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Estudo do artigo

A BASE NACIONAL COMUM


CURRICULAR BRASILEIRA E O
LUGAR DA FONÉTICA, DA
FONOLOGIA E DA VARIAÇÃO NO
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS
FINAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Estudantes: Bruno Alves, Mariana Trindade e
Zayra Liz
INTRODUÇÃO

2013 - Início dos debates

2014 - Criação do PNE


2015 - Divulgação e elaboração
da 1ª versão da BNCC
2016 - 2ª versão da BNCC

2017 - 3ª versão da BNCC


2018 - Lançamento do
documento definitivo
INTRODUÇÃO

“[...] o processo de implementação de um currículo não se


dá, naturalmente, de forma pacífica, consensual, mas envolve
múltiplos posicionamentos axiológicos de indivíduos,
justamente pelo seu caráter prescritivo, permeado por
relações de poder.”

(RODRIGUES, Siane. 2021, p. 182, grifo nosso).


INTRODUÇÃO

“A versão final da BNCC é o objeto de estudo da presente


investigação a partir de uma perspectiva bem específica:
aquela que busca descortinar o lugar reservado, em tal
documento, à Fonética e à Fonologia.”

(RODRIGUES, Siane. 2021, p. 182, grifo nosso).


A FONÉTICA E A FONOLOGIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

Após ser constatada como uma ciência, a linguística foi tomando forma muito rápido e
em direções diversas. Rodrigues afirma que os cursos de licenciatura em Letras e as
escolas brasileiras não acompanharam esses crescimentos e, nos tempos atuais,
muitos professores ainda não estão familiarizados com este processo.

Isso, aliado ao ensino precário da Fonética e da Fonologia, para a autora, tem como
consequência evidente um desempenho ruim na escrita dos estudantes brasileiros,
sendo possível observar, principalmente, naqueles que realizam o Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM). Ao produzirem uma escrita oralizada, demonstram que não
conseguem entender a orto-fonologia da sua língua.
A FONÉTICA E A FONOLOGIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

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1) a falta de compreensão do pensamento dos
estudantes quando eles estão escrevendo e acabam
cometendo algum desvio de grafia;

consequências 2) a impossibilidade de formular hipóteses a partir da


lógica dos alunos e corrigir estes desvios de forma
graves
efetiva, deixando o aluno com uma sensação de
fracasso quando comete uma “aberração”.
A FONÉTICA E A FONOLOGIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

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1) Por que não se ensina fonologia nas escolas?

2) Os currículos escolares determinam o ensino da


fonologia nos diferentes níveis da Educação Básica,
importantes como o fazem com morfologia e sintaxe?
questões
3) O ensino da Fonética e da Fonologia é previsto pelas
orientações curriculares nacionais em vigor?
A FONÉTICA E A FONOLOGIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

Rodrigues responde à última das três perguntas afirmando que, de forma óbvia, se os
profissionais constituídos da missão de criar e inserir nas escolas públicas brasileiras
um currículo nacional, não considerarem importantes as áreas desfavorecidas já
citadas em comparação com as dos demais níveis analíticos da língua, àquelas
desaparecerão das aulas de Português e dos livros didáticos.

A autora afirma que a análise dos dados que serão explanados a seguir demonstra mais
uma resposta e a comprovação da resposta acima à pergunta supracitada. As
considerações feitas por ela têm como recorte a análise da 3ª e última versão da BNCC.
A FONÉTICA, A FONOLOGIA E A VARIAÇÃO
NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Defesa, por parte da autora, da ampliação do espaço da fonética e da fonologia;


Em relação à BNCC: o não reconhecimento dessas áreas na formação linguística
dos alunos;
Necessidade de, na pesquisa, reelaborar as categorias de análise para a coleta
de dados;
Análise do quadro 1 da BNCC, que trata das “Práticas de linguagem, objetos do
conhecimento e habilidades diretamente relacionados à Fonética e à Fonologia,
previstos para o 6°, 7°, 8° e 9° anos”.
EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO
DADO À VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A autora destaca um trecho do documento analisado, relacionado à ação de
“Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de
preconceito linguístico”. E caracteriza-o como:

Demasiadamente amplo Inespecífico


Dissociado dos distintos níveis de análise da língua

Ela aponta, ainda, que o tratamento da variação como conteúdo em


vez de princípio transversal não verificou-se apenas na BNCC, mas
também nas orientações curriculares anteriores, o que a leva à
esteriotipação, restrita aos níveis social e regional.
EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DADO À VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA, À FONÉTICA E À FONOLOGIA
As áreas da morfologia e da sintaxe, previamente colocadas como aquelas de maior
foco nos currículos escolares, podem, sim, contribuir para a compreensão da
variação linguística. Porém, Rodrigues defende que a fonética e a fonologia também
têm capacidade de atuar de forma relevante nesse cenário.

O apagamento do “r” ao final dos verbos em conversações espontâneas é exemplo


disso. Investigado por Cardoso et al. (2014), foi verificado que essa forma ocorre
nas 25 capitais brasileiras investigadas. Ao trazer essas informações,
Rodrigues ressalta que, apesar da fonética e da fonologia serem objetos
recorrentes de pesquisa, elas continuam sendo ignoradas pela BNCC.
EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DADO
À FONÉTICA E À FONOLOGIA
Explicitamente presentes em todas as séries do Ensino Fundamental
Anos Iniciais, mas em relação aos Anos Finais:

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Ora há menção a objetos do conhecimento cuja
abordagem requer o trabalho com as disciplinas
em pauta

Fenômenos Ora essas disciplinas são referidas nos objetos,


verificados mas não o são nas habilidades correspondentes
CONCLUSÃO
“[...] objetos do conhecimento do campo da Fonética, da Fonologia e
da Variação são insuficientemente previstos pela Base Nacional
Comum Curricular (BRASIL, 2018), apesar de serem imprescindíveis
à reflexão sobre língua e à ampliação dos saberes linguísticos dos
alunos da Educação Básica. Tal problema inviabiliza o pleno
desenvolvimento de habilidades determinadas pelo próprio
documento para as diferentes Práticas de Linguagem e Objetos do
Conhecimento.”

(RODRIGUES, Siane. 2021, p. 200, grifo nosso).


REFERÊNCIAS

RODRIGUES, Siane Gois Cavalcanti. A Base Nacional Comum Curricular brasileira e o lugar da
fonética, da fonologia e da variação no ensino fundamental anos finais. In: Rodrigues, Siane. A
BNCC em foco: discussões sobre ensino de língua portuguesa. Campinas-SP: Editora Pontes,
2021. p. 181 - 201.

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