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Aluno: --------------------------------------------------------------- Ano/Turma

Professor ----------------------------------------- Disciplina -------------------- Data

01) Que espécie de sentimento quis o poeta exprimir com os versos relativos à fotografia de
Itabira?
Confidência do Itabirano (Drummond)

Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,


Vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:


este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.


Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

02) "A noite esfriou" é um verso repetido. Com isso o poeta deseja:
E AGORA, JOSÉ?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José ?

e agora, você ?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,


que ama protesta,

e agora, José ?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?

E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora ?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José !

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,


você marcha, José !

José, pra onde ?

a) deixar bem claro que José foi abandonado por que fazia frio
b) traduzir a idéia de que José sentiu frio porque anoiteceu
c) exprimir que, após o término da festa, a temperatura caíra
d)intensificar o sentimento de abandono, tornando-o um sofrimento quase físico
e) n.d.a.

03) Analisando o poema, o título “Quadrilha”, foi bem escolhido? Por quê?

QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

04) Assinale a alternartiva falsa a respeito do texto:


E AGORA, JOSÉ?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José ?

e agora, você ?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama protesta,

e agora, José ?
Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?

E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão


quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora ?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José !

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José !

José, pra onde ?


a) José é alguém bem individualizado e a ele o poeta se dirige com afetividade
b) O ritmo dos versos da quinta estrofe é dançante
c) "sem alegoria" signific "sem deuses", "sem credo", "sem religião"
d) os versos são em redondilha menor porque tal ritmo se ajusta perfeitamente à intimidade,
singeleza e espontaneidade das idéias.
e)n.d.a.

05) MINAS NÃO ACREDITA EM MINAS?

Sempre me intrigou o jeito blasé, de quem não se impressiona com nada, assumido por nós,
mineiros. Acho folclórica a imagem de desconfiado, usuário e sonegador que o Brasil tem de
nós. Mas sempre tive curiosidade de saber por que, diante do extraordinário, do extravagante
ou do maravilhoso, há em Minas um esmerado empenho em exibir uma fria naturalidade,
como se isso fosse familiar e corriqueiro. Com que propósito se escamoteia que uma coisa,
uma pessoa, uma obra é impressionante, inesperada, deslumbrante?

Depois de tantos anos vivendo fora de Minas, se encontro um amigo mineiro e comento, por
exemplo, o extraordinário romance do Saramago, a reação é uma pálida e silenciosa
concordância, que não vai além de um balançar de cabeça. Tão constrangida que parece
esboçada apenas para não me desapontar, como convém à nunca assaz louvada hospitalidade
mineira. Se, com outro amigo, comento o fantástico espetáculo de Aderbal Júnior sobre
Vargas, a resposta é, quando muito, um gélido e circunspecto “…interessante…”. E vá agora
você elogiar o último filme Wim Wenders: receberá de volta um olhar superior, acompanhado
de um sorriso blasé, seguido de um sorriso lacônico “… é.”, pronunciado depois de amarga
indecisão.
Qual seria a origem de um comportamento tão singular? A frieza e a discrição diante do
inesperado talharam a conduta de celebrados políticos mineiros que, sem perder as
oportunidades, souberam conter paixões e entusiasmos na avaliação objetiva do quadro de
forças. Há quem diga que as montanhas criam uma propensão ao ensimesmamento, que é
parte da psicologia mineira refrear a empolgação. Um mineiro eufórico - dizem - morreria
de solidão depois de devidamente secado pelo olhar demolidor do vizinho mais próximo.

Consta que herdamos a tão propalada desconfiança dos nossos antepassados do ciclo do ouro.
A riqueza súbita convivia com roubos e traições: o contrabando tinha que driblar a repressão
implacável. Nesse ambiente, quem não fosse astuto, velhaco e manhoso, não parava nada.
Mais do que a ser desconfiados, ali aprendemos a ser sonsos: jurar lealdade e fé e, ao mesmo
tempo, encher de ouro o oco da santinha.
ARAÚJO, Alcione. ISTOÉ MINAS. 26 fev. 1992. P. 34. (Adaptado)

Assinale a alternativa em que, na passagem transcrita do texto, NÃO está expressa a ideia de
diferença.

a- …a resposta é, quando muito, um gélido e circunspecto “… interessante…”.


b- … há em Minas um esmerado empenho em exibir uma fria naturalidade…
c- … herdamos a tão propalada desconfiança dos nossos antepassados…
d- … receberá de volta um olhar superior, acompanhado de um sorriso blasé…
06) MINAS NÃO ACREDITA EM MINAS?

Sempre me intrigou o jeito blasé, de quem não se impressiona com nada, assumido por nós,
mineiros. Acho folclórica a imagem de desconfiado, usuário e sonegador que o Brasil tem de
nós. Mas sempre tive curiosidade de saber por que, diante do extraordinário, do extravagante
ou do maravilhoso, há em Minas um esmerado empenho em exibir uma fria naturalidade,
como se isso fosse familiar e corriqueiro. Com que propósito se escamoteia que uma coisa,
uma pessoa, uma obra é impressionante, inesperada, deslumbrante?

Depois de tantos anos vivendo fora de Minas, se encontro um amigo mineiro e comento, por
exemplo, o extraordinário romance do Saramago, a reação é uma pálida e silenciosa
concordância, que não vai além de um balançar de cabeça. Tão constrangida que parece
esboçada apenas para não me desapontar, como convém à nunca assaz louvada hospitalidade
mineira. Se, com outro amigo, comento o fantástico espetáculo de Aderbal Júnior sobre
Vargas, a resposta é, quando muito, um gélido e circunspecto “…interessante…”. E vá agora
você elogiar o último filme Wim Wenders: receberá de volta um olhar superior, acompanhado
de um sorriso blasé, seguido de um sorriso lacônico “… é.”, pronunciado depois de amarga
indecisão.
Qual seria a origem de um comportamento tão singular? A frieza e a discrição diante do
inesperado talharam a conduta de celebrados políticos mineiros que, sem perder as
oportunidades, souberam conter paixões e entusiasmos na avaliação objetiva do quadro de
forças. Há quem diga que as montanhas criam uma propensão ao ensimesmamento, que é
parte da psicologia mineira refrear a empolgação. Um mineiro eufórico - dizem - morreria
de solidão depois de devidamente secado pelo olhar demolidor do vizinho mais próximo.

Consta que herdamos a tão propalada desconfiança dos nossos antepassados do ciclo do ouro.
A riqueza súbita convivia com roubos e traições: o contrabando tinha que driblar a repressão
implacável. Nesse ambiente, quem não fosse astuto, velhaco e manhoso, não parava nada.
Mais do que a ser desconfiados, ali aprendemos a ser sonsos: jurar lealdade e fé e, ao mesmo
tempo, encher de ouro o oco da santinha.
ARAÚJO, Alcione. ISTOÉ MINAS. 26 fev. 1992. P. 34. (Adaptado)

Com base na leitura desse texto, é CORRETO afirmar que, nele, o autor:

a- Considera o comportamento dos mineiros como inadequado.


b- Defende o desinteresse como uma característica folclórica dos mineiros.
c- Enfatiza o caráter dos mineiros cultos, que zelam por suas tradições.
d- Trata de alguns estereótipos da identidade dos mineiros.

07) De acordo com o texto, como que é o relacionamento amoroso?

QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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