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Índice
Introdução ………………………………………………………….………….. 02 Miguel G. Cruz
Objectivo ……………………………………………………..…………..……. 03
Centro de Estudos sobre
Desenvolvimento do guia ………………………………………….…... 03 Incêndios Florestais
Descrição das formações combustíveis …………………………. 05
Utilização do guia fotográfico ………………………………….……. 11
Estrutura de uma página do guia …………………………….….… 12
Modelos de combustível ………………………………………………… 13
Série fotográfica - combustíveis da Região Centro …….…. 14
ANEXO I – Metodologia de inventário de combustíveis … 29
ANEXO II – Caracterização do comportamento do fogo .. 32
ANEXO III – Descrição dos modelos de combustível ……. 35
Coimbra, 2005
Referências bibliográficas ..…………………………………….……… 37
Agradecimentos .…………………………………………………….……… 38
Desenvolvimento do guia
O desenvolvimento deste guia fotográfico baseou-se na identificação dos principais complexos combustíveis que ocorrem
na Região Centro de Portugal e sua posterior caracterização física com o objectivo de construir modelos de combustível.
Este processo de construção passa pela identificação de situações tipo que possam ser classificadas e estudadas com
base em aspectos físicos como sejam a caracterização estrutural dos diferentes estratos combustíveis (carga,
compactação e tipo de partículas combustíveis), a continuidade vertical e a quantidade de combustível disponível para
combustão. Para a região Centro foram identificadas as seguintes formações combustíveis:
• Herbáceas [HER-01];
• Arbustos:
Arbustos com altura média inferior a 0,5 metros [MAT-01];
Objectivo | 03
Desenvolvimento do guia | 04
Esta classificação serviu de base à quantificação das características estruturais dos vários complexos identificados. A
metodologia utilizada na caracterização estrutural dos complexos combustíveis é sucintamente descrita no Anexo I. O
trabalho de inventário de combustíveis foi acompanhado pela documentação fotográfica dos diversos aspectos do
complexo combustível. Com os resultados obtidos no trabalho de campo procedeu-se à construção e calibração de
modelos de combustível específicos para cada complexo de combustível. Realizou-se a simulação do comportamento do
fogo em três situações ambientais distintas (Anexo II) com o objectivo de fornecer uma descrição qualitativa e geral do
comportamento do fogo associado a cada complexo combustível. Os descritores de comportamento do fogo utilizados
foram: (1) velocidade de propagação, (2) intensidade da frente de chamas, (3) potencial de transição para fogo de
copas, e (4) dificuldade de rescaldo.
HER-01 - Herbáceas
A propagação do fogo depende dos combustíveis herbáceos que se encontram secos. Em condições normais o
fogo propaga-se rapidamente neste complexo combustível. No entanto a carga baixa que caracteriza estas formações
origina intensidades de frente de chamas moderadas. A presença de algumas árvores ou arbustos dispersos não tem
influência significativa no comportamento do fogo.
de ambiente do fogo extremas o fogo se propaga ao copado. O potencial de ocorrência de fogos subterrâneos é similar a
PPIN-02.
do fogo se propagar às copas em certas condições. A ocorrência de focos de incêndio secundários é comum em
condições de teores de humidade dos combustíveis mortos finos baixas.
Fotografia 1
Descrição
quantitativa da
distribuição da
carga combustível
Tabela 1: Correspondência entre os modelos NFFL e os modelos de combustível desenvolvidos para a Região Centro
Modelos combustível
1 4 5 6 7 8 9 12
estandardizados NFFL
Modelos combustível EUC-01; PPIN-05 EUC-04;
HER-01 MAT-03 PPIN-02 PPIN-03 EUC-03
Região Centro FOLC-01 EUC-01 RES-01
Modelos de combustível | 13
Série fotográfica combustíveis da Região Centro | 14
SÉRIE FOTOGRÁFICA
COMBUSTÍVEIS DA REGIÃO CENTRO
HER-01: Herbáceas Perfil do complexo combustível
A caracterização das formações vegetais utilizada no presente guia seguiu o conceito de modelo de combustível. Um
modelo de combustível descreve a formação vegetal do ponto de vista das características físicas e químicas que
determinam o comportamento do fogo e são utilizadas como input em modelos de comportamento do fogo.
Contrariamente a uma descrição florística, esta descrição estrutural do complexo combustível permite que um modelo de
combustível seja utilizado para representar formações vegetais distintas do ponto de vista florístico, mas cujas
características do ponto de vista do modelo de combustível sejam equivalentes. Pretende-se neste anexo descrever
sucintamente as metodologias utilizadas no inventário dos complexos combustíveis. Aconselha-se o leitor a consultar
outros trabalhos (e.g., Fernandes e Pereira 1993, Cruz e Viegas 2001 e Fernandes et al. 2002) para uma descrição
detalhada de metodologias de inventário de combustíveis florestais.
O inventário dos combustíveis incidiu em formações combustíveis com características homogéneas e que fossem
representativas do tipo de combustível. A caracterização do complexo combustível teve como base uma parcela de
amostragem triangular constituída por um grupo de três transectos/planos verticais. Cada transecto era considerado uma
unidade de amostragem. Em cada unidade de amostragem foram determinadas as seguintes características dos
combustíveis:
• Carga dos combustíveis lenhosos no solo através do método do intersecto (Brown et al. 1984);
• Volume dos combustíveis arbustivos utilizando o método de intercepção linear (Canfield 1941); Através da
aplicação de relações alométricas estimou-se a carga de combustível por tipo (vivo ou morto) e classe de
dimensão.
• Carga, altura e percentagem de coberto da manta morta e combustíveis herbáceos através de amostragem
destrutiva utilizando quadrados metálicos com 0,5 metros de lado e dispostos ao longo do transecto (3
subamostras por unidade de amostragem).
• As características dendrométricas do povoamento foram estimadas numa parcela circular com 500 m2 com centro
no ponto inicial. As características dos combustíveis do estrato aéreo foram estimadas através de relações
alométricas (Cruz e Viegas 2002, e Fernandes et al. 2002).
Utilizou-se uma câmara fotográfica digital para a documentação fotográfica dos complexos combustíveis. Dependendo
das características dos complexos foram feitas as seguintes fotografias (pag. 12):
• Fotografia 1: Imagem geral do complexo combustível: Esta fotografia ilustra as características gerais do
complexo combustível, nomeadamente a composição, continuidade vertical e grau de coberto.
• Fotografia 2: Detalhe da manta morta: Esta fotografia dá uma imagem detalhada dos componentes e
características dos combustíveis presentes na manta morta ou no estrato de combustíveis de superfície.
• Fotografia 3: Vista do copado: Esta fotografia ilustra as características gerais do estrato de combustível da copas.
Para a fotografia 1 a câmara foi montada num tripé a 1,6 metros de altura e a uma distância de 6 metros do ponto inicial
da parcela de amostragem e orientada na direcção da parcela. Uma mira vertical graduada com um metro de altura foi
colocada no ponto inicial. Para a fotografia 2 o tripé foi colocado numa zona representativa das condições existentes na
parcela, e a câmara inclinada num ângulo de - 60º relativamente à horizontal. Para a fotografia 3 a câmara foi orientada
para uma zona representativa do copado existente na área da parcela, estando inclinada num ângulo de 60º
relativamente à horizontal.
Tabela 2: Características de ambiente do fogo utilizadas na definição das situações tipo de perigo de incêndio.
Teor de humidade Teor de humidade Teor de humidade Teor de humidade Velocidade
combustíveis finos combustíveis combustíveis combustíveis finos do vento
mortos (%) médios mortos (%) grossos mortos (%) vivos (%) (km/h)
Baixo 12 13 14 130 0
Médio 6 7 8 100 5
Alto 3 4 5 85 10
ANEXO III – Descrição dos 13 modelos de combustível estandardizados NFFL (Anderson 1982).
Carga (kg/m2)
Relação S/V Poder Humidade
Herbáceos Arbustivos Profundidade
Modelo Combustíveis mortos (cm2/cm3) calorífico extinção
vivos vivos
1-hr. 10-hr. 100-hr. (Ø<6 mm) (Ø<6 mm) 1-hr. (m) (kJ/kg) (%)
1 0.166 0 0 0 0 115 0.3 18622 12
2 0.449 0.225 0.12 0.121 0 98 0.3 18622 15
3 0.674 0 0 0 0 49 0.76 18622 25
4 1.123 0.898 0.449 0 1.123 66 1.83 18622 20
5 0.225 0.112 0 0 0.449 66 0.61 18622 20
6 0.337 0.561 0.449 0 0 57 0.76 18622 25
7 0.254 0.420 0.337 0 0.083 57 0.76 18622 40
8 0.337 0.225 0.561 0 0 66 0.06 18622 30
9 0.655 0.093 0.034 0 0 82 0.06 18622 25
10 0.674 0.449 1.123 0 0.449 66 0.3 18622 25
11 0.337 1.011 1.235 0 0 49 0.3 18622 15
12 0.898 3.144 3.706 0 0 49 0.7 18622 20
13 1.572 5.166 6.289 0 0 49 0.91 18622 25
Referências bibliográficas
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Referências bibliográficas | 37
Agradecimentos | 38
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Agradecimentos
O autor agradece a colaboração de Teresa Viegas, Nuno Luís e António Trindade no trabalho de campo e o
contributo dado por Paulo M. Fernandes (Departamento Florestal, UTAD). Parte do trabalho de caracterização dos
complexos combustíveis for desenvolvido no âmbito do projecto PEAM/C/IF/0007/97 financiado pelo protocolo
FCT/CNEFF. Agradece-se à Direcção Geral dos Recursos Florestais o apoio financeiro para a publicação deste guia.
Citação correcta:
Cruz, M.G. 2005. Guia fotográfico para identificação de combustíveis florestais –
Região Centro de Portugal. Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais - ADAI,
Coimbra. 38 p.