Você está na página 1de 5

(Cenário composto por um tapete que representa uma estrada que finda em

uma multe bifurcação que se divide para pequenos trechos que findam em
atores como estatuas, trajados segundo as entidades religiosas)
Peregrino: (entra com ar de cansado carregando um fardo, sua posição é meia
curva, caminha como a procurar uma direção, ao chegar na bifurcação para,
descarrega o fardo se recompõe, olha para os lados) há de ser por aqui..., mas
onde deve começar esse plácido caminho em que o fardo da culpa se faz leve?
Onde não mais serei triste sozinho, sobe o peso da dúvida esmagado...pelos
reinos, republicas, impérios em seitas, ritos e filosofias. Sempre achei o mas
negro dos mistérios, cada vez mais, me escurecendo os dias. Ah! Venho tão
cansado pela vida de alma sedenta, coração sequioso, em busca dessa
estrada apetecida que me há de conduzir ao eterno gozo.
Materialista: (personagem que antes como estátua vendo o peregrino se move
em direção a ele) tola criatura nômade, o que queres? Que desejo infinito de
consome? A vida se resume a seus mistérios: aplacar-se ao desejo...A sede...
e a fome?
Peregrino: eu cinto de mim que tenho uma alma, sei que existe um Deus que
nos governa, essa alma que possuo não tem calma, num problema sem fim da
vida eterna. Quero achar um sistema religioso que me garanta a pronta
salvação, que consista em sorrir de intimo gozo meu triste coração.
Materialista: (ridicularizando). Isso tudo que é a saudade e o sentimentalismo
comovente, que muitas vezes a criatura invade para o louco desejo de ser
crente: de crente de coisas tão abstratas de crendices pregadas em sonatas
para convencer o coração da plebe. Tudo é matéria: eis o fundo de uma vala
comum, onde todos se encontram e nada mais... (colocando o braço sobre ele)
para o prazer do mundo vens, sigamos! Este de certo é o melhor sistema
religioso a seguir: comemos, usufruímos e bebemos, pois, amanhã
morreremos, eis o lema!
(Saem de cena empolgados, o ator que representa o espirita se move olha os
dois).
Espirita: creio que em séculos passados o espirito de um grande visionário, que
por muitos processos ignorados chegou a este planeta secundário! Veio por
corpos diversos, encarnando e reencarnando, foi se renovando para a
conquistas dos ideais. (Entra o peregrino de novo triste) a que vem pecador, e
estas paragens? Que glorias buscas? Que troféus? Que palmas?
Peregrino:
Minha vida tem sido só de vagar, procurando um consolo para a minha alma!
Fui enganado. Louco, dei ouvidos a vã filosofia da matéria: pois dando
liberdade aos meus sentimentos, penetrei mais ainda na miséria. Quanta ilusão
nã há na crença humana, em cujos fundamentos sempre falhos, o homem
deseja impor-se, mas se engana na loucura infeliz de seus trabalhos.
Espirita: (aborrecido) cala-te louco! O espiritismo embora tenha sido fundado
por um homem, é de da filosofia a nova aurora, são preceitos que a dúvida
consome, foi o espirito de luz de Alan Kardec que com pena do estado
miserável da humanidade, deu-nos nova fé, a luz ciência universal que prisma
em sua crença revelada, ainda é de todas as crenças a mais linda, pois na
caridade tem seu prisma, expurgando os espíritos malignos e invocando os
espíritos de luz, fazendo a caridade é que somos dignos da alta filosofia de
Jesus.
Peregrino: De aceitar tal doutrina eu me recuso, por que não posso ao menos
conceber: tua espiritualidade é tão confusa que ninguém é capaz de
compreender.
Espirita: queres chegar de pronto tão de pressa aos pontos que precisam
longos estudos? Vem! Vem comigo, que eu te farei de certo compreender o
motivo disso tudo.
Peregrino: e se eu morrer em meio a pesquisa? Estarei salvo certamente?
Espirita? Não! Apenas reencenando-te em épocas imprecisa é que poderás ter
a salvação. De encarnação em encarnação, tua alma irá por novos mundos,
corpos novos para a conquista singular da alma, fazendo a caridade pelos
povos.
Peregrino: não te posso seguir! Não quero, anseio por uma salvação certa e
imediata! Sinto uma sede intérmina em meu seio que em aflições me sufoca e
mata.
Espirita: (irado) Adeus! Fica nas trevas então, pois são tantos os espíritos que
andam de enganado, que se não expulsares logo, em pranto, antes e após a
morte iras penar. (Sai).
Peregrino: Ó Deus! Para onde devo ir? Que caminho devo seguir para ter a
salvação? Será que devo esperar a morte? Será este o fim da minha
esperança, de minha alma?
Mago: O que busca ó criatura mortal e desprezível?
Peregrino: Busco a solução para minha vida! Um verdadeiro caminho para
seguir, um mundo a qual posso descansar na minha morte.
Mago: A solução para os teus problemas esta na canalização, um processo de
comunicação espiritual que irá revolucionar a humanidade neste século.
Peregrino: E com que dom posso conseguir essa canalização?
Mago: Tolo! Na canalização não exige nenhum dom especial para ser
praticado, basta sentar-se em um lugar calmo, relaxar um pouco e começar a
prestar atenção em pensamentos que começam a surgir do fundo da mente. A
medida que mais usar a canalização em sua vida, o homem se aproxima de
uma nova vida, então terá em suas mãos a magia das estrelas e dos planetas,
para controlar as forças da natureza e seus elementos, o ar, a terra, o fogo e a
agua.
Peregrino: então terei salvação com estes poderes nas mãos?
Mago: Ora. Para se preocupar com salvação que é um mistério que nem o
maior dos magos descobriu, mas para a salvação quando se pode ser dono de
poderes tão grandes? Venha! Eu te ensinarei tudo sobre a magia dos cosmos.
Peregrino: Não te posso seguir, pois minha alma anseia por salvação e não por
poderes. Não posso ir.
Mago: Tola criatura! Como pode desprezar uma vida de poderes e magias por
uma simples salvação? Fique com seus fracassos! (Dá as costas).
Peregrino: Meu Deus! Onde encontrar essa certeza de conseguir teu reino por
herança? Onde encontrar a verdadeira porta do esterno jardim do paraíso? E
essa luz atalaia que conforta na benção do consolo e do sorriso?
Macumbeiro: Ouvi o teu lamento e tenho visto tua dor, todos deram as costas
para ti, portanto resolvi te estender a mão.
Peregrino: Se tens visto o meu sofrer, sabes então o que busco? Sem demora
responde-me que tu é e o que devo eu fazer para alcançar a paz.
Macumbeiro: através de cerimonias e rituais, sacrifícios e oferendas, regadas
de som de tambores orientado pelos babalorixá" e "iyalorixá, após sete anos
poderá então está pronto para receber os orixás, e através de serviços abrirá
caminhos terá o conhecimento e a intimidade com o mundo paralelo.
Peregrino: e quando chego a minha salvação, em meio a esse processo?
Macumbeiro: não oferecemos salvação e sim evolução.
Peregrino: a tua crença me parece falha, pois não me oferece destino ou alvo,
ponto de chegada após tão fatigante trajetória de pecados e sofrimento, parece
um caminho sem propósito, não te posso seguir.
Macumbeiro: nunca encontrará em te paz, se não abrir caminho para os
espíritos que te cercam, estes te conduzirão após a tua morte ao mundo
paralelo dos espíritos e lá ficará preso para sempre.
Peregrino: não tenho mais forças, não posso seguir a mais nem um caminho,
cinto que é breve o meu perecer, cinto que não mais suportarei outra jornada,
meu corpo dói, minha alma queima, dói como dói o pecado dentro mim.
Roma: (altiva e orgulhosa) Ó desprezível pecador, o que buscas? Por que das
crenças de teus pais teus pais te afastas? Por que rebelde estupido te
ofuscastes com os hereges, incrédulos e iconoclastas?
Peregrino: quem es tu? Que vens com tanto império, falar a um pobre filho da
desgraça, que para o além-túmulo o mistério, procura a conclusão que o
satisfaça?
Roma: sou a gloria dos séculos, a soma da história universal do céu profundo!
Sou Roma, a mater. Célula do mundo, sou Roma o eterno ideal de
Constantino, de papas forjadores de mil leis, sou Roma a deusa dos modernos
dias do Vaticano, que por meio de imagens tenho o culto do mundo em que
domino e me glorio. Roma dos catecismos, dos rosários, Roma do celibato
clerical, das irmandades, dos confessionários, dos conventos e hierarquia
papal. Eu sou a crença de teus pais, por isso as desonras se acaso me rejeitas,
para te ires em pós de desencanto, ao convite enganoso de outras seitas.
Peregrino: Sendo tão imponente assim me garantes talvez o éden celeste? E
por que meio ei de alcança-lo? Se for bem certa esperança que me deste
aponta-me o caminho de encontrá-lo?
Roma: Procura o santo padre e te confesses, e serás puro e cheio de virtude e
crendo na santíssima promessa verás que o meu conselho não te ilude. No
mistério da santa eucaristia te limparás de todos os pecados e então levaras a
alma pia voltada para os céus alcandorados.
Roma: E se eu morrer? Terei clara ae segura a certeza de minha salvação?
Terei a garantia que fulgura na humildade das almas justas?
Roma: Não! É necessário então que que antes te confesse e que ao Deus da
vida a alma submissa tenhas a extrema unção. Bênçãos e preces e o mistério
santíssima da missa.
Peregrino: Serei salvo por isso?
Roma: Ainda é preciso que o santo padre em seu genuflexório benze de
missas numerosas a fim de livrar-te do purgatório.
Peregrino: Tua crença riquíssima é tão nobre, não cura o desespero que me
morde, não quero seguir-te porque sou pobre e não tenho ninguém em que me
recorde, como eu terei a missa da semana, do trigésimo dia, do ano? Óh! É
bem triste e amargamente horrendo. Não te quero seguir, o Deus supremo
minha petição a de escutar, e ouvindo e vendo meu suplico estremo, meu
coração que sofre a de salvar.
Roma: Eu te excomungo pecador herege! Seja para sempre teu viver maldito.
Teu fim será um sofrimento eterno nas chamas do purgatório, eu te condeno ao
sofrimento eterno de tua alma pecadora para sempre (sai aborrecida)
Peregrino: (olhando para os lados clama ao pai em alta voz) Pai! Pai! Onde
posso eu encontrar o teu refúgio ó pai, por acaso estou condenado a morrer
carregado e sufocado por meus pecados? Como pode o homem chegar até a
tua santa Cidade, a cidade celestial, mostra-me, ensina-me qual caminho devo
seguir, já que em nenhum encontrei a paz que pede o meu coração, a minha
alma. Dá-me senhor o teu refrigério.

Você também pode gostar