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RESUMO
O trabalho apresenta sobre os elementos presentes na comicidade com base nas
observações do pensador Henri Bergson, bem como revela o fenômeno do humor como um
mecanismo humano, passível de análise. Este estudo possui como objetivo compreender a
relação existente entre a vida cotidiana e comédia, tal como se dá o processo de criação
humorística.
INTRODUÇÃO
O ato de rir faz parte do cotidiano da espécie humana, e sua significação pode variar de
acordo com o contexto utilizado. Diante de costumes culturais, nem todos irão rir de uma
mesma situação, pois, cada um possui visões diferentes de mundo. O que se sabe, é que a
comicidade é presente em todas regiões possíveis do planeta, sendo a forma em que a
humanidade se comunica, diante dessa interação, há a construção da comedia em seus níveis
mais distintos, partindo de uma distração ou até mesmo uma crítica. Diante disso, o risível
possui uma função social, independentemente de qualquer divergência sociocultural e foi
trabalhada a partir de um filósofo francês, Henri Bergson.
Henri Bergson (1859-1941) nasceu em Paris, na França. Vindo de família judia, o filosofo
era filho de mãe inglesa e pai polaco. Viveu alguns anos em Londres e então, retornou ao seu
país natal, aos 9 anos de idade. Licenciado em letras pela Sorbonne, membro da École
Normale Supérieure, foi professor de liceu e ministrou aulas em diversas localidades da
França. Em 1889, defendeu seu doutorado pela Universidade de Paris e em 1900 iniciou seus
cursos de história da filosofia antiga no Collége de France. Tornou-se diplomata francês,
membro da Academia Francesa e, em 1927, ganhou o prêmio Nobel de Literatura. Escreveu a
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obra O Riso, que contém inúmeras edições e trabalha sobre o efeito da comicidade e o riso em
uma observação social.
Já se definiu o homem como "um animal que ri". Poderia também ter sido definido como um animal
que faz rir, pois se outro animal o conseguisse, ou algum objeto inanimado, seria por semelhança
com o homem, pela característica impressa pelo homem ou pelo uso que o homem dele faz.
(BERGSON, 1983)
Certamente, você riria caso visse um estudante correndo para alcançar o ônibus e ele
tropeçasse em seu próprio cadarço, quebrando de maneira brusca a expectativa de que o
próprio conseguiria chegar a tempo e com êxito. O riso seria inevitável, mas somente se não
visto com olhos subjetivos. Seria difícil sentir humor na situação caso fosse de seu
conhecimento de que o rapaz estaria atrasado para acompanhar a mãe em uma consulta, que
possui um estado de saúde precário e necessita de um acompanhamento familiar.
O segundo aspecto que nos chama atenção para a análise de Bergson é o desvínculo do
cômico com a emoção. Algo não se torna mais risível quando o indivíduo percebe a situação
sentimentalmente. A insensibilidade deve acompanhar o riso. "Portanto, o cômico exige algo
como certa anestesia momentânea do coração para produzir todo o seu efeito. Ele se destina à
inteligência pura." (BERGSON, 1983).
Como terceira óptica, Bergson trata o risível como algo coletivo, feito em sociedade. Em
sua concepção, o isolamento não abre portas para que a comicidade seja feita, pois,
necessariamente, é preciso que exista pelo menos um indivíduo que realize a ação, e o outro,
no qual que é afetado por ela. "Ao que parece, o cômico surgirá quando homens reunidos em
grupo dirijam sua atenção a um deles, calando a sensibilidade e exercendo tão-só a
inteligência." (BERGSON, 1983)
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Insinua-se a intenção inconfessada de humilhar, e com ela, certamente, de corrigir, pelo menos exteriormente.
Esta é a razão pela qual a comédia se situa muito mais perto da vida real que o drama. Quanto maior a
grandiosidade de um drama, mais profunda será a elaboração a que o autor terá de submeter a realidade para
extrair dela o trágico em estado. Pelo contrário, só nas formas inferiores, no burlesco e na farsa, a comédia
contrasta vivamente com o real: quanto mais se eleva, mais tenderá a se confundir com a vida, e existem cenas
da vida real que são tão próximas da alta comédia que o teatro poderia valer-se delas sem lhes trocar uma
palavra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A teoria da comicidade de Bergson é extensa e exige a questão anestésica para a
construção de humor. O indivíduo que realiza a comicidade deve estar alinhado com a
insensibilidade, assim como essa atividade deve ser realizada em um conjunto socia. Contudo,
a visão bergsoniana nos remete uma certa moral no riso, que reflete no modo em que a vida
deve ser vivenciada. A coletividade deve-se estar adaptada a todo tipo de atividade,
principalmente aquelas que afetam a comunidade, como a humilhação presente no cômico.
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REFERÊNCIAS
BERGSON, Henri. O Riso. Ensaio sobre a significação do cômico. 2. ed. RIO DE
JANEIRO: ZAHAR EDITORES, 1983.
BRANDÃO, Lucas. Quem foi e o que pensou Henri Bergson? Comunidade, cultura e arte,
[S. l.], 13 set. 2017. Disponível em: https://comunidadeculturaearte.com/quem-foi-e-o-que-
pensou-henri-bergson/. Acesso em: 14 dez. 2023.
OLIVEIRA DE BORBOREMA, Michelle. A COMICIDADE E O ATO LIVRE EM
BERGSON. 2012. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, Brasília, 2012.