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Monge: oftalmologista

Lucas: cego 1 e talvez figurante

Mayara: mulher do médico que se finge de cega

Procopio: figurante, médico (somente se necessário)

Heitor: figurante

Em um dia comum o oftalmologista recebe um paciente que está em estado de urgência, o


paciente se diz estar cego, porém o que lhe ocorreu foi um caso estranho, o homem ficou cego
do nada.

Após realizar exames o médico não encontrou nenhum problema nos olhos do paciente, o que
é incomum e anormal, afinal, como poderia um homem com os olhos em perfeito estado estar
cego? E recebendo esse triste diagnostico o homem cego sai do consultório, devastado e
derrotado, com a única certeza de que seu problema não teria solução.

O oftalmologista vendo tal situação foi para a sua casa, ponderando sobre o caso que o
intrigou. Contou para a sua esposa sobre o ocorrido do dia, telefonou seu amigo que também é
oftalmologista e decidiu estudar as doenças conhecidas para assim talvez encontrar respostas.
Acabou por ficar exausto e enquanto guardava seus materiais de estudo percebeu sua visão
falhando, cansado, confuso e com medo, foi para a cama em silencio para não acordar sua
esposa e ter que contar que estava por ficar cego.

Quando acordou, com receio contou a sua mulher o que lhe havia ocorrido, e assim ambos
decidiram que seria sábio comunicar o hospital que trabalhava e o ministério de saúde para
uma suposta nova epidemia de cegueira branca misteriosa.

O ministério foi comunicado e no mais tardar enviou uma ambulância para levar o médico
cego e sua mulher, que para não ficar longe do marido e poder prestar-lhe auxilio mentiu
dizendo que também estava cega.

A medida tomada pelo ministério foi de isolar todos aqueles contagiados pela cegueira e
aqueles com suspeitas em um manicômio. Quando chegaram, o médico e sua esposa
adentraram o edifício sendo guiados somente por uma corda e um sargento que os guiava aos
berros.

- ANDEM UM POUCO PARA O LADO DIREITO, HÁ AÍ UMA CORDA, PONHAM-LHE A MÃO E


SIGAM EM FRENTE, SEMPRE EM FRENTE, ATÉ OS DEGRAUS, OS DEGRAUS SÃO SEIS.

Depois dos degraus a corda se dividia em dois, um lado levava a uma sala a esquerda e o outro
levava a uma sala a direita, e assim uma instrução veio.

- ATENÇÃO, O VOSSO LADO É O DIREITO.

Os demais cegos chegaram todos juntos e a mulher que se fingia de cega se propôs a ajudar
todos aqueles que ali chegassem, obviamente sem que nenhum deles (exceto seu marido)
soubesse que ela não estava cega, muito pelo contrário, enxergava perfeitamente.

Em dito momento quando todos já se encontravam em suas respectivas camaratas (esquerda


(suspeitas) e direita (cegos)) uma mensagem os foi passada.
- Dito isso, pedimos a atenção de todos para as instruções que se seguem

1. As luzes manter-se-ão sempre acesa, será inútil qualquer tentativa de manipular os


interruptores, não funcionam.
2. Abandonar o edifício sem autorização significará morte imediata.
3. Em cada camarata existe um telefone que só poderá ser utilizado para requisitar ao
exterior a reposição de produtos de higiene e limpeza.
4. Os internados lavarão manualmente as suas roupas.
5. Recomenda-se a eleição de responsáveis de camarata, trata-se de uma recomendação,
não de uma ordem, os internados organizar-se-ão como melhor entenderem, desde
que cumpram as regras anteriores e as que seguidamente continuaremos a enunciar.
6. Três vezes ao dia serão depositadas caixas de comida na porta da entrada, à direita e à
esquerda, destinadas, respectivamente, aos pacientes e aos suspeitos de contágio.
7. Todos os restos deverão ser queimados, considerando-se restos, para este efeito, além
de qualquer comida sobrante, as caixas, os pratos e os talheres, que estão fabricados
de materiais combustíveis.
8. A queima deverá ser efetuada nos pátios interiores do edifício ou na cerca.
9. Os internados são responsáveis por todas as consequências negativas dessas queimas.
10. Em caso de incêndio, seja ele fortuito ou intencional, os bombeiros não intervirão.
11. Igualmente não deverão os internados contar com nenhum tipo de intervenção do
exterior na hipótese de virem a verificar-se doenças entre eles, assim como a
ocorrência de desordens ou agressões.
12. Em caso de morte, seja qual for a sua causa, os internados enterrarão sem
formalidades o cadáver na cerca.
13. A comunicação entre a ala dos pacientes e a ala dos suspeitos de contagio far-se-á pelo
corpo central do edifício, o mesmo por onde entraram.
14. Os suspeitos de contágio que vierem a cegar transitarão imediatamente para a ala dos
que já estão cegos.
15. Esta comunicação será repetida todos os dias, a esta mesma hora, para conhecimento
dos novos ingressados.

- O governo e a Nação esperam que cada um cumpra o seu dever. Boas noites.

Após a emissão das regras aqueles que estavam na camarata conversavam e decidiam quem
seria o responsável, que nesse caso, foi o médico. Ou pelo menos é o que acharam
inicialmente, porém o médico apresentou seu ponto de vista e disse que logo ali teriam mais
pessoas e dificilmente eles concordariam com essa decisão e o veriam como autoridade.

E assim uma discussão se iniciou, um tentava culpar o outro pela situação que eles todos se
encontravam, o “bom samaritano” culpava o primeiro cego, e o mesmo culpava o samaritano
que se aproveitou da situação para lhe roubar o carro. A mulher tenta acalmar a situação dos
dois e tenta convence-los de fazer as pazes. Mas nada adiantou, ambos os homens começaram
a se espancar.

A mulher guiou o médico para que cada um segurasse os que ali estavam lutando, para enfim
separarem a briga.

Quando as brigas cessaram todos subitamente sentiram uma enorme vontade de urinar, e
quem guiou todos foi a esposa do médico.

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