Você está na página 1de 121

Aplicação da tecnologia

de biofloco num sistema


IMTA: O futuro da
aquacultura sustentável

Carmo Filipa Silva Cunha


Mestrado em Recursos Biológicos Aquáticos
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Departamento de Biologia
2020

Orientador
Doutor Filipe Coutinho, Investigador no CIIMAR
Coorientador
Profª Doutora Helena Peres, Investigadora no CIIMAR e
Professora Convidada na Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto
Todas as correções determinadas
pelo júri, e só essas, foram efetuadas.
O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/_________
FCUP III
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Agradecimentos
Em primeiro lugar, quero agradecer à Faculdade de Ciências por ter sido a minha casa
nestes 6 anos. Aprendi mais do que poderia imaginar, vivi momentos incríveis, conheci
pessoas que levo para a vida e, se pudesse voltar atrás, continuaria a ser a minha
escolha.

Em segundo lugar, quero agradecer ao pessoal da Foz, por terem sido a minha
companhia neste último ano, por estarem disponíveis a ajudar-me sempre que precisava
e por nunca me deixarem desesperar sozinha quando as coisas não corriam tão bem.
Em especial:
✓ À Professora Helena Peres, por me ter acolhido na sua equipa e me ter feito
sentir tão bem, sempre disposta a ajudar-me quando foi preciso e por ter sempre
uma palavra carinhosa quando era necessário;
✓ À Nicole Martins, por tudo e mais alguma coisa! Sem dúvida que és a melhor
pessoa a quem pedir ajuda em crises existenciais e a resolver os problemas que
parecem não ter solução. Obrigada por toda a ajuda que me deste, todos os
conselhos mais do que sábios e acima de tudo, obrigada pela tua paciência e
disponibilidade;
✓ Aos meus coleguinhas de mestrado e da team foz, Carla, Maria, Carlos e Iza,
por serem uma ótima companhia, foi um prazer partilhar esta experiência
convosco. Obrigada pelo apoio que me deram, por partilharem as minhas
frustrações e por serem sempre capazes de me fazer rir quando só me apetecia
chorar!

Em terceiro lugar, apesar de seres da Foz, mereces um parágrafo individual… Ao Filipe


Coutinho, o meu orientador. Nem sei por onde começar a agradecer-te, porque sem ti
esta tese não seria possível. Obrigada pelo apoio incondicional, por estares sempre
disponível, a qualquer hora, para me ajudar. Obrigada por gozares comigo, por me
tirares do sério e por responderes a todos os problemas que, para mim eram o fim do
mundo, com um simples “Não é assim tão mau” ou “Isso é fácil de resolver”. Foi um
prazer ter-te como orientador e, apesar de não seres (de todo) fácil de lidar, sei que não
poderia ter melhor. Obrigada!
FCUP IV
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Em quarto lugar, uma vez que isto significa o fim do meu percurso académico, quero
agradecer aos que me acompanharam sempre nesta jornada:
✓ Às minhas migas, Neia, Lara, Maria, Bruna, Marisa e Palhetas. Por tudo e por
nada. Quero agradecer por estes 6 anos de amizade e cumplicidade, de drama
e de festividades, de loucuras e aventuras e, acima de tudo, 6 anos de muito
amor! Não podia ter melhores parceiras e sei que vos levo para a vida toda.
Obrigada por tudo e que continue a party animal! Um brinde!
✓ Aos bros, Matos, Toni e Bruna (again). Por estarem sempre prontos a animar-
me quando estou em baixo, pelo recorrente “bullying”, mas acima de tudo,
obrigada por esta amizade sem cobrança. Espero que venham mais guerras de
croissants e visitas surpresas à terrinha. Vocês são os maiores, obrigada!
✓ À Pipa. Obrigada por seres a melhor colega de casa do mundo, por estares
sempre disponível para tudo e por alinhares nas maiores loucuras comigo. Foi e
é um prazer dividir casa contigo, mas acima de tudo, dividir o resto também. Sem
ti, nada seria igual e, por isso, obrigada!

Em último, mas sem dúvida o meu maior agradecimento, à MINHA FAMÍLIA. Não tenho
sequer palavras para vos agradecer por tudo o que fizeram e fazem por mim. Obrigada
por acreditarem sempre em mim, mesmo quando eu não acreditava. Obrigada por todos
os sacrifícios, sei que não foram poucos, que fizeram por mim para eu estar aqui a
escrever estes agradecimentos e a acabar o curso. Aos meus pais, devo-vos tudo o que
sou, obrigada por me educarem tão bem e, acima de tudo, obrigada por me ensinarem
a ser humilde e a lutar por aquilo que quero. À minha irmã, obrigada por seres a melhor
partner in crime, por me aturares (não é fácil), por estares quase sempre disponível para
ver se as frases fazem sentido, mas acima de tudo, por seres tão parecida comigo e, ao
mesmo tempo, tão diferente. A ti, dedico a minha tese, para que te inspires a não desistir
e a acreditar em ti própria, acredito que vás longe na vida!

Agradeço ao FEDER-Operational Programme Competitiveness and Internationalization


e à FCT no âmbito do projeto SPO3 (ref. POCI-01 -0145-FEDER-030377) e ao
Programa Operacional Mar2020, Portugal 2020 no âmbito do projeto InovFeed (ref.
MAR-02.01.01 -FEAMP-0111).
FCUP V
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável
FCUP VI
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Resumo
Com o crescente desenvolvimento da aquacultura surgem problemas ambientais, como
a utilização desmedida de recursos aquáticos e um aumento das descargas de efluentes
que afetam o ambiente circundante. Neste contexto, é necessário adotar estratégias,
como são o caso da Aquacultura Multitrófica Integrada (IMTA) e da Tecnologia de
Biofloco (BFT), que permitam diminuir o volume de água utilizado e aumentar a retenção
dos nutrientes, de forma a alcançar a sustentabilidade ambiental. Os sistemas IMTA
caracterizam-se por produzirem organismos de diferentes níveis tróficos num mesmo
sistema, em que os nutrientes não retidos por uma espécie são utilizados por outra
espécie de um nível trófico inferior, formando-se uma cadeia trófica, e evitando perdas
de nutrientes. Neste género de produção, as espécies co-cultivadas, e com valor
económico, limitam, ou até eliminam, a necessidade do uso de biofiltros tradicionais,
uma vez que estes são substituídos por organismos filtradores que assimilam os sólidos
suspensos e a matéria orgânica particulada, e os compostos azotados e fosfatos são
utilizados por produtores primários, proporcionando sustentabilidade ambiental e
também económica. A BFT é outra técnica de produção em aquacultura focada na
diminuição, ou mesmo eliminação, das renovações de água, e no aumento da eficiência
de utilização dos nutrientes, o que é alcançado através da proliferação de bactérias
heterotróficas, que convertem a amónia em biomassa microbiana, que pode ser usada
como alimento pelas espécies produzidas. A proliferação das bactérias heterotróficas é
alcançada mantendo um rácio carbono: azoto (C: N) elevado na água, o que,
dependendo da composição da dieta, pode exigir a adição de um hidrato de C ao
sistema, como fonte de C. Tanto os sistemas IMTA como a BFT apresentam inúmeras
vantagens, sendo que isoladamente têm também algumas limitações. O objetivo deste
trabalho passou, por isso, por descrever os diferentes aspetos da produção em IMTA e
BFT e avaliar a complementaridade destes sistemas de produção, salientando as suas
potencialidades e sugerindo combinações de espécies de interesse para a aquacultura
Portuguesa e Europeia a serem produzidas em IMTA-BFT. Em primeiro lugar, foram
descritos os aspetos gerais da produção em IMTA, assim como os seus benefícios e
potencialidades e, em seguida, foram analisados os critérios para a seleção de vários
géneros e espécies possíveis de integrar um sistema IMTA em zonas temperadas. Em
segundo lugar, foram abordados os aspetos gerais da BFT, como o processo de
tratamento de água, os parâmetros que influenciam a formação de bioflocos, os
benefícios e pontos críticos da aplicação da BFT, e a composição microbiana e
nutricional dos bioflocos. Além disso, foram também analisados os critérios de seleção
FCUP VII
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

das espécies a integrar num sistema BFT, sendo enumerados vários géneros e espécies
adequados à produção em BFT. Por último, foram avaliadas as potencialidades e a
complementaridade de sistemas IMTA-BFT, sendo sugeridas diversas espécies
passiveis de integrar este sistema de produção, tendo por base a sua aplicação em
Portugal ou na Europa.

Palavras-chave: Aquacultura Multitrófica Integrada, BFT, Sustentabilidade,


Biomitigação, Reutilização do Alimento, Qualidade da Água, Rácio C:N, Bactérias
Heterotróficas, Proteína Microbiana.
FCUP VIII
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Abstract
With the increasing development of aquaculture, environmental problems arise, such as
the excessive use of aquatic resources and an increase in effluent discharges that affect
the surrounding environment. In this context, it is necessary to adopt strategies to reduce
water exchange and nutrients reuse, such as Integrated Multitrophic Aquaculture (IMTA)
and Biofloc Technology (BFT), to achieve environmental sustainability. In IMTA,
organisms of different trophic levels are produced in the same system, with the nutrients
wasted by one species being used by another species of a lower trophic level, forming a
trophic chain and preventing nutrient losses. In this production system, the co-cultivated
species, with commercial value, limit or even eliminate the need for the use of traditional
biofilters, since these are replaced by filter feeding organisms that assimilate suspended
solids and particulate organic matter, and nitrogen compounds and phosphates are used
by primary producers, providing environmental and economic sustainability. BFT is
another aquaculture production technique that focuses on a more efficient use of nutrient
input with limited or zero water exchange, and in the enhancement of nutrient retention.
This is achieved through the proliferation of heterotrophic bacteria, which convert
ammonia into microbial biomass that can be used as feed. The heterotrophic bacteria
proliferation is achieved by maintaining a high carbon: nitrogen (C:N) ratio in the water,
which depending on diets composition, may require the addition of a carbohydrate to the
system, as a C source. Both IMTA and BFT systems have several advantages, but also
some limitations. This work aimed to describe the different aspects of IMTA and BFT
production and to evaluate the complementarity of these production systems,
highlighting the potential of an IMTA-BFT production system, and suggesting
combinations of species of interest for the Portuguese and European aquaculture. First,
some aspects of IMTA production as well as its benefits and potential were described.
Then, the criteria used to select the species to be produced in an IMTA systems were
analysed, and some genera and species that may integrate a IMTA system in temperate
zones were identified. Secondly, the main aspects of BFT were addressed, highlighting
the water treatment processes, as well as the microbial and nutritional bioflocs
composition. In addition, main water quality and bioflocs formation parameters were
analysed, along with some benefits of BFT application. Then, the criteria used to select
the species to be produced in an BFT systems were analysed, some genera and species
that can adapt to BFT production were listed, and some critical points of BFT
implementation were also identified. Finally, the potential and complementarity of IMTA-
BFT systems were evaluated and suggestions were made regarding the species with
FCUP IX
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

potential to be included in an IMTA-BFT system, to be implemented in Portugal or


Europe.

Keywords: Integrated Multitrophic Aquaculture, BFT, Sustainability, Biomitigation, Feed


Reuse, Water Quality, C:N Ratio, Heterotrophic Bacteria, Microbial Protein.
FCUP X
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Índice
Agradecimentos ........................................................................................................... III

Resumo .......................................................................................................................VI

Abstract .....................................................................................................................VIII

Índice ............................................................................................................................X

Lista de Figuras ..........................................................................................................XII

Lista de Tabelas ....................................................................................................... XIV

Lista de Abreviaturas ................................................................................................. XV

1. Introdução.............................................................................................................. 1

1.1. Objetivos ...................................................................................................... 11

2. IMTA – Aquacultura Multitrófica Integrada ........................................................... 12

2.1. Conceitos gerais, benefícios e potencialidades ............................................ 12

2.2. Seleção de espécies a integrar no sistema IMTA ......................................... 17

3. BFT – Tecnologia de Biofloco .............................................................................. 24

3.1. Conceitos Gerais .......................................................................................... 24

3.2. Tratamento de água e composição microbiana dos bioflocos ....................... 28

3.3. Rácio C:N e fontes de C ............................................................................... 31

3.4. Composição nutricional dos bioflocos ........................................................... 35

3.5. Parâmetros que influenciam a formação de bioflocos e o controlo da qualidade


da água ................................................................................................................... 38

Temperatura .......................................................................................... 38

OD e intensidade de arejamento ........................................................... 39

pH e alcalinidade ................................................................................... 40

Salinidade .............................................................................................. 41

Fonte de C ............................................................................................. 42

SS e TSS............................................................................................... 43

3.6. Benefícios da aplicação da BFT ................................................................... 46

Renovações de água mínimas ou inexistentes ...................................... 46


FCUP XI
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Aumento da eficiência de utilização do alimento.................................... 47

Diminuição dos custos de produção ...................................................... 47

3.7. Seleção de espécies a integrar um sistema BFT .......................................... 49

3.8. Pontos críticos de implementação da BFT .................................................... 52

4. Sistemas IMTA-BFT ............................................................................................ 54

4.1. Complementaridade e potencialidades ......................................................... 54

4.2. Espécies sugeridas para produção num sistema IMTA-BFT......................... 58

5. Conclusão e perspetivas futuras .......................................................................... 64

6. Referências bibliográficas .................................................................................... 66


FCUP XII
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Lista de Figuras
Figura 1 – Produção mundial (em milhões de toneladas) de peixes, moluscos e
crustáceos provenientes da pesca em águas interiores (a vermelho) ou marinhas
(laranja), ou de produção em aquacultura em águas interiores (azul escuro) ou marinhas
(azul claro) (FAO, 2020) …………………………………………………..………………….. 2

Figura 2 – Produção a nível mundial, representada em milhões de toneladas (peso vivo)


de animais para alimentação em aquacultura (peixes em águas marinhas e costeiras (a
vermelho) e em águas interiores (a azul claro), crustáceos em águas marinhas e
costeiras (a roxo) e em águas interiores (a verde), moluscos maioritariamente em águas
marinhas (a azul escuro) e outros animais aquáticos (a azul marinho)) e de plantas
aquáticas em aquacultura, maioritariamente em águas marinhas (a laranja). (FAO,
2020) ………………...…………………………………………………………………………. 3

Figura 3 – Diagrama ilustrativo de um exemplo de um sistema IMTA em mar aberto com


produção de peixes (à esquerda), de mexilhões (no meio) e de algas (á direita), em que
o fluxo de nutrientes é feito através da ação das correntes de água, da esquerda para a
direita. (Retirado de Holdt & Edwards, 2014) .…………..………………….…………….... 8

Figura 4 – Diagrama ilustrativo de um sistema IMTA e das respetivas relações tróficas.


(Retirado de Zhang et al., 2016) .……….………………………………………………….. 19

Figura 5 – Exemplo de um biofloco. (Escala:100 µm) (Retirado de Hargreaves,


2013)………………………………………………………………………………………….. 25

Figura 6 – Representação esquemática do princípio da BFT. Através de um rácio C:N


adequado na água dos tanques e com um constante arejamento, ocorre a formação dos
bioflocos, que podem ser ingeridos como ingrediente alimentar pelos animais
produzidos. (Retirado de Lekang, 2013)...………………………………………………… 27

Figura 7 – Tipos de BFT, baseado nas espécies predominantes. À esquerda, um


sistema dominado por bactérias (BFT de “águas-castanhas”); no centro, um sistema
dominado por microalgas (BFT de “águas-verdes”); à direita, um sistema bactéria-alga.
(Retirado de Pérez-Rostro et al., 2014)……………………………………………………. 30
FCUP XIII
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Figura 8 – Índice de Cores da Comunidade Microbiana (MCCI) indicando a transição de


um sistema composto maioritariamente por algas para um sistema composto
maioritariamente por bactérias à medida que a carga de alimento aumenta. A transição
entre os sistemas algal e bacteriano ocorre entre uma carga de alimento de 300 a 500
kg/ha por dia, indicado por um MCCI entre 1 e 1,2 (Retirado de Hargreaves, 2013).... 32

Figura 9 – Cálculo esquemático da quantidade diária de C necessária para remover o


N presente no sistema de produção (alimento não consumido e excreções produzidas
pelos organismos). A quantidade da fonte de C a adicionar dependerá da quantidade de
C presente na fonte de C. (Adaptado de Crab et al., 2012)……………………………... 34

Figura 10 – Representação esquemática de um sistema BFT, em que os flocos são


produzidos num reator separado dos animais, em que é fornecida uma fonte de C e o
tanque apresenta constante arejamento. Os bioflocos, depois de formados, podem
regressar ao tanque onde os animais são produzidos ou ser colhidos e servir
posteriormente de suplemento alimentar. (Adaptado de Crab et al., 2012) …………… 43

Figura 11 – Cones Imhoff para medição da concentração de SS num sistema BFT ao


fim de 10 a 20 minutos. (Retirado de Hargreaves, 2013) ……………………………...... 44

Figura 12 – Representação esquemática da cavidade orofaríngea de um peixe ciclídeo


que se alimenta por filtração, evidenciando os rastros branquiais (gill rakers) e os
microbranchiospines presentes no segundo arco branquial. (Retirado de Smith &
Sanderson, 2013)……………………………………………………………………………. 50

Figura 13 – Diagrama de fluxo, evidenciando a produção integrada de camarão


(Litopenaeus vannamei) com tilápia (Oreochromis niloticus) e sarcocornia (Sarcocornia
ambigua) em sistema BFT. (Retirado de Poli et al., 2019)………………………………. 56
FCUP XIV
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Lista de Tabelas
Tabela 1 – Principais parâmetros de qualidade da água monitorizados em sistemas
BFT, com indicação dos valores adequados e principais precauções segundo
Emerenciano et al. (2017) …………………………………………………..……………… 45

Tabela 2 – Aplicação de BFT em policulturas ou sistemas de aquacultura multitrófica


integrada (IMTA) baseado nos dados publicados de acordo com as referências
bibliográficas disponíveis até à data (Adaptado de Ulloa Walker et al., 2020)………… 59
FCUP XV
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Lista de Abreviaturas
AOB – Ammonia Oxidizing Bacteria

BFT – Biofloc Technology

BOD – Biochemical Oxygen Demand

C – Carbono

CO2 – Dióxido de Carbono

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations

FCR – Feed Conversion Ratio

HC – Hidratos de Carbono

IDREEM – Increasing Industrial Resource Efficiency in European Mariculture

IMTA – Integrated Multitrophic Aquaculture

INSEAFOOD – Innovation and Valorization of Seafood Products: Meeting Local

Challenges and Opportunities

N – Azoto

NO2 – Nitrito

NO3 – Nitrato

NOB – Nitrite Oxidizing Bacteria

O2 – Oxigénio

OD – Oxigénio Dissolvido

P – Fósforo

PHA – Polyhydroxyalkanoate

PHB – Polyhydroxybutyrate

RAS – Recirculation Aquaculture Systems

SS – Settleable Solids

SVI – Sludge Volume Index

TAN – Total Ammonia Nitrogen

TSS – Total Suspended Solids


FCUP 1
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

1. Introdução
A população mundial continua a aumentar de forma exponencial, sendo necessário
suprir as suas necessidades alimentares, salvaguardando, no entanto, os recursos
naturais para as gerações futuras. O consumo de pescado tem vindo a aumentar desde
há algumas décadas, como resultado da tomada de consciência dos vários benefícios
comprovados que este traz para a saúde humana, por ser uma ótima fonte de proteínas
de digestão fácil (Granada et al., 2015), que contêm todos os aminoácidos essenciais,
vitaminas importantes para o bom funcionamento do organismo (entre as quais D, A e
B), gorduras essenciais (ácidos gordos de cadeia longa ómega-3) e minerais (por
exemplo cálcio, iodo, zinco, ferro e selénio) (Franca, 2019).
Entre 1961 e 2017, o crescimento médio anual do consumo aparente de pescado a nível
mundial foi de 3,1%, ultrapassando o crescimento populacional (1,6%) e excedendo o
consumo de carne de animais terrestres, combinados (2,7%) e individualmente
(bovinos, ovinos, suínos, outros), exceto aves (4,7%) (FAO, 2018; 2020). Em termos de
consumo de peixe per-capita, verificou-se um aumento de 9,0 kg em 1961 para 20,3 kg
em 2017 e espera-se que este valor continue a aumentar (FAO, 2020).
A expansão no consumo de pescado foi impulsionada não apenas pelo aumento de
produção, mas também por uma combinação de outros fatores. Estes incluem:
desenvolvimentos na tecnologia de processamento, conservação, expedição e
distribuição; aumento dos rendimentos a nível mundial, que se correlacionam
fortemente com o aumento da demanda por peixe e produtos pesqueiros; reduções de
perdas e desperdício; e aumento da consciencialização dos benefícios do consumo de
peixe para a saúde (FAO, 2020).
Para atender a este aumento do consumo de peixe, os recursos pesqueiros sofreram
repercussões, algumas delas irreversíveis. Segundo os dados publicados pela FAO, a
fração dos stocks de pescado que estão dentro dos níveis biologicamente sustentáveis,
ou seja, unidades populacionais com abundância igual ou superior ao nível associado
ao rendimento máximo sustentável, exibiu uma tendência decrescente de 90,0% em
1974 para 65,8% em 2017 (FAO, 2020). Por outro lado, a percentagem de unidades
populacionais pescadas a níveis biologicamente insustentáveis, ou seja, espécies
sobre-exploradas, aumentou de 10% em 1974 para 34,2% em 2017 (FAO, 2020). As
unidades populacionais sub-exploradas diminuíram continuamente de 1974 a 2017,
sendo apenas de 6,2% no ano de 2017 (FAO, 2020). Por estes motivos, as pescas
atingiram, ou em alguns casos excederam, os seus limites, pelo que a sua produção
encontra-se estagnada (Fig.1).
FCUP 2
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Fig.1 – Produção mundial (em milhões de toneladas) de peixes, moluscos e crustáceos provenientes da pesca em
águas interiores (a vermelho) ou marinhas (laranja), ou de produção em aquacultura em águas interiores (azul
escuro) ou marinhas (azul claro) (FAO, 2020).

Perante a sobre-exploração e esgotamento atual dos stocks selvagens, e dada a


necessidade de manter e/ou aumentar o volume de recursos marinhos produzido
(Jeffries, 2017), a aquacultura passou a ter um lugar de destaque, emergindo como uma
alternativa complementar viável à exploração dos recursos no meio natural (Martins,
2017), permitindo reduzir a pressão sobre os recursos naturais (Lee & Yoo, 2014;
Ribeiro, 2019). Esta define-se como a produção de organismos aquáticos, incluindo
peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas, e que implica, de alguma forma, a
intervenção no processo de produção com o objetivo de melhorar a produção (Oladejo,
2010). A aquacultura engloba a produção de organismos de água doce, água salobra
ou de ambientes marinhos sendo praticada em terra (inshore), em zona costeira
(onshore) ou em mar aberto (offshore) (Alemayehu, 2011).
Esta atividade tem desempenhado um papel fundamental no combate à fome, nos
países em desenvolvimento, e no fornecimento de alimento de elevado valor nutricional,
ajudando a promover a saúde (Martínez-Porchas & Martínez-Córdova, 2012). Para além
disso, a aquacultura contribui para a redução da pobreza e na produção de postos de
trabalho e oportunidades económicas, fornecendo empregos a dezenas de milhões de
pessoas e apoiando os meios de subsistência de centenas de milhões de pessoas
(Emerenciano et al., 2017). A aquacultura é por isso, uma atividade com elevada
relevância económica e social e cujos avanços tecnológicos recentes têm permitido
melhorar a sua prática (Amberg & Hall, 2008).
FCUP 3
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Nos últimos anos, a aquacultura tornou-se o setor de produção alimentar com a maior
taxa de crescimento, com uma taxa média anual de 5,3% entre 2001-2018 (FAO, 2020)
e, apesar do ritmo deste crescimento ter abrandado, uma vez que o crescimento médio
anual tem vindo a decrescer, a aquacultura é já responsável por fornecer cerca de 50%
do pescado consumido pela população mundial (Fig.1), sendo cada vez mais frequente
recorrer ao uso da aquacultura para produção de peixes e outros organismos aquáticos,
especialmente daqueles que já se encontram sobre-explorados, ou com elevado
interesse comercial e económico (Martins, 2017). De acordo com as últimas estatísticas
mundiais, em 2018, esta produção traduziu-se em cerca de 114,5 milhões de toneladas,
no valor de 263,6 mil milhões de dólares (FAO, 2020). A produção total consistiu em
82,1 milhões de toneladas de pescado (inclui peixes, crustáceos, moluscos e outros
animais aquáticos) para alimentação (com um valor aproximado de 250,1 mil milhões
de dólares), 32,4 milhões de toneladas de plantas aquáticas (com um valor aproximado
de 13,3 mil milhões de dólares) (Fig.2), bem como 26 000 toneladas de produtos não
alimentares (com um valor aproximado de 179 000 dólares) (FAO, 2020).

Fig.2 – Produção a nível mundial, representada em milhões de toneladas (peso vivo) de animais para alimentação em
aquacultura (peixes em águas marinhas e costeiras (a vermelho) e em águas interiores (a azul claro), crustáceos em
águas marinhas e costeiras (a roxo) e em águas interiores (a verde), moluscos maioritariamente em águas marinhas (a
azul escuro) e outros animais aquáticos (a azul marinho)) e de plantas aquáticas em aquacultura, maioritariamente em
águas marinhas (a laranja). (FAO, 2020).

No que diz respeito ao tipo de produção, esta pode ser feita de modo extensivo, semi-
intensivo ou intensivo. Em sistemas de produção extensiva, a intervenção humana é
mínima e o impacto ambiental causado por este tipo de produção é relativamente baixo
FCUP 4
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

(Suneetha & Padmavathi, 2019). A produção dos organismos ocorre em ambientes


naturais, ao ar livre, em estruturas simples, como lagoas ou tanques de terra (Bunting,
2013). As espécies a cultivar são capturadas no meio natural e a sua alimentação
consiste principalmente em fontes endógenas presentes no sistema (algas, plâncton,
bentos), uma vez que o input de nutrientes e o fornecimento de alimento artificial é muito
reduzido (Billard & Dabbadie, 2017). Não existe controlo dos fatores ambientais, pelo
que a produção está sujeita ao clima local. Devido a estes fatores, a produção extensiva
é relativamente baixa, produzindo-se por ano menos de 500 kg/ha (Bunting, 2013).
Tendo em conta que os custos de produção, de implementação e de manutenção são
muito baixos, uma vez que o nível de tecnologia e os equipamentos são pouco
sofisticados (Southgate & Lucas, 2011), este tipo de produção é muito comum em
países em desenvolvimento, onde os produtores têm poucos recursos para investir
(Bunting, 2013).
No que diz respeito à produção semi-intensiva, as espécies são cultivadas em tanques
de terra com melhores condições relativamente aos sistemas extensivos e a renovação
da água é feita naturalmente pelas marés (Southgate & Lucas, 2011). Recorre-se à
reprodução artificial para a obtenção de ovos e juvenis, e durante a fase de engorda
efetuam-se amostragens frequentes para otimizar o crescimento dos organismos e
aumentar o rendimento (Billard & Dabbadie, 2017). Utilizam-se fertilizantes para
aumentar a produção de alimento natural, havendo, ocasionalmente fornecimento de
alimento artificial. Os custos de produção são mais elevados neste tipo de produção,
mas por outro lado, a produção é mais elevada, correspondendo a 2-20 t/ha/ano
(Bunting, 2013).
Em sistemas de produção intensiva, os organismos são produzidos em densidades
muito elevadas (> de 500 organismos/m3 no caso de crustáceos e 50-100
organismos/m3 no caso de peixes), com uma maior intervenção humana, havendo
fornecimento de alimento artificial e dietas formuladas e medicamentos quando
necessário (Milstein et al., 2001; Widanarni & Maryam, 2012; Da Costa Rainha, 2018).
Todos os parâmetros e condições de produção são controlados, pelo que a produção
não está dependente do clima local (Billard & Dabbadie, 2017). Para aumentar o
rendimento, recorre-se a calibragens e amostragens sucessivas, controlando-se a
reprodução e o crescimento (Bunting, 2013). A produção em regime intensivo pode ser
feita em terra, em instalações high-tech em sistemas raceways, ou em offshore para
garantirem uma elevada renovação da água. Os custos operacionais, de manutenção e
de produção são muito elevados, traduzindo-se numa produção anual de mais de 200
t/ha (Bunting, 2013).
FCUP 5
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

A aquacultura intensiva apresenta, desde 1970, um crescimento médio de 5,8% por ano
(FAO, 2018), sendo atualmente a grande responsável pelo crescimento global da
aquacultura mundial. No entanto, a aquacultura intensiva, para além de ter custos de
produção elevados, pode acarretar impactos ambientais negativos (Barrington et al.,
2009; Granada et al., 2015; Cunha et al., 2016; Hughes et al., 2016; FAO, 2018; Shpigel
et al., 2018, Da Costa Rainha, 2018), especialmente a nível ecológico e de
sustentabilidade que serão evidenciados de seguida. Como resultado, a indústria da
aquacultura tem vindo a sofrer um escrutínio por parte de entidades reguladoras por
potencialmente poder contribuir para a degradação e poluição ambiental (Emerenciano
et al., 2013).
Por um lado, o aumento da produção em aquacultura encontra-se limitada não só pela
disponibilidade de recursos aquáticos, uma vez que a intensificação da produção requer
caudais elevados (o que implica um maior consumo de água) (Da Costa Rainha, 2018),
mas também pela disponibilidade de alimento fornecido aos organismos produzidos
(Dauda et al., 2017) pois, em sistemas intensivos, a farinha e o óleo de peixe continuam
a ser as fontes preferenciais de proteína e lípidos, respetivamente, das dietas
formuladas, especialmente de espécies carnívoras, devido à sua qualidade nutricional,
garantindo alta eficiência de produção (Kokou et al., 2012; Moutinho et al., 2017). Das
179 milhões de toneladas de pescado produzidas em 2018, cerca de 10% das capturas
totais (18 milhões de toneladas) foram utilizadas para produzir farinha e óleo de peixe
(FAO, 2020), enquanto que o preço tem vindo a aumentar de forma drástica (~1300 €/t
no final de 2018, sendo que em 2000 era de ~385 €/t) (Jannathulla et al., 2019). Se a
farinha e o óleo de peixe permanecerem as principais fontes de proteína e ácidos gordos
essenciais das dietas formuladas, o crescimento da produção de aquacultura tornar-se-
á cada vez mais dispendioso e uma prática insustentável (Jannathulla et al., 2019; Hodar
et al., 2020).
Por outro lado, nos sistemas de produção intensivos, as densidades mais elevadas e o
alimento fornecido levam à acumulação de elevadas quantidades de resíduos sólidos
(Arvanitoyannis & Kassaveti, 2008) e a concentrações elevadas de azoto (N) e fósforo
(P) nos efluentes destas produções (Kibria & Haque, 2018). Tais metabólitos são tóxicos
para os animais e além disso, levam ao crescimento de microrganismos com elevadas
taxas de demanda bioquímica de oxigénio (BOD), podendo levar à degradação dos
ecossistemas adjacentes às aquaculturas (Emerenciano et al., 2017; Suneetha &
Padmavathi, 2019). Caso estas descargas, com excesso de nutrientes, sejam lançadas
no mar, em rios, lagos ou reservatórios, podem causar sérios danos no ambiente
circundante e nos ecossistemas, resultando, maioritariamente, na eutrofização das
zonas húmidas adjacentes, com o crescimento desmedido de algas ou outros tipos de
FCUP 6
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

plâncton, deteriorando a qualidade da água e podendo levar à perda de espécies


dominantes e grupos funcionais (Western, 2001; Yang et al., 2008). Os sedimentos
próximos dos locais das descargas das pisciculturas acumulam o excesso de matéria
orgânica, fornecendo o ambiente ideal para o crescimento de parasitas que poderão
afetar os organismos existentes nestes locais (Alonso-Pérez et al., 2010; Richard et al.,
2007; McKindsey et al., 2011; Molloy et al., 2013; Lunstrum et al., 2018; Park et al.,
2018).
Além dos problemas supracitados, o aumento da produção em aquacultura também se
encontra limitado pela competição por espaço com outras indústrias (Emerenciano et
al., 2017). Os avanços tecnológicos na área da aquacultura offshore permitiram
estabelecer sistemas de produção em zonas mais afastadas da costa, em mar aberto,
permitindo alargar a produção intensiva, tendo estes sistemas de produção crescido
muito nos últimos anos, sem comprometer outras atividades, uma vez que não
competem por espaços na zona costeira (Bostock et al., 2010; Shainee et al., 2012;
Gentry et al., 2017). O desenvolvimento dos sistemas offshore pressupõe também
preocupações ambientais (Gentry et al., 2017), relacionadas com potenciais impactos
nos habitats (Ottinger et al., 2016), nomeadamente o risco de fugas e cruzamento com
organismos selvagens (Naylor et al., 2001) e o maior risco de proliferação de doenças
e parasitas (Lafferty et al., 2015). Além disso, a implementação dos sistemas offshore
envolve a adaptação a uma variedade de fatores físicos, como as correntes e ação das
ondas, o que resulta em elevados custos que se refletem no preço de mercado do
produto final e lucro associados (Troell et al., 2009).
Dentro dos sistemas de produção em terra, devido à grande quantidade de água
necessária, existe um grande interesse em sistemas de produção que exijam o menor
volume de água por quilograma de peixe produzido (Lekang, 2013), como é o caso dos
sistemas RAS (Recirculation Aquaculture Systems). Estes sistemas consistem
essencialmente em sistemas de produção de organismos aquáticos com reutilização da
água dos sistemas (Bregnballe, 2015). Esta tecnologia baseia-se na utilização de filtros
mecânicos, que removem os sólidos suspensos presentes na água, juntamente com a
utilização de filtros biológicos, que removem as partículas mais finas e os compostos
dissolvidos, como fosfatos e compostos azotados (Bregnballe, 2015). Os biofiltros são
compostos por bactérias nitrificantes que eliminam a amónia e os nitritos, tóxicos para
os organismos mesmo em pequenas quantidades, convertendo-os em nitratos, que só
se tornam tóxicos quando a sua concentração na água é muito elevada, através do
processo de nitrificação (Courtland, 1999). Estes sistemas são uma mais valia, uma vez
que não necessitam de grandes renovações de água, apenas 5% da água é renovada
(Bregnballe, 2015). Assim, é possível controlar os fatores externos (temperatura, pH e
FCUP 7
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

o nível de oxigénio) e diminuir a propensão a doenças, pois ao limitar-se a entrada de


água no sistema, diminui também a probabilidade de contaminação do sistema de
produção com organismos patogénicos, podendo resultar em maiores taxas de
sobrevivência (Otoshi et al., 2009; Krummenauer et al., 2011; Perez-Fuentes et al.,
2013; Suneetha et al., 2018). Estas condições estáveis resultam num padrão de
crescimento previsível, que permite estimar com uma maior precisão o tempo de
produção, assegurando uma produção mais segura e eficiente (Bregnballe, 2015).
As principais desvantagens dos sistemas RAS residem nos elevados custos de
implementação, operacionais e de manutenção (Ahmad et al., 2017). São necessários
vários equipamentos dispendiosos, como, por exemplo, os filtros mecânicos,
normalmente filtros de areia, para remover a matéria orgânica particulada, presente no
sistema (Bregnballe, 2015) e também os equipamentos de arejamento do sistema de
forma a remover os gases, como o dióxido de carbono (CO2), que são prejudiciais ao
crescimento dos peixes, e para permitir a entrada de oxigénio (O2) no sistema (Boyd et
al., 2018). Por vezes, o arejamento por si só não fornece a quantidade de O 2 suficiente
e é necessária a utilização de O2 líquido ou utilização de geradores de O2 para que os
níveis de O2 nos sistemas se mantenham a níveis elevados (Bregnballe, 2015), o que
faz aumentar os custos operacionais. É também necessária a utilização de luz UV para
desinfeção da água, de forma a remover os microrganismos patogénicos que possam
estar presentes nos sistemas (Barrett et al., 2019) e o uso de ozonizadores para fornecer
ozono ao sistema que, através da sua rápida ação oxidante, permite a remoção de
micropartículas (Powell & Scolding, 2018). No tratamento com ozono, as micropartículas
são decompostas em estruturas moleculares que se vão ligar novamente e formar
partículas maiores. Através desta forma de floculação, os sólidos microscópicos
suspensos, muito pequenos para serem capturados, podem ser removidos eficazmente
do sistema (Bregnballe, 2015; Powell & Scolding, 2018). Também devido ao seu elevado
potencial oxidativo, o ozono é extremamente eficaz na inativação e destruição de
microrganismos, como bactérias, vírus, fungos e até mesmo parasitas (De Paula
Nascente et al., 2019). Apesar disso, o uso de ozono em aquacultura é um tópico
controverso, uma vez que um aumento na dosagem ou um maior período de exposição
pode causar efeitos genotóxicos precoces em peixes criados em RAS (Guilherme et al.,
2019; De Paula Nascente et al., 2019). Além disso, é necessário pessoal qualificado
para monitorizar e gerir os sistemas de produção, aumentando assim os custos de
produção (Bregnballe, 2015).
Para que a aquacultura possa manter o seu crescimento, é necessário procurar
estratégias inovadoras de reduzir o impacto no meio ambiente e maximizar a sua
eficiência e produção em larga escala (Suneetha & Padmavathi, 2019). Assim, é
FCUP 8
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

essencial que os sistemas de produção conciliem a sustentabilidade ecológica com a


sustentabilidade económica e social (Crab et al., 2012). Para tal, é fundamental adotar
estratégias que permitam não só a reutilização da água, mas também de nutrientes, de
modo a que os impactos ecológicos e sociais sejam minimizados, promovendo uma
maior segurança ambiental (Suneetha & Padmavathi, 2019).
Nas últimas décadas, os sistemas de aquacultura multitrófica integrada (Integrated
Multi-Trophic Aquaculture – IMTA) (Fig.3) têm apresentado bons resultados, em termos
de utilização eficiente dos recursos (Lekand, 2013). Estes sistemas caracterizam-se por
produzirem organismos de diferentes níveis tróficos num mesmo sistema, em que uma
espécie utiliza os nutrientes não retidos ou excretados por outra espécie de um nível
trófico superior, evitando-se perdas de nutrientes para o exterior e os consequentes
impactos negativos nos ecossistemas (Lekand, 2013).

Fig.3 – Diagrama ilustrativo de um exemplo de um sistema IMTA em mar aberto com produção de peixes (à
esquerda), de mexilhões (no meio) e de algas (á direita), em que o fluxo de nutrientes é feito através da ação das
correntes de água, da esquerda para a direita. (Retirado de Holdt & Edwards, 2014).

Assim forma-se uma cadeia trófica que pode ter diversos níveis e incluir diversas
combinações de organismos (Lekand, 2013), sendo que habitualmente combinam a
FCUP 9
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

produção de peixes com organismos detritívoros – como alguns equinodermes – ou


filtradores– como bivalves, moluscos, equinodermes –– e algas que utilizam a matéria
inorgânica dissolvida (Chopin et al., 2012; Edwards, 2015). Desta forma, os nutrientes
não utilizados pelos animais da cadeia trófica mais elevada passam a constituir um
recurso que permite a produção de organismos de níveis tróficos inferiores. Assim, o
IMTA permite a produção de um ecossistema equilibrado, que não só aumenta o valor
económico da produção, já que com a mesma quantidade de alimento é possível
produzir mais espécies com valor económico, como também melhora a qualidade da
água e diminui a concentração de nutrientes do efluente (Chamberlaine & Rosenthal,
1995; Neori et al., 2004; Suneetha et al., 2018).
À semelhança dos sistemas RAS, a aplicação de IMTA em circuito fechado ou
semifechado em pisciculturas intensivas em terra permite a recirculação da água
(Piedrahita, 2003; Wik et al., 2009; Abreu et al., 2011), e com isso o controlo de fatores
externos (temperatura da água, pH, nível de O2), e a diminuição do volume de água
utilizado na produção (Bregnballe, 2015). Ao contrário dos sistemas RAS, o IMTA não
necessita de tecnologia de ponta: os filtros mecânicos e biológicos são substituídos por
organismos filtradores que assimilam os sólidos suspensos e a matéria orgânica
particulada, e os compostos azotados e fosfatos são utilizados por produtores primários
(Anon., 2003; Neori et al., 2004).
No caso da implementação de sistemas IMTA em mar aberto (Fig.3), o controlo dos
fatores externos deixa de ser possível, mas apresenta vantagens a nível ecológico
quando comparados com os tradicionais sistemas offshore, uma vez que os nutrientes
não utilizados ou excretados pelos peixes vão nutrir as espécies de nível trófico inferior,
em vez de constituírem uma ameaça para os habitats circundantes (Granada et al.,
2015).
Uma outra estratégia que se tem vindo a desenvolver como forma alternativa de
produção é a tecnologia de biofloco (BFT). A BFT é atualmente um método eficaz e
sustentável de melhorar a qualidade da água dos sistemas de produção recorrendo a
renovações mínimas ou inexistentes (Avnimelech, 1999; De Schryver et al., 2008; Crab
et al., 2012; Dauda et al., 2017). Vários fatores promovem a implementação desta
técnica. Em primeiro lugar, a água tornou-se escassa ao ponto de limitar o
desenvolvimento da aquacultura; em segundo lugar, a descarga de efluentes no meio
ambiente é proibida na maioria dos países; e em terceiro lugar, surtos graves de
doenças infeciosas levaram a medidas de biossegurança mais rigorosas, como a
redução da entrada de água no sistema (Avnimelech, 2009; Crab et al., 2012).
O princípio fundamental da BFT é a utilização dos nutrientes presentes no alimento não
consumido, fezes e excreções azotadas como alimento e substrato para o crescimento
FCUP 10
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

de uma biomassa microbiana, composta maioritariamente por bactérias heterotróficas e


outros microrganismos, tais como algas, fungos, protozoários, metazoários, rotíferos e
copépodes, levando à formação de flocos, também designados bioflocos (Farooqi &
Qureshi, 2018). As bactérias heterotróficas são capazes de converter a amónia
diretamente em biomassa microbiana, sem que daí resultem nitritos, o que constitui uma
grande vantagem em relação à utilização dos biofiltros tradicionais (Avnimelech 1999;
Farooqi & Qureshi, 2018; Suneetha & Padmavathi, 2019). Em sistemas tradicionais,
bactérias nitrificantes dos géneros Nitrobacter e Nitrosomonas, convertem a amónia em
nitritos e os nitritos em nitratos, respetivamente, ou seja, na fase intermediária deste
processo, existe a formação de nitritos, que são tóxicos para os peixes a níveis
superiores a 1,0 mg L-1 (Bregnballe, 2015; Emerenciano et al., 2017; Farooqi & Qureshi,
2018). Além disso, as bactérias heterotróficas fazem diminuir a concentração de amónia
no sistema mais rapidamente do que a nitrificação, logo as concentrações de amónia
conseguem manter-se a um nível baixo e não tóxico, evitando desta forma as
renovações de água (Hargreaves, 2006; Farooqi & Qureshi, 2018).
O crescimento das bactérias heterotróficas é favorecido mantendo um rácio carbono:
azoto (C: N) elevado (15-20:1) na água (Avnimelech, 1999; Farooqi & Qureshi, 2018).
Este rácio C:N é conseguido através da adição de uma fonte de C externa ao sistema
de aquacultura ou aumentando o teor em C do alimento fornecido aos animais
(Hargreaves, 2006). A fonte de C, juntamente com o muco produzido pelas bactérias
permitem a agregação da biomassa microbiana, levando à formação dos bioflocos
(Hargreaves, 2006; Suneetha & Padmavathi, 2019). Os bioflocos caracterizam-se por
serem altamente porosos e permeáveis (Chu & Lee, 2004) e, normalmente, apresentam
tamanho microscópico, entre 50-200 μm, podendo, no entanto, em alguns casos ser
maiores e até visíveis a olho nu (Hargreaves, 2013). Estes bioflocos podem ser
consumidos in situ pelos animais produzidos, ou colhidos e processados como
ingrediente alimentar (Avnimelech 1999a; 2007; Kuhn et al. 2009; 2010; Farooqi &
Qureshi, 2018).
De entre as alternativas de produção que se têm vindo a desenvolver com o intuito de
tornar a aquacultura uma atividade mais sustentável, o uso de microrganismos tem
atraído uma enorme atenção pelo facto de estes poderem ser diretamente consumidos
por peixes e crustáceos, uma estratégia que poderá revolucionar a aquacultura, ao
reduzir ao mínimo a perda de nutrientes (Martínez-Córdova et al., 2017). A BFT, ao
permitir a reutilização dos nutrientes presentes no alimento não ingerido e nas
excreções, por originar bioflocos que constituem uma fonte extra de proteína, melhora
a eficiência de utilização do alimento (Suneetha & Padmavathi, 2019). Por este motivo,
a utilização da BFT pode, em alguns casos, permitir a diminuição da quantidade de
FCUP 11
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

alimento fornecido ou a redução do teor de proteína das dietas (Phulia et al., 2012,
Avnimelech et al., 1994; Suneetha & Padmavathi, 2019).
Esta técnica tem sido aplicada maioritariamente na produção de camarão (Burford et
al., 2003; 2004; Emerenciano et al., 2011; 2012; 2013; Ray et al., 2011; Xu & Pan, 2012;
Da Silva et al., 2013; Schveitzer et al., 2013; De Souza et al., 2014; Kumar et al., 2014;
Khanjani et al., 2017; Shyne et al., 2017), e na produção de peixes, como a tilápia
(Avinmelech, 2007; Azim & Little, 2008; Crab et al., 2009; Luo et al., 2017; Day et al.,
2016), a carpa (Castro et al., 2016; Najdegerami et al., 2016) e o peixe-gato (Yusuf et
al., 2015; Green & McEntire, 2017), mas normalmente esta prática não é utilizada com
espécies de peixe carnívoras. Desta forma, é necessário analisar a sua aplicabilidade
na produção de peixes carnívoros, uma vez que estes apresentam requisitos proteicos
elevados e não estão adaptados a consumir alimentos de tão reduzidas dimensões
(<1000 µm) (Chu & Lee, 2004; Castro-Nieto et al., 2012).
Tanto os sistemas IMTA como a BFT são boas alternativas ao RAS, apresentando
inúmeras vantagens, e são passíveis de ser utilizados em conjunto (Poli et al., 2018).
Esta complementaridade tem sido alvo de estudo (Liu et al., 2014; La Macchia Pedra et
al., 2017; Mendoza-López et al., 2017; Poli et al., 2018; Campos et al., 2019), e
apresenta um elevado potencial de permitir o desenvolvimento de um sistema de
produção alternativo que garanta uma maior sustentabilidade das aquaculturas, tanto
em termos económicos, como ambientais.

1.1. Objetivos

Este trabalho pretende descrever os diferentes aspetos da produção em aquacultura


com recurso a IMTA e a BFT e comparar as suas potencialidades com a produção em
RAS. Será também avaliada a complementaridade dos sistemas de produção IMTA e
BFT, salientando as potencialidades da sua integração num sistema IMTA-BFT,
relativamente ao RAS. Por fim serão sugeridas combinações de espécies de interesse
passiveis de integrarem um sistema IMTA-BFT a ser utilizado em Portugal ou na Europa.
FCUP 12
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

2. IMTA – Aquacultura Multitrófica


Integrada

2.1. Conceitos gerais, benefícios e potencialidades

O IMTA pressupõe a utilização, num mesmo sistema de produção, de organismos de


diferentes níveis tróficos, de forma a recriar o que acontece no meio natural (Martins,
2017). O objetivo do IMTA é diversificar a produção, através da utilização de espécies
de diferentes níveis tróficos, podendo, para além de peixes, incluir bivalves,
equinodermes, crustáceos e algas, de forma a maximizar a utilização dos nutrientes,
enquanto se limita a utilização de água e o risco de impacto ecológico da produção
(Barrington et al., 2009).
Desta forma, estes sistemas são, não só ambientalmente equilibrados, mas também o
mais autossustentáveis possível, uma vez que os resíduos dos organismos de nível
trófico superior, que de outro modo seriam desperdiçados, tornam-se uma mais valia
como alimento dos organismos do nível trófico seguinte, permitindo a reutilização, o
aproveitamento e a integração dos mesmos novamente na cadeia alimentar,
transformando-as em biomassa adicional com valor comercial (Neori et al., 2004;
Chopin, 2006; Troell et al., 2009; Martínez-Espiñeira et al., 2015). Assim, é possível uma
maior diversificação das espécies produzidas e uma otimização da gestão e utilização
dos recursos, reduzindo as perdas para o ambiente (Chopin et al., 2001; Troell et al.,
2009; Bostock et al., 2010; Nobre et al., 2010; Chávez-Crooker & Obreque-Contreras,
2010; Siskey & Baldwin, 2011; Chopin et al., 2012; Ren et al. 2012; Alexander et al.,
2015; Cunha et al., 2016).
Ao mesmo tempo, o IMTA é uma técnica de biorremediação, uma vez que permite a
degradação biológica dos resíduos orgânicos, que permite aumentar o lucro através da
produção adicional de outros organismos, enquanto que outras formas de
biorremediação geralmente envolvem apenas custos extra para os produtores (Ferreira
et al., 2012; Handâ et al., 2012; Klinger & Naylor, 2012; Troell et al., 2009; Wartenberg
et al., 2017). A produção em IMTA não deve ser confundida com a policultura, já que
esta consiste na produção de mais do que uma espécie do mesmo nível trófico, com
poucos benefícios sinérgicos entre elas (Reid et al., 2011; Granada et al., 2015).
Uma produção em IMTA eficiente e rentável necessita de um conhecimento sustentado
das funções e dos processos ecológicos das espécies produzidas (Troell et al., 2009),
sendo necessário conhecer as densidades adequadas de cada uma das espécies
produzidas, e dominar os seus ciclos de vida (Granada et al., 2015; Ren et al., 2012;
FCUP 13
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Rosa et al., 2020). Por exemplo, os bivalves produzidos em aquaculturas tradicionais


são geralmente cultivados sem alimentação externa, ficando a sua taxa de crescimento
limitada pelos nutrientes naturalmente disponíveis na zona de produção (Lander et al.,
2012). O crescimento de bivalves num contexto multitrófico é otimizado pelo
fornecimento contínuo de matéria orgânica, proveniente da ração não ingerida pelas
espécies de nível trófico superior e das fezes produzidas por estas (Lander et al., 2012;
Rosa et al., 2020), melhorando assim a produtividade do sistema.
Os sistemas IMTA apresentam, assim, vantagens económicas, já que permitem a
diversificação da fonte de rendimento, divisão dos riscos e maior aceitação social,
através de uma produção mais sustentável (Al-Hafedh et al., 2015; Barrington et al.,
2009; Castelar et al., 2015; Cunha et al., 2016; Martínez Espiñeira et al., 2015; Neori et
al., 2007; Martins, 2017). Manter a sustentabilidade da indústria da aquacultura, não
apenas do ponto de vista ambiental, mas também económico e social, tem vindo a ser
uma questão fundamental para os produtores, aumentada pela consciencialização dos
consumidores cada vez mais exigentes em relação à qualidade do produto e condições
de produção (Chopin et al., 2008). Na maioria dos casos, os organismos produzidos em
IMTA podem ser rotulados como environmentally friendly, o que os torna mais apelativos
e preferíveis no mercado (Whitmarsh & Wattage, 2006; Alexander et al., 2015). Em
muitos países, o IMTA tem ganho também uma maior aceitação social
comparativamente aos sistemas de monocultura convencionais, pelos seus benefícios
para o meio ambiente, mas também pelo bem-estar animal (Shuve et al., 2009;
Barrington et al., 2010, Kibria & Haque, 2018).
Diversos autores (Whitmarsh et al., 2006; Ridler et al., 2007; Shi et al., 2013) referem
ser possível obter maior rentabilidade com o IMTA do que com produção em
monocultura, através do aumento do número de espécies produzidas com interesse
comercial e pela capacidade de distribuir algumas das despesas administrativas e
operacionais do IMTA por uma maior gama de produtos.
Apesar do potencial aumento do lucro, a capacidade de diversificar as espécies
produzidas em aquacultura continua a ser relativamente baixa na maioria dos países
(Barrington et al., 2009). Por exemplo, na Noruega, Chile, Escócia e Canadá, a produção
de salmão representa, respetivamente, 93%, 77%, 84% e 63% do total de produção em
aquacultura (Milewski & Smith, 2019; Polanco & Bjorndal, 2017; Murray & Munro, 2018).
Por outro lado, em Espanha cerca de 79% da produção em aquacultura corresponde à
produção de mexilhões (MAGRAMA, 2015; Polanco & Bjorndal, 2017). Com este
cenário em mente, é necessário diversificar a produção, ou seja, co-cultivar espécies de
níveis tróficos diferentes, assemelhando-se com um ecossistema natural (Barrington et
al., 2009).
FCUP 14
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Embora o IMTA possa parecer um conceito recente, nos países asiáticos, responsáveis
por mais de dois terços da produção mundial em aquacultura, há séculos que se pratica
esta técnica de produção em água doce, através de “tentativa e erro” e experimentação
(Chopin et al, 2008; Troell et al, 2009). Mais recentemente, o foco tornou-se a
aquacultura marinha (Li, 1987; Yang et al., 2000; 2004; Zhou et al., 2006; Mao et al.,
2009; Li et al., 2014; Zhang et al., 2016), tendo-se disseminado um pouco por todo o
mundo, com um potencial de crescimento elevado (Martins, 2017).
No que diz respeito aos países ocidentais, Europa incluída, o conceito de IMTA só
recentemente foi alvo de interesse (Barrington et al., 2009; Chopin et al., 2012; Kleitou
et al., 2018). Atualmente, existem vários projetos IMTA a decorrer em diversos países,
na maioria dos casos funcionando apenas à escala experimental ou piloto (Alexander et
al., 2015), como são o caso de França, Portugal e Espanha (Barrington et al., 2009). No
entanto, já é possível enumerar alguns países em que os sistemas IMTA funcionam a
uma escala comercial ou muito próximo desta (Barrington et al., 2009; Abreu et al., 2016;
Da Costa Rainha, 2018), como são o caso do Canadá, Chile, China, Irlanda, África do
Sul, Japão, Tailândia, Austrália, Estados Unidos da América e Israel. Os países da
Escandinávia, especialmente a Noruega, têm feito alguns esforços para o
desenvolvimento do IMTA (Barrington et al., 2009).
Todos os países acima mencionados apresentam elevado potencial para o
desenvolvimento e crescimento destes sistemas de produção, contudo na Europa,
apesar dos potenciais benefícios, ainda são poucas as empresas a implementar estes
sistemas de produção (Hughes et al., 2016; Martins, 2017). Os sistemas IMTA
existentes são relativamente simples e com baixas densidades de produção (Barrington
et al., 2009; Zhang et al., 2016; Da Costa Rainha, 2018). Barrington et al. (2009)
atribuíram esse progresso lento à falta de apoio político, social e económico e à falta de
motivação para a sustentabilidade, lucro a longo prazo e gestão responsável das águas
costeiras.
Com as indústrias a ter de suportar a maioria dos custos de implementação, estes
sistemas ainda não conferem grandes benefícios, o que atrasa o investimento neste tipo
de produção (Hughes et al., 2016; Kleitou et al., 2018; Da Costa Rainha, 2018). Devido
a estas limitações na produção e regulamentação, a aplicação da aquacultura integrada
na Europa a nível comercial permanece complexa.
No entanto, o IMTA tem potencial para ser produtivo e resiliente (Aubin & Hussenot,
2018), e atualmente, exige um esforço colaborativo entre a ciência e a indústria, de
forma a melhorar a sustentabilidade da aquacultura, sem prejudicar o lucro dos
produtores (Alexander & Hughes, 2017). A Comunidade Europeia tem investido em
projetos de investigação para o desenvolvimento de sistemas IMTA, como é o caso do
FCUP 15
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

projeto de investigação europeu, IDREEM (www.idreem.eu), que visa proteger a


sustentabilidade a longo prazo das aquaculturas Europeias, desenvolvendo e
demonstrando o funcionamento dos sistemas IMTA, através da instalação de sistemas
à escala experimental em aquaculturas já existentes na Escócia, Irlanda, Noruega, Itália,
Chipre e Israel (Alexander et al., 2015; Hughes et al., 2016).
Também em Portugal, foi recentemente aprovado um projeto de investigação –
INSEAFOOD – que tem como um dos seus objetivos desenvolver e demonstrar as
potencialidades dos sistemas IMTA na região Norte de Portugal (Martins, 2017). Em
Portugal, os sistemas de produção em IMTA têm sido objeto de diversos estudos (Matos
et al., 2006; Abreu et al., 2011; Marinho et al., 2013; Domingues et al., 2014; Abreu et
al., 2015; Araújo et al., 2016; Barceló-Villalobos et al., 2017), a maioria destes integrando
macroalgas na produção de peixes, com resultados positivos, pois estas funcionam
como biofiltros, removendo eficazmente os nutrientes inorgânicos, remediando e
mitigando assim os problemas dos efluentes em aquacultura.
No que diz respeito à produção à escala comercial, em Portugal, existe apenas a
ALGAPLUS, empresa pioneira na produção de macroalgas num sistema de IMTA com
Robalo Europeu (Dicentrarchus labrax) e Dourada (Sparus aurata), localizado na Ria de
Aveiro (Abreu et al., 2016; Martins, 2017) e alguns sistemas piloto têm sido
desenvolvidos em tanques de terra na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão – EPPO
(IPMA) (Cunha et al., 2016), e outras zonas do país, particularmente em Aveiro
(Algaplus e Materáqua), onde estão a produzir ostras e macroalgas combinadas com
produção natural de peixe (Marques, 2015; Cassoma, 2017).
De um modo geral, para que a produção em IMTA possa ser amplamente aplicada, será
necessário dar a conhecer as suas mais valias ambientais e melhorar a sua
aceitabilidade pelos produtores (Lee, 2019). Neste sentido, e de forma a garantir a
expansão do IMTA nestas regiões, Barrington et al., (2009) sugeriu a implementação de
várias medidas, incluindo:

✓ Estabelecer o valor económico e ecológico dos sistemas IMTA e dos produtos


cultivados;

✓ Seleção das espécies apropriadas ao habitat, às tecnologias disponíveis e às


condições ambientais e oceanográficas, de forma a garantir uma produção
significativa e para a qual não haja regulamentação intransponível que crie
obstáculos à comercialização;
FCUP 16
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

✓ Promover legislação e regulamentos governamentais eficazes e incentivos para


facilitar o desenvolvimento de práticas IMTA e a comercialização de produtos
IMTA.

✓ Reconhecer os benefícios do IMTA e educar as partes interessadas sobre esta


prática.
FCUP 17
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

2.2. Seleção de espécies a integrar no sistema IMTA

Para que este tipo de produção tenha sucesso, é necessário selecionar espécies
apropriadas e dimensionar as várias populações de modo a que ocupem os diversos
nichos, criando um ecossistema em que o equilíbrio dos processos biológicos e
químicos envolvidos seja mantido e acompanhe o crescimento das espécies produzidas
(Cunha et al. 2016).
Um dos pontos importantes é a escolha dos organismos baseada nas funções que
esses mesmos têm no ecossistema e no seu valor comercial (Chopin et al., 2008), assim
como, a necessidade de um conhecimento profundo das particularidades da produção
das diferentes espécies (Barrington et al., 2009; Soto, 2009). É de extrema importância
que a combinação entre espécies a produzir seja em proporções adequadas, de forma
a maximizar a produção, a qualidade e sustentabilidade do próprio sistema, já que a
qualidade da água deste tipo de sistemas depende do equilíbrio entre as espécies
produzidas (Neori et al., 2000; Klinger & Naylor, 2012; Alexander et al., 2015; Al-Hafedh
et al., 2015; Martins, 2017).
A seleção das espécies a produzir depende muito do tipo de sistemas em termos de
densidade de produção e características abióticas do local de produção, sendo
importante que os organismos que compõe o sistema partilhem as mesmas
necessidades em termos de fatores abióticos ao longo do ano, de forma a que o sistema
tenha um rendimento anual e que consiga ser o mais eficiente possível (Barrington et
al, 2009).
Em sistemas de produção em água doce, já existe uma técnica semelhante a um
sistema IMTA, que tem apresentado bons resultados, permitindo a integração de
vegetais comummente cultivados na agricultura, em aquacultura (Graber & Junge, 2009;
Somerville et al., 2014). Esta atividade é conhecida como aquaponia e consiste na
produção de peixes juntamente com um sistema de cultivo de plantas sem solo (Dos
Santos, 2016; Custódio et al., 2017). Na aquaponia, a água rica em nutrientes
proveniente da produção de peixes fornece o alimento necessário para o crescimento
das plantas. Estas, por sua vez, retiram os compostos azotados da água, permitindo,
desta forma, que a água seja reutilizada pelos peixes (Rakocy et al., 2016).
No entanto, uma grande parte (~ 5/6) da aquacultura Europeia é marinha (FAO, 2014),
logo as espécies a incorporar nos sistemas IMTA necessitam de ser marinhas para
remediar os efluentes (Custódio et al., 2017).
Os grupos de espécies em IMTA podem ser classificados de acordo com o seu tipo de
alimentação e, de um modo geral, os sistemas IMTA mais sofisticados incluem a
produção de peixes, invertebrados e algas (Barrington et al, 2009). Os peixes, como
FCUP 18
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Cyprinus carpio, Oreochromis niloticus; ou crustáceos, como Litopenaeus vannamei,


são as espécies de nível trófico superior no sistema, sendo alimentados por alimento
artificial adicionado ao sistema. A ingestão da ração e as atividades metabólicas
realizadas por estes animais levam à produção de matéria orgânica particulada (restos
de alimento, fezes) assim como, nutrientes inorgânicos solúveis (por exemplo, amónia,
fosfato) (Reid et al., 2011). A matéria orgânica particulada que se encontra na coluna de
água é utilizada pelos animais filtradores, como mexilhões: Mytilus edulis, M. trossulus;
vieiras: Argopecten irradians, Chlamys farreri, Platinopectin yessoensis; e ostras:
Crassostrea gigas; enquanto que a matéria orgânica particulada que sedimenta é
utilizada por animais detritívoros, que se encontram no substrato, como é o caso dos
pepinos-do-mar: Apostichopus japonicus, Parastichopus californicus. Já os nutrientes
dissolvidos na água são utilizados por macroalgas, como Gracilaria chilensis, Laminaria
japonica e Ulva ohnoi que, ao removerem estes nutrientes da água, incluindo os
compostos azotados nocivos para os peixes, permitem a reutilização da mesma
(Buschmann et al., 2008; Zhang et al., 2016; Fernandez-Gonzalez et al., 2018) (Fig.4).
As espécies podem ser produzidas na mesma estrutura ou em unidades separadas,
mas com ligação entre si através do fluxo de água, de forma a permitir a transferência
de nutrientes entre os sistemas produtivos (Li et al., 2019).
Ao estabelecer que espécies devem ser utilizadas num sistema IMTA, é necessário
garantir a sua adaptação a um determinado habitat ou cultura, de forma a obter um
ótimo crescimento, que se traduza num aumento do valor económico final. Para tal, é
necessário:

✓ Selecionar espécies nativas, que estejam bem adaptadas ao local de produção,


e evitar espécies potencialmente invasoras (Barrington et al., 2009);

✓ Selecionar espécies que se complementem nos diferentes níveis tróficos. As


espécies co-cultivadas não devem interagir de forma negativa entre si, e as
espécies de nível trófico mais baixo devem ser selecionadas pela sua
capacidade de consumir os resíduos e subprodutos produzidos pelas espécies
de níveis tróficos superiores, tendo em consideração o volume de matéria
orgânica particulada e nutrientes inorgânicos dissolvidos, e também que nem
todas as espécies podem ser cultivadas juntas de forma eficiente (Lutz, 2003;
Zamora et al., 2018);

✓ Selecionar espécies com uma elevada taxa de crescimento. Este aspeto torna-
se importante para os organismos que devem atuar como biofiltro, de forma a
FCUP 19
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

possibilitar a eliminação dos compostos azotados e fosfatados e permitir a


reutilização da água (Barrington et al., 2009);

Fig.4 – Diagrama ilustrativo de um sistema IMTA e das respetivas relações tróficas. Os peixes são alimentados com
ração, e daí resultam excreções, matéria fecal e restos de alimento que se traduzem em matéria orgânica particulada
em suspensão que é ingerida por filtradores (mexilhões) ou sedimenta e é ingerida por animais detritívoros presentes
no substrato (pepinos-do-mar). Os peixes e os organismos filtradores excretam nutrientes inorgânicos (compostos
azotados e P) que são absorvidos pelas algas. As setas correspondem ao ciclo do C (a castanho) e ao ciclo dos
nutrientes inorgânicos (a rosa). (Retirado de Zhang et al., 2016).

✓ Selecionar espécies que tenham um valor de mercado estabelecido ou alto


potencial. Os aquacultores devem estabelecer compradores nos mercados para
vender as espécies co-cultivadas, de forma a aumentar a rentabilidade da
produção (Chopin, 2006; Barrington et al., 2009);

✓ Selecionar espécies que estejam de acordo com a regulação e regulamentação


de cada local de produção, não havendo impedimentos à comercialização e que
facilitem a exploração de novos mercados (Siskey & Baldwin, 2011; Martins,
2017).
FCUP 20
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

✓ A sustentabilidade ambiental é uma das principais considerações do IMTA,


portanto, um dos critérios de seleção de espécies deverá ser a replicação das
funções de ecossistema no meio natural, equilibrando as interações biológicas
e químicas entre os organismos produzidos e o ecossistema circundante (Angel
& Freeman, 2009).

Além destas considerações, é necessário ter em conta o local em que o sistema se irá
estabelecer, já que o IMTA pode ser utilizado tanto para produção em terra como em
sistemas offshore. Quanto aos sistemas offshore, a produção de espécies extrativas de
matéria orgânica (por exemplo, moluscos) e/ou inorgânica (por exemplo, macroalgas)
devem ocorrer nas proximidades das jangadas dos organismos de nível trófico superior,
e tendo em conta as correntes predominantes no local de forma a garantir a absorção
eficaz dos nutrientes (Neori et al., 2004; Sará et al., 2009; Gunning et al., 2016) (Fig.4).
No caso dos sistemas de produção em terra, com recirculação de água, a absorção de
nutrientes é mais eficaz, facilitando a utilização de nutrientes pelas espécies produzidas
(Ferreira, 2017). Dentro destes sistemas, existe ainda a distinção entre o IMTA em
sistema aberto (jangadas ao ar livre) e o IMTA em sistema semifechado ou fechado
(como é o caso do RAS).
Na maioria dos sistemas abertos, a produção dos organismos encontra-se dependente
das condições ambientais existentes (luz, temperatura, O2), influenciando o tipo de
organismos que se podem produzir, enquanto que no caso dos sistemas fechados, as
condições de produção podem ser controladas (maior luminosidade, maior temperatura)
havendo, assim, a possibilidade de produzir uma maior diversidade de organismos de
diferentes níveis tróficos (Sasikumar & Viji, 2015).
Em águas temperadas, como é o caso da Europa e, concretamente, Portugal, foram
selecionados os principais géneros com potencial para a produção em IMTA em terra e
offshore, tendo em conta a sua adequação ao habitat, práticas de produção bem
estabelecidas, capacidade de biomitigação e valor económico (Barrington et al., 2009).
Esses géneros são:

Peixes: Salmo, Scophthalmus, Dicentrarchus, Gadus, Anoplopoma, Hippoglossus,


Melanogrammus, Paralichthys, Pseudopleuronectes e Mugil.
O consumo de peixes predadores é muito elevado, especialmente nos países ocidentais
(e UE), onde os quatro peixes mais consumidos são: Atum (Thunnus sp.), Bacalhau
(Gadus morhua), Salmão (Salmo salar) e Escamudo do Alasca (Gadus chalcogrammus)
(Anon, 2019; Näsström, 2020). A produção destes peixes predadores é dispendiosa,
mas também lucrativa e muito procurada, tornando a integração destes animais em
FCUP 21
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

sistemas IMTA atraente (Näsström, 2020). Algumas áreas regionais favorecem


espécies específicas, como é o caso da Noruega, onde o Salmão (S. salar) é a principal
espécie produzida (Rosa et al., 2020; FAO, 2020) ou a região Mediterrânea, por
exemplo, onde a Dourada (Sparus aurata) e o Robalo Europeu (Dicentrarchus labrax)
são as espécies-alvo (FEAP Annual Report, 2016; Valente et al., 2011). Na Escócia
(Sanderson et al., 2012) e na Noruega (Handå et al., 2013), foram realizados ensaios
experimentais com produção de Salmão em sistemas IMTA offshore em conjunto com
produção de Kelps (Saccharina latíssima) e, em ambos os casos, os resultados foram
positivos. Em Portugal, o Pregado (Scophthalmus maximus) e o Robalo Europeu são as
principais espécies de peixe utilizadas em sistemas IMTA em terra a nível experimental
(Barrington et al., 2009), enquanto que a nível comercial, a Dourada e o Robalo Europeu
são as espécies mais produzidas (Abreu et al., 2016).

Crustáceos: Penaeus e Homarus.


Estes grupos de crustáceos apresentam um elevado valor económico, sendo muito
produzidos em aquacultura. No entanto, a sua produção geralmente depende de
alimento artificial e, portanto, em IMTA, são considerados espécies de nível trófico
superior (FAO, 2009; Chopin, 2015). Algumas espécies de crustáceos já foram
cultivadas com sucesso em sistemas IMTA como, por exemplo, Penaeus monodon,
Fenneropenaeus indicus e F. merguiensis em campos de cultivo de arroz no Vietnam,
comprovando ser uma combinação eficiente (Soto, 2009).

Moluscos: Mytilus, Crassostrea, Pecten, Haliotis, Argopecten, Placopecten,


Choromytilus e Tapes.
Como os moluscos são organismos filtradores com a capacidade de eliminar a matéria
orgânica particulada presente no sistema, são dos mais utilizados em sistemas IMTA
(Granada et al., 2015; Rosa et al., 2020). Mexilhões, como Mytilus edulis ou M. trossulus
apresentam um alto potencial para ser usado como espécie secundária em IMTA,
devido à sua elevada taxa de crescimento, que é contínuo durante todo o ano, e pela
capacidade filtradora que apresentam, alimentando-se de plâncton, mas tendo a
capacidade de se alimentarem de restos de alimento desperdiçados pelos organismos
de níveis tróficos superiores (Sarà et al., 2009; Ren et al., 2012; Rosa et al., 2020).
Lander et al. (2012) avaliaram a produção de M. edulis a diferentes distâncias das
jangadas de aquacultura de Salmão (S. salar) e referiram que a produção dos mexilhões
mais próximos das jangadas otimizou o seu crescimento, evitando os efeitos de
escassez de alimentos no Inverno (Reid et al., 2010).
FCUP 22
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Equinodermes: Strongylocentrotus, Paracentrotus, Loxechinus, Psammechinus,


Cucumaria, Holothruria, Stichopus, Parastichopus, Apostichopus e Athyonidium.
Os ouriços-do-mar são animais que se alimentam maioritariamente de algas presentes
no substrato rochoso podendo, também, alimentar-se de matéria orgânica particulada
suspensa na coluna de água, através da extensão dos seus espinhos, quando a fonte
de alimento preferencial se torna escassa (Cook & Kelly, 2007; Boudouresque &
Verlaque, 2013).
Já os pepinos-do-mar são detritívoros que se alimentam da matéria orgânica particulada
que afunda na coluna de água, evitando que esta se acumule nos sedimentos. Os
pepinos-do-mar são capazes de consumir até 70% da matéria orgânica que sedimenta
nos sistemas (Ren et al., 2012), removendo quantidades substanciais de resíduos de C
e N, resultantes da produção de peixes (Cubillo et al., 2016; Zamora et al., 2018). Além
disso, apresentam baixa mortalidade, altas taxas de crescimento e elevado valor
económico, sendo, portanto, bons candidatos para integrarem sistemas IMTA.
MacDonald et al., (2013) conduziram testes em tanques de terra e verificaram que o
pepino-do-mar Holothuria forskali consumia os resíduos das dietas de robalo a um nível
elevado, sendo uma boa escolha para integrar num sistema IMTA à escala comercial.
H. forskali ainda não foi utilizado em escala comercial, no entanto, é uma fonte de
proteína de alta qualidade que apresenta características biológicas com potenciais
aplicações em biotecnologia e produtos farmacêuticos (Rodríguez et al., 2000; Taboada
et al., 2003; Van Dyck et al., 2009; Bordbar et al., 2011).
Sterling et al., (2016) investigaram o potencial da produção de ouriços-do-mar,
Strongylocentrotus droebachiensis juntamente com Mytilus sp. e Peixe-Carvão-do-
Pacífico (Anoplopoma fimbria) num sistema IMTA experimental com o objetivo de
diminuir a acumulação de microrganismos no sistema, verificando que o uso de
espécies de ambos os grupos (moluscos e equinodermes) podem ser combinados para
obter uma maior eficiência de remoção dos resíduos orgânicos e inorgânicos que se
acumulam no sistema.

Algas: Laminaria, Saccharina, Undaria, Alaria, Ecklonia, Lessonia, Macrocystis,


Gigartina, Sarcothalia, Chondracanthus, Callophyllis, Gracilaria, Gracilariopsis,
Porphyra, Chondrus, Palmaria, Asparagopsis e Ulva.
As algas são produtores primários, um grupo ecologicamente importante, capaz de
converter a matéria inorgânica dissolvida na água, em biomassa (Leston et al., 2011;
Torres et al., 2008).
Na Península Ibérica, o uso de Gracilaria bursa pastoris, G. gracilis, Chondrus crispus,
Palmaria palmata, Porphyra dioica, Asparagopsis armata, Gracilariopsis longissima,
FCUP 23
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Ulva rotundata e U. intestinalis, como alternativa a biofiltros para uso em sistemas IMTA
tem sido alvo de extensa investigação, tanto em sistemas em terra, como em sistemas
offshore (Hernández et al, 2002; 2006; Martinez-Aragon et al, 2002; Martínez et al.,
2006; Mata et al., 2006; Matos et al., 2006; Pereira et al., 2006; Schuenhoff et al., 2006).
Segundo estes autores, qualquer uma destas espécies de macroalgas tem capacidade
de substituir os tradicionais biofiltros e mitigar a degradação dos efluentes das
pisciculturas ou permitir a reutilização da água, devido às elevadas taxas de
crescimento, fotossintéticas e remoção de nutrientes inorgânicos que apresentam (Lee,
2019).
Atualmente, na Noruega, Holanda, Dinamarca, Espanha e também em Portugal existem
projetos de investigação, a maioria ainda a nível experimental, com o intuito de produzir
algas, nomeadamente Kelps, juntamente com produção de peixes (Salmão, Dourada) e
mexilhões, em sistemas offshore (Handå et al., 2013; Buck et al., 2017).

Poliquetas: Nereis, Arenicola, Glycera e Sabella.


Embora apresentem reduzido interesse para a nutrição humana, podem representar
fontes de alimento para outros animais, quando incorporados no alimento fornecido
(Brown et al., 2011; Granada et al., 2015). Além disso, o muco de algumas espécies é
bioativo e pode apresentar potencial para a indústria biotecnológica (FAO, 2009;
Granada et al., 2015; Rosa et al., 2020).
Estes organismos podem realizar várias funções ecológicas que contribuem para o
equilíbrio dos sistemas, incluindo biofiltração (remoção da matéria orgânica presente no
substrato, por processos de degradação biológica) e arejamento dos sedimentos, com
intervenção nos processos biogeoquímicos e na dinâmica dos nutrientes (Chaudhary et
al., 2003; Brown et al., 2011; Granada et al., 2015).
Estes organismos podem ser integrados em sistemas IMTA em tanques de terra ou
podem ser produzidos em sistemas offshore, no fundo das jangadas dos peixes. No
entanto, o seu uso em IMTA ainda não está totalmente implementado, e encontra-se
restrito a estudos de investigação científica (Rosa et al., 2020).

Todos os géneros e espécies aqui propostos têm características apropriadas à sua


integração num possível sistema de aquacultura multitrófica, sendo possível a sua co-
produção em diferentes combinações, consoante os seus requisitos bióticos e abióticos
(Näsström, 2020).
FCUP 24
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3. BFT – Tecnologia de Biofloco

3.1. Conceitos Gerais

Para que a aquacultura intensiva possa avançar no sentido da sustentabilidade é


necessário que o setor desenvolva estratégias de produção baseadas na reutilização
dos nutrientes presentes no alimento não digerido, fezes e excreções produzidas pelos
organismos, em vez de promover estratégias de remoção desses nutrientes que apenas
originam custos de produção acrescidos (Robinson et al., 2019).
A BFT é considerada uma alternativa eficiente, uma vez que os nutrientes podem ser
continuamente reutilizados. Segundo Emerenciano et al. (2012), a BFT teve origem no
início dos anos 70 no Instituto Francês de Pesquisa para Exploração do Mar, Centro
Oceânico do Pacífico (Ifremer-COP), em que estes tipos de sistemas com circulação
contínua de água e atividade microbiana em suspensão, foram utilizados para a
produção de várias espécies de camarões (Dauda, 2020). Por outro lado, Avnimelech
(2009) afirmou que, o trabalho pioneiro da BFT ocorreu em 1980 por Steve Serfling e
Dominick Mendola na Califórnia (Dauda, 2020). Estes desenvolveram um sistema
denominado "microbial soup" para a produção de camarão e peixe (Rosenberry, 2007;
Dauda, 2020). Durante a segunda metade da década de 1990, a BFT desenvolveu-se
rapidamente quando Steve Hopkins e a sua equipa na Carolina do Sul, EUA, bem como
Yoram Avnimelech e a sua equipa em Israel desenvolveram de forma independente e
simultânea o que hoje é conhecido como BFT (Avnimelech, 2009; Dauda, 2020).
De um modo geral, a BFT é uma técnica utilizada em aquacultura que permite o uso
mais eficiente do input de nutrientes e, ao mesmo tempo, permite manter os níveis de
qualidade da água elevados, sendo possível reduzir ou até eliminar as renovações de
água dos sistemas de produção (Avnimelech, 1999; Farooqi & Qureshi, 2018). Isto é
conseguido mantendo um rácio C:N elevado (15-20:1) na água de modo a estimular o
crescimento de bactérias heterotróficas, uma vez que estas são capazes de converter
a amónia presente nos sistemas diretamente em biomassa microbiana (Avnimelech,
1999; Faizullah et al., 2019). Este processo ocorre mais rapidamente do que o processo
de nitrificação, logo as concentrações de amónia conseguem manter-se a um nível baixo
e não tóxico, evitando, desta forma, as renovações de água (Hargreaves, 2006; Farooqi
& Qureshi, 2018).
Em BFT, a biomassa microbiana, através do muco secretado pelas bactérias ou por
atração eletrostática, agrega-se a outros microrganismos e a partículas suspensas na
água, formando os bioflocos (Fig. 5). Normalmente, os bioflocos são compostos por 2-
FCUP 25
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

20% de micróbios, nomeadamente bactérias, algas, fungos, protozoários, metazoários,


rotíferos, copépodes; 60-70% de matéria orgânica derivada do alimento não consumido,
fezes e detritos presentes no sistema; e 30-40% de matéria inorgânica (Avnimelech,
2007; Crab et al., 2007; De Schryver et al., 2008; Kuhn et al., 2008; Kuhn et al., 2009;
Kuhn et al., 2010; Widanarni & Maryam, 2012; Hargreaves, 2013; Avnimelech, 2015;
Suneetha et al., 2018; Suneetha & Padmavathi, 2019).
Os bioflocos são irregulares, a dimensão das partículas apresenta uma ampla
distribuição, são facilmente compressíveis e altamente porosos e permeáveis (Chu e
Lee, 2004). De um modo geral, apresentam tamanho microscópico entre 50-200μm,
podendo, em alguns casos, ser maiores e até visíveis a olho nu (Hargreaves, 2013;
Suneetha et al., 2018). Além disso, têm a capacidade de não sedimentar, o que,
juntamente com o constante arejamento do sistema de produção, permite que os flocos
fiquem suspensos na coluna de água, facilitando a sua ingestão in situ pelos animais
produzidos (Ahmad et al., 2017; Suneetha et al., 2018) (Fig.6).

Fig.5 – Exemplo de um biofloco. (Escala:100 µm) (Retirado de Hargreaves, 2013).

Esta técnica de produção tem sido aplicada maioritariamente na produção de camarão


de água salgada dos géneros Litopenaeus, Penaeus e Farfantepenaeus (Burford et al.,
2003; 2004; Emerenciano et al., 2011; 2012; 2013; Ray et al., 2011; Xu & Pan, 2012; Da
Silva et al., 2013; Schveitzer et al., 2013; De Souza et al., 2014; Kumar et al., 2014;
Khanjani et al., 2017; Shyne et al., 2017) e de água doce do género Macrobrachium
(Prajith & Madhusoodana, 2011) e na produção de peixes, como tilápias do género
FCUP 26
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Oreochromis (Avinmelech, 2007; Azim & Little, 2008; Crab et al., 2009; Luo et al., 2017;
Day et al., 2016), carpas dos géneros Carassius, Cyprinus, Prochilodus e
Pseudotropheus (Castro et al., 2016; Najdegerami et al., 2016) e peixe-gato dos géneros
Clarias e Ictalurus (Yusuf et al., 2015; Green & McEntire, 2017), uma vez que, tendo em
conta os seus hábitos alimentares, estas espécies estão bem adaptadas para o
consumo de bioflocos (Emerenciano et al., 2017).
Comparativamente às técnicas de aquacultura convencionais, a BFT fornece uma
alternativa mais económica e sustentável, pois ao recorrer a renovações mínimas ou
inexistentes, permite reduzir a utilização de água e as despesas de tratamento de água,
na ordem de 30% (Avnimelech, 1999; De Schryver et al., 2008; Crab et al., 2012). A
existência de uma fonte proteica in situ permite que as dietas fornecidas apresentem
um menor conteúdo de proteína, permitindo reduzir o uso de farinha de peixe como
ingrediente alimentar (Brú-Cordero et al., 2017) e uma redução do input de alimento, já
que a eficiência de utilização da proteína chega a ser duas vezes superior nos sistemas
de BFT em comparação com os sistemas convencionais, reduzindo, desta forma, os
custos com a alimentação (Avnimelech & Kochba, 2009; De Schryver et al., 2008;
Ahmad et al., 2017). Em comparação com os sistemas RAS, os sistemas BFT
apresentam menor custo de equipamento e de manutenção (Ray et al., 2017), sendo
uma tecnologia low-cost e contribuindo, num futuro próximo, para o desenvolvimento
sustentável da aquacultura (Avnimelech & Kochba, 2009; De Schryver et al., 2008;
Ahmad et al., 2017).
Apesar do desenvolvimento da BFT e da relativa simplicidade do funcionamento dos
sistemas, estes não foram aceites pelos aquacultores até aos anos 2000. Avnimelech
(2009) observou que essa hesitação se deveu em parte à alta turbidez, causada pelos
bioflocos, causando nos aquacultores o receio de terem um efeito prejudicial no
crescimento e sobrevivência dos animais produzidos. Atualmente, a BFT tem-se
desenvolvido com sucesso na cultura de camarão em larga escala na Ásia, América
Latina e Central, bem como em culturas em pequena escala nos EUA, Coreia do Sul,
Brasil, Itália, China e outros (Emerenciano et al., 2013). Além disso, muitos centros de
investigação e universidades têm intensificado a investigação em BFT, relativamente à
gestão de crescimento, nutrição, ecologia microbiana e biotecnologia (Emerenciano et
al., 2013). Em 2009, Avnimelech publicou um livro “Biofloc Technology - A practical
guide book” dirigido a aquacultores, agricultores, estudantes e cientistas, que fornece
informações gerais acerca desta tecnologia, permitindo um grande avanço no
conhecimento da BFT (Crab et al., 2012).
FCUP 27
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Fig.6 – Representação esquemática do princípio da BFT. Através de um rácio C:N adequado na água dos tanques
e com um constante arejamento, ocorre a formação dos bioflocos, que podem ser ingeridos como ingrediente
alimentar pelos animais produzidos. (Retirado de Lekang, 2013).
FCUP 28
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.2. Tratamento de água e composição microbiana dos


bioflocos

Em aquaculturas intensivas, os peixes são produzidos em densidades elevadas e os


alimentos compostos utilizados têm geralmente elevado teor de proteína (30-50%)
(Craig et al., 2017). Do N presente no alimento fornecido, cerca de 75% é libertado para
a coluna de água, sob a forma de amónia, como resultado das excreções azotadas das
espécies produzidas, ou devido à não ingestão do alimento e, consequente,
decomposição na coluna de água (Tomasso, 1994; Lekang, 2013). Tanto a amónia
como os nitritos, resultantes da oxidação da amónia, são tóxicos para os peixes em
baixas concentrações (1 mg L-1) e, como tal, podem tornar-se um fator limitante para o
crescimento e sobrevivência dos animais em aquacultura, especialmente em sistemas
de produção sem renovações de água constantes (Lekang, 2013; Emerenciano et al.,
2013). Desta forma, a remoção destes compostos ou a sua transformação em formas
de N que apenas são tóxicas a níveis elevados, como é o caso dos nitratos, cujos
valores de tolerância são de 20 mg L-1, é essencial para maximizar a produção
(Hargreaves, 1998; Ebeling et al., 2006; Avnimelech, 2009; Collazos-Lasso & Arias-
Castellanos, 2015).
Em sistemas BFT, a remoção da amónia por filtração biológica depende de três
processos principais: i) assimilação por microalgas; ii) nitrificação por bactérias
quimioautotróficas; e iii) assimilação por bactérias heterotróficas (Ray & Lotz, 2014).
Contudo, nenhum destes processos ocorre individualmente, havendo sempre interação
entre os mesmos, e estando o processo dominante dependente da gestão do sistema,
algo que será abordado mais extensamente no próximo capítulo (Ebeling et al., 2006;
Hargreaves, 2006; Ju et al., 2008; Dauda, 2020).
A comunidade fotoautotrófica (microalgas) desempenha um papel importante na BFT
ao assimilar principalmente amónia e nitrato, além de consumir CO2 e produzir O2
(Emerenciano et al., 2017). Por outro lado, a amónia pode ser convertida em nitritos e
depois em nitratos pelas bactérias nitrificantes, pelo processo de nitrificação (Suneetha
& Padmavathi, 2019). As Bactérias Oxidantes de Amónia (AOB) obtêm a sua energia
catabolizando a amónia não ionizada em nitritos e incluem bactérias dos géneros
Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrosospira, Nitrosolobus e Nitrosovibrio. As Bactérias
Oxidantes de Nitrito (NOB) oxidam os nitritos em nitratos e incluem bactérias dos
géneros Nitrobacter, Nitrococcus, Nitrospira e Nitrospina (Hagopian & Riley, 1998;
Ebeling et al., 2006). Estes dois grupos de bactérias são geralmente classificadas como
bactérias quimioautotróficas porque utilizam compostos inorgânicos para o seu
crescimento, em oposição a bactérias heterotróficas que utilizam compostos orgânicos
FCUP 29
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

(Ebeling et al., 2006). As bactérias heterotróficas usam os compostos orgânicos como


fonte de C e têm a capacidade de assimilar diretamente a amónia proveniente das
excreções dos peixes, fezes e o alimento não consumido, convertendo-a em biomassa
microbiana (Avnimelech, 2015; Emerenciano et al., 2017).
As bactérias autotróficas e heterotróficas realizam diferentes processos para a remoção
da amónia e, devido à taxa de crescimento mais lenta das bactérias nitrificantes e das
microalgas, a presença de bactérias heterotróficas assume especial importância, ao
permitir, mesmo nos primeiros dias de produção, que os níveis de amónia permaneçam
baixos, e que as renovações de água sejam mínimas ou até mesmo inexistentes
(Timmons & Ebeling, 2010; Collazos-Lasso & Arias-Castellanos, 2015; Emerenciano et
al., 2017; Suneetha et al., 2018; Suneetha & Padmavathi, 2019).
Num sistema BFT, para além de se formarem biofilmes em que coexistem bactérias
heterotróficas e bactérias nitrificantes, ocorrem também relações de mutualismo,
bactéria-bactéria ou bactéria-alga, em que algumas espécies bacterianas favorecem o
crescimento de microalgas tanto planctónicas, como bentónicas. Também os
polissacarídeos extracelulares das diatomáceas bentónicas podem servir de fonte de C
para as bactérias heterotróficas (Bruckner et al., 2008; Emerenciano et al., 2017).
Ainda que as bactérias heterotróficas, nitrificantes e fitoplâncton tenham o papel mais
importante na remoção do N do sistema, os bioflocos são ainda compostos por fungos,
ciliados, protozoários, rotíferos, copépodes e nematodes, principais responsáveis pela
remoção da matéria orgânica (Monroy-Dosta et al., 2013; Collazos-Lasso & Arias-
Castellanos, 2015; Emerenciano et al., 2017).
De acordo com Ju et al. (2008), os bioflocos recolhidos de um sistema de produção de
Litopenaeus vannamei continham 24,6% de fitoplâncton (dominado por diatomáceas
como Thalassiosira, Chaetoceros e Navicula), 3% de biomassa bacteriana (dois terços
Gram-negativas e um terço Gram-positivas), uma quantidade residual de protozoários
(98% de flagelados, 1,5% de rotíferos e 0,5% de ameba) e 33,2% de detritos, sendo a
quantidade restante cinzas (39,2%). No que toca às bactérias dominantes, estas
incluem espécies pertencentes aos Filos Proteobacterium e Actinobacterium e espécies
do género Bacillus (Zhao et al., 2012; Farooqi & Qureshi, 2018).
A cor dos sistemas de produção em BFT e mesmo dos bioflocos varia entre castanho e
verde, dependendo da sua composição (Fig.7). De facto, os sistemas de BFT podem
ser de dois tipos: os sistemas expostos à luz natural em lagoas, raceways ou tanques
ao ar livre, designados de sistemas de bioflocos de “águas-verdes”, caracterizados por
possuírem uma mistura complexa de bactérias e microalgas que controlam a qualidade
da água; e os sistemas em locais fechados, sem exposição solar em tanques ou
raceways, designados de sistemas de bioflocos de “águas-castanhas”, que são
FCUP 30
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

constituídos maioritariamente por bactérias (Hargreaves, 2013). Cada biofloco é


também um micronicho com necessidades fisiológicas particulares, em que ocorrem
processos aeróbios e anaeróbios complementares, e essenciais para a manutenção da
qualidade da água (Okabe & Watanabe, 2000; Ray et al., 2010; Collazos-Lasso & Arias-
Castellanos, 2015).

Fig.7 – Tipos de BFT, baseado nas espécies predominantes. À esquerda, um sistema dominado por bactérias (BFT
de “águas-castanhas”); no centro, um sistema dominado por microalgas (BFT de “águas-verdes”); à direita, um
sistema bactéria-alga. (Retirado de Pérez-Rostro et al., 2014).
FCUP 31
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.3. Rácio C:N e fontes de C

É possível utilizar a relação C:N (massa de C orgânico para massa de N inorgânico)


presente na água para favorecer o estabelecimento de determinadas bactérias no
sistema de cultura, em detrimento de outras (Lekang, 2013).
Rácios C:N reduzidos, abaixo de 2, favorecem o desenvolvimento de bactérias
nitrificantes, como as presentes nos biofiltros de sistemas RAS e estas tornam-se
dominantes no sistema. Se o rácio C:N for elevado (> 10), favorecerá o desenvolvimento
de bactérias heterotróficas. Quando o rácio C:N se encontra a níveis intermédios (entre
2 e 10), tanto as bactérias nitrificantes como as heterotróficas desenvolvem-se no
sistema, não havendo dominância de umas em relação às outras (Xu et al., 2015; Liu et
al., 2018).
Nos sistemas BFT, a manutenção de um rácio C:N elevado na água constitui um
princípio fundamental, como forma de favorecer a proliferação de bactérias
heterotróficas, cujo crescimento nessas condições ultrapassa o das bactérias
autotróficas nitrificantes e das microalgas, uma vez que a taxa de crescimento por
unidade de substrato das bactérias heterotróficas é 10 vezes maior que a taxa de
crescimento das bactérias quimioautotróficas nitrificantes (Avnimelech, 1999; Bratvold
& Browdy, 2001; Hargreaves, 2006; Ahmad et al., 2017; Suneetha & Padmavathi, 2019;
Vargas-Albores et al., 2019; Hisano et al., 2019). Apesar da assimilação da amónia
pelas bactérias heterotróficas consumir uma maior quantidade de O2 dissolvido em
comparação com o processo de nitrificação, existe uma preferência por uma
comunidade heterotrófica em vez de nitrificante num sistema BFT, de forma a evitar a
produção de nitritos, que são tóxicos para os animais, mesmo em quantidades reduzidas
(Azim & Little, 2008; Xu et al., 2012; Gao et al., 2012).
As bactérias heterotróficas têm a capacidade de converter a amónia em biomassa
microbiana de uma forma bastante eficiente (40-60% de eficiência de conversão), pelo
que a manutenção de uma razão C:N na ordem de 15-20:1 fornece o C em
concentrações suficientemente elevadas para maximizar essa eficiência de remoção de
amónia e, acabando também por favorecer a produção de proteína microbiana de alta
qualidade, que pode ser consumida pelos organismos produzidos (Avnimelech, 1999;
2012; De Schryver et al., 2008; Ahmad et al., 2017; Suneetha et al., 2018; Farooqi &
Qureshi, 2018).
Ainda que as microalgas assimilem o C presente na água, esta capacidade de
assimilação de C é inferior à das bactérias heterotróficas, havendo, por esse motivo, um
favorecimento do crescimento de bactérias heterotróficas (Emerenciano et al., 2013).
De facto, mesmo em sistemas BFT de “águas-verdes”, à medida que o rácio C:N
FCUP 32
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

aumenta no sistema, observa-se uma transição para um sistema de “águas-castanhas”,


resultado da predominância de bactérias heterotróficas (Hargreaves, 2013) (Fig.8).

Fig.8 – O Índice de Cores da Comunidade Microbiana (MCCI) indicando a transição de um sistema composto
maioritariamente por algas (a verde) para um sistema composto maioritariamente por bactérias (a castanho) à
medida que a carga de alimento aumenta. A transição entre os sistemas algal e bacteriano ocorre entre uma carga
de alimento de 300 a 500 kg/ha por dia, indicado por um MCCI entre 1 e 1,2 (Retirado de Hargreaves, 2013).

No caso do alimento fornecido aos animais produzidos não permitir o estabelecimento


do rácio C:N na água desejado para que as bactérias heterotróficas sejam
predominantes, é necessário suplementar a água com uma fonte de C orgânico
(Lekang, 2013). Quando a percentagem de proteína da dieta fornecida é de 30 a 35%,
como é o caso para peixes omnívoros e herbívoros, o rácio C:N é cerca de 9-10:1, pelo
que a quantidade de C a adicionar é baixa quando comparado com os peixes carnívoros,
que têm necessidades proteicas mais elevadas (40-50%) e, nestes casos, o rácio C:N
das dietas é de 2-3:1, logo a quantidade de C a adicionar para obter o rácio C:N ideal
para o desenvolvimento de bactérias heterotróficas será muito maior (3x mais)
(Hargreaves, 2013; Emerenciano et al., 2017; Prabu et al., 2020).
Um rácio C:N elevado é conseguido através do aumento do teor em C do alimento
fornecido aos organismos produzidos, através da diminuição do teor de proteína das
dietas e aumentando o teor de hidratos de carbono (HC), ou através da adição de uma
fonte de C à água do sistema de produção (Hargreaves, 2006). As fontes de C usadas
nos sistemas BFT são normalmente os subprodutos da indústria da alimentação
humana e/ou animal. A seleção da fonte de C é feita considerando o custo,
FCUP 33
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

disponibilidade local, biodegradabilidade e eficiência de degradação pela comunidade


bacteriana (Emerenciano et al., 2013; Suneetha & Padmavathi, 2019), sendo as farinhas
de trigo, amido, celulose e milho, e o melaço as fontes de C mais utilizadas em sistemas
BFT (Avnimelech, 1999; Emerenciano et al., 2013; Suneetha & Padmavathi, 2019).
O estabelecimento do rácio C:N em BFT é normalmente dividido em duas fases
distintas: (i) fase inicial e de maturação, com a utilização de um rácio C:N de 12-20:1,
em que por cada 1g de N proveniente do alimento são adicionados 12-20g de C
proveniente do alimento e da fonte de C; e (ii) fase de manutenção, em que se utiliza
um rácio C:N de 6:1, tendo em conta a quantidade de TAN da água (Total Ammonia
Nitrogen), ou seja, a quantidade total de N sob a forma de NH3 e NH4+, excretada pelos
organismos produzidos (Emerenciano et al., 2017).
Na fase inicial, a alta taxa de C:N na água é um fator essencial para promover o
estabelecimento de uma comunidade heterotrófica no sistema BFT (Avnimelech, 2015).
Este rácio elevado induz a assimilação dos subprodutos azotados presentes no sistema
pelas bactérias heterotróficas, permitindo o seu crescimento (Emerenciano et al., 2017).
O sistema é considerado “Maduro” (~ 30 a 50 dias) quando a concentração de sólidos
sedimentáveis (SS) atinge pelo menos 5mL / L (medição feita através de cones Imhoff)
(Emerenciano et al., 2017). Uma vez atingido esse valor de SS, começa a fase de
manutenção, em que a monitorização dos valores de TAN é essencial para determinar
a quantidade da fonte de C a adicionar ao sistema, de forma a manter a qualidade da
água. Neste sentido, quando os valores de TAN são superiores a 1,0 mg /L, é
recomendada a adição de uma fonte externa de C segundo um rácio de C:N de 6:1
(Ebeling et al., 2006; Emerenciano et al., 2017). Na figura 9 é apresentado um cálculo
esquemático da quantidade de C necessária para a fase inicial de maturação de um
sistema BFT, segundo Crab et al. (2012).
FCUP 34
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Alimentação diária de 2% do peso do peixe (Craig & Helfrich, 2002)

20g de ração adicionados por kg de peixe/ dia

(Considerando que a ração apresenta cerca de 25% de proteína)

5g de proteína adicionada por kg de peixe/ dia

(Considerando que a proteína é constituída por 16% de N (Craig


& Helfrich, 2002))

0.8g de N adicionado por kg de peixe/ dia

(Cerca de 75% de N não é utilizado pelos animais (Piedrahita, 2003))

0.6g de N por kg de peixe/ dia presente na água

(Microrganismos necessitam de um rácio de C:N de pelo


menos 10:1 (Avnimelech, 1999))

6g de C por kg de peixe/ dia para produção de bioflocos

Fig.9 – Cálculo esquemático da quantidade diária de C necessária para remover o N presente no sistema de
produção (alimento não consumido e excreções produzidas pelos organismos). A quantidade da fonte de C a
adicionar dependerá da quantidade de C presente na fonte de C. (Adaptado de Crab et al., 2012).
FCUP 35
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.4. Composição nutricional dos bioflocos

A viabilidade de utilização dos bioflocos como fonte de alimento para as espécies


produzidas em BFT está depende das preferências alimentares do animal, da sua
capacidade de ingerir e digerir proteína microbiana e da densidade dos bioflocos na
água (Hargreaves, 2006; Ahmad et al., 2017). Do ponto de vista nutricional, os bioflocos
podem constituir uma fonte de alimento completa (Akiyama et al., 1992; Ahmad et al.,
2017), pois a proteína microbiana serve como uma fonte rica em aminoácidos
essenciais, permitindo aumentar a eficiência de utilização do alimento fornecido ao
sistema (Faizullah et al., 2019).
Vários estudos demonstraram que o valor nutricional dos bioflocos é influenciado pela
fonte de C adicionada (Crab, 2010; Ahmad et al., 2017; Suneetha et al., 2018; Suneetha
& Padmavathi, 2019), uma vez que, diferentes fontes de C orgânico estimulam o
crescimento de bactérias, protozoários e algas específicas e, portanto, influenciam o
valor nutricional dos bioflocos (Crab, 2010). Além disso, a fonte de C também tem
influência na palatabilidade e digestibilidade dos bioflocos quando ingeridos pelos
organismos produzidos, já que a fonte de C também faz parte da matriz dos bioflocos
(Crab et al., 2009; 2010; Suneetha & Padmavathi, 2019). A fonte de C serve como
substrato para a produção de biomassa microbiana rica em proteína, que se encontra
disponível 24h por dia no sistema (Avnimelech, 1999; Avnimelech, 2007; Emerenciano
et al., 2013).
De um modo geral, os bioflocos contêm altos níveis de proteína 38-50%, 3% de lípidos,
6% de fibras, 12% de cinzas, e energia de 19 kJ / g (com base na matéria seca) (Azim
& Little, 2008; Suneetha & Padmavathi, 2019). Além disso, contêm 27-28% de ácidos
gordos polinsaturados, 28-29% de ácidos gordos monoinsaturados e 30-35% de ácidos
gordos saturados (Samocha et al., 2007). Segundo Azim & Little (2008) estes valores
são apropriados às necessidades nutricionais da Tilápia-do-Nilo (O. niloticus), exceto
para os lípidos, que apresentam níveis muito baixos. Os bioflocos não permitem uma
completa substituição da ração fornecida, mas permitem uma maior eficiência de
utilização da ração (Suneetha et al., 2018; Suneetha & Padmavathi, 2019), o que resulta
numa diminuição do índice de conversão alimentar (FCR) (Emerenciano et al., 2013).
Segundo Ju et al. (2008), os bioflocos não apresentam défice dos aminoácidos alanina,
arginina, glutamato e glicina habitualmente adicionados às dietas de camarões por
serem essenciais ao seu crescimento (Nunes et al., 2006). Para além disso, os bioflocos
também contêm vários compostos bioativos, carotenoides, clorofilas (Ju et al., 2008),
minerais (Tacon et al., 2002) e vitamina C (Crab et al., 2012), que promovem o aumento
FCUP 36
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

do crescimento, melhorias na reprodução e da resposta imunológica (Bossier & Ekasari,


2017).
Xu & Pan (2012) verificaram que os bioflocos ou os microrganismos associados podem
exercer um efeito positivo na atividade das enzimas digestivas do camarão (L.
vannamei). Também Najdegerami et al. (2016) demonstraram que a inclusão de
bioflocos na dieta em 75% resulta num aumento do crescimento e da atividade das
enzimáticas digestivas da Carpa Comum (Cyprinus carpio). Além disso, a
suplementação de dietas de reprodutores com bioflocos melhorou o seu desempenho
reprodutivo em termos de fecundidade, desova e composição bioquímica do ovo em
Farfantepenaeus duorarum e L. vannamei (Emerenciano et al., 2014). Segundo
Avnimelech & Kochba (2009), o consumo de bioflocos pode suprir até 25% das
necessidades nutricionais da Tilápia-do-Nilo (O. niloticus), permitindo a redução dos
níveis de proteína da ração.
O uso de antibióticos em aquacultura tem vindo a decrescer devido às restrições
impostas pelas autoridades de saúde, mas também devido à redução da sua eficácia,
uma vez que, muitos organismos patogénicos estão a ganhar resistência a antibióticos
(Ventola, 2015). Desta forma, há uma necessidade urgente de desenvolver alternativas,
como o uso de probióticos, prebióticos e outros agentes de controlo microbiano (Ajadi
et al., 2016).
O mecanismo pelo qual a BFT confere capacidade oxidativa e/ou proteção imunológica
ainda não é totalmente conhecido, mas alguns autores sugerem que os bioflocos
contêm compostos bioativos (Xu & Pan, 2013; Emerenciano et al., 2013; Ekasari et al.,
2014; Ahmad et al., 2016) que levam a uma melhoria do estado nutricional e/ou
imunidade dos animais, que pode ser responsável pela inibição da proliferação de
organismos patogénicos (Farooqi & Qureshi, 2018). A BFT apresenta-se como uma
possível nova estratégia para o controlo de doenças, pelo facto de poder ter um efeito
probiótico natural (Emerenciano et al., 2013), levando a uma melhoria do estado imune
dos organismos aquáticos (Kim et al., 2014; Farooqi & Qureshi, 2018). De facto, os
bioflocos apresentam algumas semelhanças com os probióticos comerciais, uma vez
que ambos contêm organismos microbianos vivos na sua constituição (Dauda, 2020),
mas enquanto os probióticos consistem em combinações de espécies de bactérias
conhecidas, os bioflocos são agregados complexos de bactérias e outros
microrganismos, vivos e mortos, coloides e polímeros orgânicos (Hargreaves, 2006).
Além disso, os microrganismos presentes nos bioflocos podem atuar externamente
contra os organismos patogénicos, através da competição por espaço, substrato e
nutrientes (Emerenciano et al., 2013).
FCUP 37
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

As bactérias presentes nos bioflocos e os compostos que estas sintetizam podem agir
de forma semelhante aos ácidos orgânicos e podem ser agentes de controlo biológico
eficazes (Sinha et al., 2008). A adição de C na água em BFT favorece o crescimento
de bactérias que acumulam polihidroxialcanoatos (PHA) e outros grupos de bactérias
que são capazes de sintetizar grânulos de PHA. Quando estas bactérias são ingeridas
pelos animais, ocorre a quebra de PHA no trato intestinal, que irá atuar como agente
protetor contra infeções de Vibrio sp., por exemplo (Yu et al., 2005; De Schryver et al.,
2012). Por outro lado, o poli-ß-hidroxibutirato (PHB) é produzido por uma ampla
variedade de microrganismos, tais como Bacillus sp., Alcaligenes sp., Pseudomonas
sp., e são sintetizados sob condições de stress fisiológico ou nutricional, como por
exemplo, quando um nutriente essencial como o N é limitativo, na presença de uma
fonte de C em excesso (Sinha et al., 2008). Por esse motivo, os bioflocos podem
também conter PHB, que ao serem degradados no intestino do animal, podem ter
atividade antibacteriana semelhantes à dos ácidos gordos de cadeia curta
(Emerenciano et al., 2013). Por outro lado, os HC adicionados ao BFT podem atuar
como uma fonte de prebióticos, melhorando a flora intestinal, o que é benéfico para o
estado de saúde dos organismos produzidos (Ahmad et al., 2017).
FCUP 38
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.5. Parâmetros que influenciam a formação de bioflocos


e o controlo da qualidade da água

O controlo da qualidade da água em sistemas BFT só é possível se houver uma correta


formação de bioflocos no sistema, uma vez que são os organismos que englobam os
bioflocos que são responsáveis por manter os níveis de amónia presente no sistema em
valores reduzidos, evitando as renovações de água (Verster, 2017). Além disso, é
necessário que a biomassa bacteriana se encontre agregada em bioflocos de modo a
tornar-se visível e sendo possível, assim, a sua ingestão pelos peixes e crustáceos
produzidos (Liu et al., 2019).
A formação de bioflocos é influenciada por uma combinação de fatores físicos, químicos
e biológicos, como sejam a temperatura, pH, oxigénio dissolvido (OD) e a carga orgânica
do sistema (Hargreaves, 2006; De Schryver et al., 2008; Suneetha et al., 2018; Dauda,
2020). Conhecer a forma como os diferentes parâmetros influenciam a formação de
bioflocos em sistemas BFT é essencial para otimizar o desempenho do sistema (Dauda,
2020). Na tabela 1 encontram-se os principais parâmetros de controlo de qualidade da
água que são monitorizados em sistemas BFT e os limites segundo Emerenciano et al.
(2017).

Temperatura

A influência da temperatura em sistemas BFT é complexa, pois afeta em grande medida


o desenvolvimento bacteriano, assim como, a atividade metabólica dos peixes (De
Schryver et al., 2008; Dauda, 2020). Wilen et al. (2003) revelaram que a baixa
temperatura (4ºC) ocorre desfloculação dos bioflocos, quando comparado com
temperaturas mais elevadas (18-20ºC), resultado da redução da atividade microbiana
presente nos bioflocos. Por outro lado, Krishna & Van Loosdrecht (1999) verificaram o
desenvolvimento de bioflocos volumosos a temperaturas entre 30 e 35ºC e sugeriram
que este resultado pode ser devido a atividades excessivas da comunidade microbiana
no sistema. Num estudo mais recente, Hostins et al. (2015) produziram uma espécie de
camarão, Farfantepenaeus brasiliensis, em sistemas de biofloco com cinco
temperaturas diferentes (21, 24, 27, 30 e 33°C). A agregação de partículas e a formação
de flocos aumentaram com o aumento da temperatura, e foi significativamente maior a
30 e 33°C, resultados semelhantes aos observados por Krishna & Van Loosdrecht
(1999). A taxa de crescimento semanal também aumentou com o aumento da
temperatura, mas a taxa de sobrevivência dos animais produzidos diminuiu com o
FCUP 39
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

aumento da temperatura. Portanto, a produtividade ideal que apresenta um equilíbrio


entre a taxa de crescimento e sobrevivência de F. brasiliensis e a produção de bioflocos
relatada por Hostins et al. (2015) foi de 27°C, valor muito próximo dos 20-25ºC
recomendados por De Schryver et al. (2008) para produzir bioflocos com um índice de
volume de lama (SVI, que é o volume em milímetros ocupado por 1 g de biofloco)
superior a 200 mL g-1, para evitar que os bioflocos sedimentem rapidamente em zonas
de baixa turbulência. Assim, os organismos produzidos têm uma maior possibilidade de
filtrar os bioflocos em suspensão. Esta informação pode ser particularmente útil ao
implementar sistemas BFT em ambientes fechados, nos quais, a temperatura pode ser
facilmente controlada (Dauda, 2020).

OD e intensidade de arejamento

O nível de OD está intimamente ligado ao nível de arejamento e mixing da água dos


sistemas. Quando a intensidade de arejamento é aumentada, através do uso de
arejadores, por exemplo, ocorre um aumento dos níveis de OD no sistema.
O contínuo mixing das partículas em sistemas BFT, como resultado da intensidade de
arejamento, é essencial para manter os bioflocos em suspensão, evitando que estes
sedimentem e se decomponham, para além de facilitar a sua ingestão pelos animais
produzidos (Hargreaves, 2013; Dauda, 2020).
O nível de OD não é apenas essencial para os organismos a serem produzidos e para
os microrganismos presentes nos bioflocos, mas acredita-se também, que influencie a
estrutura dos bioflocos (De Schryver et al., 2008; Avnimelech, 2012). Wilen & Balmer
(1999) notaram uma tendência para o aumento da produção de bioflocos mais
compactos e maiores, em concentrações mais altas de OD (2,0 – 5,0 mg L-1), embora
uma intensidade muito maior que esta possa levar à quebra do bioflocos. Esta tendência
deve-se ao facto de, nessas condições, o sistema ser dominado por bactérias
heterotróficas formadoras de flocos, enquanto que, sob condições de baixos níveis de
OD (0,5 – 2,0 mg L-1), as bactérias filamentosas tendem a ser dominantes, podendo
levar à formação de bioflocos menos agregados, mas com um volume elevado (Martins
et al., 2003; Dauda, 2020). De Schryver et al. (2008) concluíram que quando o OD se
torna limitativo em lagoas BFT, são produzidos bioflocos com um SVI mais elevado
como resultado do domínio de bactérias filamentosas, enquanto que, sistemas com
níveis elevados de OD apresentam maioritariamente bactérias heterotróficas e,
portanto, um baixo SVI, que se torna melhor para os animais produzidos, uma vez que,
níveis de SVI elevados (>500mg L-1) podem provocar a oclusão das brânquias
FCUP 40
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

(Emerenciano et al., 2017). Desta forma, manter os níveis de OD superiores a 5 mg L-1


é o ideal para que os bioflocos sejam dominados pelas bactérias heterotróficas, e,
assim, permitir um melhor funcionamento do sistema de produção.
Para além dos efeitos que o OD tem na formação de bioflocos, os níveis de O2 também
influenciam as taxas de crescimento e os níveis de stress das espécies cultivadas em
aquacultura, pelo que os níveis de O2 devem manter-se acima de 4 mg L-1 e, pelo menos,
60% de saturação (Colt, 2006; Huntingford et al., 2006; Emerenciano et al., 2017).
Dauda et al. (2018) constatou que os níveis de OD diminuem com um maior volume de
bioflocos, uma vez que, quanto maior a quantidade de partículas suspensas, maior a
BOD e energia necessária para manter essas partículas suspensas. Também por esta
razão, torna-se necessário estabelecer quais os SVI dos bioflocos mais adequados a
cada espécie produzida, assim como, determinar a relação entre a intensidade de
mixing, a dimensão dos flocos e os níveis de OD do sistema (Dauda, 2020).

pH e alcalinidade

Mudanças no pH influenciam a estabilidade dos bioflocos presentes nos sistemas BFT


(Mikkelsen et al., 1996). Em sistemas BFT, o crescimento de comunidades bacterianas
heterotróficas e quimioautotróficas levam à redução da alcalinidade e do pH no sistema.
As bactérias autotróficas afetam principalmente os níveis de alcalinidade devido ao
consumo de uma maior quantidade de C inorgânico (Martins et al., 2017). Com o tempo,
a acidificação provocada pelo processo de nitrificação desgasta a reserva de
alcalinidade da água (Dauda, 2020).
A redução da alcalinidade muda o equilíbrio de iões carbonato e bicarbonato no sistema
de cultura, podendo reduzir a capacidade tampão do sistema, e, portanto, resultar numa
flutuação dos níveis de pH (Furtado et al., 2011). Para que a capacidade tampão do
sistema se mantenha, a alcalinidade deve ser mantida entre 100 e 150 mg L-1 através
de adições regulares de bicarbonato de sódio (Hargreaves, 2013). Por outro lado, Chen
et al. (2006) observaram que é necessário um pH entre 7,0 e 9,0 para um ótimo
desenvolvimento tanto das bactérias nitrificantes, como das heterotróficas. Níveis de pH
abaixo de 6,5, ou níveis acima de 9,5, não irão apenas afetar a comunidade microbiana
presente nos flocos, mas também os organismos produzidos (Avnimelech, 2009). Em
vários estudos realizados com peixes, o pH mostrou ser um agente causador de stress
para a maioria das espécies, resultando em mudanças no funcionamento fisiológico, e,
em alguns casos, provocando a morte dos organismos (De Schryver et al., 2008). Por
exemplo, a produção de L. vannamei em BFT sem adição de compostos alcalinos ao
FCUP 41
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

longo do período de cultura, resultou num menor desempenho em termos de


crescimento, sobrevivência, utilização de ração, bem como na resposta imunitária, em
comparação com sistemas com adição de vários níveis de bicarbonato de sódio, para
manter o pH entre 7,6 e 8,1 (Zhang et al., 2017).

Salinidade

A salinidade é um fator decisivo na escolha das espécies a serem produzidas e tem


influência na formação dos bioflocos, assim como, na sua qualidade. De acordo com
Hakanson (2006), a agregação das partículas suspensas e o tamanho dos bioflocos
tendem a aumentar com o aumento da salinidade. Maicá et al. (2012), através da
concentração de TSS (sólidos suspensos totais), observou que a densidade dos
bioflocos aumentou com o aumento da salinidade, sendo que as maiores concentrações
foram observadas no sistema com maior nível de salinidade (25 g L-1).
Além disso, a salinidade pode ter uma influência direta no tipo de microrganismos que
crescem no sistema de produção. Maicá et al. (2012) concluíram que a níveis baixos de
salinidade (2 e 4 ppt), as algas verdes (clorófitas) eram o grupo dominante nos bioflocos
produzidos num sistema de cultura intensiva de L. vannamei, enquanto que, a níveis de
salinidade elevados (25 ppt), as diatomáceas dominaram a comunidade microbiana.
Também verificaram diferenças na comunidade de protozoários, sendo que, a
salinidades baixas, os ciliados eram mais frequentes e a níveis de salinidade elevados,
os flagelados eram mais abundantes. Isto indica que uma mudança nos níveis de
salinidade pode levar ao desenvolvimento de novos tipos de organismos que toleram
diferentes níveis de salinidade (Dauda, 2020).
Timmons et al. (2002) observou que a salinidade é um dos principais fatores que
influenciam o desenvolvimento das bactérias heterotróficas e o processo de nitrificação
realizado pelas bactérias nitrificantes. Maicá et al. (2014) observaram um aumento da
concentração de NO2 e NO3 com o aumento da salinidade, atingindo níveis máximos no
nível de salinidade mais elevado (32 ppt), sugerindo que a remoção da amónia era
realizada maioritariamente por processos de nitrificação. Decamp et al. (2003) também
observaram um aumento na concentração de nitratos com o aumento da salinidade na
cultura de L. vannamei em sistema fechado, concluindo que, valores de salinidade
elevados favorecem o crescimento das bactérias quimioautotróficas em detrimento das
bactérias heterotróficas.
Além da composição microbiana dos bioflocos, a salinidade também afeta a sua
composição nutricional. O conteúdo de proteína dos bioflocos tende a aumentar com a
FCUP 42
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

diminuição da salinidade (Maicá et al., 2014). Ju et al. (2008), testaram diferentes


salinidades na produção de juvenis de L. vannamei e concluíram que os bioflocos
produzidos em sistemas com níveis de salinidade reduzidos (5 ppt) apresentaram um
conteúdo de proteína superior quando comparados com os bioflocos produzidos em
sistemas com níveis de salinidade superiores (18 e 32 ppt).
Há evidências de que a manipulação da salinidade em sistemas BFT pode aumentar a
produção dos bioflocos e, consequentemente, melhorar o desempenho dos organismos
produzidos, especialmente no caso de espécies que podem tolerar uma ampla faixa de
salinidade (Ju et al., 2008; Maica et al., 2014; Dauda, 2020).

Fonte de C

A quantidade de C orgânico adicionado aos sistemas induz uma diminuição dos níveis
de OD, devido ao aumento do metabolismo microbiano aeróbio (De Schryver et al.,
2008). Isto pode induzir efeitos (sub)letais em espécies mais sensíveis (Landman et al.,
2005). Nestes casos, o mais adequado pode ser a produção de bioflocos em tanques
distintos daqueles em que são produzidos os animais (Fig.10) (Crab et al., 2012). Os
bioflocos podem, numa fase seguinte, ser redirecionados para o tanque como alimento,
mas sem induzir stress por meio de variação dos níveis de OD (De Schryver et al.,
2008).
A fonte de C orgânico a utilizar num sistema BFT determina em grande medida a
composição dos flocos produzidos, não só em termos da matriz do biofloco (Hollender
et al., 2002; Oehmen et al., 2004), como também em termos da comunidade microbiana
presente nos mesmos (Wei et al., 2016). Existem evidências de que os bioflocos
cultivados com glicose ou glicerol são dominados por proteobactérias e bacteroidetes,
enquanto os cultivados com amido são maioritariamente constituídos por cianobactérias
(Wei et al., 2016). Vários investigadores também relataram variações na composição
nutricional dos bioflocos cultivados em diferentes fontes de C (Crab et al., 2010; Ekasari
et al., 2010; Sakkaravarthi & Sankar, 2015; Rajkumar et al., 2016; Dauda et al., 2017).
Por exemplo, bioflocos resultantes do uso de HC complexos (tapioca ou farinha de trigo)
apresentaram valores significativamente maiores de proteína bruta e lípidos do que
bioflocos resultantes do uso de melaço de cana-de-açúcar, que é um HC simples
(Rajkumar et al., 2016). Por outro lado, também os efeitos das fontes de C na qualidade
da água, crescimento e/ou taxa de sobrevivência dos organismos produzidos se
encontram bem documentados (Crab et al., 2010; Serra et al., 2015; Dauda et al., 2017;
Khanjani et al., 2017), sendo que há uma tendência de melhor desempenho dos
FCUP 43
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

açúcares simples e HC solúveis em água (Avnimelech, 2012; Vilani et al., 2016; Dauda
et al., 2017; Kumar et al., 2017). Isto pode estar associado à sua maior solubilidade em
água e, consequentemente, à utilização mais rápida pelas bactérias heterotróficas,
resultando numa remoção mais rápida da amónia, enquanto que, HC mais complexos
requerem mais tempo para decomposição em açúcares simples, resultando numa
remoção mais lenta da amónia (Wei et al., 2019). A maioria das fontes de C mais baratas
(farelo de arroz, trigo, tapioca, etc.) são HC complexos e, portanto, a remoção da amónia
é mais lenta. Uma possível solução pode incluir a fermentação da fonte de C (Ekasari
et al., 2014; Romano et al., 2018), o que pode aumentar a taxa de utilização pelas
bactérias ou pré-tratamento com outros métodos, como calor /ou digestão por
microrganismos (Dauda et al., 2017; Romano et al., 2018). Essa estratégia pode reduzir
o custo de produção, bem como fornecer maior flexibilidade aos aquacultores em termos
de escolha de fontes de C (Dauda, 2020).

Fig.10 – Representação esquemática de um sistema BFT, em que os bioflocos são produzidos num reator separado dos
animais, em que é fornecida uma fonte de C e o tanque apresenta constante arejamento. Os bioflocos, depois de
formados, podem regressar ao tanque onde os animais são produzidos ou ser colhidos e servir posteriormente de
suplemento alimentar. (Adaptado de Crab et al., 2012).

SS e TSS

Em sistemas BFT, os resíduos sólidos podem acumular-se no sistema devido à


atividade dos animais e à repetida adição de HC (Hargreaves, 2013). A concentração
de TSS não deve ultrapassar os 1000 mg L-1, sendo que uma concentração de 200- 500
mg L-1 é suficiente para o bom funcionamento do sistema e para o controlo dos níveis
de amónia (Hargreaves, 2013). Com o passar do tempo, os TSS podem chegar a níveis
indesejáveis (2000 a 3000 mg / L) e é necessário retirar alguma dessa matéria orgânica
do sistema, uma vez que, níveis elevados de TSS irão contribuir para um consumo
excessivo de OD pela comunidade heterotrófica e, em último caso, podem levar à
FCUP 44
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

oclusão das brânquias e provocar a morte dos animais (Hargreaves, 2013; Emerenciano
et al., 2017).
O volume de SS é geralmente medido com cones Imhoff ou cones de sedimentação
graduados (Fig.11), sendo o intervalo de tempo de sedimentação padronizado e,
geralmente, de 10 a 20 minutos (Hargreaves, 2013).

Fig.11 – Cones Imhoff para medição da concentração de SS num sistema BFT ao fim de 10 a 20 minutos.
(Retirado de Hargreaves, 2013).

A concentração de SS é influenciada pela adição de alimento ao sistema, que está


relacionada com carga do mesmo, mas também com a adição de HC que deve ser
gerida em função das necessidades de biofiltração (para o controlo dos compostos
azotados) e dos níveis de BOD, evitando que os níveis de OD baixem demasiado e
ponham em causa a sobrevivência dos animais (Hargreaves, 2013). Para espécies
como a tilápia, por exemplo, uma concentração de SS de 25 a 50 mL/ L é ideal para o
funcionamento do sistema BFT, enquanto que para a produção de camarão
recomendam-se níveis de 10 a 15 mL/ L (Hargreaves, 2013; Emerenciano et al., 2017).
É necessária mais informação para outras espécies de peixes, principalmente para
espécies de águas temperadas, em que o uso de BFT ainda está em fase de
investigação (Emerenciano et al., 2013).
FCUP 45
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Tabela 1 – Principais parâmetros de qualidade da água monitorizados em sistemas


BFT, com indicação dos valores adequados e principais precauções segundo
Emerenciano et al. (2017).

Parâmetro Valores Observações

Oxigénio Dissolvido (OD) Acima de 4,0 mg L-1 (ideal) e pelo Para uma correta respiração e
menos 60% de saturação crescimento dos peixes e camarões

Temperatura Superior a 20º C Temperaturas baixas (<20ºC) podem


afetar o desenvolvimento microbiano

Valores menores que 7,0 são


pH 6.8 – 8.0 normais em BFT, mas podem afetar
o processo de nitrificação

Salinidade Depende do tipo de espécies É possível desenvolver bioflocos a


cultivadas partir de 0 a 50 ppt

TAN Menos de 1 mg L−1 (ideal) Os valores de toxicidade dependem


do pH

Parâmetro crítico (difícil de controlar).


Nitritos (NO2) Menos de 1 mg L−1 (ideal)
Deve ter-se em atenção, por
exemplo, ao nível de proteína da
ração, salinidade e alcalinidade

Neste intervalo de valores,


Nitratos (NO3) 0.5 – 20 mg L−1
normalmente não são tóxicos para as
espécies cultivadas.

Neste intervalo de valores,


Ortofosfatos 0.5 – 20 mg L−1
normalmente não são tóxicos para as
espécies cultivadas.

Valores mais altos de alcalinidade


ajudarão a assimilação de N pelas
Alcalinidade Mais de 100 mg L-1
bactérias heterotróficas e o processo
de nitrificação pelas bactérias
quimioautotróficas

Ideal: 5–15 mL L-1 para espécies de Níveis elevados de SS (medido em


Sólidos sedimentáveis (SS)
camarão, 5–20 mL L-1 para larvas de Cones Imhoff) irão contribuir para o
-1
peixes e 20–50 mL L para juvenis e consumo de OD pela comunidade
espécies adultas heterotrófica e para a oclusão
branquial

Total de sólidos suspensos (TSS) Inferior a 500 mg L-1 Igual aos SS


FCUP 46
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.6. Benefícios da aplicação da BFT

Os benefícios da utilização da BFT em sistemas de aquacultura incluem vantagens para


os organismos produzidos, para o ambiente, mas também a nível económico (Crab et
al., 2009; 2012; Krummenauer et al., 2011; 2014; Emerenciano et al., 2013; Perez-
Fuentes et al., 2013; Kasan et al., 2015; Suneetha et al., 2018; Poli et al., 2018; Faizullah
et al., 2019; Suneetha & Padmavathi, 2019; Dauda, 2020).

Renovações de água mínimas ou inexistentes

Uma grande vantagem que a BFT fornece ao sistema de produção é a redução do


volume de água utilizado durante a produção (Pérez-Rostro et al., 2014). Em sistemas
BFT, a eliminação dos compostos azotados ocorre muito mais rapidamente do que num
sistema convencional, uma vez que, a taxa de crescimento por unidade de substrato
das bactérias heterotróficas é 10 vezes maior que a taxa de crescimento das bactérias
autotróficas nitrificantes, e, ao contrário destas, a eliminação da amónia não envolve a
produção de nitritos (Hargreaves, 2006; Ahmad et al., 2017). Assim, a existência de
bactérias heterotróficas no sistema permite que a concentração de amónia no sistema
seja mantida a níveis baixos e não tóxicos, evitando, ou pelo menos minimizando, as
renovações de água (Hargreaves, 2006; Farooqi & Qureshi, 2018). Desta forma, o
volume inicial de água é mantido ao longo do ciclo de produção e apenas é adicionada
a água perdida por evaporação ou por remoção da matéria orgânica em excesso (Pérez-
Rostro et al., 2014). Em BFT é possível, por exemplo, produzir 1.0kg de camarão (L.
vannamei) em apenas 100 litros de água, enquanto que num sistema de produção
tradicional são utilizados cerca de 64000 litros (Otoshi et al., 2007). Por outro lado, Luo
et al. (2014), observaram que numa produção de Tilápia-do-Nilo (O. niloticus) em
sistema BFT, o consumo de água pode ser reduzido em 40%, quando comparado com
a produção num sistema RAS com as mesmas dimensões. A diminuição das
renovações de água, ou a inexistência destas, permite uma redução das despesas na
ordem dos 30% (Avnimelech, 1999; De Schryver et al., 2008; Crab et al., 2012). Este
facto também facilita a manutenção da temperatura da água (Emerenciano et al., 2013;
Dauda, 2020) e facilita a produção de espécies tropicais em áreas frias, ao reduzir os
custos com aquecimento da água (Emerenciano et al., 2013).
FCUP 47
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Aumento da eficiência de utilização do alimento

Nos últimos anos, a BFT tem-se tornado uma tecnologia de produção alternativa que
permite manter a qualidade da água, mas também aumentar a eficiência de utilização
do alimento (Emerenciano et al., 2013). Os nutrientes desperdiçados resultantes da
ração não consumida ou da não retenção dos nutrientes ingeridos, são convertidos em
biomassa microbiana que pode, dependendo da espécie produzida, ser consumida in
situ como fonte de alimento (Avnimelech et al., 1994; Avnimelech, 1999; Burford et al.,
2004; Hari et al., 2004; Ju et al., 2008; Kuhn et al., 2009; Anand et al., 2014; Ogello et
al., 2014; Suneetha & Padmavathi, 2019). Da Silva et al. (2013) relataram que a
aplicação de BFT em L. vannamei em sistema intensivo melhorou consideravelmente a
eficiência de utilização de N e P em até 70% e 66%, respetivamente, em relação aos
sistemas convencionais de produção intensiva. (Avnimelech et al., 1994; Burford et al.,
2004). Megahed (2010) verificou também que Penaeus semisulcatus alimentado com
uma dieta contendo 42.95% de proteína bruta sem bioflocos apresentou uma menor
taxa de crescimento do que quando alimentado com uma dieta com 16.25% de proteína
bruta mais os bioflocos consumidos in situ, o que revela ser possível reduzir os níveis
de proteína da dieta pelo menos em 26% sem prejudicar o crescimento de P.
semisulcatus. Há, contudo, que ter em conta que, fatores como as dimensões das
espécies produzidas, os seus hábitos alimentares e as dimensões e densidade dos
flocos influenciam a ingestão (Avnimelech, 2009; Crab, 2010).

Diminuição dos custos de produção

Através da reutilização do alimento em BFT, há uma diminuição substancial do custo de


produção, uma vez que o alimento representa cerca de 40–50% dos custos totais de
produção (Craig & Helfrich, 2002; De Schryver et al., 2008). Segundo De Schryver et al.
(2008) a produção de tilápia (Oreochromis sp.) em sistemas BFT pode levar a uma
redução de cerca de 10% do custo de alimentação por kg de peixe produzido. Para um
sistema de cultura intensiva em que sejam produzidos, por exemplo, 500 toneladas de
peixe/ano, isso representa um ganho de 65000 €/ano. Estes cálculos são apenas
indicativos e estão dependentes de outras variáveis, como a fonte de C adicionada
(Neupane et al., 2020). Também Sontakke & Haridas (2018) demonstraram que a
produção de alevins de milkfish (Chanos chanos) num sistema BFT apresentam uma
margem de lucro cerca de 2 vezes superior quando comparado com sistemas flow
through. E De Schryver et al. (2008) estimaram que os custos de produção em BFT são
FCUP 48
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

cerca de metade dos custos de produção num sistema RAS. A BFT é, essencialmente,
uma técnica de biofiltração da água, que, apesar de ter como requisitos a manutenção
de níveis elevados de O2, inexistência de locais de sedimentação dos sólidos suspensos
e a manutenção do rácio C:N em níveis apropriados, permite a produção intensiva de
peixes ou crustáceos sem a utilização dos equipamentos dispendiosos que compõem
os tradicionais biofiltros dos sistemas de produção em RAS (Dauda, 2020).
FCUP 49
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.7. Seleção de espécies a integrar um sistema BFT

A seleção de espécies é um dos principais critérios para o sucesso da BFT, pois nem
todas as espécies são candidatas a integrar este tipo de sistemas de produção
(Avnimelech, 2007; Emerenciano et al., 2013). A eficácia dos sistemas BFT depende da
capacidade do organismo produzido de ingerir e, posteriormente, digerir os bioflocos,
caso contrário, parte da mais valia desta tecnologia não é aproveitada (Avnimelech,
2012). Os critérios de seleção de uma espécie a ser produzida em BFT são a tolerância
a elevadas concentração de sólidos suspensos (10-15 mL/L), tolerância a níveis de OD
entre as 3-6 mg/L, tolerância a elevadas densidades de stock (> de 500 organismos/m3
no caso de crustáceos e 50-100 organismos/m3 no caso de peixes), e,
preferencialmente, terem hábitos alimentares omnívoros e adaptações fisiológicas que
facilitem o consumo dos bioflocos e a digestão das partículas microbianas (Milstein et
al., 2001; Widanarni & Maryam, 2012; Hargreaves, 2013; Emerenciano et al., 2013; Liu
et al., 2017; Suneetha & Padmavathi, 2019; Dauda, 2020).
O BFT foi adotado com sucesso na produção de fases larvares (Avnimelech, 2007;
Emerenciano et al., 2012), fases de crescimento ou engorda (Ekasari et al., 2015; De
Muylder et al., 2010) e até mesmo para aumentar a capacidade reprodutora (Mishra et
al., 2008) dos organismos produzidos. Até ao momento, o número de espécies
produzidas em BFT encontra-se bastante limitado, sendo principalmente usadas
algumas espécies de camarão tanto de água salgada, como é o caso de Litopenaeus
vannamei (Khanjani et al., 2017), Farfantepenaeus duorarum (Emerenciano et al.,
2014), F. pauliensis (Emerenciano et al., 2011) e Penaeus monodon (Shyne et al., 2017)
e de água doce, como Macrobrachium rosenbergii (Prajith & Madhusoodana, 2011).
No que diz respeito às espécies de peixe, as mais utilizadas são espécies de água doce
como a tilápia (Oreochromis sp.) (Day et al., 2016; Luo et al., 2017) e a carpa (Cyprinus
sp.) (Castro et al., 2016; Najdegerami et al., 2016). Vários investigadores demonstraram
que o BFT pode atuar como promotor de crescimento para estas espécies (Xu & Pan
2013; Long et al., 2015; Perez-Fuentes et al., 2016; Xu et al., 2016; Zhao et al., 2016;
Khanjani et al., 2017). A tilápia possui estruturas chamadas microbranchiospines, que
são pequenas ossificações dérmicas localizadas na epiderme próximas à base do arco
branquial (Fig.12), que permitem filtrar a água e capturar os bioflocos (Beveridge et al.,
1988; López-Pérez et al., 2013; Verster, 2017).
FCUP 50
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Fig.12 – Representação esquemática da cavidade orofaríngea de um peixe ciclídeo que se alimenta por filtração,
evidenciando os rastros branquiais (gill rakers) e os microbranchiospines presentes no segundo arco branquial. (Retirado
de Smith & Sanderson, 2013).

Recentemente, o potencial de produção em sistemas BFT de outras espécies, como


são o caso de várias carpas, incluindo Labeo rohita (Ahmad et al., 2016), Carassius
auratus (Wang et al., 2015), Cyprinus carpio, Hypophthalmichthys molitrix e Aristichtys
nobilis (Zhao et al., 2014), tem sido investigado, pelo facto de terem capacidade de filtrar
a água e ingerir de forma eficiente os bioflocos (Ekasari et al., 2015). Esta adaptação
parece ser a principal responsável pelo aumento do crescimento verificado com
Hypophthalmichthys molitrix e H. nobilis quando cultivadas em BFT (Ekasari et al.,
2015).
Apesar de ser considerada uma espécie mais carnívora do que a tilápia, verificou-se
que as larvas de bagre africano (Clarias gariepinus) apresentam uma melhoria do
crescimento quando produzidas em BFT, o que já não se verifica em adultos, pelo facto
de apenas a fase larvar da espécie estar adaptada a consumir alimentos de pequena
dimensão como os bioflocos (Ekasari et al., 2016). É importante enfatizar que esta
característica não torna o C. gariepinus, como outras espécies carnívoras, inadequada
à produção em sistemas BFT. Diversos estudos (Bakar et al., 2015; Yusuf et al., 2015;
Hapsari, 2016; Ekasari et al., 2016; Dauda et al., 2018) demonstraram melhorias na
qualidade da água dos sistemas de produção em comparação com a produção em
sistemas convencionais, o que, por si só, é benéfico para a produção da espécie, uma
vez que reduz os custos de tratamento de água (Dauda, 2020). Existe apenas a
necessidade de remover ocasionalmente os bioflocos suspensos não consumidos,
porque estes podem acumular-se nos sistemas e levar à oclusão das brânquias,
dificultando a respiração (Dauda, 2020).
O uso de BFT não necessita de ser limitado apenas a organismos omnívoros ou
detritívoros. O potencial de produção em BFT de outras espécies, incluindo espécies
FCUP 51
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

carnívoras, merece ser investigado, testando diferentes fontes de C e rácios C:N, de


modo a determinar a aplicabilidade e os potenciais benefícios desta tecnologia. No que
diz respeito às espécies que são mais sensíveis a elevadas concentrações de sólidos
suspensos nos sistemas (>500 mg L-1), uma alternativa viável à sua produção em BFT
passa por produzir os bioflocos ex situ, ou seja, em tanques separados dos tanques em
que são produzidos os animais (Crab et al., 2012). Neste caso, os efluentes dos tanques
de cultura são conduzidos para tanques de produção de bioflocos onde é adicionada a
fonte de C, e ocorre a biofiltração, sendo posteriormente a água filtrada antes de
regressar aos tanques de cultura (Fig.10). Assim, é possível estender a utilização desta
tecnologia a um maior número de espécies, aproveitando os seus benefícios em termos
de biofiltração (Crab et al., 2012; Farooqi & Qureshi, 2018). Além disso, é ainda possível
recolher os bioflocos e utilizá-los para a produção de alimentos compostos (Anand et
al., 2014; Dauda, 2020).
FCUP 52
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

3.8. Pontos críticos de implementação da BFT

Nenhuma técnica de produção é isenta de desvantagens e também a BFT apresenta


alguns obstáculos à sua implementação. Um dos maiores desafios é convencer os
aquacultores a implementar a técnica, uma vez que o conceito desta tecnologia vai
contra o senso comum de que a água nos sistemas de produção deve ser o mais inerte
possível (Avnimelech, 2009). Para além disso, o sucesso da implementação desta
técnica de produção exige que os aquacultores tenham alguns conhecimentos técnicos
específicos da BFT, nomeadamente, compreensão das interações microbianas
existentes no sistema e da necessidade de manter as condições favoráveis ao
desenvolvimento das bactérias heterotróficas sem, contudo, pôr em risco a saúde e bem
estar das espécies de peixes ou crustáceos produzidas (Crab et al., 2012; Kavitha et
al., 2017; Dauda, 2020; Neupane et al., 2020).
As fontes e a quantidade de C adicionadas são dois parâmetros muito importantes em
BFT. Diferentes fontes de C estimulam protozoários, bactérias e algas específicos e,
portanto, influenciam a composição microbiana e a organização da comunidade nos
bioflocos e também as suas propriedades nutricionais (Neupane et al., 2020). É
necessário ter uma compreensão abrangente destes parâmetros, uma vez que estes
têm um efeito direto na relação custo-benefício e na eficiência do sistema, em termos
de gestão da qualidade da água, desempenho de crescimento, resposta imunológica e
resistência a doenças dos organismos produzidos (Dauda, 2020).
Um outro aspeto de elevada importância em BFT é a manutenção de níveis de
arejamento que mantenham os bioflocos em suspensão e, também, para que os níveis
de OD se mantenham elevados (> 5 ppm), uma vez que os microrganismos presentes
nos flocos também consomem O2 (Suneetha et al., 2018), podendo haver necessidade
de aumentar a oxigenação da água através da injeção de O2 puro (Vasava et al., 2020).
Além disso, a BFT exige uma constante monitorização da concentração de níveis de
TAN e C, de forma a permitir uma gestão eficaz do rácio C:N e evitar aumentos
descontrolados dos níveis de amónia (De Schryver et al., 2008). Também a
concentração de TSS deve ser monitorizada, não só para que seja mantida a níveis que
permitam o consumo dos bioflocos pelos organismos produzidos, sem pôr em risco a
sua capacidade respiratória (Dauda, 2020), mas também porque a acumulação de TSS
pode levar à proliferação de protozoários como Vorticella e Zoothamnium que se
alimentam de bactérias heterotróficas, podendo afetar o equilíbrio microbiológico do
sistema (De Schryver et al., 2008; Kavitha et al., 2017; Vasava et al., 2020).
Outro ponto crítico no estabelecimento de um sistema BFT é o período de start up, com
o desenvolvimento inicial dos bioflocos (Vasava et al., 2020). Ahmad et al. (2017) sugere
FCUP 53
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

a adição de argila ao sistema de forma a estimular a formação dos flocos. Além disso,
pode também ser utilizado um inóculo de um outro sistema BFT maduro ou um inóculo
preparado (20g de solo, 10mg de sulfato de amónia NH4SO4 e 200 mg de uma fonte de
C para cada litro de água), de forma a acelerar o desenvolvimento dos bioflocos (Ahmad
et al., 2017).
Crab et al. (2012) e Vasava et al. (2020) reconhecem os seguintes tópicos como os
principais desafios para atingir todas as potencialidades que um sistema BFT
providencia e aconselham que os estudos futuros nesta área se centrem nos mesmos:

✓ Identificação de microrganismos que produzem bioflocos com características


benéficas (qualidade nutricional, efeito probiótico) para serem usados como
inóculo;

✓ Otimização da qualidade nutricional dos bioflocos (conteúdo de aminoácidos,


conteúdo de ácidos gordos, teor de vitaminas);

✓ Determinação do impacto de diferentes fontes de C nas características do


biofloco;

✓ Desenvolvimento de novas técnicas de monitorização das características e da


composição dos bioflocos;

✓ Integração em sistemas existentes (por exemplo, sistemas de policultura, IMTA).


FCUP 54
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

4. Sistemas IMTA-BFT

4.1. Complementaridade e potencialidades

A IMTA e a BFT apresentam-se, atualmente, como duas técnicas de produção em


aquacultura que visam não só melhorar a sustentabilidade dos sistemas de produção,
como também aumentar a sua rentabilidade. Ambas as técnicas de produção
apresentam aspetos de difícil gestão, como sejam, a acumulação excessiva de sólidos
em suspensão no caso da BFT, que pode afetar o crescimento dos organismos
produzidos (Schveitzer et al., 2013; Poli et al., 2018), ou a dificuldade em manter um
equilíbrio estreito entre as espécies produzidas em IMTA, de forma a que os diferentes
níveis tróficos recebam o alimento necessário (Granada et al., 2018). Contudo, estes
dois aspetos mais negativos das duas técnicas de produção acabam por ser
complementares, já que o excesso de bioflocos, com elevado valor nutricional, verificado
nos sistemas BFT, é passível de servir de fonte de alimento aos organismos das cadeias
tróficas inferiores dos sistemas IMTA. Esta complementaridade foi já previamente
observada por diversos autores interessados em identificar as potencialidades de um
sistema IMTA-BFT (Liu et al., 2014; La Macchia Pedra et al., 2017; Mendoza-López et
al., 2017; Poli et al., 2018; Robinson et al., 2019; Campos et al., 2019), tendo-se obtido
resultados bastante promissores.
De acordo com Hisano et al. (2019), o uso de um sistema BFT na produção de Tilápia-
do-Nilo (O. niloticus) com Camarão Gigante (Macrobrachium rosenbergiiem) permitiu
um melhor desempenho em termos de crescimento, em comparação com a produção
em RAS.
Poli et al. (2018) demonstraram que a co-produção de Tilápia-do-Nilo (O. niloticus) com
Camarão-Branco-do-Pacífico (L. vannamei) num sistema BFT, usando cana-de-açúcar
como fonte de C orgânica, levou a um aumento do rendimento do sistema em 31,2% e
a uma melhoria na qualidade da água do sistema, quando comparado com a
monocultura de camarão em BFT. Para além disso, o consumo dos bioflocos pelas
tilápias, permitiu ainda uma reutilização do N da dieta de 27,9%, traduzindo-se num
ganho económico e ambiental, pois significa um aumento da eficiência de utilização da
ração. Estes resultados são semelhantes aos obtidos por Pinheiro et al. (2017), em que
a produção de L. vannamei num sistema BFT com a integração de uma halófita
(Sarcocornia ambigua) levou a um aumento de 20% na utilização de N em comparação
com um sistema BFT sem halófitas. Foi ainda possível produzir 2kg de S. ambigua por
FCUP 55
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

cada kg de camarão produzido, sem que essa produção afetasse negativamente o


crescimento do camarão havendo, desta forma, um aumento do lucro de produção.
Brito et al. (2014a; 2014b; 2018) concluíram que a integração de algas (Ulva lactuca e
Gracilaria birdiae) na produção de L. vannamei em BFT melhorou significativamente o
crescimento dos animais e a eficiência de utilização do alimento, quando comparado
com a produção de L. vannamei em BFT sem a adição de algas, permitindo reduzir os
níveis de proteína na dieta em cerca de 20%, sem afetar o desempenho do camarão.
Foi ainda possível concluir que a combinação IMTA-BFT permite uma maior redução da
concentração de TAN, NO2, NO3 e fosfatos em comparação com os sistemas de
monocultura de camarão em BFT.
Contreras-Sillero et al. (2020) também verificaram que a produção de L. vannamei em
BFT pode ser otimizada com a integração de equinodermes, como os pepinos-do-mar
(Holothuria inornata), nos sistemas de produção, resultando num aumento da
sobrevivência (de 80% para 92%), bem como do crescimento (de 1.0g para 1.7g) dos
camarões, quando comparado com a produção de L. vannamei em monocultura num
sistema BFT. Para além disso, a taxa de sobrevivência de H. inornata foi de 100%, o
que representa um aumento do rendimento da produção.
De Lima et al. (2020) observaram que a integração de ostras (Crassostrea sp.) em
densidades de 100 e 200 ostras m-2 na produção larvar de L. vannamei em BFT permitiu
controlar os níveis de sólidos suspensos presentes no sistema, sem afetar o
crescimento ou a taxa de sobrevivência dos camarões. Comprovou-se, assim, que a
adição da produção de ostras constitui uma mais valia em termos de produtividade do
sistema, tendo estas alcançado um peso médio final de cerca de 16g e uma taxa de
crescimento de cerca de 4 mm por mês.
Legarda et al. (2019) avaliaram a integração de uma espécie de tainha (Mugil curema)
na produção de L. vannamei em sistema BFT, e demonstraram que os níveis de N
presentes na água foram estatisticamente iguais nos dois sistemas, demonstrando ser
possível produzir uma espécie adicional, no mesmo volume de água, sem que a
qualidade da água seja comprometida. Além disso, verificou-se que a integração de M.
curema na produção de camarão em BFT permitiu aumentar a produtividade total do
sistema (camarão + tainha) em 11,9% quando comparado com a monocultura de L.
vannamei, e que a M. curema tem capacidade de se alimentar de bioflocos, podendo
ser produzida em BFT com alimentação restrita (1 vez por dia com um rácio de 1% a
biomassa inicial) sem prejudicar os parâmetros hematológicos e imunológicos e com
uma taxa de crescimento de 0.51 g por semana.
Num estudo que avaliou os efeitos da adição de amido na produção, qualidade da água
e retorno económico de um sistema IMTA com produção de Spotted scat (Scatophagus
FCUP 56
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

argus), L. vannamei e a planta aquática Ipomoea aquatica, Liu et al. (2014) concluíram
que a adição de amido e a formação de bioflocos resultantes dessa adição de C
orgânico, levou a um aumento da sobrevivência do camarão de 55% no sistema IMTA
sem BFT, para 95% no sistema IMTA-BFT. A combinação IMTA-BFT também teve
efeitos na qualidade da água, tendo-se observado uma redução significativa da
concentração de NO2 e de TAN quando comparados com o sistema IMTA sem BFT. Foi
possível melhorar a produtividade do sistema (0,4 Kg m-3 de biomassa total no sistema
IMTA sem BFT para 0,6 Kg m-3 no sistema IMTA-BFT) e uma diminuição do FCR de
2.37 para 0.88, tendo sido possível aumentar o lucro de produção. Estes dados estão
de acordo aos observados por Poli et al. (2019), em que a integração de S. ambigua na
produção de L. vannamei e O. niloticus num sistema BFT (Fig.13) resultou num aumento
da produção (de 3,99 Kg m-3 para 4,83 Kg m-3), além de permitir uma redução das
concentrações de NO3.

Fig.13 – Diagrama de fluxo, evidenciando a produção integrada de camarão (Litopenaeus vannamei) com tilápia
(Oreochromis niloticus) e sarcocornia (Sarcocornia ambigua) em sistema BFT. Por ação da gravidade, a água flui do
tanque onde são produzidas as tilápias, para uma bancada hidropónica onde se produz S. ambigua. Os nutrientes
presentes na água, provenientes do sistema onde se produzem as tilápias, servem de alimento para as plantas
aquáticas. De seguida, a água passa para o tanque onde se encontram os camarões, que se alimentam dos
nutrientes resultantes da atividade de O. niloticus e dos bioflocos produzidos no sistema. O tanque dos camarões
possui um sistema de arejamento para manter os bioflocos em suspensão e a água, assim como os bioflocos,
regressam para o tanque onde se encontram as tilápias, através de uma bomba de circulação de água. (Retirado de
Poli et al., 2019).

Todos estes estudos comprovam que a complementaridade entre IMTA-BFT bem como
a sua potencialidade, apresenta-se como uma solução mais vantajosa do que a
FCUP 57
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

utilização destas técnicas em separado, resultando numa melhoria da produção e,


consequentemente, num aumento da margem de lucro (Mendoza-López et al., 2017).
Esta complementaridade dos dois sistemas de produção só recentemente começou a
ser avaliada, sendo essencial um maior esforço de investigação para identificar as
espécies mais propícias a integrar um sistema de produção IMTA-BFT.
FCUP 58
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

4.2. Espécies sugeridas para produção num sistema


IMTA-BFT

Para selecionar as espécies mais apropriadas à produção num sistema IMTA-BFT é


necessário ter em consideração os critérios de seleção de ambas as técnicas de
produção, ou seja, as espécies precisam de se adaptar à co-produção com outros
organismos e, ao mesmo tempo, adaptar-se ao sistema BFT. É de extrema importância
que a combinação entre espécies a produzir seja em proporções adequadas, de forma
a maximizar a produção e a qualidade da água, já que esta depende em grande medida
do equilíbrio de densidades entre as espécies produzidas, do volume de bioflocos e da
adição de ração e da fonte de C, para garantir uma eficiente eliminação de TAN (Neori
et al., 2000; Klinger & Naylor, 2012; Alexander et al., 2015; Al-Hafedh et al., 2015;
Martins, 2017).
Na Tabela 2 encontram-se descritas as espécies utilizadas em estudos com aplicação
de sistemas IMTA-BFT, segundo a compilação de Ulloa Walker et al. (2020). Até à data,
as espécies produzidas em sistemas IMTA-BFT são maioritariamente espécies tropicais
ou subtropicais (Ulloa Walker et al., 2020), não nativas de Portugal ou mesmo da Europa
(Barrington et al., 2009). Uma das exceções são espécies do género Mugil, como é o
caso de M. cephalus, que além de serem comuns em águas tropicais e subtropicais,
também habitam águas temperadas, nomeadamente no mar Mediterrâneo e no Oceano
Atlântico (FAO, 1995). Espécies do género Mugil têm potencial para ser integradas em
sistemas IMTA-BFT, pois alimentam-se de detritos (microrganismos, agregados de
algas, bactérias, ciliados, rotíferos) presentes na superfície de substratos rochosos ou
plantas (Mondal et al., 2015), podendo, desta forma, alimentar-se de bioflocos, já que
apresentam uma composição semelhante. Além disso, as espécies do género Mugil
adaptam-se bem à produção em BFT, uma vez que toleram concentrações de sólidos
até 700 mg/L (Rocha, 2012) e são espécies eurialinas, podendo ser produzidas em água
doce ou em águas hipersalinas, e são também euritérmicas, tolerando temperaturas
entre 13 e 33ºC (Vasconcelos-Filho et al., 2009; Whitfield et al., 2012). A sua integração
em sistemas IMTA também se encontra bem documentada, podendo ser utilizada como
espécie de nível trófico inferior, a ser produzida com espécies de níveis tróficos
superiores, como o camarão (Legarda et al., 2019; Borges et al., 2020) ou espécies de
peixes carnívoros, como a Dourada (Sparus aurata) ou o Robalo Europeu
(Dicentrarchus labrax) (Shpigel et al., 2016).
FCUP 59
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Tabela 2 – Aplicação de BFT em policulturas ou sistemas de aquacultura multitrófica


integrada (IMTA) baseado nos dados publicados de acordo com as referências
bibliográficas disponíveis até à data (Adaptado de Ulloa Walker et al., 2020).

Família Espécies Referência bibliográfica

Penaeidae Litopenaeus vannamei Legarda et al., 2019


Mugilidae Mugil curema

Penaeidae Litopenaeus vannamei Poli et al., 2019


Cichlidae Oreochromis niloticus
Amaranthaceae Sarcocornia ambigua

Cichlidae Clarias gariepinus Dauda et al., 2018


Cyprinidae Hypsibarbus wetmorei ♂ x
Barboides gonionotus ♀

Palaemonidae Macrobrachium rosenbergii Asaduzzaman et al., 2009; Reinoso,


Cichlidae Oreochromis niloticus 2016

Characidae Piaractus brachypomus Bru, 2016


Cichlidae Oreochromis niloticus

Penaeidae Litopenaeus vannamei Liu et al., 2014


Scatophagidae Scotophagus argus

Cyprinidae Aristichthys nobilis Hypophthalmichthys molitrix Zhao et al., 2014


Cyprinus carpio

Palaemonidae Macrobrachium rosenbergi Prajith, 2011


Cyprinidae Catla catla
Labeo rohita

Cunha et al. (2019) demonstraram que a Tainha (M. cephalus) teve melhor desempenho
em sistemas IMTA com a presença de ostras (Crassostrea gigas) e de macroalgas (Ulva
sp.) do que em monocultura. Ambas as espécies integradas na produção de M. cephalus
são espécies de interesse para a aquacultura Europeia (Barrington et al., 2009;
European Commission, 2016) pelo que a sua integração num sistema IMTA-BFT parece
promissora.
As ostras (Crassostrea sp.) são também boas candidatas a serem produzidas num
sistema IMTA-BFT devido à sua resistência à presença de sólidos suspensos na água,
e pelo facto de, ao se alimentarem dos bioflocos, poderem melhorar significativamente
a qualidade da água (Ward, 1996; Martínez-Cordova & Martínez-Porchas, 2006; De
FCUP 60
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Lima et al., 2020). Tanto a tainha como a ostra são espécies extrativas, pelo que existe
a possibilidade de poderem integrar a produção de uma espécie de nível trófico superior,
como, por exemplo, um peixe carnívoro.
Dada a importância do Robalo Europeu e da Dourada na aquacultura Portuguesa e
Europeia (Valente et al., 2011; European Commission, 2016; Gutiérrez et al., 2020), a
sua integração num sistema IMTA-BFT, como espécies de nível trófico superior, merece
ser avaliada, já que a produção em BFT poderá permitir uma diminuição dos custos de
produção, ao reduzir os custos com o tratamento de água. No melhor dos casos, poderá
também permitir uma diminuição do teor de proteína das dietas ou do número de
alimentações diárias, caso estas espécies tenham capacidade de se alimentar dos
bioflocos presentes no sistema. Ambas as espécies, sendo carnívoras, apresentam
necessidades proteicas elevadas (Peres & Oliva-Teles, 1999; Moreira et al., 2008), o
que representa um impacto negativo nos custos em dieta, uma vez que a proteína é o
ingrediente mais caro presente nas dietas utilizadas em aquacultura (Brú-Cordero et al.,
2017). Desta forma, é da máxima importância, tanto do ponto de vista económico, como
do ponto de vista ambiental, a redução dos níveis de proteína incluídos nas dietas, assim
como, maximizar a sua utilização pelos animais, limitando a quantidade de N excretado
(Brú-Cordero et al., 2017). Para tal, é necessário investigar se estes animais se
conseguem alimentar dos bioflocos, uma vez que a produção destas espécies em BFT
ainda não foi alvo de estudo. Mesmo que não tenham capacidade de se alimentarem
dos bioflocos, ambos são passiveis de ser produzidas em IMTA (MacDonald et al., 2013;
Shpigel et al., 2016; Neori et al. 2017), por isso há potencial para serem produzidos em
IMTA-BFT. Estas espécies poderiam ser integradas com a produção de M. cephalus e
C. gigas, que se alimentariam dos bioflocos, o que permitiria um aumento do rendimento
da produção. Em termos de fatores abióticos, M. cephalus, D. labrax e S. aurata são
espécies eurialinas e euritérmicas, pelo que podem ser produzidas dentro de uma larga
gama de valores de salinidade e temperatura. A Dourada ainda que mais sensível a
baixas temperaturas, sendo o seu limite mínimo de temperatura letal de 4°C (Colloca &
Cerasi, 2005), também apresenta potencial para ser incluída numa produção em IMTA-
BFT com M. cephalus e C. gigas. No caso de C. gigas apesar de tolerar diferentes
valores de temperatura (3-35ºC), necessita de valores de salinidade elevados (16-30
ppt), pelo que a integração destas espécies num sistema IMTA-BFT terá de ter em conta
estes valores (Mann et al., 1991; Vasconcelos-Filho et al., 2009; Whitfield et al., 2012;
FAO, 2018; Campos, 2019).
Em termos de moluscos, além das ostras, os mexilhões destacam-se atualmente como
os mais produzidos na Europa, sendo esta o segundo maior produtor de mexilhões do
mundo, com as espécies Mytilus edulis ou M. galloprovincialis a apresentarem um alto
FCUP 61
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

potencial para integrarem produções em IMTA (Sarà et al., 2009; Rosa et al., 2020).
Esse potencial resulta do facto de serem filtradores, alimentando-se naturalmente de
plâncton, pelo que estão adaptados, também, a alimentar-se de restos de alimento
desperdiçados pelos organismos de níveis tróficos superiores, como sejam a Dourada
e o Robalo Europeu (Ren et al., 2012). Desta forma, espécies do género Mytilus
poderão, em teoria, integrar um sistema IMTA-BFT e consumir os bioflocos presentes
no sistema.
Em termos de condições de produção, a temperatura ótima de crescimento de M. edulis
encontra-se entre 10 e 20ºC (Khan et al., 2006) e adapta-se a uma ampla gama de
salinidades (5-34ppt), mas em salinidades abaixo de 8ppt apresentam taxas de
crescimento reduzidas devido ao stress fisiológico (Kautsky, 1982; Remane & Schlieper,
1971; Vuorinen et al., 2002; Maar et al., 2015). No que diz respeito a M. galloprovincialis,
esta espécie prefere salinidades mais elevadas (>35ppt) do que M. edulis (His et al.,
1989; Riisgård et al., 2013; Zbawicka et al., 2014; Maar et al., 2015) e também
temperaturas mais elevadas, apresentando um crescimento ótimo entre 20 e 25ºC (His
et al., 1989; Peharda et al., 2007). Tendo em conta estes fatores abióticos, estas
espécies podem ser produzidas em IMTA-BFT em conjunto com a Dourada ou com o
Robalo Europeu.
Da mesma forma, a produção de ameijoa do género Ruditapes, especialmente a
Ameijoa Europeia (R. decussatus) muito vendida em Portugal e na Europa (European
Commission, 2016), terá também, em teoria, capacidade de se alimentar de bioflocos,
pelo que a sua integração em sistemas IMTA-BFT parece promissora. Esta espécie
tolera salinidades de 20 a 40ppt e a temperatura ideal para o crescimento é de 20-22°C,
sendo que a temperaturas abaixo de 12°C, a espécie não cresce (Vilela, 1950; Matias,
2013).
No que toca à inclusão de detritívoros em sistemas IMTA-BFT, Contreras‐Sillero et al.
(2020) demonstraram ser vantajoso produzir L. vannamei em IMTA-BFT com Holothuria
inornata, tendo-se verificado uma melhoria no crescimento de L. vannamei. Estas
evidências revelam que os pepinos-do-mar podem ser alimentados com bioflocos, pelo
que são passíveis de ser produzidos em IMTA-BFT. Apesar dos bons resultados de H.
inornata, esta é uma espécie tropical, não sendo endémica de Portugal nem da Europa.
No entanto, existem outras espécies de pepinos-do-mar endémicas com interesse para
a aquacultura Portuguesa e também Europeia, como é o caso de H. forskali e H.
arguinensis.
MacDonald et al. (2013) verificaram que o pepino-do-mar Holothuria forskali consumia
os resíduos das dietas de Robalo Europeu (D. labrax) de forma eficaz, sendo uma boa
escolha para integrar num sistema IMTA-BFT. Dado o seu elevado valor económico,
FCUP 62
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

estas espécies poderão ser bons candidatos à produção em IMTA-BFT juntamente com
o Robalo Europeu ou a Dourada. Ao alimentarem-se dos bioflocos, os pepinos-do-mar
permitirão, à partida, que a concentração dos sólidos suspensos não ultrapasse os
níveis suportados pelo Robalo Europeu ou a Dourada. Em termos abióticos, os pepinos-
do-mar são sensíveis a níveis baixos de temperatura (<15) e salinidade (<32pp)
(Domínguez-Godino & González-Wangüemert, 2019), pelo que a sua produção em
IMTA-BFT com M. edulis não será a melhor opção, visto que apresentam necessidades
abióticas diferentes, mas a sua integração com o Robalo Europeu ou a Dourada e com
a Ameijoa Europeia poderá ser uma opção. Neste caso, o Robalo Europeu ou a Dourada
seriam as espécies alimentadas com ração e a ameijoa alimentar-se-ia da matéria
orgânica em suspensão, incluindo os bioflocos, enquanto que o pepino-do-mar
alimentar-se-ia da matéria orgânica presente no sedimento, incluindo os bioflocos.
A integração de macroalgas em sistemas IMTA-BFT também aparenta ser vantajosa,
quer a nível ecológico, como económico. Brito et al. (2014a; 2014b) concluíram que a
produção conjunta de L. vannamei e de algas vermelhas do género Gracilaria ou de
algas verdes do género Ulva num sistema IMTA-BFT permitiu aumentar o crescimento
do camarão, a utilização da ração, e melhorar a qualidade da água, apresentando
menores níveis de TAN, NO2, NO3 e fosfatos, em comparação com os sistemas de
monocultura de camarão em BFT. Estas espécies de macroalgas são endémicas de
Portugal e da Europa e apresentam elevado interesse comercial, principalmente
espécies do género Gracilaria, sendo utilizadas na indústria de ficocolóides (Peng et al.,
2009). Outro género de alga candidato à produção em IMTA-BFT é o género Porphyra,
devido ao seu elevado valor comercial (Silva et al., 2015) e a sua elevada capacidade
de biorremediação (Pereira et al., 2006). Estas espécies podem ser integradas em
sistemas IMTA-BFT e diminuir os níveis de compostos azotados e fosfatados presentes
no sistema, além de, em caso de necessidade, poderem servir como fonte extra de
alimento para os organismos detritívoros, como a tainha ou o pepino-do-mar. Em termos
abióticos, as espécies de algas dos géneros mencionados têm, habitualmente, um
crescimento ótimo a 35ppt de salinidade e toleram diferentes valores de temperatura,
pelo que são ótimas candidatas para a integração em sistemas IMTA-BFT (Raikar et al.,
2001; Choi et al., 2006). Existem espécies que toleram temperaturas mais elevadas,
como G. verrucosa que cresce a 35ºC e G. chorda que tem um crescimento ótimo a 25-
30ºC, enquanto outras espécies toleram temperaturas muito baixas, como P. yessoensis
e U. linza, que crescem a 0ºC (Yamamoto et al., 1991; Choi et al., 2006; Kim et al.,
2010). De um modo geral, a maioria das espécies endémicas de Portugal e da Europa,
como são exemplo, a P. dioica e U. lactuca, têm um crescimento ótimo a temperaturas
FCUP 63
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

entre 10-20ºC (Steffensen, 1976; Raikar et al., 2001; Choi et al., 2006; Pereira et al.,
2006; Kim et al., 2007).
Mediante a informação recolhida, a combinação de espécies sugeridas a serem
produzidas num sistema IMTA-BFT, tendo por base espécies com particular interesse
para a aquacultura Portuguesa e Europeia e os fatores abióticos (temperatura e
salinidade) destas regiões, são as seguintes:

✓ Sparus aurata (Dourada) – Mugil cephalus (Tainha) – Crassostrea gigas (Ostra-


do-Pacífico) – Ulva lactuca (Alface-do-mar)

✓ Dicentrarchus labrax (Robalo Europeu) – Mugil cephalus (Tainha) – C. gigas


(Ostra-do-Pacífico) – Gracilaria birdiae (Alga vermelha)

✓ D. labrax (Robalo Europeu) – Holothuria forskali (Pepino-do-mar) – Ruditapes


decussatus (Ameijoa-Europeia) – Ulva lactuca (Alface-do-mar)

✓ S. aurata (Dourada) – M. cephalus (Tainha) – R. decussatus (Ameijoa-Europeia)


– G. birdiae (Alga vermelha)

✓ D. labrax (Robalo Europeu) – M. cephalus (Tainha) – Mytilus edulis (Mexilhão-


comum) – U. lactuca (Alface-do-mar)

✓ S. aurata (Dourada) – R. decussatus (Ameijoa-Europeia) – Porphyra dioica (Alga


vermelha)

✓ S. aurata (Dourada) – M. galloprovincialis (Mexilhão-do-Mediterrâneo) – H.


arguinensis (Pepino-do-mar) – P. dioica (Alga vermelha)
FCUP 64
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

5. Conclusão e perspetivas futuras


Com o crescente desenvolvimento da aquacultura, acrescem também as preocupações
com a sua sustentabilidade e gestão de recursos, em especial no que toca à eficiência
de utilização dos nutrientes e aos impactos ambientais causados pelos seus efluentes.
Espera-se que a produção em aquacultura seja capaz de aumentar a sua rentabilidade
e de oferecer maior diversidade e qualidade de produtos, enquanto se torna
ecologicamente mais eficiente e sustentável (Da Costa Rainha, 2018).
A Aquacultura Multitrófica Integrada (IMTA) constitui um sistema de produção
alternativo, environmentally friendly, economicamente lucrativo e mais socialmente
aceitável, que satisfaz estas necessidades, mas cuja gestão apresenta ainda alguns
constrangimentos (Barrington et al., 2009; Alexander et al., 2015).
Da mesma forma, a Tecnologia de Biofloco (BFT) é uma técnica de produção de
aquacultura que, não só leva a uma redução dos impactos ambientais, mas também
permite aumentar a produção, a resistência dos organismos a doenças e aumentar os
lucros para os aquacultores, uma vez que permite reduzir o FCR e os custos com
alimentação (Faizullah et al., 2019; Dauda 2020).
A BFT pode ser combinada com produções em IMTA, de forma a permitir uma maior
eficácia no tratamento da água, disponibilidade de alimento e, consequentemente, um
aumento do crescimento e da produção em regime intensivo (Rahman et al., 2008; Crab
et al., 2012). Neste género de sistema de produção, os bioflocos produzidos em BFT
podem servir como alimento para as espécies de diferentes níveis tróficos da produção
em IMTA, permitindo aumentar a eficiência de utilização dos nutrientes e, ao mesmo
tempo, manter a concentração de sólidos suspensos na água em níveis adequados ao
crescimento dos organismos produzidos (La Macchia Pedra et al., 2017). Esta
abordagem permite um uso mais completo dos recursos do que as duas técnicas em
separado (Crab et al., 2012; Liu et al., 2014; Farooqi & Qureshi, 2018), originando uma
maior produtividade e uma maior margem de lucro (Poli et al., 2018; Legarda et al.,
2019).
Apesar da combinação entre IMTA e BFT ser vantajosa do ponto de vista ambiental e
económico, a sua implementação ainda se encontra em investigação e é necessária
mais informação acerca desta complementaridade, nomeadamente se as espécies de
níveis tróficos inferiores (filtradores e detritívoros) conseguem atingir elevadas taxas de
crescimento com a alimentação restrita a bioflocos e aos restos de alimento e fezes
produzidas pelas espécies de nível trófico superior. Além disso, também é necessário
determinar para cada espécie qual a concentração de bioflocos necessária para a sua
FCUP 65
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

produção, de forma a garantir que o volume de bioflocos consumidos não ultrapassa a


taxa de crescimento dos bioflocos, para permitir a manutenção da qualidade da água do
sistema.
Um dos aspetos a ter em conta para que os sistemas IMTA-BFT sejam possíveis a nível
comercial passa por selecionar espécies que apresentem as mesmas necessidades em
termos de fatores abióticos (temperatura e salinidade) e que se complementem nos
diferentes níveis tróficos, de forma a evitar a ocorrência de competição por recursos
(Zamora et al., 2018). Assim, tendo em conta estes fatores e as espécies com especial
interesse para a aquacultura Portuguesa, sugere-se como passo seguinte a realização
de ensaios experimentais que comparem a produção, num sistema IMTA-BFT, de D.
labrax (Robalo Europeu), R. decussatus (Ameijoa-Europeia) e G. birdiae (Alga
vermelha), com a produção num sistema IMTA incluindo as mesmas espécies, e com a
produção em monocultura de Robalo Europeu, de forma a avaliar as produtividades dos
diferentes sistemas.
FCUP 66
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

6. Referências bibliográficas
Abreu, M.H. & Domingues, M.R. (2015). Decoding bioactive polar lipid profile of
the macroalgae Codium tomentosum from a sustainable IMTA system using a lipidomic
approach. Algal Research, 12, 388-397.

Abreu, M.H., Pereira, R., Yarish, C., Buschmann, A.H. & Sousa-Pinto, I.
(2011). IMTA with Gracilaria vermiculophylla: Productivity and nutrient removal
performance of the seaweed in a land-based pilot scale system. Aquaculture, 312(1-4),
77–87.

Abreu, M.H.T., Sousa, P. & Pereira, R.P. (2016). Cultivo Integrado de Gracilaria
nas Aquaculturas da Ria de Aveiro. Relatório Técnico Final - Resumo. Ílhavo. 1 -13 pp.

Ahmad, I., Verma, A.K., Rani, A.M.B., Rathore, G., Saharan, N. & Gora, A.H.
(2016). Growth, non-specific immunity, and disease resistance of Labeo rohita against
Aeromonas hydrophila in biofloc systems using different carbon sources. Aquaculture,
457: 61–67.

Ahmad, I., Rani, A.B., Verma, A.K. & Maqsood, M. (2017). Biofloc technology: an
emerging avenue in aquatic animal healthcare and nutrition. Aquaculture International,
25(3), 1215-1226.

Ajadi, A., Sabri, M.Y., Dauda, A.B., Ina-Salwany, M.Y. & Haslisa, A.H. (2016).
Immunoprophylaxis: a better alternative protective measure against shrimp vibriosis – a
review. PJSRR, 2: 58–69.

Akiyama, D., Doming, W.G. & Lawrence, A.L. (1992) Penaeid shrimp nutrition.
In: Fast AW, Lester LJ (eds) Marine shrimp culture: principles and practices. Elsevier,
Amsterdam, pp 535–568.

Alemayehu, A. (2011). Effect of Feed Quality on Growth Performance and Water


Quality in Cage Culture System for Production of Nile Tilapia [Oreochromis Niloticus,
(Linnaeus, 1758)] in Lake Hora-Arsedi, Ethiopia (Doctoral dissertation, Addis Ababa
University).

Alexander, K.A. & Hughes, A.D. (2017). A problem shared: Technology transfer
and development in European integrated multi-trophic aquaculture (IMTA). Aquaculture,
473, 13-19.
FCUP 67
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Alexander, K., Potts, T., Freeman, S., Israel, D., Johansen, J., Kletou, D., Meland,
M., Pecorino, D., Rebours, C., Shoten, M. & Angel, D. (2015). The implications of
aquaculture policy and regulation for the development of integrated multi-trophic
aquaculture in Europe. Aquaculture, 443, 16-23.

Alonso-Pérez, F., Ysebaert, T. & Castro, C.G. (2010). Effects of suspended


mussel culture on benthic–pelagic coupling in a coastal upwelling system (Ría de Vigo,
NW Iberian Peninsula). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 382(2), 96-
107.

Al-Hafedh, Y.S., Alam, A. & Buschmann, A.H. (2015). Bioremediation potential,


growth and biomass yield of the green seaweed, Ulva lactuca in an integrated marine
aquaculture system at the Red Sea coast of Saudi Arabia at different stocking densities
and effluent flow rates. Reviews in Aquaculture, 6, 1 -11.

Amberg, S.M. & Hall, T.E. (2008). Communicating Risks and Benefits of
Aquaculture: A Content Analysis of US Newsprint Representations of Farmed Salmon.
Journal of the World Aquaculture Society, 39(2), 143-157.

Anand, P.S., Kohli, M.P.S., Kumar, S., Sundaray, J.K., Roy, S.D.,
Venkateshwarlu, G., Sinha, A. & Pailan, G.H. (2014). Effect of dietary supplementation
of biofloc on growth performance and digestive enzyme activities in Penaeus monodon.
Aquaculture, 418, 108-115.

Angel, D. & Freeman, S. (2009). Integrated aquaculture (INTAQ) as a tool for an


ecosystem approach to the marine farming sector in the Mediterranean Sea. In D. Soto
(ed.). Integrated mariculture: a global review. FAO Fisheries and Aquaculture Technical
Paper. No. 529. Rome, FAO. pp. 133-183.

Anonymous, T.T. (2003). Blue revolution, the promise of fish farming: a new way
to feed the world. Economist, August 9, 2993.

Anonymous. (2019). The EU Fish Market 2019 edition is out: everything you
wanted to know about the EU market for fish and seafood [WWW Document]. Fish. -
Eur. Comm. URL https://ec.europa.eu/fisheries/press/eu-fish-market-2019-edition-out-
everythingyou-wanted-know-about-eu-market-fish-and-seafood_en (accessed 4.29.20).

Araújo, M., Rema, P., Sousa-Pinto, I., Cunha, L.M., Peixoto, M.J., Pires, M.A., ...
& Valente, L.M. (2016). Dietary inclusion of IMTA-cultivated Gracilaria vermiculophylla in
rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) diets: effects on growth, intestinal morphology,
FCUP 68
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

tissue pigmentation, and immunological response. Journal of applied phycology, 28(1),


679-689.

Arvanitoyannis, I.S. & Kassaveti, A. (2008). Fish industry waste: treatments,


environmental impacts, current and potential uses. International Journal of Food Science
and Technology, 43(4), 726-745.

Asaduzzaman, M., Wahab, M., Verdegem, M., Mondal, M. & Azim, M. (2009).
Effects of stocking density of freshwater prawn Macrobrachium rosenbergii and addition
of different levels of tilapia Oreochromis niloticus on production in C/N controlled
periphyton based system. Aquaculture, 286: 72–79.

Aubin, J. & Hussenot, J. (2018). Integrated Aquaculture-Agriculture and


agroecology in aquaculture: views from Europe.

Avnimelech, Y. (1999). Carbon/nitrogen ratio as a control element in aquaculture


systems. Aquaculture, 176, 227-235.

Avnimelech, Y. (2006). Bio-filters. The need for a new comprehensive approach.


Aquacultural Engineering, 34, 172–178.

Avnimelech, Y. (2007). Feeding with microbial flocs by tilapia in minimal


discharge bio-flocs technology ponds. Aquaculture, 264:140-147.

Avnimelech, Y. (2009). Biofloc Technology – A practical Guide Book. The World


Aquaculture Society, 272 pp.

Avnimelech, Y. (2012). Biofloc Technology- A Practical Guide Book 2nd ed. The
World Aquaculture Society, Baton Rouge, Louisiana, EUA. 272p.

Avnimelech, Y. (2015). Biofloc Technology, a Practical Guide Book, 3rd Edition,


World Aquaculture Society, 258.

Avnimelech, Y. & Kochba, M. (2009). Evolution of nitrogen uptake and excretion


by tilapia in biofloc tanks, using 15N tracing. Aquaculture, 287:163–168.

Avnimelech, Y., Kochva, M. & Diab, S. (1994). Development of controlled


intensive aquaculture systems with a limited water exchange and adjusted carbon to
nitrogen ratio. Israeli Journal of Aquaculture-Bamidgeh, 46(3), 119-131.
FCUP 69
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Azim, M.E. & Little, D.C. (2008). The biofloc technology (BFT) in indoor tanks:
water quality, biofloc composition, and growth and welfare of Nile tilapia (Oreochromis
niloticus). Aquaculture, 283(1-4), 29-35.

Bakar, N.S.A., Nasir, N.M., Lananan, F., Hamid, S.H.A., Lam, S.S. & Jusoh, A.
(2015). Optimization of C/N ratios for nutrient removal in aquaculture system culturing
African catfish, (Clarias gariepinus) utilizing Bioflocs Technology. International
Biodeterioration & Biodegradation, 102, 100-106.

Barceló-Villalobos, M., Figueroa, F.L., Korbee, N., Álvarez-Gómez, F. & Abreu,


M.H. (2017). Production of mycosporine-like amino acids from Gracilaria vermiculophylla
(Rhodophyta) cultured through one year in an integrated multi-trophic aquaculture
(IMTA) system. Marine Biotechnology, 19(3), 246-254.

Barrett, L.T., Pert, C.G., Bui, S., Oppedal, F. & Dempster, T. (2019). Sterilization
of sea lice eggs with ultraviolet C light: towards a new preventative technique for
aquaculture. Pest Management Science, 76(3), 901-906.

Barrington, K., Chopin, T. & Robinson, S. (2009). Integrated multi-trophic


aquaculture (IMTA) in marine temperate waters. In D. Soto (ed.). Integrated mariculture:
a global review. FAO Fisheries and Aquaculture Technical Paper, Nº 529, 7-46.

Barrington, K., Ridler, N., Chopin, T., Robinson, S. & Robinson, B. (2010). Social
aspects of the sustainability of integrated multi-trophic aquaculture. Aquaculture
International, 18, 201 -211.

Beveridge, M., Briggs, M., Mowat, A., Northcott, M. & Ross, L. (1988) The
function of microbranchiospines in tilapias, in Pullin, R. et al. (eds) The Second
International Symposium on Tilapia in Aquaculture. Manila, Philippines: Department of
Fisheries & International Center for Living Aquatic Resources Management, pp. 311–
317.

Billard, R. & Dabbadie, L. (2017). Production systems in aquaculture. 13pp.

Bordbar, S., Anwar, F. & Saari, N. (2011). High-value components and bioactives
from sea cucumbers for functional foods—A review. Marine Drugs, 9, 1761–1805.

Borges, B.A., Rocha, J.L., Pinto, P.H.O., Zacheu, T., Chede, A.C., Magnotti,
C.C.F., Cerqueira, V.R. & Arana, L.A.V. (2020). Integrated culture of white shrimp
FCUP 70
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Litopenaeus vannamei and mullet Mugil liza on biofloc technology: Zootechnical


performance, sludge generation, and Vibrio spp. reduction. Aquaculture, 735234.

Bossier, P. & Ekasari, J. (2017). Biofloc technology application in aquaculture to


support sustainable development goals. Microbial biotechnology, 10(5), 1012-1016.

Bostock, J., McAndrew, B., Richards, R., Jauncey, K., Telfer, T., Lorenzen, K., ...
& Corner, R. (2010). Aquaculture: global status and trends. Philosophical Transactions
of the Royal Society B: Biological Sciences, 365(1554), 2897-2912.

Boudouresque, C.F. & Verlaque, M. (2013). Paracentrotus lividus. In


Developments in Aquaculture and Fisheries Science (Vol. 38, pp. 297-327). Elsevier.

Boyd, C.E., Torrans, E.L. & Tucker, C.S. (2018). Dissolved oxygen and aeration
in ictalurid catfish aquaculture. Journal of the World Aquaculture Society, 49(1), 7-70.

Bratvold, D. & Browdy, C.L. (2001). Effects of sand sediment and vertical
surfaces (AquaMatsTM) on production, water quality, and microbial ecology in an
intensive Litopenaeus vannamei culture system. Aquaculture, 195(1-2):81-94.

Bregnballe, J. (Eds) (2015). A guide to recirculation aquaculture: an introduction


to the new environmentally friendly and highly productive closed fish farming systems.
The Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) and EUROFISH
International Organisation. 100pp.

Brito, L.O., Arantes, R., Magnotti, C., Derner, R., Pchara, F., Olivera, A. &
Vinatea, L. (2014a). Water quality and growth of Pacific white shrimp Litopenaeus
vannamei (Boone) in co-culture with green seaweed Ulva lactuca (Linaeus) in intensive
system. Aquaculture International, 22(2), 497-508.

Brito, L.O., Arana, L.A.V., Soares, R.B., Severi, W., Miranda, R.H., da Silva,
S.M.B.C., ... & Gálvez, A.O. (2014b). Water quality, phytoplankton composition and
growth of Litopenaeus vannamei (Boone) in an integrated biofloc system with Gracilaria
birdiae (Greville) and Gracilaria domingensis (Kützing). Aquaculture International, 22(5),
1649-1664.

Brito, L.O., Junior, L.C., Abreu, J.L., Severi, W., Moraes, L.B. & Gálvez, A.O.
(2018). Effects of two commercial feeds with high and low crude protein content on the
performance of white shrimp Litopenaeus vannamei raised in an integrated biofloc
FCUP 71
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

system with the seaweed Gracilaria birdiae. Spanish Journal of Agricultural Research,
16(1): 13.

Brown, N., Eddy, S. & Plaud, S. (2011). Utilization of waste from a marine
recirculating fish culture system as a feed source for the polychaete worm, Nereis virens.
Aquaculture, 322-323(C), 177–183.

Bru, S. (2016). Cultivo en suspension activa (Bioflocs): una alternativa para la


piscicultura urbana. Tesis Magister en Ciencias Agrarias. Universidad Nacional de
Colombia Sede Medellin,Facultad de Ciencias Agrarias, Departamento de Produccion
Animal, Colombia.

Brú-Cordero, S.B., Pertúz-Buelvas, V.M., Ayazo-Genes, J.E., Atencio-García,


V.J. & Pardo-Carrasco, S.C. (2017). Bicultivo en biofloc de Cachama bianca- Piaractus
branchypomus- y Tilapia nilótica- Oreochromis niloticus- alimentadas com dietas de
origen vegetal. Revista de la Facultad de Medicina Veterinaria y de Zootecnia, 64(1), 44-
60.

Bruckner, C.G., Bahulikar, R., Rahalkar, M., Schink, B. & Kroth, P.G. (2008).
Bacteria associated with benthic diatoms from Lake Constance: phylogeny and
influences on diatom growth and secretion of extracellular polymeric substances. Applied
and Environmental Microbiology, 74(24):7740–7749.

Buck, B.H., Nevejan, N., Wille, M., Chambers, M.D. & Chopin, T. (2017). Offshore
and multi-use aquaculture with extractive species: seaweeds and bivalves.
In Aquaculture perspective of multi-use sites in the open ocean (pp. 23-69). Springer,
Cham.

Bunting, S.W. (2013). Principles of sustainable aquaculture: promoting social,


economic, and environmental resilience. Routledge.

Burford, M.A., Thompson, P.J., McIntosh, R.P., Bauman, R.H. & Pearson, D.C.
(2003). Nutrient and microbial dynamics in high-intensity, zero-exchange shrimp ponds
in Belize. Aquaculture, 219:393–411.

Burford, M.A., Thompson, P.J., McIntosh, R.P., Bauman, R.H. & Pearson, D.C.
(2004). The contribution of flocculated material to shrimp (Litopenaeus vannamei)
nutrition in a high-intensity, zero exchange system. Aquaculture, 232:525–537.
FCUP 72
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Buschmann, A.H., Varela, D.A., Hernández-González, M.C. & Huovinen, P.


(2008). Opportunities and challenges for the development of an integrated seaweed-
based aquaculture activity in Chile: determining the physiological capabilities of
Macrocystis and Gracilaria as biofilters. Journal of applied phycology, 20:571–577.

Campos, C.V.F. da S., Moraes, L.B.S. de, Farias, R. da S., Severi, W., Brito, L.O.
& Gálvez, A.O. (2019). Phytoplankton communities in aquaculture system (integration of
shrimp and seaweed). Chemistry and Ecology, 1–19.

Cassoma, E.G.V. (2017). Caracterização da microbiota bacteriana associada ao


muco da pele de corvinas (Argyrosomus regius) produzidas em diferentes sistemas
multitróficos integrados (IMTA). Dissertação de mestrado, Universidade do Algarve,
Portugal. 70pp.

Castelar, B., Pontes, M.D., Costa, W.M., Moura, L.C., Dias, G.E., Lundaci, F.S.
& Reis, R.P. (2015). Biofiltering efficiency and productive performance of macroalgae
with potencial for integrated multi-trophic aquaculture (IMTA). Boletim do Instituto da
Pesca, 41, 763-770.

Castro, M.G., Castro, M.J., De Lara, A., Monroy, D.M.C., Ocampo, C.J.A. &
Davila, F.S. (2016). Length, weight, and condition factor comparison of Carassius
auratus (Linnaeus, 1758) juveniles cultured in biofloc system. International Journal of
Fisheries and Aquatic Studies, 4(6):345-350.

Castro-Nieto, L.M., Castro-Barrera, T., Lara-Andrade, R., Castro Mejía, J. &


Castro-Mejía, G. (2012). Biofloc systems: a technological breakthrough in aquaculture.
El Hombre y su Ambiente, 1(1), 1-5.

Chamberlain, G. & Rosenthal, H. (1995). Aquaculture in the next century:


opportunities for growth, challenges of sustainability. World Aquaculture, 26(1), 21-25.

Chaudhary, D.S., Vigneswaran, S., Ngo, H.H., Shim, W.G. & Moon, H. (2003).
Biofilter in water and wastewater treatment. Korean Journal of Chemical Engineering,
20(6), 1054.

Chávez-Crooker, P. & Obreque-Contreras, J. (2010). Bioremediation of


aquaculture wastes. Current Opinion in Biotechnology, 21, 313–317.

Chen, S., Ling, J. & Blancheton, J.P. (2006). Nitrification kinetics of biofilm as
affected by water quality factors. Aquacultural Engineering, 34: 179–197.
FCUP 73
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Choi, H.G., Kim, Y.S., Kim, J.H., Lee, S.J., Park, E.J., Ryu, J. & Nam, K.W.
(2006). Effects of temperature and salinity on the growth of Gracilaria verrucosa and G.
chorda, with the potential for mariculture in Korea. In Eighteenth International Seaweed
Symposium (pp. 43-51). Springer, Dordrecht.

Chopin, T. (2006). Integrated Multi-Trophic Aquaculture. What it is and why you


should care... and don't confuse it with polyculture. Northern Aquaculture, 12, 4.

Chopin, T. (2015). Marine Aquaculture in Canada: Well-Established


Monocultures of Finfish and Shellfish and an Emerging Integrated Multi-Trophic
Aquaculture (IMTA) Approach Including Seaweeds, Other Invertebrates, and Microbial
Communities. Fisheries, 40(1), 28–31.

Chopin, T., Buschmann, A.H., Halling, C., Troell, M., Kautsky, N., Neori, A. &
Neefus, C. (2001). Integrating seaweeds into marine aquaculture systems: A key toward
sustainability. Journal of Phycology, 37(6), 975-986.

Chopin, T., Robinson, S.M.C., Troell, M., Neori, A., Buschmann, A. & Fang, J.G.
(2008). Ecological engineering: multi-trophic integration for sustainable marine
aquaculture.

Chopin, T., Robinson, S.M.C., Troell, M., Neori, A., Buschmann, A.H. & Fang, J.
(2008). Multitrophic integration for sustainable marine aquaculture. In: Jørgensen, S.E.,
Fath, B.D. (Eds.), The Encyclopedia of Ecology, Ecological Engineering, vol. 3. Elsevier,
Oxford, pp. 24.

Chopin, T., Cooper, J., Reid, G., Cross, S. & Moore, S. (2012). Open water
integrated multi-trophic aquaculture: environmental biomitigation and economic
diversification of fed aquaculture by extractive aquaculture. Reviews in Aquaculture, 4,
209–220.

Chu, C. & Lee, D. (2004). Multiscale structures of biological flocs. Chemical


Engineering Science, 59, 1875-1883.

Collazos-Lasso, L.F. & Arias-Castellanos, J.A. (2015). Fundamentos de la


tecnología biofloc (BFT). Una alternativa para la piscicultura en Colombia. Una revisión.
Orinoquia, 19(1), 77-86.

Colloca, F. & Cerasi, S. (2005). Cultured aquatic species information programme,


Sparus aurata. In: FAO Fisheries and Aquaculture Department. Rome.
FCUP 74
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Colt, J. (2006). Water quality requirements for reuse systems. Aquacultural


Engineering, 34 (3), 143–156.

Contreras‐Sillero, M.E., Pacheco‐Vega, J.M., Valdez‐González, F.J., De La Paz


Rodríguez, G., Cadena‐Roa, M.A., Bautista‐Covarrubias, J.C. & Godínez‐Siordia, D.E.
(2020). Polyculture of White shrimp (Penaeus vannamei) and sea cucumber (Holothuria
inornata) in a biofloc system. Aquaculture Research, 00:1–11.

Cook, E.J. & Kelly, M.S. (2007). Enhanced production of the sea urchin
Paracentrotus lividus in integrated open-water cultivation with Atlantic salmon Salmo
salar. Aquaculture, 273(4), 573-585.

Courtland, S. (1999). Recirculating system technology for shrimp maturation.


ADVOCATE, 75.

Crab, R. (2010). Bioflocs technology: an integrated system for the removal of


nutrients and simultaneous production of feed in aquaculture. PhD thesis, Ghent
University, 178pp.

Crab, R., Avnimelech, Y., Defoirdt, T., Bossier, P. & Verstraete, W. (2007).
Nitrogen removal techniques in aquaculture for a sustainable production. Aquaculture,
270: 1–14.

Crab, R., Kochva, M., Verstraete, W. & Avnimelech, Y. (2009). Bioflocs


technology application in over-wintering of tilapia. Aquacultural Engineering, 40:105-112.

Crab, R., Lambert, A. & Defoirdt, T. (2010). The application of bioflocs technology
to protect brine shrimp, Artemia franciscana from pathogenic Vibrio harveyi. Journal of
Applied Microbiology, 5:1643–1649.

Crab, R., Defoirdt, T., Bossier, P. & Verstraete, W. (2012). Biofloc technology in
aquaculture: beneficial effects and future challenges. Aquaculture, 356, 351-356.

Craig, S. & Helfrich, L.A. (2002). Understanding Fish Nutrition, Feeds and
Feeding (Publication 420–256). Virginia Cooperative Extension, Yorktown (Virginia). 4
pp.

Craig, S., Helfrich, L.A., Kuhn, D. & Schwarz, M.H. (2017). Understanding fish
nutrition, feeds, and feeding. Virginia Cooperative Extension, Yorktown (Virginia). 6 pp.
FCUP 75
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Cubillo, A.M., Ferreira, J.G., Robinson, S.M.C., Pearce, C.M., Corner, R.A. &
Johansen, J. (2016). Role of deposit feeders in integrated multi-trophic aquaculture — A
model analysis. Aquaculture, 453, 54–66.

Cunha, M.E., Quental-Ferreira, H., Ribeiro, L., Moreira, M., Soares, F., Caetano,
M. & Ferreira, P.P. (2016). Aquacultura multi-trófica integrada em tanques de terra.
Relatório Científico Técnico do IPMA (http://ipma. pt) nº, 13.

Cunha, M.E., Quental-Ferreira, H., Parejo, A., Gamito, S., Ribeiro, L., Moreira,
M., Monteiro, I., Soares, F. & Pousão-Ferreira, P. (2019). Understanding the individual
role of fish, oyster, phytoplankton and macroalgae in the ecology of integrated production
in earthen ponds. Aquaculture, 512, 734297.

Custódio, M., Villasante, S., Cremades, J., Calado, R. & Lillebø, A.I. (2017).
Unravelling the potential of halophytes for marine integrated multi-trophic aquaculture
(IMTA) a perspective on performance, opportunities, and challenges. Aquaculture
Environment Interactions, 9, 445-460.

Da Costa Rainha, P.A. (2018). Produção de Espécies Endémicas da Costa Norte


Portuguesa em Aquacultura Multitrófica Integrada (IMTA). Tese de Mestrado,
Universidade do Porto, Portugal, 103pp.

Da Silva, K.R., Wasielesky, W. & Abreu, P.C. (2013). Nitrogen and phosphorus
dynamics in the biofloc production of the Pacific white shrimp Litopenaeus vannamei.
The World Aquaculture Society, 44:30–41.

Dauda, A.B. (2020). Biofloc technology: a review on the microbial interactions,


operational parameters and implications to disease and health management of cultured
aquatic animals. Reviews in Aquaculture, 12(2), 1193-1210.

Dauda, A.B., Romano, N., Ebrahimi, M., Karim, M., Natrah, I., Kamarudin, M.S.
& Ekasari, J. (2017). Different carbon sources affect biofloc volume, water quality and
the survival and physiology of African catfish Clarias gariepinus fingerlings reared in an
intensive biofloc technology system. Fisheries science, 83(6), 1037-1048.

Dauda, A.B., Romano, N., Ebrahimi, M., Teh, J.C., Ajadi, A., Chong, C. et al.
(2018). Influence of carbon/nitrogen ratios on biofloc production and biochemical
composition and subsequent effects on the growth, physiological status and disease
resistance of African catfish (Clarias gariepinus) cultured in glycerol-based biofloc
system. Aquaculture, 483: 120–130.
FCUP 76
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Day, S.B., Salie, K. & Stander, H.B. (2016). A growth comparison among three
commercial tilapia species in a biofloc system. Aquaculture International, 24(5):1309-
1322.

De Muylder, E., Claessens, L. & Herizi, M. (2010). Production of shrimp


Litopenaeus vannamei without marine proteins in a biofloc system. Biofloc Production-
Aquafeed Winter. Publication, Aquafeed Magazine, 1 -3.

De Paula Nascente, E., Chagas, S.R., Pessoa, A.V.C., Matos, M.P.C., Andrade,
M.A. & Pascoal, L.M. (2019). Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e
perspectivas em medicina veterinária. PUBVET, 13, 130.

De Schryver, P., Crab, R., Defoirdt, T., Boon, N. & Verstraete, W. (2008). The
basics of bioflocs technology: the added value for aquaculture. Aquaculture, 277, 125–
137.

De Schryver, P., Boon, N., Verstraete, W. & Bossier, P. (2012). The biology and
biotechnology behind bioflocs. In: Avnimelech Y, editor. Biofloc Technology - a practical
guidebook, 2nd ed., The World Aquaculture Society, Baton Rouge, Louisiana, USA. pp.
217-230.

De Lima, P.C.M., da Silva, A.E.M., da Silva, D.A., da Silva, S.M.B.C., Brito, L.O.
& Gálvez, A.O. (2020). Effect of stocking density of Crassostrea sp. in a multitrophic
biofloc system with Litopenaeus vannamei in nursery. Aquaculture, 735913.

De Souza, D.M., Suita, S.M., Romano, L.A., Wasielesky, W. & Ballester, E.L.C.
(2014). Use of molasses as a carbon source during the nursery rearing of
Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817) in a Biofloc technology system.
Aquaculture Resources, 45:270–277.

Decamp, O., Cody, J., Conquest, L., Delanoy, G. & Tacon, A.G.J. (2003). Effect
of salinity on natural community and production of Litopenaeus vannamei (Boone) within
experimental zero-water exchange culture systems. Aquaculture Research, 34:345-355.

Defoirdt, T., Halet, D., Vervaeren, H., Boon, N., Van de Wiele, T., Sorgeloos, P.,
... & Verstraete, W. (2007). The bacterial storage compound poly‐β‐hydroxybutyrate
protects Artemia franciscana from pathogenic Vibrio campbellii. Environmental
microbiology, 9(2), 445-452.
FCUP 77
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Domingues, B., Abreu, M.H. & Sousa-Pinto, I. (2014). On the bioremediation


efficiency of Mastocarpus stellatus (Stackhouse) Guiry, in an integrated multi-trophic
aquaculture system. Journal of Applied Phycology, 27(3), 1289-1295.

Domínguez-Godino, J.A. & González-Wangüemert, M. (2019). Assessment of


Holothuria arguinensis feeding rate, growth and absorption efficiency under aquaculture
conditions. New Zealand Journal of Marine and Freshwater Research, 53(1), 60-76.

Doncato, K.B. & Costa, C.S.B. (2020). Micronutrient supplementation needs for
halophytes in saline aquaponics with BFT system water. Aquaculture, 735815.

Dos Santos, M.J.P.L. (2016). Smart cities and urban areas — aquaponics as
innovative urban agriculture. Urban For Urban Green, 20:402−406.

Eagle, J., Naylor, R. & Smith, W. (2004). Why farm salmon outcompete fishery
salmon. Marine Policy, 28(3), 259–270.

Ebeling, J.M., Timmons, M.B. & Bisogni, J.J. (2006). Engineering analysis of the
stoichiometry of photoautotrophic, autotrophic, and heterotrophic removal of ammonia-
nitrogen in aquaculture systems. Aquaculture, 257, 346–358.

Edwards, P. (2015). Aquaculture environment interactions: Past, present, and


likely future trends. Aquaculture, 447, 2-14.

Ekasari, J., Crab, R. & Verstraete, W. (2010). Primary nutritional content of


bioflocs cultured with different organic carbon sources and salinity. HAYATI Journal of
Biosciences, 17: 125–130.

Ekasari, J., Azhar, M.H., Surawidjaja, E.H., Nuryati, S., De Schryver, P. &
Bossier, P. (2014). Immune response and disease resistance of shrimp fed biofloc grown
on different carbon sources. Fish & Shellfish Immunology, 41: 332–339.

Ekasari, J., Rivandi, D.R., Firdausi, A.P., Surawidjaja, E.H., Zairin Jr, M., Bossier,
P. & De Schryver, P. (2015). Biofloc technology positively affects Nile tilapia
(Oreochromis niloticus) larvae performance. Aquaculture, 441, 72-77.

Ekasari, J., Suprayudi, M.A., Wiyoto, W., Hazanah, R.F., Lenggara, G.S.,
Sulistiani, R., Alkahfia, M. & Zairin Jr, M. (2016). Biofloc technology application in African
catfish fingerling production: the effects on the reproductive performance of broodstock
and the quality of eggs and larvae. Aquaculture, 464, 349-356.
FCUP 78
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

El‐Sayed, A.F.M. (2020). Use of biofloc technology in shrimp aquaculture: a


comprehensive review, with emphasis on the last decade. Reviews in Aquaculture, 1-
30.

Emerenciano, M., Avnimelech, Y., Gonzalez, R., Leon, A.T.D., Cuzon, G. &
Gaxiola, G. (2009). Effect of biofloc technology (BFT) in ectoparasite control in Nile tilapia
Oreochromis niloticus culture. CD of Abstracts of World Aquaculture Society Meeting,
Veracruz, Veracruz, Mexico.

Emerenciano, M., Ballester, E.L.C., Cavalli, R.O. & Wasielesky, W. (2011). Effect
of biofloc technology (BFT) on the early post larval stage of pink shrimp Farfantepenaeus
paulensis: growth performance, floc composition and salinity stress tolerance.
Aquaculture International, 19:891–901.

Emerenciano, M., Cuzon, G., Goguenheim, J. & Gaxiola, G. (2012) Floc


contribution on spawning performance of blue shrimp Litopenaeus stylirostris.
Aquaculture Resources, 44(1):75–85.

Emerenciano, M., Gaxiola, G. & Cuzon, G. (2013). Biofloc technology (BFT): a


review for aquaculture application and animal food industry. In Biomass now-cultivation
and utilization. InTech. Rijeka Croatia, 301 –328.

Emerenciano, M., Cuzon, G., Arevalo, M. & Gaxiola, G. (2014). Biofloc


technology in intensive broodstock farming of the pink shrimp Farfantepenaeus
duorarum: spawning performance, biochemical composition, and fatty acid profile of
eggs. Aquaculture Research, 45(10):1713–1726.

Emerenciano, M., Martinez-Córdova, L.R., Martínez-Porchas, M. & Miranda-


Baeza, A. (2017). Biofloc technology (BFT): a tool for water quality management in
aquaculture. Water Quality; InTech: London, UK, 91-109.

European Commission. (2016). Facts and Figures on the Common Fisheries


Policy. Fisheries, 56pp.

Faizullah, M.M., Rajagopalsamy, C.B.T., Ahilan, B. & Daniel, N. (2019).


Application of biofloc technology (BFT) in the aquaculture system. Journal of Entomology
and Zoology Studies, 7(4): 204-212.

FAO. (1995). Code of Conduct for Responsible Fisheries. FAO, Rome, Italy. 41
pp.
FCUP 79
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

FAO. (2009). Integrated Mariculture A Global Review. FAO Fisheries and


Aquaculture Technical Paper, 529, 1–194.

FAO. (2014). Food and Agriculture Organization of the United Nations Rome,
Italy: Food and Agriculture Organization of the United Nations 201. 161pp.

FAO. (2018). The State of World Fisheries and Aquaculture 2018 - Meeting the
sustainable development goals. Rome. 227pp.

FAO. (2020). The State of World Fisheries and Aquaculture 2020. Sustainability
in action. Rome. 224pp.

Farooqi, F.S. & Qureshi, W.U.H. (2018). Biofloc technology in aquaculture.


Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, 7(6), 1905-1909.

FEAP Annual Report. (2016). FEAP Annual Report (pp. 1–38).

Fernandez-Gonzalez, V., Toledo-Guedes, K., Valero-Rodriguez, J.M., Agraso,


M.D.M. & Sanchez-Jerez, P. (2018). Harvesting amphipods applying the integrated
multitrophic aquaculture (IMTA) concept in off-shore areas. Aquaculture, 489, 62-69.

Ferreira, H.A.Q. (2017). Produção integrada de corvinas (Argyrosomus regius) e


ostras (Crassostrea gigas) em tanques de terra (Doctoral dissertation).

Ferreira, J., Saurel, C. & Ferreira, J. (2012). Cultivation of gilthead bream in


monoculture and integrated multi-trophic aquaculture. Analysis of production and
environmental effects by means of the FARM model. Aquaculture, 358-359, 23-34.

Franca, C.E.X.V. (2019). Estágio na Aquacultura Safiestela. Dissertação de


Mestrado, Universidade do Porto, Portugal, 47pp.

Furtado, P.S., Poersch, L.H. & Wasielesky, W.Jr. (2011). Effect of calcium
hydroxide, carbonate and sodium bicarbonate on water quality and zootechnical
performance of shrimp Litopenaeus vannamei reared in bio-flocs technology (BFT)
systems. Aquaculture, 321: 130–135.

Gao, L., Shan, H.W., Zhang, T.W., Bao, W.Y. & Ma, S. (2012). Effects of
carbohydrate addition on Litopenaeus vannamei intensive culture in a zero-water
exchange system. Aquaculture, 342–343, 89–96.
FCUP 80
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Gentry, R.R., Lester, S.E., Kappel, C.V., White, C., Bell, T.W., Stevens, J. &
Gaines, S.D. (2017). Offshore aquaculture: spatial planning principles for sustainable
development. Ecology and evolution, 7(2), 733-743.

Graber, A. & Junge, R. (2009). Aquaponic systems: nutrient recycling from fish
wastewater by vegetable production. Desalination, 246:147−156.

Granada, L., Sousa, N., Lopes, S. & Lemos, M.F. (2015). Is integrated
multitrophic aquaculture the solution to the sectors’ major challenges? – a review.
Reviews in Aquaculture, 8(3), 283-300.

Granada, L., Lopes, S., Novais, S.C. & Lemos, M.F. (2018). Modelling integrated
multi-trophic aquaculture: Optimizing a three trophic level system. Aquaculture, 495, 90-
97.

Green, B.W. & Mc Entire, M.E. (2017). Comparative water quality and channel
catfish production in earthen ponds and a biofloc technology production system. Journal
of Applied Aquaculture, 29(1):1-15.

Guilherme, S., Crespo, R., Azevedo, D., Marques, A., Santos, M.A., Serradeiro,
R. & Pacheco, M. (2019). DNA and chromosomal damage in Senegalese sole (Solea
senegalensis) as side effects of ozone-based water treatment-Contribution to
optimization of fish-farming practices. Comparative Biochemistry and Physiology Part C:
Toxicology & Pharmacology, 219, 68-76.

Gunning, D., Maguire, J. & Burnell, G. (2016). The development of sustainable


saltwater-based food production systems: a review of established and novel concepts.
Water, 8(12), 598.

Gutierrez-Wing, M.T. & Malone, R.F. (2006). Biological filters in aquaculture:


trends and research directions for freshwater and marine applications. Aquacultural
Engineering, 34 (3), 163–171.

Gutiérrez, E., Lozano, S. & Guillén, J. (2020). Efficiency data analysis in EU


aquaculture production. Aquaculture, 520, 734962.

Hagopian, D.S. & Riley, J.G. (1998). A closer look at the bacteriology of
nitrification. Aquacultural Engineering, 18, 223–244.
FCUP 81
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Hakanson, L. (2006). The relationship between salinity, suspended particulate


matter and water clarity in aquatic systems. Ecological Research, 21,75-90.

Handå, A., Min, H., Wang, X., Broch, O.J. & Reitan, K.I. (2012). Incorporation of
fish feed and growth of blue mussels (Mytilus edulis) in close proximity to salmon (Salmo
salar) aquaculture: Implications of integrated multi-trophic aquaculture in Norwegian
coastal waters. Aquaculture, 356-357, 328-341.

Handå, A., Forbord, S., Wang, X., Broch, O.J., Dahle, S.W., Størseth, T.R., ... &
Skjermo, J. (2013). Seasonal-and depth-dependent growth of cultivated kelp
(Saccharina latissima) in close proximity to salmon (Salmo salar) aquaculture in Norway.
Aquaculture, 414, 191-201.

Hapsari, F. (2016). The effect of fermented and non-fermented biofloc inoculated


with bacterium Bacillus cereus for catfish (Clarias gariepinus) juveniles. Aquaculture,
Aquarium, Conservation & Legislation, 9(2), 334-339.

Hargreaves, J.A. (1998). Nitrogen biogeochemistry of aquaculture ponds.


Review. Aquaculture, 166, 181-212.

Hargreaves, J.A. (2006). Photosynthetic suspended-growth systems in


aquaculture. Aquaculture Engineering, 34, 344-363.

Hargreaves, J.A. (2013). Biofloc Production Systems for Aquaculture. Southern


Regional Aquaculture Center, 4503, 1 –12.

Hari, B., Kurup, B.M., Varghese, J.T., Schrama, J.H. & Verdegem, M.C.J. (2004).
Effects of carbohydrate addition on production in extensive shrimp culture system.
Aquaculture, 241:179-194.

Hernández, I., Martínez-Aragon, J.F., Tovar, A., Pérez-Lloréns, J.L. & Vergara,
J.J. (2002). Biofiltering efficiency in removal of dissolved nutrients by three species of
estuarine macroalgae cultivated with sea bass (Dicentrarchus labrax) waste waters 2.
Ammonium. Journal of Applied Phycology, 14, 375-384.

Hernández, I., Pérez-Pastor, A., Vergara, J., Martínez-Aragon, J., Fernández-


Engo, M.A. & Pérez-Lloréns, J. (2006). Studies on the biofiltration capacity of
Gracilariopsis longissima: from microscale to macroscale. Aquaculture, 252: 43-53.
FCUP 82
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

His, E., Robert, R. & Dinet, A. (1989). Combined effects of temperature and
salinity on fed and starved larvae of the Mediterranean mussel Mytilus galloprovincialis
and the Japanese oyster Crassostrea gigas. Marine biology, 100(4), 455-463.

Hisano, H., Barbosa, P.T., Hayd, L.A. & Mattioli, C.C. (2019). Evaluation of Nile
tilapia in monoculture and polyculture with giant freshwater prawn in biofloc technology
system and in recirculation aquaculture system. International Aquatic Research, 11(4),
335-346.

Hodar, A.R., Vasava, R.J., Mahavadiya, D.R. & Joshi, N.H. (2020). Fish meal
and fish oil replacement for aqua feed formulation by using alternative sources: a review.
Journal of Experimental Zoology, India, 23(1), 13-21.

Holdt, S.L. & Edwards, M.D. (2014). Cost-effective IMTA: a comparison of the
production efficiencies of mussels and seaweed. Journal of applied phycology, 26(2),
933-945.

Hollender, J., van der Krol, D., Kornberger, L., Gierden, E. & Dott, W. (2002).
Effect of different carbon sources on the enhanced biological phosphorus removal in a
sequencing batch reactor. World Journal of Microbiology and Biotechnology, 18 (4), 355–
360.

Hostins, B., Braga, A., Lopes, D.L.A., Wasielesky, W. & Poersch, L.H. (2015).
Effect of temperature on nursery and compensatory growth of pink shrimp
Farfantepenaeus brasiliensis reared in a super-intensive biofloc system. Aquacultural
Engineering, 66:62–67.

Hughes, A.D., Corner, R.A., Cocchi, M., Alexander, K.A., Freeman, S., Angel, D.,
Chiantore, M., et al. (2016). Beyond Fish Monoculture - Developing Integrated Multi-
trophic Aquaculture in Europe: 43pp.

Huntingford, F.A., Adams, C., Braithwaite, V.A., Kadri, S., Pottinger, T.G.,
Sandøe, P. & Turnbull, J.F. (2006). Current issues in fish welfare. Journal of fish
biology, 68(2), 332-372.

Izquierdo, M., Forster, I., Divakaran, S., Conquest, L., Decamp, O. & Tacon, A.
(2006). Effect of green and clear water and lipid source on survival, growth, and
biochemical composition of Pacific white shrimp Litopenaeus vannamei. Aquaculture
Nutrition, 12:192–202.
FCUP 83
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Jannathulla, R., Rajaram, V., Kalanjiam, R., Ambasankar, K., Muralidhar, M. &
Dayal, J.S. (2019). Fishmeal availability in the scenarios of climate change: Inevitability
of fishmeal replacement in aquafeeds and approaches for the utilization of plant protein
sources. Aquaculture Research, 50(12), 3493-3506.

Jeffries, E. (2017). Seafood and the Mediterranean: Local Tastes, Global


Markets. EU Mediteranean: WWF.

Ju, Z.Y., Forster, I., Conquest, L. & Dominy, W. (2008). Enhanced growth effects
on shrimp, Litopenaeus vannamei from inclusion of whole shrimp floc or floc fractions to
a formulated diet. Aquaculture Nutrition, 14:533-543.

Kasan, N.A., Said, S.M., Ghazali, N.A., Hashim, N.F.C., Ibrahim, Z. & Amin, N.M.
(2015). Application of biofloc in aquaculture: An evaluation of flocculating activity of
selected bacteria from biofloc. In Beneficial Microorganisms in Agriculture, Aquaculture
and Other Areas (pp. 165-182). Springer, Cham.

Kautsky, N. (1982). Growth and size structure in a Baltic Mytilus edulis


population. Marine Biology, 68(2), 117-133.

Kavitha, K., Suneetha, K. & Darwin, C.H. (2017). Biofloc Technology an


Innovative Aquaculture System for Sustainable Growth. International Journal of
Multidisciplinary Educational Research, 8(2):189-199.

Khan, M.A., Parrish, C.C. & Shahidi, F. (2006). Effects of environmental


characteristics of aquaculture sites on the quality of cultivated Newfoundland blue
mussels (Mytilus edulis). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 54(6), 2236-2241.

Khanjani, M.H., Sajjadi, M.M., Alizadeh, M. & Sourinejad, I. (2017). Nursery


performance of Pacific white shrimp (Litopenaeus vannamei, Boone, 1931) cultivated in
a biofloc system: the effect of adding different carbon sources. Aquaculture Research,
48(4): 1491-501.

Kibria, A.S.M. & Haque, M.M. (2018). Potentials of integrated multi-trophic


aquaculture (IMTA) in freshwater ponds in Bangladesh. Aquaculture Reports, 11, 8–16.

Kim, J.K., Kraemer, G.P., Neefus, C.D., Chung, I.K. & Yarish, C. (2007). Effects
of temperature and ammonium on growth, pigment production and nitrogen uptake by
four species of Porphyra (Bangiales, Rhodophyta) native to the New England
coast. Journal of Applied Phycology, 19(5), 431.
FCUP 84
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Kim, J.H., Kang, E.J., Park, M.G., Lee, B.G. & Kim, K.Y. (2011). Effects of
temperature and irradiance on photosynthesis and growth of a green-tide-forming
species (Ulva linza) in the Yellow Sea. Journal of Applied Phycology, 23(3), 421-432.

Kim, S.K., Pang, Z., Seo, H.C., Cho, Y.R., Samocha, T. & Jan, I.K. (2014). Effect
of bioflocs on growth and immune activity of Pacific white shrimp, Litopenaeus vannamei
post larvae. Aquaculture Research, 45: 362–371.

Kleitou, P., Kletou, D. & David, J. (2018). Is Europe ready for integrated multi
trophic aquaculture? A survey on the perspectives of European farmers and scientists
with IMTA experience. Aquaculture, 490, 136–148.

Klinger, D. & Naylor, R. (2012). Searching for Solutions in Aquaculture: Charting


and Sustainable Course. Annual Review of Environment and Resources, 37, 247– 276.

Knowler, D., Chopin, T., Martínez‐Espiñeira, R., Neori, A., Nobre, A., Noce, A. &
Reid, G. (2020). The economics of Integrated Multi‐Trophic Aquaculture: where are we
now and where do we need to go?. Reviews in Aquaculture, 1-16.

Kokou, F., Rigos, G., Henry, M., Kentouri, M. & Alexis, M. (2012). Growth
performance, feed utilization and non-specific immune response of gilthead sea bream
(Sparus aurata L.) fed graded levels of a bioprocessed soybean meal. Aquaculture, 364-
365, 74-81.

Krishna, C. & Van Loosdrecht, M.C.M. (1999). Effect of temperature on storage


polymers and settleability of activated sludge. Water Research, 33: 2374–2382.

Krummenauer, D., Peixoto, S., Cavalli, R.O., Poersch, L.H. & Wasielesky Jr, W.
(2011). Super intensive culture of white shrimp, Litopenaeus vannamei, in a biofloc
technology system in southern Brazil at different stocking densities. Journal of the World
Aquaculture Society, 42(5), 726-733.

Krummenauer, D., Samocha, T., Poersch, L., Lara, G. & Wasielesky Jr, W.
(2014). The reuse of water on the culture of Pacific white shrimp, Litopenaeus vannamei,
in BFT system. Journal of the World Aquaculture Society, 45(1), 3-14.

Kuhn, D.D., Boardman, G.D., Craig, S.R., Flick Jr, G.J. & McLean, E. (2008). Use
of microbial flocs generated from tilapia effluent as a nutritional supplement for shrimp,
Litopenaeus vannamei, in recirculating aquaculture systems. Journal of the World
Aquaculture Society, 39(1), 72-82.
FCUP 85
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Kuhn, D.D., Boardman, G.D., Lawrence, A.L., Marshm, L. & Flick, G.J. (2009).
Microbial floc meals as a replacement ingredient for fish meal and soybean protein in
shrimp feed. Aquaculture, 296: 51-57.

Kuhn, D.D., Lawrence, A.L., Boardman, G.D., Patnaik, S., Marsh, L. & Flick, G.J.
(2010). Evaluation of two types of bioflocs derived from biological treatment of fish
effluent as feed ingredients for Pacific white shrimp, Litopenaeus vannamei.
Aquaculture, 303: 28-33.

Kumar, S., Anand, P.S.S., De, D., Sundaray, J.K., Raja, R.A., Biswas, G.,
Ponniah, A.G., Ghoshal, T.K., Deo, A.D., Panigrahi, A. & Muralidhar, M. (2014). Effects
of carbohydrate supplementation on water quality, microbial dynamics, and growth
performance of giant tiger prawn (Penaeus monodon). Aquaculture International, 22:
901–912.

Kumar, S., Anand, P.S.S., De D., Deo, A.D., Ghoshal, T.K. & Sundaray, J.K.
(2017). Effects of biofloc under different carbon sources and protein levels on water
quality, growth performance and immune responses in black tiger shrimp Penaeus
monodon (Fabricius, 1978). Aquaculture Research, 48: 1168–1182.

La Macchia Pedra, A.G., Ramlov, F., Maraschin, M. & Hayashi, L. (2017).


Cultivation of the red seaweed Kappaphycus alvarezii with effluents from shrimp
cultivation and brown seaweed extract: Effects on growth and secondary metabolism.
Aquaculture, 479, 297–303.

Lafferty, K.D., Harvell, C.D., Conrad, J.M., Friedman, C.S., Kent, M.L., Kuris,
A.M., …, & Saksida, S.M. (2015). Infectious diseases affect marine fisheries and
aquaculture economics. Annual Review of Marine Science, 7, 471–496.

Lander, T.R., Robinson, S.M.C., MacDonald, B.A. & Martin, J.D. (2012).
Enhanced Growth Rates and Condition Index of Blue Mussels (Mytilus edulis) Held at
Integrated Multitrophic Aquaculture Sites in the Bay of Fundy. Journal of Shellfish
Research, 31(4), 997–1007.

Landman, M.J., Van Den Heuvel, M.R. & Ling, N. (2005). Relative sensitivities of
common freshwater fish and invertebrates to acute hypoxia. New Zealand Journal of
Marine and Freshwater Research, 39 (5), 1061–1067.

Lee, C.S. (2019). Challenges and opportunities of IMTA in Hawaii and beyond.
Bull. Jap. Fish. Res. Edu. Agen. No, 49, 134.
FCUP 86
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Lee, M.K. & Yoo, S.H. (2014). The role of the capture fisheries and aquaculture
sectors in the Korean national economy: An input-output analysis. Marine Policy, 44,
448–456.

Legarda, E.C., Poli, M.A., Martins, M.A., Pereira, S.A., Martins, M.L., Machado,
C., de Lorenzo, M.A. & do Nascimento Vieira, F. (2019). Integrated recirculating
aquaculture system for mullet and shrimp using biofloc technology. Aquaculture, 512,
734308.

Lekang, O.I. (2013). Aquaculture engineering, second edition. John Wiley &
Sons.

Leonard, N., Blancheton, J.P. & Guiraud, J.P. (2000). Populations of


heterotrophic bacteria in an experimental recirculating aquaculture system. Aquacultural
Engineering, 22(1):109–120.

Leston, S., Nunes, M., Viegas, I., Lemos, M.F.L., Freitas, A., Barbosa, J., et al.
(2011). The effects of the nitrofuran furaltadone on Ulva lactuca. Chemosphere, 82(7),
1010–1016.

Li, S. (1987). Energy structure and efficiency of a typical chinese integrated fish
farm. Aquaculture, 65:105–118.

Li, J.W., Dong, S.L., Gao, Q.F., Wang, F. & Tian, X.L. (2014). Total organic
carbon budget of integrated aquaculture system of sea cucumber Apostichopus
japonicus, jellyfish Rhopilema esculenta and shrimp Fenneropenaeus chinensis.
Aquaculture Research, 45:1825–1831.

Li, M., Callier, M.D., Blancheton, J.P., Galès, A., Nahon, S., Triplet, S., Geoffoy,
T., Menniti, C., Fouilland, E. & Roque D'Orbcastel, E. (2019). Bioremediation of fishpond
effluent and production of microalgae for an oyster farm in an innovative recirculating
integrated multi-trophic aquaculture system. Aquaculture, 504, 314-325.

Liu, L., Hu, Z., Dai, X. & Avnimelech, Y. (2014). Effects of addition of maize starch
on the yield, water quality and formation of bioflocs in an integrated shrimp culture
system. Aquaculture, 418, 79-86.

Liu, G., Zhu, S., Liu, D., Guo, X. & Ye, Z. (2017). Effects of stocking density of
the white shrimp Litopenaeus vannamei (Boone) on immunities, antioxidant status, and
FCUP 87
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

resistance against Vibrio harveyi in a biofloc system. Fish & Shellfish Immunology, 67,
19-26.

Liu, G., Zhu, S., Liu, D. & Ye, Z. (2018). Effect of the C/N ratio on inorganic
nitrogen control and the growth and physiological parameters of tilapias fingerlings,
Oreochromis niloticus reared in biofloc systems. Aquaculture Research, 49(7), 2429-
2439.

Liu, H., Li, H., Wei, H., Zhu, X., Han, D., Jin, J., ... & Xie, S. (2019). Biofloc
formation improves water quality and fish yield in a freshwater pond aquaculture system.
Aquaculture, 506, 256-269.

Long, L., Yang, J., Li, Y., Guan, C. & Wu, F. (2015). Effect of biofloc technology
on growth, digestive enzyme activity, hematology, and immune response of genetically
improved farmed tilapia (Oreochromis niloticus). Aquaculture, 448: 135–141.

López-Pérez, D., Jiménez, A., Rodriguez, A., Morales, D., Vivas, V., Martínez, J.
et al. (2013). Morfología interna y externa del pez Oreochromis niloticus, Universidad
Juárez Autónoma de Tabasco, División Académica de Ciencias Biológicas, Villa-
hermosa Tabasco. pp. 1–9.

Lunstrum, A., McGlathery, K. & Smyth, A. (2018). Oyster (Crassostrea virginica)


aquaculture shifts sediment nitrogen processes toward mineralization over
denitrification. Estuaries Coast., 41, 1130–1146.

Luo, G., Wang, C., Liu, W., Sun, D., Li, L. & Tan, H. (2014). Growth, digestive
activity, welfare, and partial cost-effectiveness of genetically improved farmed tilapia
(Oreochromis niloticus) cultured in a recirculating aquaculture system and an indoor
biofloc system. Aquaculture, 422–423:1–7.

Luo, G., Zhang, N., Cai, S., Tan, H. & Liu, Z. (2017). Nitrogen dynamics, bacterial
community composition and biofloc quality in biofloc-based systems cultured
Oreochromis niloticus with poly-β-hydroxybutyric and polycaprolactone as external
carbohydrates. Aquaculture, 479:732-741.

Lutz, C.G. (2003). Polyculture: principles, practices, problems, and promise.


Aquaculture Magazine, 29: 34–39.
FCUP 88
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Maar, M., Saurel, C., Landes, A., Dolmer, P. & Petersen, J.K. (2015). Growth
potential of blue mussels (M. edulis) exposed to different salinities evaluated by a
Dynamic Energy Budget model. Journal of Marine Systems, 148, 48-55.

MacDonald, C.L., Stead, S.M. & Slater, M.J. (2013). Consumption and
remediation of European Seabass (Dicentrarchus labrax) waste by the sea cucumber
Holothuria forskali. Aquaculture International, 21(6), 1279-1290.

MAGRAMA. (2015). Datos de producción de acuicultura. Available at:


www.magrama.gob. es/app/jacumar/datos_produccion/datos_produccion.aspx

Maicá, P.F., de Borba, M.R. & Wasielesky Jr, W. (2012). Effect of low salinity on
microbial floc composition and performance of Litopenaeus vannamei (Boone) juveniles
reared in a zero‐water‐exchange super‐intensive system. Aquaculture Research, 43(3),
361-370.

Maicá, P.F., de Borba, M.R., Martins, T.G. & Wasielesky, W.Jr. (2014). Effect of
salinity on performance and body composition of Pacific white shrimp juveniles reared in
a super-intensive system. Revista Brasileira de Zootecnia, 43: 343–350.

Mann, R., Burreson, E.M. & Baker, P.K. (1991). The decline of the Virginia oyster
fishery in Chesapeake Bay considerations for introduction of a non-endemic species,
Crassostrea gigas (Thunberg, 1793). Journal of Shellfish Research, 10(2), 379.

Mao, Y., Yang, H., Zhou, Y., Ye, N. & Fang, J. (2009). Potential of the seaweed
Gracilaria lemaneiformis for integrated multi-trophic aquaculture with scallop Chlamys
farreri in north China. Journal of applied phycology, 21:649–656.

Marinho, G., Nunes, C., Sousa-Pinto, I., Pereira, R., Rema, P. & Valente, L.M.
(2013). The IMTA-cultivated Chlorophyta Ulva spp. as a sustainable ingredient in Nile
tilapia (Oreochromis niloticus) diets. Journal of applied phycology, 25(5), 1359-1367.

Marques, H.L.A., New, M.B., Boock, M.V., Barros, H.P., Mallasen, M. & Valenti,
W.C. (2016). Integrated freshwater prawn farming: State-of-the-art and future potential.
Reviews in Fisheries Science and Aquaculture, 24 (3), 264–293.

Marques, J.F.N. (2015). Caracterização do perfil biotecnológico de Dilsea


carnosa. Ensaios de cultivo em IMTA, Análise do conteúdo coloidal, Quantificação de
potencial bioativo. Dissertação de mestrado, Universidade de Coimbra, Portugal. 161pp.
FCUP 89
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Martínez-Aragon, J.F., Hernández, I., Pérez-Lloréns, J.L., Vásquez, R. &


Vergara, J.J. (2002). Biofiltering efficiency in removal of dissolved nutrients by three
species of estuarine macroalgae cultivated with sea bass (Dicentrarchus labrax) waste
waters. 1. Phosphate. Journal of Applied Phycology, 14, 365-374.

Martinez, B., Viejo, R.M., Rico, J.M., Rodde, R.H., Faes, V.A., Oliveros, J. &
Álvarez, D. (2006). Open sea cultivation of Palmaria palmata (Rhodophyta) on the
northern Spanish coast. Aquaculture, 254: 376-387.

Martínez-Cordova, L.R. & Martínez-Porchas, M. (2006). Polyculture of Pacific


white shrimp, Litopenaeus vannamei, giant oyster, Crassostrea gigas and black clam,
Chione fluctifraga in ponds in Sonora. Mexico. Aquaculture, 258, 321–326.

Martínez-Córdova, L.R., Martínez-Porchas, M., Emerenciano, M.G.C., Miranda


Baeza, A. & Gollas-Galván, T. (2017). From microbes to fish the next revolution in food
production. Critical Reviews in Biotechnology, 37(3), 287-295.

Martínez-Espiñeira, R., Chopin, T., Robinson, T., Noce, A., Knowler, D. & Yip, W.
(2015). Estimating the biomitigation benefits of Integrated Multi-Trophic Aquaculture: A
contingent behavior analysis. Aquaculture, 437, 182–194.

Martínez-Porchas, M. & Martínez-Córdova, L.R. (2012). World aquaculture:


environmental impacts and troubleshooting alternatives. The Scientific World Journal.

Martins, A.M.P., Heijnen, J.J. & Van Loosdrecht, M.C.M. (2003). Effect of
dissolved oxygen concentration on sludge settleability. Applied Microbiology and
Biotechnology, 62(5–6): 586–593.

Martins, S. (2017). Implementação de um Sistema Experimental em Aquacultura


Multitrófica Integrada (IMTA). Tese de Mestrado, Universidade do Porto, Portugal,
110pp.

Martins, G.B., Tarouco, F., Rosa, C.E. & Robaldo, R.B. (2017). The utilization of
sodium bicarbonate, calcium carbonate or hydroxide in biofloc system: water quality,
growth performance and oxidative stress of Nile tilapia (Oreochromis niloticus).
Aquaculture, 468:10–17.

Mata, L., Silva, J., Schuenoff, A. & Santos, R. (2006). The effects of light and
temperature on the photosynthesis of the Asparagopsis armata tetrasporophyte
(Falkenbergia rufolanosa), cultivated in tanks. Aquaculture, 252: 12-19.
FCUP 90
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Matias, D.D.C.C. (2013). Establishment of environmental and biological bases to


optimise the production of the European clam Ruditapes decussatus (Linnaeus, 1758).
Tese de Doutoramento, Universidade Nova de Lisboa. 200pp.

Matos, J., Costa, S., Rodrigues, A., Pereira, R. & Sousa-Pinto, I. (2006).
Experimental integrated aquaculture of fish and red seaweeds in Northern Portugal.
Aquaculture, 252: 31-42.

McKindsey, C.W., Archambault, P., Callier, M.D. & Olivier, F. (2011). Influence of
suspended and off-bottom mussel culture on the sea bottom and benthic habitats: a
review. Canadian Journal of Zoology, 89(7), 622-646.

Megahed, M.E. (2010). The effect of microbial biofloc on water quality, survival,
and growth of the green tiger shrimp (Penaeus semisulcatus) fed with different crude
protein levels. Journal of the Arabian Aquaculture Society, 5(2), 119-142.

Mendoza-López, D.G., Castañeda-Chávez, M.R., Lango-Reynoso, F., Galaviz-


Villa, I., Montoya-Mendoza, J., Ponce-Palafox, J.T., Esparza-Leal, H.M. & Arenas-
Fuentes, V. (2017). The effect of biofloc technology (BFT) on water quality in white
shrimp Litopenaeus vannamei culture: A review. Revista Bio Ciencias, 4(4), 15.

Mikkelsen, L.H., Gotfredsen, A.K., Agerbaek, M.L., Nielsen, P.H. & Keiding, K.
(1996). Effects of colloidal stability on clarification and dewatering of activated sludge.
Water Scientific Technology, 34 (3–4), 449–457.

Milewski, I. & Smith, R.E. (2019). Sustainable aquaculture in Canada: Lost in


translation. Marine Policy, 107, 103571.

Milstein, A., Anvimelech, Y., Zoran, M. & Joseph, D. (2001). Growth performance
of hybrid bass and hybrid tilapia in conventional and active suspension intensive ponds.
Bamidgeh, 53:147–157.

Mishra, J.K., Samocha, T.M., Patnaik, S., Speed, M., Gandy, R.L. & Ali, A.M.
(2008). Performance of an intensive nursery system for the Pacific white shrimp,
Litopenaeus vannamei, under limited discharge condition. Aquacultural engineering,
38(1), 2-15.

Molloy, S.D., Pietrak, M.R., Bricknell, I. & Bouchard, D.A. (2013). Experimental
transmission of infectious pancreatic necrosis virus from the blue mussel, Mytilus edulis,
FCUP 91
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

to cohabitating Atlantic Salmon (Salmo salar) smolts. Applied and environmental


microbiology, 79(19), 5882-5890.

Mondal, A., Chakravortty, D., Mandal, S., Bhattacharyya, S.B. & Mitra, A. (2015).
Feeding ecology and prey preference of grey mullet, Mugil cephalus (Linneaus, 1758) in
extensive brackish water farming system. Journal of Marine Science Research &
Development, 6(1), 1-5.

Monroy-Dosta, M.D.C., Lara-Andrade, D., Castro-Mejía, J., Castro-Mejía, G. &


Coelho-Emerenciano, M.G. (2013). Composición y abundancia de comunidades
microbianas asociadas al biofloc en un cultivo de tilapia. Revista de biología marina y
oceanografía, 48(3), 511-520.

Moreira, I.S., Peres, H., Couto, A., Enes, P. & Oliva-Teles, A. (2008).
Temperature and dietary carbohydrate level effects on performance and metabolic
utilization of diets in European sea bass (Dicentrarchus labrax) juveniles. Aquaculture,
274(1), 153-160.

Moutinho, S., Martínez-Llorens, S., Tomás-Vidal, A., Jover-Cerdá, M., Oliva-


Teles, A. & Peres, H. (2017). Meat and bone meal as partial replacement for fish meal
in diets for gilthead seabream (Sparus aurata) juveniles: Growth, feed efficiency, amino
acid utilization, and economic efficiency. Aquaculture, 468, 271-277.

Murray, A.G. & Munro, L.A. (2018). The growth of Scottish salmon (Salmo salar)
aquaculture 1979–2016 fits a simple two-phase logistic population model. Aquaculture,
496, 146-152.

Najdegerami, E.H., Bakhshi, F. & Lakani, F.B. (2016). Effects of biofloc on growth
performance, digestive enzyme activities and liver histology of common carp Cyprinus
carpio L. fingerlings in zero-water exchange system. Fish Physiology Biochemistry,
42(2):457-465.

Näsström, L. (2020). Concerning the Viability of Offshore Integrated Multi-Trophic


Aquaculture (IMTA), and the Possibility for its Optimization. SJÄLVSTÄNDIGT ARBETE
I MARINBIOLOGI, 15hp, VTcd, Stockholms universitet.

Naylor, R. & Burke, M. (2005). Aquaculture and ocean resources: raising tigers
of the sea. Annual Review of Environment and Resources, 30, 185-218.
FCUP 92
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Naylor, R., Williams, S.L. & Strong, D.R. (2001). Aquaculture – A gateway for
exotic species. Science, 294, 1655–1666.

Neori, A., Shpigel, M. & Ben-Ezar, D. (2000). A sustainable integrated system for
culture of fish, seaweed, and abalone. Aquaculture, 186, 279-291.

Neori, A., Chopin, T., Troell, M., Buschmann, A.H., Kraemer, G.P., Halling, C.,
Shpigel, M. & Yarish, C. (2004). Integrated aquaculture: rationale, evolution and state of
the art emphasizing seaweed biofiltration in modern mariculture. Aquaculture, 231(1-4),
361-391.

Neori, A., Troell, M., Chopin, T., Yarish, C., Critchley, A. & Buschmann, A. (2007).
The Need for a Balanced Ecosystem Approach to Blue Revolution. Environment:
Science and Policy for Sustainable Development, 49(3), 36-43.

Neori, A., Shpige, M., Guttman, L. & Israel, A. (2017). Development of polyculture
and integrated multi-trophic aquaculture (IMTA) in Israel: a review. The Israeli Journal of
Aquaculture - Bamidgeh,19pp.

Neupane, P., Adhikari, M., Thapa, M.K. & Pandeya, A.K. (2020). Bio-Floc
Technology: Prospects & Challenges in Fish Farming of Nepal. International Journal of
Applied Sciences and Biotechnology, 8(2), 140-145.

New, M.B. & Valenti, W.C. (2017). Tilapia-macrobrachium polyculture. Tilapia in


Intensive Co-culture, First Edition. Edited by Peter W. Perschbacher and Robert R.
Stickney. John Wiley & Sons, Ltd, 156-185.

Nobre, A.M., Robertson-Andersson, D., Neori, A. & Sankar, K. (2010).


Ecological–economic assessment of aquaculture options: Comparison between abalone
monoculture and integrated multi-trophic aquaculture of abalone and seaweeds.
Aquaculture, 360, 106-126.

Nunes, A.J.P., Sa, M.V.C., Andriola-Neto, F.F. & Lemos, D. (2006). Behavioural
response to selected feed attractants and stimulants in Pacific white shrimp, Litopenaeus
vannamei. Aquaculture, 260: 244–254.

Oehmen, A., Yuan, Z., Blackall, L.L. & Keller, J. (2004). Short-term effects of
carbon source on the competition of polyphosphate accumulating organisms and
glycogen accumulating organisms. Water Science and Technology, 50 (10), 139–144.
FCUP 93
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Ogello, E.O., Musa, S.M., Aura, C.H., Abwao, J.O. & Muuguti, J.M. (2014). An
appraisal of the feasibility of tilapia production in pond using biofloc technology.
International Journal of Aquatic Science, 5(1):21-39.

Okabe, S. & Watanabe, Y. (2000). Structure and function of growth culture


evaluation of Daphnia magna feed with Saccharomyces cerevisiae enrichment with oat
soy nitrifying biofilms as determined by in situ hybridization and the presence of
microelectrodes. Water Science and Technology, 42:21-32.

Oladejo, A.J. (2010). Economic analysis of small-scale catfish farming in Ido


Local Government area of Oyo state, Nigeria. Agricultural Journal, 5(6), 318-321.

Otoshi, C.A., Naguwa, S.S., Falesch, F.C. & Moss, S.M. (2007). Shrimp behavior
may affect culture performance at super-intensive stocking densities. Global Aquaculture
Advocate, 2, 67-69.

Otoshi, C.A., Tang, L.R., Moss, D.R., Arce, S.M., Holl, C.M. & Moss, S. (2009).
Performance of Pacific white shrimp, Litopenaeus vannamei, cultured in biosecure,
super intensive, recirculating aquaculture systems. BROWDY, CL; JORY, DE. The rising
tide-proceedings of the special session on sustainable shrimp farming. Baton Rouge:
World Aquaculture Society.

Ottinger, M., Clauss, K. & Kuenzer, C. (2016). Aquaculture: Relevance,


distribution, impacts and spatial assessments – A review. Ocean & Coastal
Management, 119, 244–266.

Park, M., Shin, S.K., Do, Y.H., Yarish, C. & Kim, J.K. (2018). Application of open
water integrated multi-trophic aquaculture to intensive monoculture: a review of the
current status, and challenges in Korea. Aquaculture, 497, 174-183.

Peharda, M., Župan, I., Bavčević, L., Frankić, A. & Klanjs̆ček, T. (2007). Growth
and condition index of mussel Mytilus galloprovincialis in experimental integrated
aquaculture. Aquaculture Research, 38(16), 1714-1720.

Peng, C., Hong-BO, S., Di, X. & Song, Q. (2009). Progress in Gracilaria biology
and developmental utilization: main issues and prospective. Reviews in Fisheries
Science, 17:494–504.
FCUP 94
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Pereira, R., Yarish, C. & Sousa-Pinto, I. (2006). The influence of stocking density,
light and temperature on the growth, production, and nutrient removal capacity of
Porphyra dioica (Bangiales, Rhodophyta). Aquaculture, 252: 66-78.

Peres, H. & Oliva-Teles, A. (1999). Effect of dietary lipid level on growth


performance and feed utilization by European seabass juveniles (Dicentrarchus labrax).
Aquaculture, 179, 325–334.

Perez-Fuentes, J.A., Perez-Rostro, C.I. & Hernandez-Vergara, M.P. (2013).


Pond-reared Malaysian prawn Macrobrachium rosenbergii with the biofloc system.
Aquaculture, 400, 105-110.

Pérez-Fuentes, J.A., Hernández-Vergara, M.P., Pérez-Rostro, C.I. & Fogel, I.


(2016). C: N ratios affect nitrogen removal and production of Nile tilapia Oreochromis
niloticus raised in a biofloc systems under high density cultivation. Aquaculture, 452:247–
251.

Pérez-Rostro, C.I., Pérez-Fuentes, J.A. & Hernández-Vergara, M.P. (2014).


Biofloc, a technical alternative for culturing Malaysian prawn Macrobrachium
rosenbergii. Sustainable aquaculture techniques, 267-283.

Phulia, V., Mandal, B., Bera, A., Singh, S., Das, R. & Jamwal, A. (2012). Factors
controlling biofloc characteristics. World aquaculture, 43, 57-59.

Piedrahita, R.H. (2003). Reducing the potential environmental impact of tank


aquaculture effluents through intensification and recirculation. Aquaculture, 226, 35–44.

Pinheiro, I., Arantes, R., Espírito Santo, C.M., Nascimento Vieira, F., Lapa, K.R.,
Gonzaga, L.V., Fett, R., Barcelos-Oliveira, J.L. & Seiffert, W.Q. (2017). Production of the
halophyte Sarcocornia ambigua and Pacific white shrimp in an aquaponic system with
biofloc technology. Ecological Engineering, 100, 261 –267.

Pinho, S.M., Molinari, D., de Mello, G.L., Fitzsimmons, K.M. & Emerenciano,
M.G.C. (2017). Effluent from a biofloc technology (BFT) tilapia culture on the aquaponics
production of different lettuce varieties. Ecological Engineering, 103, 146-153.

Polanco, J.F. & Bjorndal, T. (2017). Aquaculture diversification in Europe: The


Kingdom of Spain and the Kingdom of Norway. In Planning for aquaculture
diversification: the importance of climate change and other drivers, p. 37–49.
FCUP 95
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Poli, M.A., Legarda, E.C., de Lorenzo, M.A., Martins, M.A. & do Nascimento
Vieira, F. (2018). Pacific white shrimp and Nile tilapia integrated in a biofloc system under
different fish-stocking densities. Aquaculture, 498, 83-89.

Poli, M.A., Legarda, E.C., de Lorenzo, M.A., Pinheiro, I., Martins, M.A., Seiffert,
W.Q. & do Nascimento Vieira, F. (2019). Integrated multitrophic aquaculture applied to
shrimp rearing in a biofloc system. Aquaculture, 511, 734274.

Powell, A. & Scolding, J.W. (2018). Direct application of ozone in aquaculture


systems. Reviews in Aquaculture, 10(2), 424-438.

Prabu, D.L., Ebeneezar, S., Chandrasekar, S. & Hussain, A. (2020). Nutrition and
Feeding of Farmed Marine Finfishes. Fish Nutrition And Its Relevance To Human Health,
46-78.

Prajith, K. (2011). Application of Biofloc Technology (BFT) in the nursery rearing


and farming of giant freshwater prawn, Macrobrachium rosenbergii (De Man). Thesis
Doctor of Philosophy in Aquaculture Cochin University of Science and Technology,
Kocho – 682016.

Prajith, K.K. & Madhusoodana, K.B. (2011). Application of Biofloc Technology


(BFT) in the nursery rearing and farming of giant freshwater prawn, Macrobrachium
rosenbergii (deMan) (Doctoral dissertation, Cochin University of Science and
Technology).

Rahman, M.M., Nagelkerke, L.A.J., Verdegem, M.C.J., Wahab, M.A. & Verreth,
J.A.J. (2008). Relationships among water quality, food resources, fish diet and fish
growth in polyculture ponds: a multivariate approach. Aquaculture, 275, 108–115.

Raikar, S.V., Lima, M. & Fujita, Y. (2001). Effect of temperature, salinity and light
intensity on the growth of Gracilaria spp. (Gracilariales, Rhodophyta) from Japan,
Malaysia and India. Indian Journal of Marine Sciences, Vol.30, 98-104.

Rajkumar, M., Pandey, P.K., Aravind, R., Vennila, A., Bharti, V. &
Purushothaman, C.S. (2016). Effect of different biofloc system on water quality, biofloc
composition and growth performance in Litopenaeus vannamei (Boone, 1931).
Aquaculture Research, 47: 3432–3444.
FCUP 96
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Rakocy, J., Masser, M.P. & Losordo, T. (2016). Recirculating aquaculture tank
production systems: aquaponics-integrating fish and plant culture. Division of Agricultural
Sciences and Natural Resources - Oklahoma State University. 16pp.

Ray, A.J., Lewis, B.L., Browdy, C.L. & Leffler, J.W. (2010). Suspended solids
removal to improve shrimp (Litopenaeus vannamei) production and an evaluation of a
plant-based feed in minimal-exchange, super intensive culture systems. Aquaculture,
299(1-4), 89-98.

Ray, A.J., Dillon, K.S. & Lotz, J.M. (2011). Water quality dynamics and shrimp
(Litopenaeus vannamei) production in intensive, mesohaline culture systems with two
levels of biofloc management. Aquaculture Engineering, 45:127–136.

Ray, A.J., Drury, T. & Cecil, A. (2017). Comparing clearwater RAS and Biofloc
systems: shrimp (Litopenaeus vannamei) production, water quality, and biofloc
nutritional contributions estimated using stable isotopes. Aquaculture engineering, 77: 9-
14.

Ray, A.J. & Lotz, J.M. (2014). Comparing a chemoautotrophic-based biofloc


system and three heterotrophic-based systems receiving different carbohydrate sources.
Aquacultural Engineering, 63, 54-61.

Reid, G.K., Liutkus, M., Bennett, A., Robinson, S.M.C., MacDonald, B. & Page,
F. (2010). Absorption efficiency of blue mussels (Mytilus edulis and M. trossulus) feeding
on Atlantic salmon (Salmo salar) feed and fecal particulates: Implications for integrated
multi-trophic aquaculture. Aquaculture, 299(1-4), 165–169.

Reid, G.K., Cranford, P.J., Robinson, S.M.C., Filgueira, R. & Guyondet, T. (2011).
Open-water integrated multi-trophic aquaculture (IMTA): modelling the shellfish
component. Bull Aquacult Assoc Canada, 109, 3-12.

Reinoso, S. (2016). Desempeno productivo del Policultivo Macrobrachium sp y


Oreochromis sp en un sistema cero recâmbios tipo “Biofloc”. Revista de Investigacion
Pecuaria. Colombia, 131: 132.

Remane, A. & Schlieper, C. (1971). Biology of Brackish Water. John Wiley and
sons, New York, pp. 1–972.
FCUP 97
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Ren, J.S., Stenton-Dozey, J., Plew, D.R., Fang, J. & Gall, M. (2012). An
ecosystem model for optimising production in integrated multitrophic aquaculture
systems. Ecological Modelling, 246, 34-46.

Ribeiro, P.C. (2019). Utilization of novel sustainable feed materials in aquafeeds


towards the fortification of gilthead seabream (Sparus aurata). Tese de Mestrado,
Universidade do Porto, Portugal, 60pp.

Richard, M., Archambault, P., Thouzeau, G., & Desrosiers, G. (2007). Summer
influence of 1 and 2 yr old mussel cultures on benthic fluxes in Grande-Entrée lagoon,
Îles-de-la-Madeleine (Québec, Canada). Marine ecology progress series, 338, 131-143.

Ridler, N., Wowchuk, M., Robinson, B., Barrington, K., Chopin, T., Robinson, S.,
… Boyne-Travis, S. (2007). Integrated Multi-Trophic Aquaculture (IMTA): A potential
strategic choice for farmers. Aquaculture Economics & Management, 11, 99–110.

Riisgård, H.U., Lüskow, F., Pleissner, D., Lundgreen, K. & López, M.Á.P. (2013).
Effect of salinity on filtration rates of mussels Mytilus edulis with special emphasis on
dwarfed mussels from the low-saline Central Baltic Sea. Helgoland Marine Research,
67(3), 591-598.

Robinson, G., Caldwell, G.S., Jones, C.L. & Stead, S.M. (2019). The effect of
resource quality on the growth of Holothuria scabra during aquaculture waste
bioremediation. Aquaculture, 499, 101-108.

Rocha, A.F. (2012). Avaliação do potencial de criação de juvenis de tainhas Mugil


hospes e Mugil liza em sistema de bioflocos. Tese (Doutorado) – Programa de Pós
Graduação em Aquicultura. Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande. 114pp.

Rodrigues, C.G., Engle, C., Garcia Neto, B.F., Amorim, R.V. & Valenti, W.C.
(2019). The effect of choice of targeted market, production scale, and land tenure on the
economics of integrated tilapia-prawn production. Aquaculture Economics &
Management, 23(2), 204-217.

Rodríguez, E., González, M., Caride, B., Lamas, M.A. & Taboada, M.C. (2000).
Nutritional value of Holothuria forskali protein and effects on serum lipid profile in rats.
Journal of physiology and biochemistry, 56, 39–44.

Romano, N., Dauda, A.B., Ikhsan, N., Karim, M. & Kamarudin, M.S. (2018).
Fermenting rice bran as a carbon source for biofloc technology improved the water
FCUP 98
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

quality, growth, feeding efficiencies and biochemical composition of African catfish


Clarias gariepinus juveniles. Aquaculture Research, 49: 3691– 3701.

Rosa, J., Lemos, M.F., Crespo, D., Nunes, M., Freitas, A., Ramos, F., Pardal,
M.Â. & Leston, S. (2020). Integrated multitrophic aquaculture systems–Potential risks for
food safety. Trends in Food Science & Technology, 96, 79-90.

Rosenberry, B. (2007). Steven Serfling, a tribute. Shrimp News International.

Sakkaravarthi, K. & Sankar, G. (2015). Identification of effective organic carbon


for biofloc shrimp culture system. Journal of Biological Sciences, 15: 144–149.

Salehizadeh, H., Van Loosdrecht, M.C.M. (2004). Production of


polyhydroxyalkanoates by mixed culture: recent trends and biotechnological
importance. Biotechnology advances, 22 (3), 261–279.

Samocha, T.M., Patnaik, S., Speed, M., Ali, A.M., Burger, J.M., Almeida, R.V. et
al. (2007). Use of molasses as carbon source in limited discharge nursery and grow-out
systems for Litopenaeus vannamei. Aquacultural Engineering, 36:184-191.

Sanderson, J.C., Dring, M.J., Davidson, K. & Kelly, M.S. (2012). Culture, yield
and bioremediation potential of Palmaria palmata (Linnaeus) Weber & Mohr and
Saccharina latissima (Linnaeus) C.E. Lane, C. Mayes, Druehl & G.W. Saunders adjacent
to fish farm cages in northwest Scotland. Aquaculture, 354–355, 128–135.

Sarà, G., Zenone, A. & Tomasello, A. (2009). Growth of Mytilus galloprovincialis


(Mollusca, Bivalvia) close to fish farms: a case of integrated multi-trophic aquaculture
within the Tyrrhenian Sea. Hydrobiologia, 636(1), 129–136.

Sasikumar, G. & Viji, C.S. (2015). Integrated Multi-Trophic Aquaculture Systems


(IMTA).

Schuenhoff, A., Mata, L. & Santos, R. (2006). The tetrasporophyte of


Asparagopsis armata as a novel seaweed biofilter. Aquaculture, 252: 3-11.

Schveitzer, R., Arantes, R., Costodio, P.F.S., Santo, C.M.D., Arana, L.V., Seiffert,
W.Q. & Andreatta, E.R. (2013). Effect of different biofloc levels on microbial activity,
water quality and performance of Litopenaeus vannamei in a tank system operated with
no water exchange. Aquaculture Engineering, 56:59–70.
FCUP 99
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Serra, F.P., Gaona, C.A.P., Furtado, P.S., Poersch, L.H. & Wasielesky, W.
(2015). Use of different carbon sources for the biofloc system adopted during the nursery
and grow out culture of Litopenaeus vannamei. Aquaculture International, 23: 1325–
1339.

Shainee, M., Haskins, C., Ellingsen, H. & Leira, B.J. (2012). Designing offshore
fish cages using systems engineering principles. Systems Engineering, 15, 396–406.

Shi, H., Zheng, W., Zhang, X., Zhu, M. & Ding, D. (2013). Ecological-economic
assessment of monoculture and integrated multi-trophic aquaculture in Sanggou Bay of
China. Aquaculture, 410-411, 172–178.

Shpigel, M., Ari, T.B., Shauli, L., Odintsov, V. & Ben-Ezra, D. (2016). Nutrient
recovery and sludge management in seabream and grey mullet co-culture in Integrated
Multi-Trophic Aquaculture (IMTA). Aquaculture, 464, 316–322.

Shpigel, M., Shauli, L., Odintsov, V., Ashkenazi, N. & Ben-Ezra, D. (2018). Ulva
lactuca biofilter from a land-based integrated multi trophic aquaculture (IMTA) system as
a sole food source for the tropical sea urchin Tripneustes gratilla elatensis. Aquaculture,
496: 221–231.

Shuve, H., Caines, E., Ridler, N., Chopin, T., Reid, G.K., Sawhney, M.,
Lamontagne, J., Szemerda, M., Marvin, R., Powell, F. & Robinson, S. (2009). Survey
finds consumers support integrated multitrophic aquaculture. Effective Marketing
Concept Key. Global Aquaculture Advocate, 12(2), 22-23.

Shyne, A.P.S., Kumar, S., Kohli, M.P., Sundaray, J.K., Sinha, A., Pailan, G.H. &
Dam, R.S. (2017). Dietary biofloc supplementation in black tiger shrimp, Penaeus
monodon: effects on immunity, antioxidant, and metabolic enzyme activities.
Aquaculture Research, 48(8): 4512-23.

Silva, D.M., Valente, L.M.P., Sousa-Pinto, I., Pereira, R., Pires, M.A., Seixas, F.
& Rema, P. (2015). Evaluation of IMTA-produced seaweeds (Gracilaria, Porphyra, and
Ulva) as dietary ingredients in Nile tilapia, Oreochromis niloticus L., juveniles. Effects on
growth performance and gut histology. Journal of Applied Phycology, 27(4), 1671-1680.

Sinha, A.K., Baruah, K. & Bossier, P. (2008). Horizon Scanning: the potential use
of biofloc as an anti-infective strategy in aquaculture – an overview. Aquaculture Health
International, 13:8-10.
FCUP 100
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Siskey, M. & Baldwin, R. (2011). Integrated Multi-Trophic Aquaculture. Sea


Grant, TECH 797; University of New Hampshire.

Smith, J.C. & Sanderson, S.L. (2013). Particle retention in suspension-feeding


fish after removal of filtration structures. Zoology, 116(6), 348-355.

Somerville, C., Cohen, M., Pantanella, E., Stankus, A. & Lovatelli, A. (2014).
Small-scale aquaponic food production. Integrated fish and plant farming. Fisheries and
Aquaculture Technical Paper 589. FAO, Rome. 288pp.

Sontakke, R. & Haridas, H. (2018). Economic viability of biofloc based system for
the nursery rearing of milkfish (Chanos chanos). International Journal of Current
Microbiology and Applied Sciences, 7, 2960-2970.

Soto, D. (2009). Integrated mariculture: a global review (No. 529). Food and
Agriculture Organization of the United Nations (FAO). 194pp.

Southgate, P. & Lucas, J. (Eds.). (2011). The pearl oysters. Elsevier.

Steffensen, D.A. (1976). The effect of nutrient enrichment and temperature on


the growth in culture of Ulva lactuca L. Aquatic botany, 2, 337-351.

Sterling, A.M., Cross, S.F. & Pearce, C.M. (2016). Co-culturing green sea urchins
(Strongylocentrotus droebachiensis) with mussels (Mytilus spp.) to control biofouling at
an integrated multi-trophic aquaculture site. Aquaculture, 464, 253-261.

Suneetha, K., Kavitha, K. & Darwin, C.H. (2018). Biofloc Technology: An


emerging tool for sustainable aquaculture. International Journal of Zoology Studies, 3(1),
87-90.

Suneetha, K. & Padmavathi, P. (2019). Sustainable Aquaculture through


Recycling of Waste Nutrients using Biofloc Technology. International Journal of Basic
and Applied Research.

Taboada, M.C., González, M. & Rodríguez, E. (2003). Value and effects on


digestive enzymes and serum lipids of the marine invertebrate Holothuria forskali.
Nutrition research, 23, 745–758.

Tacon, A.G.J., Cody, J.J., Conquest, L.D., Divakaran, S., Forster, I.P. & Decamp,
O.E. (2002). Effects of culture system on the nutrition and growth performance of Pacific
FCUP 101
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

white shrimp Litopenaeus vannamei (Boone) fed different diets. Aquaculture Nutrition,
8:121- 137.

Timmons, M.B. & Ebeling, J.M. (2010). Recirculating Aquaculture. NRAC


Publication No. 401. Ithaca, NY, 948 pp.

Timmons, M.B., Ebeling, J.M., Wheaton, F.W., Summerfelt, S.T. & Vinci, B.J.
(2002). Recirculating Aquaculture Systems, 2nd edn, p. 769. Cayuga Aqua Ventures,
New York, NY.

Tomasso, J.R. (1994). Toxicity of nitrogenous wastes to aquaculture animals.


Reviews in Fisheries Science, 2(4), 291–314.

Torres, M.A., Barros, M.P., Campos, S.C.G., Pinto, E., Rajamani, S., Sayre, R.T.
& Colepicolo, P. (2008). Biochemical biomarkers in algae and marine pollution: a review.
Ecotoxicology and Environmental Safety, 71(1), 1–15.

Troell, M., Joyce, A., Chopin, T., Neori, A., Buschmann, A.H. & Fang, J.G. (2009).
Ecological engineering in aquaculture - Potential for integrated multi-trophic aquaculture
(IMTA) in marine offshore systems. Aquaculture, 297, 1–9.

Troell, M., Naylor, R.L., Metian, M., Beveridge, M., Tyedmers, P.H., Folke, C., ...
& Gren, Å. (2014). Does aquaculture add resilience to the global food system?.
Proceedings of the National Academy of Sciences, 111(37), 13257-13263.

Ulloa Walker, D.A., Morales Suazo, M.C. & Emerenciano, M.G.C. (2020). Biofloc
technology: principles focused on potential species and the case study of Chilean river
shrimp Cryphiops caementarius. Reviews in Aquaculture, 1–24.

Valente, L., Cornet, J., Donnay-Moreno, C., Gouygou, J.P., Berge, J.P., Bacelar,
M., et al. (2011). Quality differences of gilthead sea bream from distinct production
systems in Southern Europe: Intensive, integrated, semi-intensive or extensive systems.
Food Control, 22(5), 708–717.

Van Dyck, S., Gerbaux, P. & Flammang, P. (2009). Elucidation of molecular


diversity and body distribution of saponins in the sea cucumber Holothuria forskali
(Echindoermata) by mass spectrometry. Comparative Biochemistry and Physiology Part
B: Biochemistry and Molecular Biology, 152, 124–134.
FCUP 102
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Van Osch, S., Hynes, S., O’Higgins, T., Hanley, N., Campbell, D. & Freeman, S.
(2017). Estimating the Irish public's willingness to pay for more sustainable salmon
produced by integrated multi-trophic aquaculture. Marine Policy, 84, 220-227.

Vargas-Albores, F., Martínez-Córdova, L.R., Gollas-Galván, T., Garibay-Valdez,


E., Emerenciano, M.G.C., Lago-Leston, A., Mazorra-Manzano, M. & Martínez-Porchas,
M. (2019). Inferring the functional properties of bacterial communities in shrimp-culture
bioflocs produced with amaranth and wheat seeds as fouler promoters. Aquaculture,
500:107–117.

Vasava, R.J., Hodar, A.R., Elchelwar, V.R., Deepak, A.P., Patel, K.M.,
Shrivastava, V., Yusufzai, S.I., Acharya, P. & Prabhakar, P. (2020). Biofloc technology:
An innovative approach to zero-water exchange and tentative zero-feed system: A
review. Journal of Entomology and Zoology Studies, 8(2): 1036-1040.

Vasconcelos-Filho, A.D.L., Neumann-Leitão, S., Eskinazi-Leça, E. & Oliveira,


A.M.E.D. (2009). Feeding habits of primary consumers of the icthyofauna from Itamaracá
estuarine system (Pernambuco - Brazil). Rev. Brasil. Engenharia Pesca 4, 21–31.

Ventola, C.L. (2015). The antibiotic resistance crisis, Part 1: causes and threats.
Pharmacy and Therapeutics, 40: 277–283.

Verster, N. (2017). Comparison of growth rates of tilapia species (Oreochromis


mossambicus and Oreochromis niloticus) raised in a Biofloc and a standard recirculating
aquaculture (RAS) system (Doctoral dissertation, Ghent University), 79pp.

Vilani, F.G., Schveitzer, R., Arnates, R.F., Vieira, F.N., Santo, C.M.E. & Seiffert,
W.Q. (2016). Strategies for water preparation in a biofloc system. Effects of carbon
source and fertilization dose on water quality and shrimp performance. Aquacultural
Engineering, 74: 70–75.

Vilela, H. (1950). Vida bentonica de Tapes decussatus (L.). Travaux de la Station


de Biologie Maritime de Lisbonne, 13:120pp. (In portuguese).

Vuorinen, I., Antsulevich, A.E. & Maximovich, N.V. (2002). Spatial distribution and
growth of the common mussel Mytilus edulis L. in the archipelago of SW-Finland,
northern Baltic Sea. Boreal Environment Research, 7(1), 41-52.

Wang, G., Yu, E., Xie, J., Yu, D., Li, Z., Luo, Qiu, L. & Zheng, Z. (2015). Effect of
C/N ratio on water quality in zero-water exchange tanks and the biofloc supplementation
FCUP 103
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

in feed on the growth performance of crucian carp, Carassius auratus. Aquaculture, 443:
98–104.

Ward, J.E. (1996). Biodynamics of suspension-feeding in adult bivalve molluscs:


particle capture, processing, and fate. Invertebrate Biology, 115 (3), 218–231.

Wartenberg, R., Feng, L., Wu, J., Mak, Y., Chan, L., Telfer, T. & Lam, P. (2017).
The impacts of suspended mariculture on coastal zones in China and the scope for
Integrated Multi-trophic Aquaculture. Ecosystem Health and Sustainability.

Wasielesky, W.Jr, Atwood, H., Stokes, A. & Browdy, C.L. (2006). Effect of natural
production in a zero-exchange suspended microbial floc based super-intensive culture
system for white shrimp Litopenaeus vannamei. Aquaculture, 258:396–403.

Wei, Y.F., Liao, S.A. & Wang, A.L. (2016). The effect of different carbon sources
on the nutritional composition, microbial community and structure of bioflocs.
Aquaculture, 465: 88–93.

Western, D. (2001). Human-modified ecosystems and future evolution.


Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America,
98(10): 5458-5465.

Whitfield, A.K., Panfili, J. & Durand, J.D. (2012). A global review of the
cosmopolitan flathead mullet Mugil cephalus Linnaeus 1758 (Teleostei: Mugilidae), with
emphasis on the biology, genetics, ecology and fisheries aspects of this apparent
species complex. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 22(3), 641-681.

Whitmarsh, D. & Wattage, P. (2006). Public attitudes towards the environmental


impact of salmon aquaculture in Scotland. European Environment, 16, 108-121.

Whitmarsh, D.J., Cook, E.J. & Black, K.D. (2006). Searching for sustainability in
aquaculture: An investigation into the economic prospects for an integrated salmon-
mussel production system. Marine Policy, 30 (3), 293–298.

Widanarni, E.J. & Maryam, S. (2012). Evaluation of biofloc technology application


on water quality and production performance of red tilapia Oreochromis sp. cultured at
different stocking densities. Journal of Biosciences, 19(2):73-80.
FCUP 104
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Wik, T.E.I., Linden, B.T. & Wramner, P.I. (2009). Integrated dynamic aquaculture
and wastewater treatment modelling for recirculating aquaculture systems. Aquaculture,
287, 361–370.

Wilen, B.M. & Balmer, P. (1999). The effect of dissolved oxygen concentration on
the structure, size, and size distribution of activated sludge flocs. Water Research, 33:
391–400.

Wilen, B.M., Jin, B. & Lant, P. (2003). The influence of key chemical constituents
in activated sludge on surface and flocculating properties. Water Research, 37: 2127–
2139.

Xu, W.J. & Pan, L.Q. (2012). Effects of bioflocs on growth performance, digestive
enzyme activity and body composition of juvenile Litopenaeus vannamei in zero-water
exchange tanks manipulating C/N ratio in feed. Aquaculture, 356-357:147–152.

Xu, W.J. & Pan, L.Q. (2013). Enhancement of immune response and antioxidant
status of Litopenaeus vannamei juvenile in biofloc-based culture tanks manipulating high
C/N ratio of feed input. Aquaculture, 412–413: 117–124.

Xu, W.J., Pan, L.Q., Zhao, D.H. & Huang, J. (2012). Preliminary investigation into
the contribution of bioflocs on protein nutrition of Litopenaeus vannamei fed with different
dietary protein levels in zero-water exchange culture tanks. Aquaculture, 350–353, 147–
153.

Xu, W.J., Morris, T.C. & Samocha, T.M. (2016). Effects of C/N ratio on biofloc
development, water quality, and performance of Litopenaeus vannamei juveniles in a
biofloc-based, high-density, zero exchange, outdoor tank system. Aquaculture, 453:
169 175.

Yamamoto, M., Watanabe, Y. & Kinoshita, H. (1991). Effects of water


temperature on the growth of red alga Porphyra yezoensis form narawaensis (nori)
cultivated in an outdoor raceway tank. Nippon Suisan Gakkaishi, 57(12), 2211-2217.

Yang, H.S., Wang, J., Zhou, Y., Zhang, T., Wang, P., He, Y.C. & Zhang, F.S.D.
(2000). Comparison of efficiencies of different culture systems in the shallow sea along
Yantai. Journal of Fisheries of China, 24:140–145. [in Chinese with English abstract].

Yang, X.E., Wu, X., Hao, H.L. & He, Z.L. (2008). Mechanisms and assessment
of water eutrophication. Journal of Zhejiang University Science B, 9(3), 197-209.
FCUP 105
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Yang, Y.F., Li, C.H., Nie, X.P., Tang, D.L. & Chung, I.K. (2004). Development of
mariculture and its impacts in Chinese coastal waters. Reviews in Fish Biology and
Fisheries, 14:1–10.

Yu, J., Plackett, D. & Chen, L.X.L. (2005). Kinetics and mechanism of the
monomeric products from abiotic hydrolysis of poly [(R) -3-hydroxybutyrate] under acidic
and alkaline conditions. Polymer Degradation and Stability, 89:289-299.

Yusuf, M.W., Utomo, N.B.P., Yuhana, M. & Widanarni. (2015). Growth


performance of catfish Clarias gariepinus in biofloc based super intensive culture added
with Bacillus sp. Journal of Fisheries and Aquatic Science, 10(6):523-532.

Zamora, L.N., Yuan, X., Carton, A.G. & Slater, M.J. (2018). Role of deposit
feeding sea cucumbers in integrated multitrophic aquaculture: progress, problems,
potential and future challenges. Reviews in Aquaculture, 10(1), 57-74.

Zbawicka, M., Sańko, T., Strand, J. & Wenne, R. (2014). New SNP markers
reveal largely concordant clinal variation across the hybrid zone between Mytilus spp. in
the Baltic Sea. Aquatic Biology, 21(1), 25-36.

Zhang, J., Kitazawa, D. & Yang, C. (2016). A numerical modeling approach to


support decision-making on design of integrated multitrophic aquaculture for efficiently
mitigating aquatic waste. Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change, 21:
1247–1261.

Zhang, K., Pan, L., Chen, W. & Wang, C. (2017). Effect of using sodium
bicarbonate to adjust the pH to different levels on water quality, the growth, and the
immune response of shrimp Litopenaeus vannamei reared in zero-water exchange
biofloc-based culture tanks. Aquaculture Research, 48: 1194–1208.

Zhao, P., Huang, J., Wang, X.H., Song, X.L., Yang, C., Zhang, X.G. et al. (2012).
The application of bioflocs technology in high intensive, zero exchange farming systems
of Marsupenaeus japonicus. Aquaculture, 354-355:97-106.

Zhao, Z., Xu, Q., Luo, L., Wang, C., Li, J. & Wang, L. (2014). Effect of feed C/N
ratio promoted bioflocs on water quality and production performance of bottom and filter
feeder carp in minimum-water exchanged pond polyculture system. Aquaculture, 434:
442–448.
FCUP 106
666 Aplicação da tecnologia de biofloco num sistema IMTA: O futuro da aquacultura sustentável

Zhao, D., Pan, L., Huang, F., Wang, C. & Xu, W. (2016). Effects of different
carbon sources on bioactive compound production of biofloc, immune response,
antioxidant level, and growth performance of Litopenaeus vannamei in zero-water
exchange culture tanks. Journal of the World Aquaculture Society, 47:566–576.

Zhou, Y., Yang, H.S., Liu, S.L., Yuan, X.T., Mao, Y.Z., Liu, Y., Xu, X.L. & Zhang,
F.S. (2006). Feeding and growth on bivalve biodeposits by the deposit feeder Stichopus
japonicus Selenka (Echinodermata: Holothuroidea) co-cultured in lantern nets.
Aquaculture, 256:510–520.

Você também pode gostar