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Mecânica

Prof.ª Margaret Luzia Froehlich

2012
Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:
Prof.ª Margaret Luzia Froehlich

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

621
F925m Froehlich, Margaret Luzia
Mecânica / Margaret Luzia Froehlich. Indaial : Grupo
UNIASSELVI, 2012.

183 p. il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-362-4

1. Engenharia
2. Mecânica
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
II. Núcleo de Ensino a Distância
Apresentação
Amigo(a) acadêmico(a)! Não pretendo me aprofundar muito
nesse Caderno de Estudos, mas, sim, dar uma indicação do que deve ser
analisado pelo aluno(a) nesta disciplina. Por isso é importante lembrar que
um entendimento maior pode ser alcançado através da leitura dos livros
indicados nas referências.

Ela se divide em três principais aspectos: os corpos rígidos (sistemas


de partículas e corpos extensos), os corpos deformáveis (assunto para
resistência dos materiais) e fluidos (compressíveis e incompressíveis). Nossa
abordagem se fixa no primeiro aspecto, corpos rígidos, a partir do que
veremos os corpos em repouso dentro da estática, os corpos em movimento
sob o ponto de vista da cinemática e da dinâmica.

Antes, porém, teremos uma revisão de vetores, com vistas


relembrarmos a soma e a decomposição de vetores, além dos produtos escalar
e vetorial. Em seguida, lembraremos de alguns conceitos fundamentais como
espaço, tempo, massa e força. Finalmente, aprofundaremos nosso estudo de
Mecânica com forças, momentos, estática, estruturas e vínculos.

Finalizaremos nosso Caderno com uma discussão resumida de


tensões, visando preparar o terreno para a disciplina de Resistência dos
Materiais. Esperamos que esse estudo capacite o futuro engenheiro a analisar
os problemas, aplicando os princípios da mecânica para formular modelos
matemáticos, incorporando hipóteses físicas que representem, com realismo,
as situações práticas vividas na Engenharia.

Aproveite bem e bom estudo!

Professora Margaret Luzia Froehlich

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - CINEMÁTICA.............................................................................................................. 1

TÓPICO 1 - VETORES........................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
2 VETORES UNITÁRIOS..................................................................................................................... 4
3 COMPONENTES DE UM VETOR................................................................................................... 5
4 ADIÇÃO DE VETORES..................................................................................................................... 5
5 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES................................................................................................... 6
5.1 PRODUTO ESCALAR.................................................................................................................... 6
5.2 PRODUTO VETORIAL.................................................................................................................. 7
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 8
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 9

TÓPICO 2 - CONCEITOS BÁSICOS.................................................................................................. 11


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 11
2 SISTEMA INTERNACIONAL.......................................................................................................... 11
3 PONTO MATERIAL OU PARTÍCULA E CORPO EXTENSO.................................................... 15
4 ESPAÇO................................................................................................................................................. 15
5 TEMPO................................................................................................................................................... 15
6 REFERENCIAL..................................................................................................................................... 16
7 DESLOCAMENTO.............................................................................................................................. 16
8 TRAJETÓRIA....................................................................................................................................... 17
9 VELOCIDADE...................................................................................................................................... 18
10 ACELERAÇÃO................................................................................................................................... 22
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 26

TÓPICO 3 - TIPOS DE MOVIMENTO.............................................................................................. 27


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 27
2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME E MOVIMENTO
UNIFORMEMENTE VARIADO....................................................................................................... 27
3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL........................................................................................................... 30
3.1 ACELERAÇÃO............................................................................................................................... 31
3.2 VELOCIDADE................................................................................................................................. 31
3.3 ESPAÇO............................................................................................................................................ 31
4 DETERMINAÇÃO DO MOVIMENTO A PARTIR DA ACELERAÇÃO................................. 33
4.1 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE X ......................................................................... 34
4.2 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE V.......................................................................... 35
5 MOVIMENTO RELATIVO................................................................................................................ 37
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 41

TÓPICO 4 - MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO.................................................................. 43


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 43
2 ACELERAÇÃO..................................................................................................................................... 43

VII
3 PERÍODO.............................................................................................................................................. 44
4 APLICAÇÕES....................................................................................................................................... 45
5 ROTAÇÃO DE UM CORPO EXTENSO EM TORNO DE UM EIXO FIXO............................. 49
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 53
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 56

UNIDADE 2 - DINÂMICA................................................................................................................... 59

TÓPICO 1 - DINÂMICA....................................................................................................................... 61
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 61
2 MASSA.................................................................................................................................................. 61
3 MOMENTO LINEAR OU QUANTIDADE DE MOVIMENTO................................................ 62
4 MOMENTO ANGULAR.................................................................................................................... 64
5 FORÇA................................................................................................................................................... 67
6 FORÇAS ESPECIAIS.......................................................................................................................... 68
6.1 FORÇA GRAVITACIONAL.......................................................................................................... 68
6.2 FORÇA NORMAL......................................................................................................................... 69
6.3 FORÇA DE TRAÇÃO..................................................................................................................... 70
6.4 FORÇA DE ATRITO....................................................................................................................... 71
6.5 FORÇA ELÁSTICA........................................................................................................................ 74
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 76

TÓPICO 2 - SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS........................................... 79


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 79
2 FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS................................................................................................ 79
3 MOMENTO DE UMA FORÇA......................................................................................................... 80
4 SISTEMAS EQUIVALENTES DE FORÇAS................................................................................... 80
5 BINÁRIO............................................................................................................................................... 81
6 PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT......................................................................................................... 82
7 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO.................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 88

TÓPICO 3 - DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO................ 91


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 91
2 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE..................................................................................................... 91
3 EQUAÇÕES DE MOVIMENTO....................................................................................................... 92
4 MOMENTO DE INÉRCIA................................................................................................................. 92
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 98
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 101
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 102

TÓPICO 4 - VIBRAÇÕES MECÂNICAS........................................................................................... 105


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 105
2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES...................................................................................... 106
3 PÊNDULO SIMPLES.......................................................................................................................... 108
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 116

VIII
UNIDADE 3 - ESTÁTICA..................................................................................................................... 119

TÓPICO 1 - EQUILÍBRIO DOS CORPOS......................................................................................... 121


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 121
2 GRAUS DE LIBERDADE................................................................................................................... 122
3 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO....................................................................................................... 122
4 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL.................................................................... 123
5 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO CORPO RÍGIDO.......................................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 129

TÓPICO 2 - VÍNCULOS........................................................................................................................ 131


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 131
2 TIPOS DE VÍNCULOS....................................................................................................................... 132
2.1 APOIO SIMPLES OU ROLETES................................................................................................... 132
2.2 APOIO FIXO E ARTICULAÇÃO.................................................................................................. 132
2.3 ENGASTE........................................................................................................................................ 133
3 CARREGAMENTO PLANO.............................................................................................................. 133
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 140
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 144

TÓPICO 3 - TRELIÇAS.......................................................................................................................... 147


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 147
2 CÁLCULO DAS REAÇÕES............................................................................................................... 149
2.1 MÉTODO DOS NÓS...................................................................................................................... 150
2.1.1 Redundância interna e externa............................................................................................ 154
2.1.2 Condições especiais............................................................................................................... 156
3 MÉTODO DAS BARRAS................................................................................................................... 156
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 159
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 160

TÓPICO 4 - VIGAS E CABOS.............................................................................................................. 163


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 163
2 ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR EM UMA VIGA........................................... 164
3 CABOS................................................................................................................................................... 166
3.1 CABOS COM CARGAS CONCENTRADAS.............................................................................. 166
3.2 CABOS COM CARGAS DISTRIBUÍDAS.................................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 170

TÓPICO 5 - TENSÃO E DEFORMAÇÃO.......................................................................................... 171


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 171
2 TENSÃO NORMAL........................................................................................................................... 171
3 TENSÃO DE CISALHAMENTO...................................................................................................... 174
4 TENSÃO ADMISSÍVEL..................................................................................................................... 176
5 DEFORMAÇÃO................................................................................................................................... 178
5.1 DEFORMAÇÃO NORMAL.......................................................................................................... 178
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 181
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 183

IX
X
UNIDADE 1

CINEMÁTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a:

• relembrar algumas operações com vetores e os principais conceitos de ci-


nemática;

• reconhecer as equações dos principais tipos de movimento;

• analisar o movimento em 1D (uma dimensão) de um cursor preso por


uma corda que passa por três polias;

• analisar o movimento em 2D (duas dimensões) de um projétil lançado


para o ar a partir de um ângulo θ com a direção horizontal;

• demonstrar que a aceleração medida a partir de dois referenciais-inércias


possui o mesmo valor;

• analisar alguns movimentos associados a um ponto central.

PLANO DE ESTUDOS
A primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um
deles, você encontrará atividades que lhe auxiliarão a fixar os conceitos.

TÓPICO 1 – VETORES

TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS

TÓPICO 3 – TIPOS DE MOVIMENTO

TÓPICO 4 – MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

VETORES

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos os vetores, seus componentes, sua multiplicação,
entre outros. Veremos, também, como representar uma grandeza vetorial. Veja o
exemplo a seguir.

FIGURA 1 – MAPA MOSTRANDO A DISTÂNCIA PERCORRIDA POR UM MÓVEL DE INDAIAL ATÉ


BRUSQUE. A SETA INDICA O DESLOCAMENTO

FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 05 mar. 2018.

Uma grandeza vetorial, grandeza representada por um segmento de reta


orientado, sempre presente na nossa vida, é o deslocamento, como, por exemplo,
o da seta da Figura 1. O corpo saiu da cidade de Indaial e chegou à cidade de
→ →
Brusque. Indaial é a posição inicial S0 e Brusque a posição final S do deslocamento
→ →
∆S. Assim, o vetor ∆S é a diferença entre as posições final e inicial e, portanto, não
depende da trajetória percorrida. Por outro lado, o corpo seguiu a trajetória sobre
a rodovia passando pelas cidades de Blumenau e Gaspar. O comprimento dessa
trajetória é uma grandeza escalar, conhecida como distância percorrida.

Um vetor, portanto, tem alguns atributos bem visíveis como, por exemplo,
a extremidade que é a ponta (Indaial, ponto O) e a origem que é a cauda da seta
(Brusque, ponto E), veja figura a seguir. Além disso, um vetor possui um módulo
3
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

(tamanho da seta), uma direção (linha que une origem com extremidade) e um

sentido (no sentido da seta). O vetor u da figura a seguir ocupa um lugar no
espaço entre os pontos E e O do sistema de coordenadas x, y e z.

FIGURA 2 – VETOR NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL.

FONTE: Autora

No próximo item, veremos como podemos definir um vetor em termos de


seus vetores unitários.

2 VETORES UNITÁRIOS
  
Os versores i, j e k são vetores unitários, sem dimensões, das direções
coordenadas x, y e z e são representados na figura a seguir. Enquanto um ponto
tem as coordenadas
   x, y, z, um vetor é a soma das suas componentes nas direções
dos versores i, j e k .

FIGURA 3 – TRÊS DIREÇÕES COORDENADAS E SEUS VERSORES.

FONTE: Autora

Assim, um vetor pode ser escrito em termos de suas componentes (notação


vetorial) ou em termos do seu valor numérico (módulo),

Notação vetorial:
Módulo :

4
TÓPICO 1 | VETORES

Na próxima seção, veremos como encontrar as componentes nas direções


x e y de um vetor no espaço bidimensional.

3 COMPONENTES DE UM VETOR

Vamos olhar para o vetor v da figura a seguir no espaço plano formado
pelo eixo x e pelo eixo y.


FIGURA 4 – VETOR v , O TRIÂNGULO RETÂNGULO E SUAS RELAÇÕES

2
hip
=
hip
= 2
2
cat 222 +
cat cat 222
+ cat
hip
= 2 cat 2 + cat 2
hip
= cat catop
catop + cat
tan
tan xx =
= catop
tan x = catad
catop
catad
tan x = catad
catop
catad
catop
sen
sen xxx == catop
sen hip
= catop
sen x = hip hip
hip
catad
cos xx =
cos = catad
catad
hip
cos x = catad
cos x = hip hip
hip

FONTE: Autora

Das definições de seno e cosseno, podemos concluir que o vetor

possui as seguintes componentes, Lembrando, o ângulo é

medido no sentido anti-horário, a partir do eixo x até o vetor . O módulo do vetor

é e a direção é dada pela definição da função tangente, .

4 ADIÇÃO DE VETORES

Suponha dois vetores, e , no espaço tridimensional x, y e z, em que


a soma resultante é . Conhecendo-se as componentes de cada vetor,
somam-se as componentes x, y e z separadamente,
.

Exemplo 1 – Dados os vetores ,


encontre o vetor resultante da soma entre eles. Encontre também o seu módulo.

Solução: Para encontrar o vetor resultante da soma fazemos:

5
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

O módulo pode ser obtido como segue:

5 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES
A multiplicação de vetores é diferente da multiplicação algébrica
de escalares. Veremos aqui três tipos de multiplicação. O primeiro caso é o
mais simples em que multiplicamos um vetor por um escalar. Por exemplo,
estamos interessados na multiplicação do escalar t pelo vetor .
O resultado dessa multiplicação é igual a , resultando
num novo vetor com um fator igual a t.

Exemplo 2 – Dado o vetor e o escalar , encontre o

vetor resultante do produto entre eles.

Solução: .

A multiplicação de dois vetores pode ser efetuada de dois modos: o produto


escalar e o produto interno. Veremos esses dois casos a seguir.

5.1 PRODUTO ESCALAR


O produto escalar, ou produto interno, é a multiplicação entre dois
vetores, que resulta num escalar e é definido por, .

Em termos de seus vetores unitários podemos escrever o produto escalar como


.

Exemplo 3 – Dados os vetores ,


encontre o produto escalar entre eles. Encontre também o ângulo entre eles.

Solução: Para encontrar o produto escalar, utiliza-se a multiplicação com


seus vetores unitários,

6
TÓPICO 1 | VETORES

Para encontrar o ângulo entre esses dois vetores, devemos encontrar


primeiros os seus módulos:

Agora, utilizamos a definição:

5.2 PRODUTO VETORIAL


O produto vetorial, ou produto externo entre dois vetores, resulta em
outro vetor e é definido por, .

Em termos de seus vetores unitários, podemos escrever o produto vetorial


como:
.

Exemplo 4 – Dados os vetores , encontre


o produto vetorial entre eles.

Solução:

Por se tratar de uma revisão com o objetivo de apenas lembrar


algumas definições de operações com vetores, não nos atemos às deduções
pormenorizadamente. Caso o acadêmico queira maiores esclarecimentos, deve
consultar a bibliografia recomendada no final deste Caderno de Estudos.
7
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• Definimos vetor e mostramos os elementos que compõem um vetor.

• Aprendemos a representar os vetores através de suas componentes por meio


dos seus versores, utilizando a notação vetorial e em termos de seu valor
numérico, calculando o seu módulo.

• Vimos algumas operações básicas entre vetores como a adição e a multiplicação.

• Relembramos a definição de produto escalar e produto vetorial.

8
AUTOATIVIDADE

Ao final deste tópico, caro(a) acadêmico(a), vamos exercitar seus


conhecimentos adquiridos, resolvendo as questões a seguir:

1 Dado o vetor e o escalar , encontre o vetor resultante


do produto entre eles.

2 Dado o vetor e o escalar t = 2, encontre o vetor resultante


do produto entre eles.

3 Dados os vetores , encontre o produto


escalar entre eles. Encontre também o ângulo entre eles.

4 Dados os vetores , encontre o produto


vetorial entre eles.

5 Dados os vetores , encontre o vetor


resultante da soma entre eles. Encontre também o seu módulo.

6 Dado o vetor , no espaço plano formado pelos eixos x e y, encontre


as suas componentes nas direções x e y, sabendo que o vetor forma um
ângulo de 300 com o eixo x.

9
10
UNIDADE 1
TÓPICO 2

CONCEITOS BÁSICOS

1 INTRODUÇÃO
A Mecânica é a parte da Física que estuda o movimento dos corpos.
Como os corpos apresentam diferentes aspectos quanto à sua agregação atômica,
comportam-se de maneiras diferentes ao serem solicitados por uma força.
Levando em conta essa diferença, dividimos a Mecânica em três partes, a saber:
corpos rígidos, corpos deformáveis e fluidos.

O estudo dos corpos rígidos é, por sua vez, dividido em mais dois aspectos.
A Cinemática e Dinâmica, que estudam os corpos em movimento, e a Estática,
que estuda os corpos em repouso.

Começamos nosso estudo levantando alguns conceitos que são


fundamentais para a compreensão das ideias apresentadas nesse contexto,
bem como as principais grandezas abordadas aqui e como estas grandezas se
relacionam nos fenômenos que pretendemos analisar.

2 SISTEMA INTERNACIONAL
São grandezas fundamentais o comprimento, a massa, o tempo,
a temperatura, a corrente elétrica, a intensidade de luz e o mol. Com elas
expressamos nossas ideias e fazemos medidas que tornam possível publicá-las
para a verificação por outros estudiosos. Um sistema de unidades serve para
referenciar um conjunto de padrões únicos que são utilizados para comparar a
grandeza medida e assim quantificá-la. Por exemplo, no sistema MKS (metro–
kg (quilograma)–segundo), 1 kgf = 1kg.9,8m/s2. Em contrapartida, 1 kgf equivale
a 9,8 N no SI (Sistema Internacional). Da mesma forma, 1 UTM (Unidade Técnica
de Massa) no MKS equivale a 9,81 kg no SI. O MKS e o SI são sistemas de unidades
onde se relacionam as grandezas com as suas respectivas unidades.

O quadro a seguir contém as principais grandezas em mecânica e suas


unidades no sistema internacional de unidades.

11
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

QUADRO 1 – SISTEMA DE UNIDADES INTERNACIONAL SI

Unidades Fundamentais Unidades do Sistema Internacional


Espaço Metro (m)
Tempo Segundo (s)
Massa Quilograma (kg)
Unidades Derivadas
Velocidade Metro por segundo (m/s)
Aceleração Metro por segundo ao quadrado (m/s2)
Momento Linear Quilograma metro por segundo (kg.m/s)
Momento Angular Quilograma metro ao quadrado por segundo (kg.m2/s)
Força Newton (N) → kg.m/s2
FONTE: Autora

De um modo geral, as grandezas vêm expressas em diversos sistemas de


medidas e, muitas vezes, é necessário converter todas para o mesmo sistema antes
de trabalhar com elas. Como sabemos, uma grandeza física é representada por
um símbolo algébrico, como por exemplo, d para distância, t para tempo e v para
velocidade. Quando calculamos a distância, fazendo o produto da velocidade,
com o tempo utilizamos certa coerência dimensional, observe:

A velocidade estava em m/s e o tempo em s, ambos no SI, possibilitando a


simplificação de s (segundos) gerando a distância na unidade correta, m (metros).
Vamos supor que a velocidade tenha sido dada em outro sistema de unidades,
por exemplo, 4,47mi/h (milhas por hora), substituindo na equação encontramos
o seguinte resultado.

Milhas segundos por hora não é uma unidade usual de comprimento.


Como as unidades estavam em sistemas diferentes não foi possível simplificar
12
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

a unidade de tempo gerando uma unidade estranha para o comprimento. O


correto seria converter primeiro a velocidade para o mesmo sistema do tempo
(SI). Podemos fazer isso com o auxílio do fator de conversão obtido na tabela 2.

Em seguida, procedemos como foi demonstrado anteriormente, e obtemos


novamente a unidade correta para a distância, 16 m.

No quadro a seguir, relacionamos os fatores de conversão de algumas


grandezas.

QUADRO 2 – FATORES DE CONVERSÃO DAS UNIDADES

Comprimento Tempo Massa


1 m = 100 cm = 10 mm 3
1 min = 60 s 1 kg = 103g = 0,0685 slug
1 km = 103 m = 0,6214 mi 1 h = 3600 s 1 slug = 14,59 kg
1 pol = 0,0254 m 1 dia = 86400 s 1 u = 1,661x10-27kg
1 pé = 1 ft = 0,3048 m 1 ano = 3,156x107s 1 kg = 2,205lb ( g = 9,8 m/s2)
Velocidade Aceleração 1 dracmas = 3,888 gramas
1 m/s = 3,281 pés/s 1 m/s2 = 3,281 pés/s2 Pressão
1 km/h = 0,2778 m/s = 0,6214 mi/h Força 1 Pa = 1 N/m2 = 0,209lb/pé2
1 mi/h = 0,4470 m/s 1 N = 0,2248 lb 1 bar = 105 Pa
1 pés/s = 0,3048 m/s 1 kgf = 9,8 N 1 atm = 1,013x105Pa
1 Curies = 2,2 . 1018 desint/ min Impulso 1 mmHg= 1 torr = 133,3 Pa
1 ton (refrigeração) = 12000 Btu/h 1lb.s = 4,448N.s 1 lbf/pé2= 47,88 N/m2
1 nós (internacional) = 0,5144 m/s Energia 1 cmHg a 00C = 27,845 lb/
pé2
Volume 1 lb.pés = 1,356J Potência
1 litro = 10 m = 1000 cm
-3 3 3
1 cal = 4,186 J 1 W = 1 J/s
1 pé = 0,02832 m
3 3
1 Btu =1055 J 1 hp = 746 W
1 galão = 3,788 litros 1 eV = 1,602x10 J -19
1 Btu/h = 0,293 W
FONTE: Autora

UNI

Utiliza-se muito o fator 3,6 para converter m/s e km/h entre si, isso vem do fato de
que as unidades de comprimento e tempo foram convertidas separadamente, facilitando
assim a memorização da conversão.

13
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Veja:

Assim, se você quiser converter km/h em m/s basta dividir por 3,6.

Exemplo 5 – Calcule o número de km em 6 milhas.

Solução: Do quadro 2, temos que 1 km = 0,6214 mi. A regra é simples,


multiplicamos a unidade que desejamos converter (1 mi) pela unidade que
desejamos obter (1 km) e dividimos pelo seu equivalente na unidade que
queremos substituir (0,6214 mi).

Exemplo 6 – De acordo com o rótulo de um frasco de molho, o volume é


de 0,334 litros. Converta esse valor para centímetros cúbicos.

Solução: Novamente do quadro 2, 1 L = 1000cm3, multiplicando pela que


queremos e dividindo pela que vamos eliminar, obtemos:

Exemplo 7 – Uma placa de limite de velocidade avisa que o limite máximo


é de 100mi/h. Expresse esse valor em km/h e em m/s.

Solução: Da mesma maneira que antes,

14
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

3 PONTO MATERIAL OU PARTÍCULA E CORPO EXTENSO


Em Mecânica temos o conceito de corpo como a entidade material que
ocupa um lugar no espaço no decorrer de um tempo. Classificamos os corpos
em dois tipos, de acordo com as suas dimensões. Corpos extensos são corpos
cujos pontos de aplicação dos vetores força não convergem para um ponto único.
Chamamos de ponto material, ou partícula, todo corpo cujos pontos de aplicação
dos vetores força podem ser representados todos no mesmo ponto. Observe a
figura a seguir.

FIGURA 5 – UM PONTO MATERIAL E UM CORPO EXTENSO EM EQUILÍBRIO

FONTE: Autora

4 ESPAÇO
O espaço ou posição é o vetor localização de uma partícula a partir
de um referencial até o ponto em que se encontra durante um certo intervalo de
tempo, veja na figura a seguir. Dois espaços diferentes ocupados pela mesma
partícula em dois tempos diferentes. O vetor é formado pelas componentes nas
três direções perpendiculares e o representamos como .

5 TEMPO
Grandeza t utilizada para descrever as variações das posições e dizer
se a partícula se encontra em movimento ou repouso. Num certo intervalo de
tempo a simultaneidade e a precedência de um evento são independentes do
observador.

15
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

6 REFERENCIAL
É um sistema de coordenadas fixas de onde o evento é observado. A
figura a seguir mostra dois espaços diferentes para a partícula, a partir do mesmo
referencial, o ponto O, origem do sistema de coordenadas x, y e z.

FIGURA 6 – ESPAÇOS DIFERENTES PARA A PARTÍCULA A PARTIR DO MESMO REFERENCIAL

FONTE: Autora

7 DESLOCAMENTO
O vetor deslocamento delta s, , observe a figura a seguir, é o vetor
com origem no ponto de posição inicial (coordenadas de ) e tem extremidade
no ponto de posição final (coordenadas ). Delta t, , é o intervalo de tempo
decorrido durante esse deslocamento.

FIGURA 7 – VETOR DESLOCAMENTO DELTA S,

FONTE: Autora

16
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

Exemplo 8 – Uma partícula se move sobre o plano xy e suas coordenadas


são dadas pelas seguintes equações,

Sendo t em segundos e x e y em metros, determine o vetor posição da


partícula no instante t = 15s, o seu módulo e o ângulo formado com x.

Solução: As coordenadas x e y podem ser determinadas mediante simples


substituição do tempo das equações fornecidas,

O vetor posição é, então, escrito como . O módulo


deste vetor é dado por, . E o ângulo é:

8 TRAJETÓRIA
Note os vetores posição e em relação à origem de um eixo cartesiano
na figura a seguir, durante um intervalo de tempo . O ponto material se deslocou
do ponto dado pelas coordenadas de até o ponto dado pelas coordenadas de
. A linha tracejada indica todos os pontos pelos quais o móvel passou ou ainda
passará, ou seja, a sua trajetória, que é a linha formada pelas diversas posições que
o corpo ocupa no tempo. A trajetória da esquerda é circular e o móvel obedece às
equações que serão demonstradas no próximo tópico. No meio o móvel, é descrita
uma trajetória curva e à direita encontramos uma trajetória retilínea.

17
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

FIGURA 8 – TRAJETÓRIAS

FONTE: Autora

9 VELOCIDADE
A Grandeza Vetorial mede a rapidez com que o corpo se desloca.
Quando se trata da velocidade média, esta é a razão entre o deslocamento e o
intervalo de tempo.

Assim, Os tempos são cada vez menores, de

modo que a posição se aproxime cada vez mais de . Tomamos o limite de

, tendendo a zero de e obtemos a derivada da posição em relação ao tempo

, que é a reta tangente à curva naquele ponto e que entendemos como sendo

a velocidade instantânea da partícula em movimento. Observe a figura a seguir.

A velocidade instantânea é a taxa de variação no tempo do deslocamento

Assim,

18
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

FIGURA 9 – VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE INSTANTÂNEA

FONTE: Autora

Exemplo 9 – Utilizando os dados do exemplo anterior, encontre a


velocidade média e a velocidade instantânea da partícula móvel.

Solução: A velocidade média é dada pela definição, , sendo


a posição inicial igual a zero e o tempo inicial também igual a zero. Assim,
encontramos:

A velocidade instantânea é dada pela derivada da posição,


Assim, devemos encontrar a derivada de x e de y:

19
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Substituindo o tempo por 15 segundos, temos:

Dessa maneira, o vetor velocidade instantânea se torna,


.

Exemplo 10 – (YOUNG; FREEDMANN, 2010) Um veículo robótico está


explorando a superfície de Marte. O módulo de aterrissagem é a origem do
sistema de coordenadas e a superfície do planeta é o plano xy. O veículo que será
representado por um ponto, possui componentes x e y que variam com o tempo
de acordo com

a) Calcule as coordenadas do veículo e sua distância do módulo de


aterrissagem no instante t = 2,0 s.

Solução:

No instante t = 2,0 s, as coordenadas do carro são

A distância entre o veículo e a origem nesse instante é

b) Calcule o vetor deslocamento e o vetor velocidade média no intervalo


de tempo entre t = 0 e t = 2,0 s.

Solução: Para achar o deslocamento e a velocidade média, escrevemos o


vetor posição em função do tempo.

20
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

Para t = 0 o vetor posição fica,

c) Deduza uma expressão geral para o vetor velocidade instantânea do


veículo. Expresse a velocidade instantânea em t = 2,0 s, usando componentes, e,
também em termos de módulo, direção e sentido.

Solução: Para achar uma expressão geral para a velocidade, devemos


encontrar a derivada no tempo do vetor posição, assim, utilizando as equações
fornecidas pelo enunciado da questão, temos que

Para expressar a velocidade instantânea em t = 2,0 s, usando componentes,


basta substituir o tempo acima na equação geral encontrada,

Em termos de módulo, encontramos

21
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Para encontrar a direção e o sentido, encontramos o ângulo entre o vetor


e o eixo x,

10 ACELERAÇÃO
Observe, na figura a seguir, que o vetor velocidade muda, aumentando ou
diminuindo de intensidade, de para . Está presente uma grandeza vetorial
denominada aceleração, que é responsável por essa variação.

FIGURA 10 – TRAJETÓRIA

FONTE: Autora.

Exemplo 11 – Utilizando os dados do exemplo anterior, encontre a


aceleração instantânea da partícula móvel.

Solução: Analogamente ao exemplo anterior, temos que a aceleração


instantânea é dada por:

22
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS

Exemplo 12 – Um ponto material se desloca em linha reta, de modo que


sua posição é definida pelo diagrama da figura a seguir. Encontre a função da
velocidade e da aceleração em função do tempo. Mostre os gráficos.

FIGURA 11 – GRÁFICO DA POSIÇÃO x(m) EM FUNÇÃO DO TEMPO t(s). O CORPO


SAI DA ORIGEM E CHEGA ATÉ A DISTÂNCIA DE 30 METROS EM 4
SEGUNDOS E DEPOIS RETORNA À ORIGEM EM t = 6 s

FONTE: Autora

Solução: A velocidade é a derivada da posição no tempo, .

Que descreve o comportamento do gráfico da figura a seguir.

FIGURA 12 – GRÁFICO DA VELOCIDADE v(m/s) Em Função Do Tempo t(s). A


VELOCIDADE INICIAL É ZERO EM ZERO SEGUNDOS, EM t = 2 s
O CORPO ATINGE A VELOCIDADE MÁXIMA DE 12 m/s, DEPOIS
VOLTA A DECRESCER ATÉ ZERO, QUANDO VOLTA A AUMENTAR EM
MÓDULO. O SINAL NEGATIVO INDICA QUE O PONTO MATERIAL
ESTÁ SE APROXIMANDO DA ORIGEM

FONTE: Autora

23
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

A aceleração é dada pela derivada da função da velocidade, .

Que descreve o comportamento do gráfico na figura a seguir.

FIGURA 13 – GRÁFICO DA VELOCIDADE v(m/s) EM FUNÇÃO DO TEMPO t(s). A ACELERAÇÃO


INICIAL É DE 12 m/s2 E EM t = 2 s, A ACELERAÇÃO SE ANULA

FONTE: Autora

UNI

Você pode fazer esse exercício usando o MatLab ou outro similar. Tente fazer a
lista de exercícios utilizando mais esse recurso.

24
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você viu que:

• Apresentamos as principais unidades das grandezas mecânicas no Sistema


Internacional SI.

• Diferenciamos corpo extenso de ponto material.

• Definimos espaço, tempo e referencial.

• Estudamos o conceito deslocamento e trajetória.

• Definimos velocidade como sendo a medida da rapidez com que o corpo


se desloca e aceleração como sendo a rapidez com que o móvel varia a sua
velocidade.

25
AUTOATIVIDADE

Para exercitar os conhecimentos adquiridos neste tópico, resolva as


questões a seguir:

1 A posição r de uma partícula que se move num plano xy é dada por r = (4t3
– 6t)i + (8 – 2t4)j com r em metros e t em segundos. Na notação de vetores
unitários, calcule:

a) r
b) v
c) a para t = 3s.

2 A velocidade v de uma partícula que se move sobre o plano xy é dada por


v = (15t – 5t2)i + (6 - 2t)j, com v em m/s e t em segundos.

a) Qual é a aceleração quando t = 1,0 s?


b) Quando (se acontecer) a aceleração é nula?
c) Quando (se acontecer) a velocidade é nula?

3 A partir da expressão x = t3 – 6t2 – 15t + 40 onde x(m), t(s), podemos descrever


o deslocamento de um ponto material. Encontre:

a) O instante em que a velocidade será nula.


b) A posição e a distância percorrida pelo ponto material até esse instante.
c) A aceleração nesse instante.
d) Esboce os gráficos.

4 Uma unidade de área frequentemente usada na medição de áreas de terrenos


é o hectare, definido como 104 m2. Uma mina de carvão de escavação aberta
consome 75 hectares de terra, até uma profundidade de 26m a cada ano.
Qual é o volume de terra removido por ano em quilômetros cúbicos?

5 Encontre os componentes da velocidade e da aceleração da partícula no


tempo de 2 segundos de um ponto material governado pela expressão a
seguir.

26
UNIDADE 1
TÓPICO 3

TIPOS DE MOVIMENTO

1 INTRODUÇÃO
É quase sempre possível descrever o comportamento de um corpo
móvel, observando algumas grandezas associadas ao seu movimento. Assim,
relacionamos essas grandezas em funções horárias para prever a sua velocidade
e a sua posição em qualquer tempo. Como essas funções variam, dependendo da
trajetória que o corpo descreve, resolvemos abordá-las separadamente em cada
tipo de movimento.

2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME E MOVIMENTO


UNIFORMEMENTE VARIADO
Sabendo que a taxa de variação da velocidade em função do tempo nos
fornece a aceleração, discutida na seção 5 do tópico anterior, podemos escrever
que . Rearranjando os membros da equação, ficamos com .

Integrando o lado esquerdo em relação à velocidade, e o lado direito em relação


ao tempo, temos: . Com a aceleração constante, podemos colocá-

la para fora do símbolo de integral e efetuar a operação da seguinte maneira,

com e, passando para o lado direito da equação,

encontramos uma função horária para a velocidade .

Movimentos com aceleração constante são denominados movimentos


uniformemente variados. Quando a aceleração é nula e o corpo descreve uma
trajetória retilínea, o movimento é retilíneo uniforme e a equação acima se resume
em , ou seja, a velocidade é constante.

A função horária para as posições pode ser obtida de modo semelhante ao


se tomar a taxa de variação do espaço em relação ao tempo, como encontrado na
seção 4 do tópico anterior, e integrá-la:

27
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Analogamente ao caso anterior, , substituindo a

equação para a velocidade encontrada na dedução anterior, escrevemos:

, sendo , e passando para o lado direito

da equação encontramos uma função horária para o espaço: .

A função horária acima dá a posição do corpo em qualquer tempo para o


movimento uniformemente variado. Para o caso de um movimento retilíneo uniforme,
a equação acima se reduz em , sendo a velocidade constante, .

Podemos combinar a equação das velocidades em função do tempo,


, com a equação das posições em função do tempo, ,

e obter uma nova equação, que não depende do tempo, .

Exemplo 1 – Uma aplicação dos conceitos abordados até aqui é um sistema


de polias, como o da figura a seguir, em que um cursor A e um bloco E estão
ligados por uma corda que passa sobre três polias C, D e B. As polias B e D estão
fixas. A polia C está presa a um cursor e é puxada para baixo com velocidade
constante igual a 2m/s. No instante t = 0, o cursor A inicia o movimento para
baixo, a partir da posição P, com uma aceleração constante. Sabendo-se que a
velocidade do cursor A é 8m/s, ao passar pelo ponto Q, determine a variação de
altura, a velocidade e a aceleração do bloco E, quando o cursor A passar por Q.

FIGURA 14 – SISTEMA COM POLIAS

FONTE: Autora

Solução: Escolhemos a origem como sendo o plano horizontal superior e o


sentido positivo de y para baixo (observe figura a seguir). Notamos que, em

28
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

, o cursor A está na posição P e sua velocidade inicial é zero, . Quando o


cursor passar pela posição Q, sua velocidade é
, assim é correto escrever

FIGURA 15 – MOVIMENTO DO CURSOR A

FONTE: Autora

Agora podemos determinar o tempo que o cursor A levou para alcançar


o ponto Q,

FIGURA 16 – MOVIMENTO DA POLIA C

FONTE: Autora

29
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Podemos escrever as equações de movimento da polia C, veja a figura


anterior, e encontrar o seu deslocamento sendo e ,
encontramos que:

O comprimento da corda é constante, portanto:

Vê-se, então, que o bloco E sobe 10 m. Para encontrar a velocidade e a


aceleração do bloco E, basta aplicar a derivada duas vezes, e ,

3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL
O movimento de projétil pode ser visto como uma composição de
dois movimentos diferentes: um movimento retilíneo uniforme na direção x e
uniformemente variado na direção y. Observe a figura a seguir:

FIGURA 17 – LANÇAMENTO DE PROJÉTIL

FONTE: Autora

30
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

Vamos dividir o movimento em dois movimentos independentes e


analisá-los separadamente quanto à aceleração, à velocidade e à posição.

3.1 ACELERAÇÃO
Em relação ao eixo x, a aceleração é igual a zero, . Não existe força
resultante atuando nessa direção.

Em relação ao eixo y, a aceleração é igual à aceleração gravitacional, com


sinal negativo, pois, tem sentido oposto ao dos y crescentes, . A força
resultante que atua nessa direção é a força gravitacional.

3.2 VELOCIDADE
Em relação ao eixo x, a velocidade é constante, , pois a aceleração
é nula nessa direção.

Em relação ao eixo y, a velocidade varia com o tempo, , de


modo que a aceleração é constate e igual ao negativo da aceleração da gravidade.

3.3 ESPAÇO
Em relação ao eixo x, a posição é uma função do tempo com velocidade
constante, . Observe que o movimento nessa direção é uniforme.

Em relação ao eixo y a posição é uma função do tempo com aceleração


constante, . Observe que nessa direção o movimento é variado.

Exemplo 2 – Uma pedra é projetada de um rochedo íngreme, de altura


h, com velocidade inicial de 42 m/s, direcionada em um ângulo de 600 acima da
horizontal. (figura a seguir). A pedra cai em um ponto A, 5,5 s após o lançamento.
Encontre (a) a altura h do rochedo, (b) a velocidade da pedra imediatamente antes
do impacto em A, e (c) a altura máxima H, alcançada acima do chão.

31
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

FIGURA 18 – MOVIMENTO DE PROJÉTIL

FONTE: Autora

Solução:

a) A altura h é a coordenada y do deslocamento como tempo igual a 5,5


s e dada pela equação . Sendo , substituindo

e , encontramos a velocidade inicial na direção y como


sendo, . Sabendo que quando a pedra
foi lançada ela se encontrava na origem das posições e que a aceleração da
gravidade vale , podemos encontrar a altura do rochedo, :

b) Para encontrar a velocidade da pedra ao bater no rochedo, precisamos


encontrar as coordenadas de x e y para a velocidade e calcular o seu módulo. Na direção
x, o movimento é uniforme, portanto, a velocidade nesta direção é constante. Assim:

A velocidade na direção y pode ser encontrada mediante a equação:

32
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

Encontramos o vetor velocidade como sendo e


o seu módulo, .

c) Observe a figura anterior. Na altura máxima, a componente y da


velocidade é igual a zero, . Podemos utilizar a equação da velocidade em y
para encontrar o tempo e utilizar na equação da posição de y para determinar a
altura máxima H.

Substituindo esse tempo na equação para y, encontramos:

4 DETERMINAÇÃO DO MOVIMENTO
A PARTIR DA ACELERAÇÃO
Vimos que as condições de movimento são especificadas principalmente
pelo tipo de aceleração que o corpo possui. Porém, nem sempre a aceleração
depende do tempo, a aceleração de uma massa presa a uma mola, por exemplo,
depende do afastamento do corpo da posição de equilíbrio. Podemos considerar
três classes mais comuns de movimento, com a aceleração dependente do
tempo, com a aceleração dependente da posição e com a aceleração dependente
da velocidade. Vimos o primeiro caso exaustivamente na última seção, vamos
analisar os dois outros casos agora.

33
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

4.1 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE X


a = f (x)

A partir da equação conhecida em função de t, podemos chegar a uma


função exclusivamente da distância por meio de algumas operações simples,

Substituindo a aceleração por f(x), encontramos

Exemplo 3 – A aceleração de um corpo é dada por a(x)=-kx. Queremos


determinar a constante k, sabendo que na posição inicial x = 0 a velocidade é de v =
24 m/s e que a velocidade se anula v = 0 em x = 6m. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

Solução: Substituindo a equação da aceleração e as condições impostas na


expressão deduzida nesta seção, temos:

34
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

Em princípio, a unidade de k (s-2) pode nos parecer estranha, mas devemos


nos lembrar que ela deve respeitar a igualdade a = -kx. Como x está em metros, k
precisa estar em s-2 para compor a unidade de aceleração m/s2.

4.2 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE V


a = f (v)

Utilizando os mesmos argumentos nas deduções anteriores, podemos


mostrar que

UNI

O exercício a seguir está proposto no capítulo 11 da referência citada. O aluno


pode testar seus conhecimentos desenvolvendo alguns dos outros problemas propostos
pelo autor na obra Mecânica Vetorial para Engenheiros.

Exemplo 4 – (BEER; JOHNSTON JR, 2006). A aceleração de uma partícula


é definida pela relação, .

Onde k é uma constante. Sabendo que x = 0 e v = 7,5 m/s em t = 0, e que v


= 3,6 m/s quando x = 1,8 m, determine:

a) A velocidade da partícula quando x = 2,4 m.


b) O tempo necessário para que a partícula atinja o repouso.

Solução:

a) Como as grandezas fornecidas são a velocidade e a posição, convém


utilizar a expressão que obtemos por meio da segunda dedução,

35
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Substituindo k na equação e utilizando as condições iniciais, obtemos

b) Do mesmo modo podemos encontrar o tempo quando a partícula


alcança o repouso substituindo k e f(v) na primeira equação,

36
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

5 MOVIMENTO RELATIVO
Para dar um exemplo de movimento relativo, imagine que você esteja
dentro de um carro a 100km/h e atire uma pedra para frente a 10 km/h em relação
a você. A pedra estará a 110 km/h em relação a um observador que esteja parado
do lado de fora. O mesmo movimento é observado a partir de dois referenciais
diferentes: um está em repouso (observador externo ao carro) e o outro se move
com velocidade constante (observador no interior do carro). Ambos obtêm
resultados diferentes para a medida da velocidade da pedra.

Vamos olhar para a figura a seguir. O referencial A está em repouso


( ) e o referencial B se move com velocidade constante ( ) no plano
xy. é o vetor posição do referencial B em relação ao referencial A, éo
vetor posição do ponto P em relação ao referencial A e é o vetor posição do
ponto P m relação ao referencial B.

FIGURA 19 – MOVIMENTO RELATIVO

FONTE: Autora

Podemos encontrar uma expressão para a posição do ponto P que relacione


os dois referenciais de tal maneira que .

Para encontrarmos a velocidade, devemos derivar a expressão acima em


relação ao tempo, . Assim, a velocidade relativa é

expressa como segue: .

De modo semelhante, derivamos uma expressão para a aceleração:


.

Como o referencial B se move com velocidade constante e a derivada


de uma constante é igual a zero ( ), encontramos , ou seja, a
aceleração medida a partir dos dois referenciais possui o mesmo valor.

37
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Exemplo 5 – Uma bola é arremessada verticalmente para o alto a partir


do nível de 12 m de um poço de elevador com uma velocidade inicial de 18m/s.
No mesmo instante, um elevador de plataforma aberta passa pelo nível de 5m,
subindo com uma velocidade constante de 2 m/s. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

Determine:

a) Quando e onde a bola vai atingir o elevador.


b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador quando a bola o atinge.

FIGURA 20 – BOLA NO POÇO DO ELEVADOR. PROBLEMA APRESENTADO NO BEER E JOHNSTON


[2]. EM yE = yB A BOLA E O ELEVADOR SE ENCONTRAM

FONTE: Autora

Solução:

a) Podemos descrever o movimento da bola, com aceleração constante


a = -9,8m/s2, como um movimento uniformemente acelerado. Em t = 0 a bola se
encontra na posição inicial y0 = 12 m e velocidade inicial v0 = 18 m/s,

O movimento do elevador, com velocidade constante vE = 2m/s, é um


movimento uniforme e possui apenas uma equação,

38
TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO

Onde a posição inicial é de 5m, conforme podemos ver na figura anterior,


para yE.

Quando a bola atinge o chão do elevador yB = yE , então podemos escrever que

Ou seja, a bola atinge o elevador em t = 3,65s, desprezando o tempo


negativo. Para determinar o lugar, basta substituir o tempo em uma das duas
equações para as posições,

b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador é

O sinal negativo indica que a bola é observada do elevador, deslocando-se


no sentido negativo (para baixo).

39
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:

• Vimos que o movimento retilíneo uniforme é o movimento cuja trajetória é


em linha reta e a aceleração é nula. Portanto, o móvel se move com velocidade
constante.

• Vimos que, num movimento uniformemente variado com aceleração constante


e diferente de zero, a velocidade do móvel é uma função dependente do tempo.

• Observamos o movimento balístico ou movimento de projétil que é um


movimento bidimensional (2D) e aprendemos a tratá-lo como dois movimentos
independentes: um na direção x em MRU (sem resultante atuando sobre o
corpo), e outro na direção y em MRUV, em que existe a interação da força
gravitacional.

• Estudamos também o movimento relativo a dois referenciais inerciais e


apresentamos as equações que os relacionam.

40
AUTOATIVIDADE

Chegando ao final de mais um tópico, para testar seus conhecimentos


adquiridos, responda as seguintes atividades:

1 Uma pedra é lançada de uma catapulta em t =0, com uma velocidade inicial
de módulo 20,0 m/s em um ângulo de 400 acima da horizontal. Quais são os
módulos dos componentes:

(a) horizontal
(b) vertical do seu deslocamento em relação à catapulta em t = 1,10s?

Repita para as componentes (c) horizontal e (d) vertical em t = 1,80 s e


para as componentes (e) horizontal e (f) vertical em t = 5,00 s.

2 Um peixe, nadando em um plano horizontal, tem velocidade vi = (5,00i +


2,00j)m/s em um ponto no oceano em que o deslocamento em relação a
uma certa pedra é r i = (9,0i – 3,00j)m. Após o peixe nadar com aceleração
constante por 15,0s, sua velocidade é v = (16,0i - 4,00j)m/s. Quais são as
componentes da aceleração?

3 Uma pedra é projetada sobre um rochedo íngreme de altura h com


velocidade inicial de 40 m/s direcionada em um ângulo de 500 acima da
horizontal. A pedra cai em um ponto A, 4,0 s após o lançamento. Encontre
(a) a altura h do rochedo, (b) a velocidade da pedra imediatamente antes do
impacto em A, e (c) a altura máxima H alcançada acima do chão.

4 De um elevador em movimento ascendente, de velocidade 3,66 m/s,


abandona-se uma pedra que atinge o fundo do poço em 2,5s. A que altura
estava o elevador no momento do abandono da pedra? Qual a velocidade
da pedra no instante do choque com o solo.

5 De uma janela de um prédio, localizada a 20m acima do solo, arremessa-


se verticalmente para cima, uma bola com velocidade de 10m/s. Sabendo-
se que a aceleração da bola é constante e igual a 9,81m/s2, para baixo,
escreva uma expressão para a velocidade v e para a elevação y da bola,
relativamente ao solo, para qualquer instante t. Determinar o instante em
que a bola atinge a elevação máxima e o seu valor em y correspondente.
41
42
UNIDADE 1
TÓPICO 4

MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Movimento circular é aquele em que o móvel executa uma trajetória em
círculo, podemos colocar a origem do nosso sistema coincidindo com o centro do
círculo como na figura a seguir. A posição angular θ é dada pela relação entre o

comprimento do arco d e o raio r . Assim, para a primeira posição, temos

e, para a posição seguinte, . Uma revolução tem . Isso equivale

a 2π radianos. O deslocamento angular é dado por . A velocidade

tangencial v é proporcional à velocidade angular é dada pela expressão: v=r .

FIGURA 21 – MOVIMENTO CIRCULAR

FONTE: Autora

2 ACELERAÇÃO
A aceleração possui uma componente da direção radial e uma componente
na direção tangencial como ilustra a figura a seguir.

43
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

FIGURA 22 – COMPONENTES TANGENCIAL E RADIAL DA ACELERAÇÃO

FONTE: Autora

A aceleração total é escrita em termos de seus vetores unitários como


, em que at é a componente tangencial e ar a componente radial.

No caso particular de um movimento circular uniforme, a aceleração


tangencial é nula e, portanto, a velocidade escalar é constante em módulo, mas
varia continuamente na direção tangente ao círculo. Consequentemente, existe
apenas uma componente da aceleração na direção radial, que costumamos chamar
de aceleração centrípeta por se dirigir ao centro da trajetória e seu módulo é dado
por , em que v é a velocidade tangencial e r é o raio da circunferência.

Deve-se levar em conta o fato da componente radial da aceleração depender


do raio da trajetória circular nos projetos de estruturas e mecanismos como as asas
de avião e as linhas férreas evitando-se variações repentinas na curvatura.

3 PERÍODO
Podemos encontrar o tempo para executar uma volta completa,
denominado período T , utilizando a definição de velocidade e lembrando
que a distância percorrida numa volta completa é , em que r é o raio da
circunferência, temos,

Isolando a velocidade em função do período, temos que

Substituindo na aceleração radial ou centrípeta, encontramos que,

44
TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

A equação acima caracteriza um movimento circular uniforme. Em


seguida, vamos apresentar um problema com aceleração centrípeta em uma
estrada curva.

4 APLICAÇÕES
Vamos ver algumas aplicações dos conceitos abordados até aqui na forma
de exemplos práticos.

Exemplo 1 – O carro esportivo Aston Martin V8 Vantage possui “aceleração


lateral” de 0,96g, o que equivale a (0,96)(9,8m/s2)= 9,4 m/s2. Isso representa a
aceleração centrípeta máxima sem que o carro deslize para fora de uma trajetória
circular. Se o carro se desloca a uma velocidade constante de 40m/s (89mi/h ou
cerca de 144km/h), qual é o raio mínimo da curva que ele pode aceitar?

Solução:

Exemplo 2 – Um trem se desloca numa curva de raio 1000m com uma


velocidade de 162km/h O trem desacelera e após 5s a velocidade do trem reduziu
para 108km/h. Determine a aceleração logo após os freios terem sido acionados.

45
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

FIGURA 23 – TREM SE DESLOCANDO NUMA CURVA

FONTE: Autora

Solução: Para determinar a aceleração do trem precisamos encontrar as


suas duas componentes, uma na direção tangente a curva e a outra na direção
radial (aceleração centrípeta). Veja a figura a seguir.

FIGURA 24 – A ACELERAÇÃO E SUAS COMPONENTES

FONTE: Autora

Vamos converter os valores das velocidades para o sistema internacional,


dividindo os valores em km/h por 3,6 e obtê-los em m/s. Assim, encontramos v0 =
45 m / s e v = 30 m / s.

Substituindo esses valores na definição de aceleração média, encontramos


a aceleração tangencial,

Para encontrar a componente radial, utilizamos a definição de aceleração


centrípeta,

46
TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

O vetor aceleração, em termos dos vetores unitários se torna


e o seu módulo,

Para estudar o movimento circular de um ponto sobre um corpo rígido,


em rotação ao redor de um eixo, considera-se o ângulo θ descrito ao redor do
eixo de rotação num intervalo de tempo. Sobre o eixo podemos localizar o vetor
velocidade angular ω e o vetor aceleração angular α, relacionados entre si como
mostra a figura a seguir e as equações que seguem.

FIGURA 25 – DESLOCAMENTO DE UM PONTO MATERIAL PRESO A UM


CORPO EM ROTAÇÃO COM ACELERAÇÃO ANGULAR CONSTANTE
SOBRE UM EIXO FIXO

FONTE: Autora

Com aceleração angular constante são válidas as expressões

Do mesmo modo que podemos encontrar a velocidade linear v(t) de uma


partícula derivando a função das posições x(t), e derivando x(t), mais uma vez
encontramos a aceleração a(t). Nós podemos derivar a expressão θ(t) para obter a
velocidade com que o ângulo varia e a sua aceleração através da segunda derivada
de θ(t). Uma notação bastante utilizada para derivada primeira é um ponto sobre
o símbolo da grandeza e dois pontos para segunda derivada.

47
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Vamos ilustrar com o exemplo de um movimento considerando as


direções r e θ.

Exemplo 3 – O braço AO da figura a seguir possui 1m de comprimento


e gira ao redor do ponto O, definido pela relação , em que é dado em
radianos e t em segundos. O cursor C desliza ao longo do braço dado pela relação
r = 1 – 0,15 t2 em relação ao ponto O, em que r é dado em metros e t em segundos.
Determine a velocidade e a aceleração do cursor após o braço ter girado 400.
FIGURA 26 – BRAÇO ARTICULADO EM O

FONTE: Autora

Solução: Sabendo que 1800 = π • rad, encontramos que 10 = 0,01745rad.


Assim, temos que 400 = 0,698rad. Substituindo na expressão para , temos,

Tomando as expressões para e r substituímos t, assim de e


temos,

48
TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

FIGURA 27 – MOVIMENTO DO CURSOR E DIREÇÃO DOS VETORES


UNITÁRIOS DAS DIREÇÕES e r

FONTE: Autora

A velocidade do cursor é dado em termos de e r,

A aceleração em termos de e r é dado por,

Devemos observar que a aceleração em relação ao movimento retilíneo do


cursor C ao longo do braço AO é , ou seja de A para O.

5 ROTAÇÃO DE UM CORPO EXTENSO


EM TORNO DE UM EIXO FIXO
Os pontos materiais que formam o corpo em rotação estão se deslocando
em planos formados por circunferências com centros sobre uma reta fixa
denominada eixo de rotação. Observe a figura a seguir.

49
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

FIGURA 28 – CORPO EXTENSO EM ROTAÇÃO EM TORNO DE UM EIXO

FONTE: Autora

A velocidade de rotação do eixo é denominada velocidade angular


e está na direção do eixo. Podemos encontrar uma relação entre a velocidade
escalar tangencial da partícula do corpo em movimento circular com a velocidade
angular do eixo, escrevendo v = r , em que r é o raio da circunferência que dá a
trajetória da partícula.

FIGURA 29 – CORPO EXTENSO EM ROTAÇÃO EM TORNO DO EIXO


z COM VELOCIDADE ANGULAR E ACELERAÇÃO ANGULAR α. E
COM COMPONENTES a1 e an DA ACELERAÇÃO DE UM PONTO
MATERIAL DO CORPO

FONTE: Autora

Um corpo extenso em rotação, como o da figura anterior, possui velocidade


angular e aceleração angular α na direção do eixo de rotação. Tomando um
ponto material qualquer do corpo, encontramos que sua aceleração é composta
por duas componentes: a1 na direção tangencial e an na direção normal, que podem
ser escritas em termos da velocidade angular e da aceleração angular como segue:
at = rα
an = r 2

50
TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

Definindo as equações de movimento de um corpo extenso em rotação em


relação à coordenada em função da variável temporal, encontramos = 0+
• t, para o movimento de rotação uniforme com α = 0, e

para o movimento de rotação uniformemente acelerado, com α = cte , ou


seja, aceleração angular constante.

Exemplo 4 – Um peso A está ligado a uma polia dupla pelo cabo inextensível
mostrado na figura a seguir. O movimento da polia é controlado pelo cabo B, que
possui aceleração constante de 0,316m / s2 e uma velocidade inicial de 0,332m / s,
ambas para a direita. Determinar: (a) o número de revoluções executadas pela
polia em 3s, (b) a velocidade e a variação da posição do peso A depois de 3s e (c)
a aceleração do ponto C na periferia da polia interna, no instante inicial.

FIGURA 30 – POLIA COM PESO

FONTE: Autora

Solução: (a) Como o cabo é inextensível, a velocidade do ponto C é igual


à do ponto B e a componente tangencial da aceleração no ponto C é igual à
aceleração do ponto B.

Assim, encontramos que e o raio é 0,07m. Podemos

determinar a aceleração angular e a velocidade angular inicial:

51
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

Utilizando, agora, as equações de movimento com t = 3s , obtemos:

Cada revolução tem uma coordenada angular de 2 . π . rad, portanto, o número


total de revoluções é a relação entre a coordenada angular e 2 . π . rad. Assim:

(b) Utilizando as relações entre os movimentos angular e linear, com r =


0,12 m, encontramos a velocidade e o deslocamento do corpo A:

FIGURA 31 – AS COMPONENTES DA ACELERAÇÃO DE UM PONTO DA


POLIA, E GRANDEZAS LINEARES DO CORPO A

FONTE: Autora

(c) Podemos encontrar a componente normal da aceleração no ponto C,


utilizando a relação:

52
TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO

Agora, utilizando a componente tangencial juntamente com esse resultado,


encontramos:

, cuja direção é dada por:

FIGURA 32 – ACELERAÇÃO E SUAS COMPONENTES

FONTE: Autora
Encontramos, neste tópico, as relações entre as grandezas para os móveis
em movimento circular e o movimento de rotação de corpos extensos, encerrando
nossa discussão sobre cinemática.

Na próxima Unidade, entramos no estudo da Dinâmica e veremos


algumas aplicações das leis de Newton. Antes, porém, vamos relembrar alguns
conceitos que foram abordadas no Caderno da disciplina de Física Geral. Logo em
seguida, iniciamos o estudo da dinâmica e, por último, na Unidade 3, abordamos
a Estática e suas aplicações na Engenharia.

LEITURA COMPLEMENTAR

ANÁLISE DO MOVIMENTO PLANO EM FUNÇÃO DE UM


PARÂMETRO

Ferdinand Pierre Beer

No caso de certos mecanismos, é possível exprimir as coordenadas x e


y de todos os seus pontos principais através de expressões analíticas simples
contendo um único parâmetro. Pode tornar-se vantajoso, neste caso, determinar
diretamente a velocidade e a aceleração absolutas de diversos pontos do

53
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA

mecanismo, uma vez que suas componentes podem ser obtidas derivando-se as
coordenadas x e y desses pontos.

Considerando-se a barra AB, cujas extremidades deslizam nas guias


horizontal e vertical (Figura acima), as coordenadas xA e xB das extremidades da
barra podem ser expressas em função do ângulo formado pela barra com a vertical

Derivando as equações (1) duas vezes em relação a t, obtemos:

Lembrando que , obtemos:

Observamos que um valor positivo de vA ou aA indica que a velocidade


ou a aceleração está dirigida para a direita, e um valor positivo de vB ou aB
indica que ou está dirigida para cima. As equações (4) podem ser usadas,
por exemplo, para determinar vB e , quando vA e são conhecidas. Substituindo
o valor de na (5), podemos determinar aB e α se aA for conhecido.

FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros. 5 ed. São Paulo: Makron
Books, 1994, p. 447-448.

UNI

Na próxima Unidade, entramos no estudo da Dinâmica e veremos algumas


aplicações das leis de Newton. Antes, porém, vamos relembrar alguns conceitos que foram
abordadas no Caderno da disciplina de Física Geral. Logo em seguida, iniciaremos o estudo
da Estática.

54
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes assuntos
de Física, cujo resumo apresentamos a seguir:

• O movimento circular da partícula e seu deslocamento angular.

• Que a aceleração é composta pelas componentes na direção tangencial e radial.

• Encontramos o período como sendo o tempo necessário para uma volta


completa.

• Mostramos algumas aplicações práticas dos conceitos apresentados.

• Estudamos as equações que regem o movimento de rotação de um corpo


extenso, segundo suas principais grandezas.

55
AUTOATIVIDADE

Para exercitar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir:

1 Um ciclista, correndo a 10m/s, contorna uma curva com um raio de 25m.


Qual é o módulo da sua aceleração?

2 Um bloquinho A repousa sobre uma placa horizontal que gira em torno de um


eixo fixo em O. A placa parte do repouso em t = 0 e acelera à razão constante
de 0,5 rad/s2. Sabendo que r = 0,2m, determine o módulo da aceleração total
do bloco, quando (a) t = 0, (b) t = 1s e (c) t = 2s. Situação apresentada na figura
a seguir.
FIGURA 33 – PLACA GIRATÓRIA

FONTE: Autora

3 Uma fita de computador move-se entre dois tambores. Durante um intervalo


de 3s , a velocidade da fita aumenta uniformemente de v0 = 0,620m / s a v1
= 1,54m / s. Sabendo que a fita não escorrega nos tambores, determine (a) a
aceleração angular do tambor B e (b) a número de revoluções executadas pelo
tambor B durante esse intervalo de tempo.
FIGURA 34 – FITA DE COMPUTADOR

FONTE: Autora

56
4 Calcule o valor mínimo do raio de uma curva, se a componente normal da
aceleração de um carro a 26,8 m/s não puder exceder 0,762m/s2?

5 Um jogador de golfe lança uma bola a partir da origem com uma velocidade
inicial de 50 m/s e um ângulo de 25 graus com a horizontal. Determine o
raio de curvatura da trajetória descrita pela bola no ponto mais alto da
trajetória. R. 209,3 m.

6 Para testar seu desempenho, um carro é dirigido ao redor de uma pista


circular de teste de diâmetro d. Determine o valor de d quando a velocidade
escalar do carro for de 72km/h, e seu componente normal da aceleração for
de 3,2 m/s2. Determine a velocidade escalar do carro.

57
58
UNIDADE 2

DINÂMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta Unidade, você estará apto a:

• relembrar os conceitos de massa e força;

• definir quantidade de movimento e momento angular;

• conceituar força a partir da quantidade de movimento e lembrar algumas


forças especiais;

• estudar sistemas de forças, momentos e binários;

• analisar a dinâmica do corpo rígido através de suas equações de movimento;

• analisar o movimento do OHS (oscilador harmônico simples).

PLANO DE ESTUDOS
Esta Unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que em cada um
deles, você encontrará atividades que lhe ajudarão a fixar os conheci-
mentos adquiridos.

TÓPICO 1 – DINÂMICA

TÓPICO 2 – SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS

TÓPICO 3 – DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVI-


MENTO

TÓPICO 4 – VIBRAÇÕES MECÂNICAS

59
60
UNIDADE 2
TÓPICO 1

DINÂMICA

1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, começamos a estudar como os corpos se movimentam.
Preocupamo-nos apenas em descrever o movimento sem incluir a sua causa.
Podemos, no entanto, ir mais além. Sabemos que se liberarmos um corpo de certa
altura da superfície da Terra ele cai, e que essa queda é devida à força gravitacional,
por que, então, o satélite permanece na órbita sem cair sobre a Terra? Na verdade,
tudo depende da sua velocidade que deve levar a força centrípeta tal que equilibre a
força gravitacional e torne a aceleração na direção radial nula. O que é preciso fazer
para parar um trem? Por que as rodas dos pneus se desgastam? Como é possível
garantir segurança na construção de brinquedos de um parque de diversões? O
que significa ser capaz de compensar uma força ou suplantá-la?

Para responder essas e outras perguntas precisamos definir algumas


grandezas físicas como massa, força, quantidade de movimento e momento
angular.

2 MASSA
Grandeza escalar m associada à quantidade de matéria de um corpo
extenso ou ponto material de tal maneira que, quanto maior a massa de um corpo,
maior a sua inércia.

Quando pesamos os corpos na Terra e os levamos para a Lua percebemos


que eles são mais leves na Lua. Isso acontece porque a força atrativa da Lua é
menor do que a da Terra. Ou seja, a atração da Terra é maior porque possui uma
quantidade maior de massa. Outra coisa interessante é o fato de que corpos com
massas diferentes caem com a mesma aceleração em queda livre. Acredita-se
que Galileu comprovou isso experimentalmente quando jogou duas pedras, de
pesos diferentes, do alto da torre Pisa e elas caíram aproximadamente juntas,
contrariando completamente o que se pensava na época. Isso vem do fato de que
a força aumenta na mesma proporção de aumento da massa. Ou seja, se a massa
é maior a força sobre ela também é maior,

61
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Fornecendo assim uma aceleração constante no caso da interação


gravitacional.

Pense no seguinte, quando tomamos uma pedra maior solicitamos mais


força para erguê-la, isso ocorre porque a força atrativa entre as duas massas (a
pedra e a Terra) também é maior. A força que temos que fazer para pegar uma
pedra maior é a mesma força que a Terra tem que fazer para atrair a pedra para
ela. Galileu conseguiu mostrar que todos os corpos em queda livre (livre de forças
opostas a queda) caem com a mesma aceleração,

Na equação acima podemos observar que a massa é a razão entre a força


gravitacional Fg e a aceleração da gravidade g, que na Terra (nível do mar) vale g
= 9,81m/s2.

A força de atração gravitacional é diretamente proporcional ao produto


das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas,
sendo que o fator de proporcionalidade é a constante gravitacional G = 6,6724x10-
11
N.m2/kg2. Assim, para as massas M e m separadas pela distância r, temos

3 MOMENTO LINEAR OU QUANTIDADE DE


MOVIMENTO
Imagine dois corpos vindo em sua direção, ambos com uma velocidade
de 3 m/s. Um dos corpos é uma bola de tênis e o outro é um caminhão. Se você
tivesse que escolher qual deles colidiria com você, certamente, a resposta seria
a bola de tênis. Você tem uma definição intuitiva sobre qual deles tem a maior
quantidade de movimento. A Grandeza Vetorial, que mede a quantidade de
movimento de cada um desses corpos, é denominada momento linear e é dada
pela expressão , em que m é a massa e a velocidade com a qual o corpo
está se movendo. A unidade do momento linear no SI é o kg.m/s.

Em um sistema isolado e fechado, quando a força resultante sobre o


sistema é nula, a quantidade de movimento se conserva e é dada pela expressão
, ou seja, a quantidade de movimento antes é igual à quantidade de
movimento depois.

Imagine dois corpos vindo em sua direção, ambos com uma velocidade
de 3 m/s. Um dos corpos é uma bola de tênis e o outro é um caminhão. Se você

62
TÓPICO 1 | DINÂMICA

tivesse que escolher qual deles colidiria com você, certamente, a resposta seria
a bola de tênis. Você tem uma definição intuitiva sobre qual deles tem a maior
quantidade de movimento. A Grandeza Vetorial, que mede a quantidade de
movimento de cada um desses corpos, é denominada momento linear e é dada
pela expressão , em que m é a massa e a velocidade com a qual o corpo
está se movendo. A unidade do momento linear no SI é o kg.m/s.

Em um sistema isolado e fechado, quando a força resultante sobre o


sistema é nula, a quantidade de movimento se conserva e é dada pela expressão
, ou seja, a quantidade de movimento antes é igual à quantidade de
movimento depois.

Exemplo 1 – Uma caixa com massa m = 6,0kg desliza com velocidade v =


4,0m / s em um piso sem atrito no sentido positivo de um eixo x. Repentinamente,
ela explode em dois pedaços. Um pedaço de massa m1 = 2,0kg se desloca no sentido
positivo do eixo x com velocidade v1 = 8,0m / s. Qual a velocidade v2 do segundo
pedaço de massa m2 ?

Solução: utilizando o princípio de conservação temos:

Onde: O m2 = 6,0 - 2,0 = 4,0kg.

Exemplo 2 – Um satélite artificial está em órbita circular de 1440 km sobre


a superfície de Vênus. O peso do satélite foi determinado como sendo 1800N antes
de ser lançado da Terra. Determine a intensidade da quantidade de movimento
linear do satélite sabendo que sua velocidade escalar orbital é de 13,2x103 km/h.

Solução: Da tabela 2 da Unidade 1, tomamos o fator de conversão para as


velocidades, 1 km/h = 0,2778 m/s, e encontramos a massa pela equação na seção 2,

3667 m/s

63
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Sendo que a aceleração da gravidade na Terra vale 9,81m/s.

A quantidade de movimento pode ser determinada como segue,

p = m.v
p = 183kg x 3667 m/s = 671061 = 6,71 x 10⁵ kg.m/s

4 MOMENTO ANGULAR
Vamos supor um corpo como, por exemplo, uma placa rígida em
movimento plano. Olhe para a figura a seguir. A placa é constituída por n pontos
materiais Pi de massas e o momento angular L da placa em relação ao seu
centro de massa G pode ser calculado tomando-se os momentos em relação a G
das quantidades de movimento dos pontos materiais em relação ao referencial
Gxy. Assim, , onde é o vetor posição e é a quantidade

de movimento do ponto Pi em relação ao referencial.

FIGURA 35 – PLACA EM MOVIMENTO NO PLANO xy

FONTE: Autora

Podemos escrever a expressão acima em termos de suas grandezas


angulares, lembrando que , uma vez que o ponto considerado executa
um movimento de rotação ao redor do referencial considerado, de modo que a
expressão citada se torna, , onde éo
momento de inércia e a velocidade angular.

As deduções demonstradas aqui são válidas para todos os corpos


simétricos. Calculando a derivada do momento angular, temos um vetor na
direção e sentido da aceleração angular , ou seja, perpendicular à placa .
64
TÓPICO 1 | DINÂMICA

Quando uma partícula se move sobre a ação de uma única força dirigida
para um ponto fixo (ponto central), dizemos que a partícula está sob a ação de
uma força central e o seu momento angular L0 se conserva,

Onde φ é o ângulo entre o raio (distância do ponto central até a partícula)


e a velocidade linear da partícula. Olhe a figura a seguir, o ponto de origem dos
componentes da velocidade, onde a partícula se encontra, está a uma distância r do
ponto central. O ângulo φ é o ângulo entre o vetor r e o vetor velocidade v tangente
à curva. O ângulo θ é o ângulo entre a linha horizontal e a linha que contém r.

FIGURA 36 – UMA PARTÍCULA SE DESLOCANDO COM VELOCIDADE v


SOBRE A CURVA A UMA DISTÂNCIA R ATÉ O CENTRO DE FORÇA

FONTE: Autora

No movimento orbital dos planetas e satélites, a força central F é a atração


gravitacional,

Quando a órbita é circular, devemos lembrar que a aceleração dirigida


para o centro é a aceleração radial (centrípeta) que pode ser calculada através da
velocidade tangente à órbita,

Da equação apresentada na seção 2, quando definimos a massa, podemos


escrever que

65
UNIDADE 2 | DINÂMICA

E igualar as duas expressões para a força,

Nas órbitas elípticas, o raio e a velocidade são perpendiculares entre si


(sen900 = 1) em dois pontos, o mais afastado A e o mais próximo P ao centro de
força. Assim, podemos escrever,

Exemplo3: Um satélite é lançado em uma direção paralela à superfície da


Terra com uma velocidade de 30112 km/h de uma altitude de 384 km. Determine
a velocidade do satélite quando ele atinge sua altitude máxima de 3774 km.
Recorde-se que o raio da terra é de 6370 km. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

Solução: A situação está ilustrada na figura a seguir. Como o satélite está


se movendo sob a ação de uma força central dirigira para o centro da Terra, seu
momento angular é constante, temos

FIGURA 37 – SATÉLITE EM ÓRBITA SE APROXIMANDO DA ALTITUDE MÁXIMA NO PONTO “A”


(MAIS AFASTADO DA TERRA). NO PONTO “A” O Ângulo φ ENTRE A DISTÂNCIA DO CENTRO
DA TERRA E A VELOCIDADE TANGENTE A TRAJETÓRIA É IGUAL A 900

FONTE: Autora

66
TÓPICO 1 | DINÂMICA

5 FORÇA
A Grandeza Vetorial , que associa a interação entre os corpos ou partículas
e se caracteriza pelo seu ponto de aplicação, intensidade, direção e sentido. A
força é dada pela taxa de variação do momento linear, assim escrevemos,

onde m é a massa em kg e a é a aceleração em m/s2.

Observe na figura a seguir algumas forças sendo aplicadas em diferentes


corpos e diferentes pontos de aplicação.

FIGURA 38 – TRAJETÓRIA (FORÇAS APLICADAS EM DIFERENTES CORPOS E DIFERENTES


PONTOS)

FONTE: Autora

Num sistema com “n” forças atuando, pode-se encontrar um sistema


equivalente com uma única força que é a soma de todas as forças. Tal força é
denominada força resultante,

67
UNIDADE 2 | DINÂMICA

6 FORÇAS ESPECIAIS
Em muitos dos nossos problemas encontramos envolvidas sempre as
mesmas forças que estão presentes na natureza e obrigatoriamente precisam ser
consideradas. Embora o acadêmico já tenha trabalhado com elas exaustivamente
na disciplina de Física Geral, vale a pena lembrar, aqui, suas definições, uma vez
que serão amplamente utilizadas na disciplina de Mecânica.

6.1 FORÇA GRAVITACIONAL


Vamos localizar o nosso sistema referencial no solo, sobre a superfície da
Terra. Embora a Terra esteja em movimento, nós o desconsideramos e dizemos
que o sistema de referência se encontra em repouso. Vamos desprezar também a
resistência do ar, de modo que um objeto largado próximo à superfície da Terra
executa um movimento de queda livre, sujeito apenas à aceleração da gravidade
, como o da figura a seguir.

FIGURA 39 – CORPO EM QUEDA LIVRE PRÓXIMO À SUPERFÍCIE DA TERRA

FONTE: Autora

Pelo princípio fundamental, ou segunda lei de Newton, temos que a força


é proporcional à aceleração através da seguinte expressão .

Substituindo a aceleração pela aceleração da gravidade ,


levando em conta o fato desta aceleração apontar no sentido decrescente do eixo
y, encontramos que em notação de vetor unitário, ou simplesmente na
forma vetorial .

68
TÓPICO 1 | DINÂMICA

Mas esta força continua atuando mesmo que o corpo esteja parado em algum
ponto próximo da superfície, de modo que deve haver uma força equilibrando a
força gravitacional para que a resultante seja nula. Assim, utilizando o princípio
de inércia ou primeira lei de Newton, temos:

FR = 0
P – Fg = 0
P = Fg

Portanto, podemos afirmar que o módulo da força peso P sempre é igual


ao módulo da força gravitacional Fg.

6.2 FORÇA NORMAL


Quando um corpo como o da figura a seguir se encontra apoiado sobre
uma superfície, ele pressiona esta superfície, deformando-a. Esta deformação não
pode ser percebida em corpos rígidos, mas, mesmo assim, ela continua existindo.
Ao mesmo tempo, a superfície deformada empurra o corpo de volta com uma
força normal N, perpendicular ao apoio.

FIGURA 40 – BLOCO APOIADO SOBRE UMA MESA

FONTE: Autora

Utilizando o princípio fundamental e aplicando o princípio de inércia na


direção vertical y, encontramos que:

Substituindo Fg pela sua definição e rearranjando os termos da equação,


temos:

69
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Ou seja, o módulo da força normal N (da mesa sobre o corpo) é igual ao


módulo da força gravitacional Fg (do corpo sobre a mesa). Observe se a mesa estiver
dentro de um elevador e este estiver subindo aceleradamente N = m(g + a) pois Fr =
ma e não Fr = 0. Se o elevador estiver descendo aceleradamente N = m(g - a).

6.3 FORÇA DE TRAÇÃO


A força de tração T está associada a corpos puxados por cordas, como é o
caso da pedra na extremidade da corda na figura a seguir. Quando a corda está
sob tensão, cada extremidade sente um puxão que se estende ao longo da corda. A
força com que o homem segura a corda é, em módulo, a mesma que segura a pedra.

FIGURA 41 – PEDRA PUXADA POR MEIO DE UMA CORDA

FONTE: Disponível em: <http://www.puc-rio.br/vestibular/


repositorio/provas/2002/fisi_d1.html>. Acesso em: 30 jul. 2008

Exemplo 4 – A extremidade de um pêndulo de 2 m de comprimento


descreve um arco de circunferência em um plano vertical. Se a tração da corda é
2,5 vezes o peso do pêndulo para a posição mostrada, encontre a velocidade e a
aceleração do pêndulo nessa posição. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

FIGURA 42 – PÊNDULA NA EXTREMIDADE DA CORDA

FONTE: Autora

70
TÓPICO 1 | DINÂMICA

Solução: O peso do pêndulo é mg; a tração na corda é, portanto, 2,5mg.


Recordando que an é dirigido para o centro e at como mostrado na figura anterior,
podemos escrever,

FIGURA 43 – COMPONENTES DAS FORÇAS E DAS ACELERAÇÕES

FONTE: Autora

Observação Importante: Na demonstração do exemplo, nos baseamos no


fato de que o vetor mg pode ser decomposto em seus componentes ortogonais
através das relações trigonométricas do triângulo retângulo.

6.4 FORÇA DE ATRITO


Você já notou que, quando tenta mudar um móvel de lugar, o esforço que
tem que fazer para iniciar o movimento é bem maior do que para mantê-lo? Isso
se deve às forças de coesão entre as moléculas do móvel e da superfície de apoio
que permanecem ligadas microscopicamente por uma espécie de soldagem a frio.
Uma vez rompida essa soldagem, o corpo desliza com mais facilidade sobre a
superfície de apoio.

Todos os corpos possuem asperezas em maior ou menor grau, que são


responsáveis por uma força de resistência contrária ao movimento. Essa força que
aparece quando um corpo é arrastado sobre outro é chamada de força de atrito FA .

Podemos definir o atrito como sendo a resistência de contato exercida


por um corpo sobre o outro quando este se move ou tende a se mover com

71
UNIDADE 2 | DINÂMICA

relação ao outro. Nas máquinas, o atrito pode tanto ser uma vantagem quanto
uma desvantagem, ele é essencial para vários dispositivos em que há ligação ou
fixação, já quando provoca o desgaste ou perda de potência o atrito é indesejável.

A força de atrito pode ser de duas espécies: a força de atrito estática FAB ,
que ocorre quando empurramos um corpo sobre uma superfície sem que este se
mova e a força de atrito dinâmica FAD , que ocorre quando o corpo já se encontra
em movimento. Essas forças são diretamente proporcionais à compressão sofrida
pela superfície representada pela força normal N e ao seu grau de aspereza
representado pelo coeficiente de atrito estático e dinâmico, e . Assim,
podemos escrever as seguintes expressões para a força de atrito estática e a força
de atrito dinâmica, respectivamente:

Nos projetos de engenharia, procura-se utilizar materiais com pequeno


coeficiente de atrito para minimizar o desgaste e melhorar a eficiência das
engrenagens, evitando boa parte da perda do rendimento nas máquinas.

Exemplo 5 – Um caminhão transporta um bloco de ferro de 3,0 t


, trafegando horizontalmente e em linha reta, com velocidade constante.
O motorista vê o sinal ficar vermelho e aciona os freios, aplicando uma
desaceleração constante de valor 3,0 m/s2. O bloco não escorrega. O coeficiente
de atrito estático entre o bloco e a carroceria é 0,40. Adote g = 9,8 m/s2. a) Qual
a intensidade da força de atrito que a carroceria aplica sobre o bloco, durante a
desaceleração? b) Qual a máxima desaceleração que o caminhão pode ter para
o bloco não escorregar? (1 tonelada = 1000 kg) .

a) Utilizando o princípio fundamental da dinâmica, encontramos:

b) A máxima aceleração pode ser encontrada calculando-se a força de


atrito estático máxima:

Aplicando esse resultado no princípio fundamental encontramos:

72
TÓPICO 1 | DINÂMICA

Ou podemos resolver o problema independente da massa, da maneira


que segue,

Exemplo 6 – Determine a velocidade de segurança calculada para uma


curva de rodovia de raio 120 m, inclinada de um ângulo de 180. A velocidade de
segurança calculada de uma curva com declive de uma rodovia é a velocidade
escalar na qual um carro deve trafegar sem que nenhuma força de atrito lateral seja
exercida em suas rodas. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

FIGURA 44 – CARRO NUM DECLIVE

FONTE: Autora

Solução: O carro percorre uma trajetória horizontal de raio r. A componente


normal da aceleração é dirigida para o centro da trajetória. O peso do carro é mg.
Como nenhuma força de atrito lateral deve ser exercida sobre o carro, a reação N
da estrada é mostrada perpendicularmente à estrada,

73
UNIDADE 2 | DINÂMICA

6.5 FORÇA ELÁSTICA


Observando-se o comportamento mecânico de uma mola, descobriu-se
que as deformações elásticas obedecem a uma lei muito simples. Verificou-se que,
quanto maior o peso de um corpo suspenso a uma das extremidades de uma mola
(cuja outra extremidade está fixa no suporte), maior é a deformação sofrida pela
mola. Analisando outros sistemas elásticos, o físico inglês R. Hooke verificou que
existe sempre uma proporcionalidade entre a força de restituição e a deformação
elástica produzida. Com base nessas observações, encontramos uma lei geral
conhecida como a lei de Hooke para essa força de restituição: .

O fator k, que é característico da mola considerada, é denominado


constante da mola.

74
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes aspectos
da Física, conforme resumo que é apresentado a seguir:

• Definimos quantidade de movimento como sendo o produto da massa com


a velocidade do corpo.

• Definimos também o momento angular L de um corpo em relação ao seu


centro de massa G.

• Deduzimos uma equação para a força, a partir da taxa de variação do momento


linear.

• Relembramos algumas forças especiais já estudadas na disciplina de Física


Geral.

75
AUTOATIVIDADE

Para melhor entendimento do estudo deste tópico, procure resolver as


questões a seguir:

1 Um bloco com massa m = 8,0kg desliza com velocidade v = 4,0m/s em um


piso sem atrito, no sentido positivo de um eixo x. Repentinamente, ele se
parte em dois pedaços. Um pedaço, de massa m1 = 2,0kg, se desloca no
sentido positivo do eixo x com velocidade v1 = 8,0m/s. Qual a velocidade do
segundo pedaço, de massa m2?

2 Duas forças horizontais atuam sobre um corpo de 2,0kg que pode deslizar
sobre uma superfície sem atrito, que está posicionado no plano xy. Uma
força é . Encontre a aceleração do corpo na notação
vetor unitário quando a outra força for .

3 Sobre as forças de atrito, é incorreto afirmar:

a) ( ) A força de atrito cinético sempre será menor que o atrito estático.


b) ( ) A força de atrito estático varia para anular a resultante das forças em
um corpo, tendo como limite máximo o valor quando esta força for igual a
“µestático.N”.
c) ( ) A força de atrito cinético é constante para qualquer força aplicada
quando há movimento relativo entre os corpos.
d) ( ) Para aplicações de engenharia sempre se deseja materiais com menores
coeficientes de atrito, para melhorar eficiência de engrenagens e reduzir
desgastes, responsáveis por boa parte da perda de rendimento em máquinas.
Não há aplicação em engenharia de materiais com elevado atrito.

4 Um bloco de 80km repousa sobre um plano horizontal. Obtenha a


intensidade da força R capaz de comunicar ao bloco uma aceleração de 2,5
m/s2 para a direita. O coeficiente de atrito entre o bloco e o plano é µ = 0,25.

5 Consideremos uma corda elástica, cuja constante vale 10 N/cm. As


deformações da corda são elásticas até uma força de tração de intensidade
300N e o máximo esforço que ela pode suportar, sem romper-se, é de
500N. Se amarramos um dos extremos da corda em uma árvore e puxarmos
o outro extremo com uma força de intensidade 300N, a deformação será de
30cm. Se substituirmos a árvore por um segundo indivíduo que puxe a
corda também com uma força de intensidade 300N, podemos afirmar que:

a) a força de tração será nula;


b) a força de tração terá intensidade 300N e a deformação será a mesma do
caso da árvore;
c) a força de tração terá intensidade 600N e a deformação será o dobro do caso
da árvore;

76
d) a corda se romperá, pois a intensidade de tração será maior que 500N;
e) n. d. a.

6 a) Calcule a aceleração adquirida pelo pêndulo na direção tangente à


trajetória, sabendo que a massa da esfera é de 0,5 kg e o ângulo formado com
a vertical é de 300. b) Supondo que a resultante de forças é nula na direção
que une a esfera ao ponto onde a corda está fixada, calcule a tração na corda.

FIGURA 45 – PÊNDULO SIMPLES

FONTE: Autora

7 O valor da aceleração da gravidade em qualquer latitude φ é dado por g


= 9,7087(1+0,0053sen2φ)m/s2, onde o efeito da rotação da Terra e também o
fato de que a Terra não é esférica foram levados em conta. Sabendo que a
massa de uma barra de ouro foi oficialmente definida como 2 kg, determine
até 4 casas significativas sua massa em quilogramas e seu peso em newtons
a uma altitude de (a) 00, b) 450 e c) 600. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

8 A massa de 6 kg abaixo é submetida a duas forças F de 80 N formando


um ângulo θ de 300‑com o eixo vertical. Calcule a aceleração do corpo na
direção vertical.
FIGURA 46 – CORPO SUBMETIDO A DUAS FORÇAS
APLICADAS

FONTE: Autora

77
78
UNIDADE 2 TÓPICO 2

SISTEMAS DE FORÇAS,
MOMENTOS E BINÁRIOS

1 INTRODUÇÃO
Até agora tratamos o corpo como uma partícula, tal aproximação nem
sempre é possível, muitas vezes precisamos ter em mente que o corpo, na
verdade, é uma combinação de um grande número de partículas. Muitas vezes é
importante considerar as dimensões do corpo e apontar as forças que atuam em
diferentes pontos de aplicação. Para o nosso estudo, vamos empregar apenas os
corpos que não se deformam, conhecidos como corpos rígidos.

Vamos mostrar, nesse tópico, que sempre podemos encontrar um sistema


equivalente de forças que representa todas as forças atuantes no corpo. Veremos
também o momento de uma força em relação a um ponto e em relação a um
eixo, associados ao efeito de uma força sobre um corpo rígido. Veremos também
o conceito de binário associado a duas forças de mesma intensidade, sentidos
opostos e que atuam em linhas de ação paralelas.

2 FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS


As forças podem ser classificadas em dois tipos, forças externas e
forças internas. As forças externas atuam externamente no corpo e podem ser
classificadas em forças de ação que podem atuar em qualquer ponto do corpo
como, por exemplo, uma carga sobre uma viga, e as forças de reação que surgem
em determinados pontos do corpo como, por exemplo, os apoios. A reação é
consequência de uma ação e não pode ser calculada independentemente. As
forças internas são as solicitações que o corpo rígido sofre e são responsáveis por
manterem todos os pontos materiais do corpo unidos.

79
UNIDADE 2 | DINÂMICA

3 MOMENTO DE UMA FORÇA


O produto vetorial de uma força com o vetor posição perpendicular do
ponto de aplicação da força em relação a um ponto O, denominado polo, é chamado
de momento polar M, sendo esta grandeza um vetor com módulo, direção e sentido.
Observe a figura a seguir. O vetor momento provoca um giro com determinado
sentido em relação ao polo considerado. Possui direção perpendicular ao plano
formado pela força e pelo vetor posição perpendicular .

FIGURA 47 – MOMENTO DE UMA FORÇA

FONTE: Autora

Pode-se representar o sentido do momento no plano através de uma


convenção de sinais adotando + ou – de acordo com a nossa escolha. Veja sugestão
na figura a seguir.

FIGURA 48 – SENTIDOS: POSITIVO E NEGATIVO DO MOMENTO

FONTE: Autora

A unidade do momento é o Newton metros (Nm).

4 SISTEMAS EQUIVALENTES DE FORÇAS


Chamamos de sistema de forças o conjunto de forças que atuam
simultaneamente sobre um corpo. Sistema equivalente é o sistema de forças
que obedece ao princípio de transmissibilidade. Este princípio estabelece que
o movimento de um corpo rígido permanece inalterado se uma força que atua
80
TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS

sobre um dado ponto for substituída por uma força de mesmo módulo, direção
e sentido que atua em outro ponto do corpo, desde que esteja situada na mesma
linha de ação. Observe a figura a seguir. Tais forças são denominadas equivalentes,
pois produzem o mesmo efeito sobre o corpo.

FIGURA 49 – PRINCÍPIO DE TRANSMISSIBILIDADE

FONTE: Autora

5 BINÁRIO
Quando um sistema é composto por duas forças paralelas de módulos
iguais, mas sentidos opostos, a resultante de forças é nula, mas existe um momento
polar resultante de módulo igual ao produto da força pela distância entre as duas
direções paralelas. Tal sistema é denominado binário. Veja figura a seguir.

FIGURA 50 – BINÁRIO

FONTE: Autora

Dizemos que dois binários são equivalentes quando possuem o mesmo


momento polar resultante. Veja figura a seguir.

FIGURA 51 – EQUIVALÊNCIA DE BINÁRIOS

FONTE: Autora

81
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Observe na figura anterior que os dois binários possuem o mesmo


momento polar resultante:

6 PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT
O princípio de d´Alembert afirma que as ações e as reações internas de
um corpo rígido em movimento estão em equilíbrio. Isso significa que as forças
externas que atuam no corpo são equivalentes às forças efetivas sobre os vários
pontos materiais que formam o corpo rígido. Podemos representar esse resultado
através de um vetor resultante , com origem no centro de massa G, e um
momento binário M, como podemos visualizar na figura a seguir.

FIGURA 52 – PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT

FONTE: Autora

7 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE
FORÇAS A UM PONTO
Sempre podemos reduzir um sistema de forças qualquer a um sistema
formado por uma resultante e um momento polar resultante em um ponto
escolhido arbitrariamente.
FIGURA 53 – SISTEMA DE FORÇAS

FONTE: Autora

82
TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS

Vamos reduzir o sistema de forças, da figura a seguir, no ponto A. Para


tanto, encontramos a resultante somando todas as forças que atuam no sistema

Agora, encontramos o momento resultante

Procedemos, agora, da mesma maneira em relação ao ponto B

O resultado é o sistema ilustrado na figura a seguir.

FIGURA 54 – REDUÇÃO DE SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO

FONTE: Autora

Exemplo 1 – Encontrar o momento resultante no ponto P da figura a seguir.

FIGURA 55 – FORÇA DE 520 N APLICADA EM “A”. TRIÂNGULO RETÂNGULO E SUAS RELAÇÕES


TRIGONOMÉTRICAS
2 2 2
hip
=
hip
= 2
2
cat + cat
cat 22 + cat 22
hip
= 2 cat 2 + cat 2
hip
= cat catop
catop + cat
tan
tan xx =
= catop
tan x = catad
catop
catad
tan x = catad
catop
catad
catop
sen
sen xxx == catop
sen hip
= catop
sen x = hip hip
hip
catad
catad
cos
cos x = catad
cos xx = = catad
hip
cos x = hip hip
hip

FONTE: A autora

Solução:

Precisamos das distâncias perpendiculares do ponto onde a força é


aplicada até o ponto P. Assim,

83
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Encontramos as coordenadas x e y do ponto P a origem no ponto 0.

Agora, precisamos dos componentes ortogonais da força, para determiná-


los encontramos a direção do vetor de 520 N,

Os componentes ortogonais da força

Inserindo esses resultados na expressão para o momento resultante, temos

Onde as flechas indicam ↓ sentido horário (-) e ↑ sentido anti-horário (+).

Exemplo 2 – Encontrar a distância d, na figura a seguir para que o momento


resultante, em relação a qualquer ponto seja de 330Nm no sentido anti-horário.

FIGURA 56 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS


BIBLIOGRÁFICAS

FONTE: A autora

84
TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS

Solução:

Podemos escrever diretamente na expressão para soma de binários,

Exemplo 3 – Determine a intensidade de F, na figura a seguir, de modo


que o momento de binário resultante seja de 450 lb.pés no sentido anti-horário.
Em que local o momento de binário atua?

FIGURA 57 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONTE: A autora

Solução:

O momento de binário resultante pode atuar em qualquer ponto.

Exemplo 4 – Determine o momento de binário da figura a seguir. Expresse


o resultado como um vetor cartesiano.
85
UNIDADE 2 | DINÂMICA

FIGURA 58 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS


BIBLIOGRÁFICAS

FONTE: A autora

Solução:

O vetor distância do vetor – F até o vetor F é

Encontrando o produto vetorial entre os dois

86
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você estudou os seguintes itens:

• Diferenciamos forças externas de forças internas.

• Definimos o momento de uma força M como sendo o produto vetorial de uma


força , com o vetor posição perpendicular do ponto de aplicação da força
em relação a um ponto O.

• Utilizamos o princípio de transmissibilidade para explicar o conceito de


sistemas de forças equivalentes.

• Definimos binários como sendo pares de forças paralelas com mesmo módulo,
mas em sentidos opostos e que tem por efeito um momento polar resultante.

• Apresentamos o princípio de d´Alembert.

• Demonstramos a redução de um sistema de forças a um ponto.

87
AUTOATIVIDADE

Chegando ao final de mais um tópico, vamos exercitar os


conhecimentos adquiridos respondendo as seguintes questões:

1 Calcule os momentos dos binários da figura a seguir e diga se são


equivalentes ou não.

FIGURA 59 – BINÁRIOS DO EXERCÍCIO 1

FONTE : Autora

2 Suponha um plano formado pelos eixos x e y, conforme a figura a seguir,


em que atuam as cargas e . Calcule: (a) Os momentos desenvolvidos
por em relação aos pontos A, B e C. (b) Os momentos desenvolvidos por
em relação aos pontos A, B e C. (c) O momento resultante do sistema em
relação aos pontos A, B e C.

FIGURA 60 – ESQUEMA DO EXERCÍCIO 2

FONTE: Autora

88
3 Reduza o sistema de forças da figura a seguir ao ponto O.

FIGURA 61 – ESQUEMA DO EXERCÍCIO 3

FONTE: Autora

4 Dois binários atuam na viga. Determine a intensidade de F de modo que o


momento de binário resultante seja 300lb.pés no sentido anti-horário. Em
que local da viga atua o momento do binário resultante? Um triângulo a
partir do vetor F tem hipotenusa igual a cinco e catetos igual a 3 e 4.

FIGURA 62 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS


BIBLIOGRÁFICAS

FONTE: A autora

89
5 Um binário atua nos dentes da engrenagem mostrada na figura. Substitua
esse binário por um equivalente, composto por um par de forças que atuam
nos pontos A e B.

FIGURA 63 – ENGRENAGEM

FONTE: Disponível em: <http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula12.pdf>.


Acesso em: 26 jan. 2011.

90
UNIDADE 2
TÓPICO 3

DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E


EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

1 INTRODUÇÃO
Veremos agora as relações existentes entre as forças que atuam num corpo
rígido, levando em conta a forma e a localização exata do ponto de aplicação de
cada força. Para tanto, precisamos abordar o conceito de diagrama de corpo livre
que será apresentado na próxima seção.

2 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE


Antes de resolver um problema de dinâmica, é importante identificar
todas as forças relevantes envolvidas no problema. Para facilitar a visualização
destas forças, isola-se o corpo envolvido e desenha-se um diagrama de corpo livre
ou diagrama de forças, que é uma esquematização simples, envolvendo todas as
forças que estão atuando sobre o corpo.

FIGURA 64 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE

FONTE: Autora

Observe o exemplo que apresentamos na figura anterior. O rapaz empurra


uma caixa na direção horizontal, exercendo uma força aplicada na altura h. No
solo aparece a força de atrito , que se opõe ao movimento. Na direção vertical,
estão representadas a força peso no centro de massa, a uma distância d da
aresta da caixa e a reação ao apoio , perpendicular ao plano de apoio e na
mesma direção do peso, porém em sentido oposto.
91
UNIDADE 2 | DINÂMICA

3 EQUAÇÕES DE MOVIMENTO
Suponhamos um corpo constituído de um grande número n de pontos
materiais, de massas com , sob a ação de forças externas
, movendo-se no espaço.

Considerando o movimento do centro de massa G do corpo em relação a


um sistema de referência Oxyz, podemos escrever a seguinte equação: ,
em que m é a massa do corpo e é a aceleração do centro de massa. Tomando agora
o movimento do corpo em relação ao sistema de referência Gxyz, encontramos
, em que é a derivada temporal do momento angular.

Supondo um corpo em movimento num plano, temos as seguintes


equações fundamentais:

Onde I é o momento de Inércia do corpo.

As equações acima revelam que a aceleração do centro de massa e a


aceleração angular podem ser facilmente obtidas encontrando-se a resultante das
forças que atuam sobre o corpo e seu momento resultante.

4 MOMENTO DE INÉRCIA
O momento de inércia de uma distribuição de massas pontuais é dado
pela expressão onde xi sé a distância da massa mi ao eixo de rotação.

Exemplo 1 – Uma varinha delgada de 1 m de comprimento tem uma


massa desprezível. São colocados 5 massas de 1 kg cada uma, situadas a 0.0, 0.25,
0.50, 0.75, e 1.0 m de um dos extremos. Calcular o momento de inércia do sistema
relativo a um eixo perpendicular a varinha que passa através de: a) Um extremo.
b) Da segunda massa. c) Do centro de massa.

92
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

FIGURA 65 – VARINHA DELGADA COM 5 MASSAS SOBRE ELA

FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/


solido/din_rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.

Solução:

a) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular a varinha e que passa


pela primeira partícula é IA=1·02+1·0.252+1·0.52+1·0.752+1·12=1.875 kgm2.

b) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular à varinha e que passa


pela segunda partícula é IB=1·0.252+1·02+1·0.252+1·0.52+1·0.752=0.9375 kgm2.

c) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular à varinha e que passa


pela terceira partícula (centro de massas) é IC=1·0.52+1·0.252+1·02+1·0.252+1·0.52=
0.625 kgm2.

O momento de inércia de uma distribuição contínua de massa é dado pela


expressão,
onde dm é um elemento de massa situado a uma distância x do
eixo de rotação.

O raio de giração k do corpo em relação ao eixo é definido pela relação

I = k2m

O raio de giração representa a distância em que toda a massa do corpo deve


estar concentrada para que o momento de inércia em relação ao eixo permaneça
inalterado. (BEER; JOHNSTON JR, 2006).

Exemplo 2 – Calcular o momento de inércia de uma varinha de massa Me


comprimento L relativo a um eixo perpendicular à varinha que passa pelo centro
de massa.

93
UNIDADE 2 | DINÂMICA

FIGURA 66 – VARINHA DELGADA

FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/


din_rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.

Solução:

A massa dm do elemento de comprimento da varinha compreendido


entre x e x+dx é

M
dm = dx
L

O momento de inércia da varinha é

L/2 M 1
∫=
2
=Ic x dx ML2
L
− L/2 12

Podemos calcular o momento de inércia da varinha relativo a um eixo


perpendicular a mesma que passa por um de seus extremos, aplicando o teorema
de Steiner.

FIGURA 67 – VARINHA DELGADA

FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/din_


rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.

2
L 1 2
I=
Ic + M   = ML
2 3

94
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Exemplo 3 – Qual é o momento de inércia de um disco de massa M e


raio R relativo a um eixo perpendicular ao plano do disco e que passa por seu centro?

FIGURA 68 – DISCO DELGADO

FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/din_


rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.

Solução:

Tomamos um elemento de massa que dista x do eixo de rotação. O


elemento é um anel de raio x e de largura dx. Se recortamos o anel e o estendemos,
ele é convertido em um retângulo de comprimento 2x e largura dx, cuja massa é

M 2M
=dm = 2π xdx xdx
πR 2
R2

O momento de inércia do disco é


R
2M 1
∫=
3
=IC x dx
2
MR 2
0
R 2

FIGURA 69 – VEÍCULO DO EXEMPLO

FONTE: Disponível em: <http://www.welcomecongonhas.com.br/edicao1/


carros.html>. Acesso em: 30 jul. 2008.

95
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Exemplo 4 – Quando a velocidade do veículo era de 10,0m/s, aplicaram-


se os freios bruscamente, fazendo com que as quatro rodas parassem de girar,
mesmo assim o veículo derrapou 5,0m antes de parar. Qual é o módulo da reação
normal e da força de atrito em cada roda enquanto o veículo derrapava? (Utilize
informações do diagrama de corpo livre apresentado na figura a seguir).

FIGURA 70 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE

FONTE: Autora

Solução: Podemos determinar primeiro a aceleração do automóvel,


utilizando a equação das velocidades:

Agora podemos usar as equações de movimento, lembrando que na


direção y a aceleração é igual a zero, pois o corpo não se desloca verticalmente e,
escolhendo o ponto 1 como polo, encontramos:

96
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Numa segunda etapa, P = N1 + N2, utilizando a definição de força de


atrito temos que:

Substituindo esse resultado na primeira, encontramos que


, sabendo que P =mg temos que , substituindo
na anterior e simplificando P:

Na terceira equação podemos determinar N1, como segue:

Por fim, pela definição de força de atrito, podemos determinar FA1:

Utilizando novamente a segunda equação, determinamos N2 e depois FA2:

Por outro lado, os valores calculados acima representam a soma das


reações nas duas rodas dianteiras e nas duas rodas traseiras. Vamos calcular o
módulo em cada roda como segue:

97
UNIDADE 2 | DINÂMICA

LEITURA COMPLEMENTAR

FREIO WIRELESS PARA BICICLETA: VÊM AÍ ABS E EBD

Freio sem fios (wireless)

Um engenheiro alemão construiu um freio wireless para bicicletas que


não é apenas extremamente eficiente, mas também virtualmente à prova de
falhas (figura 1).

FIGURA 1 – FOTO DA BICICLETA COM SISTEMA DE FREIOS SEM FIO

FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLÓLOGICA. Disponivel em: <http://www.


inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem-
fios-bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012.

Enquanto o conceito de "drive-by-wire" é antigo quando se trata de


automóveis - quando os cabos de acionamento são substituídos por fios - a ideia
é mais recente no caso das bicicletas. Mas o professor Holger Hermanns, da
Universidade de Saarland, achou que já dava para eliminar também os fios, e
resolveu criar o freio wireless - portanto, uma geração à frente do drive-by-wire.

98
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Segurança máxima

Para isso, além do desafio técnico de construir o próprio freio, ele teve
que se preocupar com uma questão fundamental: a segurança. Usando sistemas
de controle eletrônico e replicando os circuitos, o pesquisador afirma ter atingido
um nível de segurança de 99,999999999997%.

Com tantos noves, é muitíssimo mais fácil ser atingido por um meteorito
do que sofrer um acidente com a magrela por uma falha nos freios - em cada 1
trilhão de brecadas, haverá três falhas.

"Não é perfeito, mas é aceitável," diz o engenheiro.

No freio wireless (sem fio) não há nem mesmo uma alavanca de freio:
tudo o que ciclista precisa fazer é apertar a manopla de borracha que recobre
o guidão. Sensores de pressão embutidos no plástico detectam a pressão e
enviam o sinal - quanto maior é a pressão, mais forte será a brecada (figura 2).

FIGURA 2 – FOTO DO SISTEMA DE FRENAGEM SEM FIO

FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLÓLOGICA. Disponivel em: <http://www.


inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem-fios-
bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012.

ABS para bicicletas

Para não haver falhas, os transmissores da rede sem fios são replicados,
garantindo que o sinal chegue ao sistema de frenagem propriamente dito mesmo
se houver erros de transmissão na rede.

99
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Se tudo funcionar bem, o freio é acionado em 250 milissegundos. Esse


tempo de acionamento significa que o ciclista que estiver a uma velocidade
de 30 km/h conseguirá parar em dois metros. Mas os engenheiros não ficaram
satisfeitos, e agora vão criar um freio ABS para bicicletas.

"Não é difícil integrar um sistema antitravamento dos freios e um controle


de tração. Vai precisar apenas de alguns ajustes," garante Hermanns.

Sistemas mais complexos

As redes sem fio nunca são um método à prova de falhas. Mas é necessário
reduzir ao máximo as ocorrências para que esses sistemas possam equipar
equipamentos maiores, como carros e trens, como se espera que ocorra em um
futuro próximo.

Por isto o Dr. Hermanns decidiu começar com a bicicleta, que pode ser
testada com riscos reduzidos. Segundo ele, o mais importante do trabalho são os
modelos matemáticos e os algoritmos que ele e sua equipe desenvolveram, que
monitoram continuamente o funcionamento de cada componente individual do
freio, assim como sua interação. Esses algoritmos poderão ser usados em sistemas
maiores e mais complexos.

"O freio wireless de bicicleta nos fornece o brinquedinho necessário para


otimizar essas técnicas para que eles operem em sistemas muito mais complexos,"
afirma ele.

FONTE: Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/10/2011. Disponível em: <http://


www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem-fios-
bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012.

100
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar
os seguintes itens:

• Mostramos a importância do diagrama de corpo livre.

• Definimos as equações de movimento de corpos rígidos.

• Utilizamos um exemplo para demonstrar a utilização das equações de


movimento.

101
AUTOATIVIDADE

Para melhor compreensão deste tópico e exercitar os conhecimentos


adquiridos, resolva as questões a seguir:

1 Uma empilhadeira de 2500kg carrega um engradado de 1200kg, como


indica a figura. A empilhadeira, movendo-se para a esquerda, sofre a
ação dos freios que produzem uma desaceleração de 3m/s2. Sabendo-se
que o coeficiente de atrito estático entre o engradado e o suporte é 0,60;
determine a componente vertical da reação em cada roda.

FIGURA 71 – EMPILHADEIRA

FONTE: BEER, Ferdinand P. Mecânica vetorial para engenheiros – Cinemática e


dinâmica. São Paulo: Makron Books, 1991.

2 No problema anterior, determine a máxima desaceleração do veículo para


que o engradado não escorregue e a empilhadeira não tombe, ambos para
frente.

3 Quando a velocidade de avanço do caminhão mostrado na figura era de 9 m/s, os


freios foram acionados bruscamente, fazendo com que as quatro rodas parassem
de girar. Foi observado que o caminhão derrapou sobre 6 m de pista até o repouso.
Determine a intensidade da reação normal e da força de atrito em cada roda
enquanto o caminhão derrapava até o repouso.

102
FIGURA 72 – CAMINHÃO

FONTE: Disponível em: <http://blog.educacional.com.br/matematicos/2010/05/11/


o-caminhao-os-tijolos-e-os-sacos-de-cimento-desafio-n%C2%BA-08/>. Acesso em:
26 jan. 2011.

4 Uma polia que pesa 54 N e tem um raio de giração de 20 cm está unida a


dois blocos, como mostrado na figura. Considerando que não exista atrito
no eixo, determine a aceleração angular da polia e a aceleração de cada
bloco.

FIGURA 73 – POLIA

FONTE: Autora
Exercício encontrado nos livros das referências bibliográficas.

103
104
UNIDADE 2
TÓPICO 4

VIBRAÇÕES MECÂNICAS

1 INTRODUÇÃO
As oscilações são movimentos harmônicos em torno de um ponto de
equilíbrio e que no mundo real normalmente são amortecidas. Isto é, elas
desaparecem gradualmente, transformando a energia mecânica em energia
térmica, devido ao atrito. Vibrações são pequenas oscilações que causam aumento
de tensões e perda de energia nas máquinas e estruturas, por isso devem ser
eliminadas através de um bom projeto.

Na figura a seguir, vemos o efeito causado pela ressonância entre a


frequência natural de oscilação da ponte e a frequência dos vórtices produzidos
pelo vento.

FIGURA 74 – EFEITO DA TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA POR RESSONÂNCIA

FONTE: Disponível em: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/atual_cie.


aspx?cod=751. Acesso em 30 jul. 2008.

105
UNIDADE 2 | DINÂMICA

2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES


Começaremos considerando o movimento oscilatório de uma partícula
restrita ao movimento em uma dimensão, como é o caso do corpo preso à mola
da figura a seguir. Considera-se também que a posição de equilíbrio estável da
partícula é a origem. Se a partícula é deslocada da origem, uma certa força tende
a restaurar a partícula até sua posição original.

FIGURA 75 – OSCILADOR HARMÔNICO SIMPLES

FONTE: Autora

Para pequenas oscilações, podemos aplicar a lei de Hooke para a força


que envolve deformações elásticas: F(x) = - kx.

A equação de movimento do oscilador harmônico simples pode ser


obtida pela substituição da lei de Hooke na equação de Newton: F = ma. Assim,
, em que é a segunda derivada do deslocamento x(t).

Rearranjando os termos, escrevemos . A equação acima é uma

equação diferencial de segunda ordem. Fazendo , podemos escrever


.

Esta equação descreve o movimento harmônico simples, executado por


uma partícula de massa m submetida a uma força proporcional ao seu deslocamento
com sentido oposto e é satisfeita pelas seguintes funções:
, constituindo duas soluções particulares da equação diferencial. A solução
geral pode ser obtida multiplicando-se as soluções particulares pelas constantes
arbitrárias A e B e adicionando-as. Assim, encontramos .

Derivando duas vezes, encontramos a velocidade e a aceleração no instante


t, sucessivamente:

Os valores de A e B dependem das condições iniciais do movimento.

O tempo de uma oscilação completa corresponde ao período T de vibração


e é dado por e é medido em segundos.

106
TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Exemplo 8 – Um bloco de 60 kg se move entre guias verticais. O bloco


é puxado 50 mm abaixo de sua posição de equilíbrio e solto. Determine (a) o
período de vibração, (b) a velocidade máxima e (c) a aceleração máxima do
bloco, sabendo que e .

FIGURA 76 – REPRESENTAÇÃO EXEMPLO 8

FONTE: Autora

Solução: (a) Precisamos encontrar primeiro o valor da constante da mola


equivalente no caso de uma associação em paralelo.

O período pode ser determinado através da equação . Para tanto,


vamos determinar primeiro , sabendo que:

Encontramos que:

(b) A velocidade máxima é obtida mediante , em que


transformamos 50 mm em 0,05m.

107
UNIDADE 2 | DINÂMICA

c) A aceleração semelhantemente se torna

3 PÊNDULO SIMPLES
Suponha uma partícula de massa m suspensa por um fio inextensível de
massa desprezível e de comprimento L, como o que aparece na figura a seguir,
caracterizando mais um exemplo de oscilador harmônico simples.

FIGURA 77 – PÊNDULO SIMPLES

FONTE: Autora

Devemos notar que todo oscilador tem associado um elemento de inércia


e um elemento de restituição. Assim também nosso pêndulo simples deve
apresentar esses dois elementos. A inércia está associada à massa da partícula e a
restituição está associada à força gravitacional entre a Terra e a partícula.

Observando a figura anterior, podemos ver que as forças atuantes são a


tração T sobre o fio e a força gravitacional mg. Fazendo a decomposição da força
gravitacional numa componente radial mg.cosθ e uma componente tangente à
trajetória da partícula mg.senθ , sendo que está força atua no sentido de fazer a
partícula retornar ao seu ponto de equilíbrio, temos a seguinte expressão para a
força restauradora: .

108
TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Para pequenas oscilações, aplica-se e lembrando que o


deslocamento x é aproximadamente igual a . Encontramos, então,
e substituindo na expressão para a força, temos:

Comparando a equação acima com a obtida no sistema massa-mola,


podemos ver que a constante faz o papel da constante k da mola. E, por
analogia, podemos escrever o período do pêndulo simples como sendo:

Exemplo 9 – Uma bola de demolição com 2500 kg oscila da extremidade de


um guindaste. O comprimento do cabo que oscila é igual a 17m. Calcule o período
da oscilação, supondo que o sistema possa ser tratado como um pêndulo simples.

FIGURA 78 – GUINDASTE DE DEMOLIÇÃO

FONTE: Autora

Solução: Utilizando a equação para o período encontrada na discussão


anterior temos,

Vamos encerrar esta unidade com o texto complementar sobre vibrações


forçadas.

109
UNIDADE 2 | DINÂMICA

LEITURA COMPLEMENTAR

VIBRAÇÕES FORÇADAS
Ferdinand Pierre Beer

As vibrações mais importantes do ponto de vista da Engenharia são as


vibrações forçadas de um sistema. Essas vibrações ocorrem quando o sistema
é submetido a uma força periódica ou quando está elasticamente ligado a um
suporte que tem um movimento alterado.

Figura A – Mecânica vetorial para engenheiros

Considerando inicialmente o caso de um corpo de massa m suspenso por


uma mola e submetido a uma força periódica de intensidade
(fig. A). Esta força pode ser uma força real externa aplicada ao corpo ou pode ser
uma força centrífuga produzida pela rotação de alguma parte desequilibrada do
corpo. Chamando de x o deslocamento do corpo medido a partir da sua posição
de equilíbrio, escrevemos a equação de movimento

Lembrando que , temos

(1)

110
TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Figura B – Mecânica vetorial para engenheiros

Em seguida, consideremos o caso de um corpo de massa m suspenso por


uma mola presa a um suporte móvel cujo deslocamento é igual a
(fig.B). Medindo o deslocamento x do corpo a partir da posição de equilíbrio
estático correspondente a , tem-se o seguinte resultado para a elongação
total da mola no instante . A equação do movimento é,
então,

Lembrando que , temos

(2)

Notamos que as equações (1) e (2) são do mesmo tipo e que a solução da
primeira equação satisfará à segunda se colocarmos .

Uma equação diferencial do tipo (1) e (2) que possui um segundo


membro diferente de zero, é chamada não homogênea. Sua solução geral é obtida
adicionando-se uma solução particular da equação dada à solução geral da
correspondente equação homogênea (com o segundo membro igual a zero). Uma
solução particular de (1) e(2) pode ser obtida tentando-se uma solução da forma

(3)

111
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Substituindo x por x part em (10, encontramos

que pode ser resolvida para a amplitude

Definindo , onde p é a frequência angular da vibração livre do


corpo, escrevemos

(4)

Substituindo (3) em (2), obtemos de modo análogo

(5)

A equação homogênea é a equação , que define a vibração


livre do corpo. Sua solução geral, chamada função complementar é,

(6)

Somando a solução particular (3) e a função complementar (6), obtemos a


solução geral das equações (1) e (2)

(7)

Observamos que a equação obtida consiste um das vibrações superpostas.


Os dois primeiros termos em (7) representam a vibração livre do sistema. A
frequência desta vibração, chamada frequência natural do sistema, depende
somente da constante k da mola e da massa m do corpo, e as constantes A e
B podem ser determinadas doas condições iniciais. Esta vibração livre também
é chamada vibração transitória porque, na prática, logo será amortecida pelas
forças de atrito.

O último termo em (7) representa a vibração do estado estacionário


produzida e mantida pela força que a imprime ou que é imprimida pelo
movimento do suporte. Sua frequência é a frequência forçada imposta por esta
força ou movimento, e sua amplitude xm, definida por (5), depende da razão entre
as frequências . A razão da amplitude xm da vibração do estado estacionário
para a deflexão estática Fm / k causada por força Fm ou pela amplitude do
movimento do suporte é chamada de fator de ampliação. De (4) e (5), obtemos,

Fator de ampliação

112
TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Figura C – Mecânica vetorial para engenheiros

O fator de ampliação versus razão das frequências / p está representado


graficamente na figura C. Notamos que, quando = p, a amplitude da vibração forçada
torna-se infinita. Diz-se que a força excitadora ou o movimento excitador do suporte
está em ressonância com o sistema dado. Na realidade, a amplitude da vibração
permanece finita por causa das forças amortecedoras; todavia, tal situação deve ser
evitada, e a frequência forçada não deve ser escolhida muito próximo da frequência
natural do sistema. Notamos, também, que para < p, o coeficiente em (7) é
positivo, enquanto para > p este coeficiente é negativo. No primeiro caso a vibração
forçada está em fase com a força excitadora ou o movimento excitador do suporte,
enquanto no segundo caso está defasada de 1800.

Problema Resolvido

Um motor pesando 1750N está apoiado em quatro molas, cada uma tendo
constante de 150kN/m. O desbalanceamento do rotor é equivalente a um peso de 0,3N
localizado a 0,15m do eixo de rotação. Sabendo que o motor é obrigado a mover-se
verticalmente, determinar (a) a frequência em rpm em que ocorrerá a ressonância (b)
a amplitude da vibração do motor na frequência de 1200rpm.

Figura D – Mecânica vetorial para engenheiros

113
UNIDADE 2 | DINÂMICA

Solução: a) A frequência de Ressonância A frequência de ressonância é


igual a frequência angular (em rpm) da vibração livre do motor. A massa do
motor e a constante equivalente das molas de sustentação são

b) Amplitude de Vibração a 1200 rpm A velocidade angular do motor e a


massa equivalente ao peso de 0,3N são

O módulo da força centrífuga devida ao desbalanceamento do rotor é

A deflexão estática que poderia ser causada por uma carga Fm constante é

Substituindo o valor de Fm / k juntamente com os valores conhecidos de


e p na equação (4), obtemos

Nota. Como > p, a vibração está defasada de 1800 em relação a força


centrífuga devida ao deslocamento do rotor. Por exemplo, quando a massa
desbalanceada está diretamente abaixo do eixo de rotação, a posição do motor é
xm = 3,2.10-5 m , acima da posição de equilíbrio.

FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros. São Paulo: Makron Books,
1994. p. 844-848.

114
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes aspectos
de Física, cujos itens resumidos são apresentados a seguir:

• Iniciamos o estudo de vibrações mecânicas através da definição de movimento


harmônico simples, utilizando como exemplo o movimento oscilatório de uma
partícula restrita ao movimento em uma dimensão.

• Utilizamos também um pêndulo simples constituído por uma massa m


suspensa por um fio inextensível de massa desprezível e de comprimento L
para estudar o movimento harmônico simples.

115
AUTOATIVIDADE

Finalizando este último tópico, responda a estas questões a seguir para


exercitar os conhecimentos adquiridos:

1 Um bloco de 60kg se move entre guias verticais. O bloco é puxado 50 mm


abaixo de sua posição de equilíbrio e solto. Determine (a) o período de
vibração, (b) a velocidade máxima e (c) a aceleração máxima do bloco,
sabendo que e . (Utilize
para determinar a constante equivalente da associação em série).

FIGURA 79 – ESQUEMA PARA EXERCÍCIO 1

FONTE: Autora

2 Um pêndulo simples executa oscilações de pequena abertura angular de


modo que a esfera pendular realiza um movimento harmônico simples. É
correto afirmar que:

a) O período de oscilação independe do comprimento do pêndulo.


b) O período de oscilação é proporcional ao comprimento do pêndulo.
c) O período de oscilação independe do valor da aceleração da gravidade
local.
d) O período de oscilação independe da massa da esfera pendular.

3 O coeficiente de atrito estático entre a barra vertical e o cilindro B é 0, 4. A


mola tem constante elástica igual a 30 N/m e comprimento normal de 1, 5
m. Determine o intervalo de valores da massa do cilindro, para os quais
o equilíbrio é possível na posição indicada na figura. Supondo que seja a
maior massa, determine o período de oscilação.
116
FIGURA 80 – MOLA PRESA A UMA EXTREMIDADE FIXA E A UMA
MASSA MÓVEL

FONTE: Autora

4 Um oscilador massa-mola tem amplitude do movimento de 2mm, pulsação


de 2π, e não existe defasagem de fase. Quando t=10s, qual a elongação do
movimento?

Sendo a função horária da elongação:

5 Dada a função horária da elongação:

Sabendo que todos os valores se encontram em unidades do SI, responda:

a) Qual a amplitude do movimento?


b) Qual a pulsação do movimento?
c) Qual o período do movimento?
d) Qual a fase inicial do movimento?
e) Quando t=2s qual será a elongação do movimento?

117
118
UNIDADE 3

ESTÁTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a:

• entender as equações que regem os corpos em repouso, aplicando as con-


dições de equilíbrio necessárias;

• compreender a aplicação dos vínculos na restrição de graus de liberdade;

• encontrar as reações internas e externas aos corpos submetidos a cargas


externas;

• estudar sistemas estruturais como treliças e calcular as reações;

• analisar corpos como vigas e cabos aplicando condições de equilíbrio;

• compreender como os corpos submetidos a forças deformam.

PLANO DE ESTUDOS
A terceira unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles,
você encontrará atividades que lhe ajudarão a fixar os conceitos.

TÓPICO 1 – EQUILÍBRIO DOS CORPOS

TÓPICO 2 – VÍNCULOS

TÓPICO 3 – TRELIÇAS

TÓPICO 4 – VIGAS E CABOS

TÓPICO 5 – TENSÃO E DEFORMAÇÃO

119
120
UNIDADE 3
TÓPICO 1

EQUILÍBRIO DOS CORPOS

1 INTRODUÇÃO
As pontes, os prédios, as torres são alguns exemplos de corpos que
são construídos para permanecerem em repouso mesmo que solicitados por
muitas forças.

Observe na figura a seguir, a criatividade nas curvas arrojadas do museu


Oscar Niemayer, em Curitiba. Mas por que corpos como esses não se movem
quando submetidas ao peso da própria estrutura? Das eventuais cargas? Da
corrosão provocada devido à presença da atmosfera ou devido ao desgaste pelo
uso constante? Para responder essas perguntas, precisamos encontrar as reações
internas e externas a esses fatores. Esse estudo visa analisar os sistemas de corpos
rígidos, em equilíbrio, e é exatamente isso que veremos agora.

FIGURA 81 – MUSEU OSCAR NIEMAYER

FONTE: Disponível em: <http://www2.petrobras.com.br/cultura/portugues/espacovirtual/galeria/


index.asp>. Acesso em: 15 ago. 2008.

Respeitando as condições de equilíbrio impostas sobre esses corpos,


encontramos as suas equações e, conhecendo as reações externas, determinamos
as suas reações internas.
121
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

2 GRAUS DE LIBERDADE
Um corpo pode se mover em diversas direções e sentidos. Os graus
de liberdade determinam a flexibilidade que um corpo possui ao executar um
movimento no espaço.

Considerando um sistema de eixos x, y e z, como o da figura a seguir,


os corpos podem se movimentar para frente ou para trás, em relação ao eixo
x, para esquerda ou para a direita, em relação ao eixo y, e para cima ou para
baixo, em relação ao eixo z. Estes movimentos são conhecidos como translação.
Adicionalmente, os corpos também podem girar ao redor desses três eixos, sendo
esse movimento chamado de rotação. Assim, há seis graus de liberdade para
o corpo, três graus de liberdade associados à rotação e três graus de liberdade
associados à translação, através das quais os corpos podem se mover.

FIGURA 82 – UM CORPO E SEUS GRAUS DE LIBERDADE

FONTE: Autora

3 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
Podemos aplicar as condições de equilíbrio para determinar as reações,
quando conhecemos as restrições sobre os seus graus de liberdade, impondo-as
nas equações que regem o movimento desses corpos.

As forças externas que atuam num corpo rígido podem ser reduzidas a um
sistema de forças equivalentes a uma força resultante, e a um binário num ponto
qualquer. Quando a resultante e o binário são nulos, as forças externas constituem
um sistema equivalente a zero e o corpo rígido se encontra em equilíbrio.

São condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido


que o somatório das forças e dos momentos sejam nulos, , ou
122
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS

seja, não há movimento de translação nem movimento de rotação. Isso significa


que o corpo não possui nenhum grau de liberdade.

Num sistema cartesiano, essas duas equações se desdobram em seis


equações, segundo as componentes nos três eixos coordenados.

Condições de equilíbrio:

Forças: Momentos:

4 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL


O ponto material se encontra em equilíbrio estático quando sua velocidade
permanece nula, no decorrer do tempo e em relação ao sistema de referência
considerado. Consequentemente, a aceleração também é nula e, pelo princípio
de inércia, a resultante das forças que atuam sobre esse sistema é nula, .
Não tem sentido falar em rotação do ponto material. Assim, as equações de
equilíbrio se resumem nas equações que restringem os três graus de liberdade
de translação do ponto.

Exemplo 1 – O sistema esquematizado na figura a seguir encontra-se em


equilíbrio. O corpo A tem massa de 60 kg. Determine as forças de tração que
atuam nos fios BC e BD.

FIGURA 83 – ESQUEMA – EXEMPLO 1

FONTE: Autora

Solução: A condição de equilíbrio pode ser imposta pelo método das


projeções num sistema cartesiano ortogonal Oxy. Observe a figura a seguir.
Assim, as equações de equilíbrio se tornam:

123
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Substituindo P = mg, sendo m a massa de 20 kg e g a aceleração da


gravidade 9,8 m/s2, encontramos:

FIGURA 84 – DECOMPOSIÇÃO DA FORÇA DE TRAÇÃO NO CABO BD. E


DEMAIS FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O CORPO

FONTE: Autora

5 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO CORPO RÍGIDO


Para estudarmos o equilíbrio estático do corpo rígido, precisamos considerar
também a possível rotação do corpo. Então, devemos acrescentar a condição que
restringe os outros três graus de liberdade, , momentos nulos.

Vamos recordar rapidamente o conceito de momento de uma força. Vimos,


no final da Unidade 1, que o momento de uma força aplicada a um ponto P,
em relação a um ponto O, denominado polo, é o produto vetorial do vetor pelo
vetor , que é a distância do ponto de aplicação até o polo, . Podemos
simplificar esse resultado administrando o produto da intensidade da força
pela distância perpendicular b do ponto O à linha de ação da força. Observe a
figura a seguir.
124
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS

FIGURA 85 – FORÇA PELA DISTÂNCIA PERPENDICULAR b DO PONTO O À


LINHA DE AÇÃO DA FORÇA

FONTE: Autora

A distância b é conhecida como o braço da força. Adotamos o sinal positivo


para o momento quando a força tende a produzir uma rotação em torno do polo
no sentido anti-horário e negativo no sentido horário. Quando o braço b, ou seja,
a distância do polo até a linha de ação, é nulo, o momento da força também é
nulo. Veja os exemplos da figura a seguir.

FIGURA 86 – FORÇA SENDO APLICADA EM DIFERENTES PONTOS DA


BARRA ARTICULADA

FONTE: Autora

Exemplo 2 – Uma barra situada num plano horizontal preso ao teto


pode girar em torno da articulação na qual se encontra pendurada. Determine o
momento da força de intensidade 10 N, em relação a este ponto nos casos a),
b), c) e d) da figura.

Solução:

a) A força é exercida sobre o polo, consequentemente, não pode produzir


um torque. Portanto, o momento é igual a zero.

b) A força é aplicada a uma distância de 0,2 m do pólo e paralela à linha


de ação, ou seja, o braço b novamente é nulo. Consequentemente, o momento
também é nulo.

125
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

c) A linha de ação da força é perpendicular ao polo e está a uma distância


de 0,1 m. A tendência do torque é no sentido horário e, lembrando a nossa
convenção de sinais mencionada anteriormente, observando a figura a seguir,
temos que .

FIGURA 87 – SENTIDOS POSITIVO E NEGATIVO DO MOMENTO

FONTE: Autora

d) O braço é de 0,2 m da força aplicada perpendicularmente a essa direção e o


torque também tende no sentido horário. Assim, .

Vejam que, nos dois primeiros casos, a barra se encontra em equilíbrio


estático, enquanto que, nos dois casos seguintes, a barra gira em torno do polo no
sentido horário.

Para que um corpo rígido esteja em equilíbrio estático, é preciso restringir


os seis graus de liberdade . Estudaremos esse caso no
próximo exemplo.

Exemplo 3 – A viga AB é mantida na posição horizontal por uma barra


vertical CD. Uma força de 3000kgf é aplicada na viga conforme a figura a seguir.
Determine a força de tração na barra CD.

FIGURA 88 – VIGA AB

FONTE: Autora

Solução: Aplicando as condições de equilíbrio do corpo rígido:

Forças: Momentos:

126
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS

Observando o diagrama de corpo livre da figura a seguir, encontramos as


forças no plano xy e o momento na direção z:

FIGURA 89 – VIGA EM EQUILÍBRIO E A REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS QUE


ATUAM NELA

FONTE: Autora

Da última equação temos: .

Da segunda equação: .

Da primeira equação: .

Podemos determinar Fx e Fy , determinando, em seguida XA , YA e T através


das três equações independentes que encontramos. Como estamos apenas
interessados na força de tração, calcularemos, nesse exemplo, apenas Fy :

Substituindo na primeira equação de equilíbrio, vem que:

As reações internas devido ao apoio no ponto A, XA e YA estão associadas


aos vínculos. Vamos defini-los no próximo tópico.

127
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você viu que:

• Iniciamos o estudo da Estática definindo os graus de liberdade.

• Apresentamos as condições de equilíbrio para um sistema estático.

• Mostramos as equações de equilíbrio associadas a um ponto material.

• Mostramos as equações de equilíbrio associadas ao corpo rígido.

128
AUTOATIVIDADE

Ao final deste tópico, para exercitar seus conhecimentos adquiridos,


responda as questões a seguir:

1 Explique com suas palavras o que são graus de liberdade. A partícula ou


ponto material possui o mesmo número de graus de liberdade de um corpo
rígido? Por quê?

2 Quais são as condições de equilíbrio? Explique o que elas significam.

3 O sistema da figura a seguir está em equilíbrio. Determine a força de tração


na corda, sabendo que o corpo possui uma massa de 30kg e que o ângulo
do plano inclinado formado com a direção horizontal é de 300.

FIGURA 90 – ESQUEMA PARA EXERCÍCIO

FONTE: Autora

4 Decomponha a força de 200 lb que atua sobre o tubo (Figura a seguir) em


componentes nas direções (a) x e y (b) x´e y.

FIGURA 91 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

A c B

b a
C
Lei dos senos:
A B C
= =
sen a sen b sen c
Lei dos cossenos:
C= A2 + B 2 − 2 AB cos c

FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPII.PDF>.


Acesso em: 26 jan. 2011.

129
5 A mola ABC da figura tem rigidez de 500 N/m e comprimento sem
deformação de 6 m. Determine a força horizontal F aplicada à corda que
está presa no pequeno anel B, de modo que o deslocamento do anel em
relação à parede seja d = 1,5 m.

FIGURA 92 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~humberto/fsc5051/


lista1.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

6 Um bloco de 150 kg (figura a seguir) pende de uma pequena polia que


pode rolar sobre o cabo ACB. A polia e sua carga são mantidas na posição
ilustrada na figura por um segundo cabo DE, paralelo ao trecho CB do cabo.
Determine: a) a tração no cabo ABC e b) a tração no cabo DE. Despreze o
raio da polia e a massa dos cabos e da roldana.

FIGURA 93 – MANGA MÓVEL PRESO À MOLA

FONTE: Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~humberto/fsc5051/


lista1.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

130
UNIDADE 3
TÓPICO 2

VÍNCULOS

1 INTRODUÇÃO
Em sistemas estruturais, desejamos manter certas partes do corpo
em equilíbrio e, para tanto, empregamos uma força de reação. Num anel,
por exemplo, podemos restringir o movimento dele a um grau de liberdade
translacional apenas e momentos nesta direção. A estas forças de reação
produzidas pelos apoios nas duas direções em que restringimos o movimento
do anel chamamos de vínculos.

As forças são classificadas conforme a sua origem. Por exemplo, a força


numa locomotiva ou muscular é uma força de contato. A força da gravidade
ou a magnética tem ação a distância. Em análises estruturais, as forças são
divididas em forças externas e forças internas.

As forças externas atuam nas partes externas na estrutura e é a razão


pela sua existência. Elas, por sua vez, podem ser ativas ou reativas. As forças
ativas são independentes e podem atuar em qualquer ponto da estrutura. São
as cargas que submeteremos à estrutura. Como exemplo, o peso de um carro
que passa por uma ponte, ou o peso próprio da estrutura. As forças reativas,
em que se concentra a discussão presente, surgem em determinados pontos
(vínculos), sendo consequência das ações. Por isso, precisam ser calculadas
para equivalerem às ações para garantirem o equilíbrio do sistema.

As forças internas mantém unidos os pontos materiais que formam o


corpo sólido da estrutura (solicitações internas). Se o corpo é estruturalmente
composto de diversas partes, as forças que mantêm estas partes unidas
também são chamadas de forças internas (forças desenvolvidas em rótulas).
(SOFISICA, 2010)

131
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

2 TIPOS DE VÍNCULOS
Os vínculos podem ligar elementos de uma estrutura entre si ou ligar a
estrutura ao meio externo e, portanto, se classificam em vínculos internos (unem
partes componentes de uma estrutura) e externos (unem os elementos de uma
estrutura ao meio externo). Os vínculos externos se classificam segundo o número
de graus de liberdade que restringem. (SOFISICA, 2010)

Vimos que vínculos são forças de reação que restringem os graus de


liberdade de um corpo. Começamos nosso estudo analisando alguns vínculos
em sistemas de forças 2D (bidimensionais). Em seguida, apresentamos, na leitura
complementar, apoios e conexões em sistemas de forças 3D (tridimensionais).

2.1 APOIO SIMPLES OU ROLETES


Esse tipo de apoio impede a translação na direção perpendicular ao apoio.
A força de reação é ortogonal à direção de translação. O apoio simples não impede
a rotação. Podemos observar a força de reação, Fy , no esquema da figura a seguir.

FIGURA 94 – APOIO SIMPLES NO PLANO

FONTE: Autora

2.2 APOIO FIXO E ARTICULAÇÃO


A articulação e o apoio fixo restringem a translação em todas as direções,
mas não impedem a rotação. Na figura a seguir, temos as forças reativas
representadas pelas setas Fx e Fy.

132
TÓPICO 2 | VÍNCULOS

FIGURA 95 – APOIO FIXO

FONTE: Autora

2.3 ENGASTE
No engaste, a restrição é sobre todas as translações e rotações, ou seja, o corpo
não pode fazer nenhum movimento. Agora, além de duas forças desconhecidas,
Fx e Fy, temos também um momento desconhecido Mz. Observe essas grandezas
representadas na figura a seguir.

FIGURA 96 – ENGASTE

FONTE: Autora

Vamos analisar alguns desses casos nos próximos exemplos.

3 CARREGAMENTO PLANO
Os vínculos no carregamento plano são, portanto, de três espécies, que
podem ser simbolizadas do seguinte modo. (SOFISICA, 2010)

1. Restringe uma translação

133
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

2. Restringe duas translações.

3. Restringe duas translações e uma rotação.

Cada movimento restrito corresponde a uma reação vincular, que deve


ser determinada.

Exemplo 4 – Determine as reações nos suportes A e D, da figura a seguir,


causadas pela força . Desprezar o peso próprio da estrutura do pórtico.

FIGURA 97 – PÓRTICO COM UM APOIO FIXO NO PONTO A E UM APOIO


SIMPLES NO PONTO D

FONTE: Autora

Solução: Depois de fazer um diagrama de corpo livre do pórtico, conforme a

figura a seguir, escrevemos as equações de equilíbrio:

134
TÓPICO 2 | VÍNCULOS

FIGURA 98 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DO PÓRTICO

FONTE: Autora

Observando o fato de que existe um apoio fixo no ponto A e, portanto,


duas reações de apoio e um apoio simples, o ponto D, e, portanto, apenas uma
reação de apoio.

Da primeira equação independente, temos:

Da última tiramos que:

Da segunda equação independente, encontramos:

Exemplo 5 – Um guindaste fixo tem uma massa de 1000 kg e é usado para


suspender um pacote de 2600 kg. O guindaste é mantido na posição indicada
na figura por um pino (do tipo apoio fixo) no ponto A e um suporte basculante
(do tipo apoio simples) no ponto B. O centro de gravidade do guindaste está
localizado em G. Determine os componentes das reações em A e B.

135
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

FIGURA 99 – GUINDASTE DO EXEMPLO 5

FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros: Estática.


São Paulo: Makron Books, 1994.

Solução: Depois de fazer o diagrama de corpo livre da figura a seguir,


multiplicamos a constante g = 9,8m / s2 pela massa m e obtemos os pesos P. A força
no pino é de direção desconhecida; ela é representada pelas suas componentes XA
e YA. A força de reação no suporte do basculante é normal a superfície de apoio XB.

FIGURA 100 – ESQUEMA COM AS REAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS NO


GUINDASTE

FONTE: Autora

Vamos escrever as condições de equilíbrio, tomando o ponto A como


sendo o polo. Encontramos:

Da última equação, temos que:

136
TÓPICO 2 | VÍNCULOS

Da primeira, encontramos:

Da segunda equação:

Observe, na figura a seguir, o sentido da componente horizontal da força no


ponto A, XA:

FIGURA 101 – DETALHE DA FORÇA DE REAÇÃO NO PONTO A

FONTE : Autora

Exemplo 6 – Um homem levanta uma viga de 10 kg e 10 m de comprimento


puxando uma corda. Encontrar a força de tração T na corda e a reação em A.
Suponha que a aceleração da gravidade é igual à 9,81 m/s2.

FIGURA 102 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

25°

4,00m

45°
A
FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/glaucia/
cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

137
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Solução:

Exemplo 7 – A barra de aço uniforme com 7 m de comprimento tem uma


massa de 200 kg e está apoiada sobre o chão por uma rótula em A. A extremidade
esférica em B se apoia na parede vertical lisa, como mostrado. Calcule as forças
exercidas pelas paredes e pelo chão nas extremidades da barra. (MERIAN;
KRAIGE, 2008, p. 98)

FIGURA 103 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: A autora

Solução: Construímos o diagrama de corpo livre das forças que atuam


sobre a barra, figura a seguir. As forças de contato atuando na barra em B são
normais às superfícies da parede, além do peso P =200(9,81) =1962 N. a força
exercida pelo chão pela esfera na junta em A é representada pelas componentes
x, y e z. A posição vertical de B é dada por

138
TÓPICO 2 | VÍNCULOS

FIGURA 104 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE

FONTE: A autora

Utilizando A como centro de momento para eliminar a referência das


forças atuando em A. Os vetores posição são,

Onde o centro de massa, localização do vetor P, está à meia distância de A e B.

As forças em A podem ser determinadas como segue:

139
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

REAÇÕES EM APOIOS E CONEXÕES PARA UMA ESTRUTURA


TRIDIMENSIONAL

Ferdinand Pierre Beer

As reações em uma estrutura tridimensional variam da força única de


direção conhecida, exercida por uma superfície sem atrito, ao sistema força-
binário, exercido por um engaste.

Consequentemente, em problemas que envolvam o equilíbrio de uma


estrutura tridimensional, pode haver uma a seis incógnitas associadas às reações
em cada apoio ou conexão. Uma maneira simples de se determinar o tipo de
reação correspondente a um dado apoio ou conexão é o número de incógnitas
envolvidas é achar quais dos seis movimentos fundamentais (translação nas
direções x, y e z, rotação em torno dos eixos x, y e z) são permitidos e quais
movimentos são impedidos.

Apoios de esferas, superfícies sem atrito e cabos, por exemplo, impedem


translação em uma direção apenas e, portanto, exercem uma força única cuja
linha de ação é conhecida; cada um desses apoios envolve uma incógnita, a saber,
a intensidade da reação. Roletes sobre superfícies rugosas e rodas sobre trilhos
impedem a translação em duas direções; as reações correspondentes consistem
em dois componentes de força desconhecidos. Superfícies rugosas em contato
direto e apoiados do tipo rótula impedem a translação em três direções; esses
apoios envolvem três componentes de força desconhecidos.

Alguns apoios e conexões podem impedir tanto a rotação quanto a


translação; as reações correspondentes incluem tanto binários quanto forças.
Por exemplo, a reação em um engaste, que impede qualquer movimento (tanto
rotação quanto translação), consiste em três forças desconhecidas e três binários
desconhecidos. Uma junta universal, que é projetada para possibilitar rotação
em torno de dois eixos, exercerá uma reação constituída de três componentes de
força desconhecidos e um binário desconhecido.

Outros apoios e conexões são projetados principalmente para impedir


a translação; seu projeto, no entanto, é tal que eles também impedem algumas
rotações. As reações correspondentes consistem essencialmente em componentes
de força, mas podem também incluir binários. Um grupo de apoios desse tipo
inclui articulações e mancais projetados para sustentar somente cargas radiais
140
TÓPICO 2 | VÍNCULOS

(por exemplo, mancais de deslizamentos, mancais de rolamento). As reações


correspondentes consistem em dois componentes de força, mas também podem
incluir dois binários. Outro grupo inclui apoios do tipo pino e suporte, articulações
e mancais, projetados para sustentar tanto um empuxo axial quanto uma carga
radial (Por exemplo, mancais de esferas). As reações correspondentes consistem
em três componentes de força, mas também podem incluir dois binários.

Entretanto, esses apoios não exercerão quaisquer binários apreciáveis em


condições normais de uso. Portanto, somente componentes de força devem ser
incluídos em suas análises, exceto se verificar que são necessários binários para
se manter o equilíbrio do corpo rígido, ou exceto se o apoio tiver sido projetado
especificamente para exercer um binário.

Se as reações envolvem mais seis incógnitas, há mais incógnitas do


que equações, e algumas das reações são estaticamente indeterminadas. Se as
reações envolvem menos de seis incógnitas, há mais equações do que incógnitas,
e algumas das equações de equilíbrio não podem ser satisfeitas em condições
gerais de carregamento; o corpo rígido só está parcialmente vinculado.

Entretanto, nas condições de carregamento particulares que correspondem


a um dado problema, as equações extras frequentemente se reduzem a identidades
triviais, como 0 = 0, e podem ser desconsideradas; embora só esteja parcialmente
vinculado, o corpo rígido permanece em equilíbrio. Mesmo com seis ou mais
incógnitas, é possível que algumas equações de equilíbrio não sejam satisfeitas.
Isso pode ocorrer quando as reações associadas aos apoios ou são paralelas ou
interceptam a mesma linha, o corpo rígido está então impropriamente vinculado.

141
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Classificação das estruturas

As estruturas podem ser classificadas quanto ao número de vínculos que


possui. Podemos comparar o número de vínculos com o número de equações
independentes que conseguimos através das condições de equilíbrio e classificar
as estruturas em três tipos.

Hipostática - Na estrutura hipostática o número de equações é maior que


o número de incógnitas, portanto não possui vínculos suficientes para garantir a
sua total imobilidade.

Hiperestática - Na hiperestática o número de equações é menor que o


número de incógnitas e há superabundância de vínculos para garantir a sua total
imobilidade.

Isostática - Na estrutura isostática o número de equações é igual ao


número de incógnitas possuindo assim uma quantidade de vínculos estritamente
necessária para garantir a sua imobilidade total.

FONTE: Extraído e adaptado de: BEER, Ferdinand Pierre. Estática. In: Mecânica vetorial para
engenheiros. São Paulo: Makron Books, 1994. p. 191-193.

142
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você viu os seguintes assuntos relacionados à Física:

• Definimos vínculos e os classificamos em função da sua utilização e restrição


aos graus de liberdade.

• Mostramos a utilização dos vínculos em sistemas tridimensionais.

• Através de alguns exemplos práticos, abordamos o cálculo das reações


vinculares.

• Classificamos as estruturas em função das reações e equações de equilíbrio.

143
AUTOATIVIDADE

Chegando ao final de mais um tópico, vamos exercitar nossos


conhecimentos resolvendo as questões a seguir:

1 A viga AB da figura se encontra apoiada nos extremos por dois vínculos,


no ponto A um apoio fixo e no ponto B um apoio simples. Pedem-se as
reações vinculares nos pontos A e B, sabendo-se que a carga P vale 30N.

FIGURA 105 – VIGA AB

FONTE: Autora

2 Uma estrutura em arco é fixa ao suporte articulado no ponto A, e sobre


roletes em B num plano de 300 com a horizontal. O vão AB mede 20m.
O peso da estrutura é Q = 10000kgf. A força resultante dos ventos é P =
2000kgf e situa-se a 4 m, acima de A, paralelamente à reta AB. Determinar
as reações nos suportes A e B.

FIGURA 106 – PÓRTICO

FONTE: Autora

144
3 A barra homogênea AB de peso P = 120 N está articulada em A e é mantida
em equilíbrio pelo fio ideal BC. Determine a intensidade da força de tração
no fio e as componentes vertical e horizontal da força da articulação na
barra. Sabe-se que o comprimento da barra é 1 m e o ângulo é de 300.

FIGURA 107 – BARRA AB

FONTE: Autora

4 Observe na figura a seguir, três cargas aplicadas a uma viga. A viga é


apoiada em um rolete em A e em uma articulação em B. Desprezando o
peso próprio da viga, determine as reações em A e B quando Q = 75 kN.

FIGURA 108 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/


glaucia/cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

5 Determine as reações em A e B quando: (a) α = 00 (b) α = 900 (c) α = 300.

FIGURA 109 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil professores/


glaucia/cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 3

TRELIÇAS

1 INTRODUÇÃO
Uma das principais estruturas utilizadas pela engenharia é a treliça,
mostrada na figura a seguir, constituída principalmente por elementos retos e
unidos por um nó.

FIGURA 110 – TRELIÇAS EM CONSTRUÇÕES DE PONTES E VIADUTOS

FONTES: Disponível em: <http://www.serradaprata.com.br/contrucao-civil/trelica-


lancadeira-de-vigas-m3bbd.html?MEid=72>. Acesso em: 15 ago. 2008.

Os elementos da treliça são feitos para suportar pouca carga lateral.


As cargas, no entanto, são aplicadas aos nós. Veja na figura a seguir, detalhes
mostrando os pinos nos nós da estrutura.

147
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

FIGURA 111 – DETALHE MOSTRANDO OS NÓS NOS PONTOS EM QUE A


TRELIÇA POSSUI PINOS QUE LIGAM OS ELEMENTOS DA ESTRUTURA

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/


Estruturas/garabit.htm> Acesso em: 15 ago. 2008.

A grande vantagem da treliça é atingir grandes vãos livres sem colunas ou


vigas. Em seguida, veja outros exemplos de estruturas com treliças.

FIGURA 112 – ESTRUTURAS DE TRELIÇA - ESTRUTURA DE AÇO DE UM


GALPÃO INDUSTRIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~fam/novaes/public_


html/iniciacao/teoria/estrutur/4.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008.

FIGURA 113 – ESTRUTURAS DE TRELIÇA - TORRE DE ALTA TENSÃO E UMA TRELIÇA


PLANA DE MADEIRA

FONTE: Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~fam/novaes/public_html/


iniciacao/teoria/estrutur/4.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008.

148
TÓPICO 3 | TRELIÇAS

Quando os elementos de treliça se situam essencialmente no mesmo


plano, a treliça é chamada de treliça plana. Para pontes e estruturas similares,
treliças planas são utilizadas em pares com uma treliça colocada em cada lado da
estrutura. (MERIAN; KRAIGE, 2008).

2 CÁLCULO DAS REAÇÕES


Para Merian e Kraige (2008), quando conexões soldadas ou rebitadas são
usadas para unir elementos estruturais, podemos normalmente considerar que a
conexão é do tipo união por pino se as linhas centrais forem concorrentes na junta
como na a seguir. Na análise de treliças simples, também consideramos que todas
as forças externas são aplicadas nos nós das juntas.

FIGURA 114 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: A autora

Consideremos uma barra articulada qualquer como a da figura a seguir.


Podemos escrever as equações de equilíbrio para esse corpo como segue,

FIGURA 115 – BARRA QUALQUER ARTICULADA

FONTE: Autora

Da última equação temos que: , da segunda equação:


e da primeira: .
149
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Assim sendo, as únicas forças de reação na barra articulada são em sentido


paralelo ao seu comprimento XA e XB. Estas estão em sentidos opostos, como
podemos ver os possíveis resultados na figura a seguir. A barra pode estar sendo
tracionada ou comprimida.

FIGURA 116 – REAÇÕES NA BARRA

FONTE: Autora

2.1 MÉTODO DOS NÓS


Podemos encontrar as reações internas nos pontos de ligação de vários
elementos utilizando o método dos nós. Este método consiste em analisar
separadamente cada ponto de encontro de duas ou mais barras ou articulação
de interligação das barras e considerar o somatório das forças externas e internas
que atuam nesse ponto nulo.

Demonstraremos esse método através do exemplo prático a seguir.

Exemplo 6 – A estrutura mostrada na figura a seguir é composta por


barras biarticuladas, de pesos desprezíveis. A e B são duas articulações externas.
Determine todos os esforços atuantes nas barras.

FIGURA 117 – TRELIÇA DO EXEMPLO 6

FONTE: Autora

Solução: Para determinar os esforços em cada barra, vamos olhar para os


nós separadamente. Veja o esquema das forças de cada nó na figura a seguir.

150
TÓPICO 3 | TRELIÇAS

FIGURA 118 – FORÇAS ATUANDO EM CADA NÓ

FONTE: Autora

Agora, vamos escrever as condições de equilíbrio em cada nó. Vamos


começar com o nó do ponto A, figura a seguir. As únicas forças que atuam no
ponto a são XA, YA e NAC.

FIGURA 119 – FORÇAS NO PONTO A

FONTE: Autora

Observando a disposição das forças na figura anterior, escrevemos:

151
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

FIGURA 120 – FORÇAS NO PONTO B

FONTE: Autora

Analogamente, escrevemos para cada nó as condições de equilíbrio como segue:

FIGURA 121 – FORÇAS NO PONTO C

FONTE: Autora

FIGURA 122 – FORÇAS NO PONTO D

FONTE: Autora

152
FIGURA 123 – FORÇAS NO PONTO E
TÓPICO 3 | TRELIÇAS

FONTE: Autora

A partir das equações (5) podemos determinar NCE e NDE,

, lembrando que , encontramos .

E a partir desse resultado, podemos encontrar NDE, .

Lembrando que , encontramos, NDE = – Q.

Utilizando as equações (4), podemos determinar NDB e NCD, no nó do


ponto D:

Com as equações (3), determinamos:

153
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Substituindo esse resultado na outra:

Com as equações (2), determinamos:

Finalmente, das equações (1) recebemos:

Assim, encontramos todas as incógnitas procuradas,

Algumas vezes não podemos, inicialmente, atribuir para uma ou ambas


as forças desconhecidas atuando em um dado nó. Nesse caso, podemos fazer uma
atribuição arbitrária. Uma força calculada negativa indica que a direção assumida
inicialmente está errada. (MERIAN; KRAIGE, 2008)

2.1.1 Redundância interna e externa


Conforme Merian e Kraige (2008), se uma treliça tem mais apoios externos do
que os necessários para garantir uma configuração de equilíbrio estável, a treliça como
um todo é estaticamente indeterminada e os apoios extras constituem redundância
externa. Se tiver mais elementos internos que os necessários para evitar o colapso
quando a treliça é removida de seus apoios, então os elementos extras constituem
redundância interna, e a treliça é novamente estaticamente indeterminada.

Para uma treliça que é estaticamente determinada, existe uma relação


específica entre o número de seus elementos e o número de seus nós necessária para
estabilidade interna sem redundância. Como podemos especificar o equilíbrio de
154
TÓPICO 3 | TRELIÇAS

cada nó por duas equações escalares de força, existem ao todo 2j equações desse
tipo para uma treliça com j nós. Para a treliça completa composta de m elementos
de duas forças e tendo no máximo 3 reações de apoio desconhecidas, existem ao
todo m + 3 incógnitas (m forças de tração ou compressão e três reações). Assim,
para qualquer treliça plana, a equação m + 3 = 2j será satisfeita se a treliça é
internamente estaticamente determinada.

Observe a figura a seguir, a treliça tem 6 nós, isso dá 2j = 12, 12 equações.


Com 3 reações R1, R2 e L, assim m + 3 = 12 dá m = 9, 9 forças de tração ou compressão,
AF, AB, EF, BF,BC, CD, DE, BE, CE.

FIGURA 124 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: MERIAN; KRAIGE, 2008 p. 118.

155
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

2.1.2 Condições especiais


Para Merian e Kraige (2008), é comum encontrar diversas condições especiais
na análise de treliças. Quando dois elementos colineares estão sob compressão
como indicado na figura 125 A, é necessário adicionar um terceiro elemento para
manter o alinhamento dos dois elementos e prevenir a flambagem. A partir de
um somatório de forças, vê-se que a força F3 no terceiro elemento deve ser zero na
direção y e que F1 = F2 na direção x. Essa conclusão é válida independente do ângulo
θ e também se os elementos colineares estão sob tração. Se uma força externa com
uma componente y fosse aplicada no nó, então F3 não valeria zero.

Quando dois elementos não colineares são unidos como mostrado na


figura 125 B, então, na ausência de uma carga externa aplicada a esse nó, as
forças em ambos os elementos deve ser zero, como podemos ver através dos dois
somatórios de força.

Quando dois pares de elementos colineares são unidos como mostrado


na figura 125 C, as forças em cada par devem ser iguais e opostas. Essa conclusão
deriva dos somatórios de forças indicados na figura 125.

FIGURA 125 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: MERIAN; KRAIGE, 2008 p. 119.

3 MÉTODO DAS BARRAS


Podemos utilizar outro método se estivermos interessados apenas na
reação em uma barra em particular, sem a necessidade de determinar os valores
de todas as reações. Este método consiste no método das barras e também vamos
apresentá-lo na forma de um problema concreto, como o do próximo exemplo.

Exemplo 7 – Queremos determinar o esforço atuante na barra HJ da figura


a seguir.

156
TÓPICO 3 | TRELIÇAS

FIGURA 126 – ESTRUTURA DO EXEMPLO 7

FONTE: Autora

Solução: Primeiramente, vamos impor as condições de equilíbrio sobre


toda a estrutura, considerando apenas as reações externas, no apoio fixo do ponto
A e no apoio simples no ponto B. As reações internas podem ser desprezadas
porque se anulam aos pares. Assim, somando todas as cargas P, obtemos:

A última equação nos dá o valor de YB :

Podemos substituir na segunda para determinar YA :

A primeira equação nos dá, diretamente, o valor de XA = 0 .

Com as reações externas determinadas, podemos encontrar a reação


interna solicitada na barra HJ. Para tanto, precisamos isolar a parte da estrutura
em que temos a reação procurada. Vamos analisar a parte da treliça constituída
pelos pontos I, J,K,L e B.

157
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

FIGURA 127 – ALGUNS ELEMENTOS DA TRELIÇA CONSTITUÍDA PELOS


PONTOS I, J, K, L e B

FONTE: Autora

As forças de reação interna que não se cancelam aos pares são as forças
NGI , NHI e NHJ . Impondo a condição de momentos nulos, nessa porção da treliça,
e considerando o ponto I como um polo, encontramos:

Substituindo o valor de YB, encontrado anteriormente, temos:

Assim, determinamos o esforço que a barra HJ pode suportar em termos


da carga P e das dimensões a e b.

158
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você teve oportunidade de estudar aspectos importantes,


cujos itens são apresentados a seguir:

• Definimos treliça e apontamos sua utilidade em Engenharia, mostrando


algumas estruturas que a empregam.

• Mostramos como calcular as reações internas nos elementos retos da treliça.

• Apresentamos o método dos nós para a determinação das reações externas e


internas.

• Apresentamos o método das barras como alternativa para a determinação de


reações num elemento em particular.

159
AUTOATIVIDADE

Para reforçar seu aprendizado, resolva as questões a seguir:

1 Usando a estrutura mostrada na figura 117, do exemplo 6, que é composta


por barras biarticuladas de pesos desprezíveis, sendo A e B são duas
articulações externas. Determine todos os esforços atuantes nas barras,
sabendo que Q = 30 N.

2 Sabendo que P = 30 N, a = 1m e b = 3m, determinar o esforço atuante na barra


HJ da figura 126, do exemplo 7.

3 Para a estrutura ilustrada, determine as reações no rolete “A” e no engaste “H”.

FIGURA 128 – ELEMENTOS DA TRELIÇA PARA ATIVIDADE

FONTE: Autora

4 Determine a força em cada elemento da treliça e indique se os elementos estão


mesmo sob tração ou compressão. Considere que P1 = 500lb e P2 = 100lb.

FIGURA 129 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/


CAPVI1.PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011.

160
5 Determine a força em cada elemento da treliça e indique se os elementos
estão mesmo sob tração ou compressão. Considere que P1 = P2 = 4kN.

FIGURA 130 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPVI1.


PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011.

6 Determine as forças nos elementos BC, HC e HG para a treliça da ponte e


indique se eles estão sob tração.

FIGURA 131 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPVI1.PDF>.


Acesso em: 26 jan. 2011.

161
162
UNIDADE 3
TÓPICO 4

VIGAS E CABOS

1 INTRODUÇÃO
Denominamos viga um elemento estrutural que pode sustentar cargas
aplicadas em vários pontos de sua extensão. Geralmente, as cargas aplicadas
são perpendiculares ao eixo da viga, causando somente cisalhamento e flexão. A
figura a seguir mostra a colocação de vigas num viaduto.

FIGURA 132 – COLOCAÇÃO DE VIGAS EM VIADUTO

FONTE: Disponível em: <http://www.manaus.am.gov.br/secretarias/semosbh/galeria-1/


Colocacoes-de-Vigas---Viaduto-da-Recife---nov-2007.jpg/view>. Acesso em: 15 ago. 2008.

O projeto de qualquer elemento estrutural ou mecânico requer uma


investigação das cargas que atuam em seu interior para garantir que o material
utilizado resista ao carregamento. Os efeitos internos podem ser determinados
pelo uso do método das barras. (HIBBELER, 2005).

163
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

2 ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO


FLETOR EM UMA VIGA
As cargas concentradas sobre as vigas são expressas em N (Newton) e as
cargas distribuídas sobre as vigas são expressas em N/m (Newton/metro). Na
figura a seguir, a viga AB possui três cargas concentradas: P2 , P3 e P5 , e duas
cargas distribuídas P1 e P4 . Queremos determinar o esforço cortante e o momento
fletor num ponto qualquer, como, por exemplo, o ponto C.

FIGURA 133 – VIGA SUBMETIDA ÀS CARGAS CONCENTRADAS P2 , P3 E P5 , E AS CARGAS


DISTRIBUÍDAS P1 E P4

FONTE: Autora

Determinamos, a partir da viga inteira, as reações YA e YB. Cortando a viga


em dois pedaços, a partir do ponto C, calculamos as reações internas. Tomando o
pedaço AC determinamos o esforço cortante Ec1 em C, usando a condição Fy = 0
e o momento fletor a condição .

Exemplo 1 – Uma barra é fixada em uma de suas extremidades e é


carregada como mostra a figura a seguir. Determine as forças normais internas
nos pontos B e C.

164
TÓPICO 4 | VIGAS E CABOS

FIGURA 134 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: A autora

Solução: Apenas uma força normal AY atua no apoio fixo, uma vez que as
cargas são aplicadas simetricamente ao longo do eixo da barra (AX = 0, MA = 0).

FIGURA 135 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO

FONTE: A autora

As forças internas em B e C são obtidas utilizando os diagramas de


corpo livre da barra secionada, conforme figura anterior. Nenhuma força de
cisalhamento ou momento atuará nessas seções, por não serem necessários para
a condição de equilíbrio. Foram escolhidos os segmentos AB e DC porque eles
contêm menor quantidade de forças.

Segmento AB

165
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Segmento DC

3 CABOS
Os cabos são muito utilizados, na Engenharia, em pontes, linhas de
transmissão, teleféricos etc. Existem duas categorias para os cabos, dependendo
das cargas que sustentam. Observe os cabos na figura a seguir.

FIGURA 136 – CABOS

FONTE: Disponível em: <http://www.vias3d.net/web/?ver=Articulos&id=15>.


Acesso em: 15 ago. 2008.

3.1 CABOS COM CARGAS


CONCENTRADAS
Vamos considerar um cabo de peso desprezível submetido a três pesos,
como é ilustrado na figura a seguir. As reações internas podem ser reduzidas a
uma força de tração na direção ao longo do cabo. As reações nos apoios A e B,
juntamente com as três cargas, estão representadas na mesma figura.

166
TÓPICO 4 | VIGAS E CABOS

FIGURA 137 – CABO SUSTENTANDO 3 CARGAS

FONTE: Autora

Temos três equações de equilíbrio e quatro incógnitas. Portanto, o sistema


permanece indeterminado, a menos que obtivermos uma equação adicional.
Para tanto, vamos considerar o equilíbrio numa parte do cabo. Conhecendo as
coordenadas de um ponto sobre o cabo entre os dois primeiros pesos, figura a
seguir, traçamos o diagrama de corpo livre e escrevemos as condições de equilíbrio
sobre esse segmento do cabo.

FIGURA 138 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DO SEGMENTO AO

FONTE: Autora

Depois de determinar XA e YA, podemos encontrar a distância y de A até


cada ponto do cabo.

3.2 CABOS COM CARGAS DISTRIBUÍDAS


Quando um cabo sustenta uma carga distribuída, ele toma a forma de
uma curva como o da figura a seguir, e a força interna em cada ponto é uma força
de tração direcionada ao longo da tangente dessa curva.

167
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

FIGURA 139 – CARGA DISTRIBUÍDA NUM CABO

FONTE: Autora

Traçando um diagrama de corpo livre da parte do cabo, desde o ponto mais


baixo O até um outro ponto qualquer Q, temos as forças T0 no ponto mais baixo, T
no ponto qualquer e P para o peso distribuído na parte do cabo considerado. Do
triângulo retângulo formado por essas forças:

O resultado acima mostra que a componente horizontal da força de tração


é a mesma em qualquer ponto e a componente vertical é igual à carga medida
a partir do ponto mais baixo.

168
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos


de Mecânica:

• Vimos a utilização de cabos e vigas na Engenharia.

• Mostramos o conceito de esforço cortante e momento fletor numa viga.

• Estudamos cabos submetidos a cargas concentradas e cargas distribuídas.

169
AUTOATIVIDADE

Caro(a) acadêmico(a)! Para fixar o tópico estudado, resolva estas


questões a seguir:

1 Encontre o esforço cortante e o momento fletor no ponto C da (Figura a


seguir) que segue.

FIGURA 140 – VIGA AB COM DUAS CARGAS CONCENTRADAS

FONTE: Autora.

2 O cabo AB (Figura a seguir) sustenta três cargas verticais nos pontos


indicados. Se o ponto D está 1,5 m abaixo do apoio esquerdo, determine:
(a) A elevação dos pontos C e E. (b) A inclinação máxima e a tração máxima
no cabo.

FIGURA 141 – CABO COM TRÊS CARGAS CONCENTRADAS

FONTE: Autora

170
UNIDADE 3
TÓPICO 5

TENSÃO E DEFORMAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Se o corpo é submetido a uma carga externa, ocorre uma distribuição de
força que mantém cada segmento do corpo em equilíbrio. Tensão é a intensidade
dessa força interna que age em cada ponto do corpo.

Podemos ilustrar as tensões em cinco tipos principais: tração, compressão,


flexão, cisalhamento e torção. Observe na figura a seguir como as forças atuam na
barra em cada um desses casos.

FIGURA 142 – TIPOS DE SOLICITAÇÕES

FONTE: Autora

2 TENSÃO NORMAL
A maior parte dos elementos estruturais ou mecânicos são finos e
compridos, com cargas frequentemente aplicadas nas suas extremidades, podendo
se tratar de uma tração ou uma compressão. Vamos considerar que A é a área da
seção transversal de uma barra, como o da figura a seguir, e N a intensidade da
força interna, sendo ambas constantes ao longo do eixo longitudinal da barra.
Então, a tensão normal também é constante ao longo da barra e é dada pela

expressão: .

Para diferenciar entre uma compressão ou uma tração, convencionamos


que N é positivo se provoca uma tração e negativo se provoca uma compressão.

171
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

A unidade da tensão no sistema internacional é o Newtons por metro


quadrado (N/m2). Essa unidade é denominada Pascal (Pa), podendo ser acrescida
dos prefixos k (kilo = 103), M (mega = 106) e G (giga = 109).

FIGURA 143 – TRAÇÃO E COMPRESSÃO

FONTE: Autora

Exemplo 1 – A luminária de 70 kg é suportada por duas hastes AB e BC


como mostra a figura a seguir. Se AB tem diâmetro de 9 mm e BC tem diâmetro
de 7 mm, determine a tensão normal média em cada haste.

FIGURA 144 – LUMINÁRIA

FONTE: Autora

Solução: Fazendo um diagrama de corpo livre como o da figura a seguir,


explicitamos as forças nas direções dos dois eixos coordenados x e y.

FIGURA 145 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE

FONTE: Autora

172
TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO

E aplicando as equações de equilíbrio para cada uma dessas direções,


encontramos:

Sabendo que a massa da luminária é de 70 kg, e que a aceleração da


gravidade é g = 9,8m / s2, podemos calcular o seu peso:

Substituindo P na equação de equilíbrio para y e resolvendo ambas:

A tensão normal média em cada haste passa a ser então , sendo

a área circular da seção transversal igual a , em que r é o raio que pode


ser determinado dividindo-se o diâmetro por 2. Temos,

173
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

3 TENSÃO DE CISALHAMENTO
A tensão de cisalhamento é paralela ao plano da seção transversal e se
caracteriza por uma tendência de corte. Ao cortar um tecido, fatiar um pedaço de
queijo ou aparar um pedaço de papel com uma guilhotina, você está praticando
um cisalhamento. Durante o corte, as partes se movimentam paralelamente, por
escorregamento, uma sobre a outra, separando-se. Todo material possui certa
resistência a esse cisalhamento. É possível determinar a tensão de cisalhamento
dos corpos sujeitos aos esforços cortantes de duas maneiras diferentes, fazendo um
ensaio de cisalhamento ou utilizando o valor de resistência à tração do material.

FIGURA 146 – DISPOSITIVO UTILIZADO PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO


F

região de
cisalhamento

corpo de prova

parafusos
de fixação

FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf>


. Acesso em: 18 Ago. 2008.

O ensaio de cisalhamento para pinos, rebites e parafusos é feito da


seguinte maneira: utiliza-se um dispositivo como o representado pela figura
anterior. Nele, o corpo de prova é inserido entre as duas partes móveis e, então, é
submetido a uma força de tração ou compressão perpendicular ao seu eixo axial.
Observe a região do corpo que é afetada pelo cisalhamento. A força aplicada é
aumentada lentamente até que ocorra a ruptura do corpo de prova. Podem-se
também ensaiar as soldas substituindo o corpo de prova por junções soldadas.

No caso de ensaios de cisalhamento de chapas, o dispositivo utilizado


é semelhante ao apresentado na figura a seguir, em que se determina apenas o
valor da força que provoca a ruptura da seção transversal do corpo de prova.

174
TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO

FIGURA 147 – DISPOSITIVO UTILIZADO PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO


corpo de prova

F
punção cilíndrico

ferramenta

FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf>.


Acesso em: 18 ago. 2008.

Para o cálculo da tensão de cisalhamento , precisamos determinar a


relação entre a força cortante F pela área A do corpo: .

Exemplo 2 – O desenho da figura a seguir mostra um rebite de 20 mm de


diâmetro que será usado para unir duas chapas de aço, devendo suportar um
esforço cortante de 29400 N. Qual será a tensão de cisalhamento sobre a área da
seção transversal do rebite?

FIGURA 148 – REBITE UNINDO DUAS CHAPAS DE AÇO


rebite

∅ 20

FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf>. Acesso


em: 18 ago. 2008.

Solução: A área da seção transversal é dada pela expressão , em


que r é o raio que pode ser determinado dividindo-se o diâmetro por 2. Utilizando
a definição de tensão de cisalhamento encontramos que:

175
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

4 TENSÃO ADMISSÍVEL
Quando o engenheiro executa um projeto com elementos estruturais ou
mecânicos, precisa restringir a tensão do material a um nível seguro. A tensão
admissível é uma característica do material utilizado e indica até quanto o material
suporta a tensão antes de se romper. É necessário escolher uma tensão admissível
para a carga aplicada menor do que a carga que o elemento pode suportar para
garantir a segurança, pois podem ocorrer cargas acidentais, impactos ou vibrações
desconhecidas, além dos possíveis desgastes provocados pela corrosão.

O fator de segurança FS dá a relação entre a carga de ruptura Frup e a carga


admissível Fadm.

FIGURA 149 – GUINDASTE

FONTE: HIBBELER (2006, p. 35).

Quando se projetam guindastes, como o da figura anterior, feitos


para movimentar cargas pesadas, é preciso considerar fatores de segurança
adequados. O fator de segurança é sempre maior do que 1. É possível utilizar-
se valores próximos de 1, quando é importante reduzir-se o peso ao máximo.
Porém, em usinas nucleares, em que há incerteza nas cargas e no comportamento
do material, o fator de segurança alcança valores próximos a 3.

Exemplo 3 – Uma carga axial no eixo mostrado na figura a seguir é


resistida pelo colar em C, que está preso ao eixo e localizado à direita do mancal
em B. Determine o maior valor de P para as duas forças axiais em E e F, de
modo que a tensão no colar não exceda uma tensão de apoio admissível em C
de e que a tensão normal média no eixo não exceda um esforço de
tração admissível de .
176
TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO

FIGURA 150 – EIXO

FONTE: HIBBELER (2006, p. 42).

Solução: Vamos encontrar primeiro a tensão normal máxima que ocorre na


região EC, pois, observando a figura a seguir, podemos perceber que a carga axial no
interior da região FE é de 2P, e a maior carga ocorre no interior da região EC. Assim:

FIGURA 151 – DISTRIBUIÇÃO DA CARGA AXIAL

FONTE: HIBBELER (2006, p. 42).

Agora, vamos calcular a tensão de apoio no colar. Observe a figura a


seguir. O colar deve resistir a uma carga de 3P, que atua na área de apoio de
Então:

FIGURA 152 – DISTRIBUIÇÃO DA CARGA NO APOIO

FONTE: HIBBELER (2006 p. 43).

177
UNIDADE 3 | ESTÁTICA

Portanto, a maior carga que pode ser aplicada no eixo é de P = 51,8kN.

5 DEFORMAÇÃO
Quando um corpo é submetido a uma força, tende a mudar de tamanho
e forma. Isso origina o que chamamos de deformação. Esta deformação pode
se apresentar visível aos nossos olhos ou ser imperceptível. Podemos medir as
deformações através de experiências e aplicar os valores às cargas e tensões que
vão atuar no interior do corpo.

5.1 DEFORMAÇÃO NORMAL


É a deformação que produz um alongamento ou contração de um
segmento de reta por unidade de comprimento. Considere os pontos A e B sobre
a reta pontilhada que representa o eixo na figura 153 (a). O segmento ∆S, é o
comprimento da reta AB. Quando o corpo sofre a deformação, esses pontos são
deslocados para as posições A´e B´, figura 153 (b) em que a reta se transforma
numa curva de comprimento ∆S´. A deformação normal média ε é dada pela
expressão: .

FIGURA 153 – DEFORMAÇÃO

FONTE: Autora

Quando a deformação normal é conhecida, podemos obter o comprimento


final aproximado na direção do eixo depois da deformação. Assim, ∆S´≈ (1 + ε )∆S .

Observe que, se for positivo à reta, alonga-se e se for negativo,


contrai-se. A deformação é uma grandeza adimensional, pois se trata de uma
relação entre comprimentos.

Exemplo 4 – Uma haste delgada como a da figura a seguir está submetida


a um aumento de temperatura, o que cria uma deformação normal na haste de

178
TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO

. O z é dado em metros. Determinar : (a) o deslocamento da


extremidade B da haste devido ao aumento de temperatura e (b) a deformação
normal média da haste.

FIGURA 154 – HASTE

FONTE: Autora

Solução: (a) Como a deformação normal é dada para cada ponto ao longo
da haste, um segmento diferencial dy, localizado na posição y, tem comprimento
deformado determinado por

O deslocamento é, portanto .

(b) A deformação média é .

179
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico, você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos:

• Observamos que os corpos podem se deformar quando submetidos à tensão.

• Vimos que a tensão é uma força interna que se distribui no corpo para mantê-lo
em equilíbrio quando submetido a uma carga.

• Calculamos a tensão normal e definimos tensão de cisalhamento.

• Mostramos como calcular a tensão admissível.

• Estudamos a deformação e vimos que ela tem por efeito causar uma mudança
no tamanho do corpo.

180
AUTOATIVIDADE

Chegando ao final de mais um tópico, caro(a) acadêmico(a), para


melhor fixação do conteúdo, resolva as questões a seguir:

1 A luminária da figura a seguir tem 50 kg e é suportada pelas hastes AB e


CB, com diâmetros de 8 mm e 10 mm, respectivamente. Calcule o valor da
tensão normal média em cada haste e determine qual das duas hastes está
sujeita à maior tensão.

FIGURA 155 – LUMINÁRIA

FONTE: Autora

2 O tirante está apoiado em sua extremidade por um disco circular fixo como
mostrado na figura a seguir. Se a haste passa por um furo de 40mm de
diâmetro, determinar o diâmetro mínimo requerido da haste e a espessura
mínima do disco, necessários para suportar uma carga de 20kN. A tensão
normal admissível da haste é , e a tensão de cisalhamento
admissível do disco é .

FIGURA 156 – TIRANTE

FONTE: Disponível em: <http://meusite.mackenzie.com.br/alex_


bandeira/ResmatI/Aula03.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2008.

181
182
REFERÊNCIAS
BEER, Ferdinand P.; JOHNSTON JR, E. Russell; CLAUSEN, William E.
Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. São Paulo: McGraw Hill. 2006.

BEER, Ferdinand P.; JOHNSTON JR, E. Russell; CLAUSEN, William E.


Mecânica Vetorial para Engenheiros: Dinâmica. 7º ed. São Paulo: McGraw Hill.
2006.

BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. São


Paulo: Makron Books, 1994.

HIBBELER, R. C. Estática: Mecânica para engenheiros. 10º ed. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2005.

MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Engineering Mechanics. volume I: Statics e


volume II: Dynamics, New York: John Willey & Sons, 1998.

MERIAN, J. L.; KRAIGE, L. g. Mecânica: Estática. 5º ed. Rio de Janeiro: LTC,


2008.

PUCRS. Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/regina/


mecanica_dos_solidos_apostila_2007_2.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.

SCRIBD. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/31637938/Mecanica-


vetorial-para-engenheiros-Estatica-Beer>. Acesso em: 26 jan. 2011.

SC.EHU. Disponível em: <www.sc.ehu.es/sbweb/fisica>. Acesso em: 26 jan. 2011.

SOFISICA. Disponível em: <http://www.sofisica.com.br/conteudos/exercicios/


mhs.php>. Acesso em: 26 jan. 2011.

UFS. Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/


din_rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.

YOUNG, Hugh D.; FREEDMANN, Roger A. Física I: Mecânica. São Paulo:


Persons Education do Brasil, 2010.

183

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