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O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

O INQUÉRITO

Da Investigação à Acusação

Susana Caiado Gonçalves


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22 Setembro 2022

FINALIDADES e ÂMBITO DO INQUÉRITO – artigos 262º a 285º do CPP

→ O Inquérito inicia-se por despacho de abertura do Ministério Público.

→ O Inquérito termina com a acusação ou com o arquivamento.

→ É a fase processual em que se desenvolve a actividade investigatória para


recolha de prova e, em função dela, decidir se se acusa ou não.

→ O objecto do inquérito consiste na investigação do crime de que há notícia


e compreende o conjunto de diligências que visam investigar a existência
de um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade dos
mesmos e descobrir e recolher provas, em ordem à decisão sobre a
acusação.

→ Na forma de processo comum – esta fase é obrigatória


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Finalidades acessórias:

→ Apuramento do valor dos danos causados pelo crime e dos responsáveis


pela indemnização (quando competir ao MP deduzir PIC)

→ Fundamentação da aplicação de medidas de coacção e de garantia


patrimonial (cfr. artºs 196º e seg)

→ Decisão sobre competência em razão da matéria ou do território e sobre a


legitimidade e tempestividade da denúncia

→ Verificar se ocorreu algum facto impeditivo e tempestividade do


procedimento criminal (por ex: amnistia)

→ Recorrer (ex: da decisão que aplicar, substituir ou mantiver medida de coacção)


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Diplomas e legislação

. Artigo 219º da Constituição da República Portuguesa » Funções e


estatuto do MP
. Artigos 2º e 104º do Estatuto do Ministério Público (EMP) » actual Lei
n.º 2/2020, de 31/03
. Artigo 8º da Lei Organização Sistema Judiciário (LOSJ) » atual Lei n.º
77/2021, de 23/11
. Artigos 48º a 56º do CPP – Legitimidade e atribuições do MP e OPC

> PRINCÍPIOS
» Vinculação estrita de legalidade
» Isenção
» Imparcialidade
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Constituição da República Portuguesa


Artigo 219.º
(Funções e estatuto)

1. Ao Ministério Público compete representar o Estado e defender os


interesses que a lei determinar, bem como, com observância do disposto no
número seguinte e nos termos da lei, participar na execução da política
criminal definida pelos órgãos de soberania, exercer a acção penal orientada
pelo princípio da legalidade e defender a legalidade democrática.
O Ministério Público representa o Estado, defende os interesses que a lei
determinar, participa na execução da política criminal definida pelos órgãos
de soberania, exerce a ação penal orientada pelo princípio da legalidade e
defende a legalidade democrática, nos termos da Constituição, do respetivo
estatuto e da lei.
2 - O Ministério Público goza de estatuto próprio e de autonomia em relação
aos demais órgãos do poder central, regional e local, nos termos da lei.
3 - A autonomia do Ministério Público caracteriza-se pela sua vinculação a
critérios de legalidade e objetividade e pela exclusiva sujeição dos
magistrados do Ministério Público às diretivas, ordens e instruções previstas
na lei.
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Princípios de actuação do Ministério Público

Artigo 219º n.º 4 da CRP, Artigos 97º e 99º do EMP

Responsabilidade: os magistrados do Ministério Público respondem, nos termos da


lei, pelo cumprimento dos seus deveres e pela observância das directivas, ordens e
instruções que receberem;

Hierarquia: de natureza funcional, traduz-se na subordinação dos magistrados aos


seus superiores hierárquicos, nos termos definidos no EMP, e na consequente
obrigação de acatamento por aqueles das directivas, ordens e instruções recebidas;

Estabilidade: os magistrados não podem ser transferidos, suspensos, promovidos,


aposentados ou reformados, demitidos ou, por qualquer forma, mudados de situação
senão nos casos previstos no seu Estatuto.

No exercício da acção penal, devem velar pela correcta aplicação da lei, averiguando todos
os factos que relevem para o apuramento da verdade, independentemente de estes
agravarem, atenuarem ou extinguirem a responsabilidade criminal – Artigo 104º n.º 4 do
EMP).
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Estrutura hierárquica organizada verticalmente: são magistrados do


Ministério Público – Artigo 13º do EMP (Lei n.º 68/2019 de 27/08, actualizada pela Lei n.º 2/2020,

de 31/03)):

. Procurador-Geral da República » é o seu chefe máximo, com poderes de


direcção, hierarquia e de intervenção processual sobre os demais
magistrados do MP:

. Vice-Procurador-Geral da República

. Os procuradores-gerais-adjuntos, os procuradores da República.

. São também magistrados do Ministério Público os magistrados na


qualidade de procuradores europeus delegados e o representante de
Portugal na EUROJUST e respectivos adjunto e assistente.
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Representação e intervenção do MP - Artigo 8º e ss do EMP

1 - O Ministério Público é representado:


a) No Tribunal Constitucional, no Supremo Tribunal de Justiça, no Supremo Tribunal
Administrativo e no Tribunal de Contas, pelo Procurador-Geral da República;
b) Nos tribunais da Relação e nos Tribunais Centrais Administrativos, por
procuradores-gerais-adjuntos;
c) Nos tribunais de 1.ª instância, por procuradores-gerais-adjuntos e procuradores da
República.
2 - O Ministério Público é representado nos demais tribunais nos termos da lei.
3 - Os magistrados do Ministério Público fazem-se substituir nos termos previstos no
presente Estatuto e, no que não o contrariar, na Lei de Organização do Sistema
Judiciário.
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Direcção do Inquérito

. Cabe ao Ministério Público

. Assistido pelos órgãos de polícia criminal (OPC) » abarca todas as entidades e


agentes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer actos ordenados por
autoridade judiciária (Juiz, Juiz de instrução criminal, MP) ou determinados pelo CPP

» os OPC actuam sob directa orientação e na dependência funcional do MP (artº


263º, 53º, nº 2, b), 56º e 270º, nº 1 CPP)

. O inquérito compreende o conjunto de diligências, levadas a cabo:

→ Em regra » pelo Ministério Público

→ Excepcionalmente » pelos órgãos de polícia criminal

» e pelo Juiz de Instrução Criminal


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Direcção do Inquérito

. Os órgãos de polícia criminal » mesmo antes de receberem ordem da

autoridade judiciária competente para procederem a investigações » devem

praticar actos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de

prova (artº 249º, nº 1)

. No âmbito das medidas cautelares e de polícia (artºs 248º a 253º) »

praticam actos com relevância processual no exercício de uma competência

própria e não meramente delegada (Juiz de instrução ou MP)


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LEGISLAÇÃO

Artigo 53.º CPP


Posição e atribuições do Ministério Público no processo
1 - Compete ao Ministério Público, no processo penal, colaborar com o tribunal na
descoberta da verdade e na realização do direito, obedecendo em todas as
intervenções
Artigo 53.º processuais a critérios de estrita objectividade.
Posição e atribuições do Ministério Público no processo

2 - Compete em especial ao Ministério Público:


a) Receber as denúncias, as queixas e as participações e apreciar o seguimento a dar-
lhes;
b) Dirigir o inquérito;
c) Deduzir acusação e sustentá-la efectivamente na instrução e no julgamento;
d) Interpor recursos, ainda que no exclusivo interesse da defesa;
e) Promover a execução das penas e das medidas de segurança.
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Atribuições do MP nos termos do Artigo 4.º do EMP

. Defender a legalidade democrática;

. Exercer a acção penal orientado pelo princípio da legalidade;

. Participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania;

. Dirigir a investigação e as acções de prevenção criminal que, no âmbito das


suas competências, lhe incumba realizar ou promover, assistido, sempre que
necessário, pelos órgãos de polícia criminal;

. Defender a independência dos tribunais, na área das suas atribuições, e velar para
que a função jurisdicional se exerça em conformidade com a Constituição e as leis;

. Coordenar a actividade dos órgãos de polícia criminal, nos termos da lei;

. Fiscalizar a actividade processual dos órgãos de polícia criminal, nos


termos do EMP.
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. A NOTÍCIA DE UM CRIME

» DÁ SEMPRE LUGAR A ABERTURA DE INQUÉRITO, particularmente se a notícia


for crime público » Artºs 262º nº. 2, 48º e 241º e seg. CPP

EXCEPÇÕES:

» Crimes Semipúblicos, dependentes de participação e crimes particulares

» Processos Sumários (artº 382º, nº 2 CPP) e Sumaríssimos (artº 392º CPP)

» Se, perante a notícia do crime o MP obtiver certeza que o crime não pode
ser já punível - artº 53º, nº. 2, a)

» Regime das imunidades


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. O MP pode tomar conhecimento da notícia do crime (artigo 241º e ss, do


CPP) » por 3 vias:

→ Por constatação direta

→ Transmissão dos órgãos de polícia criminal (é elaborado auto de notícia)


→ Denúncia de terceiros

»Obrigatória = entidades policiais, funcionários e agentes do


Estado

» Facultativa = ofendidos ou qualquer pessoa, nos crimes públicos


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Denúncia e Queixa – Artigo 246º do CPP – simples narração dos factos:

.Não sujeita a formalidades especiais


.Escrita ou verbal (neste último caso » reduzida a escrito pela entidade que a receber e
assinada pelo denunciante)
.Identificação do denunciante ou queixoso
.Descrição dos factos
.Delimitada em termos temporais e de lugar
.Circunstâncias em que ocorreram os factos
.Identificação dos ofendidos, agentes do crime e meios de prova já existentes
.Crime particular:
» Obrigatoriedade de manifestação do propósito de se constituir assistente
» Obrigatoriedade dessa advertência pela entidade que receber a denúncia e
informação sobre os procedimentos a seguir (artº 246º, nº 4 CPP)

Caso não contenha a menção expressa (i.e. a manifestação de vontade)


que o denunciante pretende o procedimento criminal » a denúncia não
vale como queixa, pelo que impede o prosseguimento dos autos pelo MP
em caso de crime semipúblico e crime particular.
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Competência - Artigo 19º e ss e 264º a 266º do CPP

. Competência em regra é do MP do local onde ocorreu o crime.


. Sendo desconhecido o local » será competente o MP que exercer funções no local
onde houve primeiro a notícia do crime.
. Crime cometido no estrangeiro » a competência é do MP do tribunal competente para
julgamento.
. Qualquer MP em caso de urgência ou perigo na demora, pode praticar actos de
inquérito:
» Detenção
» Interrogatório
» Aquisição e conservação de meios de prova
. Aplicação das disposições relativas à competência por conexão (Artigos 264º, nº. 4, remete

para artºs 24º a 30º do CPP) – processos têm de encontrar-se na mesma fase = inquérito

. Separação de processos – MP ordena oficiosamente ou a requerimento do Arguido, Assistente


ou Lesado
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Competência - Artigo 19º e ss e 264º a 266º do CPP

→ Regras especiais de competência no inquérito:


→ Secções criminais do STJ e das Relações » artº 11º, nº 7 e 12º, nº 6 e 55º h),
73º, g), 119º e 120º da LOSJ (actual Lei n.º 77/2021, de 23/11)

→ DCIAP – órgão de coordenação e de direcção da investigação e de prevenção da


criminalidade violenta, económico-financeira, altamente organizada ou de especial
complexidade – artº 57º, 58º, 59º e 60º Estatuto do MP » tem competência para:
Ex: crimes previstos na Lei do Cibercrime, tráfico de armas e associação criminosa
para o tráfico, branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, tráfico de
pessoas

→ Lei Tutelar Educativa (LTE) – o inquérito é dirigido pelo MP, assistido pelos OPC e por
serviços de reinserção social (artº 40º, 75º, 76º LTE).
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LEGITIMIDADE
. Legitimidade total para promover o processo penal – Artigo 48º do CPP
» Crimes públicos (ex: violência doméstica)
. Restrições a essa legitimidade (Artigos 49º e 50º do CPP):
» Crimes semipúblicos (ex: Dano) – depende de queixa: declaração de
vontade da pretensão de procedimento criminal. Cessa com a homologação da
desistência de queixa
» Crimes particulares (ex: Injúrias) – depende de queixa, constituição de
assistente e de acusação particular
» Concurso de crimes (ex: Furto qualificado e Dano) – Artigo 52º do CPP
. Se crime mais grave é público (não depende de queixa): O MP promove o
processo
. Se for semipúblico ou particular: Notificação dos titulares do direito de queixa ou
acusação particular para declararem se pretendem ou não usar desse direito
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Artigo 270.º CPP


(Actos que podem ser delegados pelo Ministério Público nos órgãos de polícia criminal
1 - O Ministério Público pode conferir a órgãos de polícia criminal o encargo de procederem a
quaisquer diligências e investigações relativas ao inquérito.
2 - Exceptuam-se do disposto no número anterior, além dos actos que são da competência
exclusiva do juiz de instrução, nos termos dos artigos 268.º e 269.º, os actos seguintes:
a) Receber depoimentos ajuramentados, nos termos do artigo 138.º, n.º 3, segunda parte;
b) Ordenar a efectivação de perícia, nos termos do artigo 154.º;
c) Assistir a exame susceptível de ofender o pudor da pessoa, nos termos da segunda parte do
n.º 3 do artigo 172.º;
d) Ordenar ou autorizar revistas e buscas, nos termos e limites dos n.os 3 e 5 do artigo 174.º;
e) Quaisquer outros actos que a lei expressamente determinar que sejam presididos ou
praticados pelo Ministério Público.
3 - O Ministério Público pode, porém, delegar em autoridades de polícia criminal a faculdade de
ordenar a efectivação da perícia relativamente a determinados tipos de crime, em caso de
urgência ou de perigo na demora, nomeadamente quando a perícia deva ser realizada
conjuntamente com o exame de vestígios. Exceptuam-se a perícia que envolva a realização de
autópsia médico-legal, bem como a prestação de esclarecimentos complementares e a
realização de nova perícia nos termos do artigo 158.º
4 - Sem prejuízo do disposto no n.º 2, no n.º 3 do artigo 58.º, no n.º 3 do artigo 243.º e no n.º
1 do artigo 248.º, a delegação a que se refere o n.º 1 pode ser efectuada por despacho de
natureza genérica que indique os tipos de crime ou os limites das penas aplicáveis aos crimes
em investigação.
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ACTOS do MP no Inquérito

O Ministério Público » pode delegar nos órgãos de polícia criminal encargo de


procederem a quaisquer diligências e investigações relativas ao inquérito – artº 270º CPP

EXCEPTUAM-SE - além dos actos que são da competência exclusiva do juiz de instrução, os
seguintes:

a) Receber depoimentos ajuramentados » artº 138.º, n.º 3, segunda parte CPP

b) Ordenar a efectivação de perícia » artigo 154.º CPP

c) Assistir a exame susceptível de ofender o pudor da pessoa » artº 172.º n.º 3 ,


segunda parte

d) Ordenar ou autorizar revistas e buscas » nos termos e limites dos nºs 3 e 5 do artigo
174.º

e) Quaisquer outros actos que a lei expressamente determinar que sejam


presididos ou praticados pelo Ministério Público

Ex: proceder a 1º interrogatório não judicial de arguido não detido


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ACTOS do MP no Inquérito

→ Funções previstas:

» artº 50º, nº 2 e 51º CPP (crimes semi-públicos e particulares)

» artº 53º CPP (funções e atribuições)

→ Actos obrigatórios (não obstante ser livre de promover diligências que entender
necessárias ou convenientes à realização das finalidades do inquérito):

» Interrogatório do Arguido – artº 272º CPP

» Notificação do despacho de arquivamento ou de acusação – artº 277º, nº


3 e 283º, nº 5, do CPP

»Junção aos autos das exposições memoriais e requerimentos quando


apresentados pelo arguido – artº 98º, nº 1, do CPP
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ACTOS do MP no Inquérito

→ Em caso de urgência ou de perigo na demora » MP pode, porém, delegar em


autoridades de polícia criminal faculdade de ordenar a efectivação da perícia relativamente a
determinados tipos de crime, nomeadamente quando a perícia deva ser realizada
conjuntamente com o exame de vestígios.
» Exceptuam-se:
1. perícia que envolva a realização de autópsia médico-legal
2. prestação de esclarecimentos complementares
3. realização de nova perícia » nos termos do artigo 158.º

→ Em caso de urgência ou perigo na demora » também qualquer magistrado ou agente do


MP – mesmo territorialmente incompetente para realizar o inquérito – deve proceder a
determinados actos de inquérito:
Ex: relativos à detenção, interrogatório e, em geral, à aquisição e conservação de meios de
prova – artº 264º, nº 4 CPP
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LIVRO VI - Das fases preliminares


TÍTULO II - Do inquérito
CAPÍTULO II - Dos actos de inquérito
Artigo 268.º - Actos a praticar pelo juiz de instrução

1 - Durante o inquérito compete exclusivamente ao juiz de instrução:


a) Proceder ao primeiro interrogatório judicial de arguido detido;
b) Proceder à aplicação de uma medida de coacção ou de garantia patrimonial, à excepção da
prevista no artigo 196.º, a qual pode ser aplicada pelo Ministério Público;
c) Proceder a buscas e apreensões em escritório de advogado, consultório médico ou
estabelecimento bancário, nos termos do n.º 5 do artigo 177.º, do n.º 1 do artigo 180.º e do artigo
181.º;
d) Tomar conhecimento, em primeiro lugar, do conteúdo da correspondência apreendida, nos
termos do n.º 3 do artigo 179.º;
e) Declarar a perda a favor do Estado de bens apreendidos, com expressa menção das
disposições legais aplicadas, quando o Ministério Público proceder ao arquivamento do inquérito nos
termos dos artigos 277.º, 280.º e 282.º;
f) Praticar quaisquer outros actos que a lei expressamente reservar ao juiz de instrução.
2 - O juiz pratica os actos referidos no número anterior a requerimento do Ministério Público, da
autoridade de polícia criminal em caso de urgência ou de perigo na demora, do arguido ou do assistente.
3 - O requerimento, quando proveniente do Ministério Público ou de autoridade de polícia criminal,
não está sujeito a quaisquer formalidades.
4 - Nos casos referidos nos números anteriores, o juiz decide, no prazo máximo de vinte e quatro
horas, com base na informação que, conjuntamente com o requerimento, lhe for prestada, dispensando a
apresentação dos autos sempre que a não considerar imprescindível.
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TÍTULO II - Do inquérito
CAPÍTULO II - Dos actos de inquérito
Artigo 269.º CPP - Actos a ordenar ou autorizar pelo juiz de instrução

1 - Durante o inquérito compete exclusivamente ao juiz de instrução ordenar ou


autorizar:
a) A efetivação de perícias, nos termos do n.º 3 do artigo 154.º;
b) A efectivação de exames, nos termos do n.º 2 do artigo 172.º;
Artigo 269.º
c) Actos
Buscasa ordenardomiciliárias,
ou autorizar pelo juiz de nos termos e com os limites do artigo 177.º;
instrução

d) Apreensões de correspondência, nos termos do n.º 1 do artigo 179.º;


e) Intercepção, gravação ou registo de conversações ou comunicações, nos termos dos
artigos 187.º e 189.º;
f) A prática de quaisquer outros actos que a lei expressamente fizer depender de ordem
ou autorização do juiz de instrução.
2 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2, 3 e 4 do artigo anterior.
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ACTOS do JIC no Inquérito

DECLARAÇÕES PARA MEMÓRIA FUTURA- artº 271º CPP

. Casos de doença grave ou de deslocação para o estrangeiro de uma testemunha (que


previsivelmente a impeça de ser ouvida em julgamento)
. Casos de vítima de crime de tráfico de pessoas ou contra a liberdade e
autodeterminação sexual
» O Juiz de instrução, a requerimento do Ministério Público, do arguido, do assistente ou
das partes civis, pode proceder à sua inquirição no decurso do inquérito, a fim de que o
depoimento possa, se necessário, ser tomado em conta no julgamento
. Constitui incidente de produção de prova antecipada » Excepção ao princípio da
imediação
. Regime extensível » às declarações do Assistente, partes civis, peritos, consultores
técnicos e acareações (artº 271º, nº 7)
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ACTOS do JIC no Inquérito - DECLARAÇÕES PARA MEMÓRIA FUTURA- artº 271º CPP

. Obrigatório: Crime contra a liberdade e autodeterminação sexual de menor » procede-se


sempre - sob pena de nulidade (sanável) – 120º, nº 2, d) - à inquirição do ofendido no decurso
do inquérito, desde que vítima não seja ainda maior » tomada de declarações realizada em
ambiente informal e reservado, para garantir, nomeadamente, a espontaneidade e a sinceridade
das respostas, devendo o menor ser assistido no acto processual por técnico especialmente
habilitado para o seu acompanhamento, previamente designado para o efeito.

. Inquirição feita pelo Juiz (JIC) » podendo, após, o MP, advogados do assistente, partes civis e o
defensor - por esta ordem - formular perguntas adicionais.

. A tomada de declarações » não prejudica a prestação de depoimento em audiência de


julgamento, sempre que ela for possível e não puser em causa saúde física ou psíquica de pessoa
que o deva prestar.
. Conteúdo sempre reduzido a auto ou gravação » sob pena de NULIDADE
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DECLARAÇÕES PARA MEMÓRIA FUTURA- artº 271º CPP

→ Decisão de realizar ou não esta diligência » é recorrível (verificação dos pressupostos legais da
diligência: doença grave, deslocação para o estrangeiro, catálogo de crimes)

→ Nulidades e irregularidades ocorridas antes e durante a diligência » arguíveis nos termos gerais

→ Para além do Inquérito (fase em que o Juiz não pode promover oficiosamente), a tomada de declarações
pode ocorrer:

» fases de instrução (artº 294º CPP)

» fases do julgamento (artº 320º CPP)

→ Pode ser requerida:

» MP

» Arguido

» Assistente

» Partes civis

» Vítima especialmente vulnerável e vítima de crime de violência doméstica


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DECLARAÇÕES PARA MEMÓRIA FUTURA- artº 271º CPP

→ Notificação » Dia, hora e local de prestação comunicadas a:

» MP

» Arguido

» Defensor

» Advogados do Assistente e Partes civis

NOTAS:

→ Arguido e Advogados do Assistente e das partes civis » Comparência FACULTATIVA

» Se comparecer pode, contudo, ser afastado » artº 271º, nº 6 » artº 352º

→ MP e Defensor » Comparência OBRIGATÓRIA » sob pena de nulidade insanável (artº 271º, nº 3 in fine,
64º, nº1, f) e 119, c)

→ Juiz não está vinculado » a qualquer delimitação do objecto feito pelo MP, mas aos factos fornecidos pelos
autos a investigar, que se indiciam e constituem o objecto da investigação
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Publicidade do processo e segredo de justiça


(artº 206º CRP e 86º, nº. 1 CPP)
➢O processo penal é público, sob pena de nulidade – REGRA
➢A publicidade do processo implica os direitos de (artº 86º nº 6 CPP):
a) Assistência, pelo público em geral, à realização do debate instrutório e dos actos
processuais na fase de julgamento;
b) Narração dos actos processuais, ou reprodução dos seus termos, pelos meios de
comunicação social;
c) Consulta do auto e obtenção de cópias, extractos e certidões de
quaisquer partes dele.
A publicidade não abrange os dados relativos à reserva da vida privada que não
constituam meios de prova → mantém-se em segredo de justiça - definidos por
despacho pela autoridade judiciária » ordenar a sua destruição ou entregues à
pessoa a quem disserem respeito. (artº 86º, nº. 7, CPP)
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• Segredo de justiça – EXCEPÇÃO (artº 20º nº 3 CRP)


• Fase de inquérito:
• Prejuízo dos direitos dos intervenientes processuais (artº 86º/2 CPP)
→ despacho irrecorrível do Juiz de instrução, ouvido o MP, a requerimento de:
» Arguido
» Assistente
» Ofendido
. Por determinação do MP, validada pelo JIC em 72H: (artº 86º/3 CPP)
» direitos dos sujeitos e participantes processuais
» interesse da investigação
. Neste último caso: pode ser levantado a qualquer momento do inquérito pelo MP,
oficiosamente ou a requerimento - arguido, assistente, ofendido (artº 86º/4CPP)
→ sendo indeferido: Decisão irrecorrível do JIC (artº 86º/5 CPP)
• O segredo de justiça vincula:
• Todos os intervenientes processuais
• Todas as pessoas que tenham contacto com o processo ou conhecimento dos
seus elementos
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Segredo de justiça

Outras limitações:
» restrições impostas pela possibilidade de grave dano à dignidade das pessoas, à
moral pública
» grave dano ao normal decurso do acto
» processo por crimes (artº 87º, nº. 2 e 3 CPP):
- tráfico de órgãos humanos
- tráfico de pessoas
- contra a liberdade e autodeterminação sexual

. Artº 371º CP – prevê o crime de violação de segredo de justiça


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Segredo de justiça
. Implica as proibições de (artº 86º, nº. 8 CPP):
a) Assistência à prática ou tomada de conhecimento do conteúdo de acto processual a que não tenham o direito
ou o dever de assistir;
b) Divulgação da ocorrência de acto processual ou dos seus termos, independentemente do motivo que presidir
a tal divulgação.

. A autoridade judiciária pode, fundamentadamente, dar ou ordenar ou permitir que seja dado conhecimento a
determinadas pessoas → que ficam vinculadas pelo segredo de justiça - do conteúdo de acto ou de documento em
segredo de justiça, se tal não puser em causa a investigação e se afigurar (artº 86º, nº. 9 CPP):
a) Conveniente ao esclarecimento da verdade; ou
b) Indispensável ao exercício de direitos pelos interessados.

. Passagem de certidões autorizada pela autoridade judiciária, necessária para processos de natureza criminal,
disciplinares de natureza pública ou pedido de indemnização civil; acidente de viação: PIC ou Artigo 72º al. a) CPP -
(artº 86º, nº. 11 e 12 CPP)
O segredo de justiça não impede a prestação de esclarecimentos públicos pela autoridade judiciária, quando forem
necessários ao restabelecimento da verdade e não prejudicarem a investigação (artº 86º, nº. 13 CPP):
a) A pedido de pessoas publicamente postas em causa; ou
b) Para garantir a segurança de pessoas e bens ou a tranquilidade pública.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

Consulta do processo em segredo de justiça - Artigo 89º CPP

Durante o inquérito: o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e o responsável civil


podem consultar, mediante requerimento, o processo ou elementos dele constantes, bem
como obter os correspondentes extractos, cópias ou certidões, salvo quando, tratando-se de
processo que se encontre em segredo de justiça, o Ministério Público a isso se opuser por
considerar, fundamentadamente, que pode prejudicar a investigação ou os direitos dos
participantes processuais ou das vítimas.
→ Se o Ministério Público se opuser à consulta ou à obtenção dos elementos previstos no
número anterior, o requerimento é presente ao juiz, que decide por despacho irrecorrível.

Findos os prazos previstos no artigo 276.º CPP: o arguido, o assistente e o ofendido


podem consultar todos os elementos de processo que se encontre em segredo de justiça,
salvo se o juiz de instrução determinar, a requerimento do Ministério Público, que o acesso
aos autos seja adiado por um período máximo de três meses, o qual pode ser prorrogado,
por uma só vez, quando estiver em causa a criminalidade a que se referem as alíneas i) a
m) do artigo 1.º, e por um prazo objectivamente indispensável à conclusão da investigação.
AcUJ STJ 5/2010, de 14.05
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

Consulta do processo em segredo de justiça - Artigo 89º CPP

Findo o inquérito o processo deixa de estar sujeito a segredo de justiça, pelo


que é livremente consultável pelos sujeitos processuais, principalmente quando
está em causa a preparação do julgamento.

EXAME GRATUITO FORA DA SECRETARIA


O Arguido, o Assistente e o Ofendido, o Lesado e o Responsável civil podem
requerer à autoridade judiciária o exame gratuito dos autos fora da secretaria
devendo o despacho que o autorizar fixar o prazo para o efeito.

→ São correspondentemente aplicáveis a esta possibilidade as disposições da lei


do processo civil respeitantes à falta de restituição do processo dentro do prazo;
sendo a falta da responsabilidade do Ministério Público, a ocorrência é comunicada
ao superior hierárquico.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

Findo o inquérito » o MP pode tomar uma das seguintes medidas:

➢ Procede, por despacho, ao seu arquivamento » Artigo 277º CPP

➢ Procede ao seu arquivamento nos casos de dispensa de pena » Artigo


280º CPP (mediante concordância do juiz de instrução)

➢ Determina a suspensão provisória do processo (mediante concordância


do juiz de instrução) » se se verificarem os pressupostos referidos nos artigos 281º e
282º, ambos do CPP

➢ Profere despacho de arquivamento parcial e de acusação

➢ Deduz a acusação » quando haja indícios suficientes da verificação do crime e


dos seus agentes (artigo 283º CPP)
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

INDÍCIOS SUFICIENTES
Artigo 283º n.º 2 do CPP » contém uma noção de indícios suficientes: sempre que deles resulte uma possibilidade razoável
de o arguido vir a ser condenado.

São os elementos que, relacionados e conjugados, persuadem da culpabilidade do agente, fazendo nascer a convicção de que
virá a ser condenado; são vestígios, suspeitas, presunções, sinais, indicações, suficientes e bastantes para convencer de que
há crime e de que alguém determinado é o responsável, de forma que, logicamente relacionados e conjugados formem um
todo persuasivo da culpabilidade; enfim, os indícios suficientes consistem nos elementos de facto reunidos no inquérito (e na
instrução), os quais, livremente analisados e apreciados, criam a convicção de que, mantendo-se em julgamento, terão sérias
probabilidades de conduzir a uma condenação do arguido pelo crime que lhe é imputado.

A suficiência dos indícios é apreciada em face dos elementos probatórios e de convicção constantes do inquérito (e da
instrução) que, pela sua natureza, poderão eventualmente permitir um juízo de convicção que não venha a ser confirmado em
julgamento; mas se logo a este nível do juízo no plano dos factos se não puder antever a probabilidade de futura condenação,
os indícios não são suficientes, não havendo prova bastante para a acusação (ou para a pronúncia).

TRC de 10/09/2008, Processo n.º 195/07.2GBCNT.C1


O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

Arquivamento – Artigo 277º do CPP


Despacho de arquivamento pleno ou definitivo (n.º 1):
. Inexistência de crime » conclusão, através da prova, de que falta algum dos
elementos essenciais
. Irresponsabilidade » o inquérito demonstrou que a pessoa indicada não
cometeu o ilícito criminal por qualquer das formas previstas
. Inadmissibilidade legal do procedimento » quando se interpõe uma causa que
impede o seu prosseguimento (falta de queixa, desistência, prescrição,
amnistia…)
. Torna-se absolutamente definitivo após o prazo de abertura de instrução ou de
intervenção hierárquica

Despacho de arquivamento provisório (n.º 2):


. Por falta de recolha de prova suficiente sobre a:
. Verificação do crime falta de indícios
. De quem foram os seus autores suficientes

. Inquérito pode ser reaberto caso surjam novos elementos probatórios, nos
termos do disposto no Artigo 279º n.º 2 do CPP
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

O despacho de arquivamento é comunicado:

→ ao Arguido

→ ao Assistente

→ ao Denunciante com faculdade de se constituir assistente

→ ao Lesado que tenha manifestado o propósito de deduzir


pedido de indemnização civil nos termos do artigo 75º CPP

→ bem como ao respectivo Defensor ou Advogado (artigo 277º,


nº 3 CPP).
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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

COMUNICAÇÕES DO DESPACHO DE ARQUIVAMENTO

(n.ºs 3 e 4 do artigo 277º CPP)

NÃO HAVENDO ARGUIDOS » i.e. se inquérito a correr contra desconhecidos

→ Decisão é comunicada ao denunciante com a faculdade de se constituir


assistente, com cópia do despacho (n.º 3 do artigo 277º CPP).

→ Comunicação via notificação via postal simples, sem prova de depósito


considerando-se efetuada no 5.º dia útil posterior à data da expedição - cfr.
alínea d) do n.º 4 do artigo 277.º e n.º 5 do artigo 113.º
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
COMUNICAÇÕES DO DESPACHO DE ARQUIVAMENTO - n.ºs 3 e 4 do artigo 277º CPP

HAVENDO ARGUIDOS

Efetuadas por notificação (n.º 4 do artigo 277º do CPP), mediante:

• Contacto pessoal

• Via postal registada

• Via postal simples » nos casos em que o arguido e assistente tenham indicado a sua residência, o
local de trabalho ou outro domicílio à sua escolha à autoridade policial ou judiciária que elaborar o auto de
notícia ou que os ouvir no inquérito ou na instrução (cfr. alínea a) do n.º4 do artigo 277º do CPP)

• Editalmente » ao arguido, quando este não tiver defensor nomeado ou constituído

• Por via postal simples » ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente


e a quem tenha manifestado o propósito de deduzir pedido de indemnização civil

Nota: Serão também notificados do despacho os advogados constituídos ou defensores


nomeados.
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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
COMUNICAÇÕES DO DESPACHO DE ARQUIVAMENTO - n.ºs 3 e 4 do artigo 277.º

→ Porque são efectuadas:


» Permitir ao Lesado (que não possa constituir-se assistente) recorrer aos tribunais civis
para fazer valer os seus direitos
» Dar conhecimento ao arguido
» Aos restantes para reagirem contra o despacho de arquivamento

→ Como podem reagir:


» A decisão de arquivamento (artº 277º), e de acusação (artº 283º) são passíveis:

» de controlo hierárquico

→ intervenção hierárquica (artº 278º CPP)

→ reabertura do inquérito (artº 279º CPP)

» de controlo judicial

→ Abertura de instrução (artº 287º CPP)


O INQUÉRITO

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Acusação

22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

Efeitos do arquivamento:

. Se for requerido – pelo MP, AUTORIDADE DA POLÍCIA CRIMINAL (em caso de


urgência ou perigo na demora), pelo ARGUIDO ou pelo ASSISTENTE – o JIC (e
só ele), pode declarar a perda a favor do Estado de bens apreendidos durante
o inquérito.

. Extinção imediata das medidas de coacção (não as de garantia patrimonial).

. Lesado pode pedir PIC em separado no tribunal civil.

. Cessação do Estatuto da Vítima de violência doméstica (EXC se vítima


requerer justificadamente a sua protecção junto do MP).
O INQUÉRITO

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Acusação

22 Setembro 2022

REACÇÃO PERANTE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO

INTERVENÇÃO HIERÁRQUICA - 278º CPP

No prazo de 20 dias » a contar da data em que já não puder ser requerida a


abertura da instrução o imediato superior hierárquico do magistrado do MP
que tiver proferido o despacho de arquivamento do inquérito, nos termos dos nºs
1 e 2 do artº 277.º CPP, pode:

➢ por sua iniciativa ou

➢ a requerimento do assistente ou

➢ do denunciante com a faculdade de se constituir nessa qualidade

determinar que seja formulada a acusação ou que as investigações prossigam,


devendo, neste caso, indicar as diligências que reputa necessárias e o prazo para
a sua realização.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

REACÇÃO PERANTE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO

REABERTURA DO INQUÉRITO - 279º CPP

Esgotado o prazo do artº 278º do CPP » estabelece o artº 279º, nº 1: “o


inquérito só pode ser reaberto se surgirem novos elementos de prova que
invalidem os fundamentos invocados pelo Ministério Público no despacho
de arquivamento”.

O processo só pode ser reaberto, para além dos 20 dias seguintes


ao despacho de arquivamento, exclusivamente com base em novos
elementos de prova.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

REACÇÃO PERANTE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO


REABERTURA DO INQUÉRITO - 279º CPP
→A eficácia processual (definitiva) do despacho de arquivamento do MP » condicionada à
superveniência de “novos elementos de prova” - mas elementos de prova que não
coincidem com os já apreciados.

→ Para a justificar têm de surgir elementos de prova novos e relevantes que ponham em
causa a justeza da decisão de arquivamento » afasta possibilidade de reabertura com base
na mera reavaliação pelo MP dos elementos de prova existentes nos autos.

→ Ausência de novas provas que invalidem os fundamentos invocados no despacho que o


MP proferiu no sentido do arquivamento do inquérito » preclude possibilidade de o reabrir
para uma 2ª vez investigar os factos objecto do inquérito.

Do despacho do MP que deferir ou recusar a reabertura do inquérito » há


RECLAMAÇÃO para o superior hierárquico imediato » artº 279º, nº 2 CPP
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

REACÇÃO PERANTE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO


ABERTURA DE INSTRUÇÃO – 286º e ss CPP

→ A Instrução: “visa a comprovação judicial da decisão de deduzir acusação ou


de arquivar o inquérito, em ordem a submeter ou não a causa a julgamento“.

→ No caso de arquivamento - visa submeter à apreciação judicial (do juiz de


instrução) a decisão do MP de arquivar o processo, pondo em causa a
apreciação feita pelo MP da prova indiciariamente recolhida.

→ Controle (autonomizado no CPP):

» da decisão de arquivamento (artº 277º do CPP)

» da decisão de acusar (artº 283º do CPP)

. Da competência e dirigida pelo Juiz de instrução » que tem tarefa de


fiscalização e controle da actividade do MP.
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

REACÇÃO PERANTE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO


ABERTURA DE INSTRUÇÃO – 286º e ss CPP

→ Requerida pelos interessados » no prazo de 20 dias, a contar da notificação:

» Arguido - da acusação » relativamente a factos pelos quais o MP ou o assistente - em caso de


procedimento dependente de acusação particular - a tiverem deduzido (art. 287.°, nº 1, a) do CPP)

» Assistente - do arquivamento » relativamente a factos pelos quais o MP não tiver deduzido


acusação e apenas para os crimes públicos e semi-públicos (artº 287.°, nº 1, b) do CPP)

» O denunciante, com a faculdade de se constituir assistente » terá que requerer,


previamente, a sua admissão a intervir como tal » obriga à constituição de mandatário e
sujeito ao pagamento de taxa de justiça (pode ser feito no mesmo requerimento que o RAI)

→ Só pode, então, ser requerida pelo assistente (já não apenas Denunciante/Ofendido) e o
requerimento terá que ter estrutura acusatória » aplica-se o formalismo descrito no Artigo 283º, nº 3
alíneas b) e c) do CPP, sob pena de rejeição

RAI » sujeito ao pagamento de taxa de justiça


O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

Intervenção hierárquica vs. Abertura de instrução

A intervenção hierárquica » pode ser requerida pelo assistente ou pelo denunciante com a
faculdade de se constituir assistente, sem que tenha que assumir tal posição processual (de
assistente)

A abertura de instrução » só pode ser requerida pelo assistente – obriga-se o denunciante


com a faculdade de se constituir assistente a requerer, previamente, a sua admissão como tal.

A escolha pela utilização de um destes meios preclude a utilização do outro.

Consoante os fundamentos do arquivamento:


→ Intervenção hierárquica:
» Não realização de diligências essenciais à investigação e que poderiam e deveriam ter
sido feitas
» Errada qualificação jurídica dos factos
→ Abertura de instrução:
»Discordância quanto à apreciação dos indícios recolhidos e consequente decisão pelo MP
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

ARQUIVAMENTO NOS CASOS DE DISPENSA DE PENA - artigo 280º CPP

Findo o inquérito: se estiverem reunidos indícios da prática de crime para o qual a lei
preveja a possibilidade de dispensa de pena (cfr. artigo 74º Código Penal) » MP pode optar
pelo seu arquivamento, dispensando o arguido de pena.

→ desde que reunidos todos os pressupostos:

» Ministério Público, com a concordância do Juiz de instrução » pode decidir-se pelo


arquivamento do processo nos casos em que seja de prever, que, a final, o tribunal viria a
proferir decisão condenatória com dispensa de pena, revelando-se assim o julgamento, um
ato inútil.

Esta decisão não é susceptível de impugnação – artº 280º nº 3 e 283º nº 3.

Nesta fase, não implica pagamento de taxa de justiça (artº 516º), nem está
sujeita a registo criminal fase de julgamento.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO

Despacho de arquivamento por dispensa de pena – Artº 280ºCPP


. Tratamento processual especial para casos de pequena criminalidade
. Consagração do princípio da oportunidade
. Está na disponibilidade do MP
. Não submeter o Arguido a julgamento quando seria de esperar que deste viesse a
resultar a dispensa de pena
. Dispensa de pena – Artigo 74º do C.P. em termos gerais
. Crime que preveja expressamente tal possibilidade- Ex: Artº 143º n.º 3 CP
. Reunidos todos os seus pressupostos
. Concordância do MP e JIC
. Após dedução da acusação: pelo JIC com a concordância do MP e do arguido
. Insusceptibilidade de impugnação:
» Apenas pelo assistente e apenas nos casos em que não se verifiquem os seus
pressupostos e requisitos

.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

INQUÉRITO

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO – Artºs 281º e 282º CPP

. Consagração do princípio da oportunidade

» Possibilidade de o MP - não obstante a verificação dos


pressupostos jurídico-criminais da acusação - poder decidir-se
pela suspensão provisória do processo, mediante a imposição ao
arguido de injunções e regras de conduta e após essa suspensão
determinar o arquivamento do processo

» Tem uma natureza idêntica à suspensão da execução da pena,


com a vantagem adicional da manutenção da presunção da
inocência.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

Em suma: Tratamento processual especial para casos de pequena e média


criminalidade e consagração do princípio da oportunidade; este instituto visa
contribuir para solucionar, pela via do consenso e diversão, a pequena e média
criminalidade, fora das instâncias formais de controlo » é uma solução de consenso

Perante crimes de reduzida gravidade: o MP, com o acordo do arguido e do


assistente, determina, com a homologação do Juiz, a sujeição do arguido a regras
de comportamento ou injunções durante um determinado período de tempo

Caso as mesmas não sejam cumpridas pelo arguido » é deduzida acusação

Nos processos comuns » apenas em sede de INQUÉRITO ou INSTRUÇÃO


O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

Aplicável se:

1) Crime punível com pena de prisão não superior a cinco anos ou com sanção diferente
da prisão

2) Arguido não tiver condenação anterior por crime da mesma natureza

3) Não tiver sido anteriormente aplicada ao arguido suspensão provisória de processo


por crime da mesma natureza

4) Não haver lugar a medida de segurança de internamento

5) Ausência de um grau de culpa elevado

6) For de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta responde


suficientemente às exigências de prevenção que no caso se façam sentir
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

EXIGE-SE ainda:

a) CONCORDÂNCIA DO JUIZ DE INSTRUÇÃO

b) CONCORDÂNCIA DO ARGUIDO

c) CONCORDÂNCIA DO ASSISTENTE, QUANDO CONSTITUÍDO

O PRAZO DE SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO NÃO PODE EXCEDER


DOIS ANOS » artº 282º CPP

Nota: A SPP pode ir até 5 anos nos termos do n.º 5 do artº 282º CPP
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

→Crimes de condução de veículos em estado de embriaguez ou condução perigosa


sancionados em pena de prisão ou multa mas também prevista pena acessória de inibição de
conduzir veículos com motor » o arguido não se pode opor a aplicação de injunção de
proibição de conduzir veículos com motor

→Crimes de furto simples, p.p. pelo artigo 203.º CP » dispensada a concordância do


assistente » quando a conduta ocorrer em estabelecimento comercial, durante o período de
abertura ao público, e seja aplicado o instituto da suspensão provisória dos processo,
relativamente à subtração de coisas móveis de valor diminuto (1UC-102 €) e desde que
tenha havido recuperação imediata destas, salvo quando cometida por duas ou mais pessoas.

→Crimes de violência doméstica e contra a liberdade e autodeterminação sexual de


menor não agravados pelo resultado permite-se que MP determine a SPP » com a
concordância do juiz e do Arguido, em nome do interesse da vítima e mediante requerimento
livre e esclarecido desta, relativamente ao primeiro caso, desde que não haja, condenação ou
suspensão provisória anteriores por crime da mesma natureza. Nestes casos, a SPP » pode ir
até 5 anos nos termos do n.º 5 do artº 282º CPP
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

NÃO É ADMISSÍVEL:

→ A ABERTURA DA INSTRUÇÃO:

» Com vista à rejeição da suspensão provisória do processo determinada pelo MP

» Com vista à aplicação da suspensão provisória do processo rejeitada pelo JIC

São os dois casos de inadmissibilidade legal da instrução » Artº 287º 3 CPP (vide
281º, nº 1 e 6)

NOTA: registado um inquérito » deverá ser apurado de imediato, através da


consulta do Registo Criminal e base de dados da SPP se já foi antes aplicada
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

ADMISSÍVEL A ABERTURA DA INSTRUÇÃO (Vide artºs 307º, nº 2 e 287º):

. A requerimento do:

» Arguido

» Assistente

→ Com vista a obter uma decisão instrutória de suspensão provisória do


processo, mas, neste caso, com a concordância do MP
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

Se o arguido cumprir as injunções e as regras de conduta que lhe tiverem


sido impostas » MP arquiva o processo, findo o prazo de suspensão, não
podendo reabri-lo (artº 282º nº 3 CPP)

Se o arguido não cumprir as injunções e regras de conduta, ou se durante


o período de suspensão cometer crime da mesma natureza pelo qual
venha a ser condenado » o processo prossegue com a acusação e as
prestações feitas não podem ser repetidas (artº 282º nº 4 CPP)

As injunções e regras de conduta podem ser aplicadas cumulativa ou


separadamente (artº 281º nº 2 CPP)
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

→ PLURALIDADE DE ARGUIDOS:

O procedimento criminal pode ser suspenso relativamente a um dos arguidos e


prosseguir relativamente a outros sejam eles co-arguidos dos mesmos crimes ou não

Para tal deve: determinar-se a separação de processos e a extracção de certidão do


processado relativamente ao arguido que beneficia da suspensão

→ CONCURSO DE CRIMES:

O processo só pode ser suspenso relativamente a todos os crimes e na condição de a


moldura penal abstracta do conjunto dos crimes em concurso ser igual ou inferior a
cinco anos de prisão (AC do TRC, de 16.2.2005)

A suspensão do processo tem a consequência da suspensão do prazo de prescrição do


procedimento criminal
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO

A sua aplicação constitui um poder-dever


Como se refere no Ac. do STJ de 13.02.2008, (in www.dgsi.pt), «com a Lei n.º 48/2007,
acentuou-se a natureza de poder-dever conferido pela norma do n.º 1 ao Ministério
Público ao substituir a expressão “pode (…) decidir-se (…) pela suspensão do processo”
por esta outra, claramente impositiva: “oficiosamente ou a requerimento do arguido ou
do assistente, determina (…) a suspensão do processo».
O que se quer referir é que actualmente ao Ministério Público (e também ao juiz de
instrução, nos casos em que isso se verifique) o legislador impõe um poder dever de,
nos casos em que se verifiquem os requisitos legais estabelecidos no artigo 281º do CPP,
aplicar o instituto da suspensão provisória do processo (neste sentido cf. Rui do Carmo,
«A suspensão provisória do processo no CPP revisto – alterações e clarificações»,
Revista do CEJ, nº 9, p. 325) – Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra, de 03/02/2011,
Processo n.º 8/7.5GBLRA-A C1, disponível em www.dgsi.pt.
Verificados os pressupostos legais, o Ministério Público tem o poder/dever de proceder à
aplicação da suspensão provisória do processo, desde que seja adequada à satisfação
das exigências de prevenção concretamente verificadas, e seja, no conjunto das formas
processuais de exercício da ação penal passíveis de aplicação, aquela que representa
menor intervenção, maior celeridade e maior eficácia.
O INQUÉRITO

Da Investigação à
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22 Setembro 2022

ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - artº 283º e artº 277º CPP

DESPACHO DE ACUSAÇÃO

→ Formalidades: artº 283º CPP

» MP deduz acusação no prazo de 10 dias se tiverem sido recolhidos indícios suficientes:

» de se ter verificado crime e


» de quem foi o seu agente
→ Formalidades, sob pena de nulidade (n.º 3 do artº 283º CPP):
» Identificação do arguido
» Narração dos factos, devidamente identificados em termos de tempo e lugar
» Grau de participação do arguido
» Circunstâncias agravantes ou atenuantes que sejam relevantes para a determinação da
sanção
» Indicação das normas legais aplicáveis
» Indicação da prova
- Testemunhal, tem que identificar quais as “abonatórias” se as houver
» Relatório social de arguido menor
» Data e assinatura
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

DESPACHO DE ACUSAÇÃO

O despacho de acusação é comunicado:

AO ARGUIDO (Se se encontrar preso notificado através do Estabelecimento Prisional – artº 114º CPP)

AO ASSISTENTE

AO DENUNCIANTE, COM A FACULDADE DE SE CONSTITUIR ASSISTENTE

LESADO, QUE TENHA MANIFESTADO O PROPÓSITO DE DEDUZIR PEDIDO de


INDEMNIZAÇÃO CIVIL

AOS RESPETIVOS DEFENSORES OU ADVOGADOS - n.º 10 do artigo 113.º CPP

ÀS INSTITUIÇÕES E SERVIÇOS INTEGRADOS NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE,


relativamente a facto que tenha dado origem à prestação de cuidados de saúde, da possibilidade de no prazo
de 20 dias, deduzir o pedido de reembolso dos valores que tenham ficado em divida, por despesas respeitantes
ao internamento/tratamento - art.º 6º do D.L. n.º 218/99, de 15/06 alterada pela Lei n.º 64-B/2011, de 30/12.
O INQUÉRITO

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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Porquê a notificação:
» Início do prazo para lesado » deduzir pedido de indemnização civil,
querendo.
» Para o arguido » poder reagir contra a decisão do MP em acusar e
arguir nulidades
» Aos restantes » para arguirem nulidades, deduzirem acusação
subordinada ou reagirem contra a delimitação do objecto do processo
feita pela acusação

Como reagir:
» Requerimento para Abertura de instrução (artº 286º e 287º e ss do CPP)
O INQUÉRITO

Da Investigação à
Acusação

22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Prosseguimento do processo sem notificações:

Quando se tiverem revelado ineficazes os procedimentos de notificação, os


processos prosseguirão para a fase de julgamento, sem aquelas, nos termos
da parte final do n.º 5 do artigo 283º CPP:

Artigo 283.º - Acusação pelo Ministério Público:

“5 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 277.º,


prosseguindo o processo quando os procedimentos de notificação se tenham
revelado ineficazes.”
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22 Setembro 2022

ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Legitimidade do MP para acusar:
. Crimes públicos
. Crimes semipúblicos » quando o ofendido tenha exercido, de forma expressa, o seu direito
de queixa.
→ O assistente, após a prolação da acusação pública pode » em 10 dias:
» Acusar pelos mesmos factos » caso em que poderá limitar-se a aderir a tal acusação
» Por parte deles
» Por outros que não comportem alteração substancial dos factos
» Arrolar outros meios de prova que não constem da acusação

Crimes particulares:
. O MP notifica o assistente para deduzir acusação (particular) » em 10 dias
. O MP informa o assistente da sua posição, i.e » se considera existirem indícios suficientes
e quem são os agentes (o que significa, desde logo, sabermos se o MP irá acompanhar ou
não a acusação particular)
→ Só após a acusação particular feita pelo assistente, poderá o MP acusar, ele próprio
» em 5 dias:
» Pelos mesmo factos - caso em que, usualmente, se limita a acompanhar a acusação
» Por parte deles
» Por outros que não comportem alteração substancial dos factos
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Crimes particulares
Queixa (artº 113º CP) + constituição de assistente (artº 246º e 68º CPP) +
acusação particular (artº 285º CPP)
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO

A ACUSAÇÃO PARTICULAR contém também, sob pena de nulidade (nº. 3, art.º 283º
CPP - com as alterações introduzidas pela Lei 94/2021, de 21 de Dezembro):

a) As indicações tendentes à identificação do arguido;

b) A narração, ainda que sintética, dos factos que fundamentam a aplicação ao arguido de

uma pena ou de uma medida de segurança, incluindo, se possível, o lugar, o tempo e a

motivação da sua prática, o grau de participação que o agente neles teve e quaisquer

circunstâncias relevantes para a determinação da sanção que lhe deve ser aplicada;

c) As circunstâncias relevantes para a atenuação especial da pena que deve ser aplicada ao

arguido ou para a dispensa da pena em que este deve ser condenado;

d) A indicação das disposições legais aplicáveis;


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ENCERRAMENTO INQUÉRITO – Acusação particular

(cont)

e) O rol com o máximo de 20 testemunhas, com a respetiva identificação, discriminando-se as


que só devam depor sobre os aspetos referidos no n.º 2 do artigo 128.º, as quais não podem
exceder o número de cinco;

f) A indicação dos peritos e consultores técnicos a serem ouvidos em julgamento, com a


respectiva identificação;

g) A indicação de outras provas a produzir ou a requerer;

h) A indicação do relatório social ou de informação dos serviços de reinserção social, quando o


arguido seja menor, salvo quando não se mostre ainda junto e seja prescindível em função do
superior interesse do menor;

i) A data e assinatura.
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO – Acusação particular

Artº 283º nº. 3 - alterações introduzidas pela Lei 94/2021, de 21 de Dezembro

7 - O limite do número de testemunhas previsto na alínea e) do n.º 3 apenas pode ser


ultrapassado desde que tal se afigure necessário para a descoberta da verdade material,
designadamente quando tiver sido praticado algum dos crimes referidos no n.º 2 do
artigo 215.º ou se o processo se revelar de excecional complexidade, devido ao número
de arguidos ou ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime.
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO
Acusação subordinada vs. Acusação particular
Artigos 284º e 285º, ambos do CPP

. Ambas da legitimidade do assistente

. Acusação subordinada – prazo 10 dias após a notificação da acusação pública

. Por mera adesão – sem formalidades

. Por factos – aplicação dos n.º 3, 7 e 8 do Artº 283º do CPP

> Incumprimento; consequências:

» Nulidade da acusação se for omitido algum dos requisitos do n.º 3

» O processo prossegue pois o MP tem legitimidade

. Acusação particular – prazo 10 dias após notificação pelo MP para o efeito

. Tem que seguir as formalidades prescritas nos n.º 3, 7 e 8 do Artº 283º do CPP

> Incumprimento; consequências:

» Nulidade da acusação se for omitido algum dos requisitos do n.º 3

» O processo não prossegue, determinando-se o seu arquivamento, pois o MP não tem


legitimidade
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO

Elementos da Acusação:

»Elementos do artº 283º, nº 3 CPP - sob pena de nulidade (artº 120º CPP)

» Deve conter ainda:

. PIC (artº 76º, nº 3 e 77º nº 1 CPP)

. Pedido intervenção tribunal de júri (artº 13º, nº 3 CPP)

. Pedido intervenção tribunal singular (artº 16º, nº 3 CPP)

. Nomeação Defensor

. Informação de que o Arguido fica obrigado a pagar os honorários do Defensor oficioso


(salvo concessão AJ) e que pode proceder à sua substituição

. Pronúncia sobre necessidade ou não aplicação de medidas de coação ou garantia


patrimonial (artº 191 e ss e 213º CPP)

. Requisição CRCriminal do arguido, se ainda não estiver nos autos (artº 274º CPP)
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO

NOTAS:

. Assume a qualidade de ARGUIDO todo aquele contra quem tiver sido deduzida acusação,
sendo obrigatória a nomeação de Defensor (artº 57º, nº 1 e artº 64º, nº 3 CPP)

. Sem prejuízo da obrigatoriedade de assistência noutros momentos processuais, se o Arguido


não tiver Advogado constituído, nem Defensor nomeado, é OBRIGATÓRIA a nomeação de
Defensor quando contra ele for deduzida a Acusação, devendo a sua identificação constar do
despacho de encerramento do inquérito (artº 64º CPP)

. Proferido despacho de Acusação – o Juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos da


prisão preventiva e OHP.

. Vítima – pode solicitar informação sobre os elementos pertinentes que lhe permitam, após
acusação, inteirar-se do estado do processo e situação processual do arguido.

.
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ENCERRAMENTO INQUÉRITO - ACUSAÇÃO

A ACUSAÇÃO é pressuposto indispensável da fase de


julgamento, pois serve de instrumento de fixação do
objecto do processo » só podem ser considerados os
factos constantes da acusação, ou da pronúncia, se a
houver.

Ao MP interessa a condenação, uma vez que acusou com a


convicção da culpa do arguido, ainda que com dever de
objectividade e legalidade.
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Prazos máximos de duração do inquérito

Em regra:

. O prazo para a prática de qualquer acto processual é de 10 dias (prazo meramente


ordenador).

. Já quanto a despachos ou promoções de mero expediente, bem como os


considerados urgentes, devem ser proferidos em 2 dias. (artº 105º CPP).

Este prazo NÃO se aplica havendo disposição legal que estipule o contrário, como é o
caso do artº 276º CPP, que consigna os prazos a que deve obedecer o DESPACHO de
ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO proferido pelo MP.

Por imperativo constitucional – todos os cidadãos têm direito a que uma causa em
que intervenham seja objecto de decisão em prazo razoável (artº 20º,nº 4 CRP) e,
ainda, ser julgados no mais curto prazo compatível com as garantias de defesa (artº
32º, nº 2, 2ª parte CRP).
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Prazos máximos de duração do inquérito

Assim, o MP deve encerrar o inquérito, arquivando-o ou deduzindo acusação,


nos prazos máximos de:

» 6 meses, se houver arguidos presos ou sob obrigação de permanência na


habitação ou

» de 8 meses, se os não houver.

MAS

Nota: Os prazos para o decurso do inquérito de 6 e 8 meses podem ser


dilatados, nos termos e limites dos nºs 2 e 3 do artº 276º CPP:
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Prazos máximos de duração do inquérito


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Prazos máximos de duração do inquérito


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Inquérito
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Nulidades no Inquérito
→ Nulidade insanável (oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento):
» falta de promoção do processo pelo MP – artº 48º
» falta de inquérito, nos casos em que a lei determinar a sua obrigatoriedade - artº 119º, b) 1ª parte
e d)
» ausência do MP a actos relativamente aos quais a lei exige a sua comparência - artº 119º, b) 2ª
parte e d)

→ Nulidade dependente de arguição:


» insuficiência do inquérito – por não terem sido praticados actos legalmente obrigatórios (e não por
ausência de indícios suficientes para acusar)
» omissão posterior de diligências que pudessem reputar-se essenciais para a descoberta da
verdade – artº 120º, nº 2, d)
→ arguida até 5 dias após notificação do despacho que tiver encerrado o inquérito

→ falta de arguição pelos interessados = sanação

→ Não abertura de inquérito » pode constituir denegação de justiça – artº 369º CP

→ Não havendo lugar a instrução » nulidades do inquérito são conhecidas pelo Juiz de
julgamento
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Reacções a despachos do MP – alguns exemplos

» Oposição ao requerimento para consulta e obtenção de elementos do processo


→ requerimento ao juiz de instrução – Artigo 89º n.º 2 do CPP

» A Despacho de arquivamento
→ Intervenção hierárquica » pelo Assistente e Denunciante com a faculdade
de se constituir como tal

→ Abertura de Instrução » pelo Assistente

» A Despacho de Acusação → Abertura de Instrução » pelo Arguido

» Impedimentos, recusas e escusas: aplicação dos Artigos 39º a 47º do CPP com as
necessárias adaptações → dirigidos e decididos pelo superior hierárquico – Artigo 54º
do CPP.
NÃO HÁ RECURSO DE DESPACHOS / DECISÕES DO MP
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Legislação e Documentos de apoio


. Constituição República Portuguesa
. Código Penal e Código de Processo Penal
. Código de Processo Penal Anotado – M. Simas Santos e M. Leal-Henriques (Ed. Rei dos Livros,
Lisboa, 2ª Ed. 1º Vol)
. Código de Processo Penal Anotado – Henriques Gaspar …. (Almedina, Lisboa, 2ª Ed. 1º Vol)
. Noções de Processo Penal – Manuel Simas Santos… (Rei dos Livros, 3ª edição )
. Manual Prático de Processo Penal – Paula Marques de Carvalho (Almedina, 12ª edição)
. Esquemas dos prazos máximos de inquérito - autoria de Alexandre Silva, Apontamentos
Práticos para Oficiais de Justiça, disponível em alexandresilva_esquemapratico.pdf
(verbojuridico.net)
. Estudo sobre boas práticas 2020 - CEJ
. LEI DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA JUDICIÁRIO (LOSJ) - Lei n.º 77/2021, de 23/11
. ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (EMP) » actual Lei n.º 2/2020, de 31/03
. LEI DE ORGANIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (LOIC) - Lei n.º 73/2021, de 12/11
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Legislação e Documentos de apoio


. Parecer 31/2009, 16.09.2010 do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República (intervenção hierárquica)
. Ac. TRE, de 04.06.2019 (Proc. 950/15.0GBABF.E1) – Princípio da investigação
. Ac TRL, de 18.03.2019 (Proc 2074/17.2T9AMD.L1-9) – Suspensão provisória do processo
. Ac TRE, de 05.02.2019 (Proc 727/15.2T9TNV.E1) - INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO
. Ac TRL, de 06.11.2018 (Proc. 42/17.7PDSXL.L1-5) - Injunção
. Ac TRC, de 13.03.2019 (Proc 217/15.3GCSAT-AZ.C1) – Excepcional complexidade do processo
. Ac TRL, de 09.05.2019 (Proc 257/18.0GCMTJ-AV.L1-9) – Excepcional complexidade do processo
. Ac TRP, de 11.04.2018 (Proc 450/15.8IDPRT-D.P1) – Excepcional complexidade do processo – abrangendo todos os
arguidos, mesmo que constituídos em momento posterior.
. Ac RL, 30.05.2019 (Proc 1584/18.2T9SNT.L1-9) – nulidade do inquérito
. Ac RL, de 11.07.2018 (Proc. 205/15.0PBAMD.L1-3) – papel do JIC na fase de Inquérito
. Ac STJ nº. 8/2017 (Proc 895/14.0PGLRS-A-S1), publicado em 21.11 – leitura declarações para memória futura
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Legislação e Documentos de apoio


. Ac. TRC de 27.09.2017 Suspensão provisória do processo. Incumprimento das injunções e/ou regras de conduta.
Acusação. Instrução. Deduzida acusação pública, com base na inobservância de injunções e/ou regras de conduta
condição da suspensão provisória do processo, o arguido pode opor-se à referida opção do Ministério Público,
requerendo, em momento processual adequado, a instrução, para que nesta demonstre a inexistência do invocado
incumprimento ou, havendo-o, que ele não ocorreu por culpa sua, obtendo, deste modo, a final, decisão de não
pronúncia.
Jurisprudência obrigatória
Ac. STJ de Fixação de Jurisprudência nº5/2012, in DR I Série de 21-05-2012:
O Ministério Público, em processo penal, pode praticar acto processual nos três dias úteis seguintes ao termo do
respectivo prazo, ao abrigo do disposto no artigo 145º, n.º 5, do Código de Processo Civil, sem pagar multa ou
emitir declaração a manifestar a intenção de praticar o acto naquele prazo.
Ac. TRE de 11-07-2013 : II. Sendo a queixa apresentada pelo representante legal do menor, se entretanto o
mesmo atingir a maioridade, a legitimidade do MºPº para o exercício da acção penal mantém-se, sem necessidade
de ratificação da queixa formulada ou de apresentação de uma nova.
Ac. TRC de 20.09.2017 Crime semi-público. Queixa. Legitimidade. Sociedade comercial. Não obstante uma
sociedade comercial apenas assumir obrigações juridicamente vinculantes com a intervenção de dois gerentes, o
direito de queixa desse ente colectivo é regular, válido e eficaz se exercido, tão só, por um desses gerentes.
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Legislação e Documentos de apoio


. Ac. TRG de 20.02.2017 Na fase de inquérito, o juiz de instrução não tem competência para determinar o
levantamento dos objectos apreendidos, mesmo nos casos em que a lei lhe atribui competência para ordenar as
apreensões, cabendo ao Ministério Público, enquanto titular do inquérito, a decisão sobre a necessidade ou
desnecessidade de manter uma apreensão para efeito de prova e, consequentemente, a decisão sobre a entrega
dos objectos apreendidos (arts. 186º, 53º, 268º e 269º do CPP).
. Ac. TC n.º 121/2021, de 09/02: Não julga inconstitucional a interpretação normativa dos artigos 17.º, 53.º, n.º 2,
alínea b), e 269.º, n.º 1, alínea f), do Código de Processo Penal, segundo a qual está subtraída ao Juiz de Instrução
Criminal a competência para conhecer das invalidades processuais dos atos de constituição de arguido e aplicação
de Termo de Identidade e Residência, praticados pelo Ministério Público; não conhece do objeto do recurso quanto a
uma das questões de inconstitucionalidade colocadas por um dos recorrentes.
. Ac. TRC de 26-10-2016: Ao permitir a aceleração processual, mesmo após se mostrarem excedidos os prazos de
duração de cada uma das fases processuais (cfr. artigo 108.º do CPP), o legislador está a atribuir aos prazos fixados
no artigo 276.º, n.ºs 1, 2 e 3, do referido diploma, uma natureza meramente ordenatória, funcional e referencial;
consequentemente, não detêm tais prazos qualquer natureza preclusiva do poder-dever consagrado no n.º 1
daquele normativo.
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Parecer 31/2009 de 16-09-2010, do Conselho Consultivo da PGR Descritores: MINISTÉRIO PÚBLICO. AUTONOMIA.
INQUÉRITO. INTERVENÇÃO HIERARQUICA. CONTAGEM DE PRAZO. PRAZO PEREMPTÓRIO.(Tem 1 voto de vencido)Conclusões:
1. O Ministério Público goza de estatuto próprio e de autonomia em relação aos demais órgãos do poder central, regional e
local, mas os seus magistrados são hierarquicamente subordinados, consistindo essa hierarquia na subordinação, nos termos
da lei, dos de grau inferior aos de grau superior e na consequente obrigação de acatamento das directrizes, ordens e
instruções recebidas (nºs 1 e 3 do artigo 76.º do Estatuto do Ministério Público e nºs 2 e 4 do artigo 219.º da Constituição da
República Portuguesa), e os despachos por eles proferidos são passíveis de reapreciação, estando sujeitos ao controlo do seu
imediato superior hierárquico, em conformidade com o disposto nos artigos 278.º e 279.º do Código de Processo Penal;
2. No prazo de 20 dias a contar da data em que já não puder ser requerida a abertura da instrução, o imediato superior
hierárquico do magistrado do Ministério Público que tiver proferido o despacho de arquivamento do inquérito nos termos dos
nºs 1 e 2 do artigo 277.º do Código de Processo Penal pode, por sua iniciativa ou a requerimento do assistente ou do
denunciante com a faculdade de se constituir nessa qualidade, determinar que seja formulada a acusação ou que as
investigações prossigam, devendo, neste caso, indicar as diligências que reputa necessárias e o prazo para a sua realização;
3. O assistente e o denunciante com a faculdade de se constituir nessa qualidade só podem requerer a intervenção do
imediato superior hierárquico, ao abrigo do n.º 1 do artigo 278.º do Código de Processo Penal, no prazo (de vinte dias) em
que podiam ter requerido abertura da instrução nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 287.º do mesmo código;
4. O prazo referido na conclusão n.º 2 (e no n.º 1 do artigo 278.º) é sempre contado a partir do dia seguinte áquele em que
tiver terminado o prazo em que podia ser requerida a abertura da instrução, independentemente de a intervenção hierárquica
ser oficiosa ou ter sido requerida pelo assistente ou pelo denunciante com a faculdade de se constituir nessa qualidade;
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Legislação e Documentos de apoio


Jurisprudência obrigatória
1. Ac. STJ de Fixação de Jurisprudência nº 3/2015 , DR, I Série de 20-03-2015: «O prazo de 20 dias para o
assistente requerer a abertura de instrução, nos termos do artigo 287º, nº 1, alínea b), do Código de Processo
Penal, conta-se sempre e só a partir da notificação do despacho de arquivamento proferido pelo magistrado do
Ministério Público titular do inquérito ou por quem o substitua, ao abrigo do artigo 277º do mesmo código, não
relevando para esse efeito a notificação do despacho do imediato superior hierárquico que, intervindo a coberto do
artigo 278º, mantenha aquele arquivamento.»
Ac. TRE de 25.09.2017 Arquivamento do inquérito. Dispensa de Pena. Irrecorribilidade. I - O despacho de
arquivamento em caso de dispensa de pena, quer o proferido no inquérito pelo Ministério Público, quer o proferido
em instrução pelo juiz, é inimpugnável, o que se justifica pelo carácter consensual da decisão, de cujo processo de
formação apenas é afastado o assistente. II - Esse afastamento justificar-se-á pelas razões de política criminal em
que se funda o instituto, que são razões de ordem pública que não podem ser prejudicadas por interesses
privados.III - Não pode assim o assistente impugnar o despacho de arquivamento, apesar de ele não ter
intervenção no processo decisório. Ao determinar a inimpugnabilidade dessa decisão, a lei veda não só a
possibilidade de recurso jurisdicional, que aliás não teria sentido, uma vez que a decisão é do Ministério Público,
como também a possibilidade de impugnação, quer por via hierárquica, quer através da abertura de instrução.
Jurisprudência obrigatória
1. Ac. STJ de fixação de jurisprudência n.º 4/2017, de 16-06-2017: «Tendo sido acordada a suspensão provisória
do processo, nos termos do art. 281.º do Código de Processo Penal, com a injunção da proibição da condução de
veículo automóvel, prevista no n.º 3 do preceito, caso aquela suspensão termine, prosseguindo o processo, ao
abrigo do n.º 4, do art. 282.º, do mesmo Código, o tempo em que o arguido esteve privado da carta de condução
não deve ser descontado, no tempo da pena acessória de inibição da faculdade de conduzir, aplicada na sentença
condenatória que venha a ter lugar.»
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AC STJ nº. 4/2017 (Proc. 821/12.1PFCSC.L1-A.S1) - Tendo sido acordada a suspensão provisória do processo,
nos termos do art. 281.º do CPP, com a injunção da proibição da condução de veículo automóvel, prevista no n.º
3 do preceito, caso aquela suspensão termine, prosseguindo o processo, ao abrigo do n.º 4, do art. 282.º, do
mesmo Código, o tempo em que o arguido esteve privado da carta de condução não deve ser descontado, no
tempo da pena acessória de inibição da faculdade de conduzir, aplicada na sentença condenatória que venha a
ter lugar

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