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EDUCACIONAL
autoras
MARÍLIA GODINHO
GABRIELA MAFFEI
VALÉRIA SEDANO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial luis claudio dallier, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-382-0
Prefácio 5
Neste livro você irá refletir sobre o planejamento escolar, em seus vários ní-
veis e aspectos, reconhecer sua importância para o trabalho pedagógico e co-
nhecer suas especificidades.
Planejar é uma ação inerente ao ser humano. Estamos sempre antecipan-
do ações com vistas a atingir nossos objetivos, em diferentes esferas de nossas
vidas. Mesmo que o planejamento não seja sistematizado, tomando forma em
um documento ou em um plano, estamos frequentemente envolvidos com o
ato de planejar. Contudo, quando o assunto é o planejamento escolar, percebe-
mos o quão importante se torna o ato de planejar e de tornar as ideias objetivas
e explícitas, em um plano, afinal o trabalho escolar está envolto em coletivida-
de, o que implica em compartilhar objetivos e percursos de trabalho. Essa ação
é relevante tanto no âmbito da gestão dos espaços escolares como nos proces-
sos de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a proposta deste livro é propiciar
uma compreensão, bem como suscitar reflexões e discussões acerca das dife-
rentes esferas do planejamento atreladas aos processos educativos.
Vale dizer que, ao estudarmos o ato de planejar as tarefas educativas, outras
questões surgirão inevitavelmente. Dentre elas, a importância do acompanha-
mento das diferentes situações de ensino-aprendizagem, através dos Planos de
ensino e dos Planos de aula. Acreditamos, ainda, que esta discussão nos leve
a analisar a importância da elaboração coletiva do Projeto Político-Pedagógi-
co, uma vez que estas não são ações neutras; ao contrário, estão envoltas em
diferentes concepções de mundo, de sociedade e de homem e vão se refletir
na elaboração participativa do planejamento escolar, visando à proposição de
estratégias mais apropriadas para os bons resultados que todos buscamos nas
escolas. Pretendemos, assim, orientar as ações pedagógicas considerando sua
característica política, perpassada por processos decisórios que podem dife-
renciar e qualificar o trabalho educativo de maneira significativa.
Bons estudos!
5
1
Planejamento:
conceituação e
aplicações
1. Planejamento: conceituação e aplicações
O que podemos entender por planejamento? Por que é preciso planejar?
Neste capítulo, vamos discutir a conceituação, as dimensões, os princípios,
os objetivos, as etapas, os níveis de decisão e os tipos de planejamento.
Planejar é uma atividade inerente ao ser humano. Desde os tempos mais
antigos já havia a preocupação em planejar as ações necessárias para a sobrevi-
vência ou para o bem-estar das pessoas. Para uma condição de preservação ou
melhoria do bem-estar, era imprescindível o planejamento da caça, das edifi-
cações, da segurança, das ações militares, das invenções, entre muitos outros
exemplos. Atualmente, a atividade de planejar se faz presente na vida cotidiana
de forma ainda mais intensa, na medida em que se planejam desde as tarefas
do dia e as compras no supermercado até o futuro financeiro e profissional.
Desde a antiguidade até os dias atuais, o planejamento pode ser compreen-
dido como uma antecipação da ação, ou seja, a preparação para agir de forma
mais efetiva. Para que as ações necessárias ao bem-estar do ser humano tenham
bom êxito, é necessário algum tipo de planejamento. Quanto melhor e mais
detalhado for o planejamento, menores serão as chances de lidar com o acaso.
O planejamento, dessa forma, faz com que se divida a prática em etapas.
Até se alcançar o objetivo, muitas etapas devem ser superadas. O planejamento
organiza as atividades e as coloca em uma sequência. Assim, ao planejar, de-
senvolve-se uma estratégia. A formulação de estratégia é uma maneira de pla-
nejar o futuro, associada a um processo de tomada de decisão e baseado em um
procedimento formalizado de objetivos.
Nesse contexto, todas as organizações têm uma estratégia. São estratégias
deliberadas e bem planejadas ou mesmo estratégias emergenciais. As estraté-
gias emergenciais surgem em condições de urgência para fazer com que as deli-
beradas, na medida do possível, se mantenham. A concepção de Planejamento
Estratégico surgiu da necessidade de as organizações se programarem, evitan-
do surpresas onerosas, diante da velocidade das mudanças que ocorrem no
ambiente (ARAUJO E SILVA; GONÇALVES, 2011).
Atualmente, em um cenário socioeconômico dinâmico, o planejamento se
torna cada vez mais importante para a administração das empresas. O planeja-
mento reduz as incertezas inerentes ao futuro, possibilitando a tomada de de-
cisões de forma antecipada sobre situações que poderão ocorrer. A definição da
estratégia que a empresa deverá adotar é fundamental para enfrentar ameaças
e aproveitar as oportunidades encontradas em seu ambiente.
8• capítulo 1
OBJETIVOS
Este capítulo tem o objetivo de apresentar o conceito de planejamento e suas especifica-
ções, apresentados em um contexto geral.
1.1 O planejamento
capítulo 1 •9
de processos decisórios desestruturados e fragmentados para processos siste-
matizados (KURCGANT et al, 2006).
De acordo com Mintzberg (2004), o planejamento é um procedimento for-
mal para produzir um resultado articulado, na forma de um sistema integrado
de decisões. Para Souza (2010), a grande diferença entre o planejamento indi-
vidual e o organizacional está no processo de planejamento. No caso do indiví-
duo, ou seja, de um planejamento particular, isto geralmente é mais simplifica-
do; já nas organizações, o planejamento envolve um número maior de pessoas
e precisa ser formalizado.
CONEXÃO
Para saber mais sobre planejamento organizacional, acesse o link: <http://adm.esobre.com/
planejamento-organizacional>.
10 • capítulo 1
2º DIMENSÃO Objetos, estratégias, propósitos, orçamentos etc.
Tabela 1.1 – Dimensões do planejamento, de acordo com Steiner. Fonte: Steiner (1969)
apud Oliveira (2004).
capítulo 1 • 11
aspecto compreende o processo do planejamento como mais importante que
o resultado final, que seria o plano (OLIVEIRA, 2004). O plano, no contexto que
estamos estudando aqui, deve ser desenvolvido pela escola e não para a escola.
É após o planejamento realizado por professores e coordenadores que o plano
de aula para o semestre é redigido e repensado para o próximo semestre.
12 • capítulo 1
CONCEITO
Eficiência é:
• Fazer as coisas de maneira adequada;
• Resolver problemas;
• Salvaguardar os recursos aplicados;
• Cumprir seu dever; e
• Reduzir os custos.
Eficácia é:
• Fazer as coisas certas;
• Produzir alternativas criativas;
• Maximizar a utilização de recursos;
• Obter resultados; e
• Aumentar o lucro.
Efetividade é:
• Manter-se no ambiente; e
• Apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo (permanentemente).
capítulo 1 • 13
Todos os aspectos envolvidos devem ser projetados de for-
ma que atuem interdependentemente, pois nenhuma parte
PLANEJAMENTO ou aspecto de uma empresa pode ser planejado eficiente-
COORDENADO mente se o for de maneira independente de qualquer outra
parte ou aspecto.
CONEXÃO
Acesse o link: <http://ieda.edu.br/transversal/downloads/edicao7/6-o-planejamento-
participativo-e-sua-importancia-para-as-relacoes-escolares.pdf> e leia na íntegra o artigo O
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E SUA IMPORTÂNCIA PARA AS RELAÇÕES ESCOLARES.
14 • capítulo 1
entanto, há organizações que ainda atuam de maneira reativa, apenas respon-
dendo às demandas geradas ou influenciadas por essas mudanças.
Lacombe (2009) considera que o planejamento é um poderoso instrumento
de intervenção na realidade e que, se bem utilizado, constitui ferramenta fun-
damental para o desenvolvimento das organizações. A intervenção na realidade
destacada pelo autor se deve ao fato de o planejamento transformar vários aspec-
tos da organização, essencialmente pessoas, tecnologias e sistemas. A figura 1.1
ilustra o efeito de transformação do planejamento, de acordo com Oliveira, 2004.
Planejamento
Provoca modificações em
Figura 1.1 – Algumas modificações provocadas pelo planejamento. Fonte: Oliveira, 2001.
capítulo 1 • 15
Assim, é aconselhável o estabelecimento de planos alternativos. E esclarece
que, em muitos casos, é necessário um plano contingente, às vezes chamado de
plano B, isto é, um segundo plano para ser usado no caso de o plano principal
ter de ser trocado em função de mudanças nas variáveis do ambiente externo
ou interno (SILVA E LEON, 2013).
Nesse momento são projetados diferentes cenários e elaborados planos
contingenciais vinculados a cada cenário. O planejador toma as decisões com
base no cenário mais provável e em planos alternativos deverão ser elabora-
dos para situações que ocasionalmente ocorram de acordo com as condições
externas à organização. Para isso, é imprescindível que o planejamento esteja
constantemente atualizado. Assim, monitoramento e controle constantes ad-
quirem fundamental importância no planejamento.
A figura 1.2 ilustra o processo de planejamento com a implantação e moni-
toramento exercendo um papel de controle.
Leitura Mobilização
da Missão
das
Organização
Construção Lideranças
de Premissas Diagnóstico
Estratégico
Revisão
Estratégica
Visão de
Futuro
Atualização
Grandes do Plano Objetivos
Escolhas Estratégicos
Mapa Estratégico
Implantação e Indicadores
Monitoramento e Metas
16 • capítulo 1
Como ressalta Kurcgant (2006), na implementação do planejamento, de
acordo com o cenário provável, é fundamental a participação de todos os en-
volvidos, predispondo as pessoas à formação de vínculos e compromissos em
relação ao planejado. O passo final no processo formal do planejamento é a
monitoração e controle de todo o processo, permitindo uma constante atua-
lização do plano, de acordo com as mudanças no ambiente. O controle visa à
adoção de ações corretivas caso os planos se tornem inadequados ou caso haja
mudança na situação (KURCGANT et al, 2006).
As etapas do planejamento se iniciam com a definição de missão. A mis-
são é o processo que envolve avaliação e tomada de decisões em cenários pro-
váveis, visando definir um plano para atingir uma situação futura desejada,
com base nas informações sobre as variáveis ambientais, crenças e valores,
missão, modelo de gestão, estrutura organizacional preestabelecida e a cons-
ciência da responsabilidade social, que configuram a situação atual (SILVA E
LEON, 2013).
CONEXÃO
Sobre missão, visão e valores, acesse o link: <http://www.infoescola.com/administracao_/
missao-visao-e-valores-os-principios-essenciais/>.
CONCEITO
Missão: é a razão de ser da empresa. Conceituação do horizonte, dentro do qual a empresa
atua ou poderá atuar no futuro.
capítulo 1 • 17
Visão: representa um cenário ideal e desejado pela empresa para atuação.
18 • capítulo 1
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ESTRATÉGICO
Planejamento
Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento
de recursos Tático
mercadológico financeiro da produção organizacional
humanos
Plano de Plano de
Plano de pre- Plano de Plano diretor
capacidade de recrutamento e
ços e produtos despesas de sistemas
produção seleção
Plano de Plano de
Plano de Plano de Plano de
controle de estrutura
promoção investimento treinamento
qualidade organizacional
Plano de
Plano de Plano de Plano de Plano de car-
rotinas Operacional
vendas compras estoques gos e salários
administrativas
Plano de Plano de
Plano de Plano de fluxo Plano de
utilização de informações
distribuição de caixa promoções
mão-de-obra gerenciais
Plano de Plano de Plano de
Plano Plano de
pesquisa de expedição de capacitação
orçamentário comunicações
mercado produtos interna
Tabela 1.2 – Tipos e níveis de planejamento nas empresas. Fonte: Oliveira (2004).
CONEXÃO
Acesse o link: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/planejamento-estrate-
gico-aplicado-aos-pequenos-negocios,d2cb26ad18353410VgnVCM1000003b74010aR-
CRD> e conheça mais sobre o planejamento estratégico aplicado a pequenos negócios.
capítulo 1 • 19
1.1.4 O Planejamento Operacional
20 • capítulo 1
custo-benefício e, enquanto as políticas guiam o pensar e o decidir, os procedi-
mentos guiam o fazer. Os programas, também muito presentes como planos
que regem as atividades em saúde, constituem planos organizacionais relacio-
nados com o tempo, considerando as duas variáveis: tempo e atividades a se-
rem executadas (KURCGANT et al, 2006).
capítulo 1 • 21
1.1.6 O Planejamento Estratégico
22 • capítulo 1
forma rudimentar de planejamento. A partir de 1950, teve grande receptividade
o planejamento de longo prazo desenvolvido por Igor Ansoff, em que se tentava
antecipar o crescimento e a complexibilidade administrativa. Nas décadas de
1960 e 1970, surgiu o termo planejamento estratégico, que se ocupa com ofen-
sivas variáveis e com habilidades estratégicas. A partir de 1980, o planejamento
passa por mais uma mudança e tem seu foco na administração estratégica de
mercado, em que prevalece a premissa de que o ciclo de planejamento é inade-
quado para lidar com enorme quantidade de mudança no ambiente externo de
uma empresa (LEMOS et al, 2004).
Para tentar alinhavar o entendimento sobre a estratégia, Mintzberg (2010)
percebeu que o conceito era amplo e que, para se definir estratégia, se fazem
necessárias cinco definições: plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva.
Estas definições passaram a ser entendidas no meio acadêmico como os 5 Ps
da estratégia. (BORGES et al, 2013).
A proposta de Mintzberg se baseia na seguinte divisão:
capítulo 1 • 23
Nesse caso, a estratégia como manobra é uma tática utilizada pela
2. PLOY empresa para comunicar uma mensagem falsa ou verdadeira para
(ESTRATAGEMA o mercado e para superar um concorrente (MINTZBERG, 2010).
– A ESTRATÉGIA O objetivo é enfraquecer ou derrubar oponentes ou outros compe-
COMO tidores. Aqui também está incluída a capacidade de barganha que
MANOBRA) pode levar a uma negociação com maiores chances de sucesso.
24 • capítulo 1
Enquanto na Posição a organização tem seu enfoque volta-
do ao ambiente externo, na Perspectiva o olhar é voltado aos
5. PERSPECTIVE aspectos internos da organização. Estratégia como Perspec-
(ESTRATÉGIA tiva foca mais dentro da empresa. Esta estratégia se difunde
COMO através dos pensamentos, valores e culturas da organização.
PERSPECTIVA) Neste contexto, a estratégia é para a organização o que
a personalidade é para o indivíduo (MINTZBERG, 2010;
BORGES et al, 2013).
ATIVIDADES
A partir da leitura deste capítulo, elabore uma resenha contemplando os principais aspectos
do planejamento. Lembre-se de que na resenha você deve emitir um juízo de valor, ou seja,
posicionar-se em relação aos assuntos abordados no texto. Para tanto, utilize argumentos
coerentes baseados na teoria já estudada.
Há, a seguir, algumas dicas que poderão ajudá-lo na elaboração da sua resenha:
01. Identifique a obra: referências do artigo – nome do autor, nome do artigo, nome da revis-
ta científica, ano, número, data de publicação.
02. Apresente a obra: descreva para o leitor em poucas linhas todo o conteúdo do artigo;
04. Analise de forma crítica: confira a sua opinião ao artigo. Argumente fundamentando-se
na discussão de outros autores, bem como nas discussões em sala de aula, fazendo compa-
rações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula.
capítulo 1 • 25
05. Recomende a obra: analise a importância do artigo. Para quem e quais fins você reco-
mendaria o artigo?
Fonte: <http://www.lendo.org/como-fazer-uma-resenha/>.
REFLEXÃO
Leia o texto intitulado “PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM INSTITUIÇÕES FEDE-
RAIS DE ENSINO SUPERIOR”, que pode ser encontrado no site <http://www.uel.br/pei/
download/FORPLAD.pdf>.
Após a leitura, reflita sobre a importância do planejamento em instituições de ensino,
destacando as suas características e encontrando as similaridades com os aspectos abor-
dados neste capítulo.
LEITURA
Este capítulo foi construído a partir de algumas referências de especialistas na área. Sugeri-
mos a leitura de alguns dos livros utilizados:
ARAÚJO E SILVA, F; GONÇALVES, C. A. O Processo de Formulação e Implementação de
Planejamento Estratégico em Instituições do Setor Público. REA Revista Administração da
UFSM. UFSM, Santa Maria, v. 4, n. 3, p. 458-476 set./dez. 2011.
MACROPLAN. Metodologia de Construção de Cenários. Rio de Janeiro, 2001.
MINTZBERG, H. Managing: desvendando o dia a dia da gestão. Porto Alegre: Bookman, p. 302, 2010.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. – 20. ed. – São
Paulo: Atlas, 2004.
26 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO E SILVA, F; GONÇALVES, C. A. O Processo de Formulação e Implementação de
Planejamento Estratégico em Instituições do Setor Público. REA Revista Administração da
UFSM. UFSM, Santa Maria, v. 4, n. 3, p. 458-476 set./dez. 2011.
BATEMAN, T.S., SNELL, S.A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas;
1998. In KURCGANT, P.; CIAMPONE, M.H.T, MELLEIRO, M.M. O planejamento nas organizações
de saúde: análise da visão sistêmica. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2006
set;27(3):351-5.
BORGES, L. A. S.; SILVA, M. K.; URBANAVICIUS JUNIOR, V. Análise dos 5 Os da estratégia em uma
micro empresa de base tecnológica. 5° ECOSUL Encontro Científico Sul Mineiro de Administração,
Contabilidade e Economia. FACESM, Itajubá, 2013.
CHIAVENATO, A. Administração nos Novos Tempos. São Paulo, Campus, 2004.
LACOMBE, F. Teoria geral da administração. Saraiva, 2009.
KURCGANT, P.; CIAMPONE, M.H.T, MELLEIRO, M.M. O planejamento nas organizações de saúde:
análise da visão sistêmica. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):351-5.
LEMOS, A. C. F. V.; LIMA, S. R.; DECONCI, T.; EHLERS, E. P. O Planejamento Estratégico como
Ferramenta Competitiva. VII SEMEAD.
MATUS, C. Política, planejamento e governo. Brasília (DF): IPEA; 1996. In KURCGANT, P.;
CIAMPONE, M.H.T, MELLEIRO, M.M. O planejamento nas organizações de saúde: análise da
visão sistêmica. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):351-5.
MACROPLAN. Metodologia de Construção de Cenários. Rio de Janeiro, 2001.
MAXIMIANO, A. C. Introdução à Administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MINTZBERTG, H., LAMPEL, L., QUINN, J.; GHOSHAL, S. The Strategic Process, 4th edition, Prentice
Hall publishing, New Jersey, 2003.
MINTZBERG, H. Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico. Bookman Editora, São Paulo.
2004 - 360 páginas
MINTZBERG, H. Managing: desvendando o dia a dia da gestão. Porto Alegre: Bookman, p. 302, 2010.
PORTER, M. What is Strategy? Harvard Business Review. Vol. 74, No. 6, pp. 61-78, 1996.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. – 20. ed. São Paulo:
Atlas, 2004.
SANTOS, A. A importância do Planejamento nas empresas de micro, pequeno e médio portes.
Monografia. Pós Graduação em Gestão Empresarial. UCAM – Universidade Candido Mendes. Rio de
Janeiro, 2010.
SILVA, E. C. B.; LEON, M. C. S. A Importância do Planejamento para o sucesso empresarial.
Revista Conexão Eletrônica. AEMS – Três Lagoas, 2013.
capítulo 1 • 27
SISP. Guia de PDTI do SISP. Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da
Informação – SISP. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Brasília, 2015.
SOUZA, D. L. Planejamento Estratégico em Organizações Públicas: Planejamento de longo
prazo em organizações públicas com a utilização do Balanced Scorecard e de cenários prospectivos.
Monografia. Universidade Gama Filho. Brasília. 2010.
STEINER, G. Top management planning. New York: Macmillan, 1969.
28 • capítulo 1
2
Planejamento
escolar e a
interface com
o sistema
educacional
2. Planejamento escolar e a interface com o
sistema educacional
OBJETIVOS
Este capítulo tem o objetivo de analisar o trabalho docente, procurando refletir sobre as
influências da lógica do modo de produção capitalista. Assim, serão analisados o princípio
da racionalidade econômica e o impacto no trabalho docente, buscando a compreensão das
relações estabelecidas entre escola e sociedade.
30 • capítulo 2
CONEXÃO
Para saber mais sobre o “pós-modernismo”, acesse: <http://blogdaboitempo.com.
br/2015/03/05/pos-modernismo-marxismo-e-feminismo/>.
CONCEITO
Solipsismo: s.m. Filosofia. Doutrina filosófica cujos preceitos se pautam numa única realidade
representada somente pelo eu empírico. Fonte: <http://www.dicio.com.br/solipsismo/>.
Toda mudança de época traz uma crise de identidade sobre a qual a socie-
dade deve refletir. Durante a Idade Moderna (1453-1789), a razão humana, que
poderia prever a trajetória dos astros celestiais, também poderia pensar na re-
solução dos problemas da humanidade. O Iluminismo tinha um caráter revo-
lucionário ao defender a universalidade do saber, bem como o fato de que sem
capítulo 2 • 31
a razão e o conhecimento o homem não poderia se emancipar. No entanto, o
movimento iluminista acreditava que a razão e o conhecimento por si mesmos
libertariam o homem. Mas é preciso ser crítico ao pensar que este movimento
foi gerado na sociedade capitalista, em que a alienação ilimitada é assegurada
pelos meios de produção. Tal movimento não foi capaz de perceber esse anta-
gonismo. O pós-modernismo é o retrocesso dos ideais iluministas, com eviden-
te caráter caótico de perda de perspectivas.
Somos contemporâneos de uma tragédia civilizatória. Se não tivermos a
percepção da vida como história, seremos incapazes de elaborar projetos. Vale
ressaltar que, para Marx (1984), o ser humano só se tornará realmente livre
quando tomar em suas mãos a História, isto é, quando lhe for acessível o direi-
to à consciência de sua força de trabalho. Aqui é necessário esclarecer que há
uma dialética no sistema do modo de produção capitalista. Esta reside no fato
de que o mesmo trabalho que aliena e explora é o que produz riquezas para a so-
ciedade. No entanto, esta riqueza não está presente na vida de todas as pessoas.
32 • capítulo 2
Tal sociedade contraditória gera e anula a concretização de possibilidades
para os seres humanos. Conforme aponta Mészáros (2003), o sistema do capital:
[...] é totalmente incompatível com as suas próprias projeções – ainda que distorcidas
e estropiadas – de universalidade globalizante. E é enormemente mais incompatível
com a única realização significativa da universalidade viável, capaz de harmonizar o
desenvolvimento universal das forças produtivas com o desenvolvimento abrangen-
te das capacidades e potencialidades dos indivíduos sociais livremente associados,
baseados em suas aspirações conscientemente perseguidas. A potencialidade da
tendência universalizante do capital, por sua vez, se transforma na realidade da aliena-
ção desumanizante e na reificação. (MÉSZÁROS, 2003, p. 17, grifos do autor).
capítulo 2 • 33
liberdade da classe operária e no termo “desenvolvimento” empregado como
conceito para justificar a imposição da “democracia formal” em todo o mundo.
Notam-se reflexos desses objetivos nas mudanças adotadas pela OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Organização reformulou a sua
ideologia e a sua estrutura, passando de órgão defensivo das nações do Atlântico
Norte para órgão ofensivo, visando ao favorecimento das políticas econômicas
norte-americanas, ou seja, a ocupação territorial. Com metas e objetivos redefi-
nidos, a OTAN poderá intervir militarmente até mesmo fora de sua área.
Fonte: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/otan.htm>
34 • capítulo 2
Comércio). A ONU (Organização das Nações Unidas) também está subjugada
ao poderio norte-americano, na medida em que os Estados Unidos se recusam
a pagar sua dívida de contribuições, como medida de enfraquecimento da pró-
pria organização, impondo assim as suas políticas imperialistas, o que acarreta
em cortes que subsidiaram os recursos para a OMS (Organização Mundial da
Saúde), por exemplo.
CONEXÃO
Acesse: <https://nacoesunidas.org/conheca/>, e conheça as ações da ONU
[...] o “global”, que se espera que prestemos atenção acrítica – subscrevendo obedien-
temente as teses relativas à “impotência dos governos nacionais” e à “inevitabilidade
da globalização multinacional”, que descreve errada e tendenciosamente as empresas
nacionais-transnacionais (dominadas em grande parte pelos Estados Unidos) como
“multinacionais” e portanto universalmente aceitáveis – torna-se totalmente vazio sem
as complexas relações com as comunidades nacionais.
capítulo 2 • 35
Ademais, uma vez que se divorcia o “global” de sua inserção nos múltiplos ambientes
nacionais, desviando a atenção das relações contraditórias que entrelaçam os Esta-
dos, também o “local”, dentro do qual se espera agir, torna-se absolutamente míope
e em última análise sem significado. Se a “democracia” ficar confinada desta forma a
essas “ações locais” resumidas, seria então o caso de “a tomada de decisão e a ação
global”, que inevitavelmente afetam a vida de todos os indivíduos, serem autoritaria-
mente exercidas pelas forças econômicas e políticas dominantes – naturalmente dos
Estados Unidos – de acordo com a posição ocupada por elas na hierarquia global do
capital. (p. 48-49).
36 • capítulo 2
Normas
COMUNIDADE comunitárias
ESCOLA Disposição
Expectativas ordenada
elevadas da escola
Bom
FAMÍLIA comportamento
recompensado
Laços
familiares
Ações
antisociais
Laços Normas
escolares entre
Disciplina pares Competência
coerente social
INDIVÍDUO
& PARES Espectativas
claras
Atitude familiar
perante comportamentos Absentismo
antisociais
Definição
Recompensas saliente das
pelos resultados regras
positivos
Desorganização
comunitária
A escola é uma instituição que tem como objetivo transmitir de forma intencio-
nal e sistemática os conhecimentos historicamente acumulados pelo homem,
bem como socializar os alunos, ou seja, a escola tem uma dupla função social,
1 Este item foi redigido a partir das contribuições de estudos anteriores da autora, MOREIRA-MALAGOLLI, G.M.
(2011) bem como de GODINHO, M. (2014).
capítulo 2 • 37
visando ao desenvolvimento global do aluno, promovendo-o para um bom de-
sempenho social.
Historicamente, a escola surgiu para atender à necessidade de preservar e
reproduzir a cultura e os conhecimentos da humanidade. Ao longo do tempo, a
escola passou e passa por transformações, especialmente porque se caracteriza
por ser um poderoso instrumento de construção de novos valores e crenças,
na divulgação de conquistas sociais, econômicas e culturais de grupos e clas-
ses. Por esse motivo, a escola não é uma instituição neutra, alheia ao contexto.
Exatamente por estar envolta em um contexto social, há uma multiplicidade
de fatores que impactam sobre a instituição, perfazendo o trabalho dos gesto-
res escolares e dos docentes. Esses fatores são de ordem política, econômica,
cultural e ideológica, que sustentam vários questionamentos sobre a eficácia
da escola e que leva os pesquisadores a pensar que hoje a educação, no Brasil,
está em crise, principalmente porque a escola não sabe mais que finalidades e
objetivos deve cumprir e para onde deve orientar suas ações. Nesta perspectiva,
a escola deixa de formar cidadãos e passa a formar consumidores.
Considerando o contexto em que a escola está inserida, o que seriam sis-
tema de educação, sistema de ensino e sistema escolar? São sinônimos? Não!
Muitas vezes esses termos são empregados indistintamente, mas o critério
para diferenciá-los é o grau de abrangência que contemplam. Vejamos no box
explicativo a seguir.
38 • capítulo 2
escolas, também outras instituições e pessoas que se dedicam à educação sistemá-
tica: catequistas, professores particulares etc. Sistema escolar compreende uma rede
de escolas e sua estrutura de sustentação. (DIAS, 1998, p. 128)
capítulo 2 • 39
dos recursos financeiros é oriunda dos impostos recolhidos. Impostos que todos nós
pagamos, isto é, quem mantém as escolas públicas são os cidadãos que consomem,
produzem, transitam. Sem recursos financeiros suficientes e sem o uso adequado
desses recursos, o sistema escolar não pode funcionar. Para que esse sistema tenha
condições de atender sempre mais e melhor a uma parcela sempre maior da popu-
lação, é necessário que sejam destinados à educação recursos compatíveis com a
importância fundamental que ela tem para o desenvolvimento social.
Recursos materiais – A indústria produz artigos utilizados pelo sistema escolar:
material didático, móveis, artigos de escritório, materiais para manutenção e limpeza
etc. Gravadores, projetores, máquinas de calcular, computadores e outros recursos
tecnológicos podem provocar transformações no trabalho escolar. Todos esses mate-
riais produzidos pela sociedade são fundamentais para o funcionamento das escolas.
Alunos – Sem alunos não existem escolas, sem escolas não existem professores.
Os alunos são a razão de ser dos sistemas escolares. Quanto mais numerosa a
população em idade escolar, maior a pressão da sociedade para que se ampliem as
oportunidades educacionais, pois a educação é um direito de todos. Precisamos refle-
tir sobre a questão da ampliação das oportunidades educacionais, aliadas à qualidade
do ensino, isto é, atender a mais alunos da melhor forma. Assim como a sociedade
contribui com a escola, a escola também contribui com a sociedade como um todo.
40 • capítulo 2
Figura 2.3 – Sistema Escolar. Disponível em: <https://vemcomigoquenocaminhoeute
explico.files.wordpress.com/2014/12/janelaplatao.jpg>.
CONEXÃO
Assista ao filme Tempos modernos (1936), de Chaplin, e faça uma análise entre a qualifi-
cação técnica e a qualificação educacional/cultural. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=ieJ1_5y7fT8>.
capítulo 2 • 41
de pesquisa é realizada em universidades, onde professores (orientadores) e es-
tudantes (orientandos) se envolvem em investigações nos mais diversos campos
de conhecimento, trazendo importantes contribuições para a sociedade.
Nesse contexto, as ações do educador são políticas, uma vez que repercutem
socialmente, não são isoladas nem atômicas (LUCKESI, 1990). O ato educati-
vo nasce da prática social e é direcionado para ela, ou seja, é condicionada e
condicionante do processo histórico social, sofrendo influências de múltiplos
fatores e impactando sobre outros tantos.
Considerando a repercussão das ações do educador, Luckesi (1990) defende
que o educador deve se comprometer com a reflexão de três grandes questões:
1. Que direção a sociedade exige da prática educativa?
2. Qual a crítica do educador em relação a essa exigência social?
3. Qual direção vai assumir na sua prática educativa?
Após o estudo das influências do contexto social na escola, bem como do im-
pacto dessa relação na ação do docente, abordaremos, a partir deste item, as-
pectos específicos do planejamento escolar. Contemplaremos as característi-
cas do planejamento escolar, envolvendo a discussão sobre a importância da
construção democrática do projeto político-pedagógico, os fatores externos e
internos à escola, a necessidade de abarcar contradições e apontar soluções
para a instituição, a intencionalidade pedagógica que deve estar presente nas
ações educativas e a avaliação processual, conferindo a análise crítica ao traba-
lho educativo. Também estudaremos a relação entre planejamento escolar e
aprendizagem, com o objetivo de buscar a qualidade do processo que envolve o
processo de aprender e o de ensinar. Aqui, os temas dizem respeito à metodolo-
gia de ensino, organizados em torno da reflexão, da análise e da capacidade de
operar internamente com o conceito.
42 • capítulo 2
irracionalismo, a fragmentação e a negação da objetividade do conhecimento.
Em detrimento do que é considerado conteúdo clássico, a escola tem o desafio
de emancipar filosoficamente os seus alunos, para que eles possam se compro-
meter com a transformação social, visando a uma sociedade mais justa e demo-
crática (HOKAMA, 2000). Desafio, pois é por meio do currículo, ou seja, a partir
da apropriação do conhecimento historicamente acumulado pelo homem, que
podemos formar cidadãos:
capítulo 2 • 43
Preparar
Planejar Acompanhar
Revisar
44 • capítulo 2
(análise da realidade escolar, mapeamento da sala de aula) e a definição de ob-
jetivos e metas do sistema escolar, especificados em atividades, tarefas e recur-
sos (LIBÂNEO, 2001).
CONEXÃO
Acesse o site: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/praler/tp/tp6.pdf>, e saiba mais so-
bre a avaliação diagnóstica.
capítulo 2 • 45
Considerando a reflexão, a análise e a capacidade de operar internamente
com os conceitos, destaca-se a importância do planejamento das atividades,
para que cada um desses momentos atinja os seus objetivos. Esse processo re-
quer cinco grandes momentos:
1. Conhecer as leis gerais da disciplina, os seus procedimentos investiga-
tivos e como surgiram historicamente na atividade científica;
2. Avançar das leis gerais da disciplina para a realidade concreta, prática;
3. Escolher exemplos concretos e atividades práticas para demonstrar os
conceitos e as leis gerais da disciplina;
4. Iniciar o estudo do assunto pela investigação concreta, utilizando, por
exemplo, visitas, filmes e/ou estudos de casos. Nessas situações os alunos de-
vem formular relações entre os conceitos trabalhados;
5. Criar novos problemas, ou seja, situações de aprendizagem mais com-
plexas, com maior grau de dificuldade, fomentando no aluno a iniciativa e a
criatividade.
46 • capítulo 2
O mapeamento da sala de aula é condição
indispensável para que o professor possa pensar
DEFINIR CONTEÚDOS E em estratégias de intervenção, agrupamentos
METAS DE ENSINO produtivos e de avaliação compatíveis com os
objetivos propostos, dentre eles, fazer com que
os alunos avancem de uma fase para outra;
Podemos concluir que a ação de planejar é prever e organizar ações para alcan-
çar as metas e os objetivos da escola, considerando o contexto do aluno, bem
como de toda a realidade escolar e da comunidade. Neste sentido, o planeja-
mento do trabalho docente deve atuar para a transformação, de um contexto
alienante para um contexto emancipatório (MOREIRA-MALAGOLLI, 2011).
capítulo 2 • 47
2.4.1 O planejamento participativo na escola
CONEXÃO
Acesse o link: <http://www.infoescola.com/pedagogia/planejamento-escolar-participativo
-e-estrategico/>, e conheça mais sobre o planejamento participativo e estratégico na escola.
48 • capítulo 2
definido como “síndrome de apagar incêndios”, gerando um grande desgaste
de energia, de tempo e de recursos.
Segundo a autora, é pela utilização do planejamento que se pode evitar tais
situações, não se referindo, porém, ao planejamento funcional, aquele prati-
cado a partir de uma visão fracionada da realidade, com categorias limitadas,
isoladas, tópicas, desconsiderando assim a dinâmica social. Este tipo de plane-
jamento ainda tem um caráter normativo, que leva à elaboração de planos bu-
rocráticos. A consequência é o enrijecimento das ações e a inibição das atitudes
de iniciativas na escola, reforçando, por fim, práticas conservadoras.
Para Luck (2000), o planejamento estratégico é o mais adequado para as es-
colas, diante do contexto complexo e desafiador que se impõe a elas:
capítulo 2 • 49
Vamos estudar os elementos do planejamento estratégico, conforme Luck (2007):
1. Conhecimento sobre os elementos internos e externos da escola: a escola faz
parte de uma realidade social mais ampla e deve compreendê-la, para nela situar-se
adequadamente e corresponder às necessidades de formação de pessoas que essa
realidade demanda. Essa compreensão precisa articular-se com as condições internas
da escola também, para se identificar o que aí precisa ser modificado, a fim de que se
possa atender às necessidades.
2. Análise de implicações futuras a partir de decisões locais: é possível obter-se,
como consequência de uma dada decisão ou ação, algum resultado satisfatório a curto
prazo, mas que, a médio e a longo prazo, promovem repercussões negativas.
3. Exploração de alternativas de ação: dada a complexidade das situações que se
colocam em uma escola, uma variedade de alternativas ou estratégias de ação pode e
deve ser considerada. Deve-se escolher a mais promissora para obter resultados mais
amplos, mais consistentes, mais duradouros e capazes de promover transformações.
4. Aplicação de pensamento inovador e criativo: a fim de fazer a orientação para o
futuro e para a necessidade de transformação da escola. Esse pensamento deve estar
associado a uma perspectiva de transformação da realidade.
5. Construção de referencial avançado: assim como devemos buscar referências
avançadas para balizar nosso trabalho, devemos procurar construir, com ele, boas refe-
rências para os outros.
6. Visão estratégica: preservar a visão do todo, aprofundada da realidade e do traba-
lho da escola, com uma forte perspectiva de futuro.
7. Objetividade, simplicidade e clareza: o plano de trabalho deve ser claro, direto, com
linguagem objetiva e esclarecida, flexível e com força estratégica.
8. Orientação para resultados e responsabilidade social: é necessário realizar moni-
toramento e avaliação das ações e de seus resultados, o que depende do estabeleci-
mento de indicadores.
50 • capítulo 2
Conclui-se que o projeto da escola deve ter um caráter transformador, visan-
do, dentre outras questões, à emancipação da consciência filosófica de todos
os envolvidos na instituição. Destaca-se ainda que os planejamentos curricu-
lares nas escolas de Educação Básica devem considerar os referenciais ou os
parâmetros curriculares nacionais, bem como a concepção de educação e de
ensino adotado pela instituição. O currículo de cada disciplina ou área de co-
nhecimento deve expressar a proposta pedagógica contida no projeto político.
Esses aspectos parecem ser o grande desafio das escolas hoje, ou seja, como
adequar o planejamento educacional às exigências legais, bem como às de-
mandas sociais? Conforme apontado anteriormente, essas variáveis requerem
a análise da multiplicidade de fatores que recaem sobre o processo de ensino e
aprendizagem, contemplando a discussão da formação e atuação dos professo-
res até a gestão democrática na escola.
ATIVIDADES
A partir da leitura deste capítulo, elabore um texto, procurando responder às seguin-
tes questões:
01. Qual é a relação entre sociedade e escola? Quais são os impactos dessa relação para
o trabalho docente?
02. Quais são as implicações do planejamento escolar, ou seja, o que ele prevê, define e
procura atender?
REFLEXÃO
Leia o texto intitulado “Como o planejamento deve ser feito e reavaliado ao longo do ano
letivo”, que pode ser encontrado no site <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/como
-o-planejamento-deve-ser-feito-e-reavaliado-ao-longo-338619-1.asp>.
Depois da leitura, reflita sobre a importância da reavaliação do planejamento e seus
impactos no trabalho docente.
capítulo 2 • 51
LEITURA
Sugerimos a leitura de dois livros, para o aprofundamento das questões discutidas neste capítulo:
FILHO PARENTE, José. Planejamento Estratégico na Educação. Brasília: Plano, 2001.
LÜCK, Heloísa. et.al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 5º Ed. São Paulo, 2001.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e
planejados. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
DIAS, J. A. Sistema Escolar Brasileiro. In: MENESES, João Gualberto de Carvalho; BARROS, Roque
Spencer Maciel; NUNES, Ruy Afonso da Costa (et al.). Estrutura e funcionamento da educação
básica. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 127-136.
DUARTE, N. Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas
da teoria vigotskiana. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2001b.
GODINHO, M. Os fins da educação. In: Alfabetização e o Trabalho Didático. Módulo 4.2. UniSEB
Interativo. Ribeirão Preto, P. 18-19, 2014.
HABIGZANG, L.F.; LAMPERT, S.S.; ANTONI, C.; KOLLER, S.H. A Violência no Contexto Escolar e
a Inserção Ecológica do Psicólogo: Um Relato de Experiência. In: KOLLER, S.H. (org.). Ecologia
do Desenvolvimento Humano: Pesquisa e Intervenção no Brasil. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004,
p.335-380.
HOKAMA, M. G. Pensando (bem) na escola: o lugar das habilidades de pensamento no
planejamento das atividades de ensino e aprendizagem. Dissertação de Mestrado. Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. UNESP/ Araraquara, 2000.
LIBÂNEO, J. C. et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização.
São Paulo: Cortez, 2003.
LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão da escola. 4. ed. Goiânia, GO: Editora Alternativa, 2001.
LOPES, A. O. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação. In: VEIGA, I. P. A.
Repensando a didática. Campinas, SP: Papirus, 2004, p.55-64.
LUCK, H. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Revista Gestão em Rede, n. 19, abril
2000, p. 8-13.
LÜCK, A. A gestão participativa na escola. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2007a.
LUCKESI, C. C. Subsídios para a organização do trabalho docente. In: Filosofia da educação.
Cortez Ed, 1990.
MÉSZÁROS, I. O século XXI – socialismo ou barbárie? São Paulo: Boitempo Editora, 2003.
52 • capítulo 2
MOREIRA, G.M. Recursos e condições adversas na história pregressa de crianças de 4ª
série do Ensino Fundamental. Dissertação apresentada ao Pós Graduação em Educação Escolar.
Faculdade de Ciências e Letras, Unesp, Campus de Araraquara, 283 fls, 2006.
MOREIRA-MALAGOLLI, G.M. Temáticas Contemporâneas em Educação. Faculdade Interativa
COC. Ribeirão Preto, 2011.
capítulo 2 • 53
54 • capítulo 2
3
Planejamento
participativo e
estratégico
3. Planejamento participativo e estratégico
Planejar é um ato natural ao ser humano. Podemos afirmar isso uma vez que
o desejo de atingir objetivos faz parte da história humana. Em nosso dia a dia,
é natural vivenciarmos situações que necessitam de planejamento; porém,
como muitas das atividades corriqueiras já fazem parte de nossa rotina, não
as delineamos em etapas concretas de ação. Nesse caso, o ato de planejar não
é concebido de modo formal, como um documento. No entanto, quando as
atividades não fazem parte de nosso contexto diário, precisamos ser racionais
para delineá-las. Nesse sentido, quando falamos em planejamento no âmbito
escolar, logo pensamos em objetivos explícitos que sejam compartilhados por
um grupo, pela comunidade escolar como um todo. Isto porque precisamos
considerar que a escola é um espaço formado pela coletividade. Este planeja-
mento, portanto, precisa ser formalizado em um plano, pois representa desejos
e anseios dos sujeitos que vivenciam e constroem a realidade de determinada
instituição escolar. No contexto escolar, o ato de planejar torna-se necessário
em diferentes esferas, sendo relevante tanto no âmbito da gestão dos espaços
escolares como nos processos de ensino-aprendizagem. As nossas discussões,
portanto, pretendem abarcar as diferentes esferas do planejamento atreladas
aos processos educativos.
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56 • capítulo 3
OBJETIVOS
Você refletirá sobre a importância do planejar e sobre o planejamento e avaliação como um
processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, com a intenção
de melhorar o funcionamento das atividades desenvolvidas em instituições e também em
outras atividades humanas em geral.
capítulo 3 • 57
Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e
aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normatizados por leis,
dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, de-
senvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade, percepção,
motricidade etc. A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos,
atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem,
segundo valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança,
desde o nascimento. Trata-se do processo de socialização dos indivíduos. A educação
não formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua
finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos
e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no
processo interativo, gerando um processo educativo. (GOHN, 2006, p. 29)
58 • capítulo 3
É fundamental que os professores tenham consciência das decisões sociais e políti-
cas, das relações de poder subentendidas nas tomadas de decisão tanto administrati-
vas quanto pedagógicas do sistema e também de como elas influenciam nas decisões
e ações levadas para a escola e para as salas de aula, afinal somos responsáveis pela
formação intelectual, afetiva e ética dos alunos (LIBÂNEO et al, 2009).
capítulo 3 • 59
econômicas, políticas, sociais e culturais impostos pela sociedade às insti-
tuições escolares, bem como do desenvolvimento da pesquisa científica em
questões educacionais e do ensino, e das necessidades sociais e pessoais dos
alunos referentes a conhecimentos, exercício da cidadania, mercado de traba-
lho e outras. Tais objetivos acabam influenciando também o currículo escolar,
que é praticado através das atividades de ensino. Buscando alcançar os objeti-
vos, temos a parceria entre o currículo e o ensino como as ferramentas para se
conseguir o que é fundamental na instituição escolar – a aprendizagem efetiva
dos educandos.
Libâneo et al (2009) destacam que, para conseguirmos tal objetivo com
sucesso, há outro grupo de ferramentas composto pelas atividades de plane-
jamento, de organização e gestão e também de avaliação. Esclarecem que o pla-
nejamento engloba dois âmbitos – o projeto pedagógico curricular e os planos
de ensino. O primeiro é um documento que explicita as finalidades, os objeti-
vos, as expectativas de um processo de escolarização e inclui a proposta cur-
ricular. Já as práticas de organização e de gestão são responsáveis em efetivar
na prática o que foi planejado. Fica óbvio, portanto, que o sucesso do trabalho
escolar, que podemos resumir no trabalho docente – uma vez que este profis-
sional possibilita o processo de ensino e aprendizagem, processado através da
integração e conexão entre os objetivos e os meios. Um exemplo desta integra-
ção mencionado pelos autores é:
Concluímos então que, para que exista uma bem-sucedida realização do tra-
balho escolar, deve haver a integração entre meios e objetivos, principalmente
na elaboração do planejamento do trabalho pedagógico escolar.
Planejar, então remete a: querer mudar algo; acreditar na possibilidade de
mudança da realidade; perceber a necessidade da mediação teórico-metodoló-
gica; vislumbrar a possibilidade de realizar aquela determinada ação para que
60 • capítulo 3
a atividade de projetar seja carregada de sentido, é preciso que o educador veja
o planejamento como necessário (aquilo que se impõe, que deve ser, que não se
pode dispensar) e possível (aquilo que não é, mas poderia ser, que é realizável).
(VASCONCELOS, 2006, p. 36)
capítulo 3 • 61
Podemos afirmar, então, que o planejar e o avaliar são ações que se comple-
tam porque, para alcançarmos o sucesso das ações planejadas, precisamos que
exista uma avaliação constante do desenvolvimento dessas ações.
No que diz respeito ao conceito de planejamento como um todo, encontra-
mos algumas variações de uso que conduzem o ato de planejar para diferentes
contextos do planejamento do processo educativo na educação formal. Vamos
conhecer um levantamento feito por BAFFI (2002) no texto “O planejamento
em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas”, com pu-
blicação on-line em 2002.
62 • capítulo 3
4. Planejamento Curricular é o "[...[ processo de tomada de decisões sobre a dinâmi-
ca da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno".
Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação
educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de
aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos compo-
nentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p. 56).
5. Planejamento de Ensino é “[...[ o processo de decisão sobre atuação concreta dos
professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações,
em constante interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos.” (PADILHA,
2001, p. 33). Na opinião de Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento
trata do "[...] processo de tomada de decisões bem informadas que visem à racionalização
das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem".
6. Planejamento Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo
de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta peda-
gógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação
da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social"
(LIBÂNEO, 1992, p. 221).
7. Planejamento Político-Social tem como preocupação fundamental responder as
questões "para quê", "para quem" e também com "o quê". A preocupação central é
definir fins, buscar conceber visões globalizantes e de eficácia; serve para situações de
crise e em que a proposta é de transformação, em médio prazo e/ou longo prazo. "Tem
plano e o programa como expressão maior" (GANDIN, 1994, p. 55).
8. No Planejamento Operacional, a preocupação é responder as perguntas "o quê",
"como" e "com quê", tratando prioritariamente dos meios. Abarca cada aspecto isolada-
mente e enfatiza a técnica, os instrumentos, centralizando-se na eficiência e na busca
da manutenção do funcionamento. Tem sua expressão nos programas e, mais especi-
ficamente, nos projetos, sendo sobretudo tarefa de administradores, onde a ênfase é o
presente, momento de execução para solucionar problemas (idem.).
capítulo 3 • 63
[...] é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à ativida-
de humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua raciona-
lidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de
transformar suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e
eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a
analisar a realidade a propor ações e atitudes para transformá-la.
64 • capítulo 3
Constatamos, então, que a concepção de um plano pode envolver diferen-
tes sujeitos.
No caso do Plano Nacional de Educação, por exemplo, o desejável é que,
além das autoridades envolvidas com as políticas educacionais do país, repre-
sentantes de todas as áreas dos profissionais da educação estejam presentes
na discussão que delineia os fins e objetivos, e as metas para a educação no
país. É necessário que participem os profissionais da educação e que também
estejam envolvidos, neste processo, membros da sociedade civil organizada.
Afirmamos isso porque, neste documento, estarão metas que destinarão, a mé-
dio e longo prazo, os rumos da educação para toda a população de um país.
A lei que aprova o Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005, de 25 de ju-
nho de 2014, determina vinte (20) metas, que destacamos a seguir:
• Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as
crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação
infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
• Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a
população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (no-
venta e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomenda-
da, até o último ano de vigência deste PNE.
• Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a popula-
ção de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigên-
cia deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta
e cinco por cento).
• Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional es-
pecializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes,
escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.
• Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3o (tercei-
ro) ano do ensino fundamental.
• Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cin-
quenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25%
(vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.
capítulo 3 • 65
• Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e
modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a
atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
66 • capítulo 3
• Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação
stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mes-
tres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.
• Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE,
política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os
incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica pos-
suam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na
área de conhecimento em que atuam.
• Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento)
dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE,
e garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação con-
tinuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e
contextualizações dos sistemas de ensino.
• Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas
de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) de-
mais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de
vigência deste PNE.
• Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de
Carreira para os (as) profissionais da educação básica e superior pública de
todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais
da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional
profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da
Constituição Federal.
• Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação
da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e
desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas
públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.
• Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma a
atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto -
PIB do País no 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente
a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio.
capítulo 3 • 67
Ensino Médio, da Educação Especial/Inclusiva, do processo de Alfabetização
e alfabetismo funcional de jovens e adultos, da Educação Integral, da
Escolaridade Média, da EJA integrada à educação profissional e da educação
profissional propriamente dita, da educação superior e da titulação de profes-
sores da educação superior, da pós-graduação, da formação de professores,
da formação continuada e pós-graduação de professores, da valorização desse
professor, do plano de carreira docente, da gestão democrática e também do
financiamento da educação.
Em linhas gerais, o Plano Nacional da Educação apresenta-se como um do-
cumento que delimita as diretrizes e metas para o período de dez anos relacio-
nadas à gestão e ao financiamento da educação, aos níveis e modalidades de
ensino e também à formação e valorização do magistério e demais profissio-
nais da educação.
Retomando a identificação e a diferenciação das nomenclaturas empreen-
didas no planejamento educacional, podemos considerar que, diferentemente
do Plano Nacional de Educação, no Plano Escolar, no Plano de Curso e no Plano
de Ensino os sujeitos envolvidos são menos numerosos. Trata-se de documen-
tos elaborados no âmbito da escola, e os sujeitos participantes vão variar de
acordo com o nível de plano. No primeiro, por exemplo, participam todos os
membros da comunidade escolar, uma vez que se trata de um documento glo-
bal que expressa as condições reais de determinada unidade escolar e os an-
seios dela. Já o Plano de Curso e o Plano de Ensino são mais específicos, pois
envolvem conceitos curriculares.
68 • capítulo 3
de conceber o planejamento com um “novo olhar” de um grupo de educadores
que decidiram não seguir as normas estabelecidas até então. Nesse contexto,
o saber deixa de ficar no controle de alguns e passa a ser valorizado como algo
construído com participação, diálogo, promovendo a formação da consciên-
cia crítica por meio do processo de reflexão em busca da prática de mudança.
Nesse contexto, Vasconcelos afirma que o planejamento é entendido como um
instrumento de intervenção no real para transformá-lo na direção de uma so-
ciedade mais justa e solidária de intervenção. (VASCONCELOS, 2006,p31)
O conceito de participação e/ou intervenção envolvido nessa proposta, con-
forme também destaca Vasconcelos (2006), está relacionado à distribuição do
poder na elaboração de um processo de decisões que não estará limitado ape-
nas a responder “como” ou “com quem” fazer, mas que também possa respon-
der “o que” e “para que fazer”. Assume que o segmento educacional não é um
campo neutro, que deve organizar-se para intervir na realidade social, sempre
buscando a sua transformação.
Gandin (2001) ressalta que erroneamente tendemos a achar que a maior ca-
racterística do Planejamento Participativo refira-se ao estímulo à participação
das pessoas. Alerta-nos de que a participação é parte de todo processo de pla-
nejamento, uma vez que, no contexto atual, dificilmente consegue-se fazer algo
sem pedir às pessoas que tragam sugestões. Isto seria o mínimo.
Para Gandin (2001, p. 82), o Planejamento Participativo constitui-se em
“uma tendência dentro do campo de propostas de ferramentas para intervir na
realidade”.
a) Ele foi desenvolvido para instituições, grupos e movimentos que não têm como
primeira tarefa ou missão aumentar o lucro, competir e sobreviver, mas contribuir para a
construção da realidade social. Tais entidades, incluindo aqui governos e seus diversos
órgãos, não dispunham de ferramenta adequada para organizar seus processos de
intervenção na realidade e vão, aos poucos, aproveitando-se do que o Planejamento
Participativo lhes oferece para isto. Na América do Sul, têm sido as escolas as institui-
ções que mais utilizaram esta ferramenta para organizar seus processos de construção
da prática escolar com um sentido de contribuir para a construção das pessoas e das
estruturas sociais. Também redes de ensino oficial, sobretudo as ligadas aos municípios
foram beneficiadas com a aplicação de conceitos, modelos, técnicas e instrumentos
gestados dentro do Planejamento Participativo.
capítulo 3 • 69
b) Ele parte da verificação de que não existe participação real em nossas sociedades,
isto é, de que há pessoas e grupos dentro delas que não podem dispor dos recursos
necessários ao seu mínimo bem-estar. Mais do que isto: parte da clareza de que isto é
consequência da organização estrutural injusta dessas mesmas sociedades.
c) Propõe-se, por isso, como ferramenta para que as instituições, grupos e movi-
mentos que para isto existirem e, obviamente, para os governos e seus órgãos, porque
para isto existem, possam ter uma ação e um ser direcionados a influir na construção
externa da realidade, ou seja, a serem, eles mesmos, apenas meios para a busca de fins
sociais maiores.
d) Como consequência, constrói um conjunto de conceitos, de modelos, de técnicas
e de instrumentos que permitam utilizar processos científicos e ideológicos e organizar
a participação para intervir na realidade, na direção conjuntamente estabelecida. (GAN-
DIN, 2001, p. 82-83)
70 • capítulo 3
que as ações que serão planificadas e posteriormente exercidas devem estar re-
lacionadas com a realidade social.
LEITURA
Planejamento sim e não: um modo de agir num mundo em permanente mudança - autor:
Francisco Whitaker Ferreira - editora: Paz e Terra
capítulo 3 • 71
precisavam tomar decisões antecipadas sobre o que, por que, como e quando
fazer, para conseguirem sucesso e também progresso.
Sobre o planejamento estratégico, Heloísa Luck (2000) afirma que
[...] vários gestores trabalham como quem está “apagando incêndios”, ou seja, “sendo
conduzido pelas situações variadas do cotidiano, pelas demandas inesperadas, tendo
que responder rapidamente a elas e de tal forma que não tem tempo para pensar,
quanto menos para planejar” (LUCK, 2000, p.1).
Para a autora, isso ocorre porque se tem uma interpretação limitada que
acaba levando o gestor a agir por tentativas e erros. Ou seja, estes acabam ten-
do atitudes de reação às situações que surgem e acabam agindo sem um pla-
nejamento ideal para resolver os problemas. Esta “síndrome de apagar incên-
dios”, definido pela autora, ocasiona um grande desperdício de energia, tempo
e, é claro, de recursos. Para a autora, com o planejamento se evitam situações
frustrantes.
Luck reforça que não se deve somente utilizar o planejamento funcional,
que é idealizado partindo de uma visão fracionada da realidade; aquele que não
valoriza o contexto social, ou seja, tudo que está envolvido no processo. (LUCK,
2000, p 2). Sabe-se, de acordo com a autora, que este tipo de planejamento ain-
da é bastante usado, porém ele oferece condições de resolver somente proble-
mas emergenciais em sua superficialidade. Além disso, o planejamento funcio-
nal acaba levando à criação de planos burocráticos, que endurecem as ações e
em geral atrapalham atitudes diretas para solução de problemas, o que acaba
reforçando a prática conservadora.
Para Luck, planejar é fundamental, mas não basta somente a construção
de processos de planejamento sem conexão com a realidade, principalmente
o planejar que não esteja direcionado para conseguir mudanças na realidade
apresentada.
Nessa busca de realizar mudanças no contexto, para ela, o planejamento
estratégico é o que poderá desenvolver um papel mais adequado às escolas, en-
voltas em uma atual conjuntura complexa e desafiadora.
De acordo com a autora, o planejamento estratégico pode ser considerado
como o esforço disciplinado e consistente, destinado a produzir decisões fun-
damentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de
fazer, orientado para resultados, com forte visão de futuro. (Idem,2000, p.3)
72 • capítulo 3
O planejamento estratégico implica num novo modo de apreender a realidade, porque
exige que se tenha uma visão multidimensional das questões educacionais, que se
tenha uma perspectiva de mudanças contínuas e que se compartilhe, na organização,
da ideia de compreensão das partes em relação ao todo. (LUCK, 2000)
capítulo 3 • 73
4. Aplicação de pensamento inovador e criativo
Como o pensamento convencional não funciona em um mundo em transfor-
mação, é necessário adotar pensamento inovador e criativo, a fim de fazer a orien-
tação de futuro e necessidade de transformação da escola. Esse pensamento deve,
por certo, estar associado a uma perspectiva de transformação da realidade.
5. Construção de referencial avançado
Uma referência é uma situação observada que tomamos para orientar nos-
sas ações. Todas as pessoas e todas as organizações necessitam ter boas refe-
rências para balizar o seu trabalho. Da mesma forma, todos são referências
para os outros. Em vista disso, ao mesmo tempo em que devemos buscar re-
ferências avançadas para balizar nosso trabalho, devemos procurar construir,
com o mesmo, boas referências para os outros.
6. Visão estratégica
A visão estratégica corresponde à visão do todo, aprofundada da realidade e
do trabalho da escola, com uma forte perspectiva de futuro. Sem visão ou pen-
samento estratégico, não pode haver planejamento estratégico.
7. Objetividade, simplicidade e clareza
Um bom plano estratégico trata clara e diretamente das questões, sem sub-
terfúgio ou floreios. Ao mesmo tempo utiliza linguagem sem rebuscamentos.
Não deve resultar, portanto, em planos sofisticados e detalhistas, que abordam
múltiplas questões e meandros. Seu papel é o de estabelecer linhas de ação e
não o passo a passo dos procedimentos a serem seguidos – caso cheguem a esse
nível de detalhamento, perdem flexibilidade e força estratégica.
8. Orientação para resultados e responsabilidade social
Para serem válidas, as ações educacionais necessitam promover resultados
e, dessa forma, dar conta de sua responsabilidade social. Para tanto, é neces-
sário realizar monitoramento e avaliação das ações e de seus resultados, o que
depende do estabelecimento de indicadores.
74 • capítulo 3
Segunda etapa: delineamento da missão, visão de futuro e valores, aspectos que
delineiam a política da escola. Estratégia é uma forma de realizar uma política. Os
elementos do plano imprimem sentido ao que se coloca nele. Os objetivos estratégi-
cos são registrados entre os elementos básicos e o plano operacional. Eles devem ter
um caráter transformador, visando, por exemplo, flexibilizar a estrutura da escola e tor-
ná-la mais ágil. É fundamental ainda destacar que os planejamentos curriculares nas
escolas do Ensino Fundamental e Médio devem considerar os parâmetros curriculares
nacionais e a concepção de educação e de ensino-aprendizagem da escola.
Esses planejamentos devem necessariamente seguir o planejamento da instituição
escolar, pois o currículo de cada disciplina ou área de conhecimento deve expressar
a proposta pedagógica como um todo. Embora a legislação estabeleça parâmetros
não obrigatórios para o currículo escolar, as políticas educacionais estabeleceram
o sistema nacional de avaliação e o currículo mínimo e cobram esses conteúdos
nas avaliações nacionais. O planejamento do currículo deve refletir também sobre o
universo cultural da clientela escolar para definir estratégias de ensino para este currí-
culo nesta clientela. O planejamento curricular faz parte do processo de elaboração da
proposta pedagógica da escola e deve expressar os princípios e concepções
CONEXÃO
Planejamento Estratégico Participativo - Profª Olivia Resende entrevista Edgar Ricardo
Buettner. Disponíve em: <https://www.youtube.com/watch?v=A-plqcwyp0o>.
ATIVIDADES
Realize a leitura do texto abaixo e discuta:
01. Existe relação entre o planejamento e a construção de uma escola democrática? Como
pode acontecer esse processo?
02. Na sua opinião, de acordo com a leitura do texto, a diretora citada exerce uma gestão
democrática? Por quê?
capítulo 3 • 75
LEITURA
A escola se situava numa favela horizontal, no Rio e Janeiro. Eu, como toda professora jovem,
recém-formada, impregnada de ideias ensinadas no curso de formação, fiz uma avaliação
absolutamente equivocada de um comportamento de um dos meus alunos.
A situação foi a seguinte: eu trabalhava no primeiro turno – das sete às onze. Ao chegar
à escola, deparava-me com uma turma de crianças apáticas, desinteressadas, e não sabia o
que fazer. Usava todos os recursos que me foram ensinados no curso de formação, mas nada
resolvia. Mas havia na escola uma prática, pela qual continuamos lutando e que ainda não foi
generalizada: de reuniões pedagógicas quinzenais. Nessas ocasiões, reuniam-se todos os
profissionais da escola e a prática pedagógica era discutida. Numa dessas reuniões, coloquei
a situação que me afligia, acompanhada da avaliação de que as crianças eram desinteressa-
das, apáticas, não “rendiam”. A diretora da escola, experiente, competente e comprometida,
colocou em discussão a situação que eu trazia e se pôs a investigar o que estava provocan-
do aquela situação. Acabou descobrindo, graças à participação da merendeira. As crianças
chegavam à escola com fome e só iam merendar no meio da manhã. Como havia fartura,
repetiam muitas vezes a merenda. Depois de comer, suavam e adormeciam ... e eu chamara
isso de apatia e desinteresse! Que estratégia administrativa usou a diretora da escola? Pela
primeira vez ouvi falar em desjejum em escola. Articulada com a merendeira, organizou um
plano: as crianças entravam e tomavam um leite “para tapear o estômago”. Isso mesmo – ta-
pear o estômago – porque as que tinham a fome tapeada, aprendiam. Na hora da saída era
servida a merenda forte, que podia ser repetida tantas vezes quanto as crianças desejassem
ou precisassem. Dizia a diretora: “Agora vai dormir em casa e aprender na escola”. Essa foi
uma estratégia competente de quem compreende que a escola tem de estar a serviço da
criança e não a criança se adaptar à escola.
A escola tem de se organizar para servir melhor ao público, ou seja, às crianças. É isso
que nós temos de fazer em todas as situações com as quais nos deparamos em nosso co-
tidiano. Planejar é isso: pensar estratégias, formular um projeto político-pedagógico para a
escola, que pressupõe, obviamente, uma determinada concepção de sociedade e de homem.
É preciso que a escola, de fato, se transforme num espaço participativo em que o poder
decisório seja resultado da participação, do confronto de ideias e pontos de vista diferentes.
O processo decisório não pode ficar apenas nas mãos do diretor. É preciso que as decisões
sejam democratizadas, que as portas das escolas se abram para os pais e para a sociedade.
Não é apenas chamar os pais para dizer-lhes que seus filhos “estão mal em Matemática”,
76 • capítulo 3
como se fosse responsabilidade dos pais ensinar Matemática a seus filhos. É a escola que
tem esse papel social, essa responsabilidade.
GARCIA, R L. Planejamento e Currículo na Escola. In: O papel do diretor e a escola de
1º grau. São Paulo, FDE, 1992.
REFLEXÃO
Quando discutimos sobre o planejamento escolar, descobrimos que ele influencia direta-
mente na criação do projeto político-pedagógico escolar e também dos planos de ensino,
planos de aula, currículo, entre outros. O planejamento precisa ser visto como um elemento
de orientação para práticas educativas que visem à conquista de um trabalho de qualidade a
ser realizado nas escolas.
Sabemos que o planejamento, ainda, é construído com características distantes da rea-
lidade local, trabalhado, muitas vezes, de maneira autoritária, sem a contribuição dos profes-
sores e da comunidade envolvida, desvinculado do todo.
Deveremos lançar mão desse planejamento como ferramenta de desenvolvimento do es-
pírito crítico se realmente desejarmos uma educação que busque a transformação de todos
e do contexto social.
A discussão apresentada até aqui evidenciou a importância das atividades de planeja-
mento para um norteamento adequado do trabalho educativo.
As prerrogativas legais para a participação da comunidade na elaboração do planeja-
mento existem. Mas como ainda se dá essa participação? Estamos envolvidos com ela?
De que modo? Como podemos mudar a situação atual de participação dos envolvidos
no planejamento?
LEITURA
LOPES, A. O. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação. In: VEIGA, I. P. A.
Repensando a didática. Campinas, SP: Papirus, 2004, p.55-64.
O artigo discute questões fundamentais sobre o planejamento nas escolas, não numa
perspectiva instrumental, mas numa perspectiva crítica, como aponta no título, evidenciando
a necessidade de repensar sua prática e de ampliar e aprofundar a discussão sobre o tema.
capítulo 3 • 77
LUCK, H. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Revista Gestão em Rede, n.
19, abril 2000, p.8-13.
No artigo, a autora discute a importância do planejamento na escola, ressaltando o seu
significado e seu papel como elemento fundamental para subsidiar as ações docentes em
vista dos objetivos almejados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, in diário Oficial da União, Ano CXXXIV, nº 248, 23.12.96.
CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica no Brasil. In: Educação e Sociedade, Campinas, vol.
23, n. 80, setembro/2002, p. 168-200.
GOHN, Maria da Glória. Educação não formal, participação da sociedade civil e estruturas
colegiadas nas escolas. In: Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro, v.14,
n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA J. F.; TOSCHI M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2009. (Coleção Docência em Formação).
BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar
concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Petropólis, 2002.
Disponível em: <http:// www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm>. Acesso em: 15/02/2016.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras
providências.
78 • capítulo 3
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.
GANDIN, Danilo. A Posição do Planejamento Participativo entre as Ferramentas de Intervenção
na Realidade. In: Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95.
FUSARI, J.C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo, SE/CENP, 1988.
GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In: MEC, Anais da Conferência Nacional de
Educação para Todos. Brasília, 28/8a 2/9/94.
GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. São Paulo, Loyola, 1983.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político pedagógico. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2006.
LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão da escola. 4. ed. Goiânia, GO: Editora Alternativa, 2001.
LUCK, Heloísa. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Revista Gestão em Rede, n.
19, abril 2000, p. 8-13.
GODINHO, M.G.; DIAS, C.M.L. . Alfabetização e o Trabalho Didático. Ribeirão Preto: Uniseb
Interativo, 2014
LOURENÇON. B.N.; MALAGOLI, G.M.M. Organização, Planejamento e Avaliação dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. Ribeirão Preto: Uniseb Interativo, 2014
capítulo 3 • 79
80 • capítulo 3
4
Projeto político-
pedagógico
4. Projeto político-pedagógico
Para se conhecer o sentido de qualquer processo educacional, é preciso acom-
panhar sua prática real, sua prática cotidiana. Essa prática se expressa na sín-
tese entre teoria e prática, ou seja, na práxis, que é a prática pensada, refletida,
questionada. As referências teóricas “iluminam” o cotidiano, explicitando as
dificuldades e as possibilidades que envolvem o processo educativo como um
todo. O destaque desse cotidiano, porém, é a fragmentação, que, entre outras
consequências, leva à realização de atividades corriqueiras na escola, nem sem-
pre planejadas e discutidas pela comunidade escolar. Esse é um dos problemas
da escola que só pode ser resolvido se ela se organizar em torno de um projeto
político-pedagógico que seja representativo da sua comunidade escolar. A su-
peração dessa fragmentação só se dará a partir da construção coletiva do proje-
to político-pedagógico da escola.
OBJETIVOS
Você refletirá sobre a importância da construção coletiva do projeto político-pedagógico da
escola e compreenderá suas características, suas etapas e suas relações com a luta pela
construção de uma escola de qualidade no atual contexto da sociedade brasileira.
82 • capítulo 4
O projeto político-pedagógico pode ser definido como a organização do
trabalho pedagógico escolar como um todo, em suas especificidades, níveis e
modalidades da Educação Infantil, Educação Especial, Educação de Jovens e
Adultos, Ensino Fundamental, Médio e a Educação Profissional. Essa constru-
ção pressupõe a(o);
• reflexão e discussão crítica sobre os problemas da sociedade e da educa-
ção para encontrar as possibilidades de intervenção na realidade;
• busca da transformação da realidade;
• articulação e participação de todos os sujeitos do processo educativo: pro-
fessores, funcionários, pais, alunos e outros para construir uma visão global da
realidade e dos compromissos coletivos;
• alicerce do trabalho pedagógico escolar enquanto processo de construção
contínua: nunca está pronto e acabado;
• fundamentação das transformações internas da organização escolar e ex-
plicitação das suas relações com as transformações mais amplas (econômica,
social, política, educacional e cultural);
• anúncio do devir, do que foi sonhado coletivamente e que pode passar do
sonho à ação.
Previsto nos artigos 12, 13 e 14 da lei de diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9394/ 96, o Projeto Político-Pedagógico se constitui como um pro-
cesso de ação intencional na busca da organização do trabalho pedagógico da
escola na sua globalidade. É uma ação intencional que precisa ser definida co-
letivamente, com consequente compromisso coletivo.
Como afirma Freire, “o ser humano é, naturalmente, um ser da intervenção
no mundo à razão de que faz a História. Nela, por isso mesmo, deve deixar suas
marcas de sujeito e não pegadas de objeto.” (FREIRE, 1997, p. 119)
Algumas questões podem orientar a discussão da equipe, tais como:
• Que sujeitos queremos formar?
• Que saberes queremos discutir?
• Que sociedade queremos para viver?
• Que escola queremos?
• Que educação queremos priorizar?
• Que avaliação precisamos construir?
• Que cultura queremos valorizar?
• Que conhecimento queremos trabalhar?
• Que relações de poder queremos manter?
capítulo 4 • 83
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ATENÇÃO
O projeto político-pedagógico não pode ser um agrupamento de planos de ensino e de ativi-
dades diversas ou somente algo construído para ser arquivado como prova de tarefa burocrá-
tica, algo pronto e acabado para ser encaminhado às autoridades educacionais. E nem mes-
mo deve ser uma tarefa específica do pedagogo, do coordenador pedagógico ou do diretor.
84 • capítulo 4
Ainda segundo a LDBEN, alguns princípios devem nortear a construção do
projeto político-pedagógico da escola, tais como:
capítulo 4 • 85
o adulto; além de construir um projeto comprometido com os interesses e an-
seios das camadas populares. Além disso, pressupõe a ruptura entre concepção
e execução; pensar e fazer; teoria e prática e ciência e cultura.
A superação dessa relação dicotômica requer o controle do processo e do
produto do trabalho pelos educadores. Esse controle articula a socialização do
poder e seus pressupostos:
• A prática da participação coletiva elimina o individualismo;
• A reciprocidade exclui a exploração;
• A solidariedade supera a opressão;
• A autonomia anula a dependência submissa aos órgãos intermediários;
• A participação coletiva dos professores, funcionários, pais e alunos na
construção, execução e avaliação do projeto político-pedagógico;
• A transparência das decisões e legitimidade da participação na constru-
ção de instrumentos de gestão democrática, como: eleição de diretores; cons-
tituição de conselhos: escolar, FUNDEB, merenda, municipal de educação
e outros; além de conselho de classe, com redimensionamento de sua fun-
ção pedagógica.
CONEXÃO
Conheça a experiência de estruturação do PPP da Escola Estadual Joaquim José de Me-
deiros, Cruzeta, RN. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9uciP95eaPA>.
(Programa FAZENDO ESCOLA - O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO CONCEITOS
E SIGNIFICADOS-TV Escola)
86 • capítulo 4
O projeto político-pedagógico e o contexto social mais amplo expressam li-
mites e possibilidades, em que o próprio conceito de liberdade contém a ideia
de regras, reconhecimento e de intervenção recíproca. Heller ressalta essa ideia
ao afirmar que “ninguém pode ser livre se, em volta dele, há os que não o são!”
(HELLER, 1982, p. 155)
A valorização dos trabalhadores da educação deve ser considerada um prin-
cípio central na busca da qualidade e do sucesso na tarefa educativa de forma-
ção de cidadãos capazes de participar na vida socioeconômica, cultural e políti-
ca porque está relacionada diretamente com:
• Formação inicial e continuada;
• Condição de trabalho: recursos didáticos, físicos, materiais, dedicação in-
tegral, número de alunos por turma;
• Carreira e salário: elementos indispensáveis à profissionalização.
Como eixo norteador das ações educativas, o PPP revela a visão macro do que a ins-
tituição escolar pretende ou idealiza fazer, seus objetivos, metas e estratégias, tanto
no que diz respeito às atividades pedagógicas como no que se refere às atividades
administrativas. Portanto, o projeto político-pedagógico faz parte do planejamento e da
gestão escolar, e sua importância reside no fato de que ele passa a ser uma direção,
um rumo para as ações da escola (ÁVILA, 2006).
Projeto
O termo projeto deriva do latim projectu, particípio passado do verbo proji-
ceri, que significa lançar para diante, rumo, direção, opção intencional.
Pedagógico
Identificação dos elementos naturais e culturais necessários à constituição
da humanidade em cada ser humano e à descoberta das formas adequadas ao
atingimento desse objetivo. (SAVIANI, 1992)
capítulo 4 • 87
É a forma de organização dos elementos necessários à assimilação do saber,
fazendo a distinção entre o essencial e o acidental, o principal e o secundário,
o fundamental e o acessório como formas adequadas de desenvolvimento do
trabalho pedagógico: trata-se da organização dos meios (conteúdos, espaço,
tempo e procedimentos) através dos quais, progressivamente, cada indiví-
duo singular realiza, na forma de segunda natureza, a humanidade produzida
historicamente com condições que viabilizem o acesso e a apropriação do sa-
ber sistematizado.
Requer dosá-lo e sequenciá-lo de modo que a criança, o adolescente, o jovem
e o adulto passe gradativamente do seu não domínio ao seu domínio. Assim, é o
fim a atingir que determina os métodos e os processos de ensino-aprendizagem.
Político
Porque pressupõe a opção e o compromisso com a formação do cidadão
para determinado tipo de sociedade. Saviani (1982) afirma que a dimensão po-
lítica se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especifica-
mente pedagógica.
Em síntese, a dimensão pedagógica reside na possibilidade de efetivação da
finalidade da educação/escola: formação do cidadão crítico, responsável, cria-
tivo e participativo.
Na realidade, político e pedagógico são dimensões indissociáveis, porque
propiciam a vivência democrática necessária à participação de todos os mem-
bros da comunidade escolar e o exercício da cidadania.
88 • capítulo 4
4. Implica em esforço coletivo e participativo;
5. Define ações educativas e as características necessárias às escolas de
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.
[...]se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta,
mais humana, o nosso testemunho deve ser o de quem, dizendo não a qualquer
possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano em avaliar, de
compreender, de escolher, de decidir e, finalmente, de intervir no mundo. (FREIRE,
1997, p. 58 e 59)
capítulo 4 • 89
2. O projeto tem dimensão utópica, que significa, na verdade, o fu-
turo “a fazer”, um possível a se transformar em real. É a exploração de no-
vas possibilidades.
3. Por ser uma construção coletiva, o projeto tem efeito mobilizador da
atividade dos protagonistas. Gera fortes sentimentos de pertenças quando con-
cebido, desenvolvido e avaliado como uma prática social coletiva.
90 • capítulo 4
• Processos eletivos de escolha de diretores e alunos representantes
de turma;
• Colegiados com representação de alunos e pais;
• Associação de pais e mestres;
• Grêmio estudantil;
• Processo coletivo de avaliação continuada dos serviços escolares
capítulo 4 • 91
• A reflexão coletiva que favorece o diálogo, o respeito e a autocrítica;
• A descentralização do poder, criando uma forma de comunicação hori-
zontal que elimina o controle hierárquico e desenvolve a autonomia;
• O enfrentamento das relações de dominação, contribuindo para articula-
ção de práticas emancipatórias fundamentadas na solidariedade, na reciproci-
dade e no trabalho coletivo;
• A instalação de processos eletivos de dirigentes, com base em ações
colegiadas com representação de pais, alunos, funcionários, professores,
pedagogos;
• A construção de prática coletiva de avaliação contínua dos processos de
organização do trabalho pedagógico e da aprendizagem;
• A discussão crítica sobre os conflitos, as tensões e as rupturas que preci-
sam ser enfrentados;
• A defesa radical do compromisso de todos com a qualidade político- pe-
dagógica da organização escolar e da prática coletiva;
• A indagação, face às desigualdades, que exige uma tomada de atitude de-
mocrática para transformar a referida situação;
• O exercício democrático da liberdade ética, assegurando a aprendizagem
para todos enquanto finalidade e obrigação da educação escolar;
• A construção de uma visão orgânica / coesa da realidade, explicitando
suas contradições, seus limites e suas possibilidades;
• O entendimento das diferentes visões de mundo e de formas possíveis
para criar o novo, a partir do que já existe em termo das condições reais e das
práticas dos sujeitos do processo educativo;
• A necessária organização do trabalho educativo com todos os sujeitos do
processo, articulando as especificidades das diferentes funções.
Para que haja essa construção coletiva, as relações de trabalho devem ser
construídas com atitudes de:
• Solidariedade;
• Reciprocidade;
• Participação coletiva;
• Dialogicidade;
• Descentralização do poder;
• Emancipação;
• Transformação;
• Ética.
92 • capítulo 4
CONEXÃO
Reflita um pouco mais sobre a importância da participação de todos na escola através desta
experiência: <https://www.youtube.com/watch?v=tELt3IWMmug>.
Projeto Político Pedagógico: conceitos e significados - parte 2 – Créditos TV Escola
capítulo 4 • 93
aqueles que se dedicam à educação devem ter por objetivo as gerações futuras
e o futuro da geração atual.
De acordo com Veiga (1999), os caminhos para a construção do PPP nas es-
colas são muitos, mas se direcionam para três movimentos básicos: ato situa-
cional, ato conceitual e ato operacional.
Ato situacional
94 • capítulo 4
escola), à formação inicial e continuada (a partir das necessidades específicas
de cada segmento de professores e funcionários).
• Organização do tempo e do espaço.
• Levantamento de equipamentos físicos e pedagógicos (necessidades
e qualificação).
• Relações de trabalho na escola (professores, funcionários, pedagogos,
alunos, diretor, pais).
• Participação dos pais (descrição e análise com referência à ges-
tão democrática).
• Contradições e conflitos presentes na prática docente (distância entre o
discurso e a prática).
• Critérios de organização e distribuição de turmas: por turno, por professor.
• Organização da hora/atividade: problemas e possibilidades.
Ato conceitual
capítulo 4 • 95
• Respeito à identidade cultural do aluno, na perspectiva da diversida-
de cultural;
• Articulação desses saberes; das áreas de conhecimento, do aluno, do con-
texto histórico-social e a função de mediação do professor;
• Relação professor–aluno;
• Desenvolvimento de uma prática pedagógica que articule conteúdos e a
dinâmica do processo educativo que empregue recursos didático-pedagógicos
facilitadores da aprendizagem;
• Discussão continuada e coletiva da própria prática pedagógica;
• Intervenção constante do professor no processo de aprendizagem
do aluno;
• Relação entre a formação continuada do professor e a dinâmica de sua
prática em sala de aula.
96 • capítulo 4
Ato operacional
PERGUNTA
Quais as decisões de operacionalização? Como redimensionar a organização do trabalho
pedagógico? Que tipo de gestão?
capítulo 4 • 97
4.3 Etapas na elaboração do projeto político-pedagógico
longo, médio e curto prazo, assim como ações imediatas e de rotina da escola.
Os debates podem girar, por exemplo, em torno de questões como: Que
ações concretas devem ser realizadas no próximo ano? Que linhas de ação
devem orientar nossos trabalhos para atender às necessidades expressas no
diagnóstico? Que atividades permanentes devem existir em nossa escola?
Que determinações/normas devem ser adotadas para garantir o avanço das
nossas práticas?
98 • capítulo 4
É a última etapa, mas é, também, ao mesmo tempo, o ponto de partida para a
reflexão permanente sobre o documento. Avalia-se até que ponto a proposta
AVALIAÇÃO
foi bem-sucedida e esse discussão torna-se, por sua vez, um dos elementos
do diagnóstico da nova proposta. Deve-se perguntar: quais foram os indicado-
res de sucesso atingidos? Quais são os motivos do impedimento de aspectos
da programação? Que medidas devem ser viabilizadas para superar as dificul-
dades encontradas?
CONEXÃO
Através da experiência desta escola, conheça um Plano de Ação para a implantação de um
Projeto Pedagógico. Maura Barbosa, consultora pedagógica de Gestão Escolar, visita a esco-
la EMEB Professora Ana Isabel da Costa Ferreira, em Mogi Mirim (SP), para falar sobre como
capítulo 4 • 99
fazer o PPP funcionar na prática. Saiba mais em http://abr.ai/maura-visita-PPP. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=s_tnaiuAksM>.
ATIVIDADES
Experiência com samba ensina o prazer de aprender.
Gilberto Dimenstein
Folha de S. Paulo, caderno Cotidiano, domingo, 06 de fev/2005
Com 1.500 alunos, a escola tinha um nome pomposo, Comandante Garcia Dávila, mas
era chamada de “maloquinha”. Quem entrasse ali veria logo que o apelido era autoexplicativo:
vidros quebrados, paredes pichadas, portas com marcas de arrombamento, vasos sanitários
entupidos, cadeiras quebradas, marcas de infiltração de água nas paredes. Os professores
viviam apavorados com as gangues que traficavam drogas e os ameaçavam de retaliação se
não ficassem calados. Os seguranças não se atreviam, muitas vezes, a apartear as brigas dos
alunos, dos quais muitos portavam armas.
A “maloquinha”, porém, foi salva pela pedagogia do samba. Sem saber que se tinham
tornado educadores, carnavalescos, com seus passos e fantasias, produziram um extraordi-
nário enredo de revitalização comunitária, ainda praticamente desconhecido. O novo enredo
da “maloquinha”, no Parque Peruche, zona norte de São Paulo, começou em 1995, quando a
escola passou a ser dirigida por um indivíduo que, antes de virar professor, detestava estudar.
“Eu fazia o que podia para cabular as aulas”, recorda-se Waldir Romero, cuja paixão eram
os esportes, especialmente o futebol. Os esportes levaram Waldir a se formar em educação
física e, ao tornar-se professor, interessou-se por pedagogia e descobriu as razões de sua
ojeriza adolescente às salas de aula. “Quase tudo o que ensinavam não me fazia o menor
sentido.” Então do lado oposto dos alunos que também detestavam estudar, Romero viu-se
obrigado a ensinar a quem não queria aprender e, pior, cercado de violência e degradação.
Encontrou a saída exatamente no seu passado de “mau” aluno: foi procurar o prazer das ruas.
E encontrou o prazer bem ao seu lado.
Há uma peculiaridade histórica que ajudou Romero. Libertados da escravidão, os negros
foram, aos poucos, sendo expulsos das zonas mais nobres da cidade de São Paulo. No rumo à
periferia, muitos deles se fixaram onde é hoje o Parque Peruche, o que explica por que o bairro
é povoado de tantas escolas de samba, frequentadas pela maioria dos alunos da “maloquinha”.
“Se tínhamos alguma chance de salvação, ela não estava nas salas de aulas, estava nos barra-
cões.” Convidou os blocos a usar o ginásio da sua escola. “Lentamente, foram perdendo a des-
100 • capítulo 4
confiança. Tinham medo das manipulações políticas”. Ao mesmo tempo, promoveu atividades
para os alunos nos barracões. “Era como se formássemos um mesmo ambiente de aprendiza-
do.” Para aprimorar essa integração cultural, Romero enriqueceu as atividades extracurriculares
com aulas de cavaquinho, violão, percussão e capoeira; os professores eram arregimentados
nos barracões. Várias escolas de samba da cidade, como a campeã Mocidade Alegre e a Ga-
viões da Fiel, preferida da torcida organizada do Corinthians, adotaram a quadra da “maloqui-
nha” como espaço oficial de ensaios. Alguns jovens, mais violentos, logo perceberam que não
seria muito prudente desrespeitar a “maloquinha” e arrumar uma briga, por exemplo, com a Fiel.
A maioria nem precisou do argumento do medo: apenas se sentiu apropriando-se de um espa-
ço. Festas de casamento, batizado e aniversário passaram a ser feitas na escola.
Mais difícil que levar o samba para o pátio era levá-lo para a sala de aula. Nisso está um
dos pontos mais férteis dessa experiência. Professores sentiram-se provocados a deixar
a rotina de lado e tirar proveito do samba nas aulas de português, história, geografia e até
ciências. Exemplo óbvio: aprender gramática por meio das letras de música.
Para desenvolverem o senso de empreendedorismo, os alunos foram convidados a or-
ganizar, com todos os requintes possíveis, um desfile. Teriam de fazer o enredo (o que os
obrigava a estudar história), compor as músicas (ajudados pelos professores de português)
e montar as fantasias e os carros alegóricos (uma chance de aprimorar as aulas de matemá-
tica). Isso fez com que muitos jovens, profissionalizados, pudessem ver no carnaval uma fonte
de renda. Nesse momento, dirigentes comunitários imaginavam-se até mesmo capazes de
usar o potencial artístico local para gerar emprego: querem fazer uma espécie de bairro do
samba, com casas de shows, bares e restaurantes e, assim, atrair pessoas de toda a cidade.
“Esse é o nosso sonho”, diz Romero.
Sonhos à parte, colhem-se os resultados reais: diminuiu a repetência, a evasão caiu
drasticamente, as instalações físicas estão preservadas, pararam os roubos e depredações.
A violência quase desapareceu. Apesar de ainda distantes do ideal, as notas dos alunos
melhoraram. Mas uma coisa se conseguiu: ninguém mais chama a escola de “maloquinha”.
P.S. Não foi gasto dinheiro público a mais para fazer essa experiência. Volto a dizer: se qui-
serem melhorar a educação, comecem treinando os gestores para serem, não burocratas, mas
dirigentes comunitários. Conhecendo escolas públicas de várias partes do mundo, da Índia aos
Estados Unidos, da África à América Latina, inclusive do Brasil, ainda não se viu esse princípio
fracassar. Só essa formação não basta, mas, sem isso, não se consegue quase nada.
capítulo 4 • 101
02. Após as leituras realizadas neste capítulo, elabore uma pequena reflexão acerca das
relações entre o planejamento e o projeto político-pedagógico das escolas.
REFLEXÃO
O planejamento do projeto pedagógico exige das lideranças da escola ações preliminares im-
portantes, como já vimos ao longo desta unidade, mas exige também ações inovadoras, que
estimulem o protagonismo dos envolvidos no processo educativo como um todo, quer sejam os
professores, os alunos ou os pais, em qualquer um dos níveis de ensino. Cabe ressaltar que, no
Ensino Fundamental, o projeto político-pedagógico deve ter como objetivo a formação do cida-
dão, fornecendo ao aluno, ainda, subsídios necessários à sua melhor inclusão social. Para o En-
sino Médio, além do reforço da consciência cidadã, deve-se preparar o aluno para as incertezas
da vida social atual e especificamente a vida profissional, além da necessidade da formação de
atitudes para o trabalho. Assim, nossas escolas podem e devem exercer uma gestão inovadora,
construindo projetos protagonistas, com o envolvimento de toda a comunidade escolar e com
o suporte de um projeto político-pedagógico construído coletivamente.
LEITURA
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político-pedagógico. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2006.
Este livro é útil para as instituições que estão elaborando ou revisando seus Projetos
Político-Pedagógicos (concepção e metodologia de elaboração do Projeto), bem como para
todos que querem se aprofundar no conhecimento das relações entre Planejamento escolar
e PPP. Aborda os seguintes temas: A problemática atual do Planejamento na Educação; Re-
significação da Prática do Planejamento; Fundamentos Histórico-Antropológicos do Plane-
jamento; Processo de Planejamento; Tipos e níveis de planejamento; Estrutura e Elaboração
do Projeto de Ensino-Aprendizagem; Estrutura e Elaboração do Projeto Político-Pedagógico.
102 • capítulo 4
inovação regulatória seria assumir o projeto político-pedagógico como um conjunto de ati-
vidades que vai gerar um produto: um documento pronto e acabado. Nesse caso se deixa
de lado o processo de produção coletiva. Sob a perspectiva emancipatória, a inovação e o
projeto político-pedagógico estão articulados, integrando o processo com o produto porque
o resultado final é não só um processo consolidado de inovação meto-dológica, na esteira
de um projeto construído, executado e avaliado coletivamente, mas um produto inovador que
provocará rupturas epistemológicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁVILA, Virgínia. P. S. O Projeto político-pedagógico e a ampliação do ensino fundamental: um
novo olhar sobre a realidade escolar. In: XVIII Simpósio Catarinense de Administração da Educação
e VI Seminário Estadual de política e administração da Educação, 2006, Camburiú. Políticas
Educacionais e gestão da escola, 2006, p. 160-165.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9394/96, de 20 de dezembro
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Câmara dos deputados,
coordenação Edições Câmara, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São Paulo,
Brasil: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1997.
LOURENÇON, Bárbara N; MALAGOLI, Gabriela M.M. Organização, planejamento e avaliação dos
anos iniciais do Ensino Fundamental. Ribeirão Preto: Editora Uniseb, 2014.
DIAS, Cristiana de M. L; GODINHO, Marília Gomes. A construção coletiva do projeto político
pedagógico e a participação dos professores. In: Alfabetização e o Trabalho Didático. Ribeirão
Preto:Editora Uniseb, 2014.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 3. ed. São Paulo: Cortez:
Autores Associados, 1992.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político-pedagógico. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2006.
VEIGA, I. P. A. Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória.
Caderno Cedes, Campinas, vol. 3, n.61, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/
v23n61/a02v2361.pdf>.
__________ Projeto Político-pedagógico: uma construção coletiva. In: VEIGA, Ilma P. A. (Org) Projeto
Político pedagógico da escola: uma construção possível. 15ª edição. Campinas: Papirus, 2002.
__________Projeto Pedagógico: novas trilhas na escola. In: VEIGA. I. P. A; FONSECA, M. (org).
Dimensões do Projeto político- Pedagógico: novos desafios para a escola. Campinas, Papirus, 2001.
capítulo 4 • 103
104 • capítulo 4
5
Plano de ensino
5. Plano de ensino
Discutir planejamento educacional é ter a possibilidade de rever concepções e
prever ações futuras. Sendo assim, esta atividade de previsão de ação implica
na definição de necessidades para alcance dos objetivos, dentro das possibili-
dades, procedimentos e recursos a serem empregados, além de tempo de exe-
cução e formas de avaliação determinados.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você refletirá sobre o plano de ensino, em seus vários níveis e aspectos, reco-
nhecendo sua importância para o trabalho pedagógico e conhecendo suas especificidades.
[...] podemos dizer que o planejamento educacional deve ter como ponto de partida o
homem como realidade primeira e fundamental e a sociedade constituída de homens,
caracterizada por toda uma problemática social. O planejamento deve refletir sobre os
princípios educacionais que são capazes de orientar o homem, sendo este entendido
como ser que constitui e dá sentido ao universo. Deve refletir sobre que tipo de edu-
cação é necessária para a integração e desenvolvimento do homem e da sociedade.
Uma sociedade que se ajuste às necessidades dos seres humanos, respeitando e
defendendo os direitos dos homens.
106 • capítulo 5
Um planejamento que tente desenvolver nas pessoas o sentido da vida, o desejo de
querer viver e de permitir viver, que devolva a liberdade e o espírito crítico, a cons-
ciência de viver e o auto respeito. Um plane-jamento que tenha, como ponto de apoio,
o homem e o seu viver, os valores e as necessidades humanas, os problemas e o
desejo de vencer, enfim, o homem como um ser que vive a sua vida (MENENGOLA;
SANT’ANNA, 2002, p.28).
capítulo 5 • 107
centes e saberes de aprendizagem, com a intenção de alcançar os objetivos
educacionais preestabelecidos.
Ele representa um documento que tem como objetivo principal registrar as
decisões que são debatidas nas atividades de planejamento. As questões que
norteiam a elaboração formal do plano são “o que se pensa fazer, como fazer,
quando fazer, com que fazer, com quem fazer” (Baffi, 2002).
Para termos respostas para essas questões, é preciso uma discussão prévia
que elenque os objetivos do trabalho educativo a ser desenvolvido. Assim, o pla-
no representa um documento que normatiza as decisões tomadas de acordo com
as ações que ocorrerão. Tem natureza sistematizadora, por apresentar o produ-
to do que é tratado no planejamento. No entanto, devemos sempre lembrar que
não pode ser um documento rígido. Sua função maior deve ser a de orientador da
prática, uma vez que formaliza os variados momentos do contexto do planejar, o
qual provoca desafios e contradições” (FUSARI apud BAFFI, 2002).
Haydt (2006) afirma que o ato de planejar organiza-se por um processo que
engloba operações mentais e que possibilita ao educador antever maneiras de
agir, organizando sua ação didática.
108 • capítulo 5
procedimentos escolhidos. Este também valoriza a criação e escrita de um pla-
no feito pelo próprio professor, por conceber que, muitas vezes, o plano feito
por outras pessoas deve servir somente como fonte de informações.
Reforçamos, então, que o plano deve ser valorizado como uma ferramenta
referencial, ou seja, como um roteiro, sendo função do professor, como autor,
enriquecê-lo com sua perícia, seus conhecimentos, sua criatividade.
De acordo com Haydt (2006), o planejamento de ensino se constitui de três
tipos de planejamento, sendo organizados de acordo com seu nível de especifi-
cidade, os quais são:
pectos de acordo com a série ou ano escolar, a partir da faixa etária e da si-
tuação de aprendizagem dos alunos. Algumas de suas especificidades são:
realizar uma sondagem inicial; propor objetivos gerais e definir objetivos
específicos; indicar conteúdos a serem desenvolvidos; estabelecer ativida-
des e procedimentos de ensino e aprendizagem adequados aos conteúdos;
selecionar e indicar recursos a serem utilizados, escolher e determinar as
formas de avaliação mais coerentes com os objetivos definidos e os con-
teúdos a serem desenvolvidos. Este planejamento acaba resultando em um
plano de ensino, por se configurar na descrição das previsões do trabalho
dos professores e dos alunos, para o semestre ou para o ano letivo.
capítulo 5 • 109
É a organização sequencial de tudo que será desenvolvido pelo professor
PLANEJAMENTO DE AULA durante o período escolar diário, que envolve a ordenação da dinâmica de
ensino-aprendizagem e as relações de interação entre professor e o aluno.
Na elaboração do plano de aula, levam-se em conta as características dos
alunos e partir dos conhecimentos prévios que eles têm em relação aos
temas que serão desenvolvidos. Devem, ainda, ser flexíveis. Geralmente, o
plano de aula assume a forma de um diário de classe.
CONEXÃO
Assista o vídeo Didática Geral: Planejamento de aula disponível no link: <https://www.
youtube.com/watch?v=otZP6XhiWx8>.
O plano de ensino ou curso, segundo Haydt (2006), pode ser considerado uma
forma de racionalizar, organizar e coordenar a ação docente, promovendo uma
articulação entre a atividade escolar e o contexto social.
Tudo o que ocorre no ambiente escolar é influenciado por situações
econômicas, políticas e culturais, o que representa que os elementos do
110 • capítulo 5
planejamento escolar - objetivos-conteúdos-métodos – recebem implicações
sociais e políticas.
Por essa razão, devemos refletir didaticamente sobre os caminhos que de-
vem nortear nosso planejamento escolar.
O plano deve ser considerado como um guia que norteará o professor em
suas ações educativas. Nele são determinadas diretrizes para a realização do seu
trabalho. “Acima de tudo, nessa hora o professor tem de assumir seu papel, pois
o planejamento é uma organização de intencionalidades” (Vasconcelos,2006)
LEITURA
Faça uma leitura mais aprofundada do livro identificado abaixo. Você se enriquecerá com
a mesma.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem
e projeto político-pedagógico. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2006.
O plano deve ter uma ordem sequencial, progressiva e lógica. Deve-se pro-
gramar ações que estejam dentro das possibilidades humanas e também ma-
teriais da escola, sendo flexível quanto à sua elaboração durante o decorrer das
atividades e do ano letivo.
A finalidade do plano de ensino está ligada diretamente com as ideias da
escola e também com as expectativas do professor relacionadas ao que deseja
alcançar até o encerramento do ano letivo.
"É claro que há determinações das secretarias, porém o professor tem uma zona
de autonomia relativa para realizar o que pretende na escola e na sociedade", diz
Vasconcellos. Gandin (2000), chama essa etapa de ‘para quê’ do plano do docente.
‘Os professores devem sair do nível do como e com o que fazer, que é a preocupação
específica com o conteúdo, e incluir o que fazer e para quê’, defende.
capítulo 5 • 111
expressões sociais da comunidade, seus problemas e suas particularidades, ou
seja, deverá estar atento à diversidade existente na sala de aula. Essa diversida-
de supera as questões culturais e inclui os diversos níveis de conhecimento dos
alunos envolvidos no processo de aprendizagem. Por essas razões, o planeja-
mento inicial receberá modificações já nas semanas iniciais de aula, de acordo
com a identidade de cada turma e os níveis prévios de conhecimento apresen-
tados. Sobre isso, Gandin (2000) afirma que, mesmo o professor tendo vasta
experiência no magistério, ele necessita elaborar um planejamento anual para
que consiga ir além do conteúdo transmitido aos seus alunos.
De acordo com o Artigo 13, LDB, o plano de ensino deve ser feito pelo docente
112 • capítulo 5
Segundo Libâneo (2001) e Zabala (1998), devem ser seguidas algumas orien-
tações, como:
capítulo 5 • 113
A seguir serão apresentados dois modelos de plano de ensino: o primeiro
é um modelo muito utilizado e que apresenta os elementos tradicionais desse
tipo de plano; o segundo é uma proposta diferenciada que envolve a busca de
conhecimento por parte do professor sobre a discussão de Zabala para os pro-
cedimentos de ensino (Dias e Godinho, 2014)
EXEMPLO
Exemplo 1 – Plano de ensino tradicional
• Plano de ensino
• Dados da disciplina:
• Nome da disciplina:
• Curso:
• Termo:
• Carga horária semanal (h/a):
• Carga horária semestral (h/a):
Exemplo 2 – Projeto temático de ensino – PTE – com base nas sequências didáticas
de Zabala.
Este roteiro foi elaborado com base na leitura do livro A prática educativa, de Antoni
Zabala(1998).
• Roteiro para elaboração do PTE
• Nome do docente:
• Escola:
• Componente curricular e/ou área:
• Série:
• Número de aulas:
• Tema (s):
• Justificativa e relevância do tema:
• Objetivo(s) geral(is):
• Bibliografia geral:
• Sequência didática:
1. Objetivos específicos:
2. Conteúdos conceituais (conteúdos) (conhecimentos prévios, significância e funcionali-
dade, adequação ao nível de desenvolvimento que provoquem uma atitude mental e confli-
to cognitivo).
114 • capítulo 5
a) Inclui apresentação, elaboração, construção, aplicação, exercitação e avaliação.
b) Os conceitos se referem ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm carac-
terísticas comuns.
c) Os princípios se referem às mudanças e, normalmente, descrevem relações de cau-
sa-efeito ou de correlação.
Conteúdos atitudinais englobam uma série de conteúdos que por sua vez agrupam-se
em valores, atitudes e normas.
a) Valores: princípios ou ideias éticas, que permitem às pessoas emitirem um juízo
sobre as condutas e seu sentido. São valores: a solidariedade, o respeito aos outros, a
responsabilidade, a liberdade etc.
b) Atitudes: tendências ou predisposições que as pessoas têm para atuar. Exemplo:
cooperar com o grupo, respeitar o ambiente etc.
c) Normas: padrões ou regras de comportamento que devemos seguir em determina-
das situações que obrigam os membros do grupo social a compartilhar destas ações
para que haja coletividade.
capítulo 5 • 115
5.4. Elaboração, generalização e síntese das conclusões: contribuições do grupo de
alunos e do professor
5.5. Exercícios
5.6. Avaliação
116 • capítulo 5
Vale lembrar que é importante também uma seleção de Bibliografia Básica
e Complementar como ilustração e comprovação dos aspectos definidos no
plano de ensino.
ATIVIDADES
O Planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas
de respostas1
José Cerchi Fusari
capítulo 5 • 117
Pode-se, pois, afirmar que o planejamento do ensino é o processo de pensar, de forma
“radical”, “rigorosa” e “de conjunto”, os problemas da educação escolar, no processo ensi-
no-aprendizagem. Consequentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e
abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino.
O planejamento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador
diante de seu trabalho docente.
118 • capítulo 5
de repensar todo o ensino, buscando um significado transformador para os elementos cur-
riculares básicos:
• objetivos da educação escolar (para que ensinar e aprender?);
• conteúdos (o que ensinar e aprender?);
• métodos (como e com o que ensinar e aprender?);
• tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensinar e aprender?);
• avaliação (corno e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?).
capítulo 5 • 119
A aula, por sua vez, deve ser concebida como um momento curricular importante, no qual
o educador faz a mediação competente e critica entre os alunos e os conteúdos do ensino,
sempre procurando direcionar a ação docente para: estimular os alunos, via trabalho curricu-
lar, ao desenvolvimento da percepção crítica da realidade e de seus problemas; estimular os
alunos ao desenvolvimento de atitudes de tomada de posição ante os problemas da socieda-
de; valorizar nos alunos atitudes que indicam tendência a ações que propiciam a superação
dos problemas objetivos da sociedade brasileira.
[...] (FUSARI, 1998).
REFLEXÃO
Hoje questiona-se bastante o planejamento de ensino, principalmente no que se relaciona
com sua função como orientador de práticas educativas que venham colaborar com a melho-
ria da qualidade do trabalho que acontece realizado nas instituições escolares. É questionado
o distanciamento existente entre os objetivos delineados nos currículos dos cursos compara-
do a realidade social. Além disso, ressalta-se que os conteúdos são apresentados de forma
autoritária, sem o auxílio dos professores na sua construção, deixando de ser um elo com as
experiências de vida dos alunos, predominando atividades baseadas somente na transmis-
são de conhecimentos, sem oportunidade para o diálogo, dentre outros problemas. Isso nos
faz repensar criticamente essa prática, pois, se queremos uma educação transformadora,
o plano de ensino deve ser nossa ferramenta de apoio fundamental para proporcionar aos
nossos educandos um desenvolvimento pleno.
120 • capítulo 5
LEITURA
MENENGOLA, M.; SANT’ANNA, I. M. Por que planejar? Como planejar? currículo, área, aula. 12ª.
edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
Para os autores da obra, o processo educacional, o ensino e a ação pedagógica devem
ser planejados para proporcionar melhores condições de vida aos envolvidos no processo de
aprendizagem.
Entrevista com Celso Vasconcelos “É possível sair do marasmo” por Luiza Oliva, publicada na Revista
Direcional Escolas Edição 17 - junho/2006. Disponível em: http://www.direcionaleducador.com.br/
artigos/entrevista-celso-vasconcelos. Acesso em: 10 Mar 2016
Entrevista feita com o professor Celso Vasconcelos, especialista em formação de profes-
sores, coordenadores e diretores, na qual ele defende a importância da mudança de postura
do profissional em educação, no que diz respeito ao trabalho com projetos e temas geradores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 8ª. edição. São Paulo: Ática, 2006.
MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Conteúdos escolares: a quem compete a seleção e a organização. In:
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (coord.). Repensando a didática. 25ª. edição. Campinas: Papirus,
2007, p. 75-92.
MENENGOLA, M.; SANT’ANNA, I. M. Por quê planejar? Como planejar?: currículo, área, aula. 12ª.
edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
COARACY, Joana. O planejamento como processo. Revista Educação. 4o Ed., Brasília. 1972.
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento das
competências. Petrópolis/RJ: Vozes, 2007.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2° grau. Série formação
do professor).
KOETZ, Luciane Soutello. Fundamentos de administração. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2009.
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <www.
mec.gov.br>. Acesso em: 05 Mar 2016.
GODINHO, M.G.; DIAS, C.M.L. . Alfabetização e o Trabalho Didático. Ribeirão Preto: Uniseb
Interativo, 2014
capítulo 5 • 121
LOURENÇON. B.N.; MALAGOLI, G.M.M. . Organização, Planejamento e Avaliação dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. Ribeirão Preto: Uniseb Interativo, 2014
CHINALIA, F.; GODINHO, M.G.; CASTRO, L.F.R.F. Políticas, Didática e Alfabetização. Ribeirão Preto:
Uniseb Interativo, 2014
122 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 123
ANOTAÇÕES
124 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 125
ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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