Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MARÍLIA – SP
2023
Os intensos debates anteriores a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) remontam desde a Constituição Federal de 1988 a partir de seu Artigo 210º
o qual determina que devem ser garantidos os conteúdos mínimos que assegure a
formação básica comum (BRASIL, 1988). Acreditamos que essa condução deveria
ter por objetivo orientar percursos de aprendizagem e de desenvolvimento dos
estudantes ao longo de toda a Educação Básica.
Depois de duas versões, anteriores criadas, uma em 2015 e a outra em
2016, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada em 2017, pelo
Ministro da Educação, Mendonça Filho, mas tal homologação não correspondia a
toda a Educação Básica, e sim, apenas ao Ensino Infantil e fundamental. Finalmente
em 2018 a BNCC foi publicada. A meu ver constituída de forma a não atender aos
saberes docentes com base em avaliações como o Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (Pisa) e externas, sem considerar as particularidades em
termos de realidade social, econômica e cultural em que se encontram os
estudantes em cada localização do Brasil. Embora o Pisa, não tenha o objetivo de
estar atrelado ao Currículo Escolar, de certa forma, as avaliações acabam
influenciando as avaliações externas dos estados.
Além disso, a BNCC, atrelou os professores de forma a restringir e
desvalorizá-los em sua prática, ao livro didático, ou seja, é um livro que irá nortear o
trabalho do Professor.
Diante do quadro apresentado, discutiremos na sequência nossa visão de
educação, em particular, uma crítica da Educação Matemática na BNCC destacando
seus pontos relevantes.
Segundo Cara (2017) em seu Blog publicado na Revista eletrônica Uol
intitulado “BNCC: O que Paulo Freire e Anísio Teixeira diriam sobre a base
curricular?” o autor afirma que:
Deduzo que o saudoso baiano de Caetité diria que a base curricular
de Temer contradiz uma experiência escolar significativa e
democrática, orientada a educar ao invés de simplesmente instruir.
Para Anísio Teixeira, a missão do ensino só podia ser o
desenvolvimento da inteligência, da tolerância e da felicidade. E era
para dar conta disso que se fazia necessário reformar a escola e o
sistema público de ensino. Nada mais conflitivo com a base curricular
temerista.
Paulo Freire diria que a base curricular de Michel Temer é própria
expressão da educação bancária, aquela que pressupõe que o aluno
nada sabe e que o professor transmite o conhecimento, como se
essa transmissão fosse possível em termos práticos. Provavelmente,
Paulo Freire anotaria que a novidade dessa BNCC é seu desserviço
na promoção de um controle injusto do trabalho docente,
desvencilhado da oferta de condições de trabalho aos
educadores e da boa prática pedagógica, que é
obrigatoriamente dialógica, emancipatória e construtiva. (grifo
nosso)
Assim, um outro aspecto importante a ser notado na BNCC, é que mesmo que no
documento mencione em sua primeira competência “a Matemática é uma ciência
humana, fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas” (BRASIL,
2018, p.265), se contradiz com o restante do documento, posto que não se faz uma
referência da Matemática como uma conquista da humanidade, o seu papel no
desenvolvimento cientifico, tecnológico e social de forma explicita é que pode ser
essencial para o interesse e interação dos alunos em meio as aulas.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em 9 novembro 2023
CARA, Daniel. #BNCC: O que Paulo Freire e Anísio Teixeira diriam sobre a base curricular?
Uol educação, 20 dezembro 2017. Disponível em:
https://danielcara.blogosfera.uol.com.br/2017/12/20/bncc-o-que-paulo-freire-e-anisio-teixeira-
diriam-sobre-a-base-curricular/. Acesso em 19 novembro 2023.