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M-U-U

COMJLTAS DA SECClO DE FAZENDA

»o

CONSELHO DE ESTIDO.
CONSULTAS
DA

SECÇÀO DE FAZENDA
DO

CONSELHO DE ESTADO
i&ESDE O ANNO EM QUE G0MEÇOU A FUNCCIONAR O MESMO
CONSELHO DE ESTADO ATÉ O PRESENTE

COLLIGIDAS FOR ORDEM DO GOVERNO

í VOLUMES V }

ANHOS DE Í86I Á 1865.

t4. t:/ :
X'

RIO DE JANEIRO.
TYPOGRAPHIA NACIONAL.

1S71,
Ministério da fazenda. —Em 10 de Dezembro de 1869.

Haja o Sr. administrador da typographia nacional de mandar


imprimir a collecção de consultas do conselho de estado, cujos
originaes lhe serão para esse âpi entregues pelo 1.' escripturario
do thesouro Joaquim Isidoro Simões, fazendo extrahir mil exem-
plares da referida collecção que serão enviados á secretaria de es-
tado deste ministério.
* « Visconde de Itaborahy.
RELAÇÃO
DOS

MINISTROS DE ESTADO PRESIDENTES


E DOS

CONSELHEIROS MEMBROS
DA

SECÇlO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.

1861.

M I N I S T R O X>E E S T A D O .

Ângelo Moniz da Silva Ferraz (depois Barão de Uru-


guayana). »
José Màriat da Silva Paranhos (depois Visconde dó Rio
Branco ) -nomeado por decreto de 3 de Março de 4861,

CONSELHEIROS X»E ESTADO.

Visconde d© Itaboràhy.
Visconde de Jeguitinhonha.
Marquez de Abrantes.

SEORETARW.

Conselheiro José Severiano da Rocha, ofíicial-maior


da secretaria de estado dos negócios da fazenda.
CONSULTAS

SECÇÃO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.

1861.

N. 606-.—RESOLUÇÃO DE 2 DE JANEIRO DE 1861.


Sobre a approvacão dos estatutos da Caixa União Commercial, reor-
ganizada sob o titulo de Caixa Hypothecaria da provincia da
Bahia.

Senhor.— Ordenou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte so-
bre os estatutos da Caixa União Commereial, reorga-
nizada sob o titulo de Caixa Hypothecaria da provin-
cia jdal Bahia.
A secção examinou aUentamente as disposições dos
ditos estatutos, e reconhece que a directoria da Caixa
Hypothecaria da provincia da Bahia, pedindo a appro-
vacão delles ao governe de Vossa Magestade Imperial,
teve o louvável fim de converter, em uma sociedade com-,
mereial destinada a fazer operações bancarias; a anô-
mala e absurda associação, que até agora existiu na-
quella cidade sob à denominação de Caixa União Com-
mercial.
- 8 -
E porque não parece haver nos novos estatutos dis-
posição alguma que encontre os princípios fundamen-
taes das sociedades anonymas ou não esteja deaccordo
com a legislação vigente, entende a secção de fazenda
que pôde ser favoravelmente deferida a pretençao da
mencionada directoria.
Vossa Magestade Imperial resolverá,q que tor me-
Saía das conferências, em 19 de Dezembro de 1860.
— Visconde de Itaborahy .—Marquez áe Abrcmtes.—Vis-
conde de Jeqicitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, 2 de„Janeirode 1861
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
' Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

N. 607.—RESOLUÇÃO DE2 DE JANEIRO DE 1861.


Sobre o ofício do presidente da Bahia expondo os embaraços da
tbesouraria provincial por falta de recursos e solicitando provi-
dencias a tal respeito.'

Sentíor.—Por aviso de 14 do mez corrente, expedido'


pelasecretariade estado dos negócios da fazenda, houve
Vossa Magestade, Imperial por bem ordenar que a sec-
ção que consulta sobre os negócios da mesma repar-
tição, dê seu parecer a respeito da falta de recursos
que se dá na thesouraria provincial da Bahia, con-
forme consta do oíficio da presidência da mesma pro-
vincia de 9 deste mez, e das providencias mais adequa-
das para removerem as difficuldades em que se acha
a dita thesouraria.

(*) Decreto n.° 2722 de, 12 de Janeiro de 1861, Approva os esta-


tutos da Caixa União Commercial da capital da Bahia, reorgani-
zada sob o titulo de Caixa Hypothecaria.
—9 —
Acompanharão o referido aviso dous officios, a sa-
ber . um'do inspector da thesouraria provincial da Ba-
hia, no qual esse*funccionario declara ao'presidente
da provincia subir, á quantia de 116:000$000 pouco mais
ou menos a despeza. ordenada mas não paga por falta
de recursos ; e calcula em menos de 100:000^000 o déficit
do corrente exercício; e outro do mesmo presidente
dirigido ao ministério da fazenda com data de 9 do
corrente, no qual", referindo-se á informação da the-
souraria, pondera as-dilíicuIdades desse estado de oou-
sas; assevera que o déficit è resultado não dos des-
perdícios da administração, mas da secca que ha três
annos flagella a provincia ; que já não se pôde ser
impassível ao descontentamento dos empregados, cujos
ordenados vencidos perfazem a quasi totalidade da
despèza que está por pagar, e termina por dizer que
não propõe providencia alguma por se dirigir ao go-
verno de Vossa Magestade Imperial, o qual saberá des-
cobrir eapplicar o que fôr mais conveniente.
A' vista dos poucos e incompletos esclarecimentos
que se deduzem destes documentos, não pôde a sec-
ção de fazenda emittir juizo .sobre o estado financeiro
da provincia da Bahia, nem calcular se o déficit que
apresenta agora a receita provincial será passageiro e
poderá ser preenchido com algumas- sobras ou econo-
mias nos annos seguintes eimmediatos ; ou se se per-
petuará no caso que não se. augmentem os impostos.
Qualquer que seja, destas duas, a hypothese que se
verifique, vas providencias a que se tem de recorrer para
encher o vasio da receita, pertencem exclusivamente-
á assembléa legislativa provincial.
Se todavia se entender que a demora proveniente da
convocação extraordinária da mesma assembléa e da
discussão da matéria que ella deve tratar, pôde aggra-
var as difficulaades administrativas e ameaçar a ordem
publica, não hesitaria a secção de fazenda em acon-
selhar ao governo imperial que emprestasse aos co-
fres provinciáes a quantia de que elles tivessem abso-
luta necessidade, até á importância de 100:000^000; fl-
cando-lne a obrigação de dar conta á assembléa geral
legislativa, dos motivos que o forçarão a tal desvio
dos princípios de nossa constituição.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverão que fôr
melhor.
Sala das conferências, em 21 de Dezembro de 1860.
—Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes,—Vis-
conde _ de Jequitinhonha. €

c. 2
- 10-
ItESOLÜÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 2 de Janeiro de 1861.
Cora; a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
•Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

N. 608.—RESOLUÇÃO DE 16 DE JANEIRO DE 1861.


Sobre a questão suscitada na provincia de Pernambuco, relativa-
mente ao contracto de permula qHe fizerão Mesquita & Dutra e
outro com a fazenda publica de duas casas de sua propriedade
por um terreno de marinha.
Senhor,—Ordenou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com

(*) Expediu-se o seguinte aviso â presidência da Bahia:


Illm. e Exm. Sr.—A secção de fazenda do conselho de estado,
que por ordem de Sua Jíagestade o Imperador, consultou sobre o
officio de y. Ex. de 9 do mez passado, dando conta dos embara-
os em que se acha a respectiva thesouraria provincial por falta
ile recursos, e ao mesmo tempo solicitando providencias a tal res-
peito, foi de parecer: que, quer seja passageiro, e possa ser preen-
chido com algumas sobras e economias nos annos seguintes e im-
•mediatos, o déficit <me apresenta agora a receita provincial, quer
tenda a perpetuar-se no caso de não se augmentarem os impostos ;
hypolheses sobre as quaes não pôde a. secção decidir-se na carên-
cia de esclarecimentos mais completos do que os fornecidos no ci-
tado officio e documentos que o acompanharão; as providencias a
que se tem de recorrer para encher o vasio da receita- pertencem
exclusivamente á assembléa legislativa dessa provincia: mas que,
se se entender que a demora, proveniente da convocação extraor-
dinária da assembléa, e da discussão da matéria que ella deve tra-
tar, pôde aggravar as dificuldades administrativas e ameaçara or-
dem publica, conviria que o governo imperial emprestasse aos co-
fres provinciaes a quantia de q«e elles tivessem absoluta necessi-
dade, até á importância de 100:0000000, íicando-lhe a obrigação de
dar conta á assembléa geral legislativa; dos motivos que o iõrçárão
a tal desvio dos princípios da nossa constituição. E porque o mesmo
Augusto Senhor houve por bem conformar-se com este parecer,
nesta data autorizo a thesouraria de fazenda dessa provincia para
fazer um empréstimo á provincial até á soinma supracitada, se V. Ex.
o julgar indispensável V o que communico a V. Ex. para seu co-
nhecimento e em resposta ao supramencionado officio.
Deus Guarde a V. Ex.—Rio de Janeiro, em 4 de Janeiro de 1861.
—Ângelo Monte da Silva> Ferraz.—Sr, presidente , da provincia da
Bahia.
—11 —
seu parecer sobre a questão relativa a um terreno sito
na rua do Brum da capital da provincia de Pernambuco.
Esta questão íbi já tratada no thesouro, e sobre ella
emittirão opinião o director geral do contencioso è o tíi-
rector geral das rendas : o parecer do primeiro*, com o
qual também concordou o segundo, é corno se segue:
« Prescindiria da exposição deste assumpto, á vista
da que exacta e veridicamenle foi feita pelos suppli-
cantes, se pão entendesse conveniente para demonstrar
cabalmente a justiça dos supplicantes, consignar aqui
algumas das razões que se lêem nos documentos, offi-
ciaes a favor da concessão.
Em Setembro de t859> os supplicantes pedirão o ter-
reno em'questão, que se achava devoluto, porque o ar-
senal de marinha não fazia mais uso delle.
A inspecçãó do arsenal informou que em verdade
essa repartição não precisava mais. desse terreno, visto
ter a mor parte delle passado para o lado do mar grande,,
e offerecerem os supplicantes,, como em compensação
e sem dispendio da fazenda, outro terreno equivalente
na rua do Pilar com duas pequenas casas, de que o
mesmo arsenal carecia absolutamente para depósitos,,
tanto que já havia tenção de desap"proprial-as.
O inspector acrescentava que a iróca não devia re-
ferir-se somente ao terreno, mas ás casas, a fim de ser
completa a indemnização (30 de Setembro).
Ouvido o agrimensor dos terrenos de marinhas, em
face da informação do arsenal, achou justa a pretenção,
visto o primeiro dos pretendentes haver feito bemfei-
torias no terreno, e ambos terem possibilidade para
aproveital-o* em beneficio publico e da fazenda, e estar
o mesmo terreno destinado na planta\do> bairro do Re-
cife para edificações particulares (6 de Outubro)*
O fiscal da thesouraria conformou-se com esta in-
formação, bem Como a thesouraria de fazenda, com
tanto que se realizasse a permutação. a que se referia
o arsenal (10 de Outubro>
Apoiado nestes pareceres resolveu o. presidente con-
ceder o terreno, não gratuitamente, mas por meio de
permutação com .otereenaecasas térreas de que acima
tratamos (14 de Outubío).
Em conseqüência deste despacho lavrou-se a escrip-
tura publica de permutação do terreno de marinha
na rua do Brum, no bairro do Recife, pertencente á.
fazenda nacional, pelas casas térreas em terreno próprio
na rua do Pilar pertencentes aos supplicantes (31 de
Outubro de 1859). ,
Nesta èscriptura declarou-se, além das mais clau-
- Í2 —
sulas da lei e do eslylo: 1< que os prédios que os
süpplicantes permutárão erão ediíicados em chão livre ?
2.° que o seu valor era de 3:400^000; 3,°. que eltas
ficavão transferidas desde logo pela cláusula eonshtutz
e, em virtude da mesma escnptura,
Além disto o inspector tomou formalmente posse do-
terreno e prédios (4 de Novembro de 1859).
Estavão as cousas neste estado quando baixou'a cir-
cular do thesouro de 18 de Outubro de 1859, que pro-\
hihiu a concessão, a titulo de marinha, de-terrenos
que não fossem rigorosamente taes, como se costu-
mava praticar em algumas províncias; isto até ulterior
deliberação do corpo legislativo.
Tendo de proceder-se á medição, demarcação e ava-
liação do terreno concedido aos süpplicantes por per-
mutação, entrarão, em duvida as autoridades , avista
da circular citada,, se devião ou não progredir nesses
trabalhos, por, ter sido esse terreno um alagado!, ora
aterrado e beneficiado com aterros feitos por um dos
süpplicantes, mediante licença do arsenal.
O inspector, da thesouraria assim o fez presente ao-
thesouro.
Sabe-se qual foi a deliberação que o thesouro tomou
a respeito deste e de outros requerimentos : altendendo
a que seria vexatório depois de feitas as concessões
ou cassal-as ou imprimir-lhes o caracter deinaliena-
bilidade com prejuízo dos proprietários* declarou que
a circular, só era applieaVel a novas concessões, e
não ás concessões já feitas e suas transferencias.
À dos süpplicantes se achava neste caso, e por aviso
de 18 de Maio deste anno se declarou ao presidente a
respeito dados süpplicantes, como a respeito de outros,
que visto ao tempo da concessão e despacho para a
demarcação* etc, não se achar em execução a circular,
se procedesse ulteriormente como estava em pratica
até então.
Assignárão-se os termos nà secção do contencioso
da thesouraria (28 de Junho de 1860) por Mesquita
& Dutra e Pereira Vianna.
Lavrárão-sé depois os titulos : remettidos porém ao
presidente da provincia resolveu este deixar de assig-
iial-os e mandou sujeitar o terreno á arremataçãõ.
Allega o presidente que assim procedeu :
1.° Porque houve lesão para a fazenda publica, visto
valer o terreno 12:OOO#0OO razoavelmente;
2.° Porque esse terreno ficou e deve ficar reservado
para servidão publica por serem necessárias ruas e
praças no bairro do Recife;.
- 13 —-
3.° Que a transacção não-se" podia considerar com-
pleta e acabada, sem que competentemente fossem
expedidos os títulos desses terrenos, visto que conforme
o direito é isto indispensável nos contractos, em que
se transfere a propriedade, direito e acção sobre bens
de raiz, e tendo-se recebido por parte da fazenda menos
da terça parte do valor do objecto permutado, envolvia
esse contracto lesão enormissima, e é portanto irrito
e insubsistente.
Os süpplicantes allegão :
1." Que a concessão feita aos süpplicantes não é'gra-
tuita, e sim onerosa, e portanto com a permuta houve
um perfeito contracto, ficando este perfeito e acabado
com o ajuste de preço, e com estar passado o respec-
tivo titulo delle; e com este tomada a posse civil e na-
tural das cousas permutadas pelas parles contrastantes,
e que portanto, conforme o direito civil que regula a
matéria, já não é possível desfazer essa permuta;
2.° Que o ser um dos contractantes - o governo, não
autoriza excepção alguma ao principio de direito, antes
mais o obriga como primeiro interessado na manu-
tenção da lei; «
3.° Que os süpplicantes têm preferencia na concessão
do terreno mencionado por terem prédios confinantes
com portas e janellas sobre os terrenos mencionados,
tanto mais quanto elles o beneficiarão com permissão
do governo para consolidar essa preferencia;
4.° Que os mencionados terrenos não podem ser con-
cedidos a terceiros para edificação particular, porque
isto offende a servidão e o direito adquirido pelos süp-
plicantes ;
5.° Q\iê a concessão também deve ser feita aos süppli-
cantes, não só porque elles beneficiarão -o terreno e
têm nelle servidão, como porque tem proporções para
nelle ediflearem, e mais o beneficiarem em proveito
publico e utilidade da fazenda, estando como estão des-
tinados a edificações particulares, o que não prejudica
outro que por ventura se lhes queira dar, antes da
edificação;
6." Que é a isto sobre tudo que a lei manda attender,
e não somente ao maior preço do arrendamento em
hasta publica;
7.» Que a autorização dada importa a própria con-
cessão e consagração do contracto já*celebrado, com-',
petindo somente ao governo provincial a expedição dos
titulos respectivos além dos civis que já têm os süppli-
cantes.'
CumpFe notar' que, quando o presidente mandou pôr
;— 14 —
em praça o doiminio útil do terreno, o procurador dos
süpplicantes na corte reclamou contra este acto, e o
thesouro declarou ao presidente que, parecendo não
achãr-se o caso comprehendido no art. 9.° | 28 da lei
de 14 de Setembro de 1859, tanto mais quando a con-
cessão fora onerosa, devia transmiltir informações a
este respeito (Aviso do 1." de Setembro de 1860).
Os süpplicantes recorrem- da decisão do presidente,,
o qual em cumprimento das ordens do thesouro, e a
requerimento dos süpplicantes, mandou sobrestar na
arremata cão*
Isto posto: i
Da exposição se vê que neste negocio se procedeu
não por via de concessão, como geralmente se faz, de
simples emphyteuse, mas sim por permutação de do-
mínio ulil pertencente á fazenda nacional por terreno
livre e prédios pertencentes aos süpplicantes.
Sendo da essência dos contractos de compra e venda,
e por conseguinte de troca, excedentes de 200#000, con-
forme o art. 11 da lei de 15 de Setembro de 1855, a
escriptura publica, claro é qde sem ella não existiria
o contracto, por ser de sua essência.
Lavrada porém, como foi, a escriptura, o contracto
se acha perfeito e acabado nos termos da Ord. Liv. 4."
Tit. 2.° in pr. e Tit. 19 pr; é claro pois, que hoje já
nenhuma das partes se pôde arrepender e, ârredar da
convença, como diz a mesma Ord. Liv. 4.° Tit. 19
pr; isto é fora de duvida.
Quando digo que o contracto fica ^perfeito e aca-
bado, entende-se que me refiro ás obrigações que delle
nascem para os contraherites.
Além disso, como se vê da exposição, o contracto
está consummadq por uma das partes permutantes, que
entregou o terre*no e prédios á fazenda publica per-
mutante; por parte desta, porém, não está consumrnado,
porque ainda não entregou ella o domínio utií do ter^
reno da rua do Brum.
Ha,~ pois, equivoco complete na argumentação do pre-
sidente da provincia na parle jurídica relativaá questão:
se o titulo é indispensável, como elle assenta e bem,
nos contractos em, que se transferem a propriedade,
direito e acção, sopre bens de raiz, esse titulo está-
entre os papeis ;é a escriptura publica de permutação
entre os süpplicantes e a fazenda publica, e não posso
descobrir outro.
Não ignoro que da resolução de 24 de Março de 1823
se deduz a regra de que o aforamento de marinhasse
se reputa effectuado quando se expe.de o titulo; mas
— 15 —
além de que essa resolução se refere^a um caso es-
pecial, o principio era que se funda não destroe o
que deixamos ponderado, por quanto na espécie da
resolução não havia contracto algum effectuaoo d'onde
dimanassem obrigações. reciprocas e synallagmaticas,
o que está muito distante do caso vertente, em que ha
um contracto celebrado por escriptura publica, e em
virtude do qual cada um dos pérmutantes pôde exigir
o cumprimento das obrigações que delle derivão.
, Em summa ha contracto de escaimbo ou troca perfeita
acabada, e até consummado por uma das partes pér-
mutantes; não é mais licito as partes arredarem-se
da convença na phrase da Ord.
Quanto á lesão, o presidente entende que é enor-
missima: a lesão enormissima é em direito equipa-
rada ao dolo, e por conseguinte vicia radicalmente o
contracto.
O presidente diz que o terreno vale razoavelmente
doze contos de, réis.
Uma denuncia, que foi presente aos ministérios da
marinha e fazenda â este respeito dá-lhe o valor de
vinte a vinte e cinco contos de réis.
A avaliação, que serviu de base ao arbitramento do
foro, dá a cada braça de frente com 30 ik de fundo
o valor de trinta mil réis, perfazendo p total, 60 braças
e quatro palmos, a importância de trezentos e dezenove
mil quatrocentos e oitenta réis.
O presidente da provincia diz apenas que vale doze
contos de réis razoavelmente; mas não expõe os fun--
damentos dá sua estimação: como a faria elle? que
elementos entrarião no seu calculo? tomaria o valor
do domínio útil somente ou o da plena propriedade?
attenderia ou não aos aterros e' benefícios, ao terreno
feitos por um dos süpplicantes?
A esta serie de interrogativas, e a outras muitas que
'sé podião fazer sobre tal avaliação, não responde por
a simples asserção do presidente da provincia.
E -depois que divergência na apreciação do valor do ter-
reno ! O presidente estima-o em doze contos de réis;
a denuncia, que veio parar nas secretarias de marinha
e fazenda, em vinte contos de réis, e até mesmo em
vinte e cinco contos de réis!
Tudo isto me revela pretenção de terceiro, envolvida
neste assumptOj e que trata de lucro eapiendo.
Cumpre attender-se neste passo a que o valqr do
domínio útil é muito e muito inferior^ e deve. ser ao
da plena propriedade; este é livre e isento de encargos;
aquelie é onerado, do. fôrô, e dos direitos dominicaes.
Cumpre demais attender ao que ps süpplicantes,
como consta de uns dos documentoj; fizerâo aterros
no lugar, a que se obrigarão por termo de 20 de Junho
de +854 no arsenal de marinha. E embora nesse termo
se diga que em nenhum tempo terão direito aos ter-
renos, todavia as despezas por elles feitas, o'beneficio
do terreno era de equidade que fosse attendido n'uma
justa e razoável avaliação de terreno.
Cumpre ainda attender a que as avaliações para o
arbitramento do foro devem ser razoáveis, porque a
pensão do foro deve ser unicamente em reconhecimento
do domínio directo, e não como meio de lucro e renda
para o senhorio directo. As inslrucções do governo
são terminántes a este respeito.,« Nestas avaliações,
dizem as de 14 de Novembro de 1832, se terá attenção
(a favor dos concessionários ou posseiros) aos aterros,
e outras bemfeitorias que tenhão dado maior valor aos
terrenos. »
Não é pois de admirar que, em vista destas conside-
rações, a avaliação dada pelos arbitradores e (note-se)
na presença dos fiscaes da fazenda honestos e zelosos,
para o arbitramento do foro, seja, senão o mais li-
songeiro para os interesses da fazenda aos olhos vul-
gares, pelo menos o mais razoável e consentaneo com
a natureza das concessões emphyteuticas.
Resta a terceira e ultima das razões do presidente
da provincia, a necessidade de ruas e praças no bairro
do Recife, e por tanto de conservar-se esse terreno
como logradouro publico.
Não posso apreciar até que ponto as leis provinciaes -
de Pernambuco terão investido o presidente da pro-
víncia do direito de regular as servidões publicas,
attentando assim contra a iniciativa municipal da lei do 1.°
de Outubro de 1828.
Mais de um facto denuncia esta intervenção indé-
bita dos presidentes naquillo que é, e deve ser em
todos os paizes: da competência municipal.
Seja como fôr, o certo é que o agrimensor das ma-
rinhas assevera oflicialmente que o terreno está re-
servado na planta da cidade para edificações parti-
culares. >.
Cumpria, pois, jque a câmara houvesse reformado a
planta da cidade, que essa reforma houvesse sido sub-
mettida ao governo da provincia, e que e§te a houvesse
approvayio, para que podesse proceder» o fundamento
invocado pelo presidente da provincia.
Já, se vê, j)ois, do que vai dito que me conformo
com ás razoes expendidas pelos süpplicantes no seu
— 17 —
bem deduzido requerimento". Todos os principies geraes
e especiaes depireito auxilião a sua pretenção pre-
venindo que outros se estabeleção no terreno e lhes
tirem a' servidão de seus prédios, elles tratão de.damno
vitando, e esta causa é favorecida por direito.
Encaremos agora a questão por outro lado.
Suppohhamos que havia com effeito lesão no con-
tracto.
0 meio jurídico de oppôl-a aos süpplicantes é soc-
correr-se a fazenda ao beneficio da Ord. Liv. 4.°
Tit. 13, não seria por certo o de negar os titulos,
e muito menos o de mandar pôr em praça o terreno
a que os süpplicantes têm inquestionável'direito. ,
Não seria o de negar os titulos, porque a dignidade
da administração exigia que ella entregasse os titulos
mandando propor as acções' competentes em juizo
também competente; tanto mais quando podia julgar-se
que a lesão não era enormissima mas sim enorme,
havendo em tal hypolhese por direito a alternatiVa.de
restituir-se o terreno e prédios, desfazendo-se o con-
tracto, ou de inteirar-se o justo preço.
A lesão pôde oppôr-se por via de acção ou por via
de, excepçao.
Era mais digno da administração proceder como
indico, do que negán-se á entrega do terreno, aguar-
dando a ácção do permutante para oppôr a lesão por
via de excepçao, quando a fazenda publica podia usar
delia por via de acção contra o mesmo permutante.
Não seria, e muito menos, o de mandar pôr em
praça os terrenos, porque a regra, e regra recommen-
dada em muitas ordens do thesouro nas concessões
de marinhas,, é nunca usar desse meio para consti-
tuição da »emphyteuse, por ser até reprovada pelas
•instrucções respectivas. (Vid. ordem de 20 de Agosto
de Í835).
E' só por excepçao que se admitte a hasta publica no
caso do art.s9.° § 28 da lei de 14 de Setembro de 1859.
Mas note-se que a hypothese dessa lei não se veri-
fica no presente caso, porquanto:
1 .• Não ha concurrentes; os süpplicantes são pre-
tendentes em íomraum do terreno.
2.° Ha reclamantes (e taes são os süpplicantes) a
quem a lei manda dar a preferencia. •,
A arrematação no. presente caso seria uma offensa
flagrante a esse direito de preferencia, e demais um
attentado á propriedade particular, porquanto os pré-
dios dos süpplicantes têm serventia para o terreno da
questão.
c. 3
JÉT'4,
— 18 —
A' vista de tudo que deixo exposto parece-me. que se
pôde responder ao presidente:
1.° Que o aviso do thesouro do A.' de Agosto ul-
timo não teve por fim extranhar o seu procedimento
nesta questão, o qual aliás foi pautado pelo zelo pelos
interesses da fazenda nacional, mas sim somente pedir
informações para resolver a questão, chamando a sua
aítenção para a possibilidade da applicação das leis
citadas no aviso á espécie em questão ;
2.° Que estando o contracto da permutação perfeito
e acabado, e até consummado por uma das partes, não
é mais licito á fazenda nacional arrepender-se delle,
devendo portanto entregar o terreno permutado, sendo
que nem a justiça nem a equidade permittem que seja
arguido de lesivo, e que portanto se procure rescindir
pela acção competente, um contracto em que os süppli-
cantes adquirirão apenas o domínio útil, e este mesmo
de um terreno para cujo aterro e benefícios elles* con-
correrão , eircumstancias estas a que attendem espe-
cialmente as inslrucções dè 14 de Novembro de 1832
art. 9.°;
3. Que ainda quando lesivo fosse o contracto, seria
o meio jurídico propor as acções competentes para
rescindil-o nos termos da, lei, não porém o de fazer
arrematar o terreno, por não se verificarem na hypo-
these de que "se trata as condições previstas n© art. 9.*
| 28 da lei de 14 de Setembro de 1859.»
A secção de fazenda, concordando com os princípios
estabelecidos no parecer que fica transcripto, é de opi-
nião que sejão adoptadas suas conclusões.
Vossa Magestade Imperial resolverá em sua alta sa-
bedoria o que fôr mais justo.
Sala.das conferências, em 24 de Dezembro de 1860.—
Vi.sc.onde de Itáborahy —Maréjuez deAbrantes.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
' RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, 16 de Janeiro de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

{*) Aviso n.» 29 de 18 de Janeiro de 1861, na collecção das leis.


19 —

N. 609.—RESOLUÇÃO DE 30 DE JANEIRO DE 1861.

Sobre os direitos a que esíão sujeitas as nomeações dos presi-


donles de províncias.

Senhor. —Por aviso de 31 de Outubro do anno passado


mandou Vossa Magestade Imperial que a secção. de fa-
zenda do conselho de estado consulte a respeito dos di-
reitos a que estão sujeitos os títulos dos presidentes de
províncias.
Pelasordensdothesouro.de 14 de Abril, e 10 de Agosto7
de 1846 foi declarado que sendo ás presidências de pro-
víncias empregos de mera commissão devião pagar os
direitos de 5 7o todas as vezes que se dessem taes no-
meações. Nãopbsta o disposto na lei de 30 de Novembro
de 1841, que mandou cobrar somente aquelles direitos
da maioria de vencimentos nos t casos de.accesso ou
melhoramento: porque ém semelhantes empregos não
ha accesso nem melhoramento.
Igualmente não obs.ta o que determina o art. 15 da
lei de 6 de Setembro de 1854. o qual, referindo-se á ta-
beliã annexa á lei de 30 de Novembro de 1841, claramente
dispõe para o caso de accesso, ou melhoramento de
emprego, o que se não dá no de presidente de provincia,
e assim foi decidido em 28 de Dezembro de 1858, e de-
clarado pela ordem do thesouro de 2 de Março do anno
pjassado, revogando por este modo o aresto que poderia
tirar-se da portaria de 5 de Abril de 1858 que mandou
resliluir ao conselheiro Francisco Diogo Pereira de
Vâsconcelios òs direitos que pagou pela sua nomeação
de presidente da provincia de S. Paulo, achando-se,
uando foi nomeado para esse cargo, ainda presidente.
S a de Minas : porquanto declara a ordem citada « o cargo
de presidente não é confiado por promoção ou accesso,
mas segundo as conveniências do serviço publico, con-
forme foi declarado pela decisão n.° 80 de 10 de Agosto
de 1846, não podendo jporíanto. ser applicavel ao caso o
disposto no art. 15 da lei n.° 779 de 6. de Setembro de
1854., »
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo. i, »
Sala das conferências, em 9 de Janeiro de 1861.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes .—Vis-
conde de Itaborahy.
— 20 —
RESOLUÇÃO.

Como parece (*)•


íaço, em 30 de Janeiro de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo Monizda Silva Ferraz.

N. 610.—RESOLUÇÃO DE 16 DE FEVEREIRO DE 1861.


Sobre a questão occorrida entre a thesouraria de fazenda e b,ban-
co da Bahia quanto ao modo de se calcular ò valor das acçSes. da
estrada de ferro do Joazeiro permutadas por apólices da divida pu-
blica.
Senhor.'—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 21 do corrente, que a secção de fazenda do eonselho de
estado consulte sobre a questão constante do officio n.° 1
da thesouraria"da Bahia de 3 também do corrente, occor-
rida entre a mesma thesouraria e o banco da dita provín-
cia, relativamente á transferencia de acções da estrada de
ferro do Joazeiro, a este pertencentes.
O art. 5.° da lei n. 1083 de 22 de Agosto do anno pas-
sado se exprime assim: « O governo fica igualmente au-
torizado para conceder aos accionistas das estradas de
ferro que gozão de garantia de juro, a permuta de suas
acções por apólices da divida publica interna de 6 °/0 ao
par, ou por títulos da divida publica externa de 4 í/2 °/0 ao
par, se os ditos accionistas entrarem effectivamente no
thesouro com a quantia necessária para preencher o va-
lor nominal das mesmas.acções.» .%
As expressões—apólices dá divida interna ao par—e-rtíl
tulos da divida externa ao par—são, como se sabe, equP
Valentes a est'outras—apólices da divida interna Compu-
tadas pelo seu valor nominal, apólices ou'titulos da di-
vida externa computadas pelo seu valor nominal—.Assim
na permuta das,acções das estradas de ferro,a que a lei
se refere por titulos dá divida publica interna óu externa,
tanto estes como aquéllas devem ser dados e recebidos

(*) Aviso n.° 55 de 1.° de Fevereiro de 1861 na collecção das leis.


- 21 - «
pelo valor nominal, e não pelo que effectivamente custa-
rem ou tiverem custado aos mutúantes.
Se se trata de permutar apólices por acções emittidas
no Brasil, como as da estrada de ferro de D. Pedro
II, a operação consiste em trocar titulos avaliados cada
um em duzentos mil réis, quaesquer que sejãô aliás os
preços por que seus possuidores os tenhão adquirido,
ior apólices avaliadas a conto de réis, embora estas va-
f hão mais ou menos no mercado dos.fundos públicos.
Se em lugar de acções emittidas no Brasil, se tiver de tro-
çar apólices por acções emittidas em Londres, a opera-
ção consiste semelhantemente em permutar apólices da
divida publica, avaliadas nos termos já indicados, por
acções que representem, não o valor real e effectiva,
mas o que se lhes deu na occasião em quê forão emit-
tidas .
A lei não permittiu que o governo houvesse esses titu-
los pelo preço qne podessem ter no mercado, ou pelo
que custarão aos respectivos possuidores; ordenou,
pelo contrario, terminantemente que fossem recebidos
pelo valor que se lhes deu quando forão emitüdos. «Se
os accionistas entrarem effectivamente com a quantia ne-
cessária para preencher o valor nominal das mesmas
acções» diz alei.
Dar pois ao art. 5.° uma intelligencia que obriga, ou
ao menos autoriza, o governo a pagar aos portadores das
acções das companhias de nossas estradas de ferro or-
ganizadas em Londres, as quantias que taes acções lhes
tiverem custado, é, não só contrariar a letra e espirito
da disposição que nelle se lê, mas ainda dar a essas
acções um privilegio odioso de que não gozão- as
emittidas no Brasil, e prejudicar os interesses do EST
tado que forão judiciosamente resguardados no dito
artigo *'
Nem obsta á doutrina que fica expendida a çircums-
tanciá de terem os accionistas, que quizerem permutar
suas acções por apólices da divida publica, de entrar no
thesouro com a quantia necessária pararealisar o nume-
ro de libras esterlinas correspondente a cada uma das
mesmas acções: trata-se aqui de completar o valor no-
minal de cada um desses titulos, ou de realisar uma con-
dição que elles impõem a seus possuidores; o que dífferé
muito da obrigação, que se pretende impor ao gover-
no , de pagar aos mesmos possuidores as quantias
que lhes tiverem custado as libras esterlinas já reali-
sadas.
Nenhuma duvida suscitão os papeis juntos a respeito
da relação entre a libra esterlina e a moeda brasileira,
— 12 —
,t
que tem de regular 6 numero de acções correspondentes
a cada apólice da divida publica; nem poderia tal duvida
ser suscitada á vista da lei que fixou nosso systema mo-
netário; e pelo que toca ao modo de calcular os juros das
acções e apólices permutadas, parece razoável o que foi
adoptado pelo thesouro.
A secção de fazenda, expondo por este modo seu pa-
recer, e estando convencida de que o thesouro deye cal-
cular ao cambio par o valor das libras esterlinas, já rea-
lisadas por ,conta das acções que receber em troca de
apólices da divida publica, julga de seu dever acrescen-
tar que, quanto á transacção de mil libras esterlinas que
se fez com o Banco da Bahia, ficou ella definitivamente
terminada pela approvação que lhe deu o mesmo thesou-
ro, e que por conseguinte íôra irregular, e pouco con-
sentaneo com a fé dos contractos, exigir daquelle esta-
belecimento a restituição de qualquer quantia que elle
tenha recebido, de conformidade com as condições da
mesma transacção, embora estas condições não estejão
de perfeito accôrdo com uma das cláusulas do citado
art. 5.° da lei s de 22 d® Agosto ultimo, e que, quanto á
transacção ainda não finda, demais 2.382 acções, se deve
praticar na fôrma proposta pela directoria dodito banco
em seu officio n.° 315 de 29 de Dezembro próximo pas-
sado, dirigido ao inspector da thesouraria provincial.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais
acertado. '
Sala das conferências, em 30 de Janeiro de 1861.— Vis-
co nde de Iiaborahy.—Marquez de Abrantes .—Visconde,
de Jequitinhonha.
V í

RESO LUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, 16 de Fevereiro de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

(*) Expediu-se a seguinte ordem á thesouraria de fazenda da Bahia:


Ângelo Moniz da Silva Ferraz, presidenledo tribunal do thesouro
nacional, de conformidade com %imperial resolução de 16 do cor-
rente, tomada sobre consulta da secção de fazenda do conselho de
estado,a quem foi remettido o officio do-Sr. inspector da thesouraria
da provincia da Bahia, de 3 de Janeiro ultimo,*n.° 1, transmiltindo
copias dps cfficios em que o Banco da Bahia declara não se conformar
— 23 -
N. 61 í—RESOLUÇÃO DE 27 DE FEVEREIRO DE 1861.

Sobre as leis provinciaes de S. Pedro dó Rio Grande do Sul do


anno de 1859.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do 1.° de Agosto do corrente anno, que a secção
de fazenda do conselho de estado consulte sobre os
actos da assembléa legislativa da provincia de S. Pedro,
promulgados na sessão ordinária do anno passado.
Nesta collecção de leis a secção só tem a notar os
| | 6.°, 9.° e 15do art. 2." da lei do orçamento provincial
de 4 de Janeiro do corrente anno, em que se mençionão
impostos de exportação de 3°/0 sobre todos os gêneros
de^ pròducção da provincia inclusive a madeira de ipé,
exceptuados unicamente o algodão e tabaco ; de 800 réis
sobre cada cabeça de gado; e de 1#000 sobre a de
animal muar, exceptuados os de montaria e carga; e
de 50#0OO sobrevoada escravo, já vendido ou destinado
a vender.
A secção pede licença para refèrir-se aos seus pa-
receres anteriores sobre os mesmos impostos, sendo
de parecer que seja remettida a referida collecção á
assembléa geral.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais
justo.
Sala das conferências, era 25 de Outubro de 1860,
— Visconde de'Jequitinhonha .—Marquez de Abrantes.
—Visconde de Itaborahy.

com a maneira por que o thesouro entende que se deve calcular o


valor das acções da estrada de ferro do Joazeiro, que pretende per-
mutar por apólices da divida publica, quanto ás entradis já realisadas,
isto é, pelo cambio do dia em que se effectuar a permuta, e nao pelos
que regulavão nas époeas das entradas, declara ao referido Sr. ins-
'peCtor que no caso do banco insistir na sua opinião, deverá ficar
sem effeito a nova permuta de 2.382 acções de que tratão os ci-
tados officios, como propõe o mesmo banco no de n. 1 315 de 29 de
Dezembro; restàtaindo-lhe a thesouraria não só as sobreditas acções,
depois de convenientemente transferidas, como também a quantia
de, 212:9158013, com que o banco havia entrado para os cofres da
thesouraria.
Qnanto á permuta das primeiras 1.000 aeções/sendo facto consu-
mado, nada inais ha a reclamar a tal respeito.
Outrosim declara ao Sr. inspector.que nas transacçoes desta espécie
os possuidores das acções devem lambem entregar na thesouraria
a importância dos juros que ellas tiverem vencido no semestre res-
pectivo até o'dia da transacção, visto como igualmente recebem apo=-
lices com direito ao juro em> todo o semestre.
Rio de Janeiro, em 22 de Fevereiro de 1861.—Ângelo Moniz da
Silva Ferraz.
— 24 —

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 27 de Fevereiro de 1861. ,
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo' Moniz da Silva Ferraz.

N. 612.—RESOLUÇÃO DE 27 DE FEVEREIRO DE 1861.


Sobre as leis provinciaes da Bahia do anno de 1860.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 5 do corrente, que a secção de fazenda do con-
selho de estado consulte sobre os actos legislativos
da assembléa da provincia da Bahia, promulgados na
sessão ordinária do corrente anno.
Além de impostos de exportação, sobre que já a secção
tem em muitas, consultas exposto sua opinião, jul-
gando-os offensivos qp § 5.° do art. 10 do acto ad-
dicional, encontra-se na mesma lei de 3 de Agosto
deste anno impostos-sobre matéria contribuinte geral,
como sejão 2 °/o sobre contractos de compra e venda
que tiverem por objecto bens de raiz, com excepçao
daquelles que versarem sobre propriedades de lavoura,
e terrenos para edificação de casas, que começadas
dentro de um anno estejão concluidas no fim de cinco.
Nesta lei, mais do que em outras, propôz-se a mesma
assembléa provincial proteger a industria provincial
com impostos; por exemplo, isentou os tecidos das
fabricas da provincia do imposto "de 1 1/2 7o de expe-
diente ; creou: 1 ° o de 2 "h sobre os gêneros enr
fardados em fazenda não fabricada na provincia, ex-
oeptoommo; 2.° o d e 50$000 sobre casa que vender
madeiras estrangeiras, obras de alfaiate, sapateiro e
marceneiro feitas em paiz estrangeiro; 3.° o de 50#000
sobre casa que vender rape não fabricado na pro-
vincia; 4." o de 50 7o, calculado sobre o aluguel

(**) Submettida á consideração dã assembléa geral legislativa


8 va#
Aviso de 8 de Março de 1801.
— 25 —•
do prédio, que servir de casa de negocio e que entre
os seus empregados não contar um caixeiro nacional
pelo menos; 5.° o de 5 7» sobre o aluguel dos es-
criptoriòs, e casas commerciaes, exceptuadas as em
que se venderem exclusivamente gpneros alimenticios;
comprehehdidos neste imposto os trapichesou armazéns i
de arrecadação, com exclusão dá casa de deposito per-
tencente aos proprietários da colônia Leopoldina.
Examinando estes impostos não tem a secção por
fim mostrar â injustiça, proveniente da desigualdade
de taes imposições, e o pouco que estão ellas de ac-
côrdo com os princípios da sciencia financeira e ecor
nomica; mas apenas justificar a necessidade de se pro-
mover nas câmaras, uma resolução legislativa, que
explicando o § 5.* do art. 10 do aclo addicional tire
da confusão em que sé acha o> nosso systema finan-
ceiro geral e provincial. Assim que é a secção de pa-
recer que seja remettida á assembléa geral a collecção
de leis em questão.
Vossa Magestade Imperial, em cuja. sabedoria repousa
a prosperidade nacional, resolverá o que fôr mais justo.
Sala das sessões, em 19 de Dezembro de 1860.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—-Vis-
conde de Itáborahy.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 27 de Fevereiro de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

N. 613.—RESOLUÇÃO DE 27 DE FEVEREIRO DE 1861.


Sobre às leis provinciaes de S.t Paulo do anno de 1860.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 10 do corrente, que a secção de fazenda do con-

, (*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 8 de Maio de 1861. •*>--•
c. 4
- 23 -
selho de estado consulte sobre os actos legislativos
da assembléa da provincia de S. Paulo, promulgados
na sessão ordinária do anno corrente.
Examinada a referida collecção nada encontrou a
secção que mereça reparo, pelo que respeita » re-
partição da fazenda; propõe pois que seja archivada.
Vossa Magestade Imperial, porém^ resolverá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 20 de Dezembro de 1860.—
Visconde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—
Visconde de ltaborahy.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 27 de Fevereiro de 1861.
Cóm a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

N. 614. —RESOLUÇÃO DE 27 DE FEVEREIRO DE 1861.


Sobre as duvidas propostas pelo presidente da assembléa geral do»
accionistas do Banco da Bahia a respeito da intelligencia de al-
gumas disposições dos respectivos estatutos e do decreto de 10 de
Novembro de 1860.
Senhor. — Ordenou Vossa Magestade Imperial, por
aviso de 5 do mez corrente, que a secção de fazenda
do conselho de estado consulte sobre o oíBcio, não do
presidente do Banco da Bahia, mas do presidente.da
assembléa geral dos accionistas do mesmo banco, no
qual, ponderando este que o art. 55 dos estatutos ap-
provados por decreto 'de a de Abril de 1838 se ex-
prime assim: « O conselho (de nove membros ) renovar-
se-haporum terço era cada anno: a sorte designará,
nos dous primeiros periodos da renovação, e depois a
antigüidade, os directores que deveráõ sahir. Os direc-
tores podem ser reeleitos » ; pede ao governo imperial
que lhe resolva as duvidas ou responda aos quesitos
seguintes:
1.* Diz o art. 10 do decreto dé 10 de Novembro de
1860: « os directores ou membros da gerencia dos
— 27 —

bancos... serão substituídos annualmente pela quinta


parte de seu numero total, de modo que em cada quin-
quennio todos os directores sejãp renovados: a antigüi-
dade ou a sorte regulará a substituição. O paragrapho
único diz mais: « Os directores e supplentes substituídos
não poderão ser reeleitos dentro do primeiro anno. »
Estas disposições novíssimas revogão ou alterão o citado
art. 55? Parece que são conciliaveis com elle; porquanto,
pôde a lei do .banco querer a renovação do terço dos di-
rectores', ou que passe este pela prova da confiança, e q
regulamento do governo alterar esta disposição somente
quanto á reelegibilidáde, declarando que esta não será
permittida para o quinto dos directores;
2.° A renovação do decreto novíssimo é da quintaparte;
sendo nove os directores serão dous os excluídos ? ou
poderá permitlir-se que no quinquenniOj em um dos
annos, seja somente a defesa para um ?
3." Existindo na directoria do banco os seis direc-
tores primitivos, e devendo proceder-se ao sorteio de
metade, tendo-se dado o caso de dous d'enire elles se
haverem retirado da administração, talvez por melindres
de conducta, a fim de consultarem, em conseqüência
de occurrencias, a confiança dos accionistas, deverá
fazer-se o sorteio somente de um director para a reno-
vação do terceiro, ou dos três, julgando-se esta> outras
vagas extraordinárias ? Não seria talvez acertado, nas
cirçumstancias especiaes do estabelecimento, de de&in-
telligencias entre os membros da administração, que
mais ou menos influem para o credito e confiança dos
accionistas. corroborado isto pela nova posição em que
o banco naturalmente se deve achar depois dosültimos.
regulamentos governamentaes, convidar a assembléa a
fazer uma eleição geral?
4.° Dispondo o art. 54 dos estatutos, que, no caso
de. impedimento por mais de trinta dias, ou de vaga,
sirva o accionista que se seguir na ordem da votação ;.
á qual destas se lhe deve attender ? Serão supplentes
os immediatps da ultima eleição, ou os da eleição do
impedido ?
5.° Nãopodendo votar-se por procuração, e existindo-
como accionistas de subidas quantias varias senhoras
que administrão seus bens, as quaes até hoje votavão
por procurador, poder-se-ha hoje receber, presentes ellas
na cidade.v e attentos os costumes de recolhimento dá
terra, suas votações enviadas em cartas por ellas assig-
nadas, e com todas as garantias de authenticidade, a fim
de não serem privadas do voto ?
A secção de fazenda, apezar de entender que não á
— 28 —
curial dirigir-se officialmente o presidente da assembléa
geral dos accionistas do banco da Bahia ao ministério
da fazenda, para pedir-lhe explicações sobre a matéria
contida em seu citado ofíicio ; e que cumpre ao governo
não reconhecer no dito presidente attribuições que nao-
lhe dão os estatutos daquelle banco, todavia em obe-
diência ao supracitado aviso tem a honra de expor a
Vossa Magestade Imperial sua opinião acerca dos que-
sitos que ficão transcriptos :-
1. ° Parece indubilavel que, tendo a lei de 22 de Agosto
do anno passado prescripto no § 11 dò art. 2.° que «os
directores ou membros da gerencia da administração
dos bancos sejão substituídos annualmente pela quinta
parte», a nenhum desses estabelecimentos é lieitopro-
ceder,-,nem ao governo consentir que se proceda de
modo differente, na substituição dos respectivos direc-
tores.' ''
2.° As expressões «substituídos annualmente pela
quinta parte» eqüivalem, quando o numero de direc-
tores é 5 ou múltiplo de 5, a est'outras—substituidos
de modo; que np fim do primeiro anno. deixe de fazer
parte da directoria o quinto dos membros que então a
constituírem; no fim do 2. , a quarta parte dos que
não forem substituidos no 1.°; no fim do 3.% a terça
parte dos restantes ; no fim do 4.°, a metade,.; e no. fim
do 5.", os últimos dos que não tiverem sido süostituidos
até então. TT *
Ora, como fora mais que muito absurdo suppôr que
a lei teve em vista nestas operações arilhmelicas quan-
tidades fraccionarias,' segue-se que em cada uma dás
mesmas operações se deve tomar no quociente õ nu-
mero inteiro que elle der, e este numero designará
quantos directores devem ser substituidos. Assim, no
caso da Bahia, dividir-se-ha no fim do primeiro anno
o numero 9 por 5, e ter-se-ha no quociente I ; no fim
do segundo, o numero 8 por 4, que dará 2 ; no fim
do terceiro, o numero 6 por 3, que também dará 2 ; no
fim do quarto, o numero 4 por 2, que ainda dará 2 ;'
, e finalmente no fim do quinto, substituir-se-hão os dous
directores-da turma do qüinquennio que então termina.
3.° Na hypothese figurada no 3.° quesito, dever-se-
hão chamar os supplentes de directores que forem pre-
cisos para completar a directoria, na fôrma do art.
54 dos respectivos estatutos, e fazer depois a substi-
tuição pelo modo indicado no numero anterior.
O arbítrio de fazer a assembléa uma eleição geral
só poderia ter apparencia de legalidade e de respeito
aos estatutos do banco e á lei de 22 de Agosto, se a
— 29-
mesma assembléa começasse por demittir lodo o con-
selho de direcção, nos termos do art. 69 dosmesmos
estatutos.
4.° Posto que pareça á secção mais regular serem os
supplentes tirados dos immediatos era votos, na eleição
dos directores impedidos,*não julga ella todavia que
pertença ao governo a solução desta ou das duvidas
suscitadas no quesito antecedente, nem de outras que
se possão, mover a respeito das disposições dos es-
tatutos ou instrumentos de contracto das companhias
bancarias, excepto no que diz respeito a pontos que es-
tiverem regulados por lei em virtude de lei.
f>.° Pelo que toca ao 5.° quesito, as disposições dos
arts. 66 e 67 dos estatutos do banco e.a.do § 12 do
art. 2.° da lei de 22 de Agosto do anno passado, pa-
recem sufficientes para resolvel-o negativamente.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha concorda
nas conclusões do parecer,; mas deseja que se acres-
cente que não só è irregular o officio por ser dirigido
pelo presidente da assembléa geral dos accionistas ,
devendo sei-o pelo presidente do banco, como por apar-
tar-se da fôrma oíficial determinada pelo alvará de 16
de Setembro de 1597 que não está revogado, e muito
menos em desuso ? disposição salutar que põe termo
ao arbítrio de usarem-se d© formulas, quiçá pouco de
acGôrdoicdm a dignidade do governo e demais auto-
ridades, a quem são dirigidos os ofücios.
Tal é, Senhor, a opinião da secção de fazenda, que
Vossa Magestade Imperial se dignará acolher com sua
costumada benevolência e resolver o que fôr mais con-
veniente, i
Sala das sessões, em 9 de Fevereiro de 1861.—Vw-
conde de Itáborahy. —Marquez de Abranies.—Visconde
de Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)

Paço, em 27 de Fevereiro de 1861, ,

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Ângelo Moniz da Silva Ferraz.

<*) Aviso n.° 116 de 28 de Fevereiro de 1861, na collecção das leis.


- 30 -

N. 615.-RESOLUÇÃO DE 23 DE MARÇO DE 1861.

Sobre as leis provinciaes de Sergipe do anno de 1859.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 30 de Janeiro do anno passado, que a secção de
fazenda do conselho de estado consulte sobre as leis
da provincia de Sergipe de 1859, tomando na devida
consideração a matéria do aviso do ministério do im-
pério de 24 de Dezembro de 1859, relativo á disposição
do art. 141 22 da lei n.° 577 de 13 de Julho.
Merecerão reparo á mesma secção os §§ 2.°, 3.", 4.
e 5.° do art. 14 da lei n.° 577 por crearem impostos
de exportação, sobre cuja inconstitucionalidade" tem a
secção manifestado sua opinião em varias consultas,
já immediatamente resolvidas por Vossa Magestade Im-,
perial.
Igualmente mereceu-lhe reparo o § 6.° que estabe-
lece um imposto annual sobre barcos de cabotagem, o
que se não acha mencionado nos objectos enumerados
nos arts, 10 e 11 da competência das assembtéas pro-,
vinciaes,e evidentemente não pôde ser excluído da dis-
posição do § 4.° daquelle primeiro artigo já authenti^
camenle interpretado pelo art. 1." da lei de 12 de Maio
de 1840.
E tomando na devida consideração, como lhe foi or-
denado, o aviso do ministério do império de 24 de De-
zembro de 1859, e examinado o voto do conselheiro
de estado Marquez de Olinda (consultada secção do im-
pério de 11 de Dezembro de 1859), relativamente ao § 22 da
mesma lei provincial n .• 577, é de parecer que o imposto
de passaporte de 3#000 para dentro do Império, e de 5^000
para fora, sendo estrangeiro, quando sendo brasileiro é de
1#000 sem distincção alguma, offende o tratado de 6 de
Junho de 1826 estipulado coma França, corno é evidente
dos arts. 6.° e 11 do mesmo tratado, e por isso entende
a secção que lhe é applicavel o art. 16 do acto addi-
cional.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá, o que fôr
mais justo.
Sala das conferências', em22 de Fevereiro de 1861 .—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrãntes.—Vis-
conde de Itaborahy.
— 31 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)•


Rio, 23 de Março de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 616.—RESOLUÇÃO DE 23 DE MARÇO DE 1861.


Sobre as leis provinciaes de Mato Grosso do anno de 1860.
Senhor.—Por aviso de 5 de Dezembro do anno passado,
mandou Vossa Magestade Imperial que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consulte sobre os actos
legislativos da assembléa da provincia de Mato. Grosso,
promulgados na sessão ordinária do dito anno.
Na collecção referida encontra a secção na lei de 7 de
Julho do anno passado, art. %° §§ 5.° e 17,os impostos
seguintes: 1.- chancellaria de licenças municipaes na
fôrma da tabeliã respectiva, sendo a de lojas a 3#000, das
de tendas ou casas de officio a 2#000, é das tavernas
a25#000; e o.duplo para os estrangeiros; 2." imposto
de 40#000 sobre os taboleiros de fazendas, sendo o dobro
para os estra ngeiros. .
Estes impostos-evidentemente offendem o art. 6." do
tratado feito com a França; e por. isso violão os arts. 16
é 20 do acto addicional, devendo-se proceder acerca de
taesimpostos na fôrma prescripta nos referidos artigos,
não os devendo ter o presidente sanccionado.
Assim é a secção de parecer que seja remetlida á as-
sembléa geral aquella lei para resolver na fôrma pres-
cripta no mesmo acto addicional, cumprindo que seja
suspensa a sua execução, se assim o julgar Vossa. Ma-
gestade Imperial conveniente.
Saladas sessões, em 22 de Fevereiro de 1861.—Vis-
co ndè de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes. — Vis-
conde de Jtabonahy.

f) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa.


AViso de 8 de Maio de 1861.
— 32 —
RESOLUÇÃO.

Remettá-se á assembléa geral. (*).


Paço, em 23 de Março de 1861.
Corq a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. ,617.—RESOLUÇÃO DE 23 DE MARÇO DE 1861.


Sobre as leis provinciaes de Minas Geraes do anno de 1859.
Senhor.—Dignou-se Vossa Magestade Imperial mandar,
por aviso de 20 de Outubro do anno passado, que a secção
de fazenda do conselho de estado consulte sobre os
actos legislativos da assembléa provincial de Minas
Geraes,promulgados na sessão ordinária de 1859.
Do exame á que acuradamente procedeu a secção re-
sultou encontrar ella na collecção indicada direitos de
exportação no art. 2.* §§1.\ 2.° e3.° da lei do orçamento
provincial de 2 de Julho do anno passado; e de impor-
tação no | 3.° do árt. 3.°, isto é, de 5g000 de cada besta
nova que entrar para a provincia, ficando, o dono, oü
conductor isento de qualquer contribuição por si, ou sua
bagagem.,Estas ultimas palavras inculcão que na pro-
vincia de Minas os cidadãos brasileiros pagão contri-
buições por si« ou sua bagagem quando entrão na pro-
vincia; A secção ignora quaes .sejão taes impostos, ou
contribuições, e menos ainda a lei geral que os manda
cobrar; mas está convencida que taes imposições of-
fendem o direito de livre transito inherente a qualidade
de cidadão brasileiro de umas para,outras províncias.
Senhor, o acto addicional não teve por fim crear um
quinto, poder supremo legislativo *no Estado ; mas sim
apenas dar um diverso desenvolvimento ao art. 71 da
constituição, que reconhece e garante o direito de in-

, m8 Submettkla
de de Maio deá^consideraçãoda
1861. ' assembléa geral •,-
..•?... legislativa. Aviso
- 33 —
téryir todo, cidadão nos negócios de sua província, e que
são immediatamenté relativos a seus interesses peculiares
—o que é expressamente declarado no art. l..° do acto
addicional. Ora nem a exportação, nem a importação, e
muito menos ainda o livre transito dos cidadãos do uma
para outra provincia pôde ser considerado como imme-
diatamenté relativo aos interesses peculiares de uma
provincia em conseqüência da intima relação, que têm
taes pbjectos com os interesses geraes do império, suas
estipulâções diplomáticas, suas rendas, e garantias do
cidadão brasileiro. Assim que, entende a secção não só
que taes imposições são contrarias ao pacto social, con-:
sagrado na lei fundamental do Império ; como que se.
deve procurar saber se na realidade existem aquellas
contribuições indicadas, e quaes ellas sejão.
Igualmente notou>à seCção que o art. 24 da referida lei
determinou que o imposto do § 5.° art. 20 da lei pro-
vincial de 3 de Abril de 1847ficavarestabelecido, e ele-
vado a 20#000 com referencia aos mascates estrangeiros.
Ora o tratado perpetuo entre a França e o Brasil no art. 6.*
iguala o cidadão francez ao brasileiro pelo que respeita,
ás imposições pagas no exercício de sua industria.
Assim entende a secção que p referido art. 24, e aquelle
á que elle se refere, ôffende os tratados; e por isso acerca
delle devera o presidente proceder como preceitua o
art. 16 do acto addicional. Não o tendo feito, entende a
secção que a lei em questão deve ser, por tudo quanto
tem exposto, remettida á assembléa geral para resolver.
Vossa Magestade Imperial determinará o que fôr mais
justo.
-. Sala das conferências, 23 de Fevereiro de 1861.—Vis-
conde de Jequitinhonha:—Marquez de Abrántes,.—Vis-
conde de Itaborahy
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Rio, 23 de Março de 1861.
Com a rubrica de sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

• O Submettida á consideração da assembléa gera! legislativa. Avisa


de 8 de Maio de 1861.
c. 5
N. 618.-RESOLUÇÃO DE 23 DE MARÇO DE 1861.
Sobre as leis provinciaes do Ceará do anno de 1859.
Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 23 de. Outubro do anno passado, que a secção de
fazenda do conselho de estado consulte na parte rela-
tiva à fazenda sobre a collecção de leis da província
do Ceara* promulgadas na sessão ordinária de 1859.
Quasi, senão todas, as assembléas provinciaes domi-
nadas unicamente pela necessidade de augmentar a
sua renda não cessão de crear direitos de exportação,
e levão o seu abuso ao ponto de estabelecerem im-
postos nos gêneros importados de outras províncias e
productos dellas, com offensa flagrante do art. 12 e f 5.*
do art. 10 do acto addicional, e admira como as outras
províncias, cujos direitos são assim offendidós, não
representão ao poder legislativo geral de conformidade
com o | 9.' do art. n do mesmo acto addicional.
A secção não julga próprio desta consulta o discutir
as vantagens, e solidez, do systema conhecido com o
nome de—protector—mas não pôde hesitar em declarar
como anti-constitucionala appíicação de tal systema a in-
dustria de uma provincia em relação á de outras. A
àdopção de um tàl systema teria por conseqüência
immediata e necessária uma luta fratricida sobre
modo prejudicial á união e integridade do Império,
luta que justificaria o absurdo de estipulâções, ou tra-
tados de commercio entre as províncias.
A isto,, porém, dá lugar a generalidade em que está
concebido o art. 10 § 5.° do acto addicional, e o si-
lencio até hoje do poder legislativo sobre taes abusos,
cuja attenção cumpre despertar, promovendo a discussão,
e a adopção de medidas definitivas.
A lèi do orçamento da provincia do Ceará de 5 de
Dezembro de 1859 estabelece direitos de exportação
no art. 3.° §§ 1.% 2.°, 19 e/36, e art. 4.» § I1,e"di-
reitos de importação no art. 3." §§ 16, 17 e 18.
Além destes impostos creou a lei de 17 de Julho
daquelle mesmo anno o imposta de 640 réis, sem de-
clarar se por arroba, se por libra, pago pelo sabão
naõ fabricado na provincia — no lugar em que fôr
importado—, ficando isento por essa mesma lei de todos
os impostos provinciaes o sabão nella fabricado. Ora,
que esta lei offende manifestamente o art. 12 do acto
addicional é evidente, e por isso cumpria não ser
sanccionada pelo presidente nos termos do art, 16 do
acto addicional, e do art. 7 • da lei de 12 de Maio
•*- 35 —
de 1840, procedendo como está determinado naquelle
art. 16. Mas tendo-a o presidente sanccionado entende
a secção que tanto esta lei, como a do orçamento provin-
cial sejão remettidas á assembléa geral para resolver.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais justo.
Sala das sessões, em 24 de Fevereiro de 1861.— Visconde
de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Maborahy. ,àU!
.. . i RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Rio, 23 de Março de 1861
, Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 619.—CONSULTA DE 27 DE MARÇO DE 1861.


Sobre a questão suscitada pela directoria da companhia da estrada
de ferro de Pernambuco a respeito da posição do governo comp
accionista da mesma companhia, em virtude das acções que lhe
forão transferidas em troca de apólices da divida publica.

Senhor..—Houve Vossa Magestade Imperial por bem


ordenar que a secção de fazenda do conselho de estado,
examinando a matéria constante dos ofíicios juntos da
legação imperial em Londres dirigidos ao ministério
dos negócios da fazenda em 8 de Dezembro de 1860 e
2 e 6 de Fevereiro próximo passado, e sob os n.0" 30,
,4. e 5, consulte com seu parecer a respeito dos quesitos
seguintes: *.
1 / Pôde a conlpalçia da estrada de ferro de" Per-
nambuco fazer novas chamadas á vista do contracto de
10 de Abril ultimo, pelo qual o governo imperial lhe
forneceu o empréstimo de £ 400.000 ?

(*) Submettida á consideração da assembléa- geral legislativa,


•viso de S de Maio de 1861.
- 36-
2.° Está o governo imperial obrigado ás novas cha-
•;madas que fizer a mesma companhia, em virtude das
acções transferidas para seu nome ?
3." Convém proseguir na permuta das acções da
companhia da estrada de ferro de Pernambuco com a
cláusula de ficar o governo imperial na posição dos
'accionistas cedentes ?
; 4.* Attento o' numero de apólices da divida publica
interna, já emittidas por effeito da conversão dos titulos
das companhias das estradas de ferro, que gozão da
garantia de juro, como se vê da tabeliã annexa, deve o
governo continuar a fazer uso da autorização expressa
no art. 5.° da lei de 22 de Agosto ?
5.° O citado artl 5. da lei de 22 de Agosto do anno
passado autoriza, na sua disposição final, que a permuta
se faça, se assim mais convier aos interesses do Estado,
por apólices da dívida publica externa de juro de 5 7o ?
6.° Em que termos seria admissível a operação de
que trata o quesito antecedente, dado que se a repute
legal ?
Nos ofiicios. acima indicados procura o ministro bra-
sileiro em Londres: 1.° justificar as duvidas que elle
suscitara a respeito da ordem que recebeu do governo
imperial para promover a conversão das acções das
estradas de ferro de Pernambuco, Bahia e S. Paulo
em titulos da divida publica externa de 4 1/2 °/0 e nos da
divida interna de 6 7„; 2.° em dar conta do descontenta-
mento e queixas que, diz, excitara essa ordem entre
os accionistas da dita estrada e no Stock-Exchangç de
Londres; 3.° em sustentar que o governo imperial está
obrigado, na qualidade de aceiohistá da estrada de.
ferro de Pernambuco, ás chamadas que essa compa-
nhia fizer.
Deixando de parte as duas primeiras ordens de
observações que nos ditos ofiicios offerece o ministro
do Brasil á consideração do governo imperial, por-
que, de uma dellas já se occupou a secção de fazenda
na consulta relativa ao empréstimo que pretende fazer
a companhia da, estrada de ferro da Bahia, e a outra,
nenhuma deliberação requer da parte do governo,
passará ella a expor, sua opinião a respeito da terceira,
que constitue o objecto do primeiro e do segundo
quesitos, acima transcriptos.
Quesito 1."— A/ secção examinou accuradamente tanto
o contracto de 10 de Abril do anno de 1860, celebrado
entre o governo imperial é â directoria-da estrada de
ferro de Pernambuco, como.o decreto de 5 de Junho'
cie 1858 que estabeleceu as condições para realização
— 37 -
do dito empréstimo, e em nenhum desses actos deparou*
com cláusula alguma que inhiba á companhia de fazer
novas chamadas. ,
O art. 4.° do dito decreto diz:«A companhia não
oderá (na collecção das leis lê-se—poderá não—mas
E a ahi visivelmente engano de copia òu typographico)
realizar chamadas pelas suas acções emittidas em-
quanto nã»houver empregado na continuação das obras
da estrada o Capital que levantar por empréstimo em
conformidade destas condições. »
Este artigo, pois, veda â companhia fazer novas cha-
madas de capital, emquanto não estiver exhauridoo
tme ella obteve porvia do empréstimo; mas não a
inhibe de fazel-as logo que tiver sido despendido o
produclo do mesmo empréstimo.
O art. 7.° do contracto de 10 de Abril do anno pas-
sado reza assim:«Quando o empréstimo de £400.000
fôr amortizado por meio do fundo de reserva, a somma
do capital da companhia, sobre que for pelo governo
garantido o juro de 7°/ 0 , será reduzida das 400.000 £,
e a companhia não fará chamadas algumas, que tenhão
de ser garantidas pelo governo sobre a mesma somma. »
Deste artigo se segue também que-a companhia da
estrada de ferro de Pernambuco não pôde lazer cha-
madas de quantia superior a 800.000 £ por conta do
capital garantido; e tal não é sua pretenção; mas pôde
fazel-as por conta do capital não garantido até á
importância de 7 £ por acção, que é àctualmente a
differença entre o valor real e nominal de cada uma
dei Ias.
Al lega-se que o art. 18 dos' estatutos da referida com-
panhia se oppõe ás novas chamadas, porque diz na parte
final:« Poderá (a companhia) çontrdhir empréstimos
'quando julgar conveniente, até á importância da totali-
dade das prestações que ha occasião ainda se houverem
de receber, prêtendendo-se deste* modo dar talvez a
entender que ás prestações restantes naó podem ser
-realizadas emquanto o empréstimo não estiver remido,
visto constituírem ellas a garantia do mesmo em*
prestimó ; mas ainda quando esta fosse a intetiigencia
ue se deve dar, não á letra do artigo, porém ao espirito
3 eile, cumpriria ponderar que os empréstimos ou
obrigações, de que ahi se trata, hão são da natureza do
que foi contraindo' pelo governo brasileiro em beneficio
"da companhia; porque este.nem é exigivel, nem tem
pòr garantia p dinheiro proveniente das prestações dos
accionistas, senão b'rendimenfb da própria estrada: ^
" Quesito â.°-^Na fôrma dos -estatutos- cia companliiada
- 38 -
estrada de ferro de Pernambuco, e da legislação do
paiz onde ella se acha estabelecida, a pessoa que toma
posse de uma acção fica obrigada a contribuir com a
totalidade do valor nominal delia, sob pena de perder
as entradas que já tiver realizado, se se recusar a íàr
zel-o nos prazos que a directoria determinar; e corno
os accionistas dessa companhia sq Jêm concorrido
até agora com treze libras por acção, segue-se que
estão obrigados ao pagamento de mais sete libras.
Ora, o governo imperial, dando títulos da divida pu-
blica em troca de acções que só tínhão realizado
treze libras e recebendo de mais em dinheiro as sele
libras que devião satisfazer ás prestações restantes,
adquiriu todos os direitos, mas também tomou sobre
si os ônus dos possuidores das acções que passarão
para seu domínio; e ficou por conseguinte obrigado,
como elles estavão, ás novas chamadas que .fizer a com-
panhia, até á importância de vinte libras por cada
acção, *
O auxilio ou favor que o governo brasileiro concedeu
á companhia, emprestando-lhe a somma de 400.000 £,
nos termos em que o fez, nao mudou a natureza nem
as condições do contracto que constituiu a dita com-
panhia^ tanto mais porque sua directoria não recebeu
esse favor sob a condição de não fazer mais chamadas.
O auxilio consistiu em exonerar os accionistas da obri»
gação de começarem a entrar com as sete libras que
agora se lhes pedem, desde que o empréstimo foi con-
traindo; ede concorrerem unicamente com 800.000 £
em lugar de 1.200.000 a que se compromettêrão, se
O custo da estrada não excedesse a esta ultima quantia
Quesitos 3.° e 4.°—Sem pôr em duvida a grande van-
tagem que colheria o ^Estado da operação autorizada
rfelp art. 5.* da lei de 22 de Agosto do anno passado,
e lóra de duvida que por ora não temos outro meio
de leval-a a effeito senão recorrendo aos emprés-
timos augmentando cada vez mais a somma dos títulos
de nossa divida que já cireüjâo no mercado dos fundos
públicos, aqui e em Inglaterra. Este augmento pro-
gressivo iria tornando a operação cada vez maispne-
rosa, produziria cada vez mais a depreciação de taes
títulos e ma exhaurindo a fonte dos recursos oue
podemos obter do credito. w* * » Hu«
Ora nas circúmstancias difficeis, em que se acha o
ipesourp, nao só já para aaudir ás necessidades ordi-
K a A d ? &e.m%°> maâ principalmente para remir, como
«em de remirvdentro de curto praso òs remanecentes
dos empréstimos de 1824 e de*1843, não pareceTpp2
— 39 —
sivel á secção de fazenda que o governo ppssa deixar
de contrahir, para satisfazer taes empentíós, novos em-
préstimos ;e para que as condições destes não tenhão
de ser nimiamente onerosas, é lorçòso que não con-
tinuem os que actualmente se estão fazendo para
effectuar a conversão das acções das estradas de ferro
em apólices da divida publica.
E' verdade que esta operação, do modo por que se
está realizando, poderia talvez fornecer ainda ao the-
souro a quantia correspondente ás 500.000£ necessá-
rias para o pagamento do empréstimo de 1843, que se
ha de vencer em 1862, mas o thesouro não só ficaria
obrigado a restiluir essas 500.000 £ á medida que as
companhias das estradas de ferro fizessem novas cha-
madas, mas teria igualmente de emíltir muito maior
numero dè apólices ou títulos da divida externa do que
ô sufflcienle para levantar um empréstimo de igual
quantia amortizavel por annuidades.
O grave inconveniente, pois, que«fica ponderado, e
Outros que a sècçáo omitte por brevidade, decidem-na
A declara-se pela negativa na resposta aos quesitos^ 3.'
e 4.°
Quesitos 5.8 e 6.°—Pelo que toca a estes quesitos, só
poderia a conversão das acções das estradas de ferro
ser realizada em troca de titulos de 5*(0, se se exigisse
que estes títulos fossem computados acima do valor no-
minal, vista a cláusula final do art. 5.* da já citada lei
de 22 de Agosto que diz assim :
« O governo fica autorizado não só para conceder,
aos accionistas das estradas de ferro que gozão da ga-
rantia do juro, a permuta de suas acções por apólices
da divida publica interna de 6! 7» ao p"ar, ou por titulos
da divida publica externa de 4 /a 70 ao par, se os ditos
accionistas entraíem effectivamente no thesouro conS
a quantia' necessária para preencher o valor nominal
das mesmas aCções: mas também para realizar a dita
permuta por qualquer outro meio que não seja menos
favorável aos interesses do Estado: » e além de que
semelhante arbítrio não favoreceria os interesses do
thesouro, nem os dos accionistas, obstaria á idéa que
devemos ter em vista de reduzir toda nossa divida ex-
terna a títulos de 4 VÍ'7O«
Tal é, Senhor, o parecer da secção de fazenda, mas
Vossa Magestade Imperial decidirá o que fôr mais con-
Sentançocom os interesses do Brasil.
' Sala das conferências, em 27 de Março de 1864.—Vis-
conde de Itáborahy .^Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
- 40 -

CoaiseSSao dle E s t a d o P l e u o .

Senhor.-Foi Vossa Magestade Imperial servido or-


denar, por aviso do 1.° de Abril ultimo, que fosse ouvido
o conselho de estado sobre o objecto do parecer da
seco.ão do mesmo conselho a que pertencem os negó-
cios da fazenda. O parecer é do theor seguinte:
(Vide a consulla acima.) .
E sendo esta matéria tratada na conferência de. 6 do
dito mez de Abril, honrada com a augusta presidência
de Vossa Magestade Imperial, estando presentes os doze'
conselheiros de estado em exercício abaixo assignados,
foi o parecer approvado por todos, fazendp todavia al-
gumas modificações e restricções o Marquez de Olinda
e Visconde de Albuquerque; pela maneira seguinte:
O Marquez de Olinda entende que a companhia não
pôde fazer mais chamadas, e para isso funda-se no
art. 7.° do contrasto; artigo que, aliás, é allegado no
parecer em sentido contrario: Disseque o artigo contém
duas disposições; ambas subordinadas á realização de
um facto. Este facto é a amortização do empréstimo.
Diz o artigo que quando fôr amortizado o empréstimo,
o governo não será obrigado á garantia senão pelos dous
terços do capital; e isto pela razão de que já se acha
extincto o ultimo terço. Esta declaração, que se podia
dizer escusada, tem um fim, que é acautelar a pretenção
que poderá ter a companhia de continuar a gozar da ga-,
rantiá na parte correspondente á importância do emprés-
timo. Como;o governo se obrigou a garantir o juro de
todo o capital, poderá dizer a companhia que, amortiza-,
do o empréstimo, e cessando por isso o juro que lhe
corresponde, devia continuar a garantia de todo o capital.
E para que não se levante esta preterição ficou, declarado
que não será mais obrigado á garantia pela importância
óP empréstimo. E para se ver o valor desta declaração,
cumpre notar que não se diz que a garantia fica restrin-
gida aos dous terços: o artigo cortou a questão pela raiz,
peclarando logo que o capital é o que ficava reduzido...
Mas istp ainda não bastava: ainda podia susçitar-s&
outra pfetenção. À conipanhia poderá dizer que, èxtincío
o empréstimo, fica aíndã com o direito" de fazer cha->
madas, por conta das 400.000 £, correspondentes ao
mesmo empréstimo. Antes de proseguir, declarou o
mesmo conselheiro que achou-se um pouco embara-;
çado para entender este artigo; particularmente na se-
gunda parte em que falia na somma, a qual parecia ser a.
do capital, que é a que se expressa na primeira parte.'
- 4 1 -
.v Como porém não entendesse o artigo com aquelle sen-
tido, pediu á secretaria ooriginal do contracto ; e á vista
deste reconheceu inexactidão na traducção nesta parte;
que não é a única, porque em lugar de—fôr—, quando
falia do pagamento do juro garantido, deveria pôr-se
—foi—ou, e melhor^-é—. Mas deixando esta falta,- que
é sem conseqüência, observou que esta segunda parte
acaulela expressamente a questão quanto ás 400.000 £.,
E deste modo ficou claro que, amortizado o empréstimo,
a companhia não pôde fazer chamadas por aquellas
400.000 £, e isto por uma razão muito simples, que é:
que ficou extincta esta parte do capital.
Em favor desta pretenção poderia a companhia argu-
mentar com o art. 15 dos estatutos. Diz o parecer que
este art. 15 não prova que a companhia não pôde fazer
chamadas. E' verdade que este artigo não serve para
aquelle fim, > porque elle apenas impõe uma suspensão
de chamadas por certo tempo. Mas podia ser'invocado
para pretextar chamadas depois de amortizado o em-
préstimo. Pouco importa que o empréstimo que se con-
trahiu, não seja o do artigo, como diz o parecer, e nisto
tem razão. 0 árt. 15 autoriza empréstimos; podendo se-
guir-se as chamadas para depois de amortizados: isto
bastava para que a Companhia, aproveitando-se desta
.disposição, se julgasse autorizada para fazer chamadas.
Para evitar esta pretenção é que se declarou que,
amortizado o empréstimo, hão pudesse a companhia fa-
zel-às. Isto vai de accôrdo com o pensamento da primeira
parte, em que se considera o capital diminuído na im-
portância de um terço, pela extincção deste terço, em
conseqüência da amortização do empréstimo. E tanto
mais 1peso tem esta declaração", quanto ella tem de vi-
gorar para o futuro, e um futuro longínquo, como é o
de 30-annòs, tempo em que não se pôde presumir que
ainda haja acções por chamar.
Daqui se segue: 1.° que a companhia não pôde fazer
chamadas depois de amortizado o empréstimo; 2." que
nem ainda as pôde fazer durante o tempo da amorti-
zação, porque o empréstimo substitue parte do capital,
exonerando os accionistas das entradas correspondentes
ao valor do mesmo empréstimo; e outra não é a razão
poi4 que o capital da companhia fica reduzido aos dous
terços.
, Esta intelligencia litteral do contractb está em har-
monia com o pensamento da lei de 1857,' que é a que
regula este negocio. Por esta lei ficou entendido que os
accionistas não são mais obrigados a entrar com o terço
do capital, porque este foi substituído pelo empréstimo,
c. 6
e a obrigação de realizar todas as entradas ficou límí-"
fada a duas JeJrças partes.
Repare-se que, se hoje se decidir que a eompanma
de Pernambuco pôde fazer chamadas por conta da$
400.000 £,, esta decisão ha de ser applieada á estrada
de D. Pedro II: as circumstancias são ás mesmas.
A única differença que ha, é que a de D. Pedro II só
tem realizado a terça parte de seu capital por acções,
e a de Pernambuco duas terças partes. Mas esta cir-
cumstancia não altera a posição de uma e outra em re-
lação á questão: os direitos são os mesmos.
Esta questão torna-se mais seria com a consideração
de que as chamada» não são acompanhadas de garantias-
de ]uro. Não* se indica um só, fundamento para essa
distincção de capital garantido, e capital não garantido,
em relação ás acções que formão o capital de ambas
as companhias. Se os accionistas estão obrigados a sa-
tisfazer o capital, também o governo está obrigado á
garantia de. juro por este capital"; e se o governo está
exonerado dessa garantia, porque- parte do capital foi
substituído por empréstimos, também os accionistas
estão exonerados destas entradas, pela mesma razão
qa substituição do capital: os direitos, e obrigações de
lima parte correspondem aos direitos e obrigações da
outra parte. E é de esperar se levante grande clamor da
parte dos accionistas da estrada de ferro de D. Pedro II
quando souberem que.estão obrigados a entrar com o
terço do capital sem a garantia promeüida. E até se
poderá perguntar se a directoria estava autorizada para
esta operação,' que envolve uma verdadeira alteração
nas condições essenciaes da organização da compapília.
•Note-se'agora que, entretanto que os accionistas ficão
dte peior condição com o empréstimo por perderem a
garantia na terça parte do capital, o governo tira con^
sideraveis vantagens, não só quanto ao tempo da duração
do ônus da garantia, a qual, particularmente para a de
' Pernambuco, se encurta consideravelmente, como quanto
á importância da mesma garantia; porque com ambos
os empréstimos fica muito alliviado o encargo do the-
souro. O resultado será que o governo ha de pagar estes
juros; e deste modo a operação será um verdadeira
augmento do capital.
Acrescentou que está persuadido de que a mesma
directoria de Pernambuco não está convencida deste
direito eme agora se arroga, ou que pelo menos está
em duvida. ,,
Para assim discorrer tem: 1." o facto da declaração
delia mesma á legação imperial em" Londres, dè qué
— 43 —

reconhecia, não o ter, sendo isto impugnado pela le-


gação: posto que já ouvira dizer que esta explicara
depois o seu pensamento de um modo diverso ; é note-se
que esta declaração da directoria foi depois de muito
bem pensado o negocio, como consta da correspon-
dência da legação ; 2." o modo dos convites para estas
chamadas, que forão por Cartas aos accionistas, e estas
impressas, e impressas igualmente as assignaluras; o
que mostra que ella mesma não se atreveu a authen-
liçar o acto: lál" era a/incerteza acerca deste direito,
è talvez a convicção dç que o não tinha.
Não se pôde allegar a necessidade em que estava a
directoria de "meios para continuar a obra. Se estas
são as circumstancias, a companhia entra na condição
geral de todas as sociedades anonymas que, tendo con-
sumido o capital,, não podem satisfazer seus fins. Então
ou dissolve-se ou procura augmentar o capital; mas
tildo isto por decisão da assembléa geral dos accionistas.
Ora no caso presente, a directoria foi autorizada para
augmentar o capital, pedindo garantia para este aug-
mento: isto consta de ofiicios anteriores da legação.
Mas ella não o fez; não o quer fazer. Em lugar de pedir,
quer coagir o governo a fazer-lhe concessões, accu-
sandp-o sempre. Emprega um meio illegai, fazendo
chamadas, para depois argumentar com isto mesmo,
e levar, o governo a pagar os juros pôr essas chamadas,
isto é, indirectamente augmenta o capital com a garantia.
Não se diga que este augmento não é garantido: se o
governo o reconhecer, será obrigado a garantil-o'; além
de que não ha fundamento para essa differença de ca-
pital .garantido e não garantido,, como atrazobservou;
os accionistas saberão fazer valer seus direitos, muito
embora hoje se diga que não lhes compete essa garantia.
A companhia* que falle claro ; que exponha suas cir-
cumstancias, para merecer favores. Mas ella, isto é, a
directoria, não quer fazer publico o estado da admi-
nistração ; e eis a razão de tudo isto.
Entende, pois, que o governo não deve submetter-se a
esta exigência: isto é de mão precedente para todas as
•outras companhias; e que melhor é que o governo se
sujeite ao arbitramento na conformidade dos estatutos.
E por fim declarou o mesmo conselheiro que, quando
diz que á companhia não pôde fazer mais chamadas,
porque o capital está preenchido, não é quê ignore que
ainda ha uma pequena quantia para completar.
Em um officio anterior havia dito o ministro plenipo-
tenciario que o capital eslava preenchido,..faltando uma
pequena quantia, a qual por pequena podia desprezar-se.
— 44 —

\ neste mesmo officio, objecto deste parecer, elle deter-


mina esta quantia, dizendo que são umas 20.000 £. Pois
bem: faça à directoria chamadas por esta quantia, que
não tocará a cada uma acção nem o valor de sete schellins:
isto não se lhe impugna. Mas esta não é a questão. O
que se quer saber é se a directoria pôde fazer chamadas
pelas 400.000 £, correspondentes ao empréstimo: esta
é que é a pergunta; e não se responda com umadecisão
affirmaliva só. por uma espécie particular, e que, aliás,
está fora de pergunta, porque estas 20.000 £ pertencem
aos dous terços e não ao terço do empréstimo.
Declarou mais que, quando diz que a directoria não
pôde fazer chamadas^ entende no sentido de os accionis-
tas serem obrigados a satisfazer as entradas ; que é o que
ella está fazendo, comminando as penas dos estatutos.
Que ella as faça, sendo os accionistas livres de acudir, ou
não; isto também não admitte duvida: cada um pôde
fazer do seu dinheiro o uso que quizer. Mas a directoria
está applicando a este caso as penas dos estatutos. Isto é
arbitrário, é illegal. As acções que estão sujeitas áquellas
penas, são as que gozão da garantia; e não as outras. Dizer
que pôde fazer chamadas* e reconhecer ao mesmo tempo a
liberdade dos accionistas de realizar as entradas., é o
mesmo que reconhecer que as não pode fazer.
E deste mpdo responde ao quesito 1,°
Quanto ao quesito 2.°, concorda com o parecer.
Quanto ao 3.° e 4.°—Observou que a revogação da lei
trazia dezar ao governo, tendo sido ella votada ainda o
anno passado. Que todavia este negocio deve decidir-se
pelos recursos do thesouro : com quanto lhe pareça que
a operação não causará'esses embaraços que suppõe o
parecer. A divida existe do mesmo modo para o governo:
ou pague os juros das acções, ou os das apólices, antes
estes hcão menos pesados.
Quanto aos quesitos 5.° e 6."—Observou que a pergunta
é -commum para a conversão interna e externa, e a res-
posta limita-se á esta segunda parle. Entende que a cláu-
sula final do artigo da lei está subordinada á base de 6,
e de 4 1/2. O governo poderá melhor consultar os inte-
resses do thesouro, reduzindo os^onus em ambas as hy-
potheses, mas não eleval-os.
O Visconde de Albuquerque concorda com a solução
dada no parecer ao 1.° e 2.° quesito; mas não assim
quanto ao 3.°, que elle Visconde resolve affirm ativam ente,
salvando todavia a necessidade de exaclas informações
acerca das disposições da legislação ingleza relativamente
ao Allien-Bill. Dizio mesmo a respeito do quesito 4.°, que
considera corollario do 3.° E conclue que a.resolução do
- 45 -
5.p e 6." depende das eircumstancias da^época em que
fôr realizada a operação.
O conselheiro de estado Euzebio de Queiroz Coutinho
Mattozo Câmara acrescenta ás razões do parecer as se-
guintes : Expõe a natureza das sociedades anonymas, nas
quaes o accionisla só é obrigado átotalidade da sua acção.
Daqui deduz que, se as 400.000 £ fossem dadas por elles,
não havia duvida que não estavão obrigados ás chamadas.
Figura a hypothese de não estar concluída a estrada e
achar-se esgotado o capital. Então terião de recorrer a
um empréstimo, ou de crear novas acções. O que então
podiãofazer,fizerão^noagora; antícipárão o empréstimo.
Mas estão obrigados" a preencher o capital que não preen-
cherão por favor do empréstimo. Distingue no governo
as pessoas de accionista e de garantidor. Como accionista
é obrigado á entrada das sete libras; mas não é Obrigado
a garantir senão 80.000 £, visto que no empréstimo ga-
rantiu 400.000 £ que completão o milhão e duzentas mil
libras que prometlêra garantir.
O conselheiro de-estado José Antônio Pimenta Bueno
também acrescenta algumas razões ás do parecer.
Não sabe como se possa prphibir novas chamadas que
sejão indispensáveis para concluir a estrada, desde que
está conhecido que o capital primitivo não é suíficiente,
e desde que não pôde haver duvida em que esse capital
addicional não tem direito algum a nenhum juro ou ga-
rantia.
A opinião contraria traria o, resultado de não se
poder concluir a obra, e de perderem os accionistas
todo o seu capital e seus direitos. Segundo o posso có-
digo commercial a companhia ou sociedade, que se vê
em taes eircumstancias, ou ha de dissolver-se ou refor-
çar seu capital, desde que o orçamento não foi suíficiente,
e que por isso não pôde preencher sua missão ou em-
preza. Ora a opção entre esses dous expedientes não
pôde pertencer senão á maioria dos accionistas : por-
tanto annuindo esta ás novas chamadas, como ha de
o governo voppôr-se ?
Quanto á questão dos direitos .e obrigações, com que
fica o governo como cessionário dos accionistas, pa-
rece-lhe que o assumpto não ófferéce duvidas; elle é
um accionista de grande numero de acções-, e não tem
nem mais'nem menos direitos, e obrigações do que os
seus cedenles, e do que dispõem os estatutos quanto ao
numero devotos. Assim se seus cedentes tivessem o
direito de mudar a sede da administração social, elle
obtendo a maioria de votos lambem teria, e aliás não;
salvo se isso valesse uma innovação de contracto;
,-r 46 —

porque então demandar-se-hia o accôrdo geral dós inte-


ressados.
Do que fica expendido se conclue que o parecer do con-
selho de estado é o mesmo da sua secção de fazenda,
tendo apenas o Marquez de Olinda, e o Visconde de Albu-
querque feito as declarações ou restricções acima refe-
ridas.
Vossa Magestade Imperial resolverá como houver por
bem.
Paço de S. Christovão, 18 de Outubro de 1861 .—Mar-^
quez de Olinda.—Visconde de Maranguape.—Visconde
ae Abaeté.-^-Visconde do Uruguay .—Éuzebio de Queiroz
Coutinho Mattozo Câmara. —Visconde de Albuquerque.
-^Miguel de Souza Mello e Alvim.—Marquez de Abran-
tes.—Visconde de Jequitinhonha.—José Antônio Pimen-
ta Bueno.—Visconde de Itaborahy . — Visconde de Sa-
pucahy. (*)

(*) Expediu-se o seguinte aviso á legação brasileira na Ingla-


terra: •
« Illm. e Exm. Sr.—Os officios que V. Ex. dirigiu ao meu ante-
cessor em 2 e 6 de Fevereiro' ultimo, designados pelos n.os 4 e 5,-
Versão sobre a queslão suscitada pela directoria da companhia da,
estrada de ferro de Pernambuco a respeito da posição do governo
imperial como accionista da mesma companhia, em virtude das
acções que lhe forão transferidas em troca de apólices de 6 % da
divida publica interna. V. Ex. pede que esta questão seja resol-
vida, visto que delia dependia a realização de novas permulas por
esses titulos ou por apólices de 4 'A^la divida externa, operação
que lhe havia' sido determinada e muito recommendada por este
ministério.
Como apressei-me a prevenir a V. Ex. cm meu aviso de 2o do
mez próximo passado sob n.° 10, o governo imperial commetteu
áo exame da secção de fazenda do conselho de estado, não só a refe-
rida questão, mas também outras que lhe são annexas, e que cumpria
examinar e decidir ao mesmo tempo, para que se apreciasse: 1.°
« direito das companhias e a obrigação do governo imperial como
proprietário das acções transferidas para o seu nome; 2.° a conve-
niência de pròseguír ou sobr'estar na operação autorizada, e já
em tão larga escala levada a effeito no tocante á permuta por apo->
lices da divida interna.
O parecer dá secção de fazenda, aceito, quasi unanimemente pelo
conselho dè estado pleno, é a solução adoptada pelo governo im-
perial sobre tão importante assumpto. Dessa solução passo a dar
conhecimento a V. Ex. como resposta aos seus citados ofiicios, e
para a exeeuçâo que lhe incumbe como digno órgão e represen-
tante do mesmo governo imperial junto às directorias das compa-
nhias a que me refiro. '
O direito da companhia de Pernambuco a fazer novas chamadas,
ate o valor nominal de suas acções, não pode ser posto em duvida,
ou seattenda aos seus estatutos, ou se atterida ao contracto de 10
«e Abril de 1860, e ao decreto de S de Junho de 1838, que esta-
fieleceu as condições para realizar-se o empréstimo de £ 400.000..
— 47 —
< N. 620.—CONSULTA DE 29 DE MARÇO DE 1861.
Sobre a pretenção da directoria da companhia da estrada de ferro
do Joazeiro á garantia do governo imperial para obter o capital
que a continuação dos trabalhos da mesma estrada urgentemente
reclama.
Senhor.— Ordenou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte,

O que é vedado a essa companhia, pelos ar^s. 4.» do decreto de


B de Junho e 7.° do contracto de 10 de Abril, é: 1.» fazer novas^
chamadas de capital, emquanto não estiver exhaurido o que ella
obteve por via de empréstimo; 2.° fazer chamadas de quantia su-
perior a £ 800.000 por eonta dô capital garantido.
O capital garantido ficou reduzido a 800.000 £ pelo empréstimo
de 10 de Abril, e a parte realizada dás acções monta proximamente
(com diíTerença de 20.000 £ para menos) aquelle algarismo. Pode,
portanto, a companhia fazer chamadas até á importância de 7 £•
por acção, que é actualmente o excesso do valor nominal sobre
o real de cada uma dellas, ficando sem a garantia do governo im-
perial o capital que assim fôr realizado.
O govçrno imperial, reconhecendo o direito que assiste á com-
panhia de Pernambuco de fazeip novas chamadas por %mta do
capital não garantido, reconhece igualmente que, assim pelos-
estatutos dessa companhia, emanados da lei brasileira, como pela
legislação do paiz onde ella se acha estabelecida, a pessoa que
toma a posse de uma acção' fica obrigada a contribuir com a tota-
lidade do valor nominal delia; e como os accionistas de que se
trata só têm concorrido até agora com 13 £ por acção, segue-se
que estão obrigados ao pagamento de mais 7 £.
Ora, o governo imperial, dando titulos da divida publica em
troca de acções que só tinhão realizado 13 £, e recebendo de mais
èm dinheiro as 7 £ que deviao satisfazer as prestações restantes,
adquiriu todos os direitos, mas também tomou sobre si os ônus
dos possuidores.das acções que passarão para o seu domínio, e ficou
por1 conseguinte obrigado como elles estavão, ás novas chamadas
que fizer a companhia até á importância de 20 £ por aeção.
O auxilio ou favor que o governo brasileiro concedeu á compa-
nhia, emprestando-lhe a somma de 400.000 £, nos termos em que
o fez, não mudou a natureza ném as condições do contracto que
constituiu a dita companhia, tanto mais porque sua directoria não>
recebeu esse favor sob a condição de não fazer novas chamadas.
O auxilio consistiu em exonerar os accionistas dá obrigação de
começarem a entrar com as 7 £ que agora se lhes' pedem, desde
que o empréstimo foi contrahido, e de concorrerem unicamente
com 800.000 £ em vez de 1.200.000 £ a que se compromettêrão,
se o custo da estrada não excedesse a esta ultima quantia.
De accôrdo com este parecer, nesta mesma data se expedem as
ordens precisas para que, por conta das acções transferidas ao
governo imperial, se enectue em Pernambuco o pagamento de 2 £
por acção que a companhia ha pouco exigiu dos seus accionistas.
Nesta parte, pois, ficão sanadas todas as duvidas, e plenamente sa-
tisfeitos os desejos dá companhia pelo que toca ao governo im-
perial.
Aceitando, porém, todas as obrigações inherentes ás acções que
lhe forão transferidas, e neste sentido confirmando todas as per-
mulas já realizadas, entende também o governo imperial, que lhe
— 48 —

corii a brevidade que o caso exige, sobre o objecto


do officio da legação imperial em Londres, datado
tío 1.° do-mez ultimo.
Neste officio expõe o ministro brasileiro, que fora
convidado para assistir a Uma conferência especial da
junta dos directores da companhia da estrada de ferro
da Bahia; que os encontrara ahi cheios de apprehensão
pelo estado desvantajoso em que se acha o credito da

não convém continuar nessa operação; não pelo ônus de accionista,


mas por considerações muito mais ponderosas.
Pára levar a effeito as permutas que autorizou o art. 5.° da lei
de 22 de Agosto do anno passado, não temos por ora outro meio
senão recorrer aos empréstimos, e augmentar cada vez mais a som-
ma dos titulos de nossa divida que já círculão no mercado dos fundos
públicos, aqui, e em Inglaterra. Este augmento progressivo iria tor-
nando a operação cada vez mais onerosa, produziria cada vez inais
a depreciação de taes titulos e iria exhaunndo a fonte dos recursos
que podemos obter do credito. E' assim que as apólices de 6 % da
divida interna, que erão cotadas a 106 no começo da operação, hoje
não obtêm mais de 94 a 9o °/0 na praça do Rio de Janeiro.,
Ora, nas eircumstancias dimNceis em que se acha o thesouro, nâò
já só pa^a acudir ás necessidadeslordinarias do serviço, mas prin-
cipalmente para remir, como tem de remir, dentro de curto prazo
os remanecentes dos empréstimos de 1824 ,e de 1843, não parece
possível que o governo possa deixar de cóutrahir, para satisfazer
taes empenhos, novos empréstimos; e para que as condições destes
não tennão de ser nimiamente onerosas, é forçoso que não con-
tinuem os que actualmente se estão fazendo para effectuar a con-
versão das acções das estradas de ferro em apólices da divida publica.
Em seu officio n.» 4 de 2 de Fevereiro, V. Ex. via algum perigo
em'retroceder dos passos já dados com tanta publicidade: mas no
mesmo oflicio de V. Ex. apparece a crença de que a conversão por
titulos de 4 i/í da nossa divida, externa não acharia quem a acei-
tasse, e se mânifestão amargas queixas da parte dos accionistas
inglezes pela permuta que se effectuava no Império em apólices
de 6 %. Este meio de realizar a operação era considerado pelos
accionistas descontentes corno tendo só em vistas beneficiar ns ac-
cionistas brasileiros ou âo pequeno numero das pessoas relacio-
nadas com as praças do Brasil.
A suspensão, portanto, de uma medida que ahi se julgou preju-
dicial ao nosso credito, sob o falso ponto de vista em que as pre-
venções e os interesses individuaes a encararão, não pôde hoje dar
justo motivo de queixa. O favor que com ella se quiz prestar ás
emprezas e aos seus accionistas já foi em grande parte realizado.
Contmual-o, apezar dos grandes inconvenientes que já- se sentem,
e que cresceriao de dia em dia, fora destruir o bem que está feito,
compromeitendo seriamente o credito do Brasil.
A solução do governo imperial não pôde deixar de ser bem ac-
ceita por todos os espíritos rectos e bem intencionados. A missão
J N W i i i ",' aux il»ando-nos neste empenho, tem difficuldades, mas
mmcuidades que serão prompta e habilmente vencidas, como o
de>v"a E - s o v e r n o i m P e r i a l Pel<> distineto zelo, tino e patriotismo
Z W * - ^ a n V > Ex.-Rio-de Janeiro, 8 de Abril de 1861 .-José
Carvalho M w i r ? a r a n l m — S r - conselheiro Francisco lgnacio de
— 49 —
companhia no que concerne ao valor de suas acções
no mercado, e tornados de certa duvida e anxiedade,
por não dizer desconfiança, acerca das vistas do governo
imperial a respeito dessa e das outras suas emprezas,
de caminhos de ferro administradas naquelle paiz: que
os directores não sabião explicar o facto anormal de1
se acharem, como se achão, com 20 °/0 de descon-
to as acções. da companhia, tendo juros de 7 °/o ga-
rantidos por um governo, que sempre gozou de boa
reputação, e sendo dirigido por uma administração
que tem cumprido fielmente seus deveres; quer em
relação ao governo imperial, quer aos accionistas : que
as causas geraes que actuãó presentemente, sobre o
mercado monetário, a má administração da estrada
de ferro de Pernambuco, a insufficiencia hoje provada
clô capital desta empreza, e a espécie de solidariedade
que deVe existir entre ella e as de S. Paulo e da
Bahia explicavão até agora esse facto anormal, mas
que já não podem continuar a explical-o depois que
a companhia começou a encontrar da parte do governo
imperial se não indiflerença ou má vontade, ao menos
certa falta de cooperação —franca e prompta com os di-
rectores— nas medidas por elles solicitadas para o bom,
andamento da empreza ; o que lhes fazia pensar que o
governo não continuava a olhar para ella com os mesmos
olhos de favor e protecção, a que a companhia tem
direito ;, e que por Conseguinte' a estas , causas que
ultimamente têm actuado sobre as suas acções. deve ser
attribuido o estado em que se acha a empreza.
Como prova da má vontade dD governo imperial, e
da falta de protecção, allegárão os. directores a pro-
crastinação da decisão dos negócios submettidos ao
governo imperial; a desconfiança da parte deste no
critério e lealdade dos directores, a insufficiencia de
faculdades do membro official da junta (o ministro
brasileiro em Londres) para resolver as questões que
iédem prompta solução ; a demora^no pagamento dos
Í uros vencidos, e finalmente a medida da conversão
das acções das três mencionadas companhias em fundos
da divida publica brasileira, entre os quaes os de 41/2
estão alli com o desconto de 20% e os de 6" •/„ apenas serião
aceitáveis pelo limitado numero de accionistas que
liverem relações no Império. ..».»
; Tendo assim lançado em conta do governo brasileiro
a depreciação da&,aGções da estrada de ferro da Bahia,
proseguirão os directores, declarando que nada havia
de mais urgente, do que recorrer de prompto ao cau-
sador dessa depreciação, pedindo-lhe em nome dos le-
c. 7. '
,— 50 —
gitimos interesses de todos quantos acolherão o pros-
pecto dessa empreza e empregarão ahi sçus capitães,
confiados nas promessas do governo, que, para nao
pararem as obras, venha elle em apoio da companhia
com uma medida tendente a libertar os accionistas da
necessidade indeclinável de pagarem agora novas cha-
madas.
A medida que, na opinião dos directores, mais con-
veniente pareceu, foi posta depois por escripto na carta
que o presidente da direciona escreveu ao ministro,
brasileiro cóm data de 25 de Janeiro ultimo, concebida
nos termos seguintes:
« Illm. eExm. Sr.—Londres, 25 de Janeiro de 1861.—
Em o nosso prospectus, publicado erii Janeiro dé 1858,
declaramos ao publico que uma das mais importantes
vantagens concedidas á companhia era : a autorização
conferida ao governo imperial para vir em soccorro
da companhia com uma quantia igual á terça parte
do seu capital garantido.
« A directoria é de opinião que o tempo chegou
quando em justiça- aos seus accionistas, e para bem.
da empreza e dever seu reclamar do governo imperial
o exercício dessa autorização facilitando á compa-
nhia em conformidade da lei de Agosto de 1857 os
meios para levantar um empréstimo de í 600.000.
« A directoria não pôde duvidar, semelhantes emprés-
timos, havendo sido feitos ás companhias das estradas
de ferro de D« Pedro II e Pernambuco, que o governo
imperial tarnará extensivo á companhia da Bahia o
pleno beneficio^ desta lei. E' de facto bem obvia a van-
tagem tanto para a companhia como para o governo
de ser a companhia assim soccorrida.
« A directoria, porém, reconhece que o estado actual
do mercado monetário não é propicio para levantar
um e©q»estimo tão avultadocom condições * favoráveis
ao credite do governo imperial, e é informada não ser
improvável que o governo imperial terá em época não-,
muito remota de effecüuar uma operação de credito
em Londres.
,« Como uma medida de soccorro provisionãl e tempo-
rário, e até que o governo se ache em uma posição
favorável para dar á companhia o pleno beneficio da
lei de Agosto de 1857, occorre-me que o governo im-
perial pôde, como autoriza a referida lei, garantir os
—Debentures— (escriptos de dividas) da companhia a
curtos prazos, á medida que o dinheiro fôr precisado
depois que a somma de € 14 por acçãó tiver sido
realizada por chamadas.
- 51 -
« Sendo- certo que dous terços do. «apitai da com-,
panhia, isto é: £14 por acção, terão sido pagos por
chamadas até Junho próximo, espero receber o mais
cedo que possível fôr, antes dessa data, a decisão fa-
vorável do governo.
« Nãp duvido que os — Debentures — da companhia
com curtos prazos, tendo a vantagem da garantia im-
perial, possão ser emittidos em Londres com condições
favoráveis..
Estes—Debenlures —? serão pagos com o dinheiro pro-
veniente do empréstimo que o governo fizer,.e no caso
de necessitarem de renovação será effectuada, ou seu
pagamento sei^á feito pela companhia por meio de
chamadas do capital ainda não realizadas.
« Tenho a honra de ser, etc. (assignado) João Samuel,
presidente. »' . '
Depois de declarar no supracitado officio de, 3 de
Fevereiro ultimo, que rectificara todos os factos, aliás
allegados pelos directores sem .nenhum espirito de
offénderem o governo imperial, nem o seu represen-
tante, e que tranquíllisara os directores, explic&ndo-lhes
âuanto tem feito, a respeito da companhia da estrada
e ferro da Bahia, o governo imperial, Cuja intenção
não é senão a de favprééer e apqiat,as suas emprezas,
o ministro brasileiro acrescenta: f Quanto á matéria
da proposta relativa ao soccorro pedido pela companhia,
declarei-lhes que duvidava muito que o governo im-
perial pudesse prestar-se nesta occasião a levantar um
empréstimo em favor da companhia; expuzr-íhes as
razoes, contra-indicantes dessa medida na actualidade ;
cheguei mesmo a dizer-lhes que, se pôr ventura não
estivesse o governo bem informado e conscio do estado
dás cousas a esse respeito, a mim me cumpria mos-
trar-lhe a inopportunidade, senão impossibilidade, de
proceder agora a uma operação de empréstimo sem
graves sacrifícios. Pelo que toca, porém, á simples ga-
rantia do governo imperial para os—Debentures—, ou
obrigações emittidas pela companhia, para por sua
conta haver os meios de que precisa, eu não duvi-
daria advogar essa idéa, é prometti-lhes mesmo que o
faria perante o governo imperial; asseverando-Ines,
entretanto, que nem official, nem particularmente podia
declarar-lhes que seria atteridido pelo governo o pedido
da directoria. »
E defeito, no final desse officio passa o ministro bra-
sileiro a explicar a operação proposta pelos directores;
encarece, com o estado ameaçador da, Europa, com a
desordem dos Estados-Unidos e com o alto preço do
- 5 2 - • ;«"
Uso do dinheir® no mercado de Londres, odireito que
têm os accionistas das estradas de ferro do Brasil^e
principalmente os da Bahia; á P™tecçao do-governo
imperial; insiste no resentimento,anxiedade e descon-
fiança, de que estes últimos estão possuídos.pelos
motivos que atraz^bram expostos, e acrescenta. « Era
eircumstancias tão^rnelindrosas vir o governo em apoio
destes (os da estrada da Bahia) mostrando sympathia
pelos seus soffrimentos, alliviando-lhes o peso de sua
posição, e unicamente com a prestação de seu nome,
libértando-os temporariamente de maiores sacrifícios
em responderem ás chamadas necessárias para a con-
tinuação das obras, não é somente um plano justifi-
cável" é um acto de justiça e de boa política da parte
do governo. Por uma influencia collateral do mao es-
tado em que se achão as acções das emprezas das
estradas de ferro, vai aqui soffrendo o credito do Brasil,
como muitas vezes tenho.dito ao governo impénàt;
cümpre-me pois (ha de ser cumpre-nos pois) levar o
machado á raiz do mal e sustentar o nosso credito
prompta e efficazmente, sustentando as nossas emprezas,
A medida agora reclamada pela companhia é sem du-
vida um dos expe$ientes menos onerosos ao governo,
pois não envolve ò*menor risco para'o thesouro. Deste
opportuno auxilio e franca cooperação é de esperar um
benéfico resultado immediato para essa empreza, e
indirecto para as outras, restaurando a confiança dos
accionistas em geral. »
A secção de fazenda, Senhor, não se encarregará de
aquilatar o valor das queixas ou antes graves censuras de
que os directores da estrada de ferro da Bahia formarão
0 exordiode síia pretenção, e que parecem também
fazer força no espirito do nosso ministro plenipoten-
ciario em Londres, avista de alguns dos trechos que
ficam transcriptos. Pará isso , fora necessário que a
secção examinasse todos os documentos existentes na
secretaria do império ou na das obras publicas, relativos
aos negócios sobre que versão as ditas queixas; o que
aliás se lhe torna impossível fazer com a urgência que
lhe íoi recommendada. Lastima será que nesses do-
cumentos se achem mais sólidos motivos para funda-
mentarem as censuras dos directores, do que os re-
lativos á conversão das acções das companhias das
estradas de ferro em titulos de diyida publica.
Esta operação não pôde ser levada a effeito contra
a vontade» dos possuidores das acções; nenhum deli es
aceital-a-ha âem que lhP aconselhe o próprio interesse ;
e a aceitação de um ou de muitos accionistas não pre-
— 53 —
judicará de modo nenhum, antes favorecerá os inte-
resses dos que deixarem de aceital-a, visto como, em
todo o caso, fará retirar do mercado uma porção de
acções; o que concorrerá necessariamente para elevar
o preço das que ahi ficarem.
SQ, propondo tal operação, teve o governo o intuito
de substituir, ao menos em parte, #• encargo que con-
trahiu de garantir por 90 annos o juro de 7 % do ca-
pital empregado na construcção dás estradas de ferro
dò Brasil por condições que lhe paíeção menos gra-
vosas e sejão voluntariamente aceitas por aquellCs com
quem contrahiu tal encargo, não parece á* secção de
fazenda que a consciência mais escrupulosa e delicada
possa enxergar em semelhante procedimento a menor
quebra de lealdade e boa fé, nem dar a ninguém o
direito de lançar-lhe em rosto que o «governo im^-
perial, arrependido de> haver promettido tão elevado
juro ás companhias das estradas de ferro, queira assim
indirectamente repudiar os seus, compromissos e sal-
tar-sé dos ônus dos juros que havia garantido por
90 annos. » ,
Se estas palavras de iniqua e ferina increpação pu-
dessem caber á operação intentada pelo governo bra-
sileiro, por muito mais forte razão deveriào ter sido
applicádas ao'de - Inglaterra, nas íàifferentes vezes que
tem reduzido o juro de sua divida publica', mas ahi
o bom senso do povo comprehende bem que se não deve
sacrificar o interesse de todos os contribuintes ao bem
«estar.da classe comparativamente pequena e rica que vive
dos rendimentos que lhe paga o Estado ; e os directores
da estrada de ferro da Bahia, e os que acolhem todas
.as suas censuras, confundindo o governo imperial com os
emprezarios dessa e de outras linhas férreas, e identi-
ficando sempre os interesses de um com os dos outros,
mostrão-se convencidos de que é do dever do mesmo
governo proteger sempre as companhias, e evitar que
as acções destas sôffrão depreciação no mercado, em-
bora custe isso pesados sacrifícios ao thesouro, e por
• conseguinte aos contribuintes brasileiros.
Apezar do que fica dito, a secção de fazenda não he-
sitaria ura momento em acoriselhar ao governo de Vossa
Magestade Imperial que deferisse favoravelmente a*pre-
tenção dos directores dá estrada de ferro da Bahia ; se
estivesse convencida, como parece estar o ministro bra-
sileiro em Londres, de que este expediente não envolve
sacrifício algum, nem o menor risco para o thesouro ;
mas contra esta asserção protesta a carta que atraz ficou
transladada, na qual *se exige que as obrigações emit-
V',V- - - 54* —
tidas pela companhia até a importância de £ 600.00»
sejão pagas com o dinheiro proveniente de um emprés-
timo que o governo deverá contrabir na mesma occasião,
em que recorrer á operação de credito indispensável
para remir ò remanecente do de 1824; e se os directores
reconhecem que o estado actual do mercado jfionetano
não e propicio para»$evantar um empréstimo tão avul-.
tado com condições favoráveis ao credito do governo
imperial, é também fora de duvida que ninguém nos
pôde assegurar que daqui a três annos, e no meio
das difficuldades que nos ha de trazer a forçosa obrigação
derealizaropagamento.de cerca de três milhões de
libras, serão nessas eircumstancias mais favoráveis, e
o mercado monetário mais propicio, para com menos
sacrifício do que hoje, levantarmos o empréstimo addir
ciônal de £ 600.00Ó. .
E' possível, senão provável, que as causas que estão
influindo poderosamente sobre õ estado monetário,
tomem, umas maior desenvolvimento, outras mais lugu-
bfe aspecto ; e que em 1864 nos vejamos a braços com
maiores difficuldades do qüehoje para pagar o emprés-
timo Cuja garantia se nos pede agqra.
Se a secção entendesse que a lei de 19 de Agosto de
1857 n.° 911impõe*au governo a obrigação de fazer
extensiva á companhia da estrada de ferro da Bahia, na
occasião em que el|a o pedir, o favor que se concedeu
então á do Rio de Janeiro, e depois á de Pernambuco,
sem deixar ao mesmo governo a faculdade de concedel-o
ou recusal-o, conforme as contingências do mercado
monetário, e dos recursos financeiros do Estado, acon-i
semaria antes ella que se preferisse contrahir já o em->
restimo das £ 600.000 para a estrada da Bahia, ao ar-,
E itrio de tomarmos o empenho de realizal-o em um prazo
certo e determinado, sujeitando-nos assim a sacrifícios
imprevistos, e talvez muito superiores aos que teríamos
de-soffrer agora.
O primeiro expediente não poderia ao menos ser taxado
de illegitimo e illegal, como fora o de, garantir o paga-
mento das obrigações emittidas pela companhia da.
estrada dé ferro da Bahia, por quanto a já cilada lei de
19 dê Agosto autoriza o governo para auxilial-a, garan-
tindo^ um empréstimo feito por ella ou por conta delia;
dentro ou fora do Império, e amorlizavel por meio de an*
nuidades; mas nãò.o autoriza certamente para garantil-o
nos termos qüe propõe a directoriadaquella empreza.
A razão desta difierença é obvia, e mostra a previdência
e prudência do legisla"dõr.
Mas, entendendo a secção de fazenda, como o nosso
.? ~ 55 —
ministro plenipotenciario em Londres, e como os pró-
prios directores da estrada da Bahia, que o Brasil não
tem obrigação nem deve recorrer agora á medida inop-
portuna de levantar um empréstimo a favor da companhia,
claro lhe parece que o governo está inhibido de prestar
o auxilio que ella solicita com o intuito de isentar seus
accionistas da obrigação que lhes cabe nô que diz res-
peito ao fornecimento dos fundos necessários para con-
tinuação das obras da estrada.
E* verdade que, se tal fôr a deliberação do governo
imperial, poderá ella ir de novo excitar aanxiedade, o
resentimento e a desconfiança dos directores da empreza
de que se trata, mormente tendo o ministro brasileiro
tomado o empenho de advogar a pretenção dos mesmos
directores, induzindo-os assim a acreditar que nenhuma
razão fundada teria o governo do Brasil para recusal-a;
mas o receio de que isto possa acontecer é, no conceito
da secção, menos importante do que as razões em que se
funda para impugnal-a.
Sobeja razão tem o ministro do Brasil quando insiste
em que se deve sustentar nosso credito naquelle centro
,do mundo commercial, mas por mais tratos que dê ao
seu espirito não pôde a secção comprehender a efficacia
do meio que elle aponta para chegarmos a esse de-
sideratum.
Auxiliar as companhias das estradas de ferro por
via de empréstimos feitos em nome e com a ga-
rantia do Brasil, poderia talvez fazer momentaneamente
elevar-lhes a cotação das acções; mas esses empres»
tiraos áugmentarião também successivamente a somma
dos titulos de nossa divida publica, e por conseguinte
concorrerião para deprimir o valor destes, com manifesta
injustiça dos actuaes credores, os qüaes julgarião, com
razão, ter tanto direito á protecção do governo imperial,
como os portadores das acções.
A secção. Senhor, não atina com outro meio de,
sustentar nosso credito, que não consista em termos
orçamentos que não decretem e autorizem despezas
superiores aos recursos do Estado, e que abonem assim
a regularidade e solidez de'nossas finanças; em cumprir
leal e religiosamente os empenhos que temos contraiu*),,
pondo todavia termo a essa torrente de garantias que
temos dado com mão mais que profusa, e final-
mente em deixarmos de fazer o papel de protector de
quanta empreza mal calculada ou inopportuna ahiappa-
recer.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha não pôde con-
cordar com a opinião dos seus illustrados collegas. A
— 56 —
respeito deste importantíssimo objecto exprime-se do
modo seguinte o conselheiro ministro brasileiro em
Londres. , „ , .'" '
« Legação imperial na Grã-Bretanha, Londres, í / d e
Fevereiro de 1861. •*
« Illm. e Exm. Sr.—Emum dos últimos dias do-méz
passado fui por convite da directoria da companhia da es-
trada de ferro da Bahia assistir a uma conferência especial
do Board sobre o assumpto, de que vou dar conta. "
« Encontrei os directores cheios de apprehensao pelo
estado desvantajoso em que se acha o credito da com-
panhia no que concerne ao valor de suas aeções no
mercado, e tomados de uma certa duvida e anxiedade,
para não dizer desconfiança, acerca das vistas ido go-
verno imperial a respeito dessa e de outras suas em-
prezas de caminho de ferro administradas neste paiz.
« Como explicar, perguntavão-me elles, o factoanomaio
de se acharem como se achão a 20 °/„ de desconto
as acções da companhia da Bahia, tendo juros de-7 %
garantidos por um governo que gozou sempre de boa
reputação, quando na administração desta companhia,
quer no tocante á execução das obras emprehendidas,
quer no modo por que temos até hoje desempenhado
as nossas obrigações *para com o governo e para com
os Sharcholders, nada ha ahi que justifique esta depressão
extraordinária no valor das nossas acções.
« Dando todo o desconto razoável ás causas geraes
que actuão presentemente sobre o mercado, não é possível
explicar este facto senão por eircumstancias que direeta-
menle affectão a empreza tornando duvidosa a espectativa
dos Sharcholders, e a opinião dos capitalistas.
«Desde algum tempo a esta parte o depreciamento
das acções da companhia da Bahia e de S. Paulo provinha,
segundo a impressão geral, do máo estado que todos
áttribuião á companhia de Pernambuco, pela insufficiencia
anticipada, e hoje provada, do capital, sua má adminis-
tração, seus litígios com o contractador, desintelligencias
com o governo, etc, etc. A affinidade das emprezas devia
até certo ponto produzir essa affinidade de depreciação
de todas as acções pelos receios de iguaes conseqüências
a íespeito das outras duas emprezas. Logo, porém;
que a companhia da Bahia começou a encontrar da
parte do governo, senão indifferença ou má vontade,
ao menos uma certa falta de cooperação franca e prompta
corn os directqres em algumas medidas por elles solici-
tadas para o bom andamento da empreza, era-nos licito
em boa lógica, continuavão elles, pensar que sem termos
incorrido nas mesmas faltas que a directoria de Pernam-
- 57 -
buco, começava o.governo^a não olhar para a empreza
da Bahia com os mesmos olhos de favo» e protecção
a que tínhamos direito.
« Ahi allegárão elles o que elles chamavão « procrasli-
nations » na decisão dos negócios submettidos ao go-
verno ; desconfiariça da parte deste no critério e lealdade
dos directores; insufficiencia de poderes. da parte do
membro' official do Board e representante do governo
neste paiz para resolver as questões que pedem prompta
resolução, exemplificando essas queixas pelas demoras
e difficuldades oppostas á consolidação das acções; a
fixação do capital da 1 .* secção ; retardo no pagamento de
juros já vencidos sobre a respectiva quantia; e finalmente
pela decretação da medida da conversão das acções
das companhias em fundos da divida publica, dos quaes
os de 4 t/2 estão aqui a 15°/o de desconto, e os dê 6 7»'no
Brasil apenas/serião aceitáveis, para um limitado numero
de Sharcholders com relações no Império.
« Esta medida, disserão-me os directores, tem pro-
vocado muito desagrado, e todos os dias recebemos
aqui cartas de accionistas que, 'julgando-a destinada
a frustrar a sua justa espectativa aos juros de 7 °/0J
nos exprobrão a aceitação de semelhante proposta
quando nos fazemos o cónductodaofferta do governo :
e não poucas censuras se têm jálevantadò na imprensa
contra nós e contra o próprio governo; resultando de
tudo isso um estado desfavorável para a empreza, uma
crescente desapreciação das suas acções, e, para dizei
tudo, uma espécie de crença de que o governo arrepen-
dido de haver prorhettido tão elevado juro ás companhias
das estradas de ferro queira assim indirectamente repu-
diar os seus compromissos, e salvar-se dos ônus dos
juros que elle havia garantido por noventa annos.
« Aqui" devo dizer a V. Ex. que os directores não
exageravão essa má impressão produzida pela medida
da conversão, pois na verdade tem havido essas publica-
ções e essa correspondência de accionistas á directoria,
que me mostrarão nessa conferência, e de que mando
Copia a V. Ex. em officio especial sobre este assumpto.
« Neste estado verdadeiramente anormal em que se
acha a empreza por essas causas,que ultimamente têm
actuado sobre as suas acções, proseguirão os directo-
res, julgamos qué nada ha mais urgente do que re-
correr de prompto ao governo imperial pedindo-lhe,
em nome dos legítimos interesses de todos quantos aco-
lherão o prospecto desta empreza empregando nella
os seus capitães, confiados nas promessas do governo,
e que todos hoje se achão com uma perda de 20 °j0
c. 8.
— 58 —
era suas acções, que, para não pararem as obras, ve-
nha o govenpo em apoio da companhia com uma me-
dida tendente a libertar da necessidade indeclinável
de pagar agora novas chamadas os^Sharcholders, muitos
dos quaes .não sendo capitalistas ver-se-hão obrigados, a
fim de haverem os meios de fazer as entradas, a vender
parte de suas próprias acções para não serem confis-
cadas (forfaits), e isto quando estão essas acções a
um desconto de 20-%-
« Dous únicos expedientes, disserão então os direc-
tores, se offerecem para serem adoptados neste mo-
mento, visto que seria uma Crueldade da parte da di-
rectoria nestas tristes eircumstancias forçar os Shar-
cholders a sacrificarem suas acções a novas chamadas.
O primeiro seria pedir ao governo aapplicação da lei dê
26 "de Agosto de 1857 em favor desta companhia, for-
necendo-lhe por meio de um empréstimo um terço
do capital garantido; e o segundo levantar a companhia
por si mesma essa quantia, valendo-se do direito que
lhe dão os,èstatutos e os, seus r—artigos de associação—»
para haveUa por empréstimo sobre sua própria res-
ponsabilidade .
« Anão ser possível o primeiro desses dous recursos (o
empréstimo directamente feito pelo governo em favor
da companhia), seria o segundo insufíiciente e impraticá-
vel na diffícil situação em que se achão as cousas; quando
é evidente que o credito da própria companhia sepcha
seriamente abalado, sendo disso ümexponente natural
o descrédito dè suas acções. Assim só com a garan-
tia da empreza, e sob sua única responsabilidade não
poderia a companhia levantar a somma de que pre-
cisa, a quáesquer termos ainda os mais desfavoráveis,
e muito menos, quando a taxa do desconto se acha
actualmente a 7 % no Banco de Inglaterra.
« Entretanto, seria possível, na opinião da directoria,
empregar a companhia o expediente de emittir suas
obrigações ( Debentures ) se o governo imperial qqiZesse
prestar-lhes a sua garantia. Este apoio" dado deprompto
pelo governo á companhia da Bahia seria ao mesmo
tempo um soccorro, bem que provisório e terhporario,
dê grande importância para mostrar ao publico que
o governo não abandona as suas emprezas, nem tem
alterado as suas vistas de promover-lhes a sua pros-
peridade, como seria ainda um meio de reconciliar o
espirito dos Sharcholders desta e das outras empre-
zas, apprehensivos como se achão pela má impressão
que infelizmente lhes causou a medida da conversão»
« Até aqui exponho em substancia a V. Ex. o que se
'"-^-59-
passou na conferência especial da directoria da Bahia
a que assisti.
« E' escusado dizer que rectifiquei, comótne cumpria,
todos os factos aliás allegados pelos directores sem^
nenhum espirito de òffender o governo imperial nepi'
o seu representante, mas, como disse, por essáanxiedade
e, apprenensão bem naturaes a pessoas, que realmente'
tômao um louvável empenho em dar conta da admi-
nistração de uma empreza tão importante como esta,
e com tantos interessados dè quem são, por assim di-
zer, depositários gozando de merecida reputação ; a
pessoas emfim habituadas a verem emprezas similares
ás cousas feitas por um modo, quiçá diverso daquèlle
porque estamos no habito de vel-as e consideral-as.
' « Tranquillisei os directores, expliquei-lhes.tudo que
tem feito o governo a respeito da companhia da Bahia,
e pelo modo mais convinhavel os fiz comprehender
que o governo nada tinha tanto a peito como manter
o seu credito no exterior, sentindo que fossem aqui
mal interpretadas algumas duvidas ou actos cuja in-
tenção não era outra senão a de favorecer e apoiar as
suas emprezas. Em summa por tudo quanto se passou,
e pelo que depois soube, estou convencido que não
foi de pouca utilidade essa conferência a que presidiu
á sinceridade,» a franqueza da parte delles e da minha.
« Quanto á matéria da proposta relativa ao soccorro
pedido pela companhia, declarei-lhes que duvidava .
muito qüe o governo imperial pudesse prestar-se nesta
occasião a levantar jum empréstimo em favor da com-
panhia ; éxpuz^lhes as razões contra-indicantes dessa
medida na actualidade; cheguei mesmo a dizer-lhes
que se por ventura não estivesse o governo bem in-
formado e conscio do estado das cousas á esse res-
peito, a mim me cumpria mostrar-lhe a inopportu.-
nidade senão impossibilidade.de proceder agora a uma
operação de empréstimo sem graves sacrifícios.
« Pelo qtfe toca porém á simples garantia do governo
imperial pára os—Debentures—ou obrigações emittidas
pela companhia, para por sua conta haver os meios
de que. precisa, eu não duvidaria advogar essa idéa; e
prometti-lhes mesmo que o faria perante- o governo
imperial; asseverando-lhes, entretanto, que nem official,
nem particularmente podia declarar-lhes que seria atten».
didó pelo governo o pedido da directoria. Já vê, pois,
"V. Ex. que a nada me comprometti, senão a apoiar
o pedido dos directores no tocante á garantia que elles
solicitão para os—Debentures—que se propõem a emit*-
tir^casa seja ella concedida.
— 6*0 —

« Depois dessa conferência recebi no dia 25 de Janeiro


a carta inclusa do presidente da directoria, d onde verá
V. Ex. anatifreza e alcance da pròpoáta cujos detaines
são os seguintes: *" .
•e Presentindo a impossibilidade de obterem do go-
verno imperial um empréstimo nas eircumstancias ac-
tuaes, ou antes convencidos dessa impossibilidade,
desejão os directores emittir, —Debentures —mrobri-
gações da<companhia, á proporção das necessidades da
empreza, vencendo os juros majs favoráveis que pode-
rem obter ria occasião segundo o estado do mercado
monetário, sendo essas obrigações a prazo de três ou
cinco annos. Em geral-os — Deberitur-es — emittidos por.
todas as companhias de estradas de ferro neste' paiz
nuncaexcedem o prazo de sete annos.
Os juros desses — Debentures —• serão pagos pela
companhia dos 7 % garantidos pelo goVerno sobre as
secções da linha que forem sendo abertas. Por oqn-*
seguinte o governo nada terá com o pagamento periódica
dos juros que forem vencendo os -—Debentures—, fican-^
do inteiramente livre á directoria o emittil-os aos mais
favoráveis termos que puder. E* uma operação toda
da companhia para a qual está ella autorizada pelos seus
estatutos e — artigos de associação — intervindo nisso o
governo somente com o favor da sua garantia.
« Estes —r Debentures —, diz a directoria na carta do
seü presidente, serão pagos com o dinheiro proveniente
do empréstimo que o governo fizer; e no caso de neces-
sitarem.de renovação antes de ser feito o empréstimo^
esta renovação será effectuada, ou seu pagamento íser4(
feito pela companhia por meio de chamadas do capitais
ainda não realizado,.'»
« Diz a, directo ria—serão pagos com o produetodo em-,
prestimoque o governofizer—suppondoque o termo do
vencimento desses—Debentures-^ , se forem emittidas.
por três annos, terá de coincidir, pouco mais ou menos>
com a época em que naturalmente teraogovenio.de
recorrer a uma operação de credito para remir P r e -
manecente, kdo empréstimo de .1824 que se vence em
4864, sendo talvez fácil e sem duvida conveniente ao
governo amalgamar então com essa inevitável ope-
ração a de um empréstimo para resgatar esses —iDe?
•bentures—. Disse eu—sem duvida conveniente.ao go-
verno—por ser,obvia a grandíssima «vantagem de
libertar-rse o paiz do opus,, de 7 °/0 por 60 annos
lalvez-rdos 90 que garantimos á companhia-além do
gánhp de 2 °/0j ;pelo menos por espaço de 30 -ãriiios
que dará o pagamento dos juros desse çmprestim^írtá a
—u—
sua eompleta amortização, vantagens já obtidas na ope-
raçãofeitapara com a companhia de Pernambuco.
«,A directoria, porém, ainda que se julga com direito
a receber dõ gpvérno imperial o mesmo favor que lhe
assegura a lei de Agosto de 1857, e de que, já gozou a
companhia de Pernambuco,'favor cuja espèctativa foi
uma das vantagens sólemnemente proraettidas ao pu-
blico no «prospecto» com que foi annunciada esta
empreza, como bem diz o presidente na sua carta inclusa,
não exige todavia um compromisso da parte do governo
pára effectivamente dat-lhe por empréstimo os meios de
resgatar esses — Debentures — no período de se uvenci-
mento.' Tudo dependerá das eircumstancias da occasião *
Se tal empréstimo sé não realizar por qualquer motivo,
serão esses-—Debentures— renovados, ou pagoseremi-
dos com o produeto das chamadas em concorrente
quantia, e que ainda não estiverem realizadas.
« Eis-ahi tudo quanto requer a directoria, e o diz na
carta o seu presidente.
« Passo <agora a desempenhar a promessa quefizaos
directores de apoiar o seu pedido perante o 'governo
imperial, convencido como estou da justiça dessa pre-
tenção, e da conveniência e necessidade de semelhante
medida em favor desta empreza, e em geral do cre-
dito nacional, Paraeleval-o e sustental-o todo o sacri-
fício seria pouco, quanto rhais tratando-se de um ,expe-
diente que mão envolve, sacrificio algum, como ;bem se
vê do queficaexposto.
« As vantagens, ou arttes, como disse, a necessidade
desta medida parécem-rae não admittir séria contes-
tação, Se emcirGumstancias ordinárias, quando sórnente
causas geraes influindo desfavoravelmente sobre os
fundos de todos os governos tornassem diffieil a posição
daquelles que empregavão com confiança o seu di-
nheiro em nossas emprezas, seria justificável qualquer
apoio prestado aos aecionistaspara sem vexamelevarem
a-efféito a empreza em que erabarcavão seus capitães.;
quando além dessas causas geraes, como actualmente
são noestado ameaçador dapaz da Europa, uma grande
desordem nos Estados-Unrdos com -quem a Inglaterra
tem as mais vastas relações monetárias, o dinheireroais
caro neste mercado do"que nunca esteve desde opanico
de 1857,. existem Causas especiaes pelas quaes soffrem
seriamente no seu. credito todas as nossas companhias
de estradas de fécro, participando desse máo estado os
fundos de nossa divida/quando lodosos SharGhqldeFS
das, possas itres; emprezas estão em grande pEejuJZQ»
e portanto idesaflimadojs^aweseepdp^ tuioojsso a
— 62 —
má impressão produzida em geral pela conversão
proposta, e particularmente sobre os accionistas da
empreza da Bahia, os quaes pelos motivos já expostos
mostrão anxiedade, resentimento e desconfiança; em
eircumstancias tão melindrosas, como estas, vir o
governo em apoio destes accionistas, mostrando sympa-
thiapelos seus soffrimentos, alliviando-rnes o peso de
sua posição, e, unicamente com a prestação do seu
nome, libertando-os temporariamente de maiores sa-
crifícios em responderem ás chamadas necessárias para
a continuação das obras, não é somente um passo justi-
ficável, é um acto de justiça e de boa política da parte
do governo.
< Por uma influencia collateral do raáo estado em
que se achão as acções das nossas emprezas de ca-
minhos de ferro vai aqui soffrendo o credito do Brasil,
como muitas vezes o tenho dito ao governo imperial ;
cumpre-me, pois, levar o machado á raiz do mal e
sustentar o nosso credito, prompta e efficazmente sus-
tentando as nossas emprezas.
« A medida agora reclamada pela companhia da Bahia
ésem duvida um dos expedientes para esse desid,&-'
ratum, e o menos oneroso ao governo, pois não envolve
o menor risco para o thesouro. Deste opportuno au-
xilio e franca cooperação é de esperar um benéfico
resultado, immediato para essa empreza, e indirecto
para, as outras,' restaurando a confiança dos accionistas
em geral, e ao mesmo tempo seguiremos o exemplo
do governo inglez a respeito dos accionistas das es-
tradas de ferro da índia, cujos—Debentures— são ga-
rantidos hoje pela repartição da índia, e sempre o forão
-pela antiga companhia das índias.
« Em conclusão, pois, com o risco de ser talvez dif-
fuso fatiando á pessoa tão esclarecida como V. Ex.,
peço ainda venia para dizer que uma determinação
prompta de reparar alguns dos últimos passos que temos
dado em .relação a essas nossas emprezas, e uma dis-
posição de liberalidade mostrada ao publieo deste paiz
nos negócios financeiros das nossas companhias, terá
mui provavelmente de produzir valiosos resultados em
favor nosso.
«Nas eircumstancias actuaes dos Estados-Unidos, e
á vista dos receios de uma guerra europêa, os ca-
pitães inglezes terão por algum tempo, e quem sabe
ate quando, de ser desviados de emprezas expostas
aos perigos que inspira a situação das cousas no con-
tinente e nos Estados-Unidos; se assim acontecer, pa-
rece natural que os fundos; brasileiros terão aqui a
— 63 —

mais favorável acolhimento dos capitalistas, logo que


tivermos removido esse estado de "incerteza, e conven-
cido este publico da nossa boa fé e resolução de não
esquivar-nos dos nossos compromissos.
« Ouso, portanto, recommendar respeitosamente ao
governo imperial o pedido da directoria, chamando a
attenção de V Ex. para a circumstancia mencionada
na carta do presidente acerca da conveniência de ser
este assumpto decidido o mais breve que fôr possível,k
e em todo o caso a tempo de evitar o máo effeitotdé
oüfra chamada, que virá completar £ 14 por acção, e
que deve ter lugar o mais tardar rio mez de. Maio para
serem pagas em Junho.
« Aguardo as determinações de V Ex., que, a ser
a directoria attendida, não deixará de mandar-me as
autorizações e poderes competentes para levar'conve-
nientemente a efícito as ordens do governo imperial.
«Deus guarde a V. Ex. —Illm. e Exm. Sr. conse-
lheiro Ângelo Moniz da Silva Ferraz-.— Francisco, lg-
nacio de Carvalho Moreira. »
No officio acima transcripto não só mostra o mi-
nistro brasileiro a necessidade do auxilio para o cre-
dito da companhia e das emprezas brasileiras, e por
conseqüência do credito do Império, que moralmente
está ligado corri 0 de suas emprezas; como a utilidade
que reverte ao thesouro pelo que respeita aos em-'
penhos tomados e estipulados com os accionistas dellasi
E acrescentará que de se não auxiliar a companhia
pelas razões dadas no parecer da maioria da secção
resultará a formal confissão feita pelo governo impe-
rial de que o thesouro nacional está exhausto, e que
mui positivos é sinistros receios nutre relativamente
ao emprego do seu credito, o que será de mui fatal
resultado em uma praça tal como a de Londres, mor-
mente argumentando a directoria da companhia com
a autorização dada ao governo na lei de 26 de Agosto
de 1857; e podendo além disso argumentar com o
grande empenho que tem maniíês.tado o corpo legis-
lativo brasileiro; e o próprio governo imperial em favor
de taes melhoramentos maieriáes, hoje considerados
como o verdadeiro e mais éíficaz motor da prosperi-
dade das nações. E então' prevenida assim a praça de
Londres a respeito do nosso estado financeiro exage-
rará as nossas difficuldades quando - daqui ha pouco
tempo tiver o governo de usar de seu credito.
A companhia não está fallida, nem o seu estado fi-
nancial offerece a menor duvida acerca da solvabi-
lidade de seus- contractos; e tanto isto é assim que
a sua direptoria julga fácil o levantar um empréstimo
em seu nome, e sobre seu credito. A necessidade da
garantia db governo que requer provém, já do que
está em pratica náquelfa praça, já de eircumstancias
absolutamente estranhas a ella, eircumstancias que ha
toda probabilidade de se desvanecerem ; e que ha cer-
teza de desapparecerem a seu respeito cora o só facto
de ir o governo imperial era seu auxilio. E' este apoio
moral, é uma verdadeira manifestação de que a pro->
tege,como ás outras, que tem sido já protegidas pelo
governo, que ella necessita, e que a tirará, 'ou pelo?
menos muito influirá para remover as difficuldades
em que sé acha, e então, desassombrada, suas en-
tradas se farão com facilidade, seus empenhos serão
cumpridos^ ella principiará suas operações, terá renda,
e achar-se-ba em estado de affrontafr outras quaesquer
dificuldades que de futuro appareçio.. Entretanto que
o thesouro nacional' nada perde, e nada despende de
mais, uma vez que está obrigado a pagar o juro de ,7 °/0,
e garante o ido empréstimo que a companhia quer agora
eontrahir, <>j qual não excederá Láquelle, incluída a com-
petente e necessária amortização.
Porém sé o governo imperial adoptar o parecer da
maioria da secção, firma o juizo (alias errado) de que,
ou toma mais interesse pelas outras companhias e em-
prezas, a quem tem já dado esse auxilio; ou que sua
«•ituação financeira é tão critica, e tão exhausto se acha
o thesouro! nacional, tanto receia de seu- credito, que
é forçado a abandonar uma de suas primeiras erhprezas
de estradas de ferro. Ora, tanto um, como outro juízo,
ou coneeiti), é adverso aos interesses do Brasil; sendo
este o caso de preferir-se dos dous malea o menor;a
saber: o dejapurar um pouco os recursos actuaes do the-
souro, ou o] de concorrer para o s,eu próprio descrédito,
i A maioria da secção confessa que o effeito do.au^
xilio prestado pelo governo seria elevar o valor das
acções da (companhia, mas considera-o de menor mo-
mento, comparado com a baixa do preço de nossas
apólices, que ella crê que deverá segujr-se do augmento
do numero, dellas.
De primeiro cumpre notar que é justamente a de-
pressão do; preço das acções a causa principal da diffi-
culdade que prevê a companhia, se exigir novas entradas.
Elevado ellle, os receios dèsappareceráõ, pois não se
ceia que é a falta de capital dos possuidores'dèllas
que dá, ou pôde dar, occasião a quaesquer repugnan-
cias a tal respeito. A depressão do preço das acções
significa, quer dizer, falta de credito, e então nenhum
- 63 -

possuidor de boa vontade augmenta o seu capital já


empregado na companhia; pelo contrario deseja retirar
o que já nella tem.
Em segundo lugar, da garantia exigida não resulta
rigorosamente a emissão de novas apólices. Não é isso
o que quer agora a companhia» Pode, é .verdade, ler
esse resultado; mas será mister darem-se tão infelizes
òccurrencias, chegar a companhia a tal descrédito, que
equivala a uma verdadeira bancarrota, para o provar
ahi estão as garantias dadas aos empréstimos das es-
tradas de ferro da índia> cujos —Debentures —são ga-
rantidos hoje pelo goVerno inglez, e sempre o forão pela
antiga companhia das índias. Seus—Debentures—têm
sido reformados* como o serão os nossos, e não haverá
lugar á emissão de novas apólices, salvo se o fôr para
pagar os juros e amortização», o que se não deve nem
presumir, porque /seria mister suppôr que o governo
não podia pagar os dividendos até 7 °/o > ã que está obri-
gado pelo contracto de incorporação da companhia,
sem aquelle recurso.
Portanto não pôde dizer-se que o governo vai dar
maior protecção aos portadores das acções do que aos
possuidores das apólices» E tanto mais que os resul-
tados práticos (não theoricos como antevê a maioria
da secção) do credito publico não obrigão o principio
de que uma maior quantidade de apólices arrastra
sempre o descrédito dellas.
A illustrada maioria da secção, referindo-se a um
trecho do officio do nosso ministro em Londres, diz que
« não atina com outro meio de sustentar o nosso cre-
dito, que não consista em termos orçamentos que não
decretem, e autorizem despezas superiores aos recursos
do Estado, e que abonem assim a regularidade e so-
lidez de nossas finanças, em cumprir leal e religiosa-
mente os empenhbs,que temos contraindo,pondo todavia
termo a essa torrente de garantias que temos dado
com mão mais que profuza; e finalmente em deixarmos
de fazer o papel de protector de quanta empreza mal
calculada, oq inopportuna ahi apparecer. »
Em quanto* a não termos orçamentos superiores aos
recursos do Estado, pede permissão á illustrada maio-
ria da secção para perguntar se em sua opinião não é
também o credito um recurso do Estado; e se em mil
é umá occasiões, ainda ordinárias, não é este o recurso
preferivel por mais conveniente, menos oneroso, e quiçá
absolutamente indispensável? Se em sua opinião as
despezas do Estado devem rigorosa e absolutamente
regular-se pela receita arrecadada? ,
c. 9.
— 66 —

Não é com as sobras da sua renda ordinária que o


agricultor realiza importantes e grandes melhoramentos
em süàs terras e lavoura; não é com as economias
apoucadas de seus lucros ordinários que o industrial
torna, por meio de melhoramentos* vasto o seu esta-
belecimento; não é igualmente com os recursos da
renda ordinária que os governos promovem a prospe-
ridadePas nações, á cujos destirios presidem. Se alguns,
em bem que pequeno numero, o fazem (do que não
tenho noticia) serão apenas exeepções de. regra. Em
toda a parte a regra é—Plantar judiciosamente com
o credito para se poder colher.
Concorda cora a illustrada maioria da secção em que
é preciso para sustentar o credito que o governo cumpra
leal e religiosamente os empenhos por elle conlrahidos.
EMsto um axiomapascienciá do credito. Mas diz a illus-
trada maioria da secção « pondo todavia termo a essa
torrente de garantias dadas cora mão mais que profusa.»
Se estas ultimas palavras não êncerrão uma censura re-
lativamente ás garantias dadas ás estradas de ferro, ou
de rodagem, confessa a ignorância em que está das ga-
rantias a quealludea illustrada maioria 1da secção, e
que formão no seu conceito a torrente, á que se deve
pôr termo,
Mas devemos nós, por ventura, para pôr termo á tor-
rente alliidida no parecer d« que discorda, diminuir,
tornar menos efficazes os effeitos dessas garantias
d|tdas.? Tendo-as o governo protegido hontem « com
mão mais que profusa » deve hoje ser mesquinho e avaro
na concessãoMos meios collateraes, absolutamente ne-
cessários para que possão surtir o seu devido e final ef-
íeito essas garantias, essa protecção ? Consentirá o go*<
vérno que por falta de mais um acto seu, que irfdíque
protecção, favor, interesse, percão essas garantias to*do
o seu effeito saiutar, caião de seu credito taes empre-
zas,^, arrumadas, admoestem de continuo á todas que
tiverem capitães, como são caducas as emprezas bra-
sileiras , garantidas pelo governo ? A resposta negativa
é a única que. pôde dar ás questões que acaba de sus*
citar,,
Também concorda em que deixemos de fazer o papel
de prolector de quanta empreza mal calculada ou inop-
porluna áhi apparecer^
A illustrada maioria da secção , porém,, não indica
quaes têm sido essas emprezas mal Calculadas, ou
inopportunas; e, não podendo comprehender em tal
numero as estradas de ferro ou outras ernprezas ga-
rantidas pelo governo até hoje, entende que aquella
fProposição se refere ao futuro, e não ao passado; e por
isso julga não ter applicaçãq á consulta de que se
trata. • *
Senhor, o mesmo conselheiro também daria sua opi-
nião relativamente aos meios de sustentar o nosso
credito na praça de Londres: <feixa de fazêl-o porque
pão o considera de modo "algum em perigo somente
porque desagradou aospossuidores das âcçõesMe es-
tradas de ferro uma medida do poder legislafivo, a
da conversão de taes acções em apólices da divida
publica. 'A sabedoria de vossa Magestade Imperial in-
dicará sem duvida o meio de desvanecer os receios,
e de satisfazer às justas representações dos mencio-
nados accionistas; e então essa pequena nuvem desap-
parecerá, ficando com todo o seu brilho o credito de
um governo, que em todas as épocas, ainda as mais
críticas, e convulsas, nunca se apartou do ápice de
seus - deveres contrahidi(|g com os credores do Es-
tado.
• Assim demonstrada a conveniência do auxilio reque-
rido pela directoria da estrada de ferro da Bahia e que
delia nenhum risco, ou damno resulta ao governo impe-
rial, vejamos se está o mesmo governo imperial aütori-r
zado para o conceder.
Nenhum Ouiro assento pôde ter uma tal concessão se-
não a lei de 26 de Agosto de 1857.
•/ No art, 1.° desta lei autoriza-se ao governo aproporcicl|
nar á companhia da estrada de ferro de D*. Pedro II é§'
meios de levantar um 'empréstimo, etc. -LP
No § 1.° declara a lei què poderá prestar simplesmente
a siia garantia aos juros e amortização do referido em-
preètimo, ou tomar a si todas as operações, negoeíaiÉlo-
o empréstimo, emittindoapólices, e obrigando-sedirec-
támente ao pagamento do juro, e amortização..
No §2.° estatue que em qualquer dos cas^estipulará
com a companhia as condições com que estefavor lhe é
concedido, com tanto que não augmente os encargos do
thesouro geral é provincial. §
No § 3.°fixaque o juro e amortização anrwaes não po-
derão exceder a 7 °/0 do capital emprestado.
No art. 2.° diz: «Fica também o governo autorizado
para conceder os favores da presente lei ás companhias
nacionaes e estrangeiras, que emprehenderão,.ou vierem
a emprehender, a construcção, e exploração-das estradas
de ferro de Pernambuco, Bahia eS. Paulo, com tanto que
estejão em condições semelhantes ás da estrada de D. Pe-
dro II, isto é, que se tenhão constituído, e tenhãolevan-
tado- e- empregado eflectivamenle nas-obras, da estrada,
- 68 —
pelo menos, 20 % do capital a que é dada a garantia de!
juros.»
Ora, a directoria não pede que oígoverno negocie por
si o empréstimo;,antes reconhece que o estado actual
monetário não é propicio pera levantar um empréstimo
tão avullado, e propõe %zel-o ella emittindo o que alli
se chamam — Debentures —certificados de divida (assim
chamados á imitação dos certificados que nas alfânde-
gas inglezas dão aos exportadores de gêneros do paiz que
têm direito a drawback ou restituição de direitos alli pa-
gos), a curtos prazos, á medida que o dinheiro fôr preci-
zado, depois que a somma de £.14 por acção tiver,
sido realizada por chamadas.
Estes certificados de divida serão pagos com o dinhei-
ro proveniente do empréstimo, que o governo houver de
fazer, e no caso de. necessitarem ser renovadas, esta re-
novação será effectuada ou seu pagamento será feito pela
companhia por meio de chamiwas do capital ainda não
realizado.
Verdadeiramente este modo proposto pela companhia
não está strictamente incluído na autorização dada na lçi
de 26 de Agosto de 1857; e por isso não pôde o governo
julgal-o legal. Mas nenhum inconveniente ba em que
o governo^ garanta simplesmente o juro e a amorti-
zação (não excedendo a somma de ambas as parcellas
a 7 7«) de quaesquer certificados ou — Debentures —
ejnittidos pela companhia sem que resulte ao governo
afgum encargo relativo ao capital representado por taes
certificados-nf
A praxe orfestylo adoptado pelo governo inglez não é
limitar assim a sua garantia; e ainda nenhum prejuízo
dahi lhe tem resultado. Mas a lei de 1857 não estendeu
á esta hypothese a autorização nella contida.
Ora, acredita que esta simples garantia dada pelo go-
verno seráj|eeita pela directoria, e produzirá resultados
benéficos; têndo-se em attenção a grande quantidade de
capitães circulantes que naqiiella praça reclamão em-
prego seguro| podendo um ou outro de taes certificados
ser pago por fundos da, companhia, provenientes de
chamadas do capital ainda não realizado.
Neste, sentido entende que se deve responder á di-
rectoria, estabelecendb-se como condição que nenhuma
emissão de taes certificados poderá ser feita sem ser
ouvido o ministro brasileiro em Londres, na qualidade
de fiscal do governo.
Julga dever declarar que não- lhe parece digna de
censura a promessa feita pelo ministro brasileiro de
advogar perante o governo imperial a proposta da di-
— 69 -
rectoria. Sendo elíe encarregado das operações finan-
ceiras do governo necessita de estar em harmonia com
os capitalistas. Foi (temais um respiro que deu á di-
rectoria, e se apezar disso houve a representação de
que nos informarão as folhas publicas, o que seria
se unidos os directores aosájÉemais accionistas pelo
abandono etri que se vião ateado próprio ministro do
Brasil, fossem unir os seus queixumes e receiosiáffluelles
que fizerão a representação mencionada ao Stock-Ex-
change ?, *<
Aquella praça é muito melindrosa, e a historia de
nossas relações financeiras com ella o provão de so-
bejo, quando aliás o ministro em nada empenhou o
nome do governo imperial. Para não prometter advogar
seria mister provar á directoria que suas asserções
erão-infundadas, e que por isso nenhum mérito tinhão
as bases ou assertos de sua proposta. Ora isto de certo
não era conveniente, «t^direi mais não era possível.
Elle fez o que devera:' combateu os fundamentos de
seus queixumes pelo que tinhão elles relação com o
governo imperial.
Em sua opinião, pois, tendo por base*a maior pro-
tecção ás emprezas já garantidas pelo governo, entende
que se hão deve recusar o que pede a da. estrada de
ferro da Bahia senão naquillo em que falhar autori-
zação de lei.
Tal é o parecer da secção de fazenda; mas Vossa
Magestade Imperial resolverá em sua alta. sabedoria
o que fôr mais conveniente aos grandes apresses que
esta questão pôde suscitar. -
Sala das conferências, 29 de Março de 1861.—Vis-
conde deItaborahyj—Marquez de Abrantes.—Viscmide
de Jequitinhonha. <
Conselho d e E s t a d o P l e i ^

Senhor. —Vossa Magestade Imperial houve por bem


ordenar, em aviso do 1..° de Abril ultimo, que o con-
selho de estado fosse houvido acerca do objecto do
parecer da maioria da secção do mesmo conselho a
que pertencem os negócios da fazenda e voto sepa-
rado do Visconde de Jequitinhonha. O parecer é o
seguinte:
(Vide a consulta acima.)
E sendo a matéria examinada na conferência de 6
do dito mez de Abril honrada com a augusta presi-
dência de Vossa Magestade Imperial, estando presentes
- 7 0 -
os doze conselheiros de estado em exercício ajiaixo
assigaados, foi o parecer da maioria da secção appro-
vado por oito membros, e o vottf separado por dous,
apartando-se de um e outro os dous conselheiros res-
t ntes. Divergirão no todo os Viscondes de Albuquerque
de Maranguape, por^fce são de opinião que se deve
praticar com a companhia da estrada de ferro da Bahia
o mesjjio que se praticou, com as de D. Pedro II, e
PernarrfluCo.
O Visconde de Sapucahy concordaria com os Viscon-
des de Maranguape e de Albuquerque se fosse possível
o levantamento do empréstimo sem graves sacrifícios r
mas as informações do ministro brasileiro, e da própria
directoria o arredão deste' meio. Julgando porem ne-
cessário auxiliar a empreza, encosta-se ao voto sepa-r
rado que offerece o único alvitre que lhe parece
' admissível nas actuaes eircumstancias.
O Visconde de JequitinhonhaMuste.nta o voto separado
e o explica. O governo tem protegido todas as em-
prezas de estradas, de ferro, dê ao menos á da Bahia
a garantia que lhe permitte a lei, visto que a dos
—Debentures-#pão está na letra stricta da lei.
Mostrou exuberantemente no seu voto que isto não
se pôde negar. Escusa repetir argumentos. £ntes de
dar os auxílios-devia-se pensar; mas agora não se deve
parar, e menos retrogradar ou recuar. Adoptaria a
opinião dos;Srs. Albuquerque e Maranguape ; nada mais
ji|sto: mas jittendendo ao que representou a directoria
e o estadoj^j|praça de Londres, decidiu-se a aceitar o
alvitre dos-MWebentures — e aconselhar a garantia de
seus juros. Pôde dizer-se que a directoria não queira
aceitar, e que prefira o empréstimo*,, Então considerar-
se-ha a matéria. A circumstancia de estarem vasqueiros.
os capitães actualmente na Inglaterra é inteiramente
temporaria.J|ssim o prova o Economist, cujos extractos
expoz. jpp
Nãó acredita que o governo tenha soffrido em seu
credito pela demora de uma ou outra decisão de du-
vidas da directoria. Faz algumas observações sobre as
razoes do parecer, e diz: Se este parecer fôr appró-
vado, e fôr pedido pela câmara dos deputados, não se
poderá descobrir nelle uma accusáção ao governo ? Esta
mao profusa...Quaes forão essas numerosas emprezas
que o governo subvencionou com mãoprofusa? Acres-
centa que as estradas de ferro não são certamente as
emprezas de que a maioria da secção' faliou. Essas
nunca existiriao sem o auxilio do governo. Lembra o
que-íem sofírido ade.Mauá. Depois de muito discorrer,
-71 -
eoncbje quê o governo pôde dizer á directoria que está
prompto a dar-lhe a garantia dos juros, mas não apagar
o capitei dos —Debfintures —porque para tanto não
se julga autorizado pela lei.
Ao$ fundamentos do parecer acrescentou o conse*.
lheiro de estado José Antônio Pimenta Bueno o seguinte :
Viu as queixas da directoria, ellaminou os fundamentos
delia, e nada achou que pudesse juslifioal-as; pelo
contrario parece-lhe que ella em vez de reclamar di-
reitos pede favores, e porque estes não são logo con-
cedidos, queixa-se amargamente. Crê que a directoria
compõe-se de muito boa gente, mas se o seu proce-
der nào é fundado em previsões de lucros, que ella
porventura pretenda auferir de nossas próximas ope-
rações de credito em Londres, ao menos essa suspeita
se apresenta ao' -espirito. A única duvida que elle con-
selheiro tem é se com effeilo . corivirá sobr'estar na
conversão das acções. ROL muito boas razões para a
aífirmativa, mas ha também outras que lhe parecem
ponderosas em contrario., **
Primeiramente observará qUe se a directoria se queixa
do depreciamento das acções, não póder pena de ser
contradictoria, reclamar contra uma medida não pre-
vista no'contracto, como destinada a retirar da Circu-
lação uma porção dessas acções. Segundo:'essa con-
versão não é obrigatória, é voluntária, só se realizará
quando o accionista entender qüe lhe faz conta.,Terceiro :
por outro lado o governo não perde, antesoÓde lucrar
em differentes sentidos, e ir-se libertando>ffl tantas re-
clamações e interesses dissidentes. Finárroente a sus-
pensão da conversão pôde ser mal vista ou mal inter-
pretada, Poderão ajUegar , senão um direito perfeito ,
ao menos um direitoamperfeilo, pois que a lei autorizou
o governo, e isso pende de seu arbitrio; poderão
mesmo altribuir á escassez de recursos oJLembaraços
de credito. Se a conversão deprime o varar de alguns
titulos de nossa divida', altêa o valor de outros: é o
circulo vicioso do devedor. Concorda em que o go-
verno não promova a conversão, mas entende que não
recuse ao accionista que o pedir; convém mesmo
conservar a igualdade de tratamento para com todos
elles.
Em conclusão do que fica ponderado, o conse-
lho de estado por oito votos é do mesmo parecer
da maioria da secção de fazenda, pelas razões'nelle
declaradas, sendo apenas adoptado por dous o voto se-
parado, e divergindo de todos os conselheiros Viscondes
de Albuquerque e de Maranguape. *
— 72 —

Vossa Magestade Imperial em sua sabedoria.Resol-


verá como houver por bem. #* 4
Sala das conferências do conselho de estado rio paço
de S. Christovão, era 18 de Outubro de 1861.— Marqitez
de Olinda. —Visconde de Maranguape. — VisconWe de
mbaetê.—Visconde do Jyfoeuguay.— Euzebio de Queiroz
Coutinho Mattoso Camam.—Visconde dê Albuquerq0.
—Migml de Souza Mello e Alvim.—Marquez de Abran-
tes .—Visconde de Jequitinhonha. — José Antônio Pi-
menta Bueno.— Visconde de Itaborahy.— Visconde de
Sapucahy. (*) '

f*j Expediu-se o seguinte aviso á Legação Brasileira na Ingla-


terra.
Illm. e Exm. Sr.—De conformidade com o que prômetti a V.
Ex. em meu despacho n.°10de23 do mez passado, venho agora res-r
ponder ao officio que V. Ex. dirigiu, ao meu illustrado antecessor
com" data do l.°de Fevereiro ultimo, e sob o n.°3.
O citado officio refere o que t-e passou entre V. Ex. e a directo-
ria da companhia da estrada de ferro da Bahia, em uma conferên-
cia espe,cial por ella solicitada, e que teve lugar nos últimos dias
de Janeiro deste anno. Os directores mostrárão-se cheios de appre-
hensão pelo estado desvantajoso em que se achava o credito da
companhia, no que concerne ao valor de suas acções no mercado,
e dalii* deduzirão sérios motivos de queixa contra o governo im-
perial.
Apoiando-se naquellas eircumstancias, nas faltas que attrihuem
ao governo do Brasil, e na protecção que este tem assegurado ás
emprezas de estrada de ferro, concluirão os directores com o pe-
dido que se acha formulado na carta que o respectivo presidente
ô Sr. João Stauel endereçou a V. Ex em 25 do sobredito mez
de Janeiro, assim concebida :
« Em o nossfrprospeetus, publicado em Janeiro de 1858, decla-
ramos ao publico que uma das mais importantes vantagens con-
cedidas á companhia era: a autorização conferida ao governo im-
perial para vir em soccorro da companhiaí|õm uma quantia igual á
terça parte de seu capital garantido.
« A directoria é de opinião que o tempo chegou quando em
justiça aos a^onistas e para bem da empreza é dever seu recla-
mar do governo imperial o exercício dessa autorização, facilitando
a companhiáTem conformidade da lei de Agosto de 1857, os meios
para levantar um empréstimo de £ 600.000.
« A directoria não pôde duvidar, semelhantes empréstimos ha-
vendo sido feitos as companhias das estradas de ferro de D. Pedro
II é Pernambuco, que o governo imperial tornará extensivo á
companhia da Bahia o pleno beneficio desta lei. E' de facto bem
obviç, a vantagem tanto para a companhia como para o governo
de ser a companhia assim soecorrida.
« A direciona, j)orém, reconhece que o estado actúal do mer-
cado monetário nao e propicio para íevantar um empréstimo tão
avultado com condições faroraveis ao credito do governo imperial,
e e informada nao ser improvável que governo imperial terá em
época nao muito remota de cftectuar uma operação de credito em
« Como uma medida de soccorro provisional e temporária e até
que.o governo imperial se ache em uma posição favorável para
— 73 —

%i 621.—RESOLUÇÃO DE 3 DE ABRIL DE 1861.


'* %.
Sobre* o «requerimento em que Thomaz Antônio de Paiva Rapozo
nomeado em Lisboa pelas respectivas autoridades curador ad bona
da lamente D. Maria Franctsca Izabel Koux, alli residente, pede.
o pagamento da pensão de sua curatelada. ^|
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 18 do corrente, qüe as secções reunidas de justiça e
fazenda do conselho de estado consultem, tendo em vista
o parecer da directoria geral do contencioso, sobre o ro-

dar á companhia o pleno beneficio da lei de Agosto de 1857, occorre-me


que o governo imperial' pôde, como autoriza a referida lei, garan-
tir os debentures (èscriplos de divida) da companhia a curtos prazos,
á medida que o dinheiro fôr precisado, depois que a somma de
£ 14 por acção tiver sido realizada por chamadas.
«Sendo'certo que dous tefços do capital da companhia, isto é,
£ 14 por acção, terão sido pagos por chamadas até Junho próximo,
espero receber õ mais cedo que possível fôr, antes dessa dalaviâL,
decisão favorável do governo. W*
« Pião duvido que os debentures da companhia com curtos prazof,
tendo a vantagem da garantia imperial, possão ser emitlidós em
Londres com' condições favoráveis.
« Estes debentures serão pagos com o dinheiro proveniente do
empréstimo que o governo fizer, e no caso,de necessitarem de
renovação antes de ser feito o empréstimo, esta renovação será
éffecluada ou seu pagamento feito pela companhia, por meio de
chamadas do capital ainda não realizado.
« Depois''de declarar que ratificara todos os factos, aliás alle-
gados pelos'directores sem nenhum espirito de off%iderem o go-
verno imperial, nem o seu representante, e quewanquillisára os
ditos senhores, explicando-lhes quanto tem feito a reipeíto da compa-
nhia dã estrada de ferro da Bahia o governo imperial, éuja intenção
não é senão a de favorecer e apoiar taes emprezas, acrescenta
V. Ex: f
« Quanto á matéria da proposta* relativa ao soccorro pedido pela
companhia, declàréi-lhes que ddvidava muito que o gpverno im-
perial pudesse prcslar-se nesta occasião a levantar i|m empréstimo
em favor da Companhia; expuz-lhes as razões çóntra-indicantes
dessa medida na actualidade, cheguei mesmo a dizer-lhes que, se por
ventura não estivesse o governo bem informado e conscio do es-
tado das cousas a esse respeito, a mim me cumpria mostrar-lhe à
inopportunidade, senão impossibilidade, de proceder agora a unia
Operação de empréstimo, sem graves sacrifícios.
« Pelo que toca, porém, á simples garantia do governo imperial
para os debentures, ou obrigações emittidas pela companhia, para
por sua conta haver os meios 'de que precisa, eu naò duvidaria
advogar essa idéa e prometti-lhes mesmo que o faria perante o
governo imperial; asseverando-lhes, entretanto, que nem official nem
particularmente podia declarar-lhes que seria atlendido pelo go-
verno imperial o pedido da directoria. »
O governo imperial, pondo de parte' quanto ha de infundado e
injusto nas incrçpações que lhe fazem os directores dessa e dás
outras companhias da mesma espécie que se constituirão em Londres,
prestou a tão importante negocio a consideração que elle merece,
C. 10.
— 74 —
querimento que o acompanha, no qual Thomaz Antônio
de, Paiva Rapozo, nomeado em Lisboa pelas respectivas
autoridades curadorad bona de D. MariaFrancisca Izabel
Roux, pensionista do Estado, que alli existe recolhida em
um .hospital-de alienados por se achar demente^Éede
Pagamento da pensãopertencente á sua curatelada.
As secções entendem, com a directoria geral do con-
tencioso,, que deve ser admittida a reclamação constante
destes papeis, eisto ainda mesmo prescindindo da appli*
cação .das theorias doestatuto pessoal e real, —theorias
que não são cabedal das nossas leis.

ainda que só encarado sob o seu verdadeiro ponto de vista, e pro-


curou resolvel-o com a brevidade que desejavão os proponentes, e
que V. Ex. lhe recommendou.
Examinada a proposta dos directores da companhia da estrada
de ferro da Bahia pelos illustrados membros da secção de fazenda
do conselho de estado, foi ouvido sobrco seu parecer o* conselho
de estado pleno. O governo imperial conformou-se inteiramente
cgni ,a opinião quasi unanime desta respeitável corporação; e
segundo ella não pode deferir a pretenção que pelo intermédio
d e v . Ex. lhe foi apresentada, e consta da carta do honrado Sr.
João Samuel presidente daquella directoria.
Outra fora a decisão do governo imperial, se elle pudesse con-
vencer-se, como parece estar V. Ex., de que o expediente proposto
não envolve sacrifício algum, nem o menor risco para o lhesouro
do Brasil; mas contra esta asserção protesta a caria do presidente
da companhia, na qual se exige que as obrigações emittidas nela
mesma companhia, ate a importância de £600.000, sejão pagas com
o dinheiro proveniente de um «mprestimo que o governo deverá
contrahir na mesma occasião em que tiver de remir o remanecente
do de 1824.
E se os direcíôres reconhecem que o estado actual do mercado mo-
netarionãoè propicio para levantar um empréstimo tão avultado sob
condições favoráveis ao credito do governo imperial, é também
fora de duvida que ninguém nos pôde. assegurar què daaui a trê*
annos, e no meio das difficuldades que nos haTde trazer a forçosa obri-
gação de realizar o pagamento de mais de dous e meio milhões
sterhnos, sera&nossas eircumstancias mais favoráveis; e o mercado
monetário mais propicio para, com menos sacrifício do aue hoie
levantarmos o empréstimo addicional de £ 600 000 *
Os favores autorizados pelaiei de 19 de Agosto de 1857, em aue
se estnba com mais força a directoria, allegando o uso de aue
dessa autorização ja se fez em beneficio dás vias férreas de D Pedro
II e de Pernambuco, tem limites e condições, que mui judiemsa e
previdentemente pôz 0 legisladorhrasileiro ao aíbitrioaue 4 confiou
ao poder executivo. MHIUOU
E' de mister que a occasião seja opportuna, e que o auxilio DP-
dido esteja nos termos precisos da lei. Ora, nem a occasião actSal
se acompadece com o sacrifício que se pretende do thesouro nado-
?e fÜl m iei. eXPedÍÍ|nle P r ° P O S t 0 é c o n r o r m e á letraTespirifo dã
A inopportunidade do momento actual, para â onerarão HA «.,«
írSX«;- 8 e m a n L f e s t a nas.proprias razões com que o p S e n t e ^
directoria reconhece ser impossível proceder-se nara c o m S 1 2 ,
panhla, como se proeedeu para com as do Rio de jSne^o e d e p e ™"
— 75 —
A demente tem direito a haver do Brasil úma pensão,
da qual a não priva a desgraça superveniente da de-
mência. Como demente não pode requerer por si, nem
fazer procurador para haver o pagamento. Somente pôde
ser admittida a requerer por um curador. Esse curador
somente lhe pôde ser dado no lugar onde reside, e a cuja
jurisdicção civil vive sujeita.
A repulsa da representação pelo curador importaria a
impossibilidade de receber a pensão, ó que seria clamo-
rosamente injusto. O reconhecimento do curador, pelo
simples facto do pagamento, não imporia exercicio de

nambuco; a illegalidade do meio substitutivo, ou que a directoria


reputou equivalente, é indubitavel, visto que a lei de 19 de Agosto
de 1857 só autoriza a garantia de empréstimos contrahidos pelas
respectivas companhias ou por conta dellas, dentro ou fora do Im-
pério, e amortizaveis por meio de nnnuidades. Não é isso o que
propõe a companhia da estrada de ferro da Bahia, ella quer que
o governo imperial se obrigue pela garantia de uma divida exi-
givel em curto prazo, e cujo pagamento ficaria dependente de con-
tingências financeiras futuras, que provavelmente serão ainda menos
favoráveis do que as eircumstancias actuaes.
O governo imperial concorda plenamente com V. Ex., quando
pondera o dever de sustentarmos nosso credito nesse principal
centro do mundo commercial; mas é levado pelo sentimento desse
mesmo dever que o governo imperial deixa de annuir á pretenção da
companhia da estrada de ferro da Bahia, pretenção que, além de ser
opposta á lei de 19 de Agosto de 1857, tem contra si todas as condi-
ções da quadra desfavorável em que ella se apresenta.
Não se oceulta ao governo imperial que esta sua decisão ha de
ainda mais excitar o descontentamento e prevenções de que a
directoria se mostrou possuída, na conferência que tevê com V.
Ex.; mas este inconveniente é menor do que as conseqüências pro-
váveis, se não certas, que se seguirião da annuencia do ttroverno
imperial, dado que elle o pudesse prestar legalmente. Nao obs-
tante, o governo imperial espera que a illustraçào, zelo, e patriotismo
de V. Ex. conseguirão persuadir a directoria de que ella é injusta,
quando parece desconhecer a notável generosidade com que as
câmaras e o governo deste paiz se têm conduzido para com os
seus concessionárias ou -emprezarios dè estradas de ferro. Con-
verter a generosidade em dever, é querer leval-a até ao ponto
de impôr-nos os mais pesados sacrifícios, é de uma tal sem-rasão,
que hão pôde resistir a mais ligeira analyse.
A companhia de Pernambuco, cujo credito não se acha melhor
firmado, julgou possível fazer novas chamadas até ao preenchimento
do valor nominal de suas acções; é pois de esperar que a dá Bahia
encontre no seu próprio credito, e na pontualidade dos seus ac-
cionistas, os recursos de que ora- carece.
O governo imperial sente que lhe: não seja .possível attender ao
pedido da directoria da estrada de ferro da Bahia, mas confia no
tino e esforços com que V. Ex. procurará evitar que esta e outras
deliberações do mesmo governo deixem de ser recebidas com a
boa fé e moderação a'que temos direito.
Deus guarde a V. Ex.—Rio de Janeiro, 8 de Abril de 1861.—
José Maria da* Silva Parankos.— Sr. conselheiro Francisco Igna-
cio de Carvalho Moreira.'
— 76 —

jurisdicçáo estrangeira no Império. A autorização dada


ao curador eqüivale a uma mera declaração de que é elle
a pessoa que representa a demente, e no lugar da sua re-
sidência administra seus bens, e applica seus haveres á
satisfação de suas necessidades. Ha casos tão simples,
«tão justos, tão innocentes, qde nelles o-summumjusnão.
deixa, por ser fiscal, de ser summa injuria. Ha casjos
que se devem reger mais pela equidade, do que pelo
rigor de direito.
A's secções repugna o estabelecimento de um' prece-
dente pelo qual a demência, e a menoridade, dando-se
fora do Império, importarião a impossibilidade de re-
clamar direitos, que o Império é o primeiro a reconhecer,
porque emanão delle mesmo os titulos em que esses
direitos se fundão, como no caso presente.
, E' este o parecer das secções.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o mais
acertado.
,-^Sala das sessões, em 21 de Dezembro de 1#60,—Vis-
conde do Uruguay .—Visconde de Maranguape.—Euzèbio
êe Queiroz Coutinho Mattoso Câmara.— Marqttezde
Abrantes.—Visconde de ítaborahy.—Visconde de Je-
quitinhonha.
RESOLUÇÃO .

Como parece. •(*)


Paço, em 3 de Abril de 1861.
Com.a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da fèilva Paranhos,

N. 622.-RESOLUÇÃO DE 3 DE ABRIL DE 1861.


f

Sobre a duvida'da thesouraria do Pará a respeito da tabeliã que


deve regular a cobrança dos emolumentos dos titulos e mais do-
cumentos expedidos pela repartição da marinha.
Senhor. — Mandou Vossa Magestade Imperial, por
aviso, de 25 do corrente mez, que a secção de fazenda

(*) Aviso n.» 176 de 17 de Abril de 1831,.na collexção das leis.


— 77 —

do conselho de estado consulte sobre a duvida cons-


tante do officio n.° 169 do inspector da thesouraria do
Pará, a respeito da tabeliã pela qual se deve regular
a cobrança dos emolumentos dos titulos e mais do-
cumentos expedidos pela repartição da marinha.
O decretou.0 377 de 12 de Agosto de 1844 exprime-se
deste modo : « Hei por bem que na secretaria de estado
dos negócios da v emarinha se cobrem os emolumentos
que nefia se de m pagar pelas tabellas anteriores ao
decreto n.° 351 de 20 de Abril ultimo que reformou
a mesma secretaria, ficando nessa parte somente re-
vogada a tabeliã que acompanha o referido decreto. »
Assim, por força deste decreto ficou em vigor, dahi
em diante, a tabeliã ou pauta de 21 de Janeiro de 1815,
a qual não, foi revogada nem alterada pelo de n.-° 2359
de 19 de Fevereiro de 1859, que nenhuma disposição
contém a este respeito.
Parece pois claro que a cobrança dos emolumentos
da repartição da marinha deve continuar a ser regulada
pela tabeliã de 21 de Janeiro de 1815.
A secção julga dever acrescentar, bem que não fosse
mandada ouvir sobre esta questão, suscitada nos papeis
juntos, que, determinando o art. 33 do supracitado de-
creto de 19 de Fevereiro de 1859 que « os emolumentos
que se cobrão na secretaria de marinha ficão pertencendo
á receita geral do Império » ,não é licito, sem violação
desse artigo, deixar de arrecadar os emolumentos sobre
os titulos que se passão aos aposentados do ministério
da marinha, visto como taes emolumentos se tinhão
arrecadado e se arrècadavão effectivamente quando foi
promulgado'o referido decreto.
Vossa Magestade Imperial resolverá, porém, o que fôr
mais açertadoi ,
Sala das sessões, em 28 de Janeiro de 1861.—Vis-
conde de Itaborahy.— Visconde, de Jequitinhwgfek. —-
Marqxiez de Abr antes.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*).
•Paço, em 3 de Abril de 1861.
Com á rubrica de Sua Magestade o. Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.
, /, , , „ j .„.,

(+) Circular n.°286de 25 de Junho de 1861, na collecção das lerç.


— 78 —
PT. 623.—RESOLUÇÃO DE 3 DE ABRIL DE 186*.
Sobre a duvida —se os empregados da l. L .e 4.a directorias de*
ministério da guerra podem ser pagos de seus vencimentos desde
a data dos novos titulos passados em virtude da decreto que re-
formou as referidas repartições.
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bemy
ue a secção de fazenda do conselho de estado, á vista
3 os papeis annexos ao aviso do 1.° do corrente, con-
sultasse sobre a questão seguinte:—Se.o art. 65 do de-
creto n.° 736 de 20 de Npvembro de 1850, e as inslruc-
ções de 16 de Janeiro de 1854, se oppõem a que os
empregados da 1." e 4.* directorias geraes da secretaria
de estado dos negócios da guerra sejão pagos de seus
vencimentos, mareados na tabeliã annexa ao decreto
n.° 2677 de 27 de Outubro do anno findo, desde a data
dos novos titulos, que lhes forão passados em conse-
qüência do referido decreto, conforme requisita o
ministério respectivo em avisos de 19 de Novembro e 20
de Dezembro últimos.
Tendo examinado a natureza da requisição feita pelo
ministério da guerra ao da fazenda, e dás objecções
feitas ao cumprimento dos citados avisos daquelle
ministério por alguns chefes de secções e directorias do
thesouro publico, aspeção entende :
1.° Que o decreto n.° 736 de 20 de Novembro de 1850,
que reformou o thesouro e thesourarias, refere-se nos
seus arts. v 65 e 83 unicamente aos empregados das
repartições subordinadas ao ministério da fazenda.
jí.0 Que embora tenha sido este decreto approvado
pelo § 10 do art. 12 da lei n.' 1114 de 27 de Setembro
ultimo, e. se ache convertido era lei do Estado, é com-
tudo certo, que esta approvação pura e simples dos
citadüiarts. 65 e 83 do mesmo decreto em nada alterou
a disposição nelle contida, que ficou,' como d'antes,'
limitada aos empregados das repartições subordinadas
ao ministério da fazenda.
3.° Que é insustentável o argumento, aliás produzido,
de serem os empregados civis das repartições dos
outros ministérios subordinados' ao da fazenda, ou
sujeitos ás disposições dos citados arts. 65 e 83, só
pelo facto econômico de serem pagos pelo thesouro.
4.° Que as instrucções do presidente do tribunal do
thesouro de 16 de Janeiro de 1854, que prescreverão
como regra (art. 1 °) que o vencimento dos empre-
gados públicos fosse sseontadú do dia em que tomassem
posse, e entrassem no exercício dos seus empregos •
— 79 —
são, e devem ser, por sua origem ou natureza, somente
àpplicaveis aos empregados das repartições subordinadas
ao ministério da fazenda.
5." Que não é licito, em face dos arts. 65 e 83 tantas
vezes citados, e ainda menos das referidas instrucções,
aífirmar-se que—o cumprimento dos avisos de 19 de No-
vembro e 20 de Dezembro últimos do ministério da guer-
ra, seria uma violação da legislação que rege a matéria.
6." Que os ministros de estado, agentes immediatos,
e responsáveis do poder executivo, segundo a consti-
tuição do Império e legislação em vigor, não têm, nem
podem ter como censores, e juizes legaes dos actos
que praticarem no exercício de seus ministérios, senão
as câmaras da assembléa geral legislativa..
Pelo que a maioria da secção é de parecer» que a
legislação vigente não se oppõe a que os empregados
da 1.a e 4.' directorias geraes do ministério da guerra
sejão pagos conforme a requisição do ministério a que
são subordinados.
O conselheiro Visconde de Itaborahy concorda com
a conclusão do parecer; mas sendo certo que não existe
disposição legislativa que determine a data em que os
empregados públicos adquirem direito á percepção de
seus respectivos vencimentos, senão era relação aos do
thesouro e thesourarias de fazenda; e parecendo-lhe
demais qüe a razão e a justiça distributiva exigem a
uniformidade dos princípios que devem regular esta
matéria, entende que a' approvação dada pelo poder
legislativo á doutrina dos arts. 65 e 83 do decreto
de 20 de Novembro de 1850 importa, ao menos, a
obrigação moral, que tem o governo, de declaral-a
extensiva a todas as repartições publicas.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverão que fôr
melhor.
Sala das sessões, em 28 de Fevereiro de *861.—-
Marquez de Abrantes .—Visconde de Itaborahy.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*>


Paço, em 3 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador1,
José Maria da Silva Paranhos.
(») Aviso aos ministérios n.°-174 de* 16 de Abril de 1861, na
collecção das leis.
- 8 0 -
N. 624.—RESOLUÇÃO DE 3 DE ABRIL DE 1861.
Sobre a duvida—se aos empregados aposentados deve-se contar para
o calculo dos respectivos vencimentos o tempo de serviço em outros
lugares, já contado e remunerado com aposentadoria anterior-
mente concedida e gozada.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 5 de Fevereiro prcwcirno passado, que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse sobre a duvida
suscitada no thesouro, por occasião de liquidar-se o
tempo de serviço de Francisco José da Silva aposentado
no lugar de escrivão da officina das apólices, para o qual
fora nomeado depois da aposentadoria que obteve como
escripturario/da junta do commercio, <—se aos empre-
gados aposentados deve-se, contar para o calculo dos
respectivos vencimentos o tempo de serviço em oulros
lugares, já contado e remunerado com aposentadoria
anteriormente concedida e gozada, — de modo^a firmar
regra sobre tal assumpto, tendo em vista especialmente
"os pareceres das directorias geraes do contencioso de 13,
de Setembro e da contabilidade de 10 de Novembro do
anno passado, nos quaes sobresáhe o caso da aposen-
tadoria do 2.° escripturario do thesouro Antônio Pires
Barbosa.
O empregado, a quem se referem os papeis juntos,
foi aposentado em 1843 como escripturario da junta do'
commercio com o vencimento de 158#900 annuaes, cor-
respondeilfê a13annoSi dous mezese27 dias de ser-
viço: depois nomeado para servir o lugar de escrivão da
offtcina de apólices com a gratificação de 180#000, que
se elevou gradualmente a 600$000, e finalmente, em Abril
do anno passado, provido no de escrivão da officina de
estamuaria e impressão; tendo sido aposentado~em 16
de JUpte do mesmo anno, e gozado dos vencimentos da
primeira aposentadoria, emquanto exerceu os dous úl-
timos empregos, conjunctamenle com os vencimentos
que a estes correspondião.
A questão suscitada no thesouro consiste em saber,
se no tempo de serviço, que se tem de liquidar para a
segunda aposentadoria, devem ser incluidos os 13 annos
que já forão contados na primeira.
No conceito da secção de fazenda, ainda quando a le-
gislação citada pelo conselheiro director geral da con-
tabilidade dó thesouro no seu parecer, não fora ter-
minante, em nenhumprincipio de justiça ou mesmo de
equidade poderia fufpar-se a decisão aflirmativa,
Nossa legislação consagra, é verdade, a regra que o
— 81 —
empregado publico, inhibido pelos annos ou por enfer-
midades de exercer suas funcções, possa perceber uma
pensão do Estado, correspondente á importância do seu
emprego, e aos annos de serviço que tiver prestado-
mas nem autoriza, nem deveria autorizar que o mesmo
serviço seja susceptível de differentes remunerações pe-
cuniárias, nem que o empregado uma vez aposentado e
nomeado depois para outro emprego mais rendoso
tenha o direito de àposentar-se também neste -ultimo corn
a vantagem de contar Como tempo deserviço do segundo
período o numero de annos que passara no primeiro •
o que eqüivaleria a perceber a pensão do dito segundo
período, ainda no caso de não ter para isso os annos de
exercício que a lei requer, e de substituir a do primeiro
por outra, superior á que a mesma lei tem fixado.
Nem destroe esta doutrina o facto de haver o thesouro
contado outra vez na segunda aposentadoria do escriptu-
rario Antônio Pires Barbosa os annos de serviço que já
^havião sido computados na primeira; por quanto, como
bem l pondera o conselheiro director dá contabilidade
esse facto isolado não pôde constituir regra quanto á in-
telligencia da lei, mormente tendo havido outros casos
mais numerosos, em qUe se lhe tem dado differente in-
lelligencia.
Assim a secção de fazenda é de parecer que a nenhum
empregado publico se pôde contar, pára aposentadoria,
o tempo de serviço que já tiver sido remunerado por
outra aposentadoria anterior. ^
Vossa Magestade Imperial decidirá o q u e ^ r mais
justo.
Sala das sessões, em 12 de Março de 1861 .—Visconde
de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde de Je-
quitinhonha.

RESOLUÇÃO. ^

Como p a r e c e . (*)

Paço, e m 3 d e Abril d e 1861.

Com a r u b r i c a d e Sua Magestade o I m p e r a d o r .

José Maria da Silva Paranhos.

£*) Aviso n.° 166 d e l i de Abril de 1861, najlollecção das leis


c. 1 1 .
— 82 —
N. 62o.—RESOLUÇÃO DE3 DE ABRIL DE 186Í.
Sobre a duvida—se o lugar de medico do Aljübé deve ser conside-
rado emprego publico.
Senhor.—.Mandou Vossa Magestade Imperia^ por
aviso de 2 déJaneiro do corrente anno, que a secção de
fazenda do conselho de estado, consultasse se o lugar de
medico do Aljube, vistas as informações e parecer da
directoria geral da contabilidade sobre o incluso nova
requerimento do Dr. Luiz Carlos da Fonseca, deve ser
considerado emprego publico.
Na consulta que tiverão a honra de levar á augusta pre-
sença de Vossa Magestade Imperial com data de 28 de
Novembro de 1859, declararão as secções reunidas de
fazenda e de justiça do conselho de estado que se o Dr.
Luiz Carlos da Fonseca tinha sido convidado verbalmente
para curar os pobres do Aljube, como allegava ; se
nunca teve titulo de nomeação; se não foi contem-
plado na folha dos empregados, e que sé por conse- (
guinte prestava alli seus serviços, como em uma casa
particular, entendião as mesmas secções não ser em-
prego publico o lugar que elle exercia de medico
daquella prisão.
Das informações, porém, e do parecer acima citado
consta que, com quanto o referido doutor não tenha
assentamento no thesouro, serve todavia por um titulo
de nomearão e é pago pela folha; e que por conseguinte
não se a f | a na hypóthese figurada na dita consulta.
Nestes termos entende a secção de fazenda que o
lugar de medico do A-Ijube, que o supplicante exerce,
deve ser considerado emprego publico. ' "
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
Sala das sessões, em 13 de Março de 1,861. Vis-'-
conde de Itaborahy. —Marquez de A brantes .—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 3 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
. . José Maria da Silva Paranhos.

H Aviso n.» 172 de 15 de Abril de 1861, na collecção, das leis.


— 83 —
N. 625.—RESOLUÇÃO DE 10 DE ABRIL DE 1861.
Sobre o duvida da thesouraria do Pará —se o empregado com assento
na assembléa provincial, optando pelo ordenado de seu emprego,
tem direito a todo o vencimento do lugar, mesmo o que recebe
por accumulação.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
S|cçãode fazenda do conselho de estado consulte sobre o
omeio do inspector da thesouraria da provincia do Pará,
participando a deliberação que tomara a respeito do paga-
mento de vencimentos a alguns empregados, que se acha-
vãocom assenlpPa assembléa provincial, e outros exer-
cerido commissões..diversas, attenta a resolução de con-
sulta das secções reunidas de guerra, marinha e fazenda
do conselho de estado acerca do 1Dr/ Joaquim Barata Góes.
Pôr aviso expedido ás secções que consultão sobre os
negócios de marinha e guerra e sobre os da fazenda, de-
terminou Vossa Magestade Imperial, em data de 28 de
Dezembro de 1858, que dessem ellas seu parecer sobre a
pretenção do Dr. Joaquim Barata Góes, 2.° cirurgião da
armada, empregado ha enfermaria da marinha da pro-
vincia do Pará; o qual expunha que, tendo tomado assento
na assembléa provincial, e preferido receber os venci-
mentos de seu emprego, a thesouraria de fazenda deli-
berara não abonar-lhe senão o soldo da patepte, alie-
nando que, na fôrma da lei de 25 de Setembro1 de 1828 e
de diversos avisos, as gratificações são unicamente de-
vidas pelo exercicio e não inherentes aos po^ps.
O parecer da maioria das secções, approvado pela reso-
lução de consulta de 23 de Julho de 1859, foi o seguinte:
« As secções reunidas são de parecer que o Dr. Joaquim
Barafe Góes tem direito a perceber os vencimentos por
que optara; porquanto devera ser considerado no wcer-
cicio das funeções dê membro da assembléa proviígiial,
como seestiveraem exercicio na enfermaria dá marinha,
independentemente da licença concedida pela mesma
assembléa, sendo esta a intelligencia que em casos idên-
ticos se tem dado ás palavras—ordenado de emprego—
contidas no art. 23 da lei de 12 de Agosto.de 1834.»
A' vista desta resolução de consulta offiçiou o inspector
'da thesouraria da provincia do Pará ao ministério da fa-
zenda communicando-lhe tèr deliberado em sessão da
junta: 1.° que os empregados da thesouraria e alfândega
impedidos na assembléa provincial, optando pelos seus
vencimentos, percebão as gratificações marcadas nos de-
cretos n.0'2082 de 16 de Janeiro def|858, e 2343 de 29 de
Janeiro de 1860; 2.° que o chefe de secção; designado
— 84 —
#
para o conselho das compras do arsenal de marinha, e,
que áccumula a gratificação annual de 600^000, estabe-*
lecida pelo art. 34.do regulamento que baixou com o de-
creto n.° 2018 de 20 de Fevereiro de 1858 e aviso n." 69
de 9 de Abril do mesmo anno, não • deve perceber esta
gratificação pelo tempo que estiver impedido na assem-
bléa, pela razão de ser inherente ao empregado da the-
souraria que fôr designado para o conselho; 3." que o
proçuradorfiscal, tampem impedido na assembléa, coo|
tinue a perceber, além dos vencimentos quê tem como
procurador fiscal da thesouraria e do juízo dos feitos da
fazenda, o que lhe pertence pela repartição das terras
publicas, na fôrma do art. 3.° do decreto n.° 1433 de 23
de Setembro de 1854; 4.° que o substituto do mesmo pro-
curador fiscal, além de metade dos.vêncimentos que lhe
pertence como proçuradorfiscal e do juizo dos feitos, na
fôrma da ordem do thesouro nacional n."229 de 5 de Ou-
tubro dê.1852, perceba o vencimento integral pela repar-
tição das terras publicas, na fôrma da ordem n.° 87 de 2
de Outubro de 1858.
A secção de fazenda entende quq a deliberação do ins-
pector da thesouraria do Parátranscripta, como acaba de
fazel-o, do officio n.° 162 dirigido por aqueile funccio-
nario ao ministério da fazenda, é curial, e está de accôrdo
com a supracitada resolução de consulta, a qual se
fundou: 1." em que as palavras—ordenado do emprego—
de que usa o art. 23 da lei constitucional de 12 de Agosto
de1834tMia, ao tempo em que ella foi promulgada, o
sentido Unerico de—mantirnento ou salário fixado em
lei ou regulamento—e que nenhuma lei ordinária ou de-
creto lhe podia alterar o sentido, quando se tratasse de
applical-a aos membros das assembléas provinciaes; 2."
em que
s&
ofimdesse artigo fora, no conceito da maioria das
£Pes'considerar ° empregado publico que exercesse*
asfuncções de deputado como se effectivamente estivesse
exercendo o seu emprego, para que gozasse das vanta-
gens pecuniárias que este lhe desse, de modo que nunca
o serviço de qualquer empregado nas funcções adminis-
trativas ou judiciarias fosse melhor remunerado que o de
membro da assembléapara que elle fosse eleito.
O contrario eqüivaleria a impedir que os funccionarios
públicos, e mormente os, de categoria mais elevada,
ppaessem aceitar funcções legislativas sem serem pu-
nidos com o desfalque de seus meios de subsistência.
&e tal toi o intuito da disposição do art. 23, como
ainiia.julga a seçjjão de fazenda, segue-se que a re-
$p.1W£onsuflPde 23 de Julho de 1859 deve ser
empregados de todas as repartições do '
— 85 —
' .*
Estado, e não unicamente aos da marinha, como pa-
rece entender o conselheiro director geral da conta-
bilidade do thesouro, ou aquelles que tiverem accu-
mulado as funcções de deputados com as de seus
empregos administrativos; o que aliás seria evidente
transgressão de um dõs preceitos do mesmo art. 23.
Nem' a referida consulta de 23 de Julho de 1859
versou sobre matéria idêntica á quê foi decidida pela
^solução de 13 de Fevereiro do anno passado, como.
f e afigurou ao mesmo conselheiro, o qual inadverti-
damente confundiu duas hypotheses differentes.
Nesta pretendia o Dr. Luiz Carlos da Fonseca per-
ceber conjunctamente o subsidio de deputado á as-
sembléa geral legislativa com o ordenado de medico
dá casa de correcção, e as secções de fazenda, e de
justiça consultarão que, sendo' o lugar de medico deste
estabelecimento emprego publico, oppunhão-se a tal
pretenção as cláusulas do art. 32 da constituição e
da lei de 25 de Setembro de 1829: naquella o Dr.
Barata Góes não solicitava accumular o subsidio de
membro da assembléa provincial do Pará com os ven-
cimentos do emprego de cirurgião da 'enfermaria da
marinha que estava exercendo; mas perceber unica-
mente estes vencimentos.
A questão, de que se tratou, consistiu em saber, se
os vencimentos devião limitar-se ao soldo da patente,
ou se a este deveráõ ser addicionadas as gratificações
que percebia o Dr. Góes rio exercicio dcL dito em-
prego . w
Vossa Magestade Imperial resolverá como em sua
alta sabedoria julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 16 de Março de 1861.—Vis-
conde de Itaborahy.— Visconde de Jequitinhonha.—
Marquez de Abrantes. M»
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 10 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador..
José Maria da Silva Paranhos.

* rffr* ^
(») Ordem n.« 17o de 16 de Abril de ,1861, na ccjfflíâo^as lefsí
r
,, - 8 6 -
N. 627—RESOLUÇÃO DE 10 DE ABRIL DE 1861.
Sobre as leis provinciaes de Pernalnbuco* do anno de 1860.
Senhor.—Por aviso de 5 de Fevereiro próximo passado;
mandou Vossa Magestade Imperial que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consulte sobre os actosle-
gislativos dd assembléa provincial de Pernambuco, pro-
mulgados na sessão ordinária do anno passado. .|
A secção não tem cessado dê expor respeitosamente'
a Vossa Magestade Imperial os inconvenientes, e incons-
titucionalidade deduzida dá letra e espirito do § 5.? do
art. 10 doacto addicional que resulta de crearem asas-
sembléas provinciass direitos de exportação, fazendo ver
a necessidade de uma declaração authentica dó corpo
legislativo gerai sobre tão importante assumpto.
Na collecção a cujo exame procedeu, taes impostos se
encontrãó no art. 25.§§ 1.°, 2.°, 3.°, 4.°, 5.°e 11 da lei
n.° 488 de 16 de Maio dê 1860.
No § 17 do referido artigo se estabelece 50#000 sobre
casas de modas, de perfumaria, e de chapeos fabricados
em paizes estrangeiros. Neste artigo em verdade não se
faz distincção de casa nacional ou estrangeira ; mas evi-
dentemente o imposto, sendo maior pára aquellas que
venderem chapeos fabricados era paizes. estrangeiros,
toma o caracter odioso de desigualdade, que não está
sufíicientemente de accôrdo com os tratados, e sobre-
tudo encontra clara e positivamente prerogativas impor-
tantes do foverno imperial, e que só a elle devem per-
tencer quando haja de regular as relações commerciaes
do Império com as nações civilisadas:*
Nestes termos, propõe que seja a referida collecção re-
mettida â assembléa geral para resolver.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr servido.
Sala das conferências, em 16 de Março de 1861.—Vis-
come de Jequitinhonha:— Visconde de Itaborahy.—
Marquez de Abr antes.
/A---' RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 10 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

^C) SubmetÉa á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


-r 87 —
I

N. 628.—RESOLUÇÃO DE 10 DE ABRIL DE 1861.


Sobre o exame e revido do|§ocesso e decisão do inspector da alfân-
dega do Pará por teMSe^jlado preterição de formulas substanciaes,
na conformidade do art. 29 do Decreto de 29 de Janeiro de 1839.
Senhor.—Por aviso de 23 de Janeiro ultimo mandou
Vossa Magestade Imperial submetter ao exame e re-
visão da secção de fazenda do conselho de estado o
processo e decisão do inspector da alfândega do Pará,
de que se recorreu, por ter-se dado preterição de for-
mulas substanciaes, na conformidade do art. 29 do
decreto de 29 de Janeiro de 1859.
A secção examinou os. papeis remetlidos com o ci-
tado aviso.
A directoria geral das rendas publicas diz o seguinte:
,« Segundo informa a sub-directoria, os papeis que fazem
objecto da reclamação do ministro de S. M. Britannica
achão-se na directoriaPo contencioso.—Directoria geral
das rendas publicas, em 4 de Janeiro de 1861.— Pe~
reira de Barros: »
A do contencioso opina da.seguinte fôrma : « Não ca-
bendo recurso do julgamento definitivo da alfândega
do Pará, visto ser o valor da apprehensão inferior a
100$000, e tendo havido no processo a preterição de
uma formula essencial, qual a de marcar-se a parte,
depois definia a apprehensão, os 15 dias concedidos
pelo art. 285 do regulamento de 22 de Junho de 1836
para reclamar contra a mesma apprehensão; sou de
parecer que, usando-se do, remédio do art. 28 do de-
creto de 29 de Janeiro de 1859, se submetia á secção
de fazenda do conselho de estado o conhecimento desta
decisão.— Directoria geral do contencioso, em 11 de Ja-
neiro de 1861.— Menezes e Souza. »
A secção, tendo em vista o disposto no art. 285 do
regulamento de 22 de Junho de 1836, reproduzido e
desenvolvido no art. 745 e seguintes do regulamento
de 19 de Setembro do anno pretérito, julga procedente
a opinião da directoria geral do contencioso para b
effeíto de ser annulladaá decisão do inspector da al-
fândega do Pará, relativa á apprehensão de uma bar-
rica, contendo um serviço de chá, e não manifestada,
visto ler havido omissão de se marcar os 15 dias con-
cedidos por aquellas disposições administrativas para
as partes produzirem suas deíêzas, omissão, que cons-
titue preterição de formula essencial do processo, e
por isso8 na hypolhese adrnlltida pelo art* 28 do de-
creto n. 2343 de 29 de Janeiro de 1859. *
— 88#-*< J^
Vossa Magestade Imperial) p o r P , resolverá o que
^SalfS-sessões,
Sala das sessões, em,22
em zz ued ™<W$g-*Ll,,'
e ^ ^ . ^ . - V i s c Viirrmde
onde,
de Jequitinhonha.— Marquez êéWAWantes.— Visconae
de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, era 10 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 629. —RESOLUÇÃO DE 17 DE ABRIL DE 1861.


Sobre a questão das reclamações feitas á alfândega da corte por fal-
ta de umas pipas com vinho pelos negociantes Antônio Joaquim
de Cerqueirá, e Novaes & Passos.
Senhor. —Mandou Vossa Magestade Imperial que as
Secções de justiça e fazenda do conselho de estado con-
sultassem sobre a questão das reclamações feitas á al-
fândega da corte, por falta de umas pipas com vinho do
Porto, pelos negociantes Antônio Joaquim de Cerqueirá,
e Novaes & Passos.
Esta questão em sua origem administrativa, equepor
sua natureza devia ter tido solução breve, cujo processo,
o regulamento das alfândegas, art. 59, quer que seja
summarissimo, dura ha quatro annos e meio, e, por um
vicio originário, tem-sè eramaranhado em complicações
inteiramente alheias áquèlla dita origem.
* Bem dizião os romanos: —Quoã ao, initio vitiosum est
tractu temporis non convalescit— ou, como se diz em
portuguez:— Quem nasce torto, tarde ou nunca se endi-
reita.
Pará collocal-a na sua verdadeira luz, julgão as sec-
ções necessário historiar, succintamente, a mesma ques-
tão, desde o seu principio.

C) Aviso, n.» 171 de 13 de Abril.de 1861, na collecção das leis,'


Novaes & Passos d«spaclrárão em Julho de 1856 cinco
pipas e vinte meias^pkiasjjom vinho do Porto, ás quaes
forão conferidas, e tiverao a competente sahida. Pouco
tempo depois reclámtfão uma pipa que lhes faltava, e
que se verificou não haver efTectivamente sahido, por ter
sido demorada pelo conferente da sahida da porta, por
haver differença na marca que pertencia aos mesmos
Novaes. & Passos, e, com pouca differença, também a
outro negociante Antônio Joaquim de Cerqueirá.
Em Setembro do mesmo anno requereu este Cerqueirá
allegando que tendo recebido do Porto, na barca portu-
gueza Temerária, onze pipas e trinta meias pipas com
vinhoí que se achavão descarregadas, conforme as folhas
da descarga, não appareciãô seis pipas e sete meias pi-
pas, e pedia que lhe fossem entregues.
Ouvido o escrivão da descarga informou que com ef-
feilo taes pipas e meias pipas havião sido consignadas
ao dito Cerqueirá, e tinhão sido descarregadas para a
alfândega.
Igualmente que na mesma barca tinhão vindo também:
consignadas a Novaes & Passos cinco pipas e dez meias
pipas com vinho.
Acrescentava o mesmo escrivão que suppunha provir
a falta de troca de volumes na sahida, o que era muito
fácil acontecer, visto que esses volumes somente diffe-
rião uns dos outros por um pingo sobre a marca.
E' com tudo evidente que troca simplesmente não po-
dia ser, porque se houvesse simplesmente troca um não'
tiraria da alfândega maior numero de volumes do que lhe
pertencia, e somente os tferia tirado differentes.
Demais se Novaes & Passos tinhão somente, como
se informa, cinco pipas e dez meias pipas, tendo le-
vado dez meias pipas de mais, essas dez meias pipas
com as sele que appareciãô de Cerqueirá, não fazião
o computo de trinta.
Não se mostrava que Novaes & Passos, que tinhão
cinco pipas, tirassem maior numero. Cerqueirá tinha
desembarcado onze e allegava que somente appareciãô
seis. - v K
'
Fqrão ouvidos os empregados da alfândega encarre-
gados dos exames e conferências necessárias para que
pudesse ter lugar a sahida das pipas, os quaes tratavâo
de. justificar-se, principalmente coma semelhança das
marcas.
Releva notar que, o escrivão da descarga diz em sua
informação já citada que foi informado que um caixeiro
de Novaes & Passos, que tratava de seus despachos na
estiva, se ausentara ha dias da casa destes, levando
c. 12
— 90-^
comsigo algum dinheiro, e que esse moço era avesado
a, estas trocas de volumes, sem qjie, seus amos o au-
torizassem a isso. ^3
Não Joi averiguado este ponto, ánás importantíssimo,
{)or quanto se esse caixeiro tirou essas pipas da aj-
ándega, sem sciencia de seus amos, por lhes não
pertencesse as converleu em seu proveito, torna-se
questionável a responsabilidade dos ditos amos, e
também a dos empregados da alfândega, onde cons-
tava que Novaes & Passos somente tinhão dez meias
pipas, não podendo portanto despachar vinte.
Estando o negocio nestes^ termos e assim confuso por
mal esclarecido* ordenou o inspector da alfândega,, por
despacho de 5 de Dezembro de 1856, que nomeassem
Novaes & Passos, e Cerqueirá cada um o seu arbitro
e assim também o administrador das capatazias e o
çonferente da sahida da estiva.
E mandou depois que o feitor da porta em que se
deu a reclamação, como primeiro responsável (diz o des-
pacho), nomeasse também o seu arbitro.
t Note-se qüe a questão começara pelo simples reque-
rimento de Novaes & Passos para a entrega de uma
pipapue dizia o f;dtar-lhes ; que o de Cerqueirá,também
se limitava a pedir outras que dizia faltarem-lhe; que
nenhum se referia ao outro; e que não houve entre
ambos—debate contradictorio.
Não e'stavafixadocom clareza o ponto sobre que devia
recahir a decisão dos árbitros. .
Dahi proveio, sem duvida, que o 1.° limitou o seu
laudo á reclamação de Novaes & Passos.
0 2.° também se limitou á questão de uma pipa.
Os 3.°, 4.° e 5.° árbitros também divergirão.
Nomeado um 6.°, concordou com um dos anteriores,
Ignacio José Caetano dá Silva, ficando por isso ven-
cedores os dous seguintes laudos; ' '
i. «Illm. Sr. conselheiro inspector.—Se por ventura os
peritos, por V.S. nomeados para informarem sobre as
presentes reclamações, tivessem cumprido com o pe-
nogo dever que a lei impôz-lhes, isto é, indicarem qual-
o fausadorou responsável pelas faltas reclamadas, etc.,
.<*»., certamente aos árbitros fácil fora dar um laudo fun-
dado em lei e assim nella baseado: mas em falta de tão
cardeal prova, e então circumscriptos aos papeis oífi-
ciaes, recheados de tão disparatadas informações, diffi-
cil é a um arbitro que como eu tem não só de cingir-se
a sua_ consciência, mas a todas as leis queregulãoa
matéria, por. isso que empregado de fazenda devo dar
assim um laudo, e embaraçado me vejo para o fazer.
— 91 —
« Cingindo-me pois tão somente ao presente processo,
e ás indagações quê fui obrigado particularmente a
fazer nesta repartição,, vou dar meu laudo. Não duvi-
daria subscrever completamente o laudo do Sr. Antônio
Sarmento Pereira Brandão,'arbitro do Sr. , Ántonié
Joaquim de Cerqueirá, se aquelle Senhor, reconhecendo
pelo seu bem elaborado laudo que sendo os Srs. Novaes
& Passos os responsáveis pela falta reclamada, cotrr-
tudo julga p Sr. ajudante dos contêrentes Cupertinp
o responsável a pagar a falia reclamada, deixando-lhfe
o direito ãaivo a havé» dos mesmos Srs. Novaes &
Passos o que de direito fôr: assim pois baseado no
citado laudo é mais indagações a que procedi, julgo
Ps Srs. Novaes & Passos responsáveis pela falta recla-
mada pelos Srs. Antônio Joaquim de Cerqueirá de seis
pipas e sete meias com vinho do Porto á razão de
320#000 a pipa.com abatimento de 3 % pára afesto na
quantia de 2:948#800 que deve receber o,Sr. Antônio
Joaquim de Cerqueirá dos Srs. Novaes & Passos por
assim julgar a estes senhores responsáveis pela falta re-
clamada, á qual dèu motivo o seu caixeiro, conforme
se vê da informação do Sr. escrivão da descarga e dos
exames e indagações minuciosas que fiz.
« Outrosim pelas mesmas razões julgo os Srs. Novaes
& Passos corá direito á reclamação que, fazem de uma
pipa de vinho, devendo retirar da alfândega uma das
que existem. .
« Addindo digo que devem ir á praça na porta desta
repartição as pipas existentes na alfândega que fazem
objecto desta reclamação e: deduzindo-se o valor que
derem em praça preencher o quê faltar para os 2:948^800,
os Srs. Novaes & Passos. Este o meu laudo quesujeito
ao reconhecido critério e julgamento de V. S.— Al-
fândega, 24 de Março de 1858.— Ignacio José Caetano
da Silva. » '
«Illra. Sr,, cqjiselheiro inspector dá alfândega. —Con-
cordo inteiramente com o laudo, e por isso sou também
de voto, que os responsáveis pela falta reclamada são
os Srs. Novaes & Passos. Bem sei que houve pouca
attenção por parte da alfândega na verificação das mafeas
das pipas, quer pos Srs. Novaes & Passos, quer? do
Sr. Antônio Joaquim'de- Cerqueirá; mas também Re-
conheço que a semelhança dessas marcas facilitou o
engano, que se deu e que tem produzido tamanha
questão. Ora tendo esse engano revertido tão somente
em favor dos Srs. Novaes & Passos, conforme se vê
dás informações e mais papeis juntos a este processo,
parece:me de toda a justiça que por esses senhores deve
- 92 —
ser indemnizado o prejuízo que soffreu p Sr. Antônio
Joaquim dè Cerqueirá, por quanto aos Srs. Novaes &
Passos também corria o dever,de verificar as marcas
dos &|us volumes e restituír aquelies que lhes nao
pertencessem. ,\ ,. , , ..
Portanto refiro-me ao mencionado laudo e por ene
doup meu voto. Rio de Janeiro, 30 de Abril de 1858.
—Manoel Monteiro da Luz.» .i
Esses laudos forão homologados pela seguinte de-
cisão do inspector da alfândega : . ;
« Cumpra-se a decisão arbitrai que julga responsáveis
os negociantes Novaes & Passos e es condemna a in-,
demnizar ao negociante Antônio Joaquim de Cerqueirá
da quantia de 2:948§800, importância de seis pipas e
sete meias ditas' com -vinho do Porto; julgando ou-
trosim os negociantes Novaes & Passos com direito á
reclamação que fazem, de uma pipa com vinho, a
qtial poderão retirar da alfândega d'entre as que ahi,
existem, e fazem objecto da presente reclamação.
« Passe-se edital para arrematarem-se á porta da al r
fandega as pipas em questão, cujo producto, depois
de deduzidos os direitos e armazenagem que forem
devidos, caso não baste para perfazer a quantia supra,
deverá ser preenchido com o que faltar pelos ditos ne-
gociantes Novaes & Passos. Intime-se. Em 5 de Maio
"de 1858.—Antônio Eulalio Monteiro,*» s.-i:il
E' portanto evidente que o inspector da alfandçga^í
desde o principio, julgou o caso comprehendido! no
art. §9 do regulamento das alfândegas de 22 de Junho,
de 1836. Nem em outro artigo se pôde fundar a sua
jurisdicção e bprocesso arbitrai.
,Esse artigo diz o seguinte: «As faltas,, extravies,
avarias, e mais prejuízos a que è responsável o admi-v
inistradôr, serão pagos por elle dentro'de quinze Pias,
e não o fazendo neste prazp, o inspector os mandará
pagar pelo rendimento da alfândega, e descontar no,
seu vencimento, ainda no caso de provar quem foi o
extraviador, porque essa prova só lhe dará o direito de,
Jptver o damno das pessoas contra quem a produzir;
cr$da e qualquer questão que se mover entre o admi-
nistrador., e as partes, tanto sobre a obrigação de pagar
as faltas, ou avarias, como sobre o valor dellas, será
decidido definitivamente por árbitros perante o ins-
pector da alfândega em processo summarissimo, sem
mais recurso algum. Os árbitros serão nomeados úm
pela parte, e outro pelo administrador, e.no caso de,
.discordarem, desempatará um terceiro nomeado pelo
inspector.»
— 93 —
Como bem pondera o conselheiro procurador fiscal,
em seu douto parecer, ha incerteza e confusão na
applicação pratica deSse artigo, combinado com o de-
creto de 31 de Outubro de 1850, e ordens de 2J de
Novembro de 1850, e 14 de Dezembro de 1857. -k
Comtudo esta confusão hão prejudica'o caso sujeito,
$0bre o qual somente têm as secções de interpor
parecer, e é fóra.de duvida que: ' '
1.°iO art. 59 do regulamento citado das alfândegas
procede exclusivarrfente no caso de questão de res-
onsabilidade dos empregados das mesmas alfândegas*
? ntre estes e as partes. No respectivo processo so-
mente podem ser absolvidos ou condemhados os ditos
empregados por falta, extravio, etc, pois somente se
trata da responsabilidade dos-mesmos.
2.° A jurisdicção que crêa não pôde por modo algum
condemnar terceiros que não são empregados "da
repartição, muito principalmente quando, como no
cáfco presente, esses terceiros não são partes contra
os'outros. Novaes & Passos não dirigirão sua acção ou
pedido contra Cerqueirá, nem este contra aquelles..
3.° O julgamento de que se trata é um julgamento
administrativo, e ê da essência do direitq,administrativo;
e dos tribunaes administrativos regular somente as
relações entre a administração, seus -agentes, e os
particulares, e nunca os direijps e questões dos par-
ticulares entre si. Esses direitos são regulados pelo
direito civil, e as questões que delles nascem são dâ
exclusiva competência dos tribunaes civis.
O conselheiro procurador fiscal reconheee essa doii-^
trina, quando diz em sèu parecer:
« Em todo o caso porém a responsabilidade sobre que
o juizo arbitrai deve decidir é de empregados, ou
pessoas da repartição, e não de extranhos à repartição.»
Os laudos dos árbitros e a decisão que os homologou
não proferirão um juizo directo-, como cumpria na
fôrma do regulamento, sobre essa responsabilidade dos
empregados.
Não pronunciarão formalmente nem a sua condem-*,
nação, nem a sua absolvição.
Pronunciarão sobre a responsabilidade de particulares^
qué ninguém tinha pedido. "•
A decisão arbitrai portanto excedeu as ralas da júris*
dicção administrativa, e entrou pelas da civil.
Se não havia responsabilidade dos empregados da
alfândega, cumpria Jassim declafal-o, e mais nada.
Tinha expirado a competência administrativa se nma
das partes, particular, entendesse que.a outra, tamb©m
— 9i —
particular, se havia locupletado com o que era seu,
fosse pedil-o e havel-o pelos meios competentes: -;
Sendo assim nenhuma complicação teria «urgido^
Proferida a sentença homologatona, forao intimado*
Novaes & Passos, por ordem do inspector da alfândega
para indemnizarem Cerqueirá, entrando denlro de quinze
dias para o cofre da alfândega com a quantia da con-«
demnação. Mas, se nãa havia responsabilidade da parte
da alfândega, se a questão era entre particulares, que
tinha que ver nesta questão o cofre da. alfândega, que
necessidade linha o inspector de converter-se em
procurador de particulares ?
A alfândega è seus empregados não havião sraP
julgados responsáveis por causa alguma.
Não entrando Novaes & Passos com o dinheiro para
o cofre da alíandega no prazo marcado, affectou o ins-
pector da mesma alfândega o negocio ao ministro da^
fazenda, rogando-lhe que mandasse pagar a Antônio?
Joaquim de Cerqueirá a quantia era que forão coa-
demnados Novaes & Passos, conforme a ordem n.° 132
de 11 de Abril de 1851 § 6.ft
Conformando-se com esse pedido a directoria geraldas
rendas publicas e a do contencioso, mandou-se pagar.
O | 6.° da ordem, citada reza assim: «Que com as
<contas do expediente deverá (o inspector da alfândega)
reraetter também os processos das indemnizações que
tiverem de, ser feitas as partes pela verba—capatazias—
para serem pagas pelo thesouro ; e depois indemnizada
a fazenda pelos respectivos empregados, na formado
art. 59 do regulamento de 22 de Junho de 1836. »
Esta. ordem era claramente inapplicavel ao caso era
questão;
1.° Porque não se tratava de indemnização que hou-
vesse de ser feita ás partes pelas capatazias, mas sim
por uma parte a outra parte.
2.° Porque essa ordem suppõe a indemnização á fa-
zenda pelos seus empregados, e no caso sujeito á
decisão arbitrai havia excluído, pelo menos indirecté* 1
mente, a responsabilidade dps empregados.
3.° Porque no regresso dã fazenda contra os empre-
gados procede-se administrativamente, e a fazehda não
podia proceder contra-Novaes & Passos senão judicial-
mente. " " .
4." Porque aquelle |-6.° não sahe do terreno admi-
nistrativo, contém-se nps termos do art. 59 do regula-
mento das alfândegas, do qual exhorbitára á decisão
arbitrai. ,t ...-.-
Abyssus abyssum invocai. Satisfeita pela fazenda a
responsabilidade de um particular, Novaes A Passos,
{tara com outro particular, Cerqueirá, tinha a mesma
azenda de haver do dito Novaes & Passos a quantia que
por elle dera. .
Mas como e por que meio?
Necessariamente pelo meio judicial e por três modos:
1." Executando contra Novaes de Passos a sentença
arbitrai.
2.° Procedendo contra elles executivamente.
3.' Propondo-lhe uma acção ordinária, que era o
meio mais próprio.
0 primeiro meio era inadmissível porque a decisão
arbitrai não condemnára Novaes & Passos a pagar cousa
alguma á fazenda. Não empregando esta o meio da
execução reconheceu que a decisão arbitrai era para
ella um titulo insuíficiente, e que não podia ser paga
por força dessa decisão.
.Adoptoü o segundo meio, procedendo executivamente,
fundando a sua intenção na certidão do pagamento quê
fizera o thesouro a Cerqueirá. Este pagamento, porém,fôra
fundado,na decisão arbitrai, e por tanto a base do exe-
cutivo participava de todos os defeitos e achaques da
mesma decisão.
Vindo Novaes «Sc Passos com embargos de matéria re-
levantissima, forão desprezados pelo juiz dos feitos^ e
condemnados qs mesmos Novaes &. Passos.
Appellárão para a relação do districto, a qual proferiu
o seguinte acórdão:
Acórdão em relação. etc. Reformão a sentença,
para effeito de, receber e julgar provados os embargos,'
e nullo todo o processo, por não ser a espécie dos
autos applicavel o executivo da lei de 22 de- Dezem-
bro de 1761 tit. 3.° não só porque não veria sobre
dividas; e contractos fiscaes, para que o thesouro
possa vir com a sua intenção fundada nos seus livros,
e contas correntes deites exlrahidas, mas porque
não se trata de uma execução de sentença liquida, pro-
ferida em . juizo competente, guardada a ordem do
processo, visto que a decisão, arbitrai, em que; o the-
souro se funda, não recahiu sobre a questão de pre-
juizos, a que era responsável O.administrador das ca-
patazias, esseiícial para firmar competentemente a
decisão excepcional dos árbitros, deeretada pelo art. 59'
do regulamento de 22 de Junho de 1836: as funcções
dos árbitros, conforme esle artigo, linfitão-se a decidir
se o administrador é obrigado,a pagar os gêneros
extraviados da alfândega, a qual o valor, logo pois que
decidirão, que o empregado não tinha esta obrigação,
— 96 —

nãopodião, sem excesso tle poder eusurpação de luris-


dicção judicial decidir de pleno, que os appellantes,
que recíamão um prejuízo qüehávião sòffndo na aiian-
dega, fossem condemnados a indemnizar o de outro
reclamante, a discussão erítre estes devia ser na fôrma e
iiirzo competente. .t ,
Ora, se no caso de ser condemnado-o administrador
ainda que se provasse que os appellantes fossem os ex-
traviadores, os árbitros não os podião'condemnar, por-
quevessa prova só daria direito ao administrador de
haver o damno das pessoas conlra quem o produzisse,
como é expressa nó citado artigo do regulamento; se a
isto deveria militar a decisão, quando o administrador ti-
vesse de pagar em 15 dias; se o administrador neste caso
não gozaria do privilegio fiscal, más sim ficaria subro-
gadonos direitos do prejudicado para indemnizara-se do
prejuízo por accão, e no foro competente ; se ainda que
em falta do administrador, se fosse condemnado o cofre
da alfândega a indemnizar oprejuizo, o thesouro não-te-
ria a via executiva conlra terceira pessoa, como são os
^appellantes, convertendo emfiscaluma divida que não o
era em sua origem, mas sim descontaria no vencimento
do administrador, como é expresso no referido ar-
tigo, e no | 6.", da ordem n.° 132 de 11 de Abril de
1851 contra producentemente .citado por parte do the-
souro, ficando sempre salva a subrogação do direito ao
administrador ,' e a defesa de terceiro a quem elle
pedisse a indemnização; é a todas as luzes manifesto,
quê os árbitros,absolvendo o administrador, nãopodião
passar a condemnação immediata aos appellantes por
não poderem ampliar o compromisso,,e que ao thesouro
só compete contra os appellantes a acção, que compe-
tiria ao reclamante, que foi attendido, ou ao, adminis-
trador sé fosse condemnado, e subrogado no direito do
reclamante, ainda que ella lhe fosse adjudicada em al-
guma execução fiscal, e nunca mudai* a natureza da
mesma acção, segundo a sua origem. Portanto, ficando
de nenhum effeito a penhora com todo o processo,
,0$fitiãiO se passe mandado de levantamento da quantia
penhorada, a favor dos appellantes, e condemnão 'a ap-
pellada nas custas. Rio, 22 de Novembro de 1859.—^»
roz.—P.AraújoSoares.—Pinto Chiçhorro —Marianm.
—Travassos- J. M. A. Câmara. Fui presente, e protesto
tfsar do recurso de revista, F. G. de Campos. »
A relação eonsiderou portanto exhorbitante a decisão
arbitrai, e na verdade o é, como ficou demonstrado,é re-
conhece o conselheiro procurador fiscal, quando diz era
seu parecer:
- 97 -

« Conformo-me pois inteiramente com as razões do


acórdãoda relação, na parte em que considera exhor-
bitante a decisão arbitrai. »
Não obstante acrescenta o mesmo conselheiro:
« Entendo que o tribunal da relação podia julgar que
não era competente o meio executivo, por quanto é
questão se o privilegiofiscalpara a cobrança das dividas
se limita aos direitos íeaes, impostos, alcances, etc, de
origem propriamente fiscal, ou se exlende a quaesquer
outras dívidas, provenientes de contracto, ou quasi
contracto, delicto ou quasi delicio. Estava isso em suas
altribuições.
Apreciar porém a decisão da alfândega, parece-me que
não era da sua competência.
Mas o pagamento feito, pelo thesouro a Cerqueirá, cuja
certidão era a base do executivo, está tão ligado com a
sentença arbitrai, que impossível é apreciar uma cousa
sem a outra.
Na parte dispositiva, que é a principal, e pela qual
se faz obra, o acórdão, limitou-se a julgar conforme
o pedido na Conclusão dos embargos, isto é, a julgar de
nenhum effeito a penhora com todo o processo, e a
mandar passar mandado de levantamento da quantia
pehhorada.
O processo que o acórdão julgou nullo é o processo
judicial, e não o administrativo. Desfez a pennora que
era acto judicial, praticado, não em virtude da-decisão
arbitrai, mas da certidão do pagamento pelo thesouro.
Assim ó acórdão não atacou nem desfez acto algum
administrativo, não invadiu a jurisdicção administrativa.
Não se tratava pois da execução da sentença arbitrai,
nem se podia tratar pela fazenda. A execução somente
pôde ser requerida pela parte vencedora, somente pôde
dar-se entre a parte vencedora e á vencida. Ora a fa-
zenda não fora pela sentença arbitrai nem vencedora
nem vencida. Nem se podia subrogar pelo acto próprio
e único do pagamento, porque o regulamento somente
admitte à subrogação quando, condemnados os empre-
gados da alfândega, esta paga por elles.
Não ha duvida que (como diz o conselheiro procurador
fiscal, citando as palavras de—Chaveau Adolphe) a auto-
ridade judicial deve respeitar as decisões da autoridade
administrativa, ainda quando incompetentemente profe-
ridas .
Mas qual é a decisão administrativa que a relação
ánnullóu ou atacou?
*A decisão arbitrai? Não.
O que diz a sentença de homologação? Diz: « cumpra-se
c. 13.
V — 98 —
a decisão arbitrai que julga responsáveis os negpciantes
Novaes & Passos, e os condemna a indemnizar ao negor
ciante Antônio Joaquim de Cerqueirá da quantia, etc. » .
As sentenças somente firmão direito entre as partes,
e não para terceiros não mencionados netlas.
Da decisão arbitrai não resulta direito a fazenda de
penhorar a quem quer que seja. . >_
' Em quejpois, pôde o acórdão ir de encontro á decisão
arbitrai? Em não dar á fazenda um direito, que a mesma
decisão arbitrai lhe não dá, pois nem sequer falia
nella? •
Do acórdão da relação foi interposto, recurso de
revista, proferindo o tribunal supremo o acórdão- se-
guinte:
'« Vistos, etc. concedem a mesma pela injustiça notória
.delia, por quanto tendo sido regular e corapetentemente
absolvido o administrador das capatazias da alfândega
desta corte, e o cqnferente^ que assistiu ao despacho,
e reconhecidos os recorrentes como únicos responsáveis
pelas pipas, que, pertencentes a Antônio Joaquim de
Cerqueirá, forão por elles tiradas, embora^ pela muita
semelhança das marcas, daquella estação fiscal, em
lugar das que tinhão suas, segundo esta demonstrado
pelo juizo arbitrai e pela homologação e nenhuma
opposição oü representação, que aliás lhes era livre,
tendo elles em qualquer tempo feito, mostrando-se
assim convictos e não havendo demais satisfeito os dous
contos novecentos quarenta e oito mil e oitocentos réis,
a cujo pagamento estavão rigorosamente adstrictos, for-
çoso foi que o recorrente, por decoro de tal repartição,
e mesmo em analogia com o caso previsto no § 6.° da
fordem de 11 de Abril de 1851, embolsasse aquelle Cer-
queirá,: e osubrogasse, .e como credora de divida fiscal,
por isso que fiscal foi todo o procedimento havido, e
a verificação da responsabilidade dos recorrentes por
puantia certa arbitrada.
« Em tal qualidade, sendo curial o processo e -compe-
tente o juizo para a execução a que se oppuzerão os
embargos cumpria que o acórdão só.se tivesse oCcupadpç
de julgar sobre á precedência ou não delles, quando
oppostos á penhora judicial porisequente da carta, tendo
em vista os | | 5.°, 6." e 9..° da lei de 22 de Dezembro
de 1761, corroborados pelo art, 91 da lei de 4 de Outubro
de 1831, e não cassasse; como fez, a indicada penhora,
necessária conseqüência das leis% citadas. »
Por virtude deste acórdão, que Confunde a queíúao
administrativa com a judicial,, que parece haver abstraindo-;
Pa hypothese, tal qual acaba de ser exposta, e que
- 99 —
funda a subrogação da fazenda no decoro da repartição
da alfândega, e essa analogia do caso presente cora
o previsto no §6.° da ordem de 11 de Abril de 1856, pende
ainda a questão de decisão da relação revisora.
Parece portanto ás secções que cumpre aguardar
essa decisão.
Não suspendendo, porém, a revista a execução do
acórdão dá relação, conforme a lei, foi pedido e
passado mandado de levantamento contra o thesouro.
Porém, observa o conselheiro procurador fiscal, se
a importância desse mandado fôr paga semfiança,fica
a fazenda sem garantia alguma, tendo aliás, note-se,
dê propor nova acção de indemnização, se a relação
revisora se conformar com o julgado da relação da
corte.
A legislação e a pratica em vigor, somente exigem
a fiança para a entrega da cousa pedida ou do preço
da arremátáção, quando pedem embargos ou appellação.
Qando essa legislação e pratica forão estabelecidas
não êra conhecida a revista da lei de 11 de Setembro
de 1828. Nenhuma legislação ou pratica ampliou depois
aquetla ao hovo recurso creadp. ••
E com razão. E' jéreciso pôr um termo á procras-
tinação da execução dos julgados, e dar o devido peso
á presumpção forte de que é justa e legal a decisão
que prevalece em um caso debatido em duas instâncias.
O mesmo conselheiro proçuradorfiscal reconhece que
esta opinião ê a mais exaeta. e cita uma ordem do
thesouro de 25de Setembro de 1844, que mandou pagar
uma divida, não obstante o recurso de,revista, pelo
motivo de que esta não suspendia a execução da
sentença.
São por tanto as secções de parecer que deve ser
cumprido o precatório, e levantado o dinheiro inde-
pendente de fiança.
As secções não podem conformar-se com o alvitre
lembrado pelo conselheiro procurador fiscal quando
diz: « Nestes termos ,offerece-se, talvez, um meio,
convém a saber : sequestrar-se por parte do thesouro:
a quantia constante do precatório, logo que fôr manda-
do pagar a Novaes & Passos, para propor-se a acção,
competente com segurança de effectividade do jul-
gado, etc. » ,
Mas 0- seqüestro é propriamente um deposito judicial,
e nisso diííere do embargo.
A fiança não tem lugar no caso sujeito. Como ha de
ter lugar o seqüestro ou deposito que ê medida ainda»
mais vexatória? •
— 100 —
Novaes & Passos depositarão a quantia que foi pe-
hhorada pela fazenda. „*.,»;.„
O acórdão da relação mandou levantar a penjiora,
e entregar o deposito. L , loa£l ,.
E o art.-7;° da lei de 18 de Setembro de 1828 diz :
« As revistas não suspendem a execução das sentenças,
excepto nas causas crimes, quando é imposta a pena
de morte natural, degredo, ou galés.> „ •,
Qual .seria o efteito do seqüestro ? Impedir a execução
dessa lei. E' portanto inadmissível. .-
Nem tudo o que pôde convir á fazenda é justo e
legal.
Como ura ramo da administração deve ser a pri-
meira a dar perante os tribunaes o exemplo da mode-
ração e do respeito ás leis, muito-principalmente era
questões como esta, na qual os seus próprios agentes
creárão todas estas complicações.
Sobre o levantar a fazenda conflicto, entendem as
secções que não pôde ter isso lugar.
Dá-se conflicto, segundo o art. 24 do reg.r de 5 de
FevereirP de 1842, quando uma autoridade judiciaria
está* effectivamente conhecendo de algum objecto admi-
nistrativo.
De que está conhecendo a autoridade judiciaria? Do
pedido da própria fazenda,.feito pelo seu próprio pro-s
curador constante do seu requerimento inicial de acção
executiva,que diz assim : « Illm. Sr. Dr. juiz dos feitos.—
Diz a fazenda nacional, porsep procurador,que Novaes &
Passos são devedores á mesma da quantia de 2:940#000,
constante da certidão junta' n.* 1866, remettida á pro-
curadoria da fazenda, para promover a cobrança exe-
cutivamente, por isso pede a V. S. se digne mandar
passar mandado de intiraação e penhora pela referida
quantia e custas a final. »
A essa penhora" vierão Novaes & Passos com embar-
gos, cuja conclusão é que seja a mesma penhora jul-
gada improcedente, e consequentemente levantada.
A decisão tio poder judiciário não pôde recahir senão
sobre um desses dous pedidos. Não pôde ir além.
Se o poder judiciário é competente para o pedido
da fazenda, mandar proceder á penhora, é competente
para mandar levanlal-a. Aliás seria um cego instru-
mento, ou um mero executor.
Mas nem sequer se trata de execução, porque a
fazenda não se apresenta executando a decisão arbitrai.
Funda-se em um pagamento que fez a Cerqueirá, e que,
conforme a decisão arbitrai, devia ter sido feito ao
dito Cerqueirá por Novaes & Passos.
— 101 —
Não se pede a nullidade y da decisão arbitrai.
A sentença do poder judiciário não a declara nulla.
E quando o pudesse fazer, para que, se essa decisão
está morta?
Condemnou ella Novaes & Passos a indemnizarem Cer-
queirá. Cerqueirá está indemnizado. Pelo texto e força
da sentença é Cerqueirá o único exequente, e não tem
mais que executar.
Mas discute-se a decisão .arbitrai, aprecia-se o pro-
cesso administrativo I Os cqnflictos porém não se le-
vantão pelas razões boas ou más dadas na discussão,
e sini pelas tendências efins das acções.
Se as decisões havidas concluissem annullando a
decisão arbitrai, e o processo administrativo, se essa
nullidade fosse pedida, haveria invasão do administra-
tivo pelo judiciário.
Houve pelo contrario invasão no judiciário pelo ad-
ministrativo na decisão arbitrai, porém podem, na hy-
pothese em questão, os tribunaes judiciários decidir o
caso que lhes foi sujeito pela própria fazenda, sem
sahir dos limites da sua jurisdicção.
O art. 59 do regulamento das alfândegas veda todo
e qualquer recurso. a
Se o houvesse, a 2. instância teria reduzido a de-
cisão arbitrai aõs termos administrativos; cessaria a
causa das complicações que têm apparecido, e não se
prolongaria esta emmaranhada discussão pelo-espaço
de quatro annos e meio, devendo ser sumraarissima.
E' este ó parecer das secções.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o mais
acertado. .
Sala das conferências, em 30 de Janeiro de 1861.—
Visconde do Uruguay.—Visconde dè Maranguape^—Eu-
zebio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara.— Visconde
de Itaborahy.—Marquez de Abrantes. — Visconde de
Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 17 de Abril de 1861
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

f) Aviso n.k 193 de 26 de Abril de 1861, na collecção da$ leis.


— 102 —

N. 630.-RESOLUÇÃO DE 17 DE ABRIL DE 1861.

Sobre as leis provinxiaes das Alagoas do anno de 1860.

Senhor;'— Por aviso de 15-de Fevereiro próximo


passado mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte
sobre os actós legislativos da assembléa provincial das
Alagoas, promulgados na sessão ordinária do anno
pass.ado.
Na lei provincial de 6 de Agosto, era que sefixaa
despeza e a receita da provincia estabelecem-se im-
postos de exportação, como se vê do art. 2.° §§5.% 9.°, 14
e 22, sobre cuja constitucionalidade a secção pede li-»
cença a Vossa Magestade Imperial para referir-se ás
numerosas consultas já offerecidas á alta consideração;
dê Vossa Magestade Imperial.
No § 24 do mesmo artigo de lei, impondo aquella
assembiéaprovincial 30#000 Sobre casa em que se fabri-
carem charutos e cigarros, e 200 réis sobre libra de
rape, charutos, cigarros, fumo em lata e em corda de
mahufactura brasileira e do consumo do paiz, isentou
deste imposto os charutos manufacturados e consu-
midos na provincia e o fumo em folhas. O fim, pois,
do legislador provincial foi favorecer as fabricas de
charutos da provincia com detrimento de iguâes; fa-
bricas de todas as outras do Império, vindo assim
aquella disposição verdadeiramente a reduzir-se a im-
posto de importação de gêneros brasileiros em portos
brasileiros! Assim, p*arece á secção, como já tem1 tido
a honra de expor em outras consultas a Vossa Mages-
tade Imperial, quê a referida có|iecção seja remettida.
á assembléa geral legislativa, para que, devidamente
interpretando o § 5*° do art. 10 do acto addicional,
tome uma resolução que ponha termo ao progresso
de tão anômala e prejudicial rivalidade industrial entre
as províncias do Império, cujo isolamento, conseqüên-
cia necessária de taes medidas, produzirá fatalissimos,
anti-politicos e anti-economicos resultados.
Vossa Magestade,porém, mandará o que,fôr ser-
vido. , :••-...
Saladas conferências, 16.de Março de 1861.—Vis-
condede Jequitinhonha.—Visconde de Itaborahy .—Mar-
quez de Abrantes. :
- 103 —
RESOLUÇÃO.
Seja remettida á assembléa geral. (*)
Paço, 17 de Abril dè 1861
i

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.


:t • " ; .
!
José Mania da Silva Paranhos.

N. 631 .—RESOLUÇÃO DE 17 DE ABRIL DE 1861. ,


Sobre a pretenção de José Francisco Ribeiro aposentado no lugar
de segundo ensaiador da casa da moeda, de lhe ser contado o tempo
de serviço de praticante do ensaio da mesma repartição com esti-
péndio pago por féria..
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 13 de Fevereiro próximo passado, que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse sobre o reque-
rimento de José Francisco Ribeiro, segundo ensaiador da
casa da moeda, tendo em vista as informações e parecer
da directoria geral da contabilidade, se ao supplicante
deve ser contado e sem desconto dos dias feriados e
santos, o tempo de serviço que prestou,na qualidade de
praticante do ensaio da casa da moeda, com eslipendio
pago por meio de féria.
Sobre a questão que se suscita neste aviso, foi ouvido
o conselheiro director geral da contabilidade do the-
souro que deu o seguinte parecer, cora o qual concordou
também o conselheiro procurador fiscal:
. « O regimento da casa da moeda de 1686,no cap. 49
determinou que os ensaiadores delia tivessem cada ura
seu ajudante, a quem ensinassem a sua arte, mediante
uma ajuda de custo que ,seria depois fixada, pelo con-
selho da fazenda.
«Além disso o decreto de 29 de Dezembro de 1819
prequ na casa da moeda desta corte quatro lugares de
praticantes de ensaio do ouro e prata com a ajuda de
custo de 100$ por anno pagos a quartéis pela-, respec-

(*) Submetlida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 8 de Maio de 1861.
— 104 —
tiva folha, emquanto não passassem a ajudantes de en-
saio, para os quaes lhes deu accesso. /
« Portanto olugar de praticante de ensaio foi creado
legalmente com um estipendio pago pelo lhesouFoe ca-
racter de permanência, uma das eircumstancias que está
já resolvida deverem ter os empregos para darem di-
reito á aposentadoria. _
« Se, pois, existissem a favor do supplicante outras
eircumstancias que caraoterisão o emprego publico, a
saber: nomeação do governo ou de delegado seu para
isso devidamente autorizado, pagamento do sello do
titulo de nomeação (e não fallo dos direitos de clian-
cellaria, por não existirem no tempo em que o sup-
plicante foi nomeado), juramento que constituo o acto
.de posse, e assentamento em folha, e, no caso vertente,
se se desse também uma circumslancia, quero dizer,
que não houvesse na casa da moeda, quando foi re-
formada em 1834, senão o numero de quatro praticantes
creados pelo decreto acima referido, eu não teria du-
vida em opinar para quê se contasse ao supplicante o
tempo de serviço prestado como praticante de ensaio,
ainda que não fosse, como não foi, aproveitado na oc-
casião delia para qualquer emprego; e só o fosse depois,
uma vez que a mesma reforma não conservou taes lu-
gares, relevando até a falta do juramento; e do assenta*
mento, comtanto que se pagasse agora o sello da nomea*-
ção; que em tempo não foi pago.
« Nessa hypothese não podia eu deixar de considerai
o supplicante como empregado de repartição extineta
desde 1834 até 1840, em que foi nomeado ajudante de
ensaio que é emprego creado, uma vez que «continuou
a servir na casa da moeda até então.
« Attendendo, porém, a que o decreto referido, crean*-
do os sobreditos lugares, designou logo os quatro indi-
víduos que os devião oecupar, o que,.no meu entender,
eqüivale a dizer que o provimento de taes lugares devia
ser da competência do governo.
« Attendendo por outra parte, a que o supplicante não
é nenhum deües, tendo sido admittido muito posterior-
mente ou em 1833 por despacho proferido pelo provedor
da casa da moeda era requerimento que fez, pedindo
a admissão, e nem ao menos pagou o sello da nomeai
ção.
Attendendo, além disso, a que antes ainda da reforma
da casa da moeda em 1834 não havia numero fixo de
praticantes de ensaio, existindo oito nessa occasião,
nomeados todos pela mesma fôrma/
Attendendo finalmente a que não sendo taes lugares
— 105 —
creados por essa reforma, todavia continuou dahl em
diante, e continua ainda agora a admissão de indivíduos
com esta denominação, sendo pagos dos dias em que
trabalhão unicamente, o que os collocou era condição
de meros jornaleiros, concordo cora a 3. a contadoria
que se não pode contar ao supplicante o tempo de ser-
viço de praticante, salvo por equidade, e nessa bypo-
these, entendo que unicamente se devera assim proceder
a respeito dos quatro mais antigos que existissem na
casa da moeda em 13 de Março de 1834, se por ven-
tura, continuarão a servir abi, e íórão depois promovidos
a outros empregos legalmente creados.
O contrario importaria dar o caracter de empregados
públicos a meros jornaleiros, uma vez que no serviço
da casa da moeda continuão a ser admittidos, e só por
vontade do provedor, indivíduos com o titulo de pra-
ticantes de ensaúidores, que são lugares creados por
lei e dão direito a aposentadoria.
Se a experiência- tem provado que é conveniente a
existência de praticantes de ensaio, para terem um ti-
rocinio, e serem dahi tirados os ajudantes'de ensaia-
dores, podem crear-se taes empregos* estando o governo
autorizado para dar regulamento á casa da moeda, no
que se comprehende, segundo o entendo, a creação e
suppressão de empregos.»
A secção dó fazenda pensa que as razões expendidas
no parecer que fica transcripto, justificão-lhe a conclu-
são, e que portanto não se deve contar ao supplicante,
José Francisco Ribeiro, o tempo de serviço de praticante
de ensaio da casa da moeda.
Sala das conferências, em 20 de Março de 1861.—
Visconde de Itaborahy .—^Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de, Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço» em 17 de Abril de 1861.


»

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria dá Silva Páranhos.

(*) Communicou-se á directoria geral de contabilidade, o indefe-


rimento desta pretenção. Aviso de 33 de Abril de 1861.
c. 14.
, — 106 —
N. 632.—RESOLUÇÃO DE 17 DE ABRIL DE 1861.
Sobre a representação dos negociantes das Alagoas contra o acto
da presidência mandando executar a disposição do § 14 do art. 3.»
da lei de 19 de Julho de 1839, que decretou a cobrança de 10 »/o de
•todas as madeiras sahidas da provincia.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 23 de Janeiro ultimo, que a secção de fazenda do con-
selho'de estado consultasse sobre a representação de
diversos negociantes da provincia das Alagoas, exporta-
dores de madeiras, contra a decisão da presidência
daquellaprovincia, pela qual determinou á thesouraria
provincial a execução dó § 14 do art. 3.° da lei de 19 de
Julho de 1839, que decretou a cobrança de 10 °/0 de
todas as madeiras sahidas, da provincia, quando ' este
paragrapho da referida lei provincial foi mandado sus-
pender, pelo aviso do ministério dá fazenda de 25 de Ja-
neiro de 1841, por offensor dos tratados que o Brasil tem
com as nações amigas, e submettido esse imposto á de-
cisão da assembléa geral legislativa.
O presidente da provincia informa nos seguintes
termos: — « Palácio do governo das Alagoas, 27 de
Julho de 1860.—Illm. eExm. Sr.—Encaminhando áV. Ex.
o incluso requerimento de Luiz José de Brito e outros, a
fim de ser presente a Sua Magestade o, Imperador, tenho
a informar o seguinte :
A assembléa desta provincia por lei de 19 de Julho
de 1839 no i 14 do art. 3.° estabeleceu a imposição de
dez por cento sobre as madeiras que se exportassem para
fora da provincia. A execução porém desta disposição,
foi suspensa por ordem do thesouro de 26 de Janeiro dé
1841, até definitiva decisão da assembléa geral, por ser
prejudicial aos impostos geraes de exportação ; de então
para cá ficou suspensa a cobrança do imposto, pres-
tando os exportadores fiança de seu valor, para paga-;
mento, quando fosse a questão decidida; entretanto pos-
teriormente (em 184£) a, mesma assembléa provincial
impôz 10 % sobre os gêneros de producção e manufac-
tura da provincia ; deixava porém de pagar este imposto
a madeira exportada, sem que se pudesse negar que
fosse ella uma prpducgãp da provincia. Tonaaado conta
da administração e estudando os meios de fazer aug-.
mentar a renda, entendi que não devia deixar a pro-
víncia na*continüação dá pêrdá de um dos seus mais
importantes ramos de receita, que podia tirar da ex-
portação de suas madeiras, exportação que não é
pequena. . ; ' :,f. .--./* .. i
— 1UV —

Resolvi que as madeiras nao podião deixar de ser


consideradas producção da provincia e como tal sujeitas
á respectiva imposição, mandando cobrar a importância,
a cujo pagamento se obrigarão os exportadores mediante
fiança. E' contra esta minha decisão, que para*o go-
vernoimperial recorrem ospeticionarios que hoje achão
pesado pagar aqui lio a que se obrigarão por fiança ^ne-
nhuma razão produzem os peticionarios que não "seja de
conveniência particular. Os motivos de meu acto V. Ex
encontrará na portaria que dirigi á thesouraria provin-
cial. Entendi que, se a questão não tivera da assembléa
geral uma solução expressa, a tinha tido tácita, desde que
outras províncias cobrão imposto de exportação de suas
madeiras, como a do Espirito Santo, Parahybae Per-
nambuco, sem que as respectivas leis tenhão suspensa
sua execução, e na hypothese sujeita, ainda quando
prevalecesse a suspensão dá lei de 19 de Julho de, 1839,
ellá não podia comprehender leis posteriores, que insti-
tuirão o imposto de 10 °/o sobre os gêneros de pro-
ducção, que forão exportados.
Deus guarde a V. Ex.—Illtn. e EXm. Sr. conselheiro-
Ângelo Moniz da Silva Ferraz, ministro e secretario
de estado dos negócios da fazenda.—Pedro Leão Vel-
lozo.t,
•O director geral das rendas publicas opina doseguinte
modo:
«A questão de que se trata é de certo desumma impor-
tância; masy.infelizmente, até hoje não teve uma solução
peremptória, apezarde reproduzida em diversas épocas-
e em um grande numero de províncias do Império. Em
virtude do art. 10|.5.° do acto addicional, não podem
as assembléas provinciaes estabelecer impostos que
prejudiquem ás imposições geraes do Estado. Como
porém nenhum correctivo directo efficaz exista para
os abusos eusurpações que ellas praticão, tem-se limi-
tado o governo imperial a indicar e a prescrever os únicos
meios a seu alcance, que consistem, ou aconselhar em
offiõios reservados aos presidentes que exerçâo sua
legitima influencia afimde fazerem revogar as leis offen-
siyas. dps impostos'geraes, ou^a suspender suaexecuçãOi
ou recusar a sua sancção : porém só não conhecem a
ineffieacia de semelhantes expedientes os que não ti-
verem estudado o acto addicional, eaté mesmo tem a
experiência demonstrado que não poucas vezes servem
elles de excitante ás paixões políticas para lêval-as a
insistir na confecção e promulgação de taes disposições.
Mas o que, para mim não soííre contestação, é que o
, ocedimento do presidente de Alagoas não podia ser
_ 108 —
mais irregular, mais inconveniente e contrario ás
constantes recorámendações do governo imperial. E*
mesmo incomprehensivel como essa- autoridade que
deve velar na observância das leis geraes era matéria de
impostos, seja a primeira a ppovocar a execução de uma
lei que já fôrá suspensa por uma ordem do thesouro e
que ataca uma imposição geral do Estado !
Penso por isso que deve ser estranhado severamente
semelhante procedimento. O imposto de exportação
creado pela assembléa provincial de Alagoas é, não só
. illegal é insubsistente, mas ainda offensivo, dos princí-
pios geraes da sciencia, e dos interesses da lavoura.
As nossas leis modernas nunca impozerão sobre a ex-
portação de gêneros agricolas um direito superior a
7 °/0, porque era doutrina dos economistas que o dizimo
sobre a producção não podia ser admittido sem grande
vexame. Entretanto a lei de Alagoas restabelece o dizimo
nessa provincia 1 Estas considerações são,- portanto,
a meu ver mais que sufficientes para me fazerem pensar
que se deve deferir ao pedido, devendo-se ao mesmo
tempo estranhar o procedimento do presidente da pro-
víncia. Convém todavia que seja primeiramente ouvido
o Sr. conselheiro procurador fiscal. Directoria geral das
rendas publicas, 10 de Setenlbro.de 1860.— Pereirwde
Barros. » • ' *••
Com este parecer concorda a directoria geral do con-
tencioso.
O aviso do ministério da fazenda de 25 de Janeiro de
1841 que mandou suspender a disposição provincial era
questão diz ;— «Illm. e Exm. Sr.—Sendo prejudicial aos
impostos geraes de exportação o § 14 do art. 3.° da lei
n.° 5 de 9 de Julho de 1839 da assembléa legislativa dessa
provincia; e não consentaneo com as estipulâções dos
tratados das nações que os têm com o Império, o dis-
posto no§26 do sobredito artigo; cumpre que V. Ex. dê
as precisas ordens para que suspenda a execução dos
referidos paragraphos até decisão da assembléa geral le-
vgisfativa.
Deus guarde a V. Ex.—Palácio do Rio de Janeiro, em
25 de Janeiro de 1841.— Martim Francisco Ribeiro de
^Andrade.—Sr. presidente da provincia das Alagoas. »
'••-" A secção, depois de tomar devidamente em conside-
ração os documentos acima mencionados, é de parecer
que, achando-se affecta a creação daquelle imposto á
assembléa geral legislativa, de modo algum podia ser
permittido ao presidente da provincia o mandar realizar
a sua cobrança, emquanto expressamente ella não re-
solvesse, não sendo licito, mormente em matérias taes,
— 109 —

á autoridades subalternas, qualquer que seja sua cate-


goria, determinar-se por illações, figurando consenti-
mento taeito, o que uma vez admittido no regimen
constitucional representativo, não haveria illegalidade,
ou absurdo que não pudesse ser plenamente, justificado;
accrescendo que o acto da suspensão do predito im-
posto não dimanára da presidência, e sim do governo
geral. O contrario disto é uma verdadeira anarchia ad-
ministrativa, cujas funestas conseqüências é fácil de*
prever.
O conselheiro Visconde de Itaborahy é de opinião que,
ainda que fosse incontroversa e estivesse rpsolvida le-
galmente a questão—se ao governo geral cabe o direito
de suspender a execução das leis provinciaes nos casos se-
melhantes ao.de que se trata—parece-lhe que fora pouco
acertado insistir em declarar contrario á constituição e
aos tratados, o imposto de 10 "/o, que a assembléa legis-
lativa da provincia das Alagoas lançou em 1840 ou 1841
sobre a exportação de suas madeiras, e que ao mesmo
tempo, nem se declare igualmente contrario á consti-
tuição e aos tratados crear-se, como se creou em 1842,
segundo assevera no seu officio o presidente daquella
provincia, , o direito de 10 % sobre os outros productos
da agricultura e industria delia, nem que a respeito de
tal matéria se mantenha para com as outras provincias
o principio que em 1841 se estabeleceu para a das
Alagoas.
O que lhe parece mais lógico e regular é, ou que o go-
verno imperial ordene que se suspenda em todas as
provincias a execução das leis que têm creado"direitos de
exportação, ou, como entende mais prudente e justifi-
cável,- que revogue ou suspenda a ordem de 25 de Ja-
neiro de 1841 expedida pelo thesouro á presidência da
provincia das Alagoas, até que a assembléa geral legis-
lativa resolva se é da attribuição das províncias crear
impostos de exportação, e em que termos e limites deve,
no caso afilrmatiyo, ser exercida esta attribuição.
Pelo que respeita ao procedimento do presidente da
provincia, concorda inteiramente com a maioria da
secção.
A maioria da secção enteqde que se deve deferir aos
peticionarios.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 21 de Março de 1861.—Vis-
condede Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy*
— 110 —
RESOLUÇÃO.

Seja a nova lei em questão remettida á assembléa geral,


Paço, em 17 de Abril' de 1861. (*)
Cõm a rubrica de Sua Magestade'o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 633.—RESOLUÇÃO DE 20 DE ABRIL DE 1861


Sobre a decisão dada, pelo presidente do Fiauhyá duvida propostafe
pela directoria da companhia de navegação do rio Parnahyba',
acercada disposição do %S.° do art. l.° da lei n.» 1083 de 22 de
Agosto de 1860.
Senhor.—Por aviso de 21 de Fevereiro próximo pas-
sado dignou-se Vossa Magestade Imperial mandar que
a secção de fazenda do conselho de estado consultasse
sobre a decisão que deu o presidente da provincia do
Piauhy á duvida proposta pela directoria da companhia
de navegação a vapor da mesma provincia, acerca da dis-
posição do § 8.° do art. 1 ° da lei n.° 1083 de 22 de
Agosto do anno passado.
O § 8.° do art.. !.° da lein. 0 1083 de 22 de Agosto
do anno passado diz: « Só poderão fazer parte dos
dividendos dos bancos e sociedades ánonymas de qual-
quer natureza os lucros líquidos provenientes de ope-
rações effectivamente concluídas no respectivo se- •
mestre.» . .
A'secção parece evidente que com quanto o referido
paragrapho só mencione os lucros liquidos provenientes
de operações efteetivamente concluidas no respectivo
trimestre, não foi a mente do legislador excluir dos di-
videndos as subvenções concedidas ás companhias de
que se trata, uma vez que estejão vencidas e pagas;
porquanto não se achando taes subvenções absorvidas
pelas1 despézas da companhia, a nenhuma outra classe
podem pertencer senão á de lucros liquidos, e effecti-
vamente concluidos.

(*) Submeltidaá consideração da assembléa geraMígislativa. Àvisd-


de 14 de Junho de 1861.
- 111 -
, Operações, transacções e contractos são synonimos;
e as subvenções têm sua base em verdadeiros contractos
entre a autoridade publica è a companhia, mediante os
quaes esta se obriga a taes cláusulas ou serviços.
Com effeito a mente do legislador foi prohíbir que
se facão dividendos de lucros ainda sujeitos á, even-
tualidades, afim de evitar que taes dividendos venhão
a desfalcar o capital da companhia e por conseqüência
alterar sua solvabilidade. Este, porém, não é o caso da
subvenção vencida e paga.
Assim entende a secção que a subvenção ainda ven-
cida, mas não paga até o fim do semestre, está no caso
de não poder fazer parte do dividendo.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo ,
Sala das conferências, era 21 de Março de 1861.— Vis-
conde de Jequitinhonha.—Viscpnde de itaborahy.—
Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Çômo parece. (*)


Paço, em 20 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 634.— RESOLUÇÃO DE 20 DE ABRIL DE 1<861.


Sobre a nova prorogação de prazo pedido pela directoria do banco
commercial e agrícola para o resgate das notas de valor inferior *
a.
Senhor.-T-Houve Vossa,Magestade Imperial por bem,
que á secção de fazenda do conselho de estado consulte
com o seu parecer sobre o officio junto, em que a directo-
ria do banco commercial e agricola pede nova prorogação
de prazo para o, resgate dás notas de valor inferior a

(*) Aviso n.c 186 de 22 de Abril de 1881, na collecção das leis*


— 112 .r-
50$0004 visjo ter sido insufliciente, como procura de-
monstrar, o que lhe fora concedido por aviso de 31 de
Janeiro ultimo, e deve findar no dia 20 do corrente mez.
As razões em que se funda a directoria do banco com-
mercial e agrícola, para solicitar prorogação do prazo
marcado para o resgate era substituiçãoa das notas in-
feriores a 50#000, são as seguintes: í. existir ainda,-
em circulação no fim de Março ultimo, a somma de
360:000S000 "representada pdr notas ado mesmo banco de
valor de 10#000, 20#000 e 30#000 ; 2. não se poder attri-
buir ánegligenciaou reluctancia dos portadores dessas
notas o facto de não as terem' trazido ao troco, apezar da
comrainação do progressivo desconto de 10 °/0 em cada
um dos mezes que se seguirem ao prazo já estabelecido
pelo governo, e que ha de findar a 20 do corrente,; mas
unicamente á grande dispersão que as mesmas notas
tiverão pelas provincias de Minas, Mato Grosso e Goyaz.
A secção de fazenda, apesar das judieiosas observações
do conselheiro director' geral do conleneioso, que foi
ouvido a respeito da pretenção da directoria, acha ponde-*
roso quanto esta expõe pára fundamental-a; e é por isso
de parecer que se prorogue por mais dous mezes O prazo
já marcado pelo governo de Vossja Magestade Imperial
para fazer-se a substituição das referidas notas de 10#00G,
20#Q00 e 30#000 do banco commercial e agrícola.
Vossa Magestade Imperial ordenará o que fôr mais con-
veniente.
Sala das sessões, em 19 de Abril de 1861.— Visconde'•>
de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde de Je-
quitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 20 de Abril de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

\ •(*) Decreto n.» 2776 de 20 de Abril de 1861. Proroga por mais dous
mezes o prazo concedido "ao banco commercial e agrícola para a
substituição das suas notas de valqres inferiores a BOgooo.
— 113 —
N. 635. —RESOLUÇÃO DO 1." DE MAIO DE 1861.
Sobre a reclamação do desembargador Manoel Cerqueirá Pinto
contra a decisão da recebedoria do município que exigiu do ven-
cimento do emprego de fiscal do tribunal do commercio o pa-
gamento dos direitos na razão de 30 *>/<,.
Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial, por aviso
do 1.° do mez próximo findo, que a secção de fár
zenda do conselho.de estado consulte, tendo em vista
o parecer da directoria geral tio contencioso, sobre o
requerimento ho qual o desembargador Manoel Cer-
queirá Pinto, reclamando contra a decisão da rece-
bedoria que o sujeitou apagar, como fiscal do tribunal
do commercio da provincia do Maranhão, direitos na-
razão de 30 % da npantia de 300#000 em que foi lo-
tado o dito lugar, pede ou que nada se lhe exija, ou
que só se lhe cobrem direitos na ração de 5 "j9.
O doutor procurador fiscal interino diz o seguinte:
« O desembargador da relação do Maranhão, Manoel
Cerqueirá Pinto, nomeado fiscal do tribunal do com-
mercio daquella provincia, foi obrigado a pagar na
recebedoria do município a quantia de 1 C$000 por conta
de uma lotação de 300#000, em que se estimou o dito
lugar de fiscal» cujo titulo pretendeu tirar.'
Reputou o peticionario arbitraria e illegal semelhante
lotação ; arbitraria, porque, segundo elle allega, é no-
tório qüe os adjuntos e fiscáes dos tribunaes do com-
mercio percebem, menos emolumentos que os desem-
bargadores das relações; e illegal, por ser Jarabem
notório, que os mesmos adjuntos e fiscaes nunca pa-
garão mais do-que 5°/o. Em Conseqüência requer 0ou
que nada se exija, ou que só se- lhe cobrem os 5 /„
no caso de se entender que está sujeito ao imposto.
Por despacho da directoria geral das rendas de 13
de Agosto de 1856 exigiu-se informação do adminis-
trador da recebedoria da çôrte.
Em 2 de Setembro seguinte informou o adminis-
trador o seguinte:
Que não era arbitraria, nem illegal a conta dos di-
reitos na razão de 30 °/o? porque taes lotações sempre
estiverão em pratica, e são determinadas pelo decreto
de 8 de Março de 1799.
Que os arts. 25 e 26 do decreto n.° 1597 do 1." de
Maio de 1855 considerão os fiscaès do tribunal do
commercio como empregos de julgar; e que pela ta-
beliã de 30' de Novembro de 1841 §. 2."» se impõe
30 % aos que exercem taes empregos.
c. 15.
— 114 —
Com effeito, o decreto de 8 de Março de 1799 e o
de 17 de Novembro de 1801 já tinhão estabelecido
direitos provenientes de carta, alvará ou provisão.
A tabeliã de 30 de.Novembro citada sujeita a 30.%
do vencimento de um anno a todo aquelle, que exercer
o cargo de juiz de direito do crime, do eivei, de orphãos,
'e qualquer outro que tenha—emprego de julgar. E
posto que a dita lei acrescente no f 2.° as seguintes*
palavras « com vencimento de ordenado », parecendo
excluir desse ônus a qualquer, que exercendo aigura
desses cargos tivesse, não ordenado fixo, mas somente
emolumentos; todavia em virtude das ordens de 15 de
Abril de 1853 e 12 de Novembro de 1856 desapparece
essa .duvida, porquanto as ditas ordens determinão^ que
a disposição do,referido artigo se deve considerar su*
bordinada á do art. 3." da lei citada, visto declarar
este em termos genéricos, que os 30 °/ç são devidos'
de qualquer emprego que confira direito de perpe»
tuidade, e que se componha do ordenado, gratificâÇlo
ou rendimento lotado. -,
E' visto, portanto, que os fiscaes dos tribunaes do
commercio devem-pagar 30 °/0 de suar nomeação, quer
em virtude da lotação do rendimento desses lugares,
quer pela perpeluidade inherente á magistratura, de
que elles são conjunetamente membros, sendo que por
isso se lhes confere mais uma nomeação permanente^! !
qual a de fiscaes do commercio. '
Parece-me, pois, era vista do expendido que se não1
pôde deferir favoravelmente a petição do supplicante.
Directoria geral do contencioso, em 25 de Fevereiro de
1861.— Menezes e Souza. »
A secção adopta a conclusão do mencionado parecer,,
por achal-o conforme á tabeliã annexa á lei n.° 243
de 30,de Novembro de 1841
, Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôr mais
justo.
Sala das sessões, em 16 de Abril de 1861.—Visconã^í
de. Jequitinhonha.-'-Marquez de Abrantes .—Visconde
de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece (*),.
Paço, 1.'de Maio de 1861. /|
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador. ^*
José Maria da Silva Paranhos.
í*) Aviso n.« 203 de 6 de Maio de 1861, na collecção das leis.
— 115 —
N. 636.—RESOLUÇÃO DO 1.° DE MAIO DE 1861.
Sobre às, leis provinciaes da Parahybado anno de 1860.

Senhor.—Por aviso do mez próximo passado, mandou


Vossa Magestade Imperial que a secção de fazenda do
conselho de estado consultasse sobre os actos legisla-
tivos da provincia da Parahyba, promulgados na sessão
ordinária do anno passado.
Pôde afirmar-se hoje que prevalece nas assembléas
provinciaes a opinião que podem crear impostos de ex-
portação sobre seus respectivos predücios, e de impor-*
tação sobre os productos de outras provincias, a fira
de diminuir-lhes o consumo, e proteger os similares
de çroducção provincial*
Nao é este, porém, o espirito e a letra do actó ad-
dicional ; e menos o é ainda, o próprio interesse das
provincias. Ura tal systema econômico contrario á todos
os dictames da sciencia financeira, edos sãos princípios
- da economia política ha de darfunestissimos resultados.
Na lei do orçamento n.° 18 de 16 de Agosto do anno
passado encontrão-se no art. 18 | | 1.°, 3.°, 4.°, 23 e 46
impostos de exportação. E no § 26 do mesmo artigo
diz a lei«Impostos sobre charutos e rape, cobrados
na occasião do despacho » o que parece ser evidente-
mente imposto de importação.'È bem assim no art. 22
se faz differença de imposição quando o gado é des-
tinado ao serviço dos engenhos da província ou dos
da provincia de Pernambuco : no 1.' caso é só sujeito
ao dizimo, no 2.° á 500 réis por cabeça.
A secção, coherente como que tem consultadoáceçca
de disposições idênticas ou análogas, é de parecer que
seja a referida collecção remettida á assembléa geral
para resolver.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr servido.
Sala das sessões, em 16 de Abril de 1861.—Visconde
de Jequitinhonha.•—Marquez de Abrantes.—Visconde de
Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 1. de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria* da Silva Paranhos.
:
• S :
(*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso
de 8 de Maio de 1861.
- 116 —
N. 637.-RESOLUÇÃO DO 1.° DE MAIO DE 1861.
Sobre as leis provinciaes do Maranhão do anno de 1860.
Senhor.—Por aviso dp 18 do mez próximo passado,
mandou Vossa Magestade Imperial que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse sobre os actos"
legislativos da. provincia do Maranhão, promulgados na
cessão ordinária do anno passado. _
A assembíéa provincial do Maranhão nao desmentiu
do systema seguido por quasi, senão todas as outras
a respeito de imposições sobre a exportação, e sobre
a importação de provincia á provincia.
Na lei do orçamento provincial n.° 570 de 11 de
Julho do anno passado encontrão-se direitos de expor-
tação no art. 19 | | 6.° e19, eart. 20 ; e direitos de im-
portação naquelle art. 19 |§9.°, 10 e12. Este ultimopara-
grapho expressamente o declara nos termos seguintes:
« Ditos de 10 °/0 sobre o tabaco ou fumo, excepto o impor-
tado do estrangeiro, que não pagará imposto provincial.»
Além da manifesta violação da, letra e espirito do
acto addicional, um tal systema de'impostos, sem igual-
dade, sem justiça lançados, cobrados, por assim dizer,
á esmo, sem proporção alguma com os lucros liquidos
do contribuinte, esgota, e acaba por seccar de todo
ás fontes da producção, base e origem de todo im-
posto. Assim, prejudicadas e arruinadas não serão só
ás rendas provinciaes, também o será a geral, cuja base,
e origem e a mesma, se medidas promptas e sabias
não forem adoptadas pela assembléa geral legislativa;
medidas que tenhão por fim fixar as raias além das
quaes não' possão ir as assembléas legislativas proviri-;,
ciaes, é isto de um modo claro e positivo.
E' ppr isso que a secção entende que seja remettida
a collecção acima mencionada á assembléa geral legis-
lativa para resolver.
Vossa Magestade Imperial determinará o que for mais
conveniente.
Sala das sessões, em 16 de Abril de 1861 .^-Visconde
de Jequitinhonha. -^-Marquez de A br antes.—Visconde de
Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 1.L de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.
(»y Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso
de 8 de Maio de 1861.
— 117 —

N. 638.—RESOLUÇÃO DO 1.» DE MAIO DE 1861.


Sobre as leis provinciaes de Sergipe do anno de 1860.
Senhor.—Dignou-se Vossa Magestade Imperial mandar,
por aviso de 18 do mez próximo passado, que a secção
de fazenda do conselho de estado consultasse sobre os
actos legislativos da provincia de Sergipe, promulgados
na sessão ordinária do anno passado.
Além dos impostos de exportação que «e encontrão na
lei n.° 604 dê 10 de Maio do anno passado dri. 14 §§ 1.°,
2.°, 3.°, 4.° e 5.°, ha de mais no J 6.° o imposto sobre barcos
de cabotagem, referindo-se o mesmo paragrapho á lei
provincial de 12 de Julho de 1858.
A navegação de cabotagem é de sUa natureza, assim
como a de alto mar, objecto inteiramente das attribuições
do governo geral, a qüém toca exclusivamente regular
e policiar, segundo o que julgar mais conveniente aos
interesses nacionaes. Nem o acto addicional dispõe o
contrario; e por isso não pôde ser matéria contribuinte
para as assembléas provinciaes que ficarião assim com a
attribuição de intervirem em taeS regulamentos e policia.
No §'21 acha-se creado o imposto de 1$000' por passa-
porte, e declara-se que, sendo estrangeiro, pagara para
dentro do Império 5#000 e para fora,8^000.Este imposto
é contrario ao art. 6.° do tratado perpetuo estipulado
com a França, e por isso viola expressamente o art. 16
do acto addicional. APérca delle era do rigoroso dever
do presidente proceder na fôrma prescripta no art. 16 do
acto addicional.
Nestes termos é a secção de parecer que seja enviada
a referida collecção á assembléa geral legislativa para
proceder na fôrma do art. 20 dó mesmo acto addicional.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais conveniente.
Sala das sessões, em 17 de Abril dê 1861 .—Viscondede
Jequitinhonha.— Marquez de Abrantes.— Visconde de
Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 1.° de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestadeo Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.
* — — : — . . . i .

':'(*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa.


Aviso de 8 de Maio dé 1861. •
— 118 —
N. 639 .'-RESOLUÇÃO DE 15 DE MAIO DE 1861.
Sobre o requerimento em que a direcção da caixa commercial d*
Bahia pede a faculdade deelevar o seu fundo de reserva, e a per-
missão para comprar as acções da própria companhia.
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem
ordenar que a secção de fazenda consulte com o
seu parecer sobre o requerimento e papeis annexos,
em que a direcção da caixa commercial da Bahia pede
âo governo imperial a faculdade de elevar o seu fundo
de reserva pela deducção de 10 7„ do lucro liquido de
cada semestre, e, como complemento desta medida,,
qüe se lhe permitia comprar as acções do próprio
PStílllGlGCiflflGn to
A direcção da caixa, solicitando as Indicadas medidas,
fundamenta-as do modo seguinte: « Duas forao, Impe-
rial Senhor, as razões que actuárão no animo dos
accionistas para assim procederem:
1.° O progressivo augmento da cifra de fallencias,.
Cujo saldo 107:158#465 sendo já crescido no penúltimo
semestre findo em Maio do anno passado, subiu no
ultimo semestre de Novembro daquelle mesmo anno
a 149:084^977; sendo de esperar que ainda a mais.
suba a dita cifra, á vista do estado da praça; porque
continuão as fallencias: em quanto que o fundo
de reserva, sendo no fim daquelle 1.° semestre' de
80:666^577, desceu no 2." a 79:388$799.
2.° O desequilibrio sensível que se dá entre o dito
fundo de reserva, e o titulo de fallencias; sendp que
por isto têm as acções" baixado de preço, sendo de
receiar, que continuem a baixar, se a tempo se não.
tomarem as precisas providencias e cautelas ; e d'entre
outras pareceu á direcção e aos accionistas a mais
adequada a autorização de que trata.
Este pequeno sacrifício, a que de bom grado se su-
jeitarão os accionistas, além . de ser provisório, tem
por fim principal fortalecer o credito de que goza a
mesma caixa, a fim de que suas acções se não depre-
ciem ; tanto mais, quanto é certo "que offerecendo o
fundo de reserva suficiente garantia para fazer face
ao titulo 'de fallencias, desapparecerá também o receio
de perda do capital; sendo por conseqüência de esperar
que as acções recobrem, senão o seu primitivo estado,
pelo menos, que também não serão depreciadas, cau-
sando graves e sérios prejuízos aos accionistas.
Como medida complementar daquella autorização para
melhor se poder conseguir e obter, o fim, qüe se tem
— 119 — y " **
em mira, a direcção julga também de summa conve--
niencia, senão indispensável, ser ella também autori-
zada a comprar, mediante a maior cautela e prudência,
as acções da própria caixa, que lhe forem offerecidas,
podendo era semelhante operação despender aquella
somma, que em sua prudência julgar Conveniente.
Esta autorização, Imperial Senhor, como comple-
mento daprimelra tem as seguintes vantagens:
1."; Prevenir a baixa das acções;
2. Fazer seus os descontos provenientes da operação,
além dos dividendos, que tocarem ás acções; rever-
tendo tudo em beneficio dos accionistas tia caixa ; e
3.» Finalmente servirá ella de protecção e amparo
ás viuvas, orphãos, estabelecimentos pios e classes
necessitadas da sociedade, para se não verem coagidas
a vender suas acções com notável abatimento, nem
só em prejuízo de taes pessoas, senão também com
visivèl descrédito para a caixa, obrigada comtudo.a
direcção a revendel-as por intermédio de corretores ou
em leilão publico, logo que estejão ellas ao par, ou
mesmo quando assim o julgar conveniente a beneficio,
e ho interesse tio estabelecimento. »
Esta representação veio acompanhada de um officio
do fiscal da caixa dirigido ao presidente da provincia
da Bahia, cujo theor é o seguinte: « Caixa commercial
tia Bahia, 6 de Fevereiro de 1861.—Illm. e Exm.
Sr.—A direcção desta caixa* usando da autorização
que lhe foi concedida pela assembléa geral dos aceio-
nistas em 27 de Dezembro do anno próximo passado,
pede ao governo • imperial a faculdade de elevar o seu
fundo de reserva pela. deducção de 10 °L do lucro li-
quido de cada semestre; e como complemento desta
medida, solicita ainda a permissão de comprar as
acções do próprio estabelecimento.
Destas providencias, a primeira importa alteração do
art. 34 dos estatutos da caixa, approvados pelo decreto n."
1753 de 24 de Abril de 1856; e a segunda, á meu ver, affecta
igualmente a doutrina não só do § 5.° do art. 20 dos
mesmos estatutos, mas até a do § 10 do art. 2. da lei
n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860.
As razões com que pretende a direcção justificar seu
procedimento não me parecem attendiveis: 1.° porque
a depreciação das acções da caixa, devida até agora
unicamente° ao estado excepcional da praça, istoé,á
neèmsfdade que têm muitos accionistas de rehaverem
seusWpitaes em conseqüência de revezes inesperados
queírla» soffrido na crise funesta porppe está passando
á provincia, augmentará infallivelmente, e por motivos
— 120 —
muito mais valiosos desde que fôr a direcção quem
proclame que os prejuízos do estabelecimento absor-
vera o fundo dè reserva e entrão pelo capital eííectivo;
2 •• porque a passar semelhante deliberação, é claro
aue não haverá meio de verificar-se a hypothese pre-
vista no final do art. 9.° dos estatutos, cuja impor-
tância resulta do mais ligeiro exame sobre as condições
para a existência legal de qualquer banco; 3.° final-
mente porque a medida que se considera complementar,
prestando-se a interpretações ambíguas, como por
exemplo a do jogo ou agiotagem por parte da direcção,
só pôde completar o descrédito da caixa, em que se
não fazem outras considerações, se deveria reputar, em-
penhada até a própria direcção, tal foi o esforço em-
pregado para obter-se da assembléa geral dos accio-
nistas essas autorizações.
E' quanto posso dizer em execução do despacho de
V. Ex. lançado na petição, que junto devolvo.
Deus guarde a V. Ex.—Illm. e Exm. Sr. conselheiro
Antônio da Costa .Pinto, presidente desta provincia.—
O fiscal, João Ladisláu Japiassú de Figueiredo Mello. »
Bem que'a secção de fazenda não esteja convencida
de ,que o augmento da quota dos lucros para o fundo
de reserva concorrerá para maior credito das acções
da companhia de que se trata; e receie antes que,
importando esta medidii uma reducçãõ nos dividendos,
produzirá o resultado contrario ao que espera a direc-
toria, com tudo, como forão os próprios accionistas que
a propuzerão e adoptárão, não julga que o governo de
Vossa Magestade Inlperial deva rejeital-a.
Pelo que toca á autorização que também pede a di-
rectoria para comprar e vender acções da caixa com-
mercial, parece á secção que não lhe4 pôde ser con-
cedida :
1.° Porque seria isso uma alteração ou reforma,do
.§ 8." art. 20 dos respectivos estatutos, o qual só permitte;
ao dito estabelecimento comprar e vender apólices da
divida publica fundada ou quaesquer outros títulos da
nação; e a assembléa geral dos accionistas não discutiu
nem approvou esta .alteração dos estatutos;
2.° Porque a lei de 22 de Agosto do anno passado
prohibiu aos estabelecimentos bancários (tál prohibição
estava também consignada no § 5.'° do art. 20 da caixa
commercial da Bahia) fazerem empréstimos sobre
penhor das próprias acções; e os motivos queüto§ti-
ficão esta doutrina militão, e com mais força contra^
autorização que pede a directoria: a consequehcipdesta
autorização seria inutilizar ou antes annullar aquella
— 121 —
disposição legislativa, prestando-se demais aos abusos
a que judiciosamente allude o fiscal, no officio acima
transcnpto.
Sala das conferências, em 11 de Abril de 1861.— Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 15 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Pardnhos.

N. 640.—RESOLUÇÃO DE 15 DE MAIO DE 1861.


Sobre o officio dofiscalda caixa commercial da Bahia relativamente
ao modo por que a directoria da mesma caixa entende dever fazer
os empréstimos a prazos fixos, e demora na acção das letras
protestadas.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 21 de Fevereiro próximo passado, que a secção de
fazenda do conselho de estado consultasse com a pos-
sível brevidade * sobre os factos que occorrem na caixa
commercial da Bahia, constantes do officio que o res-
pectivo fiscal dirigiu ao ministério da fazenda em 8 do
referido mez.
Nesse officio expõe o fiscal: 1,° qfue a directoria continua
a pensar que as quantias emprestadas por ella a prazo
fixo podem voltar á caixa por meio de amortizações se-
mestraes de 10 7» realizadas na fôrma do art. 23 dos res-
pectivos estatutos, o que aliás lhe parece irregular; 2.°
que d'entre as letras protestadas muitas ficão ainda pa-
radas 30 dias depois do protesto, contra a expressa de-
terminação do art. 24, in fine.
Pelo que toca á primeira questão, a secção de fazenda
não comprehende, á vista da exposição do fiscal, como
sscripluradas na caixa as operações a que ella se

l*) Aviso n.« 288 de 7 de Junho de 1861, na collecção das leis.


'-r c. i6
— 122 —
refere • mas entende fora de duvida que, se nas letras de
que trata o art. 23 se escrevesse qualquer declaração
que servisse para distinguil-as das de prazo fixo ; e se
a escripturação dessa espécie de valores se fizesse com
clareza e de modo que a cada momento se pudesse ve-
rificar que erão cumpridas as disposições do mesmo
artigo, no que pertence á parte do capital que pode ser
empregada em taes titulos, nenhum motivo haveria para
sustentar a illegalidade da operação que o fiscal im-
pugna. . , ,.
Quanto á outra questão, parece mais claro que a di-
rectoria da caixa procedera irregularmente « deixando,
parada qualquer letra vencida por mais de trinta dias
depois do protesto, sem tratar logo de accionar todos os
responsáveis »; mas é inegável-que as palavras « tratar
logo de accionar » deíxãouraa latitude que não pôde ser
definida com tanta restricção, como pretende o fiscal.
A secção, Senhor, pede licença a Vossa Magestade Im-
perial para ponderar que seria conveniente observar aos
fiscaes dos bancos que o governo de Vossa Magestade(
Imperial não tem de intervir no meneio e direcção desses
• estabelecimentos, senão decidindo, na fôrma da 1.a parte
do | 7.° art. 1.° da lei de 22 de Agosto de 1860, se devem
ou não ser executadas as deliberações das directorias"
que forem suspensas pelos ditos fiscaes, e que, no exer-
cício desta faculdade de suspensão, devem haver-se com
muita parcimônia, e não fazerem, em geral, uso delia
senão nas deliberações que possão enfraquecer as con-
dições, prescriptas nos estatutos J para solidez de taes
estabelecimentos.
Vossa Magestade Imperial resolverá em sua alta sabe-
doria como fôr mais acertado.
Sala das sessões, em 22 de Abril de 1861.—Visconde
de Itaborahy.—Marquez de Abrantes .—Visconde de
Jequiimkònha. %
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 15 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Pararihos.

C) Deu-se conhecimento da imperial resolução de conspp ao


fiscal da caixa commercial da Bahia. Aviso do i." dé Junho4dé 1861.
— 123 —
r-

N. 641 .-^RESOLUÇÃO DE 15 DE MAIO DE 1861.


Sobre o projecto de estatutos para as caixas filiaes do banco com-
mercial 'e agrícola, estabelecidas nas cidades de Vassouras e
Campos. *
Senhor. — Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção'de fazenda do conselho de estado consulte sobre
o incluso projecto de estatutos para as baixas filiaes do
banco Commercial e agrícola, estabelecidas nas cida-
des de Vassouras e Campos.
A secção, examinandpo mencionado projecto, nenhu-
ma disposição encontrou que pareça necessário al-
terar ou supprimír; e por isso é de opinião que seja
autorizada pejo governo de Vossa ^Magestade Imperial
a creáção das caixas filiaes de Campos e dé Vassouras,
hos termos daquelle projecto; ficando ellas por con-
seguinte inhibíoas de fazerem emissão de notas á vista
e ao portador.
Sala das conferências, em 24 de Abril de 1861.— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes,—Visconde
de Jequitinhonha. '
RESOLUÇÃO ,
Como parece. (*)
Paço, em 15 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
JQS4 Maria da Silva Paranhos.

N. 642.—RESOLUÇÃO DE 15 D^MAIO DE 1861.


Sübre as occurrencias que se derão na caixa econômica da cidade
da Bahia relativamente á ínscripção de grande parte dos aécio-,
nistas para a retirada dos capitães que fiavião. depositado na;
mesma caixa.
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem
ordenar, por aviso de 5 de Novembro do anno pas-
sado, que a secção, de fazenda do conselho de estado
'#Tlf , r-, ... .-, ..... . . , . , ,

(íJ"Decre1íb n,° 2791 de 23 de Maio de 1861. Approva os estatutos


para as caixas filiaes do banco commercial e agrícola, estabele-
cidas nas cidades de Vassouras e Campos.
- 124 -
consulte sobre as occurrencias que se derão na caixa
econômica da cidade da Bahia, das quaes a respectiva
direcção deu conta em seu officio de 22 de Setem-
bro ultimo.
Este oficio é concebido nos termos seguintes•:
« Illm. e Exm. Sr.—A direcção da caixa econômica da
cidade da Bahia, em observância do preceito legal, a
que se acha1 adstricta, tem a honra de fazer chegar
ao conhecimento de V. Ex. as occurrencias, que ulti-
mamente tiverão lugar no estabelecimento a, seu carge,
e a medida adoptada pela assembléa geral dos accio-.
nistas á respeito das mesmas occurrencias.
«Os receios sobre maneira exagerados, de que se
deixarão apoderar os accionistas dos diversos estabe-
lecimentos bancaes. desta praça, motivados pelo de-
creto n.° 2490, que apezar de explicado depois-con-
venientemente, não pode dissipar jamais o pânico, que
produziu, e além disto a crise horrível, por que está
passando esta provincia, tudo isto aggravado péMin-
telligencia errônea, que muitos derão ao projecto pan-
cario, que ultimamente foi approvado pelo poderTe-
gislativo, levarão grande parte dos accionistas desta
caixa á se inscreverem para retirarem os capitães, que
na mesma havião depositado.
« A impossibilidade porém de satisfazer a todas essas
exigências é palpável, porque a direcção não pôde ter
accumulados nos cofres os dinheiros que recebe, e
por interesse de seus donos os vai dando sobre le-
tras convenientemente garantidas e abonadas.
« Assim pois sendo-lhe impossível pagar todas as ins-
cripções feitas resolve não satisfazer á nenhuma dei-
las, e levar o facto ao conhecimento da assembléa geral
dos accionistas, a qual depois de discutir a matéria,,
decidiu que se pag&sse integralmente os capitães' dos
menores e escravoipe que os demais accionistas pu-
dessem apenas receber no corrente semestre a quota
que lhes pudesse tocar, feita a proporção entre o ca-
pital do estabelecimento, o capital de cada um-dos,
mesmos accionistas, e o dinheiro existente em cofret;
« Nesta conformidade procede a direcção, em obser-
vância ao mandato, que recebeu, e trazendo ao co-
nhecimento de V Ex. esta deliberação approvadapela
assembléa geral dos accionistas julga conveniente acres^
centár, que ella é a mais conforme com a razão por
consagrar um principio de restricta justiça e igualdade,
e tanto que tem sido geralmente bem aceita, e parece,
que produzirá os resultados que se tiverão em vista,
salvando na difficil conjunctura, em que nos achamos,
— 125 —
esta caixa e toda á^população desta cidade dos males
inseparáveis dá liquidação de um estabelecimento tão
importante.
« A direcção aproveita a occasião dé offerecer á V. Ex.
dous exemplares dos relatórios ultimamente apresen-
tados á assembléa de accionistas.
«Deus guarde a V.Ex.—Bahia e caixa econômica,
22 de Setembro de 1860.— Mm. e Exm. Sr. conse-
lheiro ministro da fazenda, presidente do conselho dos
jninistros.—Quirino José Gomes, presidente. -<-Asco-
mio Ferraz da Motta, secretario.—Manoel Affonso Pa-
raizo é Moura.— Manoel Domingues Lopes.—Américo
Leal Pimentel.—Antônio Joaquim de Sampaio.—Fer-
nando Maria dos Reis, .—Leocadio José de Brito.—Dr.
Felisberto AntqhiO da Silva Horta. »
Foi ouvido sobre a matéria o conselheiro proeurador
fiscal do thesouro que opinou assim i
« Se vigorasse o art. 7.° dos estatutos da caixa econô-
mica qual foi proposto ao governo, a deliberação tomada
pela assembléa geral, de que dá conta este officio, estaria
litteralmente comprehendida na segunda parte do dito
artigo, 4que prevendo a aííluencia de inScripções para re-
tiradas autorizava a assembléa geral a resolver como fosse
mais adequado.
« Aquella cláusula porém dos estatutos não subsiste em
face do decreto n.° 2552 de 17 de Março desse anno, que
autorizando a incorporação da caixa e approvando seus
estatutos substituiu o art. 7.° por outro que não previne
o caso de aííluencia de inscripções para retiradas e sim
apenas o da antecipação da retirada de valores.
« E porque a faculdade que tem o governo de dis-
solver a caixa, faculdade que expressamente consigna o
referido decreto, não depende de entender a trans-
gressão dos estatutos com os interesses de ordem publica,
parece-me que, partindo-se desta principio, e attenden-
do-sè a que o estado da caixa á vista do expostonoofficio
é de fafleneia, convém que o governo use da referida fa-
culdade, dissolvendo a caixa econômica de que se trata
pela transgressão commettidá. Directoria geral do con-
tencioso, 31 dê Outubro de 1860.—Arêas. »
A caixa econômica da cidade da Bahia estabelecida alli
desde o anno de 1834 requereu em 1859 ao governo de
Vossa Magestade Imperial autorização para incorporar-se
e a approvação de seus estatutos; requerimento que foi
favoravelmente deferido pelo, decreto n.° 2552 de 17 de
Maio de 1860.
Este decreto alterou todavia algiíns artigos dos estatutos
organizados pela caixa, mas nem nas disposições destes,
— 126 —
nem das referid᧠alterações, se encontra preceito ne-
nhum que obrigasse a directoria da caixa a fazer chegar
ao conhecimento do governo imperial as occurrencias a
que ella se refere em seu citado officio de 22 de Setembro,
nem que dê ao governo o direito ou faculdade de ap-
provar ou reprovar deliberações semelhantes á que tomou
a assembléa geral dos accionistas dá mesma caixa no
que toca á suspensão dos pagamentos de que ahi se faz
menção.
O que a lei de 22 de Agosto do anno passado estabeleceu
e o que cumpre ao governo observar a respeito das asso-1
ciações da natureza da caixa econômica da Bahia, é o que
,se acha disposto no § 7.° do art. 2.° da mesma lei que
diz :
«' As disposições penaes do § 1.° deste artigo ficão ex-
tensivas ás companhias e sociedades referidas no mesmo
paragrapho, que, estando legalmente incorporadas, ul-
trapassarem o circulo de suas operações traçado pelos
seus estatutos, ou forem dirigidas de um modo contrario
ás condições e regras estabelecidas por elles ou pela
presente lei. »
Orassem examinar agora se a suspensão dos pagamentos
da caixa econômica da cidade da Bahia é ou não conse-
qüência necessária da organização que se lhe deu e da
antinomia nas disposições dos arts. 2.° e 6." dos seus es-
tatutos, é fora de duvida que nenhum documento foi
communicado á secção do qual sé possa deduzir que tal
suspensão proveio de ter aquelle estabelecimento ultra-
passado o circulo de suas operações, ou de haver con-
trariado as disposições e regras estabelecidas, quer nos
estatutos, qpér na lei de 22 de Agosto.
Parece pois á secção de fazenda: 1.° que ao governo
imperial nenhuma deliberação cabe tomar sobre a ma-
téria do officio de 22 de Setembro do anno passado diri-
gido pela directoria djucaixa econômica da cidade, da
Bahia ao ministério da^izenda; 2." que as questões sus-
citadas entre a mesma caixa eseus accionistas, ou antes,
contribuintes, devem ser discutidas pêlos interessados^
nos tribunaes competentes.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais,
acertado.
Sala das sessões, em 24 de Abril de 1861 .—Visconde
de Itaborahy .—Marquez de Abrantes .—Visconde deJe~
qmtinhonha.
— 127 -
RESOLUÇÃO.
Gomo parece. (*)
Paço, em 15 de Maio de 1861.
Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Pàranhos.

N. 643.—RESOLUÇÃO DE. 18 DE MAIO DE 1861.


Sobre a duvida se os empregados aposentados e jubilados, avista
do art. 36 do decreto de 29 de Janeiro de 1859 podem accumular
os respectivos vencimentos com os de commissões por trabalhos
extraordi narios e temporários.
Senhor.—Ordenou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte,
avista dos papeis juntos, è dô art. 36 do decreto n.° 2343
de 29 de Janeiro de 1859, se o contador aposentado do
thesouro nacional João Estevão da Cruz, pôde accunrular
ao vencimento de aposentado a gratificação mensal
de 250^000 que percebe pelos trabalhos de que foi
encarregado por aviso de 21 de Fevereiro do mesmo
anno, e se o director de secção da secretaria de es-
tado dos negócios da justiça João Caetano da Silva, e
o recebedor da recebedoria do municipio Luiz Machado
Dias podem accumular aos respectivos vencimentos,
este, o ordenado por inteiro de guarda aposentado da
alfândega da corte, e aquelle, o de lente jubilado da
aula do commercio. $
Reflectindo attentamente sobre a disposição do art. 36
do,referido decreto de 29 de Janeiro de 1859,ecom-
binando-a com a do art. 37, parece á secção que as
palüvras^emprego, ou commissãó—que se achão no pri-
meiro, não podem referir-se senão a serviços que têm
vencimentosfixadosem lei, ou regulamento feito em vir-
tude de lei, ou a empregos creados pelo mesmo modo,
embora os vencimentos destes sejão regulados por
meros avisos do ministério competente.
Além de parecer pouco razoável que trabalhos ex-
traordinários e temporários estejão, sujeitos ás regras
_ — . 1 , ; ,

(*) Aviso n.° 349 de 4 de Junho de 186t,na collecção,das leis.


** - 128 —
e condições dos empregos pufcliços ordinários, fora
nugatorio pretender applicar-lhes adisposiçao do art. 36,
visto como daria issS lugar a que se marcasse aos em-
pregados aposentados, que em caso especial fossem in-
cumbidos de semelhantes trabalhos, gratificações no-
minalmente superiores ás que devenao perceber em
compensação do serviço que prestassem.
Nenhuma razão vê também a secção para que na
doutrina do art. 36 se faça differença entre empregados
aposentados e lentes jubilados; e por' isso pensa que
a estes últimos é extensiva a regra estabelecida no
mesmo artigo. ,
•Se Vossa Magestade Imperial.houver por bemi ap-
provar a intelligencia que a secção dá ao art. 36 do
decreto de 29- de. Janeiro de 1859 ficaráõ resolvidas
as questões acima indicadas; mas não terminará ella
este seu parecer sem declarar a Vossa Magestade Im-
perial que as ditas questões já forão decididas de um
modo differente pela ordem circular do thesouro de 8
de Julho de 1859.
Sala das conferências, em 12 de Abril de 1861.— Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abr antes .—Visconde
. de Jequitinhonha.
i

RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 18 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 644.—RESOLUÇÃO DE 18 DE MAIO DE 1861.


Sobre o recurso da companhia geral de seguros—Feliz Lembrança—
da decisão do tribunal do thesouro que não attendeu á reclamação
contra a multa que lhe foi imposta pela recebedoria do município
por falta de pagamento do sello das entradas dos accionistas.

Senhor.—A .companhia geral de seguros—Feliz Lem-


brança—recorreu para o conselho de estado da decisão
proferida pelo tribunal do thesouro, a qual, segundo

(*) Circular n.'° 227 de 22 de Maio de 1861, na collecção das leis.


— 129 -
ella diz, não attendeu á reclamação contra a mulla
de 10 7o q u e lhe iínpuzeraa recebedoria do municípioa
pela falta de pagamento do sello era relação á 1." e 2. -
entradas dos accionistas da dita companhia.
Dos papeis e documentos consta, porém, que o tri-
buna^ não julgou a reclamação da recorrente; e de^-
cidiu que não tomava conhecimento delia por se achar
perempla.
E' pois desta decisão que se pôde admittir recurso
para o conselho de estado.
Ora, sendo certo que a decisão tia recebedoria que
condemnára a companhia lhe foi intimada em 20 de
Fevereiro do anno passado, e que só a 14 de Agosto
do mesmo anno recorreu esta para o tribunal do the-
souro, quando aliás o recurso devera ter sido apresen-
tado no prazo de trinta dias, parece á secção que deve
ser indeferida a pretenção da recorrente.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais
justo.
Sala das conferências, era 20 de Abril de 1861.—
Visconde de Itaborahy.—Marque* de Abrantes.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 18 de Maio de 1861.
Com a rubrica Magestade o Imperador.
rica de Sua Magei
José Maria dâ Silva Paranhps

N. 645—RESOLUÇÃO DE 18 DE MAIO DE 1861.


Sobre o recurso de Braga & Irmão da decisão do tribunal do the-
souro que confirmou a do administrador do consulado da corte,
julgando boa a apprehensão de uma caixa de assucar aos mesmos
consignada.
Senhor.— Braga & Irmão recorrerão para o conselho
de estado da decisão do tribunal do thesouro, que con-
firmara a do administrador do consulado, julgando boa
a apprehensão de uma caixa de assucar remettida da
cidade de Campos aos recorrentes,
c. 17
— 1-30 —
Acerca deste recurso suscitou-se no thesouro a questão
—se o decreto n." 2342 de 29 de Janeiro de 1859 eo de
n.° 2548 de 10 de Março do anno passado permittião
recebel-o, visto ter sido apresentadp fora do prazo de
Sobre esta questão forão ouvidos os directores geraes
das rendas e do contencioso : o primeiro officiou n'esteS
termos:
« O art. 26 do decreto de 29 de Janeiro de 1859 e o de
n.° 2548 de 10 de Março do corrente anno art. 30 §1.",
só permittem recurso de revista para o conselho de
estado das decisões do tribunal do thesouro, nos casos de
incompetência, excesso de poder, violação da lei, ou
preterição de formulas essenciaès; devendo em todo o
caso o recurso, na corte, serinterposto dentro de dez dias.
« Ora, nenhuma dessas condições se verificou para qüe
pudesse ser admittido semelhante recurso ; porquanto
era competente o administrador da mesa do consulado,
na fôrma dos regulamentos era vigor, para o julgamento
da questão de que se trata, o qual foi proferido sem
preterição de formulas essenciaès : além de que está
perempto o recurso, tendo sido como foi interposto fora
do prazo legal.
. « Quanto ao fundo da questão, ao mérito e justiça da
decisão confirmada pelo tribunal do thesouro, reporto-
me ao parecer quedei em 2 de Julho do corrente.
Entendo pois que se hão deve tomar conhecimento deste
recurso. Convém entretanto que seja ouvido o Sr. con-
selheiro proçuradorfiscal. Directoria geral das rendas
publicas, 6 de Setembro de 1860.T—Pereira de Barros. »
O conselheiro director geral do contencioso, porém, '
deu ó seguinte parecer :
« O decreto de 10 de Março ultimo não tem applicação
ao caso, porquanto se "refere ao tribunal do thesouro,
funccioriando como tribunal de contas, e não ao tribunal
do thesouro, como jurisdicção a quem pertence conhecer
conforme o decreto de 29 de Janeiro somente de certos
objectos do contencioso administrativo. A questão pois
deve sèr decidida pelo decreto de 29 de Janeiro.
«!Cdrífôrmeo art. 28 as decisões do tribunal podem
ser ánnulladas pêlo conselho de estado nos casos alli
expressos.
« Até. a publicação desse decreto não havia recurso
algum para o conselho1 de estado dás decisões do tribunal
do thesouro, áttenta a resolução de consulta de 17 de
Maio de 1851 ; mas aquelle decreto nãó marcou prazo
para a interposição do recurso. O decreto de 10 de Março
de 1860 marca prazo para a interposição dos recursos
— 131 —
<
para o conselho de estado, no art. 30; mas esse artigo, e
o aviso do ministério da justiça de 14 de Janeiro deste
anno, bem como a circular, do thesouro de 26 desse
mez, referem-se somente aó tribunal como de contas.
Logo não ha hoje prazo fatal para a interposição dos
recürsosma matéria de que se trata, tanto mais quando
o art. 39 do regulamento de 5 de Fevereiro de 1842 se
refere ás decisões do ministério da fazenda, e não ás do
tribunal do thesouro.
« Isto posto, não se pôde considerar o recurso extem-
porâneo.
« E portanto, como em caso de duvida se devem rece-
ber os recursos para que os«juizes superiores decidão se
é caso delles, segundo se vê da Ord. liv. 3.° tit. 70
§. 7.°, principio este subsidiário em matéria administra-
tiva, entendo que o presente recurso deve ser remettido
na fôrma do regimento do conselho de estado, e do
estylo, á secção competente, que em sua sabedoria con-
sultará se deve ser ou não recebido, e no caso afirma-
tivo, se a decisão recorridalabora emalgum.ou alguns
dos vicios argüidos, e deve por tanto ser annuliada.
Directoria geral do contencioso, em 12 de Setembro de
1860.—ArêaS. »• *
A secção de fazenda entende com o ultimo dos referidos
funccionarios, que> o decreto de 10 de Março do anno
passado não é applicavel ao Caso dos recorrentes, e que
por não haver prazo fatal para os de que trata o art.
28 do decreto de 29 de Janeiro de 1859, deveseprece-
bido o recurso.
Quanto á matéria mesma deste recurso, é fora de
duvida que a caixa dê assucar fora apprehendida pelo
consulado por ter differença para menos da tolerância
permitrtda pelo art. 2.° do regulamento m° 212 de 31
de Março de.1840, e que o julgamento desta apprehensão
foi feito legalmente.
Assim, pepsa a secção de fazenda que a decisão do
tribunal do thesouro não pôde ser annuliada nos termos
do mencionado art. 28, que diz: <s As decisões do tribunal
do thesouro em matéria contenciosa poderão ser annul-
ladas pelo conselho de estado a requerimento tia parte,
ou quando o ministro da fazenda devolvel-as ao seu
conhecimento a bem dos interesses da fazenda nacional,
somente nos casos de incompetência, excesso de poder,
e violação, de lei, ou de formulas essenciaès. »
Sala das conferências, em 23 de Abril de 1861.— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha. r ,v
— 132 —
RESOLUÇÃO-

Como parece.
Paço, em 18 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o imperador.
José Maria da Silva Paranjios.

N. 646.—RESOLUÇÃO DE 29 DE MAIO DE 1861.


Sobre o officio da directoria da caixa reserva mercantil da Bahia,
cm que participa como se procedeu á substituição dos membros
da mesma directoria, e a medida á que recorreu para sustentar o
valor-das respectivas acções.

Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem or-


denar, em aviso de 5 do corrente, que'a secção de fazenda
do conselho de estado consultasse sobre o officio em que
a directoria da caixa reserva mercantil da Bahia par-
ticipa como executou a lei n." 1083 de 22 de Agosto eo
decreto n.°2685 de 10 de Novembro ultimo, relativa-
mente á substituição dos membros da mesma direc-
toria, e a medida â que recorreu para sustentar o valor
das respectivas acções.
Do officio da directoria consta ter ella convocado a
assembléa geral dos accionistas para a substituição,
que se verificou, de dous dos sete membros que a corn-
punhão, por entender-se que tal é o espirito tanto da
lei de 22 de Agosto do anno passado, como do decreto
de 10 de Novembro ultimo, e de haver outrosim, com
o intuito de evitar amaior baixa no preço de suas acções
que já perdiâo 40 /0 do valor nominal, feito annunCiar
por intermédio de um corretor que compraria as
mesmas acções: das quaes com effeito já havia reali-
zado a acquisição de 25, que tepcionava devolver ao
mercado, talvez com vantagem para o estabelecimento.
Na consulta que teve a honra de fazer subia* á augusta
presença de Vossa Magestade Imperial(*) acerca de vários
quesitos feitos ao governo pelo presidente da assembléa

(*) Vid a pag. 26 deste volume.


— 133 — ;
geral dos accionistas do Banco da Bahia j expôz a secção*
de fazenda seu parecer a respeito da regra que julga
dever seguir-se na execução do § 11, art. 2.° da citada
lei de 22 de Agosto, e por essa regra teria a caixa
« Reserva Mercantil.» de substituir um Só dos rtiembros
de, sua directoria era cada um dos ires primeiros annos
tio qüinqüênio, dous noquãrto, e também dous no quinto.
Muito mais irregular,, porém, e menos desculpável
parece o procedimento da dita directoria na operação
de que da conta era seu mencionado officio; porquanto
era nenhum dos artigos dos estatutos daquelle esta-
belecimento se lhe permiltenegociar em fundos públicos
ou tithlos commanditarios, e muito menos comprar e
vender suas próprias acções; e o decreto n.° 2508 de
8 de Dezembro de 1859 que. os approvou, addltou-lhes
a seguinte cláusula:—Não é permitlido á caixa de re-
serva mercantil da praça da Bahia fazer outras ope-
rações, além. das que se achão numeradas nos seus
estatutos.. *
A secção de fazenda entende pois: í. 8 que a caixa
« Reserva Mercantil » da praça da Bahia devera ter
feito, na ultima reunião da assembléa geral dos accio-
nistas, a substituição de um e não de dóus de seus
directores; 2.° que a directoria desse estabelecimento
violou, disposições expressas de seus estatutos, reali-
zando operações que iíie. não são permittidas.
Vossa Magestade Imperial resolverá como fôr mais
acertado.
Sala das sessões, em 28 de Fevereiro de 1861.— Vis-
conde, de Itaborahy,—Visconde de Jequitinhonha.—
Marquez de Abrantes.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 29 de Maio de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
i /Jpsé Maria da Silva Parunhos.

(*) Aviso n.° 342 do 1.° de Junho de 1861, na collecção das leis.
- 134 —
N. 647.-RESOLUÇÃO DO I. 1 DE JUNHO DE 1861.
Sobre a approvação dos estatutos da caixa commercial que se pre-
tende crear na cidade de Maceió, provincia das Alagoas.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 7 do corrente, que a secção de fazenda do conselho de
estado, consultasse sobre o requerimento documentado
emi que os directores da caixa econômica d§ Maceió
solicitão a approvação dos respectivos estatutos.
A caixa que se pretende crear na cidade de Maceió
é um banco de depósitos e descontos que pôde prestar
valioso serviço ao commercio daquelle lugar e de suas
immediações; e por isso entende a secção que convém
autorizar sua creação e approvar-lhe os estatutos, com
ás seguintes modificações:
1." Que se eleve a 100#000 o valor de cada acção,
em lugar de 25#000, como se pretende no art. 1.° <.
2." Que no calculo dos dividendos, de que trata o
art. 24, se guarde a regra estabelecida no | 8.° art. 1."
da lei n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860.
3." Que no art. 49 se exçeptue o caso, de que trata.
o | 112 dó art. 2.° da mesma lei.
4. Que se declare ficar nulla e sem eflèitoa a\ito-
rização para organizar-se a caixa, se ella não começar
suas operações no prazo de um anno contados da data
da concessão.
Vossa Magestade Imperial resolverá como fôr mais
acertado. ,
Sala das sessões, 26 de Fevereiro de 1861.—Visconde
de Itaborahy.—Marquez ,de Abrantes.— Visconde de
Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em o 1.° de Junho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

/ 2 , S ! ' ! ! : ; ?807 de 19 de Junho de 1861—Autoriza a creação,


L E i ^ A w d a caixa ,- conimerci^i da cidade de Maceió,
na província das Alagoas, com diversas alterações.
— 13S —

Ti. 648.—RESOLUÇÃO DO 1." DE JUNHO DE 1861.


Sobre os estatutos da caixa mercantil Nazarena, estabelecida na
cidade de Nazareth, da provincia da Bahia.~. >
Senhor*—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
seeção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
os estatutos da Caixa Mercantil Nazarena* estabelecida
na cidade de Nazareth, da provincia tia Bahia, annexos
ao requerimento tia respectiva directoria.
As principaes disposições dos mencionados estatutos
são:
1." O capital da associação poderá ser elevado a
quinhentos contos de réis ;
2. a As entradas de cada sócio são francas até a quantia
de dous contos de réis, e só poderão elevar-se a mais
quando a directoria da caixa o julgar conveniente;
3." E' permittido a cada accionista realizar o paga-
mento das acções que subscrever na razão de 10 y , de
Ires em três mezeS;
4." A caixa durará dez annos contados do dia de sua
installação;
5.* Nenhum accionista poderá retirar suas entradas
antes do prazo de cinco apnos contados da mesma
data; mas findo este prazo, poderão fazel-o pelo modo
Seguinte:
Os titulos de uma até cem acções serão pagos á vista.:
os de cem até quinhentas, oito dias depois de exigido o
pagamento; os de quinhentas até mil, trinta dias depois;
e os de maior valor em um prazofixadopela directoria,
com tanto que este prazo não exceda a três mezes.
Cumpre observar que em nenhum dos artigos dos
estatutos se fixa o valor dos titulos, que impropriamente
áhi se designão sob o nome de acções.
As operações da caixa são^
1." Descontar letras tia terra que tiverem pelo menos
•duas firmas de reconhecido credito;
2.* Emprestar dinheiro sobre apólicestiadivida publica
e conhecimentos tios estabelecimentos de reconhecido
credito e sobre penhores de prata, puro ou brilhantes;
3.a Emprestar por meio de letras!, até três mezes im-
proFOgaveis,sobre gêneros depositados;
'•. 4.a Receber, emquanto convier, dinheiro a 6' % por
prazolllimltado,!Corn tanto que seja a directoria prevenida
dous mezes antes do dia era que tenha dè ser retirado.
Das disposições que ficão enumeradas, resulta: 1.°
que a caixa mercantil nazarena se destina a fazer ope-
rações bancárias, empregando as sommas provenientes
- 136 —
do dinheiro que receber a prêmio, e das entradas de
seus contribuintes, em descontos e empréstimos; 2.° que
não terá capital próprio com .que possa oceorrer aos
prejuízos que lhe possão provir dessas operações, e
garantir os empenhos que contrahir, quer com o pu-
blico em geral; quer com seus próprios contribuintes;
porquanto taes prejuízos nem podem recahir sobre os
depósitos, nem sobre os fundos pertencentes aos con-
tribuintes, que a caixa se obriga a restituir integral-
mente nos prazos marcados nos estatutos.
Emquanto as operações da caixa forem bem suece-
didas, ou ao menos, emquanto os ganhos não forem
inferiores ás perdas, poderá ella talvez conservar-se
em estado de satisfazer a tal obrigação: no caso con-
trario, porém, será isso impossível.
Os contribuintes e os depositantes que estiverem
melhor informados dos negócios do estabelecimento,
serão os primeiros a exigir restituição do dinheiro que
lá tiverem: só depois viráõ os outros quando o cofre já
estiver exhausto ou muito desfalcado, e sobre esses que
provavelmente serão os mais necessitados, por serem
os que de menos meios dispõem para conhecerem o
verdadeiro estado da caixa, recahirá os prejuízos das
operações mal suecedidas; esvaecendo-se assim o tênue
pecúlio que o pobre lhe tiver confiado, com ofimsem
duvida de fazêl-o fortificar, mas principalmente com o
de reservar um recurso para os casos em que a velhice,
as enfermidades e tantas outras contingências da vida, o
privão de ganhar o pão pelo trabalho.
Assim,-pois, ainda quando fosse fora de duvida ter o
governo imperial a attribuição de autorizar associações
de semelhante natureza, não seria a secção de parecer
que se, approvassera os estatutos da caixa mercantil
nazarena.
Se porém o governo, de Vossa Magestade Imperial
resolver que se crêe na cidade de Nazareth um banco
de depósitos e descontos, como parece conveniente á
vista das informações do inspector da thesouraria de
fazenda e do presidente da provincia da Bahia, julga a
secção que devem ser supprimidos os arts. 2.°, 3.°, 7.°,
aparte do 9.° que começa pelas palavras—mas-o seu
capital—até o fim, e o art. 19; que em lugar de—cem
acções—deve dizer-se—dez acções—; cincoenta acções— •
em lugar de—quinhentas—; e finalmente qüe se devem
substituir os artigos supprimidos pelas disposições
contidas no decreto n.' 2508 de 8 de Dezembro do anno
passado.
Tal é também o parecer dos dous funecionariosv
— 137 —
a cujas informações a* secção de fazenda acaba de
referir-se. *
Vossa Magestade Imperial decidirá em sua alta sabe-
doria o que julgar melhor.
Sala das coriferéncias, em 12 de Março de 1860.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez dê Abrantes.— Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 1.° de Junho de 1861.
Com â rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 649.—RESOLUÇÃO DO 1.' DE JUNHO DE 1861.


Sobre aIntelligencia do §12 do art. 2.» da lei de..,22 de Agosto de
1880, tendo em vista o officio do presidente do Banco do Brasil e
o parecer do procurador fiscal do thesouro, os quaes entendem
que a citada disposição não é extensiva aos mandatos legaes.
Senhor.—Por aviso de 22 do mez findo, houve Vossa
Magestade Imperial por bem, que a secção de fazenda
do conselho de estado consultasse acerca da intelli-
gencia do § 12 do art. 2.° da lei de 22 de Agosto de
1860, n.° 1083, tendo em vista o incluso officio n.° 353
de 6 do dito mez, do presidente interino do Banco do
Brasil, e o parecer do conselheiro procurador fiscal do
thesouro nacional, os quaes entendem que a citada dis- •
posição não é extensiva aos mandatários legaes.
O citado officio do presidente interino do banco é do
theor seguinte: « N. 353.—Illm. e Exm.Sr.—O art. 2.°
,§ 13 da lei n.° 1083 de 22 de Agosto do anno próximo
passado dispõe o seguinte : « Não serão admittidos
votos por procuração para a eleição de directores ou
membros da gerencia ou administração dos bancos. »
A generalidade era que se acha concebido este preceito
tem dado lugar a que se suscitem duvidas, que julgo
do meu dever-levar ao conhecimento de V. Ex. para
que se digne solvel-as.
c. 18
— 138 -
Pela simples leitura do referido paragrapho,parece
que teve em vista o legislador excluir da eleição para
gerentes ou administradores dos bancos topo e qualquer
accionista que pessoalmente não vier depositar o seu,
voto na urna e assim directamente intervir nos negócios
- e interesses da associação; mas por outra parte uma
tal disposição, por mais genérica que seja, nao pôde
ir além dos limites do possível, nem tao pouco pela
suã rigorosa applicação, deve ir de encontro a alta pro-
tecção que exerce o governo sobre todos os interesses da
sociedade. Assim, a ènlender-se que sém excepçao al-
guma, não se ádmittem votos por procuração, ficaria
derogado o direito commum que estabelece para certos
casos mandatários legaes. e nem estes, poderião fiel-
mente cumprir as obrigações que a lei lhes impõe, ze-
lando solicitamente os interesses que lhe estão confiados.
E esses interesses, que ficariam por assim dizer privados
de assistência e protecção era relação á gerencia e ad-
ministração dos bancos* represéntão uma parte im-
portante da sociedade, porquanto comprehendem as
mulheres casadas que pelo direito commum são re-
presentadas pelos seus maridos, os menores e outros
incapazes pelos seus tutores e curadores, as associações
.religiosas e corporações demão-morta pelos' seus syn-
dicos ou procuradores, as heranças pelos inventariantes
e testamenteiros efinalmenteas companhias e sociedades
anonymas pelos seus gerentes ou administradores, etc.
Prescindindo de maior desenvolvimento, julgo que o
que fica. exposto é suíficiente para que possa V. Ex.
avaliar a importância e o alcance da questão q,ue tenho:
a honra de submetter á sua illustrada consideração; ro-
gando a V. Ex. que se digne commünicar-me qual a
verdadeira intelligencia que se deve dar á citada dis-
posição da lei n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860. Deus
guarde a V. Ex.—Casa do Banco do Brasil no Rio* de
Janeiro em 6 de Abril de 1861.—Illm. e Exm. Sr. José;
Maria da Silva Paranhos, ministro e secretario de estado
dos negócios da fazenda.—O director servindo de pre?
sidente, Militão Corrêa de Sá. >
O conselheiro procurador fiscal, ouvido sobre o as-
sumpto, foi do seguinte parecer: « A disposição do
§ 11 da lei de 22 de Agosto de 1860, a respeito do modo
de renovar-se a administração dos bancos, é idêntica,
a do art. 41 dos estatutos do Banco do Brasil appro*-?
vados por decreto de 31 de Agosto de 4853. A dispo-;'
sição citada, bem como a.do | 13 da mesma lei, quahtoí
a reeleição dos directores e supplentes substituidos,
íorao reproduzidas no art. 10 do decreto n.° 2685 de
— 13& —

fO de Novembro de 1860. Este decreto no art. 11 de-


clarou que taes disposições erão applicaveis aos actuaes
bancos de circulação. A dispoâição do § 12 da lei de
22 de Agosto quanto á prohibição das procurações não
foi apphcada em decreto algum aos actuaes bancos de
circulação, parecendo porém que por esquecimento
deixou de ser mencionada essa disposição no decreto
n.° 2685 de 10 de Novembro já citado, por quanto o
seu preâmbulo refere-se não só aos |§11 e 13 do
art. 2.° da lei, os quaes reproduz, mas também ao § 12,
que deixou de reproduzir. A intelligencia porém que
0 governo dava ao § 12 da lei era que esse paragrapho
também se applicava aos actuaes bancos de circulação,
tanto assim que, tendo o Banco do Brasil, pouco tempo
depois da publicação desse decreto, consultado o go-
verno, se os §§ 12 e 13 erão applicaveis ao Banco do
Brasil, respondeu o ministro da fazenda, por aviso de
9 de Fevereiro de 1861, que por ser clara e genérica
a sua disposição, nenhuma duvida restava de que com-
prehendião esses artigos todo e qualquer banco exis-
tente no Império, sem excepçao alguma, entendendo-se
assim derogadas as disposições dos estatutos que lhes
fossem contrarias. Para1 assim declaral-o partiu o go-
verno .do principio que o contracto do Banco do Brasil
só versava sobre dous pontos ; 1.°\o resgate de papel
moeda do governo, resgate feito como compensação do
privilegio concedido' pelo mesmo governo; 2." a obri-
gação do Estado em relação a esse resgate^o privilegio
ainda dado ᧠suas notas de uma espécie nao completa
de legal tender-. Sendo pois applicavel ao Banco do Brasil
o, § 13 da lei de 22 de Agosto pelo decreto n.a 2685 de
10 de Novembro de 1860 e aviso de 9. de Fevereiro ul-
timo, trata o banco de saber [qual a extensão, que elle
pôde soffrer em sua exeeução. A lei prqhibe os votos
por procuração; exige por tanto a votação pessoal. Se a
lei empregasse a expressão—mandato—, duvidoso seria
o sentido por ser esta mais geral e comprehender todos
os poderès dados a outrem para a 'gestão ou desera-
{)enho de negócios alheios: empregando porém a pa-
avra—procuração—, que é restricta, refere-se ella sem
duvida aos podêres concedidos por escripto, a pro-
curação propriamente tal, quer seja feita por instru-
mento publico, quer por alvará ou escriptura privada,
modo pelo qual as mais das Vezes se realiza o con-
tracto de mandato. Deduzir pois se deve das expressões
da lei que ella entende somente com os representantes
convencionaes ou mandatários designados pelo modo
acima indicado. Isto posto, é claro que não pôde a ler,
— 140 —
nem poderia ser a sua intenção, principalmente attentos
os motivos de semelhante disposição, comprehender os
representantes ou mandatários legaes.
Assim não pôde estender-se;
1 ° ás mulheres casadas, pela dependência em que
estão do marido, cabeça da familia, que administra os
bens do casal, e ainda os dqtaes, e que sobre bens
moveis (e taes são as acções de companhias) htiga
sem consentimento da mulher (por arg. da Ord. liv. 3.°
tit. 47);
2.° aos incapazes, como;os menores, dementes, au-
sentes, e t c , que são legal e necessariamente repre-
sentados por- seus pais, tutores e curadores;
3.° aos fallidos, que são representados pelos admi-
nistradores designados pelo código do commercio;
4." ao Estado, ás provincias, aos municípios, que são
representados pêlos agentes competentes designados
nas leis ou delegados pelo governo;
5.° á casa imperial, que demanda e é depiandada na
pessoa do mordomo nomeado pelo Imperador (Consti-
tuição, art. 114);
6".° ás sociedades anonymas de qualquer espécie,
autorizadas pelo governo, representadas por quem de
direito fôr, na forma dos estatutos,, ainda medianfe
procuração, quando as eircumstancias o exigirem;
.7." aos corpos de mão-morta e outros estabele-,
cimentos ecclesiasticos, de piedade e de instrucçãof'
que são representados pelos superiores, economós^
syndicos, zeladores, mordomos e outros representaptejt
collectivos ou individuaes, qualquer que seja a sua'
denominação, a quem os institutos, compromissos ou
estatutos, a eleição ou nomeação das administrações
tiverem conferido, esse caracter, ou que por estas forem
especialmente deputados para esse fim, ainda sob a
fôrma de procuração;
8.-° ás heranças jacentes, representadas por seus
respectivos curadores;
9.° aos inventariantes, e bem assim aos testamenteiros,
a quem tiver sido encarregada a administração da he-
rança, ou' que puderem ser equiparados áquelles nos'
lermos de direito.
Resta-me ainda ponderar que, attento o fim do § 13 em,
questão, elle não pôde estender-se aos ausentes, que
têm representantes voluntários—procuradores—propria-
mente taes, constituidos no lugar.
A lei não pôde abrángel-os; os motivos especiaes
de prevenção de fraude e conluio nas eleições dós
bancos cessão a seu respeito bem como a respeito do
— 141 —
mandato commercial—commissão. Accresce que uma
declaração neste sentido é úm acto de justiça rigo-
rosa para com os estrangeiros porventura possuidores
de acções dos bancos.
Mas, podendo dar-se abuso, fora convenientemente
tomar uma circumseripção qualquer para determinar por
ella a t votação pessoal, decl'arando-se, por exemplo,
que o paragrapho citado nãp comprehende os ausentes
fora da provincia ou em paiz estrangeiro, que tiverem
no lugar procuradores legalmente constituídos.
Qualquer declaração, porém, que tenha de ser feita
á lei, tanto sobre os mandatários legaes, como sobre
os ausentes, parece-me conveniente que o seja por
decreto imperial e não por simples deliberação minis-.
terial.—Directoria geral do contencioso, era 17 de Abril'
de 1861 —Arêas. »
A secção de fazenda, concordando com o conselheiro
fiscal na parte em que julga isentos da disposição
dp § 12,do art. 2." da lei de 22 de Agosto ultimo os
representantes necessários ou mandatários legaes, é de
parecer, que seria contrario ao principio estabelecido
no referido paragrapho, e fora da alçada do poder execu-
tivo, o estender-se a mesma isenção aos representantes
voluntários dos accionistas ausentes.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que mais acertado fôr.
Sala das sessões, em 6 de Maio de 1861.—Marquez
de Abrantes . — Visconde de Itaborahy .---Visconde de
Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO,
i

Como parece. (*)

Paço, ém,1 . a de Junho de 1861.

Com a rubriea de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranjios.

, (*) Aviso n.« 270 de 12 de Jurího de 1861, na collecção das leis..


- 142 —
N. 650.—RESOLUÇÃO DE 19 DE JUNHO DE 1861.
Sobre a duvida —se as caixas econômicas que se regem por estatutos
não approvados, mas que solicitarão sua approvação, estão com
prehendidas na disposição do § 17, ou se devem sujeitar-se á d<
§ 15 do art. 2.» da lei de 22 de Agosto de 1860.
Senhor.—Ordenou Vossa. Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte si as
caixas econômicas, que se regem por estatutos não ap-
provados, mas que solicitarão sua approva"ção, estão
comprehendidas na disposição do § 17 do art. 2.° da
lei h.' 1083 de 22 de Agosto do corrente anno, ou se
devem sujeitar-se á disposição do'§ 15 do mesmo artigo.
O § 17 do art. 2.° da lei n.° 1083 de 22 de Agosto deste
anno é concebido nos termos seguintes: «Ãs caixas eco-
nômicas que actualmente funccionão com autorização
do governo, continuarão as suas operações conforme
seus-estatutos, podendo seus fundos que" não estiverem
•empregados em títulos da divida publica fundada ou
fluctuánte, ter o destino marcado no paragrapho ante-
cedente. »
Ora, as caixas que se regem por estatutos não appro-
vados pelo governo, funccionão sem autorização delle,
e não basta para reputal-a obtida o simplesfrfáclo.de a
terem requerido; e por isso parece á maioria da secção-
que taes caixas estão excluídas da disposição do § 17
do art. 2.° da citada lei.
A doutrina do |15 refere-se ás instituições- de benefl-.
cenciade que trata o § 14, as quaes não podem ser diri-
gidas e administradas senão pelas» regras estabelecidas
no mesmo J 15 e no |16.
Ofimpois da lei foi autorizar a creação de estabeleci-
mentos que, com o nome de caixas econômicas, tivessem
por único destino receber, como depósitos, as tênues:
economias das classes mais pobres dasociedade, assegu-
rar-lhes um juro certo e determinado, e garantir, quanto
humanamente é possível, o pagamento de taes depósitos
a vontade dos depositantes. Esta garantia dá-lhes não
um particular, não uma companhia, mas o Estado.
O que se tem até agora chamado entre nós caixas eco-
nômicas sao, em máxima parte, associações de pessoas
que contribuem com as quantias que lhes convém, di-
vididas em porções mais ou menos avultadas e designa-
rWiííai 0a oD Op me re a dç eõ eascb£aõne cs 'a r pi aa sr a formarem um fundo
S m l ° - C- a m e t e l 0 s - e CUJ°S lucros se di-
nZ?nS ^ f , contribuintes; reservando-se
cada um destes o direito de retirar, a aprazimento seu,
— 143 —
as respectivas entradas, sem prévia liquidação das
mesmas caixas; e estabelecendo assim o estranho prin-
cipio que é licito a cada sócio retirar salvo o capital com
que tiver concorrido, ainda que a sociedade dê perda,
principio.que, além de absurdo, é tanto mais iníquo,
porque sendo o producto das entradas empregado em
operações mais ou menos arriscadas, os prejuízos que
iossão dahi provir, e tenhão de agorentar o capital,
Ílào de necessariamente recahir sobre os contribuintes,
e principalmente sobre a parte dos contribuintes que
menos meios tiverem de averiguar a cada momento o
verdadeiro estado da caixa e de retirarem seu dinheiro
em quanto ella estiver em estado de pagal-o; isto é,
sobre Os mais necessitados.
Assim entende a maioria da secção que as associações
desta natureza, embora apadrinhadas pelo nome de
caixas econômicas, não podem ser comovtaes, autori-
zadas pelo governo; porque esta denominação só com-
pete ás que se organizarem nos termos dos §§ 14, 15 e
16 do art. 2.° dalei de22deAgostqultimo.
0 conselheiro Visconde de Jequitinhonha é do saguin-
' te parecer:
O problema relativo á organização das caixas econô-
micas ainda não se acha resolvido. Antes de 1797 talvez se
Eossa affirmar com certeza que nenhuma instituição se
avia ainda concebido, e publicado pela imprensa, que
tivesse relação com caixas econômicas.
Nessa época Bentham publicou o plano do seu—Fru-
gality Bank-r-,que raãis relação tinha cora sociedades de
Beneficência do que com o que na Inglaterra se conhece
ppr-HSavings Banks—.O mesmo se pôde dizer do systema
•párochial de annuidades do Barão de Mazeres publicado
em 1772.
O plano, e a realização do primeiro destes bancos é de-
vido á Priscilla Wakefield, que o fundou no anno de
1803 em Tottenham, Middlesex, poucas milhas distante de
Londres.
Organizado de um modo simples, funccionou regular-
mente, e com utilidade da classe para que fora instituído.
Depois delle varias reformas se fizerão, até que em
1817 uma lei collocou os fundos destes bancos debaixo
tia guarda do governo, mandando que fossem elles en-
tregues, na Inglaterra, ao Banco da Inglaterra, e na
Irlanda ao bancoí daquelle reino, que os emprega como
dizMr. Cullock em annuidades do banco e Exchequer
Bills, vencendo o juro certo de £3, 8 sh e 5 1/4 pence
por anno, systema que tem sido olhado- como uma
espécie de corhmunismo, por isso que por elle con-
— 144 — .
correm os que têm mais para o bene esse dos que nãc
têm tanto, ou os que são mais ipdustriosos para aquei es
que o são menos; visto como o juro pago nao pôde ter
outra origem, senão os impostos, ou a renda geral. Ora
eni um paiz, como a Inglaterra, e a Irlanda, onde ha
poor-rates, afallar a, verdade ura tal systema de com-
munismo é desculpavel, ou justificável.
E "que este systema ainda não resolveu o problema, de-
monstra-se com as inhumeras e infindas discussões no
parlamento inglez sobre o assumpto. Ultimamente o
ministro da fazenda, Mr. Gladstone, a encetou no seu
orçamento, e sem atrever-se a dar-lhe uma solução
final; apenas se limitou a distinguir quaes os Exchequer
Bitls sobre que poderião taes fundos ser empregados.
E' este mais um dos casos que provão as grandes diffi-
culdades que inevitavelmente se creão os governos-
sempre que se querem envolver em transacções indns-
triaes ou próprias do commercio, como diz um dos
escriptores inglezes que actualmente mais se occupa,
e mais praticamente discute questões econômicas.
Na Escossia o systema não foi adoptado porque os
bancos alli geralmente pagão juro dos depósitos que re-
cebem, e então nelles deposita qualquer, rico, ou
pobre, as suas economias, o que não se dá na Inglater*
ra, ou Irlanda. •• <<*
O mesmo Visconde de Jequitinhonha entrou nestes pro-
menores sobre a historia das caixas econômicas, porque
o systema da léi novíssima foi tirado do seguido na Ingla-
terra; e não se achando ainda resolvido definitivamente
o problema, julga inconveniente o dar-se á iei uma
intelligencia nímiamente rigorosa, como entende a maio-
ria dá secção.
Assim que se não ha justiça stricta, ha equidade* sa-
lutar e fundada ha própria lai, entender-se que se
achão comprehendidas na disposição do § 17 do art., 2.°
da lein. 0 1083 de 22 de Agosto ultimo as caixas econô-
micas que se regem por estatutos não approvados, mas
que solicitarão sua approvação; e não duvida o referi-
do Visconde aífirmar que haverá injustiça manifesta se
tal solicitação foi anterior ápromulgação da lei. Func-
cionárão em boa fè com seus estatutos-.
Obedecéráõ á lei, solicitando a approvação. Como pois
impôr-se-lhesa pena ? .
. Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôr mais
justo.
Sala das conferências, era 16 de Novembro'de 1860.—
Visconde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Viscon-
de de Jequitinhonha.
— 143 —
i
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 19 de Junho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 651 .—RESOLUÇÃO DE 19 DE [JUNHO DE 1861,

Sobre o requerimento da direcção da caixa econômica da cidade de


Nazareth, da provincia da Bahia, em que Jpcde approvação de
seus estatutos.
í
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem
ordenar que a secção de fazenda do conselho de estado
consulte sobre o requerimento da direcção da caixa eco-"
nomica da cidade de Nazareth, da provincia da Bahia, em
que pede approvação de seus estatutos.
A companhia a que se refere o requerimento parece
não estar no caso de ser autorizada pelo governo de Vossa
Magestade Imperial com o titulo de caixa ecohomica> por
não se conformarem seus estatutos com as disposições
dos ü 14,15 e 16 do art. 2." da lei n.° 1083 de 22 de Agosto
do annó corrente ; mas como, mudada a denominação^
seria tal companhia um verdadeiro banco de depósitos
e descontos, julga a maioria da secção que poderia ser
autorizada eápprovados os seus estatutos com ás se-
guintes alterações: ', ' "•
1 ."Mudança de nome para outro que exprima seu
verdadeiro, destino. '*
2.*a Elevação do valor de cada acção a cem mil réis. !
3. Suppressão da parte do §2.° art. 13, que dizaSsim ;
—Exceptuão-se as que forem garantidas por conheci-
mentos desta caixa?—porque a maioria da secção não
coraprehende o sentido dessa cláusula.
4.a Suppressão do §&.' do mesmo artigo, por ser con*
traria á disposição do § 10 art. 2." da citada lei de 22
de Agosto.---
5.* Creação de um fiscal, na fôrma do § 7.° art. 1.° da
dita lei.
c. 19.
— 14fr —
6.1 Suppressão do art. 17, por parecer injustificável,-
senão illegal, a disposição ahi contida. . .
7." Suppressão do art. 18, pelos motivos que a maioria
da secção já teve a honra de allegar a Vossa Magestade
Imperial contra idêntica pretenção de um dos bancos da
Bahia. ' ., , ,.
8.a Alteração dos arts. 31 e 33 no sentido das dispo-
sições dos §| 11,12 e 13 do art. 2.° da lei de 22 de Agosto
ultimo. , - j . •
9.» Creação do numero de dez, em lugar de oito direc-
tores, para tornar fácil a substituição pela quinta parte
como prescreve a mesma lei.
No caso que seja elevado de mil réis a cem mil réis
o valor das acções da companhia, será preciso har-
monizar o numero tias que os arts. 8.°, 9.°, 10 e 11
exigem para osfinsahi indicados com o valor nominal de
cada uma das mesmas acções.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha, de accôrdo
com o parecer que deu relativamente á caixa econômica
de Santo Amaro da provincia da Bahia (*), entende- que a
caixa econômica de Nazareth da mesma provincia, sobre
que mandou Vossa Magestade Imperial ouvir a secção, se
deve considerar comprehendida no § 17 do art. 2." da lei
novissiraa de 22 de Agosto do corrente anno.
Esta caixa requereu em Outubro do anno passado, cora
obediência ao decreto de 30 de Setembro, e circular de
29 de Outubro do mesmo anno, approvação de seus es-
tatutos; e a 5 de Dezembro pagou o sello respectivo,.como
consta do officio da presidência daquella provincia e da
respectiva verba do sello proporcional.
Não só o presidente como o inspector da thesouraria
informão a favor. E na verdade taes caixas econômicas
são de manifesta utilidade, principalmente para lugares
onde o commercio, e a industria se achão ainda pouco
adiantados.
A experiência mostrará qué em matérias taes muito se
deve attender a taes condições industriaes e commer-
ciaes, quando se trata de taes concessões. A igualdade
então está na desigualdade. Assim pretender nivelar
todos os estabelecimentos bancários, ou caixas econô-
micas, eqüivalerá a destruil-as, ousupprimil-as.
Discordando pois o conselheiro Visconde de Jequiti-
nhonha do voto tia maioria da secção concorda com o do
inspector tia thesouraria da Bahia.

(*) Vid. a pag. S72 do 4.» volume.


— 147 —
Vossa Magestade Imperial resolverá como fôr mais
acertado.
Sala das conferências, em 20 de Dezembro de 1860.—
Visconde de Itaborahy.—Visconde de Jequitinhonha.—
Marquez de Abrantes.

'•"'•'" • RESOLUÇÃO.

Como parece á maioria da secção, exceptuadas as al-


terações 5.a e 9'." (*)
Paço, em 19 de Junho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
t
; ,;
José Maria da Silva Paranhos.

(*) Expediu-se á presidência da Bahia o aviso seguinte : *


Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, 3 de Julho
de 1861.
Illm. e Exm. Sr.—Em cumprimento da imperial resolução de 19
do mez próximo passado, tomada sobre parecer da secção de fa-
zenda do conselho de estado, declaro a V. Ex. para que o faça
constar á direcção da caixa econômica de Nazareth, cujos estaiú-
tos forão submettidos á approvação do governo com o officio dessa
presidência de 26 de Dezembro de 1839; que a associação, de que
se trata, não estando no caso de ser autorizada com o titulo da
caixa econômica, por não se conformarem os seus estatutos com as:
disposições dos II14, 15 e 16 do art. 2.° da lei n.° 1083 de 22 de
Agosto de 1860, poderá incorporar-se e obter a approvação so-'
licitada, logo que faça nos mesmos estatutos as seguintes al-
terações :
1.» Mudança do titulo da associação para outro que designe-seus
verdadeiros fins, que são os dos bancos de depósitos e descontos.
2. a Elevação do valor de cada acção a cem mil réis.
3.» Suppressão da parte do | 2.° art. 13 que diz assim :—Ex-
ceptuão-se as que forem- garantidas por conhecimentos desta caixa.
4.» Suppressão do §6.« do mesmo artigo, por ser contrario á dis-
posição do 110 do art. 2.» da lei de 22 de Agosto.
5." Suppressão dos arts. 17 e18.
6.» Alteração dos arts. 31 e 33 no sentido das disposições dos §f 11,
12 c 13 do art. 2.° da mesma lei.
7.» Alterações dos arts. 8.», 9.°, 10 e 11 para ficarem em harmonia
com o que fixar o valor das acções na formada alteração primeira.
Deus guarde a V. Ex.— José Maria da Silva Paranhos.—Sr. pre-
sidente da provincia da Bahia. '
— 148 —
N. 652-RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861.
Sobre a questão de que trata o officio do inspector da thesouraria de
Minas, relativamente á descoberta de umas moedas de ouro feita
por Modesto Gomes Pereira.

Senhor.—Por aviso de 12 de Janeiro do corrente


anno mandou Vossa Magestade Imperial que as secções
reunidas de justiça e fazenda do conselho de estado con-
sultassem, tendo em vista o parecer incluso da direc-
toria geral do contencioso, sobre a questão de que
tratão o officio da thesouraria' de Minas de 4 de De-
zembro do anno passado e mais papeis também in-
clusos, relativamente á descoberta dê umas moedas de
ouro feita no município de Montes Claros de Formigas
por Modesto Gomes Pereira.
Sobre o assumpto foi ouvido o Dr. proçuradorfiscal,
que opina do seguinte modo :
t Perto das casas da fazenda das Vargens na barra
tio Rio da Velhas, provincia de Minas Geraes, achou
Modesto Gomes Pereira enterrada uma lata carcomida
de ferrugem contendo em ouro mais de vinte e dous
contos, moeda forte.
Tendo manifestado a descoberta a Joaquim Amancio
de Moura e a José Rodrigues Soares, este ultimo o
induziu a dar-lhe para guardar o thesouro, e dera-lhe
em troca um recibo passado a lápis, por não haver
no lugar e na occasião penna e tinta.
Morto José Rodrigues Soares, exigiu Modesto do her-
deiro Marcellino a entrega do deposito. Marcellino depois
de haver injuriado a Modesto, reuniu varias pessoas,
a quem invocou como testemunhas da entrega do the-
souro, e aberta a caixa que devia conter o dito the-
souro, só nellase encontrarão pedras, de envolta com
algumas moedas de cobre.
Por denuncia do inventor do thesouro, foi levado o
facto ao conhecimento da thesouraria, e esta, por de-
liberação tomada sobre parecer, do respectivo procu-
rador fiscal, ordenou fossem seqüestrados os bens
do finado Soares, e participou ao thesouro por officio
de 27 de Junho ultimo que lhe constava terem os her-
deiros de Soares sonegado bens no respectivo inven-
tario no intuito de subtrahil-os ao seqüestro.
Cumpre investigar de que natureza e a que classe
pertence a cousa que a thesouraria mandou seqüestrar,
è quaes as disposições que regulão o modo de acqui-
siçao delia. *-,v'. >•
— 149 —
*
K para mira fora de duvida que o' ouro ajhoedado
achado por Modesto Gomes (Pereira nas terras da fa-
zenda das Vargens constitue,um thesouro.
O que se entende porém» *por thesouro em phrase
jurídica ?
Eis a definição que se encontra no livro 10 tit. 15:
« Codicis de thesauris. Thesaurus. est condita/-ab ig^
notis dominis tempore vestutiori mobília. » ^
, Coelho da Rocha nos offerece uma definição quasi
nos mesmo3*tei-mos. « Thesouro (diz este escriptor) é o
deposito antigo de dinheiro, ou de outras preciosidades
enterradas ou occullas, cujo dono se não pôde averiguar.»
O código civil francez no art. 716 deíine thesouro :
« toda a cousa occulta ou enterrada, na qual ninguém
pôde justificar a sua propriedade, e que se descobre
por puro eílêito do acaso. »
O assento de toda esta matéria é o direito romano.
«Si forte, vel arartdo vel aliás terram alienam colendo,
vel quocunque casu noh sludio perscrutandi, in alieni^
locis thesaurum invenerit, id quod repertura fuerit";
dimidia rêtenla, altera diraidia data cum locorum do-
mino partiatur. (Cod. L. 10 Tit. 15 de Thesauris.) »
« Tlíesauros, quos quis in loco suo invenerit, divus.
Hadrianus, naturalem equilatem sequitus, ei coajpssit,
qui eos invenerit. Idemque statuit, si quis iri*sacro
aut religioso loco fortuito casu invenerit. At si quis
in alieno loco non data ad hoc opera, ,sed fortuito
invenerit, dimidium domino soli concessit et dimidium
ínventori. Et convenienter, si quis in Coesaris loco
invenerit, dimidium inventoris, et dimidium esse Coe-
saris statuit. Cui conveniens est ut si quis in fiscali
loco, vel publico, vel civitatis invenerit, dimidium ip-
sius esse debeat, et dimidium fisci, vel civitatis. (L. 39
Ins.t. de rerurfl^ivisione.) »
A jurisprudência romana estabelece pois os seguintes
princípios reguladores da matéria:
1." O que encontra um thesouro em seu próprio
prédio faz sua toda a propriedade delle.
2." A ninguém é permittido procurar thesouro em
prédio alheio sem consentimento do dono deste; e o
que assim, e sem consentimento do dono do prédio e
procurado e achado pertence na totalidade ao proprie-
tário do prédio.
3.° Um thesouro encontrado por acaso no prédio de
outro divide-se entre o inventor e o proprietário do
prédio.
4.° O que é encontrado n'um lugar publico pertence ao
fisco, etc.
— 150 —
Resta agora saber se acerca da matéria em questão
foi entre nós recebido o direito romano, ou se regem*
outras disposições. . . . „„„ (í „„
E'neste ponto que se ^ividem osij uns cônsul tos.
Mello Freire, fundado na Ord. do L. 2.° Tit. 26 § 17, é
de opinião que os thesouros achados pertencem á coroa.
Essa Ordenação porém foi revogada em Portugal pelo
decreto de 13 de Agosto de 1832, art. 1.
Corrêa Telles, Dig. Port. art. 32, ensina que os the-
souros achados em lugar publico deve«|ser na sua
totalidade adjudicados ao inventor.
Coelho da Rocha § 416, e Liz Teixeira parte 2.« tit. 3.°
| 6.°, seguem o que se acha esqripto no direito ro-
mano e na legislação portugueza.
Pela Ord. Aff. L. 2.° Tit. 2.° art. 5. o rei percebia
a terça parte de todos os thesouros, onde quer que
fossem encontrados.
No Brasil porém o art. 11 § 1. do decreto n.° 2433
d% 15 de Junho de 1859, reproduzindo a disposição do
art. 3.°§1.° do reg. de 9 de Maio de 1842, conservou
a doutrina da Ord. do L. 2.° Tit. 26 § 17, pela qual
se devolvem ao Estado todos os bens moveis e de raiz,
a que não é achado senhorio certo.
O aviso de 21 de Agosto de 1840 declara expressa-
mente em vigor a dita Ordenação.
Parece portanto que o inventor nenhum direito tem
sobre o thesouro achado.
E tanto è assim que o cod. crim. no art. 260 qua-
lifica de furto a achada de cousa alheia perdida quando
se não manifestar ao juiz de paz do districto, ou of-
ficial de quarteirão dentro de 15 dias depois que fôr
achada; doutrina esta que se acha reproduzida no aviso
n.° 197 de 20 de Julho de 1855. O cod. do proc. crim.
no art. 189 § 1 "faculta a concessão de mandados de
busca para apprehensão das cousas achadas-, e nos
arts. 194 e 195 determina quaes as diligencias que se
devem empregar para a entrega dellas aos reclamantes;
e para a arrecadação, quando lhes fôr achado dono.
E' forçoso confessar que a nossa legislação, afastando-
se na matéria sujeita da jurisprudência romana, annulla
completamente o principio de direito que reconhece a
invenção como um meio legitimo de adquirir domínio.
Bern conveniente seria pois que o corpo legislativo
iniciasse uma medida tendente a revogar a disposição
anachronica e anti-juridica da Ord. L. 2.° Tit. 26 §17,
que ainda entre nós vigora, e a restabelecer sobre os
thesouros a jurisprudência romana, adoptada hoje em
quasi todos os códigos das nações cultas.
- 151 —
Se pois não se considerar os thesouros achados como
.«formando uma categoria especial de... ceusasfõu bens,
ífüe não se comprehende na generalidade da disposição
da Ord. dó L. 2.° T. 26 § 17, e que portanto devem
ser teguladas pelo direito romano, parece-me que se
deve officiar á thesouraria para que, uma vez legal-
mente averiguados e^provados os factos narrativos nos
seus ofiicios de 3 de Abril e 21 de Junho ultimas, pro-
mova o andamento do seqüestro, a que mandoifl^foceder
nos bens dq espolio do dito Soares, lançando mão de
todas as providencias a seu alcance para que, em ordem
a não serem prejudicados os direitos da fazenda na-
cional, se promova á competente arrecadação, depois
de preenchidas as formalidades, de direito. Directoria
geral do contencioso, em 2 de Janeiro de 1861.—Me-
nezes e Souza. » ^
A sectjão, considerando que se não trata de estabe-
lecer direito novo; mas sim de applicar o que existe
em vigor; e sendo expressa a disposição da Ord. L. 2.°,
T. 26 §17, e do decreto n.° 2433 de 15 de Junho de 1859*
que manteve a intelligencía dada aquella Ordenação
pelo aviso de 21 de Agosto de 1840, é de parecer que se
promova o andamento do seqüestro^ a que já a compe-
tente autoridade mandou proceder nos bens do espplio
do finado José Rodrigues Soares, e empregandojo^ de-
mais remédios que o direito fornece, promova-se.á com-
petente arrecadação.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr ser-
vido.
Sala das conferências, em 20 de Abril de 1861.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy.— Visconde de Maranguape.—Eu-
zébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara.—-Visconde
do Uruguay.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 3 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

f*) Ordem n.° 302 de 10 de Julho defl86l, na collecção das leis


— 152 —
N. m.-RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861,
Sobre o requerimento de Salgado, Souza & C.« negociantes da
praça do Ceará, pedindo a sojjção de diversas duvidas que sugge-
rirão acerca da inlelligencÜNdos arts 1.» e2." do decreto n.°2694
de 17 de Novembro de 1860.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
seccãõ/defazenda do conselho de estado emitia seu pa-
recer sobre a decisão dada pelo presidente da provín-
cia do Ceará em requerimento de'SalgadC|Souza & C.\
negociantes da mesma provincia, pedindo a solução
de diversas duvidas que suggerirão acerca da íntelh-
geneia dos arts. 1. e 2.° do decreto n.° 2694 de 17
ide
m
Novembro de 1860.
Dos papeis annexos consta que os negociantes Salgado,
-Souza &C.a, da capital do Ceará, dirigirão ao presidente
daquella piovincia a seguinte petição :
, «Illm. e Exm. Sr. presidente.—Os negociantes desta
$faça, Salgado, Souza & C.a, encontrando duvida sobre
a intelligencia dos arts. 1.° e 2.° do decreto novíssimo
n.° 2694 de 17 de Novemoro de 1860 em execução,ao
§ 10 do art. 1 da lei n.° 1083 de 22 de Agosto ;do
mesmo anno, recorrem a V. Ex. para dar-lhes a verda-
deir-jpjnterpretação dos referidos artigos. As duvidas
dos süpplicantes são as seguintes :
<f 1 , a Se a prohibíção de emissão ou conservação na
circulação de bilhetes, notas, vales, livranças e ficas,
ou qualquer titulo, papel, ou escripto, etc. de que falia
o § 1.° do art. 1." do decreto, comprehende a todo
e qualquer indivíduo, negociante ou não, ou somente
as associações anonymas.
«2.* Se no caso de entender-se com qualquer indi-
víduo, comprehende também as letras da terra passar
das ao portador, como é aqui uso A r a i .
« 3." Se pela affirmativa, comprehende as letras pas-
sadas ao portador antes da referida lei, e cujas obri-
gações só são exigiveis depois;do prazo de três mezes
da publicação do decreto, e que não podem ser re-
tiradas, porque os passadores, ou não se achão na terra,
ou nãoa querem fázel-o.
« 4. Nocaso3ííirmativo, qual o meio de prevenir, a
infracção da lei, e de não incorrer na multa, quando
o passador ou responsável não. quizer prestar-se a re-
formar seu título, ou não se achar na terra, ou lugar,
que em tempo possa para isso serprevenido.
« Exm. Sr.—Os negociantes, süpplicantes, tendo em seu
.poder ruuitos valores effr letras desta ordem, passadas,
— 153 —
como era aqui costume, ao portador, e receMdas' em
pagamento para prazos longos, e cujos responsáveis ou
não quererão reformar, ou estão até fora do Império, e
não podendo conceber, que^uma lei leve a sua retroacli-
Vidade a ponto de annullqr titulos passados em virtude
de lei, e além disso multar aquelles que na boa fé as
receberão, duvidão daintelligencia rigorosa, que se quer
aqui dar aos'artigos ern questão, e por isso submettem
a V. Ex. a consulta supra, por cuja decisão? esperão
receber meçcê.—Ceará, 8 de Fevereiro de 1861.—Sal-
gado, SouzêÊfc C* »
A este requerimento deu o presidente despacho nos
termos seguintes :
«Quanto á primeira duvida. Comprehende não só as
companhias, sociedades e commerciantes, como a todo
e qualquer indivíduo, seja qual fôr a sua condição^*
como é expresso no § 10 do art. 1,° da lei n.° 1083 de 22 de
Agosto ultimo. Segunda. A prohibição não comprehende
as letras da terra quando ellas forem passadas de con-,
formidade com o disposto no art. 425 combinado cora"
o art. 354 tio cod. com., isto é, quando, além dos
mais quesitos exigidos, mencionão o nome da pessoa
üe deve pagar a sua importância e o daquella a quem
3 eve ser feito o pagamento, ficando portanto pronibi-
das as letras passadas ao portador que impropri|sgiente
se chamão letras. Terceira e quarta. Depois dofprazo
de três mezes marcado pelo art. 2.° do decreto n.°o
2694 de 17 de Novembro de 1860, não podem conser-
var-se em circulação os titulos que por elle são pro-
hibidos, sob pena de multa do quádruplo do valor de
cada um, cumprindo que sejão chamados á policia
aquelles que houverem passado ou possuírem taes tí-
tulos para que os recolha antes de terminado o mesmo
prazo, com cuia providencia declinará de si á respon-
sabilidade o dptedor, quando a falta se der por parte
do portador ou possuidor do titulo e vice-versa.—Pa-
lácio do governo do Ceará, 15 de Fevereiro de 1861 .—Nu-
nes Gonçalves.»
O, conselheiro procurador fiscal do thesouro emittiu
a respeito da matéria sua opinião, que foi assim- for-
mulada:
« Deve responder-se ao presidente da provincia, quanto
ao primeiro: que o decreto n.". 2694 comprehende toda
e qualquer associação, e todo e qualquer indivíduo, como
é expresso no art. 1.° § .10 da lei n.° 1083 de 22 de Agosto
do anno -findo, á excepçao somente dos bancos mencio-
nados no paragrapho único do art. 1.' do citado decreto.
Segundo: que o dito decreto refere-se a todo e qual-
c. 20.
— 154 —
querpapel outituloao portador, ainda mesmo com prazo,
á excepçao somente dos mencionados no paragrapho
único do art. 1 "dosobredito decreto, porquanto o art.
1.1 § 10 da lei n.° 1083 alterou oarl. 426docod. com.
na parte concernente aos titulos ao portador. Terceiro:
que o decreto n.° 2694 é extensivo aos titulos ao por-
tador emittidos antes de sua publicação, segundo o
declara o art. 2." do mesmo decreto. Quarto: que a sanc-
ção penal do art. 1.", § 10 da lein." 1083 nãopódere-
cahir, findo o prazo de três mezes do decreto, sobre os
emissores quando provarem haver praticado todas as
diligencias para a retirada dos titulos ao portador, emit-
tidos antes da publicação do decreto, nem sobre os
portadores dos mesmos titulos, que os conservarem
em seu poder, por eircumstancias independentes da sua
vontade, condições estas, cuja apreciação é da competên-
cia das autoridades, a quem incumbe impor as penas
aos infractores da lei n.° 1083, art. 1.° § 10.—Direc-
toria geral do contencioso, em 20 de Março de 1861.
•-r-Arêas. »
A secção de fazenda entende que o parecer do con-
selheiro procurador fiscal do thesouro está de accôrdo
com as disposições da lei n.° 1083 de 22 de Agosto
do anno passado, e com as dos regulamentos que fo-
rão expedidos para a sua execução; e por isso julga
que sé deve responder ao presidente da provincia do
Ceará nos termos do mesmo parecer.
Sala das conferências, em 30 de Abril de 1861.— Vis-
conde dè Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 3 de Julho de 1861
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhòs.

(*y Aviso n.L 299 de 8 de Julho de 1861, na collecção das leis.


— 155 —
N. 654. —RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861.
Sobre o requerimento em que a directoria do banco Rural e llypothe-
cario pede lhe seja permittido trocar, independente de augmento
do respectivo capital, os titulos e cautelas que existem em- poder
dos accionistas.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
o requerimento em que a directoria do Banco Rural
e Hypothecario pede lhe seja permittido trocar destie
já por acções, e independente do augmento do respectivo
capital, os titulos ou cautelas que actualmenle existem
em poderft dos accionistas, alterando-se neste sentido
o art. 4. dos estatutos do mesmo banco.
O art. 4.° dos estatutos primitivos do Banco Rural
e Hypothecario foi alterado por proposta da assembléa
geral dos accionistas respectivos, approvada pelo de-
creto de 12 de Julho de 1858, e ficou redigido nestes
termos: « As antigas acções de quatrocentos mil réis
serão recolhidas e substituídas por titulos na razão de
dous por uma, os quaes serão trocados por novas aeçõesi*
logo que se realizar a ultima entrada do augmento do
capital do banco. »
Para bem comprehender-se a disposição do artigoy
é preciso observar que o Banco Rural e Hypothecario
foi creado com o capital de oito mil contos de réis,
divididos em acções de quatrocentos mil réis; e que
este capital já se achava integralmente realizado, quando
o decreto dê 27 de Fevereiro de 1858 o elevou a dezaseis
mil contos de réis, distribuídos em acções de duzentos,
mil réis.
Porque razão se consagrou nos estatutos que as acções
de quatrocentos mil réis correspondentes aos primeiros
oito mil contos de réis, já realizados não pudessem ser
trocadas pelas de duzentos mil réis, senão depois de
feitas todas as entradas relativas ao augmento dos outros
oito mil contos, não o sabe explicar a secção de fa-
zenda ; o mais razoável lhe parece substituir tal dispo-
sição pela que propõe a directoria; mas sendo certo,
que qualquer alteração dos estatutos deve ser tomada
em consideração, discutida e approvada pela assembléa
geral dos accionistas, antes de ser submetlida á ap-
provação do governo de Vossa Magestade Imperial, na
fôrma dos arts. 28 e 37 § 4.° dos mesmos estatutos,
entende a secção que .deve ser deferido o requerimento-
da directoria, declarando-se que só depois de appro-
vada pela assembléa geral dos accionistas, poderár o»
— 156 —
governo decidir a respeito da alteração que ella so-
Ijpi|n
Sala das conferências, em 9 de Maio de 1861.—Visconde
de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde de Je-
quitinhonha. '
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 3 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
J&sé Maria da Silva Paranhos.

N. 655.-RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861.


Sobre o officio do fiscal do Banco da Bahia, em que dá conta de terem
sido reeleitos alguns dos membros da directoria, que havião re-
signado os respectivos cargos perante .a assembléa geral dos
accionistas.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado consulte acerca
do officio em que o fiscal do Banco da Bahia dá conta
do que occorreu por oceasião da eleição dos membros
da directoria respectiva, a que se procedera no dia 10
de Março próximo passado; matéria esta sobre que a

(*)• Expediu-se ao Banco Rural e Hypothecario o aviso seguinte •-


Ministério dos negócios da fazenda.—Riò de Janeiro, 4 de Julho
de 1861.
Cumpre-me declarar a V. S., para que o faça constar á directoria
do Banco Rural e Hypothecario, que o governo imperial não pôde
deliberar sobre a medida por ella requerida, em data de 3 de Outu-
bro do anno^assado ; isto é—a revogação do art. 4.° dos estatutos
do banco, no sentido de poderem ser trocados desde já por acções,
independente do augmento do capital do dito estabelecimento, os
titulos ou cautelas que actualmente existem em poder dos accionis-
tas, emquanto essa medida não fôr tomada em consideração, discu-
tida e approvada pela respectiva assembléa geral na forma dos arts.
28 e 37, % 4.o dos mesmos estatutos.
Deus guarde a V. S.—José Maria da Silva Paranhos.--Sr. pre-
sidente do Banco Rural e Hypoth cçario.
— 157 —
secção já teve de consultar em data de 9 de Fevereiro
do corrente anno. (*)
Segundo se vê da disposição do referido oüicio,
reunindo-se a assembléa geral dos accionistas tio Banco
da Bahia no dia 10 de Março próximo passado, todos
os membros da directoria daquelle estabelecimento
resignarão seus cargos perante a mesma assembléa,
não obstante o que forão reeleitos alguns delles, os
quaes aceitarão novamente as funcções de que se havião
exonerado.
Òra, como não se pôde contestar que os directores
tenhão direito de se demittirem, e a assembléa geral o
de reelegêl-os ; e como demais a directoria ficou com-
posta de sete dos antigos directores e de dous que
entrarão de novo, é fora de duvida que a disposição
do § 11 do art. 2.° da lei de 22 de Agosto do anno pas-
sado foi religiosamente Cumprida.
Assim parece que nenhuma deliberação tem o go-
verno de Vossa Magestade Imperial de tomar a respeito
dá matéria submetüda ao exame da secção.
Sala das conferências, em 1* de Maio de 1861.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (**)
Paço, em 3 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 656.—RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861.


Sopre a petição de alguns negociantes da praça do Ceará, que recla-
mão contra a intelligencia dada ao decreto n.° 2694 de 17 de No-
vembro de 1860.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
a petição de alguns negociantes da praça da capital da

(*) Vid. a pag. 26 deste volume.


(**) Aviso n.°322 de 25 de Julho de 1861, na collecção das leis.
_ 158 —
provincia do Ceará era que reclamão contra aintel-
lieencia dada ao decreto n.' 2694 de 17 de Novembro
d f ínio passado, e pedem solução das duvidas que
resultão dessa intelligencia. u^MHaominir
A secção de fazenda, Senhor, já.teve a honra de: emittir
sua opinião a respeito da matéria constante da citada
Petição, consultando sobre o officio. do Presidente da
província do Ceará, de 15 de Fevereiro ultimo, no qual
o mesmo presidente dava conta ao thesouro da maneira
porquê havia despachado uma representação que os
negociantes daquella praça, Salgado, Souza & C. , lhe
dirigirão sobre o mesmo assumpto; e por isso pede a
Vossa Magestade Imperial licença para reíenr-se a essa
consulta. (*) , . , .„„, ,r.
Sala das conferências, em 24 de Maio de 1861.— Vis-,
conde de Itaborahy.—Visconde de Jequitinhonha.,-r.
Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (**)


Paço, em 3 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 657.—RESOLUÇÃO DE 3 DE JULHO DE 1861.


Sobre as duvidas suscitadas acerca da applicação da lei n.° 111*
dé27 de Setembro de 1860, art. 12 | 3.°, aos bilhetes de loteria,
cujo producto foi recolhido aos cofres públicos antes da mesma
lei.

Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial, por aviso


.de 20 de Maio ultimo, que a secção de fazenda do con-
selho de egtado, tendo em vista os pareceres dos con-
selheiros directores geraes da contabilidade e do con-
tencioso, consulte sobre as duvidas suscitadas acerca

(*) Aviso n.° 399 de 8 de Julho de 1861, na collecção dos leis.


(**) Vid. a pag. 152 deste volume.
— 159 —
da applicação da lei n. 1114 de 27 de Setembro de 1860,
art. 12 § 3.°, aos bilhetes de loterias, cujo producto
foi recolhido aos Cofres públicos antes da mesma lei,
e bem assim sobre a época da qual se deve contar o
prazo da prescripção, tanto para aquelles casos, como
para os futuros.
Sobre esta duvida, sendo consultado o conselheiro pro-
curador fiscal, opinou do seguinte modo:
« A lei de 27 de Setembro de 1860, art. 12, § 3.°, não é
expressa sobre a duvida suscitada.
Esta lei não é interpretativa; quando mesmo não o
fosse, não poderia ter effeito retroactivo, se é que o
art. 179 § 3.° da constituição o permitte sem que assim
o declarasse expressamente. Creou, portanto, um direito
novo, declarou prescriptivel um objecto que até então
era imprescriptivel: eis ahi o seu fim e outro não lhe
posso descobrir.
Ora, quando uma lei sujeita á prescripção uma cousa,
que até a sua publicação não o era, ensina--o direito
que a posse anterior não é útil, quer tenha durado todo
o tempo novamente fixado, quer esse prazo tenha ainda
de completar-se: dar-se-hia, aliás, effeito retroactivo
em prejuízo do cidadão, que se acharia espoliado da
noite para o dia, e o qüe mais é, illudido pela própria
lei, a antiga que o não autorizava a premunir-se contra
o titulo, que se lhe oppõe.
Mas a posse posterior a lei nova durante o prazo mar-
cado, legitima a prescripção ; a época da execução da
lei nova fixa o limite em que aquillo que era impres-
criptivel se torna prescriptivel.
Quanto a esta época, não se ignora as duvidas que
existem sobre ella. Para mim deve-se contar do prazo
de oito dias da publicação da lei de 27 de Setembro
de 1860, que teve lugar no dia 1." de Outubro, na fôrma
da Ord. liv. 1.°tit. 2.° § 10; mas póde-se também
contar da data da publicação da lei, como algumas leis
têm feito em casos idênticos, por exemplo, a de 18 de
Setembro de 1845 no art. 51. Directoria geral do con-
tencioso, em 3 de Maio de 1861.—Arêas. »
A secção adopta a conclusão do supracitado parecer,
contando-se os oito dias determinados na Ord. liv. 1.»
tit. 2.° § 10.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 3 de Junho de 1861.—Vis-
conde de Jequitinhonha. —Visconde de Itaborahy.—.
Marquez de Abrantes. /
— 160 -
RESOLUÇÃO,
Como parece. (*)
Paço, em 3 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Süa Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 658.—RESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1861.


Sobre o parecer dado pela secção de fazenda a respeito do requeri-
mento, em que a directoria da caixa commercial—Santo Amarense
—pede approvação de seus estatutos..
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem
mandar, em aviso de 22 do corrente, que as secções
reunidas dos negócios do império e da justiça do con-
selho de estado expuzessem sua opinião a respeito dó
parecer dado pela secção de fazenda (") sobre o requeri-
mento em que a directoria da caixa commercial—Santo
Amarense— pede approvação de seus estatutos.
Depois de examinados attentamente os estatutos, com
o parecer da maioria da secção, o voto separado de
um dos membros delia, os princípios e leis applicaveis
á matéria, as secções reunidas vão ter a honra de cumprir
o que Vossa Magestade Imperial determinou.
A principal, ou mais importante questão, que os es-
tatutos offérecem, é sem duvida a do seu art. 5. , e
paragraphos correspondentes, que permittem aos ac-
cionistas retirar os fundos, ou valores de suas acções,
desde que assim queirãó nos termos destes paragraphos.
Primeiramente observarão as secções, que ã asso-
ciação, de que se trata, é uma sociedade anonyma, e
que sua denominação de caixa commercial traduzida
no art. 1.° como—uma reunião de quantias empregadas;
em negocio licito, que tem por fim proporcionar a todas"
as classes sociaes meios commodos de dar interesse,
e fazer augmentar suas sobras, e economias—, por
certo não altera a natureza, que verdadeiramente tem de
banco de deposito é de dèseontôs.

O Aviso n.» 303 de 11 de Julho de 1861, na collecção das leis.


{*•) Videapag. 572 do 4."- volume.
— 161 —
Ora, ou se considerem as relações e garantias, que
taes sociedades ou bancos devem estabelecer, ou as
previsões da lei a respeito, pensão as secções reunidas,
que as observações offerecidas pela maioria da secção
de fazenda, são sem duvida dignas de toda a consi-
deração.
, Com effeito essa liberdade outorgada aos denomi-
nados accionistas pôde ser muito prejudicial, não só
a uma parte de lies mesmos, como a terceiras pessoas,
<\ue tiverem transacções com a sociedade; e demais
parece que contraria positivamente a índole de tae$
sociedades; e á alguns dos preceitos legaes, que estabe-
lecem o regiraen dellas.
Tal liberdade pôde ser muito prejudipial aos accio-
nistas que forem mais constantes e fieis á associação.
Sem duvida, é facil.de prever, que independente das
eventualidades de uma crise, ou pânico, basta que esse
banco seja ameaçado de alguma perda, para que os
menos escrupulosos tratem logo de retirar os valores
de suas acções, e desfartede livrar-se de ter parte nella,
[ue conseguintemente, virá a recahir só sobre os que
? orem mais constantes e honrados.
A operação do desconto de letras de que trata o art. 16„
§ i.% por si só pôde occasionar este facto, desde que
se anteveja, ou presuma, que alguma quantia importante
deixará de ser paga por falliraenlo ou outra impontua-
iidade das respectivas firmas.
Parece, pois, que essa liberdade de retirada de fundos,
não só pode<ser muito prejudicial, mas que pode es-
tabelecer mesmo uma condição leonina, e como tal re-
provada, pois que nessa hypolhese, não haverá justiça na
contribuição das perdas", que pesaráõ somente sobre
alguns, e não proporcionalmente sobre todos os sócios.
Pode ser muito prejudicial a terceiros, que sejão cre-
dores do banco por qualquer titulo, como o de depo-
sito de dinheiro em conta corrente, art. 23 paragrapho
único;.pois. que, retirando os accionistas, na hypothese
figurada, os valores de suas acêões, podem as perdas
do banco embaraçar a livre retirada destes depósitos,
ou mesmo vir a recahir sobre elles, pois que desde
então, não terão garantia alguma, que por elles res-
ponda. Ora, seria isso sem duvida uma aberração dos
princípios que devem regular os-bancos de depósitos.
Estes perigos tornão-se ainda mais fáceis de realizar,
quando observa-se, que além dessa liberdade tem de-
mais os accionistas o meio que lhes offereee os arts. 2?
e26de tirar por empréstimo dinheiro do banco sobre
a garanti^ de suas acções» nos termos alli consignados,
c. 21,
— 162 —
" Se deixando estas previsões, passão as secções a exa-
minar quaes as disposições da lei applicaveis a questão,
encontrão mais de uma no mesmo sentido.
' A ünica garantia, que uma sociedade anonyma offe-
rece, P a do seu fundo social ou seu capital, AS acções
são partes integrantes deste capital, art. 297 do código
commercial. Ora, esse fundo social, ou única garantia,
deve durar emquanto dura a sociedade.
• Na fé delle eflectuárão-se as transacções; retirai-o,
pois, antes da liquidação destas, será illudir essa fé
ou confiança, que a lei resguarda e deve resguardar.
E* justamente o que também dispõe o art. 335 do
dito código, quando, tratando da dissolução das socie-
dades diz:—Em todos os casos deve continuar a sociedade
para se ultimarem as negociações pendentes; e o art. 345,
§ 3.°, que manda satisfazer previamente as obrigações
da sociedade, para que só depois possão os sócios partir
e retirar o que lhes restar livre.
Ora, estas e outras disposições ficaráõ preteridas e
substituídas pelas do art. ô.^dos estatutos, que esta-
belecem no caso de retirada dos accionistas um poder
discricionário e illimitado, que por isso mesmo não
ministra garantia alguma positiva.
Se tal banco tivesse ao menos algum fundo fixo,
isto é, composto de accionistas a que essa liberdade
fosse denegada, e cujo capital só pudesse ser retirado,
expirado o tempo da associação, ou depois de sua dis-
solução e liquidação legitima, as objecções poderião
cessar, pois que em tal caso, os que actualmehte são
denominados accionistas, não serião, como não são,
senão depositantes, e o valor de seus depósitos não teria
por que Aludir a fé publiea.
• Não obstante o que as secções têm expendido, notarão
ellas que o governo imperial por decretos n.° 2540 de
3 de Março ultimo, art. 7.°, n. 6 2552 de 17, art. 6.°, e
n.° 2557 de 21 do dito mez, art.8 3.°, consentiu em dis-
posições idênticas ás do art. 5. em questão. Talvez que
nisso attendesse ao facto de já estarem essas sociedades
constituídas, antes dos actos legislativos, e da admi-
nistração ultimamente promulgados,
Se assim é, talvez que a mesma excepçao seja appli*
cavei ao banco, de que se trata, a attehder-se ao prin*
cipio de igualdade. Parece, porém, ás secções que, a pre-
valecer essa consideração, não convém estendel-a senão
a esses factos anteriores, por isso mesmo que será uma
excepçao, e não um bom principio.
Em todo o caso, e mormente em vista dessa excepçao,
convirá alterar o art. 3.° dos estatutos, porque a pro-
— 163 —
rogação de qualquer sociedade anonyma nãopódeâer
determinada sem que concorra também o consenti-
mento do governo; e no caso vertente, esse consenti-?
mento não deveria então sanccionar de novo essa dis-
posição inconveniente do art. 5.°
O conselheiro Marquez de Olinda é dé parecer qúe
a sociedade, de que se trata, não é banco, nem como
tal pôde ser considerada. Propriamente faltando, ella
não é mais do que uma caixa econômica, com todos
os caracteres das sociedades desta natureza, que entre
nós têm sido usadas, e estão appfovadas.
No voto separado ao parecer das secções reunidas
do império e da fazenda sobre os estatutos das caixas
econômicas de Pernambuco e Ouro Preto, tratou dos
pontos em-que se estriba este parecer, e ao mesma
voto se reporta.
Por isso conforma-se com o voto do conselheiro dé
estado Visconde de Jequitinhonha.
O conselheiro Visconde de Maranguape concorda com
a opinião do Visconde de Jequitinhonha, exarada na
referida consulta.
Este é, Senhor, o pensamento da maioria das secções;
Vossa Magestade Imperial, porém, em sua alta sabe-
doria mandará o que fôr melhor.
Saladas conferências, em 27 de Dezembro de 1860.—*
José Antônio Pimenta Bueno.—Visconde de Sapucáhy.—
' Marquez de Olinda.—Visconde d& Uruguay.—Visconde
de Maranguape.—Euzebio de Queiroz-Goutinho Mattoso
Câmara.

RESOLUÇÃO.
•-'-.' ' . ' )

Como parece á maioria das secções.


Paço, em 13 de Julho de 1861.

Com rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos»


— 164 —
N. 659.—RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 4861.

Sobre a matéria do officio dofiscaldo Banco do Rio Grande do Sul á


respeito dos empréstimos sob lianÇa feitos pelo mesmo banco, em
contravenção dos respectivos estatutos.

Senhor.—Mandou Vossd Magestade Imperial que-a


secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre a
matéria dos ofiicios do fiscal do Banco do Rio Grande do
Sul, dando parte de novos actos praticados pela directoria
do mesmo banco, em contravenção dos respectivos esta-
tutos.
Parece á secção de fazenda que, não podendo o Banco
do Rio Grande do Sul fazer outras operações além das
que >são designadas nos seus estatutos, só lhe é per-
mittido abrir contas correntes nos termos do art. 72
dos mesmos estatutos; e que por conseguinte é dever
da fiscal oppôr-se a que se facão empréstimos sob
fiança, a não ser na fôrma do art. 74.
Pelo que pertence á reforma dos arts. 49 e 64, a que
se refere o mesmo fiscal, está a directoria em seu di-
reito propondo-u á assembléa geral dos accionistas*, e
submettendo á approvação do governo imperial o que
esta deliberar.
Sala das eonferencias^ em 46 de Março de 1861.—Vis-
conde dpJtQberahy.—Mapquex de Abrantes .—Visconde
de JyqjsiiUniianlta. ^

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, em 43 de Julho de Í86I.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

{*) Aviso «.«319 de 23 de Julho de 1861, na collecção das leis.*


— 165 —

N. 660.—RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 4861.


Sobre a duvida — se pela cessão e traspasse do arrendamento de
bens de raiz é devido o pagamento da siza.

Senhor.—Por aviso do 1." do corrente mandou Vossa


Magestade Imperial que a secção de fazenda do con-
selho de estado consulte, tendo em vista o parecer da
directoria geral do contencioso, seda cessão e traspasse
do arrendamento da casa da rua da Quitanda n.° 185
feito a Irenêo Evangelista de Souza & C." por João Au*
guslo Ferreira de Almeida, como consta dos papeis juntos,
é devido o pagamento da siza.
Irenêo Evangelista de Souza & C* commerciantes desta
praça sublocárão ao commendador João Augusto de Al-
meida a casa á rua da Quitanda n.° 485, propriedade
do mosteiro de S. Bento, como provão com escripturas
juntas; e como fosse condição do arrendamento o pa-
garem os inquilinos a décima, requererão a competente
averbação da sublocação.
Então na recebedoria da corte exigiu-se o pagamento
da siza do contracto de traspasse do sobredito arren-
damento ; e como fundamente desta exigência declarou
o administrador daquella repartição que não havia sim-
plesmente traspasse de arrendamento, mas também do
usufructo das bemfeitorias, sujeitas á declina urbana.
O director geral do contencioso opina o seguinte :
« Parece-me que da cessão e traspasse do arrenda-
mento da casa da rua da Quitanda n° 485, feito aos süppli-
cantes por João Augusto Ferreira de Almeida em es-
criptura de 30 de Julho de 1858, não é devida a siza,
porquanto este imposto recahe unicamente sobre a
transferencia a titulo oneroso de direitos reaes, e o
contracto de que agora se pretende cobral-o é uma simples
sublocação ou sub-arrehdamenTo que não encerra em
si nenhum elemento de direito real.
«Neste sentido, pois, entendo que se deve resolver esta
questão, reformando-sê a decisão da recebedoria e dando-
se provimento ao recurso. Directoria geral do conten*
cioso, em 2ôde Fevereiro de 1861.—Menezes e Souza. »
A secção adopta a opinião do sobredito parecer da
direcloria do contencioso por ser conforme o direito,
e inteiramente de accôrdo com a índole, e natureza
do imposto da siza, o qual cessa logo que se não transfere
o domínio do immovel, seja pleno, seja somente directo
ou ulil.
£' mister que haja compra e venda, como o declara
o alvará de 3 de Junho de 4809, e resolução de 46 de
- 166 —
Fevereiro de 1818. O § 1." das instrucções do f.° de Se-
tembro de 1836, expressamente declara:—A siza dos bens
de raiz é devida, e deve cobrar-se de todas as compras
e vendas, arrematações e trocas, que delles se fizerem.
No árt. 4.° acrescenta: « Também se paga a siza das
doações in solutum, isto é, dos pagamentos que os de-
vedores, era conseqüência-de, contractos de compra e
venda, ou troca de bens de ráiz^ fazem com gêneros,
ou cousas que representem moeda; e vice-versa, etc.»
Assim a simples, e temporária fruição, proveniente
da posse e não do domínio adquirido, não é sujeita á
sizà, imposto este que, calculado somente sobre o capital
que passa de uma mão para outra, é como diz Jacob
em sua sciencia das finanças, contrario á economia po-
lítica, e ás leis da justiça, visto como constrange alguns
contribuintes a diminuírem o seu capital, entretanto que
outros pagão impostos somente em relação de sua renda;
ou nada pagão, o que mais firma o axioma que em ma^
teria de impostos não sé dá interpretação extensiva^
Vossa Magestade Imperial, porém,, resolverá o que fôr
mais conveniente.
Sala das conferências, em 20 de Março de 4861 . — Tis,-1
conde de Jequitinhonha. — Visconde de Itaborahy:
f—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 13 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos. 'f

N. 661 .—RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 4861.


Sobre o requerimento de variós commerciantes da cidade de Pe-
lotas pedindo a revogação ou alteração do art. 23 § l.» do decretei
de 29 de Setembro de 1839.

Senhor.—Por aviso de 45 do corrente mandou Vossa1


Magestade Imperial que a secção do conselho de es-
tado, que consulta sobre os negócios darepartíçãodá

<*í Circular ji.° 181 de28dè Abrilde 1862, na collecção*dasleisJ.


— 167 —
fazenda, dê o seu parecer, sobre o requerimento em
que vários commerciantes da cidade de Pelotas pedem
a revogação ou modificação do art. 25 § >4.9do- decreto
n." 2486 de 29 de Setembro de ^859, tendo a secção
em vista os pareceres dados a tal respeito pelos direc»
tores geraes da contabilidade e da tomada de contas,
e mais papeis que acompanhão o dito requerimento.
Em requerimento dirigido ao governo imperial os
negociantes da cidade dê Pelotas' pedem respeitosamente
á revogação ou modificação do art. 25 § 1.° do de-
creto n.° 2486 de 29 de Setembro de 4859 que é o
seguinte:
« Estas guias só terão vigor durante o prazo nellas
marcado, o qual será regulado pelas distancias e extensão
do trajecto entre o ponto da partida e o do destino na
razão de quatro léguas pór dia, e serão entregues no
posto ou estação fiscal mais próxima tio lugar do seu
destino, ou dafronteira por onde as mercadorias tiverem
de passar, sob pena de multa de 10#000 a 100$000. »
; Allegão em apoio de sua pretenção o máo estado
das estradas, falta de pontes sobre os muitos e cauda-
losos rios, que cortão as estradas, e Outras immensaS
e imprevistas eventualidades inherentes a este gênero
de transportes, como sejão a muito difflcil substituição
dos animaes que piorrem, ou fraqueão, o concerto dos
yehiculos, enfermidades ou retirada dos conductores.e
outros casos de força maior, que podem obstar o cumpri-
níentoexacto do iliperario na razão determinada no refe-
rido pVâgrapho de quatro léguas por dia. * '
O presidente tia provincia informa que ouvidos o
inspector da thesouraria de fazenda este respohdeu
referindo-se á informação do inspector da alfândega
do Rio Grande, quê julga que o prazo marcado para
carretas, outros vehiculos, ou animaes que transportem
mercadorias, nas guias expedidas pélás mesas de rendas,
deveriaficará arbítrio dos administradores das mesas que
taes guias expedirem cumprindo á estes ter em altenção
os transtornos das viagens, das carretas, e outros vehi-
culos.
Deste mesmo parecer é o conselheiro director da
contabilidade do thesouro nacional, accrescendo que :
« se ainda assim, por virtude de força maior invensivel,
nem nesse mesmo prazo puder ser ultimada a viagem
deve proceder-se a uma justificação, como lembra o
conselheiro proçuradorfiscal, » que também foi ouvido.
Concorda igualmente o conselheiro director da tomada
de contas com o parecer do inspector da alfândega
do Rio Grande, negando-se á concordar com a justifi-
— 168 —
cação pelo conhecimento que tem da província em cuja
campanha se encontrarão difficuldades praticas, que
obrigarão os conductores a perder inutilmente tempo.
A secção entende que cumprindo não desanimar, ou
entorpecer por modo algum, antes muito convindo pro-
mover o commercio naquellas paragens, e convencida
que da alteração proposta não resulta, como conseqüên-
cia immediata, perigo, ou damno para a fiscalização e ar-
recadação da renda publica, não tem duvida em adoptar
o parecer do inspector da alfândega do Rio Grande.
As guias, além de serem certificados authenticps de
se terem pago os impostos* devem evitar que, á sombra
dellas, passem mercadorias sem os haver pago. Ora para
isto é mister que se fixe um prazo razoável para sua
apresentação. Este prazo ninguém o pôde melhor estabe-
lecer do que a autoridade local, que se não deve presumir
capaz de concorrer para o defraudamento da lei. Seria
talvez conveniente addicionar-se aquella medida: 1 .• que
ficasse na mesa de rendas uma copia da guia para
ser enviada directamente á estação do destino das
mercadorias, a fim de conhecer esta com antecedência
sua expedição; 2.* sellarem-se os volumes. Mas estas
medidas augraentão o trabalho da repartição, e fazem
perder tempo, sem que dellas possa resultar vantagem
ue não seja, até um certo gráo, conseguida pela me*
3 ida que propõe o inspector da alfândega do Rio Grande»!
que tem a seu favor a vantagem da simplicidade. <
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá ;o aue
fôr mais conveniente. !-#i
Sala das sessões, em 20 de Abril de 1861.—Viscokdi.
de Jequitinhonha.—Visconde de Itaborahy .—Marquez
de Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, 13 dé Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

e eí
AP*J} % ? ?\ ^ d e U d e Set embro de 1861. Altera a disposição
do art. 2o § 1.» do decreto n.» 2486 de 29 de Setembro de 1889.
que deu providencias fiscaes sobre a importação e exportação de
mercadorias nas fronteiras do Rio Grande do Sul, .
— 169 —
N. 662. —RESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1861.
Sobre os diversos quesitos propostos pelo fiscal da sociedade banca-
ria —Comme/eio— estabelecida na Bahia a respeito da substi-
tuição, e eleição dos membros da directoria da mesma sociedade.

Senhor. — Ordenou Vossa Magestade Imperial, por
aviso de 26 do corrente, que a secção de fazenda do
conselho de estado consulte com seu parecer sobre os
diversos quesitos propostos pelo fiscal da sociedade
bancaria—Commercio—estabelecida na Bahia.
1.° Se a substituição annual dos directores, depois
da eleição que teve lugar em 10 do mez ultimo, deve
ser em Fevereiro de 1862, ou em Agosto do corrente
anno, á vista do art. 10 do decreto n.° 2685 de 10 de
Novembro de 18G0?
2.° Se o art. 68 dos estatutos tia sociedade continua
em vigor, no caso de ser transferida a eleição para
o mez de Agosto ?
3.° Se a antigüidade á que se deve attender nas substi-
tuições dos directores, e de que trata o final do art.
56 dos estatutos, é a de' accionista ou a de director?
4." Se o accionista devedor á sociedade pôde exercer o
cargo de directqr, ou qualquer outro da mesma so-
briedade ? •••*?•'
ÜNtó^onselheiro procurador fiscal do thesouro, sendo ou-
vido sobr* a matéria, deu o seguinte parecer :
* Em aviso de 28 de Fevereiro deste anno, porque cons-
tasse que^ o banco denominado—Sociedade Commercio—
(approvádo por decreto de 10 de Setembro de 1860) pro-
cedera á eleição de sua directoria contra os preceitos
da lei e decretos, ordenou o ministério da fazenda ao
presidente da provincia, que advertisse esse procedi-
mento como illegal, e que quando o mesmo banco, an-
nuliada a referida eleição, não procedesse na fôrma da
lei e decretos, dentro de um prazo que o presidente lhe
devia marcar, desse delle conta de tudo ao thesouro,
para que o governo procedesse como fosse de direito.
Esse mesmo aviso mandara ouvir sobre os factoso
fiscal do governo.
O fiscal em 5 de Março dera conta de tudo o que
occorrêra, como se vê do officio junto, que pendia de
solução, quando agora chega o officio do presidente:
1.° Informando que marcara o prazo de 42 dias para
a nova eleição da directoria da sociedade—Commercio,—
em cumprimento do citado aviso;
2.° Transmittindo os documentos pedidos, depois de
ouvido o fiscal,
c. 22.
— 170 — •
Parece-me que se deve aguardar o termo do prazo
marcado, para ver como procede a sociedade—Com-?
raercio,—afimde que se providencie depois como acon-
selharem as eircumstancias, á vista das informações que
o presidente da provincia remetter sobre o que tiver
oceorrido. *
Da informação do fiscal vê-se que foi errada a in-
telligencia que derão ao decreto de 10 de Setembro de
1860, arts. 56 e 73, combinado com o art. 10 do de-
creto n.° 2685 de 10 de Novembro de 1860.
Portanto parece-me que nenhuma advertência se deve
fazer ao fiscal, por não ter suspendido a deliberação da
assembléa geral.
Resta porém responder-se ás duvidas por elle pro-
postas, e é meu parecer que se resolva:
Quanto á 1.» e 2.% que o art. 10 do decreto n.° 2685
de 10 de Novembro de 1860, embora mande contar o
quinquennio para a substituição da data da lei de 22
de Agosto, não teve por fim alterar as épocas das elei-
ções marcadas nos estatutos.
Quanto á 3.% que a antigüidade á que se refere a
lei n.° 1083 e decreto citado de 10 de Novembro de
4860, e decreto de 10 de Setembro de 1860, art. 56, é
do cargo de director, a contar da data do respectivo
exercício, e não da de accionista do banco. -
Quanto á 4.*, que o devedor á sociqdade poderÉser
eleito e exercer o cargo de director, ou qualquer outro
da sociedade, desde que, não houver disposição de lei
ou regulamento ou dos estatutos que o declare incapaz
de ser eleito ou de exercer as funcções de director, ou
qualquer outro cargo emquanto fôr responsável paráf!
com a sociedade em que tem de servir os referid.09,
cargos.—Directoria geral do contencioso, 13 de Abril
de 4861.— Arêas. »
A secção concorda com o parecer que deixa trans-
Cripto na parte relativa á solução dos quesitos; mas
entende acertado recommendar-se ao fiscal que se abs-
tenha de ingerir-se nas deliberações, quer da directoria,
quer da assembléa geral dos accionistas do banco,
quando ellas não tiverem intima ligação com as
prescripções da lei de 22 de Agosto do anno pas-
sado.
A secção receia, Senhor, que a demasiada e desne-
cessária intervenção dos fiscaes na gerencia dos bancos
possa fazer acreditar que ha entre estes estabelecimentos
e a administração publica uma espécie de solidariedade,
que o governo de Vossa Magestade Imperial não pôde
nem deve aceitar.
— 171 —
Vossa Magestade Imperial mandará o que formais
conveniente.
Sala das sessões, em 29 de Abril de 1861 .—Visconde
de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde de
Jequitinhonha.
ê
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 13 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva. Paranhos.

N. 663.-vRESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1861.


Sobre a questão proposta pelo fiscal do Banco do Rio Grande do
Sul —se osfiscaesdos bancos podem ser accionistas e terjtrans-
acções nos bancos em que servirem. -
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de *26 do corrente, que a secção de fazenda do con-
selho de estado emitia seu parecer sobre as seguintes
questões, propostas pelo fiscal do Banco do Rio Grande
do Sul: .:•-. ,
4.a Se podem os fiscaes ser accionistas dos bancos
em que servem.
2." Se podem igualmente ter transacções com os mesmos
bancos. ;
3.* Ou se devem os que já erão accionistas e os
que tinhão transacções com os mesmos bancos, na época
das suas nomeações, dispor das acções. que possuem,
e liquidar essas transacções.
O conselheiro procurador fiscal do thesouro, sendo
ouvido sobre esta matéria, deu o seguinte parecçr:
« Quanto ao primeiro quesito, que attenta. a dispo-
sição dos arts; 2.°e;3.* do código commercial, osfisr
cães dos bancos podem ser accionistas dos bancos em
que funccionarem na qualidade de,fiscaes.
Quanto ao segundo, que os fiscaes pela natureza,de
seu cargo, e pelas attribuições que lhes incumbe exercer,
não só não devem, como não podem ter transacções com
os bancos era que funccionarem nessa qualidade, salvo
aquella á que se refere o art. 3.° do citado código. »
— 172 —
Posto que a secção de fazenda não concorde como
conselheiro procurador fiscal do thesouro em que
tenha applicação ao caso, de que se trata, a doutrina
dos arts. 2.° e 3.° do código commercial, por nao Ilie
parecer que os fiscaes dos bancos estejão çomprehen-
didos entre os funccionarios e entpregados públicos
enumerados no primeiro dos citados artigos: e tenha
de mais por certo qüe nem a lei de 22 de Agosto do
anno passado, nem os regulamentos expedidos para
sua execução prohibem os fiscaes de serem accionistas,
ou de fazerem as transacções a que se refere a segunda
questão, parece-lhe todavia muito acertado ordenar o
governo de-Vossa Magestade Imperial aos ditos fiscaes
que evitem contrahir quaesquer empenhos ou obrigações;
pecuniárias com òs estabelecimentos onde servirem,,,
visto como o procedimento contrario enfraquecer-lhes-
ha a força moral de que necessitão para bem cumpri-
rem os deveres de seu cargo.
Yossa Magestade Imperial ordenará o que fôr mais
conveniente.
Sala das sessões, em 29 de Abril de 1861. — Visconde
ãe Itaborahy. —Marquez de Abrantes.— Visconde.de
Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 43 de Julho de 1861.
M
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador;
José Maria da Silva Paranhos^

N. 664.-^RESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1864.


Sobre a duvida, —se devem continuar a ser arrecadados pelo juizo
de ausentes, os bens do fallecido, que deixa na terra cônjuge ou
herdeiros presentes, e explicação da palavra—terra—empregada no
| 1.» do art. 1." do regulamento de 27 de Junho de 1843.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso.
de 34 de Janeiro ultimo, que as secções reunidas'' de
justiça e fazenda do conselho de estado consultem, á
— 173 —
vista do officio do procurador fiscal da thesouraria
da provincia de S. Pedro, se tendo sido deixados na
capital da mesma provincia por um indivíduo, que
alli fallecêra repentinamente, alguns bens, podem estes
ser entregues á sua viuva, cabeça do casal, sem embargo
de se estar procedendo á arrecadação dcs ditos bens
pelo juizo de ausentes, uma vez que ella prove a iden-
tidade de pessoa^ a qualidade de cônjuge, e quê está
procedendo a inventario no lugar do domicilio do
defunto, dentro do. Império, para dar partilha a her-
deiros; e se a palavra « terra» empregada no § 4.' do
art. 4." do regulamento de 27 de Junho de 4845 e
outros significa o município do domicilio do defunto
testado ou intestado.
, Ao director geral do contencioso dirigiu. o procurador
fiscal de S. Pedro o officio do teor seguinte:
« N. 36.— Secção do contencioso da thesouraria de
fazenda da provincia de S. Pedro, 18 de Julho de 1859.—
Illm. e Exm. Sr.—José Manoel Gomes, residente na
cidade de Jaguarão, tendo vindo a esta capital em seu
hiate denominado Aurora, succedeu morrer repentina-
mente, estando o-referido seu hiate em concertos e re-
paros, e deixando viuva e filha. Pelo juizo dos ausentes
procedeu-se em conseqüência á arrecadação do hiate e
seus pertences, e dos objectosde uso do fallecido,
pouco dinheiro, e um escravo. Agora antes daarrema-
tação desses" bens arrecadados apresenta-se sua viuva
D. Joaquina Maciel Gomes, por meio de procurador
legalmente constituído, a reclamar a entrega dos citados
bens, visto que por direito á ella pertence ficar em posse
e cabeça de casal.
Esta espécie nem foi prevista pelos regulamentos de
9 de Maio de 1842 e 27 de Junho de 1845, e nem também
pelo novíssimo de 15 de Junho desse anno, de cujas
disposições eu me soccorreria, bem que elle ainda não
esteja em execução nesta provincia.
Portanto entendendo que á vista do determinado nos
citados regulamentos a arrecadação deve continuar,
cumprindo á viuva e sua filha habilitar-se convenien-
temente, assim passo a requerer,4 oppondo-me á entrega
pela dita viuva reclamada.
Entretanto sendo incontestável que as arrecadações
em taes condições bem podem ser qualificadas de ve-
xatórias, visto que destroem direitos em grande prejuízo
do cônjuge vivo e herdeiros, vou por isso rogar a V. Ex.
se sirva levar ao conhecimento do tribunal do thesouro
esta minha consulta, isto é, se, apresentando-se a viuva
ou herdeiros descendentes e ascendentes a reclamarem
,.»• "-^ 174 —
a herança arrecadada, deve ser esta entregue, seja qual
fôr o estado da arrecadação, uma vez que sejão elles
residentes na mesma provincia, em que ella se fez, e
provem com documentos a sua. qualidade de cônjuge
e herdeiros descendentes ou ascendentes, e assim
também identidade de pessoa. *
Permitia V.Ex. que eu aproveite esta occasião para
pedir um esclarecimento, que tem toda a connexão cora
a matéria exposta, e é o seguinte: O regulamento de
27 de Junho de 1845 J 1." do art. 4.° diz « cônjuge na
terra ou herdeiros presentes », esta mesma differença se
nota no § 1,° art. 3.° do regulamento deste anno; desejo
pois saber se a palavra « terra » empregada relativa-
mente ao cônjuge, e com tanta distincção, tem sentido
diverso da palavra « presentes », ou se ao contrariosão
synonimas.
Deus guardeaV- Ex.—Illm. eExm. Sr,, conselheiro
José Carlos de Almeida Arêas, director geral do con-
tencioso do thesouro nacional.—O procurador fiscal,
José Affonso Pereira. »
Sobre este officio veio exarado o seguinte parecer:
« Parece-me que se deve responder ao procurador fiscal
que embora nos casos, como o que figura, se deva pro-
ceder logo á arrecadação, porque essa providencia tende
a prevenif o extravio dos bens, cumpre que ella cesse
sem deducção de porcentagem, logo que se'apresente a
viuva a quem por direito compete ficar em posse e ca-
beça de casal, provando a identidade de pessoa, a
qualidade de cônjuge, e que está procedendo a inven-
tario no lugar tio domicilio do defunto dentro do Im-
pério, para dar partilha aos herdeiros, salva a disposição
do art. 6.° do regulameftto de 15 de Junho de 1859, e
qué 'a palavra « terra » empregada no regulamento que
cita, e em outros concernentes á esta matéria, signi-
fica o lugar do domicilio do defunto testado ou intes-,
tado, porquanto, ainda quando o cônjuge ou herdeiros
se achem dentro do termo, mas fora desse lugar, pódi§
daivsé o caso de se tornar necessária a arrecadaçj%J
como medida de segurança a bem dos interessados.
Directoria geral do contencioso, em. 28 de Janeiro de
4861 .—Menezes e Souza. »
Quanto á primeira" duvida proposta, as secções con-
cordão Inteiramente com este parecer, e até entendem
que lido com attenção o regulamento de 15 de Junho
de 4859, a questão está resolvida de modo terminante.
O art. 3.'§ 1.° declara que nem haja arrecadação se
ncao « na terra cônjuge ou herdeiros presentes. »
Dos arts. 5.° e6.°,se vê, que ainda começada a arre-
— 175 —
•A
cádação cessará sem deducção de porcentagem se o
cônjuge ou. herdeiros justificarem o seu direito certo e
indubitavel á herança.
Ora, isto posto, desde que o procurador fiscal não
duvida de que a viuva cabeça do casal o seja, e desde
que reconhece o procurador legalmente constituído
para reclamar a entrega dos bens existentes no lugar wb
súbito fàlleçimento, parece claro que devia-effectuar-se
logo a entrega dos bens sem deducção de porcentagem.
A íntelligencia contraria daria lugar á arrecadações,
quê o mesmo procurador fiscal com louvável franqueza
declara, que serião vexatórias.
Quanto á segunda parte da duvida, parece á secção
ue as palavras « presentes na terra » não carecem de
3 efinição ou explicação. Desde que o; cônjuge ou her-
deiros estão presentes em distancia tal, que possão bem
acautelar a arrecadação e inventario dos bens, pouco
importa, que sejão moradores do termo, ou de outro
vizinho. E' mais fácil a um morador de Nictheroy arre-
cadar bens na cidade do Rio de Janeiro do qüe aos mo-
radores no curato de Santa Cruz. Entretanto aquelles
morão em termo diverso, e estes pertencem ao mesmo
município.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o mais
justo.
Sala das sessões, em 8 de Maio de 1861*—Euzebio
de Queiroz Coütinho Mattoso Câmara.— Visconde do
üruguay.^Visconde de Maranguape.—Visconde de
Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde de Jequiti-
nhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 13 de Julho de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

<*) Aviso n.« 233 de 31 de Julho de 1861, na collecção das leis.


- 176 -
N. 665.-RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 4861.
Sobre as leis provinciaes do Rio Grande do Norte do anno de 1860.
à n h o r . - A secção de fazenda do conselho de estado,
tendo examinado; em cumprimento do aviso, d ^ 2 do
Hirpnte a collecção dos actos da assembléa provincial
d*RlS Grande doTorte, promulgados na sessãoPo anno
próximo findo, não encontrou disposição alguma pelo
que toca á repartição de fazenda, que possa conside--
rar-se exorbitante, senão a que se contém n o j Ó ,
art' 4.° cap. 2.° da lei n.° 496 de 4 de Maio de 4860.
Nesse paragrapho lanção-se direitos de 5 /„ sobre a
exportação* de páo-brasil, que aliás já se achava one-
rada cornos 45%, estabelecidos por lei geral, a favor
das rendas geraes, depois que fora extincto o mono-
pólio de que gozava o Estado no commercio desse pro-
ducto. , ,,
Assim que, quando ainda pareça duvidoso—se as as-
sembléas provinciaes tenhão ou não a faculdade de
legislar sobre a exportação—nem uma duvida pôde haver
de que a referida disposição, prejudicando as rendas
geraes como necessariamente o fará, não seja contraria
á termínante excepçao d o n . ° 5 do art. 40 do acto ad-
dicional, e exorbitante das attribuições constitucionaes
das assemHléas legislativas.
A' vista do que é a secção de parecer, que seja a ci-
tada lei levada.ao conhecimento da assembléa geral,
á quem compete revogar a mencionada disposição.
Vossa Magestade Imperial, porém, *se dignará resolver
o que fôr mais justo.
Sala das conferências, em 44 de Maio de 4861.
—Marquez de Abrantes,.—Visconde de Itaborahy.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 43 de Julho de 4864.,
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

{*) Submettida à consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 14 de Agosto de 1861.
— 177 —
N. 666.—RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 4861.
Sobre as leis provinciaes do Ceará do anno de 1860. *

Senhor.—Executando, como lhe cumpria, o aviso da,


4 do corrente mez, a secção de fazenda do conselho
de estadfp examinou os aotos legislativos da assembléa
provincial tio Ceará, publicados na sessão do anno pró-
ximo passado, na parte que sé refere á repartição da
fazenda publica.
Bem que nada encontrasse, que merecesse reparo,
na generalidade dos referidos actos, encontrou com-
tudo no art, 3. cap. 2.° da lei-n.° 945 de 28 de
Agosto de 1860, varias disposições exorbitantes das at-
tribqições legislativas da mesma assembléa, e eviden-
temente contrarias aoart. 12 do acto addicionalá cons-
tituição do Império, que lhe veda o legislar sobre im-
postos de importação
São essas disposições as que se contêm no §5.° do
citado art. 3.° que impõe 307„ sobre bebidas espirL-
tuosas, e 30#000 por-pípa de aguardente não fabricada
na província; no § 8.° que lança 30% sobre o fumo
não fabricado na província, e nelía consumido; no,
§ 45 que impõe 200 réis êm milheiro de charutos não
fabricados e consumidos na provincia; nos'§|46 e 47
que lãnção 200 réis sobre libra de rape, e sobre arroba
de assuCar não fabricados, e consumidos na provincia;
e no | 33 que impõe 600 réis sobre arroba de sabão não
fabricado, e consumido na provincia.
E como para tirar lodá a duvida de que taes impostos
tinhão a natureza dos de importação, determina o art. 40
da referida lei, que os direitos* estabelecidos nos pa-
ragraphos acima mencionados são devidos e pagos no
município da provincia em que entrarem as mercadoria^,
embora sejão transportadas e consumidas em outro
município.
Pelo que é a secção de parecer, que seja a referida
lei levada áo conhecimento da assembléa geral, a quem
compele revogar as disposições incorislitucionaes que
ficão apontadas.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá b que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 42 de .Maio de 1861.—
Marquez de Abranies.—Visconde de Itaborahy.— Vis-
conde de Jequitinhonha.

23.
- 178 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


m Paço, om 13 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 667.—RESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1861.


Sobre a pretenção do conselheiro Manoel Maria do Amaral de lhe
ser contado para a cencessão da gratificação do art. 42 do decreto
de 29 de Janeiro de 1839 o tempo de serviço como lente do curso
jurídico de Olinda, já remunerado pela jubilação.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda, em vista do requerimento e papeis
juntos relativos á pretenção do conselheiro Manoel Maria
do Amaral, inspector da thesouraria de fazenda da pro-
vincia da Bahia, ao abono da 3. a parte dos respectivos*
vencimentos nos termos do art. 42 do decreto n.° 2343
de 29 de Janeiro de 1859, se para a-concessão da gratílf
cação, de que trata o dito artigo, deve-se^comprehendSi
no tempo do serviço do supplicante o por elle prestadona
qualidade de. lente do curso jurídico de Olinda, cujos
vencimentos lhe são abonados cumulativamente cora os
de inspector, em virtude das ordens circulares de 8i
e 29 de Julho do dito anno.
A commissão de fazenda, considerando qüe pela reso-
lução de 3 de Abril ultimo houve Vossa Magestade Im-
perial por bem estabelecer o principip, que a nenhum
empregado publico se pôde contar para aposentadoria o
tempo de serviço já remunerado por outra aposentadoria
anterior: considerando demais que as razões em que se
fundou essa resolução de consulta são applicaveis á re-
muneração pecuniária de que trata o art. 42 do decreto
n.° 2343 de 29 de Janeiro de 1859; e considerando final-

KÜos$TtA.UtTàll$$!?da assembl6a géraIÍ le isIativa


* *
— 179 —
mente que o Dr, Manoel Maria do Amaral, não obstante
contar 45 annos, 6 mezes, e 21 dias de serviço, foi ju-
bilado como lente do curso jurídico de Olinda, e está
effectivamente recebendo os vencimentos deste emprego,
e que nesses 45 annos, 6 mezes, e 21 dias estão incluídos
os 20 de que já foi remunerado pela jubilação, é de
parecer que não se acha o supplicante comprehendido
na disposição do citado art. 42 do decreto de 29 de Ja-
neiro de 1859, por não ter 30 annos de serviço remune-
ra vel, eqüé, por conseguinte, não pôde sua pretenção
ser favoravelmente deferida.
Vossa Magestade Imperial, porém, decidirá o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 17 de Maio de 1861.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 13 de Julho de 4864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador. ,;
José Maria da Silva Paranhos.

N. 668.—RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 1861.


Sobre a pretenção do 1.° escripturario da thesouraria da Bahia José
Martins Penna de lhe ser contado, para concessão da gratificação do
art. 42 do decreto de 29 de Janeiro de 1839, o tempo de serviço como
addido á mesma thesouraria.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda consulte sobre a pretenção do 1.° es-
cripturario da thesouraria de fazenda da Bahia, José
Martins Penna, á gratificação do art. 42 do decreto n.° 2343
de 29 de Janeiro de. 4859, tendo em vista as infor-
mações epareceres da directoria geral da contabilidade,
que acompanhão o incluso requerimento do supplicante.
A questão suscitada na directoria geral de contabili-
dade do thesouro a respeito da pretenção do 1." escrip-
— 180 —
turario da thesouraria de fazenda da Bahia, consiste em
averiguar se a este empregado se devera contar, como
^ tempo de Serviço, os 4 annos, 8 mezes e 17 dias que
esteve addido a mesma thesouraria..
A secção de fazenda, considerando que pela resolução
de consulta de 29 de Setembro do anno passado houve
Vossa Magestade Imperial por bem decidir que se deve
levar em conta, no tempo de serviço dos empregados
públicos, o que elles prestão na qualidade de addido a
'qualquer' das repartições, do Estado; e considerando
outrosim que o supplicante, depois de,ter exercido
outros empregos de fazenda, foi admiltido como addido
na thesouraria da Bahia por nomeação do respectivo ins?
peclor, o qual se achava devidamente autorizado para
fazel-opor ordem do thesouro, e que finalmente pagou
o sello do título dé nomeação correspondente ao venci-j
mento de ,600#000, é de parecer: 4." que' se deve contar
no tempo de serviço do supplicante os 4 annos, 8 mezes.
e 47 dias%que esteveaddido á thesouraria da Bahia; 2.°
que, ficando assim reconhecido ter o dito 4." escripturario
mais de 30 annos de serviço, poderá o goverpo de Vossa
Magestade Imperial conceder-lhe a gratificação que pede
na fôrma do art; 42 do decreto n.° 2343 dé 29 de Janeiro
,de 4859, se elle tiver o.preslimo e bons serviços quejus*-
tifiquem esta graça. .
, O conselheiro Visconde de Jequitinhonha, não se op-
pondo. inteiramente á conclusão do parecer da maioria
da secção, entende todavia: 4.° que o tempo seja contado
segundo o disposto no § 4.° do art. 57 do decreto n.°736
de 20 de Novembro de 4850, explicado, e ampliado pelo
art. 38 do decreto n.° 2343 de 29 de Janeiro de 1§59, de
cujo art. 42 se trata nesta consulta; 2." que para s,e saber
quaes são os vencimentos a que se refere a disposição
do primeiro citado §'42 se deve ter em attenção o § 3.* do
art. 37 do decreto n.° 736 de 20 de Novembro de 1850, e § 3.°
art. 28 do decreto n." 2677 de 27 de Outubro-, por quanto
sendo o que se pede aqui uma verdadeira graça como o
são as áposentações, o que está determinado para estas é,
,e deve serapplicayel áquellas."
_ Vossa Magestade .Imperial mandará o que fôr mais
justo.
Sala das conferências, em 17 de Maio de 1861.—Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde-
de Jequitinhonha.. '.-".;•
— 181 —

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 4 3 de Julho de 4 861.

Com a rubrica de Süa'Magestade o Imperador.


José Maria da Sitva Paranhos.

K 669.-RESOLUÇÃO DE 13 DE JULHO DE 1861.

Sobre a questão relativa á herança deixada por Margarida Gabry a


i Coste Fuchard.

Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem


que. as secções de justiça, estrangeiros e fazenda do
conselho de estado consultassem com o seu parecer,
tendo em vista o da directoria geral do contencioso,
sobre a questão relativa á herança deixada por Marga-
rida Gabry a Coste Fuchard. (")

(*) Aviso n.° 314 de 20 dè Julho de 1861, na collecção das leis.


(**) Parecer do procurador fiscal do thesouro a que se refere esta
consulta :
Labora n'um engano a "resposta, que em '19 de Novembro do
auno passado deu o ministro dos negócios estrangeiros á nota que
em 9 de Julho do mesmo auno lhe dirigira a legação franceza,
apoiando uma representação do respectivo consulado contra o facto
de se querer sujeitar á novo inventario a herança deixada por Mar-
garida Gabry a Coste Fuchard.
Base engano consiste em asseverar aquelle ministério que Amélia
Mac Innes,, lilha do inglez Mac Innes e de Sophia Gabry é nela
de Margarida Gabry.
Com effeito, da informação que em 2 de Fevereiro deste anno
deu o "juiz municipal e de orphãos de Cantagallo acerca deste
negocio, informação pedida pelo ministério da fazènda^ em 14 de
Janeiro ultimo, e a este ministério transmittida por intermédio
do presidente da província do RÍo de Janeiro em 7 do referido mez
de Fevereiro, consta:
1.» Que Margarida Gabry não leve filhos de seu consórcio com
João Cláudio Gabry;
— 182 —
Esta questão é a reproducção de outras muitas que,
ha longos annos, se têm suscitado, entre o governo de
VosSa Magestade Imperial, e o francez, e que a convenção

2.° Que João Claudio^Jabry erafviuyo, quando contrahiu segundas


nupcias com Margarida Gabry, tendo lido de seu primeiro con-
sórcio três filhos; a saber:
Delphina Gabry, casada com J. Loup.
Sophia Gabry, casada com o inglez.Mac innes.
E. Augusto Gabry; existindo hoje Delphina, e sendo incerta a
existência dp Augusto;
3.» Que do consórcio de Sophia Gabry com Mac Innes houverão
dous filhos, netos de Gabry (João Cláudio), Amélia, que esta se-
gunda vez casada, e Eugênio, que falleceú ainda menor, depois
de seus pais; mas não são netos, nem por qualquer titulo her-
deiros forçados de Margarida Gabry.
Assim, pois, é exacto o que aifirma a legação franceza em a nota
de 27 de Dezembro de 1859, dirigida ao ministro de estrangeiros;
isto é, que Amélia Mac Innes nenhum direito tem á successão de
Margarida Gabry.
Mas, restabelecidos os factos no devido pe, e collocada a juestão
nestes termos, poderá em face da legislação vigente ser legiti-
mado o procedimento do consulado francez na successão da viuva
Margarida Gabry, e será attendida a exigência da legação ?
Parece-me que não.
Pretende a legação que o aviso circular de 25 de Setembro de
1845 creou um direito novo para regular a successão dos subditos
francezes, fallecidos no Império com testamento, ou sem elle.
Esse aviso circular declara que a arrecadação das heranças e bens
vagos, existentes no Brasil, pertencentes á subditos franCezes, que
fallecerem com ou sem testamento, não está sujeita ás disposições
dos regulamentos de 9 de Maio de 1842, e 17 de Junho de 18íõ,
devendo regular-se pelos artigos perpétuos do tratado, celebrado
com a França em 6 de Junho de 1826, em que ha estipulâções es-
peciaes e diversas sobre a matéria, de que se trata.
Em nota de 21 de Outubro de 1846 o governo imperial, explicando
essa circular, disse, que ella teve unicamente porfimdeclarar a manei-
ra, por que serião. arrecadadas as heranças jacentes e os bens vagos,
existentes no Brasil, pertencentes a subditos de França, que falleces-;,,
sem com testamento ou sem elle, não segundo-o art. 43 do regu-
lamento de 9 de Maio de 1842, mas, segundo as estipulâções dos
artigos perpétuos de 6 de Junho de 1826, ficando estabelecido como
regra que naquelle caso, muito especial, são os cônsules francezes
competentes para procederem á arrecadação, e administração das he-
ranças.
Mas o tratado de 1826 pode ter a interpretação lata e amplialiva
que lhe pretende dar a legação franceza ?
Vejamos.
A legação faz derivar o direito de intervenção que se arrogão
os cônsules francezes sobre a arrecadação e administração das he-
ranças dos subditos francezes, fallecidos no Império, das seguintes
palavras do tratado com a França:
« Que os cônsules do Brasil em França e os de França no Brasil
gozarião do mesmo privilegio, que são ou forem concedidos aos
cônsules da nação mais favorecida, e que serião tratados secundo
os princípios da mais exacta reciprocidade; » e no art. 3.° do tratado»
celebrado com a Grã-Bretanha em 1827, que reza assim;
— 183 —
»
consular ultimamente celebrada com a França em 10
de Dezembro de 1860, que acaba de ser publicada, teve
por fim evitar.

t
..«da mesma sorte exercerão (os cônsules) o direito de admi-
nistrarem a propriedade dos subditos de sua nação, que fallecerem
ab intcslalo á beneficio dos legítimos herdeiros da dita propriedade
e dos credores da herança,» artigo este que ficou fazendo parte do
tratado com a França em razão da cláusula—gozaráõ do privi-
legio concedido á nação mais favorecida.
Poderá daqui deduzir-se que os cônsules francezes têm o direito
de intervir na arrecadação e administração das heranças, excluindo
a acção das autoridades judiciarias do Império, e fazendo vigorar
o estatuto pessoal? Responder pela aíHrmátivaa «sta interrogação
seria torturar a lógica, e falsear a hermenêutica.
Basta a simples leitura das disposições para gerar a convicção
de que a intervenção consular limita-se apenas á arrecadação das
heranças jacentes; mas que esta intervenção não exclue a acção
das autoridades judiciarias, que as devem inventariar e avaliar na
conformidade da legislação do paiz, a qual de fôrma alguma pôde
ser derogada, e substituída pela da nação a que pertence o fal-
lecido.
Que é esta a intelligencia que se deve dar ao tratado de 1826
próya-o a própria condição reslrictiva, inseria nelle, concebida nos
seguintes termos: « tanto quanto admittirem as leis dos paizes res-
pectivos. »
O governo imperial declarou expressamente que mesmo quando
se tratasse de bens vagos ou jacentes, soffrcriâo os cônsules as
seguintes limitações no.direito que lhes fora conferido pela>cir-
pular de 1845, e que se lê no relatório de estrangeiros de 1859:
« l.o Nao farão as arrecadações, guando houver co-herdeiro bra-
sileiro, ou subdilo de uma terceira potência, ainda que esteja
ausente.
« 2.° A arrecadação não terá lugar em relação a bens compro-
mettidos em sociedades commerciacs', ou que pertenção a nego-
ciantes que fallecerem onerados de dividas commerciaes.
« 3.ò A arrecadação se fará pela autoridade local, quando não
houver agente consular na respectiva localidade.
« 4.° Ainda na hypolhese de competir aos cônsules a arrecadação,
são elles obrigados a fazer inventario dos bens arrecadados peran-
te a autoridade territorial. *
« S.° Existindo herdeiros, ou testamenteiros presentes, não se faz
a arrecadação nem pelos consulados, nem pelo juizo territorial, e
só sim inventario e partilhas nos casos previstos pela lei.
<i Em todas as hypotheses, porém, aos agentes consulares cabe o
direito de requerer tudo quanto julguem conveniente a seus nacionaes
e de assistir aos respectivos actosjudiciaes. »
E' pois inadmissível a pretenção da legação franceza de eximir
Coste Fuchard da obrigação de fazer inventário judicial dos^beiis,
que lhe forão deixados por sua tia Margarida Gabry, sendo por con-
seqüência inteiramente tumultuario e irregular o que fizerão na fa-
zenda do Vai de Grace os francezes Lami Lagrand Ville, e Dr. Troubat,
que procederão no espolio de Sophia Gabry e de Margarida Gabry,
espolio que não eulrava na classe de bens vagos ou jacentes, ex-
cluindo as autoridades brasileiras, que se apresentarão na mesma
fazenda para cumprir o seu dever; não podendo lambqm sei- cobrados
os direitos nacionaes sobre a avaliação, feita por esses agentes do com
— 18't —
As solugões dadas pelas notas doministro è secretario»
de estado dos negócios estrangeiros á legação franceza,
relativamente aquella herança, eo parecer da directoria
do contencioso, estão inteiramente conformes aos princí-
pios e doutrinas, que o governo de Vossa Magestade. In>
perial sempre sustentou até a data daquella convenção.,'
E' este o parecer das secções.
Só o espirito delia pôde e deve ser invocado para re-
solver emmaranhadaS questões anteriores ainda pen^
dentes,, é ponto sobre o qual as secções não forão
consultadas.
Entretanto talvez qüe por outro modo não possao ter
uma solução.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o mais
1PPT*fflfiO
Saladas conferências, em 17 de Maio de 4861.—Vis-
conde do Üruguay.—Visconde de Maranguape.—Eme*,
bio de Queiroz Coutinho,Mattozo Gamara.— Marquepdè
Abrantes:—Visconde de Itaborahy .—Visconde de Jequfa
tinhonha.

sulado francez contra a legislação expressa do paiz, e sem assisteh^i


do agente fiscal respectivo, avaliação que da informação dada pelo
juiz municipal de Cantagallo em 12. de Fevereiro de 4859 consta
serem manifesta e profundamente lesivas aos cofres públicos. u;
O colleclôr Manoel Joaquim de Figueiredo muito bem Cedera
recusar a quantia que Costé Fuchard quiz recolher aos cofres, da-
quella estação arrecadadoi-aá titulo de pagamento de direitos; por
quanto somente sobre a base de uma avaliação feita pelos meios
legaes e pelas autoridades competentes é que se poderia fazer o
calculo e deducção dos mesmos direitos.
Sou, portanto, de parecer, que s& djga ao ministério de estran-
geiros, em resposta aos seus avisos de 4 de Janeiro, 7 de FevereírM
l.o de Junho, e 23 de Julho deste anno, que, embora, Amélia mim
Innes não seja neta, nem por qualquer titulo herdeira forçada- de
Margarida Gabry, viuva de João Cláudio Gabry, e por conseguinte;:
nenhum direito tenha á successão daquella senhora, todavia essa
circumstancia allegada na nota, que em data de 30 de Novembro^
de 1859 dirigiu aquelle ministro a legação franceza, e verificada
pela informação tiausmiltida ao ministério da fazenda pelo; juiz
municipal de Cantagallo por intermédio do presidente da provinc$ft
por officio de 2 de Fevereiro do mesmo anno, não pôde alterar o
fundo da questão, nem modificar a decisão que, em a nota de 22 de
Novembro anterior foi pelo dito ministério de estrangeiros com-
municada á legação, séhdo portanto regular o procedimento.ido
juiz municipal de Cantagallo, què sujeitou a inventario judicial;os
bens, que forão deixados a Coste Fuchard por sua tia, a referida
Margarida Gabry, á iim de serem cobrados os direitos nacionaes
sobre a importância da avaliação, a que se procedeu na fôrma das
leis do paiz. Directoria geral do contencioso, 16 de Outubro de 1860.
Menezes e Souza. »• '
— 185 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 13 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria dá Silva Paranhos.

H Expediu-se* ao ministério dos negócios estrangeiros o aviso


seguinte :
Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, em 17 de
Março de 1862.
Illm. e Exm. Sr.—Cabe-me a honra de satisfazer ao que pelos an-
tecessores de V. Ex. foi solicitado do ministério a meu cargo em
avisos n.° 37 de 22 de Novembro de 1859, e n.0* 1, 15, 21 e 45 de 4 de
Janeiro, 1.° de Junho, 23 de Julho, e 5 de Dezembro de 1860, relati-
vamente á questão suscitada no juizo de Cantagallo por occasião do
inventario dos bens deixados pela franceza viuva Margarida Gabry,
alli fàllecida no anno de 1853.
Provado, como ficou, já pelas informações prestadas pelas auto-
ridades da provincia do Rio de Janeiro, já pelas asseverações da
legação de França nesta corte, já finalmente pela justificação ju-
dicial a que procedeu naquelle juizo o instituído herdeiro da fàl-
lecida, Coste Fuchard, que ella não deixou herdeiros forçados alguns,
visto como o único que se suppunha nessa condição, Amélia Mac
Innes, filha do inglez Mac Innes e de Sophia Gabry, não é descen-
dente da mesma fàllecida; restava verificar, se ainda assim, em face
da legislação que vigorava até bem pouco tempo, podia ser legiti-
mado o procedimento do consulado francez na successão da viuva
Gabry, e attendida a reclamação da respectiva legação.
Para este effeito, mandou Sua Magestade o Imperador ouvir as
secções reunidas de justiça, estrangeiros e fazenda do conselho de
estado, as quaes pensão que as soluções dadas pelas notas do mi-
nistério de estrangeiros á legação franceza a respeito desta herança,
e o parecer que em data de 10 de Outubro de 1860 emittiu sobre a
questão a directoria do contencioso, do qual envio a V. Ex. uma
copia, estão inteiramente conformes com os princípios e doutrinas
que o governo imperial sempre sustentou até ã publicação da con-
venção consular ultimamente celebrada com a França, convenção
que tem por fim evitar as reclamações desta natureza.
ue. porém, embora não examinasse se o espirito dessa convenção
S e ou não ser invocado para resolver pretenções anteriores á sua
publicação e ainda pendentes, parecia ás secções reunidas que, em
these, talvez taes pretenções não podessem ser deferidas de outro
modo. ,i
E havendo Sua Magestade o Imperador conformado-se com esta
opinião, com respeito ao caso vertente, por sua imperial resolução,
de 13 de Julho ultimo, communico a V. Ex. que nesta data expeço
ordem á directoria de rendas para que mande aceitar o pagamento
da décima desta herança, segundo as avaliações do inventario a que
procedeu o instituído herdeiro, e que foi contestado pelo juizo mu-
nicipal e collectoria de Cantagallo.
Deus guarde a V. Ex.—José Maria da Silva Paranhos.—Sr. mi-
nistro dos negócios estrangeiros.
C 24.
- 186 -
i

f
N. 670.-RESOLUÇÃO DE 43 DE JULHO DE 1861.

Sobre as queixas articuladas na representação da praça do commercio


desta corte relativamente aos decretos n.°* 1713 de 26 de Dezem-
bro de 1860 e 2733 de 23 de Janeiro ultimo.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado interponha
seu parecer sobre as queixas articuladas na repre-
sentação da praça do commercio desta corte, relati*
vãmente aos decretos n. 0 ' 2713 de 26 de Dezembro de
1860 e 2733 de 23 de Janeiro ,ultimo.
A secção, concordando com o parecer do conselheiro
procurador fiscal do thesouro entende, como elle, que
as disposições dos decretos de 26 de Dezembro de 1860
e 23 de Janeiro ultimo, que derão lugar ás reclamações
constantes da representação junta, devem ser explicadas
nos termos propostos ho dito parecer, á excepçao to-
davia do que toca á doutrina do art. 9.°, porquanto
neste ponto a secçãp diverge da opinião daquelle func-
cionario.
Diz o art. 9.°:« Todasas transacções de que trata o art. 1."
deste decreto serão realizadas somente dentro das praças
de commercio, em lugar ou em mesa separada, ou para
esse fim exclusivamente destinada, e até meia nora
antes dav marcada nos respectivos regimentos para a
reunião da tarde, 'em que os corretores de todas as
classes devem exhibiras competentes notas e quaesquer
documentos, livros ou assentos que forem necessários!
pára se coordenarem as cotações do dia na formado,
seu regimento. Os que se reunirem em qualquer outro"
lugar para o exercício de taes funcções, effectuareij§
semelhantes transacções fora do lugar ou mesa das praças
de commercio para esse fim designado antes ou alem
das horas marcadas, não exhibirem as notas para as
cotações, ou occultarem transacções que tenhão feito, òu
não derem as notas com a necessária exaclidão, «lém
das penas em que incorrerem na fôrma da legislaçaoem
vigor, lhes será imposta a multa de cem mil réis até
um conto de réis, na fôrma do art. 7.° da lei n.° 1083
de 22 de Agosto do anno passado, por cada falta ou
transgressão deste preceito. »
Ora, á vista da intelligencia que o aviso expedido pelo
ministério da justiça com data de 11 de Fevereiro prp-
ximamente passado, deu ao art., 1.° do mencionado
decreto, e das explicações ainda mais amplas propostas
no parecer do conselheiro procurador fiscal, fica fora
— 187 —
de duvida que as operações commerciaes a que se refere
esse artigo, são exclusivamente as realizadas por cor-
retores e entre corretores; e como de mais as pala-
vras—Os que se reunirem em qualquer outro lugar para
o exercicio de taes funcções (as de corretores), effectua-
rem semelhantes transacções (as que somente podem
ser feitas por corretores e entre corretores),— moslrão
evidentemente que a expressão—os que—sõ é re-
lativa aos corretores, parecerá secção fora de duvida
que a doutrina do art. 9.° não prohibe aos commer-
ciantes, ou a seus agentes e caixeiros; ou mesmo áquellas
pessoas que quizerem promover para outrem vende-
dores e compradores na fôrma do art. 45 do código
commercial, que se reunao dentro ou fora da praça do
commercio e a qualquer hora que lhes aprouver.
E' pois somente aos corretores que o art. 9.° impõe
a obrigação de não se reunirem, como taes, senão dentro
da praça em hora determinada; e de realizarem ahi as
operações commerciaes que, na fôrma do decreto de
23 de Janeiro deste anno,, só podem ser feitas por
intermédio delles.
E por quanto parece que a doutrina do citado art. 9.°,
explicado como a secção acaba de fazel-o, exige para
ser convenientemente desenvolvida e executada que o
governo de Vossa Magestade Imperial publique o re-
gulamento autorizado pelo art. 7.° da lei de 22 de
Agosto de 1860, no qual se marque o que ê necessário-
para o exercicio das funcções de corretor e regularidade
de seus actos, convém qüe nesse regulamento seja
reproduzida a mesma doutrina, e reduzida com a pre-
cisão e clareza que a matéria requer
A secção de fazenda discorda ainda do conselheiro
procurador fiscal do thesouro na parle final do seu
parecer; pois é de opinião que as explicações de que
trata, sejão publicadas em fôrma de instrucções geraes,
e não na de resposta á praça do commercio, o que
poderia dar lugar ao grave inconveniente de autorizar
uma discussão entre a praça e o governo iraperiaK
Vossa Magestade Imperial mandara, porém, o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 8 de Junho de 1861.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
— 188 —
RESOLUÇÃO./

Como parece. O
Paço, em 13 de Julho de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 674 .-RESOLUÇÃO DE 47 DE JULHO DE 4864.


Sobre as questões suscitadas pelo presidente do Banco do Brasil
a respeito da renovação annual dos membros da directoria,, no
caso especial, de renuncia dos cargos e reeleição de alguns dos
membros demissionários.

Senhor.—Por aviso de 20 do mez próximo passado,


mandou Vossa Magestade Imperial consultar a secção
de fazenda do conselho de estado sobre as questões
ue o vice-presidente do Ranço do Rrasil submette á
â ecisão do governo, no seu officio n.° 385 de 43 do
corrente, sobre a maneira como se devem entender as
disposições dos estatutos do mesmo banco e da lei
n.° 4083 de 22 de Agosto, que tratãu da renovação
annual dos membros da directoria, em relação ao caso
especial que ora se dá naquelle estabelecimento, de
ter havido por virtude de renuncia, antes da época|
ordinária, isto é, ,á 24 de Maio ultimo, uma eleiçâóí
geral de directores, e por conseguinte contar hoje a
directoria em seu seio seis membros novos, sendo que
somente nove dos demissionários forão reeleitos.
A* secção parece fora de questão que a directoria
do banco novamente eleita deve durar somente até a
época da reunião ordinária da assembléa geral dos
accionistas, devendo fazer-se o sorteio dos directores
na quinta parte, como determina o | 4 4 do art. 2.° dá
lei de 22 de Agosto de 4860, que copiou o art. 41 dos
estatutos do mesmo banco.
A secção considera a directoria actual verdadeira-
mente a continuação da que deixou de existir pelo
facto da demissão dada por todos os seus membros,

(*) Aviso n.« 377 de 2 de Setembro de 1861, na collecção das leis.


— 189 —
e por isso entende que se deve "praticar com esta tudo
aquillo que a lei, e os estatutos determinarão que deve-
ria ser praticado á respeito daquella que se demittiu.
As substituições, portanto, devem ser reguladas pela
antigüidade, e no caso de igual antigüidade pela sorte.
Se o facto da renuncia espontânea pôde servir de
argumento para que se julguem collocados em con-
dições de igualdade com os membros novamente eleitos
os que já íazião parle, e se demittirão, da directoria;
também o facto da reeleição pôde e deve servir de
fundamento para que se julgue o contrario, e tanto
mais que algumas hypotheses se podem figurar, que
inteiramente desvirtuarão o espirito, e a letra daiei, e
dos estatutos, uma vez que se admitia a condição de
igualdade.
E neste sentido entende a secção que devem ser resol-
vidas as questões propostas no officio do conselheiro vice-
presidente do banco.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o quéfôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 8 de Julho de 1861.— Vis-
conde de Jequitinhonha. — Visconde de Itaborahy.—
Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 17 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 672.—RESOLUÇÃO DE 17 DE JULHO DE 1861.


Sobre as duvidas expostas pelo presidente do Banco do Brasil relati-
vamente á eleição e renovação dos supplentes dos directores do
mesmo banco.

Senhor.—Por aviso de 20 do mez próximo passado,


mandou Vossa Magestade Imperial que á secção de fa-

(*) Aviso n.° 312 de 18 de Julho de 1861, na collecção das leis.


- 190 —
zénda do conselho de estado consulte com o seu pa>
recer sobre as duvidas expostas no officio, n.° 386
de 13 do corrente, do vice-presidente do Banco do Brasil,
relativamente á eleição e renpvação dos supplentes dos
directores do mesmo banco, á vista do que dispõeifo
os respectivos estatutos, art. ,45, ealei n.° 4083 de 22
de Agosto do anno passado, art. 2.° § 43.
O oíficio do conselheiro vice-presidente do banco é
do theor seguinte:—«Illm. eExm. Sr.—No meu officio
n.° 385 desta mesma data tive a honra de expor á V. Ex.
as duvidas qué podião occorrer na assembléa geral
dos accionistas do Banco do Brasil a respeite dos
membros da directoria, e solicitei a resolução dellas,
deixando para este oíficio outra questão análoga, sobre
a qual se torna precisa uma resolução do governo im-
perial, que fixe a regra a séguir-se para o futuro a res-
peito dos supplentes de directores.
Díspôz o art. 45 dos estatutos do Ranço do Brasil
qüe a assembléa, em cada reunião ordinária, nomeasse
cinco supplentes pela fôrma estabelecida no art. 39
para preencherem os lugares que ficassem vagos por
morte, impedimento ou resignação dos directores: em
cada reunião portanto da assembléa geral ordinária
erão substituídos os supplentes que podião ser ou não
reeleitos, conforme aprouvesse á mesma assembléa.
A lei de 22 de Agosto de 4860 n.° 4083 dispôz no
art. 2.° 144 que os directores ou membros da gereficif|
ou administração dos bancos fossem substituídos án£
nualmente na quinta parte; e no § 13 que os diregig
tores e supplentes não pudessem ser reeleitos dentro
do primeiro anno, contado do dia da substituição. ,£
O art. 40 do decreto, n.° 2685 de 10 de Novembro:
do anno passado explicou também este artigo, da lei
no mesmo sentido.
Da leitura dos artigos da lei e do reguHjtanento pa-
rece deprehender-se que ella não tratou de alterar o
que se achava disposto nos estatutos dos bancos a res-
peito, do modo e tempo da substituição dos supplente|$
e se limitou a prescrever a renovação annual pela quinjEáí
parte dos membros da directoria ou gerencia dos bancosf
e tratando dos impedimentos para a reeleição exten-
deu-os também aos supplentes que fossem substituidos.
Parecia obvia esta intelligencia, porque não fazendo
o artigo citado da lei | 41 menção de supplentes*;; a
estes se não podião applicar as suas disposições, quando
a própria lei os distinguia no seguinte § 13, ehume-
rando-os para os excluir da reeleição. Entretanto süs-
cita-se a duvida—se a lei. pretendeu que os supplentes
— 191 —
fossem também renovados annualmente pela quinta
arte, e assim sendo, que só o substituído ficasse inhi-
E ido do ser reeleito.
A conveniência de em taes eircumstancias fixar-se o
sentido que se deve d a r á lei e ao regulamento, tor-
na-se de necessidade para evitar o arbítrio de decisões
encontradas; e como esse assumpto não pôde deixar
de ser tratado na próxima reunião da assembléa geral
dos accionistas do banco, permitta-ffie V. Ex. que eu
solicite também do governo imperial a solução desta
duvida, para que se fixe uma regra invariável a seguir
em taes casos, isto é, se os supplentes devem ser subs-
tituídos dPra em diante pela quinta parte somente, ou
se prevalece a seu respeito o que dispôz o artigo dos
estatutos de que acima fiz menção. Deus guarde a
V. Ex. Casa do Banco do Brasil no. Rio de Janeiro, em
13 de Junho de 1861.—Illm. e Exm. Sr. conselheiro José
Maria da Silva Paranhos, ministro e secretario de estado
dos negócios da fazenda.—José Pedro Dias de Carvalho.»
A' secção parece que a única alteração que a lei de 22
de Agosto de 1860 i&j. a respeito dos supplentes dos
directores, foi prohibir a sua reeleição dentro do pri-
meiro anno contado do dia da substituição.
Nem parece á secção que se possa deduzir outra opi-
nião da leitura dos"§f 41 e 13 do art. 2.° da lei acima
citada, e do art. 10, combinado com o paragrapho único
deste mesmo artigo do decreto de 10 de Novembro do
anno próximo passado.
- E neste sentido entende a secção que devem ser re-
solvidas as duvidas expostas no officio, objecto desta
consulta.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 8 de Julho de 1861.— Vis-
conde de Mtquitinhonha.—Visconde de Itaborahy.—
Marquez ae Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 17 de Julho de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

(*) Aviso n.° 309 de 18 de Julho de 1861, na collecção das leis.


— 192 —
N. 673.—CONSULTA DE 18 DE JULHO DE 1861.
Sobre as leis provinciaes de Santa Catharina do anno de'1860.
Senhor.—A secção de fazenda do conselho de estado,
em cumprimento do aviso de 27 de Junho ultimo, exa-
minou a collecção dós actos legislativos da assembléa
provincial de Santa Catharina, promulgados no anno
próximo findo; e não havendo encontrado disposição
alguma, em nenhum dos mesmos actos, que se possa
julgar exorbitante das attribuições conferidas pelo acto
addicional ás assembléas legislativas provinciaes; é de
parecer que seja a referida collecção archivada.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 18 de Julho de 1861.—
Marquez de Abrantes.—Visconde de Jequitinhonha,—
Visconde de Itaborahy.

N. 674.—RESOLUÇÃO DE 24 DE JULHO DE 1861.


Sobre a duvida suscitada no thesouro nacional — se os titulos de
monte-pio, estão ou nao sujeitos ao pagamento do imposto do sello
proporcional.
t
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 44 do corrente, consultar sobre a duvida suscitada .
no thesouro nacional — se os titulos de monte-pio, que se
passão por aquella repartição, estão ou não sujeitos ao
pagamento do imposto do «sello proporciona em face
das disposições vigentes.
A lei de 48 dê Setembro de 4845 no art. 14 declarou
comprehendidos na 3.a classe da tabeliã A. annexa á
lei de 21 de Outubro de 1843 «os titulos que concedera
reformas, aposentadorias, pensões, tenças, meios; soldos
e quasquer outras mercês pecuniárias.»
Desde então forão considerados sujeitos ao imposto
do sello proporcional os titulos do monte-pio, que nada
mais é, segundo o seu próprio plano, do que o produeto
da contribuição de um dia de soldo em cada mez, que
os oíficiaes deixão de receber, para que quando fal-
leção seja pago da mesma fôrma que era ao defunto,
a metade do soldo que este vencia, ao tempo de seu
— 193 —
faUéeimento, â sua vitivá, filha, mãi, ôíf irmã, na falta
umas das outras.
Publicado o regulamento de 26 de Dezembro do anno
passado, e não se achando expressamente contemplados
no § 2.* do art. 44 do dito regulamento ós titulos dê
monte-pio, como também não estavão na lei de 18 de
Setembro de 1845, pois que, aquelle regulamento assim
domo o de 10 de Julho de 4850 art. 26 § 2.% inteira-
mente copiarão as palavras da lei, entendeu o admi-
nistrador da recebedoria do município que « errada-
mente se considerava© titulos dé mercês péCtfhtótfas
os de que se trata, e declarou ao recebedor do seílo
que não èstavãó sujeitas á taxa proporcíoáal mas sim
a fixa do art. 59 § 3.° dó regulamento em vigor.»
Ouvidas aS diversas êstaÇpéS1 dó thesouro são con-
cordes em que o monte-pio não é uma pensão pe-
cuniária.
A secção também entende que o monte-pio não é
uma mercê pecuniária: o meio soldo pôde sel-o, quando
é concedido em attenção aos serviços prestados pelo
marido, pai ou irmão* E considefando que esta mesma
mercê pecuniária assim concedida, deve ser conside-
rada com a natureza de soldo, por ser uma continuação
déllév como forão sempre na phfase da resolução de con-
sulta de 28 de Setembro de 4822; muito mais deve ser
assim entendido o monte-pio que não é oneroso ao
Estado, isto é, como Vèrdádeííp soldo para ser pago
da mesma fôrma, livre de qualquer encargo, como o
seria sé fôrá vivo o contribuinte, segundo se acha, ex-
pressamente declarado nó J 2,° do plano do moqtê-pio,
cujas bases são as mesmas, hôjé vigentes.
Em matérias fiscaes a argumentação poranaÍQgiadiffí-
cilmente se pôde aceitar, e bèrà raras, vezes ê isenta
do risco de ültrapassâr-se a mente do legislador. Mais
acertada, ermiais solida considera a secção á doutrina
do aviso de 43 de Maio de 4ã45, quando resolvendo
a duvida dó pagamento de ,5 7» declarou que « umá
vez q"ué a lei expressamente não comprehendeu o monte-
pio, é fora de duvida que está éxceptuado da regra es-
tabelecida. » E tanto mais qüantó sefido o fim tib monte-
pio remediar com sobriedade, e çtéçeiiCia o desamparo,
como adverte o § 3.» in fine dó dito plãnô, cabe re-
putar alimentos do mesmo modo que o fez a resolução
de 26 de Maio de 4825, « tênues soccorros percebidos ha
viuvez e orphandade. »
Assim que é a secção de parecer que os titulos de
monte-pio não são sujeitos pelas leis vigentes ao ira*
posto do sello proporcional.
— 194 -
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo. , , iQ „. .,'.
Sala das conferências, em 28 de Junho de 1861.-7^-
conde de Jequiiiáhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-,
conde de Habomhy.,,•
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 24 de Julho de 1864.
Com a rubrica de Suá Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.,

N. 675.—RESOLUÇÃO DE 10 DE AGOSTO DE 1861. ;

Sobre o requerimento da directoria do novo Banco de Pernambuco


acerca do honorário do fiscal do mesmo banco.

Senhor. —Nó requerimento, a que se refere o aviso de


44 do mez próximo passado, pondera a directoria tio
f novo Banco de Pernambuco » que o decreto n.° 2746
de 43 de Fevereiro ultimo, prescrevendo que os fiscaes
dos bancos regidos por%erencias tenhão honorário cor-
respondente ao de cada um dos gerenteâ, deu ao daquella
sociedade bancaria vencimentos excessivos e despropor-
cionados com os das outras sociedades da mesma na-
tureza, e pede que se modifique o dito decreto, estabe-
lecendo-Se regras mais conformes á igualdade que deve
presidir á adopção dellas.
A secção de fazenda reconhecendo a dificuldade, senão
impossibilidade, de propor sobre o assumpto um prin-
cipio geral, que satisfaça ás condições de igualdade e de
justiça e que ao mesmo tempo não estabeleça honorários
excessivos para alguns fiscaes e nimiamente diminutos
para outros ; e reconhecendo demais que a reclamação
da directoria do novo Banco de Pernambuco parece fun-
dada, julga que o governo de Vossa Magestade Imperial

(*). Aviso n.° 334 de 31 de Julho de 1861, na collecção das leis.


— 19o —
poderia attender a essa reclamação, decretando quecon-
tinuanao a ser regulados pelo decreto de 4 3 de Fevereiro
ultimo os honorários dos fiscaes dos bancos adminis-
trados por gerentes, com tanto porém que estes honorá-
rios nunca excedessem a um máximo determinado, o
qual poderia ser de seis contos de réis para os da corte
e dé quatro contos para os das provincias.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais acertado. ' •
tr Sala das conferências, em 20 de Junho de 4861.—Vis-
conde de Itaborahy .—Mtírquez de Abrantes.—Visconde
ae Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece, adoptando-se como máximo, para os


fiscaes em geral, os honorários que propõe a secção, e
para o fiscal do novo Banco de, Pernambuco a remune-
ração de três contos de réis, quando a dos gerentes não
for interior. (*)
Paço, em 40 de Agosto de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 676.—RESOLUÇÃO DE 10 DE AGOSTO DE 1861.


Sobre a duvida cm que se acha a directoria do Banco do Brasil re-
lativamente á verdadeira intelligencia da 2. a parte do § 2.» art. 1.»
da lei de 22.de Agosto, ou da disposição que lhe é parallçla, do
art. 4.° do decreto de 10 de Novembro de 1860.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda consulte com seu óarecer sobre á du-
vida que suscita a directoria do Banco do Brasil no officio
junto do seu vice-presidente, relativamente á verdadeira
intelligencia da segunda parte do § 2.°, art. 1.° da lei n.»

(*) Decreto n.o 2814 de 10 de Agosto de 1861. Fixa o maximum do»


honorário que compete aos fiscaes dos bancos em circulação.
-|96-
408340 22^6 Agostp do anno passado, ou da4ÍsposJ£ãp,
que lhe é paraUeía, do art. 4." do decreto n.° 2685 de 4,0
de. Novembro do mesmo anno.
No officío citado expõe o vice-presidente dó banco que
a diversidade deredacção entre o art. 4.° do decreto de \Q
de Novembro do anno passado e a segunda parte do §2.°
art. l.° da lei n-°1083, deu lugar a que na própria di-
rectoria as opiniões não fossem accordes quanto i intel-
ligencia que se lhes devera dar; julgando uns directores
que o quantum da emissão representado por bilhetes
menores de 50gÒQ0 e 25#Q00 deve ser regulada pela
somma total da emissão que existia em circulação no dia
22 de Fevereiro ultimo, em que se verificou a hypotbése
de hão poder o banco abrir o troco de suas notas em ouro,
ao passo qüe elle vice-presidente entende que esse
quaptum se refere á emissão total permittida pela lei de
22 de Agosto, e explicado pela tabeliã ahnexa ao decreto
n.° 2685; fundando-se para assim pensar em que, se,a
lei quizessé referir-se á emissão existente em circulação
na data em quefindasseo prazo de seis mezes, outra seria
a sua letra, determinando expressamente este caso; enãò
se limitaria a usar das palavras « emissão total » que pa-
recem indicar uma emissão já conhecida, que não pôde
ser outra nesta hypothese, senão a de que falia a mesma
lei.
A secção de fazenda começará por observar que ne-
nhuma differença encontra na redacção dps dous artigos
a que se refere o vice-presidente do banco, que possa
justificar divergência de opiniões sobre a doutrina que
elles contêm.
A segunda parte do § 2.° art. 1." da lei de 22 de Agosto
de 1860 diz : .« Se dentrp.de seis mezes, contados da pu-
blicação desta lei, o Banco do Brasil não se achar habili-
tado para realizar suas notas em ouro, não poderá dahi em
diante conservar na circulação mais de 25% da sua emis-
são total, representados pelos referidos bilhetes de quan-
tia inferior a 50#0Ó0 na côrté e 25#ÓP0 nas provincias. »
Ora, como pela própria organização do Banco do Brasil,
a caixa matriz não emitte bilhetes nas > provincias e esta
faculdade só é concedida ás suas filiaes, claro é que as
palavras « Banco do Brasil » exprimem, no artigo tr.au-*
scripto, o complexo das caixas matriz èfiliaes,que cpnsr
tituém esse estabelecimento.
O art. 4.°do decreto n.* 2685é concebidpnestes terrnos:
« O Banco do Brasil e suas caixas filiaes não poderão
conservar era circulação mais de 25 % de sua emissão
total representada por bilhetes menores de 50Ã000 na corte
e província do Rio de Janeiro, e de 25#0«0 nas demais
- 197 -
províncias, se no prazo, de seis mezes contados de 22 de
Agosto deste annò, não tiver aberto o troço de suas notas
por moeda metallica »
E' manifesto que a palavra—Banco do Brasil—se toma
aqui na accepção de—Caixa matriz do Banco do Brasil-r-*
como usualmente se faz.
Não ha pois differença de doutrina entre as disposições
dos dous artigos.
A secção concorda em que, se a lei de 22 dp Agosto
quizesse referir-se á somma dos bilhetes que se achas-
sem em circulação no fim do prazo de seis mezes
contados da data da mesma lei, outra devera ser a sua
letra; mas entende que também outra devera ser a
redacção, se a lei quizesse referir-se à emissão máxima
que o vice-presidente diz inadvertidamente ter sido fi-
xada para o Banco do Brasil.
As palavras « emissão total »,não designãp no conceito
da secção, nem parecem indicar uma emissão já conher
cida.
Se a lei tivesse dito « O Banco do Brasil não poderá con-
servar na circulação mais de 25,°|0 de sua emissão, repre-
sentados (os 25 %) por bilhetes de 50JJ000 na corte, e de
25#000 nas provincias » não haveria duvida de que os taes
25 °/0 se referiãoá emissão effectiva.
Ora sendo assim, parece que o adjectivQ — total —
junto ao substantivo—emissão—não faz mais do que
acrescentar a idéa de. ser a dita emissão formada não
só de bilhetes de 2,5<JQ00 e de 50#000, mas ainda de
bilhetes de majores valores; e que portanto a doutrina
do | 2,° acima transcripto é, que a somma de uma das
partes integrantes da emissão que cada uma das caixas
tio Banco do Brasil tiver nas mãos do publico em qual-
quer occasião, isto é, a dos bilhetes de 50#000 na corte
e a dos de 25#000 nas provincias, hão deverá exceder
a 25 °/0 da somma de todas as partes integrantes da
mesma emissão, ou 25 °/0 da emissão effectiva.
Nem de outro modo poderia justificar-se a disposição
do §2.°, art. 1.°, da lei de'22 de Agosto.
São sabidas as razões allegadas pelos que sustentão
que os bilhetes do banco não devem sahir da esphera
das grandes operações de commercio para servirem de
instrumento nas pequenas permutas que o consumo diá-
rio exige, e forão certamente essas mesmas razões que
determinarão o poder legislativo a pôr limites á circu-
lação dos bilhetes de pequeno valor, apropriados a esse
ultimo destino,
Marcar porém, como limite, uma somma fixa e de-
terminada, fora desconhecer que o mal que se pretende
- 198-
evitar' cora tal disposição depende, não da quantidade
absoluta tios pequenos bilhetes, mas de sua relação
com a dos de maior valor.
Nem se opponha a esta intelligencia obvia do § 2."
art. 1.° da lei de 22 de Agosto a impossibilidade era
que pôde alguma vez achar-se a directoria do banco
de manter a relação de 1:4 ehtre duas quantidades, das
uaes uma ao menos pôde variar independentemente
3 a vontade da mesma directoria: 4.° porque o limite
dos bilhetes de 50#000 e 25/J00O é um máximo, do qual
nunca deverá o banco aproximar-se muito; 2." porque,
ainda quando esse máximo possa ser ultrapassado mo-
mentaneamente por eircumstancias independentes dos
actos da administração, poderá esta empregar sempre
meios de redüzil-o com facilidade aos limites legaeá.
Semelhante emergência pôde dar-se a respeito da
regra, que lhe prescrevem os estatutos, de não elevar
a emissão acima do duplo do fundo disponível, e nem
por isso a transgressão momentânea desse preceito
poderá constituir uma violação dos mesmos estatutos,
se fôr devida a causas que a directoria esteja inhi-
bida de remover.
A secção não terminará estas observações sem pon-
derar que a disposição do art. 4." dá lei de 22 de AgóStó
não é appliçavel ao*Banco do Brasil, e que quanto aos
limites da emissão, se acha ainda este estabelecimento
sujeito unicamente»ás regras dós.seus estatutos. Se de
conformidade com estas regras puder o banco ter uma
emissão muito superior á constante da tabeliã anhexa
ao decreto n.' 2685 de,40 de.Novembro ultimo,.não
lh a vedão nem esse decreto, nem a lei de 22 de Agostç
do anno passado. A tabeliã só fixa o limite que ne-
nhuma das caixas do banco poderá ultrapassar, quando
não estiver autorizada a fázel-o por seus respecti-
vos estatutos , sem dependência de concessão do go-
verno.
E' pois a secção de parecer que as palavras—emissão
total—empregadas na 2." parte do § 2.° art. 1.° da lei
de 22 de Agosto de 1860 não se referem nem á somma
aos bilhetes que existião na circulação no dia 22 de
íevereiro do anno corrente, nem tão pouco á da tabeliã
annexa ao decreto n.° 2685 de 10 de Novembro ultimo;
mas sim á totalidade da emissão que o banco tiver em
qualquer circumstancia ou occasião nas mãos do pu-
blico; e que portanto é preceito daquelle paragrapho
que—a
re
parte da emissão effectiva do Banco do Brasil
í E e , n l a d a p o r bilh etes menores de 50#000 na corte
e 25#000 nas provincias, nunca deverá exceder a 25 V,
— 199 —
do algarismo resultante da somma desses mesmos bi-
lhetes com todos os de outros valores.
Vossa Magestade Imperial, porém, ordenará o que
julgar maiâ acertado.
Sala das conferências, em 26 de Junho de 1861.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes .—Vis-
conde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO,

Como parece. (*)'


Paço, em 10 de Agosto de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 677.—RESOLUÇÃO DE 28 DE AGOSTO DE 1861.


Sobre a duvida apresentada pelo fiscal do Banco Commercial e Agrí-
cola, relativamente ao limite legal da emissão do mesmo banco,
em vista dos estatutos das suas caixas filiaes recentemente ap-
provados.
Senhor.-4Houvê Vossa Magestade Imperial por bem
qüe a secção de fazenda do conselho de estado consulte
cora o seu parecer acerca da duvida apresentada peto
fiscal do Banco Commercial e Agrícola, em seu oíficio
de 10 de Junho do corrente anno, relativamente ao limite
legal da emissão do mesmo banco, em vista dos esta-
tutos das suas caixas filiaes, recentemente approvados.
0 art. 4.° da lei n.° 4083 de 22 de Agosto do anno
passado prescreve que « nenhum dos bahcos creados por
decreto dó poder executivo poderá emittir, sob a fôrma
de notas ou bilhetes ao portador, quantia superior ao
termo médio de sua emissão operada no decurso
do primeiro semestre desse anno, emquanto não estiver
habilitado! para realizar em ouro o pagamento de suas
notas,. »

f) Aviso n.° 367- de 26 de Agosto de 1861, na collecção das leis.


- 200-
A segunda parte do §2." do mesmo artigo determina
também que « Se dentro de seis mezes contados da
publicação da dita lei o Banco do Bíasil não se achar
habilitado para realizar suas notas em ouro, não poderá
dahi em diante conservar na circulação mais de 25% de
sua emissão total, representada por bilhetes de quantia
inferior a 50#0Ô0 na corte e a 253000 nas provincias. »
Esta ultima clausuladéraonstraque a expressão—Banco
do Brasil—é, no sentido de lei, a reunião de suas
caixas matriz e filiaes, e que, pois, idêntica significação
devp ter a mesma palavra empregado no principio do
artigo.
Applicandò esta doutrina ao Banco Agricola; parece
á secção que, se a este banco não é licito ter na
circulação mais de 7.237:900#000, emquanto não realizar
ou não declarar que está prompto para realizar suas
notas em moeda metallica, a lei todavia não o obriga
a conservar essa quantia distribuída pelas differentes
caixas na proporção em que o estava quando ella foi
promulgada. Esta proporção podia ser alterada pelo
banco ; podia mesmo concentrar-se toda a emissão em
umadas caixas, supprimindo-se inteiramente adas outras.
A secção não pensa que tal intelligencia possa ser
contrariada pelo decreto n.° 2683 de 40 de Dezembro
ultimo; por quanto, bem que nas palavras do art. 4.°, «se
à emissão actual de cada üm dos referidos bancos ou
suas caixas filiaes >> a conjunção1 disjunetiva » oü «em
lugar da ^COpuiativa » e « poderia tornar duvidoso o
sentido dellas, todavia não só o emprego da copu-
lativa > e « no art. 4 .• dó mesmo decreto, onde se
lê: * A emissão dos bancos de circulação.. ..e de suas.
caixas filiaes e agencias não poderá exceder, etc. » mais
ainda a tabeliã h." 1 junta aquelle, decreto, mostrãó
que não se quiz entender por emissão do Banco Agrícola
unicamente a da caixa matriz, mas a somma da de todas
as três caixas., matriz e filiaes.
, Ora como os estatutos das de Campos e Vassouras;
tirándo-íhes a faculdade de emíltir, não fizerão mais
do que estabelecer, como preceito legal, uma provi-
dencia que ã directoria do banco êstáva autorizada a
pôr èm execução ; é era nada alterão quer as disposições
da lei de 22 cie Agosto, quer as do decreto de 10 dé
Dezembro; parece á secção de fazenda que o Banco
Agrícola, hoje reduzido, unicamente a caixa matriz no
que diz respeito á emissão de notas, conserva o direito
que lhe fora dado antes dos mesmos estatutos, de ter
na circulação a somma de 7.237;900||000 nos termos
da citada lei de 22 de Agosto.
— 201 —
Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôr mais
aceitado. . . .
Sala das conferências, 22'de Junho de 1861.— Visconde
de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde de
Jequitinhonha.
RESOLügÃO.

Como parece. (*)


Rio, 28 de Agosto de 1861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 678.—RESOLUÇÃO DE 28 DE AGOSTO DE 1861.


4
Sobre o requerimento dos directores da Caixa Hypothecaria da
Bahia, solicitando a graça de ser approvada a modificação que
propõem ao art. 38 dos respectivos estatutos.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, que a


secção de. fazenda do conselho de estado consulte com
o seu parecer sobre o requerimento dos directores da
Caixa Hypothecaria da provincia da Bahia, solicitando a
graça de ser approvada a modificação que propõem ao
art. 38 dos respectivos estatutos, que forão approvados
pelo decreto n.° 2722 de 12 de Janeiro do corrente
anno.
O art. 38 dos estatutos da Caixa Hypothecaria da Bahia
diz : —Nenhuma letra será descontada faltando-lhe mais
de seis mezes para o vencimento. Nenhum empréstimo,
nem hypbtheca serão feitos á prazo maior de seis mezes.'
Nenhuma letra poderá ficar depois dp protestada, mais
de trinta dias sem procedimento judicial.
Pedem agoráps süpplicantes que a cláusula relativa ás
hypothecas seja substituída pela seguinte:—As hypo-
thecas serão amortizadas semestralmente com 10 % pelo
menos do capital primitivo, quando a directoria o exigir,
pagos os prêmios do que se ficar devendo.

Aviso n;° 383 de 4 de Setembro de 1861, na collecção das leis.


c. 26
— 202 —

A secção de fazenda, considerando que esta ultima


disposição é mais conforme que as dos estatutos com
a natureza dos empréstimos hypothecariós sobre bens-
de raiz, e que por conseguinte facilita as operações,
para que a caixa foi especialmente creada, entende que
o requerimento dos süpplicantes deve ser favoravel-
mente deferido.
Sala das conferências, em 29 de Junho de 4861.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde,
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 28 de Agosto de 1861.
Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria, da Silva Paranhos.

N, 679.—RESOLUÇÃO DE 18 DE SETEMBRO DE 1861.


Sobre o recurso interposto pelos negociantes da praça do Maranhão,
da decisão da presidência da mesma prpvincia, indeferindo-lhès a
pretenção, de não pagarem o imposto provincial de consumo no ta-
baco ou fumo, importado de outras provincias.
Senhor.—Por aviso de 3 do corrente, mandou Vossa
Magestade Imperial que a secção de fazenda do con-
selho de estado consulte sobre o recurso interposto por
João de Oliveira Santos & Sobrinho e outros negociantes
da praça do Maranhão, da decisão da presidência da
mesma província—indeferindo-lhes a pretenção—de não
agarem o imposto provincial de consumo sobre o ta-
Eaco ou fumo, importado de outras províncias.
Os recorrentes, negociantes da praça do Maranhão,
havendo requerido á presidência da provincia para
serem alliviados da contribuição de 10 7o que varias

(*) Decreto n.» 2823 deli de Setembro de 1861. Approva a modifica-


ção do art. 38 dos estatutos da Caixa Hypothecaria da Bahia, na
fôrma proposta pela respectiva direcção.
— 203 —

leis provinciaes lançarão sobre o tabaco ou fumo, im-


portado das outras províncias, não obtiverão deferimento
pelos motivos exarados no seu despacho, que diz:
« A' vista das razões constantes do parecer junto deve
ser pago o imposto, contra o qual reclamão os süp-
plicantes, tanto mais quanto os gêneros desta provincia
são também tributados em outras. Palácio do governo
do Maranhão, 10 de Agosto de 1860.—João Silveira de
Souza.»
No officio em que a presidência informa o requeri-
mento de recurso dos recorrentes, remette-se a in-
formação do thesouro provincial acompanhada do pa-
recer do procurador fiscal.
O inspector da thesouraria provincial entende que o
imposto lançado sobre o tabaco ou fumo de producçãú
de outras provincias, importado para o consumo desta,
não offende as imposições geraes do Estado, porque
nenhuns direitos geraes pagão, e portanto tal impo-
sição está dentro tios limites do poder legal, que con-
feriu o acto addicional ás assembléas provinciaes. Se
fora conveniente que as diversas provincias do Império
se não tributassem reciprocamente? é isto uma questão
de alia indagação, cujo conhecimento só deve pertencer
ao poder legislativo nacional.
O procurador fiscal diz que as leis provinciaes n." 500
de 21 de Julho de 1858, e n.' 531 de 30 de Julho do
mesmo anno, impondo sobre o tabaco exceptua dos
direitos ahi estabelecidos o importado do estrangeiro,
e deste modo se não pôde dizer que são oppostas á
lei geral na parte em que dispõe que os impostos de-
cretados pelas assembléas provinciaes não offendão as
imposições geraes do Estado. Por outro lado, a de-
cisão do governo provincial, á que se referem os au-
tores da representação'junta, é anterior áquellas leis.
Pelo que entende que a referida representação é des-
tituída dé fundamento.
Dos documentos juntos pelos recorrentes vê-se;
1." Que em 1857, ordenando a lei provincial n.° 440 de 21
de Julho de 1856 art. 2.° § 18, que o assucar entrado
nesta capital*para consumo pagasse 2 1/2 %, vários ne-
ociantes representarão contra esse imposto, e o presi-v
f ente Taques attendeu-os, declarando que taes direitos
unicamente podião recahir no assucar produzido na
provincia. Isto é notório, e consta do relatório que
esse presidente apresentou á assembléa provincial.
2.° Em 4858 o vice-presidente Dias Vieira fez sus-
pender o pagamento dos direitos do sabão vindo das
outras provincias; dee^ajandoigualmente* que apenas.
— 204 —

o tabaco ou fumo importado do interior desta, podia estar


sujeito ao imposto do art. 42 § 12 daquella lei n.° 440.
A secção antes de dar seu parecer julga conveniente
de primeiro avaliar as razões com que o presidente,
o inspector da thesouraria e o procurador fiscal pre-
tendem justificar o indeferimento de que recorrera os
recorrentes.
Duas são as razões dadas pelo procurador fiscal:
4.* que-a lei exceptuou o tabaco importado do estran-^
geiro; e por isso não se pôde dizer que os impostos
offendem as imposições geraes; 2.* que as decisões
do governo provincial citadas pelos recorrentes são de
data anterior á das leis ora em questão.
Emquanto á 4.*, além de não ser stricta e abso-
lutamente concludente qué só offendão as disposições
geraes aquelles impostos lançados sobre gêneros im-
portados do estrangeiro* temos não só o § 9.° do art. 41
do acto addicional que obsta a que uma provincia com
suas leis offenda os direitos de outra; como o art. 12
que prohibe.expressamente ás assembléas provinciaes
o legislarem sobre impostos de importação, e não fa-
zendo este preceito constitucional differença entre im-
portação do estrangeiro, ou de um ponto qualquer do
Império, é evidente que comprehendeu toda a impor-
tação, seja do estrangeiro, ou do paiz, seja por' mar
ou por terra. E nem se pôde presumir que o legislador
constituinte, cuja mente era consolidar mais e mais
a integridade do Império, e somente dar uma nova
fôrma ao exercicio do direito reconhecido e garantido
pelo art. 71 da constituição com a creação das assem-
bléas provinciaes, quizesse abrir a pprta á uma luta, que
sobre ser fratricida, é anti-eéonomica, e prejudicial á in-.
dustria e commercio geral e provincial.,
Quem tem o direito de crear impostos protectores
da industria do paiz, tem também o de prohibir a en-
trada de productos,similares dessa mesma industria;
e então o único meio de evitar taes vexames seria o
dè estipular tratados, ou concessões diplomáticas entre
provincia e provincia, sendo o ultimo resultado a dis-
solução da integridade nacional! O que de certo não
podia, ter em mente o legislador constituinte.
Emquanto á 2. a , Cumpre notar que as hypotheses
erão idênticas, e para não haver contradicção, que de-
nunciasse fraqueza ou vistas oppostas aoS sãos prin-:
cipios da política interna, é constitucional do paiz, e
do governo era dò rigoroso dever do administrador da
provincia seguir o principio adoptado pelo sêu ante*
cessor, e que neste caso eqüivalia á um aresta*
'— 20o —

0 inspector da thesouraria somente aerescenta, que


todas as provincias se tributão, é a do Maranhão não
deve ser a única em não participar dessa vantagem.
Os recorrentes respondem a isto' que um abuso não
deve servir de norma para o procedimento político, ou
administrativo do governo. E na verdade a questão é
de princípios, e estes conslitucionaes, e por isso nenhum
cabimento ou procedência pôde ter o argumento de
analogia, que eqüivale aqui a uma vetdadeira repre-
zalia; quanto mais que os governos provinciaes das outras
provincias não havião dado o salutar exemplo de se
terem recusado xao cumprimento de tão anti-consti-
tucional imposição, reconhecendo por tal modo e tão
explicitamente o direito que tinhão os interessados de
não pagar o imposto, direito que, uma vez admittido pela
suprema autoridade da provincia, não era licito a igual
autoridade desconhecer, devendo, se tinha escrúpulos
ou duvidas, recorrer ao governo geral, de quem era
delegado.
A secção sente que, não dando o presidente da pro-
vincia outro motivo para justificar o seu indeferimento,
expressamente adoptasse no seu despacho o da analogia,
acima apreciado.
No apreciamento que acaba de fazer a secção já ficão
expostos os princípios que a dirige nesta consulta, de
accôrdo com outras sobre idêntico objecto, como fosse
a datada de 31 de Outubro do anno passado, á cujo
conteúdo pede licença a Vossa Magestade Imperial para
referir-se. Coherente, portanto, com esses princípios é
de parecer que seja deferido favoravelmente o recurso
interposto, rnandando-se suspender a cobrança do im-
pugnado imposto» até que a assembléa geral legisla-
tiva, á quem devem ser enviadas as leis em questão,
decida definitivamente.
Senhor, não é raro. verem-se povos irmãos divididos
segundo suas profissões habituaes, as quaes dão lugar
a interesses industriaes encontrados. Os que são ma-
nufactureiros reclamão direitos protectores para os
productos de suas manufacturas, e os que o não são
pedem a revogação de taes direitos, que augmentão o
preço dos gêneros de consumo.
A dissolução que actualmente ameaça uma das nações,
que mais se adiantara na opulencia, e importância so-
cial, os Estados-Unidos do Norte, tem também por
uma de suas causas principaes a adopção de direitos
protectores das manufacturas dos Estados do Norte da
republica. Qs do Sul querem a rejeição. A solução pois
de questões tão vitaes não podem ser deixadas aos
— 206 —

interessados, ou no nosso caso ás assembléas provin-


ciaes. O acto addicional determinou o contrario, pro-
hibindo ás assembléas provinciaes o legislarem sobre
impostos de importação sem fazer distincção desta ou
daquella importação!
A sabedoria desta disposição constitucional é urgente,
e de absoluta necessidade que seja respeitada, pondo-se
termo á sua violação, que já se torna geral.
, Os legisladores provinciaes, descuidados dos sãos
princípios da sciencia econômica, e de finanças, no
apuro da deficiência da renda, creão impostos sem os
consultarem, embora ofiendão elles as fontes da riqueza
publica, é embarassem a administração geral pelo que
respeita aos meios mais eíficazes de promover, e con-l
solidar á prosperidade nacional.
Ao governo de Vossa Magestade Imperial, e â assem-
bléa geral legislativa incumbe o dever de obstar o mal;
um, suspendendo a execução de taes leis, a outra to-;
mando uma decisão definitiva, que sirva de regra para.
o futuro.-
Os conselheiros Marquez de Abrantes e Visconde de
Itaborahy são de parecer que estes papeis devem ser
remettidos á assembléa geral, á quem compete resolver
a questão sobre que versa o recurso.
E' este o parecer da secçãp, que Vossa Magestade
Imperial se dignará apreciar em sua alta sabedoria,3
para resolver como julgar mais conveniente.
Sala das conferências, em 15 de Maio de 1861.—
Visconde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—
Visconde de Itaborahy.

RESOLUÇÃO.

Seja presente á assembléa geral.-(*)

Paço, em 18 de Setembro de 4861.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

(*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa*


Aviso de 9 de Qutubro de 1861. ^,
— 207 —

N. 680.—RESOLUÇÃO DE 18 DE SETEMBRO DE 1861.

Sobre o direito que allega ter D. Maria Olinta Pinto Coelho da


Cunha ao meio soldo do seu finado pai, por achar-se viuva ao
tempo do fallecimento de sua madrasta, que gozava daquelle be-
neficio.

Senhor.—Por aviso de 14 do corrente mandou Vossa


Magestade Imperial consqltar sobre o requerimento e
mais papeis relativos ao direito que allega ter D. Maria
Olinta Pinto Coelho da Cunha, ao meio soldo do seu
finado pai o coronel Antônio Caetano Pinto Coelho da
"Cunha, por achar-se viuva ao tempo do fallecimento
de sua madrasta, que gozava daquelle beneficio.
Ouvida a secção do assentamento da terceira con-
tadoria do thesouro nacional foi do parecer seguinte:
« O coronel Antônio Caetano Pinto Coelho da Cunha,
sendo Viuvo de D. Maria Olinta de Araújo, passou a segun-
das nupcias com sua cunhada D. Julia Amalia de Araújo.
Fallecendo em 11 de Fevereiro de 1834, concedeü-se
o respectivo meio soldo á dita D. Julia, que o fruiu
até 27 de Outubro de 4859, em que morreu.
D. Maria Olinta Pinto Coelho da Cunha, sua enteada e
sobrinha, como pretendeu provar no juizo competente,
habilitou-se então á fim de tornar effectivo o seu direito
á reversão do beneficio. Para conseguil-o, allegou que era
filha do sobredito coronel, legitimada pelo subsequente
matrimônio delle com D. Maria Olinta, e que embora hou-
vesse casado ainda em vida de sua tia e madrasta
D. Julia Amalia, todavia enviuvara também antes desta
fallecer; accrescendo a isto que sendo órpbã, quando
morreu seu pai, devia o meio soldo ser repartido por
ella, pela viuva e por um seu irmão germano.
A thesouraria de fazenda de Minas indeferiu a pre-
tenção, e do seu julgamento recorreu a habilitanda.
Parece que o caso não é de recurso, visto que a de-
cisão da thesouraria não foi e nem podia ser defi-
nitiva.
Mas, prescindindo dessa questão de formula, entende
esta secção que o julgamento da thesouraria deve ser
sustentado; por quanto nenhum direito assiste á sup-
plicante para haver o meio soldo que reclama, além
de não terrse-regularmente habilitado.
Não habilitou-se segundo os preceitos da lei, porque
, não provou que é a única filha do fallecido coronel
Coelho da Cunha, á quem actüalmente* possa competir
o meio soldo, e nem que viveu em companhia de seus
— 208 —
pais, se bem que, attenta a sua menoridade, quando
os perdeu, deveSSe ser dispensada essa exigência.
A sua filiação também é bastante duvidosa, pois que
a respectiva certidão de baptismo, cujo assentamento
foi lavrado nos livros competentes muitos annos de-
pois em virtude de justificação, diz que tinha sido ex-
posta em casa de Luiz José Pinto Coelho, e acrescenta
que era filha legitimada do mencionado coronel, como
declarara o seu procurador, cumprindo notar que este
additamento teve lugar em Agosto de 1844-, isto é, 40
annos depois.de fallecido o official.
Nem um direito tem ao soccorro que pretende, por
já ser viuva, quando morreu sua madrasta. r f
A ordem n.° 405 de 30 de Outubro de 1844 é mtíito
expressa: segundo ella, o meio soldo é devido por
escala: 4.° ás.viuvas; 2.° ás filhas dos militares ; sendo
que estas o percebem, não por direito de successão,
mas de reversão.
A' vista disto, a viuva do coronel Coelho da Cunha
recebeu o que lhe competia, e não é admissível o ar-
gumento adduzido pela habilitanda, de que ella e seu
irmão devião' gozar do beneficio conjunctamente com
a mesma viuva.
Se, pois,- só pela morte de sua madrasta podia re-
clamar o reconhecimento do seu direito, era necessário
. que então se achasse nas eircumstancias da lei; e isso não
aconteceu^ porque concedendo a lei o meio soldo uni-
camente ás filhas dos militares solteiras ao tempo do
fallecimento dos pais" ou das mais, como o explicou
a ordem n.° 9 de 12 de Janeiro de 4848, já era viuva
na occasião em que morreu sua tia.
O facto de ser sua madrasta a viuva que a precedeu
no gozo do meio soldo não pôde favorecel-a, na opinião
desta secção, úma vez que dá-se também neste caso
a razão por que a lei excluiu do beneficio as filhas dos
militares que se cas|o antes do óbito das mais.»
Com este parecer concordarão o contador da mesma
contadoriá, o director geral da contabilidade e o pro-
curador fiscal.
A secção, adoptando esta mesma opinião, é de parecei?
que seja indeferida a pretenção da supplicante. íí
Sala das conferências, em 28 de Junho de 4864.—
Visconde de Jequitinhonha.—Marquez de Ábrantesfrr
Visconde de Itaborahy. - ••• •,-•?
— 209 —
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 48 de Setembro de 4864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

' ! N. 681 . — RESOLUÇÃO DE 25 DE SETEMBRO DE 1861.


Sobre a intelligencia do art. 32 dos estatutos do Banco do Brasil,
quanto ao honorário que compete ao respectivo presidente nos
seus impedimeulos por moléstia ou licença. '

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial,'em aviso


de 20 do mez próximo passado, que, convindo firmar-se
a intelligencia do art. 52 dos estatutos do Banco do
Brasil, quanto ao honorário que compete ao respectivo
presidente nos seus impedimentos por moléstia, con-
sulte a secção de fazenda do conselho de estado sobre
a matéria dos papeis que acompanharão q citado aviso,
relativos á questão suscitada por occasião da licença, que
ultimamente pediu o conselheiro de, estado Cândido
Baptista de Oliveira, presidente daquelle estabelecimento.
Dos referidos papeis consta: 1.? que tendo o governo
de Vossa Magestade Imperial concedido ao presidente
do Banco do Brasil licença por seis mezes com ven-
cimento nos termos do art. 52 dos respectivos estatutos,
para tratar na Europa de sua saúde, declarara a di-
rectoria do mesmo banco ao ministério da fazenda que
não compete ao governo apreciar as eircumstancias do
art. 52 dos estatutos, para o fim de conceder licença
com honorário ao presidente daquelle estabelecimento;
2.° que, respondendo o ministério da fazenda a esta
communicação, observara á directoria que não podendo
o presidente do banco deixar o exercicio de suas funcções,
nem retirar-se desta capital sem autorização do go-
verno imperial, a concessão da licença era indispen-
sável para esse fim e de incontestável competência do
mesmo governo; mas que tal licença nãó impedia por

(.*) Aviso n.« 426 de 28 de Setembro de 1861, ha collecção das leis.


c. 27
- 210 -
fôrma alguma que a directoria do banco providenciasse
quanto coubesse era suas attribuições e julgasse con-
veniente acerca do impedimento do seu presidente;
3."H finalmente, que á Vista desta resposta resolvera
a directoria que o ordenado do presidente do banco íosSe
somente pago pelo exercicio effectivo.
A secção de fazenda, pondo de parte o modo por que
foi tomada e coramunicada ãó governo imperial a de-
liberação da directoria, entende que a ella pertence
avaliar se o presidente, deixando de comparecer alli por
mais de quinze dias, está ou não no caso de contimrtttf
a receber o honorário que é pago pelos cofres daquella
corporação; mas não concorda em que a directoJjfe
tenha o'direito de estabelecer, como do officio juflf
do vice-presidente' do banco de 18 de Junho deste anno
parece deduzir-se ter ella estabelecido, que o honorário
do presidente é devido somente no- caso de effectivo
exercicio, pòr quanto fora isso revogar a expressa dispo-
sição da ultima parte do art*. 52 dos estatutos.
A secção reconhecendo, como disse, que á directoria
do Banco tio Brasil compete avaliar as eircumstancias
e os casos em que o presidente tem direito de continuar
a receber honorário, apezar de impedimento quê o
inhiba de comparecer alli por mais de 15 dias, reco-
nhece também que a decisão tia directoria pôde era
alguns casos ser injusta e offensiva dos interesses do
presidente ; o qual não fica por isso privado de recurso,
porque então suscita-se entre este e a directoria uma
questão de direito adquirido; questão proveniente, não
dé um decreto ou regulamento do governo, mas de um
contracto estipulado entre o governo e a sociedade
—Banco do Brasil—; e que portanto deve ser decidida
pelo poder judiciário.
Tal é, Senhor, o parecer da secção de fazenda, sobre
a matéria acima indicada, que Vossa Magestade Imperial
se dignará de resolver como fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 11 de Julho de 1861.—Vis-
cõnde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha. ,
RESOLUÇÃOw"
Como parece. (*)
Paço, em 25 de Setembro de 4861.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva .Paranhos.
{*) Aviso n.o 422 de 28 de Setembro de 1861, na collecção das leis.
— 211 —
N. 682.—RESOLUÇÃO DE 28 DE SETEMBRO DE 1861.
Sobre o recurso de Manoel da Silva Baratina dá 'decisão do minis-
tério da fazenda declarando subsistente a ordem do thesouro
que mandou annullar o titulo de aforamento de um terreno de
marinhas.
Senhor.—Manoel da Silva Baraúna, cidadão brasileiro
residente, na cidade da Bahia, recorreu para o con-
selho de estado, da decisão do ministério da fazenda
de 21 de Fevereiro ultimo, a qual não só declarou
Subsistente a ordem do thesouro de 17 de Setembro
fie, 1859, que mandou annullar o titulo de aforamento
obtido por elle em 1838 de oito braças de terreno ao norte
da ponte do consulado p fronteiro ao edifício da praça
do , commercio daquella cidade, mas ainda concedeu
á associação commercial o aforamento desse mesmo
terreno.. ,.
Para bem comprehender-se a pretenção do recorrente,
cumpre á secção expor quanto tem,occorrido a res-
peito delia. *
Em 1838 foi concedido a Manoel da Silva Baraúna
pelo presidente da provincia da Bahia o aforamento de
oito braças de terreno de marinhas no lugar denomi-
nado—Praça do Commercio—sob a condição de o con-
cessionário não edificar no dito terreno nem pagar foro
dejle, senão depois que a mesa do consulado fosse
mudada do edifício em que então se achava.~
Nesse e no seguinte anno se fizerão semelhantes
^concessões a outros particulares sem a cláusula acima
referida, a qual teve por fim evitar que se inutilisasse
a escada da ponte do consulado, que dava para o terreno
concedido a Baraúna.
Reconhecendo-sé porém depois que os terrenos ou
alguns dos terrenos dados por aforamento (e nesse nu-
mero estava o. do recorrente) erão na máxima parte
não banhados, mas occupados pelo mar, expediu o
thesouro, em, deferimento a uma reclamação de José
Gonçalves da Fonte, morador na cidade da .Bahia, o
aviso de 24 de Maio de 1839, no qual declarava,ao pre-
sidente dá provincia que «menos bem se havia ajji
entendido o que são terrenos de marinhas aforaveis
na conformidade da lei de 45 de Novembro de 4831,
e do art. 4, 9 das instrucções de 14 de Novembro de
1832, pois que se linha pretendido aforar, em vez de
terrenos, o próprio mar com faculdade de ser aterrado ;
e que portanto cumpria que cessassem taes concessões-
irregulares. »
— 212 —
Em 20 de Julho .seguinte determinotí-se pinda ao
mesmo presidente que .annullasse as concessões, an-
teriormente feitas de terrenos de marinhas nas eir-
cumstancias acima mencionadas.
Era 8 de Outubro desse mesmo anno, sendo já outro
o ministro da fazenda , declarou o thesouro á presi-
dência da Bahia que « ficavão sem vigor os referidos
avisos dé 24 de Maio e 20 de Julho na parte em que
naandavão annullar as concessões anteriormente feitas
de terrenos de marinhas; as quaes se devião considerar
como válidas emquanto pelo poder judiciário não se
decidisse o contrario.» .\
Em 15 de Janeiro de 1841 tornou o thesouro a decla£
rar á thesouraria daquella provincia « que as concess^ü
dos terrenos, de que se trata, devião ficar de nenhum
effeito, como illegaes, nos termos do aviso de 20 de
Julho de 1839.»
Em 23 de Agosto de 1844 foi ainda restabelecida a
doutrina do aviso de 8 de Outubro, determinando-se á\
mesma presidência «que mandasse pôr em vigor esse
aviso, pelo qyal tinhão sido annullados os de 24 de
Maio e 20 de Julho do mesmq anno, na parte que
mandavão desfazer as concessões anteriormente feitas
de terrenos de marinhas, ficando por conseguinte
também sem effeito a ordem de 15 de Janeiro de 1841* »
O aviso é do mesmo ministro que assignára o de 8 de
Outubro de 1839.
Em 12 de Junho de 4854, depois da resolução de
consulta de 30 de Maio de 4880,- forão de novo revo-
gados os avisos de 8 de Outubro de 4839 e 23 de Agosla
de 4844, ordenando-se á presidência da Bahia «u que?
houvesse de proceder á annullação dos aforamenlos
constantes de uma relação » que se lhe enviou, na
conformidade das* ordens de 20 de Julho de 4849, 18
de Dezembro de 1840 e 15 de Janeiro de 1841; pois
que esses aforamentos tinhão sido concedidos ille-
galmente e contra as regras estabelecidas na lei de
15 de Novembro de 1831 e das instrucções de. 14
de Novembro de 4832, como havia declarado a ordem
de 24 de Maio de 4839. »
Tal era a decisão que estava em vigor quando o
recorrente, que nunca tomara posse do terreno de que
se julga legitimo foreiro, fez ao presidente da provin- f
cia da Bahia em 8 de Outubro de 4 857 o seguinte re-
querimento :
« Illm. e Exm. Sr. presidente.—Diz Manoel da Silva Ba-
raúna, que sendo-lne concedidas no anno de 4838, por
aforamento perpetuo, pelo governo da provincia, em
- 213 —

cumprimento da lei de45 de Novembro de 4831, depois


de praticadas todas as diligencias ordenadas nas ms-
trucções de 14 de Novembro de 1832, ,e ouvido o
proçuradorfiscal da thesouraria de fazenda, oito braças
de terrenos de marinha no lugar denominado—Praça
do Commercio —, confinando pelo lado do sul com
outras tantas concedidas a João Vaz de Carvalho, e pelo
do norte com a esquina da casa do commercio, mediante
porém as condições exarados no titulo que era seu
original junto offérece ; vem agora á presença de V. Ex.
requerer a expedição de novo titulo, em confirmação
daquelle, a fim de evitar qualquer prejuízo, que por
ventura, alguém lhe queira causar, á pretexto de qu6
Posteriormente aquella concessão foi declarado pelas
ordens do thesouro de 24 de Maio de 1839, e 12 de
Jplho de 1851, visto como, não obstante, deve o sup-
plicante ser mantido na posse das ditas marinhas, até
porque conforme o novo alinhamento daquella parte
dapidade, não podem hoje ficar devolutas, e sim entu-
lhadas, e occupadas por alguma edificação no referido
alinhamento, para a qual'tendo o mesmo supplicante
adquirido um direito de preferencia, por virtude da
concessão obtida do governo da provincia, em vista
da citada lei, espera da esclarecida, e justiceira admi-
nistração de V. EX., ser atlendido, e por tanto pede a V.
Ex.J favorável deferimento, em attenção ao que expen-
didofica.—E. R. M.—Bahia, 8 de Outubro de 4857.—
Manbel da Silva Baraúna. »
Este requerimento teve o seguinte despacho profe-
rido pelo ex-presidente da Bania, o conselheiro Si-
nirabú:
t Tendo sido annulladas pelas ordens do thesouro
de 24 de Maio de 1839, e 42 de Julho de 1851 todas as
concessões de marinhas que em 1838 se fizerão a
diversos particulares, não pôde ser attendida a re-
clamação do supplicante, podendo entretanto requerer
quaesquer outras que estejão por aforar em lugar que
mais lhe convier.—Palácio do governo da Bahia, 23 de"
Outubro de 1857.—Sinimbú. »
Contra este despacho reclamou o recorrente, e obteve
do presidente ou vice-presidente, que era o desem-
bargador Messias de Leão, o seguinte deferimento:—
« Continue o supplicante na posse das marinhas que lhe
forão concedidas pelo titulo junto, até que o governo
imperial, a quem vai ser levado este negocio, decida
como melhor entender.—Palácio do governo da Bahia,
25 de Setembro de 1858.—Leão. »
O negocio foi com effeito submeltido á deliberação
— 214 —

do governo imperial, que por intermédio do ministro


da fazenda, expediu á thesouraria da provincia a ordem
seguinte: ,
« N. 130. Ministério dos negócios da fazenda, em 47
de Setembro de 4859.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz, presidente do tribunal
do thesouro nacional, participa ao Sr. inspector da
thesouraria de fazenda da Bahia, em resposta ao seu
officio n.° 299 de 7 de Dezembro do anno passado^,
que nesta data expede aviso á presidência da provincia^
para qüp, na conformidade da ordem do thesouro de
42de Junho de 4851, mande proceder á annuIlação dfe 1
aforamento concedido ao commendador Manoel daSillp
Baraúna das oito braças de terrenos ao norte da pol|e
do Consulado, fronteiras ao edifício da praça do com-
mercio; podendo o referido commendador requerer
qualquer outro terreno de marinhas que lhe possa ser
concedido sem prejuízo da publica servidão ou de par*
ticulares.Outrosim ordena ao Sr. inspector, para poder-se
resolver sobre a pretenção da associação da dita prótin*
cia, constante do requerimento transmittido pela sobrsy
dita presidência com officio de 5 de Novembro de 1858,
a lhe serem concedidas aquellas oito braças de terrenas,
que exija e remetta ao thesouro a planta das obras
que a mesma associação pretende alli fazer, e igual*
mente a planta do local como se acha aClualmente,
incluindo os lugares que, sobre o titulo de marinhas',
forão concedidos a João Vaz de Carvalho e ao Í dito
Baraúna; as de que ella se acha de posse por qual-
quer outra concessão, e também qualquer outra extensãp
que a mesma associação pretende por nova eoncésí$$>
para realização das mencionadas obras.—Ângelo Mo-
niz da Silva Ferraz. » .
Por virtude desta deliberação dirigiu o recorrente ao
ministério da fazenda o requerimento junto em 24; de
Agosto do anno passado, no qual allega que,, lhe deve
ser mantido o aforamento das oito braças de terrenos
1.° Porque, quando o presidente da Bahia lhe con-
cedeu era 26 de Setembro de 1838 o dito aforamento,
fez com elleumpsntracto, para que estava plenamente
autorizado pela lei de 45 de Agosto, que diz assim—e o
mesmo ministro na corte e nas provincias os presidentes
em conselho poderão aforara particulares aquelles dé
taes terrenos que acharem conveniente.
V Porque a ordem de 24- de Maio de1839 não mandou
annullar as concessões já feitas, mas somente determinou
que cessassem dahi em diante as concessões irregulares
fora dos termos da lei, tanto que por aviso de 8 de Ou-
— 215 -
tubro de 1839 se declararão subsistentes as anterior-
mente feitas; aviso que foi depois mandado pôr em vigor
pela ordem de 22 de Agosto de 1844.
3:° Porque varias ordens expedidas pelo thesouro em
1844 declararão que a annullação dos aforamentos de
marinhas não podião ter lugar por acto meramente admi-
nistrativo .
4.° Porque a ordem de 42 de Junho de 1851 só mandou
annullar ,o aforamento de varias pessoas, cujos nomes
bonstavão,de uma relação, onde não estava incluído o
seu.
* 5." Porque o aforamento do supplicante não podia ser
comprehendidó entre os que se,mandarão annullar, por
conter a cláusula'expressa de tornar-se effectivo unica-
mente depois que o.consulado fosse mudado tio edifício
da praça do commercio; condição que no decurso de
22 annos não se havia ainda verificado. ,
* 6." Finalmente, porque, se o aforamento do suppli-
cante devera ser anndllado por não serem terreno de
marinha as oito braças que lhe havião sido concedidas,
pela mesma razão estava a associação commercial, que
as pretendia, privada de obtel-os.
Quasi dóus annos antes de ser apresentado o reque-
rimento que fica éxtractado, havia a junta directora da
associação commercial da Bahia recorrido ap governo
imperial para reclamar contra o despacho que Baraúna
conseguira do presidente Messias de Leão. Em sua pe-
tição ponderou á mesma junta que, tendo resolvido aterrar
algumas braças de mar em frente do edifício da asso-
ciação commercial para alargar a praça, onde elle se
acha coilocado eorlal-a de um cáes, fora embaraçada
nesse utii projecto em quanto não se sujeitou a aforar
40 braças de terreno, ou antes de mar, que lhe forão
concedidas pelo presidente da provincia, o qual invalidou
para esse fim a concessão anteriormente feita a João
Vaz de Carvalho; que nesse espaço estendeu já a dita
praça e construiu o cáes correspondente; que estas duas
obras estão prestando ao publico grande serviço, mas
ue ficaráõ incompletas se não continuarem pelo lado
3 o norte, como a junta pretende fazel-o; e que esta
continuação será impossível, se se declarar subsistente
a concessão feita a Baraúna.
A respeito desta representação foi ouvido o conse-
lheiro procurador fiscal do thesouro, que deu o seguinte
parecer:
« Constando da informação" do inspector da thesou-
raria de fazenda de 2 de Novembro de 1858 que o local
de que se trata, isto é, as oito braças ao norte da ponte.
- 216 —
do consulado, são fronteiras ao edifício da praça do com-
mercio, bastaria este motivo para se julgar nullo e de
nenhum effeito o aforamento concedido em 1838 a Ba-
raúna, quando muitasoutras razões não aconselhassem
ser por demais conveniente declarar-se insubsistente o
mesmo aforamento.
Assim, pois, soutie parecer que o ministério da fazenda,
usando do direito que a lei. lhe confere, especialmente
a imperial resolução de consulta de 30 de Maio de 1850,
a qual declarou ser inquestionavelmente da competência
administrativa o contencioso dos terrenos de marinhasf
do qual tem usado muitas vezes, como se jyê de diffe-
rentes ordens do thesouro, confirme a deliberação do
presidente da provincia da Bahia, que se acha annexaía
estes papeis, de 23 de Outubro de 1857, declarando nullo
e de nenhum effeito o aforamento concedido a Baraúna,
o qual pôde requerer e obter por aforamento qualquer
outro terreno de marinhas que lhe convenha, em qual-
quer outro lugar em que, sem prejuízo da publica ser-
vidão ou de terceiro particular, se possa effectuar a
concessão.
Para se resolver porém a concessão que ^requer a
associação commercial, sou de parecer que a thesouraria
exija da mesma associação, e remetia ao thesouro: 1."
a planta das obras que alli pretende fazer; 2.° a planta
do local como se acha actualménte, incluindo-se os
lugares que sob o titulo de marinhas forão concedidos
a Carvalho e Baraúna; aquelles de que se acha de posse
por qualquer outra concessão, e qualquer outra extensão
que pretenda por nova concessão, para realizaçãotias
ditas obras., Directoria geral do contencioso, em 14
de Setembro de 1859.—Arêas. »
As informações forão com effeito exigidas da the-
souraria da provincia, que as acompanhou do seguinte
officio :
«N. 269.—Illm. eExm. Sr.—Com a resposta da junta
da associação commercial desta praça por copiaye'
planta do local juntos, que a titulo de marinhas de.qíue
se acha ella de posse, e das que ora pede que lhe sejão
ainda concedidas para realização das obras que pre-
tende fazer; satisfaço a ordem de V. Ex. n." 430 de 47
de Setembro do anno passado. Verse da referida res-
posta que a administração da praça do comraercioisõ
têm em vista continuar a aformozear o edifício que admi-
nistra, fazendo levantar pelo lado do norte igual porção
de cáes em seguimento do primeiro, cuja edificação
servirá igualmente de logradouro publico, não preten-
dendo construir nenhuma propriedade de casas, mas
— 217 —
sim assegurar o edifício dos embates do mar, rodeando-o
de espaçosos cáes e praças, e destacando-o de outras
casas, para não ficar sujeito a incêndios, conservando-o
elegantemente.
Sendo, como é, o pretiio de utilidade publica, como
fica dito, persuado-me que a junta da associação está
nos termos de merecer o aforamento que pede.
Deus guarde a V. Ex. Thesouraria de fazenda da Bahia,
em 14 de Julho de 4860.—Illm. eExm. Sr conselheiro
presidente do tribunal do thesouro nacional.—O ins-
pector, Manoel Maria do Amaral. »
Sobre a matéria deste officio foi ainda ouvido o pro-
curador fiscal interino^ do thesouro, que disse o se-
guinte:—«Quanto., ao requerimento de Baraúna, entendo
que eile deve ser indeferido pelos mesmos fundamentos
do parecer.fiscal, que motivarão o despacho de 15 de
Setembro de 1859.
Quanto á concessão do terreno impetrado pela associa-
' cão commercial da Bahia, parece-me que não pôde ser
feita emquanto a thesouraria não remetter as plantas
que 'forão exigidas por aviso n.° 130 de 13 de Setembro
do mesmo anno, e que de novo se deve exigir. Directoria
geral do contencioso, em 28 de Janeiro de 1861.—
Menezes e.Souza.»
A pretenção dá junta foi por fim deferida pelo des-
pacho de 24 de Fevereiro ultimo, lançado no dito
officio e concebido assim:—* Conforme a primeira parte
do parecer fiscal, e conceda-se á associação commercial
da Bahia o aforamento, que requer para as obras que
indica, devendo a thesouraria remetter a planta exigida
na segunda parte do parecer fiscal, logo que sefizera
medição, demarcação, etc. Rio de Janeiro, em 24 de
Fevereiro de 4861.—Silva Ferraz. »
Foi contra esta deliberação que recorreu Baraúna
para o conselho de estado, allegando as mesmas razões
em que baseara o requerimento feito, ao thesouro em 24
de Agosto do anno passado.
A secção. de fazenda, considerando que a concessão
feita a Baraúna não teve fundamento na lei de 45 de No-
vembro de 4834 ; e que, sendo o mar aue banha o litoral
do Brasil propriedade nacional, não pôde a menor porção
delle passar para o dominio exclusivo de ninguém, sem
lei que o autorize; e que por conseguinte énullatal
concessão por'falta de base em que se funde; con-
siderando que mesmo a respeito do aforamento dos ter-
renos de marinhas.ios presidentes de provincia não obrão
senão como delegados do governo imperial; con-
siderando demais que pela resolução de consulta de 30
c. 28
— 218 —
de Maio de 4850 está decidido que é da competência
administrativa o contencioso dos terrenos de marinhas?;
considerando que ainda quando as ordens do thesouro
anteriores á de 47 de Setembro tie 4859 não tivessem já
ahnullado aquelle aforamento, podia o. governo fazêl-o
depois; e considerando finalmente que o terreno da
questão é neêessario para embellezar, e alargar a praça,
chamada—do Commercio—e para maior commodidade
do publico, entende que o recurso do supplicante deve
sèr indeferido.
A secção pensa todavia, que assim como a lei de 45
dê Novembro de 4831 não permitte que se afore ao
recorrente o terreno que lhe havia sido concedido em
4838, assim também inhibe que seja elle concedido á
associação commercial da Bahia, embora para o fim
que se declara na representação da jUnta; tanto mais;
porque, ficando assim a mesma associação privada do
dominio útil do terreno, não se pôde conceber a sua
qualidade de foreirâ.
O arbítrio, que á secção parece mais razoável e mais
legal, consiste em dar-se licença á junta para fazer as
obras, que pretende, na extensão correspondente ás oito
braças fronteiras ao edifício da praça, na fôrma da
planta junta; ficando todavia declarados de servidão
publica .tanto o terreno como o cáes.
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais
justo e acertado.
Sala das conferências, em 44 de Julho de 4864.—Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, em 28 de Setembro de 4861.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Sitva Paranhos.

O Aviso n.°43t» do 1.» de Outubro de 186.1, na collecção das leis.


— 219 —

N. 683.—RESOLUÇÃO DE 2 DE OUTUBRO DE 1861.

Sobre a duvida suscitada pela directoria geral de contabilidade—se


D. llenriqueta Carlota Hess pôde, depois de casada, continuara
perceber o montfe-pio que lhe abona o thesouro, por morte de
seu irmão, offlcial da armada.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 26 do corrente, que a secção dé fazenda do conselho
de estado consulte como seu parecer acerca da se-
gunda das duvidas propostas pela directoria geral tia
contabilidade nos papeis juntos ao dito aviso ; isto é, se
D-. Hçnriqueta Carlota Hess pôde, depois de casada, conti-
nuar a perceber o monte-pio que lhe abona o thesouro,
por morte de seu irmão, ofíicial da armada.
O director geral da contabilidade opina do modo
seguinte : « Duas questões suscitão-se neste negocio.—
A primeira é se esta pensionista do monte-piô, tendo-
se casado, pôde continuar a recebel7o, passando ella
quitação em folha.—A segunda é se por este mesmo
facto devet perder o beneficio que percebe, porque o
art. 8.° do\respectivo plano, determinando que as ir-
mãs donzéllas "dos officiaes de marinha gozem do
monte-pio, por morte delles, no caso de não ficar viuva,
filhas no estado de donzéllas ou viuvas, e mãi no es-
dò de viuvez, não e expresso se as ditas irmãs perdem
o soccorro, sese casão; entretanto que,o mesmo plano
é expresso a este respeito, nos arts. 2.° e 4.°, quando
trata das viuvas e filhas dos officiaes.
Pelo que respeita á primeira questão, está resolvida
pela ordem de 16 de Dezembro de 1857 n. ° 463 expe-
dida de conformidade cora a imperial resolução de con-
sulta de 12 do mesmo mez, e ainda pela decisão pos-
terior de ,42 de Julho de 1860 no caso idêntico da
mulher de João José Anselmo Tavares, decisão e aresto
de conformidade com os quaes dei parecer nesta data
na pretenção de D. Delfina Maria do Nascimento, mu-
lher do ofheial de marinha Antônio, Dias ' dos Santos
Bellico, da provincia de Sergipe.
Pelo que toca á segunda, estou inteiramente de aceôr-
do com a opinião do contador da terceira contado-
ria, porque sendo a espécie do art. 8.° do planoa
mesmissima do art. 4.°, não descubro uma só razão
para que as irmãs de officiaes, que percebem a pensão
do monte-pio por morte delles devão perdera, pelo
facto do casamento, no entanto que, conforme o art. 4.°,
não perdem a mesma pensão as filhas que apercebem
—. azu —
por morte dé seus pais, ainda que casem com qualquer
pessoa que seja.
Todavia, tratando-se de intelligencia de lei, entendo
que deve ser*ouvida a directoria geral do contencioso. »•
Com este parecer concorda o procurador fiscal.
A secção tomando em consideração que o legislador
podia ter em mente diversos motivos para .não incluir
no art. 8.° do plano, de 1795 a espécie de que se trata,
não julga mesmissimas as .duas hypotheses, scüicet, a
da filha, e a da irmã que no gozo do monte-pio se casarão;
e por isso receia ampliar a disposição dô art. 8.° com
a que preceilua o art. 4.° para as filhas dos fallecidos
officiaes da armada, ficando mais justificado o receio da
secção com o silencio do plano mencionado, e espe-
cialmente do decreto n.° 1023 de 16 de Julho de 1859.
Assim que entende àsecção que, pelo que concerne ao
direito da supplicante, a continuação do gozo do monte-
pio" em questão, só o corpo legislativo é o competente
para,resolver, e estabelecer a regra que se deve seguir
em casos idênticos. Se porém a Vossa Magestade Im-
perial parecer que deve attender a equidade que assiste
á supplicante, julga a secção que seu marido, e não
ella, e o competente para passar a quitação em folha
na fôrma da circular n." 463-de 16 de Dezembro de
1857.
O conselheiro Visconde de Itaborahy entende que, se
como opina a maioria da secção em outro^parecer desta
mesma data, o monte-pio não é senão o equivalente
de um dia de, soldo, com que contribue mensalmente
cada official dé marinha, para ser pago depois de .seu
fallecimento aos herdeiros designados no respectivo
plano, não pôde ser privada do dito monte-pio a pessoa
que tiver entrado no gozo deste direito.
Tal disposição só poderia ser justificada, se o monte-
pio fosse dado como soccorro ou favor á viuva, mãi,
filha ou irmã do official fallecido que se reputassem
pessoas desvalidas ou miseráveis, e que se entendesse
mudarem de condição pelo casamento ulterior.
Assim concorda o dito conselheiro com o parecer do
conselheiro director geral da contabilidade do thesouro;
e com o da maioria da secção na parte em que esta
entende que pertence ao marido da supplicante passar
quitação,
Vossa Magestade Imperial resolverá como fôr mais
justo.
Sala das conferências, em 28 de Junho de 4861.— Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.r-Vis-
conde de Itaborahy.
— 221.—
*- RESOLUÇÃO.

Seja presente á assembléa geral, como parece á maio-


ria da secção. (*)
Paço, em 2 de Outubro de 4861.
Com'a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 684.—RESOLUÇÃO DE 16 DE OUTUBRO DE 1861.


Sobre as duvidas suscitadas pelO vice-presidente do Banco do Brasil—
se as disposições dos §§ 11 e 13 do art. 2. ° da lei de 22 deAgosto de
1860 são applicaveis aos directores e supplentes das caixas filiaes
do mesmo ban,co.
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem,
que a secção de fazenda do conselho de estado con-
sulte com seu parecer, á vista do officio junto do vice-
presidente do Banco do Brasil, n.° 406 de 19 deAgosto
ultimo :
4." Se as disposições dos §§ 44 e 13 do art. 2.-da
lei n.° 4083 de 22 de Agosto de 1860 são applicaveis
aos directores e supplentes das caixas filiaes do Bapco
tio Brasil.
2." No caso .affirma.tiVo, se o supplente substituído
não pôde ser nomeado director.
Parece á maioria da secção de fazenda: 4.° que as
disposições dos | | 44 e 43 da lei de 22 de Agosto do
anno passado são applicaveis tanto á caixa matriz,
como ás filiaes do Banco do Brasil; 2.° que o sup-
plente substituído não pode ser nomeado director antes
de" decorrido o,prazo de um anno, contado da data
da substituição; por quanto fora contradictorio inhi-
b.il-o sob essa designação, de exerper accidentalmente
as funcções de membro da administração do banco, e

' (*) Aviso n.° 442 de 5 de Outubro de 1861, na collecção das leis. Sub-
mel te á consideração da assembléa geral legislativa, aviso de 9 de
Outubro de 1861.
* — 222 —
permillir-lhe aliás que o faça, como director, de um
modo mais permanente e duradouro.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha sente dif-
ferir da opinião da illustrada maioria da secçãov
O § 44 do-art. 2.° da lei de 22 de Agosto do anno
próximo passado diz : « Os directores ou membros da
gerencia, ou administração dos bancos serão substi-
tuídos annualmente na quinta parte. A antigüidade, e,
no caso de igual antigüidade, a sorte regulará a substi-
tuição. »
O art. 40 do decreto de 10 de Novembro de 4860
estabelece o mesmo preceito ; mas depois de —banco—
acrescenta « e de suas caixas filiaes, qualquer qüe seja
a natureza, ou qualidade de suas operações.»
A uma só vista parece que a disposição do art. 10
tio decreto é muito mais ampla, abrangendo as caixas
filiaes, que não, forão comprehendidas na lei, o que
importaria uma violação delia.
O mesmo conselheiro, porém, entende que sendo a
mente do legislador evitar com aquella, disposiçãops
inconvenientes e abusos, que se poderião dar em uma
eleição sem correctivo algum, e cujos eleitores a nin-
guém são responsáveis, qual é o caso das eleições feitas'
em as assembléas geraes dos accionistas, não legis-
lou para os casos, em que os gerentes, administradores,
ou directores são nomeados por empregados respon-
sáveis perante as assembléas geraes; o -que faz* que
taes nomeações não podem ser consideradas análogas
áS outras, isto é, sem correctivo, e sujeitas aos in-
convenientes, é abusos que o legislador se propôz-
obstar.
E nesta hypothese estão os directores das caixas fi-
liaes do Banco do Brasil, os quaes são, nsmeados pela
directoria da caixa matriz.
E que a lèi de 22 de Agosto não se referiu ás di-
rectorias destas caixas filiaes se demonstra ainda mais
com o emprego unicamente da palavra—reeleitos—que
se lê no § 13 do mesmo art, 2.°, a qual suppõe elei-
tores reunidos, votação, em fim, eleição. Se outra fo4sse
a mente do legislador diria—reeleitos, ou nomeados—
esta é a linguagem techniea do nosso systema político.
E a própria lei aqui Citada dá o exemplo-da diffe-
rença de significação dos doüs termos; empregando—no*-
meado—quando se refere á designação dos direetores
feita pelo governo, § 14 art. 2.°, usando porém do termo
—reeleitos—quando se trata de escolha feita pela as-
sembléa geral dos accionistas.
Mas podendo dar-se o caso de serem os directores
— 223 —

das caixas filiaes dos bancos nomeados lambem pelos


accionistas em assembléa geral, foi esta hypothese pre-
venida pelo art.- 10 paragrapho único do decreto.
Assim que, no juizo do conselheiro Visconde de Je-
quitinhonha as disposições dos §§11 e 13 do art. 2."
da lei n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860 não são appli-
caveis aos dkectores e supplentes das caixas filiaes do
Banco do Brasil, os quaes na conformidade dos res-
pectivos estatutos das caixas filiaes são nomeados pela
directoria tia caixa matriz.
Da resposta acima dada ao 1.° quesito resulta a affir-
mativa pelo que respeita ao 2.° quesito. E ainda que
nao resultasse opinaria todavia o mesmo conselheiro
que o supplente substituído pôde ser nomeado director,
orque nem a lei, nem o decreto expressamente o pro-
E íbem, sendo axioma de hermenêutica, que òs precei-
tos prohibitoriós não admittem ampliações por deduc-
ções, e analogias.
Vossa Magestade Imperial mandará, porém, o quê fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 28 de Setembro de 1861.
— Visconde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.
— Viconãe de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece ao conselheiro Visconde de Jequiti-
nhonha. (*)
Paço, era 4,6 de Outubro de 4861.
Com/a rubrica de Sua Magestade o Imperador. '
José Maria da Silva Paranhos.

N. 685.—RESOLUÇÃO DE 27 DE NOVEMBRO DÉ 1864,


Sobre a pretenção do padre Joaquim Luiz.de Almeida Fortuna ao
pagamento dos ordenados do' cx-commissario pagador das tropas
, Antônio de Torres Homem, de quem é cessionário.
Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial, que as
secções reunidas .dé_ justiça e fazenda consultem, tendo
^ — — i •• i i • i . - ! • i i II • • i !• . i - . ii—n • i i. n m

(*) Aviso n.»- 472 de 18 de Outubro de 1861, na collecção das leis.


— tm. —
em vista os pareceres das directorias geraes dò con-
tencioso e contabilidade, sobre a pretenção do padre
Joaquim Luiz de Almeida. Fortuna ao pagamento da
quantia de 2:800#Q00 de ordenados do ex-coramissario
pagador das tropas Antônio de Torres Homem, de quem
é cessionário. (*) . :
Para bem apreciar o histórico desta porfiada questão,
julga a secção dever transcrever o minucioso e claro
relatório feito em 15 de Outubro de 1859 pelo 3." es-
cripturario do thesouro José Alves da Silva Oliveira.
« Por aviso do ministério da guerra de 25 de Novembro
de 1837 communicou-se ter sido reintegrado no lugar
de cómmissario pagador da já extincta thesouraria
geral das tropas, por immediata resolução de consujta
de 16 de Agosto, do mesmo anno, Antônio de Torres
Homem, a fim de fazer-se no thesouro o respectivo
assentamento e pagar-se-Hie o ordenado de 400#000
annuaes de Dezembro de 1832 em diante, para o
que vierão juntas a esse aviso a carta imperial de
reintegração datada de 18.de Setembro do supracitado
anno e uma guia passada pelo contador do arsenal
de guerra em 6 de Dezembro, da qual consta ter-se
pago ao mesmo cómmissario o ordenado até o ultimo
de Novembro de 1832.
Recusando o thesouro cumprir aquelle aviso, Torres
Homem pediu a sua execução era um requerimento
com data de 29 de Agosto de 1843, o qual não foi
deferido, como se vê do despacho de 29 de No-
vembro de 1844, pelo que disserão os conselheiros
contador da contadoria geral da revisão e inspector
geral do thesouro nos seus pareceres.
O primeiro, em 15 de Novembro de 1843, declarou
ter.obstado ao pagamento do cómmissario em questão
o não haver sido cumprido o aviso da guerra de 25
.de Novembro, por motivo, como suppunha, de ter o
então ministro da fazenda tido em mente os resultados
dos exames que, acerca das contas dos alugueis, de
casas occupadas por militares, em que estiverão envol-
vidos o dito Torres Homem e o thesoureiro geral
Ignacio Piegas Tourinhó Rangel, fizerão na thesou-
raria geral das tropas primeiramente elle e o con-
selheiro Mariz, e depois este ultimo e Gonçalves
Villela, exame que originarão a demissão do mesmo
cómmissario; parecendo-lhe,porém, que não só o al-

,*) Vid. as pags. 159 e 179 do 3.° volume.


— 225 —
vara expedido pela secretaria da guerra, como a absol-
vição pelo poder judiciário habilitarão Torres Homem
para obter o que requeria, porque o julgamento e a
resolução de consulta faziáo desapparecer a crimi-
nalidade.
Para esclarecer o negocio, reuniu o mesmo contador
ao requerimento o relatório de 10 de Novembro de 1826
da 4.a commissâo, o da 2.1 datado de 7 de Maio de
4828, e uma exposição que fizera em 26 de Abril de 4839
do estado deste negocio por-exigência do conselheiro
Cândido Baptista.
Desses documentos vê-se :
4.° que as commissões tendo procedido a um escru-
puloso exame nos papeis e livros daquella thesouraria
geral, quer existentes no thesouro, qqér ainda em poder
do respectivo thesoureiro, encontrarão diversos erros
a malversações, quaes s^ão: duplicatas de pagamento,
recibos de quantias ou não lançadas no livro das notas,
ou substituídas neste por outras menores, attestados fal-
sificados e um alcance de 4:948#375; a saber: 4:386§024
liquido a e 562#333 duvidoso, o qual differe do encontrado
pela 4. contadoria do extincto thesouro", pois que da
1." porte é augmentado de 94#200, e na2. a diminuído de
357$333, em razão de se haverem achado' documentos
que legalisavão a despeza; podendo com tudo esta ul-
tima crescer, visto o thesoureiro ficar responsável áté a
final solução por todas as quantias que constavão dos
conhecimentos que se desencaminhárão, e cujas assigna-
turas a contadoria julgou-falsas, do que já se tinha sus-
peitado, quando se verificarão as duplicações de paga-
mento já indemnizadas pelo thesoureiro, e cujos conhe-
cimentos existião no juizo dos feitos.
2.° que ouvirão o próprio cómmissario pagador sobre
as malversações e enganos que elle mesmo reco-
nheceu, e disse estar prompto a reparar, pagando á fa-
zenda não só estes como qualquer outro prejuízo que
apparecesse, proveniente de omissões suas; respon-
dendo que, quando as causas desses erros, e especial-
mente o de apresentarem-se notadas no livro repetidas
importâncias diversas 4das mencionadas nos conheci-
mentos, era porque nos momentos de grande aífluencia
de expediente, não querendo demorar as partes, fiava-se
no qüe ellas dizião relativamente ao tempo dos venci-
mentos dos alugueis, e que, não lembrado já das
sommas de que passara conhecimento, cotava depois
no competente livro as que, segundo as notas anteriores,
se devião pagar, e, quando, dada esta hypothese, a
não corresponderem-se essas mesmas notas, que pro-
c. 29
— 226 —

vinha isso tio laborioso expediente de sua competência,


o qual muitas vezes o distrahía.
3." que, ouvido o thesoureiro Viegas Tourinho, este
respondera que já pela secretaria da guerra se lhe
havia remettido uma copia dos exames da contadoria,
e em conseqüência das conferências que então fizera,
nada mais se lhe offerecia a dizer.
O conselheiro fnspector geral em seu parecer de
45 dé Novembro dé 1844 exprimiu-se da maneira se-
guinte: * ' .
4.° Está convencido de que, se fossem presentes ao
conselho supremo militar, quando consultou sobre a
reintegração dó cómmissario pagador, e ao governo
que o reintegrou, os exames e relatórios do thesouro,
nos quaes se patenteava© os erros de oíficio é escan-
dalosas malversações pelo mesmo commissari^torati-
çadas, e que forão causa de sua demissão, jámaisHeria
alcançado tal favor, nem lhe valeria nesse caso a ab-
solvição obtida no juízo dos feitos; porque delia se
não seguia a annullação do decreto de demissão, que
era um acto administrativo, havido com conhecimento de
causa; e que. também não conseguiria essa absolvição,
se os relatórios, recibos e attestados falsos não fossem
extraviados, como acontecia, por incrivel felicidade do
sobredito cómmissario, a todos os papeis qüe lnepodião
fazer carga, pois que o processo iniciado sobre este
desapparecimento e os papeis origínaes que na secre-
taria da guerra fundamentarão sua demissão, seguirão
o mesmo caminho.
2." Entender que era necessário tirar de uma vez
ao mesmo a esperança de alcançar o que desejava,
annullando-se como ob e subrepticia sua reintegração
e subsistindo o decreto de sua demissão; porque, exis-
tindo no thesouro copias dos relatórios e mais tra-
balhos, e as pessoas que os fizerão, subsistia* ainda o
motivo pelo qual nenhum ministro da fazenda linha
querido reconhecel-ó como empregado de repartição;
extincta, não obstante os avisos, da guerra e as repe*
tidas instâncias do sobredito cómmissario. Nem podia
ser de outra fôrma, visto este reconhecimento im-
portar nada menos do que pagar-se-lhe 4:800#000
de 42 annos de ordenado, contados de Novembro
de 4832 até a dada do parecer (Novembro, de 1844)y:
da mesma maneira que se lhe. pagara pela reparti-:
ção da guerra o de cinco annos pouco; mais ou me-
nos, que esteve suspenso e demittido, ficar cora a pen-
são vitalícia de quatrocentos mil réis, annuaes é com di-
reito de ser empregado ; recòmpensando-se assim com
— 227 —

o prêmio não só dós innoeentes, mas com o dos bons


servidores do Estado, a quem pelos seus feitos e quali-
dades deveria ter por grande'mercê o ser unicamente
demittido: e isto quando a fazenda nacional estava no
desembolso de parte do roubo que se lhe fez com in-
tervenção de Torres Homem, e que fora averiguada
pela 2.à commissão, tendo sido paga tão somente da
parte que o fora pela 1."; sendo feito esse. embolso
não pelo cómmissario, como prometlêra,,mas pelo então
thesoureiro geral Ignacio Viegns, viôtima de sua bo-
nhomia e das malversações do mesmo cómmissario.
Os avisos da guerra a que o conselheiro inspector geral
allude,parecem ser os de 9 de Maio e 31 de Julho de 1844,
que estão entre os papeis e juntos a uma carta do conse-
lheiro Jeronymo Francisco Coelho, então ministro da
guerra, dirigida ao conselheiro Alves Branco, que o
era da fazenda. Pedia aquelle a final solução do ne-
gocio de Torres Homem, desde tanto tempo parado
apezar de diversos avisos, sem que se desse esclare-
cimento algum a respeito, ignorando-se na repartição
a que pertencia, o motivo para isso; porque, visto não
ser o cómmissario pagador o verdadeiro responsável
das, faltas occorridas no cofre da thesouraria, mas sim o
thesoureiro geral Viegas, a quem se ordenara repuzesse
O alcance, cessando por isso o andamento do processo
que contra o mesmo cómmissario se mandara instaurar
pelo juizo da coroa, e ter sido com effeito indemnizada a
íáZerida publica do dito alcance, parecia fora de razão
não se cumprir a immediata resolução de 16 de Agosto
de 1837; jazendo entretando Torres Homem na miséria e
a ponto de-chegar a propor a cessão de qualquer recla-
mação relativa a atrazados.
Em 22 de Janeiro de 1840, o mesmo cómmissarip pa-
gador transferiu o direito dá cobrança de seus ordenados
do 1.° de Dezembro dé 1832 ao ultimo de Novembro de
4S39, na importância de 2:800#000, ao padre Joaquim
Luiz de Almeida Fortuna, conslituindo-o porisso pro-
curador em causa própria. Este foi reconhecido habili-
tado por acórdão tia relação de 4 de Novembro de 4848.
A sentença dada em 8 de Abril de4848 pelo juiz dos fei-
tos nos autos de habilitação julgou improcedente a mes-
ma por não se provar que o cómmissario pagador dei-
xara de receber o ordenado, e, bem assim, que no ther
souro.nenhuma duvida se puzera a respeito da .guia,
abrindo-se no livro competente o assentamento ; mas o
referido acórdão reformou-a em razão de ser bastante
para se dar por habilitado o cessionário a escriptura pu-
blica de cessão.
— 228 —

Nestes termos, em um requerimento datado de 5


de Junho de 1849 dirigiu-se ao • thesouro o referi-
do padre Fortuna, como cessionário do então já falle-
cido Torres Homem, pedindo pagamento dos ordenados
que este deixara de cobrar, e allegando que perante o
juizo dos feitos da fazenda havia procedido á competente
'justificação, e que, obtendo sentença contra, delia appel-
lára para o tribunal da relação, o qual pelo mencionado
acórdão o houve por habilitado naquella qualidade.
Neste requerimento disse o conselheiro Lins :' que
pelo assentamento geral não constava que a Torres
Homem se ficasse devendo ordenado algum como cóm-
missario pagador dá extinctá thesouraria geral das tro-
pas, porque, comquanto chegasse a ser reintegrado
no mesmo lugar, nunca o titulo de reintegração obteve,
despacho de—cumpra-se— no thesouro, peloíplfno
conhecimento que havia das malversações por tjjle pra-
ticadas naquélle emprego, as quaes tinhão occasioaado
a sua demissão; e' que devia considerar-se fraudulenta
esta cessão por versar sobre o direito de uma divida
que hão chegou a ser reconhecida. Com este parecer
concordando os conselheiros Maia e Mariz, foi a
pretenção indeferida por despacho do tribunal de 5 de
Julho de 4849.
Insistindo o podre Fortuna em requerer o pagamento
dos referidos 2:800#0O0, apresentou uma petição datada-
de 42 de Julho de 484-9, cobrindo um documento pelo
qual pretendia provar que nunca havia sido posto em
duvida o seu direito aos vencimentos do ex-eommissario
pagador Torres' Homem.
Sobre a matéria disse ainda o conselheiro Lins no seu
parecer: que tal documento fora dirigido pelo-minis-
tério da guerra e não pelo thesouro, onde não constava
quê acerca desses vencimentos houvesse favorável de-
ferimento, e porisso referia-se ao seu outro parecer de
25 de Junho antecedente.
Conformando-se com elle os conselheiros MaiaeMa-
riz, foi outra vez indeferida a pretenção por despacho
de 31 de Julho de 4849.
Segue-se o requerimento de 4 de Fevereiro de 1851,
em que o padre Fortuna continua a pedir pagamento
dos 2:800#O00, não obstante os diversos indeferimentos
do tribunal do thesouro.
Informando sobre este requerimento, disse o conta-
dor interino da 3." contadoria João Estevão da Cruz: que o
acórdão da relação, que reformou a sentença do juizo
dos feitos, unicamente julgou habilitado o supplicante
para poder requerer uquillo u que tivesse direito na
— 229 —
qualidade de cessionário do finado Torres Homem, e
que, sendo claro que a este nada se ficara devendo,
porque o. tribunal do thesouro nunca o quiz reconhe-
cer como empregado de repartição extincta, em razão
do pleno conhecimento que tinha de que a sua demissão
assentava sobre factos que o constituião, criminoso de
peculato e erro de officio, queoiohabüitavâò para pro-
següir na carreira publica; de tudo isto se inferia que
o supplicante não era mais do que representante de
direitos contestados ou de divida nunca reconhecida,
e que portanto nenhum merecimento tinha a habilitação
para o caso em que o supplicante queria applical-a: e
que para demonstrar 0 fundamento da recusa do the-
souro juntara uma copiado relatório dado pela 2." com-
missão que foi á thesouraria das tropas averiguar taes
façtos. Disse mais que nada se allegando, de novo
que contrariasse as informações dadas pelo conse-
lheiro Lins em 25 de Junho e 28 de Julho de 1849 só lhe
restava acrescentar que tinha certeza que a fazenda
publica ainda não estava indemnizada tias quantias quê
em duplicata e triplicata haviào sido pagas pelo mesmo
ex-commissario pagador, o que se poderia reconhecer,
quando se tomassem as contas do thesoureiro geral das
tropas Ighaciô Viegás Tourinho Rangel.
De accôrdo com a opinião do contador interino,
o director geral da contabilidade conselheiro Vianna
no seu parecer disse mais: 4." que accrescia que
do thesouro havião desapparecido papeis que devião
ser novamente examinados, e quo só esta circumstanciu
muito se pronunciava contra a legitimidade de seme-
lhante pretenção; 2.° que,ainda quando Tones Homem
podesse ter direito a haver do Estado esses 2:800^000,
sendo certo que havia graves suspeitas, senão certeza,
de que elle era responsável á fazenda por sommas que
extraviou, nunca o thesouro deveria pagar-lhe qualquer
quantia que tivesse a receber, sem que antes se liqui-
dassem suas contas, para se conhecer se elle era õu
não devedor á mesma-fazenda, e de quanto', e encon-
trar-se no primeiro caso essa quantia nuqueüa de que
fosse credor.
Da mesma maneira pensou o conselheiro Maia, e con-
sequentemente foi mais uma vez indeferida esla pre-
tenção por despacho do tribunal de 20 de Maio'de
485Í.
Contra este despacho reclamou o padre Fortuna ainda
com outro requerimento datado de 44. de Julho de
4851 ; mas como não juntasse documento algum que
provasse o contrario do que se disse ha informação e
— 230 —
pareceres dados no precedente, foi de novo indeferida
a sua pretenção por despacho de 11 de "Agosto de 1851,
Em 48 de Agosto de 1Í551 o padre Fortuna fez subir
á presença do tribunal do thesouro um outro reque-
rimento, pedintio deste ultimo despacho recurso para
o conselho de estado, pelo qual não foi atteodidp, por
considerar esta matéria da competência do thesouro
nacional, na fôrma do § 40 do art. 2.° do decrete
n.° 736 de 20 de Novembro de 4850.
Para refutar esta ultima consulta da secção de fa-
zenda do conselho de estado e a respectiva imperial
resolução que julgou improcedente o recurso inter-
posto pelo padre Fortuna, dirigiu-se este ao the-
souro còm uma petição, op antes replica, em data de
44 de Fevereiro de 4852, em a qual expendeü,: 4.°
pue a consulta diz ser a matéria da competençi||do0
thesouro, na fôrma do §10 do art. 2.° do decrjrai.
736 de 20 de Novembro de 1850, e portanto nãoTppdéFr
ser attendido o recurso, quando pela data da lei ç^a,dá|
que não pôde ter effeito retroactivo, se vê que tál re?-
curso fora interposto do despacho proferido pelo mi-
nistro na justa pretenção por elle agitada em época
muito anterior á reorganização do tribunal do thesouro;
e demais que, ainda quando se quizesse regular esse
negocio pelas disposições da predita lei, deveria caber
recurso para o conselho.de estado, porque se não,tra-
tava de uma decisão do tribunal, porém de um des-
pacho do ministério, da fazenda, como era faqil ver
compulsando os documentos ,que pôr differentes eras
acompanharão alguns requerimentos seus, que havião
de existir no thesouro ; 2.° que, tendo sido competen-
temente habilitado ha qualidade de cessionário de An-
tônio de Torres Homem, julgado innocenté dos delictoS
que lhe imputarão, reintegrado no seu lugar de cóm-
missario pagador, e a quem se pagara parte de,seus
ordenados, assistia-lhe direito para receber 2:80Ó$000
que devia a fazenda nacional ao seu cedente, pelo que
e pelas razões acima interpuzera recurso, e pedia quê
de novo se fizesse presente ao conselho de estado a
sua pretenção. ' , t,
Com aviso de 18 de Fevereiro de 1852 enviou-se a
secção de fazenda o referido, requerimentq; na data de
20 de Junho de 1852 consultou a mesma, è da consulta
que foi resolvida em 17 de Julho seguinte, deduz-se: j
4.° Constar dos papeis que forão presentes á secçaò
ter o padre Fortuna requerido o pagamento, dos ordV
Pados do finado cómmissario pagador em Novembro
de 1844, 5 de Junho e 42 de Julho de 1849, 4 de Fevereiro
— 231 —
e 11 de Julho de 1851, sendo todos estes requerimentos
indeferidos nas datas de-fins de 1844^ 5 e 31 de Julho
de 1849, 20 de Março e 11 de Agosto de 1851, e os dous
últimos pelo tribunal do thesouro então reorganizado.
Ter o supplicante era 18 de Agosto de 1851 interposto
recurso para o conselho de estado do ultimo despacho,
e Sua Magestade havido por bem, pela imperial resolução
de 31 de Janeiro de 1852, desattender esse recurso por
será matéria da competência exclusiva tio thesouro.
Apresentar conlra a mesma imperial resolução dous
argumentos, quaes são: em primeiro lugar qué o decreto
de 20 de Novembro não pqdia ter effeito retroactivo, sendo
que o recurso do supplicante fora interposto do despacho
proferido pelo ministro em requerimento seu em época
muito anterior á reorganização do thesouro; e em se-
gundo lugar que, ainda quando se quizesse regular a
spapfetènção pelas disposições do citado decreto, nesse
caso deveria ainda caber recurso para o conselho de
estaífo, porque não se tratava de uma decisão do tribunal,
mas de um simples despacho do ministro.
, 2.* Considerar a mesma consulta a decisão de 11 de
Agosto de 1851, preferida pelo ultimo requerimento do
padre Fortuna, não como um simples despacho do mi-
nistro, porém sim do tribunal; e a deliberação do mesmo
sobre a questão como competente por ser contenciosa,
administrativa e versar sobre pagamento de dividas pas-
sivas do thesouro, çújo conhecimento lhe pertence nos
lermos da lei; e, outrosim, considerar que, embora ti-
vesse o mesmo padre Fortuna requerido em éra anterior
á do citado decreto, tinha entretanto voluntária e positiva-
mente sujeitado ao conhecimento do tribunal, como ac-
tualmentê se' acha organizado, a sua pretenção, pro-
vocando uma deliberação a respeito ; razão por que,
attendendo ao art. 2.* do mesmo decreto e á imperial
resolução de17de Maio de 4851, que limitarão os recursos
das decisões do ministério da fazenda em matéria con-
tenciosa, na conformidade do art. 4.° do regulamento de
h de Fevereiro de 1842, aos casos não comprehendidos no
art. 2.° daquelle decreto, era de parecer que não se to-
masse conhecimento da petição do supplicante, visto
achar-se o negocio decidido definitivamente pelo tribunal
competente na forma da legislação em vigor.
Não se. conformando com esta decisão, requereu o
padre Fortuna em princípios de 1853 ao ministério da
guerra, e, sendo por ahi indeferido pelo motivo de não
ser a repartição competente, recorreu de novo ao the-
souro em data dê 29 de Outubro de 4853 e 30 de Março
de 4854 apresentando as seguintes razões:
— 232 —
1.» que á vista do art. 3.° § 2.°, combinado com o
art. 5.°§1.0 do decreto de 20 de Novembro, pertencia ao
presidente do tribunal do thesouro decidir se devia
cumprir-se o aviso do ministério da guerra, expedido
de conformidade com a imperial resolução do supremo
conselho militar que reintegrou O seucedente, pois que
o tribunal só tinha nesse caso voto: consultivo; e, sendo
a principal questão a do assentamento, não era admis-
sível que as decisões do poder executivo, exercidas pelos
seus ministros de estado, podessem ser contrariadas por
outro ministro ou tribunal, principalmente se .essas
ordens fossem expedidas em cumprimento de consulta
do supremo conselho, que se dão sob a assignatura do
Monarcha; por isso que, não estando o tribunal autori-
zado para resolver ó negocio epôr embaraços, e com|>e-
tindo a execução dos avisos da guerra ao seu presideiate,
esperava a solução definitiva da questão dó assentamento
guardando para outra época a do" pagamento do&prdè-
nados, sobre o que nada havia a oppôr ao seu direito,
porque não podia deixar de ser observado o aviso im*
perial que ordenou a reintegração, e, executado' este,
sendo devido portanto o ordenado, nada podia obstar
o seu pagamento.
2.* Que a opinião do conselheiro contador geral do
thesouro, quando consultou que, estando o empregado
declarado livre pelo poder judiciário, e mandado reinte-
grar no seu lugar pelo governo, achava-se habilitado
para alcançar a graça pedida, era mais juridica e conclu-
dente do que a do conselheiro inspector geral, que pre-
tendeu annullar as decisões do governo imperial com o
futij, escandaloso pretexto de terem sido tomadas sem co-
nhecimento de causa; porque tornar-se-hião sem valor
taes deliberações, se podessem os empregados subalter-
nos tel-aspor infundadas, só pela razão das informações
que elles dizem ter, serem oppostas ás que fundamenta-
rão a decisão do governo: concluindo que, quer setratas-
se da criminalidade do empregado de cujos ordenados*
é questão, quer do caso de sua reintegração, era fora
de duvida que nenhum merecimento tinhão as obser-
vações dt> mesmo conselheiro Mariz, visto aquella
desappareeer em presença da determinação do poder
competente, e esta ser um facto consummado desde que
a decretou o governo em virtude de consulta, baseada
no art. 149 da constituição do Império ; fazendo-se por
isso a percepção dos ordenados um direito que o thesouro
não podia negar sem manifesta e revoltante injustiça,
privando o cidadão de sua propriedade em contrario do
que dispõe o § 22 do art. 179 da mesma constituição.
— 233 —

No primeiro destes dous últimos requerimentos, isto


é, no de 29 de Outubro de 1853, acha-se exarado um
despacho escripto a lápis e sem assignatura, datado de
7 de Novembro seguinte, concebido nestes termos : Não
tem lugar, como já foi decidido por meus antecessores.
No segundo, isto é, no de 30 de Marco de 1854, o conta-
dor João Estevão da Cruz, na qualidade de director geral
interino da contabilidade, em seu parecer de 6 de Julho
de 1855, assim se exprimiu:
O padre Joaquim Luiz de Almeida Fortuna, compe-
tentemente habilitado como cessionário de Antônio de
Torres Homem, pede que se lhe mande pagar os orde-
nados que diz, a este ficara devendo a fazenda nacional
na qualidade de cómmissario pagador da extincta the-
souraria geral das tropas, a contar de Dezembro de 1832,
por ter sido deraittido; depois, porém, de resolvida fa-
voravelmente a questão do assentamento do mesmo em-
• pregado nos termos do decreto de 18 de Setembro de
1837, que o reintegrou.
Esta pretenção data de muito tempo, e tem sido inde-
ferida pelo thesouro. tantas vezes quantas ha sido apre->
sentada, como o provãoos papeis juntos. E para assim
proceder se ha fundado o thesouro, além do mais, nas
faltas, omissões e malversações comraettidas pelo dito
cómmissario pagador no exercicio de seu emprego, e
que verificadas e comprovadas pelos exames de duas
eommissões do mesmo thesouro, derão em resultado a
demissão do referido cómmissario.
E' verdade que mais tarde foi elle absolvido pelo
poder judiciário do crime de que se lhe fizera carga, e
que por decreto de 18 de Setembro de 1837 foi reinte^
grado no seu lugar. Mas cumpre observar que, como
disse o conselheiro inspector geral do thesouro no
seu parecer de 15 de Novembro de 1844, no processo
que se lhe formara, não figurarão documentos impor-
tantes que depunhão altamente contra o accusado, os
quaes se extraviarão por uma fatalidade feliz para elle;
levando o mesmo" destino até o próprio processo que
depois se lhe instaurou sobre semelhante extravio.
Pondo porém de parte estas considerações, que aliás
me parecem bem graves, não posso deixar de observar
que a absolvição, embora fosse justa (o que nego,
porque como empregado que era da mesma repartição,
tenho pleno conhecimento dos factos que derão lugar á
accusação) não podia ler por conseqüência necessária
a reintegração do empregado, visto como a sua demissão
fora uma deliberação toda administrativa, tomada muito
legalmente sobre fundamentos claros e irrecusáveis,
c. 30
— 234 —
Entretanto a consulta do conselho supremo militar
de 31 de Julho de 1837, que deu lugar ao decreto, dé
reintegração, assim não o entendeu.
Segundo essa consulta,' a reintegração do cómmis-
sario pagador^era um direito depois da absolvição que
obti vera, visto "como os empregados da thesouraria das
tropas, sendo considerados officiaes do exercito, não po-
dião ser privados de seus lugares senão por virtude
de sentença condemnatoria.
A' primeira vista porém se conhece logo a impro-
cedencia de semelhante doutrina.
Se, como pretende a consulta, os empregados da
thesouraria das tropas fossem officiaes militares, de
certo que não podião ser privados de seus lugares
senão por sentença, na fôrma da constituição >do-Im-
pério ; mas é fora de toda a duvida que elles erão
empregados públicos amoviveis, quê servião a afla-
zimento do governo, sendo as graduações militares que"
tinhão puramente honoríficas e inherentes aos empregos-,
e por isso não lhes outorgava a isenção ou privilegio
que aos officiaes do exercito e armada deu o art. 149
da mesma constituição.
Nem de outra fôrma podia, ser avista do decreto de
sua creação; tanto que assim forão elles sempre con-
siderados, e ainda hoje o são os empregados que gozãò
de iguaes distincções.
Demais, quando a thesouraria foi extincta pelo de-
ereto de 10 de Abril de 1832, de conformidade com
o art. 19 cap. 5.* da lei de 15 de Novembro de 1831,
o cómmissario pagador Torres Homem já se achava
demiltido, e conseguintemente não podia mais ser con-
siderado empregado de repartição extincta, nem tão
pouco se podia abrir-lhe assentamento na fôrma do
decreto de reintegração, por isso que já não existia o
lugar que exercera antes de demittido.
E' claro, pois, que mais que fundada ha sido a in-
sistência do thesouro em desconhecer o direito que
se reclama; e do que deixo exposto concluo que, como
já opinou o conselheiro inspector geral do thesouro
no seu parecer citado, conviria annullar o decreto de
reintegração, visto a improcedencía dos motivos em
que se fundou, pondo assim por uma vez termo a
esta reclamação, que, a ser admittida, Só trará gravame
aos cofres públicos, .que aliás ainda não forão indem-
nizados dos dinheiros que lhes extorquirão as mal-
versações do finado cómmissario.
Convém ser ouvido o Sr. proçuradorfiscal.— Direciona
geral da contabilidade, era 6 de Julho de 4 855,—Cruz,
-238 —
Parecer do Sr. proçuradorfiscal: 4
Por tudo quanto consta dos papeis relativos a esta
pretenção, concordo no indeferimento da mesma pre-
tenção.—Directoria geral do contencioso, em 44 de Julho
de 4855;—Arêas.
•- Despacho.-^-Indeferido em vista do exfendido nos pa-
receres. Rio, 16 de Julho de 1855.—Paraná.
Em seguida o padre Fortuna h'um requerimento da-
tado de 19 de Julho de 1855 pediu que se lhe mandasse
passar por certidão o 'theor dos pareceres da directoria
*de contabilidade e do contencioso, exarados no reque-
rimento precedente, desses pareceres (assim se expri-
miu elle) dados á carreira, quiçá despeitados pelos
requerimentos, em que pedia seus papeis, visto não te-
rem tido andamento havia mais de 45 mezes.
Sobre este requerimento representou no dia seguinte
o darector geral interino tia contabilidade João Estevão
da Cruz ao ministro da fazenda, dizendo que, comquanto
nenhuma duvida tivesse em mandar passar a certidão
pedida, todavia, parecendo-lhe bastante acrimoniosas as
expressões de que se servia o padre Fortuna, e até um
pouco desairosas ã sua pessoa, entendera que devia
submetter este facto á consideração do mesmo minis-
tro, afim de que se dignasse resolver se em taes eir-
cumstancias eurapria-lheou não rejeitar semelhante re-
querimento.
Em conseqüência desta representação foi exarado no
requerimento de que se trata, o seguinte despacho:— Não
tem lugar.—Rio, 20 de Julho de 4855.— Paraná
Cabe aqui declarar:
4.° Que em 28 de Agosto de 1853 dirigiu o padre For-
tuna ao thesouro um requerimento pedindo por certi-
dão o theor do parecpr ou informaçãõdada pelo ex-con-
tador geral do thesouro, o conselheiro Lins, em outro
requerimento apresentado por Antônio de Torres Homem
em 29 de. Agosto de 4843; e« que por despacho de 42
dé Setembro de 1853, assignado pelo conselheiro Mariz,
foi-lhe isso negado.
2.° Que em requerimento de 14 de Julho de 4855
o padre Fortuna pediu que, prescindindo de qualquer
despacho pró ou contra, o thesouro lhe mandasse
entregar, pelo amor de Deus, os documentos que elle
havia juntado á um requerimento do' 4 ° de Abril de
1854 (que hão se acha entre os papeis), por não ter até
aquella data tido solução alguma; e que por despacho
de 16 do mesmo mez, assignado pelo Marquez de
Paraná, foi-lhe concedido o que pedia, deixando porém o
competente recibo.
-236 —
Tendo o aadre Fortuna levado a sua pretenção aô co-
nhecimento do senado, este expediu ao ministério da
fazenda o officio de 2 de Julho de 1856 concebido nestes
termos:
Conformando-se o senado com o parecer da commis-
são de fazenda «obre o requerimento do padre Joaquim
Luiz de Almeida Fortuna, no qual pede que se lhe mande
pagar os ordenados que seficoudevendo ao cómmissario
pagador da extincta thesouraria geral das tropas Antônio
de Torres Homem, de quem é cessionário habilitado:
resolveu que se pedissem informações ao governo pelos
ministérios á cargo deV. Ex., e o da guerra, solicitan-
do-se ao mesmo tempo a remessa dos papeis que tenhão
servido de base ás decisões tomadas, tanto a respeito do
cedente como do cessionário. O que participo a V. Ex.
para conhecimento de Sua Magestade o Imperador.
Deus guarde a V. Ex. Paço do senado, em 2 de Julho
de 1856.— José da Silva Mafra.— Sr. Marquez de Pa-
raná.
Informando sobre este officio em 29 do mesmo mez
o director geral interino da contabilidade João Estevão
da Cruz, disse que, era satisfação da exigência da câmara
dos Srs. senadores, apresentava os papeis existentes no
thesouro sobre a pretenção do padre Joaquim Luiz de,
Almeida Fortuna, e que, posto tivessem levado desca-
minho alguns documentos relativos a esta questão,
logo no começo delia e mesmo depois, todavia os
que existião fornecião os esclarecimentos necessários
para poder formar-se juizo seguro acerca do direito do
supplicante, e dos fundamentos com que o thesouro sem-
pre o desconheceu.
O senado, porém, não tomou resolução alguma sobre
a pretenção do padre Fortuna, como elle próprio asse-
vera no seu requerimento de 3 de Outubro de 1857
com o qual apresentou-se de novo ao thesouro, juntando,
para mais corroborar a justiça dessa sua pretenção, por
todos reconhecida esd negada pelo thesouro (segundo
diz elle), a informação que a respeito o ministério dá
• guerra prestou ao senado*.
Nesta informação, em resposta a um officio do senado,
aquelle ministério relata resumidamente esta questão
desde o seu principio, e conclue dizendo que ao minis-
tério da fazenda compete dar as informações requisitadas,
porque foi o thesouro que deixou de cumprir, na parte
qjue lhe cumpria, a resolução de 16 de Agosto de 1837,
tomada sobre consulta do conselho supremo militar,
pela qual foi Antônio de Torres Homem reintegrado no
lugar de cómmissario pagador da-extincta thesouraria
-237 -
i

geral das tropas, de que havia sido demitlido por decreto


de 29 de Janeiro de 1829.
Faz parte destes papeis um outro requerimento do
padre Fortuna, datado de 6 de Agosto de0 1857, acompa-
nhado de três documentos, que são : jj,. sentença cível
.obtida em gráo de appellação (acórdão de 4 de Novem-
bro de 1848), pelo qual foi o padre Fortuna julgado ha-
bilitado para poder requerer aquillo a que tivesse direito
na qualidade de cessionário de Torres Homem ; 2."cer-
tidão dos pareceres dos conselheiros Lins e Mariz e
despacho do tribunal do thesouro, exarados em reque-
rimento de Torres Homem de 29 de Agosto de 1843;
,3." certidão da consulta da secção de fazenda do con-
selho de estado de 20 de Junho de 1852.
No requerimento de que se trata, o supplicante, de-
pois de fazer a historia de todo este processo, apre-
senta um longo arrazoado, no qual diz: 4.° Que tendo
a secretaria de estado dos negócios da guerra em re-
solução de consulta do conselho supremo militar ap-
provado a reintegração do cómmissario pagador, e que
no thesouro se lhe abrisse assentamento como empre-
gado de repartição extincta, o cumprimento desta ordem
imperial é, pelo art. 3.° §2.° do decreto n.° 736 de 20
de Novembro de 1850, combinado com o art. 5." § 1.°,
da competência exclusiva do presidente do thesouro;
tendo o tribunal somente o voto consultivo, o que não
entende assim; 2." Que, sendo a principal questão' a
do assentamento do referido cómmissario pagador, em
cumprimento do aviso imperial pela repartição dos ne-
gócios da guerra de 25 de Novembro de 1837, e dos
de-9 de Maio, 31 de Julho e 29 de Outubro de 1844,
não,é admissivel em principio que as decisões do poder
executivo, exercidas pelos ^seus ministros de estado,
(art. 102 da constituição do Império) possão ser con-
trariadas pbr outro ministro ou tribunal, especialmente
sendo ordens expedidas em virtude de consulta do con-
selho supremo militar* que o são sob assignatura do
Monareha; 3.° Que, pois, o tribunal do thesouro não
estava autorizado para decidir a questão, e menos para
oppôr embaraços ao assentamento que lhe fora orde-
nado em resolução de consulta; e sendo a execução
de tantos avisos da competência dó presidente do tri-
bunal, esperava o supplicante a sua decisão definitiva
sobre o assentamento: depois seria occasião de tratar
do pagamento dos ordenados devidos, e Pada ha que
se possa hoje oppôr ao direito, do supplicante, sendo
certo que o aviso imperial que ordenou a reintegração,
não podia deixar de ser cumprido, e o foi; sendo igual*
- 238 -

mente certo qüe, decretada e cumprida a reintegração,


é devido o ordenado, como já foi decidido, e nada ha
a oppôr ao seu pagamento;'" *-° Que a opinião do con-
selheiro contador geral do thesouro, é digna de toda a at-
tenção, quando consulta que, estando o empregado decla-
rado livre pelo poder judiciário competente, e sendo man-
dado reintegrar no seu lugar pelo governo imperial, estava
-habilitado para obter a graça que pedia; e por certo
são mais jurídicas e concludentes estas razões, do que
as do conselheiro inspector, que pretendeu annullar
ás decisões do governo imperial com o futil, escanda-
loso pretexto de terem sido tomadas sem conhecimento
de causa; 5.° Que tornar-se-Pião sem Valor algum as
decisões do governo imperial, se ellas podessem soffrer
epposição pelo motivo de não terem sido tomadas com
conhecimento de causa, e se podessem os empregados,
subalternos tel-as por infundadas, só porque as infor-
mações que elles dizem ter são oppostas aquellas que
fundamentarão a decisão do governo imperial; 6.° Que,
quer se trate da criminalidade do empregado de cujos
ordenados é questão, quer do facto de sua reintegração,
é fora de toda a duvida que não têm valor nem me-
recimento algum as observações do conselheiro Mariz.
A criminalidade desappareceu avista da decisão do poder
competente á que se refere judiciosamente o conse-
lheiro contador geral do thesouro. A reintegração é um
facto consummado, desde que o decretou p governo im-
perial em decisão de consulta, baseada no art. 149
da constituição do Império; logo a percepção dos or-
denados tornou-se um direito que o thesouro não podia
negar sem manifesta e revoltante injustiça contra di-
reitos adquiridos e reconhecidos; 7.° Que, quando o
11.° do art. 2.° do decreto n.° 736 de 20 de Novembro
de 1850 commette ao tribunal do thesouro a attribuição
de deliberar sobre o pagamento da divida passiva do
thesouro, não comprehende a autorização de negar, di-
vidas reconhecidas pelo governo imperial, qual a que
se requer; o contrario seria o mais revoltante dos ab-
surdos, porque seria o direito de privar qualquer ci-
dadão de sua propriedade, em contrario do que dispõe
o § 22 do art. 179 da constituição do Império; 8.° Que,
desde que o poder competente decidiu que o cómmis-
sario pagador Antônio de Torres Homem tinha direito'
a ser pago de seus ordenados, e tendo-se julgado por
sentença a habilitação do supplicante, os ordenados
requeridos são propriedade sua, de que o thesouro não
tem nenhum direito de privar ou negar, porque a cons-
tituição lhe garante.
— 239 -
E conclue pedindo que, decidida a questão do assen-
tamento do empregado, na fôrma do art. 5.° § 1 .-• com-
binado com o art. 3.° jL2.° do decreto n. 736 de 20
de Novembro de 1850, se lhe mande pagar, conforme o
direito e a,constituição floImpério a quantia de 2:800#000,
de seu titulo, ao qual tem direito incontestável, como
fica assaz demonstrado.
E' sobre estaquestão que a directoria geral da contabili-
dade em 6 de Setembro de 1860 deu o parecer do theor
seguinte:
A pretenção de que tratão estes papeis, tem sido por
diversas vezes indeferida no thesouro, e os fundamentos
das decisões havidas são os que passo a expor resu-
midamente.
Ò cómmissario pagador da extincta thesouraria geral
das tropas da corte, Antohio de Torres Homem, foi
suspenso em Abril de 1827 para justificar-se de accusa-
ções que contra elle fez o respectivo thesoureiro.
Absolvjdo no juizo competente, e julgado rehabilitado
para entrar no exercicio de seu emprego, soffreu novas
accusações. de que foi também absolvido pela relação
no anno de 1828.
Em 8 de Janeiro de 1829 determinou o governo que
fosse reintegrado no seu lugar; mas em *29do mesmo
mez o demittiu por conveniência do serviço.
Contra esta demissão reclamou elle immediatamenle,
e em Agosto de 1837, o governo, sobre consulta do con-
selho supremo militar, ó reintegrou, passando-lhe o
necessário titulo em 18 de Setembro desse anno.
Como porém já estava extincta a repartição, e o pa-
gamento dos extinctos passou para o thesouro em vir-
tude da lei de 24 de Outubro de 1832, o ministério da
guerra, por aviso de 25 de Novembro do referido anno
de 1837, coramunicou a occurrencia ao da fazenda, á
fim de' que mandasse abrir assentamento ao agra-
ciado, e incluil-o em fqlha; no entanto que ordenou
á pagadoria respectiva que lhe pagasse o ordenado ven-
cido até o fim tio sobredito mez de Novembro, o que
com effeito realizou-se.
O lhesouro não cumpriu o mencionado aviso, e,
apezar de novas solicitações do ministério da.guerra,
indeferiu em 1844 o requerimento do empregado quê
nessa época reclamou o pagamento de seus vencimentos.
Antes desse,acontecimento, o credor tinha cedido'
o seu direito á cobrança dos ordenados vencidos desde o
1.° de Dezembro de 1832 até o ultimo de Novembro
de 1839, na importância de 2:800jfOOO ao padre Joaquim
Luiz de Almeida Fortuna,,que, depois de habilitar-se
- 240 —
na qualidade de cessionário perante a relação, requereu
o pagamento da dita importância em Junho de 1849.
Indeferida a sua pretenção, intentou-a outra vez em
1851 ; mas não obtendo deferimento favorável, interpôz
recurso para o conselho de estado, o qual não tomou
conhecimento delle.
Esta decisão teve lugar em principio de 1852.
O padre Fortuna replicou e a sua replica foi sub-
mettida ao conhecimento da secção de fazenda do con-
selho de estado.
A segunda consulta dessa secção, que foi resolvida
em 47 de Julho do referido anno, sustentou os argu-
mentos da primeira.
Repellida assim a pretenção do reclamante, dirigiu-se
elle ao ministério da guerra, que não a attendeu, por
não julgar-se competente para decidil-a.
Voltou o padre Fortuna ao thesouro em 1854, e não
melhorando isso a sua sorte, recorreu ao poder legis-
lativo .
Mas o senado, por onde iniciou a sua reclamação,
nada resolveu a respeito delia; e por esse motivo ainda
se dirige ao thesouro para que este reconsidere as suas
decisões.
O conselho de estado deixou, por duas vezes, de tomar
conhecimento dos recursos que o supplicante interpôz
dos despachos contra elle proferidos no thesouro, porque
sendo a matéria da competência exclusiva do mesmo
thesouro, na fôrma do ,§ 10 do art. 2.° do decreto
n.° 736 de 20 de Novembro de 1850, não era o caso
dé recurso, visto que este só tinha cabimento das de-
cisões do ministro.
E o thesouro indeferiu sempre a pretenção:
1.° porque, não tendo sido presentes ao conselho su-
premo militar, quando consultou sobre a reintegração do
cómmissario Torres Homem, os exames e relatórios exis-
tentes no thesouro que patenteavão os erros de officio
e malversações praticadas pelo dito cómmissario, foi
essa reintegração por elle obtida ob e subrepticiamente;
sendo que não teria sido absolvido, se não se houvessem
extraviado vários recibos e attestados falsos que desap-
parecêrão juntamente com os papeis que fundamen-
tarão a sua demissão, a qual fora um acto adminis-
trativo havido com conhecimento de causa, enão podia
•ser annuliada pela absolvição (parecer do conselheiro
Mariz de 15 de Novembro de 1844);
2.° porque, não estava ainda tomada a conta do the-
soureiro geral das tropas Ignacio Viegas Tourinho
Rangel, e sem isso não se podia saber se o commis-
— 241 r-
sario á quem me refiro, estava ou não alcançado com a
fazenda por quantias que em duplicata ou triplicata havia
pago durante o tempo do sejygxercicio, como, com razão,
se presumia (pareceres que servirão de base ao indeferi-
mento de 20 de Março dé 1851) ; '
3.° porque os empregados da extincta thesouraria
geral das tropas erão amoviveis, sendo as graduações
militares que tinhão, puramente honoríficas, o que não
lhes dava o privilegio de serem privados dos seus lu-
gares unicamente, por sentença condemnatoria, privilegio
que têm os officiaes do exercito e da armada, na fôrma
da constituição, de maneira qüe por esta circumstancia
não devia ser reintegrado o cómmissario Torres Homem,
como o entendeu o conselho supremo militar.
A resolução de consulta da secção de fazenda do
conselho de estado, de 17 de Maio de 1851, estabeleceu
o principio de que só havia recurso para o mesmo con-
selho das decisões do ministro, isto é, tíaquellas em
que o tribunal do thesouro tinha apenas voto con-
sultivo.
Se bem que o § 10 do art. 2.° do decreto de 20 de
Novembro de 4850 entre as altribuições do, tribunal deli-
berativo mencionasse a de deliberar sobre o pagamento
das dividas passivas do Estado, comtudo o § 4." do art. 3."
do referido decreto sujeitou á decisão do ministro so-
mente o que fosse relativo a ordenados, tenças, etc.
Ora, a mencionada secção considerou o caso do sup-
plicante pertencente ao tribunal deliberativo, quando
pelos despachos nelle proferidos vê-se que o thesouro
apenas deu informações sobre elle, sendo todas as
decisões dos ministros da fazenda, segundo a pratica
admitlida, sem embargo da dita disposição pratica que
o proprjo conselho de estado sanccionou, tomando co-
nhecimento de recursos interpostos pelos parles á res-
peito de negócios de ausentes, rrieios soldos e outros
não comprehendidos no § 4.° do art. 2.° do decreto
de 20 de Novembro.
Por tanto, ainda que a questão de que se trata, pro-
vindo de ordenados, não podesse ser encabeçada no
sobredito § 4.°, era;admissivel o recurso tentado pelo
supplicante, avista dos arestos que existem sobre o
objecto.
Hoje não teria cabimento semelhante duvido, avista
do I" 2.° rio art. 5.° do decreto n.° 2343- de 29 de Ja-
neiro do anno passado,'que converteu em lei o que'já
anteriormente se praticava, não obstante o decreto de
20 de Novembro; mas a decisão do conselho de es-
tado foi proferida, antes de sua expedição, e por con-
c. 31
— 242 —

seguinte é inútil suscitar questão acerca deste ponto,


principalmente tendo o supplicante provocado uma nova
decisão que não lhe pódeájser negada, como em casos
idênticos tem se entendidów%
Assim, cumpre examinar os fundamentos que deixo
referidos, despachos dados contra a pretenção do sup-
plicante.
Esses fundamentos certamente têm muito valor, at-
tendendo-se a época das. decisões que houve; hoje
porém que novos princípios se achão admittidos, perdem
alguma causa de sua importância, e dest'arte modi-
fica-se a impressão desfavorável que produzem tantos in-
deferimentos successivos.
Em diversos casos tem o thesouro estabelecido o
principio de que o ministério da fazenda não pôde pôr
o veto sobre os actos dos outros ministérios.
Por este motivo reconheceu, entre outras, a divida
reclamada pelo capitão Emílio Luiz MaJlet, e augmentou
o vencimento de inaclividade do aposentado da marinha
Pedro José da Silva.
Por tanto, uma vez que o ministério da guerra re-
conheceu o direito do originário credor, oppôz-se o
thesouro a semelhante decisão, sem quê legalmente o
podesse fazer.
Dir-se-ha porém que pertencendo o pagamento re-
querido exclusivamente ao mesmo thespuro, visto que
os extinctos são pagos por elle, era-lhe licito examinar
o direito do credor.
Este argumento não prevalece, avista do que se tem
entendido acerca dos aposentados.
O pagamento destes também pertence ao ministério
da fazenda, e todavia está decidido que os competentes
ministérios podem augmentar ou diminuir a importância
que toca a cada ura, não sendo permittido ao thesouro
intervir nisso, senão : com consentimento delles.
E tanto esta doutrina deve ser observada,,quanto aos
extinctos que a ordem n.° 51 de 24 de Janeiro de 1856
declarou qüe a nenhum se abre assentamento no the-
souro, sem ordem do respectivo ministério, ordem que
seria inútil, se o ministério da fazenda tivesse o di-
reito de oppôr-se a ella.
Além de que, o fundamento de ter sido a absolvição'
obtitia pelo originário credor, ob e subrépticiamente,
por falta de documentos que o culpavão, nãó procede,
attertdendo-se á que não é possível afiançar de antemão
qual seria a decisão do poder judiciário, ainda que elles
apparecéssem.
O de não se terem tomado as contas do ex-thesou-
— 243 —

reiro Viegas, nas quaes se presume.alcance, também


não devia influir sobre a decisão, porque hoje está até
resolvido pelo conselho de estado que não se suspende
o pagamento de ordenados.p pensões pára pagamento
de dividas dü Estado; as quaes podem ser solvidas por
meio de desconto nesses vencimentos, requerendo-o
os devedores.
Resta o terceiro que foi menos exacta a argumentação
do conselho supremo militar para a reintegração do
cómmissario Torres Homem, pelo que respeita ao pri-
vilegio que julgou competir-lhe, próprio somente dós
officiaes militares.
Este ultimo argumento, quando muito, poderia servir
para que o mesmo conselho reconsiderasse a matéria,
e não para annullar-se uma resolução de consulta que
devia sortir todos os seus effeitos em quanto não fosse
revogada pelos tramites legaes, e um desses effeitos era
sem duvida o pagamento dos ordenados que pertencião
ao originário credor, cuja demissão foi injusta, como
prova o facto da reintegração; o que dava-lhe direito
á esses ordenados, segundo a doutrina da ordem n.° 334
de 29 de Outubro de 4855.
A circumstancia de ter sido reintegrado esse em-
pregado, quando já estava extincto o lugar, serviu também
de argumento contra a sua pretenção; mas achei-o tão
pouco digno de attenção, que não occupei-me delle, tra-
tando dos outros. O governo não tinha outro meio de
reparar a injustiça que soffrêra o empregado, porque
qualquer nomeação nova nao seria suíficiente para isso,
visto não dar-lhe direito a vencimento senão de sua data
em diante; e então deixar de empregal-o seria commetter
o esbulho de um direito.
Do queficapois exposto, concluo que a única objecção
grave que podia fazer-se á reclamação,1 era a relativa á
graduação honorífica de qüe goZavão os empregados da
extincta thesouraria geral das tropas, a qual não lhes dava
o privilegio dos officiaes militares, mas essa mesma devia
ter sido sujeitaá consideração do ministério competente.
Deve ser ouvido o Conselheiro procurador fiscal.
Directoria geral da contabilidade, 6 de Setembro de 4860^
—Bem.
Em 28 de Janeiro do anno corrente a directoria geral
do contencioso disse o seguinte:
A' vista das razões expendidas neste parecer, com as
quaes me conformo, entendo que, em cumprimento dos
avisos do ministério da guerra ao da fazenda em 25 de
Novembro de 4837, em 9 de Maio e 34 de Julho de 1844
deve-se mandar abrir assentamento ao ex-commissario.
—' 244 —

pagador da extincta thesouraria geral das tropas Antônio


de Torres Homem para ofimdé se pagar ao seu Cessionário
legalmente habilitado o padre Joaquim Luiz de'Almeida
Fortuna o ordenado de quatrocentos mil réis annuaes,
ue aquelle funccionario venceu desde 46 de Dezembro
S e 4832 até o dia de seu fallecimento.
Directoria geral do contencioso, em 28 de Janeiro de
1864.— Menezes e Souza. »
Do exame a qüe procederão as secções resulta, que
a questão suscitada é exactaraente a mesma, que tem
sido reiteradas vezes indeferida pelo ministério da fa-
zenda, e com recurso duas vezes intentado para o con-
selho de estado. Ora, entendem as secções, que será,um
máo precedente admiltir nova discussão e exame tantas
quantas vezes a tenacidade dos pretendentes o exigir.
Ou o conselho de estado é competente para conhecer
do recurso como pretende a directoria da contabilidade
no seu aliás bem deduzido parecer, ou não. Na primeira
hypothese é necessário considerar a questão finda porque
o poder competente a resolveu primeira e segunda vez e
não se admitle nem mesmo no contencioso senão que
uma vez se embargue, como se deixa ver dos arts. 47 e
seguintes do decreto de 5 de Fevereiro de 4842.
Ou o conselho de estado era incompetente como o
decidiu, e nesse caso ainda passou em julgado o in-
deferimento do tribunal do thesouro mais de uma vez
repetido.
Parece pois ás secções que deve ser indeferida a pre-
tenção com o fundamento de que o foi competentemente,
tendo sido mais de uma vez reconsiderada..
E tanto mais parece, que outra não pôde ser a decisão,
porque já recorreu o supplicante ao poder legislativo,
reconhecendo, que. só desse poder Uie podia vír remédio
contra umaquestão finda perante ó executivo. E se outro
qualquer fôr o fundamento, com o mesmo direito: com
que pretende o supplicante que se reconsidere; a questão,
poderia ainda insistir tantas vezes quantas fosse indefe-
rido, o que seria inadmissível.
Quando porém parecesse susceptível de reconsideração
a questão já resolvida, pelas resoluções imperiaes ; con-
viria fazer começar a reconsideração pela consulta do
conselho supremo militar,.que declarou o cedente em-
pregado daquelles que não podem perder a posição
sem sentença; e isto pelo simples facto de ter honras
militares.
E'. pois o parecer das.secções que não tem lugar a
reconsideração, que o supplicante pede; equenocaso
de parecer conveniente a reconsideração!, comece pela
— 245 —
consulta do conselho supremo militar, que foi a base
desta pretenção.*
Vossa Magestade Imperial mandará o mais justo.
Saladas conferências, em 22 de Agosto de 1861. —Eu-
zebio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara-—Visconde
do Uruguay . — Visconde de Maranguape <—Marquez de
Abrantes .—Visconde de Itaborahy .—Visconde de Je-
quitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece, sendo indeferida a pretenção do suppli-


cante.
Paço, em 27 de Novembro de 1861.
Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 686.-RESOLUÇÃO DE 28 DE DEZEMBRO DE 1861


Sobre o officio do vice-presidente do Banco do Brasil relativamente
á computação ãõ fundo disponível do mesmo banco, em relação ás
suas caixas iiliaes.
Senhor.-—Por-aviso de 26 de Agosto ultimo, mandou
Vossa Magestade Imperial que a secção de fazenda do
conselho de estado consulte com o seu parecer sobre
a duvida que apresenta o vice-presidente do Banco do
Brasil, no seu officio n.° 409 de 23 do referido mez,
relativamente ao modo de computar-se o fundo dis-
ponível do mesmo banco, á vista dos seus estatutos, dos
das caixas filiaes, e do art. 8.° do decreto n.° 2685 de 10
de Novembro do anno passado'; convindo que a secção
não só manifeste a intelligencia que dá ao referido
decreto no ponto em questão, mas também qúe, no
caso de que lhe não pareça aquella disposição de
accõrdo com a lei e estatutos do banco e de suas caixas
filiaes* suggira a alteração que julgar necessária.
O oíficio do vice-presidente do Banco do Brasil é do
theor seguinte:—«Ns. 409.—Illm. e Exm. Sr.—O art. 3.°
do decreto. n.° 2685 de 10 de Novembro de 1860 determina
que para se computar o fundo disponível do Banco do
— 246 —

Brasil se dêduza do capital realizado em primeiro lugar1


as quantias que o mesmo banco tiver effectivamente
distribuído ás caixasfiliaespara lhes servirem decapitai,
ou por empréstimo em conta corrente simples ou com
juros. A intelligencia litteral deste artigo parece com-
prehender evidentemente duas sortes de quantias dis-
tribuídas ás caixas filiaes, a saber: as que formãoo
capital dellas, e as que lhes são fornecidas por em-
préstimo em conta corrente Com juros ou sem elles; e
assim foi aquelle artigo entendido e executado desde a
promulgação do deereto acima referido. Sendo certo
que pelas disposições correlativas dos estatutos das
caixas filiaes somente pôde servir-lhes de base para
a emissão o seu capital, marcado pela directoria do
banco, depois de convertido em moeda corrente, isto
é, em notas do governo, moeda de ouro legal,/ou barras
deste metal, ou de prata nos termos prescriptos na
legislação vigente, parecia fora de duvida que se o
artigo citado se referisse unicamente aquella parte
fornecida pelo banco p*ara capital das caixas cora direito
á emissão correspondente, era supérflua a segundaparte
que trata dos empréstimos em cohta corrente corn juros-
ou sem elles, os quaes não fazendo parte do capital,
não podem jamais dar direito á emissão, qualquer que
seja a sua importância.
Não se podendo portanto considerar como ociosa
aquella segunda parte, ou dizendo o mesmo que a pri-
meira, razão teve o Banco do Brasil para entender que
não só o capital das caixas, mas quaesquer outras
quantias a ellas fornecidas em conta corrente, devião
ser eliminadas do capital da caixa matriz, e vice-versa,
sempre que o resultado do balanço entre a mesma
caixa matriz e as filiaes apresentasse differença pró ou
contra cada uma dellas. Na verdade esta disposição do
regulamento tendia a impedir o movimento de fundos
entre a caixa matriz e as^iliaes; e a oscillação constante
em que nesta hypothese devia achar-se a emissãórres-
pectiva trouxe o resultado de negar-se o banco era
muitas occasiões a realizar um dos fins mais impor-
tantes de sua instituição, quer era relação ao com-
mercio, quer aos seus próprios interesses, quer aos
do governo, porque embora a caixa matriz estivesse
habilitada para tomar saques sobre as suas filiaes, era
obstada pela circumstancia de ver assim reduzido o seu
capital, e por conseguinte os seus meios de emissão.
Como V Ex. conhece perfeitamente, nem a caixa
matriz, nem as filiaes podem emittir as suas notas para
fazer operações de movimentos de fundos, se no acto
— 247 —

de pratical-as, não têm os meios para isso necessários,


isto é, capital correspondente á emissão convertido em
moeda corrente, e títulos de carteira que agarantão;
e os saques tomados em uma praça sobre qualquer
outra, se augmentão nPra ponto a emissão, aliás legal,
e sufficientemente garantida, não vão augmental-a nos
lugares sobre que são tomados ; ao contrario diminuem
nelles a emissão em circulação pela entrada do valor
correspondente dos mesmos saques; e logo que se
eífectua a operação Contraria, dão-se os mesmos effeitos
em outra parte.
Se pois nenhum perigo pôde haver de que a mesma
quantia sirva de base a* emissão em dous pontos dis-
tinctos á vista do mecanismo do banco e de suas caixas
filiaes conio fica explicado, e sendo demais certo que
os estatutos das caixas prescreverão regras quando
autorizarão a directoria da caixa matriz a marcar o
capital das suas filiaes, o qual não pôde estar á mercê
das alterações provenientes do movimento de fundos,
é' fora de questão que a segunda parte do artigo citado,
que se considera distincta da primeira, prescreveu uma
redueção sem attenção aos effeitos da emissão'.
Entretanto suscita-se agora a duvida de que ao regula-
mento não foi dada a verdadeira intelligencia, e pois
que em taes eircumstancias convém fixar de um modo
que não soffra controvérsia alguma, resolveu a di-
rectoria do banco pedir a V. Ex. uma explicação* a
respeito do modo porque se deve entender e executar
o citado decreto, art. 3.° parte 1.% isto é, se as sommas
emprestadas ás caixas filiaes pela caixa matriz, e vice-
versa, devem ser deduzidas do capital respectivo, nos
casos em que não dão lugar, ou não servem de base
para a emissão : rogo pois a V. Ex. que, tomando este
negocio na consideração de que elle é digno, se sirva
de communicar-rae qual o pensamento do governo a
respeito da intelligencia do artigo a que me tenho
referido. Deus guarde a V. Ex.—Casa do Banco do Brasil
no Rio de Janeiro, èm 23 de Agosto de 1861 .—Illm. e Exm.
Sr. conselheiro José Maria da Silva Paranhos, ministro
e secretario de estado dós negócios da fazenda.—José
Pedro Dias de Carvalho. »
' O conselheiro Visconde de Jequitinhonha é do seguinte
parecer:
A lei de 5 de Julho de 1853 não define o que seja
fundo disponivel.
Os estatutos do Banco do Brasil declarão no § 1.' do
art. 16 que fundo disponivel é a somma dos valores que
o banco tiver effectivamente em caixa representados por
T-2481 —

moeda corrente, "ou barras de ouro de 22 quilates, ava-


liadopelo preço legal, exceptotodavia o dinheiro rece-
bido á prêmio, ou em contas correntes.
O art. 3.° do decreto de 40 de Novembro de 1860,
tomando somente o capital realizado, manda que, de-
duzindo-se deste as quantias que elle tiver effectivamente
distribuído ás caixas filiais para lhes servirem de capital
ou por empréstimo em conta corrente simples ou com
juros, e outras; a differença entre o capitei realizado, e
a somma dessas quantias, constitue o fundo disponivel
do banco. ,,
A duvida proposta pelo vice-presidente nasce das pa-
lavras tio art. 3.° do decreto citado « ou pôr empréstimo
em conta corrente simples, óu com juros. »
O mesmo conselheiro reconhecendo á vista dos esta-
tutos do banco, art. 44 § § 3.° e 4.° e das próprias dis-
posições do art. 16 11.° ê art. 3.° do decreto de 10 dé
Novembro do anno passado, duas espécies de capitães
no banco, como affirma Gilbart, de todos os outros, a
saber: capital realizado (inverted capital); e capital ban-
cário ( banking capital): sendo aquelle o capital pago
pelos accionistas; este o que é formado em virtude dos
mesmos §§ 3.9 e 4.° do art. 1jl dos estatutos; e reco-
nhecendo igualmente que o finada disposição do ârt.
3.° dotdecreto é obstar que uma mesma quantia sirva
de base ou garantia a duas emissões: entende que os*
empréstimos feitos ás caixas filiaes pela caixa matriz, só
devem ser deduzidos do fundo disponivel desta, no caso
dè serem os referidos empréstimos em conta corrente
simples ou corri juros, effectivamehte realizados do-
seu fundo disponível, ou daquelles valores em caixa que
servem de ba.se á sua emissão: assim que todas as vezes
que a caixa matriz, ou por ter, restringido a sua emissão,,
ou por se achar com seu « capital bancário ^desempre-
gado, fizer taes empréstimos de um, ou de outro fundo,
não se deve entender deduzido o valor dos mesmos em-
préstimos do seu fundo disponivel: por quanto da in-
telligencia contraria seguir-se-hia que a caixa matriz
seria forçada a ter capitães ociosos, que aliás poderião
por um simples movimento de fundos prestar importantes
serviços ao commercio, e á industria dás diversas praças
commerciaes do Império.
E' verdade que.dependendo a fixação do capital das
caixas filiaes da declaração da caixa matriz, poderia esta
declarar aquelle capital ãugmentado da quantia ou
quantias emprestadas. Mas alem de que a freqüência dê
taes declarações arrastaria oscillações perigosas na cir-
culação da caixa matriz, outra razàe-aiada as dífficultaria,
— 249 —
p vem a ser, que a circulação das caixas filiaes sendo
limitada pelas transacções de suas respectivas locali-
dades, ver-se-hião muitas vezes forçadas ou a emitlirem.
maior somma de seus bilhetes do que a necessária
occasionando males rêaes ao valor do meio circulante
fiduciario. e exagerando o credito; oü a ter em caixa
aquelles fundos inteiramente sem applicaçâo.
Assim poderia dar maior desenvolvimento a este as-
sumpto, se não entendesse que com o que tem exposto
sulficiêntemente se acha esclarecido o seu parecer; e
tanto mais que está convencido que outra não fórá a
"mente do governo quando estabeleceu o preceito contido
no art. 3.° do decreto de 10 de Novembro de 1860; sendo
apenas necessária a declaração acima proposta da dou-
trina do artigo citado.
Os conselheiros Marquez dê Abrantes e Visconde de
Itaborahy não concordão com o parecer acima tran-
scrjpto.
O art. 3.° do decreto n.8 2685 de 40 de Novembro
do anno passado teve por fim estabelecer 0 modo de
estremar o fundo disponivel de cada uma das caixas do
Banco do Brasil das quantias provenientes de emprés-
timos ou contas correntes que possão existir nos cotes
desses estabelecimentos; mas em lugar de resolver a
questão Com os elementos que offerecem a carteira e a
<eaixa, o que seria mais exacto, bem que mais comgdicadó,
seguiu outro methodo.
Quanto á caixa matriz, tomou todo o capital realizado
do banco, deduziu delle unicamente: 4.° as quantias
distribuídas ás filiaes, quer como capital dellas, quer
como empréstimo em contas correntes; 2.° a importância
dó resgate do papel do Estado por conta dos dez mil
contos dé réis de que tratiio os arts. 48 e 56 § 4.° dos
estatutos do banco; 3.°o valor dos edifícios, moveis e
mais objectos do serviço do estabelecimento; e consi-
derou-lodo o resto, como fundo disponivel, até a impor-
tância do que houvesse era cofre representado por moeda
corrente ou barras de ouro e de prata.
Por este modo ficará também figurando como fundo
disponivel a parte do capital do banco que estiver fora
do cofre, empregada, por exemplo, nas operações de
cambio para importar metaes; o que em verdade não
esta de accôrdo com a letra do art. 4 6 § 4.° dos res-
pectivos estatutos.
A regra, pois, que o decreto de 40 de Novembro
adoptou para reconhecer o fundo disponivel da caixa
matriz ( regra que se applica lambem ás filiaes ) dâ-lhe
mais: amplitude dò que a dos estatutos.
c. 32
— 250 —
As considerações que faz o vice-presidente do banco
a respeito da cláusula do citado art. 3.°, na parte relativa
ás contas correntes, não justificão a nova intelligencia
que se lhe quer dar. Trata-se ahi de contas correntes
abertas por umas ás Outras caixas, a que somente por
ordem e regularidade da escripturação se dá o nome de
empréstimos e que na realidade só representão dinheiros
pertencentes ao estabelecimento, distribuídos occasional-
mente pelas differentes caixas, conforme a directoria julga
mais conveniente a seus interesses e que os estatutos
lhe permittem addicionar ao fundo capital de cada uma
dellas. »
Os dinheiros recebidos pela caixa matriz na fôrma do
§4.* do art. 44 dos estatutos não poderião ser confiados
ás suas filiaes, senão como verdadeiros empréstimos
feitos nos termos prescriptos no § 6.° do mesmo artigo.
Assim pensão os referidos conselheiros que a dispo-
sição do art. 3.° do decreto de 10 de Novembro do anno
passado deve continuar a ser entendido como o foi até
agora; e que se alguma alteração se houvesse defazer-
lhe, deveria essa ter por fim corrigir a irregularidade de
que acima fizerão menção.
JiPssa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 28 de Setembro de 1861.—Vis-
conde ae Jequitinhonha.—Marquez,de Abrantes.—Vis*
conde de Itaborahy.

RESOLUÇÃO.

Como parece ao conselheiro de estado Visconde de


Jequitinhonha. (*)

Paço, em 28 de Dezembro de 1861.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

n Aviso n.o 1% de 7 de Maio deí862, na collecção das leis.


CONSULTAS

SECÇlO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.

1862.

N. 687.—CONSULTA DE 3 DE FEVEREIRO DE 1862.


Sobre as leis provinciaes deS. Pedro do Rio Crande do Sul do anno
de 1860.
*
Senhor.—Em cumprimento do aviso» de 22 de Julho
ultimo, a secção de fazenda ' do conselho de estado, ha-
vendo examinado a collecção das leis da assembléa pro-
vincial de S. Pedro do Rio Grande do Sul, promulgadas
no anno de 1860 ; e não tendo encontrado empenhuma
das onze leis, contidas na dita collecção,;? disposição
alguma, pelo que toca á administração da fazenda^ no
caso de ser julgada como contraria ás regras estabele-
cidas nosacto addicional á constituição do Império, é de
parecerique a mesma collecção seja archivada.
Entretanto Vossa Magestade Imperial resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferência^, em 3 de Fevereiro de 1862.—
Murquez de AbraMtes.—Visconde de Itaborahy .— Vis-
conde de Jequitinhonha-
— 234 —
N. 688.—CONSULTA DE 3 DE FEVEREIRO DE 1862.
Sobre as leis provinciaes de Santa Catharina do anno de 1861.
Senhor.—Por aviso de 18 de Setembro ultimo houve
Vossa Magestade lmpeíial por bem que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consulte com, seu parecer
sobre a collecção das leis da assembléa provincial de
* Santa Catharina, promulgadas no anno passado.
Tendo examinado os nove actos- legislativos, de que
consta a dita collecção, e não encontrando, na parte rela-
tiva aos negócios da fazenda, cláusula ou disposição al-
guma que pareça oppôr-seaos preceitos conslitucionaes
á qae estão sujeitas a#- assembléas legislativas das pro-
víncias, segundo o acto addicional,é a mesma secçãode
pareòer que seja archivada a referida collecção.
Vossa Magesfede Imperial se dignará resolver como
fôr mais justo.
Saladas conferências, em 3 de Fevereiro de 1862.—Mar-
quez de. .Abrantes.—Visconde de Itaborahy. — Visconde
de Jequitinhonha.

"Tf*

N. 689.—CONSULTA DE 3 DE FEVEREIRO DE 1862. -

Sobre as leis provinciaes de Goyaz do anno de 1860.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 4 de Setembro ultimo* que a secção de fazenda do
conselho de estado examinasse ô livro ou collecção das
leis da assembléa provincial de Goyaz, publicadas na
sessão legislativa de 1860.
Em cumprimento do seu dever, procedendo ao exame
dos dez actos legislativos, contidos no dito livro, e não
tendo notado em nenhum delles, quanto ao que podia
pertencer aos negócios da fazenda, artigo ou disposição
alguma exorbitante das attribuições conslitucionaes das
assembléas legislativas provinciaes, é a mesma secção
de parecer, que seja o dito livro ou collecção archivada.
VossáíMagestade Imperial, porém, será servido resolver
o que fôr- mais acertado.
Sala das conferências, em 3 de Fevereiro de 4862.—
Marquez de Abrantes.—Visconde d& Itaborahy.—Vis*
conde de Jequitinhonha.
— 255 —
N. 690.—RESOLUÇÃO DO 1.." DE MARÇO DE 1862.
Sobre o oíficio do presidente do Banco do Brasil em que pede se
declare—se as caixas filiaes do mesmo banco eslão sujeitas a im-
postos creados pelas assembléas das jprovincías, onde estiverem
estabelecidasi, .* .,
Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
o officio do presidente do Banco do Brasil, no qual
pede ao governo imperial se digne declarar—se as caixas
filiaes do #|ilo banco estão sujeiras a impostos creados
pelas assembléas legislativas das províncias onde esti-
verem estabelecidas, como aconteceu com as caixas da
Bahia e Pernambuco, sobre as quaes foi lançada a con-
tribuição annual de 1:000$000.
A secção já teve a honra de ponderar a Vossa Ma-
gestade Imperial quanto lhe parece inconveniente e ir-
regular a pretenção que mostrão certas sociedades ban-
carias de envolverem a autoridadje do governo na decisão
de negócios que lhes competem exclusivamente, ou de
o fazerem seu assessor.
No caso presente esta pretenção subiria de ponto,
porque importaria exigir que o poder executivo decla-
rasse seu juizo a respeito da competência das assem-
bléas legislativas da Bahia e de Pernambuco para pro-
mulgarem as leis, que creárão o imposto acima men-
cionado. A essa cpnta cada particular teria o direito
de recorrer para o governo imperial das deliberações
das assembléas legislativas, que entendessem contrarias
ás leis geraes ou offensivas de seus próprios interesses.
Assim, é a maioria da secçãa de parecer que o go-
verno de Vossa Magestade Imperial nada tem dé. ver
com a questão suscitada pelo presidente do Banco do
Brasil nos termos de seu officio de 22 de Agosto ul-
timo.
Ao conselheiro Visconde de Jequitinhonha parece,
que com quanto a autoridade do governo não deva, em
sua opinião, ser envolvida na direcção dos negócios
que competem ás sociedades bancarias, nem ser dellas
assessor, todavia a natureza especial do Banco do Brasil,
e de suas jfeaixas filiaes , cuja creação tem fundamento
e origenrf^em lei expressa, e em contracto bilateral
celebrado entre o governo e a companhia respectiva,
dá á consulta do presidente daquelle banco üm ca-
racter, que não pôde ter consulta idêntica de outra
qualquer sociedade trancaria.
As assembléas provinciaes não podem legislar sobre
- 236 -

objficlos não comprehendidos nos arts. 10 e 41 do acto


addicional: assim expressamente o declara o art. 12
do mesmo. acto. addicional. E ainda quando se queira
deduzir da confusa generalidade do preceito do art. 10
que as assembléas provinciaes podem Limpôr sobre
bancos, seria contrario ao nosso dire^tcgnstitucional
que o fizessem sobre o Banco do Brasil, e suas caixas
«filiaes, que são estabelecimentos creados por lei geral,
e regulados por disposições esââciaes,4 filhas de um
contracto especial, que nem pôde» ser alterado, no todo
ou em parte, pelo profifio poder legislativo geral sem
flagrante ófienp jlaT|e *do mesmo contrario. Se pois
o mesmo poder legislativo geral não pôde sujeitar estes
estabelecimentos bancários á novos impostos, ou ônus,
menos o podem fazer as assembléas provinciaes. Assim
que, ha o mesmo conselheiro Visconde de Jequitinhonha
por insujbsistente, e anli-constitucional o imposto de
que se trata; e é de opinião que se remelta á assem-
hléa geral -legislativa a lei provincial em questão, para
ser revogada. h
"Dó officio do presidente do banco se vê que não é
a primeira vez que ao governo de Vossa Magestade Im-
perial consulta o mesmo presidente sobre este as-
sumpto.
i O conselheiro. Visconde de Jeqdfclinhonha, não per-
Hncendo entfc) a esta secção, procurou saber se já havia
Vossa Magestade Imperial resolvido sobre consulta-a-
cerca delle. E não o podendo conseguir, resalva pi?"
esta fôrma o respeito que lhe cumpre ter pelos de-
cretos, proferidos sobre consultas por Vossa Magesta#
Imperial. .«
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o quel
julgar mais acertado'era su» alta sabedoria.
Rio de Janeiro, em 24 de Dezembro de 1861.—Vis-
conde de.Itaborahy.— Marquez de Abrantes.— Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Seja ^presente á assembléa geral. (*)
Paço, em o 1.° de Março de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Impetkdor.
José Maria da Silva Paranhos.

(*) Aviso n. c 93 de 3 de Março de 1862, na collecção das leis.


Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso
n.° 108 de 14 de Março de 1862.
_ 257 —
N. 691. —RESOLUÇÃO DO 4.° DE MARÇO DE 1862.
Sobre as leis provinciaes do Píauhy do anno de 1889.
Senhor.— A secção de fazenda do conselho de es-
tado, ern observância do aviso de 5 do corrente mez,
passou a examinar como lhe cumpria a collecção dos
actos legislativos da assembléa provincial do Piauhy,
promulgados na sessão de 1859.
Na parte que respeita aos negócios sujeitos ao seu
exame, merecera reparo os impostos de 5 °/„ de expor-
tação creados na lei que fixou a despeza e receita da
provincia, art. á.° §§ 30, 31 e 32, sobre a arroba do
sebo, tatajuba e carne secca;e sendo esta a opinião
da secção já sanccio.nada por diversas resoluções de
consulta, é de parecer que seja remettida á assembléa
geral para tomar uma decisão final, declarando o ver-
dadeiro sentido do § 5.° do art. 10 do acto addicio-
nal.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que mais justo fôr.
Sala das conferências, em 3 de Fevereiro de 1862.
—Marquez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.—Vis-
conde de Jequitinhonha.
;:•'• t»
. «í RESOLUÇÃO. í
"Como parece. (*)-
^Paço, em o1." de Março de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Mkria da Silva Paranhos.

N. 692.—RESOLUÇÃO DO 1. DE MARÇO DE 1862.


Sobre as leis provinciaes de Mato Grosso do anno de 1860.
é
Senhor. —Por aviso de 17 de Janeiro ultimo, man-
dou Vossa Magestade Imperial que a secção de fazenda

(*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 11 de Março de 1862.
c, 33.
— 238 —

do conselho de estado Consulte com o seu parecer


sobre os actos legislativos da provincia de Mato Grosso,
promulgados na sessão do anno passado.
A' secção somente mereceu reparo na mencionada
collecção o imposto de 2#500 soorè cada garrafão de
aguardente, ou qualquer outra vasilha que corresponda,
que entrar para vender-se na villa de SanfAnna do
Paranahyba, eseu município. Neste paragrapho, que é
o 26 do art. 2.° da léi n.° 11 que fixou a despeza e
a receita das câmaras municipaes, não se declara que o
gênero imposto seja producção, ou manufactura do paiz;
como expressamente o faz quahdo menciona o imposto
de 1 $000 sobre cada arroba de fumo, que entrar na mes-
ma villa, e seu município para vender-se ( § 27 do dito
artigo). Assim que pôde entender-se que o referido
imposto de 2#500 comprehende também o dito gênero
importado do estrangeiro, e das outras provincias, o
que é expressamente contrario ao art. 12 do acto addi-
cional.
Nestes termos entende a secção que se deve pedir
informações ao respectivo presidente da provincia, de-
cjarando-se inconstitucional o imposto, caso recaia era
gênero importado do estrangeiro, ou de outras pro-
vincias.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
for servido.
Sala das conferências, em 4, de Fevereiro de Í862.
— Visconde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.
—Visconde de Itaborahy.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, emo1. l de Março de 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

n Aviso n.« 102 de li de Março de 1862, na collecção das lèís.


— 259 —

N. 693.—RESOLUÇÃO DO 4." DE MARÇO DE 4862.

Sobre as leis provinciaes do Espirita Santo do anno de 1860.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial por aviso


de 27 de Maio do anno passado que a secção de fazenda
do conselho de estado consulte com o seu parecer
acerca dos actos legislativos da assembléa da provincia
do Espirito Santo, promulgados na sessão ordinária do
anno de 4860.
A secção no exame que fez da referida collecção so-
mente tem a notar os impostos de exportação-de .6 %
sobre todos os gêneros de cultura, comprehendendo
couros, é cobrando-se no algodão manufacturado pelo
que contiver em bruto: e 40 °/0 da madeira que também
se exportar para fora da provincia, como se vê no art. 4.°
H 1.' e 2.' da lei de 5 de Julho de 1860.
Diversas resoluções de consulta tem mandado enviar
á assembléa geral para deliberar sobre a inconstitucio-
nalidade de taes impostos.
Asssim a secção continua a ser do mesmo parecer.
Vossa Magestade Imperial resolverá como julgar mais
conveniente.
Sala das conferências, em 4 de Fevereiro de 1862.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy.

RESOLUÇÃO..

Como parece. (*)

Paço, em o 4. de Março de 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

(*) Submettida á consideração da assembléa geral legislativa. Avise


de 11 de Março de 1861..
- 260 -
N. 694—RESOLUÇÃO D0 1.a DE MARÇO DE 1862.
1
Sobre as leis provinciaes da Parahyba do anno de 1860.
«
Senhor.—Por aviso de 17 de Janeiro ultimo mandou
Vossa, Magestade Imperial que a secção de fazenda do
conselho de estado consulte com o seu parecer sobre
os actos legislativos da provincia da Parahyba, promul-
gados na sessão do anno passado.
A secção pelo exame que fez da collecção supra men-
cionada veio no conhecimento que a assembléa pro-
vincial da Parahyba continua a crear impostos de ex-
portação, ponto, este que já Vossa Magestade Imperial
por differentes resoluções tem enviado á assembléa
geral para decidir definitivamente.
Igualmente mereceu reparo á secção o § 25 do art. 16
da Lei do orçamento provincial que diz « Imposto sobre
charutos e rape, cobrados na occasião do despacho »
Ora, podendo ser o despacho para exportação, ou para
importação, é evidente que este imposto é contrario já
ao § 5.° do art. 10, já ao art. 42 do acto addicional que
prohibe expressamente os impostos de importação.
E' pois conveniente que se peção informações ao res-
pectivo presidente da provincia á este respeito, para que
seja declarado anti-constitücional este ultimo imposto *
no caso de ser pago também naimporlação; remettendo-
se a collecção das leis em questão á assembléa geral'
pelo que respeita aos impostos de exportação.
Vossa Magestade Imperial porém mandará o que fôr
melhor.
Sala das conferências, em 4 de Fevereiro de 1862.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.

ComO parece. (*)


Paço, em o 1." de Março de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

n
d&Ü&S /° 1 0 3 .de ll.de MarçoTde 1862, na collecção das leis.
29d£ Ibrii dPc<0«nfi9lderasao da assembléa
eer*l legislativa. Aviso de
— 261 —
N. 695.—RESOLUÇÃO DE 8 DE MARÇO DE 1862.
Sobre a pretenção da directoria do Banco do Brasil á garantia
do governo para o empréstimo.que julga conveniente contrahir
por conta do mesmo banco em Londres, ou em outra qualquer
praça da Europa.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
seu parecer sobre a solicitação que ora faz a direc-
toria do Banco do Brasil em officio n.° 411 de 22 de
Agosto Po anno passado. Esta solicitação tem por fim
obter que o governo imperial, em virtude do art. 3.°
da lei n.° 683 de 5 de Julho de 1853, e do art. 60 dos
estatutos do banco, garanta um credito até dez mil
contos de.réis, importância do papel moeda resgatado,
que a mesma directoria julga conveniente abrir em
Londres ou em qualquer outra praça da Europa, no
intuito de importar melaes que aügmentem ou con-
servem o seu fundo disponivel, ou de impedir, a expor-
tação delles.
Se a secção de fazenda tivesse de emittir opinião
sobre a conveniência da medida solicitada pela di-
rectoria do Banco do Brasil, não ousaria aconselhal-a
sem ter examinado a consulta das secções de fazenda,
império e justiça do conselho de estado, a que se refere
o decreto de 7 de Abril de 4860, (*) porque não atina
ainda com as vantagens dessa medida.
No seu entender, porém, a concessão feita pelo dito
decreto não foi limitada á um prazo determinado, e
por isso se acha o banco do Brasil autorizado a con-
trahir o empréstimo de £ 787.500 sob a garantia do
governo imperial, com as condições que tiverem sido
estabelecidas nas instrucções dadas ao ministro brasi-
leiro em Londres na occasião em que teve de executar
tanto esse decreto como o aviso de 44 de Maio de 4858.
E sendo assim, parece conseqüência da doutrinada
referida concessão que se eleve a somma de £ 787.500
ao equivalente de dez mil contos de papel do governo,
que o banco tem até agora amortizado.
A secção está persuadida que, se a directoria do
banco não, puder realisar o empréstimo dessa quantia
em Londres, muito menos o poderá fazer em qualquer
outro mercado monetário, mas nem por isso julga que
haja inconveniente em se lhe conceder a faculdade

(*) Vide. a pag, 371 do 4.« volume.


— 262 —

de realisar a dita operação parcial ou integralmente


onde possa mais vantajosamente conseguil-o.
Vossa Magestade Imperial, mandará o que fôr mais
acertado.
Sala das conferências, em 28 de Janeiro de 4862.—
Visconde de Itaborahy. — Visconde de Jequitinhonha.
—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 8 de Março de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 696.—RESOLUÇÃO DE 5 DE ABRIL DE 4862.


Sobrev a constilucionalidade do acto da assembléa provincial de
Minas Geraes que faz extensivo o imposto da meia siza aos ar-
rendamentos e outros contractos onerosos que transíirão o domínio
dos escravos, ou seus serviços por mais de cinco annos.
Senhor.—Houve por bem mandar Vossa Magestade
Imperial, por aviso de 26 de Dezembro ultimo, que a

DECRETO.

H Annuindo ao que solicitou a directoria do Banco do Brasil, hei


por bem, em conformidade do art. 3." da lei n.° 683 de S de Julho de
1833, autorizar a Francisco Ignacio de Carvalho Moreira, do meu
conselho e meu enviado extraordinário e ministro plenipolenciario
junto á corte deLondres para negociar a abertura de um credito de
£ 337.500 por conta e á disposição do mesmo banco, esob a garantia
do governo imperial, além da autorização conferida pelo decreto de
7 de Abril de 1860, ficando assim elevada a £ 1.125.000 correspon-
dentes a 10.000:000^000 de papel moeda resgatados pelo referido
banco ao cambio de 27.
O Marquez de Abrantes, conselheiro de estado, senador do im-
pério, ministro e secretario de estado dos, negócios estrangeiros
e interino dos da fazenda e presidente do tribunal do thesouro na-
cional, assim o tenha entendido e faça executar.
Palácio do Rio de Janeiro, em 8 de Junho de 1863, 42.» da inde-
pendência e do Império.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marques de Abrantes.
— 263 —

secção de fazenda do conselho de estado consulte com


seu parecer acerca da constitucionalidade do acto dá as-
sembléa provincial de Minas Geraes, constante do regu-
lamento n.°48 de 46 de Janeiro do anno passado, expe-
dido pela presidência da mesma provincia, que fez ex-
tensivo o imposto de meia siza aos arrendamentos ou
quaesquer outros contractos onerosos, por meio dos
quaes se transfira o domínio sobre escravos, ou os seus
serviços por mais de cinco annos.
A secção, examinando todos os documentos juntos ao
referido aviso, e considerando que o imposto da meia
siza foi pela lei classificado imposto provincial com a
faculdade de o poderem alterar e modificar, entende
que não é inconstitucional o acto da assembléa pro-
vincial de Minas Geraes que fez extensivo o referido
imposto aos arrendamentos ou quaesquer outros contrac-
tos onerosos por meio dos quaes se transfira o domínio
sobre escravos, ou os seus serviços por mais de cinco
annos. E se não ha verdadeira translação de domínio na
venda do escravo, mas apenas transferencia de seus
serviços, perpetua, no caso de venda, temporária, no
caso de arrendamento, se as assembléas provinciaes po-
dem legislar sobre este imposto no caso de venda, tam-
bém o podem fazer no caso de arrendamento, ou de ou-
tro qualquer contracto oneroso.
Além disto as assembléas provinciaes podem crear
impostos em virtude do § 5.° do art. 40 do acto addicio-
nal, com tanto que taes impostos não prejudiquem a renda
geral: ora ò de que se trata em nada se pode dizer que
prejudica a renda geral. O mesmo porém se não pode
sustentar pelo que concerne aos impostos de exportação,
e outros quejandos.
E' esta a opinião da secção. Vossa Magestade Imperial
resolverá o que fôr mais justo.
, Sala das conferências," em 3 de Fevereiro de 4862.—
Visconde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—
Visconde de Èaborahy.
- • i

RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, .em 5 de Abril de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.
— 264 —

N. 697.—RESOLUÇÃO DE 26 DE ABRIL DE 4862.

Sobre os direitos a que estão sujeitas as gratificações concedidas


a indivíduos nomeados para commissões, que não têm o ca-
racter de empregos públicos, e as que percebem os nomeadtfs
interinamente para qualquer emprego, não sendo substitutos natos.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a sec-


ção de fazenda do conselho de estado consulte com seu
parecer sobre a doutrina das ordens n.° 122 de 29 de Ou-
tubro de 1846 e n.° 140 de 7 de Abril de 1856 a respeito
dos direitos a que estão sujeitas as gratificações conce-
didas temporariamente a indivíduos nomeados para com-
missões que não têm o caracter de empregos públicos, ê
as que percebem os nomeados interinamente para qual-
quer emprego, não sendo substitutos natos, bem como,
se, em face da tabeliã annexa á lei de 30 de Novembro
de 1841, ha necessidade de revogarem-se as sobreditas
ordens.
E' a secção de parecer que a disposição do § 4.° da
tabeliã annexa á lei de 30 de Novembro de 1841, na parte
concernente ás gratificações, refere-se unicamente ás
concedidas aos indivíduos encarregados de serviços
designadamente creados por lei, e cujo desempenho se
acha a cargo de empregados especiaes creados também
por lei; mas que não abrange as gratificações concedi-
das temporariamente a indivíduos nomeados para com-
missões, que não tenhão o caracter de empregos pú-
blicos. .
Admittida esta intelligencia que, no conceito da secção
salva a antinomia que de,a outro modo se daria entre a
doutrina do § 4.° e a da 1 . advertência da citada tabeliã,
segue-se que estão-sujeilas ao imposto de 5°/? as gratifi-
cações que perceberem os que forem nomeados interi-
namente para servir qualquer emprego publico, não
sendo substitutos halos.
Com esta intelligencia está em harmonia a ordem do
thesouro de 7 de Abril de 1856, bem que não o N esteja a
de 29 de Outubro de 1846.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acertado.
Saladas conferências, em 28 de Março de 1862.— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
— 265 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 26 de Abril de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 698.—RESOLUÇÃO DE 26 DE ABRIL DE 1862.


Sobre os direitos que deve pagar o bacharel Sebastião Machado
Nunes da gratificação que lhe foi concedida, durante o tempo em
que esteve em commissão, na provincia de S. Paulo.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a sec-


ção de fazenda do conselho de estado consulte se o ba-
charel Sebastião Machado Nunes deve ou não pagar di-
reitos de 5 °/o da gratificação mensal de 3660666 que lhe
foi concedida pelo ministério do império durante o tempo
em que esteve em commissão na provincia de S. Paulo.
A secção de conformidade com o parecer que nesta data
emitte sobre questão análoga, é de parecer que o suppli-
cante deve ser favoravelmente deferido.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 28 de Março de 1862.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes .—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (**)


Paço, em 26 de Abril de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

(*) Aviso n.° 202 de 13 de Maio de 1862, na collecção das leis,


(**) Aviso n.° 201 de 13 de Maio de 1862, na collecção das leis.
c. 34.
- 266 -

N. 699.—RESOLUÇÃO DE 26 DE ABRIL DE 1862.

Sobre a duvida—se a doutrina do decreto de 31 de Março de 1860,


com referencia ao art. 48 do decreto de 29 de Janeiro de 1859,
é applicavel ás gratificações dos empregados da secção de subs-
tituição das notas, na Caixa da Amortização.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
o requerimento de Antônio José Bordini, trocador da
secção de substituição da caixa da amortização, se a
doutrina do decreto n. 2567 de 31 de Março de 1860
com referencia ao art. 43 do de 29 de Janeiro de 1859,
n." 2343, é applicavel ás gratificações dos empregados
da dita secção de substituição.
O decreto n.° 2567 de 31 de Março de 1860 declara
que « as gratificações e porcentagens dos empregados
da repartição de fazenda só são devidas pelo effectivo
exercicio, nos termos do art. 43 do de 29 de Janeiro
de 4859, salvos os casos de impedimento por serviço
gratuito, a que os mesmos sejão obrigados por lei, ou
ordem superior. »
E por que os vencimentos dos empregados da secção
de substituição forão concedidos sob o titulo de gra-
tificações, parece que lhes é extensiva a doutrina da-
quelle decreto.
Sendo, porém, certo que os ditos empregados fica-
rião assim reduzidos á condição de meros jornaleiros,
o que nem se casa com a importância e responsabi-
lidade das funcções que exercem, nem com o espirito
dos decretos que aposentarão o primeiro escripturario
daquella repartição João José da Costa, e o ajudante,
do thesoureiro João Salermo Toscano de Almeida, en-
tende a maioria da secção que convém modificar o ci-
tado decreto de 34 de Março de 4860, de modo que
não comprehenda os empregados da mesma repartição.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha é de opinião
que o decreto é applicavel aos empregados acima no^
meados.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 31 de Março de 4862.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde
de Jequitinhonha.
— 267 —

RESOLUÇÃO.
í .
Como parece, salvos os casos de impedimento não jus-
tificável. (*)

Paço, em 26 de Abril de 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Maria da Silva Paranhos.

N. 700. —RESOLUÇÃO DE 26 DE ABRIL DE 1862.

Sobre as leis provineiaes de Goyaz do anno de 1860.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado Consulte sobre
os actos legislativos da assembléa provincial de Goyaz,
promulgados no anno de 1860.
A secção examinou a ^collecção dos referidos actos,
e offerece á consideração de Vossa Magestade Imperial
o art. 2.° | 6.° n:°' 1, 2, 3 e 4 da lei de 9 de Agosto,
nos quaes decreta a assembléa provincial impostos de
exportação, cuja inconslitucionalidade já tem demons-
trado em varias consultas, que merecerão ser resol-
vidas — como parece a secção —; pelo que é de parecer
que seja esta collecção igualmente enviada á assembléa
geral para decidir tão importante ponto dó nosso di-
reito constitucional.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr servido.
Sala das conferências, em 42 de Abril de 4862.—Vis-
co/ide de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de ltaborahyj.
Ttífl

(*) Aviso n.° 229 dè 21 de Maio de 1862, na collecção das leis.


— 268 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 26 de Abril de 4862..
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 701 .—RESOLUÇÃO DE 30 DE ABRIL DE 1862.


Sobre o recurso interposto por João Pinto da Luz, juiz municipal
supplente do termo da capital de Sania Catharina, da multa que
lhe foi imposta pelo presidente da mesma provincia, por infracção
do regulamento do sello.
Senhor.—Vistos estes autos de recurso interposto pelo
juiz municipal e do commercio, 3.° substituto do termo
da capital da provincia de Santa Catharina, João Pinto
da Luz, delles consta que o presidente da provincia
impôz ao recorrente a multa, de vinte mil réis por
infracção do art. 58 do regulamento de 26 de Dezembro
de 1860, que manda que o. sello dos papeis forenses
seja pago antes da conclusão para sentença final.
Defende-se o recorrente allegando: 1.° que não proferiu
sentença definitiva, mas sim despacho intertocutorio
com força de definitivo, assim considerado em direito,
qual é o que despreza in limine os embargos de terceiro
embargante; 2." que contra este despacho foi intentado
o recurso de aggravo, na fôrma do art. 669 § 11 do
citado regulamento, recurso que não caberia se a sentença
fosse definitiva, na fôrma do disposto no art. 646 do
mesmo regulamento; 3.° que interposto o referido re-
curso de aggravo, foi o seu despacho reformado, e a
^execução seguiu seus termos. »
i A maioria dá secção, considerando que sendo a sen-
tença definitiva em direito a que decide a questão prin-
cipal da causa, Ord. liv. 3.°, tit. 66 §6.°; D. deré judie.;

(*) Submettida á consideração da, assembléa geral legislativa. Aviso


de-7 de Maio de 1862.
— 269 -
e sentença interloculoria com força de sentença definitiva
a que põe fim a causa, Ord. liv. 3.°, lits. 68 é 69 ; D. de
minor., Lei. 2.*; D. de appellat. recip. Lei 9." / D.qui
satis dare cogant, os effeitos de uma e outra são os
mesmos.
Considerando que assim como das sentenças defini-
tivas, das interlocutorias com força de definitiva se dá
o mesmo recurso de appellação, como è de praxe forense,
e o dispõe o mesmo art. 646 citado pelo próprio
recorrente ibi « ou tiver força de definitiva :
Considerando que o dar-se o recurso de aggravo
no caso de que se trata nãp importa alteração do di-
reito, mas apenas dar ao processo uma fôrma mais
summaria ou summarissima em attenção á natureza
da causa, na qual o regulamento teve em vista evitar
totio gênero de cavillação e conluio com o fim de
demorar o processo de execução, que em matérias
commerciaes deve ser promptamente decidido pelos
males que soem seguisse da demora:
Considerando que se não deve confundir « sentença
definitiva» com a que passou em julgado, ou decreto
judiciário, do qual não se dá mais recurso algum ;
entretanto que das sentenças definitivas dão-se os re-
cursos que a lei prescreve; sem que por isso se altere
a natureza da sentença, ou despacho:
Considerando que o regulamento de 26 de Dezembro
de 1860 não se referiu aos decretos judiciários, e sim
ás sentenças que decidem a questão principal da causa,
ou põe fim a ella, o que realmente teve lugar, despre-
zados in limine os embargos de terceiro, como confessa o
recorrente, embora de seu despacho que assim decidiu,
houvesse recurso, fosse elle interposto, e reformado,
continuando os seus termos o processo de execução:
Considerando finalmente que se não fora reformado
o despacho do recorrente, ou se entre si se ajustassem
as partes, perdia o thesouro o sello, com infracção da
lei e regulamentos em vigor:
Entende a maioria da secção que bem imposta foi
a multa por infracção do art. 58 do regulamento de 26 de
Dezembro de 1860.
O conselheiro Visconde de Itaborahy. é de parecer
que o art. 58 do regulamento n.°27l3 de 26 de Dezembro
de 1860 exige que o sello, dos papeis forenses seja pago
antes da conclusão para sentença final: dPnde resulta
que a responsabilidade do juiz só pôde verificar-se,,
quando os autos lhe vão conclusos a final.
Ora não parece ao mesmo conselheiro que o despacho
que recebe simplesmente ou despreza in limine embargos
( / - 270, -
postos na execução, seja sentença final: 1:° porque a
causa tem de continuar; 2.° porque esse despacho
nas causas commerciaes, apenas dá lugar a recurso
de aggravo (art. 669 do decreto de ,25 de Novembro
de 1850) e não ao de appellação, que é o recurso que
cabe nas sentenças finaes.
E porque, demais, sendo assim entendida a citada
disposição do art. 58 do regulamento de 26 de Dezembro,
é sufficiente para assegurar a cobrança do imposto do
sello,'julga que o recorrente deve ser favoravelmente
deferido.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr servido.
Sala das conferências, em 2 de Abril de 1862.—Visconde
de Jeqàwinhonha.—Visconde de Itaborahy .—Marquez
de Abrantes. t

RESOLUÇÃO.

Como parece ao relator da secção; relevada a multa


no presente caso. (*)
Paço, em 30 de Abril de 1862.
_„ Com a rubrica de Sua Magestade' o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

Nf 702 — RESOLUÇÃO DE 7 DE MAIO DE 1862.


Sobre a liquidação, reconhecimento e inscripção das dividas pas-
sivas pertencentes á provincia de Mato Grosso, anteriores ao anno
de 1827.

Senhor.—Por aviso de 6 de Novembro do anno passado


mandou Vossa Magestade Imperial que a secção de
fazenda do conselho de estado consulte sobre os se-
guintes quesitos:
1 / Se o.thesouro tem direito de liquidar a divida
já inscripta nas thesourarias de fazenda, á vista dos
arts. 5.°, 6.°, 7.', 13, 14, esobretudo dos arts. 15e38

(*) Aviso n.« 267 de 12 de Junho de 1862, na collecção das leis.


m
- - I
da lei de 15 de Novembro de 1827, não obstante o
art. 24 da lei n." 028 de 17 de Setembro de 1851.
2. Se as dividas jnenores de quatrocentos mil réis,
que algumas lhesourarias, e principalmente a de Mato
Grosso, entenderão não poder inscrever, mas de que
passarão conhecimentos em resultado da liquidação
a que procederão, podem soffrer no thesouro nova
liquidação.
3." Se liquidada, reconhecida e inscripta uma divida,
na fôrma da lei de 15 de Novembro de 1827, e feita
a emissão de apólices, será ainda licito ao thesouro
instituir qualquer exame sobre sua legalidade, ou só
lhe ficará o direito regressivo contra os empregado*
que a liquidarão, reconhecerão, inscreverão, e emittirão
apólices em seu pagamento, no caso de mal%averem
procedido.
4." Se será necessário pedir ao poder legislativo a
alteração do § 15 do art. 11 da lei n.° 1114 de 27 de
Setembro de 1860, e em que sentido; ou se a dispo-
sição desse paragrapho é suíficiente para que o the-
souro reconheça e pague, nos termos nelle prescriptos,
as dividas passivas anteriores a 1827, cujo pagamento
se reclama.
5.° Se está revogado o art. 212 do regimento de fa-
zenda dé 17 de Outubro de 1516 que prohibiu a ex-
pedição das certidões de dividas pelo regimento dos
contos de 3 de Setembro de 1627, art. 71, e resolução
de 23 de Fevereiro de 1671.
Emquanto ao primeiro quesito, pondera o relator
da secção que, examinados com cuidado os arts. 5.°,
6.°, 7.°, 13, 14, 15 e 38 da lei de 15 de Novembro de
1827, delles não se pôde deduzir disposição tão expressa
que autorize a reconhecer nas casas de fazenda das
{irovincias a faculdade exclusiva de liquidarem, e lega-
isarem suas dividas especiaes anteriores a 1827, inde-
pendentemente da liquidação e legalisação feita no the-
souro nacional: antes parece que a mente do legislador foi
deixar sempre ao thesouro a legalisação final de taes
dividas.
O legislador teve em vista a difficuldade que teria
o thesouro de liquidar por si só a divida relativa ás
diversas provincias do Império, e parece tei; querido
que fosse auxiliado pelas respectivas casas de fazenda:
teve igualmente em vista facilitar aos credores a exhi-
bição de seus documentos, e a sustentação do seu
direito. Por isso creou livros auxiliares do grande livro e
mandou que neste e naquejles fossem mscriptos os
titulos da divida publica.
- 272 -

Entendendo-se dé um modo contrario ao quefica ex-


posto, poder-se-hia crer que a lei de 1827 alterou a
terminantissima disposição do art. 170 da constituição
que deu ao tribunal do*thesouro exclusivamente a admi-
nistração , arrecadação e contabilidade da receita e
despeza da fazenda nacional em > reciproca correspon-
dência com as thesourarias e autoridades das pro-
vincias do Império.
Estas ultimas palavras do artigo constitucional citado,
inteiramente abonão a justeza da intelligencia dada á
letra e espirito dos artigos da lei de 1827. Entretanto,
no thesouro não se tem sempre decidido e procedido
deste modo. Resoluções alli tomadas parecemfirmaro
principio de que as casas de fazenda das provincias
têm o direito de liquidar e reconhecer as dividas de
que se trata, independentemente de liquidaçãofinaldo
thesouro nacional, restando a este apenas o regresso
contra os empregados das provincias que liquidarão a
divida, reconhecêrão-a e inscrevêrão-a, e emittirão apó-
lices em seu pagamento.
A este respeito o conselheiro director geral de con-
tabilidade, no parecer que deu em 9 de Fevereiro do anno
passado, sobre a divida publica de Mato Grosso, cujo pa-
gamento reclama Antônio Luiz Patrício da Silva Manso,
exprime-se assim :
« Entretanto se se julgar que pôde ser applicado a esta
divida o principio estabelecido acerca das de idêntica
natureza da provincia de S. Pedro, reclamadas por An-
tônio Mendes de Oliveira e outros, — de que, liquidada,
reconhecida e inscripta uma divida, e feita a emissão da
apólice, não é mais licito ao thesouro instituir qualquer
exame sobre a sua legalidade, ficandq-lhe salvo o direito
de regresso contra os empregados que a liquidarão, re-
conhecerão, inscreverão e emittirão apólices em seu
pagamento, nenhuma resolução ha que tomar, senão
reconhecel-a o thesouro e pagar o saldo delia. »
Assim o principio mencionado aqui pelo conselheiro
director da contabilidade reduzia a acção final do the-
souro unicamente a examinar a legalidade do conheci-
mento de inscripção, e não a dos titulos originaes da
divida, contra a opinião da commissão da câmara dos
deputados, adoptada pelo corpo legislativo no art. 24
da lei de 17 de Setembro de 1851, como bem expôz o con-
selheiro procurador fiscal do thesouro em seu parecer.
Assim ao primeiro quesito o relator da secção responde
aífirmativamente.
Em rigor de direito, respondido affirraativamente o pri-
meiro quesito, a mesma resposta cabe dar ao segundo. E
•; , __ 2 7 3 —
«
na verdade o relator §ssim o entende e opina, salvo o re-
curso,para o poder legislativo, cujos princípios de equi-
dade forão já altamente manifestados na benéfica dispo-
sição do § 15 do art. 11 da lei de 27 de Setembro de 1860.
Emquanto ao terceiro quesito, diz o conselheiro procu-
rador fiscal : « A conversão da divida exigivel em renda
de apólices foi uma novação imposta pela lei. â novação
extingue a obrigação primitiva. Em sumraa ha pagamen-
to. Ora, o pagamento suppõe uma obrigação real, sem o
queénulloe de nenhum effeito: neste caso o devedor,
que pagou, tem direito inquestionável de repetir, assim
como o credor que recebeu a obrigação de restituir,
portanto: pagando o Estado por erro, ou uma obrigação*
que não existia, ou a pessoa a quem não se dpvia, ha
lugar a condictio indebiti, a repetição do que se pagou
indevidamente.
Tendo o relator respondido affirmativamenle ao primei-
ro e segundo quesitos, adopta inteiramente a opinião do
conselheiro procurador fiscal. t
O relator já teve neste parecer occasião de referir-se
ao § 15 do art. 11 da lei de 27 de Setembro de 1860, e a
encarou comoumactohenefico do poder legislativo.
Tendo agora de responder ao quarto quesito, entende
que e elle suíficiente para habilitar o poder executivo' a
proceder ex oequo et bono em todas as questões relativas
ás dividas de que se trata.
O relator entende que a disposição daquelle paragra-
pho é o máximo que o poder legislativo podia autorizar em
casos taes. Assim que, julga o relator que não é necessá-
rio pedir a alteração do disposto no referido paragrapho.
Considerando ô relator: 4.° que a constituição deu nova
organização ao modo como a receita e despeza do Estado
deve ser administrada no Império; 2." que o thesouro
nacional 'foi alterado pela lei. em sua organização, ê que
nem existem as differentes estações existentes ao tempo
a que se refere o quesito quinto, sendo outrosim inteira-
mente differentes as eircumstancias financeiras, em que
se achou o thesouro nacional, quando foi promulgada
a lei de 1827, que decretou a liquidação da divida
nacional, sendo do mais imperioso dever do legislador
acautelar os dinheiros públicos e tomar todas as medi-
das indispensáveis para evitar a fraude, e abusos, que
soem praticar-se em prejuizo do mesmo thesouro, como
sabiamente são previstos no aviso de 26 de Janeiro de_
4852 : não hesita o relator em- declarar que é sua opi-
nião que se deve considerar revogado o cap. 74 do
regimento dos contos e a resolução de 23 de Fevereiro
de 4671 que o confirmou, devendo prevalecer o que
c. 35.
— 274 — :A_

determinou o citado aviso de 26 de Janeiro de 1852, que


recomraendou a execução do cap. 212 do regimento de
fazenda de 17 de Outubro de 1516. E nem de outra fôrma
se poderia dai* execução ao preceito do nosso direito
administrativo, isto é, quesó ao thesouro compete orde-
nar o pagamento das~ dividas do Estado, como o deter-
minou a constituição, e o reconhecem as instrucções de
6 de Agosto de 1847, citadas no mesmo aviso.
Se o relator, Senhor, não desconhece os prejuízos que
por ventura possãô ter soffrido os credores legítimos
dd^Éstado, e de boa fé, com a demora da liquidação, e
real pagamento de suas dividas ; também não pôde, nem
lheé licito dissimular os abusos, que da não adopção,-
ou relaxação dos princípios adpptados nesta consulta,
aliás Iodos elles fundados, no entender do relator, em
as leis vigentes, se podem seguir, e já se têm dado, como
se vê dos pareceres dos differentes empregados do the-
souro, ouvidos a,respeito das diversas pretenções dos
peticionarios credores do Estado.
Os conselheiros Marquez de Abrantes e Visconde de lia
borahy concordão com o parecer acima, mas acrescen-
tão comtudo que, quanto ao primeiro quesito, as ordens
do thesouro de 17 de Outubro de 1837, 8 de Abril de 1847,
30 de Novembro dè 1841, 10 de Junho de 1848, 26 de
Agosto de 1856, e outras parecem ler estabelecido, como
jurisprudência daquelle tribunal, a doutrina sPstentada
no dito parecer, não sendo bastante para invajidal-a o
exemplo citado pelo conselheiro director geral da conta-
bilidade, porquanto, além de serem unicamente dous
ou três os pareceres a que elle se refere, o thesouro,
dando-os por liquidados, não declarou que o fazia por
se conformar com as razões allegadas pelos dous mem-
bros do tribunal, que sustentarão a competência das
thesourarias de fazenda para legalisarem afinal'as contas
de que se trata; e que, quanto ao segundo quesito, não
lhes parece, comojulgão não parecer ao illustrado rela-
tor da secção, que a doutrina do conselheiro procurador
fiscal seja também applicavel aô pagamento das dividas
já reconhecidas e liquidadas pelo thesouro.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
mais justo fôr.
Sala das conferências, em 7 de Abril de 4862.—Vis-
conde de Jequitinhonha.-^-Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy.
— 27b —

' RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 7 de Maio de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 703.—RESOLUÇÃO.DE 21 DE MAIO DE 4862.,


Sobre o recurso do procurador fiscal da thesouraria de Santa Ca-
tharina da decisão do thesouro, negando-lhe a gratificação que pe-
dira em virtude da disposição dó art. 42 do decreto de 29 de Ja-
neiro de 1859.

Senhor.—Polydoro dó Amaral e Silva, proçuradorfiscal


da thesouraria de fazenda da provincia de Santa Catha-

(*) Aviso n.o 221 de 23 de Maio de 1862, na collecção das leis.


Foi nomeada uma commissão especial encarregada da liquidação
destas dividas, como se vé do aviso seguinte :
Ministério dos negócios da fazenda. Rio de Janeiro, em 23 de Maio
de 1862.
Convindo deferir como fôr de justiça aos credores do Estado por di-
vidas originadas na provincia de Mato Grosso e anteriores ao anno de
1827, de conformidade com a disposição da lei n.° 1114 dé27 de Setem-
bro de 1860, art. 11 § 15, e nos termos da imperial resolução de
consulta de 7 do corrente, constante da copia junta: Sua Magestade
o Imperador houve por bem que a liquidação final da dita divida
fosse incumbida a uma commissão, que,, examinando os respectivos
processos e ouvindo as partes interessadas, si assim fôr preciso, pro-
ponha o quantitativo que se deva pagar a cada reclamante, procedendo
a uma avaliação feita extequo et bono, como se indica na citada con-
sulta, nos casos em que nao seja possível uma rigorosa apreciação
dos titulos originários, nem razoável a exigência de formalidades, que
deixassem de ser preenchidas pelos primeiros possuidores dos mesmos
titulos. . '
E tendo, para o desempenho deste serviço, nomeado uma commissão
composta de V. S. como presidente, do contador do thesouro con-
selheiro Antônio José de Bem, e do procurador fiscal interino Dr.
João Cardozo de Menezes e Souza, assim'o communico a V. S., para
seu conhecimento e devida execução, ficando autorizado para escolher
d'entre os empregados-do thesouro os que lhe parecerem nec«ssarios
para auxiliar a commissão nesse trabalho. .,
Deus guarde a V. S. José Maria da Silva Patanhos.*-Sr. conselheiro
Luiz Antônio de Sampaio Vianna, director geral da tomada de
contas.
— 276 —

rina, recorre para o conselho de estado da decisão do


thesouro, negando-lhe a gratificação que pedira em vir-
tude da disposição do art. 42 do decreto n.° 2343 de 29 de
Janeiro de 4859.
O art. 42 diz: « O governo poderá conceder ao empre-
gado de fazenda que, completando trinta annos de ser-
viço-, não estiver para elle inhabilitado, uma gratificação
annual não excedente á terceira parte de seus vencimen-
tos, até dez annos. »
Segundo, pois, a„ doutrina deste artigo não está o go-
verno obrigado a conceder.a mencionada gratificação a
todos os empregados que se acharem nas condições ahi
designadas : fica-lhe pelo contrario a faculdade discri-
cionária de fazei-o ou deixar de fazel-o, conforme lhP
indicarem as conveniências do serviço publico:
Assim á disposição do «regulamento, á que se soccorre
o supplicante, não lhe assegura o direito de haver tal
gratificação.
Suscitada portanto nos termos em que elle a collocou
em seu requerimento de recurso, a questão não é da
alçada do contencioso; administrativo.
E' verdade que o despacho do thesouro de 3 de Março
ultimo que indeferiu a pretenção do recorrente, fundan-
do-se em não se' lhe deverem contar, como tempo de
serviço para aposentadoria, os annos que-exerceu as
funcções de escrivão da ouvidoria e dos ausentes, e dos
feitos da córôa e fazenda nacional em Santa"Catharina,
poderia, quanto a esta questão, dar lugar a recurso.e
decisão contenciosa; mas é também fora de duvida^qüe,
ainda quando esta lhe fosse favorável, não ficaria o -go-
verno inhibido de recusar-lhe a gratificação que requer.
Pelo que toca á questão suscitada pelo referido des-
pacho, a secção concorda com a- opinião do conselheiro
director geral da contabilidade, constante dos papeis
juntos ao requerimento do recorrente; sendo portanto
de parecer ;
4.° .Qüe a pretenção do recorrente não é objecto do
contencioso administrativo. ,
2." Que não se lhe deve contar para a aposentadoria o
tempo que serviu' de escrivão da ouvidoria es' dós feitos
tia coroa e da fazenda na provincia de Santa Catharina.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo. ••
Sala das conferências, em 21 de Abril dé 4862.*-7is-
cpnde de Itaborahy.— Marquez de Abrantes.— Visconde
de Jequitinhonha-. • '
— 277 —

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 21 de Maio de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 704.—RESOLUÇÃO DE 21 DE MAIO DE 1862.


Sobre as jleis provinciaes de Mato Grosso do anno de 1861.
Senhor.—A secção de fazenda do conselho de estado,
em cumprimento do aviso de 27 de Dezembro ultimo,
examinou a collecção dos actos, legislativos da assem-
bléa provincial de Mato Grosso, publicados na sessão
ordinária de 4861 ; e limitando-se à parte que toca á
repartição da fazenda julga do seu dever assignalar,
como'exorbitantes das attribüições constituciónaes da
mesma assembléa, as disposições contidas em alguns
§§ da lei n.° 4 4 de 2 de Julho de 4861, que fixou a receita
e déspezá das câmaras municipaes.
Eneoptrão-se essas disposições no çap. 2.', art. 2.'
da citada lei, §f 20, 24, 26 e 27, impondo taxas que
eqüivalem á direitos de importação e exportação sobre
certos ,gêneros que ehtrão em alguns municipíos da
provincia, e delles saltem para fóra. ,
Assim que, de accôrdó com o que por tantas vezes tem
ponderado acerca de disposições ssemelhantes, é a
secção dé parecer, «que seja a referida lein.° 41 de 2 de
Julho de Í861 levada ao conhecimento da assembléa
geral para providenciar como lhe cumpre. -
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
melhor. *.,
Sala das conferências, em 6 de Maio de 1862. *—
Marque^ de Abrantes.—Visconde de Jequitinhonha.—
Visconde de Itaborahy.

(*) Aviso n.° 273 de 13 de Julho de 1862, na collecção das leis,


_ 278 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. .(*)


Paço, em 21 de Maio de 1862.
Codi a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da Silva Paranhos.

N. 705. —RESOLUÇÃO DE 21 DE MAIO DE 1862.


Sobre as leis provinciaes do Espirito Santo do anno de 1861.
Senhor.—Cumprindo o aviso de 29 de Janeiro ultimo,
a secção de fazenda do conselho de estado examinou, na
parte relativa aos negócios da sua competência, os
actos legislativos da assembléa provincial do Espirito
Santo, publicados na sessão do anno próximo passado,
e encontrou netles algumas disposições dignas de re-
paro. 0,
A leih. 8 de 24 de Julho de 4864, que fixa a receita e
despezada provincia, no art. 4.° e | | 4.° e 2.° impõe di-
reitos de 6 e 40 % sobre todos ós gêneros de cultura, e
sobre as madeiras que se exportarem para fóra da pro-
vincia. ,
E alei n.° 45 de 31 de Julho do mesmo anno, que fixa
a receita e despeza das câmaras municipaes da provincia,
no cap. 2." art. 2.° e §f 5.°, 6.°, 7.°, 9.° e 11 estabelece
taxas dobradas sobre os estrangeiros que exercerem
certos ramos de industria nos diversos municipios da
hiesma provincia.
Vepándo as cilfidas disposições da primeira sobre
direitos de exportarão com' prejuízo das imposições
geraes do Estado (art. 10 § 5.° dó acto addicional)' e
offendendoas indicadas imposições da segunda aos tra-
tados comas nações estrangeiras (art. 16 do citado acto),
é a secção de parecer", que taes disposições exorbitão
das attribuições constitucionaes da referida assembléa
provincial, e que uma e outra lei sejão levadas ao conhe-

ci Submettidá á consideração da assembléa 'geral legislativa.


Aviso de 11 de Junho de 1862.
— 279 —
cimento da assembléa geral para resolver sobre elias
como lhe cumpre.
Vossa Magestade Imperial^ porém, se dignará resolver
o que fôr mais conveniente.
Sala das conferências, em 6 de Maio de. 1862.—
Marquez de Abrantes.— Visconde de Jequitinhonha.—
Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO,

Como parece. (*)


Paço, em 21 de Maiode 1§62.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Maria da, Silva Paranhos.

N. 706.—RESOLUÇÃO DE/11 DE JUNHO DE 1862.


Sobre o requerimento da directoria da Caixa Commercial da Bahia
pedindo novamente a autorização que lhe foi negada para comprar
« revender as próprias aeções.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 18 de Setembro ultimo, que a secção de fazenda
do conselho de estado consulte com o seu parecer acerca
do requerimento,, em o qual a direcção da Caixa Com-
mercial da Bahia, no intuito de obçtar ao depreciamento
em' que têm cahido as acções da mesma caixa, pede no-
vamente-a autorização que lhe foi denegada em virtude
da imperial resolução de consulta de 45 de Maio do cor-
rente anno, para compral-as por cinta da sociedade,
deduzindo do capital desta o valor .nominal das acções
que adquirir, e levando a credito no fundo de reserva
o lucro proveniente do desconto com que forem com-
pradas, até qüe, chegando ao par, sejão logo revendidas
para completar-se de novo o capital fixado.
As razoes em que se funda a direcção da Caixa Com-
mercial da Bahia por insistir na pretenção que lhe foi

(*) Submettidá 4 consideração da assembléa geral legisláliva-


Aviso de 11 de Junho de 1862."
— 280 —

dehPgadapela citada resolução de consulta de 45 de


Maio, são as mesmas que então allegava; epor isso
a secção de fazenda pede licença a Vossa,Magestade
Imperial para referir-se ao parecer, que teve a honra de
submetterá sabia consideração dé Vossa Magestade Im-
perial.
Ao conselheiro Visconde de Jequitinhonha não pa-
recem as, mesmas as razões em que ora funda a di-
rectoria da Caixa Commercial da Bahia a sua repre-
sentação, pedindo ao governo dê Vossa Magestade Im-
perial, a permissão de comprar por conta, da sociedade
as suas próprias acções, sendo seu valor nominal aba-
tido de seu capital, e o lucro obtido pelo desconto le-
vado á credito no fundo de reserva da mesma com-
panhia sem poder fazer parte dos dividendos;, é re-
vendendo as mesmas acções compradas, tanto que
cheguem ao par, ou se restabeleça o credito das
da companhia: ou pelo menos o mesmo q,ão foi Cer-
tamente o modo proposto pela directoria em sua pri-
meira representação como resultado que pretende, uma
vez dada a permissão que pede.
O ministro do thesouro dos Estados-Unidos no seu
relatório sobre o estado dos bancos, naquelle paiz, apre-
sentado ac congresso em 28 de Março tie Í860, diz
que nas taboas que offerece, regulando-se por,diversas
regras, que expõe, uma dellas é,— Whenever a bank
appears to have bought shares of its own stopjk, that
amount has been deducted from its" gross xápital.
Bank stock thus bought in stands on the same footing,
as bank stocknotpaidin.
Este trecho citado mostra que alli os bancos não ne-
cessitão de autorização para taes operações, vista como
são ellas indispensáveis em muitos casos, e por inú-
meros motivos.
Nem crê ó mesmo conselheiro que na Inglaterra, ou
era outros paizes, seja "isso prohibidq, porque seria
privar os bancos fde um meio,, evidentemente éfficaz,
de salvar o seu—haver—de. um prejuízo real, senão
de uma.ruína total", e inevitável, obrigados a entrarem
immediatamente em liquidação; o que seguramente
não pôde ser conforme aos dictames da justiça, e da
equidade; e menos o é-ainda aos princípios, que diri-
gem o paterna! governo de Vossa Magestade Imperial.
Accresce qüe nenhuma lei o prohibe ; nem o fez a de
22 de Agosto deste anno passado, na qual esmerou o
legislador o seu zelo pela fortuna particular, tomando
todas as cautelas,, Com o fim de evitar que a fraude,
ou temerárias imprudências a não prejudicassem,
— 281 —
Uma cousa é prohibir que os bancos recebão suas
próprias acções como caução, e outra é remirem, ou
comprarem os bancos no mercado, e pelo preço deste,
as ditas acções.
Qualquer que seja a natureza do banco, os> resultados
da operação de que se trata, não podem ser suspeitos,
óu taes que induzão o governo de Vossa Magestade
Imperial á crer, ou presumir, que delia resultarão riscos
para a fortuna particular: porque se o banco fôr de
emissão, na mesma razão diminuirá o seu fundo dis-
ponível, e portanto esta: se fôr somente de desconte,
não figurando mais o valor das acções compradas, como
capital incorporado, passando a augmentar o fundo
de reserva, mais solido deve julgar-se o estabeleci-
mento, visto como não vai servir á novas transacções,
ao passo que eleva o fundo—garantia do banco—, ô de
reserva, resultado de que tem, conhecimento o publico
pelos balancetes do estabelecimento.
Assim qüe é o mesmo conselheiro Visconde de Jequi-
tinhonha de parecer que seja deferida a representação.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar acertado. v
Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 1861. — visconde de
Itaborahy.—Marquez de Abrantes. — Visconde de Je-
quitinhonha .
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 14 de Junho de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade q Imperador.
Visconde de Albuquerque.

N. 707.— RESOLUÇÃO DE 14 DE JUNHO DE 1862.


Sobre a representação da directoria do Banco do Brasil, na qual
pretende que o governo seja autorizado para annuir as modificações
que julgar convenientes nos estatutos desse estabelecimento,.e
para commetter^lhe certos ramos de serviço publico.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que- a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com

PÍ Aviso n.» 268 de 12 de Junho de 1862, na collecção das leis»


C. 36.
— 282 —

seu parecer sobre a representação tia directoria ôo


Banco do Brasil, na qual pretende que o governo seja
autorizado para annuir ás modificações que julgar conr
venientes nos estatutos desse estabelecimento, é para
córnmetter-lhe certos ramos do serviço publico.
Os termos vagos com que está escripta esta represen-
tarão, não designando, ao menos com clareza, as dis-
posições dos estatutos do Banco do Brasil, cuja alteração
a directoria julga necessária ou conveniente, impossibi-
lita a maioria da secção de emitlir opinião sobre o objecto
da mesma representação.
Accresce que « o voto de confiança que se pede aos
altos podéres do Estado seja dado ao governo para con-
tractar com u Banco do Brasil as modificações que forem
reconhecidas indispensáveis no coiitrácto com elle cele-
brado em 1853 » depende exclusivamente da assembléa
geral legislativa; e, parece portanto que a representação
não contém matéria que possa ser decidida pelo poder
executivo.
Ao conselheiro Visconde de Jeqüilínbonha parece que
a representação do Banco do Brasil, que Vossa Magestade
Imperial se dignou pôr era parecer da secção, contem
duas partes: uma, em que se pede tím voto de confiança
'dado ao governo de Vossa Magestade Impertalpelo poder
legislativo para contractar com o mesmo baneo as modi-
ficações, que forem reconhecidas, indispensáveis no con-
tracto com elle celebra*do êm 1853, e para pôl-as em exe-
cução desde logo, afim de que o poder legislativo tenha
amecessaria experiência dos resultados de taes altera-'
ções quando houver der pronunciar o seu juizo" sobre
èHas:-outra, era que pede que, aos empènhos já con-
tratados pelo banco, se lhes addicionem algumas oulras
incumbências, como: 4.° o pagamento dos jurosida
divida interna do Estado, o deposito das rendas da al-
fândega, do consulado, e de oulras estações fiscaes;
guardando o banco conta corrente simples com o go-
verno por taes depósitos: 2.° a remessa de fundos para
a Europa de conta do thesouro para o pagamento dos
juros, e amortização da divida externa, e das despezas,
correntes do'Estado.
Em quanto á primeira parte, só o meVmdre do go-
verno o pôde embaraçar na remessa ao poder legis-
lativo da "representação dó Banco do Brasil; mas se
se attender á conveniência e opportunida.de da auto-
rização na quadra, em que estamos; se se attender a
que em taes assumptos melhor é achar-se autorizado,
do que ver-se o governo impeliido por acontecimentos
imprevistos a obrar, e pedir depois um MU de indem-
- 2S3 -

nidade, como mostra a experiência do que tem suecedido


aos-governós dê outras nações, como ao de Inglaterra'; se
se attender em fim ao estado precário, em.que se acha
aquelle estabeleçimepto de credito, primeiro do Império,
e destinado pela lei que o creoupara grandes fins; cerio
que o melrndre mencionado não é justificável. O governo
deve ser previdente, pondo de parte em taes assumptós
os princípios rigorosos, e strictos de direito—pára seguir
a máxima governativa que ensina que em sua política, e
administração governão-se os Estados preferindo de doüs
males o menor. ' ,
Além disto a lei de 22 de Agosto de 1860 não se oppõe
á autorização pedida: Nem era possível oppôr-sé. Todos
os dias se estão pedindo taes autorizações, ou votos de
confiança a respeito de outros assumptós; e o poder le-
gislativo os não tem negado. Porque negará no caso ver-
.tente? ' , . '
Emquanto á segunda parte, não vê o conselheiro Vis-
conde de Jequitinhonha inconveniente algum em ser
deferida a representação do banco; antes está conven-
cido que se a lei o permittir disso resultarão vantagens
ao thesouro nacional. *
Em todo caso, portanto, é o conselheiro Visconde de
Jequitinhonha de parecer qu§ se remelta ao poder legis-
lativo a representação do banco.
Vossa Magestade imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acertado,
Sala das conferências, em 23 de Abril de 4862.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes .—Visconde
de Jequitinhonha.

i RESOLUÇÃO.

Repietta-se á assembléa geral legislativa. (*)

Paço, em 14 de Junho de 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Albuquerque^

(*) Submettidá á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 17 de Junho de 1862.
— 284 —

N. 708.— RESOLUÇÃO DE 14 DE JUNHO DE 1862.

Sobre a representação que a directoria do Banco do Brasil dirige


ao poder legislativo no sentido de ser o governo imperial habi-
litado para innovar, de accôrdo com o mesmo banco, algumas
disposições de seus estatutos.

Senhor.—Por aviso de 28 do passado mez de Abril,


dignou-se Vossa Magestade Imperial mandar pôr em
parecer da Secção do conselho de estado, que consulta
sobre os negócios da fazenda, o objecto da. represen-
tação que a directoria do Banco do Brasil dirige ao poder
legislativo, pedindo que o governo de Vossa Magestade
Imperial seja devidamente habilitado para innovar, de
accôrdo com o mesmo banco, as disposições dos seus
estatutos que se julgarem menos adequadas ao regular
desenvolvimento das operações desse estabelecimento;
e outrosim para consignar entre as novas estipulâções,
que forem accordadas, a garantia de não serem creados
novos estabelecimentos bancários com a faculdade de
émittir notas promissórias á vista, e ao portador, em-
puanto durar o privilegio do banco, na fôrma da lei de
5 de Julho de 1853.
A representação tem duas partes: na primeira pre-
tende a directoria qüe o corpo legislativo autorize ampla,
e illimitadamente o governo para a novação dos seus
estatutos em todos e quaesquer artigos que a experiência
haja demonstrado menos convenientes ao regular des-
envolvimento de suas operações: na segunda pede o
privilegio de emissão durante os vinte annos que lhe
restão, pouco mais ou menos do seu contracto.
Pelo que respeita á primeira, é ociosa a representação,
se a directoria não pretende innovar em seus estatutos»
ou contracto, disposição alguma contraria ás bases fi-
xadas pela lei de 5 de Julho de 1853, por quanto para
quaesquer outras está o governo de Vossa Magestade
Imperial sufiicientemente autorizado pela mesma lei,
e nem o contrario se deduz do art. 2.° §§ 2.°, 3.° e 4.°
da lei de 22 de Agosto de 1860 que só se referem a
novas organizações de companhias e sociedades ano-
nymas, assim civis, como mercantis, como é expresso
no mesmo artigo citado.
Em< quanto á segunda, é grave a pretenção da di-
rectoria.
Ella não declara se o impetrado privilegio deve ser
extensivo a todo Império, se somente ao município
— 283 —
»
neutro, e província do Rio de Janeiro, ou se somente
aquelle.
Pela lei de 5 de Julho de 1853 está o banco autorizado
a crear caixas filiaes onde as necessidades do commer-
cio o exigirem. Exercerá o banco este privilegio por
meio de suas caixas filiaes? Ou não o gozavão ellas?
E' tão extenso o nosso território; é elle tão pouco po-
voado ; nossas relações industriaes, e commercio pa-
recera ainda tão locaes; tudo isto faz duvidar da
opportunidade e utilidade da medida.
Além disto que garantias conlra a falsificação podem
dar as autoridades locaes nas condições aqui expostas?
Não basta ser probo e activo para prevenir e punir taes
crimes: faz-se sobretudo mister que as autoridades não
tenhão de lutar com as condições naturaes dos lugaress
onde exercera jurisdicção.
O Banco do Brasil já goza de um privilegio de sumraa
importância e gravidade^ o de serem recebidas suas
notas promissórias nas estações publicas. Deverá gozar
também o-privilegio de emissão? Será útil ao paiz a
accumulação nas mãos de um mesmo estabelecimento
de credito, destes dous importantíssimos privilégios?
Será ella útil ao mesmo banco? O'augmento de seus
justificados interesses e lucros depende por ventura
desta accumulação? Não tendo o legislador em mente
tal privilegio quando estabeleceu as bazes de«sua incor-
poração, não será hoje necessário alteral-as especial-
mente pelo que concerne ao fundo do banco de modo a
collocál-o em proporções adequadas á sua nova existên-
cia? Para responder a* todas estas questões faltão dados
que a'directoria não juntou á sua representação.
Vinte annos é um longo espaço de tempo para uma
nação nova, cheia de vida, e enriquecida pela Provi-
dencia Divina de mil modos. Ninguém prudentemente
toraawá- sobre si o responder pelo futuro, e suas justas
exigências. >•
Nestes termos não pôde o relator aconselhar o defe-
rimento da segunda parte da representação da directoria
do banco.
Os conselheiros Marquez de Abrantes e Visconde de
Itaborahy discordão do parecer do illustrado relator
da secção.
A lei de 22 de Agosto de 1860 determina que, em-
quanto não forem reguladas por lei as condições com
que devem ser organizados os bancos de emissão e
suas caixas filiaes, ficará dependente da approvação do
poder legislativo a creação de taes estabelecimentos, ê
que esta approvação deve ser solicitada por intermédio
— 2S6 —
do governo, o qual, ouvida a respectiva secção do con-c
selhode estado, transmittirá á assembléa geral legis-
lativa os documentos e informações que julgar conve-
nientes. « Estas disposições, acrescenta, .aquplla lei,
ficão extensivas ás reformas e modificações ou alterações
dos estatutos ou Pas escripluras de associação,»
E' pois dever da secção de fazenda do conselho.de
estado emittir seu parecer sobre os estatutos das so-
ciedades bancarias qüe se organizarem dPra em diante,
e sobre as reformas ou alterações, tanto desses como
dos estatutos dos que já existem; mas para isso cumpre
que as proposições ou alterações submettidas ao exame
da secção sejão formuladas ou', ao menos, indicadas
com precisão.
Não se pôde raciocinar e discutir sem saber sobre
que pontos se raciocina e se discute,
No requerimento junto, dirigido pela directoria do
Banco do Brasil á assembléa geral legislativa, pede-.sé
que esta *« habilite o governo imperial a fim de innovar
de accôrdo com o banco aquellas disposições dos seus
estatutos que se julgarem menos adequadas ao regular
desenvolvimento desse estabelecimento.»
Os mesmos conselheiros entendem que só cabe á
secção de fazenda, na matéria relativa ao período que
fica transcripto, avaliar as vantagens ou inconvenientes
da pretendida innóvação ; mas em que deve ella con-
sistir, quaes as disposições dos estatutos que convém
revogar ou modificar, não as formula nem aponta a
directoria; limita-se a indical-as por estas expressões
vagas « que se julgarem menos adequadas ao regular
desenvolvimento desse estabelecimento », expressões
quepodem fazer acreditar não ter a própria directoria
formado ainda juizo definitivo a respeito das alterações
que requer. . t
Além do que fica exposto, solicita a directoriat outra
rovidencia, e vem a ser a de não se crearern novos
E ancos de circulação, emquanto durar o privilegio do
Banco do Brasil.
tio entender dá maioria da secção, o espirito da lei de
5'de Julho de 1853 e dos estatutos" do Banco do Brasil
foi inteiramente adulterado esuas mais importantes dis-
posições se tornarão illusoriás, se não nocivas, desde
que pela creação de novos bancos ficou aquelle estabe-
lecimento privado dos meios de regular a quantidade de
notas circulantes e de evitar por este modo a depreciação
dellas, e conseguintemente a do papel do governo.
A concurrenciados bancos de circulação, mesmo nos
paizes cuja moeda legal se compõe de metaes preciosos,
— 287 —

é uma theoria que a experiência tem demonstrado ser


mais prejudicial que vantajosa ao desenvolvimento do
VerdadeiroCrédito, e ao do commercio e industria; e
por isso fora judicioso não ter T se instituído em cada
espherade transacções commerciaes mais de um banco
de circulação, ainda quando não vivêssemos sob o do-
mínio fataldo papel moeda.
Infelizmente outro foi o Caminho que preferimos ; e,
pois, havendo ainda na circulação mais de 44.O00:0Óo#00O
nepapel moeda do governo, e apezar do contracto que
fôrá feito com o Banco do Brasil, erigimos novas fabricas
de notas promissórias e irrealisaveisnoslugares mesmos,
onde aquelle banco havia estabelecido, quer a caixa
matriz qüér suas filiaes.
Deste estado de cousas resulta em máxima parte a
difficuldade, ou antes impossibilidade em que se acha o
dito banco de desempenhar a importante missão que,
segundo elle próprio reconhece, lhe foi incumbida pela
citada lei de 5 de Julho, de restaurar a circulação mo-
netária do Brasil.
Ora, a providencia de se não crearem novos bancos
conserva inalterado este estado de cousas e não for-
nece portanto ao Banco do Brasil meios mais efficazes
do que,elle tem, para desempenhar aquella missão.
E' verdade que se procura liquidar o Banco Com-
mercial e Agrícola e reduzir o Rural e Hypothecario a
fazer unicamente operações de depósitos e descontos; e
neste caso a providenciapue o Banco do Brasil solicita,
dar-lhe-hia a faculdade exclusiva de emitiir notas pro-
missórias no Rio de Janeiro* Minas e S. Paulo; mas se
esta faculdade lhe é necessária para desempenhar nestas
provincias a missão a qué se reconhece obrigado, não
lhe cumpre desempenhal-a também nosdaBáhia, Per-
nambuco» Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul ? •
Pretenderá o Banco do Brasil, obtida a providencia
que solicita do poder legislativo, dissolver as caixas fi-
liaes estabelecidas nos lugares, onde se creárão depois
outros bancos de circulação? Talvez fosse este o ar-
bítrio mais acertado e o único meio de poder o banco
continuar a existir sem as difficuldades com que lula e
os perigos a que está exposto, mas nem semelhante idéa
se deduz da representação da directoria, nem dos do-
cumentos publicados por occasião da ultima reunião
extraordinária da assembléa geral dos seus accionistas,
nem finalmente se casa com' a deliberação, que esta
tomou, de augmentar o capital do dito banco.
Do que deixa expendido conclue a maioria da secção :
1." que não pôde dar opinião sobre as alterações que a
— 288 — ,

directoria do Banco do Brasil pretende fazer nas dispo1-*


sições dos estatutos do mesmo banco, por lhe faltarem
os dados e informações necessárias; 2.° que com'
quanto não acredite na efficacia da ultima providencia
solicitada pela dita directoria para restaurar a circulação
monetária, lhe parece todavia conveniente estabelecer
como principio, que em nenhuma provincia, onde já
exista banco de emissão ou caixa filial do do Brasil, se
possa crear outra instituição da mesma natureza..
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
, Sala das conferências, em 28 de Maio de 1862.— Vis-
conde de, Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde d,e Itaborahy.
RESOLUÇÃO.

Remetta-se á assembléa geral legislativa. (*)


Paço, 14 de Junho de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
^Visconde de Albuquerque.

N. 709.—RESOLUÇÃO DE 14 DE JUNHO DE 1862.


Sobre a representarão do Banco do Brasil, de ser autorizado para
negociar com os Bancos Agrícola e Rural a cessão da faculdade
que lhes foi concedida de emittirem notas promissórias á vista,
e ao portador.
Senhor.—Por aviso de 28 de Abril passado, dignou-se .
Vossa Magestade Imperial mandar pôr em consulta da
secção de fazenda do conselho de estado a representação
da directoria do Banco do Brasil, devidamente au-
torizada pela assembléa geral dos accionistas, na qual
solicita do governo imperial a necessária approvação
para negociar com os bancos Agrícola e Rural a cessão
da faculdade que lhes foi concedida de emittirem notas

(*) Submettidá á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso


de 17 de Junho de 1862.
— 289 —
promissórias á vista, e ao portador; e que se dispense
áo mesmo Banco do Brasil o ônus imposto no art, 4.°
da lei de 5 de Julho de 1853, eart. 61 dos seus esta-
tutos, relativamente ao resgate addicional na importân-
cia da terça parte do augmento dó capital primitivo
do mencionado estabelecimento: convindo que a secção
considere especialmente em seu parecer as seguintes
questões:
1 .* Pôde o governo conceder a approvação solicitada,
independente de acto do poder legislativo ?
• * 2. a Convém que o governo a conceda no caso de
julgar-se para ella autorizado ?
3." Autorizado o augmento do fundo capital do banco,
convém que seja dispensada a obrigação que o art. 61
dos estatutos impõe ao mesmo banco, de applicar a terça
parte desse augmento ao resgate tio papel moeda ?
E visto que no aviso vem formuladas as questões en-
tranhadas na representação do banco,o relator da secção,
respondendo a ellas, crê que satisfará convenientemente
o seu dever.
Primeira questão.;—A lei de 5 de Julho de 4853 reco-
nhecendo a necessidade e utilidade da incorporação
de um banco de depósitos, descontos e emissão, no
Rio de Janeiro, com caixas filiaes, onde as necessidades
do commercio as exigissem, fixou as bases desse es-
tabelecimento ; e autorizou o governo para approvaí-
os estatutos, em que conviessem os seus accionistas,
reunidos em assembléa geral; de accôrdo por sem duvida
com as bases fixadas na lei.
A diversidade de origem torna, pois, distinctos os
dous actos, a lei e os estatutos: ambos porém constituem
o contracto bilateral entre o banco e o Estado.
Ora é uma das bases da lei que o governo possa
permittir o augmento do fundo primitivo do Banco do
Brasil ( | 4.° art. 4.° da lei citada).
A lei de 22 de Agosto de 1860, que decretou varias
| providencias sobre os bancos de emissão, inclusive o
do Brasil, sobre o meio circulante, e diversas compa-
nhias'e sociedades, não revogou aquella base da lei
de 1853, nãó tirou ao governo a faculdade que lhe ella
deu de poder .permittir o augmento do fundo primitivo
do banco.
E regulando outras faculdades dadas ao governo, como
seja a de conceder o elevar a emissão além do duplo
do fundo disponivel (art. 4 / § 7.°), nada diz acerca
da faculdade tie que se trata. Assim que é indubitavel
que o governo conserva em si a faculdade de permittir
ao banco p augmento de seu fundo primitivo.
C 27.
— 290 —
Ora a cessão cuja approvação se pede, inteiramente
se resolve na do augmento do fundo primitivo do Banco
do Brasil da pequena quantia de três mil contos. E se
o governo a podia conceder em virtude da lei, não
havendo a cessão de que se trata, igualmente autorizado
se acha para a conceder em conseqüência da referida
cessão, porque esta não revoga a expressa disposição
da lei.
Senhor, uma objeccão se apresenta, e vem a ser:—A
lei de 22.dé Agosto "de 1860 no § 2 / do art. 2.° fez
dependente tie autorização legislativa especial «a creação
e organização ou incorporação» de bancos de circulação
ou de suas caixas filiaes e agencias. Mas as palavras
da lei aqui notadas são sufíicientes por si sós para
responderem á objeccão.
Não trata a lei cie companhias ou bancos estabele-
cidos, e muito menos do do Brasil; refere-se á creação,
organização e incorporação de outros novos.
Outra objeccão-se pôde erguer em apoio daquella já
cabalmente respondida.
A emissão cuja cessão fazem os bancos Agrícola, e
Rural está sujeita pela lei de 22 de Agosto de 1860 a
cláusulas diversas das que regulão a do Banco do
Brasil ; e pois , incorporada aquella neste, vai ser
regulada contra as disposições desta lei.
Esta objeccão, porém, já foi respondida quando se
ponderou que a questão aqui discutida absolutamente
se cifra no exercicio de uma faculdade concedida pela
lei de 1853 ao poder executivo, e não alterada, pela
de 1860.
Se no regimen antigo as leis não se entendião revo-
gadas, senão quando de suas disposições fazia o legis-
lador expressa menção, também hoje sob o regimeh
da divisão e independência dos poderes supremos, não
é licito dar, como revogadas, faculdades desses poderes
supremos somente por illações, e analogias, sem ex-
pressa menção dellas, mormente constituindo ellas
condições de um contracto.
Demais: o fim da lei de 1860 foi melhor garantir a
emissão dos bancos creados por decretos do poder
executivo.
Ora o meio proposto tia fusão e uniformidade da
emissão é sem contradicta efficacissimo.ou pelo menos
o que menos inconvenientes offerece, o mais facilna
execução, o que melhor satisfaz as exigências de uma
praça commercial cdmo a nossa, emfim ó que indubita-
velmente mais se accorda, e conforma com o espirito
e letra da luminosa lei de 5 de Julho de 1853,
— 291 —

Fica portanto respondida affirraativamente a primeira-


questão.
Segunda questão.—E' ainda a afirmativa a resposta
á segunda questão.
Além do que fica exposto ao terminar o parecer dado
sobre a primeira questão, accresceque dous únicos in-
teresses podem determinar o juizo, e parecer acerca
deste quesito.
O interesse geral,' e o do banco.
fc O primeiro póde-sé dizer inteiramente manifestado
e provado nos' discursos dos mais eminentes estadistas
do paiz, que energicamente censurarão a incorporação
dos bancos dê emissão Agrícola, e Rural, auxiliando
com a sua palavra autorizada a opinião daquelles que
professão a utilidade da unidade bancaria, opinião que
pôde não ser útil ao paiz em outra -época, e circums-
taocias, mas que o é evidentissimaraente nas era que
se achão o commercio e industria nacional, mormente
quando o nosso meio circulante ainda não tem po-
dido sahir, senão lentamente das condições anormaes
em, que o collocárão causas poderosas e invencíveis.
E na verdade o inquérito a que, procedeu o go-.
verno de -Vo^sa Magestade Imperial sobre o estado,
daquelles bancos de emissão não lhes foi favorável^
e arrastou a opinião publica para a necessidade de
uniformisar o nosso papel circulante e fiduciario. Outra
prova do.interesse geral.está nos embaraços, com que.-,
desde então para cá lutarão aquelles estabelecimentos",
obrigados a restringir sua emissão para satisfazer os
preceitos da lei, e por ultimo até a liquidarem o seu,
estado mediante a cessão estipulada, liquidação por
ventura inevitável, verifique-se ou não a projectada
cessão; e nesta occasião não é possível dissimular
que seria um acto, de clamorosa* injustiça frustar sem
que o exija o interesse publico o único meio que
têm aquelles bancos de se não arruinarem comple-
tamente.
Se pois o interesse geral se não oppõe, antes fa-
vorece a proposta cessão, o do Banco do Brasil ainda
mais a aconselha, e urge.
O Banco do Brasil tem de abrir o troco em ouro
de suas notas era circulação ; assim o exige a lei de 1860,
como o fará sem arruinar-se, e com elle o nosso pe--
queno commercio e industria, se lhe não fôr dado
o regular a situação fiduciaria do paiz? E como o
fará se outros bancos tiverem a faculdade de eraitlir ?
Está por ventura o- nosso paiz nas eircumstancias
da nação ingleza, cujo capital augmenta considera- -
— 292 —
velmente todos os annos? Finalmente á companhia, e
só á companhia representada pela assembléa geral do<
banco pertence resolver sobre seus interesses parti-
culares, e não ao governo que tomaria um papel que,
lhe não compete, o dé tutor delia.
Terceira questão.—Para responder a este quesito releva
examinar qual o espirito da lei de 1853 e qual o da
lei de 1860.
A primeira diz no art. 2.°: « O banco obrigar-se-ha
a retirar da,circulação o papel que aclualmente faz;as
funcções de numerário, a razão de dous mil contos cada
annb, etc.; e no art. 4.° dispõe: — Todas as vezes que se
augmentar o fundo do capital do banco, na fôrma do
art. 4.°, poderá o governo exigir que a terça parle
desse augmento seja applicada ao resgate do papel
moeda- pela fórmaindicada no § 4. do art. 2.' »
A segunda diz no § 9.°: « O governo poderá'promover
o resgate do papel moeda na fôrma dá lei n.° 404 de
44 de Setembro de 4846, sem prejuízo dá disposição
do art. 2.? da lei n.° 683 de 5 dé Julho de 1853. »
A simples leitura das disposições destas duas leis
convence que se a mente do legislador da primeira foi
acabar comi o cancro do papel moeda, a do legislador
da segunda encareceu esse pensamento, não se comen-
tando com o resgate gradual estabelecido na lei de 4853;
Réconhecendo-o urgentíssimo quiz apressal-o, e de feito
o fez com a autorização citada.
E na verdade, como melhorar o nosso, meio circu-
lante e tornal-o normal: como fazer effeclivas as dis-
posições bancarias da lei de 4860: conservando na
circulação um papel moeda de curso forçado? Não
use embora o governo «de. Vossa Magestade Imperial
da autorização do § 9.* do artigo da lei de 4860; más
por isso mesmo importa não alterar, ou contrariar
expressamente o espirito da legislação em vigor. W
negativa portanto a resposta ao terceiro quesito.
Da letra do art. 4." da lei de 4853 se conhece que
a disposição não é imperativa; mas sim facultativa.
A lei não obriga o governo a exigir que a terça parte
do augmento concedido seja rigorosamente applicada
ao resgate do papel moeda: diz que o governo « poderá »
exigil-o. As eircumstancias actuaes do banco, suffi-
cientemente averiguadas e comprovadas, devem pois
merecer toda a attenção.
Os conselheiros Marquez de Abrantes e Visconde de
Itaborahy, concordando com a opinião negativa do nobre
relator quanto á, terceira questão, sentem discordar da
sua opinião quanto ás outras. '
— 293 —
Respondem negativamente á primeira questão, por en-
tenderem que a disposição do § 4.° do art. 2.° da lei
n.° 40Ç3 de 22 de Agosto de 4860 refere-se e é appli-
cavel tanto aos bancos de emissão que forem creados,
como aos que já o estiverem, porquanto, além de
não ser admissível distíneção alguma entre uns e outros
avista da maneira- genérica e absoluta por que o le-
gislador se exprime no, mesmo paragrapho, aceresce
que, admiltida essa distineção, poderia o governo,sem
intervenção do poder legislativo, alterar os estatutos
dos bancos actuaes, convertendo-os em outros, que,
embora conservassem os mesmos nomes, tivessem bases
e organização muito diversas: o que seria contradictorio
com o preceito do § 2." do próprio artigo citado.
Assim que, apezar de reconhecerem que o governo
pôde permittir ao Banco do Brasil o augmento de seu
fundo capital em virtude do art. 2 . ' dos respectivos
estatutos; julgão todavia que não o pôde fazer nos termos
propostos pelo mesmo banco, que são os seguintes:
; 4.° Que o capital do banco seja elevado de trinta a
trinta e três mil contos ;
2.° Que o banco ceda ao Agrícola vinte e quatro mil
acções ao par para serem distribuídas pelos accionistas
deste, realizando o mesmo Agrícola á vista, mediante os
juros qüe forem estipulados, o pagamento de Ires mil
oitocentos e quarenta contos, ou 460#000 por acção, e
liquidando-se por sua conta e risco;
3.° Que o banco compre ao Rural e Hypothecario
o direito que este tem de emiltir notas á vista e ao
portador.
A permissão dogoverno para levar-se a effeito o termo
segundo seria, quanto á maioria da secção, contraria
ao que dispõe o art. 75 dos estatutos do Banco do Brasil;
porque, sendo o augmento do capital que se requer
igual a quinze mil acções, e obrigando-se o banco a
ceder ao Agrícola vinte e quatro mil, parece-me que
as nove mil excedentes, em vez de serem cedidas ao
Banco Agrícola, deveriãp ter o destino prescripto no
citado art. 75, que reza assim: « As acções que não
poderem ser distribuídas nesta corte e nas provincias
na fôrma dos artigos antecedentes reverterão ao banco
para serem opportunamente vendidas e o prêmio que
obtiverem fará,parte do fundo de reserva. »
Igualmente a permissão do governo para realizar-se o
termo terceiro, importaria no conceito da maioria da
secção a violação do art. 45 dos referidos estatutos;
porque comprando o Banco do Brasil ao Rural e Hypo-
thecario o seu direito de emissão, faria evidentemente
- r 204 —
uma transacção alheia das que lhe são permiltidas
pelo dito art. 15, que diz o seguinte: « Em nenhum
caso e sob nenhum pretexto poderá o Banco do Brasil-
fazer ou emprehender outras operações além das que
são designadas nestes estatutos. »
A estás razões pensão ainda os mesmos conselheiros
que lhes é permiltido ajunlar a de duvidar, que a
liquidação do Banco Agrícola, e á compra do direito
de emissão ao.Banco Rural e Hypothecario sejão sufi-
cientes para collocar o do Brasil em situação de poder
desempenhar as obrigações qüe contrahin com o go-?
verno imperial. Não lhe basta, para isso, livrar-se
somente dos bancos de emissão desta corte.
A concurrencia dos que existem nas provincias ha
de côntrarial-o no propósito a que aspira de regular
a circulação fiduciaria do paiz; e essa contrariedadé;
será tanto maior, quanto fôr sendo mais rápida e re-
gular a comraunicação, e mais progressivo o desen«
volvimentô das transacções commerciaes entre esta
corte e as praças do nosso litoral que possuem bancos
de circulação.
Em conclusão respondem negativamente a todas as
três questões contidas no aviso de 28 de Abril do
corrente ànno.
Vossa Magestade, Imperial mandará o que fôr ser-
vido.
Saladas conferências, em 28 deMaiode 1862.T-FÍS?
conde de Jequitinhonha.—Marquez de Abrantes.—Vis-
conde de Itaborahy. >

RESOLUÇÃO.

Remetiá-se à assembléa geral legislativa. (*)

Paço, 14 de Junho de 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Albuquerque.

{*) Submettidá a consideração daassembléageral legislativa. Aviso


de 17 de Junho dô 1862.
— 295 —
N. 710.-RESOLUÇÃO DE 18 DE JUNHO DE 1862.
Sobre o requerimento da Caixa Reserva Mercantil da Bahia, em qne
pede permissão e approvação de algumas novas disposições em
seus estatutos.
Senhor.—Por aviso da secretaria de estado dos nè»
gocios da fazenda, de 17 de Março ultimo, dignou-se Vossa
Magestade Imperial de ordenar que a secção de fa?
zenda do conselho dé estado consulte com seu pare-
cer sobre o requerimento em que a Caisa Reserva Mer-
cantil da Bahia pede a graça de permittir e approvar
algumas novas disposições em seus estatutos.
As novas disposições, a que se refere aquelle aviso,
são:a
1. Que ao art. 17 dos apontados estatutos se acres-
centem os paragraphos seguintes, a saber: « § 6.°
Comprar as acções da própria caixa, quando ellas es-
tiverem abaixo do par, levando-se ao fundo de reserva
o desconto que será regulado da maneira a mais pru-
dente : § 7..° Comprar fundos públicos, e acções de
companhias legalisadas, dispondo desses titulos quando
mais convier; f, 8,°.Fazer empréstimos sobre hypothecas
de bens de raiz, sitos dentro da demarcação da décima
da capital, observando-se todas as condições necessárias
á segurança dos contractos dessa ordem': J 9.° Abrir
contas,correntes de credito,' mediante as cautelas in-
dispensáveis .»
;, 2.a Que o art. 28seja substituído poi*este outro: « Pro-
ceder-se-ha semestralmente a um balanço com o fecho
de 30 de Junho e 31 de Dezembro: o "lucro.liquido,
deduzidos 5 % para o fundo de reserva, será dividido
pelos 'accionistas proporcionalmente ás acções de cada
pm; vérificando-se o pagamento logo após a publi-.
cação do balanço, que será precedido da approvação
da°commissão de exame. »
3.a Que se redija assim o art. 32: « Haverá todos os
annos no mez de Janeiro uma sessão ordinária da as-,
sembléa geral, convocada pela direcção, que a annun-
ciará por três vezes ao menos nos jórnaes de maior
circulação. »
4.a Que a ultima parte do art. 53 seja substituída
pela seguinte •• « O exame semestral terminará em tempo
de se verificar o pagamento dós dividendos nos mezes
de Julho e Janeiro. »
Destas disposições, a que mais alcance tem, é a d o
| 6.° qüe se pretende additar aq art. 17 dos estatutos,
e cujo sentido não parece bastante explicito.
— 296 —
Qlier a caixa comprar as próprias acções para re-
vendel-as; ou somente p a r a inulilisal-as, e diminuir
assim definitivamente o fundo social?
No primeiro caso, a maioria da sepção pede licença
a Vossa Magestade Imperial para transcrever aqui o
que já teve a honra de consultar a respeito de urna
pretenção idêntica da Caixa Commercial da Bahia.
I*- «Pelo que toca porém á autorização que também
pede a directoria para comprar e vender acções da
Caixa Commercial, parece á secção que não lhe pôde
ser concedida! 4.° porque seria isso uma alteração
ou reforma do | 8." art. 20 dos respectivos estatutos,
o qual só permitte ao dito estabelecimento comprar e
vender apólices da divida publica fundada ou quaesquer
outros titulos da nação; e a assembléa geral dos ac-
cionistas não discutiu nem approvou esta alteração dos
estatutos; 2.° porque a lei de 22 de Agosto de 4860
prohibiu aos estabelecimentos hancarios (tal prohibição
estava também consignada no § 5." do art. 20 da Caixa
Commercial da Bahia) fazerem empréstimos sobre
penhor das próprias acções; e os motivos que jus-
tificãp esta doutrina mililão, e com' mais força contra
a autorização que pede a directoria : a conseqüência
desta autorização seria inutilisar ou antes annullar
aquella disposição legislativa, prestando-se demais aos
abusos a quê judiciosamenle allude o fiscal, no officio
acima trapscripto. »
Se porém é a segunda hypothese a de que se trata, re-
leva/eflectir : 1.° que nas sociedades anonymas é o
fundo social que garante as obrigações contrahidas com
terceiros, e que por isso não é permittido aos sócios
retirarem as quotas com que tiverem contribuído para
o mesmo fundo, senão depois de liquidada a sociedade
e pagos seus credores; .2." que a Caixa «Mercantil,,
se fôr approvada a disposição do § 6.°, ficaria auto-
rizada para usar de uma faculdade que a lei não con-
cedeu nem podia conceder aos seus accionistas, e para
diminuir ou mesmo fazer desapparecer de todo o fundo
social que é a garantia única do pagamento das di-
vidas passivas da caixa. Esta observação é lambera ap-
plicavel á primeira hypothese.
E' verdade que a Caixa Mercantil allega em seu re-
querimento « terem entendido ós directores de alguns
estabelecimentos daquella provincia que" devião acom-
panhar a opinião geral dos accionistas, pondo um
paradeiro á descida gradual de seus titulos mediante
a compra destes com um desconto menor do que ainda
o mais moderado que na praça achassem os vende-
— 297 —
dores e que o resultado foi logo confirmando o
acerto de semelhante medida:,mas das informações}
ministradas á secção pela secretaria de estado dos uel
gocios da fazenda, consta que, « não se encontrou enj
seus registros acto algum autorizando a qualquer es-í,
tabelecimento bancário da Bahia pára comprar as suas*
próprias acções. »
Pelo que toca-á matéria do §7 °, lembrará a maioria
da secção quanto são perigosos, para os estabeleci-
mentos que devem realizar suas obrigações em prazos
curtos e determinados, o negociar em titulos, que só
podem ser realizados por venda, a qual se torna sempre
tanto mais diíficil e onerosa quanto maiores são as
exigências dos credores dos mesmos estabelecimentos.
Demais, a Caixa Mercantil não vai installar-se agora:
funcciona ha cerca de dous annos, tem contrahido dividas
com o publico : muitos credores ter-lhe-hão entregado
seus dinheiros por confiarem na garantia que lhes dão
os actuaes estatutos, e reformai-os, agora para dar á
caixa a faculdade de fazer operações arriscadas, é ai
lerar de algum modo as condições daquelles contractos.
As mesmas observações se applicão ás operações
do § 8.°, e bem que q maioria da secção reconheça
que, dentro dos limites em que a caixa as pretende
fazer, são menos aleatórias cio que as do § 7..°,' é
também fóra de duvida que o pouco vulto dos emprés-
timos hypothecarios realizados pelos bancos ,a que têm
sido permitlidos, mostra quão pouco proveitosos elles
têm sido, assim para os ditos bancos, corno para os
proprietarjos de prédios.
Como uma prova desta asserção pôde citar-se o se-
guinte trecho do relatório do conselho de direcção do
Banco da, Bahia, lido em assembléa geral dos seus ac-
cionistas em 9 do mez passado, o qual diz assim:
« Hypothecas.—Nenhuma nova se fez no decurso do anno,
ainda mesmo á custa do capital reembolçado, a não
ser a que por novação do contracto se acha áccordada
com a santa Casa da misericórdia sobre o prédio por
ella comprado á confraria de S. Vicente de Paulo, já
hypotiiecado ao banco. A direcção eslá compenetrada
da inconveniência de immobilisar por emquanto os
seus capitães, além do máo resultado que tem colhido
de algumas das operações desta natureza anteriormente
effecluadas. »
A disposição do § 9.° nenhuma objeccão apresentaria,
se fosse offerecida como substituição do art. 27 dos
estatutos, e redigida deste modo : « abrir contas correntes
com as garantias precisas », por serem estes os termos
c. 38
— 298 —
qup se achão nos estatutos de outros bancos approvados
pelo governo imperial.
No que respeita ás outras disposições, não parece
haver, inconveniente em serem approvadas.
Assim, entende a maioria da secção que não devem
ser approvadas as alterações propostas pela Caixa Mer-
cantil da Bahia, constantes dos §§ 6.°, 7.° e 8.°, assim
apontados ; que pôde sel-o a do § 9.° como substituição
do art. 27 dos estatutos, redigida nos lermos já indi-
cados ; e que finalmente nenhuma objeccão se lhe apre-
senta contra as modificações dos arts. 28, 32 e 53.
O conselheiro Visconde de Jequilinhonha discorda
da maioria da secção na parte do parecer, em que
opina pelo indeferimento da primeira reforma.no art. 17
dos seus estatutos ; acrescentando-se: « § 6.° Comprar as
acções da própria caixa, quando éllas eslejão abaixo
do par, levando-se ao fundo de reserva o desconto,
que será regulado da maneira a mais prudente. »
Quando a directoria da Caixa Coroniereial da Bahia
pediu, aJ mesma reforma, o conselheiro Visconde de
Jequitinhonha opinou, pelo deferimento nos termos
expostos no seu parecer separado, que não transcreve
aqui receiando roubar o tempo precioso de Vossa Ma-
gestade Imperial.
As íazões com que sustentou esta opinião não forão
de modo algum illudidas: porque « se nas sociedades
anonymas o fundo social é que garante as obrigações
contrahidas com terceiros, e por isso não é permittido
aos sócios retirarem as quotas, com que contribuirão
para o mesmo fundo » por isso mesmo convém, e é da ri-
gorosa obrigação da companhia, adoptar as medidas mais
efficazes para obstar que o seu fundo não diminua pela de-
preciação, a qual dará em resultado maior prejuízo, e di-
minuição do fundo social, do que a venda de algumas
acções em' sustentação do credito da companhia. E, ou
estas acções compradas conlinuão a figurar, como taes,
pertencentes á companhia, e então é esta subrogada em
todos os direitos, e obrigações de seus primeiros possui-
dores ; ou desapparecem da lista das acções, sendo inu-
tilisadas, e então embora diminuído assim nominalmente
na mesma razão o fundo incorporado da sociedade,
fica esta sempre responsável em direito pelo valor das
acções inutilisadas, visto como o capital incorporado
é sempre o mesmo emquanto a companhia não liquida
ou acaba o prazo de sua duração legal.
Os credores da companhia nada perdem do capital in1-
corporado: de modo que nem em uma, nem em outra
hypothese ha prejuízo de terceiro. E'a companhia quem
— 299 —
perde com a depreciação do valor de suas acções; e por
isso não seria conforme os dictames da justiça negar-lhe
o único meio que tem de obstar tal prejuízo, e quiçá
sua prompta e total ruína: prejuízo, que a mór parte
das vezes não provém de suas operações, nem impru-
dências, ou temeritiadés que ella tenha praticado; mas
sim de condições especiaes do commercio, e da in-
dustria em geral, que sentindo falta de capitães fluc-
luantes, arrastrão ao mercado os titulos ou obrigações,
com que os podem haver. E não será esta a situação
da praça da Bahia, e a de todas as do Brasil?
O que fica exposto mostra que ha engano em dizer-se
qué concedendo-se o que a Caixa Mercantil requer,
ficaria ella autorizada para usar de uma faculdade que
a lei não concedeu, nem podia conceder aos seus ac-
cionistas, a saber, fazer aesapparecer de todo o seu
fundo social, que é a garantia única do pagamento de
suas dividas. O fundo social, ou incorporado não. pôde
desapparecer em direito pela compra das acções em
nome da companhia. Esta pôde quebrar; dir-se-ha:
responde-se, também podem quebrar os primeiros pos-
suidores dás acções.
Vossa Magestade Imperial decidirá o que fôr mais
acertado.
Sala dgs conferências, em 30 de Abril de 1862.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.-* Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 18 de junho de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.

(*) Expediu-se ao presidente da Bahia o aviso seguinte:


Ministério dos negócios da fazenda. Rio de Janeiro, 26 de Junho
de 1862.
Hlm. e Exm. Sr. No requerimento da caixa « Reserva Utetr.
canfil »da capital dessa provincia, que acompanhou o officio de
V. Ex. n.° 21 de 4 de Março ultimo, foi pedida ao governo im-
perial permissão e approvação de algumas novas disposições dos
estatutos da dita caixa. _ ,
Btão se podendo, conforme a imperial resolução de consulta de 1*
do corrente, tomada sobre parecer da secção de fazenda do cpflselko
— 300 —
N. 711.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JULHO DE 1862.
Sobre o recurso da companhia^Feliz Lembrança—, suscitando de
novo a questão que fez objecto da resolução de consulta de 1S
de Maio do anno passado relativamente á revalidação do imposto
do sello correspondente'ás suas duas primeiras chamadas.
Senhor.—A companhia de seguros « Feliz Lembrança »
estabelecida nesta corte, recorre para O conselho de
estado, suscitando de novo a questão que fez objecto
da resolução de consulta de 18 de Maio do anno pas-
sado. Esta questão resume-se no seguinte:
Em 20 de Fevereiro de 1860 foi intimada á companhia
« Feliz Lembrança » a decisão da recebedoria do Rio
de Janeiro, que a julgou sujeita á revalidação do im-
posto do sello correspondente ás suas duasprimeiras
chamadas, por ter a mesma companhia deixado de
pagar, este imposto em devido tempo.
Desta decisão recorreu a companhia para o tribunal
do thesouro, o qual em 26 de Novembro do mesmo
annó deliberou não tomar conhecimento do recurso por
se achar perempto.
A companhia recorreu ainda para o conselho de es-
tado deste despacho, que, ouvida a-secção de fazenda,
foi sustentado pela mencionada resolução imperial de,
48 de Maio de 1861.
Insiste agora a companhia « Feliz Lembrança » e pede
a Vossa Magestade Imperial se sirva reconsiderar a ma-
téria e deferir-lhe favoravelmente; allegando que tanto
o despacho de 26 de Novembro de 1860,/coroo a reso-
lução de consulta de 18 de Maio se fundarão no pre-
supposto de não haver ella recorrido era tempo da
decisão da recebedoria ; o que lhe faz acreditar não ter
chegado ao conhecimento do thesouro nem ao da
secção de fazenda a petição de recurso, que a mesma
companhia fizera aquelle tribunal em 21 de Março de

de estado, qu,e foi ouvida acerca do referido requerimento, ap-


provar as alterações propostas pela dita Caixa Mercantil quantb aos
|§ 6.o, 7.o e 8.0; podendo porem sel-o não só a do 19.° como subs-
tituição do art. 27 dos estatutos, e sendo assim redigida : —: abrir
contas correntes com as garantias precisas, — como também,sem
nenhuma objeccão as oulras modificações dos arts. 28, 32. e 33:
haja V, Ex. de fazer constar esja resolução imperial ã direcção
do mencionado estabelecimento, para que no caso de lhe convir
aceitar as alterações concedidas sem as outras também requeridas
mas denegadas, assim o declare ao governo imperial para a ex-
pedição dos despachos necessários.—Deus guarde a V; Ex.—Vis-
conde de Albuquerquei—Sr. presideute da provincia da Bahia.
— 301 —
1860; isto é, dentro do prazo tie trinta dias, marcado
pelas instrpcções de 20 de Outubro de 1859.
A secção de fazenda, examinando de novo os do-
cumentos que fundamentarão aquella consulta, verificou
achar-se entre elles a propriat petição original, a que
se refere a companhia, e que a respeito dessa petição
dera a directoria das rendas a seguinte informação :
« A 24 de Março leve entrada nesta directoria o re-
querimento de recurso da companhia, sem documento
algum, sendo preterida; a formalidade exigida pelo
art. 8.° das instrucções de 20 de Outubro de 1859; pelo
que e na fôrma do art. 40 das mesmas instrucções se
não tomou conhecimento do recurso; e foi assim de-
cedido em 29 de Março. »
Ora os arts. 8." e 10 a que se refere a informação
determinâo :
« Art. 8.° Os recursos serão sempre interpostos no
prazo de trinta dias, em fôrma de requerimento, dirigido
a superior instância, datado, assignado pela parte ou seu
legitimo procurador, e instruído com a certidão do
termo emais documentos que forem a bem da reclama-
ção, por intermédio do chefe da repartição ou estação
que tiver decidido a questão ou confirmado a decisão re-
corrida, e sem demora remeltidospelos mesmos chefes
Com as informações precisas á referida instância. »
« Ari. 10. Êm nenhuma instância se tomará conheci-
mento do recurso que lhe fôr apresentado com prete-
rição das formalidades dós artigos antecedentes, impu-
tando-se á parte a demora que por essa causa houver. »
Foi, pois, attendendo á informação da directoria das
rendas e ás disposições dos dous artigos transcriptos
ue a secção de fazenda entendeu com o thesouro não
3 ever considerar, como petição de recurso, senão o re-
querimento que a companhia apresentara naqüella re-
partição no dia 4 4 de Agosto de 1860.
Feitas estas observações a secção pede licença a Vossa
Magestade Imperial para ponderar que o conselho de
estado é no contencioso administrativo um tribunal de
Ultima instância ; e que suas consultas depois de resol-
vidas por Vossa Magestade Imperial, devem ter entre aS
partes força de caso julgado.
Se porém as decisões desse tribunal em matéria con-
tenciosa podessem ser submeltidas a novo julgamento,
e muito especialmente sem prazo fatal, nunoa terião
força de caso julgado, nem por conseguinte íirmarião
direito: a decisão do primeiro recurso poderia ser
annuliada pela do segundo, a do segundo pela do ter-
ceiro; e assim por diante.
— 302 —

Esta doutrina parece achar-se confirmada não só pelo


art. 47 do regulamento do conselho de estado, o qual
determina que a resolução imperial tomada sobre pa-
recer de secção ou consulta do conselho de estado só
poderá ser embargada nos dous casos ahi mencionados,
mas ainda pelo decreto n.° 2343 de 29 de Janeiro' de
1859, quando declara que as decisões dos chefes das
repartições de fazenda, do tribunal do thesouro e do
ministro da fazenda nas matérias de sua competência
de natureza contenciosa terão» a autoridade e força;de
sentença dos tribunaes de justiça.
E' pois a secção de parecer que não deve ser ad-
mittido o novo recurso da companhia « Feliz Lem-
brança ».
Voss,a Magestade Imperial, porém, resolverá como fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 26 de Junho de 1862.— Vis-
conde, de Itaborahy.—Visconde de Jequitinhonha.—
Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. t
Paço, 23 de Julho de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador,
' Visconde de Albuquerque.

N. 712.—RESOLUÇÃO DE 13 DE AGOSTO DE 1862.

Sobre o exame e revisão do processo de apprehensão de uns barris


de vinho, nos termos do art. 28 do decreto de 20 de Novembro
de 1850, pelo facto de não se haver dado á parte interessad».
os dias precisos para produzir sua defeza.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 10 do corrente, que a secção de fazenda do conselho
de estado, em conformidade do art. 28 do decreto de 29
de Janeiro de 1859, consulte sobre o processo da appre-
hensão de duzentos barris de vinho no trapiche alfande-
gado—Vapor—, de que interpuzerão recurso para o tribu-
nal do thesouro José Carlos Marinho e Aranaga&Comp.,
— 303 - ,

dò qual o mesmo tribunal tomando conhecimento, re-


solveu por maioria de votos detêril-o, por se não haver
dado nenhum dos casos de flagrante, de que trata o
§ 3.° do art. 742 do regulamento das alfândegas, e pré-
terir-se, além disso, a formula essencial de se marcar
á parte interessada os quinze dias concedidos no art. 745
do mesmo regulamento para produzir sua defeza, na
fôrma da imperial resolução de.consulta de 10 de Abril
de 4864..
A questão a que se refere o citado aviso teve origem
na decisão do inspector interino da alfândega da corte,
que julgou procedente a apprehensão feita nó trapiche
—Vapor— de duzentos barris de vinho pertencentes a
Aranaga&Comp., e que, segundo allega o mesmo ins-
pector, forão conduzidos subrepticiaménte para aquelle
lugar sem a devida conferência e pagamento de di-
reitos.
Da decisão da alfândega recorreu a parte para o tri-
bunal do thesouro, o qual dando provimento ao recurso,
resolveu ao mesmo tempo que fossem remettidos os pa-
peis á secção de fazenda, nos termos do art. 28 do de-
creto de 29 de Janeiro de 1859.
Este artigo diz: « Às decisões do tribunal do thesouro
em matéria contenciosa poderão ser* annulladas pelo
conselho de estado a requerimento da parte, ou quando
o ministro da fazenda devolvel-as aq seu conhecimento
a bem dos interesses da fazenda nacional, somente nos
casoS.de incompetência, excesso de poder, e violação da
lei, ou de formulas essenciaès. »
Ora pelo que consta das informações, pareceres e
mais peçaS do processo, só poderia ser "annuliada a de-
cisão devolvida á secção de fazenda, a pretexto de in-
competência do tribunal do thesouro, ou de violação de
formula essencial; a qual consistiria, neste caso, em não
terem sido citados os consignatarios Po vinho appre-
hendido pela alfândega, para dentro de quinze dias pro-
duzirem sua defeza, na fôrma prescripta pelo art. 745
do regulamento de 19 de Setembro de 4860.
Não cabe á maioria da secção pronunciar seu juízo
sobre as outras allegações era que se fundou a^maioria
dos membros do tribunal para dar provimento ao re-
curso da parte; mas, pelo que toca á competência da
alfândega, e por conseguinte do thesouro, para julga-
rem se foi bem ou mal feita a apprehensão, de que se
trata, parece tel-a demonstrado cabalmente o conse-
lheiro director geral da tomada de contas.
De accôrdo, pois, com a opinião deste funccionario,
julga a maioria da secção que não pôde a decisão do
— 304 —

thesouro ser annuliada por incompetência ou excesso dé


poder.
Também não parece, no caso actual, motivo para tal
annuilaçãoa falta de formalidade prescripta no já citado
artigo do decreto de 19 de Setembro de 1860 ; por quanto,
ainda que não se possa dar á disposição deste artigo a
intelligencia sustentada por aquelle conselheiro, é certo:
4."que os consignatarios não deixarão de produzir sua
defeza, assim perante o inspector da alfândega, como, no
tribunal do thesouro ; 2.° que, não estando tão sujeito,
como os tribunaes judiciários á letra da regra que têm
de applicar, podia o thesouro abstrahir daquella forma-
lidade, tendo outros motivos para decidir a favor da
parte, a quem unicamente teria prejudicado a falta da
citação.
Entende, pois, a maioria da secção de fazenda que não
ha fundamento para ser annuliada a decisão do tribunal
do thesouro, que lhe foi devolvida era virtude do des-
pacho a que acima se referiu.
Ao conselheiro Visconde de Jequitinhonha parecem só-
lidas e lucidamentededuzidas as razões, em que fundão
conselheiro director geral da tomada de contas á com-
petência da alfândega e por conseguinte do tribunal do
thesouro, para conhecerem do facto de que se trata, mas
ha também como inquestionável anullidade do pro-
cesso, allegada pelos conselheiros directores geraes da
contabilidade e das rendas publicas por não ter sido
observada a solemnidade essencial prescripta* no art. 745
do regulamento de 49.de Setembro de 1860, nullidade re-
conhecida pela resolução de consulta de 40 de Abril de
4864.
Se no caso de que ora sè trata, não preenchida a so-
lemnidade substancial da inlimação, apezar disso defen-
dêrão-se os interessados ; no caso provado pela resolução
de consulta cilada, tambenvo commandanle interessado
defendeu-se cabalmente, e o processo teve seu anda-
mento regular; etodaviáfai elle annullado, como devera
ser, visto como não tendo o regulamento feito excepçãó
alguma, antes imperativamente estabelecendo aquella
regra, que nada menos é que uma verdadeira garantia,
igual a outras reconhecidas tanto nos processos admi-
nistrativos, como judiciaes.
Idênticos portanto a este respeito os dous casos, idên-
tica deve será decisão.
Nestes termos é o mesmo conselheiro de estado de
opinião que ha fundamento para ser annuliada a de-
cisão dot tribunal do thesouro posta em consulta da
Secção.
—m—
Vossa Magestade Imperial mandará o que fôr mais
acertado.
Sala das conferências, em 46 deJunho de 1862.—Vis-
conde de Itaborahy.—Visconde de Jequitinhonha.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, 43 de Agpstode 1862.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Albuquerque.

(*) Expediu-se á alfândega da corte a ordem seguinte:


Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, 16 de Agosto
de 1862.
Communicoa y . S. para sua intelligencia e devida execução, que
o tribunal do thesouro, lomando a conhecimento do recurso de José
Carlos Marinho e Aranaga & C. da decisão dessa inspectoria que
confirmou a apprehensão de 200 barris de vinho no trapiche alfan-
dègado « Vapor », resolveu deferir o mesmo recurso, por se não haver
dado nenhum dos casos de flagrante, de que trata o % 3.* do art. 742
do regulamento das alfândegas-, e preterir-se, além disso, a formula
essencial de se marcar á parle interessada os 15 dias concedidos
no art. 743 do mesmo regulamento para produzir sua defeza, na
forma da imperial resoluçflo de cousulta de 10 de Abril de 1861.
Como porém a solicitação feita pelo recorrente José Carlos Ma-
rinho para a substituição do conferente Barboza pelo administrador
do trapiche da ilha das Cobras, unida á circumsiancia allegada da
falsificação, sustentada pelo dito conferente, de sua firma na guia
com que para aquelle trapiche havião sido descarregados os 200
barris apprehendidos, embora o Reconhecimento da veracidade da
dita firma pelo juizo competente, como da certidão junta ao re-
curso de Marinho, possa envolver tentativa de contrabaudo de outros
200 barris d'entre os 240 com vinho semelhante existentes no tra-
piche da ilha das Cobras, cumpre que V. S., attenta a gravidade do
objecto, faça remetter ao juizo municipal o lermo de apprehensão
feita com "todos os documentos e papeis a ella relativos, a fim de
que, na forma do art. 17 § 1.° da lei de 3 de Dezembro de 184if
tome elle conhecimento do caso e'o julgue como entender de direito
Deus guarde a V. S.—Visconde de Albuquerque.,—Sr. inspector da
alfândega da corte.
C 39
- r 306 —

N. 713.—RESOLUÇÃO DE 23 DE AGOSTO DE 1862.


Sobre o requerimento dos herdeiros dofinado/arrendatáriodo Rincão
de Saican, na provincia de S; Pedro, relativamente á remissão da
parte da divida proveniente do arrendamento do mesmo Rincão,,
em execução da .lei de 4 de Julho de 1860.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial consultar
a secção de fazenda do conselho de estado sobre o
requerimento de José Alves de Moraes e Maria Joaquina
Corte Real de Lima, os quaes, na qualidade de herdeiros
tio finado Affonso José de Almeida Corte Real, arren-
datário do Rincão de Saican, na provincia dé S. Pedro,
pedem que, pela thesouraria de fazenda desta provincia,
sé dê execução á lei de 4 de Julho de 1860, rt.° 1060, a
qual autorizara o governo para conceder aos süppli-
cantes remissão da parte da divida, proveniente do ar-
rendamento do mencionado Rincão, correspondente ao
ultimo pagamento, vencido em 15 de Março de 4-836,
na fôrma do respectivo contracto.
Examinando os documentos relativos á este objecto,
•que acompanharão o referido requerimento,, obtem-se
as informações seguintes:
Arrendou Corte Real, no dia 45 de Março de 1833, por
espaço de três annos, dous terços do câmpó compre-
hendido no Rincão de Saican, pela somma de 4:000^000;
para cujo pagamento assignou três letras, do valor
cada uma de 1:333$333, pagaveis nos dias 15 de Março
de 1834,1835 e 1836; dando o arrendatário por seu fiadór
a Justo José Luiz.
Posteriormente forão substituídas as mencionadas
letras por outras de igual valor, e pagaveis em prazos
iguaes, vencendo-se a primeira no dia 7 de Março de 1835.
Esta primeira letra fora paga pelo arrendatário ém de-
vido tempo; seguindo-se depois nesse mesmo anno are-
volução na provincia, a qual por nove annos inhãbilitoü
a respectiva thesouraria de fazenda para promover o
pagamento das duas letras restantes, por parte dos her-
deiros de Corte Real, que fallecêra durante a dita re^-
volução.
No exercicio de 1857—18^8, pagarão os referidos her-
deiros, por via executoria, a quantia de 4:010#000, por
conta da segunda letra •. ficando por conseguinte a devera
quantia de 323$333 para integrar o pagamento da mesma.
A'vista do exposto, é a maioria da secção de parecer,
que a conta aberta na thesouraria de fazenda da re-
ferida provincia aos herdeiros do finado Corte Real não
pôde ser fechada, como requerem estes, emquanto não
— 307 —

pagarem á fazenda nacional o saldo que ficarão devendo


do segundo pagamento, a saber: 323#333, sendo-lhe abo-
nada na dita conta a importância do terceiro e ultimo pa-?
gamento, por virtude da lei de 4 de Julho de 1860 acima
citada.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha diz que a
lei tie 4 de Julho de 1860, n." 1060, não concedeu im-
perativamente a remissão da divida aos herdeiros aqui
mencionados, apenas autorizou o governo a conceder
essa remissão; portanto ao governo pertence, exami-
nandp as eircumstancias dos referidos herdeiros, con-
frontal-as com as dó thesouro nacional actualmente, e
deliberar o que fôr mais consentaneo com os interesses
da fazenda publica, e tanto mais quanto taes concessões
prejudicão a moral publica, offendem á industria, acorQ-
çpão a fraude nos contractos entre o Estado e os par-
ticulares; e estabelecem censurável desigualdade entre
os devedores do thesouro.
E' esta a opinião do mesmo conselheiro, da qual se
vê que concorda em parte com a maioria da secção, e
em parte discorda.
Vossa Magestade Imperial resolverá como melhor en-
tender em sua sabedoria.
Sala das conferências, em 19 de Julho de, 1862.—?.
Cândido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahy.
— Visconde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece: remittindo-se unicamente aos herdeiros
a terceira letra não paga. (*)
Paço, 23 de Agosto de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.

(*) Expediu-se á thesouraria de fazenda a ordem seguinte:


Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, 26 de Agosto
de 1862.—O Visconde de Albuquerque, presidente do tribunal do ttie^
souro nacional, tendo em vista o requerimento; que acompanhou or
officio do Sr. inspector dá thesouraria de fazenda de S. Pedro n.» 168
de 24 de Agosto do anno passado, no qual José Alves de Moraes e
Maria Joaquina Corte Real de Lima, herdeiros do finado Affonso
José de Almeida Corte Real arrendatário do Rincão de Saican r
edem que por essa thesouraria se dê execução á lei- n.° 1060 de
Ísüpplicantes
de Julho de 1860, a qual autorizara o governo para conceder aos
a remissão da parte da divida proveniente do arren-i
— 308 —
N. 714.—RESOLUÇÃO DE 27 DE SETEMBRO DE 4862.
Sobre a creação dentro do Império de um banco de circulação è
de deposito sob a denominação de London & Brasilian Bank, dU
rigido por uma companhia Incorporada em Londres.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


da secretaria de estado dos negócios da fazenda, de 5 do,
corrente mez, que a secção de fazenda do conselho de es-
tado dê o seu parecer sobre a creação dentro do ImperipJ
de um banco de circulação e de deposito sob a denomi-
nação de—London &. Brasilian Bank—dirigido por uma
companhia incorporada em Londres por James Alexander;
e outros associados; cujos estatutos forão submettidos
á approvação do governo imperial por John Saunders
e Thomaz Jons Tennent, na qualidade de agentes da
referida" companhia, devidamente autorizados para le-
varem a effeito aquelle projectado estabelecimento.
A secção de fazenda examinou attentamente os estatutos
apresentados ao governo pelos agentes da companhia
incorporada em Londres, para o fira acima dito, e
diversos documentos que os acompanharão concernentes
ao mesmo objecto: e desse exame colheu as informações
-seguintes:
4." E'o desígnio da companhia instituidorado—London
& Brasilian Bank,—que este seja inslallado mediante a
permissão do governo imperial, na capital do Império,
como principal estabelecimento bancário, podendo ter
filiaes nputros lugares dentro, ou fóra do Império: ficando
subordinado a um conselho composto de nove directores
funccionando em Londres ; e regido immediataménte
por delegados da nomeação daquelle conselho.
2.° O capital social do banco é de £4.000.000 dividido
em 40.000 acções, de£ 100 cada uma, as quaes, segundo
informarão verbalmente os agentes da companhia, forão
já todas distribuídas; devendo até o mez de Outubro
próximo futuro ter pago cada accionista £ 25 por acção,
perfazendo assim o capital realizado de £250.000.

damento do mencionado Rincão, correspondente ao ultimo pagamento


vencido em 15 de Marçode 1836, naférma do respectivo contracto;
ordena ao Sr. inspector da dita thesouraria que de conformidade
com a imperial resolução de consulta da secção de fazenda do con-
selho de estado de 23 do corrente, que depois dos süpplicantes terem
satisfeito o saldo que estão devendo do «egundo pagamento, lhes
abone na referida conta a terceira e ultima letra não paga, cuja
importância fica unicamente remittida aos ditos herdeiros por vir-
tude da citada lei n.« 1060.—Vis conde de Albuquerque.
— 309 —

3.* E' esse banco destinado a abranger todas as


operações que são da competência dos bancos de circu-
lação, de descontos e de depósitos. Todavia os agentes
da companhia —Saunders éTennent,— no requerimento
que dirigirão ao governo imperial^ em nome da direc-
toria estabelecida em Londres, pedindo a permissão
Eara installarem nesta capital o principal estabelecimento
ancario, com a denominação de —London & Brasilian
Bank—, fazem a declaração expressa de que a companhia
prescinde inteiramente da faculdade de emittir notas
promissórias á vista e ao portador.
4.° A companhia do —Lpndon & Brasilian Bank— está
organizada de conformidade com a legislação, por que
se regem os estabelecimentos bancários na Grã-Bretanha,
na categoria de sociedade anonyma; sendo por isSo
a responsabilidade de seus membros limitada ao valor
das acções que possuírem: mas sujeita-se ella ás leis
do Império, em tudo quanto possão ter applicaçâo aos
estabelecimentos bancários que ahi fundar.
A' vista do exposto, pensa a maioria da secção de
fazenda, que a Creação desseriovobanco, nas condições
de um estabelecimento de credito regular, e solida-
mente constituído, poderá ser'de incontestável utilidade
para o paiz, e de grande proveito para o commercio
internacional, para cujo serviço parece elle especial-
mente adaptado.
E' pois a maioria da secção de parecer, que o go-
verno imperial prestará um serviço real ás industrias
do paiz, pérmittindo a fundação do —London & Brasilian
Bank— na capital do Império, sobas condições se-
guintes:
4. Que este banco, aTém das operações de câmbios,
se limitará a fazer unicamente aquellas que são, ou,
forem permittidos aos bancos —de descontos e depó-
sitos— creados no Império por autorização do governo
imperial: ficando o mesmo banco obrigado a publicar
pela imprensa, dentro dos primeiros oito dias de cada
mez, o balanço especificado das operações eflèctuadas
no mez anterior.
2.° Que a companhia do —London & Brasilian Bank—
submetterá a administração deste estabelecimento ás
leis,; regulamentos que regem no Brasil, ou regerem
no futuro os outros estabelecimentos da mesma natu-
reza, fundados pôr —sociedades anonymas.—
3.* Que as questões suscitadas no Brasil entfè ter-
ceiros e a administração desse banco, ou de suas
agencias, serão submettidas á decisão dos tribunaes
brasileiros.
— 310 —
i." Que esse banco não dará começo ás suas operações
antes de ter em caixa 25 7* de seu capital; e de haver
preenchido por outra parte as formalidades exigidas
elo art. 4.' do decreto n,.° 2714 de 49 de Dezembro
S e. 4860: fazendo outrosim publicar, nos jornaes de
maior circulação desta capital, as instrucções que: o
conselho director estabelecido era Londres tiver dado
aos seus agentes no Rio de Janeiro ; repetindo-se essa
publicação todas as vezes que taes instrucções forem
alteradas, ou modificadas.
5." Que a duração dó London & Brasilian Bank no
pleno exercicio de suas funcções, será de vinte annos,
se o governo imperial não autorizar opportunamente a
prorogação deste prazo, durante o qual nenhuma altera-
ção dos actuaes estatutos poderá ter execução no Brasil,
sem a prévia approvação do mesmo governo.
6.° O governo imperial poderá nomear, quando julgar
conveniente, ura ou mais commissarios, para ofirade
examinarem os livros, e o estado dos negócios do refe-
rido banco; tendo o direito de ordenar a liquidação
desse estabelecimento, e declarar dissolvida a associaçãq
á que elle pertence, quando fôr provada a violação de
uma, ou mais cláusulas acima indicadas.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha observa qüe
o acro de incorporação obtido na Inglaterra reconhece a
possibilidade de obter a companhia a faculdade de
funccionareomo banco lambera de emissão no Reino
Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, como se deduz das pa-
lavras « salvo e somente quando ella (companhia) estiver
legalmente habilitada para assim o fazer sem que de modo
algum affecte ou comprometia alimitação da responsa-
bilidade de seus accionistas. » E os próprios peticionarios
no seu requerimento de 3 do corrente mez declarão
ue «sentem a conveniência de adoptar por em quanto
I è não inteiramente) a qualidade de banco de depo-
sito, e trabalhar nos limites dessa esphera, como se
a outra condição de associação se não tivesse estipu-
lado^»
Ora se dentro dos vinte annos entender a companhia so-;
licitar,íe obtiver das competentes autoridades inglezas o
íunçcionar no Reino Unido, ou em outra qualquer parte,
como banco de emissão, è concludente perguntar-se: En-
tender-se-ha subsistente a autorização dada pelo governo
imperial para funccionar aqui como banco somente de-
deposito e de desconto ? Não se podendo julgar em tal
hypothese, e em geral as mesmas as condições de segun'
rança, e de garantia do banco, parece que negativa-
mente deve ser respondida a questão^ aeima proposta.
- 311 —
E por isso, e para evitar duvidas para o futuro, entende
o mesmo conselheiro que a primeira condição indicada
no parecer da maioria da secção, seja redigida do modo
seguinte: Que este banco, renunciando inteiramente a fa-
culdade de emittir notas promissórias a vista e ao por-
tador, limitará suas operações, tanto no Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda, como no Brasil, ou em outra
qualquer parte, durante os vinte annos da presente auto-
rização, unicamente, ás que são, ou forem permittidas
aos bancos de desconto, e de deposito, creados no Im-
pério por.autorização do governo imperial, e ás de
cambio; salvo se obtiver do corpo legislativo brasileiro
permissão para funccionar no Brasil como banco de
emissão.
Igualmente fica obrigado ó mesmo banco á publicar
pela imprensa dentro dos primeiros oito dias de cada
mez o balanço especificado das operações effectuadas no
mez anterior.
Além disto observa o conselheiro Visconde de Jequi-
tinhonha : *
4,° Que determinando o §2,° art. 3.° do decreto h.°27l4
de 49 dé Dezembro de 4860 que sejão datados e assigna-
dos, e as assignaturas reconhecidas dos requerimentos
qüe tiverem por fim impetrar taes autorizações, não
estão reconhecidas as assignaturas dos dous procura*
dores dos, peticionarios, nem encontra na procuração
poderes da companhia que autorizem a cessão da facul-
dade de emittir, condição essencial do contracto estipu-
lado entre os accionistas;
2.° No § 41 do art. 5.* do mesmo decreto imperativa-
mente se determina que a convocação da assembléa
dos accionistas não possa deitar de verificar-se pelo
menos uma vez cada anno, e no art, 28 dos estatutos se
diz — « A primeira assembléa ordinária reunir-se-ha no
mez de Abril de 1864 »;
3.° No | 12 daquelle mesmo art. 5.° do decreto citado
exige-se que nos estatutos se marque aparte que annual-
mente ha de separar-se dos lucros líquidos da compa-
nhia para constituir fundo de reserva: ora no art. 24
dos estatutos deixa-se ao arbítrio da assembléa dos ac-
cionistas o determinar a parte dá renda que deve ser
applicada para o fundo de reserva;
4.° No § 17 do dito artigo do decreto citado determi-
na-se como expressa condição : que o fundo de reserva
é exclusivamente destinado para fazer face .ás perdas do'
capital social, ou para substitujl-o. E no art. 22 dos
estatutos fica. autorizada a companhia por parecer do
conselho da mesma companhia a applipar qualqqer
-r 312 —
parte do fundo dê reserva á conta de rendimentos com
o propósito de igualar Os dividendos;
5.* No §43 do mesmo art. 5.° do decreto citado exi-
ge-se que nos estatutos se declare a porção do capital
social cuja perda deva necessariamente operar a dis-
solução da companhia. Ora, nos estatutos nada se dispõe
a este respeito, como é claro dos seus arts.'478, 479,
480 e 181 ;
6.° Igualmente manda-se no art. 5.* § 16 do citado
decreto fazer expressa menção na escriptura de asso-
ciação, ou nos estatutos, das disposições dos §§ 10, 11,
42 e 43 da lei n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860;
7." No § 15 do art. 5." do mesmo, decreto manda-se
que se determine nos estatutos a ferina e tempo era que
tem de fazer-se a distribuição de dividendos aos accio-
nistas, guardada a disposição do § 8.° do art. 1." da lei
de 22 de Agosto de 1860, isto é, que só poderão" fazer
parte dos dividendos dos bancos e sociedades anonymas
de qualquer natureza os lucros liquidos provenientes de,
operações effectivamente concluidas no respectivo se-
mestre. Ora, taes não são as disposições dos estatutos
acerca de dividendos.
Assim que entende o conselheiro Visconde de Jequiti-
nhonha, que devem ser inseridas nos estatutos todas as
cláusulas acima mencionadas em obediência ao decreto
igualmente citado de 19 de Dezembro de 4860, não sendo
no seu conceito suíficiente o declarar-se que a companhia
se deve julgar sujeita á legislação respectiva em questão
pelos abusos que s.e podem seguir.
Do mesmo modo julga o mesmo conselheiro neces- ,
sario, que postos de accôrdo com o referido decreto, os
estatutos, que aliás se não achão traduzidos com clareza
e exactidão, sejão estes publicados para conhecimento
publico.
Rematará o mesmo Visconde de Jequitinhonha este seu
parecer separado declarando que não espera deste banco
todas as vantagens,p benefícios para o commercio e in-
dustria nacional que a illustrada maioria^ da secção
indica: taes vantagens e beneficios só podem provir
do augmento do capital nacional; e este não pôde
dar-se sem augmento deprodüeção, economia, con-
dições indispensáveis para o creseímento da receita pu-
blica.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o. qüe
melhor entender na sua alta sabedoria.
Sala das conferências, em 19 de Setembro de 1862.—
Cândido Baptista de Oliveira.—-Visconde de Itaborahy.
—Visconde de'Jequitinhonha*
— 313 - 7

RESOLUÇÃO,.'

Como parece, sujeitándo-se a associação ás leis e re-


gulamentos que regera ou regerem as instituições banca-
rias no Império. (*)
Paço, 27 de Setembro de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.

N. 715.-^RESOLUÇÃO DE 11 DE OUTUBRO DE 4862.


Sobre o officio do collector do município de Pirahy acerca da al-
forria dos escravos, nas heranças jacentes, pelo preço da ava-
liação.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte
com o seu parecer sobre a questão suscitada no officio
de 40 de Maio ultimo do collector das rendas geraes
do município de Pirahy, provincia do Rio de Janeiro—
se os escravos de uma herança jacente, depois de ava-
liados podem ser libertados pelo juiz da arrecadação,
uma vez que vapresentem a importância da avaliação:
ou se, negada esta faculdade ao juiz e indo os es-
cravos á praça, deve preferir nesta ó lanço para a
liberdade delles á qualquer outro, ainda que superior
seja, desde que cubra a avaliação, applicando-se, assim
aos bens de defuntos e ausentes a disposição do art. 93
dõ regulamento n.°2433 de 45 de Junho de 4859, acerca
dos bens do evento, não obstante o aviso n.° 388 de
24 de Denembro de 1855?
O aviso n.° 388 de 21 de Dezembro de 1855, fun-
dando-se na resoluçãojitie consulta de 18 de Março de
4854, estabelece: 4.° que não é licito ao juiz da par-
tilha aceitar o preço da avaliação para conferir li-
berdade a um .escravo do casal inventariado no caso,

{*) Decreto n.° 297» de 2 de Outubro de 1862. Permitte a installaçso


na corte, da companhia--Loüdo# * Brasilian Bank, — debaixo de
certas condições.
c. 40 ... *
•*-3i4' —

de opposição de um ou mais herdeiros ; 2.° quea im-


possibilidade de algum dos herdeiros reclamar, por
ser menor, e a de transigir por elle o seu tutor, im-
porta o mesmo que a opposição desse herdeiro.
' Ora, na arremataçõo tias heranças jacentes-também
o herdeiro ou herdeiros se achão, por ausentes, im-
possibilitados de reclamar, também o curador não pótie
transigir por elles, e esta impossibilidade deve,,por
igualdade de razões, importar o mesmo que a oppo-
sição. O herdeiro da herança jacenle não é menos
representante daquelle a quem succede, do que o das
outras: a lei deve ser igual para todos.
As antigas provisões da extincta mesa da consciência
e ordens, ás quaes se refere o desembargador, pro-
curador do coroa no parecer transcripto na supraci-
tada consulta, estabelece em verdade doutrina diíferente;
mas nêm as provisões dos tribunaes regios, que somente
providenciarão para casos especiaes, podião revogar
-as leis então existentes, nem ainda que assim fosse;
seria permittido consideral-as em vigor á vista do § 22,
art. 179 da constituição, que garante o direito de pro-
priedade em Ioda a sua plenitude, salvo nos casos e pelo
modo áhi apontados.
O director geral do contencioso do thesouro entende
quê por equidade e em favor da liberdade pôde con-
ceder-se a alforria a escravos de heranças jacentes
quando forem levados á praça, preferindo o lanço para
ella a qualquer outro, ainda que superior seja, com
tanto que cubra a avaliação, á semelhança do que dispõe,
para o caso dos bens do evento, o art. 93 do regulamento
-de 15 de Novembro de 1859 e acrescenta que tal é o
espirito dó mesmo regulamento e o de nossas leis,
costumes e pratica de julgar.
Que o espirito Pe nossas leis favorece a liberdade
dos escravos, ninguém o nega, mas, que o facão, fe-
rindo o direito de propriedade que ellas mesmas, e mais
expressa e terminantemente do que ellas a lei funda-
mental do Estado garantem em toda sua plenitude, é
o que não foi nem crê a maioria da'secção que pbssa
ser demonstrado.
A disposição do regulamento a que se soccorre aquelle
funccionario, é limitada aos bens do evento, isto é,
<aó caso em que não se sabe a que senhor ou a que
herança pertence o "escravo.
Amplial-a aos bens de defuntos e ausentes não cabe,
,no' parecer ,da mesma maioria, nas atlribuições do
poder executivo. Somente á assembléa geral .legisla-
tiva pertence determinar.os casos e a fôrma por "que
— 315--—-
os senhores serfio obrigados- a Conceder liberdade a
seus escravos, e o modo de regular as indemnizaçòés.
Demais, a questão de que se trátàP de direito civil j
a outro poder compete appliear as leis existentes aos
casos especiaes, que elle tiver de. julgar, e não parece
á maioria da secção, pois, acertado que o governo ex-
peça a tal respeito ordens ou regulamentos, que possão
actiar-se em opposição com a pratica e doutrina dos
tribunaes de justiça.
• O conselheiro Visconde de Jequitinhonha, persuadido
de que ha inteira analogia entre o caso de bens do
pvento, e o de bens de ausentes, seria de opinião que
se applicasse á estes o que determinou-se a respeito
daquelles no art. 93 do regulamento de 15.de Junho
de 1859; mas concordando cora o final do parecer da
maioria da secção, isto é, que a questão é d e direito
civil: que a outro poder compete appliear as leis exis-
tentes aos casos especiaes, e por isso seria inconve-
niente a expedição de.ordens, ou regulamentos, que
possãq achar-se em opposição com a pratica e doutrina
dos tribunaes; entende que o assumpto deve ser le-
vado á assembléa geral para resolver, visto como
também entende que este assumpto não deve ficar sem
regra certa que o regule; e tanto mais'que ainda não
cessarão os jurisconsultos dé duvidar, se o direito, ou
domínio que tem o senhor sobre o escravo é da mesma
natureza, e tão extensivo como o direito de propriedade
adquirido sobre-os demais objeetos, inanimados, ou
não; do que verdadeiramente resulta grande difficul-
dade quando se trata de appliear aos escravos a dis-
posição constitucional do § 22 do art. 179 da lei fun-
damental do Estado.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como
melhor entender.
Sala das conferências, em 29 de Setembro de 4862.—
Visconde de Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.
—Visconde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece.. (*)
Paço, em 41 de Outubro dé 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.
, ; • —> — • . «fc

(*) Aviso, n.° 480 de* 17 de Outubro de 1862, na collecção das teia.
*- 31-6 *?
*c''i *£.' í*

N. 7Í6.—RESèClÍGÃO DE 22 DE OUTUBRO DE 4862. '


' " ' \- ''
Sobre o recurso interoíisto* peíoür. João Lope#,de Araújo a respeito
do facto praticado pela recebedoria da corte da transferencia
nos livros de lançamento da décima urbana, para nome d#o»trem>
de uns prédios, de que se considera legitimo proprietário.
•li
Senhor.— Foi Vossa Magestade Imperial servido, por
despacho do tribunal do thesouro nacional de 29 de
Julho próximo findo, mandar consultar a secção, de
fazenda do conselho de estado, sobre o recurso inter-
posto para este conselho, pelo Dr. JoãoLopes de Araújo,
da decisão da recebedoria do Rio de Janeiro, appro-
vada pelo • tribunal do thesouro, a 'qual fóra motivada
pela transferencia que se fizera, no livro dos lançamen-
tos da décima urbana, de dous prédios, de que se con-
sidera o dito doutor legitimo proprietário, para o nome de
« João Antônio Fernandes de Miranda », em virtude da
carta de adjudicação, que este apresentara á recebedoria,
por effeito de execução por elle movida contra Vicente
Marques Dias dé Castro, primitivo proprietário dos dous
prédios acima referidos.
A secção de fazenda, examinando os documentos que,
lhe forão presentes, concernentes ao objecto do recurso
interposto pelo requerente, verificou os íactos seguintes:
O Dr. Jóáo Lopes de Araújo constituiu-se proprietário
dós dous prédios em questão, por venda qüe delles
lhe fizera Vicente Marques Dias de Castro, em escrip-
tura publica, passada a 4 de Maio de 4864; e em
virtude dessa transacção transferira a recebedoria, no
dia 21 do dito mez, o lançamento da décima daquelles
prédios para o nome do seu novo proprietário.
Sendo posteriormente apresentada à recebedoria por
João Antônio Fernandes de Miranda a carta de adju-
dicação, em favor deste, dos dous prédios de que es-
tava já de posse o Dr. Araújo, passou a recebedoria
a fazer nova transferencia da décima dos mesmos pré-
dios para o nome do referido adjudicatorio, no dia 43
de Janeiro de 1862.
Deste procedimento da recebedoria, e da approvação
que lhe dera o thesouro, recorre o Dr. Araújo pára
o conselho de estado; requerendo que seja considerada
como illegal a segunda transferenciada décima dos
dous prédios, dê que*elle se julga ser legitimo pror
prielarip, emquanto por sentença não fôr despojado
desse direito.
** A maioria da secção de fazenda, considerando* que
o acto praticado pela recebedoria do Rio de Janeiro,"
'-*.,. "• —- 3 1 7 —

em observância da legislação fiscal que a rege, e ap-


. provado pelo tribunal do lhesòufo, <é puramente ad-
ministrativo,' é inteiramente ameio 4 questão da legi-
timidade do dominio tios prédios de qüe se trata, cuja
solução compete privativamente ao poder judiciário;
é pois dê parecer que o presente recurso não deve
ser altendido.
0 conselheiro Visconde de Jequitinhonha reconhece
como inconcusso o luminoso principio que o acto de
assentamento praticado pela'recebedoria do Rio de Ja-
neiro em observância da legislação fiscal é inteira-
mente administrativo, e por isso-alheio da questão cuja
decisão compete privativamente aos tribunaes judiciaes;
mas reconhecendo igualmente como inquestionável que
taes actos são sujeitos á regras racionaes prescriptas
pela necessidade de manter ordem e regularidade na
iiscalisãção, e arrecadação dos impostos, pois quede
outra fôrma seguir-se^hia a inGoherencia de poderem
ser taes assentamentos tumultuarios e confusos para
as próprias autoridades fiscaes: entende que menos
regularmente procedeu a recebedoria do Rio de Ja-
neiro mandando fazer a transferencia dos prédios em
auestão para o nome do recorrido, em virtude da carta
e adjudicação que por este lhe fora apresentada, visto
como na referida carta-de adjudicação não se menr
ciorfa o.recorrente possuidor dos ditos prédios, e em
cujo nome estavão elles assentados na repartição; do
que evidentemente resultava ser o recorrente inteira-
mente estranho á questão judicial que dera occasião
á execução, e carta dè adjudicação; ao passo que o
seü assentamento fora feito em virtude de documento
legal, do qual resultará o seu dominio, e posse nos
mesmos e idênticos prédios: como tudo se vê de do-
cumentos.
Recusando pois a recebedoria do Rio de Janeiro a
faZer a transferencia no caso dê1 que se trata, não vio-
lava o luminoso principio acima exposto, é reconhe-
cido : procedia, sim, com ordem, e regularidade. Vio-
laria, sé sendo parte na execução, ou figurando na carta
de. adjudicação o recorrente pretextasse á recebedoria
do Rio de Janeiro este ou aqüèlle achaque na execução,
ou nã adjudicação, para delle concluir a não transfe-
rencia do dornjnio e posse, conseqüências legaeá de
taes actós judiciaes. E pór isso qâ# taes assentahieníos
nada decidem, ou estatuem relativamente ao direito
que se possa ter nos prédios, por isso mesmo cumpre
que a administração fiscal seja prudente na transfe^-
tencia delles. Nestes termos é o Visconde de Jéqui-
*- 318 —

tinhonha de parecer que seja provido o recurso inter^


posto pelo recorrente, raandándó-se fazer atransferencia
que requer. ,
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
em sua sabedoria entender por mais acertado.
Sala das conferências, em 3 de Outubro de.4862.^f
Cândido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itab®m$§;&
Visconde de Jequitinhonha..
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço^ em 22 de Outubro de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador. ..v
Visconde de Albuquerque,

N. 717.—RESOLUÇÃO DE 19 DE NOVEMBRO DE1862.


Sobre a representação de vários negociantes da praça do Rio de
Janeiro contra a decisão do inspector da alfândega da corte que
sujeitou ao imposto de—expediente—o café lransportadovde oulras
províncias do Império.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
da secretaria de estado dos negócios da fazenda, que
a secção de fazenda do conselho de estado consulte
com o seu parecer, sobre a representação de vários
negociantes da praça do Rio de Janeiro contra a decisão
tomada pela inspectoria da alfândega da corte, em
virtude da qual fqra sujeito áo imposto de */a°/<> de
expediente o café transportado de outras provincias do
Império para este porto.
A secção de fazenda, havendo examinado os documentos
officiaes, concernentes a este objecto, e consultado a
legislação que rege a matéria^ paâsa a expender a sua
opinião nos seguintes termos:
A lei n.° 60 de 20 de Outubro de 1838" fixou em 1/2 %
a taxa do expediente — para os gêneros somente qüe
entrassem nas alfândegas, e fossem por ellas despa-
chados; ficando isentos desse imposto aquelles cujo
despacho era próprio das mesas do consulado—, ser
— 319 —
guindo fôra determinado á todas as alfândegas do Im-^
perio pela circular expedida pelo thesouro em data de
10 de Novembro do referido anno.
Diversas decisões do thesouro sustentarão posterior-
mente a intelligencia dada pela referida circular á lei
de 20 de Outubro, á que ella se refere, em virtude das
quaeís ficarão isentos do imposto de expediente os
gêneros de producção nacional, transportados dé umas
para outras provincias do Império. j '•
O novíssimo regulamento das alfândegas, expedido
em 19 de Setembro de 4860,. sujeitando em geral ao
mesmo imposto de Vs °/0 de expediente os gêneros trans-
portados de umas para outras provincias do império,
declara todavia no art, 625 § 3.°, que ficão exceptuadas
dessa disposição, entre outros gêneros, aquelles'que
em, virtude de lei, ou de contracto, se acharem isentos
do ieferido imposto.
Á vista do exposto parece á maioria da secção de fa-
zenda que não deve ser sustentada a intelligencia dada
pela inspectoria da alfândega da Corte á citada dis-
posição do regulamento vigente, relativamente á im-
portação do café transportado de outras provincias do
Império, visto que este gênero, como outros de pro-
ducção nacional, fôra isento dor imposto de expediente
pela lei de 20 de Outubro de 4838, achando-se por esta
razão comprehendido na exçepção acima referida.
Ao conselheiro Visconde de Jequitinhonha parece mui
bem exposta a questão, e deduzidas as conclusões,
pelo conselheiro director geral das rendas publicas, e
concordando inteiramente com ellas, é de parecer que
-se adopte uma disposição genérica, que ponha termo
ás duvidas não só relativas ao café como a quaesquer
outros gêneros de producção, e industria nacional, como
fumo, algodão, cãcáo,,e outros, que se transportarem de
umas para outras provincias. ,
Entendido o art. 14 da lei n.° 60 de 20 de Outubro
de 1838, como entendeu a circular de 10 de Novembro
do mesmo anno appensa a de 15 de Maio do anno se-
guinte ; sendo "manifesta a contradicção das disposições
do regulamento de 19 de Setembro de 1860, julga o
mesmo conselheiro -que tendo sido até hoje executado
o disposto naquella circular, e não convindo sobre-
carregar os productos nacionaes., e menos difficultar
por meio de impostos, ou outros quaesquer, as relações
econômicas, e cpmmérciaes entre as provincias do Im-
pério ; declarar em vigor a circular de 10 de Novembro
de 4838 e todas as demais que a têm explicado seria a
medida que o caso requer. E isto tanto mais parece
- 320 —
certo quanto ao mesmo conselheiro" como ao con-
selheiro director geral da tomada de contas também
parece que a mente do regulamento de 4860 foi menos
revogar as disposições existentes do thesouro do que
consolidãl-as, e adoptal-as de um modo mais favorável
aos interesses do commercio nacional e estrangeiro, o
que é expresso no decreto que precede o regulamento.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que na
sua alta sabedoria tiver por mais acertado.
Sala das conferências, em 40 de Novembro de 4862.—
Candi$o Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahif.
—Visconde de Jequitinhonha.
- * BESOLUÇÍO.
',' Como parece. (*)
Paço, em 49 de Novembro de 4862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.

N. 718,— RESOLUÇÃO DE 19 DE NOVEMBRO DE 186?.


Sobre o requerimento da santa casa da misericórdia da cidade de
Porto-Alegre, pedindo nos termos da leiprovincial de 27 deAgosto
de 1858, a transferencia de umas apólices da divida publica perten-
centes a uma exposta fàllecida no mesmo estabelecimento.

,:' Senhor.—Por aviso de 20 do corrente mandou Vossa


'mageftaâe Imperial que a secção de fazenda do conselho
de estado consulte cora seu parecer sobre o requeri-
mento e mais papeis que o acompanhão da mesada
santa casa de( misericórdia da cidade de Porto-Alegre,
capital da provincia de S. Pedro, no qual pede que se
transfira para o patrimônio das expostas, que a mesma
casa tem a seu cargo, três apólices da divida publica
deixadas pela exposta Christina Thereza Zulmira, fàlle-
cida no dito estabelecimento em 30 de Agosto do anno
passado, fundando-sé a supplicante para requerer esta
transferencia unicamente no art. 27 do regulamento

(*) Aviso n.° 590 de 20 de Dezembro de 1862, na collecção das leisj


- 321 —

provincial de 27 de Agosto de 1858, que manda reverter


em beneficio do asylo os dinheiros e valores que por
qualquer titulo ou origem constituírem o pecúlio de cada
uma exposta opeducanda , não obstante as disposições
geraes em contrario contidas nos regulamentos do go-
verno imperial de 9 de Maio de 1842 art. 3.°, e dé 1'5 dê
Junho de 4859 art. 11 § 2." e mais disposições em vigor.
A. Òrd. liy. 2.° t. 26 § 47 expressamente determina
que se appliquem aofiscoos bens vagos, isto é, aquelles
a que não é achado senhor Certo; assim como aquelles
deixados por pessoa que não leüha alguém quê%ua he-
rança deva haver, ou que a não queira aceitar, esmo se
expressa a Ord. liv. 4.° t. 90 J 1.°
De accôrdo com este preceito da lei vigente oTsnesmo
determinarão os regulamentos de 9 de Maio de 1842
art. 3.°, e de 15 de Junho de 1859 art. 11 §|1 ° e 2.°
O acto addicional que declarou os casos, em que as
assembléas provinciaes são competentes para legislar
não comprehendeu o das suecessões, matéria inteira e
absolutamente da exclusiva competência da legislação
geral, a qual deve outrosim ser respeitada pelas as-
sembléas provinciaes não só porque assim o dispõe o
actopddicional quando limitou e especificou as attribui-
ções das referidas assembléas; como porque assim o
exige a ordem pijblica e os princípios constitucionaes em
que se funda a fôrma de governo jurada pela nação.
Nestes termos entende a secção que foi exorbitante o
regulamento em que basêa a mesa peticionaria o Seu re-
uerimento, o qual não pôde ser deferido pêlo governg,
â e Vossa Magestade Imperial a quem incumbe executar,
e fazer obedecer a lei.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
servido. ' -^ ~
Sala tias conferências, em 10 de Novembro de 1862.-f-
VistiOride de Jequitinhonha.—Visconde de Itdbaorah^.
—Cândido Bàphstade Oliveira.
. RJÈSOIiUÇÃQ. \

Cpmo parece. •(*) %*.''


Paço, em 19 de Novembro de 1862.
Com a rubrica dê Sua Magestade o Imperador.
! v
' Visconde de Albuquerque.

(*) Ordemri.»578 de 16 de Dezembro de 1862, na collecção das


leis. i
c. 41
— 322 —
N- 719.-CONSULTA DE 20 DE DEZEMBRO DE 4862.
Sobre a forma do pagamento ao Banco do Brasil do papel moeda
que tem este de retirar annualmente da circulação.
Senhor.—Por aviso de 43 do corrente mandou Vossa
Magestade Imperial pôr em consulta da secção de fa-
zenda do conselho de estado a fôrma do pagamento ao
Banco do Brasil do papel moeda que tem este de retirar
annualmente da circulação, tendo em vista as opiniões
constantes dos pareceres dos conselheiros directores do
thesouro juntos ao mesmo aviso.
Na opinião da secção, a disposição que rege a matéria
é o ar|; 2.° § 2.° da lei de 5 de Julho de 1853: a qual dispõe
o seguinte:
« Logo que a somma do papel resgatado exceder a dez
mil contos de réis, o governo pagará—trimestralmente
ao banco o excesso da referida somma. »
Esta disposição foi, como devera ser, incluida tal qual
no contracto entre o governo e a companhia do banco,
como se vê do decreto de 31 de Agosto de 1853, art. 56 § 2.°
Nella não se determina que o pagamento será feito em
apólices de 6 % e ao p a r , como o fôra relativa-
mente ao pagamento dos dez mil contos de réis resga-
tados pelo banco, e que só são exigiveis findo o prazo
marcado para duração do banco, e consta expressamente
do 11.° do citado art. 2.°, reproduzido no art. 56 § 1.° do
citado decreto de 31 de Agosto de 1853.
Se a mente do legislador fosse que o pagamento tri-
mestral se fizesse do mesmo modo, isto e, em apólices
de 6 °/o e ao par, como o dos dez mil contos de
irèis* deÍ certo o determinaria. Não o tendo feito, nem o
-%ptmcto o poderia ter estabelecido, nem depois de esti-
pulado pôde ser alterado.
Demais assim o entendeu o governo imperial quando
fez o ultimo pagamento deste gênero, contractando cora
q banco dar-lhe apólices de 6 % a noventa e dous,
como affirma o conselheiro director da contabilidade.
, Nestes termos é a secção de parecer que o pagamento
deve ser feito ou em moeda corrente ou em apólices de
6 °/o pelo preço que se ajustar.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
servido.
Sala das conferências, em 20 de Dezembro de 1862.—
Visconde de Jequitinhonha .—Visconde dé Itaborahy.—
Cândido Baptista de Oliveira.
— 323 —
N. 720.— RESOLUÇÃO DE 24 DE DEZEMBRO DE 1862.

Sobre as representações de José Velloso Soares J t Filho e outros


relativamente ao exclusivo dos depósitos dos assucares proce-
dentes das Alagoas em certo e determinado trapiche em Per-
nambuco.

Senhor.—Por aviso de 23 de Setembro do corrente


anno mandou Vossa Magestade Imperial pôr em con-
sulta da secção de fazenda do conselho detestado a
justiça da matéria das representações de Jósé-Velloso
Soares & Filho e Manoel Ignacio de Oliveira e de Càmillõ
Pinto de Lemos, pedindo uns e outros, mas pára fins
diversos, a revogação da ordem do thesouro de 28 Pe
Novembro de 1861 que acabou com o exclusivo dos
depósitos dos assucares procedentes da provincia das
Alagoas em certo e determinado trapiche, por contracto
na capital da provincia de Pernambuco; annullando
assim a ordem de 10 de Julho de 1858 e mandando que
aquelle gênero se .recolhesse aos trapiches indicados,
na fôrma dos árts. 234 e 254 do regulamento das al-
fândegas de 19 de Setembro de 1860.
No seu requerimento de 18 de Agosto deste anno
dizem os primeiros peticionarios que « é da precipi-
tada e injusta rescisão do contracto celebrado em 9 de
Setembro de 1859 entre o presidente da provincia das
Alagoas e os süpplicantes para a descarga dos assucares
procedentes tíalli no trapiche ^-Companhia—na praça de
Pernambuco que os süpplicantes talião. » # <-
Tinha sido aquelle contracto celebrado com prévia au-
torização da assembléa legislativa das Alagoas, corice-
dida no art. 21 de sua lei n.° 357 de 11 de Jiílhô de
4859, de accôrdo com o aviso de 40 de Junho de 4858,
expedido pela repartição dos negócios da fazerjda.
O contracto a que se referem os peticionarios consta
do seguinte termo :
« No dia 9 do mez de Setembro do anno do-nasci-
mento de Nosso Senhor Jesus Christo de 4859, h&tá
cidade de Maceió e palácio do governo compareceifo
commendador José Antônio de Mendonça como pro-
curador dos negociantes da praça de Pernambuco, Ma-
noel Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares & Filho,
sendo o primeiro proprietário e o. segundo arrenda-
tários do trapiche denominado—Companhia—, para ce-
lebrar o contracto autorizado pela 2 / parte do art. 20
da lei provincial n.u 357 de 4 4 de Julho do corrente
anno, sob as seguintes condições: 1.» O recebimento e
- 324V
recolhimenlo de todo o assucar de producção desta
provincia que se exportar para a de Pernambuco será
feito exclusivamente no sobredito^rapiçhe denominado
— Companhia#na cidade do Reeife ; 2.* Os preços dos
volumes'e as despezas com a descarga, safamento,
guindaste, peso e marcas se regularão pela tabeliã
abaixo transcripta da thesouraria de fazenda dê Pernam-
buco datada de 10 de Fevereiro de 1847; 3.» O presente
contracto Vigorará por cinco annos, ficando ao governo
da* provincia livre o direito de 0 rescindir, se á expe-
rieÉcia demonstrar que é desvantajoso aos interesses da
provinçjaf E sendo reciprocamente aceitas pelo Exm. Sr.
vice-presidente da provincia e pelo procurador do con-
tractante as ditas condições, houve S. Ex. o contracto
por feito e mandou lavrar o presente termo que assignou
com o referido procurador. O secretario da província
José Alexandrino Dias de Moura O fez escrever.— Ja-
cintho Paes de Mendonça.•— Como procurador José
Antônio de Mendonça. »
. A lei provincial qüe autorizou o presidente á con-
tractar com o segundo peticionarío Camillo Pinto de
Lemos proprietário ou locatário do trapiche denomi-
nado—Alfândega Velha — na cidade do Recife, é alei
do orçamento provincial de 9 deAgosto de 1861 para
o exercicio deste anno e o de 1862 no art.. 25, e resa o
seguinte: — « O presidente da provincia fica autorizado a
eontractar corn o proprietário ou locatário do trapiche
denominado — Alfândega Velha —na cidade do Recife,
o recolhimento e recebimento exclusivo dos assucares
desta provincia, mediante o quantitativo de .2:000#000
ahhuaes que á mesma provincia pagará o referido pro-
prietário, estabelecendo as condições que julgar con-
venientes. »
Ouvido o presidente da provincia acerca dos verda-
deiros sÉrótivos que aconselharão o contracto celebrado
com Camillo Pinto de Lemos e da representação dos
primeiros peticionarios, inTorma o segÃnte no seu
oíficio de 23* de Outubro do anno passado:
«Satisfazendo, como é do meu dever, as recommen-
dações de V. Ex?», começarei por communicar que
avista tio officio do presidente de Pernambuco com
quem me entendi a este respeito, o novo contracto por
mim celebrado ainda não foi posto em execução, nem
o será emquanto V. Ex. não julgar acertado expedir as
ordens que solicitei no meu officio n." 21 de 42 de
Agosto ultimo.
Nesta, provincia e ná de Pernambuco fazião-se incre-
pações sobre o modo pouco regular com que José
— 325 —
Velloso Soares, administrador do mencionado trapiche
—Companhia—, desempenhava o referido contracto.
Era sabido, e disto estou bem informado, que elle
mancommunado com vários correspondentes dos agri-
cultores desta provincia, tinha dentro daquelle trapiche
alfandegado, contra os arts. 221 ,-• 222 e 283 do regula-
mento de 49 de Setembro de 4860, um armazém de
assucar de fazer negocio particular, que lhe permiltia
facilmente realisar todo gênero de abusos em prejuízo
dos ditos agricultores. Estes e outros factos não erão
. próprios para grangear-lhe muito boa reputaçãofia
praça do Recife; e creio que, alterando-se as quali-
dades e o valor dos assucares, isto também havia de
cooperar para que não avultassem tanto quanto devião
, os rendimentos desta provincia que erão percebidos
sobre o preço do dito gênero na sua exportação.
A' vista destas eircumstancias, a assembléa da pro-
vincia reconheceu que seria desvantajosa aos interesses
da mesma provincia a continuação "do contracto com
Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares, e que
portanto devia ser rescindido, autorizando-se no art. 25
da lei provincial n.° 388 de 9 de Agosto ultimo a cele-
bração de contracto semelhante com os indivíduos, e
sobre um trapiche de maior capacidade, por ella deter-
minados, e exigindo-se o pagamento de uma renda
annual para a provincia por essa concessão que até aqui
tinha sido gratuita.
Julguei que, em usar dessa disposição legislativa, não
fazia offensa aos direitos provenientes do contracto exis-
tente, visto como este deixava livre, expressamente ao
governo provincial a faculdade de rescindil-o, quando
pela experiência, entendesse desvantajosa a sua conti-
nuação ; que a provincia e o publico lucrarão em ser
preferido um estabelecimento notoriamente de melhores
proporções do que o trapiche — Companhia—, e um con-
tractanle ma.is.bem conceituado do que o administrador
deste José Velloso Soajes, de cujos abusos não se du-
vidava, e que a fazenda provincial em presença dos seus
diminutos recursos, do estado deplorável em que a achei,
e dos esforços que se fazião para augjmentar a sua re-
ceita e diminuir a despeza, não devia desprezar essa
fonte de renda annual que podia estabelecer.
O contrario de tudo isto pareceu á assembléa -pro-
vincial, e a mim também, desvanlajoso aos interesses
da provincia.—A'vista do caracter provincial deste ne-
gocio, que provém da fiscalisação das rendas das Ala-
goas arrecadadas em Pernambuco, á viste, do exemplo
da disposição da lei provincial em virtude da qual
- 326 —

tinha sido celebrado por esta presidência em 1859 o


contracto com Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso
Soares, não duvidei da legalidade com que procede-,
ria usando de uma disposição; legislativa semelhante
aquella. E pensei que não devia deter-rae, attenta a
importância dos inconvenientes que a assembléa pro-v
vincial tratou de supprimir, e antevendo os embaraços
e difficuldades (quenão tardarão muito acercar-me), cora
as quaes luta a administração sempre que se demora em
cortar um abuso que tem protectores importantes e
iÜUferesses enraizados.
Passo agora a prestar a informação exigida sobre
a „ representação de Manoel Ignacio de Oliveira e José
VeljEoso Soares, que acompanhou o aviso de V. Ex. a que
terpo a honra de responder. (
Na dita representação pede-se ao governo imperial
que mantenha a ordem n.° 81 de 10 de Julho de 1858,
expedida á thesouraria de Pernambuco, com o funda-
mento .de que ainda está pendente da decisão desta pre-
sidência um requerimento dos mesmos peticionarios,
no qual solicitão a rescisão ou suspensão da execução
do contracto celebrado com Camillo Pinto de Lemos,
tendo toda a esperança de ser attendidos.
Este facto em que se baseão os peticionarios é ine-
xacto, pois nenhum requerimento delles neste sentido
foi áté agora apresentado a esta presidência.
Os peticionarios não chegarão a apresentar tal rêque-.
rime.nto (á que eu não deixaria de dar despacho), ten-
do-me apenas José Velloso Soares vindo dizer que tinha
apromptado essa petição para me ser presente, porém
que, avista das reflexões que eu lhe fazia sobre o pé
em que se achava este negocio, estava resolvido a re-
correr a oij^ros meios.
Allega-s-e na dita representação que o contracto dos
peticionarios é válido ; e é nullo, e feito sem as for-
malidades costumadas,, o celebrado com Camillo Pinto
de Lemos. ? * ^
Já exçuz as razões pelas quaes me parece que legal-
mente fôra o primeiro rescindido, e celebrado o segundo,
em vista do art4 25 da lei provincial n. p 388 de 9 de
Agosto ultimo e da condição terceira do contracto de 9 de
Setembro de 1859, em virtude de idêntica faculdade e.
com as mesmas formalidades e quasi nos mesmos termos
com que linha sido feito o primeiro contracto.
Pretende-se também na representação que o con-
tracto com Camillo Pinto de Lemos fôra levado a effeito
sem publicidade e com sorpreza por ter sido a lei pro-
vincial, em,que se baseou, publicada na secretaria do
- 327 -

governo no dia 9 de Agosto findo, e no dia seguinte


celebrado o contracto.
Sendo este autorizad^por um corpo collectivo, a as-
sembléa provincial, cujos trabalhos têm Ioda publici-
dade, não me parece procedente semelhante allegação.
Além disto, convém observar qúp a referida lei pro-
vincial, depois de competentemente votada, j-edigida e
approvada, me foi remettida para ser sanccionada em
data de 31 de Julho, isto é, dez dias antes da celebração,
do contracto com Camillo Pinto de Lemos, o que moltra
«•não ter havido esse propósito de sorpreza de que fahM)
os peticionarios. Durante vinte e tantos dias esjtevjl
publico nesta cidade este, negocio de que se*tratowna
assembléa provincial. Ejá manifestei os motivos porque
Julguei pouco conveniente haver maior demora.
Não devè^ porém passar desapercebido que durante
os. trabalhos da assembléa, e depois mesmo de pu-
blicada pelos jornaes a rescisão do contracto de Manoel
Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares, não houve
nesta provincia pessoa alguma que fizesse ,a menor
observação em contrario; nem o próprio Barão de Jara-
guá (José Antônio de Mendonça), que linha assignado
o contracto de 9 de Setembro de 4859 como procurador
dos ditos contractantes, e que exercia influencia sobre
os membros da assembléa, julgou dever dar passo algum
contra a. medida de que se tratava, e somente depois
que veio de Pernambuco José Velloso Soares, é que
associou-se a este talvez a instâncias delle,* para advogar
a sua causa.
Asseverão também os peticionarios que a mesma
sorpreza fôra empregada perante o governo imperial,
pelo facto de seguirem para essa corte no vapor Paraná
a 27 de Agosto próximo findo as communie4jtções offi-
ciaes sobre o novo contracto, não obstante ter-me nesse
dia José Velloso Soares exposto o objecto sobre que
pretendia requerer-me, na mesma occasião em que fazia
viagem para o Rio Manoel Polycarpo Moreira de Aze-
vedo.
Para se conhecer que não houve tal propósito de sor-
prender o governo imperial, basta râflectir que não
é para admirar que a 27 de Agosto seguissem para a
corte as communicações officiaes de um acto effectuado
a dez do mesmo mez, dezasete dias antes, as quaes até
)odião ter sido enviadas ha mais tempo pelo vapor
f rancez que toca em Pernambuco.
Nessas communicações, longe de haver sorpreza e mis-
tério, houve tanta franqueza que no final do meu oíficio
n.° 24 de 42 de Agosto ultimo, manifestei a V.sEx. que
- 328 —
o novo contracto podia achar embaraço na ordem do
thesouro nacional n.° 81 de 40 de Julho de 1858, ex-
pedida ao inspector da thesourafla de Pernambuco ; e
houve tanta publicidade queno Diário do Commercio
de 14 de Agosto publicado 13 dias antes, da remessa
das ditas communicações, vem impresso no expediente
desta presidência o meu officio de, 12 de Agosto ao-
presidente de Pernamhuco, no qual se declara o objecto
do officio que naquella data esta presidência dirigiu
ao, ministério a cargo de V. Ex.
#ra tendo eu já asseverado ao presidente de Pernarn-
bucQ que havia officiado ao dito ministério, pareceu-me
irregular cassar as referidas communicações, por causa
'deuim simples pedido. Finalmente quanto ao facto
de.ter seguido para corte no vapor Paraná a 27 de Agosto
unia pessoa para tratar dos interesses de Camillo Pinto
de Lemos, parece-me que não devem causar estranheza
os meios que em todas as questões as partes costumão
empregar para promover o andamento dos seus ne-
gócios nas estações de que estão elles dependentes,
segundo lhes consta até das gazetas officiaes, como
neste caso mostrei ter acontecido.
Julgando ter informado sufficien tem ente sobre todos
os fundamentos allegados na referida representação
dirigida ao governo imperial, os quaes V. Ex. poderá
apreciar devidamente, cumpre-me esperar que V. Ex. se
digne de resolver este negocio como em sua sabedoria
entender conveniente, dando as ordens que solicitei
em meu officio n.° 21 de 12 de Agosto findo, ou deixando
subsistir a citada ordem do thesouro nacional de 10 de
Junho de 1858, que até agora não deixou de vigorar. »
Tomando em consideração as representações dasparfes,
as inform<|§ões do presidente da provincia das Alagoas,
o governo de Vossa Mage^ade Imperial expediu pela
repartição de fazenda a ordem de 28 de Novembro
de 1861 do teor seguinte:—« N. 194. Ministério dos
negócios da fazenda.—Rio d% Janeiro, em 2#de Novembro
de 1861. José Maria da Silva Paranhos, presidente do
tribunal do thesouro nacional, tomando em conside-
ração o que ulibrma o presidente da provincia das
Alagoas, em seu officio n.° 23 de 23 de Outubro ultimo,
acerca dos motivos que levarão a respectiva assembléa
provincial a decretar e á mesma presidência a effectuár
a rescisão do contracto celebrado em 9 de Setembro
de 1859, com Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso
Soares <& Filho, para receberem em deposito, no seu tra-
piche denominado—Companhia—estabelecido na capital
de Pernambuco, todo o assucar que para essa provincia
— 329 — '
è enviado pela das Alagoas; e considerando por outro
lado, que a concessão do exclusivo em casos taes é,
coarctar não só as attritaições dos chefes das alfândegas
e mesas de rendas, aos quaes pelo art; 234 do regula-
mento de 49 de Setembro de 1860 compete tlesignar
o entreposto (ou^trapiche) para depósito das merca-
dorias, mas também o direito dos depositantes que,
como o permitte o mesmo artigo, podem pedir e indicar
o trapiche que deverá ser preferido, sempre que fôr
possivel não offender os interesses da fiscalisdção : de-
clara ao Sr. inspector da thesouraria de fazenda tde
Pernambuco que fica revogada a ordem de 10 de Junho
de 1858, que autorizou o depositar exclusivo de todo o
assucar procedente das Alagoas no trapiche do já refe-
rido Manoel Ignacio de Oliveira, e "ordena-lhe que dê
suas providencias para que dPra em "diante se cumprão
fielmente as disposições, tanto do dito art. 234, como
do n.° 2 do art. 254 que exige que as partes declarem
era seus requerimentos o trapiche para onde se des-
tina o gênero, que querem depositar.— JoséMariada
Silva Paranhos. »
Sobre o modo praticc de dar execução á ordem do
thesouro acima transcripta, informa no seu officio
de 23 de Dezembro de 1861 o inspector da alfândega
de Pernambuco o seguinte:—<< Em observância do des-
pacho dessa thesouraria, exarado no officio do presidente
da provincia datado de 20 do corrente informo que
as medidas no meu conceito mais profícuas para ga-
rantir os direitos que a provincia das Alagoas percebe
do assucar qüe envia para este mercado, são as que
puz era pratica,, logo que pela revogação da ordem
do thesouro de 10- de Junho de 4858, tive de fazer
ao assucar daquella provincia applicaçãg|do art. 234
tio regulamento tie 49 d% Setembro de 1860. Recebida
a guia e tomada a entrada da embarcação, desig-
na-se-lhe, com accôrdo da parte, o trapiche oU arma-
zém onde tefh de se descarregar, fazendo-se folha com
as precisas declarações em que assignão conjunctamente
o depositário e o conferente do respectivo ponto, mar-
cando-se ao mesmo tempo o prazo ide doze dias para
pagamento do dizimo da provincia, conforme estava em
pratica para comaParahyba e Rio Grande do Norte. No
aoto de despacho do gênero, quer para os portos de fóra
ou dentro do Império, confere-se a quantidade despa-
chada com a existente no'armazém ou trapiche, lan~
çando-se-as convenientes notas; e verifica-se assim
constantemente a par e passo o balanço entre uma e outra.
Por este modo parece-me que estão sufficigntemente
c. 42
— 330 -
resguardados os direitos que a provincia das Alagoas per*
eebeaqui. Entretanto recommendação instante por parte
do presidente do, maior escrúpulo e exaclidão nas guias
que acompanhão o gênero, —seria um meio de tornar
mais efficaz o processo empregado para a arrecadação de
taes direitos, que desta arteficariãosujeitos á fiscalisação
tanto no porto de sabida pomo no de entrada. »
E tendo o agente procurador das rendas da provincia
das Alagoas, residente no Recife, José Gonçalves de
Albuquerque representado ao governo desta província,
pretendendo mostrar graves inconvenientes da execução
tia ordem citada, foi ouvido o inspector da alfândega1
de" Pernambuco,, o qual no oíficio de 28 de Janeiro do
corçente anno, diz o, seguinte:
,« Informando sobre o Officio do presidente.da província
das Alagoas, permitia V. S. que faça as seguintes pondera-
ções com as quaes cumpro o despacho dessatltesouraria
exarado no mencionado documento. Continuo "a pensar,
segundo já tive occasião de expor, que.nenhum inconve-
niente resulta de que sejão indistinctamente recebidos
e depositados nos trapiches aqui existentes, os assucares
daquella provincia, como se pratica actualmente em vir-
tude da ordem circular do thesouro n.° 4 94 de 28 de
Novembro ultimo, e sempre se praticou com os gêneros
da Parahyba e. Rio Grande do Norte, sem que se levan-
tassem queixas contra ó sistema adoptadoparaa cobrança
dos respectivos direitos que nesta estação se arrecadão
por conta dessas provincias. A nova pratica, em verdade,
poderá ser menos commoda ao agente procurador da
provincia das Alagoas, mas por certo que não é
incompatível com a fiscalização, uma ,vez que as autori-
dades locaes alli lenhão todo o cuidado e escrúpulo
na expedição das guias que acompanhão os gêneros,
tanto mais quanto o agente,provincial encontra efficaz
coadjuvação no agentefiscal que esta repartição conserva
nos pontos designados para o embarque e desembarque
de taes gêneros. E demais,: não só a restf icçâo recla-
mada pelo presidente, tias Alagoas nullifica a disposição
do art. 234 do regulamento de 4 9 de Setembro de 1860, que
é lei geral, como privaria esta inspecção do exercicio de
uma attribuição qué lhe pertence, e inhibe os donos dos
gêneros ou seus legitimos representantes nesta praça de
escolherem para o recebimento e guarda delles o deposi-
tário de sua affeição e confiança ; o que é um limite posto
ao dominio da propriedade Sem vantagem incontestável
para o publico e sem proveito para a arrecadação., São
estas as considerações que tinha a fazer e ás quaes
"V. S. dacá; o apreço que por ventura lhe merecerem. »
— 331 —
E no seu officio de 8 de Março deste anno de novo com-
bate as allegações do procurador das rendas, dizendo :
'« Coma inclusa informação do chefe interino da 4.»
secção satisfaço o despacho de V. S. proferido no verso
do officio que ao presidente desta provincia dirigiu o
das Alagoas, cobrindo uma representação do agente pro-
curador da mesma provincia. A'cerca da matéria da repre-
sentação refiro-me igualmente ásrainhasinformações de
23 de Dezembro, ede28- de Janeiro ultimo, e tenho de
acrescentar que até o. presente nenhum inconveniente
appareceu contra os interesses dafiscalizaçãoe arrecada-
ção dos direitos provinciaes das Alagoas por causa da dis-
tribuição do assucar procedente da dita provincia, pelos
três armazéns alfantiegados, que nesta praça, se achão
habilitados para o recebimento e depósitos dos gêneros
de exportação. Os inconvenientes apontados na represen-
tação e nas respostas dos armazeharios ou trapicheiros,
se como taes podem ser considerados, são da ordem
daquelles, que, nãoprejudicãoa renda daquella provin-
cia, reduzem-se á uma luta de interesses entre diversos
particulares, a qual, quando muito, acarreta desagrado
aos encarregados da fiscalização, mas não prejuízo ao
fisco, e menos aos agricultores e commerciantes, que
pelo contrario devem lucrar, tendo a liberdade de esco-
lher d'entre três depositários o que maiores vanta-
gens e garantias lhes offerecer, em vez deficaremsujei-
tos á dependência e imposição de um depositário ex-
clusivo.
Demais a alfândega tem sido solicita em arrecadar os di-
reitostia provincia das Alagoas, marcando um prazo limi-
tado para a sua realização sem que para isso influa o
ponto em que permitte o deposito, nem o destino que
posteriormente possa ter o gênero. Omesrao tem prati-
cado a respeito dos gêneros procedentes de outras pro-
vincias lirnitrophes e vizinhas. Assim por conta delia corre
a fiscalização e os agentes procuradores das provincias,
aperiaspodem ser considerados comoauxiliaresda mes-
ma fiscalização. E' quanto julgo dever informar a V. S.
sobre o assumpto da representação do mencionado
agente. »
CoIlocada a questão neste estado, desejoso o governo
de Vossa Magestade Imperial de dar uma solução con-
forme os interesses provinciaes e geraes envolvidos
no assumpto, mandou ainda ouvir sobre elle diversos
funccionarios públicos, de cujos pareceres transcreverá
aqui o relator da Secção para maior esclarecimento
da matéria o do procurador fiscal do thesouro, e o do
conselheiro procurador da coroa. ü
— 332 —

O primeiro expressa-se assim: « A ordem n.° 194


de 28 de Novembro do anno passado, que acabou cora
o exclusivo creado pela de n.° 81 de 40 de Junho
de 1858 em favor de- trapiche alfandegado —Companhia—
de propriedade do negociante Manoel Ignacio de Oliveira
para o recolhimento dos assucares de producção da
provincia das Alagoas, teve por fundamento duas razões
de conveniência e legalidade:
A 4 ."-foi a procedência dos motivos, em virtude dos.
quaes, segundo consta do officio n.° 23 de 23 de Outubro
de 4861 dirigido pela presidência daquella provincia
ao ministério da fazenda, a respectiva assembléa-provin-
cial decretara e a mesma presidência effectuára a rescisão
do contrasto celebrado em 9 de Setembro de 1859 com
Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares & Filho.
A referida presidência, soubera, mediante informações
fidedignas que o administrador daquelle trapiche José
Velloso Soares, mancomrnunado com vários corres-
pondentes dos agricultores da provincia, tinha dentro
do trapiche, com violação dos arts. 221, 222, e 283 do-
regulamento de 19 de Setembro de 1860, um armazém
de assucar particular para negocio, o que lhe permittia
facilmente realizar todo o gênero de abusos em prejuí-
zo dos ditos agricultores. Estes e outros factos, acres-
centa a presidência, não erão próprios ppra grangear-lhe
muito boa reputação na praça do Recife, e creio que,
alterando-se a qualidade e ô valor dos assucares, isto
também havia de cooperar para que não aviiltassem,
tanto quanto devião, os rendimentos da provincia, que
erãò percebidos sobre o^ preço do dito gênero na sua
exportação.
Ora, sendo livre aquella provincia rescindir o con-
tracto se a experiência demonstrasse ser elle desvantajo-
so aos interesses delia (condição 3." do mesmo contrac-
to), não fez a presidência injustiça ou aggravo aos süp-
plicantes effectuando a rescisão íogo que conheceu que
o referido contracto prejudicava a fazenda provincial.
A 2.'razão da ordem h.° 194 foi que a concessão
do exclusivo em casos como o de que se trata, importa
o coaretar, não só as'atlribuições dos chefes das alfân-
degas e mesas de rendas, aos quaes pelo art. 234 tio
regulamento de 19 de Setembro de 1860 compete de-
signar o entreposto (ou trapiche) para o deposito das
mercadorias, mas também o direito dos depositantes,
que, como permitte o mesmo artigo, podem pedir e
indicar o trapiche, que deverá ser preferido, sempre
que fôr possível e não offender aos interesses da íis-
calisação.
— 333 —
Permanecendo, pois, ainda' as razões que ditarão
aquella ordem,, e não sendo a revogação delia acon-
selhada pelo interesse publico, parece-me, que não
podem ser attendidos os süpplicantes, que pretendem
seja restabelecido o contracto que havião celebrado em
9 de Setembro de 4859 pára o deposito dos assucares
de producção da província das Alagoas no trapiche—
Companhia—da praça do Recife, e pela presidência
daquella aprovincia justa e regularmente rescindido.
Pela 2. razão tia ordem deve também ser indefe-
rido Camillo Pinto de Lemos, que pede a revogação delia
para o fim de ser realizado o contracto autorizado pela
lei provincial daS Alagoas de9 de Agosto de 1861, em
virtude do qual seria recolhido exclusivamente no tra-
piche —Alfândega Velha— em Pernambuco, lodo o as-
sucar de producção daquella provincia das Alagoas.»
O segundo opina do modo seguinte: « Em observância,
do imperial preceito, constante do aviso de V. Ex. de 16 ^
do corrente mez, vou expor o meu, parecer na questão
suscitada por occasião dos contractos celebrados pelo
presidente da província das Alagoas, primeiro com os
commerciantes Manoel Ignacio de Oliveira & Corap, de-
pois cora Camillo Pinto de Lemos para o deposito do
assucar remettido daquella província para o porto do
Recife ; e contemplarei, como devo, o assumpto pelo lado
unicamente jurídico.
Neste propósito não vacillo em considerar o primeiro
contracto como firme, e válido em todas as suas partes, e
devendo por isso sortir os seus effeitos por todo o quin-
quennio, salvo se se verificar a cláusula do art. 3." do
mesmo contracto, concebida nestes termos:—se a expe-
riência demonstrar, que é desvantajoso aos interesses da
provincia, ou se se provar liquidamente que os contfa-
hentes commettem abusos, ou qualquer espécie de
fraude era dámno da provincia, ou de particulares.
E' bem sabido que as repartições publicas, sejão de
que natureza forem, era semelhantes contractos, estão na
rnesma ordem de quaesquer indivíduos em particular, e
ficão ligados a essas convenções segundo a lei geral dos
contractos sem reserva alguma; pois os privilégios de
que possão gozar só são applicaveis aos contractos, ou
quasi contractos sobre os diversos ramos de adminis-
tração, como a arrecadação e applicação de impostos,
e t c , e a este respeito não lenho duvida alguma de
adoptar a opinião da directoria geral das rendas" por
muitas das razões, em que abunda.
Um contracto firmado pelo presidente da provincia,
autorizado por uma lei provincial e por ura expresso
— 334 —
aviso do governo imperial, não pôde ser cassado, ou r
como se diz, rescindido á vontade do mesmo presi-
dente, assim como não o poderia ser á vontade dos
commerciantes, que com elle tratarão : as doutrinas-
de direito são bem expressas, claras, e de. todos sa-
bidas.
A cláusula do terceiro artigo, é certo, autoriza a rescisão
na precisa hypothese de demonstrar a experiência ser
o contracto desvantajoso aos interesses da provincia;
porém ainda se não mostrou verificada essa hypothese,,
não se podendo considerar juridicamente como tal a
rivação dos dous contos de réis que o segundo gonlra-
E ente offereceu como um presente á provincia; e se
por ventura.houver motivos para presumir-se alguma es-
pécie de abuso, culpa, ou fraude dos primeiros contra-
hentes, não basfará certamente a allegaçãq de uma das
partes para fazer caducar o contracto, constituindo-se
juiz, e executor ao mesmo tempo. Para isso seria in-
dispensável recorrer ao foro competente, onde os con-
tranentes fossem ouvidos, convencidos, e julgados.
Restrinjo-me a este único ponto de direito, abstendo-me
de proferir qualquer juizo sobre o arbítrio, que parecem
offerecer os contrahentes, de se resignarem á rescisão
do contracto, com tanto que sejão indemnizados dos
darnnos,. que allegão. A resolução sobre esta proposta
é exclusivamente da competência do poder adminis-
trativo, a que pertence avaliar a conveniência; e só
avançarei,, que a ser aceita, nunca a indemnização de-
verá pezar sobre a fazenda publica nacional, que nenhuma
causa a ella dera. »
Senhor, o relator da secção de fazenda do conselho de
estado, depois de examinar acuradamente este assumpto,
expondo ao aito conhecimento de Vossa Magestade Impe-
rial os documentos que lhe parecerão indispensáveis para
mostral-o fóra do véo das diversas espécies que o escu-
recem, ouotornãodedifficil solução, entende que elle se
resolve em duas questões: uma de direitop outra de facto:.
isto pelo que pertence aos primeiros peticioparios,
isto é, aquelles que reclamão contra a rescisão do con-
tracto, com elles celebrado pelo presidente da provincia
das Alagoas, em virtude do art. 20 da lei provincial n.c 357
de 11 de Julho de 1859.
No juizo do relator a questão de direito deve ser
resolvida pela cláusula terceira do contracto, cujos termos
«ficando ao governo da provincia livre o direito de o res-
cindir, se a experienciademonstrar que é desvantajoso aos
interesses da provincia» são tão amplos, e indefinidos,
que excluem os peticionarios de toda e qualquer par-
- 335 —
ticipação no juizo da conveniência da rescisão, depen-
dendo esta unicamente da apreciação da assembléa
provincial que autorizou, e do presidente qüe realizou
o contracto.
E na verdade taes contractos só podem ser estipulados
por este modo, isto é*ficandolivre áo governo o direi-
to de cassar o contracto; ou como foi celebrado o segun-
do contracto com o segundo peticionario Camillo Pinto
de Lemos, no qual não foi inserida cláusula alguma
relativa á rescisão : porquanto se por aquella cláusula
não fosse reconhecido o —livre direito— de rescisão no
governa provincial, constituído assim juiz único da van-
tagem, ou desvantagem do contracto, difficilraente po-
deria ser esta cabalmente provada perante ou tro qualquer,
tornando-se assim inteiramente illusoria a mesma cláu-
sula. As questões de conveniência administrativa não
, podem ser avaliadas como o são e devem serás questões
judiciaes. Ponderão com ó administrador razoes que
DOUCO ou nenhum peso devem ter no juízo da autoridade
, udicial.
Para esta a fraude de ser cabalmente provada: para
aquelle a simples necessidade'de a prevenir justifica
plenamente o acto administrativo. Para esta, como allegão
os peticionarios, o augmento da- renda provincial ex-
clue a idéà de desvantagem do contracto: para aquelle
outra deve ser a Craveira por onde em casos taes cumpre
medir a vantagem do contracto.
0 relator da secção está bem longe de inculcar com
o que acaba de expor que as repartições publicas não
estão ligadas como quaesquer particulares ás con-
venções ou contractos com ellas celebrados: uma tal
doutrina seria contraria á.todos os princípios de ordem
publica; mas quiz unicamente fazer sentir que tendo a
autoridade judicial sempre diante de si pessoas, ou
cousas privadas, e a administrativa sempre a sociedade,
aquella nunca crêa o direito, mas applica alei aos casos
por ellãs previstos, e á factos preexistentes, fundando
suas decisões emtitulos.p testemunhos authenlicos, em
regras escriplás e absolutas, entretanto quê esta, dando
muitas vezes por seus actos nascimento ao direito, con-
sulta a utilidade geral, e o interesse da ordem publica,
como se exprime—De-Gerando—prevê o futuro, dá-lhe
remédio e estatuè. '
Dáhi vem a necessidade da inteira separação, e in-;
dependência das suas autoridades, luz á qual, parece,
não foi contemplado o assumpto em questão pelo con-
selheiro procurador da coroa, quando disse era seu douto
parecer: « E se por ventura houver motivos para presu-
— 336 -
mir-sê alguma espécie de abuso, culpa, ou fraude dos
primeiros contrahentes,' não bastará certamente a alle-
gaçao de uma das partes para fazer caducar o con-
tracto, constituindo-se juiz e executor ao mesmo tempo.
Para isso seria indispensável recorrer ao foro compé*
tente, onde os contrahentes fossem ouvidos, convencidos
e julgados.»
, No conceito do relator da secção o presidente das
lAlagôas refuta cabalmente as accusações feitas de pre-
cipitação, e sorpreza; assim como de não ter despa-
chado um requerimento dos primeiros, peticionarios.
Junta elle á informação dada ao governo de Vossa Ma-
gestade Imperial dous documentos ambos do secretario
do governo provincial que provão a inexactidão de taes
accusações.
Com "dous documentos, um do inspector da thesou-
raria de fazenda de Pernambuco datado de 26 de Ou-
tubro de 1861 dirigido ao inspector da alfândega tia-'
. quella provincia e o outro do agente procurador José
Gonçalves de Albuquerque datado de 4 de Agosto do
mesmo dito anno, mostra o presidente os fundados
motivos que* teve a assembléa provincial para decretar,
e elle para realizara rescisão de contracto.
O relator da secção pede licença a Vossa Magestade
Imperial para os transcrever aqui:
« N. 393.—O inspector da thesouraria- dé fazenda de
Pernambuco, tendo observado qüe o armazém alfande-
gado denominado—Companhia— tem porta aberta para o
saguão que o divide de um armazém particular de assucar
que lhe fica nos fundos com porta aberta também para o
saguão, de modo que, fechadas as portas das frentes dos
dous armazéns, se pôde senvser visto remover o que-se
queira dê um para outro armazém, o que não está de ac-
côrdo com a disposição do art. 283 com referencia ao 221
do regulamento actual das alfândegas, recommendaao
Sr. inspector da alfândega desta capital que faça cum-
prir a referida disposição relativamente não só ao ar-
mazém alfandegado acima mencionado, como a todos
qs outros em caso idêntico. Thesouraria de Pernam-
buco, 26 de Outubro de 4864.—João Baptista de Castro
e Silva.-»
«Illm. e Exm. Sr.—Accuso a recepção do officio'
que V. Ex. fez a honra de dirigir-me em'data de 30
de Julho próximo findo, pelo qual me ordena que
informe qual o procedimento que tem. tido o contrac-
tante do trapiche —Companhia—, José Velloso Soares
para com o recolhimento exclusivo dos assucares dessa
provincia, no desempenho dò mesmo contracto; bem
— 337 —

como se existem, razões ou abusos pelos quaes deva ser


considerada desvantajosa aos interesses da provincia
a continuação do dito contracto com o referido Velloso,
e se o trapiche denominado —Alfândega Velha—offé-
rece maior capacidade que o — Companhia.
Informando a V.-»Ex. circumstanciadamente quanto
a tal respeito tem occorrido, principiarei por dizer que
até hoje ajnda nie acho quasi em completa ignorância
do contracto celebrado entre o governo tiessa provincia t
eo locatário José Soares Velloso, por quanto nenhuma*
sciencia official me foi dada de tal negocio; é verdade
que o tive de ver e ler, por me ser offerecido pelo
mesmo contraclante; mas pouca atlenção prestei ás con-
dições^ pois esperava receber pela thesouraria provincial
uma copia do dito contracto para me servir de governo;
entretanto assim não aconteceu, por isso nada posso
saber em relação ao fiel cumprimento;. todavia tenho
lembrança de serem as condições bastantemente sim-
ples, que em cousa alguma tocava na parte da fisca-
lisação dos direitos provinciaes a meu cargo e nem
mesmo sobre as commodidades precisas que deve ler
um trapiche, com o qual se faz um semelhante con-
tracto: posso porém afiançar a V Ex. que no tocante
aos nossos direitos provinciaes nenhuma desvantagem
ou prejuízo tem havido por causa do contracto, tanto
mais quanto o mesmo contracto não alterou nem podia
alterar a maneira estabelecida pelos regulamentos e
ordens concernentes ao expediente e fiscalização da
renda publica, e se taes desvantagens se tivessem
dado, eu imraediatamente as teria feito chegarão conhe-
cimento de V. Ex., como em eircumstancias idênticas
sempre tenho praticado.
Não tenho a menor duvida de que Velloso tenha prati-
cado abusos em negócios de assucar, pois para isso tem
elle os meios, visto ter um armazém seu particular para
negociar com o gênero dentro do próprio trapiche alfan-
degário, no qual se agazalha a mais cega ambição, pro-
vindo dahi desarranjos, atropellos e toda a casta dé
damnos para os interesses dos donos dos assucares das
Alagoas, salvando-se unicamente a renda da provincia.
Mas não me compete tomar conhecimento dé taes abusos,1
porque procedera elles de arranjos praticados entro
Velloso, como comprador, e alguns como vendedores nas
occasiões de seus negócios. . .
Quanto á capacidade do trapiche —Alfândega Vplha —
-direi a V. Ex. que elle com os três armazéns qüe lhe
servem de coxias e fazem frente á rua denominada do
Trapiche, sem duvida-algumaofferece maiores commo-
c. '43
— 338 —
didades para o recolhimento e movimento de nossos as-
sucares com maior desafogo que o —Companhia-—.
E' o quanto tenho a informar a V. Ex. em cumprimento
do exposto no referido officio.
Deus guarde a V.Ex.—Agencia das rendas provinciaes
das Alagoas em Pernambuco, 4 de Agosto de 1861.—Illm.
e Exm. Sr. Dr. Antônio Alves de Souza Carvalho, presi-
dente da provincia das Alagoas.—O agente procurador
José Gonçalves de Albuquerque. »
Emquanto á questão de facto, isto é, se é conveniente,
e proveitosa a centralisação em um só trapiche da des-
carga, e deposito dos assucares procedentes da provincia
das Alagoas e que procurão mercado no Recife, não
pódé o relator da secção deixar de opinar negativamente
não só a vista dos documentos já aqui transcriptos, como
da informação do inspector da thesouraria de fazenda de
Pernambuco datada de 28 de Outubro de 1861, e do insi
pector daquella alfândega dirigida em 24 de Outubro do
"mesmo anno de 4861 ao mencionado inspector da the-
souraria, documentos que inteiramente se conformão
com os pareceres aqui referidos, e que pela luz que
derramão sobre a questão pede licença o mesmo relator
para Igualmente os transcrever aqui:
«N. 240.— Illm'. e Exm. Sr.—Em obediência á ordem
de V. Ex. de 8 do corrente mez, á qual acompanharão
os papeis que inclusos tenho a honra de devolver a V.
Ex., cumpre-me dizer o que se segue:
Referindo-me á informação que exigi do inspector da
alfândega desta capital a respeito dos pontos que me
prescreveu V. Ex. em sua citada ordem, louvo-me no dito
inspector pelo que diz respeito tanto á capacidade e com-
modidade dos armazéns alfandegados de Manoel Ignacio
de Oliveira e José Velloso Soares & Filho por um lado, e
de Camillo Pinto de Lemos por outro, quanto ás garantias
de probidade que elles offerecem para contractarera o
deposito em seus armazéns alfandegados de todo o assu-
car de origem da provincia das Alagoas importado nesta.
Concordo outrosim com a opinião do referido ins-
pector de que deveria ficar livre aos donos do assucar
das Alagoas o deposital-os nos trapiches e armazéns
de sua escolha, como se pratica em relação ao da
Parahyba e do Rio Grande do Norte.
Como porém a assembléa legislativa provincial das
Alagoas e a respectiva presidência têm entendido ser
conveniente aos interesses da renda da província que
o seu assucar importado nesta, onde se cobra na ex-
portação para os paizes estrangeiros o imposto pro-
vincial, seja todo recolhido a um único deposito nesta
— 339 —
capital, não vejo razão para contestar-se o direito coin
que a presidência das Alagoas rescindiu ó contracto que
se havia feito em Setembro de 4859 com Manoel Ignacio
de Oliveira e José Velloso Soares & Filho para rece-
berem no seu armazena alfandegado denominado —Com-
panhia—o assucar fabricado nas Alagoas; e contractou
em Agosto do corrente anno com Camillo Pinto de
Lemos aquelle mesmo encargo no trapiche denominado
—Alfândega Velha—de que é locatário o mesmo Lemos.
E' condição terceira do contracto de 4859, a que acima
alludi, o ficar ao governo da provincia livre o direito
de rescindir o contracto, se a experiência demonstrar
que é desvantajoso aos interesses da provincia.
Ora, além da desvantagem para a provincia da perda
de dous contos de réis pôr anno, que continuaria a
ter, se não fosse rescindido o contracto de 4859, é
muito natural que a assembléa provincial, autorizando a
presidência a contracfar com Camillo Pinto de Lemos,
e a presidência mesmo usando da autorização, tivessem
conhecimento de eircumstancias que provassem por
outro lado ser o contracto desvantajoso. Constou-me a
este respeito qüe na assembléa provincial, quando se
discutiu esse negocio, se disseraó cousas em sentido
desfavorável ao contracto rescindido. Podem porém não
seriexactas, pôde mesmo não ser verídico o que acabo
de referir por terouvido a alguém.
Cumpre-me finalmente informar a V. Ex. que indo
eu pessoalmente examinar a localidade, à capacidade dó
armazém —Companhia—, observei que conservava este
nos fundos uma porta aberta para a aos fundos, também
aberta, de outro'armazém particular de trafego de as-
sucar, separados apenas um do outro por um pequeno
saguão: em conseqüência do que expedi portaria ao
inspector tia alfândega. (Vide a pag, 33G acima.)
E o que tenho a expor á muito esclarecida conside-
ração de V. Ex., a quem Deus guarde.
Thesouraria de fazenda de Pernambuco, 28 de Ou-
tubro de 4864 .—Illm. e Exm. Sr. conselheiro José Maria
da Silva Paranhos, presidente do tribunal do thesouro
nacional.—O inspector João Baptista deCastro e Silva.*
« Alfândega de Pernambuco 24 de Outubro de 4864.
Illm. Sr.—Satisfazendo a exigencisfda portaria dessa
thesouraria, datada dé 23 do corrente, declaro que a
experiência não me tem mostrado ser conveniente a
medida tomada pela presidência das Alagoas de res-
cindir o contracto que celebrara em 9 de Setembro de
4859, com Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso
Soares & Filho, proprietários do trapiche** Companhia—;
— 340 —
mas também não me tem ella convencido da conve-
niência de ser o assucar daquella provincia depositado
em um só trapiche, quer seja este ou aquelle indi-
víduo seu proprietário ou administrador.
Pouco importa por conseguinte que subsista o contrac-
to ultimamente celebrado com Camillo Pinto de Lemos,
ou que seja revalidado o que fôra igualmente solem*
nisado a 9 de Setembro de 4859 com Manoel Ignacio de
Oliveira e José Velloso Soares & Filho. Qualquer dos
dous trapiches—Companhia—, ou —Alfândega Velha—
proporciona, com effeito, amplo espaço e suíficiente cora-
modidade para os fins do contracto, e os seus respec-
tivos proprietários e administradores offerecem seguras
garantias de probidade e bom desempenho das obri-
gações nelle estipuladas.
No jüizo, porém, desta inspecção a providencia que
mais profícua e consentanea parece aos interesses geraes
e que melhor os concilia, é que fique livre aos donos
do gênero a escolha do trapiche ou armazém para a des-
carga e o deposito de seus productos ; o que não implica
de modo algum com afiscalização,e se pratica actual-
mente com os gêneros de producção da Parahyba e
Rio Grahde do Norte.
Deus guarde aV. S.—Illm. Sr. João Baptista de Castro
e Silva, inspector da thesouraria de fazenda.—O ins-
pector Bento José Fernandes Barros. »
Além do que, no estado actual da questão, parece ao
relator da secção de fazenda que devem ser respei-
tados e fielmente cumpridos os arts. 234 e 254 do re-
gulamento das alfândegas de49deSeterabro,de 1860,
cujos preceitos, inteiramente satisfazendo as exigências
fiscaes, deixão aos proprietários a livre gerencia de seus
productos, evitando ura monopólio que não pôde ser
senão prejudicial ao commercio, que ama ser livre, e
deve sel-o sempre que pontos do Estado imperiosa-
mente se lhe não oppõem. E abi estão as outras pro-
víncias, que para ahi mandão os seus productos sem tal
concentração de deposito demonstrando a desnecessi-
dade de semelhantes cautelas, e monopólios, como mui
judiciosamenle informão os funccionarios, cujos pare-
ceres vão transcriptos nesta consulta.
Assim que, se livre tinha o presidente e a assembléa
provincial o direito de cassarem o contracto: demons-
trando a experiência ser elle desvantajoso: se tal desvan-
tagem se mostrou com as opiniões dos empregados que
ao facto estavão daquelle serviço: se o único juiz reco-
nhecido pela mesma cláusula era o presidente e a mesma
assembléa provincial, e nem outros podião ser já pela
— 341 -
-significação indefihita das palavras da citada cláusula,
já. segundo os princípios de direito administrativo: é
evidente que não houve injustiça, nem offensa da equi-
dade na rescisão do contracto e por isso mesmo en-
tende o relator que não ha lugar a indemnização al-
guma.
Pelo que importa ao segundo peticionario que pre-
tende a realisação do seu contracto, o indeferimento é
igualmente fundado. Este contracto resa o seguinte:
-« No dia 10 do mez de Agosto do anno do nascimento
de Nosso Senhor Jesus Christo de 1861 nesta cidade de
Maceió e palácio do governo compareceu o bacharel José
Antônio de Magalhães Bastos, como procurador de Ca-
millo Pinto de Lemos, locatário do trapiche denomi-
nado—Alfândega Velha—na cidade de Recife, para cele-
brar o contracto autorizado pelo art. 25 da lei provincial
n.° 388 de 9 do corrente, sob as condições seguintes:
4.* O recebimento e recolhimento de todo o assucar
de producção desta provincia que exportar para a de Per-
nambuco será feito exclusivamente no sobredito trapiche
denominado—Alfândega velha—na cidade do Recife.
2." Os preços da armazenagem dos volumes e as des-
pezas.com, a descarga, safamento, guindaste, peso,
marcas e outras se regularáõ pelas competentes tabellas
fiscaes.
3.* 0 presente contracto vigorará por seis annos contados
desta data, obrigando-se o locatário dó referido trapiche
a pagar annualmente á thesouraria provincial nos mezes
de Setembro a quantia de dous contos de réis.
E sendo reciprocamente aceitas pelo Exm. Sr. pre-
sidente da província e pelo procurador do contractante as
ditas condições, houve S. Ex. por feito e mandou lavrar
0 presente termo que assignou com o mencionado pro-
curador. O secretario Possidonio de Carvalho Moreira o
fez escrever e subscreveu. Antônio Alves de Souza Car-
valho.—José Antônio da Magalhães Bastos. »
De primeiro cumpre notar, que.não lendo a assembléa
provincial estabelecido bases especiaes para b primeiro
contracto, as estabeleceu para o segundo, o que por si só
provaria que em sua sabedoria julgou ella que o primeiro
não era vantajoso.
' Em segundo lugar: sendo a provincia das Alagoas raia
da competência legislativa da assembléa e da jurisdicção
do presidente, a autorização daquella, e a celebração do
contracto feito por este, só pôde e cabe considérar-se
com força de obrigar —perfeita e ultimada—, com o
consentimento
1
do governo de Vossa Magestade Imperial.
Não o tendo dado este, é evidente que tal contracto se
— 342 —

não pôde de modo algum julgar subsistente para dar


lugar a indemnização, como pretende o peticionario.
O primeiro contracto fundava-se na concessão feita pelo
goVernô de Vossa Magestade Imperial, como consta da
ordem de 40 de Junho de 4858, deferindo o requeri-
mento de vários negociantes da praça de Pernambuco, e
indicando o armazém alfandegado de propriedade de
um dos primeiros peticionarios. Então a legislação fiscal
era outra.
floié oppõem-se a tal concessão os arts. 234 e 254 do
regulamento citado de 49 de Setembro de 4860.
Accrescequeo n. 80 do periódico Campião, publi-
cado na cidade do Recife com data de 9 de Julho do
corrente anno, noticia a fallencia do segundo peticio-
nario.
O relator da secção também lembrará em apoio do
que tem exposto, a circular do thesouro expedida ás
tnesourarias de fazenda em data de 5 de Janeiro de
4861, na qual se declara errônea a intelligencia dada
em algumas provincias ás disposições do cap. 6." tit.
5.° do regulamento citado de 49 de Setembro de4860*
entendendo-se que obrigão a deposito em trapiche, ou
armazém alfandegado os gêneros de producção nacio«
nal destinados á exportação ; quando aliás tal intelli-
gencia se não deduz de modo algum daquellas dis-
posições, as quaes nenhuma obrigação impõem aos do-
nos ou consignatarios daquelles productos de recolhel-os
a armazéns alfandegados com exclusão de quaesquer
outros, ainda que de sua propriedade ou de terceiros
habilitados para recebel-os, excepto a aguardente des-
tinada ao consumo' da corte do Império.
Esta circular faz crer plenamente o espirito da le-
gislação fiscal sobre a matéria em questão, e quanto
é ella opposta ao monopólio que se pretende.
Finalmente, o governo de Vossa Magestade Imperial
já definitivamente resolveu a matéria das representa?
ções dos primeiros e segundos peticionarios pela or-
dem de 28 de Novembro de 4864 : os peticionarios não
recorrerão no prazo fixado nos regulamentos em vigor:
aquella decisão, pois, deve hoje considerar-se com a
autoridade e força de sentença dos tribunaes dejus-i
tiça, nos termos expressos do art. 25 do decreto n.°
2343 de 29 de Janeiro de 4859; para mais se nãore-i
viver o que pôde dar occasião a abusos prejudiciaes á
administração publica.
Portanto é o relator da secção de parecer que deve»
subsistir em todo seu vigor a ordem do thesouro de
$8 de Novembro de 4861, sendo indeferidas asrepre-
— 343 —

sentações relativas tanto ao primeiro como ao segundo


contracto.
, Os conselheiros Visconde de Itaborahy e Cândido Bap-
tista de Oliveira são de opinião que ambos os pre-
sidentes que celebrarão os contractos de 9 de Setembro
de 4858 e 40 de Agosto de 4864, ultrapassarão os li-
mites de suas attribuições.
A cláusula essencial de cada um dos ditos contractos é
que «todo o assucar de producção da provincia das
Alagoas, exportado para a de Pernambuco, será aqui
recebido e depositado em um único trapiche. »
E', pois, aos negociantes de Pernambuco, a quem
pertencerem ou forem consignados os carregamentos
daquelle assucar, que o contracto impõe a obrigação de
armazenal-os em um único local; e para tanto hão
estavão autorizados o presidente e a assembléa legis-
lativa da provincia das Alagoas.
Existe todavia uma differença entre os dous contrac-
tos, que cumpre ser assignalada. O primeiro foi feito
de accôrdo Com a ordem do thesouro de 40 de Junho
de 4858, que mandara recolher exclusivamente os assu-
cares de producção das Alagoas remettidos para Per-
nambuco, no armazém de Manoel Ignacio de Oliveira:
o segundo porém contrariava e annullava aquella ordem.
Assim', parece á maioria da secção de fazenda que, em
direito rigoroso os dous contractos poderião ser consi-
derados nullos, por incompetência da autoridade que os
celebrou ; mas nem sempre o governo no exercicio de
suas attribuições administrativas deve obrar conforme
o rigor do direito.
A ninguém pôde aproveitar a ignorância da lei; mas
fôra mais que duro exigir que o simples particular co-
nheça melhor a lei do que aquelles a quem incumbe
executal-a ou applical-a.
Accresce que a lei provincial, em que se fundou o pri<-
meiro dos dous referidos contractos, foi publicada em
Julho de 4858; e não consta que o governo fizesse obser-
var ao presidente das Alagoas que elle e a assembléa
legislativa se tinhão arrogado uma attribuição que não
lies compelia.
Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares 4 Fi-
lho mostrão por documento terem arrendado em 1864,
por mais três annos (resto do tempo que lhes faltava para
terminar o prazo do seu contracto) o trapiche onderece^
bião o assucar das Alagoas ; e allegão que grande prejuí-
zo lhes resultará por isso da rescisão do mesmo contracto.
Para se justifiear tal rescisão, recorre-se á cláusula,
que deixou livre ao presidente o direito de dar por findo
— 344 -

o contracto, se a experiência demonstrasse ser elle des-


vantajoso aos interesses da provincia, e posto pareça á
mesma maioria fóra de duvida que a desvantagem da
continuação do contracto não pôde ser decidida, visto
essa cláusula, senão administrativamente, entende tam-
bém que, dentro mesmo da faculdade descricionariaque
lhe pertence, não é permittido ao poder administrativo
obrar caprichosa ou arbitrariamente.
Para que o procedimento do presidente das Alagoas,
annullando o primeiro contracto e celebrando o segundo,
no qual omittiu a cláusula, a que se soccorrêra para au-
torizar este procedimento, não pudesse ser increpado de
atropelar direitos legitimamente adquiridos, era forçoso
que fizesse bem patente como os interesses da provincia
reclamavão aquella rescisão.
Respondendo ao ministério da fazenda que lhe orde-
nara declarasse as. razões que o levarão a rescindir o
contracto de 9 de Setembro de 1858, limitou-se o presi-
dente das Alagoas a dizer o que consta de seu officio
de 23 de Outubro. (Vide a pag. 324 acima.)
Para justificar taes accusações, refere-se o presidente
a um officio do agente fiscal das rendas da provincia
das Alagoas em Pernambuco, com data de 4 de Agosto
de 1861. (Vide a pagina 336 acima.)
As aSserções, porém , deste documento , cujo pouco
critério não é preciso fazer resaltar, são contradictadas
pelos trechos seguintes:
« Qualquer dos dous trapiches, diz o inspector- da
alfândega de Pernambuco dirigindo-se ao da thesoura-
ria de fazenda, em 24 de Outubro ultimo,—Companhia—
ou —Alfândega Velha—, proporciona com effeito amplo
espaço e sufficiente commodidade para os' fins do con-
tracto, e os seus respectivos proprietários e adminis-
tradores offerecem seguras garantias de probidade e
bom desempenho das obrigações nelle estipuladas »;
e o inspector da thesouraria acrescenta em data de
28 do mesmo mez, em officio dirigido ao ministério
da fazenda:« referindo-me á informação que exigi do
inspector da alfândega desta capital a respeito dos
pontos que me prescreveu V,. Ex. em sua citada ordem,
louvo-me no dito inspector pelo que diz respeito, tanto
á capacidade e commodidade dos armazéns alfande-
gados de Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso
Soares & Filho por um lado e de Camillo Pinto de Lemos
por outro, quanto ás garantias de probidade que elles
offerecem para contractarem o deposito em seus arma-
zéns alfandegados de todo o assucar de origem da pro-
víncia das: Alagoas, importado nesta; » :'
.— 345 —
O que fica exposto e o açodamento com que o pre-
sidente da provincia assignou o novo contracto no dia
immediato ao da sancção dá lei que vO autorizava para
fazel-o designadamente com o proprietário ou loca-
tário da—Alfândega Velha— não só fazem acreditar que
não houve fundado motivo para rescindir-se' o primeiro
contracto, mas ainda mostrão que o presidente não se
houve, nesse negocio, com a necessária circumspecção.
Parece, pois, á maioria da secção de fazenda que o
governo imperial, a quem cabe fazer respeitar pelos
seus delegados a fé dos contractos, .corno um principio
que deve ser/ religiosamente acatado, pois nelle se
fundão grandes e permanentes interesses sociaes, obra-
ria judiciosamente, sustentando a validade do primeiro
contracto.
Nem se pôde allegar quê a deliberação do presidente
é s^decisiva e terminante, por dizer respeito a um ne-
gocio puramente provincial: 1.° porque não está esta-
belecido, nem seria razoável estabelecer que, princi-
palmente em matérias da ordem da de que se trata,
os presidentes decidão em, primeira e ultima instância,
sem ao menos serem onrigados a se munirem de es-
clarecimentos e provas convenientes em que firmem
suas deliberações; 2.° porque, como acima fieou no-
tado," o objecto não é da competência do presidente,
nem da assembléa legislativa das Alagoas. Nenhuma
lei provineial pôde obrigar o governo geral a dar-lhe
força e vigor em outra província.
Podem objectar-se contra o arbítrio, que deixa a mesma
maioria indicado, considerações de ordem econômica;
e pretender-se que o deposito exclusivo do assucar das
Alagoas em um só trapiche de Pernambuco tolhe a li-
berdade das transacções commerciaes e torna-se por
isso nocivo.
Sem discutir esta questão por fallecerem á maioria da
secção os dados precisos, apenas pondera: 1.° que o
exclusivo do deposito estabelecido pela já citada ordem
do thesouro de 10 de Julho de 4858, foi, como nella se
declara, reclamado por variosnegociantes da praça de
Pernambuco; os quaes talvez entenderão ser-lhes mais
conveniente encontrar reunidas todas as porções e qua-
lidades do assucar offerecido á venda, do que despen-
derem tempo e trabalho em procural-as e exarainal-as
em.differentes deposites; 2.° que, quanto aos interesses
dos agricultores e negociantes das Alagoas, forão os
seus próprios representantes que em 1858 e 4859 auto-
rizarão a medida e reconhecerão portanto a vantagem
delia; 3.° finalmente, que não se pôde desconhecer
c. 44
- 346 —

quanto será diffieU e dispendioso para esta ultima pro-


vincia íiscalisar a arrecadação do imposto que lem de
pagar-Ihe^ o assucar.de sua producção, se este fôr de-
positado em pontos differentes, em lugar de sel-o em
um só edifício.
Providencia semelhante á que teve em vista a assem-
bléa legislativa das Alagoas está, de longos annos em
pratica aqui no Rio de Janeiro, a respeito do trapiche
tia Ordeni; o qual recebe exclusivamente toda a aguar-
dente de producção nacional que vem a este mercado.
Dado, porém, que semelhante medida em relação ao
assucar das Alagoas seja onerosa aos produetores e ne-
gociantes desse generò, os quaes aliás a solicitarão e a
receberão como um beneficio, ainda assim, entre o in-
conveniente de deixal-a continuar por mais dous ou três
annos, e o tolerar-se a rescisão arbitraria do contracto ce-
lebrado por um delegado do governo e tacitamente
approvado pelo mesmo governo, a escolha não parece
duvidosa.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 4 5 de Outubro de 1862.—
Visconde de Jequitinhonha.—Visconde de Itaborahy.—
Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece ao conselheiro de estado Visconde de
Jequitinhonha. (*)
Paço, em 24 de Dezembro de 1862.
.Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque*

K. 721 .—RESOLUÇÃO DE 27 DE DEZEMBRO DE 1862.


Sobre o recurso de José Alvares da Silva Penna da decisão do the-
souro que confirmou a primeira lotação de 2:0008000 do officio de
escrivão de ausentes desta corte.
Senhor.—José Alvares da Silva Penna recorreu da deci-
são do tribunal do thesouro, proferida em 2 de Outubro
do corrente anno, a qual confirmou a primeira lotação

(*) Aviso o.° 6 de 3 de Janeiro de 186SJ,toacollecção das leis.


— 347*—

de2:000#000 do oíficio de escrivão dps ausentes, que o


recorrente exerce.
Funda o recorrente o seu recurso* pm que depois da-
quella lotação feita em 1857 muilódiminuiu o rendimento
do mesmo officio era conseqüência do regulamento de
45 de Junho de 4859, requerendo o recorrente dous me-
zes depois da promulgação; d o dito regulamento nova lo-
tação.
Para fundamentar esta diminuição juntou á sua alle-
gação quatro documentos:
Noprimeiro mostra-se com certificado do livro de receita
Tle bens de defuntos e ausentes do exerciciode 1861—1862
ler sido recolhida ao cofre da respectiva repartição a
quantia de 62:164#330.
No segundo mostra-se que do exercicio de 1860—1861 foi
recolhida aos cofres respectivos no- segundo semestre
a quantia de 28:467^494.
•jfcDo terceiro vê-se de certidão passada pelo cônsul geral
MePortugal, e extrahida dos livros de razão de contas cor-
rentes dos espólios pertencentes á subditos portugue-
zes fallecidos ab-intestato, que foi no mesmo consulado*
recebida em dinheiro, e recolhida ao cofre no anno de
1861 a quantia de 54:661^500 ; e no decurso do primeiro^
semestre do corrente anno, a quantia de 3&:989#964;.
Do quarto consta que os espólios estão sujeitos ás des-
pezas de liquidação..
A estaallegação e documentos óppõe o proprietário dó
oíficio Cândido Martins dos Santos Vianna que o re-
corrente durante o triennio de 1857—58, 1858—59 e
1859—60 percebeu de porcentagem média de 1 % em cada
um dos ditos annos, a quantia de 2:232#531, sendo a imr
portancia reéolhida nos cofres públicos e pertencentes á
-subditos brasileiros de 1:902#041 e no consulado portu-
guês de 330#409.
Considerando que o rendimento indicado, é documen-
tadopelo proprietário do officio se refere a annos ante-
riores ao.regulamento de 15 de Junho de 1859, quando o
recorrente com os documentos que juntou, e de que foi
feita aqui menção mostra a grande diminuição occorrida
nos exercícios posteriores ao dito regulamento;
Considerando que as braçagens, rasa, sentenças, etc.
• devem diminuir na mesma razão do rendimento das por-
centagens ; »~
Considerando que o rendimento proveniente do officio
é sujeito á despejas com empregados, a quem o recor-
rente tem de plgar, e outras, exigindo outrosim a boa
administração dajusjtiça, nenhuma exageração, antes toda*
equidade, na percepção dé taes impostos;
— 348 —

E' a secção de parecer que seja provido o recurso,


mandando-se que subsista a lotação de 1:000^000-.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 29 de Novembro de 1862.—
Visconde de Jequitinfionha.—Visconde de Itaborahy.—
Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 27 de Dezembro de 1862.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque. tt ;• ,^.

N. 722.—RESOLUÇÃO DE 27 DE DEZEMBRO DE 1862.


Sobre a reclamação de José Gabriel Lacerda de Albuquerque, fiel
de armazém na alfândega da corte, da decisão que o condemnou
a indemnizar o damno causado pelo cupim em varias fazendas.
Senhor.—Por ordem de Vossa Magestade Imperial,
constante.do aviso de 21 de Outubro do corrente anno,
expedido pela repartição de fazenda, foi posta em con-
sulta da secção do conselho de estado-encarregada de
dar seu parecer nos negócios da mesma repartição, o
requerimento do fiel do armazena da alfândega da corte,
José Gabriel Lacerda de Albuquerque, no qual reclama
contra a decisão da inspectoria da mesma alfândega
que o condemnou a indemnizar o damno causado pelg !
cupim em varias fazendas e avaliado em 54#790 ;con-
vindo que a secção consulte com o seu parecer.não
só sobre a justiça da matéria do dito requerimento,.
como acerca da questão de caber ou não o recurso'
da decisão da alfândega no caso vertente.
Considerando que pelos regulamentos está marcada
a alçada dos inspectores das alfândegas, dentro da qual t

{*) Aviso n.« 5 de 3 de Janeiro de 1863, na collecção das leis.


— 349 —

de suas decisões não ha recurso, e queuo caso de que


se trata é desta natureza, pois a indemnização é menor
de 100^000;
Considerando que o regulamento das alfândegas de 19
de Setembro'de 1860 no tit. 9.° estabeleceu definiti-
vamente os princípios que em matéria de recurso se
devem seguir; sem revogar, antes consolidando o que
os regulamentos anteriores havião preceituado relati-
vamente a alçada dos chefes de taes repartições, dando
apenas no ari. 764 o recurso de revista das decisões
proferidas dentro da alçada nos casos « de incompe-
tência, excesso de poder, e violação de lei, ou de for-
mulas essenciaès »;
Considerando que não'houve excesso de poder, vio-
lação de lei, nem de formulas no caso de que se trata;
não bastando allegar-se que fôra o damno causado por
caso furtuito, visto como o —cupim— por si só; não
cqnstitue o que se conhece em direito civil, e admi-
nistrativo por caso fortuito; sendo rigorosamente ne-
cessário provar-se que da parte do fiel não houve
« malversação, omissão, negligencia, (culpa ou outra
(,qualquer causa qüe o responsável poderia ter prevenido,
"eu evitado », como se expressa o art. 290 do citado
regulamento de 1860, que desse motivo á presença do
cupim, e do damno causado;
Considerando que o furto, e o próprio incêndio não
são casos fortuitos, e por elles são responsáveis os
guardas, ou fieis dos armazéns se não provão haverem,
tomado todas as precauções, e cautelas necessárias"
exigidas pela segurança de taes armazéns, sendo a jusr
tiçã administrativa que determina a extensão de tal res-
ponsabilidade, como é doutrina constantemente seguida
e estabelecida pela jurisprudência do conselho de estado
de França, segundo pôde ver-se na obra clássica de
Sirey e outros;
Considerando quanto seria sujeito a abusos, e pre-
judicial ao commercio, e á fazenda publica a doutrina
contraria ;
E' o relator da secção de parecer: 1.' que hão cabe
recurso no caso vertente da decisão da alfândega á vista
tios regulamentos em vigor; 2.° que se deve inde-
ferir ao recorrente.
Aos conselheiros Visconde de Itaborahy e Cândido
Baptista de Oliveira parece fóra de duvida que, avista
da doutrina dos cinco primeiros artigos do cáp. 9.°"
do reg. de 19 de Setembro de 4860, a decisão do ins-
pector da alfândega da corte, contra a qual reclama o
iiel José Gabriel Lacerda de Albuquerque, não pôde
— 350 —
ser annuliada, senão por via de recurso,para o con-
selho de estado, se. se dér algum dos casos enume-
rados na primeira parte do ultimo daquelles artigos.
E posto que concordem com o procurador fiscal
do thesouro em que, verificado o damno por«força maior,
nem a alfândega, nem os empregados delia são obri-
gados a indemnizal-o, entendem todavia não só que,
no caso.de que se trata, o estrago do cupim não pôde
ser considerado effeito- dé força maior, mas ainda que
deve"ser pago á custa da alfândega e não do fiel.
O art. 290 do citado regulamento só faz responsáveis
os,empregados dos armazéns pelo damno que soffrerém
as mercadorias entregues á sua guarda e vigilância,
proyando-se que foi occasiohado por culpa ou negli-
gencia delles ou por causa que poderião evitar.
Ora, os peritos nomeados para verificar o damno que
soffrêKão os quatro volumes, a que se refere o pro-
cesso, declarãô não poderem attribuil-o á falta de zelo
e de actividade. do fiel; e o próprio inspector mostra
a mesma convicção no trecho seguinte : « Não po-
dendo porém o cofre, carregar com esta responsqbir
lídade sobre que é omisso o dito regulamento, não
obstante a opinião dos peritos, e conforme a doutrina
do § 3.° art. 192, determino que do ordenado do fiel
se retenha a parte necessária para indemnização do
referido cofre. »' .'
Assim, não foi porque p inspector julgasse ler o fiel
incorrido em responsabilidade, mas por não achar-se
autorizado para fazer pagar o damno pelo cofre da al-
fândega, que impôz, a este empregado uma pena a que
o regulamento somente o sujeitava no caso de se lhe'
ter provado culpa ou negligencia.
Pensa portanto a maioria da secção que na decisão
conlra que reclama o supplicante, foi transgredida a
disposição do art. 290 do regulamento das alfândegas-;
e que o conselho de estado deverá tomar conhecimento
de seu recurso, se .elle o interpuzer, ou se a recla-
mação fôr devolvida ao mesmo conselho, a exempkj
do que já se praticou a respeito da decisão do inspector''
da alfândega do Pará, apontada pelo conselheiro di-
rector geral da tomada de contas no seu parecer»
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
melhor fôr.
a Sala das conferências, em 3 de Dezembro de 1862.—
Visconde de Jequitinhonha.—Visconde de Itaborahy..—
Cândido Baptista de Oliveira.
— 351 —
RESOLUÇÃO.
•4,

Como parece. (*)•

Paço, 27 de Dezembro de 1862.

Com a rubrica dé Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Albuquerque.

N. 723.—RESOLUÇÃO DE 27 DE DEZEMBRO DE 1862.


Sobre a pretenção de Manoel Antônio Ferreira Portas de continuar
a ser alfandegado o seu trapiche sito nesta corte áruadaSaude. *
*Senhor.— Manoel Antônio Ferreira Portas, ausente
na Europa, por seu procurador nesta corte, pretende
que continue a ser alfandegado o seu trapiche sito á
rua da Saúde n.°\98 e 100.
Procedendo-se ao necessário exame do trapiche, os
peritos o julgão fóra das condições indispensáveis-
e exigidas pelos regulamentos fiscaes para o fim pro-
Considerando que não é uma concessão nova, mas a.
continuação da que obtivéra em 1859;
Considerando que o contracto de arrendamento do
trapiche ainda não findou;
Considerando que o recorrente se offerece a fazer no
•edifício as alteraeSes exigidas pelos mesmos regula-
mentos, afim de o harmonizarcom as disposições fiscaes;
Considerando que não só a justiça, mas a equidadeP
o alvo das decisões administrativas;
Considerando que nada tem oceorrido que contrario
seja á confiança até agora merecida pelo peticionario
como attestão as autoridades fiscaes;
Entende a secção que seja provido o presente recurso,
mandando-se subsistir o alfandegamento até o fim do

(*) Aviso n.'»%5 de 30 de Janeiro de 1863, na collecção das leis.


- 352 —
contracto de arrendamento, fazendo o recorrente pre-
viamente as obras e alterações que forem julgadas ne-
cessárias na forma dos regulamentos.
Vossa Magestade Imperial mandará o qüe fôr- mais
justo.
Sala das conferências, em 17 de Dezembro de 1862.
—Visconde de Jequitinhonha.— Visconde de Itaborahy.
—Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece .-(*)

Paço, 27 de Dezembro de 1862.

Com- a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Albuquerque^

O Aviso n.o 4 de 3 de Janeiro de 1863,na coltecçâodas leis.


RELAÇÃO
DOS

MINISTROS DE ESTADO PRESIDENTES


E DOS

CONSELHEIROS MEMBROS
DA

SECÇÃO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.


1863.

MINISTRO D E ESTADO.

Visconde de Albuquerque* Impedido por doente desde


9 de Março, até 5 de Abril, e de 8 a 14 deste mez, em que
íialleceu.
Marquez de Abrant.es, nomeado interinamente por de-
cretos de 9 de Março e 7 de Abril.

C O N S E L H E I R O S D E ESTADO.

Visconde de Itaborahy.
Visconde de Jequitinhonha, ausente com licença desde
25 de Maio.
Cândido Baptista de Oliveira.
José Antônio Pimenta Bueno, designado por aviso de
6 de Junho. Com parte de doente desde 28 de Agosto.

SECRETARIO.

Conselheiro José Severiano da Rocha, official-maior


da secretaria de estado dos negócios da fazenda,
c. 45
CONSULTAS

tk

SECÇlO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.

1863.

N. 724.—RESOLUÇÃO DE 10 DE JANEIRO DE 1863.


Sobre a duvida — se o governo está autorizado em vista do art. 16 da
Lèi n.*1177 de 9 de Setembro do corrente anno para modificar
a nota 77 da tarifa das alfândegas.
Senhor.—Por aviso de 12 do corrente, mandou Vossa
Magestade Imperial que a secção do conselho de estado
que consulta nos negócios da fazenda dê o seu parecer
sobre se o governo está autorizado, em vista do art. 16
da lei n.° 1177 de 9 de Setembro do corrente anno, para
modificar a nota 77 da tarifa das alfândegas do Império,'
de conformidade com a ordem do thesouro n.°223 de 27
de Setembro de 1852.
A nota 77 a que se refere o aviso diz « Serão reputados
retalhos somente os que tiverem de comprimento até
três varas singelas. »
O art. 16 da lei n.° 1177 de 9 de Setembro do eorrente
anno dispõe o seguinte : «A autorização dada ao governo
no art. 29 da lei de 28 de Outubro de 1845, e prorogada
pelas leis de orçamento posteriores, para rectificar a ta-
rifa, e melhorar o systema de arrecadação não compre-
hende a faculdade de elevar os impostos sobre a impor-
tação, e a exportação com o fim de supprir a insufficien-
cia das rendas. »
— 3m —
A ordem do thesouro n.°223de 27 de Setembro de 1852
determina que só deveráõ ser considerados como reta-
lhos ou amostras, e despachados por factura os cortes
de fazendas que forem menores em superfície do que a
vara quadrada.
Ora da simples leitura, e comparação das Ires dispo-
sições acima expostas se vê que alterada a primeira, e
adoptada a ultima em nada se viola o preceito legal do
art. 16 da lei de 9 de Setembro do corrente anno ; por-r
quanto de tal adopção não resulta senão verdadeira
rectificação da tarifa, e melhoramento do systema de
arrecadação dos impostos em questão.
Tal modificação, comquanto não produza a inteira ex-
tirpação do mal, ou do abuso de todos reconhecido, to-
davia muito o previne, ou evita.
A 1.» tarifa que menciona, ou distingue fazendas de
retalhos é a de 1844. E logo forão reconhecidos os, seus
inevitáveis inconvenientes.
A ordem do thesouro eitada de 1852 procurou reme-
diar o mal, definindo, como fica exposto, o que se, devia
entender por fazendas de retalhos.
A tarifa de 1857 supprimiu a classificação, e os àbüsos
desapparecêrão.
A de 1860 restabeléceu-a e definiu-a, como consta da
nota 77; e hoje é geral a opinião de' que dava tal classi-
ficação motivo para grandes, e prejudiciaes abusos. ?
Mas .tem isto alguma cousa com augmento de renda ?
Certamente não. E' verdadeiramente melhoramento de
sua arrecadação.
E'este pois o parecer da secção.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr melhor.
, Sala das conferências; ém 30 de Dezembro de 1862.—;
Visconde-de Jequitinhonha.— Visconde, de Itaborahy .—
Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 10 de Janeiro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque, y^?

O Aviso n.» 66 de 7 de Fevereiro de 1863, na collecçãodas leis.


— 357 •—
N. 725.—RESOLUÇÃO DE 21 DE JANEIRO DE 1863.
Sobre o requerimento da directoria da companhia — Feliz Lem-
brança—pedindo relevação da multa, por não ter pago em tempo
o sello correspondente ás suas duas primeiras chamadas.

Senhori—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado consulte com
seu parecer sobre o incluso requerimento em que os
directores da companhia geral de seguros — Feliz Lem-
brança — pedem a relevação da multa que foi imposta
á mesma companhia, por não haver pago em tempo de-
vido o sello correspondente ás suas duas primeiras cha-
madas.
A companhia de seguros — Feliz Lembrança — deixou
da pagar em devido tempo o sello correspondente ás duas
primeiras prestações de seu fundo capital, e incorreu por
isso na multa de dez por cento do valor dellas, que lhe
foi imposta pela recebedoria do Rio de Janeiro.
Recorrendo da decisão da recebedoria para o thesouro,
allegou a companhia, entre' varias razões, a de terem sido
outras associações da mesma natureza alliviadas em
casos idênticos das muitas em que também incorrerão;
mas o thesouro, considerandoP perempto por ter sido
interposto depois de expirar o prazo fatal, não tomou
conhecimento do recurso. Esla decisão foi confirmada
pela resolução de consulta de 23 de Julho do anno cor-
rente.
Esgotados, pois, os recursos ordinários,'soccorrem-se
agora os süpplicantes a Vossa Magestade Imperial, pe-
dindo a graça de lhes ser remittida aquella multa.
O procurador fiscal do thesouro, sendo ouvido sobre
esta pretenção, respondeu nos termos seguintes :
« As multas administrativas são penas de natureza
especial, destituídas do caracter de pessoalidade, visto
que a obrigação de as sol ver grava o espolio e passa
aos herdeiros do devedor.
Elias constituem uma fonte de renda do Estado, um
elemento de receita publica, uma divida activa da nação,
e nessa qualidade não é da competência do poder mo-=
derador e sim do legislativo o remittil-as.
Tem havido entretanto vários precedentes do perdão
de taes penas por decreto imperial.
Sendo esta questão muito grave e ponderosa, conviria
que fosse sobre ella consultada a secção de fazenda do
conselho de estado.
Se, porém,'se resolver que prevaleça a doutrina dos
arestos consagrados, parece-me que a companhia geral
— 358 —
de seguros —Feliz Lembrança—, attentas ás razões que
expende, é merecedora da graça impetrada. Directoria
geral do contencioso, em 28 de Agosto de 1862.—Menezes,
e Souza. »
A constituição do Império, dando ao poder moderador
a attribuição de perdoar ou minorar as penas impostas
aos réos condemnados por sentença, não faz distincçãó -
entre as decisões dos tribunaes de justiça e as do con-
tencioso administrativo; e todavia estas ultimas também
são sentenças ; tambera têm a autoridadeé força de caso
julgado.
Assim, e porque onde a lei não distingue, o executor
não pôde distinguir, entende a secção de fazenda que o
poder moderador tem direito de perdoar as multas im-
postas administrativamente. E entende-o tanto mais, por-
3ue a doutrina sustentada pelo procurador fiscal conT
uziria á estranha conclusão, — que a existência do con-
tencioso administrativo é contraria á constituição.
E defeito, foi somente depois de ella ter sido jurada
> e proclamada que se começou a crear a jurisdicção ad-
ministrativa que ora temos, e a confiar-se-lhe o conheci-;
mento de certas questões, que até então erão da com-
petência dos tribunaes de justiça. E se a respeito do
julgamento destes o poder moderador tinha attribuições
que se lhe tirarão, ao passarem essas questões para o
contencioso administrativo, é claro que as leis que de-r
terminarão ou autorizarão esta alteração de competência,
coarctárão os direitos daquelle poder, e são conseguinte-
mente inconstitucionaes.
Não vale, para apadrinhar a opinião do procurador
fiscal, o dizer-se que as multas administrativas são de
natureza especial por serem destituídas de caracter de
pessoalidade, por gravarem o espolio e passarem aos
herdeiros do devedor, e por serem demais um elemento
da renda do Estado; por quanto as que são impostas
pelos tribunaes de justiça também são destituídas do ca-i
racter de personalidade; também a obrigação desolvel-as
grava o espolio do devedor; também constituem,,'ao
menos em «muitos casos, um elemento de receita do
Estado. ,.j
Demais, as informações attestão que, de 1851 até agorát *
tem o governo imperial expedido, só pela repartição de
fazenda, oito decretos remittindo outras tantas multas imh
{)ostas administrativamente, e firmando assim a intel-
igência do § 8.° art. 100 da constituição. , "I
Attendendo, pois, ao que fica exposto, e julgando de
equidade que se pratique com a companhia —Feliz Lem-
brança— o que se praticou com todas as outras que*
— 359 —
como ella, deixarão de pagar em devido tempo o im«
posto do sello correspondente* ás suas prestações, é a
secção de parecer que seja favoravelmente deferido o
requerimento dos süpplicantes.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 30 de Dezembro de 1862.—
Visconde de Itaborahy,—Cândido Baptista de Oliveira.
—Visconde de Jequitinhonha.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Rio, 21 de Janeiro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque.

N. 726.—RESOLUÇÃO DE 4 DE FEVEREIRO DE 1863.

Sobre a representação da directoria do Banco do Brasil, solicitando


do governo imperial a faculdade de elevar a sua emissão até o
limite do triplo do fundo disponivel em caixa.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado consulte com

(*) DECRETO.

Usando da attribuição que me confere o § 8.» do art. 101 da cons-


tituição do Império; hei por bem relevar a companhia geral de se-
furos—Feliz Lembrança—da multa que lhe foi imposta pela rece-
edoria do Rio de Janeiro em 13 de Fevereiro de 1860, por não haver
pago no tempo devido o sello correspondente ás duas primeiras
chamadas do seu capital.
O Visconde de Albuquerque, conselheiro de estado, senador do
Império, ministro e secretario de estado dos negócios da fazenda e
presidente do tribunal do thesouro nacional, assim o tenha enten-
dido e faça executar. Palácio do Rio cte Janeiro, em 28 de Janeiro
de 1863,42.» da independência e do Império.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque,
— 360 -».,
seu parecer sobre a matéria da'repfe^eptação junta, ,
concebida nos termos seguintes :
« Illm. e Exm. Sr. —A directoria dó Banco dó Brasil,
reunida em sessão extraordinária, tomando em seria
consideração o estado da sua emissão circulante em
relação ao seu fundo disponivel em caixa, verificou que
apenas tem hoje a escassa margem de oitocentos contos
de réis (que terá de ser reduzida pelas sommás que o
banco sacar sobre as caixas filiaes pelo paquete inglez,
as quaes serão remettidas pelo seu equivalente em ouro
ás mesmas caixas), e dentro dessa margem deverá at-
tender aoS descontos ordinários dos titulos da praça,
guardada á relação legahda circulação das suas notas na
razão do duplo do seu fundo disponivel em caixa; e
desejando a mesma directoria achar-se sufficientemente
habilitada para servir de prompto ao thesouro nacional,
fornecendo-lhe as. sommas que houver ainda de pre-
cisar, sem comproraetter às condições econômicas da
sua emissão," resolveu solicitar do* governo imperial a
concessão da faculdade permiltida pelo art. 63 dos es-
tatutos do referido banco, na fôrma já praticada por
decreto de 5 de Fevereiro de 1856, a fim de elevar a
sua emissão até o limite do triplo do fundo disponível
em caixa, como um recurso regular e efficaz, não só'
para o fim acima indicado, como principalmente para
mánter-se por esse meio o necessário equilíbrio entre a
circulação das suas notas exigidas pelas necessidades do
mercado ,ea importância de sua reservametallica des-
tinada á conversibilidade das mesmas. DeuS guarde a
V. Ex. Casa do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, em,
4 de Dezembro de 1862.—Illm. e Exm. Sr. Visconde de
Albuquerque, ministro e secretario de estado dos ne-
gócios da fazenda.— Cândido Baptista de Oliveira. » "•
*• Os artigos dos estatutos que regulão a matéria sobre
que versa este officio são as seguintes :
«Art. 16. A emissão' de que trata o art. 1Í|9.° é
limitada pelas regras seguintes : § 1.° Salva a disposi-
ção do art. 18, a emissão do banco não pôde elevar-se
a mais do duplo do fundo disponivel, isto é, a mais
do duplo dos -valores que o banco tiver effectiva mente
em caixa, representados por moeda corrente, ou barras
de ouro de 22 quilates, avaliado pelo preço legal.
Exceptua-se todavia o dinheiro recebido a prêmio, o
qual não faz parte do fundo disponivel.
« Art. 18. O banco poderá augmentar a emissão, que>
lhe permitte o art. 16 com «somma igual á do papçl
moeda que tiver effectivamente resgatado por conta dos
— 361 —
dez mil contos deréís de que trata o g 1.° do art. 16,
mas de môdõ que em nenhum caso> exceda o triplo
do fundo disponível...»
« Art. 63. As regras estabelecidas no art. 16 | 1. ,
poderão ser modificadas por decreto do governo, que
autorize o banco para elevar a emissão até o triplo do
seu fundo disponivel. »
Das disposições que ficão transcriptas, segue-se: 1."
que em caso nenhum é permittido ao banco emissão
superior ao triplo do fundo disponivel; 2.° que es-
tando terminado, como está, o resgate dos dez mil
contos de réis de papel moeda, a que se obrigou pe-
lo § 1.° do art. 56, poderá aquelle estabelecimento
emitiir, sem autorização especial do governo, o tres-
dobro de seu fundo disponivel, emquanto este fôr in-
ferior ao valor do mencionado resgate; e que somen-
te quando o valor do dinheiro e barras de ouro ou
prata, que o banco tiver em caixa, exceder a dez mil
contos de réis, precisará elle de autorização „do go-
verno para elevar a emissão ao limite acima indicado.
Não- parece, pois, que foi intenção da directoria do
Banco do^Brasil, dirigindo ao governo imperial a re-
presentação, acima transcripta, pedir-lhe a faculdade
de alargar a emissão até o triplo do fundo disponivel,
mas até este triplo augmentado com osdez mil contos
de réis-do papel moeda resgatado na fôrma do já citado
§ 1.° do art. 56 dos estatutos, ou, por outras palavras,
a mais do quádruplo do, fundo disponivel do banco, o
qual no dia 6 do corrente mez se elevara a sete mil cento
setenta ê oito. contos de réis; e esta relação irá cres-
cendo, e poderá tornar-se o quintuplo, o sextuplo, etc,
se a caixa se fôr desfalcando, e reduzir-se de sete a
cinco, de cinco á quatro mil contos, etc.
Dir-se-ha, por ventura, que o governo está autorizado,
para fazer a concessão que se lhe pede pela lei de 5
de Julho de 1853. Não é assim.
A única autorização que essa lei deu ao governo foi
a de conceder a incorporação, e approvar os estatutos
do banco, que então se pretendia crear, sobre as bases
que ella estabeleceu.
O banco incorporou-se; os estatutos forão appro-
vados em 31 de Agosto de 1853; qual é, pois, a auto-
rização que o governo conserva ainda em virtude da-
quella lei ? ?•
A de approvar ou rejeitar as alterações dos estatutos
propostas pelo banco, essa exercia-a o.governoT não
em virtude da lei de 5 de Julho, mas de disposições
dos mesmos estatutos,
c. 46.
— 302 — ' '

Foi talvez a cláusula coptida nas palavra* do art. 1."


dó decreto de 5 de Fevereiro de 1856 «não compre-
hendida a de que trata o art. 18 dos seus estatutos»
que induziu a directoria a solicitar semelhante medida;
mas neste ponto cumpre, observar: 1.° que, não ha-
vendo ainda o banco começado a resgalar papel moeda
no começo de 1856, nenhuma influencia pratica podia
ter então a mencionada cláusula, a qual não foi soli-
citada pela directoria desse tempo; 2." que os effeitos
daquelle decreto forão taes que obrigarão o governo
a revogal-o no principie de 1859; 3.° que a facul-
dade de elevar a emissão do banco, nos termos em
que a requer a directoria, importa modificar ou alterar
as disposições: dos arts. 18 e 63 dos seus estatutos;
e que tal alteração depende agora do poder legislativo*,
Em Abril deste anno, tendo a secção de fazenda de
consultar com seu parecer se o governo podia, inde-
pendente de acto legislativo, approvar o ajuste que o
Banco do Brasil fizera com os bancos Hypothecario e
Agrícola, para cessação da faculdade que estes tinhão
também de emittir notas á vista e ao portador, nos
termos em que depois se realizou esse ajuste, decla-
rou-sé um dos membros da secção pela affirmativa,
por entender que a doutrina do § 4.°,.art. 2.° da lei
de 22 de Agosto de 1860 não era extensiva ao- Banco
do Brasil e outras companhias existentes antes da dita lei;
os outros dous membros porém forão de opinião con-
traria, e pensarão que, como aquelle ajuste encontrava
as disposições de dous ou três artigos dos estatutos
do Banco do Brasil, não podia ser approvado sem
autorização legislativa.
A consulta foi submettidá, sem resolução imperial
ao conhecimento das câmaras legislativas; e a lei de 28
de Agosto deste anno, autorizando o governo para ap-
provar o ajuste feito pelo Banco do Brasil com os doüs
já acima mencionados, firmou a intelligencia do re-
ferido | 4.°
Dado, porém, que seja da attribuição do governo con-
ceder ao Banco do Brasil a faculdade que pede e nos
termos em quê a pede, convém deferir favoravelmente
a esse pedido?
Na opinião do relator da secção, a medida é tão
grave e arriscada, que não se atreveria a aconselhal-a.
Desde 1857 estamos soffrendo as dolorosas conse-
qüências, da nimia expansão da moeda fiduciaria, ou
antes do papel bancário irrealizavel: fizemos esforços
para reprimii-a e retrahil-a : decretamos na lei de 22
de Agosto algumas medidas que a muitos parecerão
— 363 —

severas em demasia, e que concorrerão altamente para


o enfraquecimento e queda dos dous ministérios que
tiverão a coragem de propôl-as; e apenas entrados,
ou parecendo entrados no estado normal da circulação,
e sem podermos ainda averiguar, se para esta boa "for-
tuna concorrem ou não causas transitórias e momen-
tâneas, queremos já voltar á mesma senda que nos
conduziu á borda do precipício,, aonde provavelmente
cahiriamos agora.
Então, o banco tinha, para amparar-lhe o fundo dis-
ponível e impedil-o de exhaurir-se, o recurso de es-
condel-o atraz do papel dó. governo : era um expediente,
ao menos apparentemente legal : hoje o ántemural
desappareceu; e não poderia ser accusado de arrojo
ou temeridade quem aífirmasse que, se a medida,
qüe se pede, fôr executada era grande escala por es-
paço de dous mezes, o banco será forÇado, no fim
desse período, a suspender os seus pagamentos.
Se o banco pensa que lhe cumpre não só augmentar
ós descontos ordinários da praça, mas ainda fazer
maiores empréstimos ao thesouro, pôde recorrer a
outros meios menos fallazes que" a exagerada expansão
de suas emissões.
O recebimento de dinheiro a prêmio, não só em
contas correntes, mas também por meio de letras de
sessenta dias; a venda gradual dos fundos públicos
qüe tem em seus cofres; e, mais que tudo, a reali-
zação das ultimas prestações, a que estão obrigados
os seus accionistas, são recursos valiosos, de que o
banco pôde fazer uso muito proveitoso.
De quanto deixa exposto o relator da secção, conclue:
1.° que o governo não está autorizado pára conceder ao
Banco do Brasil a faculdade que lhe pede a directoria em
sua representação de 4 do corrente mez; 2." que ainda
quando o estivesse, hão lh'a devera conceder.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha pede a de-
vida venia para reportar-se aos seus pareceres de 23 de
Abril, e de 28 de Maio do corrente anno sobre represen-
tações dirigidas pelo banco ao poder executivo, e legis-
lativo. .(*) Nesses pareceres parece ao mesmo conselheiro1
ter provado a verdadeira intelligencia que cumpre dar
aos preceitos da lei de 22 de Agosto de 1860.
Ainda de, accôrdo com as opiniões por elle susten-
tadas, concorda, porém, com a segunda conclusão do pa-
recer do illustrado relator da secção, isto é, qüe não deve

(*) Vide as pags. 281 e 284.


— 364— •"" y
o governo de Vossa Magestade Imperial conceder ao
banco a faculdade permittida pelo art. 63 dos seus es-
tatutos, na fôrma já praticada por decreto de 5 de Feve-
reiro de 1856, a fim de elevar a sua emissão até ao limite
do triplo do fundo disponivel era caixa.
Na representação dirigida ao governo de Vossa Mages-
tade Imperial não mostra o banco como esse recurso
pôde ser efficaz para « manter-se o necessário equilíbrio
entre a circulação das suas notas, exigidas pelas neces-
sidades do mercado, e a importância da sua reserva me-
tal lica destinada á convertibilidade das mesmas » entre-
tanto que, como demonstra no seu parecer o illustrado
relator, outros meios ha para conseguir aquellefimesera
risco algum para a circulação fiduciaria do paiz.
O conselheiro Cândido Baptista de Oliveira é do se-
guinte parecer:
Discordando do meu illustrado collega, relator da
secção, no importante assumpto que faz objecto da pre-
sente consulta, é-de méú dever, com o respeito devido
ao seu juizo muito competente na matéria, apreciar os
pontos de divergência entre as nossas opiniões, susten-
tando eú o pedido do Banco do Brasil, em toda a sua
plenitude: ô que passo a fazer com a possível concisão,
pondo de parte a discussão de princípios econômicos,
que regulão a pratica das operações próprias dos bancos
de circulação, por não ter isso cabimento nos limites de
um abreviado parecer.
O Banco do Brasil, fundado na disposição do art. 63 dos
seus estatutos, solicitou do governo imperial a permissão
de augmentar a emissão legal das suas notas promissó-
rias, nos mesmos termos em que. lhe fôra já feita se-
melhante concessão, "pelo decreto n.°172l de 5 de Feve-
reiro de 1856, á pedido do banco, e por motivos iguaes
aquelles, que agora o determinarão a pedir a renovação
dessa medida.
As disposições do referido decreto, concernentes á
questão de que se trata, achão-se textualmente, expressas
nos três artigos seguintes :
« Art. 1 .* O Banco do Brasil fica autorizado a elevar a
sua emissão—não comprehendida a de que trata o art. 18
dos seus estatutos—até o triplo do fundo disponivel.
' «Art. 2.° Esta autorização é extensiva ás caixas filiaes
do referido banco. »
« Art. 5." O governo poderá, quando julgue conveniente,
restabelecer todas ou algumas das disposições dos es-
tatutos do Banco do Brasil, e suas caixas filiaes, alteradas
pelo presente decreto. »
Os motivos allegados pela directoria do banco, em ofíi-
Cf T — 365 —
cio dirigido pelo seu prestdente ao ministério da fa-
zenda, na data de 24 de Janeiro de 1856, solicitando do
governo imperial—como medida permanente—a permis-
são de elevar ao triplo a suá emissão legal, forão : 1,° a
sensível diminuição que soffrêra nessa quadra o fundo
disponivel do banco, por effeito principalmente da de-
manda de moeda, para ser remettida ás praças da Bahia
e de Pernambuco; 2.° a necessidade de satisfazer o
banco as exigências do commercio, não contrahindo a
sua emissão circulante, a qual devera acompanhar .a di-
minuição do fundo disponivel, a fim de conservar-se
dentro do limite legal.
A simples exposição, que venho de fazer, justifica
plenamente* no meu entender, o procedimento da di-
rectoria do Banco do Brasil, pedindo ao governo im-
perial o restabelecimento das disposições do decreto
de 5 de Fevereiro, que lhe havião sido cassadas pelo
mesmo governo no anno de 1859, era eircumstancias
bem diversas das actuaes, quando acha-se agora aquelle
banco em uma situação normal realizando em ouro
as suas notas circulantes.
Todavia, na opinião do illustrado relator da secção,
a applicaçãó do art. 1." do mencionado decreto não
é compatível actualmente com a cláusula do art. 18
dos estatutos do banco, em virtude da qual a sua emissão
circulante—em nenhum caso deverá exceder o triplo do
fundo disponivel, áendo nella comprehendida a parte
correspondente á importância do papel moeda resga-
tado por conta do banco—: incompatibilidade esta, que
não existira na época em que tivera lugar a expedição
do dito decreto, visto que o banco nãol havia ainda
encetado o resgate do papel'moeda.
No meu entender, o governo imperial concedendo
ao banco a faculdade de elevara sua emissão normal ao
triplo do fündò disponivel, com expressa exclusão da
emissão addicional, autorizada pelo art. 18 dos esta-
tutos, não considerou por certo a referida cláusula como
uma restricção'absoluta, e independente da disposição
do art. 63, o qual autoriza plenamente o governo para
modificar o disposto no art. 16, substituindo pelo triplo
o limite dp emissão normal, que por este artigo fôra
fixada no duplo do fundo disponivel: de modo que a
cláusula do art. 18, relativa á emissão addicional, sendo
interpretada como convém, deverá accommodar-se á
ambos aquelles limites da emissão normal, isto é,
prescrevendo que a emissão addicional nunca exceda
íanto na hypothese do duplo, como na outra do triplo
a importância do fundo disponível, resultando dahi,
— 366 — ?'"

que as duas emissões tomadas juntamente, ou, por outros


termos, que a emissão circulante representará, no seu
máximo valor, o triplo, ou quádruplo do fundo dispo-
nível.
Nas actuaes eircumstancias em que o banco já rea>
lizára o resgate dos dez mil contos de réis do papel
moeda, á que o obrigara a lei tia sua creação, pensa
o meu illustrado collega, que, era respeito á cláusula
restrictiva do art. 18 dos estatutos, somente poderão
governo imperial autorizar o banco para elevara sua
emissão normal acima do duplo do fundo disponivel,
sem prejuízo da emissão addicional, autorizada pelo re-
ferido artigo, quando o< fundo disponivel exceder de
dèz mil contos.
Seria conseqüência necessária desse principio, a ser
elle admittido, que os estatutos do Banco do Bras.il,
offerecendo no seu art. 63'um recurso prompto, e efficaz,
para tirar esse estabelecimento de embaraços, prove-
nientes do estado da sua emissão circulante,' em re-
lação ao fundo disponivel, só reconhecerão a neces-
sidade de semelhante recurso, quando o banco funecio-
nar com um fundo disppnivel superior a dez mil contos:
direi mais, julgarão os seus autores, nesse presup*-
posto, que ' era menos perigoso o alargamento cie
emissões já comparativamente grandes, do quê: a am-
pliação de outras de muito menor importância, as quaes
ficarão sujeitas á inexorável cláusula do art. 18 !
Segundo a minha opinião, semelhante resultado não
se cpmpadeee com os princípios que regem as ope-
rações bancarias dessa natureza.
Convenho entretanto najudiciosa observação feita pelo
meu digno collega, quando julga indispensável na ac-
tual situação'do Banco do Brasil, que este realize quanto
antes as duas chamadas que faltão para completar o
seu capital de trinta e três mil contos de réis; podendo
assim dispensar a applicação da medida que solicitou do
governo imperial, e habilitar-se para alargar prudente-
mente as suas operações sobre uma base solida.
Cumpre, porém, p"ónderar que, tanto este recurso
eíficaz, que o banco não se descuidará de levar a effeito,
logo que o julgue, praticavel, sem vexame para os seus
accionistas, como outras medidas também indicadas pelo
collega, não são por sua natureza azadas para acudir ás
necessidades do momento.
Não ignora o illustrado relator da secção, que o Banco
do Brasil, solicitando do governo imperial a faculdade de
ampliar o limite legal da sua missão circulante, não tem
em vista alargar as suas operações unicamente abem dos
— 367 —

interesses dos seus accionistas, como pensão talvez pes-


soas menos bem informadas acerca do mecanismo por
que funccionão regularmente taes estabelecimentos;
mas sim conservar a süá emissão circulante no pé de
equilíbrio estável com as necessidades da praça, sendo
garantida por essa maneira contra as respectivas "oscilla-
ções, motivadas pela variação do fundo disponível: nPma
palavra, o banco pede o triplo da sua emissão normal,
para estar seguro de poder conservar a emissão circu-
lante no estado de comparativa permanência.
Por esta occasião julgo a propósito observar, que a
emissão circulante do Banco do Brasil, além do pode-
roso, e único correctivo efficaz, no meu entender, contra
os graves abusos que podem dar-se em tal objecto, está
ainda sujeito á quatro restriçções, de indoie diversa,
prescriptás pelos estatutos que regem esse estabeleci-
mento, as quaes, sendo por sua natureza arbitrarias,
devem achar-se uma ou outra vez em conflicto com os
princípios reguladores na matéria, em prejuizo dos le-
gítimos interesses dos accionistas, e maior damno ainda
do interesse publico.
Seja-mepermittido citar, como exemplos de melhor or-
ganização, o famoso Banco de Inglaterra», e o muito im-
portante Banco de França.
A emissão normal do primeiro é fixada, pelos estatutos
que o regem, no valor invariável de quatorze milhões es-
terlinos; montando o seu fundo disponivel, propriamente
dito, apenas ao valor de cerca de três milhões esterlinos,
dPnde resulta que neste banco a emissão normal é de
cerca de quatro vezes o valor do seu fundo dispo-
nivel.
No Banco de França não ha limite algum legal para a
sua emissão circulante : mas tem adoptado a illustrada
administração desse estabelecimento, como regra de
prudência, confirmada por longa experiência, con-
servar em caixa uma reserva metallica, cujo valor se
ache coraprehendido entre um terço, e um quarto da
emissão.
Tenho assim expendido o meu pensamento sobre o
assumpto da consulta, em sustentação do meu parecer
já enunciado a favor do pedido do Banco do Brasil,.
Vossa' Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar mais acertado em sua alta sabedoria.
Sala das conferências, em27de Dezembro de 1862.—
Visconde de Itaborahy. —Cândido Baptista de Oliveira.
—Visconde de Jequitinhonha.
— 368 —
', *,
0 RESOLUÇÃO.

Não convém, por ora, conceder a faculdade reque-


rida. (*)
Paço, em 4 de Fevereiro de 1863.
Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de Albuquerque. :> ^V

N. 727.—RESOLUÇÃO DE 25 DE FEVEREIRO DE 1863.


Sobre a representação do fiscal do Banco Commereiaí e Agrícola
relativamente á retirada da circulação das notas do mesmo banco.

Senhor.—Foi servido Vossa Magestade Imperial man-


dar, por aviso do ministério da fazenda de 8 de Outubro
do anno passado, que a secção de fazenda do conselho dé
estado de o seu parecer sobre os dous seguintes quesitos,
a saber:
1.° Se a falta de autorização legislativa, para res-
tringir o prazo da prescripção das notas do Banco Com-
mercial e Agrícola, obriga á directoria deste banco a
observar as regras do art. 8.° do decreto n.? 2970 de 9
de Setembro ultimo, que para a retirada daquellas notas
marca um prazo menor que o da- prescripção , em
prejuízo dos possuidores dellas ?
2.° Se na hypothese de decisão affirmativa; e sendo
certo que não ha estipulação alguma no accôrdo que
o dito banco celebrara com o do Brasil, sobre a re-
nuncia dos lucros prováveis, provenientes da impor-
tância das notas apresentadas ao troco, deve essa inV
portancia passar para os montes de soccorro, com
prejuízo dos accionistas do Banco Commercial e Agrí-
cola, a quem ella parece pertencer ?
Estes quesitos forão apresentados ao governo pelo
fiscal do Banco Commercial e Agrícola, da parte de sua
directoria, e para resolvel-os, julga conveniente o relator,

(*) Aviso n.° 67 de<7 de Fevereiro de 1863, na collecção das leis.


Decreto n.° 3054 de 28 de Fevereiro de 1863. Concede ao Banco do
Brasil elevar a sua emissão ao triplo do fundo disponivel.
— 369 -
da sefcção de fazenda transcrpver aqui não só o art. 8.°
do decreto acima citado, como também as disposições
do decreto n.° 2664 de 10 de Outubro de 1860, a que se
refere aquelle artigo, e são do theor seguinte:
« Art. 8.» do decreto de. 9 de Setembro de 1862 :
Realizada a entrega das 24.00,0 acções do Banco Com-
mercial e Agrícola, e o pagamento ao Rural e Hypothe-
cario dos 400:000^000, na conformidade do accôrdo
approvado, e dentro de um prazo', que não excederá de
trinta dias da data deste decreto, começará a retirada
• da circulação-das notas dos ditos bancos; observando-se
a respeito da retirada das notas que estiverem em
circulação tudo quanto se acha disposto no decreto
n.° 2664 de 10 de Outubro de 1860, á respeito das notas
inferiores á cincoenta mil réis, e que fôr applicavel á
mesma retirada. »
« ArJ. 2." do decreto de 10 de Outubro de 1860 :
A importância do abatimento (de 10 °/0 por cada
mez que a apresentação das notas, que têm de ser
retiradas da circulação, exceder o prazo de quatro aseis
mezes marcado para o recebimento das mesmas), de que
trata o § 3.° do artigo antecedente, será escripturada
sob rubrica, especial; e tanto esta, como a dos bilhetes
que não houverem sido substituidos, ou resgatados,
serão recolhidos era deposito ao thesouro nacional,
nos quinze dias seguintes á expiração do prazo dó
desconto gradual marcado no artigo antecedente,
Paragrapho único. A importância recolhida, em de-
)osito será applicada, sob designação do ministério da
Íàzenda, ao capital dos montes de socCôrro, que se
crearem em virtude da disposição do art. 2.° § 19 da
citada lei n.° 1083, na cidade, em que funccionar o
respectivo banco, ou na povoação que lhe ficar mais
próxima. » >
Pelo que respeita ao primeiro quesito, é o mesmo relator
de parecer que ó poder executivo usou competente-
mente de um direito, que lhe confere a constituição,
providenciando adequadamente acerca da retirada das
notas circulantes do Banco Commercial e Agrícola, á
bem da execução da lei que autorizou o ajuste celebrado
entre este banco e o do Brasil, para o fim de renunciar
aquelle o direito de emittir notas promissórias á vista,
' e ao portador: e que muito judiciosamente applicárao
governo imperial ao caso vertente o que havia disposlo
o decreto de 10 de Outubro de 1860 relativamente aos
prazos fixados para serem recolhidas as notas do mesmo
Banco Commercial e Agrícola; de valores menores que
cincoenta mil réis.
c. 47.
- 370 —
;€panto porém ao segundo quesito, pensa o relator da
secção de fazenda; que a applicação do disposto no
art. 2.°, e no paragrapho único da citada, lei* deverá,
limitar-se ao deposito no thesouro da importância das
deducções feitas no valor das notas pagas, depois de
findo o prazo marcado para o seu recebimento ; e, bem
assim do valor das notas que não forem apresentadas-;
para que o corpo legislativo resolva opportunamente
sobre este objecto: porquanto, no entender do rela^
da secção, na falta de disposição legislativa, que dê ao
referido deposito outro destino, terão os accionistas do
Banco Commercial e Agrícola incontestável direito a
esse beneficio.
Os conselheiros Viscondes de Itaborahy e de Jequi-
tinhonha são do seguinte parecer: A resolução n.°l172
de 28 de Agosto de 1862 autorizou o governo para
approvar o accôrdo ajustado pelo Banco do Brasil com
o Commercial e Agrícola, sobre a desistência que este
fez do seu direito de emissão, nos lermos dos arts. 2.°,
3." e 4.° do parecer da commissão especial do mesmo
Banco do Brasil, adoplado. era sessão da respectiva as-
sembléa geral de 3 de Abril do anno passado.
Os artigos, a-que se refere a resolução,'rezão assim:
«Art. 2.° O Banco do Brasil cede ao Agrícola 24.000
acóões para serem distribuídas pelos accionistas deste,
realizando o Banco Agrícola á vista, mediante os juros
que forem estipulados, o pagamento de 3.840:000^000,
ou 160^000 por acção.
«Art. 3.° O Banco Agrícola liquidar-se-ha por sua conta
e risco, podendo o Banco tio Brasil encarregar-se da
liquidação, mediante uma commissão módica.
«Art. 4.° Se o Banco do Brasil se encarregar da liquida-
rão do banco, dissolvido, regular-se-ha esta no que lhe
fôr applicavel pelas disposições transitórias, por-que se
fez a liquidação dos eitincjos Bancos Commercial e
antigo do Brasil. »
Vê-se, pois, que nãp ha na citada resolução artigo ou
cláusula nenhuma, que lenha por fim fixar ou restringir
o prazo da prescripção das notas do Banco Agrícola;
nem impor ou autorizar que se imponha aos portadores
•dessas notas, obrigações ou penas que não estivessem
prescriptas na legislação commercial. Pelo contrario:,
ahi se determina expressamente que a liquidação do
Banco Agrícola se Tegule pela dos extinctos Bancos
Commercial e do Brasil; a qual foi feita muito antes da
promulgação da lei de 22 de Agosto de 1860, e do
decreto de 10 de Outubro seguinte, expedido para
execução do § 2.° art. 1.° da mesma lei.
— 371 —
A constituição confere, é verdade, ao poder executivo
o direito de expedir decretos, instrucções e regula-
mentos adequados á boa execução das leis; mas não
o de acrescentar-lhes preceitos que ellas não contêm,
obrigações que não impõem, ou penas que não com-
minão. Este modo de proceder fôra, no caso de que se
trata, tanto mais illegitimo quanto teria, por único re-
sultado favorecer uma associação commercial, preju--
dicando ao mesmo tempo seus credores, sem que.se
pudesse, ao menos, allegar que ia nisso o interesse
publico.
A disposição do paragrapho acima citado, aliás transi-
tória, fundou-se na necessidade de regular o meio cir-
culante, e foi, pois, decretada em attenção aos inte-
resses geraes do Estado, e para o fim muito especial
de retirar uma parte das notas de pequeno valor que
existião na circulação.
Dado, porém, que aó governo coubesse a atribuição
de.declarar, e declarasse.com effeito, aquella dispo-
sição applicavel á liquidação do Banco Agrícola, devera
por igualdade de razão fazel-a extensiva, tanto aos
demais bancos, como a todas as outras sociedades com-
merciaes: ser-lhes-hia muito mais expedito e lucra-
tivo esse meio de prescripção, do que o estabelecido
no art. 443 do código'do commercio.
Assim, respondendo ao primeiro quesito, é a maioria da
secção de opinião que, faltando, como falta, autorização
legislativa para restringir o prazo da prescripção aas
notas do Banco Agrícola, não pôde sua directoria, sem
offensa das leis e dos direitos dos portadores das ditas
notas, appliear, na liquidação daquelle estabelecimento,
o que dispôz, para fim muito diverso, a lei de 22 de
Agosto de 1860.
Pelo que toca ao segundo quesito, importa trans-
crever aqui a ultima cláusula do § 2." art. 1.° desta
lei, o qual é concebido nos termos seguintes:
« O governo marcará, na formado art. 5." da lei
n.° 53 de 6 de Outubro de 1835, um prazo razoável,
dentro do qual as notas ou bilhetes de taes valores
dêvefáõ ser resgatados, ficando estes, desde qué tiver
cessado o resgate ou substituição, isentos do imposto
do sello. O abatimento ou valor total dos bilhetes ou^,
notas não resgatadas nos prazos fixados na fôrma desta
lei, reverterá em beneficio dos estabelecimentos pios
que o governo designar.»
Ora, não só os dous membros deste período estão
ligados entre si, mas ainda o segundo é, até certo ponto»
justificação da primeiro, porque o primeiro sem a
— 372 —

segundo, teria a apparencia de um esbulho feito ao


credor em beneficio do devedor.
Em resposta, pois, ao segundo quesito é a maioria da
secção de parecer que, se sefizerextensiva ao Banco Agrí-
cola a disposição do §,2.° art. 1.°da lei de 22 deAgosto,
deve ella ser executada em ambas as suas partes.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
melhor entender em sua alta sabedoria.
Sala das conferências, em 31 de Janeiro de 1863.
—Cândido Baptista de Oliveira. — Visconde de Jequi-
tinhonha.—Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 25 deN Fevereiro de 1863.
Com ; a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Visconde de. Albuquerque.

N. 728.—RESOLUÇÃO DE 28 DE MARÇO DE 1863.


Sobre afixaçãode um prazo, reclamado por alguns negociantes desla
praça, para começar a vigorar o acto do governo, regulando o des-
pacho de fazendas importadas em retalho.
»
Senhor.—Serviu-se Vossa Magestade Imperial mandar,
or despacho do ministério da,fazenda de29 de Dezem-
Erofindo,que a secção de fazenda do conselhotie estado
consulte com o seu parecer, sobre a matéria que faz
objecto do requerimento de alguns negociantes desta
praça, representados pelo seu advogado, os quaes pedem
provimento á uma reclamação por elles dirigida ao the-
souro nacional, e por este indeferida. , .,,
Em ordem a cohibir graves abusos, a que dera occasião
a nova tarifa das alfândegas de 1860, do modo por qüe

(*) Decreto n. c 3056 de 5 de Março de 1863.. Manda observar na


retirada da circulação das notas dos Bancos Commercial e Agrícola
e Rural e Hypothecario o art. 443 do código commercial.
-T 373 —
forão praticamente entendidos os arts. 597 e 608 da mes-
ma, relativamente aos despachos das fazendas importadas
em retalhos, foi expedida pelo thesouro nacional a cir-
cular de 24 de Outubro tio anno findo ás alfândegas do
Império, dando aos referidos artigos da tarifa a intelli-
gencia que devem ter, na applicação aos mencionados
despachos.
Sendo levada a effeito na alfândega desta capital essa
deliberação tomada pelo ministério da fazenda, preten-
derão alguns negociantes desta praça, importadores das
referidas fazendas, obter do thesouro nacional a fixação
de um prazo razoável, findo o qual deveráõ ter vigor
as restricções contidas na mencionada circular; a fim
de evitar, dizem elles, consideráveis prejuízos, pro-
venientes de importantes encommendas feitas para a
Europa, na fé de que os^despachos favorecidos pelos
citados artigos da tarifa, continuarião a ser feitos como se
praticara até então. O indeferimento do thesouro a esta
pretenção faz o objecto tio recurso para o conselho de
estado. '
A secção de fazenda, havendo examinado attentamente
os documentos qüe acompanharão, o requerimento dos
süpplicantes, pensa que, não tendo a deliberação do the-
souro acima referida, alterado disposição alguma da
tarifa era vigor, mas somente feito a necessária descri-
minação das fazendas, que devem ser consideradas -r- re-
talhos—, nenhum fundamento assiste aos süpplicantes
para serem attendidos na sua preterição ; e é por isso a
mesma secção de parecer, que lhes seja negado o. pro-
vimento pedido.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais justo. "
Sala tias conferências, em 7* de Fevereiro de 1863.—
Cândido Baptista de Oliveira.r-Viscònde de Jequitinho-
nha.— Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 28 de Março de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
, Marquez de Abrantes.

{') Aviso' n.° 144 de 10 de Abril de 1863, na collecção das leis.


- 374 —
N. 729.—RESOLUÇÃO DO 1. DE ABRIL DE 1863.
Sobre o recurso de ManoelJoaquim Teixeira, do despacho do mi
nisterio da fazenda, que lhe indeferiu a pretenção ao pagamento
de dividas de exercícios findos, de vencimentos militares.
Senhor.—Manoel Joaquim Teixeira, da provincia do
Piauhy, na qualidade de procurador de diversos, in-
terpôz recurso para o conselho de estado do despacho
do ministro e secretario de estado dos negocias da fàr«
zenda, que indeferiu a pretenção de seus constituintes, os
quaes se julgão, com direito de haverem do' thesouro
nacional a importância dos vencimentos, que se lhes
estão devendo, como praças de prel da brigada que
em 1839, 1840 e 1841 se organizou ijaqoella provincia.
Para dar idéa clara deste pegocio, convém exporem
resumo os factos e eircumstancias essenciaès constantes
tios papeis e documentos juntos ao recurso.
A thesouraria de fazenda da provincia do Piauhy li-
quidou e remetteu para a contadoria geral da guerra
em 27 de Maio de 1847 e 21 de Junho de 1851 os pro-
cessos de divida de exercícios findos n-°* 75,264 e 270,
importando todos na quantia dé 27:171 $000, proveniente
de vencimentos de diversas praças de pret de primeira
linha, da guarda nacional e dos cqrpos de policia mu-
nicipal, que fizerão parte da brigada do coronel José
Francisco de Miranda Ozorio, empregada em .suffocar
a rebellião que appareceu alli e no Maranhão^ nos in-
dicados annos de 1839,1840 e 1841.
Tendo sido esses processos revistos, ou antes liqui-
dados de novo na competente contadoria do thesouro,
declararão os liquidatiores que da totalidade da divida
só poderão liquidar a quantia de 17:544$123 a saber:
11:631^817 pertencentes ás praças dos corpos policiaes,
e 5:913#036 ás outras; e que quanto ao resto, lhes
erão precisos esclarecimentos , que devião ser exi-
gidos da thesouraria, mas que se podia reconhecer
e pagar esta parte da divida se se resolvesse : 1.° que
erão documentos legítimos as guias passadas ás dine-»
rentes praças pelo commandanté da brigada, em vez
de o serem, como é costume, pelos chefes dos respec-
tivos corpos; 2.°'que devia ser pago pelo governo geral
o serviço que havião prestado durante a guerra os
corpos dç policia municipal.
Por despacho de 27 de Abril de 1855, decidiu o mi-
nistro da fazenda, de accôrdo com os votos de todos .,
os membros do tribunal, quanto á primeir^rquestão, e so-
mente com o do procurador fiscal quanto á segunda, què
— 375 —
se reconhecesse a parte da divida pertencente ás outras
praças; mas que as de policia municipal devião ser
pagas pela respectiva provincia.
Em virtude desta decisão o recorrente recebeu a
quantia de 5:913#036; em 17 de Junho de 1857 requereu
novamente ao thesouro, allegando que o governo da
provincia do Piauhy lhe recusara o pagamento dos
41:631^817, pertencentes ás praças dos corpos de po-
licia, com o fundamento de ter sido esta força levan-
tada unicamente para combater a rebellião, e pedindo
lh'á mandasse o governo geral satisfazer pelos cofres
do Estado.
Este requerimento foi favoravelmente deferido pela
imperial resolução de consulta de 6 de Novembro de 1858.
Para executar-se esta resolução, e por haverem che-
gado da thesouraria de fazenda os esclarecimentos e
explicações-, cuja falta impedira a respectiva contadoria
de terminar o exame dos Ires supramencionados pro-
cessos, procedeu-se alli a uma nova liquidação, incluin-
do-se na relação dos credores mais 83 praças, que não
liavião sido comtempladps na primeira.
Esta liquidação que fez elevar a importância da di-
vida constante dos três processos a 17:000#000 pouco
mais ou menos, além dos 5:913$060 que o recorrente
já recebeu, foi,submettidá á decisão do presidente do
tribunal do thesouro com os pareceres do conselheiro
directorgeral dá contabilidade e do procurador fiscal,
os quaes entenderão" dever reconhecer-se a divida,
e do conselheiro director geral da tomada de contas,
que opinou em sentido contrario.
A decisão recorrida conformou-se com o voto deste
ultima funccionario, o qual é do theor seguinte:
«Sou de parecer que a divida não pôde ser reconhecida,
pela iIlegitimidade dos documentos ou titulos em que
se basêa a reclamação, é servirão para a sua liquidação.
Simples attestados graciosos do coronel José Francisco
de Miranda Ozorio, commandahte de brigada, forão pela
thesouraria indevidamente considerados guias reguiares,
como bem observou o chefe de secção do thesouro Sallas,
em sua informação. Graciosos disse eu que erão os
attestados do coronel Miranda Ozorio; e de facto não
concebo como possa um commandaPte de brigada, na
falta de livros mestres dos corpos de sua brigada e de
quaesquer outras informações officiaes e fidedignas, at-
teslar de memória quantos dias de soldo, quantas etapas,
etc, se ficarão devendo a tantas e tão numerosas praças
depret, destacadas era diversos pontos de seu com-
mando. Sou ainda de parecer que as ordens de 25 de Feve-
— 376 —

reiro de 1853, determinando que se não deve liquidar di-


vida maior do, que a pedida, tem todaapplicação ao caso
vertente em. que se reclamava 11:63-1 $087 e se liquidou
17:175^196; sendo, além disto, queas dividas relativas ás
praças que accrescêrão na presente ultima liquidação*
e liquidadas ex-officio, não consta que seja cessionário o
reclamante Teixeira.»
As secções reunidas de guerra e marinha, e de fa-
zenda não duvidão de que pouco e muito pouco das
quantias que o recorrente reclama, terá revertido ou
reverterá em beneficio dos credores originários ou de
suas.familias: é este um dos mais graves inconvenientes
dos embaraços e delongas da liquidação das dividas pas-
sivas do thesouro; mas nem por isso parecem ás secções
menos legaes os documentos justificativos da divida
de que agora se trata, os quaes hão podem ser legitima-
mente invalidados, por meras suspeitas.
Não julgão as mesmas secções que se devão reputar
graciosos os attestados do coronel Ozorio, para o fim
de se recusar o pagamento reclamado pelo recorrente:
i.*\ porque essa divida consta, não tanto dos attestados,
como das relações de mostra com que forão cotejadas
e se achão juntas aos processos; 2.° porque esse official
aífirmá em officio dirigido ao inspector da thesouraria.
de fazenda da provincia do Piauhy, em 15 de Outubro
de 1856, constarem dos seus registros as declarações
que faz a respeito das praças a quem deu os attestados,
e que as conhece por terem servido na sua brigada e
serem residentes na mesma cidade e, termo onde elle
também reside: 3." porque das informações juntas
consta que dividas semelhantes têm sido pagas em
idênticas eircumstancias; 4.° e principalmente porque
os próprios attestados e relações de mostra, que agora
se pretendem não serem sufficientes para justificar a
parle da divida, sobre que versa a questão, já forão
declarados, pelo despacho de 27 de Abril de 1855, legí-
timos e sufficientes para autorizasse o pagamento que
effectivamente se realizou da outra parte da mesma
divida^
Taes e tão contradietórias decisões podem fazer acre-
ditar que as reclamações dos credores do Estado são
uma espécie de jogo de azar, que não diz bém com
a lisura e boá fé de que o thesouro nacional deve
fazer timbre.
Também não parece ás secções de guerra e marinha,
e de fazenda que a opinião do conselheiro director'
geral tia tomada de contas possa ser justificada pelas
ordens de 5 de Fevereiro de 1853; porquanto, dado
— 377 —

mesmo que a doutrina dellas seja razoável e justa em


todos os casos, é certo que o recorrente pedira ao
thesouro era 17 de Julho de 1857, lhe mandasse pagar
a quantia de 11:631 #087, parte da divida proveniente dos
vencimentos • das praças de policia municipal que então
estava liquidada; mas' não a pediu como pagamento
integral da divida dessa origem.
Demais, e ainda concedido que assim não fosse, g.
doutrina das citadas ordens poderia justificar que não
^e pagasse ao recorrente mais tle 11:631 #087, mas não
qüe se deixasse de reconhecer o total da divida.
Assim, e porque os fundamentos da decisão recor-
rida forão os que deixa expostos, as secções são de
parecer que, se dê provimento ao recurso, a fim de que,
reconhecida a divida a que se referem os processos
n.os 75, ,264 e 270, na conformidade da liquidação do
thesouro, seja ella.paga a quem de direito fôr.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 5 de Fevereiro de 1863.—
Visconde de Itaborahy .—Visconde de Jeqüitinfionha.—
Cândido Baptista de Oliveira.—João Paulo dos Santos
Barreto.—Visconde de Abaeté.—Miguel de Souza Mello
e Alvim.
RESOLUÇÃO.
Como parece,. (*)'
Paço, em 1.° de Abril de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de A brantes.

N. 730.—RESOLUÇÃO DE 6 DE MAK) DE 1863.


Sobre o requerimento dos gerentes da companhia—London and Bra-v
silian Bank—em que pedem faculdade para crearem uma caixa fi-
lial da mesma companhia, na provincia dé Pernambuco.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com

(*) Aviso n.» 143 de 10 de Abril de 1863, na collecção das leis.


c. 48.
— 378 —

seu parecer sobre o requerimento dos gerentes da com-


panhia anonyma estabelecida nesta corte sob o titulo
— London and Brasilian Bank — , no qual pedem, facul-
dade para crearem uma caixa filial e agencia da mesma
companhia na provincia de Pernambuco sujeita aos es-
tatutos já approvadoS pelo governo imperial no decreto
n.° 2979 de 2 de Outubro do anno passado.
A secção não acha inconveniente e pelo contrario julga
útil que o —London and Brasilian Bank — estabeleça em
Pernambuco uma agencia ou caixa filial, que se limite a
fazer as operações que forão permittidas ao mesmo
banco, pelo decreto de 2 de Outubro do anno passado;
e por isso é de parecer que seja deferido favoravelmente
o requerimento dos süpplicantes, se estiverem auto-
rizados pela respectiva directoria a pedirem a concessão
de que se trata.
Vossa Magestade Imperial, porém, ordenará o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 9 de Abril de 1863.—Vis-
conde de Itaborahy.—Visconde de Jequitinhonha.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO..
Como parece. (*)
Paço, em 6 de Maio de 4863.
!l
Com a rubrica "de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 731.—RESOLUÇÃO DE 10 DE JUNHO DE 1863.


Sobre o recurso de José Romaguera & Comp. relativamente á ap-
prehensão de uns cascos com vinho.
Senhor.—José Romaguera & Comp. recorrem para o
conselho de estado da decisão do inspector da alfândega
do Rio de Janeiro, confirmada pelo tribunal tio thesouro,
que, julgou boa em parte a apprehensão que o chefe da

(*) Aviso n. c 199 de 11 de- Maio de 1863, na collecção das Jeis.


— 379 —
i.a secção da mesma alfândega fez em certo numero
de cascos com vinho, que os recorrentes despacharão
para serem reexportados.
Vistos e examinados minuciosamente os fundamentos
era que baseão os recorrentes o seu recurso, comparados
com os fundamentos da decisão recorrida, sendo devi-
damente avaliadas as coarctadas, com que se defendem
dos pontos da accusação, e procurão infirmar as provas
que tornão evidente a fraude resultante dos factos prati-
cados pelo preposto, em nome, e sob a responsabilidade
dos recorrentes; achando-se além disso aquellas de-
cisões de acCôrdo com a lei, e regulamentos fiscaes que
regem a matéria, sem que se haja dado no processo in-
competência, excesso de poder ou preterição de formulas
essenciaès, que autorizem a annullação das mesmas de-
cisões, na fôrma determinada nos últimos regulamentos
em vigor; entende a secção que se deve negar provi-
mento ao recurso interposto.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 8 de Maio de 4863.—Vis-
conde de Jequitinhonha. —Cândido Baptista de Oliveira.
—Visconde de Itaborahy. <
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 10 de Junho de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 732.^RESOLUÇÃO DE 26 DE JUNHO DE 1863.


Sobre as leis provinciaes da Parahyba do anno de 1862.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial pôr em
consulta da secção de fazenda do conselho de estado os
actos legislativos da assembléa provincial da Parahyba»
promulgados no anno passado, constantes do exemplar

O Aviso n.° 258 de 12 de Junho de 1863, na collecção das leis.


— 380 —

quê acompanhou o officio da presidência da mesma


provincia, no qual expõe os motivos por que os sanc-
cioriára.
Nos referidos actos merecerão reparo as disposições
sobre imppstos de exportação, exaradas na lei do orr
çamento provincial de 11 de Agosto de 1862, art. 18
§, 4.°, e de importação, dito artigo, § 32.
O presidente da provincia na sua informação nada diz
daquelles, e reíêrindo-se a estes diz apenas que sancciq-
nou pela necessidade que tinha da lei de orçamento.
Tal é já a conviGção dos presidentes, relativamente
á legalidade dos impostos de exportação, que nem du-
vidão já da competência das assembléas provinciaes
para os crearem. Emquanto á flagrante infracção do
acto addicional que expressamente prohibe a creação
de impostos de importação, duvidão, nutrem escrúpulos,
mas sançcionão —emattenção aos embaraços que an-
tevêra resultarão á administração da falta da lei.
Este modo de raciocinar, e de proceder em breve
acabará com o vinculo político, que constitue a inte-
gridade do Império.
A'vista do exposto insiste a secção no parecer que
a respeito de caso* idênticos tem offerecido a Vossa
Magestade Imperial, a saber; que se envie á assembléa
geral a collecção de leis em questão para tomar a me-
dida que em sua sabedoria julgar suíficiente para pôr
termo á taes abusos, recommendando-se de novo aos pre-
sideptes a fiel execução das disposições constitucionaes.
Vossa Magestade Imperial, porem, resolverá o que
fôr mais justo. <
Sala das conferências, em 22 de Abril de 1863.—
Visconde de Jequitinhonha.— Visconde de Itaborahy.
— Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 26 de Julho de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

{*) Aviso circular n.° 320 de 16 de Julho de 1863, na collecção das


leis.
Submettidá á consideração da assembléa geral legislativa. Aviso
da mesma data.
— 381 —
N. 733.—RESOLUÇÃO DE 26 DE JUNHO DE 1863.
Sobre as leis provinciaes do Rio Grande do Sul do anno de 1862.
Senhor.—Por aviso de 2 de Março ultimo mandou
Vossa Magestade Imperial que a secção de fazenda do
conselho de estado consulte com o seu parecer sobre
os actos legislativos da assembléa provincial de S. Pedro
do Rio Grande do Sul, promulgados no anno passado,
constantes do exemplar que acompanhou o officio da
presidência da mesma provincia, no qual expõe os mo-
tivos porque ossanccionára.
Nenhum reparo merecerão os actos legislativos em
questão. Entre elles apenas se encontra a lei de 15 de
Novembro do anno passado que approva o acto da
presidência de 28 de Março que mandou vigorar no
exercicio corrente a lei de orçamento provincial, e o
presidente da provincia nada diz em sua informação
senão que « lhe parece estarem essas leis nos termos
de serem, como forão, sanceionadas; porquanto as des-
pezas decretadas são convenientemente applicadas, e
também convém as demais disposições incluihdo a de
que trata a lei acima citada. »
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 24 de Abril de 1863.—"Fis-
conde de Jequitinhonha.— Visconde de Itaborahy.—
Cândida Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 26 de Junho de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 734.—RESOLUÇÃO DE 26 DE JUNHO DE 1863.


Sobre a incorporação de um banco de descontos sob a denominação
de—Banco de Campos—e approvação de seus estatutos.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
— 382 —
seu parecer sobre o requerimento em que os membros
da commissão nomeada por diversos cidadãos dos
municípios de Campos, S. Fidelis, Macahé e S. João da
Barra,: solicitão autorização para a incorporação de um
Banco de descontos sob a denominação de—Banco de
Campos — e approvação de seus estatutos.
A secção examinou os referidos estatutos, e reco-
nhecendo que elles satisfazem ás regras e condições
estabelecidas no decreto n.° 2711 de 19 de Dezembro
de 1860, é de parecer que o requerimento dos süppli-
cantes está no caso de ser favoravelmente deferido.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 15 de Maio de 1863.—Vis-
conde de Itaborahy.— Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 26 de Junho de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 735.—RESOLUÇÃO DO 1." DE JULHO DE .4863.


Sobre o recurso de José Gabriel Lacerda e Albuquerque, fiel de
armazém da alfândega do Rio de Janeiro, da decisão que o con-
demnou ao pagamento do damno causado pelo cupim em varias
fazendas. .
Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial que á sec-,
ção dé fazenda dé conselho de estado seja presente o
requerimento do fiel do armazém n.° 42 da alfande-fj
ga do Rio de Janeiro José Gabriel Lacerda e Albu
querque, reclamando contra a decisão da mesma al-
fândega que o condemnou ao pagamento da quantia
de 54#790, como indemnização cio damno causado pelo
cupim em varias fazendas.
O relator da secção, ainda convencido dos funda-
mentos em que baSeou o seu voto quando Vossa Ma-

(*) Decreto n..° 3121 de 9 de Julho de 1863. Autoriza a Incorpo-


ração e approva os estatutos de uma sociedade anoriyma sob a
denominação —Banco de Campos.
— 383 —

gestade Imperial, em 21 de Outubro do anno passado,


houve por bem mandar que a secção de fazenda do
conselho de estado consultasse sobre o requerimento
do recorrente, sendo a imperial resolução datada de 27
de Dezembro do mesmo anno, entende o mesmo relator
que não é admissível o recurso do recorrente, porque
se não deu na sentença de que se recorre nenhum ex-
cesso de poder, violação de lei, nem de formulas.
Os peritos em seus laudos não mostrão haver pro-
cedido aos exames necessários de modo a tornar
evidente queda parte do recorrente hão houve mal-
versação, omissão, negligencia, culpa, ou outra qual-
quer causa que nos termos dós regulamentos o faz
responsável pelo damno, ou avaria; o que aliás era
indispensável para evitar no futuro graves abusas, e
prejuízos para a fazenda nacional.
Os conselheiros Visconde de Itaborahy e Cândido
Baptista de Oliveira, fundando-se nas razões que expuze-
rão, quando a secção de fazenda consultou sobre o
requerimento do recorrente, entendera que deve ser
annuliada a decisão, contra que elle reclama.
Vossa Magestade imperial, porém, resolverá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 22 de Abril de 1863.—Vis-
conde de Jequitinhonha.—Visconde de Itaborahy.—Con-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em o 1.' de Julho de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

(*) Expediu-se á directoria geral das rendas publicas do thesouro


nacional o aviso seguinte:
Ministério dos negócios da fazenda. Rio de Janeiro, em 8 de Ju-
lho do 1863.
Communico a V. S. para os fins convenientes, que pela imperial
resolução do 1.° do corrente mez tomada sob parecer da secção de
fazenda do conselho de estado de 22 de Abril próximo findo em re-
curso do fiel do armazém n.° 12 da alfândega do Rio de Janeiro,
José Gabriel Lacerda e Albuquerque; foi annuliada a decisão recor-
rida da mesma alfândega, que condemnou o recorrente ao pagamen-
to da quantia de 540790 como indemnização do damno causado pelo
cupim em varias fazendas depositadas no dito armazém.
Deus guarde a V. S—Marquez de Abrantes.— Sr. conselheiro
director geral interino das rendas publicas.
— 384 —
N. 736.—RESOLUÇÃO DE 15 DE JULHO DE 1863;
Sobre o recurso interposto por Cândido Martins dos Santos Vianna
Júnior, da decisão que lhe negou o direito de haver o producto
das mercadorias, por elle apprehendidas como contrabando.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por des-
pacho do ministério da fazenda de 6 de Novembro do
anno passado, ouvir a secção de fazenda do conselho de
estado sobre o requerimento de Cândido Martins dos
Santos Vianna Júnior, o qual recorrera da decisão do
tribunal do thesouro para o conselho de estado, em as-
sumpto de interesse pessoal, como se vai êxpôr.
O recorrente, sendo primeiro escripturario da alfândega'
de Albuquerque, provincia de Mato Grosso, e na qua-
lidade de ajudante do inspector da mesma, passou a exer-
cer as funcções deste lugar, não havendo ainda inspector
em exercicio rio dia 3 de Maio de 1861.
Neste caracter deu elle providencias para que fosse
visitado o vapor mercante Marquez de Olinda; e por-
que não houvesse ainda nessa alfândega,.installadàno
dia 1.° do referido mez, guárda-mór em exercicio, neífi^
mesmo qualquer outro empregado designado para fazerj
as suas vezes; entendeu o inspector que lhe era licito as-'
sumir as funcções de guarda-mór para. ir pessoalmente
proceder á mencionada visita.
Dirigiu-se elle em conseqüência á bordo do dito vapor,
no dia 19 de Maio do referido anno, e mandando os
guardas, que o acompanharão, descer ás carvoeiras, ahi
encontrarão estes mercadorias, que forão apprehendidas
como contrabando pelo mesmo inspector.
O inspector interino da dita alfândega, Joaquim Piresf
da Silva, a quem coube fazer o processo dessa apprehen-
são,. impondo ao commandante do vapor a multa do regu-
lamento, na importância de 2:497#900, consultou á res-
pectiva thesourariape fazenda, sobre a applicação que
devera ter esta somma, e bem assim o producto liquido
das mercadorias apprehendidas.
Julgando a thesouraria de fazenda, que Cândido Mar-
tins dos Santos Vianna Júnior não podia fazer valer o
sêu direito como apprehensor, em presença de uma deci--.
são do thesouro de 4 de Setembro de 1855, visto exercer
ellé interinamente o lugar de inspector; resolveu que os
referidos valores fossem arrecadados em beneficio da.
fazenda nacional: e sendo levado este negocio ao conheci-
mento do tribunal do thesouro, sustentou este o que deci-
dira a tal respeito a mencionada thesouraria de fazenda.
A secção de fazenda, tendo presentes as razões exposr
-•,385 - _
tas pelo advogado da parte, persuade-se que não são ellas
procedentes contra a decisão que dera, na questão ver-
tente , a thesouraria de fazenda dê Mato Grosso, appro-
vada pelo thesouro: e é por isso a mesma secção de pa-
recer, que não pôde ser attendida a petição de recurso,
noxaso de que se #atá. *
VoSsa Magestade Imperial, porém, resolverá como me-
lhor entender na sua alta sabedoria.
Saia das coníéreneias, em 7 de Abril de 1863.—Cândido
•Baptista de Oliveira.—Visconde de Jequitinhonha.—Vis-
conde de Itaborahy.
RffSOLUÇÃO.
V" <
Como parece. •(*)'
?
Paço, 15 de Julho de 1863,
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 737.—RESOLUÇÃO DE 15 DE JULHO DE 1863.


Sobre o recurso de José da Silva Ramos da decisão que o julgou
obrigado a pagar o imposto de patente dá aguardente do tempo,
em que allega não ter vendido semelhante gênero.
Senhor.—José da Silva Ramos recorre para o conselho
de estado da decisão do tribunal do thesouro, proferida
era 9 de Fevereiro ultimo, que o julgo^obrigado a pagar
o imposto de patente de aguardente, georrespondente a
uni semestre em que o recorrente allega ter desistido de
vender este gênero.
Dos papeis juntos consta : 4 .* que Ramos foi debitado
na recebedoria do Rio de * Janeiro, no exercicio de
4857—58, pelo imposto dê 80 pipas de aguardente para
éonsumo de sua fabrica de licores*,, e que era Agosto de
4857 pagara aparte relativa ao primeiro semestre, fi-
cando em divida a. do segundo, a qual juntamente com
a multa se eleva a 4:580,0000; 2.° que Ramos, apresen-

(*) Ordem n.° 434 de 16 deSetembro de 1863, na colíecção das leis.


C. 49.
- 336 U
tando attestados do trapiche da Ordem e do deposito de
Bemfica de não hayer despachado alli aguardente al-
guma no ultimo semestre daquelle exercicio, requereu
ao thesouro, era 22 de Junho de, 1861, que o fizesse
eliminar do rol dos devedores da fazenda publica.
Sobre esta pretençâP foi ouvida a recebedoria, a qual
informou do modo seguinte :
« Tenho a honra de devolver á directoria geral da conta-
bilidade a inclusa petição de José da Silva Ramqs, que
acompanhou a ordem de 8 .de Julho tio anno passado,
relativamente ao imposto no consumo de aguardente do
exercicio de 1857—58.
Nesse tempo teve o supplicant^íim estabelecimento
de vender aguardente dopaiz, na rua daPrainfoan. 0 75-,
que foi lotado em 80 pipas, cujo imposto do primeiro
semestre se arrecadou em 28 de Agosto dê 1857.
A12 de Dezembro dó mesmo requereu. elle, por pro-
curador, dizendo que tencionava deixar de negociar no
dito gênero do mez seguinte em diante, e reclamando a
indemnização á quese julgava com direito, por não ler
tirado do trapiche da Ordem toda,a aguardente de que
pagara o imposto no primeiro semestre.
Não havendo direito a restituição alguma, mas sim á
exoneração da quota do segundo semestre, ou mesmo de
um quartel, para que assim se julgasse não bastava ai legar
que não tinha aguardente em casa, nem entregar a pa~
tente em 11 de Janeiro , era mister provar que effectiv%-
mente não despachara do trapiche-alguma quantidade
-depois do mez de Dezembro, vista a disposição do art. 13
do regulamento de 12 de Junho de 1845; então,em vigor.
Por isso fiz a exigência constante do despacho de 12 de
Janeiro de 1858.
Longe de dar a prova exigida, o procurador do sup-
plicante declarou no requerimento de 28 desse mez qüe
naopodia prova#que não tivesse sabido* nem houvesse
de sahiraguardente do trapiche em seu nome, embora
a tivesse vendido a outros : em vista do que indeferia
sua petição por despacho da mesma data.
Ficando as cousas nestes termos não devia o suppli-
cante ignorar que estava devendo os impostos do segunflÉ
semestre de 1857—58 e a multa eomminada no ãrL -Í7Má
citado regulamento. . f .,-'
Com tudo, exhibindo agora tiocumentos4com os quaes
prova não ter despachado aguardente para sua casa de
negocio naquelle período, satisfazendo assim, bem que
, tardiamente,?o despacho de 12 de Janeiro de 1858, creio
que o tribunal procederá com justiça exonerando-o da
divida em que se acha.» " •••;• >•
— 387 —

Àpezar de terem dous membros do tribunal, que derão


opinião por escripto, sido favoráveis á preterição do sup-
plicante; foi ella indeferida pelo despacho de que elle
recorre. -
Sem examinar se o requerimento que José da Silva
Ramos apresentou ao thesouro ém 1861, devera ser
considerado como recurso da decisão tomada pela rece-
bedoria em Janeiro de 1858; e se para semelhantes re-
cursos marcava prazo fatal otregularaento de 42 de Junho
de 1845, observará a secção>£e fazenda que as disposições
que devem decidir a questão, de que se trata, são as do
art. 13 do dito^regu]fljnento ; o qual é do theor seguinte:
« A quota daiihpÒTW) procedente da lotação da quan-
tidade déFpipas, uma vez inscripta no lançamento, só
poderá ser reduzida sem fracção, a trimestres inteiros,
nos casos seguintes:
1. Quando a casa, ou taverna, etc. fôr fechado, ou
passar a ser occupada com outro negocio que não seja o
de aguardente, o que se verificará á vista da competente
reclamação. '
2.° Quando deixar de absolutamente vender o dito gê-
nero, o que será examinado, precedendo justificação.
3." Quando não se tiverconsumido a aguardente cor-
respondente á lotação, o que será justificado.
4.° Quando existir mais de metade da quantidade de
pipas por que foi lotada e passar para o seguinte anno,
o que será do mesmo modo justificado.
5.° Quando a casa, taverna, etc. consumir dentro do
anno maior quantidade de aguardente da que foi lotada,
e neste caso: será o respectivo dono obrigado á manifes-
tal-a para pagar o excessãque se reconhecer, e se li-
quidar no semestre,seguinte.
6.° Quanto no decurso tio anno se abrir casa, taverna,
etc, sendo obrigado o respectivo tionoa pagar a quota
do imposto correspondente ao tempo? que faltar para
completar o anno. »'
AüSecção considerando, que o tribunal do thesouro não
declarou os motivos da sua decisão ; e que a palavra
—poderá— empregada no regulamento lhe dava a facul-
dade de reduzir a quota do imposlo, mas não lhe empu-
nha imperativamente o dever defazel-o ;o que, de mais,
a simples elausula —precedendo justificação—lhe dei-
xava o arbítrio de aquilatar o valor da justificação, é de
parecer que, embora a decisão do tribunal possa ser ri-
gorosa, não, está todavia comprehendida em nenhum
dos casos previstes no art. 28 do decreto n.° 2343 de
29 de Janeiro de 1859, e que, portanto, não pôde ser
annullado pelo conselho de estado.
— 388 —
Vossa Magestade Imperial decidirá em sua alta sa-
bedoria o que fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 20 de Abril de 1863.— Vis-
conde de Itaborahy .—Visconde de Jequitinhonha.—
Condido Baptista dé Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


f
Paço, em 15 de Julho de #863.
Com a rubriea de Sua Magesjjdp j ^ .Imperador
Marquez deAbrW, iteé?'

N. 738.—RESOLUÇÃO DE 15 DE JULHO DE 1863.


t

Sobre o requerimento da directoria da Caixa de Economias da ci-


dade da Bahia,pedindo approvação da alteração feita pela assembléa
dos accionistaf, nos arts. 32 e 33 de seus estatutos.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por
aviso de 28 de Maio ultimo, que a secção de fazenda
do conselho de estado consulte com o seu parecer
sobre o requerimento da directoria da Caix§ de Eco-
nomias da cidade da Bahia, pedindo approvação da
alteração que a assembléa geral da mesmÉNgaixa fez
nos arts. 32, e 33 de seus "estatutos apprdvldos por
decreto n." 2540 de 3 de Março d^4860.
A directoria justifica as alterações adoptadas pela
assembléa geraterdos accionistas da caixa pelo modo
seguinte: %*
« O art. 32 exige, como condição indispensável para
exercer o direito dé votar em assembléa geral, ifüe,
e accionista possua livres e desembaraçadas 500 acções
no decurso dos seis mezes anteriores á reunião, e dür
rante suas [sessões, a assembléa deíiberouj|f qi|e o nu-
mero das acções fosse reduzido a 200, flcahdo em
seu inteiro vigor a doutrina do referidõ*ar1ügo.
A razão desta alteração é, porque sendo 0 fim da
caixa offerecer a todas as classes da sociedade meios
fáceis de accumular seus capitães, d|ridMido-se o fundo
. * ' v a . • '» -

(*) Ordem n.« 440 de 18-do Setembro de 1863-;^ collecção das leis.
— 389 —
da companhia em pequenas acções de mil réis (arts.
4.° e 2.°),, a alteração proposta tem por fim alargar
o direito de votar, e consequentemente chamar por
este meio a intervir na ordem e marcha do estabe-
lecimento maior riumero de possuidores de pequenos
capitães accumulados.
O art. 33 eleva a sete o numero dos membros, que
compõem a direcção, a assembléa deliberou, que esse
numero fosse reduzido a cin#o, fieando em tudo o mais
•subsistente o referido art.» 3^3.
A razão desta alteração é, porque a experiência
dos dous ultimps annos tem mostrado, que as attri-
buições do árt.^85p6dem com facilidade ser desem-
penhadasfjSPr um conselho menos numeroso, attentas
as limitações bancarias taxadas no art. 11. »
JNão parecendo á secção de fazenda que resultem in-
convenientes tias indicadas alterações, julga que pôde ser
favoravelmente deferido o requerimento da directoria.
VoSÍsá' Magestade Imperial* porém, decidirá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 18 de Junho de 1863.—Vis-
conde de Itaborahy.—Condido Baptista de Oliveira.—
José Antônio Pimento Bueno.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 15 de Julho de 4863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
-# * « ..'0- Marquez de Abrantes.
• * '

,N. 73*9.—RESOLUÇÃO DE 22 DE JULHO DE 1863.


Sobre o officio da,directoria do novo Banco de Pernambuco em que,
declarando achar-se habilitado para pagar suas notas em ouro,,
solicita $uto|ização para fazer algumas alterações nos seus> es-
tatutos. k
**
Senhor.—Mandou VosSa Magestade Imperial, por aviso
de 43 de Maio ultimo, que a secção de fazenda do con-
í_i *f * '
(*) Decreto n.° 3133 de 31 de Julho del863. Altera as disposições dos
arts. 32 e 33 dos estatutos da Caixa d#Economias da*oidacle da Bahia.
- 390 -
selho de estado consulte com seu parecer sobrea ma-
téria do officio da direcção do novo Banco de Per-^
nambuòo, no qual não se declara que achando-se o
mesmo banco habilitado para realizar o pagamento ou
troco de suas notas em moeda metallica, e effectiva-
mente já o está fazendo, vai elevar a sua emissão até
1.600:000#000; como também expondo que o art. 1.°,
§ 4.°/ da lei n.° 1083 de 22 de Agosto de 1860 e o.art.
5." do decreton.' 2685 de #0 de Novembro do mesmo,
permittindo aos bancos,, que abrirem o troco de taes
notas por moeda metallica, a substituição integral ou par-
cial do valor constitutivo da garantia em titulos por
moeda de ouro,, e a elevação da emissão ao duplo da
quantia, que assim tiverem em caixa, e o banco prefira
este meio para effectuar a emissão dos 400:000$000 que
faltão pára o computo autorizado pelos respectivos e§-
tatutos, solicita a competente alteração nos mesmos es-
tatutos, determinada no arL 5.', paragrapho único, do ci-
tado decreto n.° 2685, tanto a respeito desta parte de
sua emissão, como no todo delia, podendo neste sentido
iro banco fazendo as alterações convenientes á proporção
queaugmente ou diminua ás importâncias dos referidos
titulos.
A secção de fazenda é de parecer que se deve res-
ponder á directoria que o governo fica inteirado de
que o novo Banco de Pernambuco se acha habilitado
para pagar suas notas em ouro ; e que, pelo que toca
á alteração dos estatutos que ella solicita, á assembléa
geral dos respectivos accionistas compete inicial-a e
submettel-a á approvação do governo. t «*
Vossa Magestade Imperial ,%porén% resolverá o que
em sua sabedoria entender mais acertado.
Sala das conferências, em 18 de Junho de 1863.—
Visconde de Itábqurahy.—Cândido Baptista de Oliveira,
—Jesé Antoniofètmenta Bueno.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 22 de Julho.de 4863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador,
Marquez de Abrantes.

(*) Expediu-se á presidência de Pernambuco o aviso seguinte:


Ministério da fazenda^ Ri® de Janeiro*, em 23 de Julho de 1863.
Communico á V. -Ex. para faz£r constar á direcção do novo
Banco de Pernambuco e ao respectivo fiscal vem resposta aos seu»
— 391 —

N. 740.—RESOLUÇÃO DE 42 DE AGOSTO DE 1863.

&obre o recurso de Joaquim Isley Pacheco da decisão que sujeitou


a sua officina de photographia, ao imposto de 20 «/„ do aluguel
da casa onde a tem.

Senhor.—Joaquim Isley Pacheco, cora officina de pho-


tographia sita á rua do Ouvidor, recorre para o con-
selho de estado da decisão do administrador da rece-
bedoria do Rio de Janeiro, confirmada pêlo tribunal
do thesouro, que considerou sujeita a sua officina ao
lançamento do imposto de 20 % do aluguel da casa
onde a tem. ,, »
Esía matéria regula-se pelo ãrt. 2.°| , 2.' do decreto
de 15 de Junho de 1844, que diz:
« Todas as casas que contiverem gêneros expostos á
venda, qualquer que seja a sua qualidade e quantidade,
comprenendendo-se as lojas de todas as fabricas e
oíficinas qüe tiverem expostas á venda quaesquer obras
ou gêneros de sua manufaetura, como ás de entalhador,
escultor, marceneiro, penteeiro, polieiro, tanoeiro e tor-
neiro ; de cutileiro, espingàrdeiro, ferreiro e serralheiro;
de pintor, dourador e gravador; de alfaiate, de sapa-
teiro, colchoeiro e selleiro; de padeiro, sebeiro e outros'
semelhantes. »
No juizo da secção o disposto no decreto que acaba
tie ser transcripto desfaz qualquer duvida que possa
ainda haver sobre a legalidade do lançamento; porqunato
se a officina do pintor, e outras semelhantes são pela
lei sujeitas ao imposto em questão, nem uma razão
pôde ser allegada para que o não seja a «Io photo-
grapho.
Nestes termos, não sendo as decisões de que se re-
corre, contrarias ás leis, não existindéimcompetencia,
excesso depoder, ou preterição tie formulas essenciaès,
é a secção de parecer quê se negue> provimento ao
recurso interposto.

ofiicios do 1.° e 4 de Abril próximo findo, que 0 governo imperial


ficou inteirado de que o mencionado banco se acha habilitado para
pagar suas notas em o u r o ; e que, pelo que toca" á alteração dos
estatutos que aquella, direcção solicita, aj;assembléa geral dos ac-
cionistas do banco compete inicial-a e remettel-a á approvação do
governo.—Deus guarde a> V. E x . —Marquex de Abrantes. — Sr. pre-
sidente da,provincia de Pernambuco. , •<
— 392 —
Vossa jíágeslade Imperial resolverá o que iôf nlus*
justo. ' * .' * *y-'
Sala das conferências, em 25 de Maio de 1863.—José
Antônio Pimenta Bueno.—Cândido Baptista deôlivetrm
—Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.

Como parece: (*)


Paço, 12 de Agosto deláôS. ' (

Com a rubrica de Sua Magestafde o Imperador.


Marquez dé Abrantes.

•#

N. 741.—RESOLUÇÃO DE 12 DE AGOSTO DE 1863.


Sobre o recurso dos negociantes E. A. Burle &C.a da decisão do
thesouro que confirmou a da alfândega de Pernambuco, a respeito,
de uma. partida de pentes, que despacharão na mesma alfândega.
Senhor.—Para o conselho de estado recorrem os nego-
ciantes Ei A. Burle & C.a da decisão do tribunal do the-
souro, quê confirmou a da alfândega de Pernambuco a
despeito de uma partida de pentes dejtartarug», que os
recorrentes despacharão naquelia a^pidega.
O facto çpe deu lugar á questão, é o seguinte: No dia 22
de Maio do anno passado, os süpplicantes puzerão a des-
pacho na alfândega de Pernambuco, entre outros vo-
lumes, a caixa nf0 4328 acompanhada desta nota: « Uma
caixa com trinta dúzias de pentes de tartaruga, peso li-
quido 47 libras.» ,
Procedendo o respectivo feitor á conferência do con-
teúdo da caixa, verificou existirem nella, além de um
caixotedemadeiracontendo trinta dúzias dejpentes de
tarlariíga para trança com o peso liquido de. 13 libras,
mais outras tantas dúzias de caixinhas de papelão, acon-
dicionadas também dentro da caixa grande.
Moveu-se então dujvida sobre o modo de calcular os

H Aviso n. u 429 de 15 de Setembro de 1863, na collecção das leis.


— 393 —
diceitos, que devião pagar ás mercadorias contidas na
caixa ou volume sübmettido a despacho, e !o inspector
da alfândega resolveu que dopeso total de pentes e
caixinhas de papelão se cobrassem 12#000 por libra, e
demais a multa do art. 544 do regulamento de 19 de
Setembro de 1860.
Desta decisão, que aliás foi sustentada pela thesouraria
de fazenda, recorrerão os süpplicantes para o thesouro,
allegando que, na fôrma da taf-ifa, tinhão de pagar di-
reitos dos pentes e das caixinhas separadamente, e não
como se esta fizesse parte integrante daquella merca-
doria.
Tal pretenção foi indeferida por despacho do tribunal
áo thesouro, o qual determinou, outrosim, que a the-
souraria reformasse a sua decisão, e fizesse reformar a
da alfândega, na parte,relativa á multa, que devera será
do art. 553,e não a do 545 do regulamento das alfândegas.
E' deste despacho que os supramencionados negociantes
recordem para o conselho de estado.
A secção de fazenda examinlu accuradamente, os do-
cumentos que se achão juntas ao requerimento do re-
curso, e considerando: 1.°, qüe o art. 140 da tarifa tias
alfândegas impõe.sobre os pentes de tartaruga para
trança os direitos de 12#000 por libra, e que manda
calculal-os pelo peso bruto, quando vierem em cartões,
caixinhas de papelão e outros envoltórios semelhantes;
2.°, que as caixinhas despachadas pelos recorrentes não
forão apresentadas na- alfândega de Pernambuco sob a
fôrma de envoltórios, mas separadas dos pentes, os quaes
vinhão âcondicionados em um caixote de madeira; 3.°,
que o artí 913 da mesma tarifa permitte o despacho das
Caixas de papelãcroe todos os tamanhos, ainda que sejão
separadas e distinctas de outra mercadoria, e que neste
caso pàgão um direito muito menor; e 4.°finalmente,que
o regulamento e a pratica constante dé nossas alfândegas
permitte a importação de' mercadorias differentes nó
mesmo volume; entende chie a decisão recorrida não se
conformou com as regras estabelecidas nos indicados ar-
tigos da tarifa.
Nem serve para apadrinhal-a o allegar-se que é pre-
ciso acautelar e prevenir os artifícios do interesse in-
dividual em opposição e detrimento da fazenda publica;
porquanto nem é artificio fraudulento aquillo que a
lei expressamente permitte; nem sob semelhantes pre-
textos, e muito menos ^ob o de pretender-se que no
despacho dos pentes se àdoptou o arbítrio mais fiscal, é
lícito extorquir das partes maiores contribuições, do que
a lei as obriga a pagar. Tal doutrina daria aos exactores
c. 50.
— 394 —
das rendas publicas o exorbitante direito de alterarem,
como lhes aprouvesse, a quota dos impostos •
A decisão-de que se trata, não tem grande alcance em
si mesma; mas têm-nP os princípios em que se funda;
e os arestos que pôde estabelecer.
Assim, e pelo queficaexpendido, é a secção de parecer
que se dê provimento ao recurso, e se annulle a decisão
recorrida, por dar-sé o caso de violação de lei.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que em
sua sabedoria achar mais acertado.
Sala das sessões, em 27 de Julho de 1863.—Visconde
de Itaborahy.—Cândido Baptista de Oliveira.—José An-
tônio Pimenta Bueno.
RESOLUÇÃO.
Como parece. .(*)
Paço, 12 de Agosto de 4863.
Com a rubrica de Sua,Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 742.—RESOLUÇÃO DE 26 DE AGOSTO DE 1863.


*
Sobre a questão suscitada no thesouro acerca^ do direito reversivo
da pensão do monte-pio ás filhas sobreviventes dos* officiaes de
marinha.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por' aviso
de 18 de Dezembro ultimo, que as secções reunidas de
guerra e marinha, e de fazenda do conselho de estado,
consultem com seu parecer sobre a questão suscitada no
thesouro nacional acerca do djreito reversivo da pensão
do monte-pio ás filhas sobreviventes dos officiaes de
marinha.
Maria do Carmo da Silva Simões percebia repartida-
mente com sua irmã, Joanna Rita da Silva Simões, o
monte-pio de seu pai Damaso Simões, tenente-coronel
graduado da real brigada de marinha, em virtude do

(*) Ordem tu» 383de 20 de Agosto de 1863, na collecção das leis.


— 395 —
aviso de 14 de Outubro de 1819, cabendo a cada uma a
quantia de 1455008 annuaes.
Tendo em 12 de Fevereiro de 1859 .fállecido a irmã
da supplicante, requereu esta ao governo 'de Vossa Ma-
gestade Imperial, com os autos originaés da justificação
processada no juizo da auditoria geral da marinha, que,
nos termos do art. 4.° do plano de 23 de Setembro
de 4795, lhe fosse abonada juntamente com aparte do
monte-pio que já lhe pertencia a outra parte que sua
irrnã cobrara dos cofres nacionaes até o dia anterior ao
em que falleceu. t
Depois de examinada e informada a pretenção da sup-
plicante, e satisfeitas algumas duvidas occorrentes, o
conselheiro director geral da contabilidade do thesouro
nacional deu o seguinte parecer r
«A supplicante habilitou-se regularmente, e solveu
a duvida que tinha occorrido á secção de assentamento,
provando que o posto de seu fállecido pai, era o de
tenente-coronel effectivo.
Não Obstante, não pôde ser attendida era sua pre-
tenção de accumular a quota dp-monte-pio de 12$084
mensaes, que legalmente lhe compele, e está fruindo,
a outra igual que percpbia sua finada irmã D. Joanna
Rita da Silva Simões, porque está litteralmente compre-
hendida na disposição do art. 5.° do plano de 23 de
Setembro de 1795 que não concede sobrevivência de
irmã para irmã, na hypothese dé que o monte-pio tenha
sido gozado, primeiramente pela viuva, revertendo depois
para as filhas, como expressamente o estabelece a ordem
do thesouro de 23 de Janeiro de 1840 n.°10, expedida
em virtude do aviso tio ministério da guerra de 17 do
mesmo mez, o ,qual não é senão o transumpto da reso-
lução de consulta do conselho supremo militar de 15
do referido mez, que declarou ser essa a verdadeira
intelligencia do dito art. 5.°, intelligencia qüe foi de
novo firmada pelo despacho de 11 de Fevereiro passado,
proferido no requerimento de Joaquim Guilherme Leal
de Souza, que riâ qualidade de tutor das menores Rita,
Marianna e Carlota, filhas legitimas "do fállecido 2.° te-
nente dé marinha Antônio Pereira dôs Santos, pretendia
que revertesse em beneficio destas Ires orphãs a quota
pertencente a uma irmã dellas fàllecida, sendo o caso
inteiramente idêntico a este, porque a mãi commum
sobreviveu a seu marido» e adquiriu direito ao res-
pectivo monte-pio.
Por estas razões, pois, e porque, no meu entender
o art'.-4.* do plano trata de hypothese diversa, quero
dizer, a de não ter o official fállecido deixado viuva,
— 396 -
masfilhaspara as quaes passa directamente o monte-pio,
estou de inteiro accôrdo com a informação do chefe da
Secção de assentamento, discordando completamente da
opinião do contador da terceira contadoria, afé porqae'
não julgo admissível que esta directoria possa de noyo
suscitar questão para sustentar opinião contraria á dou-
trina estabelecida por uma resolução de consulta do
conselho supremo militar, por um aviso do ministério
da guerra, por uma ordem do thesouro, e de mais a mais
por arestos formados pelo mesmo thesouro.
•A ser admissível nestas eircumstancias ventilar ques-
tões em casos oceurrentes, não respeitando a jurispru-
dência estabelecida, resultaria disso uma instabilidade
na administração de graves conseqüências.
E por fim observo que o thesouro não é competente
para alterar a intelligencia dada pelo conselho supremo
militar a uma lei que versa sobre objecto de marinha,
e que isso sõ o podem fazer o respectivo ministro, o
conselho supremo militar, e hoje também o conselho
de estado, quando o governo os quer ouvir sobre seme-
lhantes assumptós ; de modo que destes princípios pa-
rece-me ser conseqüência lógica e rigorosa que ó dito
thesouro não pôde, por deliberação sua, alterar a própria
ordem de 23 de Janeiro de 1840, attenta a natureza delia,
e a razão por que foi expedida.
Se grandes razões de conveniência publica exigissem
que se desse intelligencia diversa ao art. 5.° do plano
de 1795, o meio legal de a provocar seria outro; mas
como não se dão essas razões, e é' muitíssimo racional
•e intuitivo O principio em que se baseou a resolução do
conselho supremo militar, a qual demais a mais éfavo-
rável á fazenda sem faltar aos princípios de.justiça e até
de equidade, entendo que convém manter a jurispru-
dência estabelecida pela legislação e arestos que ficarão
acima referidos. »
O conselheiro director geral da tomada de contas do
mesmo thesouro, jsendo também ouvido sobre a pre-
tenção da supplicante, emittiu o parecer seguinte:
« A doutrina da ordem de 23 de Janeiro de 1840, com
referencia á provisão do conselho supremo militar de 15
de Fevereiro daquelle anno, não se harmonisa com os
arts. 4.° e 5.° do plano de 23 de Setembro de 1795, que
aliás me parecem claros e explícitos.
O fundamento da mencionada provisão,para, negar o
direito reversivo da pensão do monte-pio ás filhas sobre-
viventes tios officiaes de marinha, foi o silencio que a
tal respeito guardara o art. 5.° do plano.
O direito, porém, da sobrevivência da pensão de urnas
— 397 —
para as outras filhas ficara firmado absolutamente no
art. 4.°, e por tal modo que fôra supeufluidade estabele-.
cel-o de novo em todas as diversas hypotheSes de que
posteriormente tratou o plano; por quanto diz o art. 4.°:
« Se por morte do contribuinte não ficar viuva, mas sim
filhas donzéllas ou viuvas, por ellas se repartirá igual-
mente o meio soldo de seu pai, e t c , ainda que mudem
de estado com qualquer pessoa que seja, com sobrevi-
vência de umas para as outras.»
Estabelecido assim o direito absoluto, e inteiro das
filhas donzéllas e viuvas a todo o meio soldo de seu pai,
sem até o ônus da continuação do pagamento de um dia
do soldo, o art. 5.° não contém senão uma disposição
accidental e temporária em favor das viuvas, a cuja sorte
cumpria também attender, mas que não invalida/ em
meu fraco pensar, e ainda menos annulla o preceito
absoluto firmado no art. 4.° A intelligencia contraria
consagraria a incoherencia dos autores dó plano, nas
disposições dos dous artigos, em um dos quaes tudo
é concedido ás filhas, não existindo viuva do official
fállecido, e nPutro restringindo a concessão por uma
circumstancia, que aliás"já temporariamente as preju-
dicara.
Abundo, portanto, na opinião doutrinai expendida,,
pelo procurador fiscal; mas entendo também que, no
estado em que se acha a questão, e adstricto como deve
ser, e e, o thesouro á jurisprudência seguida pelos di-
versos ministérios na.solução dos negócios que lhes
competem, não poderá resolver a de que ora se trata,
senão de conformidade com a oçdem de 23 de Janeiro de
1840, expedida em virtude da já citada provisão do con-
selho supremo militar de 15 de Janeiro do dito anno.
Todavia,.em,ordem asolver de uma vez todas as duvidas,
que se têm offerecido, sempre que de questões seme-
lhantes se trata, eera consideração á importância da ma-
téria pelosinteresses tão respeitáveis que ella affecta,
parecia-me de sumraa conveniência que fossem ouvidas
as illustradas secções do conselho de estado que consul-
tão sobre os negócios da guerra e marinha, e fazenda.»
As secções reunidas de guerra e marinha, e fazenda são
de opinião que seja indeferida a pretenção da suppli-
cante, á vista do parecer, acima transcripto,' dó conse-
lheiro director geral da contabilidade, fundado no que
dispõe a provisão do conselho supremo militar de 15 de
Janeiro de 4840, expedida em virtude da resolução im-
perial tomada sobre consulta do mesmo conselho, e
igualmente em cumprimento da ordem do thesouro de
23 de Janeiro do reierido anno.
- 398 —
Accresce que uma pretenção idêntica já foi indeferida,
como se vê dos papçis ánnexos a esta consulta, a res-
peito das filhas orphãs de um official da armada; e de-
mais a léi de 4.4 de Setembro de 4827 declara—que a lei,
que actualmente regula o monte-pio da?marinha, não
concede ás irmãs dos contribuintes a sobrevivência de
umas para outras.
•'• ,0 conselheiro Visconde de Jequitinhonha concorda com
o parecer da maioria das secções reunidas, sé se trata
unicamente de appliear a jurisprudência administrativa
seguida; mas se se pretende fixar uma regra* attenta a
discordância que-ha entre os arts. 4.° e 5.° do plano
de 23 de Setembro de 1795, que são claros e explícitos,
como mui bem expôz o conselheiro director geral da
tomada de contas no seu parecer acima transcripto, e a
doutrina estabelecida pela ordem do thesouro de 23 de
Janeiro de 1840, entende que fixada essa regra, que
abranja todos os casos semelhantes, deve ser a suppli-
cante deferida. E como a lei de 14 de Setembro de 1827
parece ter interpretado aquellas disposições vigentes,
sem, no juizo do mesmo conselheiro, tomar em consi-
deração todas as hypótheses, que podem oceorrer, o que
aliás lhe parece dignp de consideração em uma matéria,
em que a equidade e nãoa justiça estricta deve resolver,
seria para desejar que este objecto fosse decidido pelo
corpo legislativo.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que era
sua alta sabedoria julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 18 de Março de 1863.—João
Paulo dos Santos Barreto..'*- Visconde de Abaeté.—Miguel
de Souza Mello e Alvim.—Visconde de Itaborahy .—Cân-
dido Baptista de Oliveira.— Visconde de Jequitinhonha,

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

•-<Paço, em 26 de Agosto de 1863,

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador»

Marquez de Abrantes. l-

{*) Aviso n.» 412 de 2 de Setembro de 1863, na coHecçã© das leis.


) . .
— 399 —
N. 743.—RESOLUÇÃO DE 26 DE AGOSTO DE 1863.
Sobre o requerimento dos agentes da companhia—London and Bra-
silian Bank— pedindo autorização para crear agendás^na capital
da, Bahia, e nas" cidades de Santos e do Rio Grande.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado consulte Cora
o seu parecer sobre os três requerimentos nos quaes
John Saunders, na qualidade de procurador bastante
da companhia anonyma estabelecida nesta corte sob o
titulo —London and Brasilian Bank— pede autorização
para poder crear uma caixa filial epgencia da mesma
companhia na capital da provincia "tia Bahia, outra na
cidade de Santos, provincia de S. Paulo, e outra na
cidade do Rio Grande, provincia de S. Pedro, ficando
as ditas caixas e agencias sujeitas aos estatutos appro-
vados pelo governo imperial no decreto n.° 2969 de 2
de Outubro do anno passado.
A' secção parece qüe se pôde deferir aos süpplicantes
nos mesmos termos em que lhes foi feita a concessão,
de crearem a caixa filial da provincia de Pernambuco.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 4 de Agosto de 1863.—
Visconde de Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.
—José Antônio Pimenta Bueno. ;

RESOLUÇÃO.

Como parece .X)


Rio, 26 de Agosto de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Marquez de Abrantes.

( •) Decreto n.° 3148 de 3 de Setembro de 1863. Autoriza a com-


panhia —London and Brasilian Bank—para estabelecer caixas filiaes
e agencias da mesma companhia na capital 8a provincia da Bahia,
e nas cidades de Santos e do Rio Grande.
"V 400 —
N. 744.-RESOLUÇÃO DÉ .#6 DE AGOSTO DE 1.863,
Soblpe ooffieio do presidente da direcção do Banco Rural e Hypo-
thecario aíÉ$s^»ito da interpretação do aviso de 18de Julho de 1861,
relativamente á reeleição dos supplentes dos diretores dos bancos.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção^de fazenda do conselho de estado consulte com
ó seu parecer sobre o officio do presidente da direcção
do Banco Rural e Hypothecario de 16 de Julho ultimo,
pedindo ;solução da questão suscitada na assembléa
geral dos accionistas do mesmo báncõ contra á interpre-
tação que se tem dado ao aviso de 18 de Julho de 1861.
: Se a interprelaçfb que se tem dado ao aviso de 18
de Julho de 1861, consiste era considerar inhibidoS de
serem reeleitos os supplentes que, na fôrma dos es-
tatutos daquelle banco, deverem ser substituidos an-
nualmente, essa interpretação parece genuína, e con-
forme a doutrina da resolução de consulta de 47 do
mesmo mez, e nem, no conceito/da Seeção>de fazenda,
ha motivo que exija ou justifique outra deliberação.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais acertado. * • n••'
Sala das conferências, em 4 de Agosto de 1863.—Vis-
conde de Itaborahy.— Cândido Baptista de Oliveira,—
José Antônio Pimenta Bueno.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*) >
Paço,em 26 de,Agosto de 4863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N". 745.—RESOLUÇÃO DE 2 DE SETEMBRO DE. 4863.


Sobre o recurso de Henrique Dumont e outros, arrematantes das
fazendas do vinculo de Jaguára, da decisão do thesouro, que mandou
accumular ao valor das letras passadas para pagamento da mesma
arrematação os juros de 6 °/0.
Senhor.—Henrique Dumont e outros ' arrematantes
das fazendas do vm eu Io dé Jaguára, na provincia de
_ i ' - ^ — . — 5 - '. : , ——,
(*) Avisou.» 419 de 5"de Setembro de 1863, na collecçãoídas leis.
— 401:%-. :
Minas Geraes, recorrerão'; pára o conselho de estado, da
decisão do thesouro, qüe êm gráo de .recu»rsj|mandou
accumular ao valor das letras passadas peírao ofBa^a-
mento daquella arrematação> os juros de» 6 /.;,*
ExaminandO|OS fundamentos do recurso* a»c§ão de
fazenda viu o art. 42 § 4.° da lei n.° 1114 de 27 de
Setembro de 1860, o decreto n.? 2941 de 27 de Junho
de 1.862, que se refere alei de 43 de Novembró^de 1827,
a qual em seu art. 1.° autoriza as convenientes esti-
pulâções das arrematações, e emfim o art. 5." das ins-
trucções de 23 de Julho de 1862 que diz o seguinte:
«Art. 5.° Ao preço da arremàtaçãó se accumulará òs
juros de 6 °/0 pelo tempo da demora do pagamento de
cada letra, na forma da lei de 13 de t|ovembro de'1827.»
Observa mais o que expõe o procurador flscal*em seu
parecer de 7 de Maio ultimo quando diz: « No acto
cia arrematação das fazendas do extincto vinculo de
Jaguára forão-lhes presentes todas as condições da
mesma arr|matação, entre ellas a do pagamento dos
juros paráios, compradores a prazo. »
ConsequêiíteHtente a sehção entende que os funda-,
mentes do rècursómão procedem, porquanto a decisão
do thesouro não contraria as leis,' nem pecca por ih-^
competenèiafjíxfcésso de poder, ou preterição de for-
mulas essenciaès, uniCos casos em que deveria ter pro-
vimento.
Parece, portanto, á secção que elle não está no caso
de ser attendido. ,
Vossa Magestade Imperial, porém, determinará o que
fôr mais justo.
Sala das sessões, em 27 de Julho de 1863.—José An-
tônio Pimenta Bueno,—Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de> Oliveira.

RESOLUÇÃO.

1
Como parece. (*)
Paço, em 2 de Setembro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

[*) Ordem n.° 438 de 17 de Setembro de 1863, na collecção das leis.


c. 51.
- 402 —

N. 746. -RESOLUÇÃO DE 2 DE SETEMBRO DE 1863.


f
Sobre aduyida — se um empregado das alfândegas pronunciado por
crime commum afiançavel pode ou não exercer as funcções do
respectivo emprego. •

Senhor. —Um empregado da alfândega de Paranaguá


foi pronunciado pelo juáz- municipal por estellionato;
sendo o crime inafiançável o inspector da alfândega
declarou-o suspenso.
O aceusado porém recorreu ao juiz de direito, que,
declarando o crime arguido tentativa de estellionato,
tornou o crime afiançavel, ede facto o réo afiançou-se.
Então requereu j^ao inspector, que visto não ser o
crime de responsabilidade, nem inafiançável, deveriasej?
cassada a suspensão, e voltar elle ao exercicio de seu
emprego. -'
O inspector affectou a questão ao inspector da the-
souraria, que, depois de alguma hesitação, declarou
que, não obstante ser o crime afiançavel, deveria, con-
tinuar a suspensão, e deu conta de tudo ao thesouro.
Ahi a secção da 4." sub-directoria das rendas pu-
blicas fez a seguinte exposição : « O inspector da the-
souraria de fazenda do Paraná communica no incluso
officio n.° 60 de 28 de Junho ultimo que, tendo o ins-
pector da alfândega de Paranaguá suspendido o 2.° es-
cripturario Pelix Bento Vianna, por lhe hávelâ partici-
pado o juiz municipal do termo que esse empregado
se achava pronunciado por crime inafiançável, o mesmo
inspector consultara se, havendo sido julgado, pelo
piz de' direito, afiançavel o crime que deu lugar á
pronuncia, deveria continuar suspenso o dito escrip*
lurario; e que, tendo consultado o procurado fiscal
a semelhante respeito, se decidira em junta, de ac-
côrdo com o parecer daquelle, que deveria cessar a
suspensão, o que motivou a expedição de uma ordem
nesse sentido.
Reclamando, porém , o inspector da- alfândega so-
bre semelhante decisão, diz a thesouraria que sujeitou
a mesma consulta a um novo estudo, e que, reconhe-
cendo quê a disposição do § 5,.° do citado art. 98 do re-
gulamento se encontrava com a do art. 293 do regu-
lamento osde 31 de Janeiro de 1842, explicado pelos
avisos n. 99 de-8 de Agosto de 1846, do ministério da
fazenda, e 201 de 3. de Novembro de 1854, do da
justiça, se convenceu reformar por outra a ordem ex-
pedida á alfândega, para o fim de continuar sujeito à'
suspensão o empregado em questão, e remettendo
— 403 — ;

as copias de lodo ,o expediente relativo á matéria, sub-


mette a sua decisão á apreciação do governo?
Examinando esta secção,todos os papeis concernentes
ao assumpto, de que dá conta a thesouraria, pensa
que bem andou ella reformando a sua própria de-
cisão, que considerou livre da suspensão o empre-
gado pronunciado pelo facto de ser julgado pelo juizo de
direito afiançavel o seu crime; porquanto, em face do art.
293 do regulamento n.°120 de 34 de Janeiro de 1842, que
não deixa arbítrio algum, e què expressamente deter-
mina que, decretada a pronuncia (em qualquer delicio)
fica o pronunciado sujeito á suspensão dos seus di-
reitos políticos e conseguihtemente do seu emprego, as-
sim se deveria proceder conservando suspenso o 2." es-
cripturario Vianna, não obstante não estar'expressa-
mente declarada essa circumstancia em nenhuma das
hypotheses do art. 98 do regulamento das alfândegas,
que por nenhum modo fez caducar o art. 293 daquelle
outro regulamento, tão claramente explicado pelos avi-
sos n.08 79 de 8 de Agosto de 1846, do ministério da
fazenda, e 201 de 3 de Novembro de 1854, do da justiça.
Assim informada pela secção a decisão tomada pela
thesouraria de fazenda do Paraná, resta-lhe declarar
que, envolvendo a pretenção do empregado de que sê
trata, e que deu origem a esta questão, interpretação
da legislaçãofiscale criminal, melhor cabe ao juizo com-
petente resolvel-a como fôr de justiça. »
A directoria geral do contencioso deu sobre a ma-
téria o seguinte parecer em 26 de Agosto de 1862: «A
doutrina de direito consagrada no art. 165 § 2.° tio có-
digo do processo criminal e art. 293 do regulamento
de 31 de Janeiro de 1842 é reproduzida nos avisos
n.° 79 de 8 de Agosto de 1846 e n.° 201 de 3 de Novem-
bro de 1854, é que a pronuncia (em crime inafiançá-
vel ou não) suspende o exercicio de todas as funcções
publicas.
Assim, pois, parece-me que deve ser approvado o
acto da thesouraria do Paraná, pelo qual, revogando a
ordem n.° 71 por ella expedida em 11 de Junho,ultimo,
decidiu gue'devia continuar a suspensão do 2.° es-
cripturario dá alfândega de Paranaguá Felix Bento
Vianna, não obstante ter sido pelo juiz 'de direito jul-
gado afiançavel o crime em que fôra pronunciado.
Invocando-se os princípios da boa hermenêutica, pa-
rece-me que a disposição do art. 98 § 5.° do regula-
mento de 19 de Setembro de 1860, que entre o caso
de suspensão dos empregados das alfândegas enumera
o da pronuncia em crime inafiançável,não exclue nem.de-
— 404 —

roga a regra geral e absoluta que comecei por enun-


ciar, e que se acha firmada e aceita como a expressão
de um axioma de jurisprudência criminal, salvo se
éntender-se que aquelle art. 98 §,5,° consagra uma ex-
cepçao dictada pelas conveniências da fiscahsação e em
prol da natureza especial do emprego.; »
..... Sobre esse parecer foi proferido o despacho do theor
seguinte: « Approve-se o proctdimento do inspector, e
expeça-se ordem para que informe sobre o processo e
suas eircumstancias. »
Entretanto, com a data de 29 de Agosto encontra-se o
seguinte parecer da mesma directoria geral do conten-
cioso, firmado pelo mesmo procurador fiscal, mas em
sentido contrario ao primeiro parecer: « As ordens
n.° 79 de 8 de Agosto de 1846 e n.° 201 de 3 de No-
vembro de 1854, a primeira expedida pelo ministério
da fazenda e a segunda pelo da justiça, consagráo a
doutrina que a pronuncia em crime commum (afian-
çavel ou não) suspende o exercicio dos direitos polí-
ticos, e inhibe por conseqüência, ipso jure, o funecio-
nario publico, de qualquer condição, de exercer as
funcções de seu emprego. .
" Mas a ordem do ministério tia fazenda de 13 de
Dezembro de 1849, n.° 83, declara que o art. 465 do
têodigo do processo criminal, relativo á pronuncia por
delictos de responsabilidade, não é geral mente extensivo
á que é decretada por outros quaesquer delictos, e que
a respeito dos empregados só lhes impede o exercicio
quando os obriga á prisão, e o delicto é inafiançável.
Em harmonia com estes prinéipios, a ordem n,° 93
de 15 de. Outubro de 1852, também do thesouro, es-
tabeleceu quê a pronuncia por crime individual não é
motivo suíficiente para se negar aposentadoria a um
empregado, devendp-se-lhe, portanto, abonar o orde-
nado durante a mesma pronuncia.
Estas disposições, de data posterior á ordem n,° 79
de 8 de Agosto de 1846, assentão nPm principio de\
conveniência publica, e são a expressão do ultimo es-
tado da jurisprudência do thesouro sobre a matéria
i|ue faz objecto tia decisão da thesouraria do Paraná,
constante dos papeis juntos.
A these firmada na, ordem de 1846 pelo ministro da
fazenda de então é que aquelle que exerce funcções
publicas exerce direitos poíilieos. Esta opinião, aliás
contestada, soffre excepçao na nossa mesma legislação
actual, que permitte sejão admittidos nas repartições
publicas, na qualidade de praticantes,; menores de 21
annos, não emancipados por qualquer outro titulo.
— 405 —
E a ordem cilada de 1849, modificando o absoluto
daquella these, sujeita o empregado á~ suspensão do
exercicio das funcções do emprego somente quando
é pronunciado em crime inafiançável, que o sujeita á
prisão.
Idêntica disposição se contém no art. 98 § 5.° do
regulamento de 19 de Setembro de 1860, disposição
que, a prevalecer a opinião de que o exercicio de funcções
publicas é um direito político,; conslitue uma excepçao
ao art. 293 do regulamento de 31 de Janeiro de 1842,
dictada pelo interesse da íiscalisação, attenta a natu-
reza especial dos empregos de alfândega.
Em vista do que deixo ponderado, parece-me que
deve ser revogado o actó da thesouraria do Paraná,
pelo qual decidju que devia continuar a suspensão
do 2.° escripturario da alfândega de Paranaguá,Felix
Bento Vianna, não obstante ter sido julgado afiançavel
o crime em que fôra pronunciado, determinando-se-lhe
que «reforme a sua decisão no sentido da ordem que
expediu á alfândega sob n.° 71 de 11 de Junho ul-
timo. »
Sobre todos, estes papeis apparece o seguinte trabalho
da directoria geral de contabilidade em 9 de Janeiro
do anno corrente: « A doutrina seguida nos casos da
natureza daquelle de que se trata (do empregado pi*
blico pronunciado por crime commum afiançavel) é
a constante do primeiro parecer do procurador fis-
cal de 26 de Agosto passado e approvado pelo des-
pacho de 29 do mesmo mez, porque tal é a intelli-
gencia dada ao art. 293 do regulamento de 31 de,Ja-
neiro de 1842,, apezar de que outra se seguia antes
delle, como se vê pela ordem do thesouro de 8 de
Agosto de 1846 n.° 79.
Existem com effeito as duas ordens do thesouro,
não impressas, de 13 de Dezembro de 1849 n.u 83, e
15 de Outubro de 1852 n.° 93, que servirão de base
ao segundo parecer do mesmo procurador fiscal, as
quaes contrarião a dita doutrina consagrada na legis-
lação citada, revivendo a da ordem dé 30, de Setembro
dea 4834, mas ahi está o aviso de 3 de Novembro de 4854,
n. 201, do ministério da justiça, o qual por ser de
data posterior às duas referidas ordens n . " 83 e 93
expressamente as revoga, uma vez que declara — que
a doutrina do § 2.° do art. 293 do regulamento de 31
de Janeiro é tão expressa e absoluta que não admitte
distincção. alguma, sendo que, por conseqüência, é
obvio que o funccionario publico de qualquer condição
que seja lica, ipso jure, inhibido de exercer as funcções
— 406 —

de seu emprego, logo que pela pronuncia está indiciado


em crime commum ou de responsabilidade, ou se livre
solto ou preso.
Em assumpto desta natureza não podem haver duas
jurisprudências diversas, uma do ministério dâ fa-
zenda e outra do tia justiça, e isto parece-me evi-
dente.
Qual das duas, pois, é a verdadeira? A consagrada nas
ordens do thesouro de 9 de Junho de 1838 n.° 76, e de
7 de Março é 8 de Agosto de 1846 n.oS 22 e 79, e no
dito aviso da justiça de 3 de Novembro de 1854 n.° 201,
ou as das ordens do mesmo thesouro n.°*83e93 de 13
de Dezembro de 1849 e 15 de Outubro de 1852, que nem
sequer fallárão nas anteriores,?
E' um ponto importante que convém previamente
decidir.
A doutrina consignada no § 5.° do art. 98 do regula-
mento tie 19 de Setembro de ,1860, parece com elíeito!
exceptuar o caso de pronunciapor crime commum, sendo
afiançavel, e sustentara opinião do segundo parecer: não
posso, porém, entender outra cousa senão que ha ahi uma
lacuna, e não que seja uma excepçao^ diclada pelas
conveniências da fiscalisação; porque, além de existirem
as mesmas razões para que esse principio fosse applicavel
^todos os funccionarios públicos, e quanto a alguns, é
em diversas hypotheses, ainda por mais forte razão,
accresce que applicado unicamente aos empregados
das alfândegas consagraria uma injustiça manifesta,
no meu modo de entender, uma vez que muitos outros
funccionarios ficão sujeitos á doutrina do art. 293 do
regulamento de 31 de Janeiro de 1842, explicado como
o foi pelo aviso da justiça acima citado; o qüe é uma
razão mais para que se fixe a verdadeira intelligencia
do referido artigo. »
Então forãó mandadas ouvir as secções reunidas de jus-
tiça e fazenda do conselho de estado.
A hesitação que se nota nestes pareceres, e actos dos
empregados, nasce das antinomias dos regulamentos*e
decisões do governo, para o que até certo ponto concorreu
o serem as decisões tomadas por duas repartições diffe-
rentes. Em verdade, tratando-se de fixar quaes devião
ser os effeitos da pronuncia nos crimes commüns, era
mais razoável que pela repartição da justiça se delibe-
rasse; a fazenda porém interveio mais de uma vez. Parece
conveniente que isso se não repita, pelos inconvenientes
óbvios que dahi resultão. Passando á questão em si,
as secções pedem licença para expor suecinlamente o
que ha de dispositivo a semelhante respeito.
— 407 -

O código do processo no tit. 3;°, cap. 5.°, que trata


dos crimes de Responsabilidade, diz no art. 265: « Os
effeitos da pronuncia são:.. 2.° Ficar suspenso do exer-
cício de todas as funcções publicas. »
Eapezar de que o código contenha muitas vezes dispo-
sições geraes em capítulos especiaes, comtudo da collo-
cação desse artigo deduzirão muitos que elle apenas se
referiu aos crimes de responsabilidade; assim foi que o
aviso de 30 de Setembro de 1834 declarou que só por
crime de responsabilidade tem lugar a suspensão do
empregado publico.
Veio a lei de 3 de Dezembro de 1841 , e muito pelo con-
trario no cap. 12 que trata das—Disposições geraes—
disse no art. 94: « A pronuncia não suspende o exercicio
dos direitos políticos, senão depois de sustentada
competentemente. » Ora , esta proposição é igual e
pôde converter-se no seguinte: A pronuncia depois de
sustentada competentemente suspende o exercicio dos
direitos políticos.
Firmado certamente nesta disposição legislativa o
regulamento de 31 de Janeiro de 1842 disse no art. 293 que
os pronunciados ficão sujeitos :....2.° A'suspensão do
exercicio dos'tiireitps políticos.
E' por isso que o próprio ministério da fazenda, no
aviso de 8 de Agostp de 1846, publicado entre as decisõeã
tio governo desse anno sob n.° 79, diz : « E' certo quo
houve tempo em que se entendeu que, segundo o nosso
moderno direito criminal, a pronuncia em delictos não
com pretendidos na classe de responsabilidade, não pro-
duzia a suspensão do pronunciado nos ofiicios públicos,
que este exercesse, e nesta conformidade forão profe-
ridas algumas decisões do governo, como o aviso
de 30 de Setembro de 1834, e o de 27 de Julho de 1835, e
talvez outros; porém esta interpretação caducou inteira-
mente á face do art. 293 do-regulamento de 31 de Janeiro
de 1842, que não deixa arbítrio algum, e queexpressa-
mente determina que decretada a pronuncia (em qualquer
deficto) fica o pronunciado sujeito á suspensão do
exercicio dos direitos políticos. E se é indisputável por
um lado, que aquelle que serve ura emprego publico
exerce direitos políticos.-....»
Estava com effeito, ho entender das secções, firmada
uma nova jurisprudência. Já não vigorava a intelligencia
dada ao código do processo por terem attendido somente
á callocação do seu art. 265, sem terem advertido quê
em nenhum outro tinha elle marcado os effeitos da
pronuncia nos crimes comrauns; a lei subsequente
de 3 de Dezembro de 1811 firmava a regra geral para
— 408 —
todas as pronúncias depois dê sustentadas; o regula-
mento de 31 de Janeiro de 1842 repetiu o preceito, e o
aviso citado limitou-se a reconhecer o facto. E foi elle
ainda novamente sustentado de um modo terminanle
pelo aviso* de 3 de Novembro de 1854 n." 201 das deci-
sões do governo. « Tendo sido presente a Sua Magestade
o Imperador o oíficio do presidente do Pará, datadotie20
de Novembro de 1851, ao qual acompanhou, por copia„
o do juiz de direito da comarca do Amazonas, ora per-
tencente a essa província, pedindo ser esclarecido sobre
a duvida em que se achava, de dever ou não ser suspenso
deseuempregoofünccionariopublico, que tiver prestado
fiança por crime commum, e sendo ouvido alalrespeitoo
conselheiro procurador da coroa, de conformidade com
o parecer deste, manda o mesmo Augusto Senhor de-
clarar a V. Ex., que é tão expresso e absoluto o § 2. do
art. 293 do regulamento de 31 de Janeiro de 1842, que
não admitte distincção alguma, sendo que, por conse-
qüência, é obvio que o funccionario publico de qualquer
condição que seja fica, ipso jure, inhibido de exercer
as funcções de seu emprego, logo que, pela pronuncia,
está indiciado em crime commum "ou de responsabi-
lidade, ou se livre solto ou preso. O que V Ex. fará
constar a quem convier. »
Se outras disposições da repartição de fazenda pa-
recem discordantes, ás secções attribuem antes á menos
exacta informação ou apreciação do que á deliberação
de alterar a jurisprudência recebida, maxime quando
essas deliberações até não forão impressas entre as
decisões do governo, nem mesmo fallão nas ordens an-
teriores , como bem pondera o conselheiro director
geral da contabilidade.
O que, porém, complica a questão é o regulamento
de 19 de Setembro de 1860 art. 98 § 5.°, quando diz
que « A suspensão dos empregados das alfândegas e
mesas de rendas terá lugar: 5.° Estando pronun-
ciados por crime inafiançável, ou de furto e falsidade,
ou presos por outro qualquer crime ou delicto......
7.° Estando pronunciados por crime de responsabi-
lidade. »
Estas disposições são claras, e, ou quizerão estabe-
lecer uma excepçao em favor desses empregados, ou
alterar a legislação existente,,quanto aos effeitos da pro-
nuncia nos crimes communs, ou exprimirão um equi-
voco sobre a jurisprudência recebida.
A primeira hypothese não parece provável: 1.° porque
não ha, ou não occorre ao menos ás secções, um motivo
bastante forte para explicar essa excepçao feita só para
— 409-^
essas duas classes de empregados; 2.° porque*ê para
as seCções duvidoso se a autorização, para reformar os
regulamentos fiscaes pôde estender-se até a regular os
effeitos da pronuncia em crimes comrauns.
A segunda hypothese também parece inadmissível,
porque a incompetência do meio seria então evidente;
a tanto não chegavão as attribuições tio executivo, nem
seria possível que, em um regulamento para as alfân-
degas,-se propuzesse o governo'a estabelecer novas
rtfgras sobre os effeitos da pronuncia.
Resta a terceira hypothese, que as secções entendem
ser a verdadeira, e neste caso que o mais regular seria
declara-se por um decreto, ou, o quê vale o mesmo,
uma resolução de consulta, que os empregados das
alfândegas continuão, quanto á suspensão como effeito
da pronuncia nos crimes comrauns, sujeitos ás mesmas
regras, que todos os outros empregados públicos, não
obstante as disposições citadas do regulamento.
Se se tratasse de estabelecer direito novo, ou legislar
sobre os effeitos da pronuncia com relação aos em-
pregados do poder administrativo, seria talvez conve-
niente garantil-íOS um pouco mais contra os actos do
poder judiciário; mas não é disto que agora se trata,
e sim de conhecer o nosso direito actual, e por isso
limitão-se as secções ao exposto, que submettem res-
peitosamente á alta consideração de Vossa, Magestade
Imperial.
Sala das sessões, em o 1.° de Agosto de \8&3.—Eitzebio
de Queiroz: Coutinho Mattoso Gamara.—Visconde do
Uruguay.— Visconde de Maranguape.— Visconde de
Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.—José An-
tônio Pimenta Bueno.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 2 de Setembro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Marquez de Abrantes.

(*) Circular n.° 443 de 23 de Setembro de 1863, na collecção daa


leis.
e. 52.
* — 410 —
N. tit.—RESOLUÇÃO DE 30 DE SETEMBRO DE 1863.
Sobre o requerimento em que a sociedade—London and Brasilian
Bank —pede para elevar o fundo capital da mesma companhia.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
o seu parecer sobre o requerimento em que John Saun-
ders, na qualidade de representante e bastante proi
curador da sociedade anonyma-r-London and Brasilian
Bank —que funcciona nesta corte como banco de de-
pósitos e descontos, pede para ser elevado o capital
da mesma sociedade, de £ 1.000.000 a £ 1.500.000, de-
vendo ser o augmento do'capital dividido em cinco
mil acções novas de £ 400 cada uma.
... A secção. não vê motivos que se opponhão á eleva-
ção do capital do—London and Brasilian Bank—, e en-
tende por isso que a pretenção do "supplicante pôde
ser favoravelmente deferida; mas Vossa Magestade Im-
perial resolverá o que fôr mais acertada.
Saladas conferências, em 46 de Setembro de 1863.—
Visconde de itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 30 de Setembro de 4863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 748.—RESOLUÇÃO DE 44 DE OUTUBRO DE 1863.


Sobre o recurso interposto por Manoel José Fernandes Couto da
decisão do 'thesouro, acerca da arrematação qne fizera na alfân-
dega do Rio de Janeiro, de uns fardos com feno.
Senhor.-r-Mandou Vossa Magestade Imperial, por des»
pachodeU de Junho ultimo, que a secção de fazenda

_ P n S e Í Í ? a n R ° n ^ de ,? d< í <*utíbrode 1863. Permitte á sociedade


—London and Brasilian Bank T- elevar o seu capital a £ 1.300.000.
— 411 —
•do conselho de estado tornasse conhecimento dorecurso s
interposto por Manoel José Fernandes Couto da de-í
cisão do tribunal do thesouro nacional, acerca da arre-
matação por elle feita, na alfândega do Rio de Janeiro
no dia 13 de Fevereiro de 1856, de 576 fardos de feno,
cuja livre entrega lhe fôra recusada pelo administrador
do trapiche alfandegado, em que se achava depositada
essa mercadoria.
A secção do conselho de estado, havendo examinado
os papeis relativos á este objecto, verificou, que a
parte recorrera da decisão do tribunal do thesouro
somente três mezes depois quê ella teve lugar, a saber,
de Dezembro do anno próximo findo a Abril do cor-
rente anno; achándo-se portanto a secção inhibida de
dar o seu parecer á tal respeito, visto que, segundo
o disposto no art. 39 do decreto de 5 de Fevereiro
de 1842, considera-se perempto o recurso interposto
depois do termo de dez dias.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar mais justo.
Sala das conferências, em 16-de Setembro dé 1863.—
Cândido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 14 de Setembro de 4863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes. ."

N. 749.—CONSULTA DE 26 DE NOVEMBRO DE 1863.


Sobre o requerimento em que a directoria do Banco Rural e Hy-
pothecario do Rio de Janeiro pede que se lhe conceda a facul-
dade de incorporar uma sociedade de seguros mútuos sobre
vidas.
Senhor.---Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 13 do corrente mez, que as secções reunidas do im-
pério e fazenda do conselho de estado consultem sobre a
matéria do requerimento em que a directoria do Banco
Rural e Hypothecario do Rio de Janeiro pede que se lhe
conceda a faculdade de incorporar uma sociedade dP
seguros mútuos sobre vidas.
* — 412 — *

Nesse requerimento a directoria, declarando-se compe-


tentemente autorizada pela assembléa geral dos accio-
nistas daquelle banco, pede que se addite ao art. 49 dos
seus estatutos o seguinte : .
« § 10. Terá a faculdade de incorporar uma sociedade
de seguros mútuos sobre vidas, para o caso único de
sobrevivência, de conformidade com o regulamento, que
neste intuito houver de ser approvado pelo governo im-
perial.
A sociedade assim incorporada e creada junto ao
mesmo banco* terá por fim. facilitar a todas as pessoas
que a ella quizerem pertencer, sem dislincção de classe,
a formação de capitães, e a instituição de dotes e pensões
á custa das sommas provenientes das seguintes verbas,
que serão todas convertidas opportuna_ e exclusivamente
em apólices da divida publica nacional, de juro de 6 °/o
ao anno; a saber: i." capital das entradas com que con-
tribuírem os subscriptores ou seguradores; 2.° juro com-
posta que estas realizarem ; 3.° a parte respectiva nas
caducidades ou vacaturas que se derem; 4.°a parte res-
pectiva nos capitães e lucros dos fallecidos.
. Todas estas operações correráõ por conta dos pró-
prios segurados e pensionistas, constituídos em mutuali-
dade, e de nenhum modo poderão affectar directa ou in-
directamehte o capital do banco, o qual servirá apenas
de gerente e distribuidor dos capitães que lhe forem con-
fiados, para os fins tia instituição, e pelos quaes, com
tudo se responsabilisa do mesmo modo, porque é respon-
sável por todas as sommas, que entrão em seus cofres
em. deposito simples ou de juro. »
Esta proposta está concebida de modo tão incompleto,
tão vago e obscuro, que não pôde prestar-se a um exame
consciencioso; e porque o banco, ou antes as pessoas
que constituem a sua administração, não precisão de au-
torização para formular e submelter á approvação do
governo imperial o regulamento da associação que pre-f
tendem crear; e só á vista delles se poderá jplgar com"
mais conhecimento de causa se tal creação exige ou não
que sejão alterados ou addilados os estatutos do banco,
as secções pedem permissão a Vossa Magestade Imperial
para adiar seu parecer até que lhe seja communicado o
dito regulamento.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 26 de Novembro de 1863'.—
Visconde de Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.—
Bernardo de Souza Franco.— Manoel Felizardo de
Souza e Mello.—Visconde de Sapucahy.
— 413 —
N. 750.—RESOLUÇÃO DE 42 DE DEZEMBRO DE 4863.
Sobre o recurso interposto por I. Asteuga, cônsul de Itália, da
decisão da alfândega do Rio de Janeiro, no processo de apprehensão
do carregamento do brigue italiano Petit Vaisseau.

Senhor.—F. Astenga, cônsul da Itália nesta corte, re-


corre para o conselho de estado da decisão do tribunal do
thesouro que confirmara a da alfândega da mesma corte,
proferida era 6 de Setembro próximo passado, sobre o
brigue italiano Petit Vaisseau, capitão Logomarino.
Deixando de parte as eircumstancias estranhas á ma-
téria sobre que a secção. de fazenda tem de emittir seu
juizo, vê-se doprocesso:
4.° Que tendo sido o brigue italiano Petit Vaisseau
despachado regularmente para Marseille, levando um
carregamento de 4.904 saccas de café de primeira qua-
lidade, 460 barricas de assucar branco, 120 couros de
boi e 4 barricas de cobre velho, mandara o inspector da
alfândega, no dia 16 de Junho dó anno passado, sobrestar
na sahida do mesmo brigue por ter vehementes suspeitas
de ser o carregamento manifestado muito differente do
que estava realmente a bordo;
2.° Que feita a descarga tia embarcação em presença do
piloto, por haver desapparecido o capitão, e dos prepostos
do cônsul de Itália e do da Áustria cüio subdito era o
carregador, verificou-se que existião a bordo 354 saccas
de caie, 154 barricas de assucar, pela maior parte muito
ordinário, e 852 saccos de milho e de feijão que não
havião sido despachados; e q u e por isso ordenara
aquelle funecionario a apprehensão de todo o carrega-
mento do navio e a instauração do respectivo processo,
na fôrma das leis fiscaes;
3.° Que feito o processo e conclusos os autos ao ins-
pector da alfândega, proferiu este sua sentença a 6 de
Setembro ultimo, á revelia do capitão do navio, julgando
procedente a apprehensão dos 852 saccos de milho e
de feijão e de 154 barricas de assucar mascavo; impondo
ao mesmo capitão a multa dos dous terços do valor destes
gêneros e a de 20#000 sobre Cada volume, por entender
que havião sido recebidos a bordo oceulta e fraudulenta-
mente, contra o disposto no art. 377 do regulamento
de 19 de Setembro de 1860, sujeitando ao pagamento
destas multas o mencionado brigue, como prescreve
o art. 429; e decidindo finalmente que os j gêneros
restantes fossem entregues ao carregador, por não
julgar procedente a apprehensão delles; submettendo,
quanto a esta ultima parte, sua decisão ao tribunal do
* — 414 —

thesouro, por verificar-se a disposição d o | 1.°'do art. 736


do já citado regulamento;
4.° Qüe a sentença do inspector da alfândega foi
intimada no dia 1.5 do referido mez de Setembro ao
regente do consulado italiano, como procurador nato
do capitão dó Petit Vaisseau e bem assim ao guarda-
livros e ao preposlo do carregador, sendo os autos
remettidos para o thesouro no dia 4 do mez seguinte ;
5.ê Finalmente que o tribunal do thesouro, por despacho
de 15 de Dezembro ultimo, confirmara a ultima parte da
sentença do'inspector da alfândega, resolvendo, quanto
á apprehensão dos diversos gêneros embarcados sem
despacho, não tomar conhecimento delia, por não existir,
por parte dos donos desses gêneros e do capitão, recla-
mação, nem recurso; e porque a sentença do inspector
havia passado em julgado, e devera ser executada, nos
termos do art.771 do regulamento das alfândegas.
E' desta decisão que o cônsul da Itália recorre para o
conselho de estado. '.
Por mais ponderosás quepareção as razões em que se
estriba o recorrentei para pedir a reforma da sentença da'.
inspector da alfândega da corte relativamente ao brigue
Petit Vaisseau e da decisão do tribunal do thesouro, é'
certo: 1.° que nas questões em queeste tribunal tem voto•'
deliberativo, não ha recurso para o conselho de estado,
senão nos casos de incompetência, excesso de poder,
violação de lei ou de formulas essenciaès, e em taes casos
annülla-se a sentença, mas não se reforma; 2.° qué o
art. 771 do regulamento de 19 de Seterqbro de 1860 pres-
creve que: «findoo prazo de 30 dias de que trata o art. 768,
não tendo a parte apresentado ao Chefe da repartição o
recurso em fôrma, ficará este perempto; devendo la-
vrar-se o respectivo termo em quê se declare haver pas-
sado em julgado a decisãopara todos os effeitos legaes.»
Ora, sendo, enão podendo deixar de ser, a jurisdicção
contenciosa do conselho de estado limitada á applicação
das leis, regulamentos ou contractos que dão, lugar aos
litígios que elle tem de decidir, parece incontestável que,
na questão de que a secção agora se occupa, só lhe cabe
examinar se a parte recorreu da sentença da alfândega
no prazo fatal.tfixado naquelle regulamento ; e que ve-
rificado, como se verifica dqs doeumentos juntos aü pro-
cesso que ella não recorreu, o conselho de estado, sem
atacar os princípios em que se funda a creação do con-
tencioso administrativo, não poderia fazer reviver uma
causa, que está definitivamente decidida conforme a;
expressa disposição da lei, nem annullar a decisão do
thesouro que nellase baseou.
— 415 — #
' Nestes termos, entende a maioria da secção que não se
pôde dar provimento ao recorrente.
O conselheiro Cândido Baptista de Oliveira é do seguinte
parecer:
O aviso de 20 de Dezembro de 1862, communicando ao
inspector da alfândega a resolução tomada pelo tribunal
do thesouro, sobre a matéria que faz objecto do recurso
intentado para o conselho de estado por parte do cônsul
de Sua Magestade o Rei da Itália, contém os trechos se-
guintes: /
« Resolveu o mesmo tribunal, que fosse confirmada a
primeira parte da referida decisão ; por'quanto, verifi-
cado como foi, pela descarga da embarcação, que os
gêneros mandados enfregar por essa inspectoria achá-
rão-se regularmente despachados, e declarados no ma-
nifesto, outro procedimento não cabia no caso.
Quanto porém á segunda parte da decisão, que julgou,
procedente a apprehensão de diversos gêneros' embar-
cados sem despacho, tendo-a por curial, por confor-
mar-se com o disposto no § 13 do art. 642 do regulamento
das alfândegas, entendeu todavia o mesmo tribunal, que
não podia tomar delia conhecimento : cum-
prindo observar, que não obstante a citação ordenada
pela inspectoria, na pessoa do cônsul da Itália, visto a
fuga do capitão, e ignorância dó dono, ou donos dos
gêneros apprehendidos, que não os reclamarão, não se
devera ter prescindido da citação por editaes, de confor-
midade com o art. 745 do regulamento. »
No processo de averiguação, que serviu de base ao
julgamento proferido pelo inspector da alfândega, lê-se
O seguinte trecho:
« Concluído esse acto (exame do carregamento da
embarcação): reconheceu-se, que em vez da parte mais
valiosa do referido carregamento; isto é, de 1.904
sacas de café e 460 barricas de assucar branco (re-
gularmente despachadas), somente existião a bordo 154
barricas de assucar mascavo, pela maior parte muito
ordinário, encontrando-se porem 852 sacos com milho
e feijão, que não havião sido despachados. »
Do que venho dé expor julgo dever concluir:
1.° Que .o tribunal do thesouro, entrando na apre-
ciação da sentença proferida pelo inspector da alfân-
dega, e havendo por outra parte reconhecido a falta
de preenchimento de uma prescripção do regulamento
na citação dós interessados, deixou ao conselho de es-
tado pleno direito, no meu entender, para tomar conhe-
cimento da referidasentença.
2.° Que o facto de áchar-se a bordo da embarcação
4 _ 416 —
um carregamento de gêneros de menor valor, do qüe
daquelles quê forão devidamente despachados, não pôde
ser racionalmente considerado como fraude commettida
contra o fisco, embora importe elle manifesta tentativa
do crime de barataria.
E' portanto o meu parecer, que a sentença proferida
pelo inspector da alfândega sobre a apprehensão do
navio italiano Petit Vaisseau deverá ser annuliada, na
parte que respeita á indevida applicação do regula-
mento ao supposto crime de contrabando.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o qué
entender mais acertado.
Sala das conferências, em 20 de Abril de 1863.—Vis-
conde de Itaborahy.— Visconde de Jequitinhonha.—
Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO,
Vistos os arts. 529 e 712 do código do,commercio*
61 e177 do código criminal, 377, 642 § 13, ,e 742 do
regulamento das alfândegas, e 28 do decreto de 29 de
Janeiro de 1859: considerando que, na espécie do pro-
cesso , houve. subrogação e troca dolosa de gêneros
de maior valor, que p"agárão direitos de exportação,
por outros de menor valor sublrahidos aos mesmos
direitos, e que estes forão introduzidos clandestina-
mente a bordo, ao passo que simulava-se o embarque
daquelles : considerando que taes factos,, além dé re-
beldia prevista no art. 712 e sujeita á responsabilidade
criminal pelo art. 529 do éodigo do commercio, importão
o delicto de contrabando do art. 177 do código criminal,
e a infracção, do art. 377 do regulamento das alfândegas,
actos estes praticados como meio para commetter-se
aquelle crime: considerando que nestas eircumstancias,
dada a connexidade das differentes infracções da lei per
nal, era tia competência do juízo criminal conhecer da re-
beldia, cujo processo se acha pendente, e da conpetencia
da jurisdicção administrativa conhecer das infracções
que constituem o contrabando em flagrante, e a contra-
venção do citado regulamento, conforme a jurisprudên-
cia admittida em matéria de connexidade de delictos :
Hei por bem negar provimento ao recurso. (*)
Paço, em 12 de Dezembro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

H 9.rde,m n -° 1 6 . d e 17 d e
fevereiro de 1864, na collecção das
leis. (Addnamento.J
— 417 - *

N. 751 .—RESOLUÇÃO DE23 DE DEZEMBRO DE 1863.

Sobre o requerimento em que João José dos Reis pede approvação


dos estatutos da companhia bancaria — Brasilian and Portuguese
Bank—que se pretende instai lar nesta corte, como banco de de-
pósitos e descontos.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


•de 11 do corrente mez, que as secções reunidas do im-
pério, e fazenda do conselho de estado consultem sobre
a matéria do requerimento em que João José dos Reis
pede ao governo imperial a approvação dos estatutos da
companhia bancaria"—Brasilian and Portuguese Bank—,
e a autorização para que a companhia se possa estabe-
lecer nesta corte como banco de depósitos e descontos.
Os estatutps, a que se refere o aviso, incorporarão
ná Inglaterra uma associação anonyma com o capital
de um milhão de libras esterlinas, destinada a fazer
operações bancarias no Brasil e em Portugal, por via
de agencias estabelecidas em cada um destes paizes,
e subordinadas á mesa dos directores que devem residir
em Londres.
A nova instituição, pois, que se pretende crear é aná-
loga ao—London and Brasilian Bank—eparece ás secções
que está no caso de se lhe conceder, como a este,
e com as mesmas condições do decreto n.° 2979 de
2 de Outubro de 1862 autorização para installár-se
nesta capital, e operar como banco de depositqs e
descontos.
E' porém dever das secções observar que o requeri-
mento em que se pede tal autorização está apenas assig-
nado por um dos dous membros designados nos es-
tatutos para servirem na agência ou directoria do Rio
dé Janeiro, o qual não exhrbiu documento por onde
se mostre autorizado, nem para' requerel-a, hera para
aceitar as condições que lheimpuzér o governo de Vossa
Magestade Imperial.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 26 de Novembro de 1863.—
Visconde dé Itaborahy.—Cândido Baptista de Oliveira.—
Bernardo de Souza Franco. —Manoel Felizardo de
Souza e Mello.—Visconde de Sapucdhy.

•53.
- 41,8 -
RESOLUÇÃO.

Como parece. '(*)


Paço, em 23 de Dezembro de 1863.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Abrantes.

N. 752.—RESOLUÇÃO DE 23 DÊ DEZEMBRO DE 1863.


Sobre a proposta do thesoureiro das loterias da provincia do Rio
dè Janeiro, relativa á subdivisão em oitavos e vigésimos dos bi-
lhetes de loterias.
Senhor.— Mandou Vossa Magestade. Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte sobre
a proposta do thesoureiro das loterias da provincia
do Rio de Janeiro, relativa á subdivisão em oitavos e
vigésimos dos bilhetes das mesmas loterias, tendo em
vista ó que a respeito de semelhante pretenção informa
ò conselheiro fiscal das loterias da corte.
O proponente solicita do governo de Vossa Magestade
Imperial a celebração de um contracto que lhe dê, por
espaço de dez annos, o privilegio exclusivo de subdi-
vidir os bilhetes das loterias da corte e provincia do
Rio cie Janeiro em oitavos e vigésimos ; e de vendel-os
ao. publico com a commissão de 8 °/0 paga pelos com-
pradores. Em compensação deste privilegio se obriga
elle a comprar quinze a trinta contos de bilhetes de cada
loteria e recolher ao thesouro, a titulo de beneficio ou
doação, a quantia dé 2:000$000 em cada um dos ditos dez
annos.
Feito isto, poderá correr, na opinião do proponente,
uma loteria de cinco era Ginco dias, e elevar-se conseguin-
temente a setenta e sete o numero das extracções an-
nuas, que agora hão passa de cincoenta e sete.

O Decreto n.°3212 de 28 -de Dezembro de 1863. Permitte a instai


lação, na corte, da companhia bancaria— Brasilian and Portuguese
Bank—debaixo de certas condições.
— 419 -r-
0 conselheirofiscaldas loterias, que foi ouvido sobre
a matéria,, não só acredita na efficacia da proposta, mas
julga ainda que ella produzirá maiores vantagens do
que se afigurão a seu autor.
Adoptada a proposta, pensa o dito conselheiro, cada
loteria será extrahida em quatro dias, correráõ annual-
mente noventa e uma, o que eqüivalerá a um accrescimo
de seiscentos contos de réis do imposto e porcentagem
por anno, ou dê seis mil em dez annos, e attendendo a este
risonho resultado, julga que convém celebrar o contracto
•com algumas modificações que suggPre.
O conselheiro Visconde de Itaborahy não tem dados,
nem crê que alguém os tenha, para calcular que augmento
de renda produzirá a pretendida subdivisão dos bilhetes
de loteria ; mas o que vê, e o que salta aos olhos de todos,
é que se intenta accelerar a extracção delles,. alliciando,
pelo engodo de phantasticas vantagens, as pessoas mais
necessitadas a tomarem também parte nesse jogo de
azar.
Ora, se é dever dos governos reprimir, em vez de
provocar, a paixão do jogo mesmo entre as classes
mais abastadas, esse dever cresce de ponto em relação
ás mais- desfavorecidas da fortuna. Ninguém ha ahi que
desconheça quanto o bem estar de,um povo depende
de seus hábitos de parcimônia e de economia, e das
virtudes publicas e domesticas que ellas gerão, e é por
isso que os governos civilisados se desvelão tanto em
promover essas instituições bemlázejas, onde o pobre
vai depositar e tornar productivô o que, á custa muitas
vezes de privações, lhe é permittido accumular.
A proposta, que foi submettidá ao exame da secção,
tende a um fim inteiramente opposto: com a perspectiva
illusoria de enriquecer suave e rapidamente os que se
aventurarem aos lances da sorte, abre um sorvedouro
aos infimós recursos do pobre, enfraquece, e diminue
o amor ao trabalho, e estimula o desperdício, a dissipação,
e os vicios que elles produzem.
Allegar-se-ha por ventura que, existindo já o jogo das
loterias, a rejeição da proposta não acaba com elle. Não <
acaba, é verdade; mas nãó o augmenta; deixa-o limitado
ás classes mais remediadas, mas não o estende ás ca-
madas inferiores e mais extensas da pirâmide social,
onde elle produz seus mais desastrosos effeitos.
Assim, ainda que da proposta se seguisse na realidade
o augmento de renda que se preconisá, não se deverá
procurar obtel-o, fomentando os hábitos de dissipação,
de imprevidencia ê a perversão dos sentimentos moraes
do povo.
— 420 —
I

Além destas considerações, não parece que esteja ha


alçada do poder executivo autorizar a cobrança dos 8 %
que o proponente pretende receber dos compradores de
bilhetes : eqüivaleria isso a um accrescimo de 8 % era
cada loteria, cujo valor, ao menos na mór parte dos ca-
sos, foi fixado pela assembléa geral legislativa. Eaqui
cumpre notar que o conselheiro fiscal das loterias,
avaliando os lucros que o proponente poderia tirar
de cada uma dellas, calcula os 8•% unicamente sobre o
compute dos bilhetes que este' se obriga a cpmprar,
como se a proposta não lhe permittisse fraccionar maior
somma do que essa, em bilhetes de um mil réis e dous
mil é quinhentos.
Em conclusão, pois, parece ao conselheiro Visconde
de Itaborahy que a proposta deve ser rejeitada.
O conselheiro Cândido Baptista de Oliveira concorda na
conclusão do parecer do conselheiro Visconde de Itabo-
rahy.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acértatip.
Sala das'conferências, em 5 de Dezembro de 1863.—
Visconde de Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Gomo parece.
Paço, em 23 de Dezembro de 1863.
. Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez dê Abrantes*
RELAÇÃO
DOS

MINISTROS DE ESTADO PRESIDENTES


E DOS

.CONSELHEIROS MEMBROS

DA

SECÇÃO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.


1864.

MINISTRO DE ESTADO,

Marquez de Abrantes. (Interino.)


.José Pedro Dias de Carvalho, nomeado por decreto
de 15 de Janeiro.
Carlos Carneiro de Campos, nomeado por decreto de
31 de Agosto.

CONSELHEIROS DE ESTADO.

Visconde de Itaborahy.
Cândido Baptista de Oliveira.
José Antônio Pimenta Bueno, dispensado por aviso
de 21 de Janeiro,
Marquez de Abrantes.

SECRETARIO.

Conselheiro José Severiano da Rocha, oíficial-maior


da secretária de estado dos negócios da fazenda.
CONSULTAS

SECÇlO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO,

I86Z1.
t

N. 753.—RESOLUÇÃO DE 27 DE JANEIRO DE 1864.


Sobre o requerimento de José Velloso Soares & filho e oulro, so-
licitando o restabelecimento da ordem de 10 de Julho de 1858
que havia autorizado o deposito exclusivo no trapiche—Compa-
nhia—em Pernambuco, dos assucares importados das Alagoas.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
da secretaria de estado dos negócios da fazenda de 21
de Dezembro ultimo, qqe a secção de fazenda do con-
selho de estado consulte com o seu parecer sobre o
requerimento de José Velloso Soares & Filho, e Manoel
Ignacio de Oliveira, proprietários dó trapiche deno r
minado—Companhia—existente na cidade do Recife, pro-
víncia de Pernambuco: ao que vai dar cumprimento a
referida secção, no que passa a expender.
Solicitão os peticionarios novamente do governo im-
perial, que seja restabelecida a ordem do thesouro de
10 de Julho.de 1858, a qual havia autorizado o. deposito
exclusivo, no trapiche de sua propriedade, do assucar
importado da provincia das Alagoas, sendo depois essa
ordem revogada* pela deliberação do tribunaldo the-
souro de 28 de Novembro de 1861.
Tendo sido este negocio já examinado pela secção
de fazenda, em via de recurso interposto para o con^
- 424 —

selho de estado; e roportando-se a mesma secção ao


que a tal respeito expehdêra longa e circumsláncia-
damente, em consulta de 24 de Dezembro de 1862, por
virtude de cuja resolução, ficara subsistindo a referida
deliberação dó tribunal do thesouro, limitar-se-ha ella
a'transcrever aqui textualmente os dous actos admi-
nistrativos, que successiVamente indeferirão a pretenção
de que se trata, visto que a integra desSes documentos
comprehende o resumido histórico desta complicada
questão:
« Ministério dos negócios, da fazenda.—Rio de Ja-
neiro, 28 de Novembro de 1861.—JoSé Maria da Silva
Paranhos, presidente do tribunal do thesouro nacional,
tomando em consideração o que informa o excellentis-
simo presidente da provincia das Alagoas, em sen
oíficio n.° 23 de 23tip Outubro ultimo, acerca dos mo-*
tivos que levarão a respectiva assembléa provincial a
decretar e a mesma presidência a effectuar a rescisão
do contracto celebrada em 9 <le Setembro de 1859, com
Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso Soares & Filho,
para receberem era deposito, no seu trapiche deno-
ininado;—Companhia— estabelecido na capital de Per-
nambuco, todo o assucar que para essa provincia é
enviado pela das Alagoas, e considerando por outro lado,
que a concessão do exclusivo em casos taes é coarclar,
não só as attribuições dos chefes das alfândegas e
mesas de rendas, aos quaes pelo art. 234 do regula-
mento de 19 de Setembro de 1860 compete designar
o entreposto ou trapiche para deposito das mercadorias,
mas também o direito dos depositantes que, como o
permitte o mesmo artigo, pôde pedir e indicar o tra-
piche que deverá ser preferido, sempre que fôr poS-
áivel e não offènder os interesses da fiscalisacão: de-
clara aó Sr. inspector da thesouraria de fazenda de
Pernambuco que fica revogada a ordem de 10 de Junho
de 1858, que autorizou o deposito exclusivo de todo o
assucar procedente das Alagoas no trapiche do já re-
ferido Manoel Ignacio de piiveira, e ordena-lhe que
dPra em diante sé cumprão fielmente as disposições
tanto do dito art. 234, como do n.° 2.° do art. 254, què
exige que as partes declarem em seus requerimentos
o trapiche para onde se destina o gênero, que querem
depositar. —José Maria da Silva Paranhos.»
« Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro
3 de Janeiro de 1863. '
Illm. e Exm. Sr.— Communico a V. Ex. para os fins
convenientes, que tendo Sua Magestade o Imperador
mandado qüe a secção de fazenda do conselho tie es-
— 4SS — *

lado consultasse com o seu parecer sobre a justiça da


matéria das representações de José Velloso Soares &
Filho e Manoel Ignacio de Oliveira, e de Camillo Pinto
de Lemos, pedindo uns e outros, mas para fins diversos,
a revogação da ordem do thesouro de 28 de Novembro
de 1861, que acabou com o exclusivo dos depósitos dos
assucares procedentes da provincia das Alagoas em
certo e determinado trapiche, por contracto na capital
dessa provincia, annullando assim a ordem de 10 de
Junho de 1858, e mandando que aquelle gênero se re-
colhesse aos trapiches indicados na fôrma dos arts. 234
e 254 do regulamento das alfândegas de 19 de Setembro
de 1860: houve por bem o mesmo augusto Senhor, con-
formando-se com o parecer do conselheiro relator da
dita secção de fazenda, determinar por sua immediala
e imperial resolução de 24 de Dezembro próximo findo,
que subsista em todo o seu vigor a citada ordem do
thesouro de 28 de Novembro de 1861 expedida á the-
souraria de fazenda dessa provincia, ficando conse-
guintemente indeferidas as mencionadas representações,
tanto do segundo, como dos primeiros reclamantes.
Deus guarde a V. Ex.— Visconde de Albuquerque.—
Sr. presidente da provincia de Pernambuco. »
Conclusão do parecer do relator da secção de fazenda
na consulta a que se refere o aviso supra.
« Finalmente, o governo de Vossa Magestade Imperial
já definitivamente resolveu a matéria das representações
dos primeiros e segundos peticionarios, pela ordem de
28 de Novembro de 1861: os peticionarios não recorrerão
no prazo fixado no regulamento em vigor: aquella de-
cisão, pois, deve hoje considerar-se com autoridade e
força de sentença dos tribunaes de justiça, nos'termos
expressos do art. 25 do decreto n,° 2343 de 29 de Ja-
neiro de 1859; para mais se não reviver o que pódé
dar Occasião a abusos prejudiciaes á administração
publica. O conselheiro relator da secção é por tanto
de parecer, que deve subsistir em todo o seu vigor
a Ordem do thesouro de 28 de Novembro de 1861, sendo
indeferidas as representações relativas tanto ao primeiro
como ao segundo contracto. »
O fundamento, com que novamente insistem os pe-
ticionarios na sua pretenção, nada mais é que um re-
cente acto da assembléa legislativa da provincia das
Alagôa*, de 16 de Novembro tio anno findo, restabele^
cendo o contracto feito pelos peticionarios com a pre-
sidência dessa provincia, sobre o objecto de que acima
se fez menção, o qual contracto havia sido rescindido
por outro acto da mesma assembléa legislativa,
c. 5i
, _ 420' —

No entender da secção esse acto do poder legislativo


provincial, além de incompetente no assumpto de que se
trata, nenhum valor pôde ter em presença dos motivos
que determinarão a decisão do tribunal do thesouro de
28 de Novembro de 1861,'definitivamente confirmada
pela resolução de Consulta de 24 de Dezembro de 1862.
A' vista do,exposto é o relator da secção de parecer,
que não pôde ser attendida a pretenção de José Velloso
Soares & Filho, é Manoel Ignacio de Oliveira.
0 conselheiro Visconde de Itaborahy concorda com
o parecer do conselheiro procurador fiscal do thesouro,
que é o seguinte:
. « A exposição da questão do deposito dos assucares da
provincia das Alagoas no trapiche'—Companhia—exclu-.
sivamente, na provincia de Pernambuco, acha-se no
parecer da illustrada secção de fazenda do conselho
de estado, publicado no Diário Official de 4 de Março
deste anno.
Sobre esse parecer foi tomada a resolução imperial
de 24.de Dezembro de 1862, e expedida a ordem do
ministério da fazenda publicada no Diário Oficial de 3
de Janeiro do mesmo anno..
A resolução imperial mandou que subsistisse a or-
dem de 28 de Novembro de 1861.
Esta ordem acabou com o deposito exclusivo na
provincia de Pernambuco dos assucares procedentes
das Alagoas em certo e determinado trapiche, por con-
tracto com a ultima das mencionadas provincias, de-
clarando de nenhum effeito a ordem do thesouro de
10 de Julho de 1858.
Os motivos da citada ordem de 1861,. bem expressos
no seu texto, são dous :
1.° O facto de haver a assembléa provincial decre-
tado, e o presidente da provincia das Alagoas efíêctuadô
a rescisão do contracto celebrado em 9 de Setembro
de 1859, com Manoel Ignacio de Oliveira e José Velloso
Soares & Eiího, para receberem em deposito no seu tra-
piche,—Companhia—era Pernambuco todo o assucar que
para essa provincia era enviado pela das Alagoas.
2." Ser a concessão do exclusivo ópposla ao art. 234
do regulamento das alfândegas, coarctando a attribuição
do chefe da repartição fiscal de designar o trapiche, e
o direito dos particulares de pedir e indicar os trapiches
onde devem depositar os seus gêneros. *
Os considerandos da consulta,, na parte que serviu de
base á resolução imperial, podem assim resumir-se:
1 .* A cláusula terceira do contracto resolve a questão de
direito : a faculdade de rescisão era ampla e sem limites.
- 427 - %

e dependente unicamente da apreciação da assembléa


•provincial que o autorizou, e do presidente.que rea-
lizou o contracto.
Demais a rescisão assentou em justos e fundados
motivos.
2.° A centralisação do deposito em um só trapiche
não parece uma medida de conveniência, á vista de
todos os documentos apresentados pelos peticionarios.
3." No estado actual da questão,, isto é, em presença
de üm contracto rescindido e de outro celebrado no-
vamente para o mesmo fim,' surge o regulamento das
alfândegas que nos arts. 234 e 254 deixa aos proprie-
tários a livre gerencia de seus productos.
4." O primeiro contracto, devendo ter execução em
outra provincia, só podia considerar-se com força de
obrigar depois de ultimado com o consentimento do
governo.
Fundava-se elle na permissão da Ordem de 10 de
Julho de 1858; hoje a legislação é outra, e os arts. 234
e254 citados oppõera-se á concessão.
Quanto ao segundo contracto,- além das razões ex-
postas, o contractador falliu.
5." O negocio era contencioso:. da ordem de 28 de
Novembro de 1861 devia ter-se recorrido para o con-
selho de estado, e não se tendo interposto recurso, essa
ordem deve ser reputada com força de sentença,, nos
termos do art. ,25 do decreto de 29 de Janeiro de 4859.
Taes são os dous fundamentos dessa ordem, e os
da resolução imperial.
Conformando-me inteiramente: .
1.° Com o parecer tia directoria geral das rendas de
30 de Agosto de 1862;
2.° Com o do conselheiro procurador da coroa da
relação da corte, transcripto na consulta; e
3.° Com o da illustrada maioria da secção de fazenda
do conselho de estado, com todo o acatamento devido
,á resolução imperial, que se conformou com O pa-
'recer do illustrado conselheiro de estado relator,
parece-me, pelos motivos ahi expendidos, que fôra mais
jurídica a solução no sentido de manter-se o contracto
celebrado pela provincia das Alagoas em 1859, em con-
seqüência da permissão concedida na ordem de 10 de
Julho de 1858. •
Em todas as considerações feitas sobre este assumpto
predomina, a meu ver; a dôs motivos da ordem citada de
10 de Julho de 1858.
Foi ella expedida sobre reclamação dos negociantes,
não da provincia das Alagoas, mas da praça dePernahi-
— 428 —

,buco: ora não existia reclamação alguma em contrario,


e os interesses dessa praça se achavão essencialmente»
envolvidos neste assumpto.
Quanto aos da provincia das Alagoas; a necessidade,
tanto quanto se pôde concluir dos documentos apresen-
tados pelos differentes- peticionarios, subsistia em toda
a sua força. Essa provincia, por seus representantes,
longe de reclamar que cessasse o deposito exclusivo em
Pernambuco, o reputava conveniente aos mesmos inte-
resses, desde que autorizava o presidente a celebrar um
contracto paraó mesmo fim, embora em outro armazém.
Quanto ao terceiro fundamento, podia appôr-se o con-
tracto ao regulamento de 19 de Setembro, arts. 234 e254„
mas entretanto ser executado e dever sel-o. Era de mister
attender a que tinha sido celebrado antes de sua publi-
cação : ora, em regra, uma disposição geral, posterior
deve respeitar os contractos celebrados anteriormente,
ou rescindil-os mediante indemnizações; a fé dos con-
tractos assim o exige imperiosamente.
A questão da rescisão do contracto «ra uma, a de sua
execução depois do regulamento das alfândegas era
outra.
Decidindo-se que não devia ser rescindido o con-
tracto, cumpria que sortisse os seus effeitos e conti-
nuasse a ser executada, sob o regimen do regulamento,
ainda quando lhe tosse opposto.
Rescindindo-se o contracto por acto, ou do governo da
província ou do governo geral, a indemnização era devida,
pelos princípios que regem os contractos, quaesquer que
elles sejão.
E' verdade que ambos os contractos, devendo ter
execução em outra provincia è sobre tudo o ultimo, por
designar (o que é inteiramente opposto á natureza e áex-
tensao dos actos de uma assembléa legislativa) o trapir
cheiro com quem devia celebrar-se o contracto para o
deposito exclusivo dos assucares da provincia das Ala-
gôás, e não ser o mesmo de que tratava a ordem do ther
sourode 10 de Julho de 1858, exigião a intervenção dogo-'
verno geral, pelos motivos deduzidos pela illustrada
secção de fazenda do conselho de estado.
Mas o correctivo desse proceder do delegado do go-
verno imperial, qualquer que elle fosse, parece que não
deveria importar a paralysação dos effeitos de um con-
tracto celebrado cora d governo de uma província, em
conseqüência de permissão dada pelo thesouro, tal so-
lução podia e devia excitar reclamações fundadas de per-
das é daranos ou contra a provincia ou contra o Estado,
de cuja administração emanava esse acto.
— 429 —
Actualmente, porém, a questão se complica com
um facto superveniente, que altera as condições em
que 1 se achavão os peticionarios.
A assembléa da provincia dás Alagoas, por acto
de 16 de Novembro ultimo, autorizou opresidente^para
fazer continuar o contracto celebrado com. José Velloso
Soares & Filho, e Manoel ignacio de Oliveira, em virtude
do art. 20 da leí n / 357 de 11 de Julho de 1859\ para o
deposito dos assucares desta província na de Pernam-
buco no trapiche-^-Companhia—, ou em outro qualquer
de iguaes proporções, que pelo mesmo Velloso fosse
offerecido, ficando para este effeito revogado o art. 25
da lei n.° 388 de 9 de Agosto de 1861,, e mais disposições
em contrario.
Este acto, cujos motivos só se poderião encontrar nas
petições que o provocarão, e na discussão na assembléa
provincial, revela todavia claramente,
1
attendendo aos
precedentes da questão, a intenção da mesma assembléa:
1 o O contracto não devia ter sido rescindido pelo
presidente, e portanto deve continuar a vigorar.
2." E' necessário e conveniente aos interesses da
província o deposito exclusivo dos seus assucares na
provinciade Pernambuco.
Posta a questão actualmente bestes termos, resta
averiguar se a ordem de 10 de Jplbo de 1858 deve
continuar a vigorar, consentindo o governo geral que
produza Os seus effeitos o contracto celebrado pelo go-
verno provincial, ou se pelo contrario deve subsistir
a ordem de 28 de Novembro de 1861, paralysando os
effeitos desse contracto, e podendo autorizar fundadas
reclamações de perdas e damnos provenientes dá ces-
sação do contracto por acto do governo geral.
Cumpre não perder de vista nesta questão, um só
momento, que o primeiro contracto foi celebrado na
época em qüe vigorava uma permissão da|da pelo go-
verno imperial (ordem de 10 de Julho de 18&8).
O presidente poderia ter errado, não fazendo intervir
o governo gerai, pias como pondera a;xmaioria da
secção de fazenda, nenhum acto partiu do governo que
vedasse a execução de lei: celebrado em conseqüência
de uma ordem do thesouro, e não se pppondo aos
interesses de outra provincia, era mais que provável
que o governo geral annuisse á sua execução.
Na alternativa, attentos os interesses envolvidos
neste assumpto, a que cumpre attender, parece prefe-
rível o primeiro arbítrio.
A provincia das Alagoas, ou porque entendesse que
o contracto não devia ter sido rescindido, ou porque
— 430 —

entendesse que uma justa índíerhnização da rescisão


arbitraria do contracto era devida aos peticionarios,
acaba de autorizar o presidente para celebrar o con-
tracto, e que; no meu entender, envolve o pensamento
de ser conveniente aos interesses da provincia, pelo
menos actualmente. , ,
Prescindindo das considerações que poderia, suscitar
o silencio guardado pelo acto da assembléa provin-
cial sobre a annuencia ou intervenção, já do governo
da provincia de Pernambuco, já do governo geral, seJbre
tudo depois de publicado o parecer da -secção de fa-
zenda do conselho de estado ; parece-me que,"a requeri-
mento daquelle, a favor de quem foi expedido esse
acto, pôde o governo imperial deliberar sobre este
assumpto como entender acertado, e neste caso, seguir
o arbítrio que mais conforme me parece não só aos
interesses da provincia das Alagoas, e do Estado, como
aos da praça de Pernambuco que até agora nada tem
reclamado contra a ordem de 10 de Julho de 1858.
Essa ordem foi expedida sob o regimen de uma
legislação, que não vedara ao commercio a designação
dos armazéns de deposite de seus gêneros, porque
nenhuma disposição expressa continha, nem podia
conter; conferindo aos, chefes, das repartições fiscaes
a attribuição de indicar os referidos armazéns, salvo a
respeito de certos e determinados gêneros (a aguar-
dente) ; e guardadas as regras geraes de fiscalisação.
O regimen da legislação actual é idêntico, se não
mais rigoroso.
O particular indica o trapiche ou o armazém (art. 254
do regulamento das alfândegas).
O inspector da alfândega designa o trapiche ou
armazém, tendo em attenção o pedido e indicação do
depositante, sempre que for possível e não offender os
'interesses ,da fiscalisação (art. 234).
A designação é pois em ultima analyse feita pela
administração e não pelo particular.
Mas o que obsta a que o governo, no interesse
da fiscalisação das rendas de,uma provincia, sobre
reclamação dos poderes competentes, limite essa regra
por motivo de utilidade publica?
Nossa organização política e administrativa^ as condi-
ções de localidade das differentes provincias do Império,
a economia da legislação de fazenda provincial e geral,
podem determinar uma ou outra excepçao em favor
desta ou daquella provincia, por bem da arrecadação!
de seus impostos. 'W.
A provincia das Alagoas entende que para a boa
— 431 —
fiscalisação de uma de suas rendas, é mister o depo-
sito exclusivo de seus assucares em Pernambuco, o
comniercio desta provincia não reclama contra essa
medida, os interesses geraes não são offendidos com
esta providencia;, porque não consentil-a, como se
tem consentido, sem queixa alguma desde 1858 ?
Qual o fundamento do art. 720 do regulamento das
alfândegas que limite a indicação dos depositanles eni
relação a toda a aguardente fabricada na provincia
do Rio de Janeiro ?
A fiscalisação do imposto que se cobra sobre esse
"gênero de consuma não é outro, e julgou-se isso bas-
tante para autorizar o deposito exclusivo do gênero era
certo e determinado armazém.
Qqal o fundamento por que o art. 234 do mesmo regu-
lamento attribue ao inspector a designação do trapiche?
A' fiscalisação dos impostos : não é outro,
Os arts. 234 e 254, note-se bem, não qualificão a
indfcação feita pelo depositante conio um direito per-
feito, mas sim como uma faculdade, subordinada ao
juizo do inspector segundo as condições da fiscalisa-
ção : os inspeclores devem attender ao pedido da par-
le não em todo o caso, mas sempre que fôr possível
e não offender os interesses da fiscalisação.
Estes interesses portanto podem dictar, dentro de li-
mites razoáveis e não arbitrários, providencias excep-
cionaes em certas e determinadas eircumstancias.
Estas considerações parecem-me applicaveis ao caso:
a fiscalisação do dizima do assucar das Alagoas exige
o deposito exclusivo na , provincia de Pernambuco;
aquella provincia o reclama, fazendo ura contracto pa-
ra esse fim; o commercio de Pernambuco não recla-
ma conlra essa providencia; porque não se ha de
considerar também subordinado aos interesses da fis-*
calisação em relação a este gênero, neste caso espe-
cial, á faculdade dos negociantes de Pernambuco de
indicarem o armazém onde elle Peve ser depositado ?
Qualquer que seja o fundamento do ultimo acto da
assembléa da província das Alagoas, isto é, quer elle
exprima uma necessidade da administração financeira
da provincia, quer tenha sido decretado como uma
reparação ou indemnização, parece-me que se deve an^
nuir á sua execução.
A missão do governo geral neste caso me parece até
certo ponto passiva.
A assembléa resolve sobre o melhor modo de fisca-
lisação .
Como o acto tem de receber a execução em outra pro-
— 432 —

vincía, e estabelece uma limitação ás regras dos regula-


mentos fiscaes expedidos pelo governo geral,.é mister
o concurso ou annuencia deste* governo.
Este tem de apreciar se esse acto :
1.° Ofíende os interesses ou a tegislação da pro-
víncia em que tem de ser executado; 2.» se essa hV
mitação está autorizada óu pôde sel-o pelo, governo,
dadas certas condições.
Ora creio ter demonstrado que o direito dos particulares
de indicar o armazém está subordinado pelo próprio re-
gulamento das alfândegas aos interesses da fiscalisação.
A limitação estabelecida pela lei provincial das Ala-
goas é idêntica á do regulamento das alfândegas quanto
ao fundamento; difffere porém quanto á extensão, por
abranger todos os. que recebem certo gênero, o que
aliás está já admitlido para aguardente na corte.
Parece pois que não ha razão para deixar de annuir-
se á execução do acto provincial.
Annuindo-se, porém, parece que se deve declarar:
Ao presidente da provincia das Alagoas que o go-
verno imperial consente que seja executada a lei n.° 396
de 16 de Novembro ultimo, para ter effeito na provincia
de Pernambuco, com as condições coniractuaes que
entender vantajosas á provincia; visto ter reclamado á
praça de Pernambuco essa mesma providencia era. 1858,;
expedihdo-se para esse fira a ordem de 10 de Julho do
mesmo anno,, que, todavia, estabelecendo esse acto uma
limitação á faculdade concedida pelo regulamento dé
19 de Setembro de 1860 aos particulares de depositarem
os seus gêneros nos armazéns, em relação a um gênero
de commercio dessa provincia em outra provincia,
convém que exponha a assembléa provincial a neces-
sidade de considerar novamente esta matéria, para,
findo o contracto, manter aprovidencia reclamada So-
mente no caso em" que ella se torne absolutamente ne-
cessária á fiscalisação dos impostos da provincia, por
quanto outras provincias ha nas mesmas condições e que
não têm reclamado semelhante medida. Directoria geral
do contencioso, em 19 de Dezembro de 1863.—Arêas.»
Ao que fica exposto apenas acrescentará o mesmo
conselheiro Visconde de Itaborahy duas considerações:
1." A resolução de consulta, communicada á the-
souraria de fazenda de Pernambuco pela ordem de 3
de Janeiro de 1863, não foi o resultado de recurso Con-
tencioso provocado pelo Supplicante, senão de acto
espontâneo do governo, que quiz ouvir o parecer da
secção de fazenda sobre a questão, a que se refere
aquella consulta.
— 433 —

2.* A ordem de 28 de Novembro de 1861, revogando


a de 10 de Julho \ de 1858, entendia sobre matéria
das attribuições do pbder administrativo ; não offendia
direitos adquiridos pelo supplicante; e conseguinte-
mente não podia ser atacada por via de recurso cort-
tenciosó^Assim, nem parece estar perempta a reclamação
•do supplicante, porque não há termo peremptório em
matéria graciosa, como a de que se trata, nem a resolu-
ção da supracitada consulta pôde ter autoridade de
Caso julgado ; porque na administração não contenciosa
•o governo tem sempre o direito de reformar suas delibe-
rações.
' O que devera ser da competência do contencioso, era
a decisão do presidente da província,das Alagoas, que
rescindiu o contracto feito com o supplicante; mas,
como é sabido, o conselho de estado não tem jurisdic-
ção, ou aó menos as leis não lh'a tem* dado, nos ne-
gócios puramente provinciaes. '
A reclamação qüe o supplicante fizera, e que faz
ainda, não como direito adquirido, mas como graça, é
a revogação dá ordem do thesouro de 28 de Novemhro,
emquanto não expirar ô prazo de seu contracto; e no
parecer que o mesmo Visconde de Itaborahy já deu
sobre este assumpto, expôz as razões em que se fundou,
para pensar que tal pretenção devera ser favoravelmente
deferida.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
em sua alta sabedoria tiver por mais acertado.
Sala das conferências, em 14.de Janeiro de 1864.—
tÇahdido Baptista de Oliveira.— Visconde de Itaborahy.
BESOLUÇÃO.
Como parece ao conselheiro Visconde de Itaborahy,
para o fim somente de permittir-se o deposito dos
assucares no trapiche denominado—Companhia—. (*)
Paço, em 27 de Janeiro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

(*) Expediu-se á thesouraria de fazenda de Pernambuco a ordem


seguinte: ,
Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, em 3 de Fe-
vereiro, de 1864.
José Pedro Dias de Carvalho, presidente do tribunal do thesouro
nacional, communica ao Sr. inspector da thesouraria de fazenda da
C. 55
— 434 —
N. 754.—CONSULTA DO 1> DE FEVEREIRO DE 1864.
Sobre o projecto fixando o valor, titulo e outras condições legaes
da moeda de troco, em virtude de-autorização da. lei de 22 de
Agosto' de 1860.

Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial que^a,


secção de-fazenda do conselho de estado consulte com
o seu parecer sobre o projecto fixando o valor,, titulo
e outras condições legaes tia moeda de troco, em vir-
tude de autorização da lei de 22 de Agosto de 1860.
A secção, concordando com o parecer da commissão
encarregada em 1862 de examinar algumas questões
relativas á nova moeda de troco que se pretende cunhar,
entende que, salva a reserva de que mais abaixo fatiará,
devem ser adoptados os ârts. 1.°, 2.°, 3.", 4.°, 5.°, 7.° e 8.°,
e supprimidos o 6.° e o 9.°: o primeiro, destes dous úl-
timos, porque,.tendo o governo de substituir por moeda
de bronze a dê cobre que agora circula, valor nominal
por valor nominal, ha de forçosamente emittirem moeda
nova o valor legal da totalidade da antiga, a qual não
se pôde sustentar que seja superabundante ; o segundo,
não só por parecer desnecessário accelerar a substi-,
tuição de uma moeda que tem valor venal superior ao
valor legal, mas ainda porque esse artigo preSuppõe o
caso, de o governo contractar aqui com pessoa, que se
obrigue a fazer cunhar a nova moeda fóra do Brasil;
e á secção entende que o que cumpre, se não se puder,
ou não convier fabrical-o na nossa casa da moeda, é

provincia de Pernambuco que, tendo Sua Magestade o imperador


mandado a secção de fazenda do conselho de estado consultar
sobre o requerimento de José Velloso Soares 4 Filho e Manoel
Ignacio de OJiveira, proprietários do trapiche denominado—Com-
panhia—, na cidade do Recife, em Pernambuco, allegando que o acto
da assembléa legislativa da provincia das Alagoas, de 16 de Novembro
ultimo, autorizara o presidente para fazer continuar o contracto com
elles celebrado em virtude do arl. 20 da lei n.° 357 de lide Julho
de 1859 para o deposito dps assucares dessa provincia na de Per-
nambuco no trapiche—Companhia—, dè propriedade dos süpplicantes,,
e solicitando portanto do governo imperial que fosse restabelecida
a ordem do thesouro de 10 de Julho de 1858, a qual havia autori-
zado esse deposito, a requerimento dos negociantes da provincia de
Pernambuco, sendo depois essa ordem revogada pela de 28 de No-
vembro de 1801 e 3 de Janeiro de 1863: houve o mesmo augusto
Senhor por bem, por sua immediafa e imperial resolução de 27
domez .passado, permittir o deposito dos assucares da província das
Alagoas no mencionado trapiche, ficando em vigor a ordem de 10
de Julho de 1858; o que o Sr. inspector fará constar a quem con-
vier para os devidos effeitos.—José Pedro Dias de Carvalho.
_ 435 —
conlractar direetamente cora alguns dos estabelecimentos
semelhantes da Europa, que se obrigue a entregar-nos,
não as chapas somente, mas a moeda já cunhada.
Posto isto, a secção dirá o motivo da reserya a que
#sima se referiu.
O art. 3.- da lei de 22 de Agosto de 1860, autorizando
o governo para substituir a actual moeda de cobre por
outra de nova espécie, acrescentou a condição que
« cada peça hão exceda a 10 0/„ sobre a importância
das tiespezas da sua liga e fabrico. »
* Para determinar, dada esta condição, o valor legal da
nova moeda, recorreu a commissão de 1862 ás infor-
mações que então existião no thesouro,* 1das quaes de-
duziu que a liga de cobre, estanho e zinco , cuja adopção
propuzera, posia aqui e reduzida a moeda, nos custaria
888 réis por libra
Entre os papeis, porém, que forão agora apresentados
á secção, encontra-se uma carta, escnpta de Paris em
Junho daquelle anno, na qual se affirma que a casa de
moeda deBordeauxse encarrega de.fabricar e acondi-
cionar para ser posta á bordo, a moeda de bronze de
que precisamos, com o peso,, titulo e tolerância marcados
nos arts. 2.°, 3." e^.0 do projecto, a preço de 3 fr. 0,91
por kilogrummo ; e porque, sendo assim, ficarião as
moedas, de vinte e de dez réis, sobrecarregadas com
a senhoriagem de quasi 40 °/0, se lhes déssemos somente
o peso de 2 l/a e 1 V* oitavas, parece á secção que antes
de publicar-se o decreto se deve verificar offiòialmente
a exaclidão de taes informações.
Poder-se-hia para isso ordenar á legação de Paris, que
procurasse saber direetamente da casa da moeda dessa
capital ou delia e da de Bordeaux com que condições se
encarwegarião de fabricar a nova moeda brasileira, nos,
termos da primeira parte da conta simulada, que se acha
junta á referida carta, e transmittisse ao governo as
informações ou propostas que recebesse.
Ter-se-hia desta arte a vantagem de tratar direeta-
mente com um estabelecimento que inspira grande con-
fiança, e de habilitar o governo para fixar com mais
exactidão o peso, que devem ter as novas moedas de
bronze.
' Tal é, Senhor, o parecer da secção; mas Vossa Ma-
gestade Imperial resolverá em sua sabedoria o que fôr
mais acertado. -
Sala das conferências, em 1.cde Fevereiro de 1864.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
— 436 —

Projecto de decreto fixando o valor da


moeda de cobre.
Art. 1. Cunhar-se-hão novas moedas de bronze de
20 e 10 réis, em substituição das moedas de cobr%
que actualmente circulão na corte e em todas as pro-
víncias do Império.
Art. 2.° O peso, titulo e modulo destas moedas será o
seffuinte:
Valor. Peso. Titulo. Modulo.
20 réis 2 1/2 oit. 0,950 27 linhas
10 réis. 1 1/4 >> » 23 »
Art. 3. As referidas moedas deveráõ conter 95 partes
de cobre puro, quatro de estanho e uma de zinco.
A tolerância de titulo para mais ou para menos, não
poderá exceder de 1 %P ar a cada um dos metaes.
A tolerância do peso para mais ou para menos fica li-
mitada a 1 °/o P a r a 'ambas as moedas.
Arf. 4.° As. novas moedas de bronze terão no an-
verso a effigie do Imperador, e no reverso a indicação
no valor respectivo e a éra do Cunho, conforme o de-
senho annexo ao presente decrete.
Art. 5.° A' medida» que se effectuar a emissão das
novas moedas, deveráõ ser retiradas da circulação as
de cobre que actualmente circülâo, qualquer qüe seja
a data da Sua emissão, com tanto que tenhão sidopun-
çadas na fôrma da lei de 6 de Outubro de 1835.
" Art. 6.° A emissão das novas moedas de bronze não
poderá exceder, em seu valor nominal, da quarta parte
da totalidade do valor nominal das moedas de eobre
retiradas da circulação.
Art. 7/Na cunhagem das novas moedas observar-se-ha
a seguinte proporção: 2/3 de moedas de 20 réis; 1/3 moe-
das de 10 réis.
Art. -8.°- As novas moedas serão dadas e recebidas
em pagamento nos lermos do art. 3, da lei de 22 de
Agosto de 1860, a saber, até o valor darainimamoeda de
prata em circulação.
Art. 9." O ministro da fazenda para apromptasubs-.
tituição da moeda de cobre, fica autorizado a con-
tractar, por via de publica copcürrencia, ou como en-
tender mais conveniente, o fabrico das chapas somente,
ou também a cunhagem da moeda de bronze, mesmo em
paiz estrangeiro, si as eircumstancias assim o exigirem.
Ari. 10. O ministro da fazenda regulará definitivamen-
te por insPrucções, a fôrma e condições da substituição
das moedas de cobre, assim como a época em que deixa-
rão dé ter curso legal, e serão recusadas'nos pagamentos.
"_ — 437 —
• /

Relatório da commissSo nomeada para exa-


minar a questão da substituição da actual
moeda de cobre.
Illm. eExm. Sr.—A commissão nomeada pelo ante-
cessor de V- Ex. para, tendo em vista os documentos e
informações juntas, dar sua opinião sobre algumas das
questões que suscita a substituição da actual moeda de
cobre, vem expor a V Ex. as conclusões que adoplou a
respeito dos quesitos que lhe forão feitos.
A moeda de troco não tem, nem pôde ter em parte al-
guma, o caracter de equivalente legal dos valores que
representa: é ura agente de pequenas permutas, que
não tem valor intrínseco correspondente ao valor real,
equeporconseguinte só faz o papel de titulos ou pro-
messas de pagamento.
Assim, "sob o ponto de vista econômico, a natureza do
metal de que ella deve ser fabricada, e o peso e toque de
suas respectivas subdivisões, serião absolutamente in-
differentes, senão fôra necessário attender aos meios de
evitar a falsificação dessa espécie dé moeda; falsificação
tanto mais perigosa, porque, sendo, e não podendo
deixar de ser, a emissão delia privilegio exclusivo dos
governos, e derivando dahi a obrigação que lhes cabe
de rèsgatal-a pelo valor nominal em moeda de valor real,
falta ao interesse privado suíficiente estimulo paracoad-
juvar efficazmente a autoridade publica na repressão dos
falsos moedeiros.
Esses meios só* os podem fornecer a rigidez e os
caracteres exteriores da matéria de que^ão feitas ; a per-
feição do cunho; e opeso das moedas.
Nestes últimos tempos alguns dos governos da Europa,
fazendo cunhar nova moeda de troco, procurarão a pri-
meira garantia contra a fraude, não já no peso delia, mas
principalmente na natureza tio metal, na regularidade
do fabrico de cada peça, na perfeição e belleza do
cunho e dos typos. Assim, a França adoptou uma moeda
de troco, cujo valor nominal está para o valor real na
razão de 150 paralOO: a Inglaterra imitou â França, e
a Bélgica exagerou ainda.mais aquella relação.
Entre nós, porém, a lei dé 22 de Agosto de 1860 seguiu
a respeito do peso um principio différente; a saber, que
o valor nominal década peça não poderá exceder mais
de 10% á importância dasdespezas dá ligae fabrico do
metal que fôr preferido.
As eircumstancias especiaes do Brasil, e a prudência
com que deve o legislador haver-se em tão importante,
matéria, exigião que, sem conservarmos o excessivo peso
— 438 — *

de nossas velhas moedas de cobre, nos afastássemos,


todavia, dos exemplos daquellas nações, as quaes, não
possuindo longos tractos de território despovoado e de
costas desertas, e tendo demais meios de reprimir
promptamente no interior qualquer tentativa dé fabri- "
cação clandestina, achão também, pelo què toca ás ten-
tativas exteriores, garantia de igual repressão na força, *
na moralidade, nas boas relações dos governos vizi-
nhos.
A legislação tie 1833 deu á nossa moeda de cobre valor
iguale mesmo infe.rior ao valor venal. Esta circums-
tancia excepcional, que aliás apresenta graves inconve-
nientes, no? tem, todavia, preservado ate agora da in-
troducção de moeda de cobre falsa : e torna, portanto,
deshecessario que façamos a substituição em larga escala
e a concluamos em prazo curto, como foi forçoso pra-
ticado em outros paizes, onde semelhantes operações
erão acompanhadas desse perigo.
Nem se pense que esta asserção tem por fim enfraque-
cer as razões que levarão a assembléa geral legislativa
do Brasil a autorizar o recunho da actual moeda de
cobre.
A anomalia, que acima fica apontada, e os prejuízos
que ella causaria ao Estado quando fosse preciso
aúgmentar-lhe a quantidade para pôl-a em relação com
as necessidades das permutas* em que tem de intervir;
o grosseiro do cunho e typo que dá ao estrangeiro um
falso e vergonhoso testemunho da nossa civilisação;o
excessivo peso de Cada peça, e a conseqüente diíficuldade,
de transportar grande numero dellas; a nimia facilidade*
e promptidãô com que oxida, são razões de sobra para
justificarem aquella medida legislativa.
Feitas estas considerações geraes e perfunctorias, tra-
tará a commissão especialmente dos quesitos, a que
acima se referiu; e para proceder com clareza os irá
transcrevendo, é expondo resumidamente, após cada um
delles, os fundamentos das conclusões que adoptou.
1," Quesito. Qual deve ser a liga preferível? *
Das nações acima "referidas foi a Suissa a primeira
que féz fabricarem 1851 novas moedas de troco de 1,
2, 5,10 e 20 centimos; as duas primeiras feitas da liga
de 95 partes de cobre, 4 de estanho e 1 de zinco; as
outras da liga de cobre., nickel, zinco e prata' nas pror
porções seguintes para as moedas de 31/2 grammas;
500 de cobre, 250 de zinco, e 150 dé prata e 100 de nickel;
diminuindo a porção de prata nas moedas de menor peso.
, Em 1852 a França começou, a refundir a moeda tie
troco, que então tinha, substituindo-a pela liga dé cobre,
- 439 - * »
estanho e zinco na relação de 95: 4: 1, ê subdividindo-a
em peças de 1, 2, 5 e 10 centimos ou centésimos de
franco. '
A Bélgica, em 1860, decretou também a refundição
das antigas moedas de cobre de 5 e 10 centimosy e das
de prata de 20 centimos, e bem assim a substituição
de umas e outras por moedas de 5,10 e 20 centimos,
, fabricadas de um metal composto de 75 partes de cobre
e 25 de nickel, conservando todavia as antigas de 1 e
2 centimos.
»T Quasi pelo mesmo tempo adoptava o governo sardo
a liga de 96 partes de cobre e 4 de estanhô, e o de
Inglaterra a liga franceza, da qual, como se vê, differe
muito pouco a primeira.
Assim, das cinco nações que nestes últimos 10 annos
adoptárão nova liga para suas moedas de troco, três,
entre as quaes se contão a França e a Inglaterra, pre-
ferirão o bronze; e as duas'outras a.composição de
cobre com o nickel em proporções aliás muito diffe-
rentes.
As vantagens, que levarão as primeiras a adoptar o
bronze, forão principalmente as seguintes:
1 * A grande diíficuldade, lentidão, e dispendio da
operação necessária para imital-o por v,ia dos processos
da.galvano-plastica, comjQ tão,facilmente acontece com
o cobre puro, que a outros respeitos é preferível;
2." Exigir o emprego dê maohinas de grande força,
e difficultar deste modo a falsificação;
3. a Prestar-seaosmaisdelicados desenhos, e fornecer
uma moeda que resiste muito ás alterações que o at-
trito e contado tio ar humitio produzem facilmente
sobre o cobre.
Pelo que toca á liga de cobre e nickel, não pôde a
.commissão indicar melhor os inconvenientes do em-
prego delia do que transcrevendo o trepho seguinte,,
de uma carta de Mr. Albert Barre,'gravador geral das
moedas de Paris, a qual se acha junta, sob D." 9, aos
documentos e informações que forãõ remettidos á mesma
commissão. « II ne faut pas perdre de vue que l'ar-
gentan (liga de cobre e nickel) peut être parfaitement
imite avec des alliages dans les quels il n'entre que
peu ou point de nickel; qu'il peut être parfaitement
imite au moyen du laitpn, sóit etamé,.soit blanchi au
mercure ou dans des baíns légers, et que, dans ces
diverses conditions, Ia prime offerte aux contrefacteürs
est enorme, que si le Brésil emettait une monnaie d'ar-
gentan, Ia vaste etendue de ses cotes permettrait aux
americains, peut être même aux usines de Birmingham
dlnnonderlepaysdemonnaies contrefaites. LPperalíon
serait d'autant plus facile, que Ia resistence des alliages
de nickel ne permet au monnayage, que des erapreintes
fáibles de saillie et toujours íncorapletes, ainsi quPn
peut le verifier par 1'exámen de monnáies suisses et
qes essais belges. »
A isto cumpre acrescentar que o preço do nickel: é
muito variável por ser de pouco, uso nas artes, e que,
se depois de fabricada a moeda aquelle metal viesse
a baixar consideravelmente^corno seria de receiar, achar--
nos-hiamos com uma moeda qüe óffereceria excessivo
prêmio á avidez dos falsificadores, tanto mais difficil
de ser reprimida, quanto, além das eircumstancias já
mencionadas, a deficiência de nossos meios policiaes,
e a impotência tios governos dos paizes com que avi-
zinhamos, darião grandes facilidades a criminosas es-
peculações.
Além do que fica ponderado, é força reconhecer que
o exemplo da Bélgica não pôde sér de grande peso
para nós, quando se reffecte que a principal razão quo
a determinou a preferir a liga dp nickel e cobre as-
sentou no fundado receio de se ver invadida pela moeda
franceza de 5 e 10 centimos, a qual, como atrás se viu,
apresenta tão grande differença entre o valor real e o
valor de convenção*.
A addição de uma qPantidade tie prata á liga de,nickel
nada aproveitaria contra a falsificação; porque, não.mu-
dando o aspecto tia moeda, tornar-se-hia a prata inútil
para distinguir as peças falsas das verdadeiras, anão
ser por via da analyse chimica, além de que semelhante
arbítrio causaria a perda inútil de uma porção de metal
precioso que não poderia depois ser separado da liga
sem dispendio igual ou maior do que o valor intrín-
seco delle.
As razões que ficão expostas decidirão a commissão
á rejeitar unicamente a liga de cobre e nickel.
Não aconteceu, porém, a mesma cousa a respeito da
adopção do bronze francez, pela qual só se declararão
três membros.
O Sr. Dr. Azeredo Coutinho propôz que a moeda de
cobre brasileira fosse composta de 95 partes deste metal
e de 5 de estanho; allegando:
1.° Que nas grandes fundições nunca a liga fran-
ceza pôde ter o toque e tolerância da lei; 2.° Que dentro
de pouco tempo torna-se negra; 3.° Que com pequena,
e fácil alteração pôde tomar a cor do ouro e concorrer
assim para tiesmoralisar os empregados da casa da
moeda.
- 441 —

Em resposta a estas objecções ponderou-se: 1,' Que


a lei franceza de 6 de Maio tie 1852 marcou a tole-
rância do peso e do toque da moeda de bronze daquelle
paiz; e entre as condições com que o governo contractou
o fabrico de 12 milhões de francos, que forão recente-
mente cunhados pelos fabricantes'R. Heaton&SohsÇde
Birmingliara) na casa da moeda de Marseille foi incluída
«observância daquella disposição legislativa; e que Mr.
Baussier, actual director da me*sma casa, declara ter essa
moeda sabido perfeita em todos os pontos; 2.° Que al-
gumas peças de bronze francezas e suissas, que forão
apresentadas aos membros da commissão e cunhadas em
1851 e 1852, pouco tinhão ainda perdido da côr pri-
miltivá; 3.° Que o receio de abusos dos empregados
da casa da moeda pôde ser desvanecido por meio de
severa policia efiscalisaçãode seus respectivos chefes ;
e 4." finalmente que, segupdo o relatório da commissão
encarregada em 1852 pelo senado francez de examinar
a lei sobre a refundição de moedas de cobre, que
então se discutia, relatório apresentadopelo Sr. Dumas,
que é autoridade irrecusável nesta matéria, verificou-se
que, substituindo-se ao bronze em que entrassem 4 a
6 °/o de estanho, um pouco de zinco, o metal tornava-se
mais fácil de laminar e de amoedar, ea moedase con-
servava melhor.
2.° Quesito. Qual deve ser o valor, peso e modulo
de cada espécie 4de cada moeda de troco?
Tratando do'2. quesito, é dever da commissão res-
tringir-se ao preceito do § 1 / art. 3.° da lei de 22 de
Agosto de 1860, o qual resa assim: « O valor nominal
de cada peça não poderá exceder a 10 % sobre a im-
portância das despezas de sua liga e fabrico; » e, sendo
assim, á única tarefa que.lhe incüraJoe é averiguar
quanto poderá custar-nos (matéria prima e braçagem)
cada libra dê moeda de bronze; ajuntar-lhe 10 %> deste
custo, e deduzir dahi o peso de cada uma das moedas
das differentes Glasses que tivermos de cunhar.
Das respostas juntas dadas pelos directores das casas
de moeda de Paris, Bordeaux, Strasburgo, e pelos fabri-
cantes Oeschger, Mesdach & Comp., da primeira das
ditas cidades, os quaes forão consultados sobre as con-
dições com que se encarregarião de cunhar a moeda
de troco brasileira, na hypothese de adoptar-se, para
este effeito a liga do cobre e nickel, vê-se que o preço
do primeiro destes metaes regula de 2 francos e 60
centimos a 3 francos por kilogrammo. A estes preços,
segundo declarão os. fabricantes de Birmingham já men-
cionados, em uma carta, que teve a condescendência de
c. 56
— 442 —
*
confiar á commissão o Sr.^conselheiro de estado Cândi-
do Baptista de Oliveira, deve addiciohar-se a quantia de
cinco libras esterlinas por tonelada ingleza para obter-se-
o bronze- Por esta conta elevar-se-hia o preço do ki-
logrammo desta liga a péuco mais de 2 francos e 80
centimos, que o governo francezpagou aquelles fabri-
cantes em virtude do contracto já referido.
Assim, calculando que o bronze nos custe na Eu-
ropa a três francos por kilogramrao, e dando 10 7»para
despezas de transporte, seguro, commissões, direitos
e differença de câmbios, não poderá ficar-nos aqui cada
libra desse metal por menos de 536 réis.
PelO que respeita á braçagem, fallecem-nos infeliz-
mente os dados necessários paia calcular a quanto mon-
tará na nossa casa da moeda, e é pois forçoso recorrer
lambem ás informações obtidas na Europa. ,
Estas informações são mais discordes do que as re-
lativas ao' preço de metal, e reférem-se ao fabrico da
liga do cobre e nickel, a qual deve ser algum tanto
superiora do bronze. Tomando, todavia, o termo médio
das ditas propostas, e suppondo que o fabrico do bronze
custaria tanto como o do cobre e nickel, elevar-se-hia
a braçagem de cada libra a 1,60 fr., á qual quantia
teria de acrescentar-se não só o pagamento tios em-
pregados do contraste, se a fabricação fosse feita em
algumas das casas de moeda de-França, como a diffe-
rença de cambio.
Este preço parecerá muito módico comparado com
0 que exigião. em .1853 os fabricantes Heaton & Sons
para se encarregarem de cunhar a moeda do Brasil,
na hypothese de ser adoptado o bronze francez. Pe-
dião1 elless por libra de metal que subdividisse s emd 64
peças, 1. 3.d 1/4; subdividida em 128 peças, 1. 4. , e
em 256, 1." 5.d 1/4.
Julga, pois, a commissão que não se afastará muito
da verdade dos factos, calculando em 2 francos a des-
peza do cunho por cada kilogrammo, .ou em 352 réis
por libra brasileira.
Addicionanda, pois, esta quantia á do custo da liga,
e carregando-lhe 10 7o de senhoriagem, elevar-se-ha,
a libra do bronze amoedado a 975 reis, que dará para
cada oitava o preço de 7, 6 réis ou quasi 8 réis.
Decidido este ponto, propôz um tios membros da
commissão (o Sr. Baptista de Oliveira) que, para har-
monisar os valores dáS moedas de bronze com a esca-
la (1,2 e 5) a que foi subordinada a organização de nossp
systema monetário, na parte relativa ao ouro e a prata,
adoptassemos as moedas de 50, 20 e 10 réis. Ponde-
- 443 —

rando-se, porém, que esta alteração no valor da moeda


de cobre, de que principalmente" se servem as classes
mais necessitadas, daria, talvez, o resultado de se elevar
a 50 réis o preço dos objecter» que hoje custão 40.réis,
decidiu-se a commissão pela idéa dé se adóptarem no
novo systema unicamente moedas de 20 reis com o
peso de 2 1/2 oitavas, e de 10 réis com o peso de 1 1/4 oi-
tavas ; pois que, sendo desnecessária a de 40 réis,,in-
justificável Se tornava aquella deshãrmonia'; pensando,
todavia, aquelle conselheiro de estado que se para o
Jütüro se qüizer cunhar uma moeda superior á dé 20
réis, se prefira a dé 50 á moeda dé 40 réis.
Bem que a commissão não fosse expressamente .in-
cumbida de dizer sua opinião a respeito da tolerância
da nova moeda, todavia, cômó esta questão está estrei-
tamente ligada á do peso e valor, não julga ocioso
acrescentar que nenhum inconveniente lhe parece haver
em estabelecer-se a tolerância de 1 7o no peso, e de
outro tanto nó loque.
O modulo ou diâmetro é mais óbjécto de arte do
que econômico ; e como os> princípios que- devem de-
terminal-o são hera conhecidos na nossa casada moeda,
entende a commissão que se deve escolher o qüe parecer
melhor entre os modelos que ella apresentar.
3.° Quesito. Qual deve'ser a mutra ou typo das mesmas
moedas?
O typo ou mutra é objecto ainda mais puramente
artístico, e cumpre, portanto, que a este respeito se.
consulte lambem aquella repartição.
4." e ultimo Quesito. Será conveniente o fabrico da
moeda de troco em França ou em outro qualquer paiz
estrangeiro, e com que condições ?
Considerando que das irtfprmações já apontadas não se
pôde concluir com exactidão quanto nos custaria o fa-
brico da nova moeda de cobre nas officinas da Europa;
considerando que, ainda quando fosse fabricada alli a
que tem de ser emittida em substituição da actual,
seria necessário preparar-nós para cunhar a que fôr
sendo exigida-pelo augmento da população; e atten-
dendo, finálmentej a que o Sr. Dr. Azeredo Coutinhó se
persuade que a braçagem da moeda de bronze não nos
custará no estabelecimento, de que é provedor, mais
de 50 7o do valor do metal, .entende a commissão
ue se deverá começar aqui o fabrico da nova moe-
S a, porquê só pela experiência se poderá decidir se
convém continual-o na nossa casa da moeda, ou
aceitar de preferencia alguma das propostas que ella
examinou.
-,j>. _ 444 —
Resumindo o que fica expendido, a commissão adopta
as seguintes conclusões :
1.a Que seja preferido para a nova moeda de troco do
Brasil o bronze composto de 95 parles de cobre, quatro
de estanho e uma de zinco.
2.a Que se cunhem somente moedas de 20 réis e 10 réis;
as primeiras com o peso de 2 1/2 oitavas, as segundas
com o de 1 1/4 oitavas, e ambas com a tolerância de 1 7.
no peso e a- de outro tanto no toque de cada um dos
metaes.
3.a Que se adoplem o modulo e mutra que se julgarem
preferíveis entre os modelos apresentados pela casa da
moeda.
4.° .finalmente. Que, ao menos como ensaio, se comece
a cunhar naqúelle estabelecimento nacional a no?a fnoeda
de bronze, até que pela experiência se possa decidir com •
segurança se será mais vantajoso mandal-a fabricar em
paiz estrangeiro.
A primeira conclusão foi approvada por três votos
contra u m ; as outras unanimemente.
.. Deus Guarde a V. Ex.—Rio de Janeiro, em 21 de Abril
de 1862.-^-11^. e Exm. Sr. conselheiro José Maria da
Silva Paranhos, ministro e secretario de estado dos ne-
gócios da fazenda e presidente do tribunal do thesouro
nacional.—Visconde de Itaborahy .—Cândido Baptista
de Oliveira.— Joaquim Francisco Vianna.— Cândido
de Azeredo Coutinho. >

,N; 755.-RESOLUÇÃO DE 3 DE FEVEREIRO DE 1864.


Sobre
c a alteração dos estatutos do novo Banco de Pernambuco, re-
querida pela respectiva directoria.
i
Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
o seu parecer sobre a alteração dos estatutos do novo
Banco de Pernambuco, requerida pela respectiva di-
rectoria .
No requerimento que a directoria fez subir á augusta
presença de Vossa Magestade Imperial, mostra que foi
unanimemente autorizada pela assembléa geral dos seus
accionistas para solicitar a alteração dos estatutos do
dito banco « em ordem á poder ser a sua emissão, se-
gundo entender conveniente, no todo ou em parte ga-
— 44o —

rantida ou pela fôrma estipulada nos estatutos do banco,


ou pela permitlida no § 4.° da lei n;° 1083 de 22 de
Agosto de 1860, e art. 5.° do decreto n." 2685 de 10 de
Novembro do mesmo anno », e pede a approvação desta
alteração, para que possa elle augmentar ou diminuir
a somma dos .titulos da garantia da emissão á pro-
porção que julgar conveniente.
O sentido das palavras que ficão transcriptas é tão
ambíguo e confuso que a secção não pôde emittir seu
parecer a respeito da reforma de estatutos que pretende
„a directoria, sem que ella à formule em artigos e a
torne mais intelligivel; e por isso requer que Vossa
Magestade Imperial" haja por bem de assim ordènal-o.
Sala das conferências, em o 1." de Fevereiro de 1864.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes .—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 3 dê Fevereiro de 1864.
Com a rubrica de Sua Mag'estade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 756.—RESOLUÇÃO DE 13 DE FEVEREIRO DE 1864.


Sobre o requerimento dos negociantes da praça de Pernambuco pe-
dindo solução á duvida que apresentão acerca da responsabilidade
dos recibos ou mandados ao portador, quando, apresentados no
prazo de três dias, não forem pagos nem protestados.
Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
o seu parecer sobre o objecto do officio n.° 124 da presi-
dência da provincia de Pernambuco, de 19 de Dezembro
do anno passado, a que acompanha o requerimento no

(*) Communicou-se ao presidente da provincia de Pernambuco' o


indeferimenlo desta pretenção. Aviso de 21 de Novembro de 1864.
— 446 -

qual Tasso,^ Irmãos e outros negociantes da praça


daquella província pedem solução á duvida que apre-
senlão acerca da responsabilidade dos recibos ou man-
datos ao portador, de que tralão a lei n.° 1083 de 22 de
Agosto e decreto n.° 2694 de 17 de Novembro de 1860,
quando, apresentados no prazo de três dias, não forem
pagos nem protestados.
O conselheiro procurador fiscal do thesouro, que foi
ouvido sobre o objecto do requerimento, expôz o seu
parecer do modo seguinte:
« A lei de 22 de Agosto tie 1860 no art. 1.' §10
teve por fim regulara emissão dos bilhetes ao portador.
Nó interesse dá liquidação dos pagamentos commer-
ciaes, segundo os'estylos de outras praças, permittiu
ahi os recibos e mandatos ao portador (cheques) pas-
sados por banqueiros e negociantes de uma praça, paráv
serem pagos na mesma praça em virtude de contas^ cor-
rentes, com tanto que sejão de quantia superior a cin-
coenta mil réis.
Taes recibos e mandatos deveráõ ser apresentados
no prazo de Ires dias,. contados das respectivas datas,
sob pena de perder o portador o direito regressivo'
contra o passador (lei de 22 deAgosto, artigo, citado,"'
regulamento de 17 de Novembro de 1860).
O fim do art. 1.° § 10 da lei citada è que os cheques
não se conservem na circulação por mais de três dias;
tudo quanto fôr além deste pensamento, claramente
expresso no paragrapho, é um abuso que deve ser re-
primido.
No caso de falta de apresentação do cheque ao
banqueiro no prazo marcado, a perda do direito re-
gressivo contra o passador está positivamente commi-"",
nada nesse paragrapho.
Como porem a lei nessa disposição guarda silencio
sobre o caso de falta de apresentação do cheque ao pas-
sador; quando o banqueiro o não pague no prazo ulil,
pergunta-se : como deve proceder o portador era taes
eircumstancias, e qual a extensão da responsabilidade
do passador.
Sendo o chequet apresentado no prazo útil, mas nãó
pago pelo banqueiro, os interesses do portador aCdtf-
selhão que immediatamente se apresente aopassatior,
e todos os princípios assim o exigem.
Protesto não carece interpôr-seperante o banqueiro,
nem o commercio poderia tolerar semelhante pro-
videncia.
A recusa do pagamento tia parte do passador, é
preciso que seja provada; ou por protesto oupor qual-'
- 447 ~
quer outro modo que faça fé, como diz o § 5*° a respeito
das notas dos bancos. O protesto parece o meio mais
regular.
Fatiando do billet au porteur, assim se exprime
Dalloz vb. Effets de commerce. Le billet au porteur
n'apas besoin d'être prote,sté pour refus dépayetnent.
Cependant, s'it s'agissait dPn mandat au porteur, il
serait prudent de levér un prótêt afin d'eviter les excep-
tions pue le sou.scripteur pourrait faire valoir dans le
cas ou il aurait fait les, fonds chez le mandataire, et
•ou tout recours contre ce dêrnier serait devenu illu-
soire ou irapossible.
Por outro lado a respeito do cheque devem proceder
as regras estabelecidas pelo cpdigo do commercio sobre
as letras de cambio e outras, na parte que fôr appli-
cavel.— A cheque is, in general subject to the rulês
which regulate the rights and habilities of parties to
bills of Exchange (Smíth, Wilson'8 Legal Handy Bóoks,
p. 76. Cabinet Lawyer de 1863 p. 361.)
A definição mesmo que dá Leone Levianas leis com-
merciaes inglezas comparadas com as de outras nações,
approva esta conclusão.
« A cheque, diz. elle, is. abill of exchange addressed
to a banker arid payabte to a certain person or bearer.»
Portanto o portador do —cheque que não tirar o pro-
testo— logo que lhe fôr recusado o pagamento pelo pas-
sador, dentro do prazo marcado na lei, deve correr o
risco e soffrer as conseqüências do seu acto e das
eircumstancias.
A responsabilidade tio passador, na fôrma dos
arts. 366 e 369 do código do commercio, cessa desde que
provar que na época do vencimento tinha suíficiente pro-
visão de fundos em poder daquelle sobre quem tiver sido
sacçado o cheque.
Por outra a responsabilidade do passador subsiste,
embora não haja protesto, mas provando que tinha suí-
ficiente provisão de fundos,,na fôrma do art. 368, em
poder do saccado, não será responsável pelo cheque.
A responsabilidade do passador, não é pois indefi-
nida ; é a responsabilidade do saccador, nos termos do
código commercial.
No caso de falta de apresentação nos treá dias ao
banqueiro ha perda de direito regressivo, tenha ou não
feito provisão o passador: disposição esta que constituo
uma excepçao ao direito commum do art. 381 do código.
A lei pune ó portador que pretende conservar o
cheque em circulação por mais tempo.
No caso de apresentação ao banqueiro e falta dé
— 448 —

pagamentoó cheque deve reverter logo ao passador; e


assim procederá o portador que não for negligente.
Se o portador, não pagando o passador, interpuzer o
protesto, conservará todos os seus direitos contra o
mesmo passador, tenha este feito ou não provisão de
fundos, nos termos do art. 368 (çod. commercial art, 366),
o que é de inteira justiça-
Deixando de interpor o protesto, ficará o portador
sujeito ás conseqüências do seu acto e negligencia', é o
passador será responsável somente quando não tiver
feito provisão de fundos, nos termos do art. 368 (cod; do
commercio, art. 369,2.a parte), o que não é menos justo.
As legislações estrangeiras não fornecem muita luz
para a decisão da duvida.
Na Inglaterra um cheque, assim como umá letra de
.cambio, deve ser apresentado dentro de um prazo ra-
zoável, o qual se entende geralmente ser o dia seguinte
á emissão.
O que se quer dizer com isto é, não que o saccadofy
fique exonerado, por falta de apresentação dentro do
mencionado prazo; mas que se elle fôr prejudicado pela
demora (por exemplo, se o banqueiro fallir), então
ficará exonerado. Cora effeito, o portador, guardando
o cheque por muito tempo, corre o risco de fallir o,
banco.
Nestes termos o saccador tem o direito de que o seu
cheque seja apresentado dentro do referido prazo,
ainda que o portador o entregue ao seu banqueiro para
apresental-o, ou o faça circular por differehtes mãos.
(Wilson cit.)
O código do commercio de Portugal, art. 432, declara
que o portador, que não apresenta" o cheque em tempo
útil, perde o direito contra o passador, mas para isto
exige como condição, essencial, o que não faz a lei de 22
de Agosto, que o passador prove que nos prazos mar-
cados tinha em deposito, ou credito aberto, ou saldo de
contas do banqueiro, somma suíficiente para o paga-
mento.
Se o banqueiro cessa pagamentos nos prazos do
cheque, os portadores não tem obrigação de apresentai-o:
neste caso o mandato fica sem effeito algum, e o mesmo
é, quando apresentado em tempo útil: não é satisfeito
pelo banqueiro (art. 434). •
ps commentadorés observão que em qualquer dos
casos do art. 434, não satisfeito o cheque pelo banqueiro,
porque não quiz pagal-o, ou porque falliü, o portador
não carece de protestai-o para resalvar seus direitos
contra o passador.
— 449 —

O código da Hõllaiidaé-aquelle que contém doutrina


mais análoga â da lei dé 22 de Agosto de 4860 (vid. A. de
Saint Joseph, coiíeordance des codes de' eommercê).
Aquelle que primitivamente emittir o effeito sobre
banqueiros ou outro effeito ao portador paga vel por um
terceiro, sob a fôrma de um mandato, é responsável pelo
pagamento ao portador durante dez dias contados da
data, não comprehendehdo-se esta no termo (art. 222).
(Convém notar que este prazo se acha declarado ser de
•dous dias,nó commercial LawdeLeone Levi, pag. 56).
A responsabilidade daquelle que primitivamente emit-
tiu o effeito continuará a subsistir, salvo proyandó
que durante o prazo indicado, no artigo precedente, fez
provisão para a importância do effeito, em poder da
pessoa sobre quem foi elle saecado, e ahi deixou-a á
disposição do portador (art. 223).
Parece pois que, no silencio da lei de 22 deAgosto
de 1860 sobre a responsabilidade do passador do cheques,
no caso de apresentação do mesmo cheque era tempo
útil, e falta de pagamento pelo banqueiro,, e pelo pas-
sador, deve ella regular-se pelo que se acha disposto no
código do commercio a respeito da responsabilidade do
saccador das letras dé cambio e.da terra, e portanto:
1.° que em tal hypothese, se ó portador interpuzer o
competente protesto no prazo legal, conservará todos os
seus direitos contra o passador do mandato ou cheque.
2.' que, na mesma hypothese, deixando o portador
de interpor o protesto, perderá os seus direitos, contra o
passador, se este provar qpe no prazo legal tinha siu>
íièiénte provisão de fundos èm poder da pessoa sobre
quem foi saecado o mandato ou cheque. '••.
- Attenta porém a importância do assumpto, parece-me
conveniente ouvir-se a illustrada secção de fazenda dò
conselho de estado.—Directoria.geral do Contencioso^
44 de Janeiro de 1864.—Arêas. *
A disposição do art.'1.° § 10 da lei de 22 de Agosto de
4860 teve por fim evitar que os cheques, ou mandatos ao
portador corressem de mão em mão fazendo as vezesíde
moeda, e âpgmentassem assim a emissão tio papel fidu-
ciario,' cujos . jimites erão fixados por aquella lei; e por
isso determinou qüe o portador os apresentasse no prazo
tie três dias, sob pena de perder o direito regressivo
contra opassadoV, mas a respeito dos que satisfizessem
a este preceito, nenhuma alteração fez nás regras esta*
belecidas no código commercial para resalvar esse di-
reito. ,
Se nossa /legislação commerciale omissa spbre este.
matéria, não^e deve attribuil-ó á lei de 22 deAgosto-;
c. 57
— 450 —
não foi ella que creou os mandatos ao portador; está
espécie de títulos commerciaes era já conhecida entre
nós; delles se fazia extenso uso antes de decretar-se
aquella lei; e as questões qüe agora se podem movera
respeito dos mandatos apresentados e não pagos no prazo
de três dias, podião também ser suscitadas então a res4-
peitodos que não estavão sujeitos á mesma restricção.
A sêoção de fazenda, porém, julga que o código do
commercio dá meio de resguardar o direito regressivo do
portador dos titiilos de'que se trata, contra o passador.
O art. 427 é concebido assim : « Tudo quanto. nes,te ti-
tulo fica estabelecido a respeito das letras de cambio
servirá igualmente de regra para as letras da terra, para
as notas promissórias e para os créditos mercantis,
tanto quanto possa ser applicavel. » E ninguém dirá que
os mandatos á ordem não estão coraprehéndidos na
expressão genérica —créditos mercantis— e que a estes
mandatos não possa, e mesmo não deva ser applicada a
disposição do art. 376 do referido código.
Pensando, pois, com o conselheiro procurador fiscal
do thesouro que o portador do cheque, apresentando no
prazo de três dias, e cujo pagamento lhe fôr recusado,
deve fazel-o proteStar.antes de terminado o mesmo prazo,
para resalvar seu direito regressivo contra o passador,
julga todavia a secção de fazenda que, sendo taes ques-
tões da competência do poder judiciário, não pertence
ao governo dar a interpretação que Os süpplicantes so-
licitão, tanto mais porque elle não é nem pôde ser as-
sessor dos particulares*
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 40 de Fevereiro de 1864.—
Visconde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 13 de Fevereiro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador*
José Pedro Dias de Carvalho.
m
, ' " * , , - , i „

, {*) Expediu-se ao presidente da provincia de Pernambuco o aviso


seguinte: ••:•, -,.J;
Ministério dos negócios da fazenda.— Rio de Janeiro, em 20 de
Fevereiro de 1864.
Illm. e Exm. Sr.—Foi presente a Súà Magestade,o Imperador
o officio dessa presidência de 19 de Dezembro do anno passado,
— .451 -
N. 757.—RESOLUÇÃO DE 11 DE MAIQ DE 1864.
Sobre o requerimento do Barão de Mauá pedindo a permissão para
abrir nesta capital um registro de transferencias das acções do
Banco Mauá & C.«, estabelecido na cidade de Montevidéo.
Senhor.—Manda Vossa Magestade Imperial, por aviso
da secretaria de estado dos negócios da fazenda de 31
de Março próximo, passado, que a secção de fazenda
do conselho de estado consulte com o seu parecer
•sobre a matéria dó requerimento do Barão de Mauá,
o qual, na qualidade de fundador do—Banco Mauá 4
Companhia—, estabelecido por lei do Estado Oriental
do Uruguay na cidade de Montevidéo, solicita do go-
verno imperial a permissão de abrir nesta capital um
registro de transferencias das acções do referido banco,
e pagar os respectivos dividendos aos possuidores das
mesmas, que residirem dentro do Império; satisfa-
zendo assim ao que a tal respeito exige o art. 48 do
decreto de 19 de Dezembro de 1860.
A concessão para a transferencia das acções do banco
—Mauá & Companhia—de Montevidéo, que o Barão de
Mauá propõe-se realizar nesta praça, eqüivale a legi-
limar-se a circulação de titulos' de credito estrangeiros
dentro do Império, em livre concurrencia com os na-
cionaes ; e sob este ponto de vista hesita a secção de
fazenda em dar o seu asséntimento á essa medida,
pelas razões que passa a expender :
4.» E' um facto conhecido, que em nenhuma das
principaes praças da Europa circulão titulos de credito,
da natureza daquelles de que se trata, emittidos em
paiz estrangeiro, sendo transferidos, e cotados, em con-
currencia com os titulos que são emittidos dentro dos
"paizes respectivos. *

n.° 124, acompanhado do requerimento em que os negociantes


Tasso, Irmãos e outros, pedião solução á duvida que apresentarão
acerca da responsabilidade dos recibos ou mandatos ao portador,
de que tratai?;* á'íét n." 1083 de 22 de Agosto e decreto n.» 2694
de 17 de Novembro de 1860, quando, apresentados no prazo de três
dias, não forem pagos nem protestados, e o mesmo Augusto Senhor
tendo ouvido a secção de fazenda do conselho de estado, e con-
formaudo-se com 0 respectivo parecer, houve por bem declarar,
por sua imperial resolução de 13 do corrente, que sendo taes ques-
tões da competência do poder judiciário, não pertence ao governo
dar a interpretação que; aquelles negociantes solicilão, tanto mais
porque elle não e, nemspóde ser assessor dos particulares. ,
Deus guarde a v. Ex&tJosé Pedro Dias de Carvalho. -*Sr. pre-
sidente da provincia de p|pambuco.
--452-
Por mais de uma vez se tem tentado-fazer circular
na praça de Londres, titulos dé credito emittidos em
paiz estrangeiro, e o iStock Exchange se ha cons,tante»
mente recusado a reconhecel-os no caracter de titulos
negociáveis, em concurrencía com os titulos embora
estrangeiros, mas que são emittidos dentro do paiz,'era
virtude de transacções ou operações de credito ahi
realizadas.
2.á Segundo assevera o peticionario no seu reque-%
rimento, o capital effectivo dó banco—Mauá & Compa-*
nhia—acha-se já elevado á somma de dous milhões de'
pesos, o que eqüivale a quatro mil contos da' nossa
moeda; facultando os estatutos desse estabelecimento'
a elevação do seu capital á importância dé seis milhões
de pesos (doze mil contos de réis) quando o estadcí
dos seus negócios o exigir. '
. Ora, umá vez concedida a faculdade de transferir;
nesta praça as acções desse banco, é evidente, que
(contra as intenções tio peticionario) não só passará,
a circular dentro dp Império a maior parte, se nãq
todo aquelle capital effectivo, representado por acções
do banco, era razão de ahi acharem mais amplo
mercado, e emprego mais lucrativo, como valores dé
caução; mas poder-se-ha mesmo no futuro, realizaç
neste mercado a venda tias novas acções, que hajão:
de sér emittidas até preencher o limite de seis milhões
de pesqs, fixado .pela lei orgânica do banco. Em tal
hypothese, são envios os graves inconvenientes - quê
devem resultar da circulação de tão considerável rnassab
de titulos de credito estrangeiros, em livre concurrenci»
m
com os nacionaes.
3.\Em virtude de uma disposição dos estatutos do
banco—Mauá & Companhia— acha-Se autorizado o fun-
dado^ é Supremo directof dessa instituição, para transf
fórmal-a era. companhia anonyma,' quando o julgue
conveniente a bem dos^interesses daqueíle estabeleci^
mente, guardadas estas cláusulas: assumindo ella de-
finitivamente esse caracter, dada a eventualidade da
morte do seu fundador. Na aclualidade, porém, sendo
commandítaria a companhia proprietária do referida«
banco, torna-se incompatível a circulação no Império
dos titulos que representão os capitães associados par
quelle estabelecimento, com o que dispõe a tal res*
peito o decreto n.° 4487 de 13 de Dezembro de 4854;
o qual veda a emissão de taes titulos, ná .mesmacatef
goria das acções de companhias anonymas.
Cumpre notar ainda que o banco em questão tem
uma duração" indefinida, segundo^ lei da sua creação^;
— 453 -
#
'Pelo que respeita ao pagamento dos* dividendos-das
aeçõès do bancó-^-Mauá & Gorapanhian-nesta praça,.ne->
nhuma necessidade tem o peticionario de permissão
do governo imperial para semelhante fim, podendo
providenciar átál respeito como entender conveniente.,
Vossa Magestade Imperial, porém,.resolverá em sua
alta sabedoria o que tiver por mais acertado.
Sala das conferências, em 20 de Abril de 4864.— Cân-
dido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahy.—
Marquez de Abrantes.
' RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, era 41 de Maio de 4864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
1
<' <" / José Pedro Dias de Carvalho.

N. 758. —RESOLUÇÃO DE 21 DE MAIO DE 1864.


Sobre o requerimento em que a directoria do Banco Rural e Hypothe-
cario do Rio de Janeiro pede a approvação dos estatutos, para
incorporar uma sociedade de seguros sobre vida.
" Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
do ministério da fazenda, datado de 18 de Dezembro
ultimo,-que (as secções reuqidasda fazenda e império
do conselho de estado consultem sobre a matéria do re-?
querimento, em que a directoria do Banco Rural e Hy-
pothecario do Rio de Janeiro, pede a approvação dos
estatutos para incorporar umá sociedade de seguros
mútuos sobre vida.
A maioria das secções é do seguinte parecer:
Na . denominação geral de—seguros sobre ávida—
se incluem duas classes de contractos muito distipetos,
a saber, o seguro em caso de morte,- e o seguro
em caso de vida. Na primeira, o segurador procura
annullar ou mitigar as conseqüências funestas, que
podem resultar da cessação de sua existência pjará
os entes que lhe são caros; para os filhos; para
a viuva; para aquelles, n'uma palavra, dequemé.arrimo
— 454 —
e protector, e que, á mingoa dessa protecção, ficariáo
expostos aos soffrimentos da viuvez e da orphandade,
quando privados dos meios de , honesta subsistência.
Esta espécie de seguros, pois,fünda-se no sentimento
mais generoso, mais moral do coração do homem, e
a ue ao mesmo tempo é a pedra angular das socieda-
es humanas.
Na segunda classe, a sobrevivência do segurado, que
de ordinário é o próprio contribuinte, constitue a base
e condição essencial de suas aspirações; não é a fu-
tura sorte da família, senão o próprio bem estar que o
preoccupa; a morte.de seus associados é um dos ele-
mentos que mais hão de avultar-lhe as vantagens pe-
cuniárias. Se lhe vem á idéa que também elle pode
deixar de existir antes da liquidação do respectivo con-
tracto, pouco se lhe dá que o patrimônio de seus des-
cendentes vá engrossar o dos sócios que lhe sobre-
viverem : cora a morte o mundo acaba de todo para'
3uem não se sente preso pelos laços de affeição e
e amor, com que a natureza liga os homens á sua
prole.
A associação de que.se trata, é desta ultima espécie.
Não se nega que ella produza em certos casos van-
tagens dignas de apreço. O homem, cuja família está
'reduzida a um-filho só de idade pueril; o operário
que não a tem, e prevê que com o volver dos annos
virá a fallecer-lhe o vigor necessário para ganhar ò pão
á custa do trabalho manual, e outros ainda em idên-
ticas condições, podem tirar legitimamente proveito de
taes associações; mas importa que ninguém seja le-
vado a inscrever-se nellas por falsas promessas ou
vantagens imaginárias que, quasi sempre, ãérvem de
engodo aos'estabelecimentos dessa natureza,
A autorização e approvação do governo em tal caso tem
o inconveniente de sanccionar esperanças exageradas,
cujo mallogro o exporia ás exprobráções dos que de-
pois se achassem ílludidos.
Se os lucros provenientes dos contractos de seguro,
de que tratão os arts. 15, 16 e 17 do regulamento ou
estatutos sujeitos ao exame das secções, estivessem
sempre na razão composta do risco de morte do se-
gurado, da importância da contribuição e da duração do
contracto, como parece suppôl-o a doutrina do art. 37,
fácil fôra evitar esse escolho. Bastaria que o governo»
antes de autorizar a associação, exigisse que a direc-
toria do Banco Rural e Hypothecario apresentasse a
taboa de mortalidade a que se refere o art. 38, e cal-»
culasse separadamente para cada sociedade a razão era
— 455 —
que tem de crescer, no fim de cinco annos, uma con-
tribuição dada, única ou annual; fazendo outrosim
acompanhar os estatutos dos resultados destes cálculos,
reduzidos a tabellas. Infelizmente, porém, estas tabel-
las, que aliás servirião para desvanecer as illusões dos
que contão colher beneficios dos seguros no caso de
vida, não exprimirião a verdade dos factos.
Os estatutos, prescrevendo a regra do art. 37, leva-
rão o fito em igualar, para todos os sócios, a relação
. eptre o risco a que cada um delles se expõe e as
vantagens qüe poderá lograr, se viver até a liquidação
da sociedade de que fizer parte; mas não attendêrão
que aquella regra offerece aos menores contribuintes
eventualidades de lucros, que os maiores nunca pode-
rão obter.
Para tornar claro o pensamento das secções, basta fi-
gurar uma sociedade da primeira classe de cem indi-
víduos, formada por cinco annos com perda de capi*
tal e lucros, na qual noventa e nove contribuintes en-
trem com um conto de réis cada um, o ultimo com
vinte contos de réis; e que todos os sócios corrão o
risco de vida de 5 "/„ anhualmente. Dos cem contri-
buintes restaráõ setenta e sete no fim dos cinco annos;
e poderá realizar-se uma das duas hypotheses : ou to-
dos os 23 que morrerem, pertencerão á classe dos de
um conto de réis; ou o de vinte contos de* réis en-
trará também no numero dos mortos. No primeiro caso,
os sobreviventes retirarão o respectivo capital com aug-
mento de 65 °/#: no segundo caso o de 106%. Assim
que, cada um dos primeiros noventa e nove contri-
buintes terá a possibilidade de lucrar 106 % das sommas
que tiver arriscado, mas o ultimo nunca poderá obter
mais de 65.
Condições taes não podem deixar de ser consideradas
illicitas em toda associação regular.
O meio, não já de fazer desapparecer inteiramente, mas
de minorar a apontada desigualdade, fôra marcar um
máximo pouco elevado, assim como se marcou no art.
5.* o mínimo, da contribuição unica,e da annual. E'
porém de prever que esse máximo, com quanto suífi-
ciente para os fins úteis da associação, afugente os
que teriao de ser attrahidos unicamente pelo cego ins-
tincto da cobiça.
Nem é outro o motivo que, segundo assevera a di-
rectoria do Banco Rural, faz sahirem daqui capitães em
proveito dos titulos de divida estrangeira por intermédio
da sociedade hespanhola—Tutelar— ou da que a pouco,
instituiu o banco —União—* da cidade do Porto.
—. 456 -
^Alguns casos muito excepcionaes è muito vantajosos
para meia dúzia de pessoas, favorecidas certamente por
eircumstancias semelhantes ás que acima se indicarão,
entre quasi cem mil, contribuintes, considerão-se como
resultado geral das liquidações periódicas daquella
associação: e desta guisa vão os seus emprehendedores
allicianclo sócios e mettendo em si, a titulo de commis*
soes, bóa parte do dinheiro de que estes.se desapegão.
Passando destas observações geraes ao exame dos
artigos tios estatutos, a maioria das secções, tocará nos
que merecerem reparo, em seu conceito.
O art. 7.° diz : «Os contractos de seguro só vingão, e
produzem o fim que o contribuinte teve em vista, no
caso de sobrevivência do segurado, esão propõrcionaes
ás seguintes condições, únicas em que sé basèão, a
saber: ' &*;<-< '•• >••*.' •
- 1.° (Perda do capital, e lucros; 2. Perda do oa-t
pitei só; 3.* Perda dos lucros só.
- N ã o se comprehende o que quer dizer:-?-Os contractos
são propõrcionaes ás seguintes condições—.Parece que
em vez destas palavras se deveriãb ter escripto estPutràs
—e são baseadas nas seguintes condições: 1.* etc.,
2.* etc.
O art. 9:° diz:« A única entidade qpé não pôde ser
substituída em toda a duração do contracto de seguro
é o segurado. "
»',| I.^O contribuinte que', por fallecimento ou outra
causa não satisfizer as annuidades, e outros deveres a
que se obrigou pelo contracto, pôde ser substituído por
qualquer pessoa, mesmo pelo beneficiado.
§ 2.° O beneficiado poderá ser substituído áí vontade
do; contribuinte, em qualquer época da duração do
contracto. .
| 3.° No caso de substituição do beneficiado, far-
se-ha a competente apostilla, na apólice do seguro;
mas ainda sem apostilla a substituição será admiltida,
quando consignada em testamento ou escripturapu*
blica. x
Fôra inexplicável é summamènte injusto dar-se<a fa-
culdade de substituir o beneficiado aquemquízercon-í
tipuar a preencher os deveres do contribuinte, que
por morte ou putras causas interromper o pagamento0 de
suas annuidades; e por isso entendo.quel no § 2. 'se
dêveí»á intercalar, depois das palavras-*-o beneficiado
poderá ser substituído—, a cláusula seguinte ^-excepto
no caso dó paragrapho antecedente. '.
^O-aiíi; 10 diz^-« O contribuinte pôde d&ti ao benefiV
ciado o direito pleno do cpntráctá d e seguro,;que eni
- • — 457 - "
seu favor instituir, ou conceder-lhe somente o üsu-
fructo, reservando a posse plena para o herdeiro do
mesmo beneficiado, por elle contribuinte indicado ou
ainda reservandô-ó para terceiro.
Paragrapho único. No caso que o «beneficio do con-
tracto tenha de ser gozado por usufructo, o Banco
Rural e Hypothecario se constituirá administrador des-
se beneficio mediante a commissão que os seus es-
tatutos lhe concedem. »
A disposição do paragrapho único deve, por motivos
*obvios, ser supprimida.,
-. Os arts. 32 e 33 são concebidos assim:
„ « Árt. 32. Igual conversão se fará todos os semestres
cora o producto dos juros recebidos das mesmas apólices,
e dentro de igual prazo, averbando-se logo as apólices
em que elles se converterem ás respectivas sociedades.
Paragrapho único. A acqüisição^dejapolices far-se-ha
sempre por intermédio. de corretor^ e com todas as
formalidades da lei, devendo anota do corretor ser
acompanhada do certificado da cotação do dia passado
pela junta dos corretores--
Art. 33. As apólices assim adquiridas são inalienáveis
até a éppca da liquidação dos respectivos contractos, e
em nehhum caso respondem por qualquer reclamação
contra os interessados ou contra o banco. »
A doutrina deste ultimo encontraria a do art. 828 do
codigp commercial, ao qual parece ficar sujeita, á as-
sociação, que se pretende crear, por sua natureza de
sociedade anonyma; e encontraria também disposições
do direito civil, se por elle tivesse de regular-se. Penso
pois que deVe ser supprimido o art. 33.
O art. 42 determina que a assembléa geral se julgará
constituída, achando-se representado, por si ou por
procuradores, um quarto do capital inscripto na côrté;
mas o que é capital inscripto, não o definem os esta-
tutos. São unicamente as contribuições feitas por unia
vez; ou também as annuaes ? E neste ultimo caso,
contão-se como capital todas as annuidades a que se
obriga o contribuinte, ou somente as qüe já tiverem
sido realizadas ?
As objecções mais graves, porém, offerece-as o art. 6p,
que reza assim:« À gerencia completa da associação do
seguro mutuo sobre a vida pertence ao Banco Rural e
Hypotiiecario, representado pela sua directoria, que a
desempenhará, sob sua responsabilidade, pelo modo
prescripto no capit. 9. ° deste regulamento, occor-
rendo a todas as necessidades que o s*erviço exigir, »
Ora tendo o código commercial estabelecido, com©
tf. 58
- 458 r •' •''•'"'
1
condição essencial tias sociedades anonymas, o serem
administradas por mandatários revogáveis; e não sendo
duvidoso que o direito* de revogal-os é conferido, abi.
aos próprios sócios, parece' claro que as disposições
do art. 60-dos estatutos são inconciliáveis com as do
art. 295 do código commercial.
Demais, eptregaf permanentemente o governo da as-
sociação qu# se pretende crear, á directoria do Banco.
Rural, cujos accionistas nenhum interesse têm em zelar
os*dessa associação; instituir uma assembléa geral,
e prival-a de toda acção e influencia sobre a gerencia
ou sobre a direcção dos negócios em qüe só ellá é
interessada; encarregar á directoria o recebimento,,
guarda e emprego do dinheiro dos contribuintes, e ao/
mesmo tempo da decisão das duvidas ou irregulari-
dades que os fiscais ou a assembléa geral encontrarem
nas contas que «|l| lhes apresentar, porque só á di-
rectoria ou ao inspector, creatura sua, se dão plenos
poderes para resolver ou promover judicialmente a
resolução, de taes questões: são anomalias, que não-
deverião em caso nenhum ser approvadas.
Allega a directoria do Banco Rural que para se tor-
narem reaese verdadeiros os beneficios1 da pretendida
sociedade de seguros « cumpre antes de tudo que a ge-
rencia da instituição mereça o mais subido gráo de con-
fiança, para poder éompetir com a concurrencia das
companhias estrangeiras que estão funccionando nesta
corte.»
Suppondo exacta estaallegação, que importaria a de
não executar-se o § 1.°, art. 2.°, da lei de 22 de Agostode
1-860, nem por isáo poderá parecer justificada a pretenção
de ser dada permanentemente ao Banco Rural a gerencia
da sociedade de seguros.
E*, pois, a opinião da maioria das secções :
1 ,• Que a sociedade de seguros,; cuja creação o Banco
Rural promove, não pôde produzir os beneficios que a
directoria preconiza;
2.° Que em nenhum caso, se lhe deve dar a gerehcia
permanente dessa sociedade;, ' ',
3.° Que no caso de se approvar a organização proposta
pela directoria, se devem fazernos estatutos as alterações,
e suppressõês que ficão indicadas.
O conselheiro de estado Bernardo de Souza Franco,
deu o seguinte parecer:
Ainda concordando, como concordo, em que as asso-
ciações de caracter aleatório—, entre as quaes se enurae-
rão*as lontinas, nãó merecem ser amiriadas, porque ex-^
eitão paixões de ganho extraordinário, que sómentepóde
,*'-;*• „ — 439.—
caber á poucos; e pois desacoroçoão os trabalhos ordina^
rios, eacarretão fatal desengarçoa rauilê^Vmeparéceque
está associação deve ser autorizada e approvados seus!
èslaUltos:,' 1." porque o seguro em caso de Vida pôde
ter motivos tão nobres, como o outro opposto, quando
esperançado o segurado em que terá longa vida,
procurar melhorar de fortuna nos ultimos&qtiarteis da
viria, porx interesse seu, e também de sua'família;
2." porque estando estas assodiáções muito em voga,
convém proporcionar ao povo alguma, ou algumas pro-
iimas aos contribuintes, e bem reguladas para evitar o
recurso ás estabelecidas em Portugal, e na Hespanha,
as quaes têm muitos .contribuintes no Império. E de-
mais o art* 30 do decreto n.° 2711 de 19 de Dezembro de
1860 as aatfjriza.
Os fáctos raostrão a ineflicaciatia disposição do | 1.°
do art. 2." da lei de 22 de Agosto]& 1860, e a.noya
creaçãofará cessar o escândalo da vl&lação daquella
disposição da lei.
Sondo meu parecer que os estatutos sejão approvados,
direi agora quaes as emendas que adopto.
Não me parece que se deva emendar o art. 7.J, sup-
primindo.as palavras—propõrcionaes ás seguintes con-
dições—ficando o artigo redigido assim: Os contractos
de seguro sp vingão, e produzem o fim que o contri-
buinte tem em vista no caso de sobrevivência do segu-
rado, e são baseados nas seguintes condições:
4 .* perda do capital e lucros,; 2.» Perda do capital só;
3." Perda dos lucros só.
As palavras — são propõrcionaes—explicão-se pelas
do art. 37 que diz que « a partilha dos lucros dos con-
tractos se fará em relação-ao risco* da morte do segurado
ao valor da contribuição ea duração do contracto. »
O contribuinte que entra com maior somma tem
lucros propõrcionaes ao maior valor da sua contribuição,
pelo que deve deixar-se o art. 7." como' está redigido.'
Admitto que se acrescente ao art. 9.' as palavras que
propõe a maioria das secções, porque torna o pensa-
mento mais' claro: mesmo sem essa1 declaração devia
entender-S-é/que o contribuinte, que pôde substituir por
outro o beneficiado, é somente o que satisfaz todas as
annuidades, e mais deveres,porque é senhor do total do
bolo: o que o substitua não está no mesmo caso.
Concorda com a suppressão do paragrapho unicodo
art. 10.
A suppressão do art. 33 não me parece fundada so-
mente por força do art. 828 do código commercial.
Em primeiro lugar os códigos hespanhol, e portuguez
— 460 — <,,#. '-

têm iguaes disposições áPo art; 828 ; o primeiro no art.


1041, e<b seguntibPo art. 1136, e comtudo a tutelar hespa-
nhola tem este favor do árt. 33 expresso no a r t 35 aos
estatutos, e a caixa portugueza o tem no art. 15.
, Em segundo lugar, o art. 828, quando muito, sujeitaria
á nullidade os contractos, e contribuições dos que fal-
lissem depois de ás ter feito, e a suppressão deixa as
apólices sujeitas a toda e qualquer questão óu embaraço
judiciário. *
A legislação que regula o caso não é o art. 828 ; porém
o art. 292 do código, segundo o qual só podem execu-
tar-se os fundos líquidos, que o devedor tem na socie-
dade, eo art. 529 § 10 do regulamento n.° 737 de 25vde
Novembro dé 4850, que isenta tia penhora os fundos
sociaes pelas dividas particulares dos.socios. Os fundos
de que trata o art. 33 não estão líquidos,- e pois nenhum
credor os pôde executar.
A hypotnese^figurada para a suppressão do art. 33, é
quando tendo fallido o,contribuinte os credores vão em
virtude da disposição do art. 828 do código commercial
annullar suas entradas como doações á terceiros feitas
fraudulentamente para prejtfdicar os credores.
Supponha-se que provão a fraude, e que o béneficiose
•annulla, isto ê, o beneficiado perde o direito a haver a
partilha no prazo final, Nem por isso as sommas se
podem retirar logo: 1 ."porque não seretirão as entradas
das sociedades anonymas; 2.° porque não podendo ter
lugar penhora senão em quantia liquida, tem-se de
esperar o tempo ou octíasião da partilha para retirar em
favor dos credores a somma que resultar da entrada do
devedor.
Assim a suppressão do artigo torna-se inefficaz, e como
estas associações não se poderião sustentar, se ficassem
fóra da lei sobre sociedades anonymas, eu voto pela
conservação do art. 33 que a ninguém prejudica: serve
antes aos credores que o devedor fraudulento recolha
estas, sommas á deposito ti'onde não as pôde retirar.
Admitto o art. 42, entendendo-sequeum quarto do ca-
pital é do inscripto, e realizado, ecompréhendendo tapto
o das entradas únicas, como o das annuaes, já reali-
zadas.
A respeito do art. 60, acho que é indispensável uma
emenda que salve aos associados o uso do direito de re-
vogaçãò, expresso no art. 295 do código commercial:
acrescente-se pois ao artigo—salva a disposição do art.
295 do código do commercio, que autoriza a revogação
dos mandatários a juizo da assembléa geral dos asso-
ciados.
- 461 —
O conselheiro de estado Marquez de Olinda deu o se-
guinte parecer:
Concordo na approvação dos estatutos, mas com as
emendas da maioria das secções e das do vofo doSr.
Souza Franco; acrescentando porém o seguinte: que
encarregando-se, como reza o projecto, a directoria do
Banco Rural de promover a creação da nova sociedade,
em assembléa geral se estabeleça directoria especial
para esta nova sociedade, a qual ficará assim subsis-
tindo por si; e que a sociedade não entre em operações
sem que estejão satisfeitos os requisitos legaes, paraque
ás sociedades em geral as possão começar.
E neste sentido entendo que, sendo reformados os es-
tatutos nò sentido exposto, e estando preenchidos todos
os requisitos, só então se expeça definitivamente o de-
creto de approvação.
Vossa Magestade Imperial resolverá o melhor.
Sala das conferências, em 18 de. Fevereiro de 1864.
—Visconde de Itaborahy .—Visconde de Sapucahy.—
Cândido Baptista de Oliveira.—Marquez de Abrantes.—
Bernardo de Souta Franco.—Marqmz de Olinda.
A,
RESOLUÇÃO.

Comopareceáraenoria das secções; addiçiônando-se


as emendas offerecidas pelo conselheiro Bernardo de
Souza Franco, aos arts. 10, 42 e 60; as que propõe a
maioria dassecçõesaosarts. 7.° para eliminar-se á pa-
lavra—propõrcionaes—e 9.° | 2.° para acrescentar-se a
cláusula—excepto no caso do paragrapho antecedente;
e mais as que indica o ministro da fazenda aos arts. 5.°,
7.°; 9v° § 2.°, 13, 33, 37, 38 e 66, e o aáditivo para ser
collocado depois do art. 35, assignados pelo mesmo mi-
nistro, em 14 do corrente mez. (*)
Paço, em 21 de Maio dê 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o imperador.
José Pedro Dias~ de Carvalho.

(*) As emendas indicada^ pelo ministro evsecretario de estado


dos negócios da fazenda, a que se refere a imperial resolução, são as
.seguintes:
Senhor.— Tendo proposto a Vossa Magestade Imperial a appro-
vação dos estatutos da companhia de seguros de vida requerida
pela directoria do Banco Rural e Hypothecario conforme o parecer
da menoria das secções reunidas de fazenda e império do conselho^
- 462 —
N. 759,.— RESOLUÇÃO.DE 25 DE MAIO DE, 1864.
Siobue o recurso "dos ex-emprezarios das obras dá nova casa da
moeda da deliberação do ministro dá* fazenda, qtie declarou nullà
e de nenhum effeito a decisão dos árbitros, na avaliação das
mesmas obras.

"f" Senhor.—O Dr. Theodoro Antônio de 01iveira,.Anlonio


Francisco Guimarães Pinheiro, ex-emprezarios das obras
da nova casa da moeda, recorrem para o conselho de

de estado, e parecendo-me que além dás emendas indicadas no


voto separado do, conselheiro Bernardo de Souza Franco, se fazem
precisas iriais algumas, peço permissão a Vossa Magestade Imperial
para indical-as.
Ao art/ 5.° O mínimo da contribuição única' seja.elevado a 50,<f.
Ao art. 7.o Süpprimam-se as palavras —propõrcionaes, etc. até
o fim; e substituam-se ffelas seguintes — e podem fazer-se debaixo
de qualquer das seguintes condições:
1.* Com risco de perda decapitai e lucros; isto é; com a con-?,
dição de nada receber o beneficiado da associação, se o respectivo
segurado fallecer dentro do praio do çontrac"ló. •'
2.» Com risco de perda do capital só, isto é, com a condição
de só receber o beneficiado.na época da liquidação os juros corres-
pondentes ao tempo por que o seu contracto vigorar, isto é, até
morrer o segurado, perdendo todo o capital: entrado.
3.« Com risco de perda dos lucros apenas,, isto é, com a condição
de que, morrendo o segurado, o beneficiado só receberá na época
da liquidação o valor das entradas effectuadas.
, Ao art. 19 | 2.° acrescente-se— mas nunca á vontade de quem
substituir por qualquer das causas de que trata o § 1.» deste artigo
o primitivo contribuinte, fundador do beneficio.
Ao art. 13. ,0 juro será'contado desde o principio do anno so-
cial.
Ao art. 33. Acrescente-se no fim: salva a disposição do código
commercial, nos casos de fallencia, quando a pensão tiver sido-ins-
tituída a beneficio do proprio< contribuinte ; ou a sua substituição
neste caso se tiver verificado dentro da época em que as fallencias
começarem a produzir os seus effeitos.
AO art. 37. A partilha será feita pela regra de companhia para
a divisão proporcional dos lucros.
Ao art. 38. A tabeliã da mortalidade será a de Monlferrand.
Ao art. 66: Supprimam-se as palavras — a gerencia desta, etc.;
e subslituam-se pelas seguintes; — a assembléa geral desta provi-
denciara opportunamente.
Art. 69 additivo. Antes de findar o primeiro quinquennio da exis-
tencia/ãla associação, não se fará a primeira liquidação dos con-
tractos de primeira classe.,
Este artigo será collocado depois do n.° á?5.
llio de Janeiro, 14 de Maio de 1864— Com o mais profundo res-
peito beija as mãos de Vossa Magestade Imperial, o seu muito re-
verente subdi to— José Pedro Dias de Carvalho.
Decreto n.« 3285 de 13 de Junho de-1864. Autoriza o BUncoRurai',
e Hypothecario para incorporar a sociedade de seguros mútuos sobre
yioas denominada—Protectora das famílias-, e approva os respec-
pves estatutos. . .'
— 463 —

estado da deliberação do ministro da fazenda, que d #


clarou nulla e de nenhum 'effeito a decisão dos árbitros
nomeados para avaliar as mesmas obras, na fôrma es-
tipulada no contracto que celebrarão com o thesouro,
aos 24 de Agosto do anno passado.
O contracto, a que os süpplicantes se soccorrera, é do
theor seguinte:
4.° A empreza entrega ao governo todas as obras no
estado em que se achão, e renuncia aos direitos, que
^lhe forão estabelecidos pelos contractos da edificação,
e a qualquer reclamação por prejuízos ou lucros ces-
santes ou outros que porventura pudessem ter origem
nos mesmos contractos, que ficãopelo acto tia encam-
pação nu lios em todos Os seus effeitos.
2." O governo fica obrigado- a pagar aos emprézarios
a importância das obras feitas pelo seu justo valor, se-
gundo, avaliação', que será feita em juizo arbitrai, cons-
tituído por dôus arbitrps engenheiros nomeados pelo
governo, e dous outros de escolha dos emprézarios;
levando-serlhes era conta todas as quantias que já lhes
tiverem sido pagas por qualquer motivo, eas que es-
tiverem devendo ao governo por virtude das condições
5*", 25.», 26.", do,contracto primitivo.
3.° No caso de ser .a avaliação inferior ás quantias
recebidas, os emprézarios entraráõ com a differença para
o thesouro nacional.
4.° Sobre a avaliação das obras, na qual, os árbitros
comprehenderão as despezas de primeiro estabeleci-
mento, e outras que perante elles forem justificadas pelos
emprézarios e reconhecidas pelo engenheiro fiscal, Se
lançará, a juizo dos mesmos árbitros, a título de bene-
ficio razoável aos emprézarios,uizo üma quantia que não
poderá ser inferior a ÍO °/a- ° J dos árbitros é defi-
nitivo, e delle não poderá haver appellação.
5." Se houver empate sobre alguns pontos da avaliação,
liquidar-se-ha o mais, e submetter-se-ha a questão em-
patada á decisão de um outro arbitro nomeado pelo go-
verno, e aceito pela empreza, o qual decidirá sem ap-
pellação.
6.° A avaliação das obras será feita por ordem da
construcção, levahdo-Sé em conta, para augmento ou
diminuição, em relação ao valor actual, as oscillaÇ6es
de preço, attendendo-se a que a avaliação seja sempfe
referida á épnea em foi feitaa obrapvajiada.
7.° As avaliações serão lançadas em protocollos, e as-
signadas neles árbitros. ,
••<• 8.° Terminada a avaliação, e determinada a porcen-
tagem da indemnização, que será regulada pelo gráo
— 464 -
). •-. „'

de difíiculdade na construcção, perfeição do trabalho


e outras causas, que os árbitros julguem attendiveis,
o governo pagará o que fôr devido aos emprézarios.
9.° O süb-empreiteiro mesti"» de obras, Luiz Hosxe,
assignará o respectivo termo de encampação em signal
do assentimento a este acto dos emprézarios, sob. as con-
dições expostas, declarãndò-se que esta intervenção do
. dito. sub-ómpreiteiro èleila a pedido dos mencionados
emprézarios, e não porque seja elle reconhecido como
parte legitima em relação ao governo para figurar neste
contracto.
Forão nomeados árbitros, por parte do governo, o te-
nente coronel Christiano Pereira de Azeredo Coutinho
e o Dr. Gabriel Militão de Villa Nova Machado; aos quaes
se declarou, por aviso de 40 de Setembro de 4863, que
deveráõ proceder á avaliação' das aobras feitas na casa
da moeda na fôrma da condição 2. do citado contracto
de 24 de Agosto.
Em24 déFevereiro ultimo o tenente coronel Azeredo
Coutinho deu conta ao thesouro de estar concluída a
commissão, dé que elle e os* outros árbitros havião
sido encarregados, fazendo acompanhar esta conímuni*
cação de um livro de actas, do qual constão circums-
tanciadamente as decisões que tomarão, e as avaliações
que fizera o.
Nestas avaliações incluirão os árbitros, bem que se-*
paradamenle, vários objectos avulsos; isto é, materiaes
já apparelhados para serem empregados na construcção
do edifício; materiaes não apparelhados; guindastes^ es-
cadas de mão, etc.
Feito isto, deduzirão da importância total das obras, des-
pezas de primeiro estabelecimento, materiaes avulsos,
e 12 7o de beneficio, as quantias recebidas do thesouro
pelos emprézarios, conforme a conta que lhes remettêra
a directoria geral do contencioso; e declararão por fim
ser o saldo a favor dos recorrentes de 227:723#571^.
Resolvendo sobre o que fita exposto, expediuP mi-
nistro da fazenda em 12 de Marçopltimo o aviso seguinte
á directoria geral do contencioso:
« Visto o oíficio de 24 de Fevereiro ultimo do tenente
coronel Christiano Pereira de Azeredo Coutinho, e a conta
corrente com o saldo a favor dos ex-emprezarios das
obras da nova casa da moeda, protocollo das conferên-
cias dos árbitros, planta e mais papeis que o acompa-
nharão, julgando os árbitros do governo, e ps dos ex-
emprezarios ser o dito saldo de 227;723#571, differença
entre a somma de 1.061:803#906 (sendo 929;429$94> do
edifício, 11:319#974 dos materiaes, 112:853$989 da porcen-,
— 465 —
tagem de 12 °j0 a favor dos ex-emprezarios, e 8:500^000
das desappropriações ) e a de 834:080^335, importância
despendida pelo thesouro comas mencionadas ob.ras:
Considerando que o governo, na fôrma do contracto
de encampação de 24 de Agosto do anno findo, não re-
cebeu os materiaes avulsos, e sim o edifício, e portanto
que a elies não se podia estender a decisão arbitrai; e
por outro lado que, nos termos da legislação em vigor,
e especialmente dos arts. 2.° e 8.° do mesmo contracto,
era da competência exclusiva do governo pelo ministério
-tia fazenda, e não dos. árbitros, fazer a liquidação da
somma devida aos ex-emprezarios, como a de qualquer
outra divida passiva do Estado, avista dá decisão arbitrai
sobre a avaliação das obras e despezas do art. 4.°, le-
vando em conta todas as quantias que já tivessem sido
pagas por qualquer motivo e as que estivessem devendo
ao governo por virtude das condições 5.% 25.» e 26.* do
contracto primitivo; e
Usando da attribuição conferida pelo art. 1.°| 2.° do
decreto de 29 de Janeiro de 4859, approvado pelo art. 12
§ 10 da lei de 27 de Setembro de 1860 : tenho deliberado*
declarar nulla e de nenhum effeito a referida decisão
arbitrai pelo excesso do compromisso; e assim o commu-
nico a V. S. para sua intelligencia e para o fazer constar
a quem convier.»
É' contra esta deliberação que os süpplicantes recor-
rem.
A secção de fazpnda deixa de examinar se os árbitros
nomeados para avaliar às obras da nova casa da moeda
excederão ou não o seu mandato;. e se no caso affirma-
tivo, a sentença arbitrar, deve ser declarada nu Ha no todo,
ou somente na parte em que se deu o excesso, por en-
tender que a decisão destas questões pertence ao poder
judiciário.
Ainda nos regemos, em matéria civil, pela antiga legis-
lação portugueza, que não conhecia a jurisdicção conten-
ciosa administrativa moderna. E' pois necessário lei es-
pecial para separar do poder judiciário., e transferir
para o poder administrativo, a jurisdicção contenciosa
que deve competira este.
Pertence sem duvida ao governo entre nós, porque a
lei o prescreve expressamente, conhecer das questões
que versarem sobre o cumprimento, interpretação,, vali-
dade, rescisão e effeitos dos contractos celebrados com a
administração da fazenda, e que tenhão por objecto quaes-
quer obras, ou serviços públicos a cargo da mesma admi-
nistração.
Mas não se trata agora dos primitivos contractos de
c. 59
— 466 -

obras celebrados com os recorrentes. Não sé trata de


cumpril-os; porque já forão desfeitos, e estipulou-se o
seu não cumprimento. Não se trata tão pouco de inter-
pretal-os, porque não ha duvida sobre nenhuma de suas
cláusulas. Não se trata de sua validade, porque forão
annullados por mutuo accôrdo, e nenhuma das parles
pretende fazel-os reviver. Não se trata finalmente da sua
rescisão, nem doS seus effeitos, porque já forão rescin-
didos, e porque, annullado um contracto, não pôde elle
ter os elfeitos, que serião conseqüência da sua vali-
dade.
Se a jurisdicção que a lei dava ao governo era sobre
contractos de obras; se esses contractos desapparecêrão,
e não se pretende executal-os, se o mesmo governo os
annullou, se não é por causa delles, ou sobre elles que
se move questão, parece innegavél ter caducado a juris-
dicção que a lei dava ao governo.
E com effeito não se controverte sobre nenhum con-
tracto de obras, mas sobre um contracto de encampação,
ou antes sobre uma questão sujeita ao juizo arbitrai, isto
é, ao poder judiciário; porque a constituição, collocando
o seu art. 460 relativo aos árbitros, no mesmo titulo em
que trata do 7— poder judiciário —, considerou-os como
pertencendo a esse poder. Se ha, pois, excesso na decisão
arbitrai, só ao poder judiciário cabe agora tomar conhe-
cimento delle.
Commettido o negocio a árbitros pelos recorrentes e
pelo governo, não pôde este, a titulo de executar,reformar
ou annullar a sentença dos árbitros. Se assim fôra, o juizo
arbitrai não passaria, em tal caso, de uma verdadeira
illusão. Ò governo não seria somente parte e juiz ao
mesmo tempo; seria também juiz tio juiz. Semelhante
procedimento, além de illegal, violaria a fé dos con-
tractos, afugentaria os homens honestos de terem negó-
cios com o thesouro, e acarretar-lhe-hia maiores pre-
juízos do quelhepôdedaralealeescrupulosa execução
de seus compromissos.
Julga, pois* a secção que o governo não é competente
para annullar a decisão arbitrai, a que se refere o recurso;
e como do requerimento tios recorrentes, vê-se que elles
se contentarião com o thesouro reconhecer a validade
das avaliações dos árbitros, parece-lhe outrosim acer-
tado que se lhes proponha tím novo contracto, e o dis-
traem do de 24 de Agosto de 4863, obrigando-se o go-
verno a pagár-lhes, pelas ditas avaliações, a importância
das obras feitas na casa da moeda, eficandoao thesouro,
não só a liquidação da quantia que deve ser encontrada
no pagamento das mesmas obras, mas ainda a escolha,
— 467 -

entre os materiaes avulsos, dos que lhe convier, pagan-


uo-os pelo preço que fôr ajustado.
Este meio é preferível, rio conceito da secção, a recor-
rer-se ao poder judiciário para annullar a sentença dos
árbitros, sendo, como é, incerta a decisão final; mas
Vossa Magestade Imperial decidirá o quê fôr melhor.
Rio de Janeiro, 15 de Abril de 1864.—Visconde de
Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.—Marquez
de Abrantes.
n
RESOLUÇÃO.

Promova-se a rescisão do julgamento dos árbitros pe-


rante o poder judiciai. (*)
Rio, 25 de Maio de 1864.

Com a rubrica dé Sua Magestade o Imperador.

José Pedro Dias de Carvalho.

(*) Expediu-se á directoria geral do contencioso o aviso seguinte :


Ministério dos negócios da fazenda. Rio de Janeiro, 22 de Junho
de 1864. . , .
Illm. Sr.—A' vista das duvidas suscitadas sobre a validade aa
sentença arbitrai, proferida em virtude do art. 2.° do contracto de
encampação de 24 de Agosto do anno findo, entre o governo e os
cx-emprezarios da casa da moeda, e sobre a interpretação dos
arts. 2 o, 4.° e8.° quanto aos materiaes, direitos de consumo e des-
pezas reclamadas pelos mesmos ex-emprezarios constantes do pro-
tocólío das conferências dos árbitros, concordarão os ditos cx-
emprezarios com o governo imperial, em effectuar-se o distracto
do referido contraclo de encampação, e celebrar-se um novo con-
tracto, pelo qual-devem entregar todas as obras e, materiaes, que
entrarão ná avaliação dos árbitros ao governo e este receber as
obras e materiaes e obrigar-se a pagar-lhes a somma de 227:7230571,
como resultado do saldo de liquidação e ajuste final de suas contas
com o thesouro nacional, em virtude dos contractos para edificação
da casa da moeda, ficando extinctos todos os direitos, obrigações,
acções, e pretenções, derivados e que se poderião derivar dos mencio-
nados contraotos, ou de quaesquer outros actos praticados em juizo
ou fóra delle, de qualquer natureza que sejão, a respeito ou por
motivo das ditas obras, e por este modo completamente terminadas
ás relações obrigatórias entre o Estado e os ex-emprezarios por
causa das mesmas, obras: assim portanto o commuoico a V. S,
para sua intelligenciae para que na directoria geral a seu cargo se
lavre o competente termo de contracto'. '
Deus guarde a V. S.—José Pedro Dias de Carvalho.—Sr. conse-
lheiro director geral do contencioso.
— 468 —
N. 760. —CONSULTA DE 11 DE JUNHO DE 1864.
Sobre as propostas de várias pessoas, que pretendem incumbir-se
de fornecer ao thesouro a nova moeda de bronze.
Senhor.—,Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho de estado consulte com
seu parecer sobre as propostas de varias pessoas, qüe
pretendem incumbir-se de fornecer ao thesouro na-
cional a nova moeda de troco, que o governo está au-
torizado para emittir. As propostas são as seguintes:
4." De E. Deville, residente em Pariz, o qual se offe-
recq a fazer cunhar na casa da moeda daquella ca-r
pitai, ou na de Bruxellas a moeda de bronze de que
o governo brasileiro precisar, sob as condições que
forem ajustadas com o seu procurador nesta corte.
2. Uma proposta sem assignatura, que a legação do
Brasil em França diz ter-lhe sido entregue por um an-
tigo empregado do corpo diplomático, com a decla-
ração de que se o' governo imperial a aceitar, estão
feitos os necessários arranjos com banqueiro idôneo
para dar-se prompta execução ao contracto. Nesta pro-
posta exige-se por kilogrammo de bronze, composto
de 95 partes de cobre, quatro de estanho e uma de zinco,
e reduzido a moedas de 2 4/2 e 4 4/4 oitavas, o preço
de quatro francos e 15,centimos, se a moeda fôr entregue
em Pariz; e o. de quatro francos e 85 centimos, se o fôr
no Rio de Janeiro.
O preço do kilogrammo comprehende a matéria prima,
braçagem, contagem, acondicionamento em saccos e
barricas, transporte, e todas as mais despezas, excep-
tuada unicamente a das matrizes eponções; e o pro-
ponente obriga-se a fazer fabricar a moeda com as
mesmas garantias de contraste que a da moeda fran-
ceza, e aceitará demais a inspecção de um delegado
do governo imperial.
3. a De Luiz Dazon, negociante desta praça, o qual
se compromette a fazer fabricar em França, Inglaterra,
Allemanha ou Bélgica, e a entregar no Rio de Ja-
neiro, moeda da mesma liga e peso que a da proposta
antecedente, a preço de quatro francos e 50 centimos
por kilogrammo, se vier inteiramente preparada; ou
de quatro francos e 30 centimos, se o governo preferir
que venha em chapinhas para serem cunhadas aqui;
e bem assim a receber em pagamento a moeda actuáK
mente circulante na razão de um franco, 25 centimos
por 980 grammos de cobre puro.
No preço de quatro trancos 50 centimos, e quatro
— 469 —
francos 30 centimos, coinprehentiern-se também todas as
despezas, com excepçao unicamente das de matrizes e
ponções.
4.a Do director da casa da moeda tie. Bordeaux, que
se coraproraette a entregar no cães daquelle porto,
convenientemente acondicionadas em saGcose barricas,
moedas de bronze de 2 1/2 e 14/4 oitavas na proporção
de 3:1, e iguaes á franceza no typo, toque e dimensões a
preço dê três francos 89 centimos, comprehendidas todas
r
as despezas á éxcepção da dos cunhos primitivos.
E, porque, segundo assevera o proponente, o seguro
e frete daquelle porto para o do Rio de Janeiro nos
paquetes da companhia—Messageries Iraperiales—custa
45 centimos por kilogrammo, ficar-nos-na aqui o kilo-
grammo de bronze amoedado por quatro francos quatro
centimos.
Declara outrosim o mesmo director que, se o governo
brasileiro quizer empregar o cobre que se tem de des-
monetizar, no fabrico da moeda de bronze, encarre-
gar-se-ha desta transformação, pagando-se-lhe um franco
por kilogrammo da nova moeda, com tanto que se lhe
entregue a cisalha em Bordeaux. A quebra no peso do
cobre, acrescenta elle, é de 5 %•
5." Do director da casa da moeda de Pariz. Este pede
três francos e 62 centimos por kilogrammo de moeda
idêntica á das propostas anteriores, entregando-a na-
quella cidade, convenientemente acondicionada para o
transporte.
Addiciohando a este preço as despezas de conducção
de Páriz para o Havre, e o seguro e frete dalli para
o Brasil, custará ao thesouro cada kilogrammo de
bronze amoedado, posto aqui, três francos 82 centimos.
6.» Finalmente, de Lecomte & Comp., negociantes fran-
cezes estabelecidos nesta cidade, os quaes se offere-
cem a fornecer a nova moeda de bronze, quer esta liga
seja composta, como a franceza, de 95 partes de cobre e
quatro de estanho, e uma de zinco, quer como a italiana,
de 96 partes de cobre e quatro de estanho, quer ainda
como a qüe se propôz ultimamente em Portugal, de
90 partes de cobre, cinco de estanho, e cinco de zinco.
Os preços que os proponentes pedem por um kilogram-
mo de moeda de qualquer das indicadas ligas, são os
seguintes, a saber: entregue em Pariz, três francos60
centimos; entregue no Havre e a bordo, três francos
63 centimos; e entregue na alfândega do Rio de Ja-
neiro, três francos 80 centimos pora kilogrammo.
Obrígão-se ainda Lecomte á C. a fornecer o metal
reduzido a chapinhas ou discos com um abatimento
— 470 -

de 20 centimos por kilogrammo, nos preços acima de-


signados, se o governo imperial preferir fazel-as cunhar
na casa da moeda do Rio de Janeiro. Os proponentes
sujeitâo-se á condição de fazer quê a moeda seja fa-
bricada em alguma ou algumas das casas de moeda
de França sob a vigilância dos membros das respectivas
commissões de exame, agentes do governo francez;
aceitando outrosim a inspecção de um ou mais dele-
gados do governo brasileiro".
Releva aqui advertir que nenhum dos proponentes,
á excepçao do director da casa da moeda de Bordeaux,
declarou, a qualidade do cobre e dos outros metaes que
pretende empregar na composição do bronze; e que
só Lecomte «Si C;a não exigirão expressamente que a
despeza das matrizes fosse feita á custa do governo
imperial.
Patenteia-se, pois, de quanto fica relatado que, sem
fallar do primeiro proponente, cujas condições não
constão dos papeis juntos, os outros pedem por um kilo :
grammo de moeda de bronze, composto de cobre)
estanho e zinco nas proporções acima indicadas e en-
tregue na alfândega do Rio de Janeiro, a saber:
fr.
0'1. 4,85
O 2.°. 4,50 «?
O 3.° 4,04 '.'•
O 4.°....... 3,82:
O 5.' ;.. 3,80
Considerada unicamente em relação ao preço, a ul-
tima proposta é indubitavelmente a mais vantajosa;
não só por exigir dous centimos menos do que a penúl-
tima em cada kilogrammo de bronze amoedado, mas
ainda por incluir a condição de serem os pagamentos
realizados nesta praça, á medida que fôr chegando a
nova moeda, e de dispensar a intervenção de um agente
que a receba do estabelecimento onde fôr fabricada,
e a faça embarcar para o Rio de Jaheiro.
No objecto, porém, de que se trata; não importa uni-
camente a barateza; cumpre ainda não só assegurar
a perfeição artística da moeda, e a exactidão do peso,
toque e tolerância, mas ainda que seja fielmente en-
tregue ao thesouro toda a que fôr fabricada com o
cunho do Brasil. Das duas primeiras condições parece
darem suíficiente garantiaos commissarioá do governo1
francez, que são incumbidos de inspeccionar, eüsca-
lisar os traMhos das: casas de moeda de Pariz, Bor-
deaux e Strasburgo ; e como pelo que toca á terceira
- 471 —

condição, o govermj de> Vossa Magestade Imperial pdde


tornar providencias é Cautelas qüe evitem os abusos,
pensa a secção de fazenda que convém preferir a
proposta de Lecomte & C.a; designando-se no res-
pectivo contracto' a qualidade dos metaes, que devêm
empregar na composição de bronze, e impondo-se-lhés
demais a obrigação de converterem o cobre que se
retirar da circulação era moeda de bronze, nos termos
da proposta de Bordeaux, se o governo reconhecer que
convém-lhe esta transformação.
*« A proposta de Lecomte .& C.a suscita duas questões:
1." Convém que o'.bronze venha da Europa conver-
tido em moeda completamente preparada, ou antes em
chapinhas que sejão cunhadas aqui?
2." A' vista do preço, porque podemos obter actual-
mente a moeda de bronze fabricada na Europa devem
as moedas de 20 e de 10 réis ser cunhadas com o peso
de 2 V2 e 1ty*oitavas ?
. Segundo a informação junta do provedor da casa da
moeda, a operação de imprimir o cunho nos discos ou
chapinhas dê bronze custará "aqui 46 réis por libra, ou
100 réis por kilogrammo, se a relação entre as moedas de
20 e de 10 réis fôr de 3:1, ê se a. libra contém como elle
assevera 459 -grammos. Ora, das propostas a que se tem
referido a secção, vê-se que essa despeza apenas Se
eleva na Europa a 20 centimos ou 72 réis por kilogrammo.
Não ha, pois, razão que justifique o arbítrio de fazer vir o
bronze transformado, não em moeda, mas em chapinhas.
frão pesa no animo da secção o receio de se fazer uso
abusivo das matrizes e cunhos primitivos, em qualquer
das casas de moeda de França. O conceito que devem me-
recer os comrnissarios encarregados de inspeccional-os
efiscalisaUos,e ó credito de que justamente gozão esses
estabelecimentos, tranquillisão-n'a nesse ponto.
A segunda questão é mais difficil de resolver. A lei de-22
de Agosto de 4860 determina que to a senhoriagem da nova
moeda de troco não exceda a 40 /0do custo da liga, e
do seu fabrico, e parece fóra de duvida que as palavras
— custo de fabrico — se referem á despeza de moedagem
nas nossas officinas, a qual deve ser muito maior que
na Europa. Infelizmente das informações do provedor
da casa da moeda, constantes dos papeis juntos, nenhipn
esclarecimento se colhe sobre a importância» dessp des-
peza; visto nãosepoder considerar como tal o officte
dirigido ao thesouro em 9 de Abril ultimo, nó qual o
mesmo provedor assevera que assentadas as machinas
necessárias, cunhará a nova moeda sem despezas e com
grande lucro para a fazenda publica.
Assim não tem a secção fuiitiaihento nenhum para
propor alteração essencial no peão da moeda dé bronze
indicada pela commissão que fóra encarregada de dar,
ejaue effectivamente deu, em Abril de 4862, seu parecer
sobre esta matéria. E diz essencial, porque tendo a lei
de 27 de Junho desse mesmo anno adoptado o systema
métrico francez, julga a secção; que em vez de 2 !/3 e 4 %
oitavas, fôra melhor dar á moeda de 20 réis o peso de 10
grammos, e o de cinco granamos á de 10 réis, para harmo-
nisal-as com aquelle systema.
Tal é, Senhor, o parecer da secção de fazenda: Vossa
Magestade Imperial decidirá em sua alta sabedoria o
que julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 11 de Junho de 1864.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Cândido
Baptista de Oliveira.

N. 761.—RESOLUÇÃO DE 18 DE JUNHO DE 4864.


Sobre a duvida — se sao justificáveis as faltas motivadas pelo com-
parecimento dos empregados de fazenda a actos e funcções elei-
toraes.
Senhor;—Por, aviso da secretaria de estado dos ne-
gócios da fazenda, de 26 de Abril próximo findo, houve
por bem VosSa Magestade Imperial determinar que a
secção de fazenda do conselho dô estado consulte com
o seu parecer, tendo em vista os papeis juntos, se so-
mente se devem considerar justificáveis as faltas moti-
vadas pelo comparecimento dos empregados de fazenda
a actos e lüncçõeseleitoraes,, quando o serviço para que
forem chamados fôr obrigatório e delle não poderem»
legalmente escusar-se, ou consistir no exercicio de um'
direito político a que tenhão de comparecer como qual-
quer outro cidadão; ou'se igualmente se devem con-
siderar justificáveis as faltas provenientes do serviço
prestado na qualidade de juiz de paz ou vereador.
A secção, depois de tomar na devida consideração
os papeis juntos, conformando-se com os pareceres do
conselheirq procurador fiscal, proferidos sobre os ofii-
cios do vice-presidente da província da Parahyba, e do
inspector da thesouraria da provincia da Bahia, e tam-
bém sobre a informação da directoria geral da conta-
bilidade relativa á pratica seguida no thesouro, entende
que serão bem resolvidas as questões sujeitas, de ac-
côrdo com a doutrina dos mesmos pareceres.
— 473 —

Passando agora ámate#la do citado aviso, a respeito


do qual foi especialmente consultada;
Considerando que o art. 43 do decreto n.° 2343 de 29
de Janeiro de 4859 determina—que as gratificações só
serão devidas nos casos de impedimento por .serviço
gratuito á que os empregados sejão obrigados por lei,
ou ordem superior; •
Considerando outrosim que o art. 124 do regulamento
das alfândegas n.° 2647 de 19 de Setembro-de 1860,
tendo o propósito de desenvolver a precedente dispo-
sição declara—que não se justifiquem as faltas prove^-
nientes do serviço de cargos ou empregos pohciaes,
do exercicio de juiz municipal, de. juiz de paz, e ve-
reador da câmara municipal, e de prisão por motivo
da guarda nacional;
Considerando, finalmente, a manifesta conveniência
de não privar o serviço publico, como se tem prescripto
em diversas decisões ou ordens do thesouro nacional,
tio trabalho tios empregados da fazenda sempre que
depender delles escusarem-se legalmente; é a secção
de parecer:
Que são somente justificáveis as faltas dos mesmos
empregados, por serviço gratuito e obrigatório por lei,
as que tiverem lugar pelo voto que deverem dar nas
assembléas paroChiaes, e nos collegios eleitoraes, bem
como nàs juntas de qualificação, com tanto que não
sirvão nellas simplesmente como juizes de paz; epor
ordem superior, as provenientes de outro serviço, que
não seja remunerado: sendo injustificáveis as que pro-
vierem dos casos de que trata o referido art. 124 do
regulamento dás alfândegas. ,
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 7 de Junho de 1864.-*Mar-
quez de Abrantes.—Condido Baptista de Oliveira.—
Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Rio de Janeiro, 18 de Junho de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

r;
(*) Circular ni» 162 de 21 de Junho de 1864, na colleceão das leis.
c. 60
— 474 —

N. 762.—RESOLUÇÃO DE 48 DE JUNHO DE 1864.

Sobre a pretenção de Frederico Saver Bronn, pastor protestante


da extincta colônia de Nova Friburgo, relativamente ao pagamento
da sua congrua, na fôrma da resolução de 5 de Junho de 1861.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


da secretaria de estado dos negócios da fazenda de 4
do mez de Maio ultimo, que a secção de fazenda do
conselho de estado consulte com o seu parecer sobre
a matéria que faz objecto da pretenção de Frederico-
Saver Bronn, pastor protestante da extincta colônia de
Nova Friburgo, relativamente ao pagamento da sua
congrua, ha fôrma determinada pelo, decreto n.° 1120
de 5 de Junho de 1861.
A secção de fazenda, examinando attentamente os do*
curaentos que acompanharão o requerimento do pe-
ticionario, dirigido a Vossa Magestade Imperial, julga
que deve ser elle attendido nos termos que requer:
fundandô-se a mesma secção, para assim proceder, no
bem deduzido parecer do digno director do contencioso
sobre este assumpto, dado em 14 de Abril do presente
anno; o qual é em sua integra do teor seguinte:
« Parece-me que o supplicante pôde ser deferido fa-
voravelmente.
A origem da divida é uma despeza geral, em virtude
de um contracto celebrado com o governo imperial.
O major Schoffer, mandado á Allemanhá para con-
tracfar colonos para o Brasil, celebrou no caracter de
plenipotenciario um contracto especial com o pastor
Frederico Saver Bronn de Kernberherback para servir de
cura e pregador evangélico das communidades de Leo-
poldina e Frankenthal na Bahia.
Em virtude desse contracto, o governo brasileiro
obrigou-se a conceder ao pastor Saver Bronn o mesmo
ordenado que se pagasse aos curas do Império. ( Con-
tracto de 12 de Maio de4827, art. 7.°)
Os colohos contractados forão ao chegar enviados
para Nova Friburgo. '
A administração colonial, que era paga pelo governo,
acabou em 4 831, certamente em virtude do art. 4° da lei
de 15 de Dezembro de 4830, que acabou com a despeza
com .a colonisação estrangeira.
Já se vê, pois, que a lei de 5 de Junho de 4 861 teve
por fim manter a fé de um contracto solemne celebrado
pelo governo imperial, e que foi executado pela outra
parte cóntraheqte, desde aquella época, até agora.
— 475 —
Era mister a lei:
1.° Attento o estado em que ficou a colônia suissa
depois de 1831, em virtude da lei citada de 1830, que não
devia referir-se ás despezas prevenientes de contractos;
2." Prescripção em que incorrera parte dessa divida,
que não poderia ser paga pelo thesouro sem uma dis-
pensa especial da assembléa geral.
Nem pôde obstar O" faelo de se ter pago pela pro-
víncia uma gratificação ao dito pastor.
Em primeiro lugar, se obstasse, a conclusão séria
„íicar sem effeito a lei, sendo aliás de presumir que a
assembléa geral não ignorasse este facto.
Demais o- dito pastor pelo seu contracto tinha direito
a uma contribuição pro rata dos colonos até perfazer,
com o ordenado pago pelo governo, a'quantia de 2.000
florins rhenanos, ordenado marcado no contracto de sua
nomeação.
Ora, as quantias pagas pelos cofres provinciaes, que
aliás não podião extinguir o direito ao ordenado mar-
cado no contracto, póde-se considerar que forão dadas
como uma gratificação para compensar os diminutos
vencimentos que percebera ou devera perceber em re-
lação aos de2.000 florins de sua nomeação.
Demais a lei, sem fazer dislincção alguma, mandou,
pagar os vencimentos que deixou de perceber até hoje ;
e estes vencimentos outros não podem ser senão os do
contracto, que é a despeza sobre que podia legislar a
assembléa geral.
Por todos estes motivos parece-me que se deve
mandar liquidar e pagar o que fôr devido do seu orde-
nado desde que deixou de percebel-o. »
Vossa Magestade Imperial mandará, porém, o que em
sua alta sabedoria tiver por mais acertado.
Sala das conferências, em 7 de Junho de 1.864.— Cân-
dido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahy.—
Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Como parece.,'O
Rio de Janeiro, 18 de Junho de 1864. *
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

(*) Mandou-se liquidar e pagar o que se estivesse devendo ao


peticionario de seus ordenados, desde que os deixou de perceber.
Aviso á directoria geral de contabilidade, de 20 de Junho de 1864.
— 476 —
N. 763.—RESOLUÇÃO DE 24 DE AGOSTO DE 1864.
Sobre o requerimento de Antônio José dos Santos, em que pede
autorização pára incorporar fora cio paiz, uma companhia para
mineração de terrenos diamantinos na provincia de Minas Geraes.
Senhor.*-Dighou-se Vossa Magestade Imperial ordenar,
por aviso' da secretaria de estado dos negócios da fa-
zenda de 14 de Maio próximo findo, que a secção,de
fazenda do conselho de estado consulte com seu pa-
recer sobre o objecto do requerimento, no qual Antônio
José dos Santos pede autorização para incorporar fóra
do paiz urna companhia, afim de levantar por meio de
acções os capitães necessários á exploração de ura ter-
reno diamantino, que elle e seus sócios, residentes nas
provincias de Minas e do Rio de Janeiro,«arrendarão
ao governo no rio Jequitinhonha no lugar denominado
—Gampo, Bello—. .
'Np seu requerimento, documentado com uma cer-
tidão do contracto de arrendamento do referido terreno,',
o supplicante, dizendo ter com seus sócios empregado
sem' proveito avultadas sommas nessa exploração, al-
lega que por causa do volume das águas do mesmo
rio* nao lhe épossível, sem o concurso de grandes ca-
pitães, fornecidos por uma companhia, levantada fóra
do paiz, continuar na dita exploração, parecendo-lhe
que não obsta ao levantamento dessa companhia es-
trangeira a disposição do § 3.° do art. 27 do regula-
mento de 17 de Agosto de 4846, relativo á nacionali-
dade dos accionistas, porque8 não pôde vigorar, como
exorbitante da letra do art-. 6. da lei de 24 de Setembro
de 1845, que não trata de nacionalidade; e porfim,in-
vocando á doutrina do art. 2..° da lei de 19 de De-
zembro de 1860, pede que se lhe dê autorização préyia
para incorporar açompanhia, e para submetter, dentro
do prazo de quatro ánnos, os respectivos estatutos á ap-
provação do governo imperial.
Os pareceres da directoria geral das rendas são em-
geral favoráveis a esta pretenção -do supplicante,
A secção de fazenda, porém, entendendo que o citado
§ 3.° do art, 27 do regulamento de 1846 se acha em
-vigor ha 4 8 annos, sem que tenha sido revogadoj e
julgando que .a sua disposição, tendo respeitado 'em
parte o principio da resolução de 25 de Outubro de
4832 que — só permittia aos nacionaes a. exploração dos
diamantes —, não exorbitara da letra do art. 6.° da lei
de 24tie.Setembro de 4845 que só limita-sè a—permittir
que sejão concedidos á companhia os terrenos que não
— 477 —

forem arrendados, e especialmente os rios e outros


lugares dedifficil extracçao—; é de parecer:
Que não pôde ser deferida a pretenção do suppli-
cante na extensão em que foi requerida, já por ser
contraria ao regulamento, e já por discordar do es-
pirito e letra da lei; podendo , toda,via, ser-lhe con-
cedida a autorização prévia, permitlida pelo invocado
artigo da lei de 1860, paraorganizar uma companhia, com
metade dos sócios nacionaes, ficando a approvação dos
estatutos, para quando forem, dentro do prazo de quatro
annos, submettidos ao governo imperial.
Vossa Magestade Imperial, entretanto,- resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências; em 7 de Junho de 1864.—
Marquez de Abrantes.—Vise onde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, 24 de Agosto de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 764.-RESOLUÇÃO DE 24 DE AGOSTO DE 1864.


Sobre o recurso de Francisco Lopes Baptista e Manoel Joaquim de
Oliveira, juizes de paz de Passa Três, ém S. João do PrinGipe,
do acto da presidência do Rio de Janeiro, que os multou por
infracção do regulamento do^selio.
Senhor.—Dignou-se Vossa Magestade Imperial orde-
nar, por aviso da secretaria de estado dos negócios da
fazenda de 2 do corrente, que a secção de fazenda do
conselho de estado consultasse com seu parecer sobre
o officio do presidente da provincia do Rio de Janeiro,
de 21 de Junho do corrente anno, acompanhando os
requerimentos do 1.° e 3.° juizes de paz'da freguezia
do Passa Três, município de S. João do Príncipe.
— 478 —

Nesses requerimentos os süpplicantes, Francisco Lopes


Baptista, e Manoel Joaquim de Oliveira; invocando em
seu favor a disposição do art. 85 § 14 do regulamento do
sello que baixou com o decreto n.° 2713 de 26 de Dezem-
bro de 1860, e allegando a sua ignorância para attenuar
o erro que commettêrãô, recorrera para Vossa Magestade
Imperial, rogando-lhe que haja por bem releval-osdàs
multas em que incorrerão.
Em seu citado officio, o presidente da provincia al-
lega que o invocado art. 85 § 14 refere-se expressa-
mente aos documentos e papeis sujeitos ao sello fixo,
únicos que podem os juizes de paz àdmittir nos feitos
que despacharem sem o respectivo pagamento; não lhe
sendo licito portanto deixar de multal-os, como deter-
mina o art. 118 do mesmo regulamento, por terem elles
infringido o art. 113 f 4.° delle, quando admittirão sem
pagamento papeis sujeitos a sello proporcional, como
vales e créditos.
A secção de fazenda, tomando conhecimento deste
recurso, attendendo ás referidas disposições do regu-
lamento do sello, cuja intelligencia é clara, e não pôde
escapar a quem o ler; e considerando que simples al-
legações de ignorância da parte dos süpplicantes não
pôde ser admittida em direito; é de parecer, que os
referidos requerimentos dos juizes de paz Francisco
Lopes Baptista e Manoel Joaquim de Oliveira não mere-
cem ser deferidos.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que mais justo fôr.
Sala das conferências, em 26 de Julho de 1864.— Mar-
quez de Abrantes.—Visconde de' Ilaborahy. — Cândido
Baptista de Oliveira.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, 24 de Agosto de 1864.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Pedro Dias de Carvalho.

H. Aviso n.° 59 do 1." dé Setembro dê 1864, na collecção


¥ das leis,
(adduamento). . '-
— 479 —
N. 765.—RESOLUÇÃO DE 27 DE AGOSTO DE 1864.
Sobre as leis provinciaes do Paraná do anno de 1863.
*
Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem
que a secção de fazenda do conselho de estado con-
sultasse com seu parecer sobre os actos* legislativos
da assembléa provincial do Paraná, promulgados no
anno passado, e* constantes da collecção junta.
Depois de examinar os mesmos actos, concebidos na
» dita collecção, reconheceu a secção, concordando com
o que afiirma em seu oíficio annexo o presidente tia
mesma provincia, que era nenhum delles, pelo que
respeita 'á repartição de fazenda, existe disposição al-
guma qué se possa julgar exorbitante das attribuições
constitucionaes das assembléas legislativas provinciaes.
Pejo que é a mesma secção de parecer que seja a
dita collecção archivada.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que fôr melhor.
Sala das conferências, em 25 de Agosto de 1864.— Mar-
quez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy .—Condido
Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 27 de Agosto de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José, Pedro Dias de Carvalho.

N. 766.—RESOLUÇÃO DE 10 DE SETEMBRO DE 1864.


Sobre a restituição feita ao padre Leonardo Meira Henriques. dos
direitos de 3 % de vigário geral, visto ter pago integralmente
os mesmos direitos do emprego, para que foi depois nomeado, de
procurador fiscal da Parahyba.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
da secretaria de estado dos negócios da fazenda de 26
de Março ultimo, que a secção de fazenda do conselho
de estado consulte com seu parecer .se foi regular a
restituição, feita pelo inspector da thesouraria da Para-
hyba ao procurador fiscal delia, Leonardo Antunes Meira
Henríques, da quantia de dezanove mil»rèis, correspon-
dente aos novos direitos * de 5 °/0 que pagara era
Pernambuco do emprego de vigário geralf visto ter pago
integralmente os 5°/„ dó emprego para que fôra depois
nomeado de procurador fiscal da mesma thesouraria,
convindo fixar uma regra sobre a verdadeira intelligencia
do art. 15 da lei n.° 779 de 6 de Setembro de 1854.
Concordando com o parecer do conselheiro procurador ,
fiscal, proferido sobre o relatório do sub-director das
rendas, somente na parte em que estabelece regra para
o futuro, e não qqanto ao passado^ a secção entende que
não se deve desapprovar a restituição feita pelo referido
inspector, cujo acto, á vista dos precedentes indicados
no mesmo parecer, não fôra irregular ou illegal como,
confessa o próprio procurador fiscal. ,
Quanto, porém, á regra que deve ser fixada para $ fu-
turo sobre a intelligencia do citado art. 15 da lei, na
sua segunda parte, qüe tem sido executada diversamente,
é a,secção de parecer: .
Que os direitos de 5 °/0 devem ser Cobrados do
excesso tios vencimentos somente nos casos de remoção
dos empregados para outra repartição do mesmo ou
tie diversos ministérios, e das provisões successivas
dos parochos encommendados; devendo, porém, ser
cobrados integralmente daquelles empregados, que
forem demittidos, e depois nomeados, seja qual fôr
o tempo decorrido entre à demissão e a nova nomeação,
conformando-se a secção nesta parte com o mencionado
parecer do conselheiro procurador fiscal.
Vossa Magestade Imperial, porém, setiignará resolver
o que fôr melhor.
Sala das conferências, em 25 de Julho de 1864.
—Marquez de Aby antes <—Visconde de Itaborahy.—;
Condido Baptista de Oliveira. '
RESOLUÇÃO,
Como parece. (*)
Paço, em 10 de Setembro de 1864.
Com a rubrica de Suá Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campas.
(*}, Expediu-se ás thesourarias de; fazenda a circular seguinte:
Ministério- dos negócios da fazenda. —Rio de Janeiro, 22 de Se-
tembro de 1864.
Carlos Carneiro de Campos, presidente do tribunal do thesouro
nacional, declara aos Srs* ihspeetores da« thesourarias de fazenda,
* - 481 —
N. 767—RESOLUÇÃO DE 10 DE SETEMBRO DE 1864.
*
Sobre as leis. provinciaes do Ceará do anno de 1861.

Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 15 de Março ultimo, que a secção de fazenda do
conselho' de estado consultasse cbm seu parecer sobre
a collecção das leis da provincia do Ceará, promulgadas
no anno de 1861, tendo em vista o oíficio do presi-
dente da mesma provincia, que interpõe juízo a respeito
das mesmas leis.
tendo examinado a'dita collecção, e encontrado nella
algumas disposições manifestamente exorbitantes das
attribuições* das assembléas legislativas das provinóias,
a %écçâo tie fazenda julga dever indical-as, embora o
tenha já feito eth coftecções precedentes.
E' expressamente vedado pelo acto addicional que
as ditas assembléas legislem sobre os impostos de im-
portação.
' Entretanto nos §§ 5.*, 8.', 13, 12, e 26* do capitulo
2.°, art. 3.°, da lei mc 1001 de 46 de Setembrode 1861,
a assembléa provincial do Ceará decretou impostos
sobre a aguardente, o fumo, o rape, os charutos, o
assucar e o sabão, não fabricados na provincia, que
forem nellá importados e consumidos; assim como no,
art. 35 da lei n.° 1003 de 30 de Setembro do mes-
mo anno autorizou a câmara municipal de Aracaty a
cobrar quinhentos réis em alqueire de sal que en-
trar de fóra da provincia. Taes disposições são eviden-
temente contrarias ao citado acto addicional, e convém
que sejão revogadas.
Goncorda a secção com o reparo feito pelo presidente
no seu officio junto a respeito da lei n.° 969, que apo-
sentou o capellão do cemitério da capital, quando o
goverrfo imperial, por avisos anteriores havia declarado,

para sua intelligencia e devidos effeitos, que Sua Magestade o Im-


perador, a quem forão presentes .as duvidas suscitadas sobre a in-
telligencia da segunda parte do art. 15 da lei n.° 779 de 6 de Se-
tembro de 1834, houve por bem declarar, por sua immediata e
imperial resolução de 10 do corrente, tomada sobre consulta da
secção de fazenda do conselho de estado, que os direitos de 5 %
devem ser cobrados, do excesso dós vencimentos, somente nos casos
de remoção dos empregados para outra repartição do mesmo ou de
diversos ministérios, e das provisões successivas dos paroehos en-
commendados, devendo porém ser cobrados integralmente daquelles
empregados que forem «demittidos e depois, nomeados, seja qual fôr
o tempo decorrido entre a demissão e a nova nomeação. — Carlos
Carneiro de Campos.
C. 61.
— 482 — ' * •

que ás assembléas,•provinciaes Só competia présérever


regras para a aposentadoria dos seus empregados, fi-
cando aos presidentes a faculdade de aposental-os.
A'vista do que tem indicado, em relação aos negócios
pertencentes á repartição de. fazenda, é a secção de
parecer que seja a referida collecção de leis submet-
tidá á deliberação da assembléa geral legislativa, a
quem compete providenciar sobre os casos arguidos
da exorbitância constitucional.
* Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o qüe
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 25 de Agosto de 1864.—
Marquez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
k
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 10 dè Setembro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos' Carneiro de Campos.

N. 768.—RESOLUÇÃO DE 10 DE SETEMBRO DE 1864.


Sobre a autorização que pede a companhia—London and Brasilian
Bank—para crear uma caixa filial na capital da provincia do
Pará. *
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a
secção de fazenda do conselho dé estado consultasse-
com seu parecer sobre o requerimento em que John
Saunders, na qualidade de procurador bastante da com-
panhia anonyma estabelecida nesta corte sob o titulo de
—London and. Brasilian Bank,—pede autorização para,
crear uma caixa filial na capital da provincia do Pará,
ficando a dita caixa sujeita aos estatutos approvados pelo

(*) Submettidá á consideração da assembléa geral legislativa»


Aviso de 19 de Setembro de 1864.
— 483 —

governo imperial no decreto n.° 2979 de 2 de Outubro de


4,862.
A' secção parece que se pôde deferir aos süpplicantes
nos mesmos termos em que lhes foi concedida a creação
de caixas filiaes nas provincias de Pernambuco, Bahia,
S. Paulo e Rio,Grande do Sul; mas Vossa Magestade Im-
perial mandara o que fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 5 de Setembro de 1864.—
Visconde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes .—Cân-
dido Baptista de.Oliveira.
•Mi
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
$aço, em 10 de Setembro de láôi.
"Com a rubrica de Sua. Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 769,—RESOLUÇÃO, DE 24 DE SETEMBRO DE 1864.


Sobre as leis provinciaes das Alagoas do anno de 1863.
Senhor.—Por aviso de 27 deAgosto ultimo dignou-se
Vossa Magestade Imperial; ordenar que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse com seu pa-
recer sobre a collecção de leis provinciaes das Alagoas,
promulgadas no anno passado, e constantes do exemplar
junto. , <
A secção, tendo examinado os 1-5 actos legislativos,,
contidospa collecção junta, não encontrou, pelo que per-
tence aos negócios da fazenda, disposição alguma que
pareça exorbitante dás attribuições conferidas ás assem-
bléas provinciaes pelo acto addicional á. constituição do
Império.
Assim que é a mesma secçãoi de parecer que a dita,
collecção seja archivada.

(*) Decreto n.° 33i3.de 24 de Setembro de 1864. Autoriza a compar


nlila—London and Brasilian Bank—para estabelecer uma caixa filiai
na capital da província dd Pará.
— 484 —.

Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr


mais justo.
Sala das conferências, em ,16 de Setembro de 1864.—
Marquez de Abrantes .—Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 24 de Setembro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos. t

N. 770.-RESOLUÇÃO DE 24 DE SETEMBRO DE 4864.

Sobre as leis provinciaes do Ceará do anno de 1862.

Senhor.—A secção de fazenda do conselho de estado,


a quem Vossa Magestade Imperial dignou-se mandar
consultar sobre as leis da assembléa legislativa do Ceará,
promulgadas no anno de 1862, vai cumprir o seu dever.
Tendo examinado os 51 actos legislativos, contidos
na collecção junta, a secção encontrou na resolução
n.° 1044 de 9 de Dezembro de 1862 algumas disposições
manifestamente exorbitantes das attribuições constitu-
cionaes das assembléas provinciaes. '
E' expressamente veóladò ao poder legislativo pro-
vincial impor direitos "de importação. Entretanto.po-
cap. 2'.°, art. 4." da resolução citada, que fixa a despeza
e receita da provincia, são decretados 30$000 sobre cada
pipa de aguardente não fabricada na provincia, e nella
consumida; 30 7» sobre o fumo não fabricado na pro-
víncia; 200 réis em libra de rape; 2#000 sobre milheiro
de charutos; e 200 réis sobre arroba de assucar, não
fabricados na provincia.
A'vista desta evidente infracção do acto addicional
á constituição, é a secção de parecer, que seja a dita
collecção remettida â assembléa geral legislativa para
resolver o que lhe aprouver.
— 485 —
Vossa Magestade Imperial „ porém , resolverá como
mais acertado fôr. \
Sala das conferências, em 16 de Setembro de 1864.—
Marque.z de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.

RESOLUÇÃO.
i

Como parece. (*•)


Paço, em 24 de Setembro' de 1864.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Carlos Carneiro de Campos,

N. 771 .—RESOLUÇÃO DE 5 DE OUTUBRO DE 1864.'


-<
Sobre o pagamento do dividendo das acções que possue o governo
na companhia da estrada de ferro de Pernambuco, e da resolução
da respectiva directoria de levantar a quantia de 75.000 £, com o
fim de substituir uma garantia por outra.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 24 de Agosto ultimo, que as secções dp fazenda e
do império do conselho de estado consultassem sobre
o pagamento do dividendo das acções que possue o
govqrno imperial na companhia tia estrada de ferro de
Pernambuco, e da "resolução tomada pela respectiva
directoria de levantar a quantia de £ 75.000 «cpm o fim
de substituir uma garantia por outra •
Tendo examinado os referidos papeis, enconti$rap
as secções o parecer do conselheiro director. geral 4 a
contabilidade ido thesouro, que é tio, teor següiPte'

C*) Submettidá á consideração da assembléaigerai legislativa.Vàvis»


de 26 de Setembro Jte ítè64.
— 486 —
« Parece-me se deve responder este aviso, dizendo-se*
ao Sr. ministro daa agricultura, commercio e obras pu-
blicas, quanto á 1 . parte do mestóo aviso, que se fica
inteirado de ter-se de realizar em Pernambuco, por
accôrdo do nosso agente em Londres, o pagamento do
dividendo provisório de 2 1/2 % das acções, que possue
o governo, da companhiaa da estrada de ferro daquella
provincia; e quanto á 2 , que o ministério da fazenda
não se reputa competente para jutgar da necessidade
e legalidade da deliberação que tomou a companhia
em Londres de levantar sobre escriptos de divida da
mesma companhia £ 75.000 como substituição de ga-
rantia para diversas applicações do seu serviço, por-
quanto não dispõe o thesouro dos elementos necessários
que só no ministério da agricultura poderão existir
para a devida apreciação da medida; convindo todayia
acrescentar que se a deliberação tomada pela compa-
nhia importa por qualquer modo um novo ônus sobre
o Estado, além daquelles com que este já carrega re-
lativamente á dita estrada, não pôde o ministério da
fazenda nelle consentir, sem lei que para isso o autorize;
mas que se por ventura é um recurso de que lançou
mão a companhia sob sua responsabilidade para oc-
correr ás suas despezas, parece que não carece o
seu acto de annuencia e approvação do governo imperial.
Convém éxpedir-se ordem ás thesourarias da Bahia
e Pernambuco para que sempre que cobrarem divi-
dendos das companhias das estradas de ferro das mesmas
provincias, enviem ao thesouro Uma conta desenvolvida
delles, na qual se declare o capital das acções, a taxa e o
tempo a que respeitarem os.dividendos, a importância
em libras e em réis, e o cambio que tiver servido de
base ao calculo.
Na ordem á thesouraria de Pernambuco sé deve
acrescentar que remetia uma conta semelhante a res-
peito do dividendo pago pela companhia respectiva, e
já contemplado no balanço de Junho próximo passado. »
E estando inteiramente de accôrdo com a opinião
emittida, pelo referido conselheiro no tocante ás duas
partes substanciadas no mesmo aviso, são as secções
de parecer, que as questões propostas sejão resolvidas
como se indica nó dito parecer.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que fôr melhor.
Sala das conferências, em 10 de Setembro de 1864.
—Marquez de Abrantes .—Cândido Baptista de Oliveira.
•^—Marquez de Olinda.—Bernardo de Souza Franco.—
Jisconde de Itaborahy.—Visconde de Sapucahy.
— 487 —
, RESOLUÇÃO.

Como parece. O
Paço, em 5 de Outubro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 772.—RESOLUÇÃO DE 5 DE OUTUBRO DE 1864.


Sobre a duvida — se as filhas dos militares podem receber o meio
soldo, ainda em vida de suas mais, nas differentes hypotheses, em
que estas deixão de percebel-o.
Senhor.-—Por aviso de 9 de Agosto ultimo, Vossa Mages-
tade Imperial houve por bem mandar que a secção de
fazenda dó conselho de estado consultasse, avista do re-
querimento das filhas do finado major reformado Luiz
Antônio da Costa Barradas, e do parecer do conselheiro
procurador fiscal do thesouro, se as filhas dos militares
podem receber, o meio soldo, ainda em vida de suas
mais, nas differentes hypotheses, em que estas deixão
de percebel-o.
Sobre o mesmo requerimento deu o referido conse-
lheiro o parecer seguinte:
« Nesta pretenção deve ventilar-se o seguinte ponto: —
se as filhas dos militares podem receber o respectivo
meio soldo, ainda era vida das viuvas suas mais.
Em alguns casos, como o de passarem as viuvas a se-
gundas nupcias, está resolvida a questão; no dé perce-
berem porém as viuvas vencimentos dos cofres públicos
que as inhiba de gozar do meio soldo, não está fixada a
verdadeira intelligencia da lei.
A ordem n.° 267 de 12 de Novembro de 1851, tratando
de uma Viuva que deixou de perceber o meio soldo do
marido por optar o de seu filho, declarou que o primeiro

(*) Deu-se conhecimento da imperial resolução de consulta ao


ministério da agricultura, commercio e obras publicas. Aviso de 10
de .Outubro de 1864. Ordem n.» 286 da mesma data na collecção
das leis.
— 488 -

nãó se devia considerar abandonado, lendo-se ella ha-


bilitado para a acquisição do direito á maioria do segundo,
termos em que a filha nã© podia perceber o de seu pai,,
pois a ordem h.° 105 de 30 de Outubro de 1844 estabele-
ceu o principio de que o meio soldo não é devido con-
junctamentè, mas por escala.
Posteriormente apresentou-se no thesouro a habilita-
ção de duas filhas do major Thomaz Gonçalves da Silva,
cuja viuva não podia perceber o meio soldo, por ser pro-
fessora publica, e como tal receber vencimentos dos
cofres nacionaes. , '
Submettidá a questão ao conselho de estado, consul-
tou a secção de fazenda em 8 de Janeiro de 1858, oppon*
do-se á pretenção, por não ser a lei expressa a tal res-
peito; mas a imperial resolução de 6 de Fevereiro do.
mesmo anno, deferiu as süpplicantes na fôrma dos pa-
receres das directorias do thesouro, por estar no espirite
da lei de 6 de Novembro de 1827 e ordem do thesouro
de 30 de Outubro de 1844 que as filhas não exceptuadas
substituão a raãi viuva nos casos em que fica inhibida
de receber o meio soldo do marido defunto, por ter em-
prego vitalício do Estado.
A doutrina desta resolução limita-se ao caso de ter
a viuva emprego vitalício, ou refère-se a todos aquelles
em que* ella deixa de ter direito ao meio soldo ?
Os pareceres das directorias do thesouro fundárão-se
em que para as filhas dos militares poderem gozar do
meio soldo, havendo .viuvas, não é preciso que estas,
morrãó, porque o beneficio não lhes é por ellas transmit-
ido, e sim pelos pais, competindo-lhes portanto perce-
bel-o no caso de perda do direito,das viuvas.
Assim é, mas pela circumstancia de optar a viuva
uni vencimento mais vantajoso, não perde o que percebe,
como mui bem explica a ordem de 12 de Novembro
de 1851.
Resta, pois, saber se no caso de opção de Um meio
soldo epensão mais vantajosos dão-se as mesmas razões
que ha a favor das filhas no de sei a viuva professora
publica.
Se eslá no espirito da lei de 1827 que as filhas subs-
tituão a mãi neste ultimo caso, não se pôde dizer o
mesmo absolutamente á respeito dos outros dous.
A professora publica tem um vencimento fixado na
lei pelo Seu trabalho. Se se entendesse que a viuva
professora publica percebe o meio soldo e a maioria
do vencimento sobre elle, é evidente que esse venci-
mento ficaria coarctado, e que o seu serviço não teria
a retribuição dada pela lei.
— 489 —
Esta intelligencia, portanto, é inadmissível, e em se-
melhante caso dá-se sem duvida perda do direito ao
meio soldo era conseqüência da qual as filhas podem
logo gozal-o, da mesma fôrma que nas hypotheses de
passar a viuva a segundas nupcias ou não poder receber
o beneficio, por ter vivido separada do marido.
Assim porem não acontece quando a viuva opta ou-
tro meio soldo, ou pensão mais vantajosa. Qualquer
destes vencimentos é uma graça que pede ser mais ou
menos limitada; é um favor concedido por serviços
alheios, no entanto que o exercicio de professora, dá
direito a um vencimento por serviços próprios. ,
E pois parece que as süpplicantes não devem ser fa-
voravelmente deferidas.»
A secção de fazenda, achando-se de accôrdo com as
razões constantes do.mesmo parecer, julga que nenhum'
direito assiste ás süpplicantes para perceberem o meio
soldo durante o tempo em que viveu sua raãi.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo. '
Sala das conferências; era 16 de Setembro de 1864.—
Marquez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. '(•*)
Paço, em 5 de Outubro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 773.—RESOLUÇÃO DÉ 5 DE OUTUBRO DE 1864.


Sobre a representação do administrador da recebedoria do muni-
cípio, relativamente ao sello que devem pagar os recibos e man-
datos ao portador.
Senhor. — Manda Vossa Magestade Imperial que as
secções de fazenda e de justiça do conselho de estado

(*) Aviso n.°-294 de 12 de Outubro de 1864, na collecção das leis.


c. 62.
— 490 —
consultem sobre a representação do administrador da
recebedoria do município;,que é a seguinte:
« N. 142.--Recebedoria do Rio de Janeiro, 19 de
Setembro de 1864.
« Illm. Sr.—Levo ao conhecimento de V- S. que têm
-vindo ao sello, nestes últimos dias, alguns recibos de
dinheiro tornado em conta corrente por diversos ban-
queiros^ também um cheque sobre o Banco Rural e
Hypothecario, sob a fôrma de recibo, como são esses
extrahidos dos talões que o mesmo banco fornece aos
que nelle* depositão valores em conla corrente por;
meio de caderneta.
Os primeiros, isto é, os recibos dos banqueiros, têm
pago o sello proporcional (decreto de 43 de Agosto de
4863; art. 24) da2. a tabeliã da 1." classe, porém, o cheque
foi selládo «èonforme a tabeliã'da 2,a classe, consi-
derando-se titulo ao portador, em vista da decisão do
ministério da fazenda communicada ao—Brasilian and
Portuguese Bank—, em aviso de 23 de Março deste anno.'
Por esta occasião tenho a honra de submetter ao
exame de V S. as duvidas que me occorrem sobre a
verdadeira intelligencia da lei de 22 deAgosto de 4860,
na parte relativa aos titulos de credito ao portador.
A mesma lei, art. 1.°| 10, permitte que sejão. pas-
sados titulos ao portador, para serem pagos ná mesma
praça, em virtude de contas correntes por quantia maior
de 50#000: o decreto de 17 de Novembro do dito anno
limita essa faculdade aos banqueiros e negociantes, e
não faz menção de contas correntes.
Desde que pripcipiou a vigorar o citado decreto,,
tem esta recebedoria, em observância do art. 3.°
apprehendido duzentos oitenta e oito- vales ao por-
tador, na maior parte de quantias excedentes de 50#000,
sem referencia a contas correntes, representado em
valor nominal de 127:596^470, ãssignados por pessoas,
de diversas profissões, ou que não &ãò tidas por com-
rnerciantes. Muitos desses vales já forão remettidos á
secretaria da policia, e os que restâo hão de sef-o
brevemente.
Peçsuado-me de que a nenhum dos passadores se
applicóu ainda a pena comminada na lei, antes tenho',
lido communicação official do Dr. chefe de policia, de
ter julgado improcedentes as apprehensões dos que
tem sido processados. Estou pôr isso era duvida se
devera continuar a ser apprehendidos os papeis q-ue
se apresentarem nas- eircumstancias expostas.
Consta-me que ha na circulação recibos ao portador
passados por banqueiros, com a declaração usual de
— 491 —
serem as quantias creditadas em conta, como se fofe«e
praticavel a abertura de contas correntes innominadas.
Creio que não são esses os titulos que o decreta
de 17 de Novembro permitte, visto que não se acha
declarada Peites a pesáoa a quem ó saque deva ser
apresentado dentro de três dias, sob pena de perder
o portador'o direito regressivo contra o passador; intel-
ligencia esta que me parece firmada no aviso de 23 de
Março. Não obstante, convém declarar se taes recibos
também devem ser apprehendidos e enviados á policia.
O mesmo aviso manda considerar titulos ao por-
tador, dos que a lei faculta, os cheques sobre as contas
correntes; mas, segundo o decreto de 17 de Novembro,
só os negociantes e banqueiros podem passados, è por
quantia maior de 5@$000, entretanto os cfeeques como
o de que fiz*,menção no principio deste officio são
assignados pelas pessoas que fizerão os depósitos; e
alguns podem haver de 50#O00, ou menos, conforme
o saldo da respectiva conta. E'indispensável que se
declare quaes «destes titulos, ou em que casos ficão
sujeitos a apprehensão.
RógoaV. S. se digne, resolver as questões propos-
tas" com a brevidade que as eircumstancias reclamão.
• Deus guarde a V. 8.—Illm. Sr. conselheiro Joaquim
Antão Fernandes Leão, director geral das rendas pu-
blicas.—Manoel Paulo Vieira Pinto, administrador. »
As secções reunidas, depois de discutirem, e pondera-
rem as duvidas propostas pelo mesmo administrador:
. Considerando que a lei de 22 tie Agosto de 1860 no
| 10 do art. 1. não só não determinou a apprehensão
das notas', bilhetes, vales, papel'ou titulo ao portador
emittidos pelos bancos, companhias, ou sociedades,
de qualquer natureza, coramerciante ou indivíduo de
qualquer condição, antes estatuiu no art. 6.L que todas
as multas de que trata a supracitada lei, salva a dis-
posição do § 23 do art. 2.°, serão impostas adminis-
trativamente :
Considerando que as próprias autoridades polidaes,
segundo consta da informação dada pelo mesmo admi-
nistrador, julgarão improcedentes as apprehensões feitas
naquella recebedoria:
Considerando que" as eircumstancias em que, se achão
as casas banearias que emittirão taes vales, notas ou
bilhetes ao portador tornão inexequivel o pagamento da
multa do quádruplo, de modo que viria o thesouro
publico a-absorver para pagamento "das ditas multas
toda a importância das massas fallidas que por tal
modo abusarão, e violarão as disposições da lei:
— 492 —
Considerando que nas disposições da mesma lei não
se encontra distincção feita entre negociante ou indi-
víduo não negociante, para delia deduzir-se a-prohi-
bição para estes de passarem os recibos ou mandatos
ao portador permitimos no mesmo art. 4.°. §.4 0, a que
vulgarmente se dá o nome de —cheques— :
Considerando que para a liquidação não é neces-
sário o sello, e somente quando tenhão de ser taes
titulos ajuizados é elle exigido:
Considerando .que não só pelos princípios que servem
de fundamento e base ás leis commerciaes de todos
os povos civilisados, mas ainda pelo modo como o
governo de Vossa Magestade Imperial se tem dignado
encarar, e apreciar a situação critica desta praça, con-
seqüência do abalo por que tem passado desde o dia
40 do próximo passado mez de Setembro;
São de parecer:
4 .* Que a apprehensão das notas, vales ou bilhetes
ao portador não deve continuar a praticar-se;
2.° Quê não só o negociante, mas outro que o não
seja pôde emittir os recibos ou mandatos de que falia
a lei no referido § 10 do art. 4.°;
3.° Que o sello só é necessário quando se houver
de ajuizar a nota, bilhete, recibo ou mandato de que
se trata;
4." Que.nas eircumstancias actuaes é inexequivel a
imposição e pagamento da multa de que falia a lei:
e crêem as sècçõês que mais do que em nenhuma outra • „•
occasião a liquidação de tão enormes massas e tão
numerosos interesses deve ser feita ex-quo et bom-
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais conveniente.
Sala das conferências, em 5 de Outubro de 1864.—Vis- '
conde de Jequitinhonha.—Visconde do Uruguay.—Can-.
dido Baptista de Oliveira.—Visconde de Itaborahy .—
José Antônio Pimenta Bueno.
RESOLUÇÃO ..
Como parece.
Paço, em 5 de Outubro de 1864.
Com, a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.
• ' ' ' ; e — • ; — —

C ) Decreto n.» 3321 de 21 de Outubro de 1864. Indultando os


contraventores do art. l.° | 10 da lei u.° 1083 de 22 de Agosto
de 1860, e remittindo as revalidações e multas do regulamento do
sello de 26 de Dezembro de 1860. AVisos n.0s 311 e 314 de 22 de
Outubro de 1864, na collecção das leis-.
— 493 —

N. 774.—RESOLUÇÃO DE 2 DE NOVEMBRO DE 1864.7

Sobre a pretenção do bacharel Antônio de Araújo Ferreira Jacobiua,


relativa ao pagamento do ordenado de juiz de direito do 1.° de
Julho de 1834 até 30 de Junho de 1843.

Senhor.—Dignou-se Vossa Magestade Imperial man-


dar, por aviso de 30 de Setembro ultimo, que a secção
de fazenda do conselho de estado consulte com seu
jtorecer sobre a pretenção do bacharel Antônio de
Araújo Ferreira Jacobina, relativa ao pagamento do orde-
nado de juiz de direito desde 1.° de Julho de 4834
até 30 de Junho de 4843.
A'vista do requerimento do supplicante, e do antigo
processo junto, sobre o pagamento de ordenados ven-
cidos'pelo mesmo supplicante, e recebidos por elle
durante os annos de 4843 até 1857, proferiu o conse-
lheiro director geral da contabilidade do thesouro o
seguinte parecer:,
« Considero incontestável o direito do supplicante
a ser pago pelos cofres geraes do ordenado de, juiz
de direito que não recebeu, a contar do 1." de Julho
de 1834 a 30 de Junho de 1843.
Além de qüe é fóra de duvida que a divida de ven-
cimentos, dos funccionarios que pêlo acto addicional
forão considerados provinciaes, ficou pesando sobre os
cofres do Estado desde que- peto acto interpretativo fo-
rão declarados geraes os mesmos funccionarios, como
tem suecedido com os parochos, secretários de* presi-
dências, e t c , aceresce que a se não admiltir o pa-
gamento do supplicante pela caixa geral, não poderia
elle ter lugar pela provincial, porquanto a assembléa
de Pernambuco se recusa a reconhecer a divida com
o fundamento de que o supplicante não constava do
assentamento dos empregados que passarão a ser pa-
gos pelos cofres provinciaes depois do acto addicional,
como mostra» o supplicante com o documento que jun-
tou ao seu requerimento, e provavelmente se recusará
também a assembléa e a administração provincial do
Pará com escusa não menos plausível ê aceitável, como
é o não ler o supplicante tomado posse e entrado no
exercicio do lugar de juiz de direito do Alto Amazonas,,
para o qual foi removido por decreto de 17 de Março
de 1834.
Ora, sendo esse decreto anterior á data tio acto
addicional de 12 deAgosto de 1834, e não havendo o
supplicante, pormotivo de grave moléstia que o inha-
- 494 —
bililpu de servir até hoje, exêrcidoas funcções daquelle
lugar até que foi appsentadó por decreto de .13 de
Novembro de 1857; privado assim dos seus ordenados
desde o 1.° de Julho de 1834, data ainda anterior á
do acto addicional e sua execução nas províncias, até
que foi decretada a aposentadoria, não descubro razão
alguma que desobrigue os cofres geraes do pagamento
reclamado, provado como está que o direito do sup-
plicante nãò procede do facto de ter sido removido
para a comarca do Alto Amazonas, mas de haver jus-
tificado a impossibilidade de exercer o seu cargo desde
4834, e de ser a sua moléstia reconhecida e âttendida
pela lei n.° 975do 4.' de Setembro de 4858, que man-
dou melhorar a sua aposentadoria, e pela resolução
tie consulta de 26 de Novembro de 1862, qüe mandou
pagar j lhe os ordenados desde o 1.° de Julho de 1834
ate 42 de Novembro de 1857. *
Entendo, pois, que com as mesmas razões e fun-
damentos com que já foi pago do 1.° de Julho de 1843
em diante, o deverá ser também do 1.* de Julho de
1834 a 30 de Junho de 1843, como pede.
Não me parece necessário exigir-se da presidência
tio Pará, nem da do Amazonas a informação que pede
á secção de liquidação sobre o ordenado que perce-»
biãô QS juizes de direito das duas províncias,; e es-
pecialmente o da comarca do Amazonas, porquanto já
se tendo pago ao supplicante á razão de 1:500$000
annuaes do 1.' de Julho de 1843 ao fim de Junho .'
de 1850, não sé faz necessário nova informação a este
respeito, bastando que, em caso de duvida, se exa*-
minem os balanços e assentamentos de 1834 em diante.»
Com este parecer conformou-se o conselheiro director
geral do contencioso.
Parecendo fundado em justiça e equidade o mesmo
parecer, a secção de fazenda conforma-se também com
etie, ejulga queo pagamento reclamado pelo supplicante
deve ser satisfeito, como fôra o anterior, pelos cofres
geraes.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 7 de Outubro de 1864.—Mar-
quez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.— Gandid» •
Baptista de Oliveira: ¥-•• • •;-
— 495 —
*
RESOLUÇÃO.
'. l •

Como parece. (*) < »


Paço, era 2 de Novembro de 1864.
Cora a rubrica de Sua Magestade ó Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 775.—RESOLUÇÃO DE 19 DE NOVEMBRO DE 1864.


Sobre os vencimentos dos empregados que, em virtude do decreto
n.« 2332 de 25 de Fevereiro de 1860, se achão addidos á oilicina
de estamparia.
Senhor.-r-Mandou Vossa Magestade Imperial qúe a
secção de fazenda do conselho de estado, consultasse
com o seu parecer: 1.'° se os vencimentos dos em-
pregados que, em virtude do art. 30 do decreto n." 2532
de 25 de Fevereiro de 1860, se achão addidos á of-
ficina de estamparia e impressão do thesouro na-
cional são devidos pelo effectivo exercicio; 2." se ao
escrivão ajudante da mesma officina, quando servir
pelo escrivão, compete a gratificação deste.
Estas duas questões forão suscitadas pela represen-
tação seguinte da secção: de assentamento, da terceira
contadoria do thesouro nacional:
«• O decreto n.° 2567 de 31 de Março de 1860 de-
clarou de effectivo exercício as porcentagens e grati-
ficações que percebem os empregados do, ministério
da fazenda.
Addidos á officina de estamparia e impressão do
thesouço nacional, em virtude do art. 30 do regula-
mento que baixou com o decreto n.° 2532 de 25 de Fe-
vereiro de 4 86Q,. achão-se três empregados da extincta
officina tie apólices, os quaes percebem a titulo de
vencimento designado era seus títulos o seguinte, an-
nualmente : eslampador, Clementino Geraldo de Gouvêa,
360#000; ajudante, José Ferreira Bastos, 300#000; aju-

HPor despacho do 3 de Novembro de 1861, mandou-se pajar a


divida reclamada.
— 496 —
%
dante do impressór, José Ignacio Christello, 288#000;
ós quaes faltarão um dia cada um era o mez de Maio.
Estando em duvida sé taes vencimentos são também,
devidos pelo effectivo exercicio, depois da promul-
gação do mencionado decreto, e por conseguinte su-
jeitos a descontos, deixei de proceder a elles, até que
se resolva a duvida que proponho.
E porque dP altestado de freqüência da mesma re?
partição do mez de Maio se declare também que o
escrivão ajudante tem direito a haver a gratificação
do escrivão, nos dias que este faltou por doente, no
mencionado mez, preciso igualmente que se resolva,
pois, para mira é duvidoso, se entre o dito escrivão
e ajudante se dá substituição por funcções differentes
de emprego. »
' O director geral da contabilidade, informando sobre
à matéria, disse:
• « Ef minha opinião que os addidos de quem sé falia
na presente -representação não devem soffrer desconto
nos seus vencimentos nos dias em que, por justificado
motivo á juizo dó respectivo chefe, não comparecerem,
por não estar declarado no regulamento respectivo que'
esses vencimentos têm a natureza de gratificações.
Também entendo que ao escrivão ajudante da offi-
cina de estamparia, quando servir pelo escrivão, com-
pete a gratificação deste, não só pGrque passa a exercer
attribuições diversas das suas na ausência daquelle,,
senão lambem por não ter sido disposto no respec-
tivo regulamento, como expressamente o está no artií43
do das alfândegas acerca dos lugares de ajudantes^
que ó seu exercicio é cumulativo. Mas quando se*fi-'%
zesse necessário recorrer ao argumento deduzido do
-modo pôr que se tem regulado os vencimentos dos
ajudantes do guarda-mór da alfândega quando subs-
tituem á este, acharíamos que a um ou mais já se
pagou o vencimento do lugar por inteiro, bem. que
ultimamente se tenha resolvido o contrario.
O escrivão da officina, quando presente, pôde dis-
tribuir serviço ao seu ajudante, mas em caso de au-
sência, por .conta deste corre exclusivamente a res-
ponsabilidade da êscripturação e expediente, e, ficaria
por certo de inferior .condição se lhe fosse negado v-
fruir o pequeno accrescimo de vencimento que atodos
os substitutos se concede em compensação do.maior
trabalho. »
A secção de fazenda concorda com o director geral^
da contabilidade, e é de parecer: 'i
1." Que os vencimentos dos empregados que, era
— 497 — w
virtude do decreto de 25 de Fevereiro de 1860, se* achão
addidos á officina de estamparia do thesouro, não têm
•o caracter de meras gratificações ; '
2.* Que ao escrivão ajudante da mesma officina com-
pete, quando substituir o escrivão, a gratificação deste
emprego.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como
julgar mais acertado.
Sala.das conferências, em 20 de Outubro,de 1864.—
Visconde de Itaborahy .-^Marquez de Abrantes.—Can*
dj$o Baptista de Oliveira.
RESOtíUçXÓ.
ft

Como parece. (*)


Paço, era 4 9,de Novembro de 1864.
Com ji rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 776.-RESOLUÇÃO DE 19 DE NOVEMBRO DE 1864.


Sobre o officio da directoria do novo Banco de Pernambuco, Tecla-
mando voltar á execução da lei de 22 de Agosto de 1860, e con-
seqüente limite de sua emissão.

Senhor.—Mandou Vossa'Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de 20 do cor-
rente, que a secção de fazenda dó conselho de estado
consultasse sobre o officio da directoria do Banco dé
Pernambuco, reclamando voltar á execução da lei de
22 de Agosto de 1860, e conseqüente limite dê sua
emissão.
Nesse officio expõe a directoria que a crise' por quê
está passando a praça do Rio de Janeiro, e a medida
tomada pêlo decreto n.° 3307 de 14 de Setembro ultimo
a obrigão a acautelar-se contra as eventualidades que
de taes successos podem provir em prejuízo seu e do

(*) Aviso n.° 373 de 23 de Novembro de 1864, na collecção das


leis.
c. 63
m
*, - -
publico ;é que, não tendo o banco feito uso da auto-
rização que, em virtude da effectiva realização, de suas
notas em moeda de ouro, lhe dava a lei de 22 de Agosto
de 4860 para elevara emissão aó compute do seu capital,
voítava a executar as disposições do § 3.° art. 1,° desfa
lei, pagando suas notas em moeda legal. A directoria con-
Clue pedindo ao governo que approve esta deliberação.
Para bem comprehender-se a, pretenção do noyo
Banco de Pernambuco, convém ter presentes as dis-
posições legaes qüe com ella têm relação.
São as seguintes :
«Art. 1." (lei de 22 de Agosto de 1860)., Nenhum dos
bancos creados por decretos do poder executivopo-
derá emittir, sob a- fôrma de notas ou bilhetes ao
portador, quantia superior ao termo médio de sua
emissão operada no-decurso do primeiro semestre do
corrente ànno, emquanto não estiver habilitado para
realizar em ouro o pagamento de suas notas; excepto.
se, além do fundo disponível ou de garantia e das
outras condições estabelecidas nos respectivos estatutos,
tiver em caixa parte de seu capital equivalente aoex-,
cesso do dito termo,médio de emissão, e fôr esta
parte representada pôr moeda de ouro ou barras do
mesmo metal do toque devínte e dous quilates,'Ou por
barras de prata de onze dinheiros na relação fixada
pelo art. 3.° do decreto n.° 1721 de 5 de.Fevereiro <
de 4856, com tanto que o valor destas nãò exceda á
quarta parte do da moeda e barras de ouro •.
§ 3." Se no fim do prazo de um anno, contado da
publicação desta lei, os bancos não se acharem ainda
habilitados para trocar suas notas por mo.eda de ouro,
o governo fará restringir'annualmente, emquanto nãó
conseguirem este resultado, a somma das notas pu bi-
lhetes em circulação, na proporção que marcará de
accôrdo com os mesmos bancos; não podendo esta ser
no primeiro anno inferior a 3 0/0 nem superior a 5 °/«, e
nos annos seguintes inferior a 6 °fv nem superior a 42"/»
da dita somma, na qual não se incluirá a quê ps mesmos -,
bancos tiverem addicionalmente emittido em virtude da
excepçao de que trata o principio deste artigo. ,
. § 4-.° Será permittido aòs bancos de circulação, que
actualmente se achão creados por decretos do poder
executivo, substituir seus titulos de garantia pelos va-
lores mencionados ná parte primeira deste artigo; e logo
que suas notas forem convertiyeis em moeda de ouro,
a vontade dp portador, poderão emittir na razão dupla
dos. referidos metaes ou moeda de ouro que eílecti-
vamente possuírem, dentre dos limites marcados nos
— 499 —
•. ' 'f

seus estatutos, que, por este facto ficarão desde logo


alterados neste sentido.
| 5.° Será considerado fallido o banco de circulação
que não satisfizer á vista e em moeda corrente,' ou, ve-
rificadas as hypotheses do pagamento previstas pelo
paragrapho antecedente, em moeda de ouro, á Vontade
do portador, a importância de seu bilhete ou nota apre-
sentada ao troco; e pelo tempo da mora o portador
terá direito ao juro corrente. Nas mesmas penas inj
correráõ os bancos que violarem as disposições dos
J H . ° , 2.°, 3." e 4.° deste artigo. »
Provado o facto por protesto ou qualquer outro
modo que produza fé, o juiz competente, a requerimento
da parte, ou, por-denuncia do promotor publico ou de
qualquer fiscal da fazenda, ou ex-officio, psocederá
nos termos da lei á abertura e declaração da faUencia. »
Em 13 de Maio do anno passado a directoria do novo
'banco dirigiu ao thesouro um officio, no qual decla-
rava que, achando-se aquelle estabelecimento habili-
tado pára trocar suas notas por moeda de ouro, e tendo
já effectivamente começado a fazel-oja elevar a emissão
a 1.600:00dg000; e solicitava outrosim do governo que
lhe fizesse nos estatutos a alteração necessária para
pôl->os era harmonia com a permissão que lhe dava
o | 4.°; art. !.° da lei de 22 de Agosto, isto é, a de
elevar a emissão ao duplo dos valores metallicos que
possuísse em caixa.
A este officio respondeu o thesouro, quanto á pri-
meira parte, queficavainteirado tia communicação da
directoria;' e quanto á segunda, que as alterações dos
estatutos deveráõ ser subméttidas ao exame do governo,
já formuladas e approvadas pela assembléa geral dos
accionistas.
Assim, em virtude da mencionada declaração, deixou
o banco de propor desde entãóao governo, e este de
determinar a reducção que, dPutra sorte, deveria ir
soffrendo annualmente a somma de 4.359:900$000 que o
banco estava autorizado para emittir durante o anno de-
corrido de 23 de Agosto de 1862 a 22 de Agosto de 1863.
Dos documentos juntos consta que a .directoria não
submetteu ainda á deliberação do governo as alterações
dos estatutos; e por isso pôde ser duvidoso se ella
deve dirigir-se nas emissões pelas regras alli estabele-
cidas, ou pelas qüe prescreve o § V." da lei de 22
de Agosto. Em qualquer dos dous casPs, porém, pareçè
fóra de duvida qüe ó banco não pôde suspender' os
pagamentos em ouro sem incorrer nas penas.do.§5.° acima
transcripto.
— 500 —
Verdade é que a directoria, allegand© nãoter feito uso
da autorização que lhe dava a lei, para elevar a emissão
ao compute do seu capital, e julgando-se obrigada,: no
caso de suspender os pagamentos em ouro, á submetter-
se ás restrieções do § 3.°, parece acreditar quê não lhe
são applicaveis aquellas penas; mas cumpre ponderar:
4 ."'Que a autorização dada pelo § 4." da lei de 22 de
Agosto, não é a de elevar a emissão ao duplo do capital,
mas, ao duplo dos valores que o banco possuir/repre-
sentados por moeda de ouro, ou barras deste metal e de
prata; e não está averiguado que a directoria tivesse
sempre deixado de usar desta faculdade; ç ainda qúé o
estivesse, e esta cirçumstancia pudesse provar alguma
cousa;-seria que ella se considerava obrigada a reger-se
em tudo pelos estatutos primitivos ; . .-v
2.° Que a comminação do | 5.° é extensiva, e nao
podia deixar de sel-o, a-tedosos bancos, que, isentando-se
das restrieções da lei, por fazerem effectivo o paga-*
mento de suas notas em ouro, suspenderem depois
este modo de pagamento; quer esses bancos tenhão
alterado seus estatutos para poderem emittir maior
porção de papel, quer não. "
E' extensiva assim a estes, como aquelles, porque as
palavras do | 5.°—« Será considerado fallido o bahoo
de circulação que não satisfizer á vista e em moeda
corrente, ou, verificadas as hypotheses do pagamento
previstas no paragrapho antecedente, era moeda de
ouro » não se referem á organização,, mas ao modo;
de pagamento; e a hypothese de pagamento prevista
no §4.° é a de haver o banco declarado os seus bilhetes
conVertiveis ém ouro, e de ter conseguintemehte adqui-
rido a liberdade de emissão que esta cirçumstancia
lhe dá. O novo Banco de Pernambuco declarou ao go-
verno em Maip do anno passado, que estava habili-
tado para essa conversão; realizou-a effectivamente, e
por isso julgou-se, e tie feito ficou autorizado desde
então para ultrapassar os limites da emissão, que lhe-
tinhão sido prescriptos.
Pião podia deixar tie sel-o ; porque se o fim da lei era,
como-se vê de todo o conjuneto das disposições do
art.' 1.", obrigar os bancos a realizar o pagamento de
suas notas em moeda de ouro, não lhes permittindo,
em quanto o não fizessem, senão umá emissão menor
do qüe á fixada nos respectivos estatutos, e ; que de-
veria ir deerescendo gradualmente, fôra absurdo, e
incompativelcomaquellefim deixar a arbítrio dosmesmos
estabelecimentos, ora pagarqm suas notas em ouro e
expandirem ás respectivas^ emissões, ora suspenderem
- 501 —
#
essa fôrma de'pagamento, voltando ás restrieções an-
tigas. O absurdo cresceria de ponto, dando-se, como pa-
rece pretender a directoria, a uns o direito de contrariar
e frustrar o intento da lei, eimpondo-se aos outros a
obrigação de guardal-a religiosamente.
E ainda mesmo que se podessem contestar as conside-
rações" que a secção deixa expostas, não ha ajai quem
possa pôr em duvida a obrigação que tem o Banco
de Pernambuco de pagar suas notas em moeda correSe;
e como por moeda corrente não se pôde entender se-
não a qüe é reconhecida e aceita era todo o Império;
e as notas da caixafilialdaquella provincia, ainda depois
do decreto de 14 do mez passado, nao lera curso forçado
fóra delia, segue-se que não se pôde impor aos porta-
dores das notas do banco o dever de receberem, em
pagamento dellas, as da caixa filial, a que certamente
se refere a directoria, quando falia em moeda legal.
Demais, posto que nem a directoria, nem p presidente
da provincia o declarem, é notório qüe ô Banco de
Pernambuco já suspendeu os pagamentos de suas notas
em moeda metallica, e quer, com a approvação que
solicita do governo, autorizar tal suspensão; è privar
o publico do direito que tem, não só de receber o valor
dellas em ouro, mas ainda os juros da mora; vindo
assim a medida a ter effeito retroactivo para prejudicar,
em favor de uma associação' particular, direitos de
terceiros, legalmente adquiridos.
"Não descobre a secção no que expõe a directoria e
o presidente da provincia os elevados motivos de ordem
publica que podérião .justificar actos de semelhante
natureza; e por isso é de parecer que deve ser indefe-
rida a pretenção do novo Banco tie Pernambuco.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais acertado..
Sala das cenferencias, em 31 de Outubro de 1864.— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Condido
Baptista de Oliveira. . '
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 19 de Novembro de 1864.
Com a rubrioa de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.
(*)'Çommunicou-se á presidência de Pernambuco o indeferimento
desta pretenção. Aviso de 21 de Novembro de 1864.
- 502 -
N, 777".---RESOLUÇÃO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1864.
Sobre o Tequerimepto de ^vários negociantes da praça da Parabyba,
em qüe pedem sejão as notas da caixa filial de Pernambuco aceitas
como moeda, nas repartições da mesma provincia.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por
aviso do ministério da fazenda de 20 de Outubro ultimo,
quó a secção de fazenda do conselho de estado con-
sultasse com o seu parecer sobre a matéria do requeri-
mento junto de vanos negociantes da capital da pro-
víncia da Parahyba, em que pedem providencias para
que sejão aceitas como moeda legal, nas repartições
fiscaes da mesma província as notas da caixafilialdei
Pernambuco.
As razões em que os süpplicantes fundamentão a sua
pretenção acnão-se expostas no seguinte trecho do.
requerimento que fizerão ao presidente da provincia:
«Estas medidas (as dos decretos de 43,14,47 e 20 de
Setembro ultimo), salvadoras do credito do Banco do
Brasil e de suas caixas filiaes, devem ter vigor nos
lugares em que os mesmos se achão estabelecidos.
Não são, sem duvida, á V. Ex..^ desconhecidos os
graves prejuízos que deve trazer a esta praça semelhante
resfricção, uma vez que hão tem ella caixa filial do
Banco do Brasil, nem, outro estabelecimento bancário,
e effectivamerite realiza todas as suas transacções com-
merciaes com a praça de Pernambuco, dPnde recebe
ém troco de suas mercadorias ó dinheiro que alli gyra.
Este dinheiro é todo era bilhetes da caixa filial e do
novo banco, e sendo vedado pela disposição-de um tios.
citados decretos o troco de taes bilhetes por dinheiro
de ouro, privados ficão os abaixo assignados de remetter
a Pernambuco os referidos bilhetes para serem trocados,
cuja medida, sendo para os abaixo assignados já ura
pouco difficil tie realizar, todavia facilitava urna parte
das transacções desta praça.
Por força dàs disposições, do decreto n.°3307de44
do mez passadoí os •referidos bilhetes passarão a ter
curso forçado,' e por isso não se podem os abaixo as-
signados eximir de recebél-os na referida praça de
Pernambuco, visto serem garantidos pelo governo, que
os considera moeda legal.
Elles, porém, aqui não têm esse curso forçado e os
seus possuidores nesta praça veem-se embaraçados na
satisfação de seus compromissos.
Ainda existe en,tre nós1 a triste impressão dos^aconte-
cimeutos por que passou a praça de Pernambuco,
— 503 —
permanecendo na população, quer da praça, quer do
interior, sérias desconfianças.
Assim, pois, os abaixo assignados com bem plau-
sível fundamento têm desconfiança ou quasi certeza de
que nesta praça os referidos bilhetes vão, cahir em
completo depreciamento e o commercio privado dos
recursos monetários, não só para ás suas transacções
mercantis, senão também para o pagamento Jtos im-
postos e direitos de mercadorias, a que estãajâijeitos
os abaixo assignados, porque os mencionados bilhetes
não são recebidos nas estações publicas, as quaes só
recebera moeda do governo, visto como o curso forçado
não se estende á esta província. »
A secção não pensa, como os süpplicantes,. que o
caracter dé moeda legal, dado ás notas da caixa filial
de Pernambuco, possa fazel-as cahir na praça da Para-
hyba em grande depreciação,, comparativamente com
o valor que conservarem naquella provincia.
Se a Parahyba exporta seus productos para o mercado
de Pernambuco e alli tem de pertnutal-os por notas da
caixa filial, é também certo que no mesmo mercado se
prove dos gêneros que importa para consumo, e que
pdde pagal-os com as mesmas notas. Se estas notas se
depreciarem mais na primeira que na ultima provincia,
o effeito da depreciação se fará sentir na elevação dos
preços desses generçs; provocará maior importação
delles, e conseguintemente a exportação das notas para
a praça de Pernambuco, até que se estabeleça a igual-
dade do valor do papel bancário entre as duas pro-
vincias.
, E' fáCto notório que as notas da caixa filial corrião"
até agora na Parahyba, onde aliás não erão recebidas
nas estações publicas; e não ha motivo para que o
curso forçado que se lhes deu, as repilla da circulação.
Os portadores dellas não teaão mais, é verdade, ó di-
reito de fazel-as trocar por moeda metallica no esta-
belecimento que as emitte; mas além de que as outras
provincias se achão nas mesmas eircumstancias, a
medida.solicitada pelos süpplicantes não alteraria este
estado de cousas.. , ,
Quanto aos impostos, é sabido que têm sido sempre
pagos, nas estações fiscaes da Parahyba, em papel do
governo; e que" portanto existia alli a quantidade, ao
menos, desta moeda, necessária para tal applicação.
Ora, não se tendo dado, nem podendo dar-se; emquanto
o commercio da provincia se achar nas condições ex-
postas no requerimento, e dprar o regimen do papel
moeda, nenhum dos factos econômicos que pôdenão
— 504 —
.provocar a exportação do papeltiogoverno, não descobre
a secção de fazenda motivo 'para os receios^ que a tal
respeito mostrão os süpplicantes.
- Fazendo estas observações sobre os dous pontos, que
mais especialmente parece terem excitado ajattenção
dos negociantes da Parahyba, não pôde a secção deixar
;Í|j reconhecer os embaraços e difficuldades commer-
•cfaes, que hão de forçosamente resultar de ter cada
uma das mais importantes provincias do Império um
papel bancário especial, com gyro. forçado unicamente
entre os seus respectivos habitantes, ínconvertivel em
ouro, ou papel do governo, e incapaz, portanto, de fazer
funcções' de moeda, se não dentro de estrictos limites.
Mus essas difficuldades e embaraços, não tem de
spffrel-os unicamente a provincia da ^Parahyba, senão
todas; assim as que não possuem caixas filiaes do
Banco do "Brasil, como as outras; e estas talvez em
maior escala. E' nos lugares, onde não ha notas do
banco, que se deve ter refugiado a máxima parte do
papel do governo existente na circulação ; e é pois ahi
que se obterá com maior facilidade papel de curso
geral com que se possão saldar transacções commer-
ciaes em-outras partes do Império.
Assim que, se para resguardar a provincia da Para-
hyba dos prejuízos que os süpplicantes receião, hou-
vesse o governo de decretar a medida que elles solicitãô,
devera pela mesma razão fazel-a extensiva a todas as
outras; isto é, dar curso forçado ás notas da caixa
matriz e das filiaes do Banco do Brasil em todo o Im-
pério.
Esta medida, além de estar muito fóra das attribuições
do poder executivo, faria do banco o arbitro supremo
do meio circulante' do Brasil; e tornaria impossível
marcar-se um prazo certo para cessação dos effeitos
do decreto n.° 3307 tie 4 4 de Setembro próximo passado;
os quaes, se forem duradouros, hão de necessariamente
exercer funesta influencia sobre as fortunas dos parti-
culares, e augmentar grandemente os embaraços finan-
ceiros com que já lutamos.
E, pois, a secção de parecer que, seja indeferida, a
pretenção tios süpplicantes.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
fôr mais justo.
Sala das conferências, em 9 de Novembro de 4864.—
Visconde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes .—Cân-
dido Baptista de Oliveira. '
— 505 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, era 26 de Novembro de 4864.
Com'a rubrica de Sua Magestade o Imperador.]
-; Carlos Carneiro de

È. 778.—RESOLUÇÃO DE 26 DE NOVEMBRO DE 4864.,


Sobre as leis provinciaes.de' Mato Grosso do anno de 1864,
Senhor—Mandou Vossa Magestade Imperial, por
aviso de 42 do mez próximo passado, que a secção de
fazenda do conselho de estado consultasse com seu.
parecer sobre a collecção de leis da assembléa pro-
vincial de Mato Grosso, promulgadas no ânno corrente,
e acompanhada do officio n.° 24 de 9 de Julho ultimo
do presidente daquella provincia. •
Tendo examinado cada um dos treze actos legisla-
tivos que se contêm na mesma collecção, a secção^pe
fazenda não encontrou disposição aFguma que pare-
cesse contraria ás attribuições coüstitucionaes das as-
sembléas legislativas provinciaes, consignadas no acto
addicional a nossa lei fundamental. .
A' vista do que ê a referida secção de parecer que
seja archivada a dita collecção.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
mais conveniente fôr.
Sala das conferências, em 9 de Novembro de 1864.—
Marquez de Abrantes.— Visconde de itaborahy.—Can*
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 26 de Novembro de 1864.
Com â. rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

(*)Aviso n.° 76 de S de Dezembro de 1864, na co llecçãoda&


íeis(additamento).'
C. 64.
— 506 —
i
N. 779.—RESOLUÇÃO DE-26 DE NOVEMBRO DE 1864,, -
Sobre o pagamento ao representante'dos herdeiros do espolio do?
Conde da Barca da divida reconhecida e.liquidada* de que trata*
a resolução de 24 de Setembro ultimo.
Sehhpr.— Houve Vossa Magestade; Imperial por bem
ordenar, por aviso do ministério da fazenda de 3 do cor-^
rente, que a secção de fazenda dó conselho de estado'
consultasse se á vista do art. 44 da lei n.° 1177 de 9 de*
Setembro de 1862 se pode effeCtuar o pagamento da-
divida reconhecida e liquidada, dê que trata a resolução'
da assembléa geral legislativa expedida por decrete
n. e 1240 de 24 de Setembro ultimo..
O conselheiro director geral da contabilidade do the-'
sotiro , dafído seu parecer sobre esta questão, expri-
«.me-se nos termos seguintes:
« Devo observar que para este pagamento1não existem5
íundos'consignados na lei de 9 de Setembro de 4862 que
.está regendo no actual exercicio por virtude daresoluçao
n. 0 1198 de 16 dê Abril deste anno. . ,;
Isto não obstante, entendo que pôde elle ter lugar'
sem embargo do disposto no art. 14 da citada lei de 9 dê
Setembro de 1862, attèrtta a autorização' expressa e po-
sitiva da resolução n.° 1240 de 24 de Setembro próximo
passado, escripturando-se a despeza sob o titulo—crê^
ditos legislativos— no corrente exereicio de 4864—1865.?
Deve ser ouvido o conselheiro procurador, fiscal. Direc-
toria de contabilidade, 4 de Outubro de 1864.—Qalvão. w
Com este parecer concordou o conselheiro procurador'
fiscal.
O art. 4 4 da lei de 9 de Setembro de 1862 diz assim:
« O ministro da fazenda não poderá ordenar o paga-'
mente, sob pena de responsabilidade, de serviço algum,-
,sem que na lei que o houver autorizado estejão consig-
nados os fundos correspondentes á despeza. »
No entender da secção de fazenda as palavras —
consignar fundos—significão—determinar ou assentar'
renda—; isto é, designar dPndç ou como se ha de le-
vantar renda ou dinheiro.para a despeza ou serviço de-
cretado.
Sendo assim, a disposição de art. 14 tem por objecto
assegurar a exacta observância dó preceito censlitu-*
eional, queda exclusivamente ao poder legislativo a at-
tribuição de autorizar e fixar as despezas do Estado; e de
crear os recursos pecuniários que ellas exigem.
Dé accôrdo com este preceito se faz annualmente a lei
*áo orçamento, na qual não só se fixão espeeiâcadamehte!
- 507 —
as quantias destinadas para o serviço publico, mas ainda
se decretão impostos eas operações de credito, corres-
pondentes áimportância das mesmas quantias.
Se algum serviço imprevisto tem de ser decretado em
lei especial, força é qüe se proceda do mesmo modo ;
que se fixe a despeza, e se prescreva o modo como o
poder executivo haverá as sommas necessária^ para
leval-a a effeito * * f*
Se. o facto de ter o legislador autorizado a despeza,
déssé ao governo a faculdade dé realizal-a e de pagal-a,
«laro é que com tal autorização íicar-lhe-hia também
pertencendo a de levantar, por sua própria autoridade,
os fundos, que tivesse de appliear a essa despeza.
Tanto parece ser estaa doutrina do art. 14, que a no-
víssima lei de 20 de Setembro ultimo, tendo de provi-
denciar sobre matéria relativa ao consórcio das augustas
princez.as, as Senhoras D. Izabel, e D. Leopoldina, não se
limitou a fixar e autorizar o governo para despender as
quantias correspondentes aos encargos já anteriormente
decretados pela lei dê 7 de Junho deste anno : determinou
ainda no art. 2.°, de que modo deve o governo obter o
dinheiro para acudir a esses encargos.
A hypothese', porém, de que agora se trata, não parece
subordinada á cláusula final,do supracitado art. 14 da
lei de 1852; <ç sem que na lei que o houver autoriz#o
estejão consignados os fundos correspondentes á des-
peza. »
E com effeito, o decreto n.' 1240 de 24 de Setembro.
ultimo diz:
« Art. 4.° Fica o governo autorizado para cumprir a
decisão do.poder judiciário, pagando o que deve a fa-
zenda publica ao representante competentemente habi-
litado, dós herdeiros do espolio do Conde .da Barca, pre-
cedendo, a necessária liquidação no thesouro. »
Este decreto, pois, não autorizou, não creou despeza:
o que fez, .foi mandar cumprir a decisão judiciaria que
declarou o, thesouro nacional obrigado á pagar certa
quantia âosbprdeiros do éspolío-do Conde da Barca. ',
Parece, pois, á secção de fazenda que p governo pôde
effectuar esse pagamento, não obstante aTalta de consign-
ação'especial de fundos para esse fim, por terem le\s.
anteriores providenciado eni geral sobre os meios de se.
pagarem dividas de tal natureza.,
A.divida, a que se refere o decreto de 24 de Setembro,,
decompõe-se era differentes parcellas ; a saber:
4 .* Principal e juros, contados atéfinsdo anno de 4826,.
do valor de uma bibliotheca incorporada nos próprios»
nacionaes em 1822;
-* 508 —
2. f Juros do principal, vencidos do 1." de Janeiro
de 1827 em diante ;
3." Principal ejuros, vencidos, do valor de um edi*
ficio incorporado também nos próprios nacionaes, no
annoa de 1829;
4, Custas, judiciaes, a que a fazenda publica foi con*-
demnada pelo acórdão da relação revisora em 1858.
Pelo que toca, á primeira parcella, parece á secção estar
o thesouro habilitado para pagal-a, nos termos da^ei de
45 de Novembro de 4827; e quanto ás putras, que pôde
íazel-o também dentro dos limites do credito aberto para
exercícios findos pela resolução, que mandou continuar
em vigor, no exercicio corrente, a lei do orçamento do
de 1863—1864; não sendo era tal caso precisa nova con-
signação de fundos, senão para pagamento das juros dos
exercícios ainda não encerrados.
Tal é o parecer da secção de fazenda; mas Vossa Ma-
gestade Imperial decidirá errí sua alta sabedoria o que
formais acertado.
Sala das conferências, 21 de Novembro de 1864.— Hs*
conde de Ilaborahy .•?—Marquez de Abrantes.—Cândido
Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 26 de Novembro de 1864.
|Gom a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 780.—RESOLUÇÃO DE 17 DE DEZEMBRO DE 1864.


Sobre, as leis^provinciaes do Paraná do anno de 1864:

Senhor.—A secção de fazenda do conselho de estado,


em observância do aviso de 7 do corrente mez, passou
a examinar a collecção de leis da provincia do Paraná,
promulgadas no anno presente; e como pão encontrasse

{*} Aviso n.° 383 de 28 de Novembro de 1864, na collecção das leis,


' — 509 —
nos nove actos legislativos, que analysou, disposição
alguma que se possa julgar exorbitante das attribuições
conferidas pelo acto addicional ás assembléas provin-
ciaes ; é a mesma secção de parecer que seja a aita
collecção archívada.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que mais justo fôr.
Sala tias conferências, em 25 de Novembro de 1864.
—Màpquez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy.—
Cândido Baptista de Oliveira.
»
RESOLUÇÃO.

domo parece.
Paço, em 17 de Dezembro de 1864.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 781.—RESOLUÇÃO DE 17 DE DEZEMBRO DE 1864.


Sobre o aviso do ministério da agricultura, commerciç--e obras pu-
blicas, relativamente ao levantamento do capital necessário á
companhia da estrada de ferro de S. Paulo, para cobrir a impor-
tância dos juros pagos durante a construcção daquella linha. '
Senhor.—Mandou Vossa,Magestade Imperial, por aviso
do ministério dos negócios da fazenda de 23 de No-
vembro ultimo", que a,seçção de fazenda do conselho de
estado consultasse com a brevidade possível sobre os
pontos abaixo indicados, tendo em vista os papeis juntos
ao aviso do ministério tia agricultura deJO de Novembro,
ue trata do capital necessário á companhia da estrada
3 e ferro de S. Paulo para cobrir a impbf tahcia dos juros
pagos durante a construcção daquella linha :
1.° Se o governo pôde e deve autorizar desde já o le-
vantamento do capital addicional de que se trata nas
coraraünicações juntas, ao juro de 7 %;
2.° Se, para se obter a mesma somma desse capital,
convém antes, e o governo pôde fazel-o, autorizar a
companhia a contrahir um empréstimo com a garantia
— 510 — v
4o dito governo a juro de 5 °/? ao par, applieande <os
-2 °/„ á amortização do empréstimo.
No novo contracto, celebrado em 22 de Outubro de
4859 pntre o governo de Vossa Magestade Imperial e o
eígitézario da estradav de ferro de S. Paulo, forão es-
tipuladasÉ estas duas condições i
«Í.'A quantia de juros concedida nas condições .16.*,
I7."e18.a que acompanhão o c%do decreto n.° 175Jkfica
extensiva a todo o tempo de duração do privilegio,con-
ferido pelo mesmo decreto, não só em Lrelação ao ca-
pital marcado na referida condição 18. , mas ainda ao
que fôr levantado pela mencionada companhia para
cobrir as despezas do pagamento dos ditos juros, feitas
durante a construcção da mencionada estrada, as quaes
não forão computadas no capital de dous milhões de
libras esterlinas; ficando erti tudo o mais no seu inteiro
vigor as condições 16.», 17/e 18.* com as modificações
abaixoa indicadas; /
« 2. A' garantia de juros do capital addicional que, a
companhia levantar na fôrma da condição acima, só
poderá ter direito depois de verificado o total emprego „
do primitivo capital, na fôrma regulada pelas condições
17.ae19.a do contracto dé 26 de Abril de'1856. »
Demais, a 16.a condição do contracto de 26 de Abril
de 1856, que o de 22 de Outubro declarou ficar em
vigor e ser extensivo ao capital addicional, só impõe ao
governo a obrigação tie pagar de seis em seis mezes o
juro de-7 7o» correspondente aparte deste capital que
fôr despendida, bona fide, na construcção da estrada;
Assim, nem a companhia tem direito ao pagamento
dos juros do capital addicional, senão depois de exhau-
rida a somma de dous milhões de libras esterlinas, que
conslitue o seu capital primitivo, e á medida que elle
fôr sendo empregado naqüella, construcção ; nem tão
pouco o de exigir /jue o governo imperial intervenha
no levantamento de fundos para substituir as despezas
com1 o pagamento dos juros durante a construcção das
obras. A' companhia é que-cabe a Obrigação de obtel-os,
como o declara, a 18.a condição do contracto de 22 de
Outubro, por-qullquer meio que julgue conveniente, por
sua conta e risco, e sob sua única garantia.
Sendo, porém, certo que a lei de 26 de Agosto de
1857 permitte que se faça extensivo á companhia da es-
trada de ferro de S. Paulo o favor que a mesma lei
concedeu á de D. .Pedro M, julga a secção que, dada a hy*
pothese de verificar-se a quanto monta o capital addi-*
cional, a que se garantiu o juro de 7°/0, não só pôde
o governo autorizada dita companhia acontrahir ura
3 — 511 —
empfestimo, de igual quantia, nos termos do árt. í°
|§ 1.° e 2.° daquella lei, más ainda que convirá fazel-o,-
Se tal operação se puder éffecluar sob Condições que
diminuão os encargos do tiiesouro.
Tal é, Senhor, o parecer da secção de fazenda, mas
Vossa Magestade Imperial resolverá em süa alta sabe-^
doria o que fôr mais acertado.
Sala tias conferências^ em 3 de Dezembro de 1864.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes-.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.

RESOLUÇÃO.
< Como pareee. (*)
Paço, era 17 de Dezembro de 1864.
Com a rubrica tie Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

. f) Expediu-se ao ministério da agricultura, commercio e obras


publicas o aviso seguinte :
Ministério dos negócios da fazenda.- —tuo de Janeiro, 23 de De-
zembro de" 1864.-
Illm. e Exm.,Sr. — Sobre a matéria constante do aviso desse
ministério do l.° de Novembro próximo passado e relativamente ao'
levantamento do capital necessário á companhia, da estrada de ferro
de S. Paulo, para cobrir a irapof Lancia dos juros pagos durante a
construeçSo daquella linha, houve por bem Sua Magestade o Im-'
pcrador 'que a secção-da fazenda do conselho de estado, consultasse
com seu parecer sobre os seguintes pontos:,
. l.° Se o governo pódè, e deve autorizar desde já o levantamento
do capital addicional de que se trata na correspondência trocada?
entre o nosso agenle em Londres e a directoria da estrada de ferro
de S- Paulo ao juro de 7 %• , '
, 2.° Se para se obter a mesma somma desse capital, convém antes,-
e o governo pôde fazeí-o, autorizar a companhia a contrahir uw
empréstimo com a garantia do dito governo a juro de 5 % ao par,
applicando-se os 2 •%. á amortização do empréstimo.
E tendo-se o mesmo augusto Senhor conformado por sua imperial
resolução de í7 do corrente, com o parecer da^eferida secção de
fazenda do conselho de estado, exarado em coâplta de 3 do mez:
ha por bem mandar' declarar . '"'"*•$$
ue, dada a hypothese de verificar-se a quanto monta o capital
Sicional, a< que se garantiu o juro de 7 %>-; não só pôde o governo*
autorizar a dita eompanfiia ad contrahir uin empréstimo de iguaf
quantia, nos termos dó art. l. §1 1.» e 2.° da lei de 26 de Agosto
de 1857, mas ainda convirá fazel-o, se tal opersieão se puder effectuar
sob as condições que diminuão os efecargos do thesouro: o que'
communiço a V. Ex. para seu, coBirecimento, e em solução ao-
aviso jà acima citado. j*t ••
"Deus guarde a V. Exitr-Varlos Clméiro£üe Campos.—Sr. Jesuin©'
Jíarcondes de Oliveir* e Sá. ^ |M *'*...
N. 782.—RESOLUÇÃO DE 21 DE DEZEMBRO DE 4864.
Sobre a duvida — se a autoridade judicial é competente para declarar
a fallencia de qualquer banco de circulação, pelo simples motivo
de excesso de emissão.
i

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério da fazenda de •% de Novembro ultimo,
que a secção de fazenda do conselho de estado,»tendô
em vista a disposição do art. 4 .• | 5 / da lei de 22
de Agosto de 4860, e cap.' 40, art. 35 e seguintes do de-
creto de 49 de Dezembro de 4860, consultasse com ô
seu parecer se a autoridade judicial é competente para
declarar a fallencia de qualquer banco tie circulação
pelo simples motivo de excesso da respectiva emisáão,
ou se por ventura semelhante assumpto ç da exclusiva
attribuição da autoridade administrativa.
A lei de 22 de Agosto de 4860 autorizou o governo
para determinar .a fôrma e os casos dá suspensão e
dissolução dás sociedades anonymas-; e o decreto de
49 de Dezembro do mesmo anno, promulgado em vir-
íude e de accôrdo com essa autorização, não só de-
clarou sujeitas áquelia pena as sociedades que ultra-
passassem o circulo de suas operações, ou procedessem
de modo contrario' ás regras marcadas nos respectivos
estatutos, mas ainda deu exclusivamente, e com bons
fundamentos, á autoridade administrativa a faculdade
de deeretar a dissolução das sociedades anonymas que
praticarem taès irregularidades e desmandos. E' a dóüv
trina dos arts. 37, 38 e 39, os quaes íezão assim:
« Art. 37. Para ser cassada a autorização? na fôrma
do artigo antecedente, é mister: 4.° audiência do res-
pectivo baneo,' caixa filial, ou agencia, no prazo que o
governo marcar; 2.° exame, e inquérito sobre opontoy
ou artigos que forem objecto de infracção, por pessoas
da escolha e confiança do governo.
§ l.Tío caso de violação, ou inobservância dos es-
tatutos^ escriptura de associação, ;ou da lei n.° 4083
de 22 de Agosto de 1860 ser exclusivamente filha dé
actos dos dipIpÉres, gerentes, ou administradores, só
poderá ser cassada a autorização se os actos contrários
aos estatutos, ou á lei forem approvados, ou não cor-
rigidos, annullados, òu cassados pela assembléa geraf
dos accionistas *q,ue para isso será extraordinariamente-
convocada, dentro do 1$jjfmo de 15 dias-para dia certo
que não poderá exceder'do prazo de 20 dias contados
tia data da convocação, pelos administradores, direc-
tores ou gerentes,,sob %s*oepas do art.«7.° da referida*
— 513— ,
lei n.° 4083 de 22 de Agosto de 1860, ou de sua re-
cusa, ou não reunião depois da convocação.
I 2.° A convocação no caso de recusa dos admi-
nistradores, ou de qualquer accionista poderá ter lugar
offieialmente pelo.' ministro da fazenda na corte, ou
pelos presidentes nas províncias, ou por pessoas para
este fim por estes especialmente autorizadas.
Art.f38. Era todo o osrso em que a dissolução se
deva- operar, em virtude do art. 2." § 7.° da lei n.° 1083
.de 22 de Agosto de 1860, e na fôrma do art. 36, n.° 5,
dp presente decreto, poderá o governo previamente
marcar um prazo dentro do qual um banco, sua caixa
filial, ou agencia^ entre dentro do circulo traçado pelos
seus estatutos1 e pela citada lei, e repare quaesquer
damnos que de sua infracção tenhão dimahado, ou sus-
pender alguma ou algumas faculdades, que se lhe tenhão
concedido, ou a pratica e exercicio das operações sobre
que se tenha dado falta, infracção, ou abuso.
Art. 39. A dissolução no caso previsto na Ultima parte
do art. 36, de recusa, de hão convocação, ou de falta de
reunião, se operará por decreto do governo.
Para este fim os presidentes das provincias, e sob
as penas do art. 7.° da lei n.° 1083, quaesquer1 autoridades
judiciarias e administrativas, assim fiscaes como poli-
ciaes, remetterão á competente secretaria de estado os
documentos e informações, que fprem.neçessarias, esob
as mesmas penas participarão a existência de quaesquer
bancos, caixas econômicas, montes de soccorro e outras
companhias e sociedades anonymas quê funccionarem
sem autorização e approvação tie seus estatutos, e qual-
quer infracção do presente decreto, ou da referida lei
n.°1083. » -•
Parece, pois„á secção de fazenda que a matéria de que
•tomou conhecimento o juiz do commeroio de Pernam-
buco, a requerimento do cidadão Mavignier, não é da
competência do poder judiciário, e que só á autoridade
administrativa pertence decretar, a suspensão e disso-
lução dos bancos por motivo de excesso de emissão, visto
que este excesso conslitüe uma Violação de seus esta-
tutos. **$< >
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá em sua
alta sabedoria o que fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 12 de Dezembro de 1864.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez !
de Abrantes. —Cân-
dido Baptista de Oliveira. W

65.
— 514 —

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 21 de Dezembro de 1í
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

(*) Avisos cirçulares5 n.03 132 e 133 de 17 de Março de 1868, na


eollecção das leis.
RELAÇÃO
DOS

MINISTROS DE ESTiDO PRESIDENTES


E DOS

CONSELHEIROS MEMBROS

DA

SECÇÃO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.


1805.

MINISTRO DE ESTADO.

Carios Carneiro de Campos.


José Pedro Dias de Carvalho, nomeado por decreto
de 12 de Maio.

CONSELHEIROS DE ESTADO.

Visconde de Itaborahy.
Marquez de Abrantes. Falleceu a 5 de Outubro.
Cândido Baptista de Oliveira. Falleceu a 26 dê Maio.
Manoel Felizardo de Souza e Mello, designado por
aviso de 18 de Setembro.

SECBBTABIO,

Conselheiro José Severiano da Rocha, official-maior


da secretaria de estadv dos negócios da fazenda.
CONSULTAS

* SECÇÃO DE FAZENDA DO CONSELHO DE ESTADO.


> • •

1865.

N. 783.—RESOLUÇÃO DE 28 DE JANEIRO DE 1865,


Sobre o recurso de D. Francisca Romana dos Passos da decisão que
lhe negou o meio soldo de seu pai, cirurgião-mór do .exercito, visto
ter elle fállecido antes da publicação da lei de 24 de Agosto de 1841.
Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
de 5 do corrente mez, que,a secção de fazenda do
conselho de estado consultasse com seu parecer sobre
o recurso interposto por D. Francisca Romana dos Passos
do despacho da ministério da fazenda de 12 de Ou-
tubro do anno passado, pelo qual foi decidido que a
recorrente não tinha.direito ao meio soldo de seü pai
o cirurgião-mór Manoel José Soares, visto ter elle fál-
lecido-antes da publicação da lei n.° 190 de 24 de Agosto
de 1841.
Na petição em que recorre a supplicante, allega que
a.citada lei de'4841; como declaratoria das anteriores
leis de 1790, e 1827, em vez de invalidar, sustenta o
seu direito ao meio soldo ; e conclüe, que, quando não
possa sef attendida, Vossa Magestade Imperial se digne
isental-a da restituição da somma de 4:584#000, que tem
recebido, cujo pagamento pão pôde fazer, sendo ni-
miamente pobre, como demonstra o attestado que ajunta.
- 513 -
A secção défazenda, admittindo o recurso, julga que
a,primeira'parte da*allegação da recorrente nã<? pro-
cede avistada resolução de consulta desta secção de 13
de Agosto de 1853, citad^ pelo chefe da secção do as-
sentamento do thèsoilrq,' pela qual foi declaradp que
o meio soldo só compete ás viuvas e filhas tios ci-
rurgiões militares, fallecidos depois da data da refe^
rida lei de 24 de Agosto de 1841, que estabeleceu direito
novo; não podendo portanto ser deferida a recorrente.
Quanto, porém» á segunda parte da allegáção que
se funda na pobreza, ou impossibilidade de verificar a
restitüição-reélaraáda, entende a mesma secÇâo que, em-
bora pareção attendiveis as razões derivadas da boafé cora
que receberão meio soldo, e da legitimidade*do tri-
bunal, que, á vista da habilitação que exhibfra, IhP
havia conferido, todavia não pôde ser deferida sem
acto do poder legislativo.
Tal é, Senhor, o parecer da secção, que Vossa Mages-
tade Imperial se dignará resolver como mais justo fôr.
Sala das conferências, em 22 de Dezembro de 1864.—
Marquez de Abrantes .— Visconde de Itaòorahy.•L-Can-
didp Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. .(*)
Paço, 28 de Janeiro de 1,865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.
• . : • - . . . ; • " • ' •

N. 784.—RESOLUÇÃO DE 28 DE JANEIRO DE 1865.


Sobre.o recurso do procurador fiscal dç Pernambuco* da decisão da
presidência da provincia, a respeito da indemnização dós yenci-
jnentosque;o capitão ,Do.mingps, José Rodrigues, indevidamente re-
cebera pelo ministério da guerra.
Senhor,—Por aviso de 5 docorrente mez. foi Vossa
Magestade Imperial servido ordenar que as secções de
fazenda e do império do conselho de estado, consul-
tassem com seu parecer sobre o recurso interposto pelo

(*) Ordem n.° 79 dei» de Fevereiro de 186», na collecção. das leis.


— 519 —
procurador fiscal da thesouraria de Pernambuco, da
decisão do presidente da mesma província a respeito
da indemnização dos vencimentos que o capitão do
corpo de engenheiros Domingos José Rodrigues, inde-
vidamente recebera pelo ministério da guerra, quando
ao mesmo tempo se achava em serviço do ministério
da agricultura, commercio e obras publicas, como fisCal
da ponte em construcção na cidade do Recife.
Allega o procurador fiscal, no"seu officio de recurso, que
o dito capitão accümulava os vencimentos da commissão
*activa pela guerra, e os de fiscal pela agricultura; reco-
nhecendô-se ter elle indevidamente recebido 1:392|277 de
adrliciônal, gratificação de exercício, forragem e etapa. A'
vista dism, que a thesouraria, habilitada pelas ordens e
avisos era vigor, ordenara que fosse aquella sommãresti-
luida pelá.quinta parte dos vencimentos que o mesmo ca-
pitão recebia dos cofres públicos. Não contente, porém,
com esta ordem, recorreu o capitão para o presidente, o
qual decidira que a restituição séfizessepela quinta parte
do vencimento que elle percebia pelo ministério tia
guerra. Pondera emtíra o recorrente que a execução desta
decisão presidencial, além de contrariar as disposições
das ordens do thesouro n.° 234 de 23 de Setembro de
1851 e n.° 68 de 7 de Março de 1853, désattende os in-
teresses do thesouro, hão podendo realizar-se a res-
tituição, senão no decurso de nove annos e oito mezes.
A secção de fazenda, convindo na admissão deste re-
curso, e attendendo ás claras disposições das ordens do
thesouro acima citadas, a saber: a de n.° 234 que de-
termina « em virtude, da resolução de consulta, que de
hoje em diante jSe, observe pomo regra fixa dé descon-
tar-se dos vencimentos futuros dos eínpregados pú-
blicos pela quinta parte quaesquer quantias' à cuja
reposição sejão,pbrigados pari), indemnização dos cofres
públicos.: »,'E a de n.° 68, què declara « que as thesou-
rajrias de, fazenda saócopipatentes para ordepar a
reposição dospagametítòs indevidos, qualquer qüe seja
a classe do fünccionário, sem dependência de Ordem
das presidências, .devendo as pjèsnías thesourarias re-
gular-se pelas disposições da ordem m° 234 »,:-VE*
de parecer, que nãó competia á presidência de Per-
nambuco attender ao recurso do capitão Rodrigues, e
ainda menos determinar quê a restituição sé fizesse
pela quinta parte do soldo simples que elle recebia pêlo
ministério da guerra; devendo a thesouraria da mesma
provincia realizar o desconto, como havia resolvido,
peja quinta parte dos vencimentos que o mencionado
capitão percebesse dos cofres públicos.
— 520 —
Vossa Mtfgestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que fôr melhor;
Saladas conferências, 22 de Dezembro . ide. 186.4.—
Marquez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy*—•Cân-
dido1 Baptista de Oliveira.—Visconde de Sapucahy•.—
Bernardo de'Souza Franco.
) RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paçóí 28 de Janeirp de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos .#

N. 785.—RESOLUÇÃO DE 28 DE JANEIRO DE 1865.


Sobre á representação de Diniz Crouan & Comp., negociantes do
Pará, cbntra o imposto decretado pela assembléa legislativa de
Pernambuco no sabãa fabricado fóra da mesma provincia.

Senhor.—A' secção de fazenda do conselho de estado


foi. ordenado por. Vossa Magestade Imperial, em aviso
de 22'dó mez passado , que consultasse cora seu
parecer acerca do recurso interposto por Diniz Crouan
&'C.% negociantes do Pará, na parte-que envolve re-
presentação contra o imposto decretado pela assembléa
legislativa de Pqrnambtitíó/sobre o sabão fabricado fóra
dá mesma província. ,i ' '
O objecto tieste réêurso; na parte sujeita ao exame da
secção,' é O pedido dos recorrentes a Vossa Magestade
Imperial para que se,'digrie suspender a execução da-
quella íei periiaínbücàna' até que seja revogada pela
assembléa gerãriégislativa. v
,ISto posto, entende â mesma secção não sér compe-
tente para admittir, e menos ainda para propor, o de-
ferimento tio dito pedido.
Por mais de uma consulta tem esta secção tido a
honra de levar ao alto Conhecimento de Volísa Ma-
gestade Imperial a incohstitucionalidade de leis pro-

(*) Avisos n > 70 e 109 de 10 de Fevereiro e 4 de Março de 1865,


na collecção das leis.
— 521 —
vinciaes de Pernambuco impondo taxas na irifportação
de sabão e outros gêneros não fabricados naquella
provincia, que á ella chegassem. E estas consultas*
jprhettidas á assembléa geral, único poder que pôde
revogar as leis provinciaes, têm alli permanecido sem
solução.
Sujeita, pois, como se acha a. decisão deste negócio
aquella assembléa geral, parece á secção que o governo
de Vossa Magestade Imperial não tem outro arbítrio a
tomar senão o de tránsmittir á mesma assembléa mais
esta consulta, acompanhada tia reclamação diplomá-
tica, constante dos papeis juntos, para que liaja ella
de r e s o l ^ r a final esta questão que dura ha mais de seis
annos. M
Vossa JpEagestade Imperial, poréni, resolverá o que
fôr 'melhor. '
Saía tias conferências, era 7 de Janeiro de 4865.—
Marquez de Abrantes.— Visconde de Itaborahy.—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 28 de Janeiro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

N. 786.—RESOLUÇÃO DE 31 DE JANEIRO DE 1865.


Sobre o aviso do ministério da guerra requisitando providencias
para, na deficiência do respectivo credito, continuar o pagamento
dos vencimentos dos empregados da pagadoria das tropas.
Senhor.—Ordenou Vossa Magestade Imperial, por aviso
do ministério da fazenda de 12 do corrente, que a secção
de fazenda dov conselho de estado consultasse com seu
parecer sé pôde ou-deve ser attendidó o pedido cons-
tante do incluso aviso do ministério da guerra de 29
de Novembro do corrente anno, e continuar, portanto,

(*) Aviso n.° 86 de 18 de Fevereiro de 1865, na collecção das leis.


Submettidá á consideração da assembléa geral legislativa Aviso
da mesma data-
c. (J6:
— 522 —
a pralU'á*estabelecida è seguida,, antes da disposição
do art. 14 da lei n.° 1177de 9 de Setembro de 1862,
dè prestar-se o dito ministério á satisfação de'seme*
lhantes solicitações.
Os arts. 12 e 13 da lei de 9 de Setembro de 1862,
limitando a faculdade, que anteriormente fôra' conce-
dida ao governo de abçir créditos supplemenlares, ás
verbas do orçamento em que as despezas são variáveis
por sua natureza, permittiu-lhe transportar as quantias
que sobrarem em um ramo do serviço, para outros em
que houver deficiência; não podendo todavia decretar-se
este transporte, senão do nono mez do exercicio em
diante. *
Assim, nem o ministério da guerra está ajítorizado
a abrir credito' supptementar para a despezap. que se
refere o aviso de 29 «de Novembro ultimo, nem para
recorrer ao arbítrio indicado no art. 13 da dita lei; em-
bora pudesse desde já prever que outras verbas do ser-
viço deixarião sobras sufficientes para aquella despeza.
' Não estando, pois, autorizado por lei ò excesso de
despeza com a pagadória das tropas, e nem por con-
seguinte a consignação de fundos necessários para ella,
entende a secção que o ministério da fazenda, não pôde
ordenar legalmente, á vista da disposição do art. 14 da
lei de 9 de Setembro, o pagamento que solicita J
o mi-
nistério da guerra.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, em 28 de Dezembro de 1864.—
Visconde de Itaborahy .-<—Cândido Baptista de Oliveira.
—Marquez dê Abrantes. *•
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 31 de Janeiro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.'
Carlos Carneiro de.Campos.

C3 Expediu-se ao ministério dos negócios da guerra o aviso seguinte:;


Ministério dos negócios da fazenda. —Rio de Janeiro, l i d e Fe-
vereirp de 1865.
-Illm. e Exm. Si.—Tendo sido presente a Sua Magestade o Im-
perador o aviso de V. Ex. de 29 de Novembro do anno próximo
passado, requisitando.providencias para que, na deficiência do res-
— 523 -
N. 787.—RESOLUÇÃO DE 31 DE JANEIRO DE 1865,
Sobre os avisos do ministério da guerra reclamando promptas pro-
videncias para as despezas indispensáveis exigidas pelas eircums-
tancias extraordinárias do paiz.
Senhor.—Mandou Vossa Magestada Imperial, por avisos
do ministério dos negócios da fazenda de 26 e 28 dó
corrente, que a secção de fazenda do conselho de
estado consultasse com seu parecer sobre a matéria
4JpS avisos confidenciaes- do ministério da guerra de
22 e 26 deste mez ; o primeiro reclamando promptas
providencias a fim de que as thesourarias de fazenda
das provincias de S. Pedro e Mato Grosso, cujos cré-
ditos distribuídos para serviços do mesmo ministério
no actual exercicio estão quasi esgotados, fiquem ha-
bilitadas para satisfazer as despezas indeclináveis exi-
gidas pelas eircumstancias extraordinárias em que se
acha o paiz, bem como sobre a do officio do presidente
da primeira das referidas provincias, dirigido ao men-
cionado ministério em 28 de Dezembro ultimo, sob
n.° 485:p segundo relativo ás despezas necessárias para
o destacamento da guarda nacional das provincias de
S. Paulo e Minas Geraes.
O art. 12 da lei de 9 de Setembro de 1862 limitou
a faculdade pue tinha o governo de abrir créditos sup-
pleraentares, aos casos ahi especificados; mas não re-
vogou, nem alterou a disposição do § 3.° do art. 4. o
da de 9 de Setembro de 1850, que o autoriza « a abrir
créditos extraordinários'para oceorrer a serviços também
extraordinários e urgentes, não comprehendidos na lei
do orçamento, por não poderem ser previstos por ella. »
-Assim, para as despezas a que se referem os avisos
do ministério da guerra e o officio do presidente da
provincia do Rio Grande do Sul, julga a secção de fa-

pectivo credito, não'seja interrompido o pagamento dos vencimentos


dos empregados da pagadoria das tropas, ate que em tempo se decrete
o crédito supplementar para complemento de todos os serviços;
houve o mesmo augusto Senhor por bem declarar, por sua imme-
diatae imperial resolução de 31 de Janeiro próximo passado, to-
mada sobre consulta da secção de fazenda do conselho de estado,
que o ministério da fazenda não pôde ordenar legalmente, a vista
da diáp.osição do art. 14 da lei de 9 de Setembro de-1862, o paga-
mento solicitado.
O que communico a V. Ex. para a devida intelligencia e em res-
posta ao seu mencionado aviso. \ • • • „ „ . '
Deus guarde a v. Ex.-±ÇarIos Carneiro de Campos.—Sr. Henrique
de Beaurepaire Itolian.
— 524 —
zendá qüe o governo pôde abrir, nãó credites supple-
mentares, mas extraordinários. ,
A autorização que elle não lera, é a de levantar íundos
'para supprir a deficiência dos recursos decretados na
lei do orçamento; mas sobre este ponto já os membros.
da secção tiverão a honra de expor suas opiniões a
Vossa Magestade* Imperial, na ultima reunião do con-
selho de estado pleno.
Vossa Magestade Imperial, porém-, resolverá o que
em sua alta sabedoria julgar mais conveniente.
Sala das conferências, em 28 de Janeiro tie 1865.—
Visconde de Itaborahy,—Marquez de Abrantes. ,
#. •.

RESOLUÇÃO. u

Como parece. (*)


Paço, em 31 de Janeiro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos.

{*) Expediu-se ao ministério da, guerra o aviso seguinte:


Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, 13 de Fevè-
reiro: de 1865,. '
Illm. e Exm, Sr.—Forão presentes a Sua Magestade o Imperador
os avisos confidenciaes do ministério a seu cargo de 22 e 26 de Janeiro
próximo passado; o primeiro reclamando promptas providencias a
fim de que ás thesourarias de fazenda das províncias de S. Panlo
e Mato Grosso, cujos créditos distribuídos para serviços do mesmo
ministério no actual exercicio estão quasi esgotados,, fiquem habi-
litadas para satisfazer as despezas indispensáveis exigidas pelas eir-
cumstancias extraordinárias em que se acha o paiz, e o segundo
relativo ás despezas necessárias para o destacamento da guarda
nacional das provincias de S. Paulo e Minas : e o mesmo augusto.
Senhor, tendo ouvido sobre a matéria a secção de fazenda do cop-r
selho dei estado, houve por bem, de accôrdo com o parecer da
mesma secção, declarar que o governo em taes casos pôde abrir,
não créditos súpplemehtares, mas extraordinários; porquanto se o
art. 12 da lei de 9 de Setembro de 1862 limitou a faculdade que
tinha o mesmo governo de abrir créditos supplementares aos casos
ahi especificados, não revogou nem alterou a disposição do §3." do
art. 4.° do de 9 de Setembro de 1850, que auloriza a abrir créditos
extraordinários e urgentes, não comprehendidosna lei do orçamento,
por não poderem ser previstos por ella.. ,
O que commuiiico a V. Ex. para sua intelligencia e devidos eí-
feitos, e em resposta aos referidos avisos.
Deus guarde a V, Eu.—Carlos Carneiro de Campos.—Sr.
f ViscoftM$
ge Cantamú.
— 525 —
N. 78a.—CONSULTA DE 22 DE MARÇO DE 1865.
Sobre o officio da presidência da Bahia a respeito da exportação
de moedas de prata e notas do thesouro de pequenos valores para
fóra da provincia.
Senhor.—Mandou Vossa Magestadfc Imperial que a
seCção de fazenda'do conselho de estado consultasse
còm seu parecer a respeito do facto constante do officio
da presidência da Bahia de 25 do mez passado-
O facto denunciado pelo presidente, e contra o qual
*f)ede providencias, consiste era vários indivíduos es-
tarem comprando, com ágio, moedas de prata e notas
do thesouro de pequenos valores, com o fim de"expor-
tal-as para fórà da provincia.
A secção não pódé enxergar neste facto, senão uma
tias conseqüências do estado anômalo de nossa circu-
lação monetária. FazeUo cessar no mais breve tempo
que fôr possível, é o único meio efficaz de remediar
esse e os outros males que dahi provêm. Probibir, como
parece pretender o presidente da Bahia, a exportação
da moeda de pequenos ou grandes valores, seria, afora
a violação flagrante de nossas leis, resuscitar, com grave
désconceito do Brasil, doutrinas de lopgo tempo condem-
nadas pela sciencia e pela civilisação das sociedades
modernas. t
Assim, pensa a secção que nenhuma providencia efficaz
se pôde tomar no intuito de reprimir a exportação da
moeda de troco de umas para outras provincias, ôu
mesmo para fóra do Império, a não ser a. cessação do
curso forçado das notas do Banco do Brasil^
Vossa Magestade Imperial, porém, decidirá o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 22 de Março de 1865.^-Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.

N. 789—RESOLUÇÃO D01.°DE ABRIL DE 4865.


Sobre o requerimento de Manoel Teixeira Coimbra acerca do des-
pacho de umas chapinhas de laião, destinadas ao expediente das
cargas nas pontes da companhia Nictheroy &Inhomerim.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
dp ministério dos negócios da fazenda de \% do cor*
.— 528 -
.rente, que a secção de fazenda do'conselho de estado
consultasse com seu parecer sobre o objecto do requeri-
mento, em que Manoel Teixeira Coimbra pede que
sejão despachadas na alfândega do Rio de Janeiro
8.500 chapinhas de latão, constantes das. amostras
juntas, vindas de Inglaterra no anno de 1857, para
o expediente dá# cargas nas pontes da Companhia
Nictheroy elnhoraerim.
A directoria geral das rendas, sendo ouvida sobre a
matéria tio requerimento, sustentou, nos termos se-
guintes, a opinião do actual inspector da alfapdegà, que
é favorável á pretenção tio supplicante:
«A simples irispecção das chapas, de que Se trata,
nas amostras que a este acompanhão, convence, ao meu
ver, da improcedencia do motivo por que, segundo a
informação da alfândega, foi prohibido o despacho da
caixa contendo as referidas chapas,
Quando o metal de que ellas se compõem pudesse
suscitar nò espirito dos menos illustradosenimiamente
incautos alguma duvida na confusão dessas chapas
Com a nossa moeda de cobre, nãojáa inscripçãodiffe-
rente de umas e outras, mas a diversidade das propor-
ções e da" fôrma entre ellas, seria mais que sufficiente
para desvanecer quaesquer suspeitas e receios aquelle
respeitei
Razão idêntica presidiu a deliberação, pela qual,
pelo aviso de 12 de Agosto de 1857 á alfândega da corte,
e ordem de'10 de Agosto de 1858 á thesouraria. do
Paraná, se mandou dar despacho a chapas nas mesmas
condições das de que se trata; e pela qual ainda recente-
mente, em 25 de Janeiro deste anno, se mandou
entregar a Guilherme Tupper uma caixinha Com diffe-
rentes chapas douradas, eomfórma circular.
Isto posto, me parece que a igualdade e a justiça
pedem que o supplicante seja deferido. »
Com este parecer concordou o conselheiro procurador
fiscal, com a única rpstricção de que as chapas não'
saião do recinto do escriptorio e ponte das barcas da
companhia.
No entender da secção de fazenda, as razões expostas
pela directoria das rendas justificão a pretenção do
supplicante, e por isso lhe parece que o seü requeri-
mento deve ser favoravelmente deferido; mas Vossa
Magestade Imperial resolverá o que fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 23 de Janeiro de 1865.—
Visconde'de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.
- 527 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em o 1.° de Abril de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
; m Carlos Carneiro de Campos.

N. 790.—RESOLUÇÃO DO 1.' DE ABRIL DE 1865.


Sobre o requerimento de Collings, Sharp & Comp-, em que pedem
autorização para fundar nesta corte uma associação anonyma
denominada—Banco Nacional de Agricultura.

Senhor.—Collings, Sharp & Comp. pedem, no requeri-


mento junto, autorização para fundar nesta corte, sob as
bases que apresentarão, uma associação anonyma deno-
minada—'Banco Nacional de Agricultura—cora o capital
de 25.000:000#ÒOO, levantado em qualquer das praças da
Europa; e sobre a matéria deste requerimento mandou
Vossa Magestade Imperial, por aviso do ministério dos
negócios da fazenda de 21 de^Novembro ultimo, que a
secção de fazenda, do conselho de estado consultasse
com seu parecer.
A. lei de 24 de Setembro do anno passado, que refor-
mou a legislação hypothecaria, deixou aos regulamentos
tio governo, entre outras providencias, a de determinar
as formalidades da inscripção, conforme as bases que
ella prescreveu no art. 9.°
Ora, como as hypothecas convencionaes somente va-
lem contra terceiros desde a data da inscripção; e a
ingcripção não se pôde fazer, emquanto não fôr regulada
a execução desta parte da lei, parece por ora imprati-
cável o constituir hypothecas de bens, sobre que possão
os süpplicantes emittir, como pretendem, letras bypo-
ihecarias:

(*) Ordem n.u 166 de 7 de Abril de 1865, na collecção das leis,


— 528 —
Accresce que elles não sujeitarão á approvação do go-
verno imperial os estatutos da companhia, que querem
organizar, com os requisitos e condições indicadas no
§ 9.°, art. 13 da citada lei de 24 de Setembro. Apenas
apresentarão, sob o nome —debases para organização do
Banco Nacional de Agricultura,—algumas proposições em
fôrma de artigos ; umas, inteiramente oppòsta^s cláu-
sulas e a o fim da lei, como, por exemplo, a de J>ermit-
tirem operações coràmérciaes que ella veda, e a de
applicarem ás mesmas operações o producto da emissão
das letras hypolhecariaí|; outras, incohererfles, como a
de estabelecerem o prazo de 10 annos para resgate dos
empréstimos bypothecarios, sem fixar-se a amortização,
nem ojuro das-letras, que, conforme os arts. 7." e 8."
das ditas bases, pôde variar de 3 a 8 %
Tudo isto indica que os süpplicantes não têm idéa
clara da natureza e condições do estabelecimento due
pretendem organizar, nem comprehendêrão bem as dis-
posições da lei de 24 de Setembro, na parte relativa ás
sociedades de credito real; e por isso pensa a secÇãp de
fazenda que, se Vossa Magestade Imperial decidirem
sua sabedoria^ que, antes mesmo da publicação dos
regulamentos para execução da lei dé 24 de Setembro
de 1864, cumpre attender ao requerimento dos süppli-
cantes, deve-se-lhes declarar que submettão á appro-
vação do governo os estatutos da pretendida companhia,
de accôrdo com as regras e preceitos dos §§ 2.° até 17 do
art. 13 daquella lei.
Vossa Magestade Imperial resolverá, porém, o que fôr
mais acertado. ,
Sala das conferências, em ,11 de Fevereiro de 1865.—
Viscdnde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.—Cân-
dido Baptista de Oliveira*
.a. •,.,
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em o 1.° de Abril de 1865.,
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Carlos Carneiro de Campos. '>
— 529 —
N. 79,1.-RESOLUÇÃO DE 29 DE ABRIL DE 1865.
Sobre o modo pratico por qne deve ser feita a restituição da multa
que pagarão os consignntafios da galera franceza Trame e Chilie
que lhes foi perdoada, por decreto de 4 de Novembro de 1863.

Senhor.--Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da. fazenda de 3 de Outubro
ultimo, que as secções reunidas de justiça e fazenda
dó conselho, de estado consultassem com o seu parecer
^obre o motio pratico porque deve ser feita a resti-
tuição da multo que pagarão etn 25 de Fevereiro de 1862
- os "consignatarios da galera franceza Franca e Chili,
e que lhes foi perdoada ppr decreto de 4 de Novembro
de 1863,
A questão parece simplicissima, e reduz-se a saber :
Cutnpre-se ou não o decreto do poder moderador?
O decreto do poder moderador relevou os consig-
natarios da galera dá multa que lhes foi imposta; per-
doou-lhes a multa.
Mas a sentença estava executada : .tinhão recebido
o dinheiro da multa aquelles a quem cabia, se não
houvesse perdãOi ,
Não havia outra pena, não havia outro perdão, senão
v
da multa.
A conseqüência natural, lógica, é que devem res-
titüir a importância da multa os que a receberão, ou
não será executado o decreto do poder moderador.
O douto parecer do conselheiro procurador fiscal
estabelece doutrinas e distincções muito attendiveis';
mas a sua applicação ao caso, no estado em que está,
dá como .resultado o não cumprimento do decreto-do
poder moderador.
E' impossível , attendendo-se sobretudo ao tempo
decorrido, e não se podendo suppôr o poder moderador
não informado de todas as eircumstancias do caso,
que fosse ignorada a de estar executada a sentença..
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha opina que,
como o perdão foi concedido' depois da execução da
sentença, esta não podia abranger senão a parte da
pena sobre qüe podia ler execução o perdão, isto e,
sobre o 1/3 da multa que entrou para o thesouro, e
não sobre os 2/3 que se achavão já distribuídos aos
empregados que verificarão a differença para menos
no caso de que se trata.
Entretanto as secções hão vêem outra solução senão
restitiíirem o dinheiro os que o receberão, para serem
reembolsado;' os agraciados; porquanto:
c. G7.,
— 530 —
1." O decreto citado de 4 de Novembro perdoou- a
totalidade da pena, ou multa imposta, e não somente
ó terço delia;
2.° Porque tendo a coroa poder para isso, e usando
delle, seu acto deve ler inteiro effeito;
3.° Porque não se pode considerar a gratificaçãodos
dous terços da multa, embora já recebida pelos em-
pregados* da alfândega, como úm direito adquirido,
pois que ainda restava um acto legitimo para nulli-
fical-o, qual é o perdão : a querer-se chamar isso di-
reito, não será senão eventual ou resoluiorio, quesô
pôde prevalecer quando a multa indubitavelmente sub-
sistir pela denegação da graça ou commulação. Demais,
se houvesse direito adquirido pelos empregados da
alfândega, haveria também pelo thesouro: este seme-
lhantemente não deveria restiluir, e teríamos a attri-
buição da eorôa-nuliifieada nesta, e nas hypotheses
semelhantes.
O perdão é a remissão da pena: é preciso, pois,
püè seja remittida, e no caso dado a remissão é a
restituição tia totalidade da multa nos lermos dessa
graça e decreto;
4.° Porque ainda que se queira fazer distineção sobre
os effeitos do perdão quando elle intervém antes, ou
só depois da execução da sentença, ainda quando de
íácto haja .alguma diíFerença para conseqüências ou
accessorios dp julgado, todavia isso nunca pôde pro-
ceder para apropria e principal condemnação, quando
esta é o especial., e o determinado fim da graça, ou
perdão.
E' esta a opinião das secções; Vossa Magestade Im-
1
perial, porém, resolverá o que fôr mais justo.
Sala das conferências, em 12 de Novembro de 1864.
—Visconde do Uruguay. — Visconde de Jequitinhonha.
--José Antônio Pimenta Bueno. —Visconde de Ita-
borahy .— Cândido Baptista de Oliveira.—Marquez de
Abrantes.
' RESÓLÜÇXO.
Como parece. (*)
Paço, em 29 de Abril çfe 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
' *
Carlos Carneiro de Campou

O Ordem n. 1 200. de 8 de Maio de 186oy na collecção das feis.


- 531 —
N. 792.—RESOLUÇÃO DE 14 DE JUNHO DE 1865,

Sobre o recurso do-brigadeiro J. V. Soares de Andréa e sua irmã,


relativo ao paçgamenio do vaior dos terrenos que lhes forão to-
mados', para fundação de,uma coloiiíu militar.

Senhor.—Para o conselho de estado recorreu o bri-


gadeiro José da Viêtoria Soares de Andréa e -sua irmã,
da decisão do ministério cia fazenda, que declarou não
-estar autorizado, por falta de fundos decretados na lei
do orçamento para ordenar que se lhes pague o valor
de uns terrenos, na província de Pernambueo, nos quaes
se estabeleceu a colônia militar tie Pimenteiras, e que
o aviso de 5 de Junho de 1860 reconheceu pertencer-lhes.
A decisão recorrida fundou-se neste parecer do con-
selheiro director geral da contabilidade do thesouro:
« A divida de que se traia, não é de exercícios findos*;
Para qüe assim se considerasse fôra necessário que por
lei se tivesse autorizado o governo a comprar as terras,
em que se estabeleceu a colônia militar de Pimenteiras,
e que tivesse ficado por pagar essa despeza, o que não
süccedeu. Foi o governo quem decidiu, por aviso do
ministério do império de 5 de Junho de 1860, em virtude
tia resolução de consulla da respectiva secção do con-
selho de estado dé 26 de Maio do mesmo anno,. que
fossem os herdeiros do finado Barão de Caçapavaindem-
nizados do valor da légua de terras tomadas a este
ultimo para fundação da referida colônia. Para que,
porém, esse valor fosse reconhecido, procedeü-se á ava-
liação ou arbitramento das terras, em virtude de ordem
tio ministério da guerra de 20 de Maio de 1863, e isto se
fez á requerimento do procurador fiscal da thesouraria
de Pernambuco pelo juízo dos feitos da mesma provín-
cia, e por seutença deste de 16 de Outubro de 186*3 foi
julgado o arbitramento em 27:000^000, arbitramento que
não'pôde prevalecer, por se dever abater 225.000 braças
quadradas á razão de três réis, por se haver reconhecido^
é vista da planta e do auto de demarcaçãq e medição,
quê não existe uma légua completa de terras^ e sim
menos aquellas 225.000 braças, o que reduz a importância
do arbitramento a 26;325^000, cujo pagamento autoriza
o presente aviso.
Não sendo, pois, prevista esta despeza êm lei an-
terior, attenta a sua natureza, é claro que não pôde ser
paga pela verba — exercícios findos.
Não me parece própria a verba — reposições e resti-
tuições—que aponta a.prirneira contadoria para levar-se
— 532 — ;.
a effeito a despeza, porque por essa verba nãosereaWzão
despezas propriamente taes, comq é a de que se trata,
que nada menos importa do que a acquisição de terras
para o domínio do Estado, acto que não é pralicavel sem
autorização do poder legislativo. -
A mesma verba é própria somente para repôr-se ou
restituir-se aquillo que mal se arrecadou, urna rendo,
pma quantia que,entrou indevidamente nos cofres da
fazenda, e t c , mas hão para indemnizar ou pagar uni
objecto que se*compra ou se adquire para o Eslado.
Portanto, e á vista do exposto no art. 14 da lei
n.° 1177 de 9 de Setembro de 1862, penso que não é
realizável o pagamento que pretendem os herdeiros do
finado Barão de Caçapava, por falta de credito para
esse fira. » . \
E era verdade o que os recorrentes pedirão, segundo
o attesta o requerimento de recurso, e o que pedirá seu
fállecido pai, era a restituição dos terrenos ; e para isto
estava indubitavelmente autorizado o governo, se, como
é de suppôr, bem fundado foi o aviso de 5 de Junho;
mas o pagamento do valor do terreno não é-uma resti-
tuição no germino sentido da palavra, e no em -que tem
sido empregada e entendida nas Idis de fazenda,'não é
a entrega de certa quantia indevidamente arrecadada:
importa o dispendio de parle da receita do Estado, e
uma acquisição e incorporação aos bens nacionaes; e
fia de dar lugar a unia escriptura dtí compra e venda.
Se se quizer entender' por semelhante modo as dis-
posições das diversas verbas das leis do orçamento,
julgar-se-ha o poder executivo dentro em pouco habili-
tado para fazer muitas outras despezas sem autorização
dos legisladores, ficando assim de dia em dia desfalcada
a mais importante e essencial de suas prerogativas.
Allega o chefe de secção do expediente e liquidação
do thesouro, cujo parecer foi favorável aos süpplicantes,
ser o caso de que se trata idêntico aos das resoluções
de consulta da secção de fazenda do conselho de estada
de 4 de Abril e 13 de Junho de 1857.
Para verificar-se que não ha paridade nos arestos
apontados, basta transcrever aqui a conclusão da* pri-
meira consulta, que foi redigida nestes termos:
« A secção de fazenda, de accôrdo com a opinião do
conselheiro director geral da contabilidade, pensa que,
sendo o pagamento dê que se trata restituição de uma
quantia que, conforme o julgado, foi indevidamente
recebida, não ha razão para consideral-o excluído da
designação da verba acima indicada; e que por con-
seguinte é-despeza de serviço, que a lei ao orçamento
- 533 -
previu, e que deve ser feita pelos recursos ordinários*
decretados na mesma lei. »
Quanto á segunda consulta, a questão que nêila se
suscitou, e foi discutida em conselho de estado pleno,
consistiu apenas era averiguar-se se estava ou hão pres-
enpta a divida de Manoel José Teixeira, o qual re-
clamava o pagamento de 62 saccas de algodão que o
prefeito, de Caxias lhe tomara, quando esta cidade foi
aeommettida dos rebeldes em 1831
. Assim que, sendo a pretenção dos recorrentes con-
traria á expressa disposição do art. 14 da lei de 9 de
•Setembro de 1862, nem havendo arestos que possão
de algum modo justifical-a, é a secção de fazenda de
parecer que se deve sustentar a decisão recorrida.
Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôr mais
acertado.
Sala das conferências, em 12 de Março de 1865.—Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Cândido
Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*),


Faço; em 14 de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 793.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre o requerimento em que o conselheiro Manoel Maria do Amà-,
ral pede ser aposentado no emprego de inspector da thesouraria
da Bahia com todo ovencimeulo do mesmo emprego.
Senhor.—Por aviso de 27 de Novembro próximo pas-
sado, mandou Vossa Magestade Imperial que as secções
reunidas dos negócios da fazenda e do império do con-
selho de estado consultassem com seu parecer sobre

•>(*} Remettida á câmara dos Srs. deputados», Aviso de 16 de Junho


de 1865.
— 134 —
o requerimento junto, era que o conselheiro Manoel
Maria do Amaral pede ser aposentado no emprego de,
inspector da thesouraria de fazenda da Bahia com o
vencimento annual de quatro contos de réis, em attenção
a 47 annos de bons serviços, ficando a concessão nessa
parte dependente da approvação da. assembléa geral le-
gislativa, e perdendo elle o vencimento de um conto e
duzentos mil réis annuaes, que lhe compete como lente
jubilado da academia jurídica de Olinda.
E porque essa pretenção se prende ás questões sobre
que versarão as consultas tia secção de fazenda de 12
de Março, 12 de Abril e 17 de Maio do anno passado,
ordenou mais Vossa Magestade Imperial, que as,ditas;
secções reunidas reconsiderassem a matéria dessas,
consultas em relação aos lentes jubilados, pois que, em
virtude das imperiaes resoluções tomadas sobre taes
consultas não podem estes accumular senão metade
do vencimento da jubilação ao do exercicio de qual-
quer emprego, nem contar para nova aposentadoria o
tempo de serviço, da dita jubilação ; e que a final ernittão
seu parecer—sé é mais justa e°equitativa a intelligeneia
firmada pelas referidas resoluções de consultas, ou
alguma ou Ira, e neste caso qual deva, ser esta. ti -
Para cumprir o que Vossa Magestade Imperial houve
por bem determinar, as secções reunidas considerarão
o assumpto sob as differ.entés phases, que èllepóde
offerecer: '< 'i- n. )'
1.° Se apreciar-se á pretenção do supplicante como
um pedido de aposentadoria combinado com uma
remuneração de* serviços, nos termos do art. 102 | 11
da constituição, é fóra de duvida, qüe se o governo
imperial entender, que seus longos e bons serviços':
merecem esse deferimento, pôde por esse titulo con-
cedel-o, ficando todavia dependente da assembléa geral
legislativa o excedente da aposentadoria, que lhe com-
pete nos termos da lei. .',-..
2.° Se, porém, prescindisse dessa remuneração, e
attender-se somente ás disposições positivas e restrictas,
do direito em vigor, tal pretenção não pôde ser deferida
nos termos delia, qualquer que seja o modo devera
hypothese.
Quando o. supplicante tivesse servido nos cargos de-
fazenda os 47 annos que allega de serviços; quando;
não tivesse accumulado metade da sua jubilação dô
lente, ainda assim não teria direito á aposentadoria
senão de três contos de réis, totalidade de seu ordenado'
de inspector, porque a gratificação de um conto de réis
só é abonada pelo exercício -effectivo.
Ora se nessa bfpòthese esse seria O máximo, còmô^
conceder-lhe quatro contos de réis, quando elle já tem
auferido a vantagem de metade do vencimento da
sqbredita jubilação?
Ò supplicante", porém, tendo 20 annos de serviço-
de lente, foi como tal jubilado, e ora conta mais-g7 annos
de serviços na fazenda: qual será a nova aposentadoria
que lhe compita, tendo-se em consideração.todos ess.es
longos e bons serviços ?.
A imperial resolução de 3 de Abril de 1861, tomada
sobre consulta de 12 de Março anterior, estabelece, e
^íom muita razão, que um mesmo serviço não deve ser
susceptível- de remunerações pecuniárias differentes;
que o empregado uma vez aposentado, embora seja no-
meado idepois para outro emprego por ventura mais
rendoso, não deve ser novamente aposentado com o
arbítrio de contar-se como tempo de serviço deste
ultimo aquelle pelo qual já foi remunerado com o que
a lei determinava. Pondera que se isso fosse, permittido
certamente terião os empregados a facilidade de obter
muitas vezes um melhoramento de aposentadoria no
segundo emprego, e isso sem ter para ellá o tempo
legal de serviço neste. E consequentemente determinou
%]ue a nenhum empregado publico se Contasse para nova
aposentadoria o tempo de serviço já remunerado por
ou ira aposentadoria anterior,
O relator das secções, reconsiderando esta matéria,
entende que os fundamentos de tal resolução são tão
sólidos e previdentes, que nenhuma innovação deve
soffrer. Seria antes preferível a accumulação de duas
aposentadorias, do que a revogação do principio firmado
por ella.
Consequentemente, no seu pensar, o supplicante não
pôde ter direito a nova aposentadoria senão em relação
aos 27 annos que de novo, ou de mais- tem servido
ná repartição de fazenda, salva a questão de direito
que lhe possa assistir quanto á sua anterior jubilação.
Deverá, porém, elle, além dessa nova aposentadoria
de 27 annos, accumular o vencimento de tal jubilação?
Os decretos n.° 736 de 20 de Novembro de 1850 art. 57
§ 5.°, e o de n.° 2343 de 29 de Janeiro de 1859 art. 37,
obstão a accumulação de duas aposentadorias. E como
nem esses decretos, nem.alguma outra disposição, esta-*
- belece, para o effeito de que se trata, distincção entre
a aposentadoria e jubilação, o relator das secções não
encontra fundamento legal que o autorize a propor, que
se altere.a imperial resolução de 18 de Maio de 1861
,tomada sobre consulta de 12 de Abril antecedente.
Séria preciso que precedesse uma disposição de di-
\
- 5,38 —
réito, que estabelecesse n distíncçãn, pesando antesi e
maduramente o inconveniente que ella, poderia offerecer
de, convidar os lentes, e outros que por ventura esti-
vessem em casos idênticos, a deixar seus cargos logo
que-tivessem adquirido o direito de jubilação para ir
procurar outros empregos, em que accumulassem ven-
cimentos ; e isto quando o pensamento da lei é de
convidados a continuar na regência de suas cadeiras,
ainda mesmo depois de adquirido aquelle direito, óffe-,
recendo-lhes mesmo vantagens para assim proceder.
Assim é que nos restrictos lermos do sobredito art. 37
do decreto de 29 de Janeiro, o supplicante não teria
direito senão de optar uma das duas aposentadorias,
O relator das secções pede todavia licença para expor,
que em seu pensar, além deâsa opção, se tal artigo
conservasse metade da outra aposentadoria, parece que
faria não só um acto de equidade, como de justiça, e
mesmo de unidade e lógica em suas vistas.
Com effeito se durante o*.exercicio do segundo em-
prego, o empregado pôde vencer não só o Ordenado por
inteiro, e gratificação deste, e demais a mais accumular
metade da aposentadoria anterior, porque é que quando,
aposentado, segunda vez ha de ficar com o ordenado*
reduzido, sem a gratificação, e ainda privado dessa
metade da precedente aposentadoria?
Ha nisso injustiça; porquanto, de um lado não se
conta os annos do primeiro período de serviços para
computar a segunda aposeptadoria, e de outro não se
consente na accumulação das duas aposentadorias, de
sorte que os annos do primeiro serviço ficão proscriplos,
e o empregado privado de toda e qualquer remuneração;
por elles.
É o que aconteceria ao supplicante, que perderia
todo o direito á compensação de seus 20 annos de
serviços como lente, e isso quando veria reduzidos
todos òs seus vencimentos actuaes. Não ha nisso justiça;;
e menos equidade. "'., :
Portanto, se alguma modificação cumpre fazer, não ê
nas sobreditas resoluções de consulta, e sim érarelação,
ao referido art. 37 nos termos indicados.
Se assim fosse do agrado de Vossa Magestade Imperial,
feita tal modificação, o requerimento do supplicante po-
deria ser deferido nesse sentido.
Este é, Senhor, o parecer tio relator das secções.
Os conselheiros Marquezés de Olinda e de Abrantes, e
os Viscondes de Sapucahy e de Itaborahy concordão com
este parecer, menos na parte em que propõe alterações'
na legislação.
— S37 —

Não descobrem a injustiça, que nota o illustrado re-


lator. Entendem qüe, não devendo ninguém ser aposen-
tado emquanto pôde servir, o segundo emprego é uma
grave censura á primeira aposentadoria; este abuso deve
cessar. Os regulamentos que se referem a esta hypothese,
devem entendér-se de actos passados, regulando-os;
mas não podem ser entendidos como estabelecendo
regras qüe os legitimem. ' „;
Não achão injustiça; porque já favor é empregar um
aposentado, o qual pôr isso mesmo vence por doüs tí-
tulos. E porque se faz um favor, não é injustiça recusar
outro.
O conselheiro Visconde de Jequitinhonha não concorda
coni Os pareceres acima, porque lhe parece que não foi
encarada a qüpstão como a propõe õ peticionario. Não
requer este em seu favor a execução da lei, ou dos regu-
lamentos, que regem as aposentações ejubilações; re-
quer uma remuneração especial de seus 47 annos de
serviço, e, como affirma, é o empregado, o inspector de
fazenda mais antigo que tem o Império. E por que não
pôde «ella ser feita, pelo que respeita á despeza dós
dinheiros públicos, sem permissão do poder competente,
requer que fique a mercê feita pelo governo dependendo
nesta parte do corpo legislativo, como se tem praticado
com outros empregados públicos.
Que cabe nas attribuições do poder executivo fazer a
mercê nos termos era que é requerida, ninguém o duvi-
dará. Deve fazel-a? E' questão quê,só o governo pôde.
decidir, depois de mandar proceder aos exames compe-
tentes; isto é, depois de devidamente aquilatados os ser-
viços do peticionario, alguns dos quaes o forão á inde-
pendência do Império nos annos de 1821 e 1822 na cidade
dá Cachoeira na provincia da Bahia, durante o tempo
em que alli residiu o govérrio provisório. v
Entendendo^ pois, assim o que requer o conselheiro
Manoel Maria do Amaral, é de parecer que a intelligencia
firmada em virtude das imperiaes resoluções dê còhsulta
deA3 de Abril e 18 de Maio do anno passado^ é a mais
justa e equitativa, como regra geral, fundada na utili-
dade e regularidade tio publicp serviço, mas (como é
claro) não exClüe esta regra geral as éxcepções, que o
poder executivOj de accôrdo com o legislativo, entender
erp sua sabedoria determinar.
O relator das secções pede licença para em sustentação
de seu voto ponderar o seguinte : . •,
Se. alegra, que ninguém deve ser aposentado emqüáhtó
pôde servir, fosse sempre absoluta-,-e applicavel, ellè"par-
tilharia* a òpimãô da maioria das secções em seus coro-
c., 68
— 538 —
larios. Essa regra, porém, tem excépções, edesde então
não deve dominar os casos exceptuados.
. Na hypothese de que se trata certamente não vigora.
O lente desde que tem 20 annos de serviço adquire
pela própria lei o direito de jubilação, embora possa con-
tinuar a servir.
Consequentemente, se fôr servir outro emprego, não
será possível affirmar, que isso importa uma censura a
primeira aposentadoria; nem opinar que dá-se um abuso,
que deve cessar, e ném mesmo asseverar que trata-se
de um favor.
Ora não vigorando os principíos, não podem vigorar
as conseqüências.
Outro tanto pensaria na hypothese de que um empre-
ado não possa mais servir em um emprego, por exemplo
f e escripturação,, e possa ir servir ura outro que inde-
penda delia. i \' \
Ponhão-se. de parte os abusos, aos que certamente
àqüelles princípios são applicaveis, mas quando elles não
existem, quando a lei consequentemente não tem porque
arredar os serviços em segundo emprego, em fim quando
não são applicaveis; então reger hypotheses diversas,-e
oppostas por um mesmo principio, seria na opinião do
relator uma injustiça.
Quanto ao effeito retroactivo do pensamento manifes-
tado em sua opinião, cumpre notar, que se a supplica
fosse deferida não antes, e sim depois tia rectificação pro-
posta, certamente não haveria retroaelividade.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que fôr
mais acertado.
Sala das conferências, em 26 de Abril de1862.—José.
Antônio Pimenta Bueno.—Marquez de Olinda.—Vis-
conde de Sapucahy.—Marquez de Abrantes.—Visconde,
de Itabprahy.—Visconde de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.
Como parece á maioria das secções. (*)
Paço, em 23 de Junho de 1865. f,
Com a rubrica de Sua Magestade o ImperadorF
José Pedro Dias de Carvalho. *
(*) Expediu-se ao ministério dos negócios do império o aviso se-
guinte:
Ministério dos negócios 'da fazenda.—Rio de Janeiro, 27 de Junho
de 1868.
Illm. e Exm. Sr.—A consulta das secções reunidas dos negócios
dafazenda e do império do conselho de estado relativa aos venci-
mentos que*s<Mnpetem ao conselheiro Manoel Maria do Amaral pela
— 539 —
N. 794.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.
Sobre a duvida acerca do (empo máximo de serviço para a con-
cessão do ordenado por inteiro aos solicitadores dos feitos da
fazenda nas suas aposentadorias. %

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


da secretaria tie estado dos negócios da fazenda de 30 de
Janeiro de 1860, quea secção de fazenda do conselho tie
estado consultasse se otempomáximo de serviço para a
concessão do ordenado por inteiro aos solicitadores da
fazenda nas suas aposentadorias é o de 25 annos, confor-
me o parecer do director geral da contabilidade do the-
souro, adoptadopor despacho de 8 de Agosto de 1859, ou
o de-30 annos, cbmo opina o director geral do conten-
cioso.
Tendo de liquidasse o tempo de serviço de um dos
solicitadores da fazenda que havia sido aposentado»
moveu-se duvida —se o vencimento desta classe de em-t
pregados deve ser calculado era relação ao prazo de 25*
ou antes ao dè 30 annos que, na forma do decreto dê 20
de Novembro de 1850, regula os dos empregados do the-
souro e thesourarias de fazenda.
O director gerar da contabilidade opinou nos termos
seguintes: . v
« No processo de aposentadoria de Antônio Teixeira
Alves, no lugar de solicitador dos feitos da fazenda da the-
souraria de fazenda de Minas Geraes, dei o seguinte pa-
recer:
«A' vista dá disposição do art. 83 do decreto de 20 de
Novembro deÍ850 n.° 736, entendo que não podem ser
applicaveis aos empregados do juiz tios feitos, com ex-
cepçao dos fiscaes, as disposições dos §§ 1.Q, 2.° e 3.°
do art. 57 do mesmo decreto; porque esse juizo não é

aposentadoria que obteve no lugar de inspector da thesouraria de


fazenda da Bahia, foi resolvida sob o principio estabelecido por lei,
HIj que a um mesmo aposentado se não podem reunir os Vencimentos
de duas aposentadorias ou jubilaçõés, devendo por essa razão ser
o dito conselheiro aposentado com o ordenado por inteiro do re-
feridolugar, visto contar mais de 47 annos de serviço publico. Como,
porém, reconhecesse ao mesmo tempo que o aposentado de quem
se trata, pela natureza e" duração dos seus serviços, é digno de
qualquer mercê que remunere os por elle prestados em outra re-
partição, sendo essa mercê dependente da approvação do corpo le-
gislativo ; rogo a V. Ex., por não ser este negocio da competência
do ministério a meu cargo, se sirva tomal-o em consideração e
deliberar a tal respeito o que entender de justiça.
Deus guarde a V. Ex.—José Pedro Dias de Carvalho.—Sr. Marquez
de Olinda.
— 540 —
uma parte integrante do thesouro e thesourarias de fa-
zenda, para cujos empregaqps unicamente foifixadoo
prazo máximo de 30 açnos, para poderem ser aposen-
tados com o ordenado por inteiro.
« E como não ha lei expressa que marque o'tempo de
serviço para a aposentadoria dos empregados dó referido
juizo, cora excepçao, torno a repetir, dos fiscaes, que
reputo comprehèndidos nas disposições do mencionado
decreto, por fazerem parte das thesourarias, e terem tido
augmento. de vencifnento, cirçumstancia pela qual se
augmenlou o numero de annos de serviço de taes em-
pregados, parece-me, discordando da opinião do con-
tador da terceira contadoria, quefiqueestabelecido como
regra, emquanto não houver lei geral de aposentadorias,,
que no caso das dos solicitadores, escrivães e meirinhos
do juízo dos feitos, seja o tempo máximo o de 25 annos,
marcado na lei de 4 de Outubro de 1831, sèguindp-se
assim a regra, que, na falta de uma tal lei, se tern ob-
servado na pratica a respeito dos empregados dós di-
versos ministérios que não têm aposentadoria fixada em
lei; porque pela disposição delia se continua a regular
o tempo máximo de taes aposentadorias, apezar mesmo
de estar revogada, e de que fosse somente facultativa, e
feita para os empregados d ^ ^ ^ ^ J h e s o u r o e thesou-
rarias. ^ ^
« A razão por que na reforma do thesouro e thesourarias
de fazenda se fikárão 30 annos como tempo máximo
para as aposentadorias com o ordenado por inteiro, foi,
sem duvida, em conseqüência do augmento de venci-
mento que tiverão os respectivos empregados; e tanto
assim que a diversos que forão aposentados por occasião
da reforma, e ainda, depois, sem terem completado os
três annos de effectivo exercicio, se contou, como tempo
máximo, o de 25 annos somente, pelo facto de não po-
derern-gpzar dos novos vencimentos; e alguns ha que
os perceberão desde a data da reforma até serem apo-
sentados.
« Parece-me, pois, muito duro, e injusto mesmo, que
aos.empregados do juizo dos feitos, que nenhum aug-,
mente tiverão nos seus vencimentos, em resultado da
dita reforma, conservando ainda agora os que lhes deu
a lei de 29 de Novembro de 1841 n.° 242; sejão nestaparte
applicaveis as disposições do decreto de 20 de No-
vembro, de 1850. ,
« Devo comtudo ponderar o seguinte : o decreto que
aposentou o solicitador de quem se trata, exprime-se
pelo seguinte modo; «Hei por bem aposentar Antônio
Teixeira Alves no emprego de solicitador dos feitos da
— 541 —
fazenda da thesouraria da provincia de Minas Geraes,
com o vencimento que lhé competir, na fôrma do § 1."
do art. 57 do decreto de 20 de Novembro de 1850,
n.°736.
« Para mim tenho que esta redacção é de simples for-
mulário, e não prejudica a opinião que sustento. Se,
porém, assim não é, e deve entender-se que ella firma
regra, nesse caso, competirá unicamente ao aposen-
tado o ordenado que lhe calculou a terceira conta-
doria. »
»,.« Sobre o mesmo objecto disse o Sr. conselheiro fiscal
o seguinte:
«Quanto á primeira duvida, reputo-a improcedente, á
vista do decreto da aposentadoria, que expressamente
manda que a quota do ordenado sejafixadana razão de 30
annos, como a própria parte o requer, exprimindo-se :
« Hei por ben), e t c , corri o vencimento que lhe competir
na fôrma do § 1.° do art. 57 do decreto de 20 de Novembro
de 1850. »
« E quando mesmo o decreto não o declarasse, deveria
calcular-se o vencimento na razão de 30 annos, por estar
revogada a lei de 4 de Outubro dê 1831, para ps empre-
gados de fazenda; discordando, além disto, da opinião
do director geral tia contabilidade, quando entende que
não ha lei que marque aposentadoria para os solicita-
dores, e sim somente para os fiscaes, porquanto, consi-
derados elles, como têm sido, empregados de fazenda,
nomeados pelo ministério da fazenda, subordinados até
aos fiscaes, sujeitos nas licenças ao desconto do citado
decreto, gozão tia aposentadoria do art. 57 e seguintes,
por bem da disposição do art. 83, que lhes é applicavel;
sem dependência portanto da approvação da assembléa;
estabelecida assim a uniformidade que convém existir
para todos os servidores tio Estado.
«Quanto aos escrivães e meirinhosdo juizo dos feitos
que vencem ordenado, só poderá concéder-se-lhes apo*-
sentadoria, dependente da approvação tia assembléa;
mas não pelo ministério tia fazenda, e regulando-.se o
vencimento pela lei de 4 de Outubro de 1.831, na razão de
25 annos, como tem sido estylo era falta de lei.
« De duas uma; ou os solicitadores gozão de aposenta-
doria, por força do art. 83 do decreto de 20 de Novembro
de 1850, ou não gozão; e então deve ficar dependente das
câmaras. Em todo o caso, porém, o ordenado deve cal-
cular-se na razão de 30 annos.
« E, de conformidade com este parecer, se mandou
fazer o calculo do vencimento do empregado, e expedir
o competente titulo, isto é, foi resolvido que devei ser de
— 542 —
30 annos e não de 25 o tempo máximo de serviço que
devem prestar os solicitadores do juizo dos feitos, para
poderem ser aposentados com o ordenado por inteiro.
« Apezar de que me cumpra respeitar as decisões to-
madas pelo ministério da fazenda, não posso deixar, no
presente caso, de ter a mesma opinião que dei no pa-
recer retro trariscripto, entendendo ainda que o tempo
máximo de serviço para que os solicitadores possão ser
aposentados com o ordenado por inteiro, deve ser o de
25 annos, e não o de 30, emquanto não fôr isso expres-
samente ordenado, e de pedir que seja reconsiderado o
despacho de 5 de Janeiro de 1857, proferido no processo
do dito Antônio Teixeira Alves.
« Penso que não poderá contestar-se que as disposições
do decreto de 20 de Novembro de 1850 n.° 736, referem-
se unicamente aos empregados do thesouro e thesoura-
rias de fazenda; porque seu fim foi reorganizar essas
repartições; e ninguém dirá que o sejão os solicitadores
do juizo dos feitos-, que são sem duvida empregados de
fazenda legalmente creados, mas não do thesouro p the-
sourarias de fazenda.
«E tanto, assim é, que para serem applicaveis aos em-
pregados de todas as repartições subordinadas.ao minis-
tério da fazenda, algumas das disposições do mesmo
decreto á que o legislador julgou necessário òu conve-
niente sujeital-os, entendeu elle ser preciso declaral-o
expressamente, como o fez no art. 83 do mesmo de-
creto, designando quaes erão essas disposições.
« Ora, no art. 57 estabelecêrão-se sobre-aposentadorias
os diversos principios contidos nos-§§ 1.°, 2.°, 3;°, 4.° e 5.°'
delle, um dos quaes, é o do § 1.°, que o empregado do
thesouro ou thesouraria de fazenda, para poder obter
aposentadoria com o ordenado por inteiro, deve servir
30 annos.
«Mas dos principios estabelecidos nos cinco paragra-
phos do dito art. 57, o art. 83 somente faz applicavel aos
empregados de todas as repartições sujeitas ao minis-
tério da,fazenda, no numero dos quaes comprehendem-
se os solicitadores, o principio estabelecido no | 4.°
delle..
> « Portanto, é claro pue aos solicitadores não pôde ser
applicada a doutrina do § 1.° do art. 57, de deverem
servir 30 annos para que possão gozar pela aposentado-
ria do ordenado por inteiro: entendendo eu por isso que
a respeito delles deve continuar a observar-se o princi-
pio estabelecido na lei de 4 de Outubro de 1831, o/qual,
apezar de estai* ella revogada, continua nos casos
omissos, ou de falta de disposição expressa a tal respeito,
— 543 -
a ser applicado não só pelos diversos ministérios, como
ainda pelp da fazenda.
« A intelligencia pratica dada no thesouro á legislação
que fica referida, como o confirraão todas as resoluções
tomadas desde 1850, tem sido, pois, a seguinte: que
a exigência de 30 annos de serviço para o gozo da apo-
sentadoria com o ordenado por inteiro é só a respeito
dos empregados que pelo decreto de 20 de Novembro
de 1850 tiverão augmento de ordenado, e que ainda
a estes,.no caso de não poderem gozar pela aposenta-
^doriado novo ordenado, devia calcular-se o quanti-
tativo da pensão, na razão de 25 annos para o tempo
máximo de serviço. E ahi estão para o provarem os
arestos a que állúdi no meu dito parecer, das aposen-
tadorias de Antônio Vital, de Oliveira, Francisco de Borja
Damasio, e da de mui moderna data de José de Mello
" Castio Vilhena; chefes de secção das thesourarias de fa-
zenda de Pernambuco, Bahia e Goyaz; os das aposen-
tadorias de João Manoel da Fonseca e Silva, 1.° escrip-
turario do thesouro; de Antônio Joaquim de Mello,
Erocurador fiscal da thesouraria de fazenda de Pernam-
uco ;. e de Gregprio Antônio da Rocha Pereira, 2.° es-
cripturario da dó Maranhão.
«Todos estes- indivíduos forão providos nos lugares
do thesouro e thesourarias a quepertencião depois de
serem reorganizadas estas estações em 1850 e 1851, go-
zarão dos novos ordenados até, qüe forão aposentados,
e, pão obstante, contou-se-lhes como tempo máximo de
serviço, não.30, mas 25 annos.
«Como, pois, hão de exigir-se ao annos de serviço
para que possão obter aposentadoria com o ordenado
por inteiro ós solicitadores que nem sequer tiverão
augmento de ordenado, que estão litteralmente com-
prehendidos no art. 83 do decreto dé 20 de Novembro
de 1850, eá vista de todos estes arestos?
«Em que, pois, pôde fundar-se a intelligencia con-
traria á que sustento, a qual consagraria até urna fla-
grante injustiça?
« Parece que na cirçumstancia de conterem os decretos
de aposentadoria dos solicitadores a seguinte cláusula :
—com o vencimento que lhecompetir na formado art. 67
do decreto de 20 de Novembro de 1850 n.°736 — a qual
se .não encontra em nenhum decreto, concedendo apo-
sentadoria a empregados do thesouro ou thesourarias
de fazenda, depois da reforma do thesouro, era todos
os quaes se ha empregado a formula—com o venci-
mento que lhe, competir na fôrma da lei, ou decreto
de 20 de Novembro de 1850.
— 544 —
«Se é nella que se funda a resolução tomada no pro-
cesso de aposentadoria do solicitador de Minas, Antônio
Teixeira Alves, a conseqüência lógica e rigorosa que
dahi se deduz, é que o decreto que lhe conferia a apo-
sentadoria revogou a doutrina do art. 83 do de 20 de
Novembro de 1850, que regia o caso, porque elle de^
cididamente nãopxige 30 annos de serviço para que
possa gozar do ordenado por inteiro empregado de fa-
zenda que não seja do thesouro e thesourarias: a con-
seqüência é qüe, sendo o decreto de 20 de Novembro
uma lei orgânica, um outro decreto parcial, cujo único
fim é appliear a doutrina delia a um caso particular
oceorrente regido por essa mesma lei a pôde alterar,
estabelecendo doutrina nova para esse mesmo caso.
« E, assim sendo, peço que se reflicta, se semelhante
doutrinapóde ser admissível, ainda mesmo continuando
o governo a estar autorizado para reformar o thesouro
e thesourarias de fazenda, se é conveniente, e quão
perigoso pôde ser admittil-a. •
« Desde que se reformou o thesouro, não,me recordo
de que se haja procedido por semelhante fôrma. Se
o governo entende que alguma disposição das leis or-
gânicas não é conveniente, altera-a, revoga-a; mas até
que o faça os casos occorrenles são-regidos por ella.
« Por tudo quanto deixo dito 'continuo a entender que
a redácção do decreto-que aposentou o agraciado'de
quem se trata, é de simples formulário, o qual não
prejudica a opinião que sustento ; e tanto assim é que
no decreto que aposentou o solicitado*" do juizo tios
feitos do Pará, Pedro José de Alcântara, se não em-
pregou a mesma formula:—com o ordenado que lhe
competir na fôrma do art. 57 dó decreto de 20 de No-
vembro de 1850—; mas a geral usada em todos os mais
deCretos de aposentadorias —com o ordenado que lhe
competir, na fôrma do decreto de 20 de Novembro de
4850—, isto é, conforme o art. 83 delle: de modo que se
o fundamento do despacho de 5 de Janeiro de 1857
foi a referida cláusula, teríamos duas jurisprudências
diversas em casos inteiramente idênticos.
«De que resulta continuar eu também a entender que
o# tempo máximo de serviço para que os solicitadores
possão gozar pela aposentadoria do ordenado pórinteiro
é o de 25 annos; e que tendo o agraciado de quem se
trata servido por mais tempo do que esse, compete-lhe
o ordenado por inteiro. ,.*.
«Se, porém, fôr de novo resolvido que deve ser õ
de 30 annos, nessa hypothese, somente pódè compe-
tir-lhe o vencimento calculado pela terceira conta-
- 545 —
doria. Deve ser ouvido o Sr. conselheiro procurador
fiscaU »
« Por decreto de 22 de Agosto de 185S, disse o conse-
lheiro director geral do contencioso, foi aposentado
Antônio Teixeira Alves no lugar de solicitador do juizo
dós feitos de Minas Geraes — com o vencimento que lhe
competir, diz o citado decreto, na fôrma do § 1.° do art. 57
do decreto de 20 de Novembro de 4850.
«Nos mesmos termos forão aposentados «os solicita-
dores do juizo dos feitos :
* « Joaquim Jos-ê de Souza Ribeiro, do Espirito Santo;
Marcolino Pereira de Vasconceilos, de Sergipe; eJoá-,
quim José tia Gama, de Mato Grosso, que ora pedem titulo
de declaração de ordenado ao thesouro nos requeri-
mentos juntos. '
« Foi depois aposentado Pedro José de Alcântara, soli-
citador do Pará, por decreto de 10 de Novembro de 1856
—com o ordenado que lhe competir, diz este decreto, na
fôrma do decreto de 20 de Novembro de 1850.
« Dos referidos aposentados, Antônio Teixeira Alves
foi o primeiro que requereu a liquidação do ordenado,
eonstandodas copias juntas das informações e pareceres
fiscaes tudo quanto occorreu,arespeito dessa liquidação.
Este empregado, porém, reclamou contra a declaração
do. thesouro ás câmaras, de cuja deliberação pende a
decisão da questão, cumprindo notar que é estranho
assim haver elle procedido, sem esgotar os recursos
legaes contra a declaração do Ordenado, na instância
administrativa competente, que era o conselho deestadp
por via<de recurso da decisão do ministério da fazenda:
« A duvida suscitada naquella liquidação foi—qual a
base de tempo para a liquidação do ordenado, se o do
art. 94 da lei de 4 de Outubro dé *831,sistó é, 25 annos,
se o do art. ;57, § 4.° do decreto de 20 de Novembro dé
4850i, isto é, 30 atmos.
« Esta' duvida suscita-se dé nõVo na liquidação doe*1
denado dtt satppMGainP Gama.
« Resumindo ok argumentos contra afixaçãodó orde*
nado», segundo'o decreto de 20 de Novembro de'«850;
sãò elles::-• .< *• •• ' ;!
. « i'.f Que o 'juizo dos feitos não é paíte integráritê dó
tfoesonro e thesourarias, não sendo, portanto, applicavel
aos seus empregados (á excepçao dos fiscaes), o decreto
de 204© Novembro de 4850, árt. 57 § 4.°;
« 2." Qüe os empsfegados do juizo nãotiverãoaugmento
de oitienado eomcwtirverao os do thesouro e thesourarias,
oqrué justifieater-sei
1
marcado
,;
para estes o temp0;má-
ximo de 30 annos ;
c. 69.
— 546 —
« 3.° (E este argumento apparece agora) que as dispo-
sições do decreto de 20 de Novembro de 1850 não podem
ser applicadas aos empregados de nomeações anteriores
sem effeito retroactivo: e conseguintemente que a lei que
rege as aposentadorias dos que não estão comprehen-
didos no decreto de 20 de Novembro de 1850, é forçosa-
mente a de 4 de Outubro de 1831.
« Entendo ainda que o ordenado deve ser fixado nos
termos do decreto de 20 de. Novembro de 1850.
« Os decretos citados de 1855 e 4856 são terminantes?
mandão calcular: o ordenado nos termos do § 1." do art. 57,
isto é, na razão de 30 annos de serviço; emquanto, pois,
não forem revogados, não pôde o thesouro na liquidação
do ordenado afastar-se dessa base.
« Recordo-me que ponderou-se na discussão da pre-
tenção dé Antônio Teixeira Alves:
« 4.° Qüe o art. 83 do decreto de 20 de Novembro de
4850 não mandara appliear ás diversas repartiçõestie
fazenda o art. 57 e paragraphos, mas sim apenas e somente
o § 4.* desse artigo, apenas como disposição de futuro,
para todos e quaesquer empregados;
« 2.° Que. dos ü 4,°, 2.° e 3.° do art. 57 são somente
applicaveis aos que tivessem tido nova nomeação as
disposições dos ;•§§ 2.° e 3.°, mas dahi não se seguia
que as demais não fossem applicaveis aos empregados
do thesouro e thesourarias que não tivessem tido novas
nomeações ;
«3.9 Que esta intelligencia derivava do caracter one-
roso destas duas eondições, mais onerosas do que as
do | \.°, e de ser um direito novo o que fôra intro-
duzido por essas disposições;
« 4.° Que portanto as aposentadorias actuaes dos em-
pregados do thesouro e thesourarias devião-se liquidar
na razão de 30 annos. ' <
«Considerou-se outrosim que os juízos dos feitos,
uanto aos empregados de nomeação do ministério
ã a fazenda, constituião parte integrante do thesouro e
thesourarias, tanto assim que extincta a thesouraria
da provincia do Rio de Janeiro, o governo não es-
crupulisára de usar da autorização legislativa, aliás li-
mitada ao thesouro e thesourarias, para o fim de abolir,
como aboliu, o juízo dos feitos especial para a pro-
vincia do Rio de Janeiro. ;
« Ãttendeu-se mais a que o facto de augmentar os
ordenados não era o motivo que poderia actuar com
mais força no espirito do governo para estender o prazo
do tempo de serviço necessário para a aposentadoria,
e que essa razão não podia prevalecer.
— 547 —
«Deliberou-se, pois, que a conta se fizesse na razão
de 30 annos. .
«"Contra isto, como já se disse, representou Teixeira
Alves ás câmaras este anno, e ainda o seu. requeri-
mento não teve solução apezar de haver emittitio sobre
elle o seu parecer a Commissão de fazenda da câmara
dos deputados, que calculou também o vencimento na
razão de 30 annos. /
«O terceiro argumento é,inaprocedente: a aposentadoria
não é um direito para os empregados, é uma faculdade
# deque o governo iói dotado a bem do serviço publico, a
qual foi limitada pelo decreto de 20 de Novembro de
4850' ao modo eaos casos nella expressos, ficando a res-
pectiva mercê independente da approvação da assembléa.
«Essa faculdade pôde exercer-se a respeito de quaes-
quer empregados, ainda que a sua nomeação seja an-
terior á lei que a formula e regularisa.
«Quando a aposentadoria fosse um direito para os em-
pregados anteriores á reforma do thesouro, ainda assim
podia a lei alterar as condições desse direito, porque
elle não entrava na classe dos adquiridos, únicos que
uma lei não pôde offender sem effeito retroactivo.
«A aposentadoria antes da reformando thesouro fi-
cava sempre dependente da approvação da assembléa;
o governo tomava então por base da mercê a lei de
4 de. Outubro de 1831, mas nada o impedia nem impede
ainda hoje de tomar por base o decreto de 20 de No-
vembro de 1850, porquanto ao poder executivo é licito
conceder a rhéroê, como lhe aprouver. Conseguinte-
mente, ainda que os solicitadores não estivessem, como
parece, incluídos no numero dos empregados do the-
souro e thesourarias, podia o governo tomar por base
o decreto tie 20 de Novembro de 1850; a mercê pecu-
niária seria nesse caso menor, do que se fosse re-
gulada pela lei de 4 de Outubro de 1831; mas se o governo
por occasião da mercê podia prescindir de qualquer
destas leis.e conceder a aposentadoria, fixando logo o
qnantum qualquer que lhe parecesse mais justo, é claro
que não se ofienderia lei nem direito algum mandando
regular a aposentadoria pelo decreto de 20 de Novembro'
de 1850.
« Deveria porém o governo em tal caso deixar de-
pendentes da approvação dó corpo ;legislativo os de-
cretos de aposentadoria, não é porém isso o que se vê
nos decretos de aposentadoria dos differentes solicita-
dores, e dahi devo concluir que o governo considerou
estes empregados como do thesouro e thesourarias. » 1
A lei de 4 de Outubro de 1831 apenas contém ares-
— 548 — '
peito, do ponto sobre que versa a qpeslãOi os dous ar-
tigos seguintes, os quaes se referem aós empregado»
do conselho da fazenda, do Erário e de outras repar-
tições que ella extinguiu, ou que tinhão já sid© an-
teriormente exlinctas.
v « Art. 94. Os conselheiros da fazenda que não forem
empregados nas ditas repartições, serão, não tendo
outros vencimentos iguaes, ou maiores, aposentados
com o ordenado por inteiro, se tiverem mais de 25
annos de serviço, diminuindo-se' o ordenado propor-
cionalmente nos que tiverem menos.
«Art. 95. Os outroá empregados, ,que pelo exame
instituído forem reconhecidos como inhabeispara con-
tinuarem no serviço, serão aposentados pela mesma
maneira., Os que forem reputados hábeis; e todavia
ficarem desempregados, continuarão a vencer os or-
denados que tiverem, ficando addidos ás repartições
reorganizadas para servirem no que convier, até que
hajão, vagas em que sejão admittidos.»
Assim que, a,lei de 4 de Outubro nenhuma regra
estabeleceu no tocante ao tempo de serviço necessário
para que os empregados do thesouro e thesourarias ob-
tivessem, quando aposentados, o ordenado por inteiro.
E se antes do decreto de 20 de Novembro de 1850 o
governo seguia nas aposentações concedidas .aos em*
pregados de fazenda a regra preseripía pela lei de 4
de Outubro para o caso especial a que ella se refere,
nenhum fundamento haveria para continuar a proceder
assim depois daquelle decreto, que «exige &0 annos de
serviço para que os empregados dó jthesdafiro e the-
sourarias possão ser aposentados com ordenado por
inteiro; tanto mais porque, como bem pondera o con-
selheiro director geral do contencioso ; a aposentação
não é um direito, mas uma graça que o governo tem
a faculdade discricionária de conceder,ou recusar. >
E' pois obvio que, ainda na hypothese de não serem
os solicitadores de fazenda empregados das thesourarjasí,
o governo poderia e deveria apósental-os na fôrma do
art. 83 do decreto de 20 de Novembro de 1850. Em tal
caso a graça ficaria dependente da approvação do poder
legislativo. - 'c -
Esta hypothese, porém, não parece admissível^Os so-
licitadores são nomeados pelo ministério, .dai fázsÉdajÉa!,
subordinados' aos procuradores fiscaes <e.incumbidos
de auxilial-os na cobrança da divida, activar; e. não
podem portanto ser considerados estranhos ás the-
sourarias. .:. -
Demais, é assim que o entenderão ,os decretos 'de
— 549 —
aposentação a que se-referem os pareceres supramen-
cionados. A secção não descobre, pois, motivo pára
propor què se adopte outra intelligeflcia-^epâr isso con-
corda com a opinião do conselheiro director geral do
contencioso. •
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais acertado»
Sala tias conferências, 12 de Setembro de 4864.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantét?.— Cân-
dido Baptista de Oliveira.
m
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, 23 de Junho de 1865.
Com a íübrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro -Dias de Carvalho.

Ni 795.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre à pretenção do bacharel José da Costa Machado Júnior, rela-
tiva ao pagamento dos, vencimentos de inspector da alfândega da
Parahyba, do tempo em que deixou o exercicio do emprego para
sustentar o seu direito, a Uma cadeira na câmara quatriennal.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho de estado, consultasse
com seu parecer sobre a pretenção do bacharel José
da Costa Machado Júnior, relativa ao pagamento da gra-
tificação fixa è porcentagem do emprego dé inspector
da alfândega da Parahyba,'do mez de Dezembro ultimo,
a qüe se julga com direito,, á vista da disposição do
art. 104 do regulamento de 49 de Setembro de 4860,
combinado com os arts. 32 e 33 da constituição.
Os empregados da secção ide assentameritò da terceira
contadoria do thesouro nacional que tiverão de informar

p | Ordem n," 288 de 30 de Junho de 1863, na collecção das leis.


— 550 —
sobre a pretenção do supplicante, fizerãOrnP nos termos
seguintes: \ ,
« Em officio de 28 de Maio do corrente anno, n.° 38,
communicou o inspector da thesouraria de fazenda da
Parahyba, que por ordem do vice-presidente da pro-
víncia de 6 do mesmo mez mandou pagar o respectivo
ordenado ao procurador do bacharel José dá Costa Ma-
chado Júnior, inspector da alfândega, que fôr» mandado
responsabilisar pelo presidente por liaver-se retirado
para a corte,- a fim de tomar parte nos trabalhos da
câmara dos Srs. deputados, visto, ter vindo sem diploma,
e que negava-lhe a gratificação e porcentagem, por
entender que não lhe competem em vista das disposições
vigentes.
« Pela sua parte o referido empregado reclama no'
requerimento junto contra tal decisão e abunda era
razões de equidade para harmonizar a disposição do
art. 404 do regulamento jiaã/ alfândegas, com os arts.
32 e 33 da constituição.
« A questão da responsabilidade creio que deve sirp-
pôr-se terminada, uma vez que a câmara dôs Srs. de-
putados o reconheceu como legitimo membro delia, e
pelo que respeita á gratificação e porcentagem, não
tenho conhecimento de disposição de lei queautorize esse
abono, e por isso julgo que a thesouraria procedeu bem,
negando-o, pois è duvidoso se ao supplicante competem
essas vantagens, sendo certp que a lei estabeleceu uni-
camente a ajuda de custo como'vencimento dos depu-
rados durante a/viagem, e cousa alguma pelas, sessões
preparatórias ou de prorogação, e a thesouraria já lhe
fez a equidade possível, abonando-lhe o ordenado do
mez de Dezembro, que era exactamente do tempo que
podia receber, e não até 20 de Fevereiro deste anno,
como mandava abonar a portaria do vice-presidente,,
pois o supplicante tem percebido p subsidio desde Ja-
neiro. ,
«Também não tenho conhecimento dePisposição de
lei que dê aos empregados públicos* membros das câ-
maras legislativas, direito a vencimento, durante o
tempo que decorre desde o dia em que deixão seus em-
pregos, até ao anterior ao,da abertura tia assembléa
geral legislativa.
« Sei apenas que existe a ordem circular n.° 625.de No-
vembro de 4836, a qual manda abonar-lhes em taes eir-
cumstancias os respectivos soJdose ordenados ; mas du-j
vido que sua doutrina possa favorecer a pretenção de
que se trata.
«O regulamento de 19 de Setembro de 1860, assim
— 551 —
como outros, estabeleceu gratificações de effectivo exer-
cício, dando-lhes uma natureza muito differente da
dos ordenados, e para que sejão abonados, não havendo
exercicio no próprio emprego, exceptuou unicamente
os casos de serviço gratuito e obrigatório-por lei em
outros lugares.
« Esta disposição, pois, tão positiva, te o absoluta^ não
se pôde considerar subordinada á doutrina da circular.
Ainda mais; a mesma circular só tratou de soldos
e ordenados, quando já se abonavão Vencimentos sob
•outros títulos, Como porcentagens, e gratificações de
exercicio a militares; do que se infere que teve uni-
camente em vista conceder os vencimentos, cujo paga-
mento não depende de effectividade do emprego.
«Dir-se-ha que decidiu-se ultimamente que, nos casos
de opção, os empregados públicos, membros do poder
legislativo, têm direito á todbs os vencimentos de seus
empregos. Assim é, porém não só são differentes as
espécies, como lambem dá-se uma cirçumstancia muito
importante na hypothese de que se trata, á saber, a
da concessão da ajuda de custo, que compensa ou deve
compensar o prejuízo resultante da falta de exercicio
do emprego.
« O supplicante, fundamentando a sua reclamação,
pretende demonstrar que, embora o serviço da ás-
sembléa legislativa não seja gratuito durante o tempo
que decorre do dia da sua abertura ao do seu encer-
ramento, deve ser todavia corpo tal considerado o que
prestãb os respectivos membros desde que deixão os
seus empregos até que se abre a assembléa, uma vez
que não percebem subsidio no período da viagem e das
sessões preparatórias. •
« Esta argumentação não me convence; porque du-
rante ás prorogações da assembléa dá-se a mesma razão
allegada de ser o serviço gratuito, e todavia ninguém
dirá que nesse período sejão devidas as gratificações
de effectividade é exercicio dós empregos, pois que
a citada ordem em tal caso até nega o ordenado.
« E' portanto minha opinião que deve confirmar-se
a decisão da thesouraria, a qual mandou abonar ao sup-
plicante unicamente 0 ordenado vencido de 30 de No-
vembro a 31 de Dezembro de 1863, e isto pela cirçums-
tancia de ter-se tornado insubsistente o motivo por que
foi mandado responsabilisar, visto tér sido reconhecido
deputado á assembléa geral legislativa pela competente
câmara. »
O diirèétòr geral tia contabilidade, porém, ft>i de dif-
ferente opinião e a declarou deste modo:
— 552 —
« Se a câmara dos deputados não tivesse dado assento
ao supplicante como seu membro, fôra muito pata duvi-
da^, do $eu direito àos vencimentos integraes que reclama
do Jugar de inspector da alfândega da Parahyba, visto
que sanira da provincia sem diploma expedido pela câ-
mara municipal apuradora.
, « Beconhecido porém deputado, como foi,ficouliquido
quepenhuma,falta commetteü quando deixou o exercicio
de seu emprego, e veio tomar parte nos trabalhos da
câmara a que pertence.
« Considero pois fundada em direito e justiça a sua
reclamação.
_;« para mim êfóra de duvida que o exercício de membro
das câmaras legislativas é obrigatório para oserapre-
gados públicos. .
« O art. 33 da constituição diz: no intervallo das ses<-
sães não poderá o Imperador empregar ura senador, ou
deputado i*órà do Império; nem mesmo irão exercer
$eus empregos quando isso os impossibilite parçatse
reunirem rio tempo da convocação da assembiéa'>gejral
ordinária ou extraordinária. .- *
, «tA doutrina deste e do art. 32 da mesma constituição
acha-se claramente desenvolvida e explicada nà circular
dq, mipisterio da fazenda de 25 de Novembro de 1836,
expedida, de accôrdo com os diversos ministérios*
« Ahi se declara que cessão os ordenados e soldos
dos membrps do corpo legislativo que forem emprega-
dos pupticos, durante as sessões ordinárias e extraor-
diuar^ajS e prorogações, ainda mesmo no caso de voltarem
a exercerr seus empregos durante as sessões; que
devêm elles continuar a perceber seus ordenados e
soltios do dia em que deixarem os empregos até o ante-
rior á. abertura das sessões e desde que estas se encer-
raram até reassumirem o exercicio delless
.;« .%' Cilarovpoí^: 1.° que as funcções do corpo legisla-
tivo' sãoV obrigatorias e têm preferencia á& de qualquer
empregopubpcp; 2.° que qs empregados que têm as-
sento era çádá uma das câmaras não perdem seus veu*-
cimen^ps do tempo anterior á abertura do posterior ao
en^rraraento das sessões,. '
. 4 Em $aes, circuriastanpias/ parece-me perfeito o direito
dôsupptipante a perceber a gratificação e porcentagem
dó sé*4 ernpa*ego,,a cqntar de 30 de Novembro a© ultimo
déDézembró de ISffêvVistp que só foi pago do ordenado,
atteijiAá^ ciijcurnstaçLcia de ter perçebidu o suhsjtdio dOi
4.° tfè Janeiro" em diante.
,•*•*. Não me causa, duipd^ a tratar *- citada eiueuiar isô-
ménte d&ordenádòs,.pois, até 1836 não existia disposição
igual a do art; 404* do regulamento das alfândegas, que1
manda abonar aos empregados todos os vencimentos
quando, impedidos por motivo de serviços'não retri-
buídos; a que são chamados7 em virtude de lei, como foi
ultimamente explicada pe|a circularri."27 de 21 de Junhoj
próximo passado, inteiramente applicavel, em suas con
clusões, ao caso de que se trata.
« E, com effeito, se ao empregado que é eleito deputado
e se acha ná corte não se tem negado os seusvehéi--
mentes integraes durante as sessões preparatórias; e se
«lies têm o direito dé optai pelos vencimentos dos em-
pregos durante as sessões ordinárias, direito que lhes
confere a nossa legislação actual, não descubro razão
para que âo empregado de província, que é eleito e vem
tomar assento na Gamara, se deixe de pagar os mesmos
vencimentos durante o tempo das viagens, quer de vinda,*
quer de volta, depois de encerradas as sessões.
« A isto se não oppõe por modo algum o argumento
que apresenta a secção de assentamento, deduzido das
ajudas de custo.
« Se ás ajudas de custo que percebem esses deputados
fossem remunerativas dos Vencimentos do tempo qüe
decorre até tornarem assento, e desde que findão as
sessões até entrarem novamente no exercicio dos lugares,
escusada e ociosa fôra a disposição da citada circular
de 1836, qüe mandou aboriar-lhes os ordenados desses
períodos; illegal e insubsistenle fôrá a pratica estabete-'
cida e observada até agora.
« A duvida, pois, que se suscita não deve prevalecer,
porque o empregado que hoje se distrahe de suas func-
ções*proprias para occupar-se do serviço publico, a que
é obrigado em virtude da lei, não perde parte alguma
de seus vencimentos.
« Tal é o caso em quê considero o supplicante, e por
isso entendo que deve ser favoravelmente deferido. »
Com esta opinião concordou o procurador fiscal.
O argumento1 em que o supplicante èstriba ô seu pre-
tendido direito, e em que se fundatambem o conselheiro
director geralPa contabilidade para apoia|-o, é a dispo-
sição do art. 104 do regulamento das alfândegas, que
diz: « As gratificações e porcentagens, qualquer que seja
sua natureza, funtiamentoou origem, só são devidas pelo
effectivo exercicio dos empregos, salvos os casos de im-
pedimento por serviço gratuito a que os mesmos estejão
obrigados por lei ou ordem superior. »
E a que serviço gratuito foi o supplicante obrigado por
lei ou ordem superior, quando sanls de sua provincia e
abandonou sem licença o lugar de inspector dá alfândega?
c. 70
— 554 —
Não foi.o facto de ter recebido da respectiva câmara
municipal o diploma de deputado eleito, porque não foi
elle que teve o diploma; não foi o dé ler sido reconhecido
legitimo deputado pela câmara quatriennal, porque este
reconhecimento só teve lugar em 19 de Fevereiro tio.anno
corrente, foi a resolução de vir disputar um assentona-
quella câmara como o declara ingenuamente o vice-pre-
sidente dá provincia da Parahyba na ordem que expediu
á thesouraria, com data de 6 de Maio deste anno, para
pagar ao bacharel José da Costa Machado Júnior os ven-
cimentos de seu emprego, desde 30 de Novembro até 19
de Fevereiro últimos.
O art. 104 tio regulamento das alfândegas não apa-
drinha, pois, a pretenção do supplicante; a qual é tante
mais exagerada, porque, tendo tomado assento na sua
câmara a. 19 de Fevereiro, percebeu todavia o subsidio de
deputado desde o principio do mez antecedente, segundo
deelara o conselheiro director geral da -contabilidade,
rio parecer que acima ficou transcripto. Julga a secção,
portanto, que o supplicante não tinha direito ao orde-
nado do seu emprego durante o tempo que o abandonou
illegalmente, e muito menos o tem ás graliíiçaço^: e
porcentagens que requer, ';:. •'
Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôr mais
acertado. •
Sala das conferências, em 30 de Setembro de 1864.
—Visconde de Itaborahy.<— Marquez de Abrantes.—
Cândido Baptista de Oliveira.

RESOLUÇÃO. t

Como parece, menos na parte que diz respeito aos or-


denados. (*) <

Paço, 23 de Junho de 1865.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Pedro Dias de Carvalho,-.

p) Ordem n.° 314 de 18 de Julho de 1865, na collecção das leis.


— 555 —

N. 796.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre o requerimento em que Adriano Gabriel 'Cprte Real se pro-
põe resgatar toda a divida fundada do império, mediante a con-
cessão de uma loteria mensal por espaço de 74 annos.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, pela se-


cretaria de estado dos negócios da fazenda; em aviso
de 4 do corrente mez, que a secção de fazenda do con-
celho de estado consultasse com o seu parecer sobre
á matéria que faz objecto do requerimento dirigido ao
governo imperial, em que Adriano Gabriel Corte Real
sé propõe resgatar toda a divida fundada do Império,
mediante a concessão de uma loteria mensal por espaço
de 74 annos.
O simples enunciado da proposta feita pelo suppli-
cante bastaria, para induzir a secção a pronunciar-se
in limine contra a sua adopçáo, sem dar-se ao trabalho
de fazer sobre ella um exame serio. Com effeito nenhum
governo regular ousaria presentemente. recorrer ao
meio reprovado, que é suggérido na referida proposta,
para exonerar-se dos seus empenhes em matéria de
credito; nem, por outra parte,.haveria governo tão néscio,
que, no caso mesmo de lhe ser licito o emprego do
meio indicado, sem desarseu, houvesse de ceder, em
puro beneficio de qualquer intermediário, as vantagens
resultantes de uma operação, que poderia elle realizar
por si mesmo direetamente.
Todavia, havendo o autor da proposta, no desenvol-
vimento que lhe dá, encarecido sobremaneira o valor
de "algumas concessões por elle feitas, rio apparente'
interesse do governo imperial; julgou a secção conve-
niente entrar na apreciação econômica do plano des-
cripto, para a realização da operação de que se trata,
submettehdo ao calculo os dados numéricos que lhe
servem de base, a fim de pôr em toda a evidencia as
extraordinárias vantagens, que delia resultariào, não em
favor tio governo, como pretende o supplicante, mas
em seu próprio beneficio: o que passa a fazer.
E' actualmente o total da divida fundada do Império
representada pela somma de 148.774:000^000, cujo res-
jate se propõe realizar o supplicante Corte Real, na qua-
fidade de emprezario, no termo de 74 annos, mediante
as condições seguintes:
1." O emprezario obriga-se a não receber da caixa
da amortização, pelas apólices resgatadas da divida in-
terna, maior juro que o de 5 %, 'a contar do deewno
—• 556 -^
anno da operação, até sessenta annos e meio, contados
do seu tPmêçP: devendo alndá esse juro reduzir-se a
4 °/o para as applices que forem resgatadas dessa época
em diartte, até çorhpletar-seô período de 74 annos!
2.a Por sua parte obrigar-sé-nia o governo imperial a
conceder ao emprezario a extrabção de uma loteria
mensal, ou 12 annuaes, segundo o plano 'das que estão
em voga, durante 74 apnoS: recebendo o mesmo em-
prezario, além dó seu beneficio, mais o producto de
todas as taxas que se arrecadão para o thesouro, feila
a deducção da somma de 1:200#000 para o thesoureiro
das loterias; a saber ao todo 32:640#000 por cada lo-
teria mensal, e 391:680#000 por 12 annuaes.
,, Sendo quatro as differentes taxas de juro para os ti^
tules da divida interna e externa, a saber, 6, 5, 4 1/2, 4,
sobre as quaes deverão emprezario ter regulado o seü
calculo, para deduzir dellas a taxa commum de amorti-
zação annual, no período tie 74 annos;tornar-sea média
daquellas taxas, isto é, 4, 875 7» para deduzir pela for-r
mula conhecida a somma que deve representar o fundo
annual da amortização.
Achar»se-ha, procedendo desta sorte, que a amorti->
zação annual do capital (1), era 74 annos, será repre-
sentada por 0,001483; e eonseguintemente a do capital
—148,774:0O0$00O^Será igual a 22O:690#0OO. Deduzindo,
pois, esta somma de 391:680$000, que receberia annual-
mente o emprezario, ticaria em seu beneficio, como
lucro liquido, o saldo annual de 170:990^000!
Este lucro annual capitalizado na razão de 6 7« ao
anno, e á juro composto de segunda ordem, durante 74,
annos, produzia o fabuloso capital de 209.690:000^000,
notavelmente maior- do que toda a divida resgatada!
Tome-se agora a mediai das taxas de juro de 6 e 4 4/2 °/o,
que reprèsentão quasi em totalidade os titulos da dw
vida fundada, interna e externa, a saber, 5,25 "j0 ;.e sup*
ponha-se que o governo imperial applicavaá amortização
daquella divida toda a somma de 39l:680#0«00,.que proT
duzirião annualmente as loterias pedidas; a mesma
formula dará em resultado o prazo de 59,4 annos para
o resgate de toda a divida; isto é, 14 annos mais cedo,
do que se propõe realizar o autor da proposta; ecorio-
misando assim o governo imperial a avultadissima
somma, que, sob a fôrma de juros, teria elle de pagar
ao emprezario da precedente operação,'durante os re-^
feridos 14 annos.
À? vista dó que vem deexpender a secção, é ella de
parecer que seja indeferida a pretenção. do suppli-
cante.
•-S57 -
Vossa .Magestade Imperial, porém, resolverá em sua
sabedoria o que tiver por mais acertado.
Sala dás conferências, 25 de Novembro de 1864.—
Cândido Baptista de Oliveira.-"Visconde de Itaborahy.
—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
„ Paço, em 23 de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N, 737.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre o recurso de João Baptista Barthe da decisão do thesouro, ne-
pando-lhe licença para prolongar o seu cáes, silo a rua da Saúde,
nesta corte, até encontrar o alinhamento do cáes pertencente a
Antônio Francisco Guimarães Pinheiro.
Senhor. —Mandou Vossa Magestade Imperial, por des-
pacho do tribunal do thesouro de 18 dó correple mez,
que a secção de fazenda do conselho de estado to-
rnasse conhecimento do recurso proposto por João Bap-
tista Barthe contra uma decisão do. tribunal do thesouro,
que juiga elle ser offensivo do seu direito de pro-
priedade.
A secção de fazenda, havendo examinado áttenta-
mente os documentos que acompanhão o requerimento
dó recorrente, não descobre ahi motivo fundado para
conceder-lhe o provimento que pede; conformando-se
a secção inteiramente cora o parecer do conselheiro
director geral do contencioso, sobre o qual se baseara
a referida decisão do tribunal do thesouro, o qual é
do teor seguinte:
« A questão judicial que pendia entre João Bap-
tista Barthe, como autor, e Antônio Francisco Guimarães
Pinheiro, como réo, a respeito da nesga de mar figu-
rada na planta junta pelas letras—a, d, c—terminou em
gráo de revista, tendo esta sido negada unanimementedos
— 558 -*
dous aacórdãos unanimes que confirmarão a sénteifça
da 1. instância contrar a o autor.
« Eis a sentença da 1 . instância : «Vistos estes autos,
julgo provada a intenção do autor para o fim tão somente
de lhe ser respeitado pelo réo o direito á-mêação dâ pa-
rede do prédio, que divide os terrenos de ambos; por-
quanto pela vistoria se verifica que a dita parede occupa
terreno do mesmo autor, e a carta, relativamente ao
muro construído no prolongamento tia linha dessa pa-
rede, induz a crer que a meação desta estava no animo
do réo. -„•••: <
«. Entretanto não é este 0 principal fundamento do
direito do autor, porquanto o réo podia estar em erro;
resulta elle, porém, do facto attestado pela vistoria e
já considerado. ,
« Julgo quanto ao mais não provada a intenção do
autor, e é visto que, se a área do terreno orá«disputada,
fica em frente do prédio do réo, se o autor, sem essa
área, não soffre quebra ou diminuição de extensão no
terreno que comprara, conforme se vê da carta de ar-
rernatação da vistoria e da planta linha—n, e—; se o muro
—a, b(müró—a, f—nomâppado thesouro), se acha-cons-
truído no prolongamento da linha—m, a (linha—g, a—no
mappa do thesouro) da parede do réo, é Visto, digo,?que
na auseneia de documentos positivos, não pôde o autor
pretender uma outra demarcação; porquanto a'deter-
minada pela linha—m—b,( linha—g, f*-no mappado the-
souro), é a natural e( única razoável.
<c E ainda*mesmo que o autor houvesse provado o<
uso do braço do mar1—e—, hoje aterrado, nem assim
poderia haver vencimento nesta causa, visto qüe por
ellá propôz-se reivindicar propriedade, e esta exige a
constância de titulos, que o autor não êxhibe.
«Portanto- assim o decido, e çondemho "o autór-;e
réo nas custas de permeio.—Rio de Janeiro, em 6, dé
Setembro de 1862. —José Caetano dós Santos. »
« Assim está soberanamente julgado pelo poder ju-
diciário : '''•'"
« 1.° Qüe a demarcação entre a propriedade de Barthe
e a de Pinheiro deve "seguir a lirihá g—a—f.
2.° Que Barthe nenhum uso tinha da nesga dê mar—
e-^-entre as duas propriedades.
« O poder judicial não foi nem podia ir mais longe]
« A acção proposta foi de reivindicação, e de indem-
nização do prejuízo causado pelos aterros que Pinheiro
fizera no braça de mar—e—, e que Barthe entendeu le-
sivos de sua propriedade.
« O poder judicial julgou Barlhé carècedor da acção
— 559 —
por não ter titulo do terreno contestado; mas julgou
também os dous pontos a que alludimos, isto é, que
os titulos de Barthe não éomprehentiião a nesga de
mar, e que elle não linha provado o üso e servidão
dessa mesma nesga de mar.
, « Se o poder judicial se tivesse limitado a julgal-o ca-
recedor da acção por não ter titulo do terreno, ainda
restava e cumpria áo thesouro examinar se por ven-
tura Barthe tinha servidão para o mar pela nesga con*
testada, se delia fazia uso, para respeitar-se esse uso
«legitimo e natural, e não prejudicar Barthe conce-
dendo-se aputro; mas Bartlie allega no libêllo p uso
e servidão, pedindo até indemnização, e a sentença
declara que elle não provou esse uso e servidão, e
tanto gue não lhe julgou indemnização alguma.
« O thesouro não pôde pois pôr em duvida nem directa
nem indirectamente o julgado da autoridade judicial.
« Isto posto, resulta:
,«« 1.° Que a pretenção de Barthe para aterros no prolon-
gamento lateral dos terrenos de Pinheiro, figuràno- na
plgnta junta pelas a—c—x—b—c—y—d— deve ser inde-
ferida; o- -
«2.° Que a pretenção de Pinheiro para aterros junto á
sua propriedade na parte em que se limita com o mar,
deve sen deferida, ficando assim decidida esta questão
de preferencia, da competência do contencioso adminis-
trativo, conforme as disposições em vigor, e da qual era
prejudicial a questão decidida pela autoridade judicial,
de propriedade e posse que se ventilava em juizo.
« Os termos do deferimento} í;porém, devêm ser res-
trictos. •
« Foi ouvido o ministério da marinha, que aliás não
se oppunha ao aterro da nesga e mesmo aos prolonga-
mentos lateraes, declarando que não aílectava ós inte-
resses da navegação.
« A IUma. câmara municipal, que foi também ou-
vida, já declarou que não tinha plano algum de edificação
de cáes nesses lugares.
«Entretanto julgo conveniente que sé lhe remetia a
planta, cuja êxaetidão todavia o thesouro não affifma,
dizendo-se-lhe que lendo o poder judicial decidido a
questão no sentido qué expuz, e requerendo Pinheiro
fazer aterros no mar junto ao seu trapiche, convém que
a IUma. câmara demarque o espaço que deve" ser ater^
rado, apenas para rectificar o lado do dito trapichead-
jacenle a Barthe, parecendo, ao thesouro que deve ser o
espaço—a—d—x—da referida planta, salvo melhor juizo
da lllma. câmara.
— 560 — *
« Oütrosim due se a lllma. câmara concordar cohi d
fhesouroi mande proceder á medição e avaliação dos
terrenos accrescidos de que se acha de posse Barthe e
Pinheiro, e dos que a este hão de accrescer pelos ateriPs,-
a fim de se lhes passarem os respectivos titulos, para
o que fica marcado o prazo de 30 dias, sob pena de serem
compellidos a fazel-o quanto aos terrenos de que sê
achão de posse, e a Pinheiro especialmente de perda da
concessão dó referido espaço e demolição da obra feita
indevidamente na nesga de mar, sem concessão do thé->
6ouro, e nem mesmo licença da lllma. câmara municipal,
e da capitania do porto nò referido lado do seu tra-
piche.
« Expedidos os titulos deve o concessionário Pinheiro
solicitar a competente licença dá Hlma. câmara muni-
cipal e capitania do porto, assignando os precisos termos
nas respectivas secretarias, nos quaes se obriguem" á
fazer as obras do modo que lhes fôr determinado pela
Illiria. câmara municipal é capitania do porto, sób pena
dê Perfazerem effectivas as penas das posturas é regula-
mentos conlra os que transgredirem*— Directoria geral
do contencioso, 17 de Agosto de 1864.—Arêas. »
Tal é, Senhor, o parecer da secção; Vossa Magestade
Imperial, porém, mandará o qüe* á sua alta sabedoria
parecer mais justo.
Sala das conferências, êm 6 de Dezembro de 4864.—>
Cândido Baptista de Oliveira.-—Visconde de Itaborahy\
—Marquez de Abrantes. *

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Rio, 23 de Junho de 1865.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José'Pedrô Dias de Carvalho*

O CortímunicOu-se á lllma. câtrinrii municipal da côrle 0 iude*


ferimento do recurso interposto por João Baptista Barthe. Ordem de'
3 de Julho de 1863.
T- 561 —
N. 798.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 4865.
Sobre o privilegio da fazenda publica nas dividas provenientes do
letras de cambio e outros titulos mercantis.

Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem


mandar' expedir ás secções reunidas de justiça e fa-
zenda do conselho* de estado o- aviso seguinte:
« Ministério dos negócios da fazenda;—Rio de Janeiro,
10 de Dezembro de 1864.
m Illm. e Exm. Sr.— Süa Magestade o Imperador ha
por bem que as secções de justiça e fazenda do con-
selho de estado, em vista da representação junta do
conselheiro doutor procurador fiscal do thesouro na-
cional, (*) instruída corri os éxtractos dos relatórios do
ministério da fazenda de 1861,1863 e 1864, e do officio
da commissão liquidadorá da casa bancaria de Souto
& C.\ consultem com seu parecer, servindo V. Ex.
de relator, se tendo o mesmo thesouro negociado alguns
saques com differentes casas bancarias desta praça,
ue fallirão em Setembro do corrente anno, compete
2 fazenda privilegio e conseqüente preferencia para
haver das respectivas massas o seu pagamento, sendo,

{*) À representação do procurador fiscal a que se refere esta


consulta é a seguinte:
Thesouro nacional.—Directoria geral do contencioso, em 21 do
Setembro de 1864. ,
Illm. e Exm. Sr.—Tendo ha semana anterior suspendido' os seus
pagamentos, como é publico e notório, difíerentes casas bancarias
desta praça, e havendo o thesouro nacional negociado alguns saques
com as ditas casas, deve suscitar-se de Povo a questão de privilegio
da fazenda em relação ás dividas provenientes dos ditos saques.
.Como medida conservatória, e embora não conte qual o resultado
da negociação dos referidos saques; pode o thesouro mandar pro-
ceder a seqüestro de mera segurança nos bens das casas que sus-
penderão seus pagamentos, logo que se declararem fallidas.
Esta medida,- porém, presuppõe o privilegio fiscal e conseqüente
preferencia, questão ainda não resolvida; e demais nas eircumstan-
cias actuaes da praça não pode deixar de excitar grandes clamores.
Julgo todavia conveniente que o governo imperial tome uma de-
liberação sobre este importante assunipto.
Para esclarecimento de tudo quanto tem oceorrido a respeito de
«species anteriores^ em que os interesses do thesouro se acharão
envolvidos em fallencias, tenho a honra de submetter á illustrada
consideração de V. Ex. os éxtractos annuaes dos relatórios do mi-
nistério da fazenda de 1861, 1863 e 1864, que tratão extensamente
desta questão. > * • ' - , , . „ , „
Deus guarde a V. Ex.— Hlm. e Exm. Sn conselheiro Carlos Car-
neiro de Campos, ministro e secretario de estado dds negócios da
fazenda ê presidente do tribunaldo thesouro nacional.—José Carlos
de Almeida Arêas.
C. 71
— 302 —

portanto, applicavel a medida conservatória de mandar


o thesouro. proceder a seqüestro de mera. segurança
nos bens das ditas casas.—Deus guarde á .V. Ex.^-
Carlos Carneiro de Campos.— A S. Ex. o Sr. Visconde
dó Ürüguay. »
E' o parecer dos conselheiros Visconde do Uruguay,
Pimenta Bueno e Marquez de Abrantes o seguinte:
Esta matéria já fqi muito estudada e largamente dis«
cutida pela secção de fazenda tio conselho de estado,
ém consulta dé 13 de Dezembro de 1854; pelo con-
selho de estado reunido, como sé vê de'sua consulta de 3
de Abril de 1855; pela commissão de fazenda da câmara
dós deputados, em seu. parecer datado de 3 dê Agosto
deste ultimo anno, lido, julgado objecto de deliberação
e mandado imprimir na sessão desse dia.
A questão então agitada era idêntica á tie que ora
se trata. Era relativa á quebra da casa commercial
Deane Yohle & C , e queria-se saber, se, em vista
da legislação em vigor, gozava a fazenda nacional de
hypotheca legal sobre os bens da referida casa, e. de
preferencia sobre todos os outros credores, ou se tinha
de entrar com estes em rateio. , ;..
A secção de fazenda, pa supracitada consulta de 1854,
pronunciou-se pela affirmativa. t
Vossa Magestade Imperial houve por bem, pela re-
solução de 28.dp Abril de 1855, que fosse ouvido- o
conselho de estado.
Reunido o conselho, á metade dos conselheiros pré-*»
sentes pareceu que á fazenda nacional competia, no
caso, oprivilegio de preferencia, e qüe não devia entrar
em rateio -com os credores da casa fallida. Pareceu á
outra metade que não compelia á fazenda tal privilegio
no caso, não comprehendido na legislação em vigor,
e que vdevia entrar em rateio na causa de v
que se tra-
tava. ' •-
Houve então Vossa Magestade Imperial por bem, pela
sua imperial resolução de '25 de Abril de 1855, mandar
remetter essa consulta ao corpo legislativo^ e. que,;
entretanto, proseguisse a fazenda publica o seu direito
perante os tribunaes.
Affecta a questão á commissão de1 fazenda da câmara
dos deputados, opinou esta no parecer acima indicado;'
assignado pelo actual ministro tia fazenda de Vossa
Magestade Imperial e pelo conselheiro Ângelo Muniz
da Silva Ferraz, por varias razões, que ,largaménte'de-
duziu que—parecia de intuição que o privilégio dê; hy-
potheca legal e tácita e do procedimento executivo
fiscal da fazenda publica não comprehendia • quaesquer
— 563 —
transacções por letras de cambio ou da terra, nos
termos expostos: e que u-m só caso se daria era que
taes letras deyão ficar subordinadas ao privilegio e
processo executivo da fazenda nacional, e esse seria
em que essas letras sejão passadas pelos devedores em
execução, etc, etc—que se se quizesse attribuír á fa-
zenda publica ó privilegio fiscal em dividas provenientes
de transacções meramente mercantis, seria esse mais
prejudicial ao thesouro publico, embaraçando trans-
acções commerciaes de movimentos de fundos, de que
*o governo precisasse lançar •mão, e estorvando mesmo
as que se houvessem de fazer entre os negociantes a
quem o governo se dirigisse e outros, por ficarem
todos na incerteza das transacções feitas cora o go-
verno, e do risco que correrião suas dividas reciprocas
no caso de não serem, pagas por alguns delles, letras
que o governo tivesse era seu favor, etc,, etc.
Concordando os mesmos conselheiros abaixo assig-
nados com esta opinião, pelas razões deduzidas nesse
parecer, e na consulta acima citada do conselho - de
estado, pelos. conselheiros que' sustentaváo a mesma
opinão, parece-lhes inútil rèpetil-as, até porque o go-
verno imperial, reconhecendo-se incompetente para a
dar, demjttiu de si a solução da questão,'affectando-a
ao corpo legislativo. E, com effeito trata-se de inter-
pretação de lei, e somente compete á assembléa geral
interpretar as leis.
Nos-relatórios do ministério da fazenda de 1861, 1863
e 1864 insistiu o governo imperial em fazer dependente
a solução da questão da assembléa geral legislativa.
E serião, por certo, as aíílictás eircumstancias em
«mie se achão tantos outrPra ricos,, reduzidos á po-
breza, tantos remediados e pobres reduzidos á miséria,
as peiores, para o governo, reassumindo (se é que o
tinha) o direito, que de si demittira, de resolver a
questão, augmeqtendo a affticção aôs aíílictos, apre-
sentar-se armado com sequestros, e com -um privi-
legio, que não está claramente estabelecido nas leis
para o caso, cortando para si a parte do leão, preen-
chendo-a cora os mesquinhos restos que. arruinadas
fortunas particulares ainda poderião salvar do nau-
frágio geral, e dando assim justificado incremento ao
clamor publico.
Eritendem, portanto, que cumpre esperar a solução
pedida ao corpo legislativo.
O conselheiro visconde de Itaborahy está ainda de
accôrdo com a doutrina sustentada na consulta de1S
de Dezembro de 1854, mas parece-lhe que, tendo e go-
— 564 —
verno submellido ao poder legislativo a questão que faz
objecto delia, cumpre-lhe esperar a decisão desse poder.
O conselheiro Visconde de Jequitiiihonha opinou nos
seguintes termos: ,*. A
O conselheiro Visconde dé Jequitinhonha é de opinião
que, á vista da legislação em vigor, a fazenda na-
cional goza do direito de preferencia sobre, os outros
credores de casas fallidas para o integral pagamento
de suas dividas provenientes de transacções de saques
ou letras deshonradas e não pagas; conforme con-
sultou com o seu parecer em obediência ao aviso ex-
pedido pela repartição da fazenda em 15 de Dezembro
de 1854, á secção de fazenda tio conselho de estado,
sendo relator" o mesmo conselheiro Visconde de Jequi-
tinhonha. As razões então expostas e em resumo ex-
pen'did.aj no relatório do ministério da fazenda de 1863,
ainda nao forão refutadas, embora, combatidas, enem
erapossivel que o fossem, pois seria necessário apagar,
a letra, e desconhecer o espirito da legislação citada
na referida consulta.
. Assim que, respondendo unicamente, como é de seu
dever, ao quesito indicado no fim do aviso, em virtude
do qual foi este objecto posto em consulta da secção
a saber-se tendo o thesouro nacional negociado alguns
saques com differentes casas bancarias desta praça,
que fallirão em Setembro do anno próximo passada,
compete áfazenda privilegio, e conseqüente preferencia
para haver das respectivas massas o seu pagamento,
sendo portanto applicavel a medida conservatoria de
mandar o thesouro, proceder a seqüestro de mera se-
gurança nos bens das ditas casas—, é o mesmo con-
selheiro de opinião affirmativa, pois entende que um
dos primeiros deveres do governo é' acautelar os in-
teresses e dinheiros nacionaes.. Por isso mesmo que o
governo demittira de si, resolverá questão, e a levou
ao conhecimento do corpo legislativo, é de sua rigorosa
obrigação empregar a medifla indicada no mesmo aviso,
e art. 7.° das instrucções de.20 de Novembro:de 1863,
a que se refere a circular n.° 55 ás thesourarias de
fazenda das províncias,. % *• -.
Nem procedendo assim se pôde dizer que o governo
— augmenta a afflicção aos aíflictosv cortando para si a
parte do, leão. — Certamente não. O que faz o goverto
é evitar que a fraude ( porque fraude-é estar quebrado"
ha mais de três annos, e fazer transacções, como se
não estivera) prevaleça contra a boa fé do governeis
e se apodere do thesouro nacional.* Se não houvesg®
lei, que» como entende o conselheiro Visconde de Je->
— 565 —
•quitinhonhá existe, que premunisse o thesouro publico
contra taes fraudes, o que está occorrendo seria de so-
bejo para que os legisladores do paiz a decretassem.
Em 17 do dito mez de Dezembro houve Vossa Magesta-
de Imperial por bem mandar expedir ás ditas secções
este outro aviso : « —Ministério dos negócios da fazenda.
—Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 1864.—Illm. e Exm.
Sr.-—Sua Magestade o Imperador ha por bem que as sec-
ções de justiça e fazenda do conselho de estadp, ser-
vindo Vi Ex. de relator, consultem, com a maior brevidade
-possível, a respeito da matéria do incluso officio da com-
missão liquidadora da massa fallida de Antônio José Alves
Souto &Comp.,datado de 14 deste mez, que se prende*
á questão do privilegio e preferencia da fazenda para
haver o seu pagamento das casas bancarias desta praça,
que fornecerão saques ao governo, e fallirão em Setembro
ultimo,sobre a qual o mesmo Augusto Senhor mandou
ouvir as referidas secções por aviso do corrente mez.
—Deus guarde aV. Ex.—Carlos Carneiro de Campos.—
Sr. Visconde do Uruguay.»
O officio da commissão liquidadora, a que este aviso
se refere, é o seguinte :
«Illm. eExm. Sr. A commissão liquidadora tia massa
fallida de Antônio José Alves Souto & Com p.^ tendo resol-
vido proceder a um rateio de 10% pelos credores da dita
massa, e lendo em vista o aviso de V.Ex. de 6 do corrente
mez, que determina a observância das instrucções de 20
de Novembro de 1863, arts. 6.°e7.°, Vê-séna necessidade
de submetter ao conhecimento de V. Ex. algumas consi-
derações a este respeito. Sem entrar na questão do direi-
to, qüe a fazenda nacional sustenta pára o *seu paga-
mento integral neste caso, porque espera a, decisão de
V. Ex. sobre a matéria do oíficio de 30 de Novembro pró-
ximo passado, que V. Ex. se dignou de commurfflcar-lhe
estar affecto ao conselho de estado, a reserva em caixa
de ,uma sommajlão considerável, qual as das cambiaes
«dadas petos íáHidos ao thesouro nacional, inhabilitaria
a commissão para proceder ao rateip deliberado, o
que nas actuaes eircumstancias seria um grande mal
para a classe dos pequenos credores, quereçlamão todos
os dias o seu pagamento, allegando ser o único re-
curso de suas necessidades, e havendo as outras com-
missões administradoras começado já a fazer, o pri-
meiro rateio, a demora desta deve produzir pernicioso
effeito em uma classe de credores, que tanto carece
desse pequeno recurso, e que nem sempre attende ás
razões que impedem aos administradores de satisfazer
aos seus desejos.
- 566 —
Estas razões, pois, acredita a commissão que le-
varão ao animo de V. Ex. a convicção de«quenão é pos-
sível deixar em caixa a somma das ditas cambiaes,
Poderia a commissão fazer a reserva com ápdticês
da divida publica pertencentes á massa; mas, sendo ellas
um dos valores com que a.commissão conta parapoder
fazer.face a um pagamento, que provavelmente terá de
clevar-se a quatro mile quinhentos contos de réis, senão
mais, essa reserva produziria os mesmos effeitos que a do
dinheiro em caixa; entende, portanto, a commissão que a
equidade do goverrioseria bem exercida, dispensando-se
ainda esta reserva, no que, segundo parece á comrqissão,
o thesouro nacional não será ôrejudicado, porquanto
se a casadeÔovey Benjamin& Corap., deLondres, pagar
os 60 % como tratou com ogoverno, tendo este de haver
da mass&vfallidaique liquidamos só 40°/o, dos quaeslO0/»
receberá nP**primeiro rateio, parafazerface ao saldo que o
thesouro tenha de haver da massa, sobeja garantia existe
nos prédios, êm os quaes se poderá fazer a reserva exigida
por V. Ex., até que se decida a questão principal* que
está dependente tie solução do,governo.
Resumindo, portanto" o que acaba de expor a com-
missão; solicita ella de V. Ex. a graça de declarar que
era» lugar da reserva determinada pelas instrucções qüe
V: ES; mandou observar, se effectue em propriedades
de valor correspondente; porque deste modo, sem ficar
a questão resolvida, se consultão todos oâ interesses.
Deus guarde a V.Ex.—Rio de Janeiro, 14 de Dezembro
de 1864.—Illm. e Exm. Sr. conselheiro Carlos Carneiro
de Campos, ministro é secretaria de estado dos negócios
da fazenda.—José Pedro Dias de Carvalho.—Guilherme
Pinto de Magalhães.—Bernardo Joaquim de Souza. »
Quanto á matéria deste ultimo aviso, entendem os
conselheiros Visconde do Uruguay, Marquez de Abrantes
e Pimenta Bueno, que a sua decisão depende da que fôr
dada sobre aquelle outro de 10 de Dezembro. *
Se o governo, opifião elles, não declarou, não declarar
não pode declarar que a fazenda nacional tem. o pri-
vilegio em questão no caso sujeito para não entrar em
rateio, não pode, por í u a própria autoridade fazer obra,
que suppõe e depende de uma declaração e embaraçar,
por sua própria autoridade^ ô rateio"de que trata o
officio junto da commissão liquidadora da massa fallida
de Souto & Comp.—Idem est quod idem valei.
Os conselheiros Visconde de Itaborahy> e Baptista
de Qliveira concprdão era que, estando dependente da
decisão do poder legislativo a questão de que trata
o aviso de 10 de Dezembro, não pôde o governo* por
— 567 —
sua própria autoridade, embaraçar o rateio a que se
refere o officio da commissão liquidadora.
Oconselheiro Visconde de Jequitinhonha édo seguinte
parecer : •
. O Visconde de Jequitinhonha também entende que a
decisão da máteriã do officio da commissão liquidadora
da massa fallida de Antônio José Alves Souto & Gomp.,
datado de 14 de Dezembro ultimo, depende da decisão
da consulta que teve lugar em virtude do aviso de 10
daquelle mez.
#i1A commissão, sem attender ás rigorosas obrigações
contrahidas pelo poder executivo, e impostas pela lei
fundamental do Estado, entra em considerações mera-
mente sentiraentaes, esó próprias daquelles,gue; baldos
de .justiça, procurão offuscar a claridade5 do"*preceitos
desta, com o seductor, mas ephemero,esplendor, dos,
sentimentos de humanidade. , ;.-.'"r
Se a commissão procurasse examinar quem éaJcausa
da demoradafixação,e pagamento do primeiro e demais
dividendos da massa fallida em questão, fácil lhe seria
.descqbrir, para não pretender que o governo imperial,
cujo primeiro dever é salva -guardar ós interesses do the-
souro, os abandone com violação de tão sagrada obri-
gação. Seella procurasse saber quem fôrá a verdadeira,
e primeira causa do mal quesóffre ede q#ie se .queixa
altamente — a classe dôs pequenos credores, que te-
clamão todos os dias os seus pagamentos, àllegaíido
ser o único recurso de suas necessidades —, fácil
•lhe seria ver que não fôra o governo, mas aquelle que,
abusando do seu credito, e encontrando no Banco do
Brasil uma condesóendencia sem limites, contraria
completamente a todos os preceitos da sciencia, e
boa administração bancaria, iiludiu ó publico , fazen-
do-o crer qüe estava em boas e sólidas eircumstancias,
quando aliás achava-se fallido fia mais de três annos,
talvez desde 1857 !
' O conselheiro Visconde de Jequitinhonha, pois, pensa
que muito importa*que o-governo imperial, resistindo
ás seduetoras lamúrias' com pue pretendem íllaquear
sua religião e boa fé, severo cumpra a lei, e defenda
os dinheiros nacionaes. ,
Vossa Magestade Imperial,. porém, mandara o que
fôr mais acertado.
Saia das conferências, 31 de Janeiro de 1865.— Vis-
conde do Uruguay.—José Antônio Pimenta Bueno.—Vis-
conde de Jequitinhonha.— Marquez de Abrantes.—-Vis-
conde de Itaborahy .—Cândido Baptista de Oliveira.
i . • - r 868 —

''•?'•' RESOLUÇÃO;
<-. , /.-. . ' '
Como parece ámaioria das secções.
Paço, em 23 de Junho de 1865;
_ Com a rubrica'de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 799ÍM1SOLUÇAO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


- - ' - ' • ' ' • * *

Sobre o Officio do presidente do Banco do Brasil acerca do em-


préstimo pretendido pelos negociantes e fazendeiros de. S. Paulo,
Vergueiro & Comp.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de ,31,de Janeiro
nltirao, que as secções de fazenda e do império do con-
selho de estado consultassem a respeito da matéria do
incluso oíficio do presidente do Banco do Brasil; que
trafá do empréstimo de 2.200:000^000 pretendido pelos
negociantes e lavradores da provincia de S. Paulo, Ver-
gueiro &. Comp. • ' -|
O empréstimo que pretendem obter Vergueiro & Comp4.
e berri assim as condições que offerecem para realizal-o,
constáo do seguinte memorandum;
«Vergueiro & Comp. pretendem contrahir o referido
empréstimo na importância de 2.200:000#0003 debaixo das
seguintes condições ou oulras que se convencionarem:
1.a O Banco do Brasil emprestará a^VergueiroA Comp.
a quantia de 2.200:000^000, para garantia dos quaes
2.a Vergueiro & Comp. farão hypotheca geral de seus
estabelecimentos agrícolas, com os escravos, sendo a
fazenda denominada Ibicaba, sitano districto da Limeira
com cerca de um milhão e quatrocentos mil pés. de
café, que podem produzir para. mais de cem mil arrobas
de café, costeada por uma população agrícola de mil e
cem almas, entre colonos e escravos, e.do sitio denomir
nado Saltinho, qué lheficaannexo, com proporçôese ter-
renos preparados para grande lavoura, e mais a fazenda
denominada Angélica,. sita no districto de S- João do
.Rio. Claro,, com plantações para produzir desde já cerc%de
trinta mil arrobas de café, também costeada por cqlonbs
- 569 —
e escravos, e cora grandes plantações de algodão
promettendo uma producção avantajada, com enorme
território próprio para a cultura do café e algodão, e
mais diversas propriedades que possuem em diversas
cidades da provincia de S.Paulo.
3.» Este empréstimo será pago dentro do prazo de
três annos, pagando os hypothecantes annualmente os
juros que se convencionarem, e podendo amortizar
mesmo toda a quantia antes do referido prazo com os
meios que lhes facultão os productos de sua lavoura e
^cobranças de suas dividas activás, inclusive a alienação
dos bens que hypothecão, a qual não poderão fazer
senão para pagamento do empréstimo que contranem.
Qs estabelecimentos agrícolas e propriedades ur-
banas, que se offerecem em garantia do em§>*ptimopelos
valores actuaes, importão era cerca de 3|Ü0O:0O0#00a,
e este valor poderão alcançar em uma liquidação lenta
e normal, pelo que, pelo lado tia garantia, o negocio é
perfeito, e. esta existe tie sobra, nos bens que se hypo-
thecão.
Vergueiro & Comp. têm em vista liquidar seus ne-
gócios commerciaes e dedicarem-se exclusivamente á
agricultura; mas importando seus estabelecimentos
agrícolas, em quantia superior ao capital da sociedade
Vergueiro ACorap., nãopód© esta cessar suas transações
commerciaes dPnde tirão recursos*de credito, sem
contrahir um empréstimo que habilite a evitar negócios
forçados, a cobrar lentamente as dividas activas que
óssuem no interior da provincia, e a effectuar sem
E íicrificio a venda de grande parte das terras incultas
de que os estabetecimeatos agrícolas não precisão para
desenvolverem-se e prosperarem.
Uma liquidação forçada da casa de Vergueiro & Comp.
acarretaria para a provincia de S. Pauto uma crise hor-
riveU visto como,, mantendo grandes transacções com
diversas casas importantes/ da província, è sobretudo
com a primeira bancaria da cidade de S. Paulo, que tem
em mão dos, mais, importantes lavradores para mais de
6.000:OQO#OOft, e seado esta forçada ao recolhimento re-
pentino desse capital, obrigaria aquelles lavradores á
vendia de seus-estabelecimentos,, que, na escala em que
se offerectão, mão poderião achar compradores, e assim
se arruàrjaüião, arruinando também aos seus credores, e
em getal á lavoura interna da provincia, além de que
partiçàpariãOi desta queda aa casas cpto»meirciaes de San*
tos, muitas das quaes serião arrastadas, e at& algumas
desla praça- Sobrelma .nolar-se qu% havendo naqbelfás
fazendas cerca d&mil colonos, devedores e crtâ&fefrãev
c. 72
— 570. —
Vergueiro <& Comp., a liquidação tia casa os poria era
má posição, em presença da qual elles rea^irião em
séria e grave desordem,' como já uma vez hzerão por
mais insignificantes motivos, e aquelles estabelecimentos
coloniaes que podem em seu estado prospero animar a
vipda ,de colonos estrangeiros, único recurso com que
de futuro podem contar os grandes proprietários
agrícolas da provincia, seria uma vez destruído por
modo tão fatal, jupi, novo e insuperável obstáculo para
a, emigração, e attendendo-se ainda a que aquelles
estabelecimentos, que são o fructo de mais de 60 annos
de ihtellígente e activo trabalho e de patrióticos esforços
de umá família inteira, possuindo as mais aperfeiçoadas
machinas hydraulicas e a vapor, que se conhecera até
hoje na lav|»ça. do Brasil, serverii por isso dê escola
normal para gprovincia de S. Paulo, cujos activos e in-
telligentes agricultores alli vão estudar pessoalmente
os melhoramentos que constantemente se introduzerq,
tirando até das oíficinas de Ibicaba machinismos com
que Vão substituir no sertão o trabalho rotineiro. Tudo:
isto desappareceria com uma liquidação forçada, e a
par daquellas conseqüências desastrosas para a pro-'
yíncia, outras também graves podem dahi surgir, que;
matando aquella flopescente lavoura, |ambera serião
embaraços para a administração da província.
O único estabelecimento bancário, que está nas con-'
dições de prestar o auxilio que se solicita, é o Banco do
Brasil que, com quanto não tenha por objecto de suas
operações auxiliar direetamente a lavoura, como banco
nacional já reconheceu a necessidade de não deixar in-
teiramente desamparados lavradores intelligenies e ho-'
nestes, e qüe offereção garantias sufficientes pelos em-
préstimos que pedem; sendo que ninguém com mais
justiça até hoie solicitou o poderoso auxilio daquelle
banco, que só se poderá obter com intervenção do go-
verno imperial,, que se dignará tomar na devida consi-
deração o assumpto do presente memorandum. » •'
A respeito desta pretenção foi ouvido o presidente
do Banco do Brasil, que respondeu deste modot
« Illm. e Exm. Sr.—Respondendo ao oíficio de V. Ex.
de 14 do corrente, exigindo a minha opinião sobre a
transacção proposta ao Banco do Brasil por Vergueiro
& Çomp., negociantes da cidade de Santos, e lavradores
da provincia de S. Paulo, para realizarem naquelle esta-
belecimento um empréstimo de 2.200:0008000, hypo*
tbecando-lhe como garantia as fazendas de sua pro-
priedade; cumpre-me levar ao conhecimento de V.Ex»
0 seguinte:; ; >.
-"871 -
- 1." Nos empréstimos permittidos pelos estatutos' do
banco, são vedados os que têm por garantia hypothecas;
embora em transacções especiaes tenha ó banco acei-
tado hypothecas, para o fim único de garantir o paga-
mento de dividas procedentes de operações regulares;
g 2.° Quando mesmo não se desse o precedente mo-
tivo, o banco se recusaria sem duvida a aceitar a trans-
acção proposta, além de outras razões de ordem
secundaria, pela inconveniência de inamobilisar pefo
espaço de três annos um capital de valor attendivel, e
^principalmente, pela obrigação, em que actualmente se
ápha, de restringir a sua emissão, da qual faz parte in-
tegrante a da sua caixa filial estabelecida na cidade de
S. Paulo.
Deste modo tenho satisfeito ao que de mim exigira
V. Ex., devolvendo ao mesmo tempo o memorandura que
acompanhara o seu officio, apresentado a V Ex. por
Vergueiro & Comp.
Deus guarde a V. Ex. — Banco do Brasil no Rio de
Janeiro, 18 de Janeiro de 1865.—Illm. e Exm. Sr. conse-
lheiro Carlos Carneiro de Campos, ministro e secretario
de estado dos negócios da fazenda. — Cândido Baptista
de Oliveira; »
As secções dejfazenda e do império, meditando alten-
tamente na matéria que faz objecto desta consulta, en-
tendem que nem cabe ao governo imperial, nem lhe é
licito intervir ou fazer-se parte no negocio exposto no
memorandum, que deixão transcripto:
4." Porque os estatutos do Banco do Brasil lhe vedão
fazer empréstimos hypotheearios; e os estatutos têm
força de lei, depois da de 22 de Agosto de 1860;
.2.° Porque, como ninguém ignora, taes operações são
incompatíveis, não já só com a segurança e solidez dos
bancos de emissão, mas ainda com as dos de simples
depósitos e descontos, e a desastrosa influencia que está
exercendo, e ha de continuar a exercer o curso forçado
do papel do banco sobre nossa circulação monetária,
exige instantemente que, em vez de peioral-a, o governo
e a directoria desse estabelecimento procurem repôl-a
em seu estado normal;
3.° Porque no officio do presidente do banco se de-
clara que a transacção proposta pelos süpplicantes será
alli recusada; e as secções ,não concebem de que modo
poderia o^overno resolver ou compellir ó banco a pro-
ceder difrerentemehte;
4.° Porque não é só a casa Vergueiro & Comp. qüe re-
corre, ao governo, solicitando tão singular e extraordi-
:
nária providencia. "
Ahi estão a mp> partem senão todos os fazendeiros dos
municípios do Mar de Hespanha e Juiz de Fóra, pe-
dindo a mesma cousa, e allegando idênticos fundamentos
em uma representação que airigirão ao governo de Vos^a
Magestade Imperial. Após elles viráõ os dos demais mu-
nicípios da provincia do Rio de Janeiro, e logo? os de
£. Paulo, os de Minas, etc.
Allega o memorándum que o Banco do Brasil têm já
feito empréstimos idênticos ao que agora se pretende.
Se assim fosse, o facto reelamaria a mais séria altónçã>cfe
do governo; mas em nenhum Caso um abuso tão peri-
t goso poderia justificar outros abusos da-mesma natureza;
e muito menos obrigar o govegio a sanccional-^os cojh
seu consentimento tácito ou expresso.
O conselheiro Bernardo de Souza Franco foi do seguinte
parecer:J **&,.
No estado normal tios mercados commerciaes do
Império, e da execução plena dos estatutos do Banco do
Brasil, a excepçao requerida em favor da casa commer-
cial Vergueiro & Comp. para se lliie fazer um empréstimo
hypothecario, deveria ser rejeitado in limine.
O caso, porém, é diverso; e não só os embaraços da
praça do Rio de Janeiro e de outras do Império tem exi-
gido providencias extraordinárias, que felizmente tem
surtido resultados favoráveis; como i*ue o Banco dó
Brasil foi autorizado para suspender o troco de suas
notas em ouro, e para exeeder a emissão, normal do
duplo de seu fundo disponivel. Isto para evitar a quebra
do Banco Rural e Hypotheeario, a do mesmo Banco do
Brasil, e uma crise tremenda na praça do Rio de Janeiro,
e nas que com ella têm relações immediatas e trans-
acções avultadas.
Figura-se que' a easa Vergueiro & Comp. podei, sus-
pendendo seus pagamentos, acarretar em sua queda o
Banco Gavião Peixoto, embaraçar muito a caixafilialdo
Banco tio Brasil era S. Paulo, e acarretar crise tremenda
ao commercjo da provincia, e a ruína de sua agricultura
chamada de chofre a pagar debito avultado, que somente
era annos pôde solver.
A perspectiva ê ameaçadora, e mesmo quando nã«
seja a realidade tão wedpnha como se figura, não se
pode desconhecer que é grave, e merece ao governo do
pau muita attenção e providencias que, como no Rio de
Janeiro em Setembro e Outubro próximo passado sal-
varão a provincia de uma catastrophe fatal.
O que pois eu penso é que, convencido o governo iin-
perial dos perigos tia situação, tome a seguinte provi*
dencia em que não sahirá da orbita desuas attrifruições
— 573 —
legaes, e lançará de sobre si a responsabilidade da crise
que se figura pendente sobre a provincia de S. Paulo. A
providencia é declarar ao Banco do Brasil que o governo
imperial consentirá em que a sua emissão se eleve, além
da autorizada, a mais 1.000:000#000, se esta quantia fôr
emprestada á casa Vergueiro & Comp., por letras aos
prazos do banco, porém- reformaveis dentro tio período
de três annos,, exigindo como garantia addicional ahy-
potheca de todos os henS de raiz e escravos da sociedade
^Vergueiro
4
& Comp.
Este empréstimo, assim pontractado, hão será pro-
priamente hypothecario, porém desconto ordinário com
garantia de bens 'spffijge.ntespara segurança do banco.
Os 1.000:000^000 devWm pôr a casa Vergueiro & Comp.
em posição dé sahír gradualmente das diíüeülda.des com
que lula, se é exacta a sua exposição ; e a Mo bastarem
revelaria uma situação desesperada nas quaês não ha
remédio possível.
A situação dó Commercio, lavoura e casas bancarias
da provincia de S. Paulo exige sacrifícios, e o governo,
facultando ao Banco do Brasil o meio. de a salvar, consul-
tará os interesses do mesmo banco, por certo ,o que
mais tem a perder em qualquer crise que descarregue
seus furores sobre aquella provincia, onde tem uma
caixa filial importante.
Ao banco caberá tomar medidas para que esta somma
seja empregada effectivamente em sol ver o debito cori-
trahido, com a sua caixa filial e casa bancaria Gavião á
Comp;, e não em estender transacções que a casa Ver-
gueiro & Comp. tenha feito além de seus meios.
Aquelle é, Senhor, o parecer da maioria das secções;
mas Vossa Magestade Imperial decidirá era sua alta
sabedoria o que fôr mais acertado. ,
Sala das conferências, em 7 de Março de 1865.—Vis-
conde de Itaborahy* — Marquez de Abrantes.—Cândido
Baptista de Oliveira.—Visconde de Sapucahy. — Ber-
nardo de Souza Franco,
RESOLUÇÃO.

Como parece á maioria das secções. '•(*)'


Paço, êm 23 de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

f) Cómmunicóu-sé ao presidente do Banco do Brasil o irfdefêrf-


mento desta pretençio. Aviso de 20 de Julho de 1868.
— 574 —
N. 800.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE m"al '
Sobre a pratica seguida pelo Banco do Brasil de emittir letras ao
portador por dinheiro recebido a prêmio. >
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso
do ministério dos negócios da fazenda de 16 tie Janeiro
iiltimo, que a secção de fazenda do conselho de estado
consultasse com seu parecer acerca da pratica seguida
pelo Banco do Brasil, sob os fundamentos constantes
da informação junta, de emittir letras ao portador pór-
dinheiro recebido a prêmio.
O | 4. árt. 11 dos estatutos do Banco do Brasil, única
disposição que se refere aos títulos de que trata ó citado
aviso, éxprime-se deste modo: « O banco poderá tomar
dinheiro a prêmio por meio de contas correntes ou pas:
sando letras; não godendo o prazb em nenhum dos dous
casos ser menor de 60 dias. »
Ora, sendo certo que é da natureza destes titulos po-
derem ser passados á vista ou a prazo determinado; ao
portador ou nominativamente; e que os estatutos não
puzerão outra restricção á faculdade de emittil-os, serião
a de fixar-lhes o prazo minimo, parece não haver funda-
mento para contestar-se a legalidade da pratica seguida
pelo banco. ^
Accrescem, em apoio desta opinião, outras razões ex-
ostas na informação junta da directoria daquelle esta-
E elecimento.
A secção não tocará, por lhe parecerem ihopportunas;
e alheias da questão que se suscita, em considerações
próprias para demonstrar que nenhuma influencia pre-
judicial pôde exercer sobre a circulação monetária a
faculdade de emittir letras áo portador, dada ao Banco
do Brasil, tendo elle, como tem, obrigação de realizai
suas notas em ouro.
Tal é o parecer da secção, mas Sua Magestade Impe-
rial resolverá o que fôr mais justo.
Sala das conferências, em 13 de Março de 1865.—
Visconde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes,—Cân-
dido Baptista de Oliveira.
RESOLUÇÃO. ,
Como parece. (*)
Paço, em 23 de Junho de 1865. ~" '
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalha^—.
(*) Aviso n.? 310 de ia.*de Julha de Í86S, na, collecção das leis*
— 575 —

N. 801.-RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.

Sobre a representação da câmara municipaldo Mar de Hespanha,


pedindo que pelo Banco do Brasil.se facultassem capitães á la-
voura para solver seus graves empenhos, mediante certas con-
dições.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de 24 de Dezem-
bro do aririó passado, que as secções reunidas do impé-
rio e fazenda do conselho de estado consultassem com
seu parecer sobre a matéria constante da representação
da câmara municipal da-cidade do Mar de Hespanha, na
provincia de Minas Geraes, que acha-se junta ao incluso
oíficio da respectiva presidência, datado de 6 do dito
mez, e bem assim dos requerimentos que sobre o mesmo
assumpto fizerão os lavradores e habitantes daquella lo-
calidade.*
Na representação se pede que o governo imperial faça
o Banco do Brasil 'facultar direetamente á lavoura os
capitães de que precisa para solver seus gravosos em-
penhos, sob garantia dos bens que possue, razoável e
devidamente avaliados, e a prazos mais longos.
Acompanharão a dita representação outras duas dos
habitantes daquella cidade, e de grande numero de la-
vradores dos municípios do Mar de Hespanha, Juiz de
Fóra, etc, sendo era ambas ellas éscriptos por uma única
letra os nomes das pessoas que as deverão ter assig-
nado. '
Parece ás secções que, ainda quando a providencia,
que.se solicita, pudesse minorar as difficuldades apon-
tadas pelos süpplicantes, e nãò contrariasse os princípios
em que se baseão as instituições da natureza do Banco
do Brasil, não caberia nas attribuições do governo im-
pôr-lhe a obrigação de aceitar firmas, que não lhe pa-
reção sufficientemente abonadas, e muito menos a de
fazer operações não autorizadas pelos seus estatutos. As
de que tratão os süpplicantes só podem realizal-as as
instituições de credito territorial.
Assim a representação da câmara municipal do Mar
de Hespanha não deve, no conceito das secções, ser de-
ferida favoravelmente. Mas Vossa Magestade Imperial
resolverá como era sua sabedoria julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 21 de Março de 1865.—Vis-
conde de Itaborahy .—Marquez de Abrantes.—Cândido
Baptista de Oliveira.—Visconde de Sapucahy.—Ber~
nardo de Sousa Franco.
— 576 —
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 23 de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade Q Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho._

N, 802.-RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre os vencimentos que competem ao empregados de fazenda
quando obtêm licença por motivo de moléstia.

,'Senhor.—Pela secretaria de estado dos negócios da


fazenda foi, por ordem de Vossa Magestade Imperial, ex-
pedido á secção competente o seguinte aviso :
« .0 decreto n.» 2343 de 29 de Janeiro de 1859 dispôz,
rio art, 35, que nos casos, de licença dos empregados, de
fazenda por mptivo de moléstia, p desconto estabeleeido
pela legislação anterior seria de metade do vencimento.,;
e somente applicavel ás licenças excedentes a seis mezes
até um anno.
Como o art, .43 domesrao decreto, marcando os ven-
cimentos dos empregados do thesouro e thesouratiás da
fazenda, declarou que as gratificações, que deUes"fazião.
parte, erão devidas pelo effectivo exercicio dos em-
pregados, salvos, ps casos de impedimento por serviço
gratuito* entendeu o ministério a meu cargo qua nas re-
feridas licenças devia cessar o abono da gra>tifi§a$|pj
P3gandó=se o ordenado por inteiro, ou unioaraerít©f||eT
tãde, conforme erão concedidas por menos ou mais de
seis mezes.
",E tanto este pensamento sempre prevaleceu, que o
regulamento das alfândegas de 19 de Setembro de 1860,

. <*1 Çomj«u»ico«Tse;ao.presidente daí provitoeiíi def Mihàs o indeferi»


mento desta pretenção. Aviso de 13 d,e. Julho de 1865,
— 577 —
no art. 90, tratando de idêntico assumpto, só concedeu
o ordenado aos respectivos empregados, sujeitando-o
ao desconto de metade depois de seis mézes.
Os regulamentos das diversas secretarias de estado,
que forao reformadas nos sobreditos annos de 1859 e
1860, modelando as suas >disposições sobre licenças
pelas que região o thesouro e thesourarias de fazenda,
derão em geral aos empregados daquellas repartições
direito aos vencimentos por inteiro até seis mezés e á
metade dahi em diante.
• O thesouro, a principio, procedeu quanto a esses
empregados da mesma fôrma por que procedia a res-
peito, tios de fazenda; mas apparecêrão reclamações, e
os ministérios de estrangeiros e da guerra, báseando-se
na palavra —vencimentos— empregada nos respectivos
regulamentos (assim como o fôra no citado decreto tie
%9 de Janeiro de 1859) resolverão que os seus empre-
gados, nos seis primeiros mezes de licença por moléstia,
percebessem o ordenado e a gratificação, não obstante
ser esta devida somente pelo effectivo exercicio.
Ainda ultimamente o ministério da marinha, dándo-
se um facto semelhante, ouviu sobre a matéria a secção
de marinha e guerra do conselho de estado, a qual con-
sultou a favor da pretenção submettidá-ao seu exame, e
assim o decidiu a imperial resolução de 31 de Dezembro
doanno passado, como se Vê dos papeis juntos, furidan-
do-se nas mesmas razões que tiverão os dous primeiros
ministérios para afastar-se da intelligencia dada pelo
thesouro á legislação de que se trata, isto é—que a lei
nestes casos não é direito antigo, masps novos regula-
mentos, e que se esse arbítrio hão é o mais fiscal, ó sem
duvida, alem de equitativo, o mais consêntaneo com a
protecção a que têm direito os bons empregados públi-
cos Jê o mais conforme aos precedentes do governo.
A vista destes principios é licito duvidar se a pra-
tica seguida pelo thesouro relativamente ás licenças dos
empregados de fazenda é a que com effeito deve ter a
competente legislação, porquanto as disposições destas,
salvo quanto aos das alfândegas são inteiramente idên-
ticas ás dos regulamentos das diversas secretarias de
estado.
Ora, não convindo por um lado que disposições em
tudo semelhantes sejão executadas por diverso modo,
e por outro podendo resultar grandes inconvenientes
da adopção.sem restrieções da doutrina estabelecida
pelos ministérios acimarhencionados, pois que dá lugar
a abusps que viráõ pesar sobre os cofres públicos,
torna-se necessário examinar de novo esta matéria,
c. 73
— 578 —
Nestes termos Sua Magestade o Imperador ha por
bem que a secção de fazenda do conselho de estado,
servindo V.Ex. de relator, consulte sobre o assumpto,
tendo em vista quê os empregados das recebedorias
devem ser equiparados nesta parte aos do thesouro
e thesourarias de fazenda, embora percebão porcen-
tagens, além das gratificações, em virtude do art. 8.°
do decreto de .17 de Março de 1860, n.°2551; e não
assim os das alfândegas, por ser expresso o art. 90
do regulamento de 19 de,Setembro do mesmo anno,
concetiendo-lhes somente o ordenado,» como fica dito,
nos casos de licença por motivo de moléstia.
A disposição do decreto de 29 de Janeiro é clara
é terminante. Nenhum empregado de fazenda, diz esse
artigo, pôde perceber gratificações ,sem estar era effec-
tivo exercicio, salvo casos de impedimento por ser-
viço gratuito a que eslejão obrigados por lei ou ordem
superior. Parece, pois, fóra de duvida estarem ex-
cluídos da excepçao os empregados que obtêm licença
por motivo de moléstia. E' verdade que o art. 35 tio
mesmo decreto dispõe que, nos casos de licença por
molestiav se desconte ao licenciado metade de Seus
vencimentos, mas para que os dous artigos não sejão
antinomicos, como não devem, nem podem legalmente
sel-o, força é tomar a palavra — vencimentos — na
accepção de ordenado. Ou salário certo.»
Assim a intelligencia dada até agora pelo thesouro
ao art. 43 do decreto de 29 de Janeiro é, no conceito
da secção, a uhica genuína; alteral-a seria violar o es-
pirito e a letra de um decreto, que hoje é lei, visto
ter sido approvado pela de 27 de Setembro de 1860.
A secção reconhece quanto é injusto e prejudicial ao ser-
viço publico a desigualdade estabelecida entre os empre-
gados de outros ministérios e os da repartição de fa-
zenda, no tocante ao ponto de que se trata; mas
nem por isso julga que o thesouro possa estender
aos seus empregado^ a pratica admiltida nas secre-
tarias da marinha e dos negócios estrangeiros!! tanto
mais porque a rigorosa execução da doutrina dó art.' 43
é o único meio de acautólar os abusos a que allude
o aviso acima transcripto.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 17 de Abril de 1865:—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.
— 579 —
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, 2^ de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 803.-RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.


Sobre ío requerimento da Caixa Commercial da Bahia pedindo
a confirmação do actoda respectiva assembléa geral, que alterou
o art; 40 dos seus estatutos.

Senhor.— Mandou Vossa Magestade Imperial que a


sècçao de fazenda do conselho de estado consultasse
com seu parecer sobre o requerimento, informado.pela
presidência da provincia da Bahia com officio n.° 22,
de 27 de Fevereiro ultimo, no qual a Caixa Commer-
cial da mesma provincia pede a confirmação do acto
da respectiva assembléa geral, que alterou o art. 40
dos seus estatutos approvados pelo decrete n.° 1753
de 26 de Abril de 1856.
O art. 40, cuja alteração se pede, é o seguinte :
«As assembléas. geraes ordinárias terão lugar nos
mezes de Junho a Dezembro por convite da directoria,
publicado por três mezes nos jornaes públicos.»
Os arts. 47 e50 resão assim:
« Art. 47. São attribuições da assembléa geral:
| 1.° Eleger a directoria; -
§ 2.° Eleger a commissão de exame;
| 3.' Approvar o numero de empregados que a direc-
toria nomear, e os ordenados que, lhes arbitrar;
§ 4.° Examinai* e'approvar os relatórios e balanços
semestraes tia caixa. '»
« Art. 50. Na assembléa geral de Dezembro terá lugar
por escrutiniò secreto, e á rnaioria relativa de votos,
a eleição da mesa, commissão de exame e directoria,
que tem de servir no anno seguinte. O secretario re-

•{*) Aviso n.° 334 de 3í de Julho de 1S60, na collecção das leis.


— 580 —
ceberá dos accionistas as cédulas, contendo no verso
o numero de votos correspondentes ás acções que pos-
suírem, ou representarem, e, fazendo a devjtia confe-
rência, as lançará na urna.»
Assim que, se somente cabe á reunião de Dezembro
a eleição da directoria e da commissão de exame, não
é menos certo que a do mez de Junho conserva a im-
portante attribuição de examinar e approvar os balanços
semestraesda caixa; e que quanto mais freqüentes forèn\
d exame é verificação das operações desta, tanto maior
será a garantia, não já só dos accionistas, senão também
dos que ahi depositarem seu dinheiro, contra os abusos
que possão prèjudical-os,
Nem parece "razão suíficiente para agorentar-se tal
garantia o allegar a directoria que a difficuldade das
reuniões dos accionistas, demora o pagamento dos di-
videndos: 1 ."porque, sendo estes interessados em re-
cebei-os logo, terão um estimulo para acudirem a
essas reuniões, e mais opportunidade de olharem pela
boa direcção do estabelecimento em que elleseopu,-
blico são interessados; 2.° porque a ialta de compá-
reciroento dos accionistas foi prevista e remediada nó
art. 41 dos estatutos.
Demais, a alteração que se solicita, e que a secção
não julga acerfada, não foi redigida e apresentada em
termos precisos, como conviria que.o fosse, para subs-
tituir p primeiro dos artigos acima transeriptes, e mo-
dificar os outros que se referem ás duas reuniões da as-
sembléa geral.
Entende,pois, a secção de fazenda que deveserindefe-
rido o requerimento da directoria da: Caixa Commer-
cial da provincia da Bahia; mas Vossa Magestade Im-
perial resolverá ô que fôr mais conveniente.
Sala das conferências, em 1.3 de Maio de 1865.— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)-


Paço, em 23 de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

(*) Communicou-se ao presidente da Bahia o indeferimento desta


pretenção. Aviso do 1.° de Julho de 1865.
— 581 —

N. 804.—RESOLUÇÃO DE 23 DE JUNHO DE 1865.

Sobre a duvida—se nà conta de tempo de serviço, de Antônio José


de Almeida Gama, aposentado 2.° escripturario da recebedoria,
deve ser incluído o que elle prestou como escrivão da mesa de
rendas de Ubalubá. . •..*.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda tio conselho de estado consultasse
com seu parecer—se na conta de tempo de serviço do 2."
escripturario da recebedoria do Rio de Janeiro, Antônio
José de Almeida "Gama, aposentadp por decreto de 16
dê Dezembro de 1863, deve ser incluído o que elle
prestou como escrivão da mesa de rendas de Ubatuba
da provincia de S. Paulo, desde 26 de Maio dé 1851
até 14 de Outubro de 1852.
, O conselheiro director geral da contabilidade, que
informou sobre a pretenção do supplicante, opinou nos
termos seguintes;
« Não é compdtavel o tempo que o supplicante serviu
de escrivão da mesa de rendas de Ubatuba, nem ainda
pela razão, que dá o supplicante, de ser provincial aquel-
le emprego, porquanto qualquer disposição provincial
que pudesse existir a esse respeito não« obrigaria a
administração geral, pois esta não tem até agora re-
conhecido os administradores de. mesas de rendas e
collectores, e nem os seus escrivães como empregados
públicos de fazenda têm direito á aposentadoria.
, Já assim se procedeu na liquidação do serviço do
2.° escripturario do thesouro Agostinho Pereira de Ma-
cedo.
Concordo, portanto, com a liquidação feita de oito
annos, oito mezes e treze dias, e com a informação
da 3.» contadoria de 25 de Janeiro próximo passado. »
Do mesmo voto foi o conselheiro director geral do
contencioso.
E porque a secção tie fazenda coocordp com os dous re-
feridos funccionarios, entende qqe deve ser indeferida
a pretenção do supplicante.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
mais acertado. . . „ , « . . , .„„- «••
Sala das conferências, em 13 de Maio de j 86o. — Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes,.
— 582 —
RESOLUÇÃO

Como parece. (*)


Paço, em 23'de Junho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador,
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 805.—RESOLUÇÃO DE 6 DE JULHO DE 1865.


Sobre a duvida suscitada acerca da liquidação do tempo do serviço
, dos empregados públicos.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, poraviso


de 22 de Abril do corrente anno, que as secções reunidas
do império, justiça, e fazenda do conselho de estado,
tendo em vista os respectivos papeis, consultassem com
seu parecer se, em face da resolução de consulta de 27
de Outubro de 18.60, compete ao ministério da fazenda
liquidar e fixar o vencimento dos empregados inaçtivos,
passando-lhes os coiripetentes titulos; e. aos demais mi-
nistérios declarar somente qual o tempo de serviço' dos
empregados aposentados oujubilados.
A resolução a que se refere o aviso foi tomada sobre
consulta das secções de fazenda, império e justiça, tra-
tando-se de avèriguar-se á vista dos arts. 21'§ 5.° e 46
§ 4.° do decreto de 29 de Janeiro de 1859, approvado pela
lei de 27 de Setembro de 1860, o§ ministérios da marinha
e da justiça erão -competentes para liquidar e fixar o
tempo de serviçotiosempregados inactivos subordinados
aos mesmos ministérios.
A minoria das secções foi deparecer que, tendo aquelle
decreto dado ao thesouro a incumbência de prescrever o
processo da liquidação de taes empregos, forçoso era
que lhe ficasse lambem pertencendo essa liquidação.
A maioria, porém, opinou differentemente, entendendo
que a cada ministério compete ainda liquidar o tempo
de serviço de seus respectivos empregados.

*) Ordem n. 309 de 13 de Junho de 1865, na collecção das leis.


— 583 —
Neste sentido, houve Vossa Magestade Imperial por
bem resolver a cojjisulta.
Parece, pois, que, emquanto ella vigorar, a obrigação
que o decreto de 29 de Janeiro impôz ao thesouro, deve
limitar-se ás operações de arithmética necessárias para
conhecer,.dado o tempo de serviço, a parte do venci-
mento de cada um dos empregados que passarem á
classe dos inactivos.
Vossa Magestade Imperial,' porém, resolverá o que
julgar mais acertado.
*Sala das conferências, em 5 de Outubro de 1864— Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez. de Abrantes.—Marquez
de Olinda»—José Antônio Pimenta Bueno.—Visconde de
Sapucahy -.—Visconde de Jequitinhonha. —Bernardo de
Souza Franco .-—Visconde do Uruguay.
RESOLUÇÃO.
Como parece. .(*)
Paço, 6 de Julho de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o -Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 806.— RESOLUÇÃO DE 20 DE SETEMBRO DE 1865,


Sobre as leis provinciaes de Santa Catharina de 1864.
Senhor.—Por aviso de 6 db corrente foi Vossa Mages-
t a d e Imperial servido ordenar que a secção de fazenda
do conselho de estado consultasse com seu parecer

H Expediu-se á directoria geral da contabilidade o seguinte aviso:


Ministério dos negócios da fazenda.—Rio de Janeiro, em 21 de
Julho de 1865.
TransmittO a V. S. a consulta, junta por copia, das secções reu-
nidas do império, justiça e fazenda do conselho de estado acerca da
íiquidação do tempo de serviço dos empregados públicos, para que
\ . S. fique sclente da resolução que Sua Magestade o Imperador
houve por bem tomar sobre tal assumpto, e lhe dê o devido cum-
Deus guarde a V. S.—José'Pedro Dias de Carvalho.— Sr. conse-
lheiro director geral da contabilidade.
— 584 —
sobre a collecção das leis publicadas o anno passado
pela assembléa legislativa provincial de Santa Catha-
rina.
Examinando os 28 actos legislativos que se contêm na
referida collecção a secção não encontrou, no upe res-
peita á fazenda, disposição alguma que pareça exorbi-
tante das attribuições constituciónaes das assembléas
provinciaes; sendo por isso de parecer que seja a
mesma Collecção archivada. <
'
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como
julgar acertado. , -
Sala das conferências, em 10 de Março de \Mh.—Mar-
quez de Abrantes.— Visconde de Itaborahy*
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço na villa de Uruguayana, 20 deSetembro de 1865.
*
Com á rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho'.

N. 807.—RESOLUÇÃO DE 20 DE SETEMBRO DE 1865.


Sobre o officio do presidente do Banco do Brasil relativo ao facto
de julgar-se o Banco da Bahia, depois da promulgação do decreto
de 14 de Setembro de 1864, desobrigado de trocar as suas notas
por ouro ou notas do thesouro.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial,-por
aviso do ministério da fazenda de 15 do corrente mez, que,
a secção de fazenda do conselho de estado consultasse
com o seu parecer a respeito do officio junto, n.° 572 de
10 do dito mez, com o qual o presidente dó Banco do
Brasil transmitira por copia o do da caixa filial fia
Bahia, n.° 1331 de 10 dê Fevereiro, consultando —sépelo
faclo de terem curso forçado às notas do dito banco e
respectivas caixas filiaes» pôde o Banco da Bahia consi-
derar-se dispensado da obrigação de trocar as suas notas
por ouro ou notas do governo, e autorizado mesmo para
dar em troco de suas próprias notas as da mencionada
caixa.
— 585 —
A questão rqovidá pelo presidente da caixa filial do
Banco do Brasil na Bahia contéra-se na que fez objecto da
consulta da secção dé fazenda sobre semelhante pre-
tenção do novo Banco de Pernambuco.
Este banco entendia estar dispensado pelo dec. h.° 3307
de 17 de Setembro ultimo de realizar suas notas em es-
pécie metallica ou mesmo em papel do governo, não
obstante as disposições do § 5." art. 1.°da lei de 22 de
Agosto de 1860, e Vossa Magestade Imperial houve por
bem resolverem contrario de tal pretenção.
* Dos papeis que forão agora remeilidos á secção não se
colhe se o Banbo da Bahia jâ estava habilitado para pagar
suas notas em ouro, e deixara por issp de Sujeitar-se ás
restituições do § 3.° do apontado artigo.
No. caso aífirmativo achar-se-hia em eircumstancias
idênticas ao da provincia de Pernambuco. Mas ainda que
não se dê esta hypothese, nem por isso pôde julgar-se
isento de pagar seus bilhetes em papel do governo ; por-
quanto a lei de 22 de Agosto impõe aos bancos mesffios,
que não existirem comprehendidos na primeira catego-
ria, a obrigação de reatisaíem as respectivas notas em
moeda corrente ; e, corno a secção já teve a honra de
ponderar naquèlla consulta, por moeda corrente não
sê pôde entender senão a que é reconhecida e aceitaem
todo o Império, e as notas da caixa filial, ainda depois do
decreto de 14 de Setembro, não têm curso forçado fóra
da provincia.
Assim, pensa a secção que o Banco da Bahia, em
nenhuma das hypotheses, que fièão indicadas, está des-
obrigado de realizar suas notas em moeda corrente,
se os portadores de taes títulos exigirem esta fôrma
de pagamento.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá em sua
alta sabedoria o quê fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 22 de Marpo de 1865.— Vis-
conde de llaborahy .—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.
Comp parece. (*)
Paço na,villa de Uruguayana, 20 de Setembro de 1865.
Com *a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

f) Aviso n.° 500 de 28 de Outubro de 1865, na collecção das


leis.
c. 74
': — 586 —

N- 808.—RESOLUÇÃO DE 20 DE SETEMBBO DE 1865.

Sobre o officio do presidente de Pernambuco relativo á duvida —se


depois do decreto de 14 de Setembro de 1864, as notas do Banco
do Brasil emittidas pela caixa central podem ter circulação forçada
nas provincias-

Senhor. —Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de8-do corrente
mez, que a secção de fazenda do conselho de eslado
consultasse com seu parecer acercada matéria cons-
tante dos officios n.°* 25 e 27 de 24 e 27 de Fevereiro
ultimo, e papeis annexos, no primeiro dos quaes o
presidente da província de Pernambuco communieou a
decisão que dera a uma representação da .caixa filial
do—London and Brasilian Bank, — alli estabelecida sob a
intelligencia do decreto n.° 3307 de 14 de Setembro do
anno passado, remettendo com o segundo, o requeri-
mento era que a Associação Commercial Beneficente da-
quella praça pede que. as notas do Banco do Brasil,
emittidas pela respectiva caixa central, sejão recebidas
em todas as estações publicas da mesma provincia.. .,
A decisão,.a que se refere o aviso, consta do segundo
officio,*dirigido pelo presidente da província de Per-
nambuco ao "inspector dá lhesouraria de fazenda:
« Palácio do governo da provincia de Pernambuco,
23 de Fevereiro de 1865.— Illm. eExm. Sr.—O decreto
n.* 3307 de Í4 de Setembro de 1864, mandando queòs
bilhetes do Banco do Brasil sejão recebidos Como moeda
legal pelas repartições publicas, e pelos particulares,
nos lugares a que se refere o art. 1." § 6.° da lei n.°
683 de 5 deJulno de 1853, não ampliou tal circulação
a outros lugares que não estejão comprehendidos dentro
dos limites prescriptos por aquelle artigo ê paragrapho,
nem alterou era nada as regras estabelecidas a.sepe-,
lliante respeito. E com quanto os lugares declarados
no paragrapho citado sejão a corte, provincia do Bio
de Janeiro e outras em que hajão caixas filiaes, acha-se
todavia determinado, no art. 12. dos estatutos tio banco,
que baixarão com o decreto n. 1223 de 31 de Agosto
de'1*853, a maneira por que em taes lugares devera cir-
cular as notas do mesmo banco, limitando-se ahi essa
circulação á corte e provincia do Rio de Janeiro, quando
a emissão fôr feita pela caixa central, e qHando pelas
caixas filiaes ás^respectivas provincias. O art. 12 dos
estatutos não se^lirniia, pois, como declara V. S. em seu
oíficio de 20 do corrente, a estipular sobre a circulação
:;87
das notas emittidas pelas caixas filiaes, e que também
sào notas do banco; mas tem por fim fixar a intel-
ligencia e maneira de executar o J 6." do arU 1.' da
lei que autorizou o governo *a crear o banco; e por-
tanto na interpretação desta, não se pôde prescindir
do dito art. 12 dos estatutos, o qual faz parte daquelle
ariigo e paragrapho da lei, com que se acha de per-
feita harmonia. Sendo assim, desnecessário era que no
decreto n.° 3307 houvesse referencia especial e expressa
ao art. 12 dos estatutos, pois que tal referencia está
implicitamente f«ta pela do art. 1 .* | 6." da lei, do qual
aquelle artigo foi a-conseqüência e complemento.
Attendendo, pois, ao que me representou a caixa
filial do—London and Brasilian Bank,—e ao parecer da
caixa filial do Banco do Brasil, a qual ouvi sobre aquella
representação e sobre a informação que me deu V. S.
em seu ciíado oíficio; e não me restando% a menor du-
vida de que, ainda depois do decrete n. 3307, os bi-
lhetes do Banco do Brasil, emittidos pela caixa central,
não podem ter circulação forçada;nesta provincia,
assim o declaro a V. S., apezar de sua opinião em con-
trario, para que assim o execute, a fim de obviar as
conseqüências e embaraços em que se poderão áchâr o
commercio, os particulares é. essa repartição, se conti-
nuar a divergência na intelligencia e execução do refe-
rido decreto.
Deus guarde a V. S—Antônio Borges Leal de Castello
Branco.—Sr. inspector da thesouraria de fazenda. »
As razoesexpostas.no documento que fica transcripto
parecem á secção concludentes, e forão também as que
fizèrão força no seu espirito para opinar, como opinou,
na consulta approvada pela imperial resolução de 19 de
Novembro ultimo, que as notas da caixa filial de Per-
nambuco não podião ter, em virtude do decreto de 14
dé Setembro, curso forçado senão dentro da dita pro-
víncia.
E porquanto seria repugnante dar ás notas da caixa
matriz o,privilegio de serem recebidas nas estações pu-
blicas de todas ás provincias onde tiver filiaes, ê limitar
o gyro do papel destas ultimas ao território da respectiva
provincia, entende a secção de fazenda que, assim o
citado decreto de 14 de Setembro, como osêstatutosdo
Banco do Brasil, e a lei de 5 de Julho de 1853, era que
elles se fundarão, e a de 22 de Agosto de 1860, que não
permitte alteraçãodos ditos estatutos senão por acto le-
gislativo, justificão a decisão do presidente de Pernam-
buco, e se oppõern á pretenção da Associação Comraer-
eiai Beneficente. ";-.•»
— 588 —
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá, em sua
alta sabedoria pquê fôr rriais acertado.
Sala das conferências, era 23 de MarçOídé 1865.—Vis-
conde de Itaborahy.—Marquez de Abrantes.
RESOLUÇÃO.

Comp parece- (*)


Paço da villa na Uruguayana,20 de Setembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade p Imperador..
José Pedro Dias de Carpalhò.

N. 809.—RESOLUÇÃO DE 30 DE SETEMBRO DE 1865.


Sobre o requerimento do Banco Mauá & G.a. de Montevidéo, acerta
do contracto que celebrara para fornecimento de fundos neces-
sários para ás despezas das legações e forças de mar brasileiras
no Rio da Prata. . , *
Senhor.— Por aviso de 6 do corrente mez houve
Vossa Magestade Imperial por bem que. ás secções de
fazenda e justiça do conselho de estado consultassem
com seu parecer sobre o requerimento do Barão de
Mauá como chefe e representante do Banco Mauá & C^"
de Montevidéo.
Neste requerimento reclama o supplicante : primeiro-
contra a execução que se tem querido dar no thesouro
nacional ao contracto que celebrara para fornecer os úmi-
dos necessários ás despezas das legações é das forças dê \
mar brasileiras no RiodaPrata, por quanto sendo expres-
so no diteçontracto (condição 3.') que o pagamento das.
sommas alli suppridas, e da respectiva commissão; se-r
ria realizado pór letras passadas pelos chefes.das re- ,
feridas legações e forças, á oito dias de vista, nas es-:
peçies recebidas, ou o seu equivalenteprn moeda cor-
rente ao preço desta praça ; tem O mesmo thesouro
pretendido pagar por 1#920 o patacão, quando aliás
por effeito da baixa do cambio e augmento de valor

f) Aviso n.° 501 de 28 de Outubro de 1865, naeoHecçãa (das leU.


.— 589 —
dos metaes coíre o patacão por 2#060, e mais* como
declarão as cotações officiaes desta praça, e segundo con-
tra a violaçãoa de outra cláusula do ntesmo contracto
(condição 5. ); porquanto obrigando-se ó governo im-
perial á não aceitar letras de outro qualquer forne-
cedor de fundos no Rio da Prata, tem o thesouro fal-
tado á essa obrigação, aceitando letras de fornecimen-
tos feitos por outros, que carregão a commissão de
dous por cento, quando o Banco Mauá não exige mais
de meio por cento.
»,A' vista dos papeis que vão juntos ao dito requeri-
mento, e forão exigidos do thesouro, e do contracto
(de 31 de Outubro de 1860) á que allude o seguinte,
são os conselheiros de estado relator e Pimenta Bueno
de parecer-:
Quanto á primeira reclamação, que deve ser observado
o contracto celebrado com o supplicante, pagando o the-
souro as letras em moeda corrente pelo-valer que
tiverem ps patacõés do nosso mercado, depois de bem
averiguado se a cotação dai praça é real, e não artifi-
cial. E como'o mesmo thesouro tenha, já realizado
o pagamento de taes letras a2$000o patacão pórdes-
pachp de 22 de Outubro de 1860, a 2#060 por des-
pacho de 19 de Dezembro de 1864, e' a 2#I00 por des-
pacho de 30 de Janeiro e 11' de Fevereiro do Corrente
anno, mal se comprehende que se possa ainda insistir
em dar-se ao patacão actualmente o valor de 1#920. Con-
vindo porém evitar freqüentes reclamações como as
qüe já tem feito o supplicante, e sendo tão incerto o
valor dos pataçoes no nosso mercado, quanto diflicil
averiguar com exactidão o seu valor em moeda cor-
rente, aconselha a prudência que o thesouro convenha
com», o supplicante emquanto vdurarem as eircumstan-
cias actuaes no preço que se deva fixar ao patacão
oripntal.
E quanto á segunda reclamação, que é do dever do
thesouro fazer cumprir o estipulado na citada condi-
ção 5.» do contracto com o supplicante, prevenindo
âos chefes das legações e forças navaes do Império
no Rio da Prata, que não saquem senão por intermédio
dos agentes do Banco Mauá & C.a
Os conselheiros de estado Viscondes de Itaborahy,
do IJrugüay e de Jequitinhonha eoncordãp, com o pa-
recer do conselheiro procurador fiscal dó thesouro de,
4 de Maio deste anno que é do teor seguinte:
«Ainda que houvesse difíêrénea. entre ô v^lor lan-
çado pqr algarismos na inscripção, e o escripío por
extenso no corpo da letra, este segundo deveria sem-
—, 590 —
pre considerar-se como o verdadeiro ;* e é o qüe re-
gula para o pagamento. As, declarações do corpo da
letra são as que prevalecem, e as differenças entre
estas e aqueílas não prejudicão a letra. •'
« Demais a carta de aviso refere-se, como a decla-
ração no corpo da letra, á moeda corrente do lugar
dó pagamento—réis—, e não a patacões. ,
« Conseguinteménte o "devedor exonera-se pagando
201:000^000, por ser essa a somma declarada rio corpo
da letra e avisada, e por não haver portanto conveu*
ção expressa de pagamento em outra moeda.
« Conforme o art. 354 § 2.° do código, a letra de-
clara expressamente a somma que deve pagár-see em
que espécie de moeda; e a declaração do valor rece-
bido nada tem corri aquella outra.
« Accresce que a inscripção da letra se refere, não
a patacões, mas a estes com certo e determinado va-
lor em réis;o que é equivalente ao algarismo do corpo
da letra em reis.
« A letra de que trata o.aviso da guerra de 4 de
Fevereiro último, foi regularmente paga em patacõeS:*
ou seu valor equivalente no lugar tio pagamento,' pPt
que a declaração do corpo dã letra se referia a pa-
tacões, em primeiro lugar-
« Resta-me observar que estas duas letras hão estão
comprehendidas no contracto corri a casa Mauá & C.%
que foi feito para os fornecimentos de fundos á lega-
ção e estaçãp naval somente, e tanto não estão com-
prehendidas, que o ministério da guerra mandou quê
os saques se effectuasSem cora qualquer pessoa, como
se deprehende do aviso tio pagador de 6 de Abril ul-
timo. »
Tal é, Senhor, o parecer das secções, que Vossa Ma-
gestade Imperial se dignará resolver como melhor fôr. t
Sala das conferências* em 26 de Maio de 1865.— Mar-
quez de Abrantes.—Visconde de Itaborahy. —Visconde
do Uruguay.—José Antônio Pimenta Bueno.—Visconde
de Jequitinhonha.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço na villa de Uruguayana, em 30 de Seteinbro
de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
<n/i
José Pedro Dias de Carvalhoi
— 591- —
N. 810.—CONSULTA DE 3 DE NOVEMBRO DE 1865.
Sobre o recurso de José Moreira de ííazareth da decisão que annullou
o arrendamento de um lote de terrenos diamantinos no rio Caeté-
mirim, que havia arrematado em hasta publica.

Senhor.—Requerendo o alteres Agapito- Moreira da


Silva, por intermédio de seu procurador e filho o ca-
pitão Serafim Moreira da Silva, *o arrendamento « em
hasta publica de uma vertente que se acha devoluta
np„rio Caeté-mirira, seis mil braças quadradas ou mais
se tiver, principiando a metiição da barra do córrego
Quiteria no rio Caeté-mirira, descendo este pelo lado
esquerdo até a embocadura de um canal do mesmo ri-
Caeté-mirim, de maneira que comprehenda a vertente
até suas cabeceiras, cuja vertente vem tio poente e
effectuou a 8 tie Abril dé 1,863, em praça especial, e pre-
cedendo edital de 10 dias, o mesmo"procurador,para
seu pai, a arrematação do terreno pedido p descripto.
O mesmo Serafim Moreira da Silva, na qualidade de
procurador de seu primo José Moreira de Nazareth,
arrematou em praça geral a 13; de Fevereiro de 1864
um lote de terrenos diamantinos de nove mil braças
quadradas pouco mais ou menos no rio Caeté-mirim,
Jpte que anteriormente linha sido suceessivamente arre-
matado e depois rescindido por D. Caetana Norberta e
Manoel Ribeiro de Andrade. A* está praça geral pre-
cedeu edilal.de 30 dias, em que se declarou que irião
á praça os terrenos devolulõs do rio Caeté-mirim. Em
ambas as arrématações foi fiador Serafim Moreira da
Silva.
José Moreira de Nazareth, depois de assignar termo
de arrepiatação, éxtrahiu o respectivo titulo, e o fez
registrar nos livros da repartição diamantina:—Agapito,
porém, decorrido muito mais de anno, procurou haver
o respectivo titulo, que ainda não obteve. Em Junho
de 1864, quatorze mezes depois de haver Agapito feito
a arrematação' da vertente, e quatro mezes depois da
arrematação de Nazareth, requereu aquelle contra esta
ultima, allegando que o lote por Nazareth arrematado
se achava incluído no que elle havia arrematado an-
teriormente, e que a arrematação de Nazareth era nulla,
pois que os Respectivos terrenos não entrarão no edital
da praça.
Longo e fastidioso processo se formou, protestos,
contraprotestos extensissimos, largos requerimentos,
estiradas razões, por fim tudo quanto em um processo
ordinário sé pratica para enredar as questões, e tornal-as
de tal maneira obscuras que a decisão dependa do
acaso, foi .posto em pratica, e as paginas dos autos se
contão por centenas'. Tal defeito era processo admi-
nistrativo convém que no futuro seja corrigido: além da
perda de dinheiro com advogados, étc, ha outra mais
considerável no caso presente—terrenos talvez muito
ricos não são lavrados, a actividade particular, que
devia ser empregada em.angmentar a riqueza individual,
se esváe na chicana, e a fazenda nacional' deixa, por
todo o tempo do litígio, dé receber o imposto do arren-
damento.
Se pela arrematação os terrenos diamantinos con-
tinuarem arriscados a processos, semelhantes ao de
Agapito e 'Nazareth, não podem taes terrenos deixartie
perder todo o valor: os homens honestes não ousãráõ
entrar em suas arrematãções•', e os que não tiverem
escrúpulo de offénder a lei os lavrarão sem as forma-
lidades legaes, e sem pagamento, do imposto annuo,
No pleito entre Agapito e Nazareth ó inspector dos
terrenos diamantinos proferiu sentença annullando a
arrematação e o, titulo de Nazareth, e considerou válida
a arrematação de Agapito, mas tão somente na parte
constante do seu requerimento, e não eiri toda a extensão
posteriormente pretendida por, elle.
Desta decisão recorrerão os dous para a thesouraria,
que sustentou o primeiro despacho, e Nazareth recorre
para o thesouro da decisão desta ultima repartição-
Concordando o thesouro com o despacho da thesou-
raria, Nazareth, por intermédio de seu procurador, o
Dr. Ernesto Ferreira França, interpôz recurso para o
conselho de estado, e Vossa Magestade Imperial,por
despacho de 13 do mez findo, se dignou ordenar que a .
secção de fazenda do mesmo conselho consultasse sobre'
esta pretenção.
Todo o pleito depende das duas seguintes questões:
1." Os terrenos arrematados por Agapito compre-
hentiem os arrematados por Nazareth,ou as duas arre-
matãções se referem a dous terrenos distinctos?
2.a Os terrenos arrematados por Nazareth forão an-
huneiados por edital de 30 dias, como determina o art. 18
do, decreto de 11 de Dezembro de 1852?
Pelo requerimento do alteres Agapito, edital para a
praça especial, termo de arrematação, e as razões apre-
sentadas pelo advogado do mesmo Agapito, parece evi-
dente que os terrenos por aquelle arrematados em 1863
eómprehendem a ribeira deseripta no requerimento, e
são limitados pela margem esquerda do rio Caeté-mirim.
O requerimento que a secção copiou no principio
— 593 —
desta consulta, e o edital e termo de arrematação em
que se transcreverão os limites dos terrenos pedidos por
Agapito não ppdem ter, na opinião da secção, outra
intelligencia. *
No requerimento e documentos citados se diz que o
terreno terá seis mil braças quadradas, pouco mais ou
menos; nas razões, porém, assignadas pelo advogado,
para sustentar que o lote arrematado por Nazareth em
1864 se acha cómprehendido no que Agapito havia
arrematado era 1863.se aífirma que o deste tem vinte
mil braças quadradas; o que só por si basta para de-
monstrar que o primeiro arrematante, elevando a área
(seis mil braças quadradas)' contractada em"1863 á vinte
mil braças quadradas, pretende alargar o que antes
arrematara em praça especial, e á custa de terrenos
vizinhos, isto é, de Nazareth.
AccFesce ainda que a arrematação de Agapito em 1863
foi feita por intermédio do capitão Serafim Moreira da
Silva, filho do arrematante, e ria de 1864 ainda figura
o mesmo Serafim, como procurador de Nazareth, que
se achava então ausente. Não se deve presumir que
Serafim, homem intelligente e conhecedor das locali-
dades,filhode Agapito, e unido estreitamente enipáren-
tesco com pessoas que se occupão na mineração de
terrenos sobre o Caité-mirim, não conhecesse o ter-
reno diamantino que em 1864 arrematara para Nazareth,
e que tão bem descripto foi. Tal presumpção toma
ainda maior vulto, quando se reílecte que com muita
antecedência foi Serafim incumbido por Nazareth da
arrematação do terreno diamantino realizada em 1864;
tempo houve para fazer as pesquizas necessárias, e
interesse tinha em as fazer, para evitar questões
em que o próprio pai, e depois uni irmão foi envol-
vido.
Os terrenos arrematados pór Nazarejth em 1864, como
se vê dos mappas dos pilotos, .mappas que juntos estão
aos autos, se achão na margem direita do rio Caité-mirim,
em frente dos antecedentemente arrematados por Aga-
pito, limitados pela margem esquerda do mesmo no,
e sobre ella assentados, e não podem sem má fé ou
grande inadvertencia ser confundidos.
As duas arrematações, pois, de 1863 e 1864 são rela-
tivas a dous terrenos distinctos, ura o do Agapito,
limitado pela margem esquerda do- rio. Caité-mirim,
p co"mprehende uma ribeira desde suas vertentes até
afozf e'o outro, o de Nazareth, que é o lote que per-
tence a D. Caetana Norberto e Manoel Ribeiro dê Andrade,
e se achava devoluto em Fevereiro de 1864, quando
c. 75
— 594 —
Seraphim, na qualidade de procurador de Nazareth,
compareceu na praça geral dé 13 de Fevereiro de 1864.
Segundo o regulamento de 1í de Dezembro de 1852,
no principio de cada anno civil deve haver uma praça
geral de terrenos diamantinos annunciados em edital
de 30 dias, e deseriptos tanto quanto seja possível, no-
tando-se os rios, ribeirões, ou regatos a que terem
adjacentes.
Os terrenos annunciados no edital de 30 dias, e não
arrematados em praça geral no trigesimo dia, contados
da data do edital, podem ser arrematados em qualquer
outro tempo do anno, se forem requeridos, e para a
arrematação deve preceder edital de 10 dias.
Agapito arrematou o lote diamantino em praça espe-
cial, foi pois para isto necessário requerimento feito
para a publicação do edital de 10 dias;, Nazareth, que
se apresentou em praça geral, e no dia para ella
determinado, não tinha necessidade de fazer requeri-
mento prévio, e lhe era licito lahçar em qualquer dos
lotes, que na dita praça geral se achassem.
No edital de 30 dias publicado para essa praça geral,
é fóra de duvida que sé acharão annunciados todos
os terrenos devolutos diamantinos do rio Caité-mirim,
ecomo o lote que havia pertencido a D. Caetana Norberta
e Manoel Ribeiro de Andrade está sob o dito rio, e era
devohito, evidente parece,que se incluirá no edital, e
podia ser como de facto foi, muito legalmente arrema-
tado por Nazareth.
A cirçumstancia de ser o requerimento de Nazareth
datado de 13 de Fevereiro de 1864, e a arrematação;
verificada no mesmo dia, cirçumstancia qüe tanto pre-
teride fazer valer Agapito para demonstrar a nullidade
dessa arrematação, não pôde ter a menor influencia
sobre a legitimidade com que o mesmo Nazareth. arre-
matou o lote de terrenos diamantinos em 1864. O facto
se deu, como devia, na fôrma do regulamento respec-
tivo, ter succedido. Os terrenos estavão em praça geral
em certo e determinado diat era pois nesse mesmo
dia que poderia ter lugar o pedido do terreno, e sua
arrematação.
Na allegação tieste facto, elevado ácategori/i da
nullidade insanável, ha verdadeira confusão entre as
condições a quê se deve sujeitar a praça especial, e
as correspondentes á praça geral. De tal confusão de-
riva-se a sentença lavrada contra Nazareth pelo inspector
dos terrenos diamantinos, e confirmada pelos tribunaes
para os quaes o mesmo Nazareth tem recorrido.
Sendo portanto o terreno arrematado por Agapito
— 595 —
em 1863 muito diverso do arrematado em 1864 por
Nazareth, e tendo a arrematação deste sido feita em
praça geral e com as formalidades prescriptas pelos
respectivos regulamentos, é a secção de parecer que
se mahteühão os direitos de ambos os arrematantes^
ficando Agapito com. o lote que arrematou á esquerda
do rio Caité-mirim', e sobre o terreno sito desse lado,
e Nazareth eom toda a extensão do lote que pertenceu
a D. Caetana Norberta e a Manoel Ribeiro de Andrade,
darido-se assim provimento ao recurso interposto.
Vossa Magestade Imperial, porém, ordenará o que
•mais acertado fôr.
Sala daS conferências, em 3 de Novembro de 1865.
—Manoel Felizardo de Souza e Mello.—Visconde d'e
Itaborahy.

N. 811 .—RESOLUÇÃO DE .18 DE NOVEMBRO DE 1865.

Sobre a reclamação de diversos empregados da caixa da amortização


e secção de substituição de notas contra o facto da suspensão, desde
a publicação da lei de 22 de Agosto de 186Í, da gratificação que per-
cebião para quebras.

Senhor.—Houve Vossa Magestade Imperial por bem


ordenar, por aviso datado de 30 de Agosto deste anno,
que a secção de fazenda, do conselho de estado con-
sultasse corri seu parecer sobre a reclamação do fiel
do thesoureiro tia caixa da amortização, e do ajudante
de thesoureiro, conferentes e trocador da 'secção de
substituição e resgate tio papel moeda da mesma caixa
Contra o facto de lhes ter sido suspensa,, desde a pu-
blicação da lei n.° 1227 de 22 de Agosto do anno pas-
sado, a gratificação que percebião, ó primeiro pela
cobrança dos bilhetes da alfândega, e os mais para
quebras; a qual foi informada pelos directores geraes
da contabilidade e'do contencioso do thesouro na-
Pelo que toca á pretenção do fiel do thesoureiro da
caixa, foráo-lhe desfavoráveis os votos dos conselheiros
acima mencionados, que aliás discordarão quaploá
dos conferentes^ cobrador*da secção de substituição
de notas.
— 596 —
O primeiro destes funccionarios, dando seu voto sobre
a ultima questão, fundamentou-a assim:
« Ó: art. 1.° da resolução da assembléa geral legis-
lativa de 22 de Agosto de 1864, n.° 1227, que regulou
os vencimentos dos empregados da caixa da amor-
tização, e da respectiva secção de substituição é res-
gate do papel moeda, diz assim :
Os empregados da caixa dà amortização e da secção
da substituição e resgate do papel'moeda terão dPra '
em diante os vencimentos marcados na* tabeliã annexa
á presente resolução.
Ora, não se achando na tabeliã consignada gratifi-
cação para quebras a nenhum dos empregados a quem
as mandava abonar o regulamento de 4 dé Novembro-
de 1835, parece evidente que nenhuma razão tem o sup-
plicante-para reclamar semelhante pagamento, má-
xime por não ler sido prejudicado, como forão o fiel
da caixa, trocador e conferentes, que percebião antes
1:560$0OO, sendo que pela mencionada tabeliã solhes
foi marcado aquelle 1:250#000, e a estes 1:500#000; mas
é questão esta que, entendo eu, só pôde ser ventilada
perante o corpo legislativo.
Cabe-me aqui ponderar que a caixa da amorti-
zação, no seu orçamente que remelteu ao thesouro
para o exercicio de 1866-67, contemplou, sem duvida,
por equivoco, a gratificação de 360#O0Q para quebras
do trocador e conferentes da sepçao. de substituição,
além do ordenado, e gratificação do exercicio que ora
percebem. Esse equivoco passou desapercebidoásecção
de balanços que organizou o orçamento geral para o
referido exercicio, e é certo que essas gratificações^
que tenho por indevidas, estão figurando no algarismo
total de 58-.66O#OO0, consignado para -o corrente exer-
cício na lei que acaba de ser promulgada n.° 1245
de 28 de Junho findo.
Posto que tenha para mim que o erro-consignado
no orçamente não autoriza o pagamento de taes grar
tificações, julgo todavia necessário provocar uma de-
cisão a este respeito para regularizar os abonos dos
Vencimentos, e evitar duvidas dos interessados a este
respeito,
Deve ser ouvido o Sr. conselheiro procurador fiscal.
—Directoria geral tia contabilidade, 14 de Julho de 1865.
—Galvão. »
O conselheiro director geral do contencioso discorreu.
do modo seguinte:
« O art. 1 / da resolução de 22 de Agosto do anno
passado, que regula os vencimentos actuaes dos em-,
— 597 —
puegados da caixa da amortização e secção de subs-
tituição de notas, na tabeliã annexa, fixa em 1:500#000
os vencimentos do trocador e conferentes da secção
de substituição, a saber: 1:200#000 de ordenado e 300#000
de gratificação, sendo estes os seus vencimentos dpra
em diante.
Deixando depois da publicação desta lei de ser con-
templado na respectiva folha de pagamento,-nos ven-
cimentos de trocador e conferentes, a gratificação es-
pecial para quebras, reclamão os mesmos empregados
gontra esse facto.
Conforme o art. 11 § 2. dó decreto de 28 de No-
vembro de 1837, o trabalho do troco e substituição do
papel dó governo na côrté está a cargo, além de outros
empregados, de: '
Conferentes, encarregados de verificar o papel que
vier ao troco ou substituição, com responsabilidade
pelo valor das notas que forem nos exames reconhe-
cidas falsas; de:
Trocadores, encarregados de receber das partes o
papel circulante e dar em troco as notas novas, res-
ponsáveis por isso pelos valores em seu poder.
Cumpre acrescentar que o aviso do ministério da
fazenda de 6 de Fevereiro de 1845 obrigou os troca-
dores á prestação de fiança pela quantia de 16:000^000.
Para cada um destes empregados consignou o ci 7
tado decreto de 1837 a gratificação mensal de 100#00Ó
e mais a quantia de 30$000 para quebras, marcada no
art. 30 do decreto de 4 de Novembro de 1835, sem
mais outros vencimentos, excepto o de aposentado.
No orçamento para o exercicio de 1839—1840, pri-
meiro que contemplou os empregados da Secção de
notas, vem consignado em titulo próprio para os tro-
cadores o vencimento annual de'1:560§000, e para os
conferentes o vencimento de 1:2008000 somente.
No exercicio de 1861—1862, porém, deu-se uma al-
teração, e o orçamento consigna a quantia de 1:440#000
para quebras aos quatro conferentes, ou 360#000 a cada
um.
A commissão defazenda do senado, eraittindo parecer
sobre o augmento proposto dos vencimentos doS em-
pregados da caixa da amortização, etc, teve presente
o orçamento de 1863—1864, e foi avista deSte do-
cumento official, que a mesma commissão julgou con-
veniente organizar uma tabeliã uniforme dos vencimentos
de todos os empregados, para servir de base ao aug-
mento de 25% sobre os mesmos vencimentos. Para
este proceder da commissão entendeu ella —que em
— 598 — :
sua opinião, seria injustificável a differença que haveria
entre os vencimentos de alguns empregados, como seja
por exemplo, entre o de trocador e os dos conferentes,
lugares estes creados com a mesma categoria e ven-
cimentos, e cujo serviço é inteiramente idêntico.:
O orçamento para o exercicio de 1863—1864, está
assim organizado:
1,. trocador 1:560^000
4 conferentes 4:800^000
Para quebras 1:440#000
Da confrontação entre o orçamento e as conside-
rações da commissão do senado, conclue-se:
.1 -.* Que houve a persuasão de que o'trocador percebia,
além do ordenado de 1:560$000, mais a gratificação
para quebras pór verba própria; entretanto a quantia
de 1:4408000, que se lê no orçamento, é a totalidade
da gratificação de 360#QO0 concedida aos quatro con-
ferentes. .í: •!.
2.°( Que nao entrou no cálculo para base do augmeiíÇ»
proposto a importância tia gratificação para quebras;
neste caso, não' haveria a differença notada entre os
vencimentos do trocador e os dos conferentes, iguaes
na sua totalidade; porque se ao trocador se consignou
o vencimento de 1:560#000,'os quatro conferentes per-
cebião cada ura, além do ordenado de 1:200#000 a gra-
tificação de 360#000 pela verba de 1:440#000 consignada
para quebras. Demais, nas tabellas de comparação de
vencimentos do parecer da commissão, não se com-
prehende—gratificações para quebras—, o que- prova
que o silencio a este respeito, nas considerações do
mesmo parecer, não foi casual.
A' vista do exposto :
O fim do legislador, augmentando os vencimentos dos
empregados da caixa da amortização e substituição de
notas', não foi, é para mim claro, revogar as dispo--
sições, do decreto de 4 de Novembro de 1835, na
parte que concede aos trocadores e conferentes da secção
de substituição de notas uma gratificação mensal de
30$000, não como maioria de vencimento, mas sim a
titulo de indemnização para quebras, pelas notas que.
recebem dos particulares è são- julgadas falsas.
AcCresce hoje ao que acabo dé ponderar que:
.No orçamento para o exercício de 1866 —1867 vem
cornprehendida nos vencimentos do trocador a quantia
de 36Ô#000, e nos dos quatro conferentes a de 1*200#00»
sob o titulo—Para quebras—e são estes os seus actuaes
vencimentos regulados na ultima lei annua de despeza»
promulgada em 28 de Junho findo.
— 599 —
Allega-se que houve equivoco na confecção do or-
çamento de 1866-1867, mas esta allegação não procede.
Dos papeis juntos vê-se que, por igual cirçumstancia,
de haver o orçamento de 1861-1862 contemplado nos
vencimentos dos conferentes a gratificação de 3608000
para quebras, desta data em diante continuarão os
mesmos conferentes a receber semelhante gratificação
como parte do seu vencimento. •
Parece-me, pois,m digna de ser deferida a pretenção
d°S süpplicantes, andando-se abonar a gratificação
.de 3608000 ao trocador e a cada ura dos conferentes da<
secção de substituição de notas, para quebras, na fôrma
do art. 30 do decreto citado de 4 de Novembro de 1835,
desde qüe a deixarão de perceber, nã execução da
referida lei de 22 de Agosto do anno passado. Directoria
geral do contencioso, em 28 de Agostode 1865.—Arêas.»
A. secção de fazenda concorda com este ultimo parecer
pelas razões -ahi expostas, e por entender que na pa-
lavra—vencimentos—de que se serve a resolução de 22
de Agosto, não estão incluídas as gratificações para
quebras, concedidas a titulo de indemnizações-de pre-
juízos e não_ de paga ou remuneração de serviço.
Não militão,. porém, as mesmas razões para abonar a
pretenção do fiel do thesoureiro da caixa da amortização.
Embora elle tivesse antes daquelle acto legislativo
maiores vantagens que depois, o facto é que as fruiá co-
moordenado egratificação,'e os ordenados e gratificações
estão fóra de duvida comprehendidos nos vencimentos
marcados na tabeliã que acompanhou a dita resolução.
Assim,' parece á secção de fazenda que-fôra de justiça
deferir favoravelmente ao requerimento dos conferentes
etrocador da secção de substituição de notas ; mas que
não cabe na alçada do governo dar idêntico despacho
ao do fiel do thesoureiro da caixa da amortização.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que em
sua sabedoria tiver por mais acertado.
Sala das conferências, em 6 de Setembro de 1865.—
Visconde de Itaborahy.—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.
RESOLUÇÃO.
Gomo parece. (*)
Paço, em 18 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de *Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.
.(*) Aviso n.° ofO de 25 de Novembro de 1865, na collecção das leis.
— 600 —
N. 812.—RESOLUÇÃO DE 18 DE NOVEMBRO DE 1865.
Sobre as leis provinciaes do Maranhão do anno de 1864.
Senhor.—Mandou Vossa Magestade ImperíaÍ,por aviso
de 13 de Julho ultimo, que a secção de fazenda do con-
selho de estado consultasse com seu parecer sobre a
collecção dos actos legislativos, promulgados pela as-
sembléa provincial do Maranhão na sessão dò anno
próximo pretérito, lendo em vista ó officio de 7 de Junho
do vice-presidente da mesma provincia, justificando a
sancção que dera aos referidos actos.
Dó exame que fez dos 55 actos que se contêm na dita
collecção reconheceu a secção, na parte relativa á re-
partição da fazenda, que em nenhuma dellas ha dis-
posição alguma contraria ao que se acha prescriplo no
acto addicional á constituição dp Império, pelo que qde
parecer que-seja a mesma collecção archivada.
Vossa Magestade Imperial, porém, se dignará resolver
o que justo fôr.
Sala das conferências, em 15 de Outubro de 1865.—
Visconde de Itaborahy.—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.
RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, em 18 dê Novembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho. •

N. 813.—RESOLUÇÃO DE 18 DE NOVEMBRO DE 186^.


Sobre as leis provinciaes de Sergipe dos annos de 1863 e de 1864.
Senhor.—Por aviso de 22 de Maio deste anno, houve
Vossa Magestade Imperial por bern que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse com o seu
parecer sobre os actos legislativos da assembléa pro-
vincial de Sergipe promulgados nas sessões de 1863 e
de 1864, e acompanhados do officio de 30 de Março do
presidente daquella provincia.
— 601 —
Depois de examinados os 57 aptos, que se contêm na
collecção junta, a secção- não achou na parte que toca
á repartição de fazenda, disposição alguma que possa
ser julgada como exorbitante dás .attribuições consti-
tuciònaes que o acto addicional conferiu ás assembléas
legislativas das provincias; parecendo-lhe á vista disto
que deve a mesma collecção ser archivada.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá o que
tiver por melhor.
Sala das conferências, em 16 de Outubro de 1865.—
Visconde de Itaborahy .—Manoel Felizardo de Souza e
*Mello.
RESOLUÇÃO.
Como parece.
Paço, em 18 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 814.—RESOLUÇÃO DE 18 DE NOVEMBRO DE 1865.

Sobre as leis provinciaes do Espirito Santo do anno de 1864.

Senlipi*-— Dignou-se Vossa Magestade Imperial mandar


que a secção de fazenda do conselho de estado, em
cumprimento do aviso dê 22 de Junho ultimo, con-
sultasse cora seu parecer sobre a collecção de leis da
provincia do Espirito Santo, promulgadas na sessão dó
anno próximo findo, acompanhada do oíficio de 10 do
mesmo mez de Junho. .
Havendo examinado os 33 actos legislativos, que se
achão na mesma Collecção, não descobriu a secção
disposição alguma que lhe parecesse exorbitante ou
contraria'ás attribuições constitucionaes que o a cio
addicional conferiu ás assembléas legislativas provin-
ciaes, sendo sua .opinião que seja archivada a dita col-
h a s Vossa Magestade Imperial se dignará, resolver
como fôr melhor.
Sala das conferências, em 16 de Outubro de 1865.—
Visconde de Itaborahy.—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.
c. 76
— 602 —

RESOLUÇÃO.

Como parece.
Paço, era 18 de Novembro de 1865.-
Gom a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho, ,

N. 815.—RESOLUÇÃO DE 18 DE NOVEMBRO DÈ 1865.


Sobre as leis provinciaes do Rio de Janeiro do anno de 1864.

Senhor.—Por aviso dé 24 de Julho deste anno, ordenou


Vossa Magestade Imperial que a secção de fazenda do
conselho de estado consultasse com seu parecer a
respeito' tios actos legislativos promulgados pela as-
sembléa provincial doRio de Janeiro na sessão do anno
próximo passado, constante do folheto junto.
A secção, tendo examinado os 12 netos legislativos
contidos" no mesmo folheto ou collecção, não encontrou,
pelo que toca á repartição de fazenda, cláusula ou
disposição alguma contrária ás attribuições conslitucio-
naes da rnesma assembléa legislativa,"considerando-a
por isso digna de ser archivada.
Entretanto, Vossa Magestade Imperial resolverá o que
j'ôr mais acertado.
Sala das conferências, em 16 de Outubro de 1865.—
Visconde de Itaborahy .—Manoel Felizardo de Soazae
Mello. " •
RESOLUÇÃO.

, Como parece.
Paço, em 18 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho. """•£
I— 603 —

N. 816.-RESOLUÇÃO DE 22 DE NOVEMBRO DE 1865;


Sobre o requerimento dos directores do-Banco de Campos, pedindo
approvação dó acto da respectiva assembléa geral dos accionistas,
peio qual foi reformado o art. 8.» dos seus estatutos.

Senhor. — Mandou Vossa Magestade Imperial que a


secção de fazenda do conselho dê estado consultasse
com seu parecer sobre o requerimento, em que os di-
rectores do Banco de Campos pedem que seja appro-
vado o acto da respectiva assembléa geral dos accionistas,
pelo qual foi reformado em parte o art. 8.° dos seus es-
tatutos, mandados observar pelo decreto n.° 3121 de
9 de Julho de 1863.
A reforma, que' pretendem os peticionarios, consiste
em elevar a um anno o máximo prazo de seus des-
contos, que o art. 8.° dos respectivos estatutos limitou
a seis mezes.
Para justifical-o nenhum motivo mais assignão. que
o do banco estar prestando relevantes serviços á la-
voura do município de Campos, e o de não poder ella
effectuar regularmente e com vantagem suas transacções,
Senão obrigando-se a aceitar titulos daquelle prazo.
Estas duas allegações, que aliás não se podem con-
ciliar bem uma com.a outra, não as prováo os peti-
cionarios nem com o mais insignificante documento.
Ignora a secção'qual é o capital realizado do banco.;
qual a importância da caixa; a quanto sobem os de-
pósitos ; a quanto a carteira; de que natureza são os ti-
tulos que a compõem; e n'uma palavra, todos os dados
que serião precisos para julgar dp estado e regimen
desse estabelecimento de credito.
O que porém sabe, porque o dizem os estatutos, é que o
banco está autorizado para receber depósitos com prazo
de trinta dias, e que parecendo certo que poucos lhPs
confiarão com mais dilatado vencimento, a disposição
mesma que lhe faculta descontar titulos commerciaes
a prazo de seis mezes, o terá em continuo e eminente
risco de suspensão dé pagamento dos deposites, se a
directoria não se houver no exercicio desta faculdade
com a maior discrição e cautela, e infelizmente, força
é dizel-o, a.secção não conta com a discrição.e pru-
dência de um banco que, ainda depois dos suecessos
lastimosos de Setembro do anno passado, vem pedir ao
governo lhe eonsinta augmentar os perigos a pue já
se acha exposto; mormente entendendo, como parece
entender, estarem comprehendidos os adiantamentos de
— 604 —

dinheiro á lavoura nas operações commerciaes, a que


se refere o art. 8.° dos estatutos.'
Assim, e tendo a secção por ocioso demonstrar mais
largamente quanto está em desharmonia com a pra-
tica e principios fundamentaes dos estabelecimentos
de credito pessoal a pretenção do Banco de Campos,
é de parecer que seja o seu requerimento indeferido;
mas Vossa Magestade Imperial resolverá o que em suá
alta sabedoria julgar mais acertado.
Sala das conferências, em 17 de Outubro de 1865.—
Visconde de Itaborahy .—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.

Como parece. (*)


Paço, em 22 de Novembro de 1865.
Com a rubrica dp Sua JVlagestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvallyy.

N. 817.—RESOLUÇÃO DE 22 DE NOVEMBRO DE 1865. ,


Sobre as leis provinciaes do Amazonas do anno de 1864.

Senhor..—Ordenou Vossa Magestade Imperial pelo mi-


nistério da fazenda, que a respectiva secção do conselho
de estado consultasse com seu parecer sobre a col-
lecção de leis da provincia do Amazonas, promulgadas
no anno próximo passado; e cumprindo, como deve,
as determinações imperiaes, a secção examinou aquelles
actos, e nota apenas que o f 5.°, art. 2.° da lei de.30
de Maio de 1863, sob n.° 126, impondo a taxa de 2#000
a cada uma portaria de concessão de passagens 'de
estado a bordo dos vapores, não parece conforme á
disposição do § 5.°, do art. 10 do acto addicional.
As passagens de estado que as diversas companhias
de navegação prestão aò governo, são uma cómpen-

{*) Communicou-se ao presidente do Rio de Janeiro o indeferimento


desta pretenção. Aviso do 1.» de Pezembro de 1865.
— 605 —
sação das avultádas subvenções recebidas dos cofres
públicos, que em regra só se fornecem com o producto
das imposições geraes; e a taxa sobre a concessão de
taes passagens não vem a ser em ultimo resultado senão
ura imposto provincial, assentado sobre imposições ge-
raes do Estado, o que é vedado pelo citado ! 5.°, art. 10,
da lei de 12 de Agosto de 1834.
Por este motivo pensa a secção que a lei provincial
citada seja remettida ao poder legislativo, a quem com-
pete, na fôrma do art. 2.° do acto addicional, revogar
«a. disposição acima referida.
Tal é o parecer que a secção tem a honra de sub-
metter á sabedoria de Vossa Magestade Imperial, que
resolverá como fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 6 de Novembro de 1865.—
Manoel Felizardo de Souza e Mello .—Visconde de Ita-
borahy .
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)
Paço, em 22 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de_,Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 818. —RESOLUÇÃO DE 29 DE NOVEMBRO DE 1865.


Sobre o recurso de Manoel Porycarpo Moreira de Azevedo e outro,
relativo aos emolumentos, a que se,julgão com direito, como
avaliadores dos bens do extincto ençapellado de ltambé.

Senhor.— Manoel Polycárpo Moreira de Azevedo e


Manoel Pereira Camello Pessoa, recorrem da decisão do
tribunal do thesouro nacional de 19 de Abril do cor-
rente anno, proferida no recurso que da thesouraria de

i*) Submettidá á consideração da assembléa geral, legislativa.


Aviso do 1.° de Dezembro de 1865. k
— 606 —

fazenda dé Pernambuco interpuzerão elles para aquelle'


tribunal; e por despacho de 13 do corrente mez, houve,
Vossa Magestade Imperial ppr bem ordenar que a secção
de fazenda do conselho de estado interpuzesse seu pa-
recer sobre aquella pretenção.
. Os recorrentes, tendo servido de avaliadores, dos bens.
do exlincto encapellado de Itambé, julgâo-se com di.r,
reito a perceber os emolumentos regulados peteí re-
gimento de custas 'de 3 de Março de 1855, e não pelo>
regimento de 10 de Outubro de 1754 e instrucções de
28 dê Abril de 1851, como* entendeu a thesouraria da
provincia de Pernambuco, e foi confirmado pelo tri-,
bunal do thesouro. (
Antes dé entrar no exame das razões, que possão jus-
tificar a pretenção dos recorrentes, a secção pede venia
a Vossa Magestade Imperial para reflectir que o recurso
foi interposto quasi três mezes depois tio despacho,
conlra o qual se recorre, quando o prazo fixado pelo
aviso n,° 21.de 14 de Janeiro de 1860, art. 1.° § 3.% é
limitado a dous mezes,.e,que'a petição não foi assignada
por advogado do conselhQ.de estado, formalidade aliás
ordenada pelo decreto n. ò l2í de 5 de Fevereiro de 1842.
As duas irregularidades apontadas, no entender da
secção, privão os recorrentes de tódo x e qualquer di-
reito, que antes pudessem ter para; na conformidade da
legislação vigente, usarem do meio que empregarão
fóra de tempo, e sem as formalidades legaes.
A thesouraria de fazenda de Pernambuco entendeu
que as instrucções de 28 de Abril de 1851, poi* serem
especiaes a tudo quanto diz respeito ao juizo dos feitos,
continuão em pleno vigor, e que nenhuma alteração
soffrêrão com p regimento de 3 de Março de 1855, que é
geral para as custas do foro : esta intelligencia tem sido
estabelecida por differentes ordens do thesouro, em
diversas épocas, e nada tendo occorrido de novo para
fazer alterar a jurisprudência até hoje seguida, entende
a secção que deve ser sustentada a decisão tio thesouro
de 19 de Abril tio corrente anno, contra a qual-se.
interpôz o recurso. -.••i&0
Se não fôra a intellig'||fcia dada e firmada por tantos t
actos, dos quaes alguns pertencem ao ministério que
referendou o regimento de 3 de Março de 1855, e que
por isso devia melhor comprehendér seu verdadeira//
sentido, a secção seria levada a pensar que, apezár dé
continuarem em vigor as instrucções'dê 28 de 'Abril
de 1851, caducou completamente o regimento de custas
de 1754, lendo sido substituido pelo dê Março de 1855/
acima citado.
— 607 —

Neste regimento se declara expressamente (art. 187)


que ficão revogadas todas as leis e disposições em
contrario, e não houve omissão quanto ao juizo dos
, feitos-,.pois que no cap. 4.° art. 33 se enconlrão dispo-
sições sobre o juizo dos feitos. Parecia portanto na-
tural concluir-se que sempre que as instrucções de
Abril, de 1851, sereferem ao regimento de 1754, se,deve
entender que trata daquelle que o substituiu, isto é, do
de 3 de Março de 1855. '
Tal é, Senhor, o parecer que a secção tem a honra
nP submetter. á sabedoria de Vossa Magestade Imperial,
que resolverá como fôr mais justo.
Sala das conferências, em 24 de Outubro- dê 1865.—
Manoel Felizardo de Souza e Mello.—Visconde de lta->
borahy.
RESOLUÇÃO.
»*
Considerando que a petição de recurso não foi assig-
nada por advogado do conselho de estado, nos termos
do, art. 37 do regulamento de 5 de Fevereiro de 1842,
e portanto que não pôde ser* admittída: Hei por bem
rejeitar o recurso por falta da referida formalidade. (*)
Paço, em 29 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 819.^- RESOLUÇÃO DE 29 DE NOVEMBRO DE 1865.


Sobre os recursos de Alves, IJamburger & C a , negociantes de Per-
nambuco, das multas que lhes forão impostas por differenças encon-
tradas em despachos de mercadorias,

Senhor.—Pòr aviso da secreflfria de estado dos ne-


ocios da fazenda de 19 do corrente mez, houve por
fem Vossa Magestade Imperial ordenar que a secção
de fazenda do conselho de estado consultasse com seu
parecer sobre os requerimentos juntos tios negociantes

(*) Ordem n.° 1 de 2 de Janeiro de 1866, na collecção das leH.


". "•'* ''"'"• i , • ,

da praça de PernambuteOvAíve^-JI-Iamburger &C.a, con-


cernentes á decisão do t^|burM-"dó thesouro nacional,
proferida em" grão de recursoyp relativa ao despacho
de três caixas, duas das quaes com espoletas vindas do^
Havre no navio francez Solferino-,Q uma,-importada de
Liverpool no navio inglez Rosalie, contendo chapeos de
palha para crianças.
Para o despacho desta ultima caixa o despachante,
formulando a nota, declarou existirem 240 dúzias' de
chapeos, e na conferência se encontrão apenas 240
chapeos/equivalentes á 20 dúzias. Em conseqüência
desta discrepância foi imposta aos süpplicantes a
multa respectiva, e delia, recorrendo para a thesouraria,
não tiverão provimento.
Allegão os süpplicantes -que o volume em questão não
continna, nem podia conter, maior numero de chapeos
do que os encontrados na conferência, o que próvão pela
viátoria. feita poríerapregados tia alfândega, nomeados
pelo inspector, e se , acha demais em harmonia com o
manifesto da embarea||o. Corno 20 dúzias de chapeos
eqüivalem a 240 chapeos, e o despacho se não podia fazer
por dúzias, mas por chapeos, forçoso foi praticar-se a
reducção, e por engano em vez de se escrever no resul-
tado a unidade—chapeos—, manteve-se a—dúzia—. -
O inspector da alfândega não contesta nenhuma das
allegações dos süpplicantes, a thesouraria igualraeute
as tem como valiosas, mas não se julgarão autorizados
para relevar os süpplicantes da multa, á vista da de-
terminação do art. 26 do regulamento de 31 de De-
zembro de 1863.
No despacho das duas primeiras caixas contendo es-
poletas um engano semelhante se deu. O peso das caixas
vinha expresso em—libras—•?, mas como tinhão sido em-
barcadas em porto e navio francez, o despachante, or-
ganizando a nota, tomou-as .por kilogrammos, e redu-
zindo-os a nossas libras, declarou conterem-se naquellas
caixas 772 libras, em vez das 350 libras, que na reali-
dade se verificarão^ haVendo assim uma differença de
422 libras para m e n o s ^
O exame das caixaUífilo por empregados da alfândega,
da confiança do inspector, mostra que estavão ellas h>!
tactas e cheias : a factura apresentada pelos süpplicantes
prova que nos dous volumes se continha tudo quanto
lhes. fôraremettido.
O inspector da alfândega, o da thesouraria,; e o pro-
curador fiscal não oppõem a menor duvida ás allega-/
ções e documentos acima indicados, mas o primeiro'
impôz a multa correspondente, e o segundo a sustes-
toü, por se não julgarem autorizados a ter outro pró'-'
cedimento. ^ -T-
A'vista do,que á sécçiáo aéaba de expor; pareceqtíê
não houve nos fáctos que deFão lugar aos requerimentos
dos süpplicantes a menor intenção de fraude, e sim falta
da necessária aftenção *daparte do despachante ; o que,
ria opinião da secção, não justifica a imposição das multas-
êffectuatias emPêrnambúeo, sendo de equidade que dellas
sejão relevados os süpplicantes.
Vossa Magestade Imperial, porérri, resolverá como
arpais acertado fôr.
Sala das .conferências, em 25 de Outubro de 1865.— Ma-
noel Felizardo de Souza e Mello.—Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃP.
Considerando que as petições de recursos não forão
assignadas por advogado do conselho de estado, nos
termos do árt. 37 dó regulamento de 5 de Fevereiro de
1842, e portanto que não podem**er adraittidas; Hei por'
bem rejeitar os recursos pela falta dá referida fórmahV
dadé. (*)•
Paço, em 29 de Novembro dé 1865.
Côm a rubrica de Sua Magestade o imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 820.—'RESOLUÇÃO DE29DE NOVEMBRO DE 1865.


S-obre a pretenção dos juizes de direito M. J. da Silva Neiva e L. C.
de Paiva Teixeira', ao pagamento da gratificação que lhes competir'
por terem exercido interinamente o lugar dé Juiz. dos feitos da
fazenda.
Senhor.—Por aviso da secreíajria'de estado dos n e -
ocios da fazenda, de 19 de Outubro ultimo, dignou-se
fossa Magestade. Imperial ordenar que a secção de fa-
zenda do conselho de estado consultasse com seu parecer
sobre a matéria dos requerimentos, em que os juizes de
direito Manoel José dia Silva Neiva e Luiz Carlos de Paiva

(*) Communicou-se á thesouraria de Pernambuco o indeferimento


«{estes recursos. Ordem de 2 de Janeiro de-1866.
e. 77
— 610 —

Teixeira pedem o pagamento da gratificação'que lhes


Competir, por terem exercido interinamente o lugar de
juiz: dos feitos da fazenda, este da corte, e aquelle da
provincia de Pernambuco, devendo a secção ter era-vista
as informações e pareceres que o acompanhão, e a con-
veniência de fixar-se uma regra invariável para todos es
casos que oçcorrão da mesma natureza.
Sobre eslaspretençõçs o conselheiro Raphael Arefíanjo
Galvão deu os seguintes pareceres :
« Entendo que ao supplicante por haver substituído o
juiz dos feitos da fazenda de Pernambuco, não compete
gratificação alguma, nem a do art. 1." tio decreto n.* 560
de 28 de Julho de 1850, que invoca, nem á que pelo
art. 5." do decreto de 14 de Outubro de 1857 è permit-
tido ao ministério da fazenda abonar aos empregados
das repartições, estranhas ao mesmo ministério pelo
exercício de funcções fiscaes: a de que trata ó decreto
em primeiro lugar citado só é devida aos juizes ratral-
cipaes substitutos dos juizes de direito, e não é dada a
estes accumulal-a; a s4e que falia o segundo decreto
não é-abonavèl pelo exercicio ordinário das funcções
de juizes dos feitos da fazenda,-mas pelo encargo* de
algum serviço óu commissão especial, o que bem se
tieprehende das palavras—altenfo o trabalho e impor-
tância do negocio—, transcriptas no final da-2.* parte do
citado art. 5." m '.
E ainda me parece que não pôde sèr atlendida a pre-
tenção do supplicante, porquanto, tendo elle substituído
o juiz dos feitos, por virtude do disposto no art. 4.° da
lei n.' 242 de 29 de Novembro de 1841, e sendo expresso
no art. 7.° delia que os juizes dos feitos das capitães das
provincias, onde os houver, não poderão perceber algum
outro vencimento além do ordenado igual ao dos. juizes
de direito, emolumentos e commissões das quantias ar-
recadadas por suas diligencias, bem como as que lhes
compelirem pelas execuções vívàs, é claro,, ao menos
para mim, qüe na qualidade de substituto, não pôde nem
deve o supplicante perceber maiores vantagens,do que
K o juiz'substituído. ^<~
A legislação que rege os vencimentos dos juizes dos
feitos da fazenda é a mesma para a corte e para as pro-
víncias de Pernambuco e Bahia. Nestas, Córao naquella,
; os juizes percebem pelos cofres do Estado 2:400#000 de
vencimento, igual ao que percebem os juizes dé direito
substitutos, e mais as porcentagens das cobranças, além
dos emolumentos das partes.
Os juizes de direito, que têm substituído os dos feitos
da lazenda na corte,não têm requerido, nem se tem pàg©'
— 611 —
gratificação, alguma. Se os da corte não têm direito a
ella, também nãóosdas provincias. E' este o meu parecer.
Cumpre, porém, que seja ouvido o Sr. conselheiro
procurador fiscal. Directoria geral da contabilidade, 22
de Julho de 1864.— Galvão.- »
« A gratificação, que percebe o juiz dos feitos da fa-
zenda é igual á dos juizes de direito : não é especial
como parece entender o supplicante.
Portanto, pelas razões que já« dei no meu parecer
junto de 22 de Julho do anno passado* acerca de idêntica
pretenção do juiz de direito da 2.a vara da cidade dp
íleeiíé, bacharel Manoel José da Silva Neiva, entendo que
não pôde ser favoravelmente deferido, o presente reque-
rimento.
Parece-me também que não se faz riecessario«.con-<
sultar o ministério da justiça, visto que trata-se de des-
peza exclusiva do da fazenda, como é a gratificação do
exercicio do juiz dos feitos da fazenda. Directoria geral
da contabilidade, 3 de Fevereiro de 1865.— Galvão. >x
E o conselheiro procurador fiscal emittiu a opinião que
a secção passa a transcrever:
« A excepçao 2.a do art. 5.° do decreto de 14 de Ou-
tubro de 1857, que regula os vencimentos de substituição
dos empregados de fazenda, declara que aos juizes dos
feitos interinos deve-se abonar uma gratificação razoável
além das commissões que lhes competirem, mediante
informação da thesouraria respectiva, e attento o trabalho
é importância do negocio,
, Essa disposição não se refere evidentemente ás
substituições ordinárias, e sim a casos especiaes, como
o dèse commelterem a qualquer magistrado nas pro-
víncias diligencias fóra da capital para o andamento de
causas da fazenda, quando o juiz proprietário não pôde
dellas encarregar-Se.
A regra eslabelecida#no mesmo artigo lambem não
p*Óde ser applicada ás substituições ordinárias, porque
dá aos substitutos o direito de accumular ps seus ven-
cimentos integraes aos dos substituidos, o que contraria
o pensamento geral do decreto.
Nenhuma dás outras disposições desse acto do go-
verno, nem mesmo a do art, 1.°', que trata do exercício
simultâneo de dous empregos, pôde resolver a questão,
pela natureza tios vencimentos dos juizes dos feitos..
E', portanto, manifesto que as substituições , a qu$
allüdo, deverriser reguladas por outros principips;.
Ao juiz substituto cabem sem duvida as mesmas com-*,
missões, do substituído : é embora tenha o mesmo or-
denado e gratificação condo juiz de direito, pódeser-lhe
— 612 —
abonada a gratificação de; exercicio de juiz dos feitos,
porquanto exerce as respectivas funcções, que são differ
rentes das suas. ,
A accumulação de duas gratificações de exercicio não
repugna a intelligencia do citado decreto, sendo até
permittída na maior parte dos casos de substituição;
,é se desse modo ô substituto vem a perpeber maior
vencimento do qüé o substituído, isso não pôde pre-
judicar o seu direito, pois está hypothese é daquellas era
qüe é forçoso adraittir' semelhante resultado, como o da
substituição dos chefes de policia por desembargadores,
de que trata aiordem nf° 82 de 17 de Março de 1854.,
Nesta conformidade entendo decididas ás'inclusas
reclamações. Directoria geral do contencioso, era 2 de
Agosto dê 1865.—Arêas. >}
Se os juizes de direito Neiva e Paiva Teixeira ac-
pumuláráo o exercicio de suas varas de jujzes de d\-
reito corri as de juiz dos feitos da fazenda, entende a
secçâp, de accôrdo com o conselheiro prPcuradqr fiscal
do thespuro, que, além dos vencimentos do lugar effec-
tivo , têm os süpplicantes direito ás commissqes e
emolumentos, etc'., do que interinamente servirão, sem
prejuízo da gratificaçãp, que, na conformidade da ul-r
tima parte do 2."período do art. 5.° do decreto n.° 1995
de 14 de Outubro de 1857, fôr arbitrada.
No caso de não haver accumulação de exercicio aos
vencimentos do higar efíeptivp, nao poderá reunir a
gratificação de que Sé acaba tie fatiar.
Taès são também as'regras que a secção entende que se
devemfixarpara os casos semelhantes que oçcorrerem.
Vossa Magestade Imperial deliberará, porém, o que
fôr mais acertado.
Sala das conferências, em 6 de Novembro de 1865.
rr-Manoel Feljzar$q de Souza e Mello.—Viscon.dede lia*
borahy, " ' m,
RESOLUÇÃO,
Comp parece; devendo a gratificação dos juizes de
direito, quando accuniuiarem áp exercicio desse cargQ
á vara dós feitos da. fazenda, ser a mesma .que a estes
pompetir, se por seu impedimento ficarem 'privados, de
perceber a dita gratificaçãor "(*)
^ Paço, era 29 de Novembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Mage^ade o IrnperadÒr.
* "*' •'*• José Pedro Dias de Carvalho.
• •* v;. -. ' ' '

%
'*fj Aviso n.» S63 de 9 de Dezembro de 1865, na collecção das leis,.'
— 613 —

N. 821.-^RESOLUÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 1865,


Sobre o officio dp presidente do Banco do Brasil concernente á ve-
rificação da legitimidade dos possuidores de acções eaucionadas,
para poderem ser considerados accionistas nas reuniões da res,
pectiva assembléa.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios tia fazenda de 13 de Julho
tio anno passado, que as secções reunidas dos negócios
dft fazenda e império do conselho de estado consultas-*
sem com o seu parecer, não só ,a respeito dft faculdade
solicitada pelo presidente do Banco do Brasil no officio
incluso datado de 4 do dito mez sob n.° 540, de con-
templar erri o numero 'das acções representadas as
que tiverem sido transferidas por caução, visto a irriposr
sibilidade pratica de verifica-se a legitimidade dos seus
verdadeiros possuidores na fôrma indicada pelo aviso
do ministério, da agricultura, commercio. e obraspu-
blicas de 25 de Julho do anno anterior, como também
a respeito do modo de regular as transferencias de ac^
Ções por caução, a fim de que conste nas companhias,
cujos titulos são transferidos em garantia dê emprés-
timos, quaes os accionistas que devem ser como taes
considerados nas reuniões das respectivas assembléas,
para que não fique dependente de verificação', no acto
da reunião, a qualidade dos mesmos accionistas, cóh-
siderando-se a matéria da consulta da secção dos ne-
gócios do império dò conselho dê estado resolvida em 4
tie Março de 1863, se as secções assim o entenderem
conveniente- x
Se tivesse cabido á secção de fazenda emittir opinião
pobre o objecto da resolução de consulta de 4 de Março
de 1863, teria ella discreoado do parecer da dos ne-r
gocios do império; mas clpo a questão de que se trata
agora consiste no modo pratico de executar aquella re-r
solução, não julga fundadas as objecções da directoria
dó Banco do Brasil. . '
De feito, o aviso de 5 do pitado mez de Março de-
clarou que « os estabelecimentos bancários, que pos-
suíssem acçqes de companhias, como Caução de cré-
ditos, embora taes acções lhes tenhão sido transiérU
das, não podem tomar parte pa eleição tias respectivas
companhias », e o dp 25 de Julho do mesmo anno
acrescentou <c que o accionista de qualquer companhia
anonyma, que tiver suas acções eaucionadas em está^
pelecimentos bancários, cujos estatutos não lhe per*
mittirem adquirir taes acções como propriedade, têm
— 614 —

direito de votar nas eleições das mesmas companhias


desde que exhibir documento que prove acharem-se as
ditas acções eaucionadas em qualquer dos ditos es-
tabelecimentos. *
Ora, como nem o Banco do Brasil, nem outros podem
ter acções de sociedades anonymas em suas carteiras,
senão a titulo de garantia e "penhor dos empréstimos
que fizerem, é fóra de duvida que dos seus livros deve
constar o nome de cada um dos mutuantes que Uf as
houverem transferido; e que pôde por conseguinte o ban*
co passar a eertidão ou outro documento de idêntica na-
tureza, qvJI exige o aviso de 25 de Julho de 1863.
Bastará, pois, esta providepciapara,que se torne pos-
sível .verificar a legitimidade dos possuidores das ac-
ções eaucionadas nos estabelecimentos bancários.
Tal é, Senhor, o parecer das secçqes, com a conclu-
são do qual o conselheiro Bernardo de Souza Franco
declarou concordar.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como fôr
^ a i s acertado.
Sala das conferências, em 30 de Setembro de 1865. —
Visconde de Itaborahy .—Manoel Felizardo dé Souza
e Mello.— Visconde* de Sapueàhy.—-Bernardo de Souza
Franco. •-'.•>
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, em 13 tie Dezembro de 1835.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho.

N. 822.—RESOLUÇÃO DE 13 DEDEZEMBRO DE 1865.


Sobre o recurso de J . F . Torres de^Albuquerque, do despacho qüe*
lhe negou o abono tios vencimentos de 1.° escripturario da alfân-
dega da corte, que estava exercendo, quando foi servir no exército,,
como voluntário da pátria.
Senhor.—Para o conselho de estado recorre José Fló-*"
rindo Torres de Albuquerque, do despacho tio ministro
• — —

|*3 Aviso n.«l4'de 10 de Janeiro de 1866, na collecção dás leis.'


— 615 —
da fazenda de 26 de Agosto ultimo, indeferindo o re-
querimento, em que o recorrente pediu se lhe man->
Passem abonar os vencimentos de primeiro eseripturario
da alfândega da corte, que estava exercendo, quando se
offer.eceu para servir, como está servindo, na qualidade
de Voluntário no exercito de operações contra a repu-
blica do Paraguay.
Fundou-se o despacho em não haver ó' recorrente
apresentado titulp por onde prove ter sfdò nomeado pri-
meiro escripturario, visto não se poder considerar como
ta^a portaria de 30 de Setembro de 1863, que lhe deu
exercicio naquella repartição com os vencimentos do dito
emprego.
O art. í:° da lei n.' 1264 de 28 de Junho deste anno
determina que «os empregados públicos que, como
guardas nacionaes ou voluntários, estiverem servindo
nas forças em operações, não perderáõ seus empregos,
e serão considerados em commissão,ficandocom direito
á opção de seus vencimentos. »
Allega o thesouro que « o supplicante não tem em-
prego na alfândega,, onde estava servindo, visto que
como tal se não pôde considerar, nem se tem jamais
considerado o lugar de addido, o qual não é creado por
lei nem tem assentamento no thesouro., »
O que, nó parecer" da secção, constitue o caracter de
empregado publico é o exercicio de funcções civis, judi?
ciarias' ou políticas em virtude de nomeação ou provi-
mento do poder executivo.- O assentamento no thesouro,
medida de ordem, dê regularidade e fiscalisação, de uma
p'arte das despezas do Estado, não dá nem tira a ninguém
aquella qualidade.
Demais^ se o decreto dé 30.de Setembro de 1863,
desacompanhado de outro acto do governo, poderia e
deveria mesmo ter a significação que lhe dá o thespurot,
isto é, a de tirar aó suppjicânte o caracter de empre-
gado publico desde que o exonerou do lugar de ajudante
do guarda-rnór da alfândega, tal significação parece
inadmissível á vista da portaria da mesma data, que
mandou dar-lhe exercicio na mesma repartição com
maiores vencimentos do que até então lhe competião.
A demissão importa sempre punição nos casos seme-
lhantes ao de que se trata, e hão' se pune ao tielei-
xado ou prevaricador dando-se-lhe mais vantagens
pecuniárias. . • - „ ' . ,
« Sirva-se V. S., diz a portaria de 30 de Setembro, ad-
mittir José Florindo Torres de Albuquerque a ter exer-
cício nessa alfândega, percebendo os vencimentos de
primeiro escripturario. » •
— 616 —

Ás palavras—ter exercicio—indicão bem, não a demis-


são do recorrente, mas a remoçâp do cargo que desem-
penhava, para exercer, bem que interinamente, o de prw
meiro escripturario. ,
Se não há lei que autorize este acto do governo; se o
thesouro o julga abusivo, o meio de corrigir o abuso
fôra reVogar, annullar o acto; mas é contraditório
sustentai-o e recusar as conseqüências, que delle de-
riVão.
Nem a secção. descobre motivos que pudesserri levar
o legislador á estabelecer entre os empregados que
têm assentamento np thesouro e os que os não têm, á
distincção apontada. Quer,sé considere á importância
dos serviços em relação ao Estado* quer ás fadigas e'
provações, a que voluntariamente se submettem* uns e
outros, a distincção' seria infundada, e por conseguinte
injusta.
Não pôde também deixar de fazer força no espirito da
secção,- o facto allegado pelo recorrente:—que, tendo
a- mesma qualidade que hoje na alfândega da corte, e
acharitio-se destacado como capitão dá guarda nacional,
todo o mez dé Fevereiro do corrente anno.-nera pòrisso
deixou de receber os vencimentos do seu emprego, cpr-'
respondentès ao tempo do destacamento.
A ser Verdadeiro o facto, a eontrâtiicção parece fla-
grante e insustentável.
Assim,- e pelo que deixa resumidamente ponderado*
entende a secção que fôra dé justiça dar-se provimento
ao recorrente.
Mas Vossa Magestade Imperial resolverá o que fôrv
mais aeertado.,
Sala das conferências^ í de Outubro de 1865. — Vis->
eondé de Itaborahy. — Manoel Felizardo' de Souza é
Mello.
#'
RESOLTJÇÃOV

Como parece. (*),


Paço, em 13* de DezeiPbro dé 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
* •

José Pedro Dias de (kirvülhõ*'*

O Aviso n.« 387^ dej27 de Dezembro de 186S, na collecção das lefe/


— 617 —

N. 823.—RESOLUÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 1865.


Sobre a dyvida —se o contracto celebrado com a companhia da es-
trada de ferro de D. Pedro II e a transferencia do resto das acções
da mesma companhia ao Estado, estão'sujeitos ao pagamento do
sello proporcional.

Senhor. —Ordenou Vossa Magestade Imperial que as


secções de fazenda e do império do conselho de estado
<jpnsultassem, á vista dos papeis juntes, se o contracto
celebrado com. a companhia da estrada de ferro de
D. Pedro II e a transferencia dp resto das acções da
mesma companhia ao Fstado estão sujeitos ao paga-
mento do sello proporcional.
Esta questão foi "suscitada entre o thesouro e o minis-
tério da agricultura, commercio e obras publicas.
Entende o primeiro que, nãó estando aquelle contracto
comprehendido na. excepçao do art. 38 §19 do regula-
mento de 26 de Dezembro de 1860, obrigado ficou ao
pagamento dó sello; mas impugna esta doutrina o mi-
nistério da agricultura com os fundamentos constantes
dó aviso de.29 de Setembro ultimo, que diz:
« Não juígo Sujeito-ao sello proporcional o contracto,
por >suppôl-o comprehendido na excepçao estabelecida
pelo § 19 do art. 38 do regulamento de 26 de Dezembro
de 1860. A duvida pôde unicamente versar sobre ser ou
não desappropriação a transferencia determinada pelo
decreto n.° 3503 de 10 de Julho ultimo. Ora, não só nos
arts., 4." do decreto n." 1599 de 9 de Março de 1855, e 34
do contracto de 10 de Maio do mesmo anno, está pre-
visto o caso de desappropriação da estrada de ferro por
utilidade publica, como também a lei n.° 1083 de 22 de
Agosto, art. 5.°, regulou o modo de realizar-se a transfe-
rencia ao Estado ou a desappropriação dessa estrada,
sem dependência do processo determinado pelas leis de
9 de Setembro de 1826 e de 12 de Julho de 1845. E se
confrontarmos aquellas disposições expressas em de-
cretos e nos estatutos da companhia, todas referindo-se
á desappropriação da estrada; com o art. 5." da lei de 22
de Agosto dé 1860, que autorizou a permuta das acções
da referida companhia por titulos da divida publica in-
terna ou externa, ê por conseguinte transferencia ao
Estado da propriedade da estrada, concluiremos força-
damente que transferencia e desappropriação são, neste
caso especialissimo, synonimos, e o decreto de 10 de
Julho próximo passado sanccionou uma verdadeira des-
appropriação, devendo portanto'o respectivo contracto
- c. 78 • •
— 618 —
gozar da isenção estabelecida pelo § 19 do art. 38 do re-
gulamento de 26 de Dezembro de 1860. »
Este paragrapho reza assim : « E' isenta de sello pro-
porcional a desappropriação por utilidade ou necessi-
dade publica, promovida por conta do Estado ou dás
administrações provinciaes, é pelas câmaras munici-
paes. »
E o art. 34 do contracto para a construcção da es-
trada de ferro de D. Pedrp II diz: «Se o governo
julgar conveniente effectuara desappropriação da es-,
trada de ferro, corri todas as,suas ramificações^po-
del-o-há fazer debaixo das seguintes condições:
1 . a A desappropriação nãó terá lügár antes dé 30,annos
depois da abertura de toda a linha, excepto por espe-
cial,a accôrdo entre o governo e a companhia.
2. Ó preço da desappropriação será regulado pelo
termo médio do rendimento liquido dos últimos cinco
annos. »
Assim, bem que o acto da desappropriação seja de
natureza differente da do ajuste ou concerto entre partes,
o certo é que as palavras sublinhadas derão foro, de
desappropriação ao contracto,. que transferiu aquella
estrada para o dominio e administração do Estado;
Nestes termos, e porque cumpre^ ao governo não
só executar religiosamente os contractos que celebrar,
senão também evitar pretextos qué pareção fundados
para se duvidar, de sua boa fé, entendem, as secções
que deve prevalecer, na duvida que se move entre os
dous ministérios, a opinião do da agricultura, eom-
mêrcio, e obras publicas. Mas Vossa Magestade Im-
perial resolverá o que fôr mais "acertado.
Sala das conferências, em 13 de Outubro, de 1865.
—Visconde de Itaborahy.—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.—Visconde de Sapucahy.—Bernardo de Souza
Franco.
RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)


Paço, em 13 de Dezembro de 1865.
Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho. 7

{*) Aviso n.° 5 de 4 de Janeiro de 1866, na collecção das leis.


— 619 —
N. 824. —RESOLUÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 1865.
Sobre a approvação dos estatutos da companhia—London Brasilian.
and Mauá Bank Umiled.

Senhor.—Man dou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de 30 de Ou-
tubro ultimo, que a secção de fazenda do conselho
de estado consultasse cora o seu parecer sobre o as-
sumpto do requerimento e docurhentos annexos, era
que John George Goadair e John Saunders, na qua-
lidade de procuradores da companhia—London Brasilian
and Maüá Bank limited—, pedem a approvação dos res-
pectivos estatutos.
Allegão os süpplicantes, que por effeito de mutuo
accôrdo entre o London and .Brasilian Bank e" as so-
ciedades bancárias Mauá Mac Gregor & C.a, e Mauá & C*
se achão todas ellas incorporadas em uma associação
anonyma denominada London Brasilian and Mauá Bank
limited, da qual receberão poderes para solicitar do
governo de Vossa Magestade Imperial a approvação de
seus estatutos e autorização para fazerem no Brasil as
s
operações de seu commercio por meio de uma caixa ma-
triz nesta corte, e agencias e caixas filiaes na Bahia, Per-
nambuco, Ceará, Maranhão, Pará, S. Paulo, Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, Pelptas,Uruguayana, Santos e Campi-
nas ; e que, sendo outrosiraos referidos estatutos, salvas
pequenas alterações relativas ao augmento do capital,
do titulo da companhia e do pessoal da administração re-
sidente em Londres, os mesmos que região o Lpndpn
and Brasilian Bank, é forão approvados pelo detíreto
de 2 de Outubro de 1862, não parece haver motivo
para se lhes recusar a graça que implorão, de se-
renvigualmente approvadas aquellas alterações; ficando
a nova companhia autorizada por esta fôrma a fazer,
nos lugares acima mencionados, as operações permit-
tidas ao dito banco'.
O teor deste requerimento indica estarem os süppli-
cantes equivocados, no sentido que dão ao decreto de
, 2 de Outubro, o qual, sem approvar, nem alterar os
estatutos ou artigos de associação do London and
Brasilian Bank limitou-se a permittir que a companhia
organizada em Londres era virtude desses estatutos,
pudesse fazer no Rio de Janeiro, e sob as condições
impostas pelo dito decreto, as operações que elle enu-
mera. A maneira por que o entendem os süpplicantes.
poderia apadrinhar pretenções semelhantes ás que se
sahe terem sido movidas pelo Brasilian and Portuguese
— 620 —

Bank, a respeito da doutrina dos arts. 181, 183 e 184


dos seus estatutos, que se acha reproduzida nos da nova
companhia.
A secção dará, pois, seu parecer no presupposto ,que
os süpplicantes só pedem se lhes conceda a mesma
autorização que obtiverão, tanto o London and Brasilian,
como o Bçasilian and Portuguese Bank.
Entre as vantagens, que muitos esperavão destes dous
estabelecimentos de credito, era sobre todas preconi-
zada a importação de avultados capitães, com que te-
rião de auxiliar o commercio e industria nacionaes.
Sem esta esperança, não se lhes terião feito concessões,
de que estavão, e continuão a estar privados os es-
tabelecimentos brasileiros da mesma natureza, e entre
os quaes é de máxima importância a de negociar em
câmbios.
A realidade dos factos veio, porém, bem depressa
desvanecer a illusão, e mostrar a que mesquinhas pro-
porções se reduz o beneficio que elles têm feito no to-
cante ao accrescimo de capitães.
Basta, para reconhecel-b, .consultar os balanços que
se publicão mensalmeçte. O do London and Brasilian
Banck do mez passado, por exemplo, attesta que sendo
o seu capital incorporado de mais de -13.000:000^000
apenas tem realizado no decurso de três annos a somma
de 4.600:000^000, dos quaes existem 2.400:ÕOO$000 nas
agencias do Rio Grande, Bahia. Pernambuco, Lisboa e
Porto, restando apenas na caixa do Rio de Janeiro a de
2.200:000^000. Comparando esta- diminuta quantia com
a de,i19.114:872$000, a que sobem os depósitos desta
caixa," fica manifesto que quasi 9/io de suas operações são
alimentados por capitães brasileiros.
A isto se deve acrescentar que tal é a pratica adoptada
pelos bancos de deposites e descontos da Inglaterra: os
quaes conhecem bem que, se lhes é útil incorporar
capital muito avultado, para poderem facilmente obter
avultados recursos de credito, não lhes convém todavia
realizar senão pequena, parte delle: os lucros que por
este modo auferem, estão na razão directa do capital
incorporado, e inversa do realizado. Assim tem proce-
dido também o London and Brasilian Bank, e o Brasilian
and.Portuguese Bank; e assim ha de proceder a com-
panhia representada pelos süpplicantes. Os capitães
que conservar acidentalmente em cada ura dos bancos
ou agencias dé Portugal, do Brasil, e do Rio da Prata
estarão sempre em pequena relação com os deposites
que lhes forem confiados.
E a secção de propósito diz—accidentalmente—, por-
— 621 —
que, sendo aquella companhia ura aggregado de esta-
belecimentos em differentes paizes, é da natureza de
.suas operações que o capital com que operar cada um
delles, senão também uma parte dos deposites, seja
freqüentemente distrahida dos descontos, e movida para
outros, conforme o mais productivo emprego que lhe
puderem dar.
E aqui cabe ponderar que, sendo condições essenciaès
dos estabelecimentos bancários, não só a incorporação
de capital proporcionado á importância dos negócios
jme tiverem de fazer, mas ainda a publicação periódica
de seus balanços, estas duas condições não as satisfaz
tão completamente, como convém, a companhia que os
süpplicantes representão: 1.?, porque ninguém poderá,
á vista dos balanços, que o estabelecimento do Rio de
Janeiro publicar mensalmente, fazer justa idéa do es-
tado de todos os outros e conseguintemente do da com-
panhia, cujo capital terá de garantir não só os empenhos,
que ella contrahir, tanto era Londres, e no Brasil, p em
Portugal por meio de suas filiaes, como nas duas repu-
blicas do Rio da Prata, onde vai crear bancos de cir-
culação; 2.°, porque rio caso de liquidação voluntária
ou judicial, é em Londres que se farão as diligencias e
correráõ os litígios que a liquidação requerer; e não se
pódé negar quão penoso fôra isto para os credores es-
trangeiros.
Outro inconveniente grave provirá ainda da solidarie-
dade do estabelecimento que se pretende crear nesta
corte, com os de emissão do Estado Oriental e Confede-
ração Argentina. Dado ó caso do Banco do Brasil resta-
belecer o pagamento de áuas notas em ouro, é fóra de
duvida que os metaes, de que precisarem os do Rio da
Prata, ser-lhes-hão fornecidos por intermédio daquelle
estabelecimento, o qual achará sempre, na faculdade de
sacar sobre Londres, abundantes recursos, para ir bus-
cal-as ao Banco do Brasil; provocando assim a contrac-
ção dos descontos, e produzindo na nossa praça conti-
nuadas pressões monetárias. O que fez, por vezes, uma
sociedade bancaria desta capital, dá medida do que po-
derá fazer aquella outra, muito mais poderosa do que
ella.
Passando agora a considerar a natureza das operações
bancarias mencionadas no citado decreto de 2 de Outubro
de 1862, não deve a secção dissimular quanto lhe parece
desacertado autorizar a nova companhia a negociar em
câmbios.
A livre cóncurrencia em matéria de commercio, além
de consagrada na constituição brasileira, é, por assim
— 622 —

dizer, um dogma entre as nações civilisadas. tfôra, pois,


contrarial-o. dar a álguem o monopólio da compra e
venda de letras cambiaes, que não são, em ultimo resul-
tado, senão o eomplementode transacções commerciaes;
e tanto monta permittil-o a uma companhia que dispõe
dé grandes meios pecuniários, e com quem não podem
concorrer outros tomadores e sacadores; ficaria ella
senhora de elevar ou deprimir o cambio, conforme os
lucros que dahi pudesse obter, perturbando deste modo
as legitimas especulações do commercio.
Forçoso é todavia reconhecer que quando o meio cir-
culante ó metallico, ou composto de metal e papel fidu-
ciario, taes perturbações não podem ultrapassar certos
limites determinados pela despeza de transporte dos
metaes preciosos. Não acontece, porém, a mesma cousa
no regimen do papel moeda: Em tal caso uma compa-
nhia, como a que representão os süpplicantes, sem com-
petidores, com o capital incorporado de cinco milhões
de libras, e dispondo" de amplos recursos na praça de
Londres, dominará o mercado das letras de cambio, al-
terará a seu bel prazer a cotação dellas, e exercerá por
conseguinte indébita e perniciosa influencia nos preços,
dos gêneros e mercadorias dp exportação e importação,
e por conseguinte no valor do meio circulante.
Nem- de outro modo parece explicável o facto occorrido
ultimamente napraça do Rio de Janeiro, onde o cambio,
chegou a 22 impara êm pouco mais de dous mezes re-
troceder e attingir o par; eproduzir no valor dos saques
sobre a Inglaterra uma differença de mais de 16 °/0-
Dir-se-há talvez que, não sendo permittido ao Banco
London Brasilian and Mauá fazer taes operações no Rio
de Janeiro, ficará o Brasilian and Portuguese sem con-
currente, e mais firmado assim o monopólio que se
receia.
Pará reduzir esta objeccão á sua verdadeira força, basta
ponderar: 1.° que, ainda quando não fosse illusoria a,
coneurrencia de dous estabelecimentos, um muito mais
poderoso que o outro ; raros serião os casos de não es-
tarem seus interesses dé accôrdo, ou ém que não se pu-
dessem concertar no modo de concilial-os; 2.° que,
parecendo inquestionável que a influencia predominante
havia de ser a do novo banco, se tornaria ella muito mais
prejudicial, em relação ao ponto de que se trata, á vista
de sua solidariedade com os estabelecimentos çte emis-
são acima apontados, e da superioridade de recursos
que tem para exercel-a. Pretendera, pois, quem assim
argumentasse remediar o mal que já sentimos,, creando
outro mal ainda maipr> j
— 623 —

Do que deixa resumidamente exposto, conclue a secção


de fazenda, que se pôde conceder á companhia denomi-
nada London Brasilian and Mauá Bank, e incorporada
em virtude dos artigos de associação abaixo publicados,
autorização para fazer, no Rio de Janeiro, por via do
banco que se estabelecer aqui, e por via de suas agencias
nos outros lugares do Império enumerados pelos süp-
plicantes,- as operações bancarias designadas no § 3.°
art. 1.° do dec. n.° 2711 de 9 de Dezembro de 1860, sob
as seguintes condições:
* 1 .* Que as operações de cambio que o dito banco fizer,
se limitem a movimento de fundos entre as differentes
praças do Brasil.
2. a Que o banco não dará principio a suas operações
sem ter em caixa 20 °/0 do* fundo capital da companhia,
isto aé, o valor de um milhão de libras.
3: Que estes 20 % se conservem como fundo de ca-
pital do dito'banco, e exclusivamente destinados a ser-
vir de garantia ás operações que elle fizer.
4." Quetodas as questões suscitadas entre terceiros, e
o banco,' ou suas agencias, e bem assim .a liquidação
delle, e dellas se faça no Império, e de conformidade
coma a legislação brasileira.
5. Que o banco e suas agencias fiquem sujeites as leis
e regulamentos —quejegem, ou regarem no futuro, os
outros estabelecimentos da mesma natureza, organizados
no Brasil sob a fôrma de sociedades anonymas.
6.-' Que sejão publicadas nosjornaes de maior circu-
lação desta capital as instrucções do conselho director
de Londres ao banco do Rio de Janeiro; repetrado-se
esta publicação todas as vezes que taes.instrucções forem
alteradas ou modificadas. ,
7.a Que o banco publique pela imprensa, dentro dos
primeiros oito dias de cada mez, o balanço das opera-
ções do mez antecedente, conforme o modelo que lhe
der oa thesouro. . , nn „_
8. Que a duração do banco seja de 20 annos, se nao
fôr autorizada opportunamente a prorogação desteprazo.
9 a Que o governo imperial possa nomear, todas as
vezes que o julgar necessário, um ou mais commissanos
que examinem os livros e o estado do banco; e declaral-o
dissolvido e ordenar sua liquidação, caso seja provada a
violação de qualquer das condições acima mencionadas
Resta á secção observar : 1 ° que as condições 3. e
4 a parecem exigir alterações ou additamentos aos es-
tWtosouartigoI de associação da corapanhia os quaes
só ppdem ser feitos pelo seus accionistas 2. que a tra
ducção dos ditos estatutos é tao incorrecta, e em partes
— 624 —

tão inintelligivel, que será preciso publicar, a par delia,


o original inglez.
Tal é, Senhor, o parecer da secção de fazenda.
Vossa Magestade Imperial resolvera o que fôr.mais
acertado.
Sala das conferências, em 20 de Novembro de 1865.—
Visconde de Itaborahy.—Manoel Felizardo de Souza e
Mello.

Hei por'bem permittir que a companhia denominada---


London, Brasilian and Mauá Bank limited—incorporada
em Londres, funccione no Império na fôrma dos. estatu-
tos que meterão apresentados, sujeitando-se a mesma
companhia ás condições com que foi permittida a instal-
lacão do — London and Brasilian Bank — pêlo decreto
n.°°2979de2 a de Outubro de 1862, combinados com as
condições 2. , 4.', 5.% 6.", 7.*, 8." e 9.a deste parecer. (*)

Paço, em 13 de Dezembro de 1865.

"Com a,rubrica de Sua Magestade o Imperador.


José Pedro Dias de Carvalho.

N. 825.—RESOLUÇÃO"DE 16 DE DEZEMBRO DE 1865.

Sobre o recurso do desembargador Francisco Domingues da Silva


acerca do abono das diárias de caminho e estada, pela nova ava-
liação dos bens do encapellado de Itambé a que procedeu, quando
juiz dos feitos de Pernambuco.

Senhor. —O desembargador Francisco Domingues da


Silva recorre para o conselho de estado da decisão do

(*) Decreto n.° 3367 de 20 de Dezembro de 1863. Permitte que a


companhia denominada — London Brasilian and Mauá Bank limi-
ted—funccione neste Império sob certas condições.
— 625 —
ministério da fazenda, pela qual foi indeferido o recurso
interposto da thesouraria de fazenda da provincia de
Pernambuco, por ter. julgado competir ao recorrente so-
mente a metade da diária de camiqho e estada, durante
a diligencia, a que por ordem do lhesouco procedeu
quando exercia o lugar de juiz dos feitos da fazenda nà
mesma provincia, indo ao lugar do extincto encapeílado
deltambé, para a nova avaliação. O recorrente se julga
com direito aos respectivos emolumentos por inteiro fi-
xados no regulamento de 29 de Setembro de 1855, e a
Üiesouraria e o governo entenderão que apenas lhe com-
petia metade dosfixadosno regimento de 10. de Outubro
de 1754, segundo as instrucções de 28 de Abril de 1851.
O tribunal do thesouro e o governo, pelo miqisterio
da fazenda, em diversas épocas têm entendido e decla-
rado que, apézar do regulamento citado de 29 deSelembro
de 1855, continuão em pleno vigor, no juizo dos feitos as
instrucções de 28 de Abril de 1851, e regimento de 1754,
e uma destas declarações foi dada pelo presidente do
conselho, a que perte"ncia o ministro que referendou o
regulamento de 1855.
Nada tendo occorrido que faça alterar a intelligencia
até hoje constantemente dada á legislação que regula os
emolumentos dos empregados do juizo dos feitos, é a
pecção de parecer que se não dê provimento ao recurso,
e se mantenha a decisão contra a qual se recorre.
Vossa Magestade Imperial resolverá, porém, o que fôr
mais justo.
Sala das conferências, 4 de Novembro de 1865.—Ma-
noel Felizardo de Souza e Mello.—Visconde de Itabo-
rahy.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, em 16 de Dezembro de 1565.

Com a rubrica de Sua Magestade o Ihiperador.

José Pedro Dias de Garvalho\

n Ortiem n.° 18 de 12 de Janeiro de 18G3, na collecção dasleis.


c . 7-9
— 626 —
N. 826.—RESOLUÇÃO DE 16 DEDEZEMBRX) DE 1865.
Sobre o requerimento em que a directoria da Caixa Reserva Mer-
cantil, da cidade da Bahia, pede a reforma de alguns dos artigos
de seus estatutos.

Senhor.-^-Ordenou Vossa Magestade Imperial, por aviso


de 19 do mez findo, que a secção de fazenda do conselho
de estado consultasse com seu parecer sobre o requeri-
mento, em que a directoria da caixa—Reserva Mercan-
til—dá cidadeda Bahia pede a reforma de alguns dos
artigos de seus estatutos.
A assembléa geral dos accionistas, qué adoptou a .re-
forma, cuja approvação se solicita, commetteü agrave
falta de a mandar executar immediatamente, infrin-
gindo.assim ó ari. 2.° | | 1.° e 4." da lei de 22 de
Agosto de 1860, e art. 18 tio regulamento de 19 de
Dezembro do mesmo annõ,. e incorrendo nas penas
de dissolução da sociedade, e de multa de 1 a 5- •/»
do capital que o governo poderá impôr-lhe, se julgar
conveniente.
Não consta' que os accionistas, que formarão aquella
assembléa geral, representassem, pelo-menos, metade
do capital social, o que aliás era cirçumstancia indis-
pensável para pualquer alteração dos, estatutos, como
preceitua o regulamento acima citado, e os próprios
estatutos da caixa-^Reserva Mercantil.
Por falta desta formalidade essencial, entende a
secção que o requerimento não pôde ser tomado em
consideração, emquanto não se apresentar documento
que prove ter sido cumprida a indicada disposição do
regulamente edos estatutos.
Vossa Magestade Imperial resolverá, porém, como
mais acertado fôr.
Sala das conferências, 8 de Novembro de 1865.—Ma-
noel Felizardo de Souza e Mello.—Visconde de Itaborahy.
RESOLUÇÃO.
Como parece. (*)
Paço, era 16 de Dezembro de 1865.
Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.
José Pedro Dias de Carvalho. ?'

(*) Aviso n.» 22 de 13 de Janeiro de 18S3, na collecção das leis.


— 627 —

N. 827.—CONSULTA DE 20 DE DEZEMBRO DE 1865.

Sobre o requerimento de Fortínho & Moniz, agentes do Banco Luzi-


tano, estabelecido em Lisboa, em que pedem licença para como-
taes praticarem nesta praça as operações de que forem encarre-
gados pelo dito banco.

Senhor.—Mandou Vossa Magestade Imperial, por aviso


do ministério dos negócios da fazenda de 18 do corrente
jpez, que a secção de fazenda do conselho de estado con-
sultasse com seu parecer a respeito do requerimento do-
cumentado, em que Fortinho & Moniz, agentes do banco
—Lusitano—estabelecido em Lisboa, pedem licença para
como taes praticarem nesta praça as operações de que
forem encarregados pelo dito banco.
Os süpplicantes nem apresentão poderes para, em
nome do Banco Lusitano, requererem a licença, que sob>
citão, Visto não se poder considerar, como taes a carta
junta á sua petição, nem assignão com precisão as ope-
rações que pretendem fazer nesta praça: referem-se
Vagamente ás que lhes forem indicadas em suas ins-
trucções.
Demais, a triste experiência, destes últimos tempos
impõe á secção de fazenda o imperioso dever de declarar
a Vossa Magestade Imperial que lhe parece, não já só
conveniente, mas de absoluta necessidade, que o governo
não autorize nenhuma creação de estabelecimento ban-
cário, cuja sede e administração existão em paiz estran-
geiro, sem o fundo dé garantia indicado no § 2." do art.
46 do decreto n.° 2711 dé 49 de Dezembro de 1860 ; e não
sabendo quaes as operações incumbidas á agencia do
Banco Lusitano, não pôde êlla propor a importância do
fundo dé garantia e os meios práticos de tornal-o real
Assim, é a secção de parecer que o requerimento dos
süpplicantes não pôde ser favoravelmente deferido.
Vossa Magestade Imperial, porém, mandará o que fôr
melhor. , *
Sala das conferências, em 20 de Dezembro de 1865.—
Visconde de Itaborahy .—Manoel Felizardo de Souza &
Mello*
— 628 —

N. 828.—RESOLUÇÃO DE 23 DE DEZEMBRO DE 1865.

Sobre o recurso da Companhia Brasileira de Paquetes a vapor dá


decisão que mandou glosar diversas quantias nas contas que
apresentarão de frelamenjo de dous vapores., e transporte de
tropas.

" Senhor.^-Para o transporte de tropas da corte para


Buenos-Ayres contractou o governo, em 24 de Dezembro
do anno findo, com a companhia brasileira de paquetes a
vapor, o frete dos vapores Cruzeiro do Sul e Oyapoek,
A companhia apresentou aO ministério da guerra a
conta do que julgou ter direito a receber em cumpri-,
mento do contr-acto, e depois dos exames feitos na 4."
directoria deste ministério, foi expedido aviso ao da fa-
zenda para o pagamento pedido de 414:785^000.
O thesouro, na verificação que fez das diversas parcellas
da conta, glosoua quantia de 18:700^000, que não se acha-
va justificada, e dando disto parte ao ministério da guerra,
este respondeu que, comquanto não houvesse, exami-
nado de novo o pedida da companhia, acreditando que
as glosas assentão na mais escrupulosa e recta fiscali-
sação, declara que não tem dúvitia era annuir ao juizo
do thesouro.
Esta repartição effectuou a reducção dos citados
18;700#000 e pagou somente a somma de 396:085^000.
Contra a decisão final dos dous ministérios recorre
a companhia, e Vossa Magestade Imperial, por despacho
de 8 do corrente, houve por bem determinar que a 'secção
de fazenda do conselho de estado consultasse sobre
esta questão.
As quantias glosadas são provenientes dé demora
em diversos portos, e de comedorias ás praças do
exercito nos dias em que ella teve lugar.
As sommas que o governo era obrigado a satisfazer
á companhia por estadia e comedorias são reguladas
pêlos arts. 5.°e6.° do contracto de 24 de Dezembro
de 1864, que assim se exprime:
«5.° O governo pagará á companhia pela viagem de
cada um dos vapores, desde o Rio de Janeiro até o
porto de Buenos-Ayres, a quantia de 40:000^000, e mais
por cada passageiro de 1.'classe ou câmara, maiores
de 10 annos, a quantia de 150#000 por cada u m ; e
pelos menores de 10 annos até 3 pagará 75#000 : pelos
passageiros de 3. d classe, oa convéz, de qualquer idade 1
45$000 cada um, e pelas cargas ou bagagens pagará I
ó.frete estipulado, nas tabellas da companhia appro-s
— 629 —
vadas pelo governo para o porto de Montevidéo, com
o augmento da quarta parte dos mesmos fretes.
« 6." São estipuladas 24 horas de estadia aos vapores
depois de fundeados em Buenos-Ayres para o desem-
barque dos passageiros, bagagens e cargas,ficandoa
cargo do governo imperial o fornecimento dos meios
de desembarque, e por cada um dia que exceder,
emquanto os vapores estiverem fundeados em Buenos-
Ayres, pagará mais o governo imperial a quantia de
500#000, por cada vapor, ê 1#000, por cada passageiro
oé convéz, e 5#000, por cada passageiro de câmara de
mais de 10 annos, e 2#500 por cada passageiro de
câmara de 3 a 10 annos de idade.»
E como as parcellas glosadas se referem á demora,
ou em portos intermédios ou em Buenos-Ayres, e de-
mostrando os documentos apresentados, que dentro
das 24 horas contadas do momento da chegada forão
os vapores desembaraçados pelo ministro brasileiro,
evidente parece á secção que nenhum direito tem a
companhia ao embolço de 18:700g000, sobre que versa
o recurso, o qual por isso não deve ter provimento.
Vossa Magestade Imperial, porém, resolverá como fôr
mais acertado.
Sala das conferências,' 5 de Dezembro de 1865.—Manoel
Felizardo deSouMe Mello.—Visconde de Itaborahy.

RESOLUÇÃO.

Como parece. (*)

Paço, em 23 de Dezembro de 1865.

Com a rubrica de*Sua Magestade o Imperador.

José Pedro Dias de Carvalho.

(*) Aviso n.° 2o de 15 de Janeiro de 1866, na collecção das leis.


ÍNDICE CHRONOLOGICO

3 D A . S C O N S U L T A S E3 R E S O L T J Ç O B S CONTIDAS
Bk, ÍTVO F R . E S E N T E V O L U M E .

Anno de 4 8 6 1 .

PAGS.
N. 606.—-Em 2 de Janeiro de 1861.—Sobre a approvação dos
estatutos da Caixa União Commercial, reorganizada
sob o titulo de Caixa Hypothecaria da provincia da
Bahia. 7
N. 607, —Em 2 de Janeiro de 1861.—Sobre o oíiicio do presi-
dente da Bahia expondo os embaraços da thesouraria
provincial por falta de recursos e solicitando provi-
; ciências a tal respeito v.... 8
N. 608.—Em 16 de Janeiro de 1861.—Sobre a questão susci-
tada na provincia de Pernambuco, relativamente ao
contracto de permuta que fkerão Mesquita & Dutra
e outro com a fazenda publica de duas casas de sua
propriedade por um terreno de marinha.. 10
N. 609.—Em 30 de Janeiro de 1861.—Sobre,os direitos a que
estão sujeitas as nomeações dos presidentes de pro-
víncias.. 19
N. 610.—Em 16 de Fevereiro de 1861. — Sobre a questão occor-
rida entre a thesouraria de fazenda e o Banco da
Bahia quanto ajo modo de se calcular o valor das
atíções da estrada de ferro àó Joazeiro permutadas
por apólices da divida publica 20
N. 611.—Em 27 de Fevereiro de 1861. —Sobre, as leis provin-
ciaes de S. Pedro do Rio Grande do Sul do ànno
de 1889..:.... ; 23
N. 612.—Em 27 de Fevereiro de 1861—Sobre as leis provin-
ciaes da Bahia do anno de 1860 -. 24
N. 613.—Em 27 de Fevereiro de 1861.—Sobre as leis provin-
ciaes de S. Paulo do anno de 1860 , 25
N. 614.—Em 27 de Fevereiro de 1861.—Sobre as duvidas pro-
postas pelo presidente da assembléa geral dos accio-
nistas do Banco da Bahia a respeito da intelligencia
de algumas disposições dos respectivos estatutos e
do decreto de 10 de Novembro de 1860 26
N. 615.—Em 23 de Março de 1861.—Sobre as leis provinciaes 3ü
de Sergipe do anni de 1839
— 2—
vnas.
N. 616.—Em 23 de Março de 1861.—Sobre as leis provinciaes
de Mato Grosso do anno de 1860 3|
N. 617.—Em 23 de Março de 1861.— Sobre as leis provinciaes
de Minas Geraes do anno de 1859 32
N. 618,—Em 23 de Março de 1861.—Sobre as leis provinciaes
do Ceará do anno de 1859 34
W. 619.—Em 27 de Março de 1861. —Sobre a questão Susci-
tada pela directoria da companhia da estrada de
ferro de Pernambuco a respeito da posição do go-
verno como accionista da mesma companhia, em
«virtude das acções qne lhe forão transferidas em troca
de apólices da divida publica ...., 35
N. 620.—Em 29 de Março de 1861.—Sobre a pretenção da di-
rectoria da companhia da estrada de ferro do Joa-
zeiro á garantia do governo imperial para obter o
capital que a continuação dos trabalhos da mesma
estrada urgentemente reclama 47
N. 621.—Em 3 dé Abril de 1861.—Sobre o requerimento em
que Thomaz Antônio de Paiva Rapozo nomeado em
Lisboa pelas respectivas autoridades curador ad bona
da demente D. Maria Francisca Izabel Roux, alli re-
sidente, pede o pagamento da pensão de sua çura-
telada 73
N. 622.—Em 3 de Abril de 1861. - Sobre a duvida da thesou-
raria do Pará a respeito da tabeliã que deve regular
a cobrança dos emolumentos dos, títulos e mais do-
cumentos expedidos pela repartição da marinha.... 76
N. 623.—Em 3 de Abril de 1861.—Sobre a duvida — se os em-
pregados da 1.» e 4. a directorias,do ministério da
guerra podem ser pagos de seus vencimentos" desde
a data dos novos titulos passados em virtude do de-
creto que reformou as referidas repartições ... 78
N. 624.— Em 3 de Abril de 1861.— Sobre a duvida —-se aos em-
pregados aposentados deve-se contar para o calculo
dos respectivos vencimentos o tempo de serviço em '
outros lugares, já contado e«remunerado com apo-
sentadoria anteriormente concedida e gozada 80
N. 625 Em 3 de Abril del$61.— Sobre a duvida— se o lugar
de medico do Aljube deve ser considerado emprego
publico 82
N. 626.—Em 10 de Abril de 1861.—Sobre a duvida, da the-
souraria do Pará — se o empregado com assento na
assembléa provincial, optando pelo ordenado de seu
emprego, tem direito a todo o vencimento do lugar,
mesmo o que recebe por accumulação 83
N. 627.—Em 10 de Abril de 1861.—Sobre as leis provinciaes
de Pernambuco do anno de 1860 86
N. 628.-r-Em 10 de Abril de 1861.—Sobre o exame e revisão
do processo e decisão do inspector da alfândega do
Pará por ter-se dado preterição de formulas subs-
tanciaes, na conformidade do" art. 29 do decreto de
29 de Janeiro de 1859 4. 87
N. 629.—Em 17 de Abril de 1861—Sobre a questão das re-
clamações feitas á alfândega da corte por faita de
umas pipas coin vinho pelos negociantes Antônio Joa-
quim de Cerqueirá, e Novaes & Passos 88
N. 630.—Em 17 de" Abril de 1861.—Sobre as leis provinciaes
das Alagoas do anno de 1860 102
N. 631.—Em 17 de Abril de 1861.—Sobre a pretenção de José
Francisco Ribeiro aposentado no lugar de segundo
ensaiador da casa da moeda de lhe ser contado o
— 3 —

PAGS.
tempo de serviço-de praticante do ensaio da mesma
repartição Com estipendio pago por feria 103
N, 632.—Em 17 de Abril de 1861.— Sobre a representação dos
negociantes das Alagoas contra o acto da presidência
mandando executar a disposição do § 14 do art 3,»
da lei dé 19 de Julho de 1839, que decretou a co-
brança de 10 «/o de todas as madeiras sahidas da pro-
víncia . . . . . . . . ; 106
N. 633.—Em 20 de Abril de 1861.— Sobre a decisão dada pelo
presidente do Piauhy á duvida proposta pela directoria
da companhia de navegação do rio Parnahyba, áfcerca
da disposição do § 8.» do art. l.° da lei n.° 1083 de
22 de Agosto de 1860 110
*N. 634.—Em 20 de Abril de 1861.,—Sobre a nova prorogação
de prazo pedido pela directoria do banco commer-
cial e agrícola para o resgate das notas de valor in-
ferior a 50$000 111
N. 635—Em 1." de Maio de 186t. —Sobre a reclamação do
desembargador Manoel Cerqueirá Pinto contra a de-
cisão da recebedoria do município que exigiu do ven-
cimento do emprego de fiscal do tribunal do com-
mercio o pagamento dos direitos na razão de 30 % . 113
N. 636.—Em 1.° de.Maio de 1861.—Sobre as leis provinciaes
da Parahyba do anno de 1860.....; 115
N. 637.—Em 1.» de Maio de 1861.—Sobre as leis provinciaes
do Maranhão do anno de 1860 116
N. 638.— Em 1.» de Maio de 1861.—Sobre as leis provinciaes
de Sergipe do anno de 1860 117
N. 639.—Em 15 de Maio de 1861.— Sobre o requerimento em
que a direcção da caixa commercial da Bahia pede
a faculdade de elevar o seu fundo de reserva, e a per-
missão para comprar as acções da própria companhia. 118
N. 640.—Em 15 de Maio de 1861. — Sobre o officio do fiscal
; da caixa commercial da Bahia relativamente ao modo
porque a directoria da mesma caixa entende dever
fazer os empréstimos a prazos fixos, e demora na
acção das letras protestadas • 121
N. 641.— Em 15 de Maio de 1861.- Sobre o projecto de estatutos
para as caixas filiaes do banco commercial e agrícola,
estabelecidas nas cidades de Vassouras e Campos.. 123
N. 642.—Em< 15 de Maio de 1861.—Sobre as occurrencias que
se derão na caixa econômica da cidade da Bahia
relativamente a inscripção dè grande parte dos accio-
nistas para a retirada dos capitães que havião de-
positado na mesma caixa... • "3
N. 643.—Em 18 de Maio de 1861.— Sobre a duvida — se os em-
pregados aposentados e jubilados, avista do art, 36
do decreto de 29 de Janeiro de 1859, podem accu-
mular os respectivos vencimentos com os de com-
missões por trabalhos extraordinários e temporários. 127
N. 644.—Em 18 de' Maio de 1861.—Sobre o recurso da com-
panhia geral de seguros — Feliz Lembrança — da^ de-
cisão do. tribunal do thesouro que não altendeu a re-
clamação contra,a multa que lhe foi imposta pela
recebedoria do município por falta de pagamento do 1 2 8
sello das entradas dos accionistas
N". 615. —Em 18 de Maio de 1861.— Sobre o recurso de Braga
& Irmão da decisão do tribunal do thesouro que con-
firmou a do administrador do consulado da corte,
julgando boa a apprehensão de uma caixa de assucar
X£i
aos mesmos consignada
v
C. 80,
PAGS.
JS. 646.—Em 29 de Maio de 1861.— Sobre o officio da directoria
-tia-caixa reserva mercantil da Bahia, em que parti-
cipa como se procedeu á substituição dos membros,,
da mesma directoria, ca medida a que recorreu para"
sustentar o valor das respectivas a c ç õ e s . . , . , . . . . . . . 132
N. 647.—Em 1.° de Junho de 1861.—Sobre a approvação'dos
estatutos da caixa commercial que se pretende crear
•na cidade de. Maceió, provincia ,das Alagoas......... 134
N. 648.—Em 1.° de Junho de 1861.—Sobre os estatutos da
caixa mercantil Nazarena, estabelecida na cidade de
Nazareth, da provincia da Bahia.. 135
N. 649.—Em 1.° de Junho de 1861.-r Sobre a intelligencia do
§ 12 do art.2." da lei: de 22 de Agosto de 1860, tendo
em vista o officio do-presidente do Banco do Brasil
e o parecer do procurador fiscal do thesouro, os
quaes entendem que a cilada disposição não é exten-
siva aos mandatos, legaes. 137
N. 650.— Em 19 de Junho de. 1861.—Sobre a duvida —se as
caixas econômicas que sé regem por estatutos não
approvados, más que solicitarão sua •approvação, es-
tão comprehendidas na disposição do 1 17, ouse de-
vem sujeitar-se á do § 15 do art. 2.» da lei de 22 de
Agosto de-1860 142
N. 651.— Em 19 de Junho de 1861.—Sobre o requerimento da
direcção da caixa econômica dacidade de Nazareth,
da provincia da Bahia, em que pede approvação de
seus estatutos -./... • • • • • *•-•....... 143
N. 652*—Em 3 de Julbo.de 1861.—Sobre a questão de què
trata o officio do inspector da thesouraria de Minas,
relativamente á descoberta de umas moedas de ouro
feita por Modesto Gomes Pereira 148
N. 653.—Em 3 de Julho de 1861.—Sobre o requerimento de
Salgado, Souza. & C.% negociantes da praça dp Ceará,
pedindo a solução de diversas duvidas que suggerirão
acerca da intelligencia dos arts. I.°e2.° de decreto
n.°2694 de-17.de Novembro de 1860 152
N. 654.— Em 3 de Julhódc 1861.—Sobre o requerimento em que
a directoria dp Banco Rural é Hypothecario pede lhe
seja permiltidoorocar, independente de augmento do
respectivo capitáfl, os titulos e cautelas.que existem
em poder dos accionistas,.,. • •• ••«•;• .155
N. 655.—Em 3 dé JuRile de 1861.—Sobre o officio do fiscal do
Banco da Bahia, em que dá conta de terem sidoreeleitos
alguns dosf membros da directoria, que havião re-
• signado os. respectivos cargos perante a assembléa ge-
ral dos accionistas - 156
EK 656.— Em 3 de Julho de 1861.— Sobre a petição, de alguns ne-
gociantes da praça do Ceará, que reclamão contra a
intelligencia dada ao decreto n.° 2694 de 17 de No-
vembro de 1860 ... 157
N. 657.—Em 3 dê Julho de'1861.— Sobre as duvidas suscitadas
acerca da applicação da lei n.° 1114 dé 27 áe Setembro
de 1860, art. 12 $ 3..°, aos bilhetes dé loteria, cujo,
producto foi recolhido aos cofres públicos antes da
mesma l e i . . . . . . . 158
N. 658.—Em 13 de Julho de 1861».—Sobre o parecer dado pela
secção de fazenda a respeito do requerimento, em
que a directoria da caixa commercial —Santo Ama-
rense— pede approvação de seus estatutos 160
N. 639.— Em13 de Julho de 1861 .— Sobre a matéria do officio
do fiscal dó Banco do Rio Grande do Sul a respeito
—5—
PAGS.
dos empréstimos sob fiança feitos pelo mesmo banco
em contravenção dos respectivos estatutos ARI
N. 660.—Em 13 de Julho de 1861.—Sobre a duvida —se pela
cessão e traspasse do arrendamento de bens de raiz
e devido o pagamento da siza. 165
N. 631.—Em 13 de Julho de 1861. — Sobre o requerimento dê
vários commerciantes da cidade de Pelotas pedindo
a revogação ou alteração do art. 25 § 1.» do decreto
de 29 de Setembro de 1839 . 166
N. 662.—Em 13 de Julho de 1861. —Sobre os diversos quesitos
propostos pelo fiscal da sociedade bancaria — Com-
mercio — estabelecida na Bahia, a respeito da substi-
tuição e eleição dos membros da directoria da mesma
sociedade... ±R$
N. 663.—Em 13 de Julho de 1861—Sobre a questão proposta
pelo fiscal do Banco do Rio Grande do Sul —se os
fiSiCaes dos bancos podem ser accionistas e ter trans-
acções nos bancos em que servirem. 171
N. 664—Em 13 de Julho de 1861.—Sobre a duvida—se devem
continuar a ser arrecadados pelo juizo de ausentes,
os bens do fállecido, que deixa na terra cônjuge ou
herdeiros presentes, e explicação da palavra—terra—
empregada no. | 1.° do art 1.° do regulamento de 27
de Junho de 1845 172
N. 665.— Em 13 de Julho de 1861.— Sobre as leis provinciaes
do Rio Grande do Norte do anno de 1860 176
N. 666.—»Em 13 de Julho de 1861.—Sobre as leis provinciaes
do Ceará do anno de 1860 177
N. 667.—Em 13 de Julho de 1861.—Sobre a pretenção do con-
selheiro Manoel Maria do Amaral de lhe ser contado,
para a concessão da gratificação do art. 42 do decreto
de 29 de Janeiro de 1839, o tempo de serviço como
lente, do curso jurídico de Olinda, já remunerado
pela jubilação '.' 178
N. 688.—Em 13 de,Julho del861.—Sobre a pretençãodol.°es-
cripturario da thesouraria da Bahia José Martins Penna,
de lhe ser contado, para concessão da gratificação do
art. 42 do decreto de 29 de Janeiro de 1859, o tempo
de serviço como addido á mesma thesouraria 17.9*
N. 669.—Em 13 de Julho de 1881.—Sobre a questão relativa
á herança deixada por Margarida Gabry a Coste
Fuchard 181
N. 670.—Em 13 de Julho de 1861.—Sobre as queixas articu-
ladas na representação da praça do commercio desta
corte relativamente aos decretos n. os 1713 de 26 de
Dezembro de 1860 e.2733 de 23 de Janeiro ultimo... 186
N. 671.—Em 17 de Julho de 1861.—Sobre as questões susci-
, tadas pelo presidente do Banco do Brasil a respeito da
renovação annual dos membros da directoria, no
caso especial de renuncia dos cargos e reeleiçãov de
alguns membros demissionários 188
N. 672. —Em 17 de Julho del861.— Sobre as duvidas expostas
pelo presidente do Banco do Brasil relativamente á
eleição e renovação dos supplentes dos directores do
mesmo banco - 189
N. 673.—Em 18 de Julho de 1861.—Sobre as leis provinciaes
de Santa Catharina do anno de 1860 192
N. 674.—Em 24 de Julho de 1861.— Sobre a duvida suscitada
no thesouro nacional —se os titulos do monte-pio estão
ou não sujeitos ao pagamento do imposto do sello tJ2
proporcional l
PAGS.
N. 675.—Em 10 deAgosto de4861.—Sobre o requerimento da
directoria do novo Banco de Pernambuco acerca do
honorário, do fiscal do mesmo banco ,. 194
N, 676.—Em «10 de Agosto de 1861.— Sobre a duvida em que
se acha a directoria do Banco doa Brasil relativamente
ã verdadeira intelligçncia da.2. parte do § 2.° art. 1.»
da lei de 22 de Agosto, ou da disposição que lhe
é parallela, do art. 4.° do decreto de 10 de No-
vembro de 1860. 195
N. 677.—Em 28 de Agosto de 1861.-rSobre a duvida apresen-
tada pelo fiscal do Banco Commercial e Agrícola, re-
lativamente ao limite legal da emissão do mesmo
banco, em vista dos estatutos das suas caixas filiaes
recentemente approvados . 199
N- 678. —Em 28 de Agosto de"1861.-r-Sobre o requerimento dos
directores da Caixa Hypothecaria da Bahia, solici-
tando a graça de ser approvada a modificação que
propõem ao art. 38 dos respectivos estatutos. 201
N. 679. —Em 18 de Setembro de 1861.—Sobre o recurso interr
posto pelos negociantes da praça do Maranhão, da
decisão da presidência da mesma provincia, indefe-
rindo-ihes a pretenção, de não pagarem o imposto
provincial de consumo no tabaco ou fumo, importado
dé outras provincias 202
N. 680.—Em 181 de Setembro de 1861.— Sobre o direito que
allega ter D. Maria Olinta Pinto Coelho da Cunha ao
meio soldo do seu finado pai, por achar-se viuva ao
tempo do fallecimento de sua madrasta, que gozava
daquelle beneficio..... 207
N. 681. —Em 25 de Setembro de 1861.—Sobre a intelligencia do
art. 52 dos estatutos do Banco do Brasil, quanto ao
honorário que compete ao respectivo presidente nos
seus impedimentos por moléstia oú*licença.......... 209
N. 682—Em 28 de Setembro- de 1861.-=; Sobre o recurso de
Manoel da Silva Baraúna da decisão do ministério da
fazenda declariuido subsistente a ordem do thesouro
que mandou annullar o titulo de aforamento de um
terreno de marinha 211
N. 683. —Em 2 de Outubro de 1861..— Sobre a duvida susci-
tada pela directoria geral de contabilidade—se D. Hen-
riqueta Carlola Hess pode,'depois de casada, continuar
a perceber o monte-pio que lhe abona o thesouro,, por
morte de seu irmão, official da armada 219
N. 684.—Em 16 de Outubro dé 1861.—Sobre as duvidas susci-
tadas pelo vice-presidente do Banco do Brasil—se as
disposições dos §§ 11 ,e 13 do art. 2.» da lei de 22 de
Agosto de 1860 sao applicaveis aos directores e sup-
plentes das caixas filiaes do mesmo banco..... 221
N. 685. —Em 27 de Novembro de 1861—Sobre a pretenção do
padre Joaquim Luiz de Almeida Fortuna ao.paea-
mento dos ordenados do ex-commissario pagador das
tropas Antônio dé Torres Homem, de quem é cessior-
nario '. 223
N. 686. —Em 28 de Dezembro de 1861.— Sobre o officio do
vice-presidente do Banco do :Brasil relativamente á
computação do fundo disponivel do mesmo banco,
ei» relação ás suas caixas filiaes..;..... 245
Anno do 1 8 6 3 ,

PAGS.
N. 687. -Em 3 de Fevereiro de 1862.—Sobre as leis provinciaes
de S. Pedro ao Rio Grande do Sul do anno-de 1860. 253
I*. 688. -Em 3 dé Fevereiro de 1862.— Sobre as leis provin-
ciaes de Santa Catharina do anno de 1801 254
N. 689. -Em 3 de Fevereiro de 1862.—Sobre as leis provinciaes
-
de Goyaz do anno de 1860... 254
N . 690., —Em l.o de Março de 1862.—Sobre oofficio do presi-
*• dente do Banco do Brasil em que pede se declare—se
as caixas filiaes do mesmo banco estão sujeitas a
impostos creados pelas assembléas das provincias, onde
estiverem estabelecidas..1 253
•N. 691. —Em l.o de Março de 186^—Sobre as leis provinciaes
do Piauhy do annô de 1859. 257
N. 692.—Em 1.° de Março de 1862.—Sobre as leis provinciaes
de Mato Grosso do anno.de 1860 '.. 257
N. 693.—Em 1.» de Março de 1862.—Sobre as leis provinciaes
do Espirito Santo do anno de 1860 259
N. 694.—Em 1.° de Março de 1862.—Sobre as leis provipciaes
da Parahyba do anno de 1860 260
N. 693.—Em 8 de Março de 1862.—Sobre a pretenção da direc-
toria do Banco do Brasil á garantia do governo para
o empréstimo que julga conveniente contrahir por
conta do mesmo banco em Londres, ou em outra
qualquer praça da Europa.. 26t
N. 696.—Em 5 de Abril de 1862.—Sobre a oonstiliicionalidade
do acto da assembléa provincial de Minas Geraes que
faz extensivo o imposto da meia sjza aos arrenda-
mentos e oüirps contractos onerosos que transfiram
o dominio,,do$ escravos, ou seus serviços por mais
dé cinco<arinos '. 262
N. 697.— Em 26 de Abril de 1862.— Sobre os direilos a que estão
sujeitas as gratificações concedidas a indivíduos no-
meados para commissões, que não têm o caracter de
empregos públicos, e as que percebem os nomeados in-
terinamente para qualquer emprego, nao sendo substi-
tutos natos...., 264
N. 998.— Em 26 de Abril de 1862.— Sobre os direitos que deve
pagar o bacharel Sebastião Machado Nunes, da grati-
ficação que lhe foi concedida durante o tempo em que
esteve em commissão na província de»S. Paulo 265
N. 699:—Em 26 de Abril de 1862,-Sobre a duvida—se a doutrina
do decreto dé 31 de Março de 1860, com referencia ao
art. 48 do decreto de 29 de Janeiro de 1859, é applicavel
ás gratificações dos empr«ga"dos da secção de substi-
tuição de notas, na caixa da amortização 266
N. 700.—Em 26 de Abril de 1862.— Sobre as leis"provinciaes de
Goyaz do annode 1860 267
N. 701.—Em 30 de Abril de 1862.— Sobre o recurso interposto
por João Pinto da Luz, juiz municipal suDplente do
termo da capital de SantaCalharina, da multa que lhe
foi imposta pelo presidente da mesma provincia, por
infracção do regulamento do sello 268
N. 702.— Em7 de Maio de 1862. —Sobre a liquidação, reconheci-
mento e inscripção das dividas passivas pertencentes á
provincia dé Mato Grosso, anteriores ao anno de 1827. 270
N. 703.—Em 21 de Maio de 1862.—Sobre o recurso do proçu-
radorfiscal da thesouraria, de Suiiia Catharina, da de-
— ff —

PÀGS.
cisão do thesouro, nfegatadòvlha. a gratificação que
pedira em virtude da disposição do art. 42 do decreto
de 29 de Janeiro de 1859 275
N. 70$.— Em 21 de Maio de 1862.—Sobre as leis provinciaes de
Mato Grosso do anno dé 186L -...*..............-',. 277"
N. 705.— Em 21 de Maio de 1862.— Sobre as leis provinciaes do
Espirito Santo do anno de 1861 ...;,... . 278
N. 706.—Em 11 de Junho de 1862.—Sobre o requerimento da
directoria da Caixa Commercial da Bahia, pedindo no-
vamente a autorizaçlío que lhè foi negada para comprar
e revender as próprias acções ..,-. 279
N. 707.—Em 14 de Junho de 1862.— Sobre a representação da
directoria do Banco do Brasil, na qual pretende que o
governo seja autorizado para annuir ás modificações
que julgar convenientes nos estatutos desse estabele-
cimento, e para commetter-lhé certos ramos de serviço
publico. ..-.. .... 281
N. 708.— Em 14 de Junhrt de 1862.— Sobre a representação que
a directoria do Banco do Brasil dirige ao'poder legisla-
tivo no sentido de sen o governo imperial habilitado
para innovar, de accôrdo com o mesmo banco, algu-
mas disposições de seus estatutos 284
N. 709.—Em 14de Junho de 1862.—Sobre a representação do
Banco Ao Brasil de ser autorizado para negociar com
os Bancos Agrícola e Rural, a cessão da faculdade
que lhes foi concedida de emittir, em notas promissó-
rias, e ao portador... 288
N. 710.—Em 18 de Junho de. 1882.—Sobre o requerimento da
Caixa Reserva Mercantil da Bahia, em qué pede per-
missão e approvação de algumas novas disposições em
seus estatutos > 293
N. 711.—Eiii 23 de Julho de 1862.—Sobre o recurso da compa-
nhia— Feliz Lembança—..suscitando de novo a questão
que-fez objecto da resolução de'consulta de 18 de Maio
do anno passado, relativamente á revalidação do im-
posto do sello correspondente ás suas duas primeiras
chamadas .;.' 300
N. 712.— Em 13 de Agosto de 1862. — Sobre o exame e revisão
do processo de apprehensão de uns barris de vinho, nos
termos do 'art. 28 do decreto de 29 de Janeiro
de 1859, pelo facto do não se haver dado á parte in-
teressada os dias precisos para produzir sua defeza. 302
N. 713.— Em 23 de Agosto de 1862.— Sobre o requerimento dos
herdeiros do finado arrendatário do Rincão de Saicau,
na provincia de S. Pedro r relativamente á remissão-
da parte da divida proveniente do arrendamento do
mesmo Rincão, em execução da lei de 4 de Julho
de 1860 306
N. 714.— Em 27 de Setembro de 1862.— Sobre a creação dentro
do Império, de um baneo de circulação e de deposito
sob a denominação de London & Brasilian Bank, di-
rigido por umá companhia incorporada em Londres. 3Q8
N. 715.—Em 11 dê Outubro de 1862—Sobre o officio do colle-
ctor do município dé Pirahy, acerca da alforria dos es-
cravos, nas heranças jacentes, pelo preço da avaliação. 313
N.-716.— Em 22 de Outubro de 1862.— Sobre o recurso inter-
posto, pelo Dr. João Lopes de Araújo, a respeito do
facto praticado pela recebedoria da corte da transfe-
rencia nos livros de lançamento da décima urbana,
liara nome de outrem, de uns prédios de que se con-
sidera legitimo. proprietário 316
— 9—
PAG».
N. 717.—Em 19 de Novembro de 1862.—Sobre a representação
de vários negociantes da praça do Rio de Janeiro,
contra a decisão do inspector da alfândega da corte,
que sujeitou ao imposto de expediente o café trans-
portado de outras provincias do Jmperio 318
N. 718.—Em 19 de Novembro de 1862.—Sobre o requerimento
da santa casa da misericórdia da cidade de Porto
Alegre,,pedindo, nos lermos da lei provincial de 27
de Agosto de 1858, a transferencia de umas apólices
da divida publica pertencentes a uma exposta fàlle-
cida no mesmo estabelecimento 320
N. 719—Em 20 de Dezembro de 1862.—Sobre a forma de pa-
gamento do Banco do Brasil do papel moeda que tem
•* este de retirar annualmente da circulação... 322
N. 720.—Em 24 de Dezembro de 1862.—Sobre as represen-
tações de José Velloso Soares &,Filho é outros, re-
lativamente ao exclusivo dos depósitos dos assucares
procedentes das Alagoas em certo c determinado
trapiche em Pernambuco 323
N. 721— Em 27 de Dezenjbro de 1862.—Sobre o recurso de
José Alvares da Silva Penna, da decisão do thesouro
que confirmou a primeira lotação de 2:000,^000 do offi-
cio de escrivão dé ausentes desta corte 346
N. 722.— Em 27 de Dezembro de 1862.— Sobre a reclamação de
José Gabriel Lacerda de Albuquerque, fiel de armazém
na alfândega da corte, da decisão que o condemnou a
indemnizar o damno causado pelo cupim em varias fa-
zendas * 348
K. 723.—Em 27de Dezembro de 1862— Sobre a pretenção de
Manoel Antônio Ferreira Portas, de continuar a ser
alfandegado o seu trapiche sito nesta corte á rua da
saúde 351

Anno de 4 8 6 3 .
N. 724.—Em 10 de Janeiro de 1863.— Sobre a duvida—se o go-
verno está autorizado, em vista do art. 16 da lei
n;o 1177 de 9 de Setembro do corrente anno, para mo-
dificar a nota 77 da tarifa das alfândegas 355
N. 725.—Em 21 de Janeiro de 1863— Sobre o requerimento da
directoria da companhia—Feliz Lembrança—, pedindo
relevação da,multa por hão ter pago em tempo o sello
correspondente ás suas duas primeiras chamadas 357
N. 726—Em 4 de Fevereiro de 1863— Sobre a representação da
directoria do Banco do Brasil, solicitando do governo
imperial a faculdade de elevar a sua emissão até o
limite do triplo do fundo disponivel em caixa 359
N. 727—Em 23 de Fevereiro-de 1863.—Sobre a representação
do fiscal do Banco Commercial e Agrícola, relativa-
mente á retirada dã circulação das uolas do mesmo
banco 368
N. 728.— Em 28 de Março de 1883.—Sobre a fixação de um prazo,
reclamado por alguns negociantes desta praça, para
começar a vigorar o acto do governo regulando o des-
pacho de fazendas importadas em retalho 372
N. 729.—Em o 1.° de Abril de 1863.— Sobre o recurso de Ma-
noel Joaquim Teixeira, do despacho do ministério da
fazenda, que lhe indeferiu a pretenção ao pagamento
de dividas de exercícios findos de vencimentos mi-
litares.... 374
— 10 —
PAGS.
N. 730.—Em 6 de Maio de 1863.—Sobre o requerimento dos
gerentes da companhia—London and Brasilian Bank-r-,
em que pedem faculdade para crearem uma caixa
filial da mesma companhia na provincia de Pernam-
buco :.... 377
N. 731.—Em 10 de Junho de 1863.—Sobre o recurso de José
Romaguera & Comp., relativamente á apprehensão
deunscascos com vinho .' 378
N. 732.—Em 26 de Junho de 1863.—Sobre as leis provinciaes
da Parahyba do anno de 1862 379
N. 733—Em 26ílé Junho de 1863—Sohre as leis provinciaes
do Rio Grande do Sul do anno de 1862.: 381
N. 734.—Em 26 de Junho de 1863—Sobre a incorporação de
um banco de descontos sob a denominação de—Banco
de Campos—e approvação de seus estatutos 381
N. 735.—Em 1.° de Julho de 1863—Sobre o recurso de José
Gabriel Lacerda e Albuquerque, fiel do armazém da
alfândega do Rio de Janéiio, da decisão que o con-
demnou ao pagamento do damno causado pelo cupim
em varias fazendas - 382
N. 736.—Em 15 de Julho de 1863.—Sobre o recurso interposto
por Cândido Martins dos Santos Vianna Júnior, da
decisão que lhe negou o direito de haver o producto
das mercadorias, por elle apprehendidas como con-
trabando ; 384
N. 737.—Em 15 de Julho de 1863—Sobre o recurso de José,
da Silva Ramos, da decisão que o julgou obrigado a
pagar o imposto de patente da aguardente, do tempo
em que allega não ter vendido semelhante gênero .. 383
N. 738.—Em 15 de Julho de 1863.—Sobre o requerimento da
directoria da Caixa de Economias da cidade da Bahia,
pedindo approvação da alteração feita pela assembléa
dos accionistas, nos arts. 32 e 33 de seus estatutos. 388
N. 739.—Em 22 de Julho de 1863.—Sobre o officio *Üa directoria
do novo Banco de Pernambuco em que, declarando
achar-se habilitado para pagar suas notas em ouro,
solicita autorização para fazer algumas alterações nos
sòus estatutos........ 389
N. 740.—E:n 12 deAgosto de 1863.—Sobre o recurso de Joaquim
Insley Pacheco da decisão que sujejtou a sua officina
de photographia ao imposto de 20*% do aluguel da
casa onde a tem 391
N. 741,—Em 12 de AgOsto de 1863.—Sobre a
o recurso dos ne-
gociantes E. A. Burle & C. d# decisão do thesouro
que" confirmou a da alfândega de Pernambuco, a res-
peito de uma partida de pentes, que despacharão na
mesmo alfândega .,'.": 392
N, 742—Em «26 de Agosto del863.—Sobre a questão suscitada
no thesouro acerca do direilo-reversivo da pensão do
monte-pio ás filhas sobreviventes dos officiaes de nia-
. ,* rinha 394
"Ns 743—Em 26 de Ag06to de 1863,—Sobre o requerimentO.dos
agentes da companhia—London and Brasilian Bank—
pedindo autorização para crear agencias na capital
da Bahia, e nas cidades de Santos e do Rio Grande 399
N. 744.—Em 26 de Agosto de 1863—Sqbre o oflicio do presi-
dente da direcção do Banco Rural e Hypothecario a
respeito da interpretação do. aviso de 18 de Julho de
1881, relativamente á reeleição dos supplentes dos
directores dos bancos . 400
N, 745.—Em "2 de Setembro de 1863.— Sobre o recurso de
— 11 —
PAGS.
Henrique Diímont e outros, arrematantes das fazendas
do vinculo de Jaguára, da decisão do thesouro, que
mandou accumular ao valor das letras passadas para
pagamenlo da mesma arrematação os juros de 6 °/». 400
N. 746—Em 2 de Setembro de 1863.—Sobre a duvida—se um em-
pregado das alfandeffas pronunciado por crime com-
mum afiançavel pode ou não exercer as funcções do
respectivo emprego 402
N. 747.—Em 30 de Setembro de 1863.—Sobre o requerimento
em que a sociedade — London and Brasilian Bank—
pede para elevar o fundo capital da mesma companhia. 410
N. 748.—Em 14 de Outubro de 1863.—Sobre o recurso inter-
» posto por Manoel José Fernandes Couto da decisão
do recurso do thesouro, acerca da arrematação que
fizera na alfândega do Rio de. Janeiro, de uns fardos
com feno.... .-. ' 410
N. 749—Em 26 de Novembro de 1863.—Sobre o requerimento
em que a directoria do Banco Rural e Hypothecario
do Rio de Janeiro pede que se lhe conceda a facul-
dade de incorporar uma sociedade de seguros mú-
tuos sobre vidas...i. 411
N. 750.—Em 12 de Dezembro de 1863.—Sobre o recurso inter-
posto por I. Astenga, cônsul de Itália, da decisão da
alfândega do Rio de Janeiro, no processo de appre-
hensão do carregamento do brigue italiano Petit Vais-
seau 413
N. 751.—Em 23 de Dezembro de 1863.—Sobre o requerimento
em que João José dos Reis pede approvação dos es-
tatutos da companhia bancaria—Brasilian and Portu-
guese Bank—que se pretende installar nesta corte,
como banco de depósitos e descontos 417
N. 752.—Em 23 de Dezembro de 1863.—Sobre a proposta do
thesoureiro das loterias da provincia do Rio de Ja-
neiro, relativa á subdivisão em oitavos e vigésimos
dos bilhetes de loterias ; 41S

A n n o de 1 8 6 4 .

N. 753.—Em 27 de Janeiro de 1864.—Sobre o requerimento de


José Velloso Soares & Filho e outro, solicitando o *
restabelecimento da ordem de 10 de Julho de 1858
que havia autorizado o deposito exclusivo no trapiche
—Companhia—em Pernambuco, dos assucares impor-
tados das Alagoas.. 423
N. 754.—Em l.o de Fevereiro de 1864.—Sobre o projecto fixando
o valor, titulo e outras condições legaes da moeda de
troco, em virtude de autorização da lei de 22 de
Agosto de 1860 434
N. 755.—Em 3 de Fevereiro de 1864.—Sobre a alteração dos
estatutos do novo Banco de Pernambuco, requerida
pela respectiva directoria 444
N. 736.—Em 13 de Fevereiro de 1864.—Sobre o requerimento
dos negociantes da praça de Pernambuco, pedindo
solução á duvida que apresentão acerca da responsa-
bilidade dos recibos ou mandados ao portador, quando,
apresentados no prazo de três dias, não forem pagos
nem protestados 445
N. 757.—Em 11 de Maio de 1864. — Sobre o requerimento do
Barão de Mauá pedindo a permissão para abrir nesta
c. 81
— 12 —

PAGS.
capital um registro de transferencias das acções do
Banco Mauá & C.a, estabelecido na cidade de Mon-
tevidéo 451
N. 758.—Em 21 de Maio de 1864.—Sobre o requerimento em
que a directoria do Banco Rural e Hypothecario do
Rio de Janeiro pede a approvação dos estatutos, para
incorporar uma sociedade de seguros sobre vida 453
N. 759,—Em 23 de Maio de 1864.— Sobre o recurso dos ex-
emprezarios das obras da nova casada moeda,.da de-
liberação do ministro da fazenda, que declarou nulla
e de nenhum effeito a decisão dos árbitros, na ava-
liação das mesmas obras , .., 462
N. 760.—Em 11 de Junho de 1864.—Sobre as propostas de varias
pessoas, que pretendem incumbir-se de fornecer ao
thesouro a nova moeda de bronze 468
N. 761.—Em 18 de Junho de 1864.—Sobre a duvida —se são
justificáveis as faltas motivadas, pelo comparecimenlo
dos empregados de fazenda a actos de funcções elei-
toraes. 472
N. 762.—Em 18 de Junho de 1864.—Sobre a pretenção de Fre-
derico Saver Bronn, pastor protestante da extincta
colônia da Nova Friburgo, relativamente "ao paga-
mento da sua congrua, na forma da resolução de 5
de Junho de 1861... 474
N. 763.—Em 24 de Agosto de i«64.—*Sobre o requerimento de
Antônio José dos Santos, em que pede autorização
para Incorporar fera do paiz, uma companhia para
mineração de terrenas diamantinos na provincia de
Minas G e r a e s . . . . ; . . . . . 476
N. 764.—Em 24 de Agosto de 1864.—Sobre o recurso de Fran-
cisco Lopes Baptista e Manoel Joaquim de Oliveira,
juizes de paz de Passa Três* em S. JOão do Príncipe,
do acto da presidência do Rio de Janeiro, que os
muliou por infracção do regulamento do sello 477
N. 765.—Em 27 de Agosto de 1864.—Sobre as leis provinciaes
do Paraná do anno de 1863 479
N. 766.—Em 10 dê Setembro de 1864. —Sobre a restituição feita
ao padre Leonardo Meira Henriques dos direitos de
5 °/0 de vigário geral, visto ter pago integralmente
os mesmos direitos do emprego, para quê foi depois
nomeado, de procurador fiscal da Parahyba.. 479
N. 767.—Em 10 de Setembro de 1864.—Sobre as leis provin-
ciaes do Ceará do anno de 1861...: 481
N. 768.—Em 10 de Setembro de 1864.—Sobre a autorização que
pede a companhia—London and Brasilian Bank—para
crear uma caixa filial na capital da provincia do Pará- 482
N. 769—Em 24 de Setembro de 1864.—Sobre âs leis provin-
ciaes das Alagoas do anno de 4863 483
N. 770.—Em 24 de Setembro de 1864.— Sobre as leis provin-
. ciaes do Ceará do anno de 1862 484
Ti. 771.—Em 5 de Outubro de 1864.— Sabre o pagamento do
dividendo das acções que possue o governo na com-
panhia da estrada de ferro de Pernambuco, e da re-
solução da respectiva directoria de levantar a quantia
de 75.000 £, com o fim de substituir uma garantia
por outra '.... 485
N. 772.—Em 5 de. Outubro de 1864.— Sobre a duvida —se as
filhas dos militares podem receber o meio soldo,
ainda em vida de suas mais, nas differentes hypo-
'theses, em que estas deixão de pércebel-o.......... 487
N. 773.—Em 5 de Outubro de 1864.— Sopre a representação
— 13 - ,
PAGS.
do administrador da recebedoria do município, re-
lativamente ao sello que devem ' pagar os recibos e
mandatos ao portador 489'
N. 774.—Em 2 de Novembro de 186í.—Sobre a pretenção- do
bacharel Antônio de Araújo Ferreira Jacobina, re-
lativa ao pagamento do ordenado de juiz de direito
do i
w „™ -° d e J u , n u ,d«í 1834 até 30 de Junho de 1843... 493
W. 775.—Em 19 de Novembro de 1884.—Sobre os vencimentos
dos empregados que, em virtude do decreto n.» 2532
de 25 de Fevereiro de 1860, se acham addidos á offi-
cina de estamparia í 495
KN. 776.—Em 19 de Novembro de 186*.—Sobre o officio da di-
rectoria do novo Banco de Pernambuco, reclamando
voltar a execução da lei de 22 de Agosto de 1860^ e
conseqüente limite de sua emissão 497
N. 777.—Em 26 de Novembro de 1864—Sobre o requerimento
de vários negociantes da praça da Parahyba, em que
pedem sejam as notas da caixa filial de Pernambuco
aceitas como moeda, nas repartições da mesma pro-
vincia 302
N. 778.—"Sm 26 de Novembro de 1864.—Sobre as leis- provin-
ciaes de Mato Grosso do anno de 1864 505
N. 779—Em -26 de Novembro de,1864. — Sobre o pagamento
ao representante dos herdeiros do espolio do Conde
* da Barca da divida reconhecida e liquidada, de que
trata a resolução de 24 de Setembro ultimo 506
N. 78».—Em 17 de Dezembro' de 1864.—Sobre as leis provin-
ciaes do Paraná do anuo de 1864./. o 508
N. 781.—Em 17 de Dezembro de 1864.—Sobre o aviso do mi-*^
nisterio da agricultura, commercio e obras publicas,
relativamente ao levantamento do capital necessário
á companhia da estrada de ferro de S. Paulo, para
cobrir a importância dos juros pagos durante a con-
tinuação daquella linha 509
N. 782.—Em 21 de Dezembro de 1864.—Sobre a duvida — se a
autoridade judicial é competente para declarar a
fallencia de qualquer banco de circulação, pelo sim-
ples motivo de excesso de emissão..;. 512

Anno de 1865,.

N. 783.—Em 28 de Janeiro de 1865—Sobre o recurso de D. Fran-


cisca Romana dos Passos da decisão que lhe negou cr
meio Soldo de seu pai, cirurgião-mór do exercito, visto
ter elle fállecido antes da publicação da lei de 24 de
Agosto de 1841 » 517
N. 784.—Em 28 de Janeiro de 1865.—Sobre o recurso do pro-
curador fiscal dè Pernambuco da decisão da presfe- *
denciá da provincia, a respeito da indemnização dos
vencimentos que o capitão Domingos José Rodrigues -
indevidamente receberá pelo ministério da guerra.. 518*
N. 783.—Em28 de Janeiro de 1863.—Sobre a representação de
Diniz Crouan & Comp., negociantes do Pará, contra
o imposto decretado pela assembléa legislativa de
. Pernambuco no sabão fabricado fóra da mesma pro-
Tviiicia - 520
N. 78S.—Em 31 de Janeiro de 1853.T-;Sobre o aviso do minis-
tério da guerra requisitando providencias para, na
deficiência do respectivo credito, continuar o paga- *
— 14 —
PAGS
mento dos veneimentos dos empregados da pagadoria
das tropas. 52
N. 787.—Em 31 de Janeiro de 1865.—Sobre os avisos do minis-
tério da guerra reclamando promptas providencias
para as despezas indispensáveis exigidas pelas eir-
cumstancias extraordinárias do paiz 52
N. 788.—Em 22 de Março de 1865.— Sobre o officio da presi-
dência da Bahia a respeito da exportação de* moedas
> de prata e notas do thesouro de pequenos valores
para fóra da provincia...... ;....... 52
N. 789,—Em 1.° de Abril de 1865.~rSobre o requerimento de
Manoel Teixeira Coimbra acerca do despacho de umas
chapinhas de latão, destinadas ao expediente das
cargas nas pontes da companhia Nictheroy & Inho-
merim.. 52
N. 790.—Em l.o de Abril de 1865.—Sobre o requerimento de
Collings, Sharp & Comp., cm que pedem autorização
para fundar nesta corte uma associação anonyma
denominada—Banco Nacional de Agricultura 52
N. 791—Em 29 de Abril de 1665—Sobre o modo pratico por
que deve ser feita a restituição da multa que pagarão
os consignatarios da galera franceza France e Chili e
que lhes foi perdoada, por decreto de 4 de X«jvenibro
de 1863... .. 525
N. 792.—Em 14 de Junho de 1865.—Sobre o recurso do briga-
deiro J. V. Soares de Andréa e sua irmã, relativo ao
pagamento do valor dos terrenos que lhes forão to-
mados, para fundação de uma colônia militar 531
N. 793—Em 23 de Junho de 1865. — Sobre o requerimento em
que o conselheiro Manoel Mana do Amaral pede ser
aposentado no emprego.de inspector da thesouraria
da Bahia eoih todo o vencimento do mesmo emprego. 533
N. 794—Em. 23 de Juhhq de 1865.—Sobre a duvida acerca,do
- tempo máximo de serviço para a concessão do ortíe-
,- nado por inteiro aos solicitadores dos feitos da fazenda
nas suas aposentadorias •....%,,,..., 53S
N. 795—Em 23 de Junho de 1865— Sobre a pretenção do ba-
charel J o s í da Costa Machado Júnior, relativa ao pa-
gamento dos vencimentos de inspector da alfândega
da Parahyba.- do tempo em que deixou o exercicio do
emprego para sustentar o seu direito a uina cadeira
na câmara quatriennal ' 549
N. 796.—Em 23 de,Junho de 1865.— Sobre o requeriinenlo
*'. em que Adriano Gabriel Côrtè Real se propõe resgatar
, ~- toda a divida fundada do Império, mediante a con-
cessão de unia loteria mensal por espaço de 74 annos. 555
N. 797.—Em 23 de Junho de 1865.—Sobre o recurso de João-<
Baptista Barthe da decisão do thesouro, negando;lhé
licença para prolongar o seu cáes, sito á rua^da Saúde,
nesta corte, até encontrar ó. alinhamento do cáes
pertencente a Antônio Francisco Guimarães Pinheiro. 537
N. 798.—Em 23 de Junho de 1865.—Sobre o privilegio da fazenda
publica nas dividas provenientes de letras de cambjo
, e outros titulos mercantis..,,.. ••••• 561
N. 799.—Em 23 ile Junho de 1865.—Sobre o efficiodo presidente ,
• do Banco do BrasiLácerca do empréstimo pretendido
pelos negociantes e fazendeiros de S. Paulo, Verg^ira;
&Comp* . . ? . . . . . 1 . . . 568
N. 800,—Em 23 cie Junho de 1863.—Sobre a pratica seguidá.pelo -j
Banco do Brasil de emittir letras ao portador por di'
•;,._* —is —
PAGS.
N. 801.—Em 23 de Junho de 1865.—Sobre a representação da
' câmara municipal do Mar de Hespanha, pedindo que
pelo Banco'do Brasil se facultassem capitães á la-
voura para solver seus graves empenhos, mediante-
certas condições í , 573
' « . 802.—Em 23 de Junho de 1865.—Sobre os vencimentos que
competem aos empregados de fazenda quando obtém
licença por motivo de moléstia 576
N. 803—Em 23 de Junho de 1865.—Sobre o requerimento da
Caixa Commercial da Bahia pedindo a confirmação
do acto da respectiva assembléa geral, que alterou
o art. 40 dos seus estatutos..........; 579
N. 804—Em 23 de Junho de 1865.— Sobre a duvida — se na^
conta de tempo de serviço de Aritopio José de Al-
meida Gama, aposentado 2.° escripturario da rece-
bedoria, deve ser incluído o que elle prestou como
escrivão da mesa de rendas de Ubatuba 581
N. 805.—Em 6 de Julho de 1865.— Sobre a duvida suscitada
acerca da liquidação do tempo do serviço dos em-
pregados públicos 582
N. 806.—Em 20 de Setembro de 1865.— Sobre as leis provin-
ciaes de Santa Catharina de 1864.*-. 583
N. 807—Em 20 de Setembro de 1865.—Sobre o officiowdo pre-
sidente do Banco do Brasil relativo ao facto de jul-
gar-se o Banco da Bahia, depois da promulgação do
decreto de 14 de Setembro de 1864, desobrigado de
trocar as suas notas por ouro ou notas do the-
souro 584
N. 808.—Em 20 de Setembro de 1865.—Siíbre o officio dupre- •
sidente de Pernambuco relativo á dúvida—se depois do
decreto de,í4 de Setembro de 1864, as notas do Banco
do Brasil emittidas pela caixa central podem ter cir-
\ culação forçada nas provincias 586
N. 80§.t-Em 30 de Setembro de 1865.—Sobre
a
o requerimento
, dOj Banco Mauá & C. de Montevidéo, acerca do
<r . contracto que celebrara para fornecimento de fundos
\nê"cessariosj para as despezas das legações" e forças
me mar brasileiras iiotttio da Prata 588
N. 810.—Çm 3 de Novembro de 1865.—Sobre o recurso de José
loreira de Nazareth da decisão que annullou o ar-
endamento de um lote de terrenos diamantinos no
rlp Caeté-mjrim, que havia arrematado em hasta
piblica 591
N. 811.—Em 18 de Novembro de 1865.— Sobre a reclamação
deldiversos empregados da caixa da amortização e
séccão de substituição de notas conlra o facto da
sustensão, desde a publicação da lei de 22 de Agosto
de «64, da gratificação .que percebião para quebras. 595
N. 812.—Em « de Novembro de 1865.—Sobre as leis provin-
ciaesVlo Maranhão do anno 1884 , 600
N. 813.—Em li de Novembro de 1865.—Sobre as leis provin-
ciaes le Sergipe dos annos de 1863 e de 1864....... 600
N. 814.—Em 18 ãe Novembro de 1865—Sobre as leis provin-
ciaes th Espirito Santo do anno de 1864 601
N. 815.—Em 18 te Novembro de 1865.—Sobre as leis provin-
', ciaes doRio de Janeiro do anno de 1864 602
N. aUgfr-Ein 22 d\ Novembro de 1865.—Sobre o requerimento
TH dos direcWes do Banco de Campos, pedindo appro-
.,*. Jr vação tloucto da respectiva assembléa geral dos ac-
\.. cionistas, Velo qual foi reformado o art. p.° dos seus
* '• •' esta tu tos. ,\ 603
• ir-
<*! PAGS.
N. 817.—Em 22 de Novembro de 1863.— Sobre as leis provin-
ciaes do Amazonas do anno de 1864...... 604
N. 818.—Em 29 de Novembro de 1865.— Sobre o recurso de
Manoel Polycarpo Moreira de Azevedo e outro, re-
*J:; lativo aos emolumentos, a que se julgão com direito,
™ como avaliadores dos bens do extincto encapellado
de Itambé ., — 605
N. 819.—Em 29 de Novembro de 1865.—Sobre os recursos de
Alves^ Hamburger & C», negociantes de Pernam-
buco, das multas que lhes forão impostas por diffe-
renças encontradas em despachos de mercadorias... 607
N. 820.—Em 29 de" Novembróíde 1865.—Sobre a pretenção dos
juizes de direito M. J. da Silva Néiva e L. C. de
Paiva Teixejràjao pagamento da gratificação que lhes
competir por terem exercido interinamente o lugar
de juiz dos feitos da fazenda... ., 609
N. 821.—Em 13 de Dezembro de 1865.—Sobre o officio do pre-
sidente do Banco do Brasil concernente á verificação
da legitimidade dos possuidores de aòções eaucio-
nadas. para poderem ser considerados accionistas
nas reuniões da respectiva assembléa. 613
N. 822.—Em 13 de Dezembro de 1865.—Sobre o recurso de J.
F. .Torres de Albuquerque, do despacho que lhe
negou o aboho dos vencimentos de 1.° escripturario
da alfândega da corte, que estava exercendo, quando
foi servir no exercito, como voluntário da pátria... 614
N. 823.—Em 13 de Dezembro de, 1865.—Sobre a duvida — se
o contracto celebrado com a companhia Ida estrada
de ferro de D.Tedro II e a transferencia do resto
das aCções da mesma companhia ao Estado, estão
sujeitos ao pagamento d» sello proporcional 617
N. 224.—Em 13 de Dezembro de 1865. — Sobre a approvação
dos estatutos da companhia— London Brasilian and
Mauá Bank limited 619
N. 825.—Em 16 de Dezembro de 1865. — Sobre o recurso do
desembargador Francisco Domingues da Silvi acerca
do abono das diárias de caminho e estrada, peta nova ''
avaliação dos. bens do enfapelladò de l lambe a que
* procedeu,»quando juiz dos feitos de Pernambuco... 624
N. 826.—Em 16 de Dezembro de 1865.—Sobre o requerimento
* em que a directoria da Caixa Reserva Mercantil, da
cidade da Bahia, pede a reforma de alguns djs ar-
tigos de seus estatutos 626
N. 827.—Em 20 de Dezembro de 1865— Sobre o requerimento
de Fortinho & Moniz, agentes do Banco Lazitano,
estabelecido em Lisboa, em que pedem licença para
como taes praticarem nesta praça as operações de
que forem encarregados pelo dito banco 627
N.
3
828.—Em 23 de Dezembro de 1865.— Sobre o rjcurso da
V ^^ Companhia, Brasileira de Paquetes a vasor da dc-
^ T T X cisão, que mandou glosar diversas quantia?nas contas
y t \ Que apresentarão de frélamenlo de dous vapores, e
\ v \ transporte de tropas 628

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