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Amaury de Andrade
Carlos Otávio de Souza Antunes
Heloísa Helena Antunes de Andrade
Marcelo Garcia Antunes (coordenador)
dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞ
WZD/K/dKZ/>>d͘
Rua Pamplona, 1119 – conjunto 73
01405-001 – São Paulo – SP
ǁǁǁ͘ƉƌĞŵŝŽĞĚŝƚŽƌŝĂů͘ĐŽŵ͘ďƌ
11 3289-8133
Este livro registra a história das empresas que integram o Grupo JCA,
em especial a Auto Viação 1001 e a Viação Cometa, que em 2008 completam
60 anos, e a Auto Viação Catarinense, que neste ano chega aos 80 anos de
existência. É uma oportunidade de olhar para nosso passado, avaliar o presente
e fazer planos para o futuro.
Grupo JCA
K'ƌƵƉŽ:ĂŐƌĂĚĞĐĞĂƉĂƌƟĐŝƉĂĕĆŽĚĞƐĞƵƐƉĂƌĐĞŝƌŽƐŶĞƐƚĞůŝǀƌŽ͘
PATROCINADORES
APOIADORES
Este livro é dedicado a Jelson da Costa Antunes,
patriarca de nossa família e fundador do Grupo JCA.
SUMÁRIO
ÄøÙ¦ÄʽÃçÙò͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ 10
ϭϬϬϭ͕ÃÖÙÝͲD ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ 52
K^ç½ÊÙÝ®½ÝÊÙÝÙÊÝãÙ®ÄÄÝ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ 80
dçÊÊÃÊçÄÊ:ØçÙ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘ ͘108
10
P
ĞůĂũĂŶĞůĂĚŽƀŶŝďƵƐʹŽůŚŽƐĂďĞƌƚŽƐƉĂƌĂŽŵƵŶͲ
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:ĞůƐŽŶ͘:ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͘
11
^ĞƵ:ĞůƐŽŶƌĞĐĞďĞĨŽƌŶĞĐĞĚŽƌĞƐŶŽĂůŵŽdžĂƌŝĨĂĚŽĐĞŶƚƌĂůĚĂϭϬϬϭ͕ŶŽƐĂŶŽƐϭϵϳϬ͘
12
“... T eve um dia em que eu estava na garagem, ele
chegou e disse:
- ‘Bom dia, Bocaz.’
- ‘Bom dia, seu Jelson’, respondi. E ele:
- ‘Mas você não vai apertar a minha mão?’
- ‘É que eu estou com as mãos muito sujas de graxa!’
- ‘Que é isso, Bocaz?’
E apertou a minha mão suja. Os convidados que estavam com ele, todos ar-
rumados, de gravata, ficaram meio sem jeito e acabaram fazendo o mesmo:
apertaram minha mão suja de graxa…”1
1
Depoimento de Arlito de Azevedo, apelidado de Bocaz pelo seu eterno sorriso. Empre-
gado da Auto Viação 1001 desde os tempos dos irmãos Cortez, é hoje o funcionário mais
antigo da empresa.
13
&ŽƐƐĞĚĞŵĂĐĂĐĆŽŽƵƚĞƌŶŽĞŐƌĂǀĂƚĂ͘
&ŽƐƐĞŶŽĞƐĐƌŝƚſƌŝŽ͕ŶĂŽĮĐŝŶĂŽƵŶƵŵĂ
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14
ƐƐŝŵƐĞƵ:ĞůƐŽŶĨĂůĂǀĂĚĞƐƵĂƐƌĂşnjĞƐ͗͞DŝŶŚĂŵĆĞ
ĞƌĂďŝƐŶĞƚĂĚĞĐĂďŽĐůŽĞŵĞƵĂǀƀƉĂƚĞƌŶŽĞƌĂ
ĚĞƐĐĞŶĚĞŶƚĞĚĞďĞůŐĂ͘DĞƵƉĂŝĞƌĂďƌĂƐŝůĞŝƌŽ͘͟
ZĞƵŶŝĚŽƐ͕ƐĞƚĞĚŽƐƚƌĞnjĞ
Assim era o seu Jelson, na memória Trabalho, trabalho, desde sempre ĮůŚŽƐĚĞĚŽŶĂDĂƌŝĂĚĂƐ
dos que ele chamava de “colaboradores”, va- ŽƌĞƐĞƐĞƵĂƌůŽƐ͗ĚĂ
ĞƐƋƵĞƌĚĂƉĂƌĂĂĚŝƌĞŝƚĂ͕
lorizando cada um dos empregados como
parte fundamental da azeitada engrena-
gem ou da enorme família que formou ao
E m 9 de novembro de 1927, nascia Jelson,
o décimo segundo dos 13 filhos de Ma-
ria das Dores Antunes e de Carlos Bernardi-
DĂƵƌŽ͕ŽŵĂŝƐŶŽǀŽ͕
YƵŝŶĐĂ͕ůnjĂ͕:ĞůƐŽŶ͕:ƵƌĞŵĂ͕
ƌŝƐƚĞƵĞ/ŶĂƵƌŽ͘
longo dos anos. no Antunes Filho, conhecido por todos como
E não há quem tenha convivido com seu Beleza. Desde cedo, os filhos aprenderam
esse fluminense de Itaboraí que não desta- que o dia-a-dia era de muito trabalho. Seu
que sua coragem, ousadia, inteligência, visão Beleza tinha um armazém, mas não sobrava
arguta. Sua história de vida, que até parece dinheiro. Aristeu, o primogênito, logo cedo
roteiro de filme, é prova de que não há exa- começou a engordar porcos com as laranjas
gero nenhum nessas lembranças elogiosas. caídas do pomar que havia atrás do estabele-
15
Dona Maria das Dores faleceu quando
ele tinha apenas 11 anos, e o pai resolveu que
o melhor seria desfazer a casa da família. To-
dos foram viver com os irmãos que, de algu-
ma maneira, já se encontravam estabelecidos.
Jelson foi morar em Niterói com a irmã Elza,
mãe de um único filho, Elmar, que passou a
dividir o quarto com o jovem tio, que pratica-
mente acabou se tornando um irmão.
O garoto foi trabalhar na Viação Cabus-
sú2, uma firma pequena de transporte urbano
de passageiros, de apenas quatro ônibus, em
São Gonçalo. Uma empresa onde Jelson co-
meçaria sua trajetória profissional, ao lado de
Aristeu, o irmão, o amigo, que se tornou seu
guru nesse início de estrada e cujos ensina-
mentos o iluminariam por toda a vida.
Na Cabussú, Jelson foi faxineiro, co-
EĂĂďƵƐƐƷ͕:ĞůƐŽŶĐŽŵĞĕŽƵ brador e mecânico. Mas, como aprendiz de
ĐŽŵŽĨĂdžŝŶĞŝƌŽ͘DĂƐĨŽŝ
ĂƉĂƌƟƌĚĂŽĮĐŝŶĂƋƵĞŽ cimento do pai. Assim, juntou as economias eletricidade, encontrou a profissão em que se-
ƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĐŽŶƋƵŝƐƚŽƵŽ com as quais começaria, ainda muito jovem, ria “bamba”. Aos 17 anos, o rapazinho já era
ƌĂƉĂnj͘EĂĨŽƚŽƟƌĂĚĂŶŽƐ seu primeiro negócio. gerente da empresa e resolveu deixá-la por
ĂŶŽƐϭϵϰϬ͕ƌĞƚŽĐĂĚĂăŵŽĚĂ
Aos 8 anos, o menino Jelson já ajudava uma melhor colocação no mercado. Porém,
ĂŶƟŐĂ͕:ĞůƐŽŶĠŽƚĞƌĐĞŝƌŽĚĂ
ĞƐƋƵĞƌĚĂƉĂƌĂĂĚŝƌĞŝƚĂ͘ no armazém consumido pelas chamas de um não aceitava qualquer proposta. Eletricista de
incêndio. E lá foi seu Beleza tocar outra qui- mão cheia, era disputado e, mesmo ainda tão
tanda no bairro de Neves, em São Gonçalo,
Estado do Rio. Diariamente, Jelson tomava 2
Há certa confusão em torno da grafia do nome
o bonde para abrir o comércio. E, para sus- da empresa Cabuçú ou Cabussú. Na carteira pro-
tentar a família, o pai trabalhou também em fissional de seu Jelson, no campo de nome da
empresa empregadora, aparece a versão com “ç”
botequim e olaria. Com tanta luta, o menino
e no carimbo, com “ss”. Ocorre que existiam duas
acabou deixando o banco da escola no tercei- empresas homônimas: Cabuçú, no Rio de Janeiro,
ro ano primário. e a Cabussú, em São Gonçalo.
16
jovem, tinha condições de negociar salário.
Ganhava tão bem que podia economizar me-
tade do que recebia. Com o restante, pagava
a pensão onde passou a morar e a lavadeira
que se encarregava de suas roupas. Muito tra-
balho, vida simples, dinheiro guardado com
Aristeu, que passou a ser também sua “Caixa
Econômica”. Resultado: aos 18 anos, já com
carteira de motorista e um patrimônio de 15
contos de réis, Jelson associou-se ao irmão
mais velho, que colocou a mesma quantia na
^ƵĂƉĂŝdžĆŽƉƌŝŵĞŝƌĂĨŽŝĂĂǀŝĂĕĆŽ͘DĂƐŶŽƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞƌŽĚŽǀŝĄƌŝŽĠƋƵĞ
compra de “Jerico”, apelido carinhoso de seu :ĞůƐŽŶĞƐĐƌĞǀĞƌŝĂƐƵĂŚŝƐƚſƌŝĂĚĞƐƵĐĞƐƐŽ͘ĐŝŵĂ͕ŽũŽǀĞŵĞŵƉƌĞƐĄƌŝŽĐŽŵ
primeiro ônibus. Ž͞:ĞƌŝĐŽ͕͟ƐĞƵƉƌŝŵĞŝƌŽ͞ŵĞŝŽƀŶŝďƵƐ͘͟
17
Ou de seu primeiro “meio ônibus”, como
costumava dizer. Agregado à frota da Viação Ni-
terói, no bairro da Engenhoca, o Chevrolet 1946
com carroceria de madeira rodou com Jelson por
cinco meses e 28 dias, pagou o investimento de
60 contos e, vendido por 110, ainda rendeu o sufi-
ciente para arriscar seu próximo passo. Divididas
as notas promissórias, antes mesmo de completar
19 anos, Jelson da Costa Antunes decidiu seguir o
próprio caminho. Além dos 55 contos de réis em
promissórias, juntara uns 700 em dinheiro e che-
gou a pensar em comprar um relógio de pulso com
essa quantia. Mas o espírito aventureiro e empre-
endedor falou mais alto, e o acessório da moda fi-
cou para outra oportunidade. Seguiu, então, para
Macaé, “a Princesinha do Atlântico”3, adquirir a
Viação Líder.
ŵDĂĐĂĠ͕ƐĞƵƉƌŝŵĞŝƌŽƀŶŝďƵƐŝŶƚĞŝƌŽ
3
Município situado no norte fluminense, Macaé é
banhado à leste pelo Oceano Atlântico. Pela posição
geográfica e diversidade de atrativos naturais – praias,
ilhas, serras, rios, cachoeiras, manguezais e lagoas –
KĐĂƐĂŵĞŶƚŽĚĞ:ĞůƐŽŶĞŝůŝŶŚĂ͕ĐĂƌŝŶŚŽƐĂŵĞŶƚĞƉƌĞƉĂƌĂĚŽƉĞůĂŝƌŵĆ é conhecido como “Princesinha do Atlântico” (www.
ĚĂŶŽŝǀĂ͕ŝŶŽƌĂŚ͘ overmundo.com.br).
18
na cidade. A Líder era exatamente do que :ŽĆŽnjŝŶŚŽĞŝŶŽƌĂŚ͕ƋƵĞ
precisava: uma empresa do tamanho de suas ƌĞĐĞďĞƌĂŵ:ĞůƐŽŶĞŝůŝŶŚĂ
ĞŵƐƵĂĐĂƐĂŶŽĐŽŵĞĕŽĚĂ
economias, com um único ônibus. Único, ǀŝĚĂĚĞĐĂƐĂĚŽƐ͘
mas inteirinho seu. Apenas avalisado pelo
irmão, fez a compra. O ônibus era todo de
Jelson, e Jelson era tudo do ônibus: chofer,
cobrador, mecânico, eletricista. Com a cai-
xa de ferramentas sempre à mão, se o carro
enguiçasse pelas estradas de terra, assumia
a função de mecânico e resolvia o problema
para, em seguida, assumir o volante. Eram
tempos duros de ainda poucos recursos, de
investimento de cada minuto do dia para
ŵƚĞŵƉŽƐĚĞŵƵŝƚŽƚƌĂďĂůŚŽ͕
que as coisas dessem certo. ĂĨĂŵşůŝĂĐŽŵĞŵŽƌĂŽ
Ainda em Niterói, Jelson casou-se ĂŶŝǀĞƌƐĄƌŝŽĚĞ,ĞůŽşƐĂ,ĞůĞŶĂ͘
com Cecília Vargas de Souza e, aos 23 anos, ŽĐĞŶƚƌŽ͕ĂĂŶŝǀĞƌƐĂƌŝĂŶƚĞĞ
ŽŝƌŵĆŽĂƌůŽƐKƚĄǀŝŽ͘
já era pai de Heloísa Helena. Menos de um
ano depois, nascia Carlos Otávio. De início,
o casal morou com a irmã mais velha de Ce-
cília, Dinorah, casada com João. O trabalho
exigia tanta dedicação que os tios, também
padrinhos da menina Heloísa, praticamente
a criaram até os 8 anos.
Jelson não podia se dar ao luxo de
errar. Mas, se o empresário-faz-tudo era
competente e trabalhador, também não
lhe faltava sorte. No tempo em que chegou
a Macaé, acontecia no município o alista-
mento militar, e muitos dos jovens vinham
de Quissamã, justamente o trajeto coberto
pelo ônibus de Jelson. Carro cheio, gente
em pé, vai e vem, vem e vai, e, sendo Jelson
19
ĞƉŽŝƐĚĂƋƵĞůĞƉƌŝŵĞŝƌŽƀŶŝďƵƐ͕
ŵƵŝƚŽƐŽƵƚƌŽƐǀŝƌŝĂŵ͘
20
energia elétrica era muito instável na região,
e a Usina Macabu foi erguida como a solução
para o problema da falta de luz. O fato é que
aquele pedaço de mundo, no interior do Esta-
do do Rio de Janeiro, fervia: havia emprego,
havia dinheiro, havia futuro. Assim a linha
Macaé - Tapera tinha tudo para engrenar, em-
bora fossem 48 quilômetros de estrada ruim.
Uma serra danada de subir. E deu certo. Mas
não foi assim tão fácil, já que nem todo mun-
do gostou da chegada de alguém que oferecia
um transporte adequado e regular.
Naquele tempo, não havia ônibus por ali
e era preciso tomar o trem até o Glicério e, de
lá, seguir de caminhão, ao relento, até Tapera.
Uns e outros que transportavam passageiros
em caminhões e ganhavam um dinheirinho
“por fora” se incomodaram – e muito! Tenta- ƚƌĂǀĠƐĚŽǀŝĚƌŽĚŽĐĂƌƌŽ͕ŽĨŽƚſŐƌĂĨŽĐĂƉƚĂŽŽƌŐƵůŚŽĚŽ
ram jogar areia nos planos de Jelson, colocan- ũŽǀĞŵ:ĞůƐŽŶũƵŶƚŽĚĞƐĞƵƀŶŝďƵƐ͕ĞŵDĂĐĂĠ͘
do açúcar no motor do ônibus, que fundiu.
Enorme dor de cabeça e prejuízo! De olhos
bem abertos depois da péssima experiência,
o empresário passou a deixar o carro durante tão governador do Estado do Rio de Janeiro,
a noite em frente ao hotel onde se instalara, aproximaram-se de sua mesa para comunicar
com o motor trancado a cadeado. que, do dia seguinte em diante, o transporte
Porém, os dirigentes da Comissão Cen- de passageiros por caminhão estaria proibi-
tral de Macabu viram na empresa de Jelson do e que caberia a ele assumir a tarefa. Nessa
o progresso se aproximando. Numa noite, época, Jelson não era mais o único a traba-
jantando no mesmo restaurante em que se lhar na Viação Líder, que prosperava, mas
encontrava o jovem, Dr. Talmo, gerente do tinha só um ônibus para cada linha. Se um
empreendimento, e o General Hélio Macedo deles quebrasse, a linha parava. E a responsa-
Soares, diretor da comissão e irmão do en- bilidade era imensa.
21
Foi então que resolveu
comprar um motor novo e con-
sultou seu conselheiro, Aristeu.
O irmão foi contra e, como o
negócio de Jelson literalmente
caminhava muito bem, conven-
ceu-o de que melhor seria ter
um ônibus novo. O custo? 103
contos de réis! Jelson fez o ne-
gócio na Mesbla Veículos, em
Niterói, onde Aristeu tinha um
bom amigo que facilitou a com-
pra. Sensação na pacata Macaé:
Jelson entrando na cidade com
um ônibus novinho, o primeiro
que já rodara por aquelas ruas.
E o veículo virou atração na ci-
dade e, como um táxi de luxo,
passou a ser contratado para
levar convidados a casamentos,
aniversários e eventos dos mais
DĂĐĂĠĮĐĂƌĂƉĞƋƵĞŶĂĚĞŵĂŝƐƉĂƌĂ:ĞůƐŽŶ͘ĞǀŽůƚĂăĐŝĚĂĚĞŽŶĚĞ variados. Jelson acertara mais
ĐŽŵĞĕĂƌĂ͕ĂĂůĞŐƌŝĂĞĞůĞŐąŶĐŝĂŶĂĂƋƵŝƐŝĕĆŽĚĂsŝĂĕĆŽEŝƚĞƌſŝ͘
uma vez, e o lugarejo já não
comportava mais tantos sonhos
e determinação. “Macaé ficou
pequena para a minha cabeça…”,
refletia o jovem empresário.
A Viação Líder já era o
segundo maior negócio do mu-
nicípio, apenas atrás da Usina
Macabu. E ele queria crescer.
Fez uma proposta aos donos
22
da 1001 para adquirir a li-
nha Macaé - Niterói. Queria
levar a Líder até lá. Mas os
irmãos Cortez não quise-
ram negociar. O caminho
para expandir tinha de ser
outro. Em Macaé, a família
fora praticamente adotada
por um casal, seu José Lins
e dona Eneida, que os queria
mesmo como filhos. No dia
em que Jelson contou a seu
José sobre o desejo de deixar
a cidade, o homem perdeu o
sono. Achava uma loucura o
“filho” abrir mão da posição
de destaque que conseguira
em tão curto espaço de tem-
po. Mas, mesmo contrarian-
do pessoas queridas, Jelson
voltou para Niterói. Agora,
:ĞůƐŽŶǀŽůƚĂǀĂĞŵŽƵƚƌŽƉĂƚĂŵĂƌĞĂĚƋƵŝƌŝĂĂŵĞƐŵĂsŝĂĕĆŽEŝƚĞƌſŝĂ já capitalizado, foi comprar
ƋƵĞĨŽƌĂĂŐƌĞŐĂĚŽĐŽŵƐĞƵǀĞůŚŽƀŶŝďƵƐ͘
a Viação Niterói, a mesma a
que fora agregado, na Enge-
nhoca. A frota da Niterói já
era então de onze ônibus ve-
lhos, que faziam a linha Nite-
rói - Largo da Morte. Jelson
conseguira acertar o passo,
mais uma vez. Porém, não
estava satisfeito com o lugar.
Queria mudar e ir além…
23
Dona Cilinha
“M
inha baixinha”. Era assim que seu Jelson chama-
va Cecília, sua grande companheira de estrada da
vida. Nos tempos em que era preciso que o futuro grande
empresário deitasse no chão sujo de graxa para consertar
seu único ônibus, não deixava de levar a marmita com a
comidinha bem caseira, do jeitinho que ele gostava. Por-
que, mesmo com tanta luta, trabalhando dia e noite, Jel-
son reservava tempo para a sagrada refeição. E também
para dançar. Pé-de-valsa, apesar dos poucos recursos, ti-
nha sempre o dinheirinho para ir ao clube calçando sapa-
tos de pelica. Mas Cecília não gostava de dançar nem de
seu nome, dado pela irmã mais velha, Dinorah, em home-
nagem a uma vizinha muito bonita. Daí que, desde cedo,
Cecília ficou sendo Cilinha.
Conheceram-se em 1949, em frente à casa de Dino-
rah, em São Gonçalo, onde a moça morava. Foram apre-
sentados por um amigo em comum, estudante de medici-
na. Daquele encontro saiu o namoro, sempre sob o olhar
cuidadoso da irmã. O namoro foi curto, porque o jovem
empreendedor já começava os negócios em Macaé e preci-
sava se mudar. Mas a união foi duradoura: 49 anos.
Assim como seu esposo, dona Cilinha é sempre lem-
brada com belos adjetivos: querida, simples, generosa,
dócil, agregadora. Talvez tenha sido esta última a caracte-
rística que lhe garantiu como grande legado uma família
unida, respeitosa, família de verdade. Convocava todos
para encontros que fizeram toda a diferença na formação
desse núcleo forte, que hoje reúne a segunda e terceira ge-
rações da família na condução do Grupo JCA, construído
͞ďĂŝdžŝŶŚĂ͟ĚĞƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͕ĚŽŶĂŝůŝŶŚĂ͘ com tanta luta pelos jovens Jelson e Cilinha.
24
ŶŝǀĞƌƐĄƌŝŽĚĞĐĂƐĂŵĞŶƚŽ
ŵϭϵϱϬ͕ƐĞůĂǀĂͲƐĞĂƵŶŝĆŽƋƵĞ
ŐĞƌĂƌŝĂǀĂůŝŽƐŽƐĨƌƵƚŽƐ͘
YƵĂƌĞŶƚĂĞŶŽǀĞĂŶŽƐĚĞĐŽŵƉĂŶŚĞŝƌŝƐŵŽ͘
^ĞƵ:ĞůƐŽŶĞĚŽŶĂŝůŝŶŚĂ͕ĞŵĨŽƚŽĚĞϭϵϲϮ͘
25
Um São João na estrada
26
os equipamentos, piores ainda, e os ônibus tam-
bém ficavam a desejar. Quem tinha capital para
investir, passava longe do setor. Assumir uma
linha e constituir uma frota para atendê-la era
quase que um favor que se prestava à administra-
ção pública. Não havia qualquer burocracia para
obter a concessão. Era solicitar e pronto. Surgia
a chance de ocupar um nicho do mercado e, den-
tro dele, crescer. Jelson passou a formar coope-
rativas de transporte, estruturá-las e vendê-las.
Reuniu cinco sócios em torno da Viação Niterói
e vendeu a cada um deles três ônibus. Foi avalis-
ta desses sócios e, organizada a cooperativa, saiu
do negócio com capital dobrado. Era operação de
risco. Sendo avalista de cada sócio escolhido, as-
sumia toda a responsabilidade. Mas tudo dando
certo, ele cresceria e muito.
Claro que Jelson prosseguiu, e a segunda
cooperativa foi a Nova Cidade. Vieram ainda a
Barro Vermelho e a Viação Brasília. Com ape-
nas 27 anos, Jelson já era conhecido e respeita-
do como empresário do transporte coletivo. Ti-
nha nome e capital. Pôde, então, escolher onde
investir para constituir a própria empresa, sem
sócios, sem cooperativa. Assim nasceu, em 1955,
a Auto-Ônibus São José. Nessa operação, Jelson
demonstrava, mais uma vez, ser um homem de
visão ao operar um trajeto que passava por fora
do centro de São Gonçalo, por meio de uma es-
ƵƚŽͲNŶŝďƵƐ^ĆŽ:ŽƐĠĐŽŵĞĕŽƵĞŵϭϵϱϱ͕ĐŽŵϭϲƀŶŝďƵƐƋƵĞĨĂnjŝĂŵ
trada ainda virgem, a ser desbravada. Cresceu
^ĆŽ:ŽƐĠͲůĐąŶƚĂƌĂĞůĐąŶƚĂƌĂͲEŝƚĞƌſŝ͘ŵϭϵϲϯ͕ũĄĞƌĂĂŵĂŝŽƌ
ali um novo mercado, e a São José cresceu junto, ĞŵƉƌĞƐĂĚĞƀŶŝďƵƐĚŽƐƚĂĚŽĚŽZŝŽ͕ĐŽŵϲϴĐĂƌƌŽƐ͘KĞŵƉƌĞƐĄƌŝŽ
sem concorrência. :ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐƟŶŚĂ͕ĞŶƚĆŽ͕ϯϲĂŶŽƐ͘
27
/ŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽĚĂůŝŶŚĂŝŶƚĞƌŵƵŶŝĐŝƉĂůƌŽĚŽǀŝĄƌŝĂĚĞ/ƚĂƷŶĂͲEŝƚĞƌſŝ͕
ĞŶƚƌĞϭϵϱϵĞϭϵϲϬ͘
WƌĞƐĞŶƚĞƐĂŽĞǀĞŶƚŽ͕ĚĂĞƐƋƵĞƌĚĂƉĂƌĂĂĚŝƌĞŝƚĂŶĂĨŽƚŽ͕/ŶĂƵƌŽ
ŶƚƵŶĞƐ͕DĂƵƌŽĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͕ƌŝƐƚĞƵĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͕
ĚĞƉƵƚĂĚŽĞƐƚĂĚƵĂů^ĂƌĂŵĂŐŽWŝŶŚĞŝƌŽĞ:ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͘
ƐƐŝŵĐŽŵŽƌŝƐƚĞƵĨŽŝƌĞĨĞƌġŶĐŝĂĚĞĐŽŶĚƵƚĂƉĂƌĂ:ĞůƐŽŶ͕ĞůĞŽĨŽŝƉĂƌĂƐĞƵ
ŝƌŵĆŽ/ŶĂƵƌŽ͕ƋƵĞƚĂŵďĠŵĞŶǀĞƌĞĚŽƵƉĞůŽƐĞƚŽƌĚĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞƵƌďĂŶŽĐŽŵĂ
&ŽƌƚĂůĞnjĂ͕ĞŵEŝƚĞƌſŝ͘ůĠŵĚĞŝƌŵĆŽƐ͕:ĞůƐŽŶĞ/ŶĂƵƌŽĨŽƌĂŵŐƌĂŶĚĞƐĂŵŝŐŽƐ͘
ŽůĂĚŽ͕/ŶĂƵƌŽĐŽŵƐƵĂĞƐƉŽƐĂ/ůĚĂ͕ĐŚĂŵĂĚĂƉŽƌƚŽĚŽƐ͕ŝůĚĂ͘
28
A região de Alcântara, Jardim Catarina e
Boa Vista do Laranjal crescia, e mais uma vez o
homem de espírito empreendedor enxergou ali
nova oportunidade. Futuro. A São José começou
com 16 carros, que faziam as linhas São José -
Alcântara e Alcântara - Niterói. E, mesmo tendo
prosperado muito, Jelson continuava a fazer de
tudo na empresa. Chegava pela manhã, vestia
seu macacão e atendia a vendedores, mexia na
mecânica, pintava e ensinava o trabalho aos fun-
cionários novatos. A parte elétrica ficava toda
por sua conta. Quando tinha de assinar algum
documento na oficina, limpava as mãos sujas de
graxa com estopa, cuidando para não manchar o
papel. Naquele tempo, o comum era reformar os
carros e só comprar novos quando absolutamen-
te necessário. Retirava-se a carroceria, o chassi
era inteiramente reparado, passava por pintura
e seguia para ser encarroçado. No fim de 1962,
Jelson trouxe da Alemanha uma máquina para
recuperação de bombas injetoras, a primeira em
terreno fluminense.
Em 1963, menos de oito anos depois, a
Auto-Ônibus São José já era a maior empresa 'ĂƌĂŐĞŵĚĂ^ĆŽ:ŽƐĠ͕ŶŽďĂŝƌƌŽĚĞůĐąŶƚĂƌĂ͕EŝƚĞƌſŝ͘
de ônibus de todo o Estado do Rio de Janeiro,
com 68 carros. E Jelson era o maior empresário
do setor com apenas 36 anos. Já tinha recursos
para construir uma garagem própria, modelo
na época, e o fez no Laranjal. Já comprara no-
vos ônibus como forma de investimento e até
14º salário podia oferecer a seus melhores fun-
cionários. Aposentou o macacão.
29
ŵϭϵϲϰ͕ĨĞƐƚĂŶĂ
ŝŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽĚĂŐĂƌĂŐĞŵĚŽ
>ĂƌĂŶũĂů͘dŽĚĂĂĨĂŵşůŝĂĚĞƐĞƵ
:ĞůƐŽŶƉƌĞƐĞŶƚĞĂŽĞǀĞŶƚŽ͘
30
No entanto, o proprietário da São EĂĂŶƟŐĂŐĂƌĂŐĞŵĚŽ
José começava a enxergar no transpor- ůĐąŶƚĂƌĂ͕ĨŽŝŝŶƐƚĂůĂĚĂĂ
ƌĞǀĞŶĚĂĚĞĂƵƚŽŵſǀĞŝƐĂƐĂů͘
te coletivo rodoviário uma possibilidade ^ĞƵ:ĞůƐŽŶĞĚŽŶĂŝůŝŶŚĂŶĂ
mais tranqüila de oferecer bons serviços. ŝŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽ͕Ğŵϭϵϲϯ͘
Muito organizado, o administrador nato
traçou metas. Planejou uma transição
do urbano para o rodoviário ao longo de
vinte anos, fosse trocando empresas ur-
banas por rodoviárias, fosse comprando
novas rodoviárias e vendendo urbanas.
Ainda em 1963, fundou a Vispan,
que fazia a linha Niterói - São Paulo, em
dois horários. Na antiga garagem no Al-
cântara, com a mudança da São José para ƉƌŝŵĞŝƌĂǀŝĂŐĞŵĂŽ
o Laranjal, Jelson montou uma revenda ĞdžƚĞƌŝŽƌĨŽŝŶŽƐĂŶŽƐϭϵϲϬ͕
Volkswagen, a Casal. ĞŵĐŽŵƉĂŶŚŝĂĚŽĂŵŝŐŽĞ
ĐŽŶĐƵŶŚĂĚŽ͕:ŽĆŽnjŝŶŚŽ͘
A Transportes Ivanir, que a fazia
linha Araruama - Niterói, foi adquirida
em 1964, e muitos bons negócios ainda
seriam fechados naquela década de 1960.
Foi também nesse período que Jelson em-
barcou pela primeira vez para o exterior.
Voou para a Europa. E ele adorava voar.4
4
Seu Jelson adorava viajar e tinha verdadei-
ra paixão pela aviação. Contava que só não
seguiu essa carreira porque, quando obteve
uma vaga na antiga Cruzeiro, o salário era
insuficiente para o custeio de suas necessi-
dades básicas de moradia e transporte.
31
͞ŶĚĞăƚŽĂ͕ŵĂƐŶĆŽĮƋƵĞăͲƚŽĂ͘͟ frigerado? Nada mais, nada menos que a sala do patrão,
a única da empresa com ar-condicionado. Era lá que o
empresário passava as descomposturas.
E ssas sábias palavras, aplicadas na prática diária de
seu Jelson, eram repetidas por ele a seus colabo-
radores mais próximos, desde os tempos da São José.
Às vezes seu Jelson perdia o sono e, de madru-
gada, 3, 4 horas da manhã, ia para a descida da caixa
Andar à toa, mas atento. E não são poucos os relatos d’água, ponto de estratégica visão. Parava seu carro
que atestam essa quase mania do empresário de estar meio escondido debaixo de uma árvore e ali ficava, só
sempre rodando e observando os movimentos da em- vendo os ônibus descerem. Quanto motorista foi flagra-
presa, fosse pela estrada, nas rodoviárias, onde tivesse do ali, em alta velocidade! Seu Jelson fazia o papel do
“pardal” dos dias de hoje.
ônibus. Disciplina e qualidade de serviço era o que ele
E na rodoviária? Era comum que se sentasse num
queria ver e agia de forma enérgica quando percebia
banco, discreto, e observasse o movimento, puxasse
displicência em qualquer setor. Funcionários de outras
conversa com um ou outro passageiro, averiguando a
empresas chamavam a São José de “quartel”, mas todos
qualidade do serviço. Ninguém imaginava que aquele
queriam trabalhar lá. Motorista admitido na empresa
senhor no meio da estação, altas horas da noite, fosse o
passava pelas oficinas onde lhe era oferecida uma vi-
proprietário da São José, mais tarde, da 1001 e, ao final
são geral da mecânica do carro que conduziria: olhava o
da vida, de um vasto império.
ônibus por baixo, o sistema de freio, direção, câmbio.
Caso interessante que ilustra toda essa atenção e
Seu Jelson, sempre com um papelzinho no bolso,
cuidado é o da contratação de um antigo motorista da
fazia anotações pelo caminho. Chegava à empresa e,
Auto-Ônibus São José, Agostinho Magalhães. Na épo-
se tivesse visto algum motorista fazendo algo errado
ca, a Viação ABC fazia a linha Alcântara - Niterói por
pela rua, mandava logo chamar para um pito bem dado. dentro de São Gonçalo e, chegando ao Alcântara, havia
Houve vezes em que fez parar o ônibus, sentou-se no uma ponte por onde passava apenas um veículo por vez.
banco do motorista e conduziu o carro até o final da As regras de trânsito ali eram o bom senso e a educação,
viagem. O sobrinho Elmar, na casa de quem morara ao já que a pista tinha de ser revezada. Morando então no
deixar Itaboraí, e que cedo convidara a trabalhar con- Porto da Pedra, seu Jelson passava por ali várias vezes
sigo, lembra que seu Jelson também cansou de pegar ao dia. E observava…
passageiro na estrada. “Vinha o ônibus e não pegava o Na empresa, era ele mesmo quem aplicava os tes-
passageiro, ele pegava o passageiro no carro dele, cerca- tes aos candidatos a motorista. Por ocasião de um desses
va o ônibus, mandava parar e embarcava o passageiro. testes, seu Jelson bateu os olhos nos candidatos pré-se-
E aquele motorista já sabia que, quando chegasse à em- lecionados e lá se foram todos para a jornada na estrada.
presa, ia direto para o refrigerado”. E o que seria esse re- Um por um, foram assumindo o volante, obedecendo às
32
instruções. Até que ao penúltimo motorista rei e fiz sinal para que viesse. O motorista, no
seu Jelson solicitou que parasse o carro no pri- entanto, parou e deu sinal de luz para que eu
meiro acostamento, concluindo a batelada de seguisse. E eu não estava com meu carro, que é
testes. E houve certo desconforto porque, afi- conhecido. Estava com o carro de minha espo-
nal, um dos candidatos tinha sido ignorado e sa, e Fusca é tudo igual.
estava lá quietinho, sem entender o porquê da Eu passei, agradeci e
discriminação ou do esquecimento. Foi então guardei sua fisionomia.
que seu Jelson perguntou: “Vocês perceberam E, por acaso, é aquele
que eu não chamei um dos candidatos? Não o senhor ali.” Toda a fa-
chamei porque ele já está aprovado. Acontece mília de seu Agostinho
que cerca de um mês atrás, quando vinha do Magalhães passou pela
Alcântara para cá, ia embicar na ponte quando empresa, de onde ele só
vi que um ônibus da ABC se aproximava. Pa- saiu ao falecer.
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ĂƉůĂĐĂĞŵŚŽŵĞŶĂŐĞŵĂ
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o refrigerado͘
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33
ϭϬϬϭ͗ŝŶƚĞŐƌĂĚĂĂŽĐĞŶĄƌŝŽĚŽůŝƚŽƌĂůŇƵŵŝŶĞŶƐĞ͘
ŽƌĞƚŽƌŶĂƌĂŽƌĂƐŝů͕
ƐĞƵ:ĞůƐŽŶĞŶĐŽŶƚƌŽƵĂ Fechando os anos 1960 com chave de ouro ro marco nessa história de conquistas ainda se-
^ĆŽ:ŽƐĠĂŝŶĚĂŵĂŝŽƌ͘ ria fechado, em 1968. Começou com a tentativa
34
ŽĐŽŵƉůĞƚĂƌϭϱĂŶŽƐĚĞ
ĨƵŶĚĂĕĆŽ͕ĂϭϬϬϭũĄĞƌĂ
ƉĂƚƌŝŵƀŶŝŽĚŽƉŽǀŽĚĞEŝƚĞƌſŝ͘
ƉƌŽƉĂŐĂŶĚĂĂŽůĂĚŽ͕
ƌƵďƌŝĐĂĚĂƉŽƌƐĞƵ:ĞůƐŽŶ
ĚĞƐƚĂĐĂƐƵĂďĞŵͲƐƵĐĞĚŝĚĂ
ƚƌĂũĞƚſƌŝĂ͘
35
Naquela ocasião a empresa fazia, além
da almejada linha Cabo Frio - Niterói, a Ara-
ruama - Niterói e a Saquarema - Niterói. Mas,
apesar do tamanho, não estava em boa for-
ma. O novo proprietário investiu numa fro-
ta nova, ergueu a 1001 e escolheu seu nome
como marca para a organização que, em 1969,
fundiria todas as suas empresas, otimizando
a administração. Cada uma tinha a própria
garagem e contava com um centro técnico
instalado na Travessa Luís Paulino, conheci-
do como “oficina central”, que dava suporte
geral na parte mecânica. Lá ficava o almoxa-
rifado, onde eram feitas as compras e refor-
mas de componentes para todas as empre-
sas. Nascia, então, a Auto Viação 1001 S.A.
Com jeito de final feliz, esse era só o
começo de uma nova fase de investimentos
e conquistas. Jelson, com seu “olhar além da
curva”, seguiria atento às oportunidades do
mercado, sempre segundo seus planos que
envolviam uma grande preocupação com a
ŵϭϵϳϳ͕ĞƌĂŵŝŶĂƵŐƵƌĂĚĂƐĂƐŝŶƐƚĂůĂĕƁĞƐĚĞ/ƚĂďŽƌĂş͘ logística. Não lhe interessavam empreen-
36
^ĞƵ:ĞůƐŽŶƌĞĐĞďĞǀŝƐŝƚĂŶƚĞƐĞŵĨŽƚŽĚĞ
ĚĞnjĞŵďƌŽĚĞϭϵϳϯ͘
37
Anos 1990: Jelson da Costa Antunes
alcança o sul do Brasil e mais
38
ŵϭϵϵϱ͕ĂZĄƉŝĚŽZŝďĞŝƌĆŽWƌĞƚŽ͕ĞŵƉƌĞƐĂĚŽ
ŽĞƐƚĞƉĂƵůŝƐƚĂ͕ĨŽŝĐŽŵƉƌĂĚĂƉĞůŽ'ƌƵƉŽ:
ƋƵĞ͕ĞŵƐĞŐƵŝĚĂ͕ĂĚƋƵŝƌŝƵĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕ĚĞ
ůƵŵĞŶĂƵ͘dƵĚŽĞŵĐĞƌĐĂĚĞƵŵŵġƐ͘
39
40
Mas a perspicácia e ousadia desse homem ainda trariam mui-
tas surpresas ao mercado. O grupo queria crescer, e surgiu a
oportunidade de comprar a tradicional Viação Catarinense,
em 1995. A negociação não foi fácil, as partes não se acerta-
ram. Porém, seu Jelson não saíra de casa para voltar de mãos
vazias. Saíra para comprar uma empresa no sul e seguiu para
o interior de São Paulo, onde a Rápido Ribeirão Preto estava
à venda. Fechou o negócio e, decorridos cerca de trinta dias,
os proprietários da Catarinense voltaram a chamá-lo para
ƐƐŝŵĐŽŵŽŶĂZĄƉŝĚŽZŝďĞŝƌĆŽWƌĞƚŽ͕ŶĂ uma nova conversa. Já tendo comprado a companhia de São
sŝĂĕĆŽĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞŽ'ƌƵƉŽ:ĨĞnjŐƌĂŶĚĞ Paulo, seu Jelson se encontrava em posição mais confortável
ŝŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽĞŵŵŽĚĞƌŶŝnjĂĕĆŽĚĂĨƌŽƚĂ͕
para fazer a oferta. E tudo deu certo... Mais uma vez.
ĚĂƐŝŶƐƚĂůĂĕƁĞƐĞĚŽƐƐĞƌǀŝĕŽƐ͘
41
Em 1998, uma novidade. O grupo
participava do processo de licitação da
concessão do transporte por barcas Rio
de Janeiro - Niterói, em consórcio com
mais quatro empresas, e vencia. A em-
presa, até então estatal, encontrava-se
bastante deteriorada e exigiu grande
investimento para passar a operar
adequadamente. Hoje, o Grupo JCA
é acionista majoritário da Barcas
S.A., que faz a travessia por duas
rotas que ligam a estação carioca
da Praça XV às estações de Nite-
rói na Praça Araribóia, na região
central, e no bairro de Charitas.
Faz também as rotas Cocotá -
Praça 15, Paquetá - Praça XV,
Mangaratiba - Ilha Grande e
Angra dos Reis - Ilha Grande,
as duas últimas compondo a
chamada “divisão sul”.
42
ƚĠϭϴϯϱ͕ĂƚƌĂǀĞƐƐŝĂĞŶƚƌĞ
ZŝŽĚĞ:ĂŶĞŝƌŽĞEŝƚĞƌſŝ
ĞƌĂĨĞŝƚĂăĐƵƐƚĂĚĂĨŽƌĕĂ
ŚƵŵĂŶĂ͕ƋƵĂŶĚŽĞƐĐƌĂǀŽƐ
ƌĞŵĂǀĂŵƉĂƌĂĐŽŶĚƵnjŝƌ
ƉĞƋƵĞŶŽƐƐĂǀĞŝƌŽƐ͘ĞƐĚĞ
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ŵĂŝŽƌĂĐŝŽŶŝƐƚĂ͕ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂ
ĞƐƐĂŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞůŝŶŚĂĚĞ
ƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĚĞƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ͘
ƐĞƐƚĂĕƁĞƐĚĞĞŵďĂƌƋƵĞ
ĨŽƌĂŵŵŽĚĞƌŶŝnjĂĚĂƐ͕ϵϬй
ĚĂĨƌŽƚĂƌĞĐƵƉĞƌĂĚĂĞƐĞƚĞ
ŶŽǀĂƐĞŵďĂƌĐĂĕƁĞƐĨŽƌĂŵ
ĐŽŶƐƚƌƵşĚĂƐ͘
43
Mas a aquisição da mítica Viação Cometa, em
2002, talvez tenha sido o ato de seu Jelson que mais
impactou o mercado. Ninguém acreditava que, um
dia, a empresa fundada por Tito Mascioli e Artur
Brandi, em 1948, pudesse ser vendida. Depois de lon-
ga negociação, os papéis foram
assinados, e o comando da em-
presa de Tito Mascioli, a quem
tanto seu Jelson admirava e de
quem comprara em sociedade
com o irmão o primeiro ônibus,
passou ao Grupo JCA.
Em 2003, o grupo com-
prou ainda a empresa Rápido
Macaense, que já tentara nego-
ciar em outras ocasiões. A inten-
ção era incorporar apenas seu
setor rodoviário, mas, como os
proprietários só concordassem
ŵϮϬϬϮ͕ƐĞƵ:ĞůƐŽŶĂĚƋƵŝƌŝĂĂ
ŽŵĞƚĂ͕ĞŵƉƌĞƐĂƋƵĞŶŝŶŐƵĠŵ
ĂĐƌĞĚŝƚĂǀĂƋƵĞƵŵĚŝĂĨŽƐƐĞ
ǀĞŶĚŝĚĂ͘ƵƌŝŽƐĂŵĞŶƚĞ͕ĂŽŵĞƚĂĞ
ĂϭϬϬϭŶĂƐĐĞƌĂŵĞŵϭϵϰϴ͕ŵĞƐŵŽ
ĂŶŽĞŵƋƵĞ:ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂ
ŶƚƵŶĞƐĂĚƋƵŝƌŝƵƐĞƵƉƌŝŵĞŝƌŽ
͞ŵĞŝŽƀŶŝďƵƐ͘͟
44
em vender a empresa toda, o grupo ficou com os setores
rodoviário, urbano intermunicipal e urbano municipal
e promoveu uma reformulação de sua identidade visu-
al. Os carros deixaram de ser verdes e receberam pintu-
ra azul e branco, além de uma plataforma de petróleo
estilizada, ressaltando a vocação econômica de Macaé.
As mudanças também se deram na qualidade do servi-
ço, transformando o padrão de transporte urbano no
município. Em pouco mais de um ano, a empresa ad-
quiriu cerca de 100 veículos para transporte urbano,
parte deles equipada com itens como ar-condicionado
e som ambiente.
NŶŝďƵƐƵƌďĂŶŽĚĂ
DĂĐĂĞŶƐĞĐŽŵŶŽǀŽ
ǀŝƐƵĂůŝŵƉůĂŶƚĂĚŽ
ƉĞůŽ'ƌƵƉŽ:͘
ĂƋƵŝƐŝĕĆŽĚĂ
ůĞŶĚĄƌŝĂsŝĂĕĆŽ
ŽŵĞƚĂŶĂƐ
ƉĄŐŝŶĂƐĚĂƌĞǀŝƐƚĂ
Forbes Brasil
45
ƐƚƌġƐŐĞƌĂĕƁĞƐĚĂĨĂŵşůŝĂĂƟǀĂƐŶŽ
'ƌƵƉŽ:͕ƌĞƐƉŽŶƐĄǀĞůƉŽƌƐĞƚĞĞŵƉƌĞƐĂƐ͕ŵŝůŚĂƌĞƐ
ĚĞĨĂŵşůŝĂƐĚĞĐŽůĂďŽƌĂĚŽƌĞƐ͕ŵŝůŚƁĞƐĚĞƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ
ƚƌĂŶƐƉŽƌƚĂĚŽƐ͘
ĂĞƐƋƵĞƌĚĂƉĂƌĂĂĚŝƌĞŝƚĂ͕ĂƌůŽƐKƚĄǀŝŽĚĞ^ŽƵnjĂ
ŶƚƵŶĞƐ͕DĂƌĐĞůŽ'ĂƌĐŝĂŶƚƵŶĞƐ͕ŵĂƵƌLJĚĞ
ŶĚƌĂĚĞ͕dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞ͕:ĞůƐŽŶĚĂ
ŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͕,ĞůŽşƐĂ,ĞůĞŶĂŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞ͕
ůĞdžĂŶĚƌĞŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞĞ
ZĂĨĂĞůŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞ͘
O Grupo JCA iniciou, em 1993, um processo de seu Jelson. E, então, o exemplo vivo que fora o
de profissionalização das empresas, quando a pri- empresário e o espírito agregador de dona Cilinha
meira e a segunda gerações já atuavam no grupo e fizeram toda a diferença. Juntas, segunda e tercei-
se preparavam para integrar aos negócios os netos ra gerações vêm encarando o desafio e vencendo.
de seu Jelson, filhos de seus filhos. A terceira gera- Hoje, o empreendimento que começou com
ção. Com uma consultoria especializada em suces- “meio ônibus” e muita graxa nas mãos, está pre-
são familiar e a união que sempre caracterizou os sente em sete estados, representado por sete em-
Antunes, a passagem se dava de forma tranqüila. presas que totalizam uma frota de 2.132 ônibus e
Em 2006, no entanto, uma fatalidade abalou 20 embarcações, e transporta, anualmente, mais
a todos. Em decorrência de um acidente de carro de 75 milhões de passageiros.
na estrada, lugar que tanto amava e onde escre- Hoje, quando a Auto Viação 1001 e a Viação
veu sua história, faleceu Jelson da Costa
Antunes, o menino de Itaboraí, o eletricista
da Viação Cabussú, o motorista-cobrador-
mecânico-eletricista-proprietário da Auto-
Ônibus São José, seu Jelson, o construtor
do Grupo JCA.
Era preciso seguir em frente, adminis-
trando o que fora conquistado, com a res-
ponsabilidade de manter o empreendedo-
rismo e o bom senso impostos pela batuta
46
Cometa completam 60 anos de atividades, a Viação
Catarinense comemora seus 80 anos de fundação e
a Rápido Ribeirão Preto chega aos 40, o Grupo JCA
segue forte, olhando para o futuro.
Hoje, um dos grandes sonhos de seu Jelson,
que era oferecer oportunidade de desenvolvimento a
jovens que, embora capazes, carecessem de recursos
financeiros para se formarem cidadãos atuantes, ho-
mens públicos conscientes, se faz realidade por meio
do Instituto Jelson da Costa Antunes.
Hoje, é olhar para trás e reverenciar o grande
homem. É admirar no presente a energia do grupo. É
vislumbrar no horizonte o futuro, buscando enxer-
gar o que há atrás da montanha, para além da curva,
como seu Jelson fazia.
ůĠŵĚĂϭϬϬϭ͕ZĄƉŝĚŽZŝďĞŝƌĆŽWƌĞƚŽ͕
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕DĂĐĂĞŶƐĞ͕ŽŵĞƚĂĞĂƌĐĂƐ͕Ž
'ƌƵƉŽ:ƚĞŵƉĂƌƟĐŝƉĂĕĆŽŶĂdžƉƌĞƐƐŽĚŽ^Ƶů͕
ƋƵĞĂƚƵĂŶĂůŝŶŚĂZŝŽͲ^ĆŽWĂƵůŽ͘
47
EĂƐĞĚĞĚŽ'ƌƵƉŽ:͕ƉĂƐƐĂĚŽ͕
ƉƌĞƐĞŶƚĞĞĨƵƚƵƌŽ͘KǀĂůĞŶƚĞ
͞:ĞƌŝĐŽ͕͟ĚĂ>şĚĞƌ͕ĞŽĂƌƌŽũĂĚŽ
ŽƵďůĞĞĐŬĞƌ͕ĚĂϭϬϬϭ͘
48
>ĞŐĂĚŽĚĞƐĞƵ:ĞůƐŽŶĞĚŽŶĂŝůŝŶŚĂ͗ƵŵĂĨĂŵşůŝĂƵŶŝĚĂĞ ĂƌůŽƐKƚĄǀŝŽĞŽƐĮůŚŽƐZĞŶĂƚŽ͕ĚƵĂƌĚŽĞDĂƌĐĞůŽ͘
ƚƌĂďĂůŚĂĚŽƌĂŵĂƵƌLJĞ,ĞůŽşƐĂ,ĞůĞŶĂĐŽŵŽƐĮůŚŽƐůĞdžĂŶĚƌĞ͕
dĂƟĂŶĂĞZĂĨĂĞů͘
49
Um legado para as gerações futuras
50
dĂƟĂŶĂ͕ŚŽũĞĚŝƌĞƚŽƌĂĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͕ŶŽƐŽŵďƌŽƐ
ĚŽǀŽǀƀ:ĞůƐŽŶ͕Ğŵϭϵϴϱ͘
KƐĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĚŽƌĞƐĚĞĞŵƉƌĞƐĂƐůĞdžĂŶĚƌĞ
ĞDĂƌĐĞůŽ͕ŵĞŵďƌŽƐĚŽŽŶƐĞůŚŽĚĞ
ĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĚŽ'ƌƵƉŽ:͕ĐƌĞƐĐĞƌĂŵ
ďƌŝŶĐĂŶĚŽĞŶƚƌĞŽƐƀŶŝďƵƐ͘
ŽĂůƚŽ͕ZĂĨĂĞů͕ĂŶĂůŝƐƚĂĮŶĂŶĐĞŝƌŽŶĂ
ŚŽůĚŝŶŐ͕ĞŽĂǀƀ͘ĐŝŵĂ͕ůĞdžĂŶĚƌĞƉŝůŽƚĂŶĚŽ͘
ŽůĂĚŽ͕DĂƌĐĞůŽĂďŽƌĚŽĚĞƵŵϭϬϬϭ͘
51
1001, a
empresa-mãe
52
Q
ƵĂŶĚŽ:ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐĂĚƋƵŝƌŝƵĂ
ƵƚŽ sŝĂĕĆŽ ϭϬϬϭ >ƚĚĂ͕͘ Ğŵ ϭϵϲϴ͕ Ă ĞŵͲ
ƉƌĞƐĂũĄĞƌĂĂƚĞƌĐĞŝƌĂŵĂŝŽƌŶŽƐƚĂĚŽĚŽ
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ĐƵůƚĂŶĚŽĂŝŶĚĂŵĂŝƐ͕ŽŐŽǀĞƌŶŽŶĆŽƌĞĂũƵƐƚĂǀĂĂƚĂƌŝĨĂ͘WƌĞƐƐĆŽ
ĚĂƐĚşǀŝĚĂƐ͕ĐƵƐƚŽƐĂƵŵĞŶƚĂŶĚŽĞŶĂĚĂĚĞĂƚĂƌŝĨĂƐĂŝƌ͘&ŽŝƵŵ
ƉĞƌşŽĚŽĚƵƌŽƋƵĞĞŶĨƌĞŶƚŽƵĚĞĐĂďĞĕĂĞƌŐƵŝĚĂ͕ǀĞŶĐĞƵĞĚŝƐͲ
ƉĂƌŽƵ͘ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĞƐƚĂǀĂŵƵŝƚŽĚĞƐŽƌŐĂŶŝnjĂĚĂ͕ĞĞůĞĨŽŝ
ůŽŐŽĂƌƌƵŵĂŶĚŽĂĐĂƐĂ͘KƐƉŽƵĐŽƐĨƵŶĐŝŽŶĄƌŝŽƐƚƌĞŵĞƌĂŵŶĂƐ
ďĂƐĞƐ͕ ŵĂƐ ƐĞƵ :ĞůƐŽŶ ƚƌĂŶƋƺŝůŝnjŽƵ Ă ƚŽĚŽƐ ŐĂƌĂŶƟŶĚŽ ƋƵĞ Ă
ĞŵƉƌĞƐĂĐŽŶƟŶƵĂƌŝĂĐŽŵŽƐĞƵŽƌƚĞnjĂĐŽŶĐĞďĞƌĂ͗ƵŵĂŐƌĂŶͲ
ĚĞĨĂŵşůŝĂ͘ůŐƵŶƐĚĞƐƐĞƐĐŽůĂďŽƌĂĚŽƌĞƐĞƐƚĆŽŶĂ͞ĨĂŵşůŝĂ͟ĂƚĠ
ŚŽũĞĞĚĆŽƚĞƐƚĞŵƵŶŚŽƐŽďƌĞĂƋƵĞůĞƚĞŵƉŽ͘>ĞŵďƌĂŵƋƵĞĂƐ
ĞƐƚƌĂĚĂƐĚĞƉĠƐƐŝŵĂƋƵĂůŝĚĂĚĞŵĂůƚƌĂƚĂǀĂŵŽƐĐĂƌƌŽƐƋƵĞĞdžŝͲ
ŐŝĂŵŵƵŝƚĂŵĂŶƵƚĞŶĕĆŽ͘ƐĐŽŶĚŝĕƁĞƐĚĞƚƌĂďĂůŚŽ͍
53
EĂĐŽŵĞŵŽƌĂĕĆŽĚŽƐϭϱĂŶŽƐĚĂϭϬϬϭ͕
ĂƐďĂŶĚĞŝƌĂƐĚŽƌĂƐŝůĞĚĞWŽƌƚƵŐĂů͕
ƚĞƌƌĂͲŵĆĞĚĞƐĞƵƐĨƵŶĚĂĚŽƌĞƐ͘
54
A
garagem era como um poço, onde o car-
ro ficava para eu trocar comando de vál-
vula, bomba ejetora, tudo era feito lá.
1
Depoimento do sr. Arlito de Azevedo, o Bocaz.
55
E começou pela oficina que seu Jelson au-
mentou, cobriu e equipou. Sabia que aquele era o
coração da empresa. E a 1001 passou a chamar a
atenção dos passageiros e daqueles que queriam
trabalhar num local organizado e administrado
por um homem que reconhecia o valor de cada
um dos funcionários, compartilhando com eles
todo o seu conhecimento nas diversas áreas da
empresa. Na oficina, o patrão-eletricista dava
show.
Eram seis firmas, seis administrações, seis
trabalhos. Jelson escolheu a Auto Viação 1001
para ser a empresa-mãe e, sob essa razão social,
fundiu todas as companhias em 1969. A 1001 vi-
rou a maior do estado e não parou de crescer.
Em 1975, comprou da Viação Útil as linhas
Campos - Rio de Janeiro, Campos - Niterói, Ma-
caé - Rio de Janeiro e Macaé - Niterói. Três anos
depois, adquiriu da Salutáris as linhas Friburgo
YƵĂŶĚŽƐĞƵ:ĞůƐŽŶĂĚƋƵŝƌŝƵĂƵƚŽsŝĂĕĆŽϭϬϬϭ>ƚĚĂ͕͘Ğŵϭϵϲϴ͕ - Rio e Friburgo - Niterói. E, em 1976, com festa
ĞƌĂĂƐƐŝŵĂŐĂƌĂŐĞŵ͘KŶŽǀŽƉƌŽƉƌŝĞƚĄƌŝŽĐŚĞŐŽƵĨĂnjĞŶĚŽ
ŵĞůŚŽƌŝĂƐŶĂƐŝŶƐƚĂůĂĕƁĞƐĚĂĞŵƉƌĞƐĂ͘ e a presença de algumas autoridades, a 1001 lan-
ďĂŝdžŽ͕ƌĞŐŝƐƚƌŽĚŽƐĂŶŽƐϭϵϳϬ͘
56
EŽƐƀŶŝďƵƐĚĂĨƌŽƚĂ͕ĂĂŶƟŐĂ
ƉŝŶƚƵƌĂĚĂϭϬϬϭ͘
57
1001, uma empresa de sorte
58
Um sonho grande e dispendioso
59
ZĞƵŶŝƌƚŽĚĂĂĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĚĂƐĞŵƉƌĞƐĂƐŶƵŵ
ƷŶŝĐŽůƵŐĂƌĞƌĂƵŵƐŽŶŚŽĚĞƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͕ƋƵĞ
ƉĂƌƟĐŝƉŽƵĚĞĐĂĚĂĞƚĂƉĂĚĂŽďƌĂ͘
60
61
Nem com a crise a 1001 pára de
crescer
62
ĂƌƌŽĚĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞƵƌďĂŶŽĚĂƵƚŽsŝĂĕĆŽϭϬϬϭ͘
ŵϭϵϴϲ͕ĂϭϬϬϭĞƐƚĞŶĚĞ
ƐĞƵƐƐĞƌǀŝĕŽƐĚĞĂůƚĂ
ƋƵĂůŝĚĂĚĞĂŽƚƵƌŝƐŵŽ͘
63
ŽŵƐĞƵ
^ƵƉĞƌƀŶŝďƵƐĂ
ϭϬϬϭĂďƌŝƵĨŽƌƚĞ
ĐŽŶĐŽƌƌġŶĐŝĂĐŽŵ
ĂsŝĂĕĆŽƌĂƐŝů͕ŶĂ
ůŝŶŚĂ/ƚĂƉĞƌƵŶĂͲ
ZŝŽĚĞ:ĂŶĞŝƌŽ͕ƋƵĞ
ĂĐĂďŽƵǀĞŶĚŝĚĂ
ƉĂƌĂĞůĂ͕Ğŵϭϵϴϳ͘
64
Conselho de amigo, e a compra de uma
linha da Viação Brasil
65
40 anos de história e quilometragem rodada
WĂƌĂĐŽŵĞŵŽƌĂƌŽƐϰϬĂŶŽƐĚĂϭϬϬϭ͕ƵŵĂĨĞƐƚĂŵĞŵŽƌĄǀĞů͘
66
>ĞĂĐŝƌĚĂ^ŝůǀĂĨŽŝƵŵ
ĚŽƐϰϬĨƵŶĐŝŽŶĄƌŝŽƐ
ĚŝƌĞƚŽƌŝĂ͕ƉŽƌŽĐĂƐŝĆŽĚŽƐϰϬĂŶŽƐ͘ ŚŽŵĞŶĂŐĞĂĚŽƐŶĂĨĞƐƚĂ͘
67
Anos 1990: a 1001 investe na Participações Ltda., uma holding cujo Conse-
modernidade, e o Grupo JCA lho Administrativo passaria a traçar as me-
caminha para o Sul tas para a Auto Viação 1001 e demais empre- EĂĐŽŶĐĞƐƐĆŽĚŽWƌġŵŝŽ
sas que viessem a ser adquiridas a partir de ĂŶŝĞůĂƌĂƚĂĚĞYƵĂůŝĚĂĚĞ
ŶŽdƌĂŶƐƉŽƌƚĞĚĞ
68
ĚƋƵŝƌŝĚĂƐƉĞůŽ'ƌƵƉŽ:͕ŶŽĞƐƉĂĕŽ
ĚĞŵĞŶŽƐĚĞϰϬĚŝĂƐ͕ĂZĄƉŝĚŽZŝďĞŝƌĆŽ
WƌĞƚŽĞĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĐŽŶƟŶƵĂƌĂŵ
ĐŽŵŐĞƐƚƁĞƐŝŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞƐ͘
69
^ĞƵ:ĞůƐŽŶĨĂůĂǀĂĐŽŵŽƌŐƵůŚŽĚĂŽůƀŶŝĂĚĞ&ĠƌŝĂƐĚŽƐ
ĨƵŶĐŝŽŶĄƌŝŽƐĚĂϭϬϬϭ͕Ğŵ^ĂƋƵĂƌĞŵĂ͘ ŵϭϵϵϰ͕ĂϭϬϬϭ
ŝŶĂƵŐƵƌĂǀĂƐƵĂ
ƉƌŝŵĞŝƌĂ^ĂůĂsŝƉ͕ŶĂ
ZŽĚŽǀŝĄƌŝĂEŽǀŽZŝŽ͘
2
Fetranspor - Federação das Empresas de Transportes de Pas-
sageiros do Estado do Rio de Janeiro.
70
sŝĂŐĞŵĚĞƀŶŝďƵƐĐŽŵũĞŝƚŽĚĞĂǀŝĆŽ mais passageiros e seguiam viagem. Fazia-se
apenas uma parada técnica para que o moto-
71
Ponte Rio-São Paulo, um capítulo de
uma longa história
72
1992, autorização para que a linha passasse Essa operação con-
a ser feita via Rodoviária Novo Rio, permi- taria muitos pontos a
tindo que os passageiros que embarcavam favor do Grupo JCA,
naquela cidade não precisassem aguardar o por ocasião da compra
carro ao relento, na calçada. As empresas que da Viação Cometa, em
detinham o direito de fazer a linha Rio de 2002. Já conhecidas, as
Janeiro-São Paulo chiaram. A 1001 passava partes se entenderam.
pela Novo Rio num belo carro Top Line, e seus O que foi acertado em
passageiros, que aguardavam o embarque na conversa aconteceu. Não
Sala Vip, embarcavam para uma viagem sem houve briga, não houve
parada, bem mais rápida. A revolta das três qualquer diferença nem
concessionárias acabou numa ação judicial foi necessária uma audi-
contra a 1001. toria. A empresa que seu
A briga foi feia. Ainda durante a tramita- Jelson nunca imaginou
ção do processo, as empresas da ponte conse- que compraria e que to-
guiram parar algumas vezes a linha da 1001. dos pensavam que jamais
No entanto, ocorreu que o Expresso Brasileiro seria vendida passou a
resolveu deixar a Ponte Rodoviária e notificou funcionar sob sua admi-
as outras duas empresas de que estaria total- nistração, que soube va-
mente desligada em 180 dias, como previsto lorizar o verdadeiro pa-
por contrato, em caso de desistência do servi- trimônio nacional que é
ço. A Viação Cometa, por sua vez, tinha duas a Cometa, sua história e
licenças para explorar o trajeto, sendo uma sua imagem. ŵϭϵϵϴ͕ĂŽŵĞƚĂ
delas pouco utilizada. Por que ela tinha duas? Seu Jelson sempre admirou a empresa ƚƌĂŶƐĨĞƌŝƵƉĂƌĂĂϭϬϬϭ͕
ƵŵĂĚĞƐƵĂƐĐŽŶĐĞƐƐƁĞƐ
Em 1951, governo de Getúlio Vargas, quando fundada por Tito Masciolli e o empresário em
ĚĂůŝŶŚĂ^ĆŽWĂƵůŽͲZŝŽ͘
foram concedidas as licenças, uma delas ficou si. Para ele, mais do que uma conquista, foi ŵϮϬϬϮ͕Ž'ƌƵƉŽ:
com a Pássaro Marrom, que nunca a usou e uma honra adquirir a Cometa e recolocá-la ĐŽŵƉƌĂƌŝĂĂsŝĂĕĆŽ
vendeu para a Cometa, que repassou para a em posição de destaque no transporte rodo- ŽŵĞƚĂ͘^ĞƵ:ĞůƐŽŶ
ĂĚƋƵŝƌŝƌŝĂĂĞŵƉƌĞƐĂĚĞ
1001, em 1998, numa negociação tranqüila, viário de passageiros. Afinal, fora de seu Tito
ŽŶĚĞǀŝĞƌĂƐĞƵƉƌŝŵĞŝƌŽ
que acabou com a briga e deu o direito à em- e do sócio, Artur Brandi, que ele comprara o ͞ŵĞŝŽƀŶŝďƵƐ͘͟
presa do Grupo JCA de oficialmente atender primeiro “meio ônibus”, lá no comecinho da
à linha Rio de Janeiro-São Paulo. história, dessa longa e vitoriosa história.
73
1001 de cara nova O lançamento dos carros Double Decker
– com quatro eixos, DVD, frigobar, comuni-
74
ƉŝŶƚƵƌĂĚŽƐĐĂƌƌŽƐ
ĚĂϭϬϬϭŵƵĚŽƵĞŵ
ϭϵϵϴ͕ŵĂŶƚĞŶĚŽĂƐ
ĐŽƌĞƐƋƵĞƚƌĂnjŝĂĚĞƐĚĞĂ
ĨƵŶĚĂĕĆŽĚĂĞŵƉƌĞƐĂ͘
ŝŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽ
ĚĞƐƐĞŶŽǀŽǀŝƐƵĂůĨŽŝ
ĐŽŵĞŵŽƌĂĚĂĐŽŵĨĞƐƚĂ͘
75
ĂƌƟŶŚĂƉĂƌĂƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͗
ĚĞĐŝĚĂĚĆŽƉĂƌĂĐŝĚĂĚĆŽ͘
76
Relação estreita com a comunidade
77
Em 2003, as linhas de Minas Gerais foram vendidas para a
Viação Rio Doce. A 1001 concentrava, então, sua atividade nos Esta-
dos do Rio de Janeiro, Espírito Santo São Paulo e Santa Catarina.
Com o falecimento de seu Jelson, em 2006, era natural que
muitos pensassem que os negócios pudessem desandar. Mas, nos
anos seguintes, o investimento em tecnologia não parou e não pára!
Alguns carros da 1001 já rodam com alimentação para notebook e
ϭϬϬϭĐŚĞŐĂĂŽƉƌĞƐĞŶƚĞĐŽŵŽ há estudos em andamento, para viabilizar conexão à internet ao
ŵĂŝŽƌũĞŝƚŽĚĞĨƵƚƵƌŽ͘
78
longo da viagem. No Terminal Rodoviá- ce em carros que reúnem no mesmo piso
rio Tietê, em São Paulo, o cliente pode re- as classes executiva e convencional.
tirar os bilhetes comprados via internet É fato que, quando foi comprada,
ou central telefônica de atendimento, na em 1948, a Auto Viação 1001 Ltda. já
Sala Net, espaço reservado exclusivamen- era grande no Estado do Rio de Janei-
te para esse serviço. ro, para os padrões da época. Um bom
Em 2006, fiel à preocupação de seu negócio. Mas, mesmo com seu olhar de
Jelson em satisfazer seus passageiros ofe- enxergar além da curva, será que Jelson
recendo-lhes diversidade de comodida- da Costa Antunes podia imaginar que
des, a empresa introduziu o Double Servi- aquela empresa chegaria a 2008 com
mais de 700 veículos e 2.400 funcioná-
rios? Que ela chegaria ao futuro tão ex-
periente e tão jovem?
79
O sul do Brasil
sobre as rodas da
Catarinense
Desbravando as estradas
80
Q
ƵĞŵŚŽũĞǀŝƐŝƚĂ&ůŽͲ
ƌŝĂŶſƉŽůŝƐ Ğ ƐĞ ĞŶͲ
ĐĂŶƚĂ ĐŽŵ Ă ŶĂƚƵͲ
ƌĞnjĂ ƉƌŝǀŝůĞŐŝĂĚĂ ĚĂ
ĐĂƉŝƚĂů ĐĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ
ƐĞƋƵĞƌ ƉŽĚĞ ŝŵĂŐŝŶĂƌ Ă ĂǀĞŶƚƵƌĂ ƋƵĞ
ƐŝŐŶŝĮĐĂǀĂĐŚĞŐĂƌăŝůŚĂ͕ĞŵϭϵϮϴ͕ƋƵĂŶͲ
ĚŽĂƐ͞ĞƐƚƌĂĚĂƐ͟ĞƌĂŵĨĞŝƚĂƐĚŽŵĂŝƐ
ƉƵƌŽ ďĂƌƌŽ͕ Ğ ŽƐ ƀŶŝďƵƐ ĂŝŶĚĂ ĚĞŝͲ
džĂǀĂŵ ŵƵŝƚŽ Ă ĚĞƐĞũĂƌ͘ sĞƌĚĂĚĞŝƌĂ
ƚƌĂǀĞƐƐŝĂ͕ĂǀŝĂŐĞŵĞdžŝŐŝĂĚŽƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽ
ŵƵŝƚĂĚŝƐƉŽƐŝĕĆŽ͕ƵŵƚĂŶƚŽĚĞĐŽƌĂŐĞŵ͕
ďŽĂĚŽƐĞĚĞƉĂĐŝġŶĐŝĂĞƵŵĨĂƌŶĞůďĞŵ
ƌĞĐŚĞĂĚŽ͕ƉŽƌƋƵĞŶƵŶĐĂƐĞƐĂďŝĂĂŽĐĞƌƚŽ
ƋƵĂŶƚŽƚĞŵƉŽĚƵƌĂƌŝĂŽƚƌĂũĞƚŽ͘ŽŵŽͲ
ƚŽƌŝƐƚĂ͕ĂůĠŵĚĞƚŽĚŽƐŽƐŝƚĞŶƐĂŶƚĞƌŝŽƌĞƐ͕
Ž ƉĞƌĐƵƌƐŽ ĚĞŵĂŶĚĂǀĂ ŵƵŝƚĂ ŚĂďŝůŝĚĂͲ
ĚĞĞĂƚĞŶĕĆŽ͕ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐĚĞŵĞĐąͲ
ŶŝĐĂ Ğ ƵŵĂ ďĞůĂ ĐĂŝdžĂ ĚĞ ĨĞƌƌĂŵĞŶƚĂƐ͘
81
O
alemão Theodor Darius e o húngaro João
Hahn, tendo imigrado para o Brasil por essa
época, encontravam sérias dificuldade de
adaptação à cultura e ao idioma do país. Não
conseguiam emprego, mas precisavam traba-
lhar. Tiveram, então, a idéia de comprar um veículo para frete, com o qual co-
meçaram a fazer pequenas mudanças. Ocorre que não havia ainda transporte
regular de passageiros no Brasil, com horários e destinos predeterminados. Em
quatro anos de frete, cada um com seu carro, muitas vezes eram contratados para
levar pessoas a algum lugar e perceberam aí um promissor espaço no mercado.
Venderam os dois carros, compraram uma jardineira, um auto-ônibus Rugby 6
cilindros, e iniciaram uma sociedade com o brasileiro Adolfo Hass, em 13 de abril
de 1928, dia que nasceu a primeira firma brasileira de transporte rodoviário: a
Empreza Auto Viação Hahn, Hass & Darius, o embrião da Empreza Auto Viação
Catharinense, assim grafado naquele tempo.
,ĂŚŶ͕,ĂƐƐΘĂƌŝƵƐ͘
82
sŝĂũĂƌƉŽƌĂƋƵĞůĂƐĞƐƚƌĂĚĂƐ
ŶŽƐĂŶŽƐϭϵϯϬ͕ĞƌĂƵŵĂ
ĂǀĞŶƚƵƌĂĞŶĨƌĞŶƚĂĚĂĐŽŵ
ŵƵŝƚĂĞůĞŐąŶĐŝĂ͘
EĂĐĂƌƚĂĚĞϮϰĚĞĂŐŽƐƚŽ
ĚĞϭϵϯϯ͕dŚĞŽĚŽƌĂƌŝƵƐ͕
ĨƵŶĚĂĚŽƌĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕
ŶĂƌƌĂĂŽƐƉĂŝƐĂƐ
ĚŝĮĐƵůĚĂĚĞƐĞĐŽŶƋƵŝƐƚĂƐ
ŶĂŶŽǀĂƉĄƚƌŝĂ͘
83
A primeira linha da empresa sediada em Blumenau
acontecia entre essa cidade e Florianópolis, pas-
sando por Itajaí e Tijucas. Em função das terríveis con-
dições de viagem, ela era oferecida apenas duas vezes
por semana, sempre partindo para Florianópolis as
terças e sextas-feiras, às 8 horas, e retornando a Blu-
menau às 9 horas, às quartas-feiras e aos sábados. A
viagem, que hoje é feita em duas horas e quinze mi-
nutos, levava, então, doze horas. Eram doze horas de
aventura, que poderiam ser treze, quatorze, quinze. O
sucesso foi imediato. Apesar das dificuldades na rota, a
empresa mostrou-se eficiente, pontual e extremamen-
te preocupada em oferecer o maior conforto possível
a seus passageiros. Era comum que os proprietários
aguardassem até tarde da noite a chegada dos ônibus,
para saber dos próprios passageiros como havia trans-
corrida a viagem. As pessoas em primeiro lugar! Esse
era o lema. E os clientes não viajavam com freqüência,
mas, em tempos de escassez de meios de comunicação,
KƉƌŝŵĞŝƌŽƀŶŝďƵƐĚĂĞŵƉƌĞƐĂ͕ƌƵĚĞ͕ŝŶƚĞŐƌĂǀĂͲƐĞ o deslocamento era a melhor forma de ter contato com
ƉĞƌĨĞŝƚĂŵĞŶƚĞĂŽĐĞŶĄƌŝŽƌƵƌĂů͘ quem estava distante. Para garantir um serviço de qua-
lidade, diante de tantas adversidades, foi preciso muito
empenho dos fundadores. Cinco anos depois, eles ti-
nham uma frota de onze ônibus, empregavam dezesse-
te funcionários e operavam regularmente em rotas que
incluíam as cidades de Itajaí, Florianópolis, Jaraguá do
Sul, Joinvile e Curitiba. A passagem do coletivo custa-
va 30 mil réis, enquanto que a tarifa do automóvel de
aluguel era de 200 mil réis, pela mesma viagem. Só os
abastados podiam dispor da quantia, e boa parte dos
passageiros migrou para o novo serviço. Eram raros os
carros de passeio, e o avião ainda era um sonho.
84
ƐĐŽŶĚŝĕƁĞƐĚĂƐĞƐƚƌĂĚĂƐ
ŶĂƋƵĞůĞŝŶşĐŝŽƌĞƐƵůƚĂǀĂŵ
ĞŵŵƵŝƚŽƚƌĂďĂůŚŽƉĂƌĂĂ
ƚƵƌŵĂĚĂŽĮĐŝŶĂ͘
85
ƌĂĞŵďĂƌĐĂƌĞƚŽƌĐĞƌƉŽƌďŽŵƚĞŵƉŽ͘
KƐƵĐĞƐƐŽĚĂǀŝĂŐĞŵ͕ƋƵĞƉĂƐƐĂǀĂƉĞůĂ
ƉƌĂŝĂ͕ĚĞƉĞŶĚŝĂĚĂƐŵĂƌĠƐ͘
EŽŝŶşĐŝŽ͕ĂďĂŐĂŐĞŵǀŝĂũĂǀĂĂŽƐƉĠƐĚŽƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽ͘ƉſƐĐĞƌĐĂĚĞĚĞnj
ĂŶŽƐĚĂĨƵŶĚĂĕĆŽĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕ĂƐŵĂůĂƐƉĂƐƐĂƌĂŵƉĂƌĂĐŝŵĂĚŽƀŶŝďƵƐ͕
ĐƵŝĚĂĚŽƐĂŵĞŶƚĞĞŶǀŽůǀŝĚĂƐƉŽƌƵŵĂůŽŶĂŵƵŝƚŽďĞŵĂŵĂƌƌĂĚĂ͘
86
EĂƉĂƌƚĞĚĂĨƌĞŶƚĞ͕ǀŝĂũĂǀĂŵ
ƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐĞ͕ŶĂĚĞƚƌĄƐ͕ĂĐĂƌŐĂ͘
EƵŵĂĠƉŽĐĂĞŵƋƵĞŶĆŽŚĂǀŝĂ
ƐĞƌǀŝĕŽŽĮĐŝĂůĚĞĐŽƌƌĞŝŽ͕
ĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞŽĨĞƌĞĐŝĂŽƐĞƌǀŝĕŽ
ĚĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĞĞŶƚƌĞŐĂ
ĚĞĞŶĐŽŵĞŶĚĂƐ͘
87
EŽƐŐůĂŵŽƵƌŽƐŽƐĂŶŽƐϭϵϯϬ͕ŽƐĐŚĂƵīĞƵƌƐĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĨĂnjĞŵƉŽƐĞ
ĐŽŵŽƐƉƌŽƉƌŝĞƚĄƌŝŽƐĞĨƵŶĐŝŽŶĄƌŝŽƐĚĂĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĚĂĞŵƉƌĞƐĂ͘
88
Mudanças em tempos de guerra
89
NŶŝďƵƐĚĂĨƌŽƚĂĚŽƐĂŶŽƐϭϵϱϬ͘
ƐƚĂŵƉĂĚĂŶĂ
ƉĂƐƐĂŐĞŵĂWŽŶƚĞ
,ĞƌĐşůŝŽ>Ƶnj͕ƋƵĞ
ůŝŐĂĂ/ůŚĂĚĞ
&ůŽƌŝĂŶſƉŽůŝƐ͕
ĐĂƉŝƚĂůĚŽ
ƐƚĂĚŽĚĞ^ĂŶƚĂ
ĂƚĂƌŝŶĂ͕ĂŽĐŽŶƟŶĞŶƚĞ͘
NŶŝďƵƐĚĂĨƌŽƚĂĚŽƐĂŶŽƐϭϵϲϬ͘
ZĞŐŝƐƚƌŽĚĂƐĞĚĞĚĂ
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĞŵůƵŵĞŶĂƵ͕
ŶĂĚĠĐĂĚĂĚĞϭϵϱϬ͘
90
ĂƌƌŽƐĚĂůŝŶŚĂ^ĆŽWĂƵůŽͲ
ƌŝĐŝƷŵĂ͕ŶŽƐĂŶŽƐϭϵϳϬ͘
ŵŽǀŝŵĞŶƚĂĚĂĚĠĐĂĚĂĚĞϭϵϳϬ a Expresso Joinville / Guaratuba Ltda. Os
primeiros monoblocos integraram a frota em
91
92
ŽŵĐĂƌƌŽƐĐŽŵŽĞƐƐĞƐĂ
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞǀĞŵĚĞŝdžĂŶĚŽ
ƐƵĂŵĂƌĐĂŶĂĞƐƚƌĂĚĂ͘
93
KƐĞƌǀŝĕŽĚĞ
ƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĚĞĐĂƌŐĂƐ
ĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕ƋƵĞ͕
Ğŵϭϵϳϱ͕ĞƌĂĨĞŝƚŽĐŽŵ
ƵŵĂƉĞƌƵĂ<ŽŵďŝĞƵŵ
ĐĂŵŝŶŚĆŽ͕ŶŽƚƌĞĐŚŽ
ƵƌŝƟďĂͲůƵŵĞŶĂƵͲ
ƌƵƐƋƵĞ͕ŚŽũĞĐŽŶƚĂ
ĐŽŵƵŵĂĞƐƚƌƵƚƵƌĂ
ƋƵĞŽĨĞƌĞĐĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞ
ĐŽŶǀĞŶĐŝŽŶĂůĞĞdžƉƌĞƐƐŽ
ƉĂƌĂĚŝǀĞƌƐĂƐĐŝĚĂĚĞƐĚŽ
^ƵůĞ^ƵĚĞƐƚĞĚŽƌĂƐŝů͘
94
A Catarinense continuava como patrimônio à empresa. Nesse mesmo ano, a Catarinense im-
afetivo do povo de Santa Catarina, embora che- plantou o serviço executivo com serviço de bordo
gasse ao final dos anos 1970 carente de serviços. e rodomoças, nas linhas Blumenau - Florianópo-
Alguns equipamentos estavam ultrapassados, lis, Joinville - Florianópolis e Florianópolis - Curi-
faltava metodologia de controle. Eram poucos os tiba. Pouco depois, Antenor e Elmo Bogo entra-
funcionários, não havia ônibus executivos nem ram na sociedade.
leitos: só os convencionais com 36 poltronas, pe- A passagem para os anos 1980 foi marcada
quenos para o intenso movimento, principalmen- por inovações que começaram pela aquisição de
te nos feriados. Pesava ainda o fato de a sede estar veículos com três eixos, mais adequados às carac-
distante da capital, Florianópolis. A maioria dos terísticas dos trajetos percorridos: somente 25%
sócios resistia em deixar Blumenau, e essa mu- deles eram planos. Ou melhor, não eram morros.
dança necessária só se daria muito tempo depois. Além do melhor desempenho nas estradas, os
Em 1978, Heinz W. Kumm, com experiência em carros com 50 lugares alteraram positivamente o
transporte coletivo urbano e turismo, associou-se custo passageiro por quilômetro.
ƐƐĞĚĞƐĞŶŚŽĨĂnj
ŵĞŶĕĆŽăĞŶƚƌĞŐĂĚĞ
ĞŶĐŽŵĞŶĚĂƐ͘sĂŝƚĞƌ
ůĞŐĞŶĚĂ͍
95
Andando na frente, a empresa ad-
quiriu alguns carros automáticos e re-
estruturou o setor de cargas. Os ônibus
ganharam pintura nova, baseada na dos
carros da americana Greyhound. Mais
simples, sem as três faixas exibidas an-
tes, chamava a atenção na estrada e fa-
cilitava o reparo.
As operações no oeste do Estado
de Santa Catarina tiveram início em
1980 e, no ano seguinte, a empresa pas-
sou a fazer a linha internacional Floria-
nópolis - Assunção.
No mesmo ano, a Catarinense
inaugurou sua primeira Sala Vip, em
Blumenau, e lançou uma frota de ôni-
bus articulados que rodava entre Blu-
menau, Balneário Camboriú e Itajaí,
que, pelas características da rota, leva-
va e trazia passageiros para o trabalho.
Os articulados, com capacidade para
150 pessoas, 62 sentadas, rodaram por
ŵϭϵϴϯ͕ĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞůĂŶĕŽƵĂƐĠƌŝĞĚĞĐĂƌƌŽƐ'ůŽďĞƩƌŽƚĞƌ͘
mais de vinte anos.
Em janeiro de 1983, a empresa
adquiriu a Companhia Rex de Trans-
portes, com quem disputava algumas li-
nhas. Foi também o ano em que passou
a circular a série Globetrotter de carros e
quando a Catarinense foi surpreendida
por uma grande enchente, que implicou
em grandes perdas e no atraso de seu
plano de desenvolvimento.
96
ůŝŶŚĂ&ůŽƌŝĂŶſƉŽůŝƐͲ
ƐƐƵŶĕĆŽƉĂƐƐŽƵĂƐĞƌĨĞŝƚĂ
ƉĞůĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĞŵϭϵϴϭ͘
KƐĐĂƌƌŽƐĂƌƟĐƵůĂĚŽƐĐŽŵ
ĐĂƉĂĐŝĚĂĚĞƉĂƌĂĂƚĠϭϱϬ
ƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ͕ůĂŶĕĂĚŽƐĞŵϭϵϴϭ͕
ƌŽĚĂƌĂŵĞŶƚƌĞůƵŵĞŶĂƵ͕
ĂůŶĞĄƌŝŽĂŵďŽƌŝƷĞ/ƚĂũĂş͕ƉŽƌ
ŵĂŝƐĚĞϮϬĂŶŽƐ͘
97
Pioneira Um susto!
98
hŵƉŽƵĐŽĚĂŚŝƐƚſƌŝĂĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕ŶƵŵŽůŚĂƌƉŽƌƐƵĂƐĂŐġŶĐŝĂƐ͘
99
ŵϭϵϵϵ͕ĐŽŵĞĕŽƵ
ĂƐĞƌĞƌŐƵŝĚĂĂƐĞĚĞ O Grupo JCA chega à Catarinense, no tempo da negociação, contava com cerca
ĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĞŵ
respeitando seus valores de 500 colaboradores e 132 veículos.
&ůŽƌŝĂŶſƉŽůŝƐ͕ĐĂƉŝƚĂůĚŽ
ƐƚĂĚŽĚĞ^ĂŶƚĂĂƚĂƌŝŶĂ͘ No primeiro diagnóstico da empresa,
100
ŝŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽĚĂƐ
ŶŽǀĂƐŝŶƐƚĂůĂĕƁĞƐ
ĂĐŽŶƚĞĐĞƵĐŽŵĨĞƐƚĂ͕
ĞŵϮϬϬϭ͘
101
Aula de bons negócios com seu Jelson
ZĞŐŝƐƚƌŽĚĞϭϵϵϴ͕ĂŶŽĞŵƋƵĞĂ
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĐŽŵƉůĞƚĂǀĂϳϬĂŶŽƐ͘
KƚĞƌƌĞŶŽĂĚƋƵŝƌŝĚŽƉŽƌƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͕Ğŵ&ůŽƌŝĂŶſƉŽůŝƐ͕ƉĂƌĂĂ
ĐŽŶƐƚƌƵĕĆŽĚĂŶŽǀĂƐĞĚĞĚĂĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞ͕ŝŶĂƵŐƵƌĂĚĂĞŵϮϬϬϭ͘
102
hŵŵƵƟƌĆŽ continua gigantesco. Isto é, a equipe da Catarinense ti-
nha dois dias para organizar a passagem dos funcioná-
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĐƌĞƐĐŝĂ͕ŵŽĚĞƌŶĂ͕
ĚŝŶąŵŝĐĂ͕ƉƌŽŶƚĂĂĞŶƚƌĂƌŶŽĂŶŽϮϬϬϬ͘
103
ĞŵƉƌĞƐĂƋƵĞŶĂƐĐĞƵ
ĐŽŵdŚĞŽĚŽƌĂƌŝƵƐ͕
:ŽĆŽ,ĂŚŶĞĚŽůĨŽ
,ĂƐƐ͕͞ĚĞƐďƌĂǀĂŶĚŽ͟Ž
ƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĚĞƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ
ĞĐĂƌŐĂƐĞŵ^ĂŶƚĂĂƚĂƌŝŶĂ͕
ĐŚĞŐĂĂŽƐϴϬĂŶŽƐĐŽŵϰϬϬ
ƀŶŝďƵƐ͕ĂƚĞŶĚĞŶĚŽƚĂŵďĠŵ
ĂŽƐƐƚĂĚŽƐĚĞ^ĆŽWĂƵůŽ͕
WĂƌĂŶĄĞZŝŽ'ƌĂŶĚĞĚŽ^Ƶů͘
ĂƚĂƌŝŶĞŶƐĞĞŵƉƌĞŐĂ͕
ŚŽũĞ͕ĐĞƌĐĂĚĞϭ͘ϯϬϬ
ƉĞƐƐŽĂƐĞŽĨĞƌĞĐĞĂŽ
ĐůŝĞŶƚĞƵŵĂŐƌĂŶĚĞ
ĚŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞĚĞƐĞƌǀŝĕŽƐ͘
104
A Companhia Rex de Transportes,
já controlada pela Catarinense desde o
início dos anos 1980, foi incorporada e
todas as suas linhas assumidas por ela,
com ganhos no custo de manutenção,
operacionalização e administração.
Em 1999, a Catarinense deu um sal-
to praticamente dobrando de tamanho.
A compra de cinco linhas da Viação Ita-
pemirim e 23 da Empresa Nossa Senhora
da Penha ampliava para 113 o número de
rotas e crescia em São Paulo e no Paraná.
De 550 funcionários passou a mais
de mil, e a frota de cerca de 200 carros
ganhou mais 118.
E ainda em 1999 começou o traba-
lho do Grupo JCA e da Catarinense em
torno do projeto de construção da nova
sede em Florianópolis, numa área de 34
mil metros quadrados. Um espaço de 7,9
mil metros quadrados cobertos, destina-
do a receber a frota e todas as necessi-
dades operacionais e administrativas da
empresa. A mudança aconteceu em 2001,
comemorada com grande festa.
105
Mirando o futuro
106
KĮĐŝŶĂŶĂƐĞĚĞĚĂ
ĞŵƉƌĞƐĂ͕ĚĞĨƌĞŶƚĞ
ƉĂƌĂŽĨƵƚƵƌŽ͘
107
Tudo começou no
Jabaquara
108
E
ŵďŽƌĂĂƌĞŐŝĆŽĨŽƐƐĞ
ŚĂďŝƚĂĚĂ ĚĞƐĚĞ Ž
ƐĠĐƵůŽ ϭϳ͕ Ğŵ ϭϵϯϳ
Ž ďĂŝƌƌŽ ƉĂƵůŝƐƚĂŶŽ
ĚŽ :ĂďĂƋƵĂƌĂ ĞƌĂ
ĂŝŶĚĂƵŵĂĄƌĞĂĂƐĞƌĚĞƐďƌĂǀĂĚĂ͕
ĂĨĂƐƚĂĚĂ ĚĞ ƚƵĚŽ͕ ƌĞƉůĞƚĂ ĚĞ
ĄƌǀŽƌĞƐ͘ EŽ ĂůƚŽ ĚŽ ďĂŝƌƌŽ͕ Ž ĞŶŐĞŶŚĞŝƌŽ
ƌƚŚƵƌ ƌĂŶĚŝ͕ ĂƐƐŽĐŝĂĚŽ ă ƚƌĂĚŝĐŝŽŶĂů
ĨĂŵşůŝĂ ZŽĐŚĂ DŝƌĂŶĚĂ͕ ůĂŶĕŽƵͲƐĞ ĂŽ
ƉƌŽũĞƚŽ ĚĞ ĨĂnjĞƌ Ăůŝ Ƶŵ ůŽƚĞĂŵĞŶƚŽ
ĐŽŵ ƚĞƌƌĞŶŽƐ ŐƌĂŶĚĞƐ͕ ŶƵŶĐĂ ŵĞŶŽƌĞƐ
ƋƵĞ ϭ͘ϱϬϬ ŵĞƚƌŽƐ ƋƵĂĚƌĂĚŽƐ͕ Ğ ƋƵĞ
ĐŽŶƐĞƌǀĂƐƐĞ Ă ďĞůĂ ƉĂŝƐĂŐĞŵ ĚĞ ũĂƚŽďĄƐ͕
ďƵƌŝƟƐ͕ ŐƌƵŵŝdžĂŵĂƐ͕ ũĞƋƵŝƟďĄƐ͕ ĄƌǀŽƌĞƐ
ƋƵĞŚŽũĞĚĆŽŶŽŵĞĂƌƵĂƐĚĂƌĞŐŝĆŽ͘
109
C
omo o acesso fosse muito limitado, os empreendedores decidiram
montar uma linha de ônibus que fizesse a ligação do Jabaquara
à Praça Clóvis Beviláqua, no centro da capital paulistana. Foram
adquiridas seis licenças, na época cedidas por veículos, e, assim,
criada a Auto Viação Jabaquara. Para gerir o novo negócio, foi
convidado o engenheiro aeronáutico, oficial aviador da Aeronáutica Italiana, Tito Mascioli,
que participara da primeira travessia do Oceano Atlântico, em 1931, quando conhecera o
Brasil. Anos depois voltaria ao país para ficar e fazer história.
KŽŵĞŶĚĂĚŽƌdŝƚŽDĂƐĐŝŽůůŝ͕
ƋƵĞĨƵŶĚŽƵĂŽŵĞƚĂ͕Ğŵ
ϭϵϰϴ͕ĞŵƐŽĐŝĞĚĂĚĞĐŽŵ
ƌƚŚƵƌƌĂŶĚŝ͘
110
Aficionado por inovações tecnológicas e
com profundo conhecimento em logística de
transportes, seu Tito, como viria a ser conhe-
cido, fez a empresa progredir rapidamente.
Cerca 40% do transporte urbano de São Paulo
era feito pela Auto Viação Jabaquara quando,
em 1946, foi criada a Companhia Municipal
de Transportes Coletivos, que encampou to-
das as empresas particulares. A família Rocha
Miranda decidiu, então, retirar-se do setor
de transporte de passageiros. Artur Brandi
mudou-se para o Rio de Janeiro e, até 1955,
tocou a Viação Relâmpago, criada em socie- >ŝŐĂĕĆŽ^ĆŽWĂƵůŽͲ^ĂŶƚŽƐ͕ƉĞůĂsŝĂŶĐŚŝĞƚĂ͕
dade com seu Tito. Relâmpago de quem seu ĞŵĨŽƚŽƉƵďůŝĐĂĚĂŶĂĞĚŝĕĆŽĞƐƉĞĐŝĂůĚĂ
America Magazine͕ĚĞĚĞnjĞŵďƌŽĚĞϭϵϱϳ͘
Jelson compraria aquele já famoso primeiro
“meio ônibus”.
Em 1947, Tito Mascioli adquiriu a Via-
ção São Paulo–Santos Ltda., que, desde 1943,
já fazia a viagem ao Litoral paulista, com du-
ração de uma hora e quarenta minutos. A es-
trela que estampava os ônibus ganhou uma
cauda cinco anos depois e foi a inspiração para
o novo nome da empresa: Viação Cometa S.A.
E os carros da Cometa passaram a ser vistos
Brasil afora, como “as luzes da estrada”.
ĞƐƚƌĞůĂ͕ŵĂƌĐĂĚĂsŝĂĕĆŽ^ĆŽWĂƵůŽͲ
^ĂŶƚŽƐ͕ĂĚƋƵŝƌŝĚĂƉŽƌƐĞƵdŝƚŽĞŵϭϵϰϳ͕ĨŽŝ
ĂŝŶƐƉŝƌĂĕĆŽƉĂƌĂŽƐşŵďŽůŽƋƵĞƐĞƚŽƌŶĂƌŝĂ
ƐŝŶƀŶŝŵŽĚĞĞĮĐŝġŶĐŝĂŶŽƚƌĂŶƐƉŽƌƚĞĚĞ
ƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ͗ŽĐŽŵĞƚĂ͘
111
Chegam os Twin Coachs e a Cometa
cresce
112
O mito João Havelange
113
É um pássaro? Um avião?
EĆŽ͕ĠƵŵDŽƌƵďŝdžĂďĂ͊
114
ƐďĞůşƐƐŝŵĂƐƉĂƐƐĂŐĞŶƐ
ĞƐƚĂŵƉĂĚĂƐĐŽŵƉĂŝƐĂŐĞŶƐĚŽ
ƌĂƐŝů͕ĚŝŐŶĂƐĚĞƐĞĐŽůĞĐŝŽŶĂƌ͘
115
KƋƵĞƉĞĨĂnjŝĂƉĂƌƚĞĚŽ
ĂůŝŶŚĂĚŽƵŶŝĨŽƌŵĞĚŽƐ
ŵŽƚŽƌŝƐƚĂƐĚĂŽŵĞƚĂ͘
116
forma a elevar a qualidade. Qualidade que
se materializava em segurança, credibilida-
de e numa excelente imagem no mercado.
A fama de absoluto rigor na avaliação
dos motoristas da Cometa era tão grande,
que até se criou certo folclore em torno dis-
so. Uma das “lendas” conta que, em dado
momento do teste, era colocado um ovo
atrás de um pneu traseiro do carro, num
declive suave – e o motorista que quebrasse
o ovo ao partir estava fora. Como também
se dizia que não era aceito aquele que der-
rubasse o copo de água colocado sobre o a empresa fosse pioneira no sis-
painel do ônibus. tema de comunicação, o condutor
A Viação Cometa foi a primeira em- do carro não estava sozinho. Não
presa a adquirir um bafômetro e instituir havia nenhum hospital nas cida-
o gráfico de serviço do motorista (GSM). des próximas, e o motorista fez,
Numa folha com 24 quadradinhos que re- então, contato por rádio com a
presentavam as 24 horas do dia, o condutor agência da cidade de Registro, pedindo que
do carro marcava horas de serviço ao vo- deixassem tudo preparado para socorrer a
lante, em serviço mas fora do volante, ho- passageira. Mas nada disso foi necessário,
ras fora de serviço e as oito horas de sono afinal. Como o trabalho de parto avanças-
que ele devia cumprir nos dormitórios da se rapidamente e a mulher sofresse com as
empresa. Antes disso, nada de estrada. dores, o motorista teve de encostar o carro
Além de atento ao caminho, o mo- e acabou trazendo à luz mais uma brasilei-
torista da Cometa tinha e – tem de estar! rinha. A bordo de um Cometa!
– sempre alerta. Um caso que ilustra essa
necessidade ocorreu numa viagem entre
São Paulo e Curitiba. Se hoje reclamam que
a estrada é precária, muito pior era nessa
ŽŵŚƵŵŽƌ͕ŝŶŐƌĞĚŝĞŶƚĞƋƵĞ
época. Entre um buraco e outro, uma pas- ŶĆŽĨĂůƚĂǀĂĂŽŵĂƚĞƌŝĂůƵƐĂĚŽŶĂ
sageira entrou em trabalho de parto! Como ĐĂƉĂĐŝƚĂĕĆŽĚŽƐŵŽƚŽƌŝƐƚĂƐĚĂŽŵĞƚĂ͘
117
com 500 estações móveis que equipavam quiriu um chassi B-71 importado para
os ônibus que rodavam em linhas longas testes e mudou as regras na empresa, que,
e as viaturas auxiliares, mais 65 estações naquele tempo, tinha cerca de 300 carros
fixas situadas ao longo das rotas e nos da Mercedes-Benz, sendo uma das maio-
terminais das linhas, além de oito repe- res frotas da marca no mundo.
tidoras. A empresa operou com esse siste- Em 1962, foi inaugurada uma nova
ma até meados dos anos 1990. garagem central no bairro da Vila Maria,
Outro passo lá adiante dado pela zona norte de São Paulo, onde a empresa
Cometa foi a implantação do computa- funciona até os dias de hoje. E, em mea-
dor, em janeiro de 1958, começando com dos dos anos 1960, a Cometa implantou o
um tabulador IBM. Em 1964, a empresa serviço de transporte urbano em Ribeirão
'ĂƌĂŐĞŵŶĂĐŝĚĂĚĞĚĞ^ĆŽ:ŽƐĠĚŽ investiria na modernização de seu CPD Preto, que operaria até 1983.
ZŝŽWƌĞƚŽ͕^W͘ Os chamados carros Papo Amarelo
(Centro de Processamento de Dados), ad-
quirindo um computador Ramac 35 da nasceram em 1963, com carroceria em
IBM. À válvula! duralumínio, da Ciferal do Rio de Janei-
Por muitos anos, a Cometa foi a úni- ro. Embora mais caro, o material era mais
ca empresa do setor a utilizar computador resistente e leve, poupando motor, freios
na integração de serviços, e hoje seu CPD e pneus, permitindo ao carro rodar rapi-
é referência de qualidade e eficiência. damente. Consolidava-se a parceria tam-
bém com a Ciferal. Dessas parcerias, saí-
ram o Flecha de Prata, Jumbo B, Jumbo
A prosperidade nos anos 1960 C, Turbo Jumbo e o famoso Dinossauro,
lançado em 1972. Sempre mantendo o
118
YƵĞŵŶĆŽƐĞůĞŵďƌĂĚŽƐĂŶƷŶĐŝŽƐ
ĚĂŽŵĞƚĂŶĂĨŽƌŵĂĚĞŚŝƐƚſƌŝĂƐĞŵ
ƋƵĂĚƌŝŶŚŽƐ͍ƋƵŝ͕ƵŵĂƉƌĞĐŝŽƐŝĚĂĚĞƋƵĞ
ĚŝǀƵůŐĂŽƐĨĂŵŽƐŽƐDinossauros͕ŵŽƟǀŽ
ĚĞŽƌŐƵůŚŽĚŽƐŵŽƚŽƌŝƐƚĂƐ͘
KĐŚĂŵĂĚŽ
Papo AmareloĚĂŽŵĞƚĂ
119
As corujinhas da Cometa ƐƌŽĚŽŵŽĕĂƐ
ƚĂŵďĠŵƟŶŚĂŵ
ŽƐĞƵƋƵĞƉĞ͘
ƐŝŵƉĞĐĄǀĞŝƐĐŽƌƵũŝŶŚĂƐĚĂŽŵĞƚĂ͘
120
Equilíbrio era fundamental para
caminhar pelo ônibus em movimento, de
salto alto, com uma bandeja nas mãos.
O uniforme, feito especialmente para
elas, incluindo os sapatos, tinha uma saia
“bem curtinha”. Mas aí de quem fizesse
gracinha com uma delas! O próprio mo-
torista nem parava para conversar com a
rodomoça, porque era advertência na cer-
ta. Tudo na maior disciplina e respeito.
Chegaram a formar um time gran-
de, já que saíam carros comerciais de
hora em hora, todos com a rodomoça a
bordo. Mais tarde, o serviço ficou restrito
aos carros-leito, que faziam as linhas que
ligavam São Paulo a Curitiba, Rio de Ja-
neiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte e São
José do Rio Preto.
De volta da viagem, na garagem da
Vila Maria, subiam para os alojamentos
e tinham que descansar por pelo menos
seis horas. Durante as viagens, que dura-
vam oito, nove, doze horas, nem pensar
em dormir. A fiscalização estava sempre
atenta e era preciso ter os olhos sempre
bem abertos. Daí o apelido carinhoso: co-
rujinhas.
Em 2005, a Cometa quebraria mais
um grande tabu entre as empresas de
transporte rodoviário ao recrutar mulhe-
res para integrar seu quadro de motoris-
ŽŵĞƚĂƋƵĞďƌĂƵŵƚĂďƵĂŽĐŽůŽĐĂƌĂƐŵƵůŚĞƌĞƐĂŽǀŽůĂŶƚĞ͘ tas e, em 2006, também para a oficina.
121
K&ůĞdžĂnjƵů͕ƉƌŽĚƵnjŝĚŽƉĞůĂŽŵƉĂŶŚŝĂ
DĂŶƵĨĂƚƵƌĞŝƌĂƵdžŝůŝĂƌ͕ĂD͘
122
Nasce a CMA A movimentada linha Rio - São Paulo
123
A dura realidade dos anos 1990 viços em ligações já atendidas por ser-
viço regular. Na prática, uma quebra de
124
e se integrou à parte superior, acaban-
do com o degrau que caracterizava o
teto do carro. Um grande Cometa to-
mou o lugar das faixas laterais, e as ja-
nelinhas de correr foram trocadas por
grandes vidraças coladas. Rodando
sobre três eixos, traziam ar-condicio-
nado, câmbio semi-automático e eram
80 centímetros mais longo, chegando a
14 metros de comprimento e manten-
do o número de 46 poltronas. Aumen-
tava o conforto dos passageiros. Para
muitos, a mudança foi um choque, mas
a Cometa precisava inovar no design.
O que acontecia há algum tempo é que,
embora a frota fosse periodicamente
renovada, para o passageiro ficava a
impressão de que os carros eram ve-
lhos, já que o padrão visual não mu-
dava. Mas foram mantidas as cores, o
azul e o prata, que rodavam pela estra-
da desde aqueles primeiros “foguetes”.
Mas as dificuldades não eram
poucas, e a tradicionalíssima Cometa,
ainda que praticamente sem dívidas,
via ameaçado seu lugar no mercado.
K'ƌƵƉŽ:ĂƐƐƵŵŝƵĂŽŵĞƚĂ
ƌĞƐƉĞŝƚĂŶĚŽƐƵĂƚƌĂĚŝĕĆŽŶŽƐĞƚŽƌ
ĞĂŐƌĞŐĂŶĚŽŶŽǀŽƐǀĂůŽƌĞƐĐŽŵ
ĂŵŽĚĞƌŶŝnjĂĕĆŽĚĞƐĞƵǀŝƐƵĂůĞĂ
ŽĨĞƌƚĂĚŽŶŽǀŽƐƐĞƌǀŝĕŽƐ͘
125
A Cometa reconquista o espaço com o
Grupo JCA
126
ŽĂĚƋƵŝƌŝƌĂ
ĞŵƉƌĞƐĂĚĞdŝƚŽ
DĂƐĐŝŽůůŝƋƵĞƚĂŶƚŽ
ĂĚŵŝƌĂǀĂ͕ƐĞƵ:ĞůƐŽŶ
ƚŽŵŽƵƉĂƌĂƐŝ
ĂƌĞƐƉŽŶƐĂďŝůŝĚĂĚĞ
ĚĞĨĂnjġͲůĂďƌŝůŚĂƌ
ŵĂŝƐĞŵĂŝƐ͘
ĨƌŽƚĂĨŽŝƌĞŶŽǀĂĚĂ͕
ĞĂŽŵĞƚĂƉĂƐƐŽƵ
ĂŽĨĞƌĞĐĞƌŶŽǀŽƐ
ƐĞƌǀŝĕŽƐĂƐĞƵƐ
ƉĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ͕ďĂƐĞĂĚĂ
ŶŽĐŽŶĐĞŝƚŽĚĞ
ƐĞƌǀŝĕŽĞdžƚĞŶĚŝĚŽ
ƉĂƌĂĂůĠŵĚŽƚƌĞĐŚŽ
ĞŵďĂƌĐĂĚŽ͘
127
ŽŵĞƚĂƌĞĐƵƉĞƌĂŽĨƀůĞŐŽĞ
volta a crescer
128
Como forma de fazer frente à pressão
do transporte clandestino e aos chamados
“corujões”, que algumas empresas aéreas
ofereciam na madrugada, com tarifas com-
patíveis às rodoviárias, em 2004 a Cometa
investiu na diversificação de serviços. For-
taleceu a infra-estrutura para fretamento
e encomendas. E, em 2006, cresceu com a
aquisição das linhas São Lourenço - São
Paulo, Caxambu - São Paulo, Barra Man-
sa - São Paulo, Volta Redonda - São Paulo,
São José dos Campos - Caxambu, São Pau-
lo - Conceição do Rio Verde, São José dos
Campos - São Lourenço, São José dos Cam-
pos - Lambari, São Paulo - Cruzília e São
Paulo - Andrelândia, ligando os Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
que, até então, eram exploradas pela Re-
sendense.
Também em 2006 foram introduzi-
das as vendas de passagem via internet e os
ônibus Double Service, com poltronas-leito e
executivas no mesmo piso. No Terminal Ro-
doviário Tietê, o passageiro passou a contar
com a Sala Net, para a retirada de seu bilhe-
te adquirido por meio do site da empresa.
Nesse tempo, as marcas da nova ges-
tão já eram visíveis, não só ao mercado,
mas também aos antigos funcionários da
empresa que, valorizados, assumiram no-
ŵϮϬϬϴ͕ĂŐĂƌĂŐĞŵ'ϭĚĂŽŵĞƚĂƌĞĐĞďĞƵĂĞƌƟĮĐĂĕĆŽĚĂYƵĂůŝĚĂĚĞĚĞ
vas posições, empenhados em fazer sua ^ĞƌǀŝĕŽƐƵƚŽŵŽƟǀŽƐ/YͲ/ŶƐƟƚƵƚŽĚĂYƵĂůŝĚĂĚĞƵƚŽŵŽƟǀĂ͕ĞĂŵĞƚĂĚĂ
Cometa subir. ĞŵƉƌĞƐĂĠŽďƚĞƌĂĐĞƌƟĮĐĂĕĆŽƉĂƌĂƚŽĚĂƐĂƐŽƵƚƌĂƐŐĂƌĂŐĞŶƐ͘
129
EĂĞĚŝĕĆŽĚĞϮϬϬϲĚŽ
WƌġŵŝŽDĂŝŽƌĞƐĞDĞůŚŽƌĞƐ
ĚŽdƌĂŶƐƉŽƌƚĞĞ>ŽŐşƐƟĐĂ͕
ĂŽŵĞƚĂŽďƚĞǀĞƐƵĂŶŽŶĂ
ƉƌĞŵŝĂĕĆŽŶĂĐĂƚĞŐŽƌŝĂ
ZŽĚŽǀŝĄƌŝŽĚĞWĂƐƐĂŐĞŝƌŽƐ͘
ŽŵĞƚĂƌĞĐŽŶƋƵŝƐƚĂƌĂĚĞ
ǀĞnjƐĞƵĞƐƉĂĕŽ͘
130
Em 2007, quando da vigésima edição do sas, responsabilidade e segurança. A empresa
Prêmio Maiores e Melhores do Transporte e tem como meta obter a certificação de todas
Logística, a Cometa foi aclamada vencedora as garagens.
pela décima vez, na categoria Rodoviário de Hoje, com quadro funcional enxuto,
Passageiros, sendo a terceira vez consecutiva. processos internos modernizados, família de
No ano seguinte, sua garagem G1 recebeu a serviços e tarifas consolidada, transportando
Certificação da Qualidade de Serviços Auto- cerca de 800 mil passageiros por mês, entre
motivos IQA - Instituto da Qualidade Auto- os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Para-
motiva. Foi a primeira transportadora da li- ná e Rio de Janeiro, num total de 7 milhões
nha pesada (caminhões e ônibus) a receber o de quilômetros rodados, numa média mensal
selo da qualidade do IQA, com a relevância de de 28.915 viagens, pode-se dizer que a mítica
trabalhar diariamente com vidas humanas, Cometa reconquistou seu espaço e está pron-
quando qualidade significa, entre outras coi- ta para subir mais e mais.
WŽƌŝƌĂůĚŽ
131
D
ĞƐĚĞƉĞƋƵĞŶŽ͕ŵĞƵ
ĂǀƀǀŝǀŝĂĐŽůŽĐĂŶĚŽ
“
ŶĂ ŵŝŶŚĂ ĐĂďĞĕĂ͗
Um sonho ͚sŽĐġ ǀĂŝ ĞƐƚƵĚĂƌ
Ğ͕ ƋƵĂŶĚŽ ĞƐƟǀĞƌ
realizado: ĐŽŵϭϴĂŶŽƐ͕ǀĂŝĞŶƚƌĂƌŶƵŵĂĨĂĐƵůĚĂĚĞ͛͘
DĂƐŽƉĞƐƐŽĂůĚĂŵŝŶŚĂĐĂƐĂĚŝnjŝĂ͚͗/Ś͕ŵĂͲ
132
ZŽĚŽůĨŽDŽƌĂŝƐĚŽƐ^ĂŶƚŽƐZŽƐĂ͕ϭϴĂŶŽƐ͕ĠĮůŚŽĚĞƉĞƐĐĂĚŽƌĞ͕ŚŽũĞ͕ĐŽŵŽƌĞƐƵůƚĂĚŽĚĞŵƵŝƚŽĞƐĨŽƌĕŽ͕
ĐƵƌƐĂŶŐĞŶŚĂƌŝĂĚĞWƌŽĚƵĕĆŽŶĂWŽŶƟİĐŝĂhŶŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞĂƚſůŝĐĂĚŽZŝŽĚĞ:ĂŶĞŝƌŽ͘
133
T
eve ano que
nem caderno
para estudar
“ eu tinha. En-
tão, eu pas-
sava rifa na escola, pedia à diretora que me
deixasse vender salgados, biscoitos… Eu fazia
e levava para a escola…” E as professoras ad-
miravam o esforço de Isabele Cristina Fonseca
Ramos para continuar no colégio, alcançando
bons resultados, apesar das difíceis condições
de vida da família. Com o pai, que não teve
como continuar os estudos, desempregado há
alguns anos, e a mãe trabalhando numa cre-
che, só mesmo com muita valentia para chegar
aonde a jovem de 17 anos está. Isabele cursa o
terceiro ano do ensino médio no Colégio Sale-
sianos de Niterói, ao lado de filhos das famí-
lias mais abastadas do município. E já sabe a
profissão que quer seguir: vai ser advogada.
ĚǀŽĐĂĐŝĂ͘ƐĞŐƵŝŶĚŽĞƐƐĂĐĂƌƌĞŝƌĂ
ƋƵĞ/ƐĂďĞůĞƌŝƐƟŶĂ&ŽŶƐĞĐĂZĂŵŽƐ
ƋƵĞƌƚƌĂďĂůŚĂƌƉĞůŽƐĚŝƌĞŝƚŽƐĚŽƐ
ŵĞŶŽƐĨĂǀŽƌĞĐŝĚŽƐ͘
134
tĂůůĂĐĞĚĂ^ŝůǀĂWŽƌƚƵŐĂů͕
ƉĂƌĂƋƵĞŵŽĐƵƌƐŽĚĞ
trabalhava como mecânico com o tio, num em- que um curso: “Aqui, não se fala em ensinar
prego informal, para o dia-a-dia, para a sobre- a ser mecânico. Aqui, nos ensinam a ser mais
vivência. Um curso de cinco meses mostrou humanos. Ensinam a lidar com as pessoas,
para ele uma estrada que até então não conse- trabalhar em grupo, em conjunto”.
135
S heyla dos Santos Gomes está estudando
matemática na biblioteca, disciplina que
é oferecida como parte do curso de Pintura
de Ônibus, que a fluminense, de 20 anos, está
fazendo. Ela já mudou os planos para o futu-
ro. “Eu ia prestar vestibular para Turismo ou
Moda, mas, agora, quero fazer algo relacio-
nado ao que estou aprendendo aqui.”
:ĞůƐŽŶĚĂŽƐƚĂŶƚƵŶĞƐ͕ŽƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͕
ƌĞĂůŝnjŽƵƵŵŐƌĂŶĚĞƐŽŶŚŽĂŽƉŽƐƐŝďŝůŝƚĂƌĂ
ũŽǀĞŶƐĐĂƉĂnjĞƐĞďĂƚĂůŚĂĚŽƌĞƐ͕ĐŽŵŽ&ĂďŝŽ
ĚĂ^ŝůǀĂZŽƐĂ͕ĂƚĂŵďĠŵƐŽŶŚĂƌĞƌĞĂůŝnjĂƌ͘
EŽƌĞŐŝƐƚƌŽĨĞŝƚŽŶĂƌĞŝŶĂƵŐƵƌĂĕĆŽĚĂŽĮĐŝŶĂ
ĚĞƉŝŶƚƵƌĂĚĞƀŶŝďƵƐ͕ĂƉĂƌĞĐĞŵƌĞƵŶŝĚŽƐŽƐ
ĂůƵŶŽƐĚĂƚƵƌŵĂĚŽƐĞŐƵŶĚŽƐĞŵĞƐƚƌĞĚĞ
ϮϬϬϴ͘^ŚĞLJůĂĚŽƐ^ĂŶƚŽƐ'ŽŵĞƐĞƐƚĄăĚŝƌĞŝƚĂ
ĚĞ,ĞůŽşƐĂ,ĞůĞŶĂŶƚƵŶĞƐĚĞŶĚƌĂĚĞ͕
WƌĞƐŝĚĞŶƚĞĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ͕ŵĂƵƌLJĚĞŶĚƌĂĚĞ͕
WƌĞƐŝĚĞŶƚĞĚĂĂƌĐĂƐ^͕͘͘ŵĞŵďƌŽĚŽ
ŽŶƐĞůŚŽĚĞĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĚŽ'ƌƵƉŽ:͕Ğ
ƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂŶƚĞĚĞĞŵƉƌĞƐĂƉĂƌĐĞŝƌĂĚŽƉƌŽũĞƚŽ͘
ĚŝƌĞŝƚĂĚĂĨŽƚŽ͕dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐ͕ĚŝƌĞƚŽƌĂĚŽ
/ŶƐƟƚƵƚŽ:ĞDĂƌĐĞůŽŶƚƵŶĞƐĚŽŽŶƐĞůŚŽ
ĚĞĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽĚŽ'ƌƵƉŽ:͘
136
“U
ma das frases que ficaram é de seu Jel- DĂƌůŽŶĚƵĂƌĚŽĚĂ^ŝůǀĂ͕ĂƚĞŶĚŝĚŽƉĞůŽ
son. Ele diz que não era um homem ƉƌŽũĞƚŽFortalecendo Trajetórias͕ƋƵĞŝŶǀĞƐƚĞ
ĞŵĂůƵŶŽƐĚĞĞƐĐŽůĂƐƉƷďůŝĐĂƐƉĂƌĐĞŝƌĂƐ͕
excepcional, mas um homem com muita de- ƋƵĞƐĞĚĞƐƚĂĐĂŵƉĞůŽƌĞŶĚŝŵĞŶƚŽĞƐĐŽůĂƌĞ
terminação. E essa frase eu tomei para a mi- ĚŝƐƉŽƐŝĕĆŽƉĂƌĂĐƌĞƐĐĞƌ͘
nha vida.” Fabio da Silva Rosa passava diante
daquela obra, na Rodovia Amaral Peixoto,
e não sabia o que era aquilo. Talvez uma bi-
blioteca pública… Ainda bem que um dia ele
entrou pela porta vermelha do prédio que su-
biu ali. O jovem, que há dois anos trabalhava
num mercado, não por opção, mas por ne-
cessidade, encontrou a liberdade de escrever
a própria história. Fabio hoje trabalha como
programador na Auto Viação 1001.
137
N em se falava em responsabilidade
social quando seu Jelson já a pratica-
va. Era uma bolsa de estudos para o filho
aplicado de um funcionário, outra para um
rapaz promissor, e, assim, chegou a custe-
ar os estudos de 900 jovens. Sem que nin-
guém soubesse, nem familiares, nem fun-
cionários, esse homem de origem humilde,
que pouco pôde freqüentar a escola, com-
partilhava parte do que conquistou com
pessoas que, como ele, vinham de famílias
de poucos recursos, mas tinham potencial
para crescer. E vencer.
^şůǀŝĂƌŝƐƟŶĂZĞnjĞŶĚĞEŽƌĂĐĞƟƌĞĐĞďŝĂďŽůƐĂĚĞĞƐƚƵĚŽƐĚĞƐĞƵ:ĞůƐŽŶ Era esse o perfil de Sílvia Cristina
ŵƵŝƚŽĂŶƚĞƐĚĞƐĞĨĂůĂƌĞŵƌĞƐƉŽŶƐĂďŝůŝĚĂĚĞƐŽĐŝĂů͘ĐŝŵĂ͕ĐŽŵƐĞƵ:ĞůƐŽŶĞ Rezende Nora Aceti, antiga beneficiária de
ŽƵƚƌŽƐĞdžͲďŽůƐŝƐƚĂƐ͕ŶŽůĂŶĕĂŵĞŶƚŽĚŽƉƌŽũĞƚŽFortalecendo Trajetórias͘
uma das bolsas de estudo. Hoje, gerente de
banco, ela reflete sobre sua trajetória de
vida: “Quando olho onde eu morava, a casa
dĂŶƚŽƋƵĂŶƚŽĂĨŽƌŵĂĕĆŽĞƐĐŽůĂƌ͕Ž/ŶƐƟƚƵƚŽ:ƉŽƐƐŝďŝůŝƚĂĂŽĂůƵŶŽ que eu tinha, e vejo onde moro hoje e a con-
ĂŽƉŽƌƚƵŶŝĚĂĚĞĚĞŵĞůŚŽƌƐĞĐŽŶŚĞĐĞƌĞǀĂůŽƌŝnjĂƌ͘ dição de vida que tenho, eu agradeço muito
a esse homem.”
Assim como a honradez, a garra no
trabalho e a certeza do que queria, a preo-
cupação em oferecer oportunidade a quem
lutasse sempre esteve presente na vida de
Jelson da Costa Antunes. E, quando teve
condições financeiras, transformou essa
preocupação em atitude.
Em visita ao Pico de Itaboraí, seu
Jelson ficou muito impressionado com o
estado lamentável da escola pública que
deveria atender às crianças e aos jovens
138
que seriam os futuros homens e mulheres da
terra natal. Ali, a partir de um convênio es-
tabelecido com a Secretaria de Educação do
Estado, seu Jelson ergueu um colégio digno,
que leva o nome de sua mãe: Grupo Escolar
Maria das Dores Antunes.
O Instituto JCA nasceu da vontade de
apoiar pessoas esforçadas e capazes, para
que possam estudar e se profissionalizar.
Para que adquiram ferramentas para cons-
truir a própria história, tornando-se cida-
dãos participantes.
Em 2004, a idéia de criar uma entidade
ZŽĚŽůĨŽ͕ĚĂƉƌŝŵĞŝƌĂƚƵƌŵĂĚŽƉƌŽũĞƚŽFortalecendo Trajetórias͕ĞŵƐƵĂĐĂƐĂ͘
que desenvolvesse projetos nesse sentido era
pauta de reuniões que envolviam professoras,
psicólogas, assistentes sociais, pessoas pró-
ximas que apostavam nos insights de seu Jel-
son. Como nos negócios, ele sabia exatamente
o que queria e já tinha em mente as diretrizes
do Instituto e os contornos dos projetos For-
talecendo Trajetórias e Oficina do Ensino, ambos
inspirados na própria experiência de vida. No
que ele sabia que lhe faltara e no que ele acre-
ditava que o ajudara a ter sucesso.
O Fortalecendo Trajetórias seria o inves-
timento em jovens talentosos, com bom ren-
dimento escolar, muita vontade e capacidade
de cursar uma universidade e trabalhar na
construção de um mundo melhor. Já o Oficina
de Ensino teria foco nos maiores de idade, que
se formariam em diferentes áreas de manu- ůƵŶŽƐĚŽƉƌŽũĞƚŽKĮĐŝŶĂĚŽŶƐŝŶŽĞŵĂƵůĂƉƌĄƟĐĂŶĂƐ
tenção de ônibus. ŝŶƐƚĂůĂĕƁĞƐĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘
139
ƵƌƐŽĚĞůĂŶƚĞƌŶĂŐĞŵ
ĞŵϮϬϬϰ͕ƋƵĂŶĚŽĂƐ
ĂƟǀŝĚĂĚĞƐĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:
ĞƌĂŵĂŝŶĚĂĚĞƐĞŶǀŽůǀŝĚĂƐ
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>ƷĐŝĂ,ĞůĞŶĂsŝĂŶĂ͕ĂƐƐŝƐƚĞŶƚĞƐŽĐŝĂů͕
dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐ͕ĚŝƌĞƚŽƌĂͲĞdžĞĐƵƟǀĂĚŽ
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KĮĐŝŶĂĚŽŶƐŝŶŽ͕ŶŽ^^d^ĞŶĂƚ͕ĞŵϮϬϬϱ͘
140
hŵƐŽŶŚŽƐĞĨĂnjƌĞĂůŝĚĂĚĞ͘ KĞĚŝİĐŝŽĚŽ
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WĂƌĂŵƵŝƚŽƐ͘
ĐŽŶƐƚƌƵşĚŽĞŵĨƌĞŶƚĞ
ăƐĞĚĞĚŽ'ƌƵƉŽ͕ŶŽ
141
DĂŝƐƋƵĞƉƌŽǀĞĚŽƌ͕ Tatiana Antunes, neta do fundador e
ƐĞƵ:ĞůƐŽŶĨŽŝ atual diretora-executiva da instituição, come-
ƐĞŵƉƌĞƵŵ
ĞdžĞŵƉůŽƉĂƌĂŽƐ çou a se aproximar do projeto numa daquelas
ĂůƵŶŽƐĞĂůƵŶĂƐĚŽ reuniões em que se traçavam os caminhos.
/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘ Ela lembra que um dos desafios do Fortale-
EĂĨŽƚŽ͕ŽĨƵŶĚĂĚŽƌ
cendo Trajetórias era descobrir os “talentos”,
ĚĂĞŶƟĚĂĚĞĞŵĚŝĂ
ĚĞĨŽƌŵĂƚƵƌĂ͘ como seu Jelson chamava esses jovens que se
destacavam por sua capacidade de aprender,
de lutar pelo que querem e precisavam de um
apoio financeiro para alcançar esse objeti-
vo. Como chegar a eles e avaliá-los sem uma
longa convivência? Optou-se por tomar como
ponto de partida o rendimento escolar e o de-
poimento de pessoas que estivessem acompa-
nhando o desenvolvimento desses alunos nos
estudos – professores e diretores de escolas
públicas. Foi assim que a equipe do Instituto
JCA passou a receber indicações.
O passo seguinte era a visita familiar
para conhecer a origem do jovem, as dificul-
dades enfrentadas pela família e a disposi-
ção desta de apoiá-lo na superação do desafio
que se colocava para ele a partir do ingresso
no projeto. Hoje, como a demanda é muito
grande, os candidatos se submetem a um tes-
te para avaliar o nível básico em português e
matemática. Um suporte nessas disciplinas
é oferecido aos selecionados, para compen-
sar a defasagem entre a escola de origem e a
instituição de ensino em que passarão a es-
tudar, custeada pelo instituto. São parceiras
^ĞƵ:ĞůƐŽŶĐĞƌĐĂĚŽĚĞũŽǀĞŶƐŶŽůĂŶĕĂŵĞŶƚŽĚŽƐƉƌŽũĞƚŽƐĚŽŝŶƐƟƚƵƚŽ͕ĞŵϮϬϬϱ͘ do Instituto JCA escolas privadas escolhidas
142
dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐĠ
ĚŝƌĞƚŽƌĂͲĞdžĞĐƵƟǀĂ
ĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘
EĞƚĂĚĞƐĞƵ:ĞůƐŽŶ͕
ǀĂůŽƌŝnjĂŶŽĐŽƟĚŝĂŶŽ
ĚĂĞŶƟĚĂĚĞĂ
ƐŝŵƉůŝĐŝĚĂĚĞĞŽ
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ƉŽƌƚŽĚŽƐ͕ǀĂůŽƌĞƐ
ƋƵĞŵĂƌĐĂƌĂŵĂ
ƚƌĂũĞƚſƌŝĂĚŽĂǀƀ͘
143
entre as melhores de Niterói, São Gonçalo e
Itaboraí, e que, de fato, podem contribuir na
preparação desses estudantes para ingressar
na faculdade e encarar os desafios da vida.
Além da mensalidade, os integrantes do
Fortalecendo Trajetórias recebem vale-trans-
porte, auxílio-alimentação, material escolar,
uniforme, além do acompanhamento cons-
tante de seu desenvolvimento, feito por uma
equipe multidisciplinar formada por uma
orientadora pedagógica, uma psicóloga e uma
assistente social. Detectada alguma dificul-
dade do aluno, ele é apoiado para resolvê-la.
Caso o problema não atinja só o aluno do pro-
jeto, resultando em uma deficiência da pró-
pria escola conveniada, a equipe do instituto
cobra mudanças e as acompanha. Se o aluno
tem bom desenvolvimento, mas um obstácu-
lo específico, recebe suporte para superá-lo.
Assim, alguns dos jovens que hoje participam
do projeto receberam, por exemplo, bolsas de
estudo para curso de inglês.
Atenta ao desenvolvimento do jovem
não só como bom aluno e futuro profissional,
mas como pessoa, o instituto promove uma
série de atividades que trabalham a integra-
ŵĂƟǀŝĚĂĚĞƐĞdžƚƌĂͲĂƵůĂ͕ŽĞdžĞƌĐşĐŝŽĚĂ ção, o respeito, a auto-estima, o olhar além da
ĐŝĚĂĚĂŶŝĂ͕ĚŽƚƌĂďĂůŚŽƉĂƌĐĞŝƌŽ͘ curva. Em reuniões periódicas do grupo, di-
ficuldades emocionais são tratadas conjunta-
mente. Rodolfo, que, assim como seu Jelson,
logo definiu um caminho, lembra que o em-
presário muitas vezes se emocionava nesses
144
ůĞǀĂƌĂĂƵƚŽͲĞƐƟŵĂ͕
ĞƐƟŵƵůĂƌĂďŽĂ
ĐŽŶǀŝǀġŶĐŝĂĞŵŐƌƵƉŽ͗
ŵĞƚĂƐŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞƐĚŽ
/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘
145
encontros e trazia sua experiência de bata-
lhador bem-sucedido, para fortalecer os me-
ninos e as meninas que se empenhavam em
seguir adiante. E reflete: “Quem está de fora
pensa que é só custear o estudo. Mas não é só
isso que faz o instituto. Aqui, você aprende
a se relacionar com outras pessoas, a conver-
sar, se integrar mais. Sempre trazem coisas
novas nas dinâmicas. A formação da gente
como pessoa, as histórias que eles contam,
tudo é aprendizado”. Para Rodolfo, o traba-
lho de auto valorização e a confiança trans-
mitida pela equipe do projeto foram muito
importantes, especialmente nos primeiros
tempos da escola nova e, mais tarde, da uni-
versidade. “Lembro-me que não só eu, mas
também os outros que estavam no grupo,
tínhamos bastante medo de falar alguma
coisa errada, de não gostarem. E, na escola
também, foi muito difícil. Depois da primei-
ra semana, eu queria ir para casa, não que-
ria ficar lá, porque era uma realidade total-
mente diferente da que eu vivia. Eu, filho de
pescador, sem falar com ninguém, querendo
sair… Eu não saí por vergonha, porque eu
tirei a vaga de outra pessoa. Mas tive mui-
ta vontade de desistir, como deu vontade de
largar a faculdade no primeiro mês. Não era
aquilo que eu queria para mim. Porém, aca-
bei me habituando e gostando muito. Por-
que as pessoas não vão gostar de você pelo
que você tem, mas pelo que você é.”
146
dƌĂďĂůŚŽƉĂƌĐĞŝƌŽ͕ŽůŚĂƌŶŽĨƵƚƵƌŽ͘
147
148
Assim como Henrique, no ensino médio
Rodolfo foi chamado a integrar uma turma
especial, e ele confessa que teve medo. Supe-
radas as dificuldades do primeiro momento,
teria de se desempenhar ainda mais. E se fa-
lhasse? Se perdesse a bolsa? Não desistiu, não
falhou e venceu.
Estabelecer metas e pensar a longo pra-
zo é atitude também estimulada pelo Institu-
to JCA. Em uma longa entrevista registrada
em vídeo durante a construção do prédio,
seu Jelson falou da preocupacão com o con-
sumismo e imediatismo dos jovens de hoje.
“Antes de construir, gastam. Antes de pla-
nejar, querem conseguir.” Histórias como as
de Rodolfo, Isabele, Wallace, Sheyla, Fabio e
Henrique mostram que o trabalho criterioso,
sem clientelismo, valorizando a trajetória de
cada um e estimulando o respeito mútuo, tem
feito toda a diferença para que esses jovens
compreendam que sonhos não se realizam da
noite para o dia.
Rodolfo soube reconhecer seu valor
e persistir. Isabele chegou a pensar em ser
assistente social, mas decidiu por defender
dĂƟĂŶĂŶƚƵŶĞƐĞ:ŽƌŐĞ^ĂŶƚŽƐ͕
os direitos dos menos favorecidos atuando ĂůƵŶŽĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘
como advogada. Henrique compartilha com gratuitos nas áreas de mecânica, refrigeração,
os amigos a oportunidade de crescer. Walla- elétrica e pintura, com 4 horas de aula por dia,
ce, Sheyla e Fábio ousaram investir num novo de segunda a sexta-feira, com duração de cin-
caminho, a partir do conhecimento adquirido co meses e meio. As aulas práticas e teóricas
no projeto Oficina do Ensino, que proporciona são ministradas nas oficinas instaladas no
a jovens com idade entre 18 e 24 anos cursos instituto. Também para os estudantes desse
149
projeto são oferecidas aulas de ma-
temática e metrologia, já que, em
muitas situações de trabalho, são
necessários cálculos e medidas.
Desde 2005, 55 jovens já fo-
ram beneficiados pelo Fortalecendo
Trajetórias, sendo que 41 deles per-
manecem no projeto e três cursam
a universidade. Pelo Oficina de En-
sino, já passaram 281 alunos e hoje
59 jovens fazem os cursos – todos
estagiando em garagens de empre-
sas do Grupo JCA, sob a supervisão
da equipe do instituto, que mantém
onze funcionários e é presidido por
Heloísa Antunes de Andrade desde o
falecimento de seu Jelson. De 2004
a 2008, 90 alunos do projeto foram
empregados e 61 hoje se encontram
trabalhando.
Além desses projetos, o Insti-
tuto JCA realiza uma série de outras
atividades, sempre abertas à comu-
nidade, com o apoio de profissionais
voluntários e empresas parceiras.
Mas a entidade tem fôlego e garra
para crescer, e novos cursos estão
sendo elaborados para formar cada
vez mais homens e mulheres com-
prometidos com a construção de um
mundo melhor. Como sonhava – e
&ůĂǀŝŽĚĂ&ƌĂŶĕĂ>ĂĐĂŶĂĞZĂLJĂŶĞDĂƌƟŶƐĚĂ^ŝůǀĂ͕ĂůƵŶŽƐĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͘ fez! – seu Jelson.
150
EĂĞdžƉƌĞƐƐĆŽĚŽƐĂůƵŶŽƐ͕ƉĂƌĐĞŝƌŽƐĞŝŶƚĞŐƌĂŶƚĞƐĚĂĞƋƵŝƉĞĚŽ/ŶƐƟƚƵƚŽ:͕ĂůĞŐƌŝĂ͕ŚĂƌŵŽŶŝĂĞƐĂƟƐĨĂĕĆŽ͘
151
Agradecimentos
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Agradecimentos especiais
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^ĂLJŽŶĂƌĂƵƚƌĂ
sŝŶŝĐŝƵƐKůŝǀĞŝƌĂĚĞŵŽƌŝŵ
Entrevistas com: ŝďůŝŽŐƌĂĮĂ
Alexandre Antunes de Andrade - Ana Silvia Bloise, Erika Nozawa e Jamile Piazenski,
Amaury de Andrade Pesquisa sobre a história da Viação Cometa, 2008.
Antonio Alves - Site brasilbus.fotopages.com.
Antonio José Lubanco - Claudio Machado, Aléxis Novellino: uma perda irreparável para Cabo Frio,
Antonio Pedro Jayme em www.jornaldesabado.com.br.
Antonio Ribeiro - Kal Machado, Concessões de Rodovias, mito e realidade, Prêmio, 2005.
Anuar Escovedo Helayel - America Magazine, edição especial Viação Cometa S. A., 1957.
Aristeu Jorge Antunes - entrevista Marcelo Garcia Antunes e Alexandre Antunes Andrade, Revista
Arlito de Azevedo, “Bocaz” Technibus, agosto de 2008.
Arthur Mascioli - Encarte “Os Pioneiros”, em Revista ABRATI, nº 35, dezembro/ 2003;
Cassia Maria Barone Peres - Revista Abrati nºs: 35/ 2003; 54/ 2008.
Carlos Otávio de Souza Antunes - InBus Transport, nºs: 01 e 02/ 2003; 20, 21 e 22 / 2008.
Charles José Cardoso - “O grande empreendedor, uma homenagem à lenda do transporte de
Dinorah Vargas de Souza Pereira passageiros no Brasil”, reprodução de entrevista de Jelson da Costa Antunes
Dirce Oliveira à edição especial de Revista Qutaro Rodas, outubro/ novembro de 2005.
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Heloísa Helena Antunes de Andrade - Revista 1001 – 40 anos, 1988.
Heinz W. Kumm Júnior - Revista 50 anos de 1001, 1998.
Ivan Comodaro
Ivomar Campos
José Carlos do Amor Divino
João Roberto Coura ƌĠĚŝƚŽƐĨŽƚŽŐƌĄĮĐŽƐ
José Lemos
Leacyr da Silva Págs. 45, Macaense, foto de Rui Porto Filho.
Marcelo Garcia Antunes Págs. 38, 39 e 69, Rápido Ribeirão Preto, fotos de Magno Mesquita.
Murilo César Vieira de Moraes Págs. 48, 52/53, 74, 75 (baixo), 78, 79, 133, 134, 135, 136 (baixo), 137
Renato Garcia Justo (esquerda), 138 (baixo), 139 (baixo), 143, 144, 145, 146, 147, 148, 150 e 151,
Salvador Monteiro fotos de Rodrigo Gorosito.
Sueli Plácido
Tatiana Antunes de Andrade As imagens utilizadas neste livro pertencem aos acervos de cada uma das
Vera Lúcia Costa Rodrigues empresas do Grupo JCA referenciadas, além dos acervos particulares de
além de entrevista com seu Jelson, Dinorah Vargas de Souza Pereira, Elmar Antunes de Faria, Arthur Mascioli,
registrada em vídeo no ano de 2006. Dirce Oliveira, Leacyr da Silva e da família Antunes.
153
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Sasahara, Aline
Tudo começou com meio ônibus – A história do Grupo JCA / Aline Sasahara. – –
São Paulo : Prêmio, 2008.
Bibliografia.
ISBN 978-85-86193-43-9