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Porto Alegre
2023
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“Vou me derramar em palavras sim”
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Para Daniela,
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SUMÁRIO
Prefácio .........................................................06
Introdução .....................................................08
O descobrimento ..........................................15
Manhã de quarta-feira...................................22
Primeira dança..............................................25
Terra molhada.............................................. 31
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PREFÁCIO
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INTRODUÇÃO
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A MENINA QUE CANTAVA COM A CHUVA
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dera, corpo esse que foi crescendo, de maneira
proporcional, crescera a água dentro dela. Percorreu
becos e vielas, dançou em bocas estranhas, e outras nem
tanto assim, se mudou mais de 15 vezes, se encontrara
em cada uma delas uma nova mulher, garota, menina.
Soube desde cedo onde o amor morava, no fundo do rio,
no braço do peito velho de cabelos brancos do vô, no
balançar da rede no final de tarde, nas cores do seu giz
de cera e nas linhas de suas poesias.
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mensagem certeira e da solução que a vida lhe dera aos
7 anos, hoje a cidade que a abriga, tem vida própria, se
quer não chove por dias e as vezes a chuva fica por 7 dias
ou mais caindo em sua janela, não tem canto, não tem
ritual, e a garota somente a espera passar, somente
espera ela vir, como uma passageira que em nada pode
interferir. A menina da terra quente teve que se
acostumar com a temperatura baixa, até quando chove.
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A MENINA QUE DANÇAVA COM A TERRA
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dançar. É segura e firme como a terra, e por diversas
vezes dançava com ela.
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dicotômica, e ela a exercia com maestria, como tudo que
lhe ousassem pôr em suas mãos.
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O DESCOBRIMENTO
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passaram pelo mesmo ponto as 21:05 da noite de um
quinta-feira fria estrelada, sabiam quem eram! Sabiam?
Não fez diferença, da boca nada saiu, da mente sim. Na
mesma velocidade que se aproximaram de afastaram,
não tinha sido a primeira vez, que terra e água chegaram
tão perto, mas também não seria a última.
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UMA PEÇA FRACASSADA: não recomendado
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que sai pela noite sem dono e dona, mas dentro mesmo,
só ela sabia como estava.
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A peça antes recomendada, não vestiu toda forma
daquela noite fria de julho, perderam a peça, mas
ganharam muito mais.
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UM VINHO MEIO SECO
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A menina que dançava com a chuva, viu a antiga amiga
lá fora, pelo vidro da janela, lembrou da sua idade, da
rebeldia, da vontade própria, de vir quando quer e ir
quando der na telha, e só pensou em agradecer por
tamanha liberdade.
Que bom que ela veio, e que bom que foi aqui, hoje, dia
20.
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PRIMEIRA DANÇA
Não foi uma, nem a outra que ditou o início, não pegaram
o amor pelas mãos e o colocaram numa mesa de bar para
acertar as pendências, queriam, quiseram muito, mas
não é assim, não é assim que ele trabalha.
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Então ele aguardou paciente, virando a esquina,
escondido que nem criança pronta para pegar uma peça,
aguardou o tempo de cada uma de passar ali, naquela
rua, naquele dia, naquela noite.
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Era o encontro da casa ancestralidade de cada uma
dançando com o tempo-vento.
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MANHÃ DE QUARTA FEIRA
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Mas continuou na postura, atravessou o presidente,
carnavalesco, contornou o intérprete; deu de ombros,
como quem não ligava para nada, com a presença do
coreógrafo; saudou o mestre de bateria, cantou com os
passistas; tateou com o porta-bandeira, riu com ar de
despreocupada junto ao diretor de harmonia; sambou
com a rainha de bateria para enfim conseguir soltar voz
para fora daquele peito lotado, as palavras que
almejavam sair: “É lindo poder te amar”
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UMA HISTÓRIA DENTRO DA ESTÓRIA
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do seguimento de sua cultura. E assim seguiam por
milênios, eram dadas grandes festas, sob a luz da lua,
onde o ritual era concretizado, e no dia seguinte os
passageiros viajantes eram dispensados.
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E assim desde 1942, ou desde sempre e para sempre,
para as mulheres de peito de ferro, encontrar o amor
significa construir cuidado e cultivo.
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Lembrou da menina de 10 anos, na beira do rio
Amazonas; na ilha do marajó, no Estado do Pará, inquieta
pensando se um dia reconheceria esse amor, esse amor
que te arranca do comodismo e te faz mergulhar em
águas profundas só para desejar e garantir o bem de
outra pessoa. Esse amor que faz olhar o mundo fora do
egocentrismo e te faz amar simplesmente por amar.
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TERRA MOLHADA
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