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EVENTO: CULTO

DATA: 08/10/2017

TÍTULO: Do que Jesus me salvou?


TEXTO BÍBLICO: Lucas 16.19-31

Introdução

Eu quero iniciar a pregação desta noite pedindo sua total atenção. Concentre-se por
alguns minutos, pois creio que o Espírito Santo vai ministrar algo profundo aos nossos
corações nesta noite. Não serão palavras afáveis nem para se ouvir e muito menos para
se pregar... acredite! Na verdade o que vou pregar hoje está cada vez mais escasso em
nossos púlpitos e até rejeitado por algumas igrejas que, em sua busca desenfreada por
revitalização e crescimento, caminham a passos largos para a apostasia ao transformar os
seus membros e visitantes em clientes que precisam ser adulados apenas com palavras
adocicadas e agradáveis.
As verdades que ouviremos hoje não são agradáveis, não dá ibope, não chama multidão e
incomoda por serem duras, mas são palavras proferidas diretamente pelo Senhor Jesus e
nenhum homem está autorizado e contradizê-las. Os que assim o fizerem, devem ser
confrontados com a própria palavra de Deus e seus ensinamentos rejeitados, pois
vivemos dias em que há uma proliferação de mensagens falsas chegando a nós por todos
os lados (Internet, celular, TV, etc) com o objetivo de confundir e turvar o nosso
entendimento, distorcendo a doutrina bíblica e consequentemente nos afastando de
Deus. O apóstolo Paulo exorta a igreja de Roma neste sentido:
“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras
suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes.”
Romanos 16.17-18
Não é raro em nossa vida cotidiana sermos confrontados com perguntas a respeito de
nossa fé e nos sentirmos constrangidos por não ter clareza a respeito de temas e
verdades que deveriam estar internalizadas em nós. Se o evangelho mudou nossa vida e
somos novas criaturas, devemos anunciar as boas novas e ter convicção a respeito destas
boas novas. Invariavelmente neste contexto de boas novas a frase mais pronunciada
neste contexto cristão, recordistas de adesivos de carros e mensagens evangelísticas é
que SÓ JESUS SALVA! Pronunciamos e repetimos essa frase à exaustão, mas muitas vezes
não temos a real noção do que estamos falando. Normalmente concluímos a frase com
explicações a respeito do amor sacrifical de Jesus na cruz e de sua ressurreição, mas
raramente desenvolvemos o tema, e ficamos por isso mesmo.
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Falamos tanto sobre o amor Dele, sobre seu mandamento maior a respeito de amar a
Deus e ao próximo como a mim mesmo, mas o que respondemos, ou o que entendemos
quando alguém nos questiona a respeito desta salvação? Normalmente as pessoas
questionam: SALVAR DO QUE? Não me sinto em perigo ou em uma situação que entenda
que preciso ser socorrido por alguém. É como se você tivesse que tomar um remédio sem
saber pra quê! Quando um médico receita um remédio ele deixa claros os efeitos e
benefícios que se espera do medicamento, mas também sabemos que tipo de doença o
remédio está atacando na expectativa de que ele nos livre da doença.
Olhando para dentro de nossas igrejas vemos que as pessoas perderam a ideia do que
Jesus as livrou, do que Ele nos resgatou. Até sabem dizer para que Ele nos salvou, sabem
o objetivo, mas titubeiam para responder do que Ele nos salvou. As pregações têm sido
tão insistentemente antropocêntricas e hedonistas, ou seja, estão mais focadas em
agradar o ego e os desejos do ser humano que pouco se fala a respeito de doutrinas
bíblicas e da realidade de assuntos espinhosos nos dias de hoje. Temos vários textos que
nos ajudam a responder a essa pergunta, mas vou citar apenas dois:
“Dirás, pois, naquele dia: Graças te dou, ó Senhor; porque, ainda que te iraste contra
mim, a tua ira se retirou, e tu me confortaste.
Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não temerei porque o Senhor, sim o
Senhor é a minha força e o meu cântico; e se tornou a minha salvação.”
Isaías 12.1-2

“Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.”
João 3.36
Fomos salvos da ira de Deus, fomos resgatados da condenação eterna, foi disso que
Jesus nos salvou!!!
Servimos a um Deus santo e justo e os critérios de justiça e de santidade de Deus foram
ofendidos, foram quebrados por nós no éden. O que merecemos, o que fazemos jus é
uma eternidade de sofrimento e de tormentos... é disso que fomos salvos!!!
Vamos meditar um pouco sobre isso hoje... Vamos ler um dos textos mais controversos e
mal interpretados da bíblia. Tem sido usado como pretexto para a criação e divulgação de
heresias e doutrinas sem fundamento bíblico, mas minha oração nesta noite é que o
Espírito Santo fale profundamente conosco nesta noite.

Abram suas bíblias no evangelho de Lucas 16.19-31


Vamos orar!

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No NT temos 40 parábolas catalogadas. As parábolas de Jesus são um mar infindável de
sabedoria, pouco explorado pelas Igrejas e muitas vezes negligenciado por serem por
vezes confundidas com contos ou historias desconexas.
As parábolas são histórias que se caracterizam por serem de certa forma curtas e
objetivas. Elas têm a clara intenção de transmitir lições espirituais profundas e de
transmitir verdades a respeito do Reino de Deus, feitas normalmente por meio de
metáforas ou comparações, da explanação de fatos reais e de elementos comuns à época
em que foram escritas. Os ensinos transmitidos são os mais variados, mas, normalmente,
vemos ensinos ligados à moral e virtudes, à sabedoria e também à doutrina.
Há um porém... Jesus nos advertiu que havia um motivo para que Ele falasse por meio de
parábolas. Ele não era apenas um bom contador de histórias. Já vimos aqui em outras
ocasiões que o ministério de Jesus muda a partir do Cap 13 de Mateus, isso porque no
Cap 12 Ele dá um ultimato após os escribas e fariseus lhe pedirem um sinal. Ele diz que
nenhum sinal seria dado além do sinal do profeta Jonas (que ficou 3 dias e 3 noites no
ventre do peixe, fazendo uma analogia a sua morte e ressureição). A partir do cap 13 de
Mateus e nos demais evangelhos (apenas o evangelho de João não apresenta parábolas),
começa sua série de parábolas, explicadas da seguinte forma:
E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus, mas a eles não lhes é dado;
Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até
aquilo que tem lhe será tirado.
Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não
ouvem nem compreendem.
E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não
compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis.
Mateus 13:10-14
A profecia que trata o texto de Mateus 13 diz respeito ao povo de Israel, encontrada em
Isaías 6.8-11:
A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a
mim.
Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em
verdade, mas não percebeis.
Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos;
para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem
entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado.
Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as
cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo
assolada.
Isaías 6:8-11
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Quão duro deve ter soado para Isaías ouvir do próprio Deus a sua missão, dada pela
própria Trindade (veja que o texto diz QUEM HÁ DE IR POR NÓS?), mas que o povo não
iria ouvir seus alertas. De certa forma isso serve de alento para nós hoje e está totalmente
dentro do ensinamento da parábola que acabamos de ler.
As parábolas tinham o efeito de despertar a mente de muitas pessoas que ficavam
maravilhadas com a simplicidade das parábolas de Jesus e, assim, desejavam descobrir
seu sentido subjacente ou mesmo ajudado a manter a verdade plantada no coração até
que ela fizesse brotar a fé a compreensão de suas verdades. Uma parábola não é
simplesmente uma analogia. É uma metáfora prolongada com uma lição espiritual
específica na analogia, nem sempre óbvia mas com um significado real e profundo.

Voltando ao contexto da parábola...

Pelo que vemos no contexto desta passagem, em Lucas 15:1 Jesus está na casa de um dos
chefes dos fariseus (ver em Lucas 14:1), quando chegam muitos publicanos e pecadores
para o ouvir e Jesus conta a “parábola da dracma perdida”. Em Lucas 15:11 temos a
“parábola do filho pródigo”. Em Lucas 16:1 na parábola do “mordomo infiel” o Senhor
Jesus falou a Seus discípulos e lhes deu um ensinamento que culmina com a seguinte
conclusão: “Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar
o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a
Mamom”(Lucas 16:13). Agora para os Fariseus que o cercavam, o assunto tomou outro
rumo, como segue: “E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e
zombavam dele.” Lucas 16:14). Então Jesus se adiantou e respondeu-lhes com a parábola
do Rico e Lázaro.

Nesta parábola Jesus apresenta uma narrativa trágica que destaca o terror
desesperançoso do inferno e o remorso infinito que assombrará eternamente as pessoas
orgulhosas, cujas riquezas, religião ou outras vantagens terrenas as isolaram da realidade
da graça e divina. Essa é de longe a parábola mais perturbadora de Jesus. Ela nos
confronta com verdades sobre a eternidade e a vida pós-morte sobre a qual temos muita
dificuldade em refletir, mas que precisamos urgentemente levar a sério.
A parábola fala de vários opostos extremos: riqueza e pobreza, tormento e consolo,
morte e vida, inferno e céu. Temos 3 personagens principais, sendo que não deixa de ser
curioso o fato de Jesus não citar o nome do rico como mais uma forma de tirar a honraria
das riquezas. De novo, não podemos perder de vista que um dos contextos é que Jesus
está cercado por fariseus que debocham de seu ensino e de seu apego às riquezas
materiais e terrenas. Jesus falou sobre dinheiro com maior frequência do que sobre
qualquer outro assunto, à exceção do Reino de Deus. Ele dedicou uma quantidade
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inusitada de tempo e energia à questão do dinheiro. Em nenhum lugar as Escrituras
ensinam que é pecado ser rico. Repetidamente, no entanto, ela adverte o povo de Deus
que as riquezas podem ser uma cilada e tentação que “afogam os homens na ruína e
perdição” (1 Tm 6.9).
“Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na
perdição.”
1 Tm 6.9
A parábola é uma advertência solene e séria e entendo que Jesus sabia de seu impacto
quando a citou por tratar de dois assuntos polêmicos e espinhosos, tanto o apego ao
dinheiro, temática distorcida em várias igrejas defensoras do Evangelho da Prosperidade
tanto quanto o assunto inferno tem sido varrido para debaixo do tapete de nossas igrejas.
Ninguém falou mais destes dois assuntos do que Jesus, e, portanto, cabe a nós refletir e
pregar sobre estes assuntos também. Hoje, o foco da pregação não será especificamente
o amor ao dinheiro, mas do que o Senhor nos livrou, e como vimos, Ele nos livrou da ira
de Deus e de sermos enviados para o Inferno. O Senhor Jesus falou de inferno em vários
textos bíblicos (Mt 5.22, Mt 5.29-30, Mt 7.19, Mt 8.12, Mt 13.40-50, Mc 9.42-48, etc).
Muitos se queixam que a ideia do inferno parece cruel e injusta. Perguntam-se como um
Deus verdadeiramente amoroso é capaz de lançar pessoas em um lugar de punição tão
severa. São questionamentos de quem não reconhece e entende a natureza de Deus e a
sua essência. Colocam a razão e as emoções humanas acima de Deus e de seus desígnios,
como se pudéssemos questionar Aquele que nos criou e lançou os fundamentos da terra,
como fez ao rebater os questionamentos de Jó:
Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se
tens entendimento.
Jó 38.4
Deus não está sujeito ao julgamento de qualquer autoridade maior do que Ele mesmo,
até pq não existe ninguém maior do que Ele. O Senhor define justiça segundo sua própria
natureza. Questione se Deus tem o direito de fazer o que diz que fará, e você pode muito
bem negar a própria existência de Deus baseada em seus atributos divinos de Onisciência,
Onipotência e Onipresença.
A palavra de Deus afirma em vários lugares e por diversas vezes que Deus punirá
categoricamente os malfeitores com o “castigo eterno” (Mt 25.46)
E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.
Mateus 25.46

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REFUTANDO A LITERALIDADE DA PARÁBOLA

De novo, a parábola não tem a intenção de apresentar verdades literais, mas não
podemos desprezar os diversos ensinamentos apresentados.

1º Os mortos partem para o outro mundo não como “espíritos”, mas com o seu
próprio corpo com dedos, línguas, etc.
2º Os “espíritos” sentem sede (v.24).
3º Ser rico é motivo de ser mandado ao inferno, apesar de ter demonstrado tão
grande benevolência para com o pobre Lázaro e a própria parábola nada dizer de que
o rico era um homem mau!
4º Ser mendigo é passaporte para o Céu, uma vez que a parábola em nada indica que o
mendigo era um homem justo ou que cria no Senhor.
5º O Céu e o inferno ficam um bem do lado do outro (veríamos os nossos amigos ou
parentes queimando lá do outro lado!).
6º Apesar de haver um “abismo intransponível” entre ambas as partes, os salvos
podem ficar conversando a vontade com os ímpios que estão queimando no inferno
(vs. 25 e 26). A comunicação entre os justos do Céu e os ímpios do inferno é
perfeitamente possível (poderíamos ficar conversando com os nossos amigos ou
parentes enquanto estes estão entre as chamas de um fogo eterno e devorador).
7º É possível falar perfeitamente como em uma conversa normal enquanto queima-se
entre as chamas de um fogo verdadeiro (vs. 23-31).
8º O mediador não é Jesus, mas Abraão, para atender o chamado do rico (ver 1ª
Timóteo 2:5; João 14:6; Efésios 2:18, etc).
9º Usando a mesma lógica que os imortalistas usam com a análise literal dos meios de
uma parábola, concluímos que as árvores falam (cf. 2ª Reis 14:11).
10º O rico pedia que Lázaro molhasse apenas a língua dele enquanto queimava entre
as chamas, ao invés de lhe dar um verdadeiro “banho de água”!
11º Se os mortos justos partem para o “Seio de Abraão” na morte, para onde partiu
Abraão quando morreu?
12º Para onde iam os que morriam antes de Abraão?
13º Caim inaugurou o tormento do Hades e está queimando há seis mil anos até hoje.

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14º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz
conclusão de que Deus é um juiz mau que nem ao homem respeita (meios da parábola
de Lucas 18:1-8).
15º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz
conclusão de que a Bíblia aprova a prática de administração desonesta (meios da
parábola de Lucas 16:1-12).
16º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz
conclusão de que Deus é um homem severo que ceifa onde não semeou e ajunta onde
não espalhou (meios da parábola de Mateus 25:24).
17º Se o Hades/Sheol é o inferno ou algum local de tormento, então Jacó foi sepultar o
seu filho José no inferno (cf. Gn.37:35).
18º Se o Hades/Sheol é alguma “morada de espíritos”, então Davi estava enganando-
se a si mesmo e aos outros ao escrever que são os ossos que descem ao Sheol (cf.
Sl.141:7 – “Sheol”, no original hebraico).
19º Como explicar que na própria lição moral da parábola (ou seja, o que realmente
devemos retirar dela como fonte de doutrina teológica), o personagem Abraão fala em
“ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (vs. 30 e 31), confirmando que só a
ressurreição é o caminho do retorno de quem morreu à existência?
20º O rico reconhece Abraão (v.23), o que demonstra que tinha familiaridade com ele,
mas na própria parábola Abraão cita Moisés (v.29), que é de séculos posteriores.

Analisando a parábola sem si, ela diz: “havia um homem rico que se vestia de púrpura e
de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente” (Lc.16:19), ou seja, não
era apenas alguém que usufruía de coisas boas vez por outra, mas este era o seu padrão
de vida diário. "Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto
de úlceras,o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caiam da mesa do rico; e
os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras" (Lc.16:20,21). Igualmente, vemos que o
homem rico da parábola não era apenas rico, mas vaidoso e se vestia do melhor daquilo
que podia usufruir: "púrpura e linho finíssimo" (Lc.16:19). De outro, um mendigo, doente,
faminto e sem esperança.
Onde é que você já viu um banquete de alta classe de um rico que permitisse que um
mendigo cheio de chagas ficasse sentado à sua porta, e que, além disso, ainda deixava
que comesse das migalhas de sua mesa? Se isso já é uma possibilidade bastante
improvável nos nossos dias, isso era completamente impossível de acontecer naquela
sociedade judaica. O rico de jeito nenhum iria permitir que os seus visitantes (também
ricos tais como ele) passassem pela porta com um mendigo, que, além disso, ainda estava
coberto de chagas, em uma doença contagiosa, possivelmente a própria lepra, comum
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naqueles dias. Isso não faz a personalidade de um judeu rico daquela época (muito menos
um que teria sido mandado para o inferno em seguida). Como se esse cenário não fosse
suficientemente improvável, ainda vemos também cachorros que lambiam as suas
chagas! Quando vemos tal cenário, vemos que isso era impossível, o que só reforça a
didática do ensinamento de Jesus e seu objetivo em destacar bem o desenrolar da
estória.

Em seguida, vemos a curta afirmação que o rico também morreu e que foi sepultado.
Não há dúvida que ele teve um funeral magnífico, condizente com seu nível social e
meios financeiros. Provavelmente algumas carpideiras profissionais foram contratadas
para chorarem durante o velório e um orador discursou, exaltando suas realizações
mundanas. O corpo foi colocado em um túmulo caro e bem ornamentado. Nenhum
gasto foi poupado e o funeral foi realmente magnífico. No entanto, o rico não era um
filho de Deus e, após a morte, encontrou-se em circunstâncias totalmente diferentes
das de Lázaro! O verso 22 e 23 merecem uma explicação:

Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu
também o rico, e foi sepultado.
No hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a
Lázaro no seu seio.

Precisamos fazer uma distinção entre as palavras que habitualmente são traduzidas
em nossas bíblias como Inferno. Existem 4 palavras que fazem referência a este lugar
de tormento ou de condenação: Hades, Sheol, Tártarus e Geena.

Sheol/Hades – Sheol (no hebraico) e Hades (transliterado grego) não era um lugar de
tormento, mas era puramente sepultura na concepção hebraica bíblica. Abraão foi
enterrar o seu filho do Sheol (Gn.37:35). Os ossos vão para o Sheol (e não “espíritos” –
ver Salmo 141:7). O Salmo 49:14 nos indica que até as ovelhas descem para o Sheol na
morte. O Sheol é um local de escuridão, e não de fogo que remete à luminosidade
(Sl.88:10-12; Jó 10:20,21; Lm.3:6). O Sheol é um lugar de silêncio, e não de gritaria do
inferno (Sl.94:17; Sl.115:17). Não são “espíritos incorpóreos” que descem ao Sheol na
morte, mas sim a própria pessoa com sangue (1Rs.2:9).

É lugar de descanso e de repouso, e não de dor ou de tormento (Jó 3:11,13,17). No


Sheol, não existe atividade e nem conhecimento ou sabedoria nenhuma (cf. Ec.9:10).
Os que lá estão não louvam a Deus (cf. Sl.6:5) e nem sequer tem lembrança dEle (cf.
Sl.6:5)! No Sheol não se escutam gritos (cf. Jó 3:18). O Sheol é um local de almas
mortas (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6,11; Jr.40:14,15; Jz.16:30;
Nm.23:10), em estado de total silêncio (cf. Sl.115:17; 94:17), e em plena inconsciência
(cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6; Ec.9:10).

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Nunca Sheol é identificado como um local de tormento e jamais é mencionado o
elemento “fogo” nele, senão em contexto parabólico como metaforização. Por tudo
isso, o Sheol nada mais é do que a figura da sepultura. É por isso que Jó iguala o Sheol
com o pó da terra: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó
17:16). O único lar para o qual Jó esperava ir era a sepultura (ver Jó 17:13).

Tártarus – Este lugar é mencionado apenas uma única vez em toda a Bíblia, e não é
para seres humanos, mas para anjos caídos. A Bíblia afirma que o diabo não está preso
em algum lugar ou sofrendo atualmente, mas está solto, “nos ares” (Jo.1:7; Jo.2:2;
Ef.6:12), e por essa razão está “andando em derredor, bramando como leão, buscando
a quem possa tragar” (1Pe.5:8). Se o diabo estivesse no inferno, se divertindo a custa
das outras pessoas que lá estão, isso seria um prêmio para ele. Contudo, a Bíblia
afirma que Satanás e seus anjos só serão lançados no lago de fogo após o milênio
(Ap.20:10).

A referência ao tártarus se encontra unicamente em 2ª Pedro 2:4, que diz: “Porque se


Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno [tártarus], e os
entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo”. Sendo que a Bíblia
afirma categoricamente que o diabo não está preso, mas solto, então a referência de
2ª Pedro diz respeito a outros anjos caídos, possivelmente os mesmos “filhos de Deus”
que pecaram em Gênesis 6:1-4[2]. Embora isso seja razão de debate, o fato é que o
tártarus não é um lugar onde almas humanas são lançadas após a morte, mas onde
parte dos anjos caídos estão atualmente, em prisão, e não soltos como os demais
estão.

Geena – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse
lugar de tormento ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo fala do “inferno”, no
original é “geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao local de castigo que
existirá após a ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como vocês escaparão da
condenação ao inferno [geena]?” (Mt.23:33). Também disse aos fariseus que eles
faziam discípulos para depois os tornarem “duas vezes mais filho do inferno [geena] do
que vós” (Mt.23:15), e que “é melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois
pés, ser lançado no inferno [geena]” (Mc.9:45). Qualquer um que disser “louco” ao ser
irmão, “corre risco de ir para o fogo do inferno [geena]” (Mt.5:22).

A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia (que é o geena) não
é um local para espíritos incorpóreos, mas para onde vão os corpos físicos dos ímpios,
é Mateus 5:29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e
atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que
seja todo o teu corpo lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse geena, de que
Cristo tanto falava? Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava a
sudoeste de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, usado deste os temos de
Acaz e de Manasses para oferecer sacrifícios de crianças ao deus Moloque, chamado
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de Vale da Matança em Jeremias 7, local onde se deixavam os resíduos, bem como
toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies,
recolhidas da cidade.

Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava
constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça
que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação
do fogo eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um
cenário muito típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos
cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente
aterrador.

Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo
que viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena”
também é o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão
ali lançados. Este é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no
último capítulo de seu livro:

“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o
seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a
carne”

(Isaías 66:24)

Para concluir a respeito do Inferno definitivo, encontramos no livro de Apocalipse, cap


20 v 10, 14 e 15 o que será o local de tormento definito:

“e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a
besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos
séculos.”

“E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o


lago de fogo.”

“E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de
fogo.”

Retornando ao texto...

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Estando em tormentos no Hades, olhou para cima e viu Abraão e Lázaro ao longe —
no Paraíso, ou Seio de Abrão, conforme a tradição Judaica definia o lugar de bem
aventurança eterna. Acho muito interessante o fato de que o rico conhecia a Lázaro —
ele o reconheceu e o referenciou pelo nome, mas em momento o texto indica que
Lázaro o vê...

Podemos especular sobre a interação que eles tiveram em vida, mas acho que é
seguro dizer que o rico não se preocupou e nem ajudou Lázaro, como deveria ter feito.
Esses dois homens eram irmãos na fé judaica — um deles era rico e o outro era pobre
— e a Lei de Moisés mandava os ricos socorrerem os pobres em suas necessidades.
Obviamente, o rico falhara completamente nessa sua responsabilidade (e podemos
imaginar em quantas outras). Durante sua vida, ele sempre viveu uma vida de
abundância, mas agora a situação era totalmente diferente, ele não tinha mais suas
riquezas a sua disposição para comprar o que quisesse, nem tinha mais seus
empregados para servi-lo, nem sequer água para aplacar a sua sede.

A sequencia do diálogo é rica em ensinamentos:

1º pedido do rico – “Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe
na água a ponta de seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nessa
chama” (v.24);
1ª resposta de Abraão – “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e
Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E além disso, está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui
para vós não poderiam, nem tampouco os de lá para cá” (vs.25,26);

2º pedido do rico – “Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho
cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este
lugar de tormento” (v.27,28)
2ª resposta de Abraão – “Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (v.29)

3º pedido do rico – “Pai Abraão, se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-
iam” (v.30)
3ª resposta de Abraão – “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão,
ainda que algum dos mortos ressuscite” (v.31)

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do
maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha
11
escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”
Apocalipse 2:17

Este trecho bíblico é muito interessante, pois esse novo nome que receberemos não
será conhecido por ninguém, dando a Bíblia a entender que não possuiremos mais a
presente identidade composta pelo nosso corpo carnal e por nossa alma, mas uma
identidade totalmente nova, formada pelo corpo espiritual, com a alma nele
habitando. E isto também sugere que, de alguma forma, não nos lembraremos do que
ficou para trás. E há um outro trecho bíblico que dá respaldo a esta afirmação:

“Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, jamais haverá memória delas.”
Isaías 65:17

Isto faz bastante sentido, pois sendo o céu um lugar de eterna paz e de quietude de
espírito, seria absurdo supor que tivéssemos lembranças de uma filha estuprada, de
um pai que foi torturado ou de momentos terríveis e dolorosos passados em algum
cárcere ou em um leito de hospital. Todavia, pessoalmente, acredito que teremos
consciência de termos sido salvos, porém de que forma esta consciência se
manifestará, confesso, esta resposta eu não possuo.

O SIGNIFICADO DOS ELEMENTOS DA PARÁBOLA


O homem rico representava a nação judaica, que se orgulhava de se auto-
considerar “os filhos de Abraão” (Jo.8:33). Eram o povo escolhido de Deus, a nação
eleita, sacerdócio real, tinham a Lei de Deus, os Mandamentos, eram os filhos
legítimos de Abraão. Deus lhes computou todas as responsabilidades do Reino como
os Seus filhos, como a Sua nação eleita.
Contudo, rejeitaram o Messias, rejeitaram o Filho de Deus encarnado, preferiram
seguir os seus caminhos e as suas tradições, fundamentando-as na segurança de serem
os filhos de Abraão, a nação de Jeová e, portanto, os filhos legítimos do Reino. Em
contraste, como eles consideravam os gentios? Os consideravam como os coitados,
considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus. Não foram
os “escolhidos de Deus”, eram, portanto, os “Lázaros espirituais”.
Enquanto os judeus receberam tudo de bom nesta vida, recebendo o favor de Deus
como a nação eleita e sacerdócio real, para lhes ser computada como justiça, os
gentios (representados pelo mendigo Lázaro) eram os “pobres” do Reino. Ficavam
para trás, o máximo que faziam era “comer as migalhas” daqueles que faziam parte do
Reino, os judeus, representados pelo Rico.

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Como o rico, os judeus não estendiam a mão para auxiliar os gentios em suas
necessidades espirituais. Permitia apenas comer das migalhas. Cheios de orgulho
consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo, não serviam nem
adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão,
dizendo: “Somos descendência de Abraão” (Jo.8:33), e diziam isso orgulhosamente.
Assim, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, pelo fato de que
possuíam as riquezas do evangelho, mas, no entanto, não cumpriram a vontade de
Deus a respeito deles, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres
gentios pegavam mesmo apenas as migalhas.
Apesar de serem considerados “a descendência de Abraão”, os gentios demonstravam
uma fé muito superior do que a dos próprios israelitas! Embora estes fossem “os ricos
do Reino”, devendo ser a luz das nações e os reis da terra deveriam caminhar vendo a
glória de Deus que paira sobre eles (Is.60:3), não aproveitaram essa sua riqueza. Os
gentios, contudo, mesmo sendo os “Lázaros espirituais”, desprezados pelos judeus por
não serem os “filhos de Abraão”, demonstraram uma fé muito superior a dos próprios
judeus.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, no caso de ali
algum gentio passar, morria imediatamente (At.21:29), isso porque eram considerados
indignos pelos judeus de cultuar a Deus no Seu Templo. Portanto, Cristo quis ensinar
nesta parábola que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto
os gentios (Lázaro), eram como os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar
ao menos das migalhas do evangelho.
E, de fato, eles passaram a fazer parte da mesa de Deus, unidos em “um só
povo” (Jo.11:52). Isso serviu de lição moral ao grupo dos fariseus, que eram
exatamente aqueles a quem Cristo condenava nesta parábola (v.14,15). A maior prova
de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como nos informa a
parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra,
nação santa, peculiar.
Sobre ela o Senhor dispensou, por séculos, bênçãos sem limites, além de dar-lhes uma
terra onde mana leite e mel e, finalmente, deu-lhes o próprio Messias, o Salvador. A
reação do rico (judeus), contudo, foi esta: “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam” (Jo.1:11). Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Assim
sendo, perderam a soberania divina sobre as demais nações.
O evangelho haveria de ser então anunciado em seu poder aos gentios (Lázaro), a fim
de que também eles participassem da mesa do Reino. Não comeriam mais migalhas da
mesa do Senhor, mas fariam parte do banquete do Reino (Lc.13:29). O que Jesus faz?
Ele tira do próprio Abraão, sobre o qual aquela nação judaica se orgulhava em sua
chamada “superioridade”, as palavras que este haveria de ter dito em pessoa: “Se não
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ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos
ressuscite” (Lc.16:31).
Essa é a lição moral da parábola. Nada, nem mesmo uma ressurreição, poderia
converter aquela nação novamente. Tornaram-se cegos espirituais, cavaram-se a si
mesmo um abismo intransponível entre eles e Deus, entre eles e a salvação (Lc.16:26).
A parábola, portanto, não deve ser interpretada literalmente pelos seus meios
fundamentando-a como doutrina, pelo contrário, tem cada elemento o seu devido
significado ao exemplo das outras parábolas que também não apresentam meios
literais, mas uma verdade moral por detrás de um cenário fictício.
Ele contou a parábola do Rico e do Lázaro, em que o homem rico representava o
próprio povo judeu que teve todas as oportunidades nesta vida, mas a desperdiçou,
enquanto, em contraste, os gentios (representados por Lázaro na parábola) eram os
“Lázaros espirituais”, desprezados pelos judeus, mas que desfrutariam de muito maior
bem-aventurança do que a própria nação judaica que se autoproclamava os “filhos de
Abraão”. O quadro todo representava aquela nação judaica que se orgulhava por
serem os filhos de Abraão escolhidos de Deus (representados pelo Rico), quando, na
verdade, os que são da fé é que são os verdadeiros filhos de Abraão (representados
pelo pobre Lázaro), como disse o apóstolo Paulo: “Estejam certos, portanto, de que os
que são da fé, estes é que são filhos de Abraão” (Gl.3:7).
Por fim, a lição moral da parábola é que, “se não ouvem a Moisés e aos profetas,
tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (Lc.16:31). Os fariseus
desprezavam Jesus, não acreditavam nele, o perseguiam, apesar de todos os feitos
milagrosos de Cristo, incluindo o de ressuscitar os mortos. Jesus havia ressuscitado
exatamente um homem chamado Lázaro (Jo.11:43,44), que havia voltado à vida após
quatro dias em que esteve morto, mas nem mesmo assim os fariseus acreditaram nele,
e ainda continuavam a o perseguir!
Os que não escutam Moisés e os profetas também não vão acreditar em Cristo, nem
mesmo se os mortos ressuscitarem. De fato, essa verdade foi ainda mais ressaltada
pela reação dos dirigentes dos judeus quando Jesus ressuscitou Lázaro, no relato de
João 11. Ao invés de eles passarem a acreditar em Cristo, começaram a persegui-lo
ainda mais do que antes:
“Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que
faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão
nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação (...) Ora, os principais
dos fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele [Jesus] estava,
o denunciassem, para o prenderem” (João 11:47-48,57)
“E os principais dos sacerdotes tomaram a deliberação para matar também a Lázaro;
porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus” (João 12:10-11)
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CONCLUSÃO
Jesus usou esta história para nos ensinar lições importantes. Não estava falando sobre
doutrina, sobre o que acontece com os mortos, até pq o Lago de Fogo ainda não foi
inaugurado, mas aponta para verdades inquestionáveis:

 Sofrimento e pobreza não são sinais de juízo de Deus e nem de pecado;


 Da mesma forma, riqueza nem sempre está associada a bênção e tão pouco é
maldição. A bíblia diz que Abraão (Gn 13.2) e Jó (Jó 1.3) eram homens ricos e
tementes a Deus. O alerta a respeito da riqueza na fala de Jesus a respeito do
camelo e da agulha (Mt 19.22-24) é uma hipérbole, um recurso linguístico usado
para destacar a importância do que se diz;
 O inferno é um lugar de tormento - v. 23 (Mt 18.6);
 O inferno é um lugar de onde se vê o gozo do céu mas onde não se tem mais a
presença de Deus - v. 23b (2 Ts 1.8);
 O inferno é um lugar onde não há consolo e nem alívio para a dor - v. 24,25;
 O inferno é um lugar de onde não se pode sair - v. 26. O inferno é um lugar de
sofrimento eterno (Dn 12.2, Mt 25.41 e Ap 14.10-11);
 O inferno é um lugar onde o pedido de socorro não é atendido - v. 27;
 O inferno é um lugar de plena consciência. A memória não será tirada. Se você
que está aqui e infelizmente não for salvo, vai lembrar-se dessa palavra - v. 25,
27 e 28;
 “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão ainda que
alguém dos mortos ressuscite” v31;
 Infelizmente o homem rico se lembrou de seus parentes tarde demais... e isso
serve de alerta para nós hoje. Lembre-se, não haverá uma segunda chance!
O final da parábola fala da suficiência das escrituras e faz um apelo para que seja
levada a sério. Se não há crença na palavra, não serão milagres ou eventos
sobrenaturais que convencerá o homem. Não há método melhor ou nem mensageiro
mais eficaz com o poder especial de dar visão aos cegos ou vida aos mortos. Não existe
um novo estilo ministerial ou uma estratégia de evangelismo que tenha mais poder
para vencer a depravação e despertar os mortos espirituais egoístas, os hipócritas e
religiosos, ou qualquer outro tipo de pecador do que o Poder da Palavra de Deus!
A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus, viva e eficaz. O homem rico estava no inferno
eterno não porque tivesse lhe faltado conhecimento, mas porque ele ignorou a
mensagem que ele recebera por meio da Palavra de Deus. A única maneira que seus
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irmãos teriam de escaparem do inferno seria ouvindo a mensagem e crendo nela. O
pedido do homem rico era um eco do que Jesus ouvira várias vezes. Os fariseus viviam
pedindo para ele um sinal, conforme vimos na explicação do motivo do Senhor usar
parábolas. Os sinais, ensinamentos e o testemunho de vida de Jesus não foram
suficientes, nem mesmo sua ressurreição.
No livro de João, cap 11 encontramos o relato da ressurreição de Lázaro, o amigo de
Jesus. Tal milagre, após 4 dias foi presenciado por várias pessoas e que muitos foram
os que creram, porém, continua o texto, algumas testemunhas oculares relataram aos
fariseus o que aconteceu. Como eles reagiram? Acreditaram? Se curvaram? Não!!! No
mesmo texto de João a partir do versículo 47 diz que eles se reuniram para tramar a
morte não só de Jesus como de Lázaro também...
Milagres não tem o poder de convencer aqueles que rejeitam a mensagem das
escrituras. A palavra é o poder de Deus para a salvação, conforme Romanos 1.16.
Aqueles que rejeitam a Palavra de Deus serão julgados pela mesma verdade que eles
rejeitam. Em João 12.46-48, Jesus diz:
Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não
permaneça nas trevas.
E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim,
não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra
que tenho pregado, essa o julgará no último dia.
Quero que você saiba que não há prazer nenhum em pregar ou falar sobre o inferno ou
sobre condenação, na verdade devemos reforçar que nossa alegria, alvo e inspiração é a
morada eterna com Deus, mas as palavras de Jesus não nos autorizam a ignorarmos este
tema e falarmos dele com todas as letras... portanto faço com reverência e pesar, mas
faço! Devemos nos lembrar sempre que SÓ JESUS nos salva da ira de Deus, que
condenou o pecador a uma eternidade de sofrimento.
Esta semana a Jana enviou no grupo dos obreiros um vídeo, desses que viralizam por aí
por terem uma pegada filosófica-panteísta com pitadas de amor divinal e sabedoria de
placa de caminhão. Uma oração de um filósofo do séc XVII produzida como se fosse Deus
falando para o homem. Em determinado momento esse “deus” diz: “Eu te fiz
absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Não
te poderei dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Viva como
se não houvesse.”
Uma das grandes artimanhas de Satanás é desvirtuar a palavra de Deus e fazer o
homem acreditar que nem ele e nem o inferno existem, como se ele não soubesse que
seu lugar está reservado lá.
Vamos orar!
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