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PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR Resolução 014/2011

Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer - SECULT Publicada no DOM de


Conselho Municipal de Educação 15/09/2011

Resolução CME nº. 014/2011

Dispõe sobre as Diretrizes Pedagógicas e Operacionais para implementação do Ensino Fundamental de 9


(nove) anos de duração, na Rede Municipal de Ensino de Salvador e dá outras providências.
O CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - CME, no uso de suas atribuições legais expressa no seu Regimento e, tendo em vista o disposto nas Leis Federais
nº. 9.394/96, 11.114/05, 11.274/06 e com fundamento nas Resoluções CNE/CEB nº 01/2010, 04/2010 e 07/2010 e considerando:

- a autonomia do Sistema Municipal de Ensino por meio do Conselho Municipal de Educação para definir normas complementares sobre a implementação
do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos;
- os Artigos 23 e 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996;
- as dimensões do educar e do cuidar em sua inseparabilidade;
- a necessidade de regulamentar os processos avaliativos do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e estabelecer procedimentos para regularizar a vida
escolar dos alunos da Rede Municipal de Ensino de Salvador,

RESOLVE:
TÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Art. 1º O Ensino Fundamental obrigatório, na Rede Pública Municipal de Ensino, implantado gradativamente a partir do ano de 2007, tem a
duração de 9 (nove) anos letivos, sendo o 1º ano destinado às crianças a partir de seis anos de idade, organizado em 5 (cinco) anos iniciais e 4 (quatro) anos
finais.
§ 1º Fica assegurado aos alunos que iniciaram o Ensino Fundamental de 8 (oito) Anos de duração o direito de concluí-lo neste Regime.
§ 2º Durante o processo de transição, as escolas devem administrar a coexistência dos dois Regimes do Ensino Fundamental de 8 (oito) anos e
9 (nove) anos de duração, registrando no campo das observações do Histórico Escolar quando o aluno pertencer ao Regime de 8(oito) anos.
§ 3º Os Regimes são a seguir definidos e organizados, conforme Anexo Único desta Resolução:

I - Regime de 8 (oito) anos de duração – registrado sob a forma de ciclo e seriação (Ciclo de Estudos Básicos – CEB e 3ª a 8ª série);
II - Regime de 9 (nove) anos de duração – registrado sob a forma de ciclos e anos de escolarização (Ciclo de Aprendizagem I e II e 6º ao 9º ano).
Art. 2º Os anos iniciais do Ensino Fundamental são organizados em dois ciclos de aprendizagem com a institucionalização da progressão
continuada, respeitando o ritmo e o tempo de aprendizagem dos alunos.

§ 1º O Ciclo de Aprendizagem I tem duração de 3 (três) anos de escolarização com foco central na alfabetização e letramento e atende à
seguinte especificação:
I - 1º Ano de escolarização - destinado aos alunos que ingressam no Ensino Fundamental a partir dos 6 (seis) anos de idade completos ou a
completar até 31 de março, independentemente de ter cursado a Educação Infantil;
II - 2º Ano de escolarização - destinado aos alunos que tenham cursado o 1º ano de escolarização do Ciclo de Aprendizagem I e alunos transferidos
para o 2º ano ou equivalente; e
III - 3º Ano de escolarização - destinado aos alunos que tenham cursado o 2º ano de escolarização do Ciclo de Aprendizagem I, alunos transferidos
para o 3º ano ou equivalente e alunos que não tenham construído as competências e habilidades referentes ao Ciclo de Aprendizagem I.

§ 2º O Ciclo de Aprendizagem II compreende 2 (dois) anos de escolarização e atende à seguinte especificação:


I - 4º Ano de escolarização - destinado aos alunos que concluíram com êxito o Ciclo de Aprendizagem I e alunos transferidos para o 4º ano de
escolarização ou equivalente;
II - 5º Ano de escolarização - destinado aos alunos que tenham cursado o 4º ano de escolarização do Ciclo de Aprendizagem II, alunos transferidos
para o 5º ano ou equivalente e alunos que não tenham construído as competências e habilidades referentes ao Ciclo de Aprendizagem II.
Art. 3º Os 4 (quatro) anos finais do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, estão assim organizados:
I - 6º ano - destinado aos alunos que tenham cursado, com aproveitamento, o 5º ano de escolarização do Ciclo de Aprendizagem II, alunos
reprovados no 6º ano e alunos transferidos para o 6º ano ou equivalente;
II - 7º ano - destinado aos alunos que tenham cursado, com aproveitamento, o 6º ano de escolarização, alunos reprovados no 7º ano e alunos
transferidos para o 7º ano ou equivalente;
III - 8º ano - destinado aos alunos que tenham cursado, com aproveitamento, o 7º ano de escolarização, alunos reprovados no 8º ano e alunos
transferidos para o 8º ano ou equivalente; e
IV - 9º ano - destinado aos alunos que tenham cursado, com aproveitamento, o 8º ano de escolarização, alunos reprovados no 9º ano e alunos
transferidos para o 9º ano ou equivalente.

Art. 4º A carga horária mínima anual é de 800 (oitocentos) horas, distribuídas por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
escolar, excluindo o tempo reservado aos exames finais, quando houver.

§ 1º O Ciclo de Aprendizagem I tem 2.400 horas, correspondendo aos 3 (três) anos de escolarização.

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§ 2º O Ciclo de Aprendizagem II tem 1.600 horas, correspondendo aos 2 (dois) anos de escolarização.
§ 3º Os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) têm 800 horas anuais.

TÍTULO II
DOS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO

Art. 5º Na avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem, com caráter diagnóstico, devem prevalecer os aspectos qualitativos sobre os
quantitativos, tendo como referência os Marcos de Aprendizagem elaborados pela SECULT e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de 9 (nove) anos, com as seguintes funções:

I - Processual - envolve o ato de avaliar que ocorre durante todas as práticas do cotidiano escolar, visando identificar os avanços e as
dificuldades do processo, permitindo ao professor observar e registrar o desenvolvimento e a evolução da aprendizagem dos alunos, por meio de mudanças
de estratégias didáticas, para a correção dos desvios e intervenção pedagógica imediata;
II - Formativa - envolve o ato de avaliar que permite ao professor refletir e acompanhar todo o processo de formação dos alunos, dando-lhes
retorno e as suas famílias sobre a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores como instrumentos para uma visão crítica do
mundo, constituindo-se, por conseguinte, numa avaliação que informa e faz uma valoração dos processos de ensino e de aprendizagem;
III - Cumulativa - envolve o ato de avaliar que identifica se os objetivos foram alcançados ao final de cada unidade didática e de cada ano de
escolarização, considerando os aspectos da produção do conhecimento que se acumulam e se ampliam ao longo dos processos de ensino e de
aprendizagem;
IV - Participativa - envolve o ato de avaliar, no qual professores e alunos avaliam a prática educativa, assumindo um caráter democrático, onde as
opiniões são ouvidas e respeitadas, constituindo-se, portanto, um processo emancipatório, ao permitir que o aluno participe da construção e
desenvolvimento do seu próprio conhecimento, tornando-se ativo, crítico e reflexivo.

Art. 6º Devem ser realizadas, em cada ano de escolarização, avaliações diagnósticas iniciais, bimestrais e finais, de acordo com as competências
e habilidades expressas nos Marcos de Aprendizagem para todas as áreas do conhecimento.

Art. 7º Para aprovação, o aluno deve apresentar desempenho escolar com aproveitamento e o mínimo de 75% de freqüência no total de horas
obrigatórias do período letivo, para cada ano de escolarização.

Parágrafo único. A organização dos anos iniciais do Ensino Fundamental em Ciclos de Aprendizagem requer que o aluno conclua cada ano de
escolarização com, no mínimo, 75% de frequência no total de horas obrigatórias do período letivo, para que seja matriculado no ano seguinte de
escolarização.

Art. 8º Nos Ciclos de Aprendizagem I (1° ao 3º ano) e II (4º ao 5º ano) deve ser garantida aos alunos a progressão continuada, baseada em
estratégias pedagógicas que garantam um atendimento diferenciado no decorrer de todo o processo educativo.

Parágrafo único. Em nenhuma hipótese poderá haver retenção do aluno nos 1º e 2º anos de escolarização do Ciclo I e no 4º ano de
escolarização do Ciclo II, salvo o disposto no Art. 7º.

Art. 9º Os resultados da avaliação da aprendizagem do aluno devem ser transcritos no Histórico Escolar, tendo como referência os registros
do Diário de Classe, de acordo com os seguintes procedimentos:

I - nos Ciclos de Aprendizagem I e II, o registro deve ser sob a forma de Parecer Descritivo acerca do desempenho escolar do aluno, com
competências construídas em cada área do conhecimento, tendo como referência os Marcos de Aprendizagem; e
II - no 6º ao 9º ano, o registro deve ser sob a forma quantitativa, expressa em notas, acerca do desempenho escolar do aluno, refletindo as
competências construídas em cada área do conhecimento, tendo como referência os Marcos de Aprendizagem.

Art. 10. A média para aprovação dos alunos da Rede Municipal de Ensino é 5,0 (cinco) nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano),
tendo como referência os Marcos de Aprendizagem.

TÍTULO III
DA REGULARIZAÇÃO DE VIDA ESCOLAR

Art. 11. Fica assegurada a regularização da vida escolar dos alunos que apresentam lacunas no histórico escolar até o ano letivo de 2011, por
força legal desta Resolução, que se encontra amparada pelos artigos 23 e 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996.

Parágrafo único. Deve ser registrado, no campo das observações do Histórico Escolar do aluno, o número desta Resolução, bem como a base
legal citada no caput deste artigo.

Art. 12. A partir do ano letivo de 2012 a escola adotará os procedimentos relativos a Classificação, Reclassificação ou Avanço, conforme a
seguir:

I - Classificação – para alunos em qualquer ano/ série independentemente de escolaridade anterior, a exceção do 1º ano do Ensino
Fundamental.
II - Avanço – é utilizado quando se trata da possibilidade de progressão do aluno em curso durante o ano letivo, observando-se os critérios de
conhecimento e idade, devendo ser realizado até o final do 1º bimestre.
III - Reclassificação – quando se tratar de transferência entre estabelecimentos no país e no exterior e no âmbito de cada escola observar-se-á:
a) o aluno não poderá ser promovido em mais de um ano de escolarização;
b) não poderá ser reclassificado para ano de escolarização posterior o aluno que, no ano anterior, tenha sido reprovado; e

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c) o aluno não poderá ser transferido da escola antes de concluir a série para a qual foi reclassificado, exceto em casos amparados por
legislação específica.

Art. 13. Para a utilização dos atos acima citados, a escola deve, além de outros critérios, observar os fatores relevantes da idade e conhecimentos
adquiridas pelo aluno, adotando os seguintes procedimentos:

I - constituir uma Comissão de Avaliação composta de três representantes da equipe pedagógica (professor e coordenador pedagógico)
para avaliar o aluno com base nos Marcos de Aprendizagem do Ciclo ou ano de escolarização correspondente;
II - realizar avaliação com aplicação de instrumentos;
III - observar o resultado da avaliação para definição do grau de desenvolvimento e posterior inscrição no Ciclo de Aprendizagem ou no ano de
escolarização correspondente; e
IV - registrar o resultado da avaliação em ata lavrada em livro próprio, cuja cópia deve ser anexada ao prontuário do aluno, juntamente com
todos os instrumentos avaliativos aplicados e corrigidos.
Parágrafo único. Toda a documentação comprobatória do processo avaliativo realizado nos atos de Classificação, Reclassificação ou Avanço
deve permanecer na escola responsável pela avaliação, à disposição dos órgãos do Sistema Municipal de Ensino e da parte interessada.

Art. 14. Os procedimentos de Classificação, Reclassificação e Avanço devem estar coerentes com o Projeto Político Pedagógico e constar no
Regimento Escolar, para que produzam efeitos legais.

Art. 15. A escola deverá proporcionar estudos de recuperação nos casos de baixo desempenho escolar, de preferência paralelo ao período
letivo, seguido de reavaliação, conforme conste no seu Regimento Escolar.

Parágrafo único. Os estudos de recuperação paralela não impedirão que o estabelecimento volte a proporcioná-los após o término do ano
letivo.
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÔES FINAIS

Art. 16. Para garantir maior qualidade nos processos educativos, devem ser asseguradas condições satisfatórias, indispensáveis à aprendizagem
dos alunos, relativas à ambiência da sala de aula, equipamentos e mobiliário adequados à faixa etária das crianças e adolescentes, e, em especial, uma
adequada distribuição de alunos por turma, de forma que o professor possa realizar, com maior competência, as suas atividades pedagógicas.
Art. 17. As escolas da Rede Pública Municipal de Ensino de Salvador devem adequar seu Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar à
organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, em cumprimento à legislação em vigor, atendendo ao que dispõe a Resolução CME nº 24/2010.
Art. 18. Os casos omissos deverão ser tratados pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer.

Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogada a Resolução CME nº 23/2011.
Salvador, 13 de setembro de 2011. HOMOLOGAÇÃO

Profº. William Marques de Araújo Góes João Carlos Bacelar


Presidente Secretário da Educação, Cultura, Esporte e Lazer

Conselheiros Relatores: Adenildes Teles de Lima, Ana Rita de Oliveira Gomes, Cristina R. de C. Santana, Eliana Barreto Guimarães, Gilmária Ribeiro da
Cunha, Joelice Ramos Braga, Silvana Leal dos Santos.

Conselheiros: Adenildes Teles de Lima, Ana Rita de Oliveira Gomes, Bass Cheiva Nucinkis, Christianne Barreto Navarro de Brito Carvalho, Cristina R. de C.
Santana, Edite Dantas da Silva, Eliana Barreto Guimarães, Elza Souza Melo, Gilmária Ribeiro da Cunha, Ivone Maria Portela, Joelice Ramos Braga, Juçara Rosa
Santos de Aráujo, Lindalva dos Reis Amorim, Manoel Vicente da Silva Calazans, Marilene dos Santos Betros, Mary de Andrade Arapiraca, Renata Diniz
Gonçalves Torzillo, Rita de Cássia Natividade, Silvana Leal dos Santos, Walkíria Amaral Freire Rodamilans, William Marques de Aráujo Góes.
Resolução CME nº. 014/2011

ANEXO ÚNICO
TABELA DE EQUIVALÊNCIA

8 anos de duração 9 anos de duração Idade correspondente no início do ano letivo


(sem distorção idade/ano)
----- 1º ano do Ciclo de Aprendizagem I 6 anos
1º ano do CEB 2º ano do Ciclo de Aprendizagem I 7 anos
2º ano do CEB 3º ano do Ciclo de Aprendizagem I 8 anos
3ª série 4º ano do Ciclo de Aprendizagem II 9 anos
4ª série 5º ano do Ciclo de Aprendizagem II 10 anos
5ª série 6ºano 11 anos
6ª série 7º ano 12 anos
7ª série 8º ano 13 anos
8ª série 9º ano 14 anos

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