar al del brasileño, con
dificultades para acceder y permanecer en Internet por parte de estudiantes y profesores,
además de la falta de equipamiento adecuado para dar/ver clases remotas.
PALABRAS CLAVE: Trabajador Docente; Salud Docente; Educación Pandémica;
COVID-19.

1 INTRODUÇÃO
O grave problema de saúde pública enfrentado mundialmente entre os anos de
2019-2021 com a disseminação desenfreada do vírus SARS-COV2 da Covid-19 teve
impacto expressivo na economia, na saúde e na educação devido principalmente à
necessidade de isolamento social e de restrição de contato físico (WERNECK;
CARVALHO, 2020). Essa situação privou o acesso de crianças e jovens ao espaço da
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escola. As aulas tiveram que ser reinventadas para um novo formato de ensino remoto
emergencial, com distanciamento entre educadores e alunos. Essa situação impactou mais
de 90% dos estudantes de diferentes países (UNESCO, 2020). Segundo dados da
UNICEF, em 2020, mais de 154 milhões de crianças, cerca de 95% das matriculadas,
estavam temporariamente fora da escola na América Latina e no Caribe em decorrência
da pandemia de COVID-19 (DUVILLIER; RECA, 2020).
O estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em 2020, destacou que
o fechamento das unidades educacionais representou uma redução significativa do
amparo social e pedagógico diário e piora das condições físicas e psicológicas dos
estudantes (BITTENCOURT et al, 2021). Além disso, o afastamento das escolas acirrou
as desigualdades sociais, sobretudo nos países em desenvolvimento (DUVILLIER;
RECA, 2020). Ademais, a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimam que entre 100.000 e 300.000
crianças e adolescentes da América Latina e do Caribe ingressaram no mercado de
trabalho como consequência da pandemia, deixando de lado sua formação educacional
(CEPAL, 2020).
Cada país adotou estratégias próprias para dar continuidade ao ensino no período
pandêmico, a partir das determinações governamentais. Contudo, a pandemia evidenciou
a desigualdade social e educacional e o frágil lugar da educação nas políticas de vários
países, muito reflexo da expansão capitalista e das políticas neoliberais como projeto de
Estado (PRONKO, 2020). Somente alguns países traçaram estratégias de monitoramento
do alcance efetivo do ensino à distância na pandemia, sendo altamente variável de acordo
com o desenvolvimento econômico de cada nação: “enquanto países de alta renda
atingiram 80 a 85% dos alunos, o alcance caiu para menos de 50% em países em
desenvolvimento, certamente afetando o desempenho dos alunos” (BITTENCOURT et
al, 2021, p. 22).
Na Bélgica, um dos países com melhores índices de igualdade mundial, o
fechamento das escolas no período da pandemia resultou no menor rendimento
educacional ao final do ano letivo. Na América Latina e Caribe, embora os países não
tivessem estratégias para gestão de crises, fizeram grandes esforços com base em
experiências e habilidades preliminares (ORTIZ et al, 2020). O Uruguai utilizou a
infraestrutura desenvolvida pelo Plano Ceibal de inclusão tecnológica e melhoria das
práticas pedagógicas e escolares (MARTINS, 2013). Esse país já tinha uma plataforma

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integrada para os estudantes, o que permitiu a transição imediata para o ensino remoto.
As maiores dificuldades decorreram do acesso à conectividade pela internet nas
comunidades com índices altos de vulnerabilidade social. Países como El Salvador, Chile,
Peru e México utilizaram os portais virtuais de acesso aberto às produções bibliográficas
e conhecimentos a partir da integração com as bibliotecas digitais que disponibilizaram
livros didáticos e de referência. Também utilizaram jogos online correlacionados ao
currículo escolar (ORTIZ et al, 2020).
Segundo Borim et al (2023) os modelos de ensino adotados mundialmente para
atender ao isolamento social, inclusive no Brasil, tiveram uma característica em comum
de Ensino Remoto Emergencial - ERE, dado que no contexto excepcional da pandemia
“não foram considerados como educação a distância (EaD), uma vez que não há material
programado e características na abordagem para essa modalidade, e nem homeschooling,
quando os pais passam a assumir a tutoria do ensino” (pág. 2029).
No Brasil, o acesso à educação chegou de forma muito desigual. Por um lado, uma
parcela da população teve acesso a ferramentas tecnológicas modernas; recursos online
em ambientes virtuais de aprendizado (AVA); atividades síncronas, que permitiram
acompanhamento simultâneo das aulas pela internet e interação com colegas e
professores; e material didático adaptado para o ensino remoto emergencial. Por outro
lado, essa realidade ficou distante para grande parte dos estudantes, sobretudo os inseridos
em escolas públicas, que não tiveram acesso e permanência à internet e aos equipamentos
tecnológicos para assistir às aulas remotas, num país com cerca de 82% da população
matriculada na educação básica nesta rede de ensino (INEP, 2022a).
Nesse contexto, em meados 2020, a UNICEF propôs ao Governo Federal
Brasileiro e às empresas de telefonia que investissem no acesso livre à internet para
famílias e crianças vulneráveis como estratégia para garantir a continuidade da
aprendizagem e o vínculo com a escola, uma vez 4,8 milhões de crianças e adolescentes
brasileiras vivem em domicílios sem acesso à internet (UNICEF, 2020). Essa proposta
visava evitar o aumento da evasão escolar. No entanto, no Brasil não houve diretrizes
políticas que dessem suporte ao ensino público durante a pandemia, apenas a alteração
do calendário escolar e permissão tardia para implementação do ensino remoto
emergencial. Os critérios e processos pedagógicos para o ensino remoto ficaram a cargo
dos gestores educacionais dos estados e municípios brasileiros, sem normativas para
transição dos estudos fora do ambiente escolar e orientações pedagógicas. Os docentes,

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por sua vez, precisaram desenvolver habilidades para um novo formato de trabalho, com
o uso das tecnologias e das mídias sociais como ferramentas para o ensino remoto,
processo que impactou a saúde e vida dos trabalhadores, além do processo pedagógico
(OLIVEIRA; JUNIOR, 2021). Segundo Reimers (2022), o trabalho remoto aumentou a
carga de trabalho e o estresse dos professores ao criar desafios de comunicação e
organização entre os funcionários, docentes e pais/responsáveis.
O acirramento da desigualdade durante e no pós-pandemia teve repercussões no
adoecimento na atividade de ensinar, colocando-se como desafio intersetorial
(ASSUNÇÃO; ABREU, 2019). No Brasil, a profissão docente está entre as categorias
profissionais mais vulneráveis, com muitos afastamentos relacionados a problemas nas
cordas vocais e transtornos mentais (ASSUNÇÃO; ABREU, 2019). Além disso, o acesso
às tecnologias da informação e comunicação (TICs) durante a pandemia não foi suficiente
para o êxito da aula virtual visto as limitações do ambiente residencial, uso multifuncional
do celular para fins de diversão ou distração e o acesso as redes sociais no momento das
aulas remotas (CATANANTE; SOUZA DANTAS; CAMPOS, 2020).
Esta revisão se coloca como relevante por identificar e problematizar as situações
que envolvem a precarização do trabalho dos profissionais da educação durante e após a
pandemia de COVID-19, bem como elucidar o diálogo sobre as condições de saúde
desencadeadas e que ainda reverberam no contexto de vida e de trabalho desses
profissionais e no ambiente da escola. Os achados desta revisão se colocam como
instrumento reflexivo para apoiar debates na interface saúde-trabalho-educação,
anunciando nós críticos de lições aprendidas desse período para orientar reflexões atuais
e futuras.
Diante do panorama apresentado, este estudo busca analisar como a literatura
científica nacional e internacional abordou o trabalho docente e a saúde dos professores
da Educação Básica a partir do contexto da pandemia de COVID-19, bem como quais
foram as lições aprendidas para a área da educação.

2 MÉTODOS
Trata-se de uma revisão de escopo que se caracteriza por um mapeamento da
literatura num determinado campo de interesse. É adequada a tópicos amplos, podendo
reunir vários desenhos de estudos e tem a finalidade de reconhecer as evidências
produzidas (CORDEIRO; SOARES, 2019). Um protocolo da revisão foi elaborado e

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registrado no Open Science Framework (https://osf.io/). O referencial metodológico
baseou-se no manual do Joanna Briggs Institute (PETERS et al, 2017). A revisão partiu
da seguinte pergunta de pesquisa: “Como a literatura científica nacional e internacional
aborda as condições do trabalho docente na Educação Básica a partir do contexto da
pandemia de COVID-19?” As seguintes fases foram realizadas: identificação dos dados
(mapeamento nas bases bibliográficas), seleção e elegibilidade (aplicação dos critérios
para seleção dos estudos e definição do acervo final), e inclusão (Figura 1). O recorte
temporal aplicado para a seleção do acervo foi dos anos de 2020 a 2021, período que
compreende a pandemia de Covid-19. O levantamento das publicações de dados foi
realizado entre março e agosto de 2022. A Figura 1 apresenta o fluxograma de
identificação das principais etapas da revisão de escopo.

Figura 1: Revisão de Escopo: fluxograma das principais etapas

Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).

A estratégia de busca foi realizada nas bases bibliográficas especializadas e de


impacto acadêmico: Portal BVS, Scopus, Web of Science, Scielo e Eric. A busca
estruturada foi adaptada para cada base investigada a partir dos seguintes descritores:
“professor”, “trabalho remoto” e “COVID-19”. Tais descritores foram definidos pela sua
recorrência na indexação de artigos envolvendo as temáticas estudadas. Para maior
qualificação dos resultados de busca, foram adicionados os descritores booleanos ‘OR’ e
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‘AND’ entre os termos utilizados. As estratégias de busca foram elaboradas e realizadas
por um bibliotecário experiente.

2.1 Seleção dos Estudos


Na primeira fase de identificação das publicações, 190 artigos foram localizados
(Tabela 1). Com a retirada das duplicidades, chegou-se a 129 publicações. Na fase de
seleção e elegibilidade foram aplicados os seguintes critérios de exclusão: (1) estudos que
priorizavam a discussão do discente e não docente; (2) trabalhos que envolviam o trabalho
docente no âmbito do ensino superior; (3) os publicados em outras línguas que não o
português, inglês ou espanhol; e (4) os que não tinham resumo com acesso aberto ou não
estavam com o artigo disponibilizado na íntegra. A partir daí, 93 publicações foram
excluídas, ficando com um acervo de 36 artigos científicos. A seleção dos artigos foi
discutida por três pesquisadoras e decidida em conjunto a partir dos critérios de
elegibilidade.

Tabela 1: Número de publicações localizadas segundo as bases bibliográficas pesquisadas


Número de Publicações localizadas

Scopus BVS Web of Science Scielo Eric Total

82 17 51 03 37 190
Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).

2.2 Análise e Síntese dos Resultados


Todas as 36 publicações foram analisadas na íntegra e os dados extraídos para
uma planilha do Excel. O acervo selecionado foi organizado segundo dois principais
blocos. O primeiro a partir de informações das características gerais das publicações: ano
da publicação, idioma, país, objetivo, abordagem metodológica e público-alvo. Para o
segundo bloco, os artigos foram analisados a partir de uma adaptação da técnica de análise
de conteúdo, modalidade temática (BARDIN, 2011). Basicamente, foram percorridos os
seguintes passos analíticos: (a) identificação das ideias centrais dos trechos transcritos de
todos os artigos; (b) classificação dos sentidos subjacentes às ideias em temas que
resumem a produção do conhecimento acerca do assunto estudado; e (c) elaboração de
síntese interpretativa dos resultados extraídos do acervo analisado (SILVA; GOMES,
2021). Esta análise foi organizada em três principais eixos temáticos: (1) atuação docente

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e estratégias pedagógicas, (2) impactos na saúde física e mental de docentes e (3) lições
educacionais aprendidas.
Também foi feita uma análise dos temas mais comuns no eixo “impactos na saúde
física e mental de docentes”, sendo criado um gráfico digital (Figura 3) para análise
qualitativa dos dados que mostra o grau de frequência das palavras. Quanto mais a palavra
foi utilizada, mais chamativa é a representação dessa palavra no gráfico. O gráfico foi
elaborado utilizando-se o formato de nuvem de palavras para a visualização de dados.
Foram incluídos os vocábulos recorrentes dos títulos, totalizando 30 (trinta) palavras.

3 RESULTADOS
3.1 Caracterização do Acervo
Do total de 36 publicações analisadas, 10 são do ano de 2020 e 26 do ano de 2021. A
maior parte (30) é da língua inglesa, três do espanhol e três do português. Quanto aos
países de origem dos estudos, a maioria vem da Europa (13), seguido da América do Sul
(10), América do Norte (6), Ásia (6), América Central (3) e África (2). A distribuição dos
países foi baseada nos países de origem dos autores, perfazendo um total de 27 países.
Vale salientar que, em quatro estudos, houve autores de países e continentes diferentes
(Figura 2).

Figura 2. Distribuição das 36 publicações analisadas segundo os continentes de origem

Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).


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Em relação à abordagem metodológica, dos 36 artigos analisados, dezenove se
baseiam no método quantitativo, com aplicação de questionário online para professores;
oito no método qualitativo, com realização de entrevistas, grupos focais e análise de redes
sociais virtuais; e há ainda estudos teóricos e de caso (Quadro 1). A maior parte do
público-alvo dos estudos selecionados é docente da educação básica, que compreende a
educação infantil, ensino fundamental e médio, ou categoria da educação equivalente no
país abordado.

Quadro 1: Caracterização das 36 publicações analisadas e organizadas por continente


Autores Ano Continente País Abordagem Objetivo
metodológica

ABIOUI et al 2020 África Marrocos Qualitativo Analisar problemas e


(informações de desafios relacionados à
professores e pandemia de COVID-
responsáveis) 19 na área da educação
da África subsaariana.

ABDULRAH 2020 Ásia Arábia Qualitativo Construir um modelo


MAN et al Saudita (observação, teórico para a educação
rede sociais, abordando a questão:
entrevista e Quais são as ramifica-
grupos focais) ções da implementação
da educação a distância
em meio a pandemia de
coronavírus?

TOSSO; 2020 Europa Espanha Qualitativo Analisar os discursos


SÁINZ; (entrevistas com de profissionais da
CASADO professores) educação, com
formação em gênero e
feminismo, em relação
às desigualdades
educacionais
percebidas no contexto
urbano de Madri,
diante da situação
social e educacional
gerada pela Covid-19

KRUSZEWS 2020 Europa Polônia Quantitativo Analisar de que


KA et al (questionário maneira os professores
com poloneses lidaram com
professores) o ensino a distância
durante a pandemia

DIAS et al 2020 Ásia/Europa Emirados Quantitativo Discutir um modelo


Árabes (banco de dados preditivo de
Unidos, dos três países) aprendizado para
Grécia e apoiar aprendizagem
Portugal online na era Covid-19

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ROCA et al 2020 Europa Espanha Qualitativo Apresentar ações
(grupos focais e baseadas em evidências
entrevistas. realizadas em nove
Alunos, escolas das
professores e comunidades
outros autônomas de Valência
profissionais da e Múrcia, na Espanha,
escola) durante o confinamento
com o objetivo de
“abrir portas” para
promover
relacionamentos de
apoio e um ambiente
seguro para prevenir o
abuso infantil

PRIETO- 2021 Europa Eslováquia Quantitativo Analisar a prevalência,


GONZÁLEZ (questionário intensidade e fatores de
et al com risco relacionados a dor
professoras) nas costas em
professoras de regiões
da Eslováquia no
contexto de
aprendizagem remota
durante a pandemia de
COVID-19

GOMES et al 2021 Europa Portugal Teórico Discutir principais


razões para planejar o
período pós-pandemia

RIVA; 2021 Europa Itália Teórico Discutir como o ensino


WIEDERHOL a distância e o trabalho
D; remoto afetam as expe-
MANTOVAN riências de chefes/pro-
I fessores e funcioná-
rios/estudantes?

MAHMOOD 2021 Ásia/Europa Coreia do Quantitativo Examinar a satisfação


et al Sul, Espanha (professores) dos professores com o
e Paquistão teletrabalho no período
da pandemia de CO-
VID-19

RAIŠIENĖ; 2021 Europa Lituânia Quantitativo Analisar os efeitos do


LUČINSKAIT (pedagogos) teletrabalho nos
Ė- pedagogos durante a
SADOVSKIE pandemia
NĖ;
GARDZIULE
VIČIENĖ

LOSCALZO 2021 Europa Itália Quantitativo Analisar como o “wor-


(professores) kaholism” e o engaja-
mento do trabalhador
docente influenciam na
Educação a distância

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como parte do teletra-
balho, conflito traba-
lho-família (WFC) e
afeto negativo
em professores italia-
nos

MANZANO- 2021 Europa Espanha Quantitativo Conhecer a opinião dos


SÁNCHEZ; (professores) professores de educa-
VALENZUEL ção infantil, fundamen-
A; tal e médio sobre a sua
HORTIGUËL situação e a dos alunos
A-ALCALÁ antes e durante a pan-
demia de COVID-19,
fazendo uma série de
recomendações para
melhorar em futuros
casos semelhantes

MARI et al 2021 Europa Itália Quantitativo Investigar se existem


(adultos acima diferenças nas variáveis
de 18 anos em psicológicas
trabalho remoto) relacionadas aos
profissionais (gerentes,
funcionários
executivos,
professores) devido ao
trabalho remoto na
pandemia.

CHAMAK 2021 Europa Bélgica e Qualitativo (pais Analisar dificuldades e


França de crianças adaptações de pais, de
autistas) crianças autistas às
restrições impostas
pelo confinamento,
assim como a ajuda
prestada pelos
profissionais

HACIMUSTA 2020 Ásia Turquia Teórico Discussão sobre como


FAOĞLU abrir escolas e/ou se
devem abrir durante o
período da pandemia
de covid-19.

KAYAALP; 2021 Ásia Turquia Qualitativo Examinar como as


NAMLI; (professores) imagens mentais de
MERAL professores de estudos
sociais se relacionam a
questões globais atuais
ilustradas em desenhos
feitos por eles.

GUARINO et 2020 América do EUA Teórico Discutir sobre a


al Norte jornada de transição
para o ensino à
distância.

Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v.27, n.8, p. 4351-4383, 2023. ISSN 1982-114X 4361
NEUFELD 2021 América do EUA Teórico Explorar como as cri-
Norte ses sociopolíticas que
envolvem professores e
alunos se manifestam
em sonhos sobre as re-
alidades psíquicas e
materiais da escolariza-
ção.

BIGRAS et al 2021 América do Canadá Quantitativo Impacto da pandemia


Norte (professores) de COVID-19 nos
professores de creche
em Quebec (Canadá).

HAWKES 2021 América do EUA Teórico Experiências empíricas


Norte de um diretor de escola
pública sobre
Segurança Escolar e
Violência.

TAYLOR 2021 América do EUA Teórico Examinar o porquê as


Norte experiências relaciona-
das à pandemia são
consideradas traumas e
quais práticas de apoio
podem ser usadas para
ajudar os alunos.

DEARMOND; 2021 América do EUA Quantitativo Examinar como as


CHU; Norte (escolas) escolas atenderam ao
GUNDAPAN aprendizado
ENI socioemocional e bem-
estar dos alunos na
pandemia

SEUSAN; 2020 América Panamá Teórico Refletir sobre a perda


MARADIEG Central da escolaridade de
UE crianças e adolescentes
por causa do COVID-
19.

CABRERA- 2020 América México Quantitativo Examina como o


HERNÁNDE Central (dados da fechamento de escolas
Z; PADILLA Justiça) durante a pandemia de
COVID-19 afetou a
denúncia de maus-
tratos infantis na
Cidade do México

DE FARIAS; 2021 América do Brasil Quantitativo Analisa a atuação e


DA SILVA Sul (professores) condições de
professores de
Geografia durante a
pandemia de Covid-19
a partir da
diferenciação entre
Educação a Distância e
Ensino a Distância em
Emergência.

Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v.27, n.8, p. 4351-4383, 2023. ISSN 1982-114X 4362
LIZANA et al 2021 América do Chile Quantitativo Avaliar o impacto na
Sul (professores) qualidade de vida dos
professores chilenos
antes e durante a pan-
demia de COVID-19

PALMA- 2021 América do Chile Quantitativo Explorar a saúde men-


VASQUEZ; Sul (professores) tal de professores que
CARRASCO; foram forçados ao tele-
HERNANDO- trabalho por causa do
RODRIGUEZ COVID-19 e analisar a
associação com condi-
ções sociodemográfi-
cas, relacionadas aos
professores e de traba-
lho

LIZANA; 2021 América do Chile Quantitativo Associação entre horas


VEGA- Sul (professores) de trabalho, equilíbrio
FERNADEZ de trabalho familiar e
qualidade de vida (QV)
entre os professores
durante a emergência
de saúde chilena da
pandemia da Covid-19.

VILLA; 2021 América do Chile Qualitativo Analisar a modalidade


SEPULVEDA Sul (professores) de teletrabalho na
; BURGOS educação a distância
desenvolvida por
professores primários e
secundários em
instituições
educacionais públicas e
privadas em Temuco-
Chile, no contexto da
pandemia da Covid 19.

Pinho et al 2021 América do Brasil Quantitativo Analisar características


Sul (professores) do trabalho remoto,
estado de saúde mental
e qualidade do sono
entre os professores da
Bahia/Brasil na
pandemia de Covid-19.

Souza et al 2021 América do Brasil Ensaio teórico Problematizar


Sul mudanças ocorridas no
trabalho de professoras
e professores da rede
particular de ensino no
contexto de pandemia e
sua relação com a
saúde.

Estrada- 2021 América do Chile Quantitativo Analisar a associação


Muñoz et al Sul (professores) entre os níveis de
tecnoestresse

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associados ao uso de
tecnologias de
informação e
comunicação (TIC)
devido ao fechamento
das escolas no contexto
da pandemia de
COVID-19

Silva et al 2021 América do Brasil Estudo de casos Analisar experiências


Sul (professores) pedagógicas de
educadores de escolas
estatais com a
finalidade de
problematizar as
implicações para a
saúde pública

Medina- 2021 América Colômbia e Quantitativo Analisar a carga de tra-


Guillen et al Central/Amé Honduras (professores) balho dos professores
rica do Sul na América Latina, em
três níveis educacionais
diferentes, durante a
pandemia do COVID-
19 em junho e julho de
2020.

Khlaif et al 2021 África/Ásia Afeganistão, Quantitativo Compreender como os


Líbia e (professores) professores do ensino
Palestina médio responderam ao
fechamento da escola
para combater a propa-
gação do Covid-19

Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).

3.2 Temáticas do Acervo


No conjunto dos artigos analisados e a partir dos objetivos das publicações, três
principais temáticas sobressaem: (a) atuação docente e estratégias pedagógicas na
pandemia, (b) impactos na saúde física e mental de docentes e (c) lições educacionais
aprendidas.

3.2.1 Atuação e as estratégias pedagógicas utilizadas na pandemia


A modalidade remota (on-line) foi a estratégia dominante por escolas localizadas
em diferentes países para manter o ensino e a rotina escolar. O uso da internet, das
tecnologias educacionais, das plataformas de vídeo aulas e redes sociais foram as técnicas
mais utilizadas por todos os países que fizeram parte do acervo, mesmo com dificuldades
de acesso e permanência entre educadores, escolas e estudantes. No âmbito da docência,

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as publicações destacam o processo de precarização do trabalho; a intensificação da
jornada diária; a sobrecarga de tarefas e atividades; a desvalorização do professor
(econômica e socialmente); o excesso de controle institucional; a falta de apoio da gestão
quando os professores são desrespeitados, agredidos e assediados; e a responsabilização
individual dos docentes pelo fracasso dos alunos. O formato do trabalho docente no modo
remoto parece agravar muito o cenário já precário do contexto da educação em muitos
países (TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020; NEUFELD, 2021; GOMES et al, 2021).
Na Espanha, Tosso, Sáinz, Casado (2020) mencionam que o trabalho remoto,
longe das escolas, foi considerado pelos docentes como desconfortável, inadequado e
insalubre, com a sobreposição do pequeno espaço de casa e do trabalho, e a obrigação de
conciliar e compartilhar o mesmo ambiente com outros membros da família. O mobiliário
doméstico usado foi inadequado para longas horas de trabalho e os professores atuaram
com recursos tecnológicos próprios, sem auxílio institucional. Além disso, em Madri não
houve uma coordenação por parte das autoridades e a educação se manteve numa filosofia
institucional de atuar numa normalidade aparente (TOSSO; SÁINZ; CASADO et al,
2020). Em Portugal, Gomes et al (2021) mencionam a dificuldade de acesso à internet
pelos estudantes. Na Itália, Riva, Wiederhold e Mantovani (2021) indicam que as aulas
por meio de videoconferências durante a pandemia de COVID-19 também não foram uma
solução eficaz e, a longo prazo, corroeram as comunidades escolares devido ao uso
ineficaz das tecnologias sem levar em consideração o ensino lúdico, as novas formas de
aprendizados e a criatividade.
No Marrocos, o ensino remoto não foi organizado desde o fechamento das escolas,
na perspectiva de planejar o retorno presencial e mitigar os prejuízos da pandemia.
Segundo Abioui et al, (2020) na África Subsaariana menos de 50% das pessoas têm
acesso à eletricidade, a situação chega a ser mais alarmante em Chade e Burundi, países
com apenas 10% de oferta de luz elétrica. Estes dados revelam que a educação remota só
poderia funcionar se todos os envolvidos, professores e alunos, tivessem acesso à
eletricidade, internet e equipamentos. “Em alguns países, principalmente na África,
muitas crianças voltaram ao trabalho ou foram mobilizadas para tarefas domésticas”.
(ABIOUI et al, 2020, p. 146).
No Brasil, onde docentes fizeram inclusive greve virtual em plena pandemia,
como forma de resistência e organização coletiva devido a perda de direitos, também não
foi oferecido aporte tecnológico e diretriz institucional para atuar no ensino remoto

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emergencial (SOUZA et al, 2021). Coube às escolas e aos educadores, a organização da
transição para o ensino fora dos muros das escolas (TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020).
As ações governamentais foram desestruturadas e a educação teve uma constante
descontinuidade diretiva, com a mudança de três Ministros da Educação ao longo dos
dois anos de pandemia.
Para Cunha, Silva e Silva (2020), a pandemia de covid-19 evidenciou o despreparo
do Ministério da Educação brasileiro, das Secretarias Municipais e Estaduais na
reinvenção do formato/regime escolar para atender ao isolamento social com a
organização das aulas fora do ambiente escolar, tanto para escolas públicas como para as
privadas. Esse contexto propiciou a comercialização de soluções tecnológicas voltadas à
educação como a “atuação de grandes corporações transnacionais, como o Google e a
Microsoft, de startups como o Zoom, além de projetos experimentais de grupos nacionais
atuantes na educação privada” (DE FARIAS; DA SILVA, 2021, p. 4). Essa situação
agravou as desigualdades sociais pela população mais vulnerabilizada, onde pretos e
pobres, quilombolas, ribeirinhas e indígenas foram os mais afetados por terem dificuldade
de acesso à internet e à equipamentos, ou seja, a alternativa do homeschooling surge como
elitista, disponível para poucos e não substitui as funções da escola (TREZZI, 2021). Para
a população mais pobre, o fechamento das escolas significou atraso na escolarização, o
baixo rendimento, evasão escolar agravamento da fome, desemprego e precariedade do
trabalho (GOMES, 2021).
Publicações de países da América Latina e Caribe mostram que a transmissão de
tele aulas e programas educacionais na rádio foram estratégias adotadas para suprir a falta
de conectividade pela ausência de renda, de internet gratuita ou em locais desconectados
(SEUSAN; MARADIEGUE, 2020; CASTEL, 1998). Aliás, a desigualdade de acesso à
internet marcou o acesso ao ensino nesse período. Na Indonésia, por exemplo, menos da
metade dos estudantes tinham acesso à internet (GOMES et al, 2021). Nos Estados
Unidos (EUA) praticamente todas as escolas consideradas economicamente favorecidas
forneceram computadores aos educandos na pandemia, já aquelas localizadas em bairros
periféricos e com maior índice de pobreza e vulnerabilidade social não tiveram a mesma
oferta de ensino. Também nos EUA, o número de professores preparados para interagir
com dispositivos eletrônicos em suas aulas cobriu 65% dos alunos (GOMES et al, 2021);
No entanto, no Japão professores com disponibilidade para TICs envolveram apenas 10%
dos alunos, apontando desigualdades internacionais (GOMES et al, 2021). Na Polônia, a

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comunidade docente trabalhou com projetos educacionais para aumentar a qualificação
docente para o uso das tecnologias a partir de novas competências profissionais. Antes da
pandemia, a Polônia era conduzida apenas por métodos tradicionais nas salas de aula,
com contato direto entre o professor e o estudante (KRUSZEWSKA; NAZARUK;
SZEWCZYK, 2020). Essas disparidades de renda traduzem em diferentes condições de
acesso ao ensino remoto, inclusive nos países mais ricos.
Segundo Chamak (2021), na França e na Bélgica, estudantes autistas e com outras
deficiências tiveram mais dificuldades de adaptação ao ensino remoto emergencial,
mesmo com o contato com professores através de aulas síncronas e visita domiciliar uma
vez por semana. Esse grupo exigiu um olhar ainda mais particular no retorno às atividades
presenciais no pós-pandemia. Em geral, ficaram muitas dúvidas sobre o real impacto do
ensino remoto na aprendizagem (KRUSZEWSKA; NAZARUK; SZEWCZYK, 2020) e
a saúde de alunos e professores.

3.2.2 Impactos na saúde física e mental dos professores


A sobrecarga de trabalho durante a pandemia afetou muito os professores pelo
mundo. Os educadores tiveram que se adaptar ao teletrabalho em um contexto de perdas,
de tensões relativas à contaminação pelo vírus da Covid-19 e da gravidade da doença
(MAHMOOD et al, 2021). Tosso, Sáinz e Casado (2020) enfatizam que na Espanha os
docentes sentiram pressão social e julgamento negativo da sociedade para justificar o
trabalho em home office e recebimento do salário, sem acolhimento da sociedade e sem
investimento em recursos pelo poder público, o que pode ter se somado à vulnerabilidade
de toda uma categoria profissional.
A Figura 3 destaca que os problemas de saúde mental na pandemia entre os
trabalhadores docentes prevaleceram, com destaque para a ansiedade e a depressão
(ABDULRAHMAN et al, 2020; HACIMUSTAFAOĞLU et al, 2020; VILLA;
SEPULVEDA; BURGOS, 2020; BIGRAS et al, 2021; DEARMOND et al, 2021; DE
FARIAS; DA SILVA, 2021; ESTRADA-MUÑOZ et al, 2021; GOMES et al, 2021;
KAYAALP et al, 2021; LIZANA; FERNADEZ, 2021; MARI et al, 2021; PINHO et al,
2021; RAIŠIENĖ; LUČINSKAITĖ-SADOVSKIENĖ; GARDZIULEVIČIENĖ, 2021;
SOUZA et al, 2021; TAYLOR et al, 2021; CHAMAK, 2021). Sintomas de estresse,
insônia, exaustão, medo e fadiga sobressaem (ABDULRAHMAN et al, 2020; BIGRAS
et al, 2021; ESTRADA-MUÑOZ et al, 2021; GOMES et al, 2021; LIZANA et al, 2021;

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LIZANA; VEGA-FERNADEZ, 2021; MEDINA-GUILLEN et al, 2021; MARI et al,
2021; PINHO et al, 2021; RAIŠIENĖ; LUČINSKAITĖ-SADOVSKIENĖ;
GARDZIULEVIČIENĖ, 2021; SOUZA et al, 2021; VILLA; SEPULVEDA; BURGOS,
2020; TAYLOR et al, 2021).
Com menos destaque aparece a dificuldade de concentração e de sentir-se útil, a
perda de confiança em si mesmo e da capacidade de tomar decisões (PALMA-
VASQUEZ; CARRASCO; HERNANDO-RODRIGUEZ, 2021). A Síndrome de
Burnout, a angústia, a irritabilidade, o nervosismo e a crise de pânico estão entre outros
problemas indicados (VILLA; SEPULVEDA; BURGOS, 2020; LIZANA et al, 2021;
LIZANA; VEGA-FERNADEZ, 2021; MARI et al, 2021; BIGRAS et al, 2021; SOUZA
et al, 2021; PINHO et al, 2021). Abuso de substâncias, ideação suicida, comportamentos
agressivos (TAYLOR, 2021), transtorno bipolar (DEARMOND et al, 2021) e estresse
pós-traumático aparecem de forma mais pontual nas publicações.
Quanto aos problemas físicos, dores nas pernas, nas costas e na coluna, lombar e
cervical, (KRUSZEWSKA, NAZARUK, SZEWCZYK, 2020; TOSSO, SÁINZ,
CASADO, 2020; PRIETO-GONZÁLEZ et al, 2021), dores nos olhos (KRUSZEWSKA,
NAZARUK, SZEWCZYK, 2020), distúrbios musculares e ósseos (RAIŠIENĖ et al,
2021) e desgaste físico (TOSSO, SÁINZ, CASADO, 2020; LIZANA et al, 2021;
MAHMOOD et al, 2021) são outros problemas constatados no acervo. Essas dificuldades
são inerentes às longas horas de trabalho, a má postura e ausência de mobiliário adequado
para desenvolver a atividade docente em casa, o que, em alguns casos, geraram redução
do desempenho laboral dos educadores. Estudos baseados na neurociência destacaram
oscilações neurais e problemas cognitivos (SILVA et al, 2021), além do funcionamento
dos neurônios, que impactaram a criatividade dos trabalhadores docentes pesquisados
(RIVA, WIEDERHOLD, MANTOVANI, 2021). Também são citados problemas
cardiovasculares, náuseas, vômitos e dor de cabeça (SOUZA et al, 2021), convulsão,
epilepsia e perda de peso (CHAMAK, 2021). Os docentes identificaram que acompanhar
alguns colegas estressados e com dificuldades significativas durante o confinamento e
desconfinamento também foi um desafio, pois desencadeou conflitos de trabalho, a
exemplo da Espanha (TOSSO, SÁINZ, CASADO, 2020).
O destaque da violência doméstica entre as publicações parece revelar a íntima
relação com os problemas apresentados e o aumento desse fenômeno durante a pandemia
(ABDULRAHMAN et al, 2020; GOMES et al, 2021; HAWKES, 2021; TAYLOR et al,

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2021). Além disso, toda a dinâmica doméstica e do cuidado com os filhos e os idosos,
concomitante às demandas de trabalho docente (GOMES et al, 2021; MAHMOOD et al,
2021) ocasionou muito estresse, sobretudo entre as profissionais do sexo feminino. Foram
elas que acumularam funções do trabalho-casa-cuidados. Abdulrahman et al (2020)
destacam o aumento do divórcio e da gravidez na Arábia Saudita entre os docentes.
Ademais, outras violências atingiram o universo da docência: a contra criança
(HACIMUSTAFAOĞLU, 2020; ROCA et al, 2020; SEUSAN et al, 2020), nas ruas
(HAWKES, 2021), a violência de gênero (SEUSAN et al, 2020) e as expressões das
violências física, sexual e psicológica (CABRERA-HERNÁNDEZ et al, 2020).

Figura 3. Impactos na saúde física e mental dos professores durante a pandemia de Covid-19

Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).

3.2.3 Lições educacionais aprendidas no período da pandemia de Covid-19


O Quadro 2 apresenta uma síntese de aprendizados decorrentes da pandemia de
Covid-19, elencando uma diagnose de lições aprendidas e recomendações à luz da
literatura analisada. Gomes et al (2021) mencionam os aspectos positivos decorrentes da
pandemia para os estudantes e educadores em Portugal, entre os quais estão: o
desenvolvimento pessoal, de sentimentos humanitários, da empatia, de habilidades
educacionais, a construção de autoconfiança e a intensificação da vida familiar. Ainda na
Europa, Tosso, Sáinz e Casado (2020) destacam o êxito de algumas atividades na

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Espanha, como a abordagem individual dos estudantes da educação infantil por meio de
chamadas de vídeo individuais por WhatsApp, além do desenvolvimento de programas
específicos no pós-pandemia, como: escolas de verão, programas de reforço, planos
específicos contra evasão e fracasso escolar, e provisão de recursos e estabelecimento de
medidas preventivas e antecipatórias de saúde. No que tange ao trabalho docente, Mari et
al (2021) evidencia a necessidade de implantação de programas destinados aos
educadores com o objetivo de facilitar a gestão educacional em emergências e futuras
crises sanitárias.
Os estudos aplicados nos países da América do Sul enfatizam a importância da
manutenção do uso das TCIs no retorno das aulas no pós-pandemia como estratégias
pedagógicas e ferramentas lúdicas para atividades presenciais (PINHO et al, 2021). No
Chile, Estrada-Muñoz et al (2021) ressaltam a formação e capacitação docente para uso
das tecnologias de informação e comunicação como estratégia contínua, incluindo a
participação de professores multiplicadores da informação nas escolas (DE FARIAS; DA
SILVA, 2021). Já na América do Norte e Central, as lições aprendidas destacam a
importância da criação de novas condições para o trabalho nas escolas, envolvendo o
ensino e suporte emocional/psicológico dos discentes e docentes, além do suporte dos
últimos na organização do trabalho (DEARMOND; CHU; GUNDAPANENI, 2021;
NEUFELD, 2021). Na Ásia, Abioui et al (2020) salientam a importância de priorizar a
equidade na educação e colocá-la no centro dos planos de transição no pós-pandemia,
dando ênfase a relação direta e presencial entre estudantes e professores. Mahmood et al
(2021) mencionam a necessidade de organização de um plano de teletrabalho para definir
as responsabilidades nas escolas, horas de trabalho e custos envolvidos (reembolsáveis e
não reembolsáveis) (Quadro 2).

Quadro 2: Lições aprendidas a partir da pandemia de Covid-19 de acordo com os continentes


CONTINENTES LIÇÕES APRENDIDAS A PARTIR DA PANDEMIA
Uso das redes sociais (Facebook e Instagram) como potencializadoras das
estratégias didáticas nos ensinos fundamental e médio (DE FARIAS; DA
SILVA, 2021).
Formação e capacitação docente para uso das tecnologias de informação e
comunicação como estratégia pedagógica, com apoio professores
América do Sul multiplicadores (ESTRADA-MUÑOZ et al, 2021).
Manutenção do uso de ferramenta digital no pós-pandemia como ação
pedagógica nas atividades presenciais (PINHO et al, 2021).
Criação de condições e estruturas de apoio para aqueles que não tiveram a
oportunidade de acompanhar as ferramentas digitais (DE FARIAS; DA SILVA,
2021).

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Monitoria da saúde dos profissionais da educação com foco na saúde coletiva e
na vigilância em saúde, em parceria com os sindicatos (SOUZA et al, 2021).
Formação e capacitação online dos docentes, a partir de reuniões virtuais de
trabalho, para a organização das aulas virtuais (GUARINO et al, 2020; BIGRAS
et al, 2021).
Organização de estratégias para apoiar a aprendizagem socioemocional dos
discentes e docentes. Suporte aos professores na organização do trabalho
(DEARMOND; CHU; GUNDAPANENI, 2021).
Criação de novas condições para o trabalho nas escolas, envolvendo o ensino e
América do Norte e
suporte emocional/psicológico (NEUFELD, 2021).
Central
Delineamento de estratégias para avaliar os níveis de aprendizagem das crianças,
assim como identificação de deficiências ou lacunas pré-existentes ocasionadas
pela ausência da escola e elaboração de programas de recuperação ou correção
(SEUSAN; MARADIEGUE, 2020).
Organização de programas formais de educação ou alternativos, além de tutoria
nas aulas, conteúdos extracurriculares e programas de educação não formais
(SEUSAN; MARADIEGUE, 2020).
Uso de desenhos animados como material didático para estimular os alunos a
pensar (KAYAALP; NAMLI; MERAL, 2021).
Priorizar a equidade na educação e colocá-la no centro dos planos de transição
no pós-pandemia (ABIOUI et al, 2020).
Importância da relação pedagógica direta e presencial entre professor e aluno
Ásia (ABIOUI et al, 2020).
Ter um plano de teletrabalho para definir as responsabilidades, horas de trabalho,
despesas (reembolsáveis e não reembolsáveis), procedimentos para o
acompanhamento da carga principal e recuperação de equipamentos, móveis e
outros ativos, requisitos de treinamento e cronograma, entre outros
(MAHMOOD et al, 2021).
Formação dos educadores da educação infantil e ensino médio, e que lecionam
para crianças com deficiências (LOSCALZO, 2021).
Êxito na abordagem individual com pequenos estudantes através de chamadas
de vídeos individuais pela ferramenta WhatsApp (TOSSO; SÁINZ; CASADO,
2020).
Indicação para que as esferas políticas tracem estratégias educacionais para o
desenvolvimento tecnológico escolar e de inovações (KRUSZEWSKA et al
2020; TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020).
Apoio aos educadores, alunos e famílias, com enfoque nos mais desfavorecidos,
contando com a participação das forças sociais da comunidade e da sociedade
(GOMES et al, 2021).
Recomendação de ajuste e reformulação curricular, avaliação global e final
diagnóstica dos estudantes e planejamento do acompanhamento dos alunos com
dificuldades (TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020).
Desenvolvimento de programas específicos como: escolas de verão, programas
Europa de reforço, planos específicos contra evasão e fracasso escolar, ajustes de
calendário, provisão de recursos e estabelecimento de medidas preventivas e
antecipatórias de saúde (TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020).
Integração e cooperação entre a sociedade e o Estado para atuação em rede no
apoio às escolas (GOMES et al, 2021).
Necessidade de traçar estratégias para garantir a igualdade com foco nos mais
vulneráveis, a fim de retificar os erros cometidos na pandemia (GOMES et al,
2021).
Utilizar nas escolas a ferramenta ''Modo Juntos'' nas aulas remotas, que é um
modo de inteligência artificial para fazer um recorte das diferentes imagens de
vídeo ao vivo dos participantes e colocá-lo em uma posição fixa dentro de um
cenário (ou seja, auditório virtual) (RIVA; WIEDERHOLD; MANTOVANI,
2021).
As atividades pedagógicas adaptadas individualmente para os estudantes de
inclusão e a não interrupção do tratamento com profissionais de saúde foi uma
experiência positiva (CHAMAK, 2021).
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Fatores de sucesso para o teletrabalho na educação: assistência (apoio),
comunicação e confiança (RAIŠIENĖ; LUČINSKAITĖ-SADOVSKIENĖ;
GARDZIULEVIČIENĖ, 2021).
Importância do trabalho em equipe, o aumento da segurança profissional, a
reflexão sobre a prática docente, o exercício da horizontalidade, a reconversão
como profissional da educação à distância, o aprendizado tecnológico e a perda
de medos (TOSSO; SÁINZ; CASADO, 2020).
Necessidade de implantação de programas destinados aos educadores com o
objetivo de facilitar a gestão educacional em emergências e crises sanitárias
(MARI et al, 2021).

Fonte: Elaborado pelas autoras (2023).

4 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS


A revisão se debruçou sobre a análise da literatura científica nacional e
internacional a partir das temáticas: trabalhador e saúde docente, educação e pandemia de
coronavírus, bem como suas implicações no segmento da educação básica. A análise do
acervo gerou um panorama de questões e temas relacionados à educação e o trabalho
docente na pandemia, que possibilitou apresentar o conhecimento científico produzido
sobre o tema e destacar as peculiaridades educacionais entre os países em tempos
pandêmicos. Também foi possível perceber o destaque da produção científica no
continente norte americano, em inglês, a ênfase do método quantitativo e o foco nos
professores. Em geral, os achados revelam que o trabalho docente e a saúde desses
profissionais foram invadidos pela modalidade remota (on-line). Nesse contexto,
prevaleceu a precarização do trabalho, a intensificação da jornada diária, a sobrecarga de
tarefas, a incipiência do apoio da gestão escolar e inúmeros problemas de saúde do
professor, especialmente, de saúde mental. Para Gomes et al (2021), o problema da
educação foi querer “salvar" o ano letivo pandêmico a todo custo, o que pode ter
acarretado a sua perda. Ademais, a Educação não pode se inserir “numa linha de
montagem”. É uma área permeada pelo social, pelos valores, atitudes, comportamentos e
interações entre as pessoas e grupos.
O formato do trabalho docente no período pandêmico agravou um cenário
educacional já precário em muitos locais, mais ainda naqueles com acirrada
vulnerabilidade social, a exemplo da América Central e do continente africano, além de
específicos grupos populacionais de vulnerabilizados, como os moradores de periferias,
indígenas, quilombolas, ribeirinhas e amazônicas (ABIOUI et al, 2020). Em várias partes
do mundo ainda é muito limitado o acesso à internet e de luz elétrica. Essa conjuntura só
reafirma as desigualdades sociais, a precariedade do trabalho docente ao longo de décadas
e a incapacidade de muitos países em prover os direitos à educação da população com a
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oferta de um ambiente saudável para o trabalho e ensino de qualidade para todos. Com
agravo, no Brasil pandêmico pareceu haver um projeto de desmonte intencional do ensino
público, onde a inércia e a falta de políticas públicas e ações na pandemia desencadearam
retrocessos significativos (DANTAS, 2022).
Sobre as estratégias de trabalho, o planejamento durante e após o período crítico
da pandemia foi urgente, mas fracassado (GOMES et al, 2021). A jornada de trabalho na
esfera domiciliar exercida por trabalhadores docentes em todo o mundo desencadeou um
aumento significativo de problemas relacionados ao processo de saúde-doença, tanto no
âmbito físico quanto mental, o que impactou não somente em suas atividades
profissionais como também no cotidiano pessoal. Contudo, cabe destacar que esta
situação foi acirrada na pandemia, mas é anterior a ela, pois vários estudos já abordavam
a baixa qualidade de vida dos docentes, com um impacto do trabalho na saúde mental e
física devido a vários fatores de estresse associados às condições de trabalho
(OLIVEIRA; VIEIRA; DUARTE, 2021; OLIVEIRA; JUNIOR, 2021). Neste ponto é
importante trazer uma reflexão a partir do recorte de gênero feminino uma vez que as
mulheres são predominantes na atuação docente e foram as mais afetadas pelo trabalho
remoto durante pandemia. A partir disso, a Organização das Nações Unidas (2020)
recomendou, entre outras medidas, a ampliação do acesso às licenças para cuidar da
família e a transferência de apoio financeiro para as mulheres, a fim de minimizar os
transtornos decorrentes da pandemia.
A revisão mostra ainda a impossibilidade de retorno à educação pré-pandemia
devido à toda transformação que o mundo passou nas relações interpessoais e na própria
área da educação. Houve perdas individuais e coletivas, sociais e econômicas muito
sensíveis, com repercussões na forma de se relacionar e na estratificação social, além da
exposição a problemas socioeducativos (GOMES et al, 2021). Para tanto, recomenda-se
que as políticas educacionais incluam o uso das tecnologias educacionais na escola, com
acesso à internet, wi-fi nas salas de aula, equipamentos e formação dos estudantes,
educadores e familiares para o uso de novas ferramentas tecnológicas. Os recursos
amparados pelas tecnologias precisam ser usados como estratégias didáticas e de
comunicação, mantendo o vínculo contínuo entre escola e família, através das mídias
sociais de forma mais eficiente, rápida e criativa.
A partir deste cenário, seria oportuno traçar estratégias com foco na saúde docente
e discente, para que os efeitos da pandemia pudessem ser mitigados, evitando importantes

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adoecimentos e afastamentos laborais. É muito evidente o esgotamento desses
profissionais e a exposição de situações estressoras, que incluem más condições de
trabalho, dificuldades com alunos e familiares e fatores organizacionais (LIZANA et al,
2021). Não distante, há necessidade de criar estratégias para a promoção da saúde dos
trabalhadores docentes, enfatizando o estímulo ao autocuidado (DEARMOND; CHU;
GUNDAPANENI, 2021), por exemplo, com o planejamento de interrupções das
atividades laborais ao longo do dia para descanso. Também investir em tratamento e
acompanhamento terapêutico por equipe multiprofissional no apoio aos docentes,
discentes e demais trabalhadores da educação, gerenciando as necessidades essenciais e
promovendo qualidade de vida através de educação em saúde, a fim de prevenir o
agravamento de doenças crônicas e o desenvolvimento de outras enfermidades,
associadas aos problemas decorrentes da docência e do ensino remoto.
Os resultados dessa revisão de escopo destacam a necessidade de ações públicas
e sociais para lidar com situações de calamidade pública não só com problemas
identificados nos países pobres, mas também em grandes potências mundiais. Em
especial, no retorno as atividades escolares presenciais, se coloca urgente recuperar o
vínculo dos estudantes com a escola, desenvolver estratégias de busca ativa para
identificar o motivo das ausências em aulas e uma ação de resgate de sentido da educação.
Também se faz necessário valorizar a educação junto as famílias e as comunidades, com
uma ação de combate ao trabalho infantil, especialmente, na América Latina e Caribe
(CENPEC, 2021).
As análises evidenciam a necessidade do investimento na promoção da saúde do
trabalhador docente, tendo em vista os diversos quadros de dificuldades acerca da saúde
física e mental que foram gerados e/ou agravados através do trabalho remoto,
evidenciando a necessidade do fortalecimento do trabalho em rede entre a saúde e a
educação, como a designação de equipes multiprofissionais de atenção básica à saúde
como proposta para prover às demandas escolares, com base nos atendimentos
psicossociais, nutricionais, clínicos, dentre outros.
É preciso incrementar o acesso à educação como forma de difundir conhecimento
produzido pela humanidade entre as crianças e adolescentes excluídos digitalmente,
sobretudo aqueles que vivem em áreas isoladas (UNICEF, 2020). Para os trabalhadores
da educação, essa revisão alerta para a importância de delinear estratégias e regulação do
trabalho remoto, a fim de evitar a perda de direitos e danos ao trabalho e à saúde física e

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mental. Contudo, cabe reafirmar que os processos de exclusão escolar e a precariedade
do trabalho docente vão além da pandemia e das dificuldades geradas pelas atividades
remotas. Trata-se de um abandono de uma categoria profissional excluída há décadas,
sobretudo nos países como África, alguns da América do Sul e Central, que permeiam a
desigualdade social e de renda, com poucos recursos e investimentos voltados para a
Educação.
A principal limitação desta revisão decorre dos desenhos dos estudos que fizeram
parte da revisão, com restrições metodológicas características do isolamento colocado
pela pandemia, o que decorreu conclusões pouco analíticas e reflexivas dos achados
apresentados, como a falta de dados encontrados na revisão em relação ao eixo temático
de situações de violência vividas pelo trabalhador docente. Em contrapartida, o ineditismo
do trabalho recai no mapeamento das evidências sobre o tema no período da pandemia e
em diferentes países, com uma tentativa de apresentar uma variedade de abordagens
teórico-metodológicas e sobretudo as lições aprendidas no período pandêmico. A reflexão
trazida neste artigo pode subsidiar novos debates de propostas pedagógicas e
recomendações para organização do trabalho e promoção da saúde docente. Considera-
se fundamental o desenvolvimento de estudos baseados em revisões sistemáticas, tanto
locais ou nacionais, sobre a avaliação de ações educativas neste novo marco pós
pandemia, bem como a avaliar a saúde docente e o contexto político e econômico em que
a educação se insere.

AGRADECIMENTO

As autoras agradecem a importante colaboração do professor Adriano da Silva.

FINANCIAMENTO

Este artigo contou com o apoio do Projeto de Fortalecimento Institucional à Pós-


Graduação em Saúde da Criança e da Mulher da FAPERJ. Ref: E-26/211.040/2021

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