Você está na página 1de 11

A LUA PARA

HABOKE
A história que venho contar hoje é sobre um garoto que vive em um lugar distante de
tudo, seu nome era Haboke, ele pouco se importava em viver isolado do mundo, porque
ele tinha sua casa, sua fiel companheira casinha que ele amava muito e ela também
adorava aquele garoto que morava dentro dela.
Ele não conhecia nada sobre o lado do mundo que ficava de fora de sua casa, ele nunca
saiu dela, e nunca quis sair, ele amava muito aquela casinha, de dentro dela ele via a luz
da manhã penetrando por sobre as brechas de sua janela, e elas indo embora para serem
substituídas por uma brisa fria que a noite vinha trazendo, mas ele nunca teve vontade

de abrir a janela, tudo que ele precisava tinha na sua grande amiga.
Onde ele vivia era muito difícil chover, tão difícil que ele mesmo não sabia o que era a
chuva, até o dia em que caiu a maior chuva que já teve em muito tempo sobre aquela
terra, a primeira chuva dele.
Ela começou com um estrondo alto, um trovão capaz de assustar até mesmo pessoas
muito mais velhas que Haboke, mas ele era um garoto corajoso e nada podia o ferir
dentro de sua fortaleza.
Mas então ele viu água pingando do seu telhado, ele não entendia o que estava
acontecendo, preocupado ele conversou com sua amiga:
- Por que está triste minha querida casinha? O que posso fazer para parar esse seu

chorinho?
Não houve resposta alguma da casa, mas ele não ia desistir de alegrar a sua amiga, ele
então cantou para ela, uma canção feliz, mas não teve efeito, as lágrimas continuavam a
cair, ele decidiu então dançar, ela adorava quando ele dançava, mas as lágrimas não
paravam de cair.
Ele tentou muitas e muitas coisas, mas nenhuma funcionava, a água já alagava toda a
casa e continuava subindo, e ele não desistiu nunca de alegrar a sua casinha.
Então a janela da casa foi forçada a se abrir pela água que já estava alta àquela altura.
- Você quer que eu saia casinha? É isso?
Era isso que ele pensou quando viu a janela ser aberta, então foi isso que ele fez, era

primeira vez que ele ia sair de casa.


A primeira coisa que ele fez foi olhar para o céu, coberto por nuvens que não tinham
fim, ele que estava acostumado a ver só o telhado quando olhava para o alto dentro de
sua casa, não conseguia entender como algo assim era possível, ele poderia passar o dia
olhando para o alto admirando aquele céu, mas uma coisa o impedia de olhar por muito
tempo, a água que não parava de cair molhando seus olhos.
Ele então olhou ao seu redor, era apenas o deserto, não existia nada, a não ser uma
pequena casa, como que alguém conseguia morar em algo tão pequeno? Mas então ele
percebeu, aquela era a sua casinha que ele tanto amava.
Era a primeira vez que ele via ela pelo lado de fora, e ele estava feliz afinal ela não
estava triste de verdade, o que ele pensou ser lágrimas de sua

querida casinha era uma água que estava caindo do céu, então ele dançou junto com sua
amiga na chuva.
E assim ele passou o resto do dia, o som que os pingos de chuva iam fazendo ao tocar o
solo foi dando ritmo a dança de Haboke, ele poderia dançar para sempre, era a coisa que
a sua casinha mais gostava que ele fizesse, mas então a dança se desacelerou na medida
que a chuva ia caindo mais devagar e foi desacelerando até que só restou o garoto a
olhar as nuvens no céu que pareciam estar indo embora.
E era isso que estava acontecendo, as nuvens se abriram mostrando um céu de cor roxa,
era a primeira vez que ele via o céu à noite, e então surgiu de dentro de uma nuvem um
objeto que brilhava no céu, embora Haboke seja muito corajoso dessa vez ele não
resistiu ao medo, como ele poderia entender aquilo que apareceu sobre o céu?
Era a sua primeira vez vendo a Lua.

Assombrado por aquele medo que todos temos ao se deparar com algo desconhecido ele
correu para dentro de sua casa se trancou, e se deitou no chão dizendo:
- Chegou o vento frio pela janela, significa que já é hora de dormir, durma bem Endy,
minha querida casinha.

Você também pode gostar