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31/10/2023, 18:16 Decreto nº 7053

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

P 7.0 ZE Q

Institui a Politica Nacional para a População em


. Situagdo de Rua e seu Comité Intersetorial de
(Vide ADPF 976) Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras
providéncias.

O PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alinea “a”, da Constituigao,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituida a Politica Nacional para a Populagdo em Situação de Rua, a ser
implementada de acordo com os principios, diretrizes e objetivos previstos neste Decreto.

Paragrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se população em situação de rua o grupo
populacional heterogéneo que possui em comum a pobreza extrema, os vinculos familiares
interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia convencional regular, e que utiliza os
logradouros públicos e as areas degradadas como espago de moradia e de sustento, de forma
temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporario ou como
moradia provisoria.

Art. 2° A Politica Nacional para a Populagéo em Situação de Rua sera implementada de


forma descentralizada e articulada entre a União e os demais entes federativos que a ela aderirem
por meio de instrumento préprio.

Paragrafo único. O instrumento de adesão definira as atribuicdes e as responsabilidades a


serem compartilhadas.

Art. 3% Os entes da Federação que aderirem à Politica Nacional para a População em


Situação de Rua deverão instituir comités gestores intersetoriais, integrados por representantes
das areas relacionadas ao atendimento da população em situação de rua, com a participagédo de
féruns, movimentos e entidades representativas desse segmento da populagao.

Art. 42 O Poder Executivo Federal podera firmar convénios com entidades publicas e
privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que beneficiem a
populagdo em situagdo de rua e estejam de acordo com os principios, diretrizes e objetivos que
orientam a Politica Nacional para a População em Situação de Rua.

Art. 52 São principios da Politica Nacional para a População em Situagao de Rua, além da
igualdade e equidade:

| - respeito a dignidade da pessoa humana;

Il - direito
direito a& convivência
convivénci familiar
ilia e comunitária
unitária; AlyssonLeonelBfl"dlm.
Ill - valorização e respeito à vida e à cidadania; Advogado
OAB/MS 13151

IV - atendimento humanizado e universalizado; e

https://www.planalto.gov03/
.br/ccivil
ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm 15
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V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero,


orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a População em Situação de Rua:

| - promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais;

1| - responsabilidade do poder público pela sua elaboração e financiamento;

11l - articulação das politicas públicas federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal;

IV - integração das políticas públicas em cada nível de governo;

V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução;

VI - participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da


população em situação de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das políticas
públicas;

VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação


nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas
públicas;
e
VIII - respeito às singularidades de cada território e ao aproveitamento das potencialidades
recursos locais e regionais na elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento
das políticas públicas;
to,
IX - implantação e ampliação das ações educativas destinadas à superação do preconcei
to
e de capacitação dos servidores públicos para melhoria da qualidade e respeito no atendimen
deste grupo populacional; e

X - democratização do acesso e fruição dos espaços e serviços públicos.

Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a População em Situação de Rua:

| - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram
as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança,
cultura, esporte, lazer, trabalho e renda;

|| - garantir a formação e capacitação permanente de profissionais e gestores para atuação


no desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, transversais e intergovernamentais
direcionadas às pessoas em situação de rua;

111 - instituir a contagem oficial da população em situação de rua;

IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos e culturais


sobre a rede existente de cobertura de serviços públicos à população em situação de rua;

V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para a formação de cultura


de respeito, ética e solidariedade entre a população em situação de rua e os demais grupos
sociais, de modo a resguardar a observância aos direitos humanos;
em
VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população
situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial,
sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento;

VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua;

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VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização de canais de comunicação para o


recebimento de denúncias de violência contra a população em situação de rua, bem como de
sugestões para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas para este segmento;

IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos benefícios previdenciários e


assistenciais e aos programas de transferência de renda, na forma da legislação especifica;

X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único
de Saúde para qualificar a oferta de serviços;

Xl - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto na estruturação e


reestruturação dos serviços de acolhimento temporários, de acordo com o disposto no art. 8%

XII - implementar centros de referéncia especializados para ?tendimento da população em


situação de rua, no âmbito da proteção social especial do Sistema Unico de Assistência Social;

XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para proporcionar


acesso permanente à alimentação pela população em situação de rua à alimentação, com
qualidade; e

XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação de


rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.

Art. 8º O padrão básico de qualidade, segurança e conforto da rede de acolhimento


temporário deverá observar limite de capacidade, regras de funcionamento e convivência,
acessibilidade, salubridade e distribuição geográfica das unidades de acolhimento nas áreas
urbanas, respeitado o direito de permanência da população em situação de rua,
preferencialmente nas cidades ou nos centros urbanos.

$ 1º Os serviços de acolhimento temporário serão regulamentados nacionalmente pelas


instâncias de pactuação e deliberação do Sistema Unico de Assistência Social.

$ 2º A estruturação e reestruturação de serviços de acolhimento devem ter como referência


a necessidade de cada Município, considerando-se os dados das pesquisas de contagem da
população em situação de rua.

§ 3º Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por intermédio da


Secretaria Nacional de Assistência Social, fomentar e promover a reestruturação e a ampliação da
rede de acolhimento a partir da transferência de recursos aos Municípios, Estados e Distrito
Federal.

§ 4º A rede de acolhimento temporário existente deve ser reestruturada e ampliada para


incentivar sua utilização pelas pessoas em situação de rua, inclusive pela sua articulação com
programas de moradia popular promovidos pelos Governos Federal, estaduais, municipais e do
Distrito Federal.
M t tee
nitoramente—aa

s adad - tant:
sociedade - ceivi e portmHtrepresentant
(Revogado |
Ministérie-de-Besenvo D (Revogado
pelo Decreto nº 9.894, de 2019)
H—Ministérie-dadusticar (Revogado pelo Decreto nº 9.894, de 2019)

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hitps://vwww.planalto.gov.briccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm
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R Ministério-da-Saúde: (Revogado pelo Decreto nº 9.894, de 2019)
V—Ministério da-Educação; (Revogado pelo Decreto nº 9.894, de 2019)
Vi Ministério-das-Cidades: (Revogado pelo Decreto nº 9.894, de 2019)
inistéri á (Revogado pelo Decreto nº
9.89
de 4,
2019)
it (Revog
pelo Decretoado
n° 9.894, de
2019)
BX—tdinistério-da-Sutturar (Bmgad_nªmgw_n_ê_% _&ZQJ&)

clitica , ara-a a 4 acão+ ta ( vog ro g

2019)

https:/Awww.planalto.gov.br/ceivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm 415
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Art. 15. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República instituirá o
Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a População em Situação de Rua,
destinado a promover e defender seus direitos, com as seguintes atribuições:

| - divulgar e incentivar a criação de serviços, programas e canais de comunicação para


denúncias de maus tratos e para o recebimento de sugestões para políticas voltadas à população
em situação de rua, garantido o anonimato dos denunciantes;

|l - apoiar a criação de centros de defesa dos direitos humanos para população em situação
de rua, em âmbito local;

Ill - produzir e divulgar conhecimentos sobre o tema da população em situação de rua,


contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de gênero e
geracional nas diversas áreas;

IV - divulgar indicadores sociais, econômicos e culturais sobre a população em situação de


rua para subsidiar as políticas públicas; e

V - pesquisar e acompanhar os processos instaurados, as decisões e as punições aplicadas


aos acusados de crimes contra a população em situação de rua.

Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasilia, 23 de dezembro de 2009; 188º da Independência e 1212 da República

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Tarso Genro
Fernando Haddad
André Peixoto Figueiredo Lima
José Gomes Temporão
Patrus Ananias
João Luiz Silva Ferreira
Orlando Silva de Jesus Júnior
Márcio Fortes de Almeida
Dilma Rousseff

Este texto não substitu o publicado no DOU de 24.12.2009

5/5
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ata2007-201 0/2009/decreto/d7053.htm
POPULAÇÃO
EM SITUAÇÃO
DE RUA
Diagnostico com base nos dados
e informações disponiveis em
registros administrativos e sistemas
do Governo Federal

GOVERNO FEDERAL
MINISTERIO DOS
DIREITOS HUMANOS ': -l
E DA CIDADANIA Fs D
UNIÃO E RECONSTRUÇÃO
POPULAÇÃO
EM SITUAÇÃO
DE RUA
Diagnóstico com base
nos dados e informações
disponíveis em registros
administrativos e sistemas
do Governo Federal
MINISTÉRIO DOS
DIREITOS HUMANOS E DA CIDADANIA - MDHC

SECRETARIA-EXECUTIVA
COORDENAÇÃO-GERAL DE
INDICADORES E EVIDÊNCIAS EM DIREITOS HUMANOS

SECRETARIA NACIONAL DE
PROMOÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
DIRETORIA DE PROMOÇÃO DOS
DIREITOS DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9º andar, Brasília, Distrito Federal, CEP


70.054-906
Telefone: (61) 2027-3562
direitoshumanos@mdh.gov.br
www.gov.br/mdh/pt-br

Brasilia, agosto de 2023.

Os direitos autorais são reservados ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A reprodução do
todo ou parte deste documento é permitida somente para fins não lucrativos e desde que citada a fonte.

Projeto gréfico e diagramagéo: Daniel Neves Pereira/ ASCOM MDHC

Foto da capa: Marcos Santos/USP Imagens


Sumário

Sumário Executivo

Introdução

Bases de dados consultadas

Analisando os dados

Número de pessoas em situação de


rua cadastradas no Cadastro Unico

Perfil das pessoas em situação de


rua cadastradas no Cadastro Unico 18

Violéncias contra pessoas em situação de


rua notificadas no SINAN 20

Servigos de saúde voltados & população


em situação de rua 22

Servigos de assisténcia social voltados


& populagdo em situagéo de rua

Apontamentos para as Politicas Pablicas

Referéncias

Pagina
Interativa
em situação de rua, em dezembro 2022, a condição de situaçãode rua da vítima
não dispõe de Centro Pop. (48.608 notificações), o que representa
Considerandoo atendimentoem outre uma média de 17 notificações
por dia.
serviços de assistência social no pa — Entre 2015 e 2022, houve um aumento.
19% das pessoas em situação de rua de 5% das notificações no país, mas
informaram terem sido atendidas por a distribuição entre as regiões revela
Centro de Referência de Assistência Social diferenças significativas, como o
(CRAS), 24% por Centro de Referência incrementode 50%na região Nordeste
Especializado de Assistência Social e a redução de -27% na Sul. O ano de
(CREAS), 33% por outras instituições maior incremento no número total de
governamentais e 7% por instituições notificações de violência no país foi de
não governamentais. 12% informaram 2016 para 2017 (17%),
não terem sido atendidos em nenhum
local no período. Apesar de as mulheres representarem
apenas 13%do totalde pessoas vivendo
Em 2022, havia 246 Centros Pop em nas ruas, foram vítimas de 40% dos
funcionamento no país, distribuídos por casos de violência notificados em 2022.
218 municípios (menos
de 7% do total de Homens negros e jovens correspondem
municipios com pessoas
em situação de às principais vítimas desse tipo de
rua no país e 69% do total de municípios violência. Pessoas pardas (55%) e pretas
com mais de 100.000 habitantes). (14%) somam 69% das vítimas e a faixa
Na saúde, entre dezembro de 2015 e etária mais atingida é de 20 a 29 anos
dezembro de 2022, houve umincremento (26%), seguida dos 30 a 39 anos (25%).
de 82% no número de Equipes de Em relg&;a ao tipo de violência, 88%
Consultórios na Rua - eCR, passandode das notificações, de 2022, envolviam
142 para 259 equipes, distribuídas em violência física, sendo a violência
145 municípios (menos de 5% do totalde psicológica a segunda mais frequente
municipios com pessoas em situação de (14%).
rua no país e 46% dos municípios com Pessoas desconhecidas das vítimas
mais de 100.000 habitantes).
foram indicadas como prováveis autores
Entre 2015 e 2022, foram registrados da agressão em 39% dos casos
e o local
3.706.056 atendimentos pelas eCR, com de agressão mais frequente foram
uma média de 463.257 atendimentos as vias públicas. Casos recorrentes
por ano. Divididos pela populaçãoem correspondem a 28% das notificações.
situação de rua estimada a partir do
Cadastro Unico para dezembro de 2022,
seriam menos de 2 atendimentos por Informações mais detalhadas e
W pqr ano.
desagregadas por região, estadose
, o número de atendimentos municípios poden nrm᪠pelo
r no ano passou de 58.370, painel: HRy )
em 2015, para 979,193 em 2022. Isso
representa um incrementode 1,578%,
ou seja, 15 vezes o quantitativo inicial.
Entre 2015 e 2022, 2% do total de
situações de violência notificadas no
istema de Informaçãode Agravos de
Notificação (SINAN), do Ministério da
Saúde, tiveram como motivação principal
7 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA- Diagnóstico com base nos dados e informações dispanivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

Introdução
Este relatório tem como objetivo apresentar informações
referentes à população em situação de rua do país, a partir dos
dados disponíveis nos cadastros e sistemas de informação
do Governo Federal, a fim de subsidiar o diagnóstico e as
intervenções no âmbito das políticas públicas voltadas a
essa população.

Desde 2009, está vigente a Política Nacional para a População


em Situação de Rua (PNPSR), instituída pelo Decreto nº 7.053,
de 23 de dezembro de 2009. Conforme o Decreto, considera-
se população em situação de rua o grupo populacional
heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema,
os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a
inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza
os logradouros públicos e as áreas degradadas como
espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou
permanente, bem como as unidades de acolhimento para
pernoite temporário ou como moradia provisória (BRASIL,
2009a).

“Os objetivos da PNPSR são: assegurar o acesso amplo,


simplificado e seguro aos servigos e programas que integram
as diversas politicas publicas desenvolvidas pelos 6rgaos
do Governo Federal e seus principios prezam pelo respeito
a dignidade da pessoa humana; o direito a convivéncia
familiar e comunitaria; a valorização e respeito a vida e a
cidadania; o atendimento humanizado e universalizado; e o
respeito as condições sociais e diferencas de origem, raça,
idade, nacionalidade, género, orientação sexual e religiosa,
com atencao especial as pessoas com deficiéncia” (idem).

A Politica Nacional para a Populagdo em Situação de


Rua deve ser implementada de forma descentralizada e
articulada entre a Unido e os demais entes federativos.
Para a elaboração dos planos, programas e projetos, e a
coordenação e proposi¢do de medidas que assegurem a
articulagdo intersetorial das politicas publicas federais para
a implementagdo da PNPSR, foi instituida, pelo Decreto
11.341, de 01 de janeiro de 2023, a Diretoria de Promoção
dos Direitos da Populagdo em Situação de Rua (DDPR),
no âmbito da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa
dos Direitos Humanos (SNDH) do Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania (MDHC) (BRASIL, 2023a). Também
foi ampliada e revista, em 2023, a composição do Comité
Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da
Politica Nacional para a População em Situação de Rua
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 8

(CIAMP-Rua) (BRASIL, 2023b).


No entanto, para que se possa implementar de forma efetiva
a PNPSR, tanto em âmbito federal, quanto nos estados e
municípios, é primordial ter informações fidedignas sobre
essa população, a fim de se conhecer quantas pessoas estão
em situação de rua atualmente, qual a sua distribuição no
país e qual o perfil dessa população, buscando políticas
direcionadas e oportunas. Para isso, a politica traz entre
seus objetivos:

“l - instituir a contagem oficial da populagdo em situação


de rua;

()
VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgagdo de
conhecimentos sobre a populagdo em situagdo de rua,
contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude
étnico-racial, sexual, de género e geracional, nas diversas
dreas do conhecimento”.

Porém, essa contagem oficial das pessoas em situação de


rua e a divulgagao das informagdes sobre essa população
não se concretizaram até o momento.

Em Decisdo Liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) na


Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) 976, de 2023 (BRASIL, 2023d), o órgão afirma que:

“Nos últimos anos, a crise da rua tornou-se cada vez mais


evidente na realidade dos brasileiros, seja vivida, seja
testemunhada. Essa condição de emergéncia social é
conhecida pelo Estado brasileiro, mas a grave escassez de
dados estatisticos sobre a população em situagdo de rua
(PSR) e a auséncia de dados oficiais recentes sobre esse grupo
social dificultam a suplantagéo desse problema. Com efeito,
os últimos Censos Demogrdficos realizados ignoraram essa
populagdo e incluiram somente a população domiciliada.
O único levantamento oficial de que se tem ciéncia foi
realizado em 2009. Trata-se da “Pesquisa Nacional sobre
Populagdo em Situacdo de Rua”, promovida pelo Ministério
9 POPULAGAO EM SITUAÇÃO DE RUA- Diagnéstico com base nos dados e informagdes disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Por essa razão, o STF determinou a formulagdo, pelo


Poder Executivo Federal, no prazo de 120 (cento e vinte)
dias, do Plano de Ação e Monitoramento para a efetiva
implementacao da Politica Nacional para a População em
Situação de Rua, devendo conter, entre outros:

“I.1) Elaboragdo de um diagnéstico atual da populagéo em


situação de rua, com identificagdo do perfil, da procedéncia
e de suas principais necessidades, entre outros elementos
a amparar a construgdo de politicas publicas voltadas ao
segmento;

1.2) Criagdo de instrumentos de diagndstico permanente da


população em situagdo de rua;

1.3) Desenvolvimento de mecanismos para mapear a


populagdo em situagdo de rua no censo realizado pelo IBGE;
LJ

Afim de subsidiar a resposta e a atuação do Ministério


dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Coordenação-
Geral de Indicadores e Evidências da Secretaria-Executiva
apresenta o presente relatório, com base na análise dos
dados sobre as pessoas em situação de rua disponíveis
até o momento nos principais cadastros e sistemas de
informação do Governo Federal.

3 4

o A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnéstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 10

Bases de dados consultadas

Tendo em vista a limitação de fontes de dados sobre a


população em situação de rua, buscou-se informações
a partir das bases da Assistência Social (Cadastro Único
e Registro Mensal de Atendimentos - RMA) e da Saúde
(Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN,
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES e
Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica -
SISAB), a fim de identificar o quantitativo e perfil das pessoas
em situação de rua (PSR) e as notificações de violências
atendidas e registradas pelos serviços de saúde. Segue uma
breve descrição sobre cada uma dessas bases:

* Cadastro Unico; O Cadastro Único para Programas Sociais


do Governo Federal (Cadastro Unico) foi instituido através
da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (BRASIL, 1993).
É o instrumento de coleta, processamento, sistematização
e disseminacdo de informacdes para identificacdo e
caracterizagdo socioecondmica das familias de baixa
renda que residem no territério nacional, sendo utilizado
para o acesso e a integragdo de programas sociais do
Governo Federal. Desde 2022, o cadastramento das
familias tem sido realizado pelos Municipios que tenham
aderido ao Cadastro Unico ou pelas familias, por meio
eletrénico, na forma estabelecida pelo atual Ministério do
Desenvolvimento e Assisténcia Social, Familia e Combate
3 Fome (MDS). Atualmente, existem trés instrumentos de
coleta: Identificação da Pessoa; Identificação do Domicilio
e da Famflia e Identificagdo do Agricultor Familiar. Tendo
em vista que, até o momento, ndo foi realizado um Censo
especifico para as PSR contemplando todos os municipios
do pais, o Cadastro Unico tem sido utilizado como proxy
para uma estimativa da populacdo em situação de rua
no pafs, o acompanhamento da sua evolugéo ao longo
do tempo e a compreenséo do perfil dessa população.
No entanto, destaca-se que esses dados só contabilizam
as PSR que efetivamente acessaram a politica de
assisténcia social e foram cadastradas, ndo contemplando
necessariamente toda a população em situação de rua
do pais. Para esse relatorio, foram contabilizadas todas
as pessoas inscritas no Cadastro Unico em dezembro de
2022, incluindo todas as condições cadastrais. Link para
acesso aos dados: https://www.gov.br/pt-br/servicos/
Fs
nn POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

RMA: O Registro Mensal de Atendimentos (RMA) foi criado


para atender às determinações da Resolução CIT nº 4, de
24 de maio de 2011, que institui parâmetros nacionais
para o registro das informações dos serviços ofertados
nos centros de referência da assistência social (BRASIL,
2011). Trata-se de um sistema no qual são registradas
informações sobre o volume de atendimentos e alguns
perfis de famílias e indivíduos atendidos/acompanhados
nos CRAS, CREAS e Centros POP. O sistema gera relatórios
sobre o trabalho desenvolvido pelas equipes no decorrer
de cada mês, permitindo analisar os tipos de serviços
ofertados e o volume de atendimentos, com marcações
específicas para PSR nos atendimentos de CREAS e Centros
Pop. Compete a cada município regular de forma mais
detalhada os fluxos e processos entre seus respectivos
serviços e o nível central da gestão. Assim, pode haver
sub-registro e variações na qualidade dos dados entre
diferentes localidades. Link para acesso aos dados: https://
ic. mds.gov.br/snas/vigi ia/i

Censo SUAS: O Censo do Sistema Unico de Assisténcia


Social - Censo SUAS foi regulamentado pelo Decreto
nº 7.334, de 19 de outubro de 2010 (BRASIL, 2010),
embora seja realizado desde 2007. Tem a finalidade
de coletar informações sobre os servicos, programas e
projetos de assisténcia social realizados no dmbito das
unidades publicas de assisténcia social e das entidades e
organizagdes constantes do cadastro de que trata o inciso
Xl do art. 19 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
bem como sobre a atuação dos Conselhos de Assisténcia
Social. A geração de dados no ambito do Censo SUAS tem
por objetivo proporcionar subsidios para a construção e
manutencdo de indicadores de monitoramento e avaliação
do Sistema Unico de Assisténcia Social - SUAS, bem como
de sua gestão integrada. A realizacio do Censo SUAS é
anual, baseada em um processo de coleta de dados por
meio de um formulario eletrénico, que é preenchido
pelas secretarias e pelos conselhos de assisténcia social
dos estados e dos municipios. O levantamento faz um
retrato detalhado sobre a estrutura e os serviços prestados
nos equipamentos de assisténcia social de todo o país,
o que contribui para a qualificacdo do planejamento,
acompanhamento e avaliação do SUAS. Link para acesso
aos dados: : i i
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 12

* SINAN: O Sistema de Informagéo de Agravos de Notificagdo


(SINAN) é alimentado, principalmente, pela notificação e
investigacdo de casos de doenças e agravos que constam
da lista nacional de doencas de notificagdo compulséria,
sendo facultada a estados e municipios a incluséo de
outros problemas de saúde importantes em sua região.
De acordo com a Portaria de Consolidagdo GM/MS nº
4/2017, também são objetos de notificagdo compulséria os
casos suspeitos ou confirmados de “Violéncia doméstica
e/ou outras violéncias” e de notificação imediata casos de
“Violéncia sexual e tentativa de suicidio” (BRASIL, 2017a).
O SINAN pode ser operacionalizado nas unidades de
saude, seguindo a orientação de descentralizagdo do
SUS e a Ficha Individual de Notificagao (FIN) é preenchida
para cada paciente quando da suspeita da ocorréncia de
problema de saúde de notificagdo compulséria ou de
interesse nacional, estadual ou municipal. Há um campo
especifico de marcação na ficha para a situação de rua, no
item referente a motivação da violéncia. Uma limitacdo é
que se estima que ainda haja uma subnotificacdo desta
informacéo, sobretudo quando há outras motivacoes
para a violéncia. Link para acesso aos dados: ftp://ftp.
datasus.gov.br/
* CNES: O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saude
(CNES) foi instituido pela Portaria do Ministério da Saúde
nº 1646/2015 e consiste no sistema de informagao oficial
de cadastramento de informagcdes de estabelecimentos
de saúde no pais, independentemente de sua natureza
juridica ou de integrarem o Sistema Unico de Saúde (SUS)
(BRASIL, 2017b). É utilizado para cadastrar e atualizar
as informações sobre os estabelecimentos de saúde e
suas dimensões, como recursos fisicos, trabalhadores e
servios. O cadastramento e a manutengdo dos dados
cadastrais no CNES são obrigatérios para que todo e
qualquer estabelecimento de saúde em funcionamento
no territério nacional. No CNES, ha cadastros especificos
para equipes, entre elas as equipes de Consultério na Rua
(eCR), no ambito da atencdo primaria. Uma limitacao da
base é que o cadastro ativo no CNES ndo necessariamente
representa o funcionamento efetivo das equipes nos
territorios. Link para acesso aos dados: http://tabnet.
á PE õ
1K) POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnéstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

* SISAB: O Sistema de Informagdo em Saude para a


Atencdo Básica (SISAB) foi instituido pela Portaria GM/
MS n°1.412/2013 e é o sistema de informação da Atenção
Basica vigente para fins de financiamento e de ades&o aos
programas e estratégias da Politica Nacional de Atenção
Basica (BRASIL, 2017b). Coleta informações sobre a situação
sanitaria e de saúde da populagdo do territorio por meio de
relatérios de satide, bem como de relatérios de indicadores
de saude por estado, municipio, regido de saúde e
equipes da Estratégia Saúde da Familia, dos Núcleos de
Apoio a Saúde da Familia (NASF), do Consultério na Rua
(eCR), de Atengao a Saúde Prisional (EABp) e da Atenção
Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam ações
no ambito de programas como o Saude na Escola (PSE)
e a Academia da Saúde. Ainda que a informação sobre a
produção das equipes seja requisito para a manutengao
do financiamento, ainda há problemas com relação a
qualidade dos dados informados, o que representa uma
limitação da base. Além disso, este não é o Unico servico
de saúde que realiza atendimentos as PSR, porém é o
mais especifico. Link para acesso aos dados: https:/sisab.

saude/RelSauProducao.xhtml

Além das limitações especificas de cada base, ja apresentadas,


cabe destacar a limitação apontada em Decisdo do STF:

“Enfatize-se, no entanto, a limitagdo do levantamento em


relação a esses números, em razdo das principais fontes
utilizadas (Cadastro Unico para Programas Sociais do Governo
Federal, Registros Mensais de Atendimento socioassistencial
e Censo Suas), que ndo incluem a parte mais marginalizada
da populagdo em situagdo de rua, ou seja, aquela que não se
beneficia de qualquer prestagéo assistencial do Estado ou,
ainda, aquela que sequer tem documentos de identificagéo.
Nessa conjuntura, ndo existe um mapeamento oficial da
populagdo em situagdo de rua no pais, requisito essencial
para o desenvolvimento de politicas públicas. A auséncia
de censo oficial atualizado é elemento limitador para o
desenvolvimento de pesquisas capazes não só de mensurar
quantitativamente a população em situação de rua, mas
também qualitativamente. Isto é, gerar dados suficientes para
desenhar o perfil (ou perfis) e as condicées de sobrevivéncia
das pessoas em situação de rua no pais, indicando as
principais vulnerabilidades, as causas mais recorrentes de
entrada na rua, os motivos incentivadores de saida das ruas,
entre outros fatores. Ndo se pode negligenciar que, para o
enfrentamento da temdtica da população em situacdo de rua,
é essencial de compreender o cendrio de estado nas ruas, ou
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 4

seja, as principais faltas substanciais, como alimentagdo e


higiene, os direitos fundamentais violados e o actimulo de
vulnerabilidades do heterogéneo grupo social. É igualmente
& relevante compreender os motivos que levam o individuo
às ruas, pois o reconhecimento dessa circunstdncia permite
desenvolver programas de prevengdo à entrada na rua, a
fim de mitigar os nimeros jG em aceleragéo crescente. Em
soma, entende-se essencial delinear fatores psicossociais
e econdmicos que incentivam e impulsionam a saida das
- ruas, para a elaboração de políticas públicas e de medidas
assistenciais com essa finalidade”,

Assim, destaca-se que a presente análise é apenas um


diagnóstico preliminar e parcial sobre a população em
situação de rua, devendo ser complementado com os
dados do Censo Demográfico 2022 (ainda não disponíveis)
e por outros instrumentos de diagnóstico permanente da
população em situação de rua a serem estabelecidos para
o cumprimento da Medida Cautelar e para a concretização
da PNPSR.
Analisando os dados

Número de pessoas em situação de rua


cadastradas no Cadastro Unico

Definida como um grupo populacional heterogéneo, que


possui em comum a pobreza extrema, os vinculos familiares
interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia
convencional regular (BRASIL, 2009a), a populagdo em
situagdo de rua tem aumentado significativamente no pais.

Dados obtidos a partir do Cadastro Unico demonstram que,


em dezembro de 2022, 236.400 pessoas encontravam-se em
situacdo de rua no Brasil e cadastradas no Cadastro Unico,
ou seja, 1 em cada 1.000 pessoas no Brasil estava vivendo
nessa situa¢do. Quanto a distribuição no territério, 3.354
dos municipios brasileiros tinha pelo menos uma pessoa
em situação de rua, o que corresponde a 64% do total de
municipios do país.

Tabela 1 - 10 Municipios com maior numero absoluto de pessoas em situação de


rua cadastradas no Cadastro Unico em dezembro de 2022,

- - POPULAÇÃO PSR NO % DO TOTAL


REGIAO UF MUNICIPIO TOTAL CADASTRO DE PSR DO
2022 UNICO 2022 PAIS
Sudeste SP SãoPaulo 11.451.245 53.853 22,8
Sudeste R) RiodejJaneiro 6.211.423 13.566 57
Sudeste MG Belo Horizonte 2.315.560 11.826 50
Centro-Oeste DF Brasília 2.817.068 7.924 34
Nordeste BA Salvador 2.418.005 7.909 3,3
Nordeste CE Fortaleza 2.428.678 6.334 2,7
Sul PR Curitiba 1.773.733 3477 15
Sul RS PortoAlegre 1.332.570 3.189 13
Sudeste SP Campinas 1.138.309 2.547 11
Sul SC Florianópolis 537.213 2.020 0,9
Total 10 municipios 32.423.804 112.645 47,7
Fonte: Elaboração prépria, a partir de dados do Cadastro Unico (Cadastro Unico) e do Censo Demografico 2022 (IBGE).
POPULAGAO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e Informações disponíveis em registros adminlstrativos e sistemas do Governo Federal
16

Os 10 municípios com maior número de PSR concentram


Juntos quase 48% da população em situação de rua do Brasil,
conforme verifica-se na tabela 1. S&o eles: São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Fortaleza, Curitiba,
Porto Alegre, Campinas e Florianópolis. Destaca-se que,
destes, apenas Porto Alegre, Campinas e Florianópolis não
estão na lista dos 10 maiores municípios do país em termos
de população total. Só a cidade de São Paulo concentra
uma quantidade de pessoas em situação de rua maior do
que a população total de 89% dos municípios brasileiros.

+
Em números absolutos, o Sudeste conta com o maior
quantitativo de pessoas em situação de rua cadastradas,
alcançando 145.689, em dezembro de 2022, o que representa
62% do total do país.

Assim como sua capital, o estado de São Paulo concentra a


maior população em situação de rua, com 95.195 pessoas
(40%), conforme verifica-se na Tabela 2. Já o Distrito
Federal é a unidade da federação com maior percentual
de pessoas em situação de rua com relação à população
total (0,28%), com quase 3 pessoas em situação de rua a
cada mil habitantes. 6 estados possuem mais de 10.000 PSR
cadastradas no Cadastro Único. São eles: São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul.
Já entre os municípios, Belo Horizonte apresenta o maior
percentual de pessoas em situação de rua com relação à
população total (0,5%), com 5 pessoas em situação de rua
a cada mil habitantes.

Esses dados apresentam apenas uma face do problema,


entretanto. Enquanto cadastro de familias em situação de
pobreza e extrema pobreza para acesso aos beneficios
socioassistenciais, os dados do Cadastro Unico revelam o
número de pessoas alcancadas dentro dos limites da ação
estatal.

Sobre isso, vale destacar que, para a inclusdo no Cadastro


Unico, é necessaria a apresentago de Cadastro de Pessoa
Fisica (CPF) ou certiddo de nascimento, e uma das demandas
mais recorrentes das pessoas em situagao de rua é de
servicos de documentacdo, especialmente a segunda via
de documentos pessoais como RG, CPF e certidoes,
considerando que é muito comum que esses documentos
sejam roubados, extraviados, perdidos ou deteriorados
(IPEA, 2023a).
Tabela 2- Númeru de Pessoas em Situação de Rua (PSR) cadastradas no
Cadastro Único em dezembro de 2022, por Unidade da Federação (UF).

UF — POPULAÇÃO PSRNO CADASTRO Pg"P"US&gQO % DO TOTALDE


TOTAL 2022 — ÚNICO 2022 TOTAL PSR DO PAÍS
Brasil 203.062.512 236400 0,12 100
sP 44.420.459 95195 - 0,21 403
MG 20538718 Gy R 1S 11,0
R 16.054.524 21.025 0,13 89
PR 11.443.208 13384 012 57
BA 14.136.417 12.604 53
RS 10880506 — 10877 RS
CE 8.791.688 9.217 39
e 7.609.601 9.065 38 '
DF 2.817.068 7.924 3.4 :
PE 9.058.155 4325 18 |
GO 7.055.228 3.701 1,6 |
ES 3.833.486 3542 1,5 l
MT 3.658.813 3.051 1,3 '
MA 6.775.152 2.286 1,0 ‘
PA 8.116.132 1.920 0,8 :
RN 3.302.406 1.909 038 :
MS 2.756.700 1717 0,7 '
RR 636.303 1714 0,7 1
AL 3.127.511 1.332 0,6 Í
AM 3.941.175 1.310 0,6 ;
SE 2.209.558 1.296 05 :
Pl 3.269.200 1.146 05 j
PB 3.974.495 832 04 .
RO 1.581.016 444 02 ;
AC 830.026 290 0,1 '
TO 1.511.459 279 0,1 :
AP 733,508 88 0,0 '

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do Cadastro Único e do Censo Demográfico 2022 (IBGE).
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e Informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 18

No pais, 23% das PSR cadastradas informaram ser registradas


em cartério, mas não possuir a certiddo de nascimento. Esse
percentual foi maior na Regido Sul, com 32%, e menor no
Nordeste (17%).

Conforme a Decisão do STF:

“além do desafio de se obter informações e de ter acesso


documentos de identificacdo e registro, dado que se estima
que cerca de trés milhões de brasileiros ndo possuem certidão
de nascimento e em torno de 50 milhões ndo tém CPF, muitas
das politicas publicas destinadas a essa populagéo não levam
em conta essa vulnerabilidade para seu estabelecimento.
Assim, é considerada a questdo de como exercer cidadania
sem acesso ao registro civil e a consequente invisibilidade
diante de um rol de servigos bdsicos, como a utilizagdo do
SUS, retirada de auxilio etc.” (BRASIL, 2023d).

Diante da auséncia de informações sobre esse público nos


estudos censitarios do pais, as pesquisas oficiais disponiveis
são baseadas em estimativas. Um exemplo é o estudo do
Instituto de Pesquisas Econdmica Aplicada (Ipea), publicado
recentemente, que aponta para um crescimento menos
acelerado dessa população, de 38% entre 2019 e 2022,
analisando os dados do Censo SUAS (IPEA, 2023b). Apesar
de optar por outra base de dados, o autor do estudo indica
que o Cadastro Unico é um bom parametro para estimar o
número real de pessoas em situação de rua, considerando
a sua crescente correlagdo com os resultados de pesquisas
de campo.

Perfil das pessoas em situação de rua


cadastradas no Cadastro Unico

Os dados registrados no referido Cadastro sobre a população


em situagdo de rua no pais, em dezembro de 2022, revelam
um perfil majoritariamente masculino (87%), adulto (55%
tém entre 30 e 49 anos) e de pessoas negras (pardas - 51%;
pretas - 17%). A maioria sabe ler e escrever (90%) e ja teve
emprego com carteira assinada (68%).

Asituagdo em alguns estados contrasta com o perfil nacional


e merece destaque. A exemplo de Roraima, que apresenta
um percentual significativo de mulheres (38%) e criancas e
adolescentes (19%) entre a população em situação de rua.
Cabe ressaltarque 94% do total de pessoas no estado vivendo
nesta situagdo é de origem estrangeira, majoritariamente
18 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações dispanivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

da Venezuela. Estudo realizado pela Cáritas Brasileira (2022)


aponta que a capital do estado apresentava, em 2009, o
total de 67 pessoas em situação de rua, e passou para
5.867 em 2022.

No quesito raga ou cor, a população negra representa 93%


das pessoas em situação de rua nos estados da Bahia e
do Amazonas. Quando avaliamos apenas o segmento das
pessoas que se autodeclaram pretas, estas representam
menos de 10% da populagao total do país e 17% das pessoas
em situação de rua, refletindo aspectos
do racismo estrutural
e exclusdo que marcam o Brasil. A proporção de indigenas
em situação de rua é de 0,2% no país, sendo maior na
Regido Norte (0,5%). Entre os estados, a maior proporção
é no Pará, de 0,9%.

Chama a atenção o percentual de pessoas em situacdo de rua


com deficiéncia (15%). A deficiéncia fisica é a mais frequente
(47% entre as pessoas em situacao de rua com deficiéncia),
seguida pelos transtornos mentais (ainda que ndo sejam
necessariamente deficiéncias, porém contabilizadas dessa
forma no Cadastro), com 18%, e as deficiéncias visuais (16%).

Quanto ao local de nascimento, 37% nasceram no municipio


atual, 59% em outro municipio e 4% em outro país (9.749
pessoas). Do total de migrantes internacionais, 54% sao
provenientes da América do Sul, dos quais 43% são de
origem venezuelana. Na sequéncia, estdo os angolanos,
representando 23%; e os afegdos, com 11%.

O Nordeste é a regido em que ha mais pessoas em situação


de rua vivendo no mesmo municipio em que nasceram
(54%), com destaque para a Bahia, com 61%.Já a Regido
Norte tem a maior proporção de PSR que nasceram em
outro pais (33%).

Conforme o STF, “delinear onde as pessoas estdo e quais são


0s seus movimentos na cidade, ou entre estados, permite
elaborar ações de acolhimento focadas, o que evita gastos
publicos excessivos, dada a maior eficiéncia do serviço”
(BRASIL, 2023d).

Quanto a escolaridade, 10% das pessoas em situação de


rua cadastradas no pais não sabem ler e escrever, com
um percentual maior no Nordeste (19%) e menor no Sul
(7%). 2% referem que frequentam atualmente escolas, sendo
o dobro no Nordeste (4%), ao passo em que 6% informam
que nunca frequentaram a escola,

Entre as pessoas em situacao de rua registradas no Cadastro


Unico, 14% informaram ter trabalhado na semana anterior,
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e Informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 20

com maiores percentuais no Norte (25%) e no Nordeste (21%)


e o menor na região Sul (12%). Entre os que trabalharam,
97% o fizeram por conta própria (bico, autônomo). A
principal forma para ganhar dinheiro mencionada foi como
catador (17%). Entre os que informaramjá ter trabalhado
com carteira assinada, a maior proporção está na região
Sudeste (79%) e a menor no Norte (36%).

Os principais motivos apontados para a situação de rua foram


os problemas familiares (44%), seguido do desemprego
(39%), do alcoolismo e/ou uso de drogas (29%) e da perda
de moradia (23%).

Quando perguntadas sobre locais para dormir, 55%


informaram que dormem na rua, chegando a 70% na região
Norte. No Sudeste, encontra-se a mais expressiva propor¢ao
de pessoas que dormem em albergues (41%). A maior parte
das pessoas em situagao de rua não vive com suas familias
na rua (92%) e nunca ou quase nunca tem contato com
parentes fora da condição de rua (61%).

Existem servicos especificos para oferta de acolhimento


e assisténcia a população em situação de rua, os Centros
Pop. Nos 6 meses anteriores ao cadastramento, 52% das
pessoas cadastradas informaram terem sido atendidas
nesses servicos, variando de 28% na regido Norte a 66% no
Nordeste. O Maranhão foi o estado com o maior número de
atendimentos (80%). Considerando o atendimento em outros
servicos de assisténcia social no país, 19% das pessoas em
situacdo de rua informaram terem sido atendidas por CRAS,
24% por CREAS, 33% por outras instituições governamentais,
7% por instituigdes não governamentais e 9% por hospitais
gerais. 12% informaram ndo terem sido atendidos em
nenhum local no periodo.

Violéncias contra pessoas em situação de


rua notificadas no SINAN

Além de viver submetida a condições insalubrese desumanas


em vias publicas (BRASIL, 2009b), essa população está
exposta a situações de maus tratos e violéncia. Entre 2015
e 2022, 2% do total de situações de violéncia notificadas
no Sistema de Informacdo de Agravos de Notificação
(SINAN), do Ministério da Saúde, tiveram como motivação
principal a condicdo de situagao de rua da vitima (48.608
notificagdes), o que representa uma média de 17 notificações
por dia. No periodo, houve um aumento de 5% no pais,
21 POPULAÇÃO EM SITUAGAO DE RUA - Diagnéstico com base nos dados e Informagdes disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

mas a distribuicdo das notificagbes entre as regides revela


diferencas significativas, como o incremento de 50% na
regido Nordeste e a redução de -27% na Sul. O ano de maior
incremento no nimero total de notificagGes de violéncia
no pafs foi de 2016 para 2017 (17%).

Vale destacar que as notificações de violéncia no SINAN são


realizadas quando a pessoa acessa o sistema de saúde e
o agente publico realiza o registro da informação sobre a
situacdo de rua da vitima. Neste sentido, é muito provavel
que esses números não representem o total de casos de
violéncia contra esta população.

Os 5 estados com o maior número de notificações de


violéncia contra a população em situação de rua no periodo
são:

* SãoPaulo:23%
* Minas Gerais: 22%

* Bahia: 1%

* Parana: 7%

* Rio de Janeiro: 4%

Homens negros e jovens correspondem as principais


vitimas desse tipo de violéncia. Pessoas pretas (14%) e
pardas (55%) somam 69% das vitimas e a faixa etaria mais
atingida é de 20 a 29 anos (26%), seguida dos 30 a 39
anos (25%). Criangas e adolescentes entre 10 e 19 anos
representaram 14% das vitimas, chegando a 22% na Regido
Norte, e os idosos correspondem a 6%. 14% das vitimas de
2022 possuiam alguma deficiéncia ou transtorno.

Os dados referentes a 2022, no SINAN, apontam que, apesar


de representarem apenas 13% do total de pessoas vivendo
nas ruas, as mulheres são vitimas de 40% dos casos de
violéncia notificados. As mulheres transexuais representam
aidentidade de género mais frequente entre as vitimas que
tiveram esse campo preenchido.

Em relação ao tipo de violéncia, 88% das notificações naquele


ano envolviam violéncia fisica, sendo a violéncia psicolégica
a segunda mais frequente (14%). Pessoas desconhecidas das
vitimas foram indicadas como provaveis autores da agressao
em 39% dos casos e o local de agressdo mais frequente
foram as vias publicas. Casos recorrentes correspondem
a 28% das notificações.
do Governo Federal
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponívels em registros administrativos e sistemas 22

Serviços de saúde voltados à população


p
em situação de rua

As equipes de Consultório na Rua (eCR) são multiprofissionais


elidam com os diferentes problemas e necessidades de saúde
da população em situação de rua. Integram o componente
atenção básica da Rede de Atenção Psicossocial e desenvolvem
ações de Atenção Primária à Saúde. Em sua atuação, as
eCR desempenham atividades in loco, de forma itinerante,
desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e, quando necessário, também com
as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos
serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de
atenção, de acordo com a necessidade do usuário (BRASIL,
2017c).

As eCR foram instituidas em 2011 e, em 2018, tiveram os


paradmetros populacionais atualizados para financiamento

X
pelo Ministério da Saúde. Ficou estabelecido que:

* Onúmero maximo de eCR financiadas pelo Ministérioda


Saúde por municipio e Distrito Federal corresponderd ao
resultado da divisdo do número de pessoas em situagao
de rua do ente federativo pelo niimero quinhentos
(populagdo de rua/500) (BRASIL, 2017c).

« . O limite minimo de população em situação de rua para

3
que a eCR seja financiada pelo Ministério da Saúde é de
80 pessoas em situação de rua no municipio ou Distrito
Federal (BRASIL, 2017c). Isso equivale, em 2022, a 328
municipios.

* ' Os municipios ou Distrito Federal com populagao total

g
estimada de mais de 100.000 (cem mil) habitantes terdo,
no minimo, 1 eCR financiada pelo Ministério da Saude
(BRASIL, 2017c), Isso equivale, em 2022, a 319 municipios.
23 — POPULAÇÃOEMSITUAÇÃO DE RUA- Dlagnéstico
com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

Tabela 3. Número total de equipes e atendimentos dos Consultórios na Rua, em


2022, por regiões, estados e capitais do Brasil.

ESTADOS E CAPITAIS QUAE'\IQTCI?:EE;E DE g'lrjâlclgllslêl?lígã

REGIÃO NORTE 16 51.819


Para 7 32.529
Belém 4 18.122
Amazonas 3 8316
Manaus 2 1.960
Amapa 2 5.189
Macapa 2 5.189
Tocantins 2 2,877
Palmas 1 1.607
Ronddnia 1 1725
Porto Velho 1 1.725
Acre 1 1.183
Rio Branco 1 1.183
Roraima 0 0
Boa Vista 0 0

REGIAO NORDESTE 53 132.255


Alagoas 6 40.156
Maceió 6 40.156
Maranhão 4 27.142
São Luís 2 24.593
Bahia 18 24.070
Salvador 8 5.345
Ceard 4 10.730
Fortaleza 2 10.001
Pernambuco 9 10.212
Recife 4 3.748
Paraiba 5 8.710
Jodo Pessoa 4 8.211
24 — POPULAÇÃO EMSITUAÇÃO DE RUA- Diagnéstico com base nos dados
e Informações disponíveis em registras administrativos e sistemas do Governo Federal

Sergipe 1 4,225
Aracaju 1 4,225
Rio Grande do Norte s 4,110
Natal 3 1.923
Piauf il 2.900
Teresina 1 2.900
REGIAO SUDESTE 138 569.796
São Paulo 70 315.646
Sao Paulo 31 226.175
Rio de Janeiro 35 164.999
Rio de Janeiro 10 95.007
Minas Gerais 25 73.677
Belo Horizonte 8 18.256
Espirito Santo 8 15.474
Vitéria 2 6.544

Rio Grande do Sul 12 118.103


Porto Alegre 5 75.248
Parana 12 19.180
Curitiba 4 3.431
Santa Catarina 5 13.229
Florianépolis 1 2.758
REGIAO CENTRO-OESTE 23 74.811
Distrito Federal B 36.162
Brasflia 5 36.162
Mato Grosso do Sul 4 14.949
Campo Grande 1 6.209
Mato Grosso 3 12253
Cuiaba 2 5.420
Goias n 11.447
Goiânia 5 2.332
il L 259 979.193

Fonte: Elaboracao prépria, a partir de dados do CNES e SISAB.


25 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Dlagnóstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e siscemas do Governo Federal

Conforme dados do Cadastro Nacional de


Estabelecimentos de Saúde (CNES), quanto às equipes
de Consultório na Rua:

* Em julho de 2023, havia 281 equipes de Consultório


na Rua cadastradas no pais.

Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2022, houve


um incremento de 82% no niimero de Equipes de
Consultérios na Rua, passando de 142 para 259
equipes. O percentual de variagdo média anual foi
de 9%, sendo o maior incremento entre 2020 e 2021
(14%).

A Regido Norte teve o maior percentual de variação


(167%), porém permanece com o menor nimero de
equipes (n = 16). A Regido Sudeste concentra o maior
número absoluto de equipes (138), que equivale a 53%
das equipes do pais.

Apesar de, em 2022, 319 municipios terem porte


populacional para a habilitagao de eCR e 328 terem
quantitativo minimo de pessoas em situação de
rua para essa habilitacao, apenas 145 municipios
dispunham de equipes em dezembro de 2022. Destes,
a metade (n = 73) esta no Sudeste.

São José dos Campos (SP) e Jaboatao dos Guararapes


(PE) são os Unicos municipios com mais de 500 mil
habitantes que não possuem eCR. Eles tiveram 1.176
e 238 pessoas em situagao de rua cadastradas no
Cadastro Unico em dezembro de 2022, respectivamente.
Roraima é o único estado que não possui eCRs
cadastradas.

Analisando-se os atendimentos registrados pelas


equipes de Consultério na Rua no Sistema de
Informação em Saúde para a Atenção Basica (SISAB):
Entre 2015 e 2022, foram registrados 3.706.056
atendimentos pelas eCR.

No periodo, o niimero de atendimentos registrados


no ano teve um incremento de 1.578%, ou seja, 15
vezes o quantitativo inicial, conforme verifica-se no
Grafico 1.

A maior variagdo ocorreu no Sudeste (aumento de


2.508%), assim como o maior número absoluto de
atendimentos no periodo (2.236.663), representando
60% dos atendimentos registrados no pais. A menor
variagao foi no Centro-Oeste (422%).

O numero de municipios que registraram


atendimentos, no periodo, passou de 67 para 139
(96% do total de municipios com eCR).

Em 2022, dos 979.193 atendimentos realizados,


47% foram procedimentos; 43% atendimentos
individuais; 7% visitas domiciliares;
e 3% atendimentos
odontolégicos.

Grafico 1 - Número total de atendimentos registrados pelas equipes de


Consultério na Rua, por ano. Brasil, 2015-2022.

1.200.000

1,000.000 979.193
% de aumento dos
atendimentos
& 800.000
E registrados pelas
equipes de
É 600.000
ES Consultório na Rua
2015-2022
< 400.000

58.370
1.578%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Ano

Fonte: Elaboragao propria, a partir de dados do Sistema de Informagao em Saúde para a Atenção Basica (SISAB).

+
T
27 — POPULAÇÃO EMSITUAÇÃO DE RUA- Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

Serviços de assistência social voltados à


população em situação de rua

A Política Nacional para População em Situação de Rua


determinou a implantação de centros de referência
especializados para o atendimento a esse segmento no
âmbito da política de assisténcia social.

O Centro de Referência Especializado para População em


Situação de Rua (Centro Pop) é uma unidade de referência da
Proteção Social Especial de Media Complexidade, de caráter
público estatal, onde são desenvolvidas ações de assistência
social, dos órgãos de defesa de direitos e das demais políticas
públicas - saúde, educação, previdência social, trabalho e
renda, moradia, cultura, esporte, lazer e segurança alimentar
e nutricional - de modo a compor um conjunto de ações de
promoção de direitos, que possam conduzir a impactos mais
efetivos no fortalecimento da autonomia e potencialidades
da população em situação de rua (BRASIL, 2011b). Os serviços
são voltados ao atendimento de jovens, adultos, idosos e
famílias que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou
sobrevivência, e são ofertados por demanda espontânea
ou por encaminhamentos do Serviço Especializado em
Abordagem Social, de outros serviços socioassistenciais, das
demais políticas públicas setoriais e dos demais órgãos do
Sistema de Garantia de Direitos (BRASIL, 2014). O número
de centros e de atendimentos realizados durante o ano de
2022 estão apresentados na tabela a seguir.
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos esistemas do Governo Federal 28

Tabela 4. Número total de Centros POP e de atendimentos no serviço especializado


para pessoas em situação de rua em 2022, por regiões, estados e capitais do Brasil.

ESTADOS E CAPITAIS S NTROSPOP . ATENDIMENTOS


REGIÃO NORTE 12 9.799
Pará 6 3.600
Belém 2 1.691
Amazonas 3 1.920
Manaus 1 1.334
Rondônia 1 1.755
Porto Velho 1 1.755
Acre 1 1.663
Rio Branco 1 1.663
Amapa 1 861
Macapa 1 861
Roraima 0 0
Boa Vista 0 0
Tocantins 0 0
Palmas 0 0

REGIAO NORDESTE 63 125337


Bahia 19 49.611
Salvador 4 30.124
Ceara 9 33.494
Fortaleza 2 26.090
Pernambuco 9 15.511
Recife 4 10.732
Paraiba 7 7.797
João Pessoa 2 3.356
Maranhão 9 6.235
São Luis 2 1.635
Alagoas 5 5.148
Maceio 3 2.438
Sergipe 1 3.415
Aracaju 1 3.415
29 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

Piauí 2 2.381
Teresina 1 753
Rio Grande do Norte 2 1.745
Natal 1 1.245
REGIAO SUDESTE 115 295.355
São Paulo 58 178.897
São Paulo 6 57.083
Minas Gerais 31 73.297
Belo Horizonte 4 30.495
Rio de Janeiro 19 31.828
Rio de Janeiro 2 7.384
Espirito Santo 7 11.333
Vitória 1 2.370
REGIAO SUL 41 109.211
Parana 19 47.120
Curitiba 3 13.633
Rio Grande do Sul 13 35.249
Porto Alegre 3 17177
Santa Catarina 9 26.842
Florian6polis 1 7.525
REGIAO CENTRO-OESTE 15 38.516
Distrito Federal 2 17939
Brasilia 2 17939
Mato Grosso do Sul 5 7556
Campo Grande 1 3739
Goias 5 6754
Goiénia 1 1757
Mato Grosso 3 6267
Cuiaba 1 3281
TOTAL 246 578.218
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e Informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 30

Entre 2017 e 2022, houve um aumento de 65% no número


de atendimentos registrados pelos Centros Pop no país,
conforme apresentado no Gráfico 2. Entre as regiões, a
Nordeste apresentou o maior aumento, de 135%, e a região
Norte o menor (9%).

Gráfico 2 - Número total de atendimentos registrados pelos Centros Pop


no Censo SUAS, por ano. Brasil, 2017-2022.

700000
% de aumento dos
600000
prazis atendimentos
registrados pelos
500000
8 Centros Pop 2017-
§ 400000 2022
E
52 0,
E& 300000 350794
65%
200000

100000

o
2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano

Além dos Centros POP, os Centro de Referência Especializado


de Assistência Social (CREAS) também ofertam serviços de
atendimento à população em situação de rua, em contextos
específicos de violação de direitos. Entre as ofertas, destaca-
se o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos - PAEFI, que compreende ações de
atenção e orientação direcionadas para a promoção de
direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos
familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento
da função protetiva das famílias diante do conjunto de
condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a
situações de risco pessoal e social. A quantidade de CREAS
no país e o número de pessoas que ingressaram no PAEFI
em 2022 estão dispostos a seguir:
3 POPULAÇÃO EM SITUACAQ DE RUA - Diagnéstico com base nos dados e informações disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

>‘4
Quantidade de CREAS no pais: 2.845
* Norte: 278 (9,8%) 9,8%
* Nordeste: 1.090 (38,3%) ’
* Centro-oeste: 245 (8,6%)

* Sudeste: 793 (27,9%)

* Sul: 439 (15,4%)

15,4%

Quantidade total de pessoas em situação de rua


que ingressaram no PAEFI em 2022: 23.012

* Norte: 1.662 (7,2%)

* Nordeste: 3.085 (13,4%)

* Centro-oeste: 2.518 (10,9%)


* Sudeste: 9.213 (40%)

* Sul: 6.534 (28,4%)


POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveisem registros administrativos
e sistemas do Governo Federal 32

Analisando-se os atendimentos registrados nos Centros POP z


e CREAS que constam no Censo SUAS e no RMA, destacamos
que:
33 POPULACAO EM SITUAGAO DE RUA - Diagnéstico com base nos dados e informagdes disponivels em registros administrativos e sistemas do Governo Federal

Apontamentos para as
Politicas Públicas
Ao analisar-se os dados disponiveis nos sistemas de
informacdo e cadastros do Governo Federal, verifica-se
a necessidade de dados censitarios especificos sobre a
populagdo em situação de rua, a fim de obter um dado
fidedigno sobre qual é a real populagdo em situacdo de rua
no pais e em cada territério, para além daquelas pessoas
queja tém acesso as politicas públicas de assisténcia social
(via Cadastro Unico).
É preciso considerar as diferencas regionais para a priorizacao
dos esforgos do Governo Federal na articulagdo inter
federativa e cooperação técnica com estados e municipios.
Por exemplo, as ações no Norte, e especialmente em
Roraima, onde uma proporção consideravel são imigrantes
internacionais, mulheres e criangas, possivelmente serão
distintas daquelas no Sudeste, particularmente na cidade
de S&o Paulo, que concentra sozinha quase % da população
em situação de rua do pais, com perfil mais prevalente de
homens adultos. Recomenda-se uma andlise detalhada
do perfil da população em situação de rua de cada estado,
visando um apoio técnico do MDHC mais direcionado.

Há que se considerar também que parte do nimero de


pessoas em situação de rua cadastradas no Cadastro Unico
se dé pela busca ativa dos servigos de assisténcia social.
Entretanto, é de se esperar que haja iniquidades nesse
acesso entre os territérios e que, em alguns, as pessoas
em situacdo de rua tenham mais barreiras para acessar os
Servicos e, por isso, não entrem nessa conta. A realizagdo de
um Censo da Populagdo em Situação de Rua auxiliara nesse
diagnéstico referente a proporgdo das pessoas em situagao
de rua que, de fato, está cadastrada e recebendo beneficios
da assisténcia social. Além disso, o fortalecimento da busca
ativa e a ampliagdo de servigos voltados a populagdo em
situagdo de rua sera primordial.
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 34

Atualmente, os equipamentos e serviços de saúde e


assistência social ainda são visivelmente insuficientes
para atender as necessidades das pessoas em situação
de rua. Por exemplo, em dezembro de 2022, apenas 145
municípios dispunham de equipes de Consultório na Rua,
enquanto 3.354 municipios tinham pessoas em situação
de rua cadastradas no Cadastro Único, sendo que 328
tinham 80 pessoas ou mais. Ainda que todos os serviços
de saúde do SUS devam atender pessoas em situação de
rua, a existência de serviços especificos e itinerantes têm
maior potencial de favorecer o acesso dessa população a
ações de prevenção e a atendimentos de saúde.

Analisar as principais motivações para a situação de rua


auxilia nas ações de prevenção à situação de rua, nos
atendimentos a pessoas nessa situação e nas políticas
públicas que possibilitem a superação da situação de rua.
Observando-se que os principais motivos para a situação de
rua apontados foram problemas familiares, desemprego,
alcoolismo e/ou uso de drogas e perda de moradia,
respectivamente, evidencia-se a necessidade de articulação
do MDHC com outros Ministérios, especialmente o Ministério
do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate
à Fome (MDS), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Saúde (MS),
o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o
Ministério das Cidades (MCID).

* Considerando a principal motivação relacionada a


problemas familiares, é primordial fortalecer a atuação
dos CRAS e outros equipamentos, serviços, programas e
projetos de assistência social básica, visando a prevenir
situações de vulnerabilidade e risco social e fortalecer
vínculos familiares e comunitários; e a atuação dos
serviços de proteção especial, como os CREAS e Centros
Pop, favorecendo a reconstrução desses vínculos, a
defesa de direitos e o enfrentamento das situações
de violações. Além das instituições, a atuação junto a
organizações da sociedade civil, movimentos sociais e
conselhos de direitos é extremamente importante para
o enfrentamento dos problemas que levam à situação
de rua, mantêm as pessoas nessa situação e dificultam
a sua superação.
35 POPULAÇÃO EMSITUAÇÃO DERUA - Diagnóstico
com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos
e sistemas do Governo Federal

* Favorecer o acesso a emprego depende tanto de ações


de empregabilidade e renda, quanto a outros direitos
básicos, como à documentação e à educação.

* A questão do uso prejudicial de álcool e outras drogas


deve ser tratada na perspectiva de problema de saúde
pública e, para isso, o fortalecimento de equipes de
Consultório na Rua, dos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) e outros serviços de atenção a saúde tem grande
relevancia.

* A perda de moradia precisa ser enfrentada com uma


politica habitacional robusta e equitativa. A existéncia de
locais para dormir, como albergues, abrigos e casas de
passagem, influencia tanto no local de pernoite, quanto
no acesso a outros servicos e politicas pablicas, quanto
estruturado de forma integrada e intersetorial. Porém,
sdo necessdrias politicas mais estruturantes, como o
Programa Moradia Primeiro, que tem sido apontado
como estratégia prioritaria pelo MDHC.
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponiveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal 36

Referências
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras
providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1993. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/I8742.htm. Acesso em:
09 agosto 2023.

BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia para


Assuntos Juridicos. Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de
2009. Institui a Politica Nacional para a Populagdo em Situagdo
de Rua e seu Comité Intersetorial de Acompanhamento e
Monitoramento, e dá outras providéncias. Brasilia: Didrio
Oficial da Unido, 2009a. Disponivel em: https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/ ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm.
Acesso em: 04
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Fome. Rua: aprendendo a contar: Pesquisa Nacional sobre a
População em Situação de Rua. Brasilia: MDS, 2009b. Disponivel
s://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social,
Livros/Rua_aprendendo_a_contar.pdf. Acesso em: 07 de agosto de
2023.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome.


Tipificacdo Nacional de Servicos Socioassistenciais. Brasilia:
MDS, 2014. Disponivel em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf. Acesso em
10 agosto 2023.

BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia para


Assuntos Juridicos. Decreto nº 7.334, de 19 de outubro de 2010.
Institui o Censo do Sistema Unico de Assisténcia Social - Censo
SUAS, e dá outras providéncias. Brasilia: Diário Oficial da Unido,
1993. Disponivel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ ato2007-
2010/2010/decreto/d7334.htm. Acesso em: 10 de agosto de 2023.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a


Fome. Secretaria Nacional de Assisténcia Social. Comissdo
Intergestores Tripartite. Resolução n° 4, de 24 de maio de 2011.
Institui pardmetros nacionais para o registro das informacdes
relativas aos servicos ofertados nos Centros de Referéncia da
Assisténcia Social - CRAS e Centros de Referéncia Especializados
da Assisténcia Social - CREAS. Disponivel em: http://www.mds.
gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2011/
ResolucaoClTn4-2011.pdf. Acesso em: 09 de agosto de 2023,
37 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveisem registros administrativos e sistemas do Governo Federal

&
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. SUAS e População em Situação de Rua: Orientações
Técnicas: Centro de Referência Especializado para
População em Situação de Rua - Centro Pop. Brasília: MDS,
2011b. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia social/Cadernos/orientacoes centro pop.
pdf. Acesso em: 10 de agosto de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria


de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017a.
Consolidaçãodas normas sobre os sistemas e os subsistemas
do Sistema Unico de Saúde. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004 03 10 2017.
html#ANEXOVCAPI. Acesso em: 09 de agosto de 2023.

BRASIL. Ministério da Salide. Gabinete do Ministro. Portaria


de Consolidagdo n° 1, de 28 de setembro de 2017b.
Consolidagdo das normas sobre os direitos e deveres dos
usuérios da saúde, a organização e o funcionamento do
Sistema Unico de Saúde, Disponivel em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0001 03 10 2017.htmI#ART358.
Acesso em: 09 de agosto de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria


de Consolidagdo nº 2, de 28 de setembro de 2017c.
Consolidagdo das normas sobre as politicas nacionais de
saúde do Sistema Unico de Saúde. Disponivel em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10 2017.
htmI#ANEXOXVI. Acesso em: 09 de agosto de 2023.

BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia


para Assuntos Juridicos. Decreto n° 11.341, de 1° de
janeiro de 2023. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro
Demonstrativo dos Cargos em Comissao e das Fungdes
de Confianga do Ministério dos Direitos Humanos e da
Cidadania e remaneja cargos em comissao e fungdes de
confianca. Brasilia: Diario Oficial da Unido, 2023a.

BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia para


Assuntos Juridicos. Decreto nº 11.472, de 6 de abril de
2023. Altera o Decreto nº 9.894, de 27 de junho de 2019, que
dispõe sobre o Comité Intersetorial de Acompanhamento e
Monitoramento da Politica Nacional para a Populagdo em
Situação de Rua. Brasilia: Diario Oficial da Unido, 2023b.
POPULAGAO EM SITUAÇÃO DE RUA - Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos e sistemas
do Governo. Federal 38

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar na


Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
976 Distrito Federal. 2023d.

CÁRITAS BRASILEIRA. População em Situação de Rua e


População Migrante no município de Boa Vista/RR: um
diagnóstico para a formulação e implementação de políticas
pubhcas Boa Vista: outubro de 2022 Dlsponlvel em: https://
/arqui - tober2|
lQlE_etg_sEfl_d__&lenggf Acesso em 04 de agosto de 2023.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria


de Pesquisas. Coordenação de Pesquisas por Amostra de
Domicílios. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua 2022.

IPEA. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Boletim


de Análise Politico-Institucional: Dossiê temático: classes
subalteernas instituições públicas. Brasilia, DF: Ipea, n.
35, jul. 2023a. ISSN 2237-6208. DOI: https://repositorio,
ipea.gov.br/handle/11058/12273. Acesso em 04 de agosto
de 2023.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada. Nota


Técnica n° 103: Estimativa da população em situação de rua
no BraS|I(2012 2022) Brasilia: Ipea, 2023b. Disponivel em:
w /11
NT_103_Disoc_Estimativa_da_Populacao.pdf. Acesso em
04 de agosto de 2023.

W o
A 4
MINISTÉRIO DOS
DIREITOS HUMANOS
E DA CIDADANIA

GOVERNO FEDERAL

UNIÃO E RECONSTRUÇÃO
28/04/2023 11:39:55.650 - ME A

PL n.2245/2023
PROJETO DE LEI DE 2022
(Da Sra Deputada Erika Hilton)

acio
Apresent:
Institui a Política Nacional de Trabalho
Digno e Cidadania para População em
Situação de Rua - PNTC PopRua - e dá
outras providências.

O CONGRESSO NACIONAL DECRETA:

Art, 1º Fica instituída a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para


População em Situação de Rua - PNTC PopRua, com o objetivo de promover os direitos
humanos de pessoas em situação de rua ao trabalho, à renda, à qualificação profissional e
à elevação da escolaridade.

§ 1º Para fins da presente Lei, considera-se população em situação de rua o


grupo populacional heterogênco que possui em comum a inexistência de
moradia digna, utilizando os logradouros públicos e as áreas degradadas como
espaço de moradia e de sustento, de forma temporária, intermitente ou
duradoura, bem como as unidades de acolhimento institucional para pernoite
eventual ou provisório, podendo interseccionar com esta condição outras
vulnerabilidades como a pobreza extrema, os vínculos familiares
" interrompidos ou fragilizados, entre outras.

§ 2° Para fins da presente Lei, considera-se pessoa com trajetória de vida nas
ruas aquela que tenha se encontrado, em algum momento de sua vida, na
condição descrita no § 1º por pelo menos 5 anos de forma contínua ou
intermitente.
MxEdit

Art. 2º São princípios da Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para


População em Situação de Rua:
232795804700

1 - respeito à dignidade da pessoa humana;


11 - valorização e respeito à vida e à cidadania;
TII- estabelecimento de condições de trabalho decente;
IV - articulação entre trabalho, educação e desenvolvimento;
3D

Assinado elet Hilion


Para verificar 3 assinat g-autenticldade-ass natura camara.leg br/CD232795894700
PL n.2245/2023
V - sustentabilidade ambiental;
VI - atendimento humanizado e universalizado;
VII - participação e controle social;
VIII - direito à convivência familiar e busca da inserção comunitaria;
IX - transparência na execucio dos programas e ações e na aplicação dos
recursos destinados à PNTC PopRua;
X- respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade,
nacionalidade, identidade de género, orientação sexual e religiosa, com atenção
especial às pessoas com deficiência, comorbidades e famílias monoparentais
com crianças.

Art. 3º São diretrizes da Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para


População em Situação de Rua:

I — a oferta condições de autonomia financeira e de enfrentamento à pobreza,


por meio de programas redistributivos, de elevação de escolaridade,
qualificação profissional e promoção do acesso amplo, seguro e simplificado
ao trabalho e à renda;
Il - a consideração da heterogeneidade da população de rua, notadamente
quanto ao nível de escolaridade, condições de saúde, faixa etária, origem,
relações com o trabalho e com a família;
I - o fomento de ações de enfrentamento ao preconceito, discriminação e
violência contra pessoas em situação de rua no ambiente de trabalho.
IV - a garantia, no acesso ao trabalho e à renda, de transversalidade e de
articulação territorial com outras políticas públicas setoriais, como saúde,
assistência social e habitação;
V - a indissociabilidade entre o trabalho e a moradia, adotando-se estratégias
que tenham como centralidade o acesso imediato da população em situação
de rua à moradia como forma de garantir uma inserção sustentável no mundo
do trabalho;
VI - o respeito às singularidades de cada tertitório e ao aproveitamento das
potencialidades e recursos locais na elaboração, execução, acompanhamento e
monitoramento dos instrumentos de políticas públicas previstos na presente
D
Política Nacional; w
x
VII - o fortalecimento e estímulo ao associativismo, ao cooperativismo e à =
|

autogestão de empreendimentos de economia solidária de pessoas em situação


*ch23279589470

de rua;
VII - o trabalho como possivel ferramenta para a redução de danos, desde
que respeitada a autodeterminação das pessoas em situação de rua;
IX - a articulação de ações que possibilitem a superação da situação de rua.

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Erika Hilton


Para verifica a assinatura, acesse https;//infoleg-autenticidade-assinatura.camara.Jeg.br/CD?232795894700
28/04/2023 11:39:55.650 - M ESA

PL n.2245/2023
= X - a integragio dos esforgos do Poder Publico e da sociedade civil para
- elaboração, execução e monitoramento das iniciativas previstas nesta lei;
- XI - a responsabilidade do Poder Público pela sua elaboração e financiamento;

Apresentação:
Art. 4º Para atingir suas finalidades, a política de que trata esta lei será organizada
em torno dos seguintes eixos estratégicos:

I - incentivos 4 geragio de empregos e contratagio de pessoas em situacio de


rua;
IT - iniciativas de fomento e apoio à permanéncia para qualificação
profissional e elevação da escolaridadc;
1 - facilitagio do acesso à renda, associativismo e empreendedotismo
solidario.

Art. 5° Cabe a0 Poder Público, na garantia dos direitos da populagio em situação de


rua, criar incentivos à contratacio de pessoas que estejam em situação de rua e aquelas
que tiveram trajetória de vida nas ruas na forma desta Lei, sem prejuizo de outras
legislagdes especificas.

Parágrafo único. O Poder Executivo Federal e os demais entes federativos poderio


firmar convénios com entidades publicas e privadas,
fins lucrativos, para o sem
desenvolvimento e a execugio
de projetos que beneficiem a populagio em situagio de
rua e estejam de acordo com os principios, diretrizes e objetivos que orientam a PNTC
PopRua.

Art. 6º O Poder Público, em todas as esferas federativas que aderirem à PNTC


ô PopRua, deve instituit uma rede de Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua
(CatRua) com o objetivo de prestar atendimento às pessoas em situação de rua que
buscam orientação profissional e inserção no mercado de trabalho.
§ 1° Os Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua (CatRua) são as
unidades territoriais básicas de implementação da Política Nacional de Trabalho Digno e
Cidadania para População em Situação de Rua, tesponsáveis por articular as ações de
empregabilidade, qualificação profissional, economia solidária e integração intersetorial
com demais políticas públicas.
§ 2º Nas unidades federativas onde existirem equipamentos públicos que garantam
apoio aos trabalhadores, os CatRua deverio ser integrados à sua estrutura, desde que
garantidas as diretrizes previstas na presente legislação.

Art. 7º São atribuições dos Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua


(CatRua), sem prejuízo de regulamentação posterior:

Assinado eletronicamente pelofa) Dep, Erika Hilton


Paraverificar a assinatura, esse hitps:/finfoleg-autentic ssinatura.camara.leg.br/C 95894700
PL n.2245/2023
1 - captar, cadastrar e oferecer aos desempregados e trabalhadores em situação
de rua vagas para reinserção no mercado de trabalho;
1 - captar, cadastrar e encaminhar pessoas em situação de rua ou com

trajetória de vida nas ruas para vagas de qualificação profissional;


I11 - garantir acesso das pessoas em situação de rua ao Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ao Sistema Nacional de
Emprego — SINE.
IV - facilitar a emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) | L——
para pessoas em situação de rua;
V- prestar os serviços orientação trabalhista e previdenciária ao cidadão em
situação de rua;
VI - prestar informação, assessoria e orientação aos empregadores sobre as
necessidades de apoio e adaptações do ambiente de trabalho ao trabalhador
em situação de rua;
VII - realizar ações de apoio à pessoa em situação de rua nos postos de
trabalho, seja na formação ou treinamento, desenvolvimento de habilidades
socioemocionais e relacionais, acompanhamento do processo de inserção e
continuidade no ambiente de trabalho conforme a necessidade individualizada
de cada trabalhador em situação de rua;
VIII - indicar possíveis beneficiários para o órgão publico gestor das Bolsas de
Qualificação para o Trabalho e Ensino da População em Situação de Rua
(QualisRua).
§ 1º Os CatRua serão compostos por equipes multidisciplinares, em
condições, qualificação e número de trabalhadores suficientes para realizar as
ações previstas nos incisos anteriores.
§ 2° O acompanhamento ao trabalhador em situação de rua deve englobar o
momento prévio à contratação, a inserção e adaptação no posto de trabalho,
bem como a sua realocação em caso de perda do vínculo empregatício.
§ 3° Para efetivar um acompanhamento personalizado do trabalhador em
situação de rua, os CatRua deverão construir um Plano Individual Profissional
que respeite o perfil profissional do trabalhador em situação de rua e
responda ao seu grau subjetivo de dificuldade de adaptação ao mercado de
trabalho, modelando a intensidade dos apoios oferecidos.
§ 4° Os CatRua deverão realizar a busca ativa de trabalhadores em situação de
rua que estio em logradouros públicos e aqueles que estejam acolhidos na
rede socioassistencial, realizando ações itinerantes no território e nos

equipamentos do SUAS de forma contínua.


a) Sempre que possível, as ações territoriais do CatRua serão integradas com
as equipes dos Serviços Especializados de Abordagem Social (SEAS) ¢
Consultórios na Rua (CnR).

Assiniado eletronicamente pelofa) Dep, Erilka Hilton


inatura, acesse hirps;/finfoleg-autentic assinatura,camars leg br/CD232795894 70
- MESA

PLn.2245/2023
Apresentação: 28/04/2023 11:39:55 6 5 0
$ 5% O Poder Público deverá construir fluxos para integrar as bases de dados
relativas aos servicos do SUAS e do SUS que atendem pessoas em situagio de
rua de forma a subsidiar o trabalho dos Centros de Apoio ao Trabalhador em
Situação de Rua.

Art. 8° As empresas com mais de cem empregados, que gozam de incentiv


os
fiscais, que participem de licitagio ou que mantenham contrato ou convénio
com o Poder
Público Federal e com os entes federativos aderentes à PNTC PopRua, deverio contratar
pessoas em situagio de rua ou com trajetéria de vida nas ruas na proporgio de, no
minimo, 3% (ttés por cento) do total de seus empregados.

§ 1° A reserva de vagas de que trata o caput deste artigo também deve ser
observada por Organizações da Sociedade Civil que mantenham contrato ou
convénio com os entes federados para servicos de prestagdo continuada de
prazo igual ou supetior a 120 dias, cabendo ao Poder Executivo a
regulamentação deste dispositivo

§ 2° A reserva de vagas também deve alcançar o quadro de estagiários


eventualmente existente na empresa ou na Organização da Sociedade Civil.

§ 3° Caso no momento da contratação as empresas e Organizações da


Sociedade Civil não tenham em seu quadro de recursos humanos a reserva de
vagas exigida por esta lei, deverão tomar as seguintes medidas, nesta ordem:

I - informar aos Centro de Apoio ao Trabalhador em Situagao de Rua


(CatRua) e a0 ACESSUAS Trabalho a exata quantidade ¢ o perfil dos postos
de trabalho que serdo gerados em cada contrato firmado, de forma a alimentar
banco de vagas especifico para pessoas em situação de rua.

1 - aguardar o prazo de 30 (trinta) dias, contados da data de solicitacio


referida no inciso anterior, para que os CatRua e/ou as equipes do
ACESSUAS Trabalho encaminhem à empresa ou organizacio contratada
a
relação de pessoas que atendem os petfis dos postos de trabalho indicados.

$ 4° A empresa ou organizacio que precisar desligar colaborador contratado


com base nesta Lei deverá informar o desligamento aos Centros de Apoio ao
Trabalhador em Situacio de Rua (CatRua) e as equipes do ACESSUAS
Trabalho e solicitar substituição do profissional.

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Erika Hilton


Para verificar a assi foleg-autenticidada-assinatura,camara.leg hr/CD232795894700
28/04/2023 11:39:55.6! S 0 - MESA|

PLn.2245/2023
$ 5º Caso as empresas e Organizações da Sociedade Civil de que tratam o
caput descumpram as disposições desta lei, ficarão sujeitas à perda dos
incentivos fiscais ou à rescisão do contrato ou convênio.

Art. 9º A observância do percentual de vagas reservadas nos termos desta lei

Apresentação:
compreenderi todo o período em que houver concessão dos incentivos fiscais ou o
periodo em que for vigorar o contrato ou convênio com o Poder Público.

Art. 10 As empresas que não se enquadrarem nas condições descritas no caput do


art. 8º também devem fomentar programas de incentivo e/ou contratação para a inclusão
produtiva de pessoas em situação de rua.

Art. 11 Os entes federativos estão autorizados a instituir o Programa Selo Amigo


PopRua, para promover as ações afirmativas específicas da iniciativa privada, inclusive da
rede conveniada, concessionária ou contratada do Poder Público, a fim de estimular a

contratação de pessoas em situação de rua.

Art. 12 As empresas deverão, em colaboração com a União e demais entes que


aderirem à política, implementar medidas que garantam a integração e inclusão das

pessoas em situação de rua contratadas, seja por meio de processos formativos


direcionados a toda a equipe, capacitação dos setores de recursos humanos para
e monitoramento das contratações, de modo a
tratamento adequado, acompanhamento
evitar abusos, atos de preconceito e discriminação no ambiente de trabalho.

Parágrafo único. Devem ser assegurados treinamentos e cursos voltados à


segurança no trabalho, bem como os uniformes e equipamentos que se
fizerem necessários para as pessoas contratadas nessa condição.

Art. 13 Os equipamentos do Sistema Unico da Assisténcia Social (SUAS) devem


rua ao
fazer as articulações necessatias para garantir o acesso das pessoas em situagdo de
mercado de trabalho, considerando suas especificidades e diversidade.

$ 1° As pessoas em situação de rua devem ser inseridas em oficinas de acesso


20 mercado de trabalho desenvolvidas no âmbito da Politica de Assisténcia
Social, respeitadas suas habilidades, aptiddes e autonomia.
§ 2° Os municipios ¢ o Distrito Federal podem desenvolver oficinas
de
especificas de acesso ao mercado de trabalho para a populagio em situação
rua por meio do ACESSUAS Trabalho.
§ 3° Os municipios ¢ o Distrito Federal devem integrar as ações dos servigos
do SUAS ¢ do ACESSUAS Trabalho com ações de profissionalizagio,

Assinado eletroricaments pelofa) Dep. Erika Hilton


Para verificar a assinatura, acesse hitpsi//infoleg-autenticidade-assinatura.camaraleg br/C0232795894700
Apresentagdo: 28/04/2023 11:39:55.650 - MESA

PLn.2245/2023
capacitação, ingresso no mercado de trabalho formal, inclusão produtiva e
economia solidária disponíveis no território.
$ 4° Os municipios e o Distrito Federal devem integrar as ações dos serviços
do SUAS aos Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua (CatRua),
com o objetivo alimentar banco de vagas específico para pessoas em situação
de rua e criar condições de permanência no trabalho.
$5º Os Serviços do SUAS devem se integrar às iniciativas de fomento ao
empreendedorismo e ao cooperativismo, com acesso à capacitação, à
educação financeira, 4 consultoria e ao microcrédito para pessoas em situação
de rua.

Art. 14 Os entes federativos devem garantir a inclusão de adolescentes e jovens em


situação de rua, nos programas de aprendizagem, qualificação profissional e inserção
segura no mercado de trabalho.

§ 1º O Poder Público em todas as esferas federativas deve estimular que as


empresas vencedoras de licitações públicas contratem prioritariamente
aprendizes adolescentes em situação de rua.

$2º As crianças e adolescentes em situação de rua idenficadas em situação


de
trabalho infantil devem ser incluídas no Programa de Erradicação do Trabalh
o
Infanl — PETT.

Art. 15 À Lei 14.133 de 1° de abril de 2021 passa a vigorar com as seguintes


alterações:

TII - trabalhadores em situação de rua, em percentual não inferio


r a
3% (trés por cento).”(NR)

11 - bens e servios produzidos ou prestados pot empresas que


comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei
para pessoas em situação de rua ou com trajetória de vida
nas ruas,
cabendo 20 Poder Executivo a regulamentagio deste dispositivo..

Assinado eletronicamente a(a) Dep. Erika Hilton


Para verificar a assi 's5e hitps://infoleg-autenticidade-assinatura, camara.leg.br/CD232795894700
|
28/04/2023 11:39: 55, 650 - MESA

PLn.2245/2023
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoas em
situacio de rua ou com trajetoria de vida nas ruas, cabendo a0
Poder Exccutivo a regulamentagio deste dispositivo.
"R)

Apresentação:
“Art. 116-A As empresas enquadradas no inciso III, $9º do art. 25,
inciso III do artigo 26 e inciso V, $1º do art. 60 desta Lei deverão

|
cumprir, adicionalmente, durante todo o período de execução do
contrato, as regras de inclusão produtiva, qualificação profissional
e apoio socioemocional previstas na legislação para pessoas em
situação de rua ou com trajetória de vida nas ruas.
Patágrafo único. Cabe 4 administração fiscalizar o cumprimento
dos requisitos de inclusão produtiva, qualificação profissional e
apoio socioemocional nos ambientes de trabalho” (NR)

Estado deve ofertar permanentemente cursos para a população em


Art. 16 O
em
situação de rua com o objetivo promover gradativamente o direito dos trabalhadores
profissional.
situação de rua à capacitação, profissionalização, qualificação e requalificação

§ 1° Os cursos referidos no caput do artigo devem observar:

1 - o trabalho enquanto principio educativo;


11 - os saberes acumulados na vida ¢ no trabalho excrcidos nas ruas;
111 - a efetividade social e qualidade pedagogica das suas acoes;
, ciência
IV - a integragio com politicas de emprego, trabalho, renda, educacio
entre outras.
e tecnologia, juventude, inclusão social e desenvolvimento,
cursos de
§2° Para efetivar o acesso de pessoas em situacio de rua aos
minima de
qualificagio profissional, o Poder Público devera estabelecer cota
de modalidades
vagas para pessoas em situacio de rua, a criagio
o em situagio
especificamente voltadas à capacitagio profissional da populaçã
de rua e políticas de gratuidade.
de rua em cursos de
§3° Para garantir a permanéncia de pessoas em situação
financeiros
qualificação profissional o poder público deverá oferecer auxílios
disponíveis.
na forma desta lei, sem prejuízo de outras bolsas e auxílios

aderirem à Política
Art. 17 O Poder Público em todas as esferas federativas que
em Situação de Rua deverá
Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para População
o de rua inseridas em cursos
instituir bolsas de incentivo financeiro às pessoas em situaçã

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Erika Hilton g.br/CD232795894700


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28/04/2023 11:39:55.650 - MESA

PL n.2245/2023
de qualificação profissional e que busquem a elevação de sua escolaridade, denominadas
Bolsas de Qualificação para o Trabalho e Ensino da População em Situação de Rua
(QualisRua).
$ 1° As Bolsas de Qualificagio para o Trabalho e Ensino da Populagio em
Situagao de Rua (QualisRua) consistem em uma politica de transferéncia de

Apresentacdo:
renda condicionada à realizagio de atividades de qualificação, capacitagio,
formação profissional e clevagio da escolaridade, cujo objetivo é conceder
atenção especial 20 trabalhador e estudante em situação de rua, garantindo
condições para sua permanéncia nos ambientes de aprendizado.
$ 2º O recebimento das Bolsas QualisRua durante o exercicio das atividades
descritas no §1° pelos beneficidrios da Politica Nacional de Trabalho Digno,
Renda e Cidadania para Populagio em Situação de Rua é cumulativo e nio
impede, nem suspende, o recebimento de outros programas de transferéncia
de renda e auxilios de quaisquer entes federativos.
$ 3º A QualisRua podera ser vinculada ao exercicio, por seus beneficiarios,
de
atividades e cap: itação ocupacional realizadas e ministradas diretamente
pelos órgãos públicos da Administração Direta, Indireta ou por entidad
es
conveniadas ou parceiras, vedada toda e qualquer atividade insalubre,
nos
termos das normas trabalhistas vigentes.
§ 4º A bolsa deverá possibilitar a permanência da pessoa em situaçã
o de rua
no ambiente de aprendizado ¢/ou capacitação profissional,
além de subsidiar
despesas de alimentação e deslocamento relacionadas
às atividades dos
cursos, capacitações e ambiente escolar.
§ 5º Os critérios de concessão, vigência e interrupção das bolsas setão
estipulados em decreto regulamentar.

Art. 18 O Poder Público deverá garantir o acesso da


população em situação de rua
ao sistema educacional, seja na modalidade de Educa
ção Infantil, Fundamental e Médio,
na modalidade Educação de Jovens e Adultos ou
no Ensino Superior, respeitando suas
especificidades e visando à superação da situação de
rua.

$1º As pessoas em situação de rua devem ser incor


poradas preferencialmente E
na rede oficial de educação, evitando-se segregação.
=ÉI
§2° Deve ser assegurado o diteito 4 matricula e à
permanência nas escolas e
instituições de ensino superior com a flexib
ilização da exigência de
documentos pe: oais e sem exigência de comprovantes
de residência em
qualquer época do ano, em atenção à realidade das pessoa
s em situação de
rua.
§3° Os entes federativos deverão realizar campanhas de
forma continua nos
equipamentos que atendem pessoas em situação de rua sobre
as informagoes

. Erika Hilton
ESA Para verificar a as https:/finfoleg-autenticidade-assinatura,camara Jeg.br/CD232795894700
E
=s o
g

e documentos solicitados para a efetivação de matrículas, o F- Q


necessárias
calendário letivo, a localização das escolas no território e o processo de NT)
3 ã
transferência escolar.- . Ú 3
ser viabilizadas formagdes continuas de docentes, gestores, e 2 o
§4° Devem . -. õ & :
. s C
demais integrantes do corpo técnico-pedagógico da rede educacional sobre as
É É
especificidades da populagio em situagio de rua, as politicas públicas e os
direitos voltados a estas pessoas. gÉ
=
§5° Os municipios, estados e Distrito Federal devem dispor de escolas nas
regides centrais das cidades que atendam às necessidades educacionais
especiais das pessoas em situação de rua.

oferta
Art. 19 O Poder Pablico deve elaborar Diretrizes Nacionais para qualificar a
da politica educacional para a população em situagio de rua.
§1° Os estados, Distrito Federal e municipios devem claborar diretrizes
especificas para atendimento da escolatizagio para a População em Situação
de Rua.
§2° O Poder Público deve garantir a participação das pessoas em situação de
rua e dos comités intersetoriais de monitoramento de políticas públicas para
es
população em situação de rua em todas as etapas de formulação das Diretriz
previstas neste artigo e dos processos educacionais correlatos.

acompanhamento
Art. 20 O Estado e as Instituições de Ensino devem prestar
e deverão considerar:
pedagógico e assistência estudantil à pessoa em situação de rua

de trabalho, de moradia e de saúde da


I-a situação social, educacional,
população em situação de rua;
de psicologia e serviço
U - o acompanhamento transversal com profissionais
social;
de objetos pessoais,
1M - a oferta gratuita de espago para a guarda segura
espaco adequado para banhos
material escolar, vestudrio, produtos de higiene,
, alojamento estudantil,
e demais praticas ligadas à higienizacio pessoal
necessidades nutricionais dos
transporte e alimentagio escolar que atenda às
estudantes em situação de rua;
s escolares e projetos
IV - a adaptagio dos tempos, titmos, espago
à realidade das pessoas em
politicos-pedaggicos, bem como do curriculo
situação de rua.
forma articulada
Paragrafo Unico. A assisténcia estudantil deve ocorrer de
¢ deve contemplar
com a rede socioassistencial e as demais politicas publicas
s das pessoas
busca ativa ¢ acompanhamento sistemtico, incluindo as familia
em situacio de rua.

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep, Erika Hilton 2795894700


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28/04/2023 11:39:55.650 - MESA

PL n.2245/2023
" Art. 21 Os entes federativos devem garantir o acesso das pessoas em situação de
rua ao ensino superior, notadamente as universidades públicas.
§1° Devem ser implementados programas de acesso, permanência e
assistência estudantil no ensino superior para as pessoas em situação de rua,
assegurando meios que permitam a conclusão dos cursos por elas escolhidos.
$2º As instituições de ensino superior devem garantir as pessoas em situação

Apresentação:
de rua acesso e permanência aos seus cursos extracurriculares e projetos de
pesquisa e extensio universitaria.

Art. 22 Os equipamentos do SUAS deverio observar na garantia do direito a


educagio da populagio em situagio de tua:

I - em caso de transferéncia de uma


pessoa em situação de rua para
equipamento socioassistencial de outro territorio, assegurar a sua transferéncia
de matricula na instituição de ensino junto aos órgãos competentes,
respeitando a proximidade geografica;
IT - garantir espago propicio, inclusio digital e demais subsidios necessarios a0
estudo e à adesio escolar da populagio em situagio de rua usuiria dos
servigos e equipamentos.
Pardgrafo dnico. Fica vedado aos servicos de acolhimento do SUAS o
desligamento e desterritorializagio da pessoa em situação de rua contratada
para postos de trabalho, inserida em curso de qualificacio profissional ou
ambiente de ensino sem a garantia de transferéncia para outro equipamento
ou saida qualificada da rede socioassistencial.

Art. 23 Os municipios, estados e Distrito Federal devem garantir prioridade de


vagas nas creches de educacio infantil e nas escolas de tempo integral do ensino
fundamental ¢ médio para criancas e adolescentes integrantes de familias em situacio
de
rua.
$1º Os entes federados devem ctiar mecanismos para garantir o acesso de
mies adolescentes em situagio de rua ao ensino, sobretudo 20 ensino
fundamental e médio e aos programas de extensio educacional ou correlatos
voltados para a sua faixa etária.
§2° Adolescentes em situacio de rua devem ser considerados publico
prioritário para fins de inclusio no Programa Nacional de Inclusio de Jovens -
Projovem.

Art. 24 A Unido, estados, municipios e o Distrito Federal devem garantir politicas


de inclusio digital para pessoas em situacio de rua, especialmente por meio dos
telecentros, além de promover o acesso dessa populagio aos espagos e equipamentos
publicos.

Assinado eletronicamente a) Dep. Erika Hilton


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ão: 28/04/2 023 11:39:55 6! 0 - ME SA

PL n.2245/2023
Art. 25 A inserção de pessoas em situação de rua em postos de trabalho, cursos de
qualificação, instituições de ensino, na Bolsa QualisRua e outros instrumentos da PNTC
a
PopRua obriga o Poder Público a disponibilizar imediatamente e de forma simultâne
vagas nas creches de educação infantil e nas escolas de tempo integral do ensino
fundamental e médio para crianças e adolescentes que compõem o núcleo familiar do

(Aw es: enta


beneficidrio, sendo ele o responsável pelo exercício da parentalidade.

Art. 26 O Poder Público deve garantir o acesso imediato dos beneficiários da


s
PNTC PopRua à moradia, seja através de políticas de habitação, seja por programa
específicos para população em situação de rua, como o Moradia Primeiro, entre outros,
a a
com o objetivo de promover a sustentabilidade do acesso ao trabalho, respeitad
autonomia e autodeterminação da pessoa em situação de rua.
§1° De forma subsidiária e proviséria, no caso de impossibilidade de atender
imediatamente a0 disposto no caput, o Poder Publico deve garantir às pessoas
em situagio de rua e seus nucleos familiares vaga fixa na rede
preferencialmente em modalidades mais auténomas e
socioassistencial,
privativas de acolhimento provisério.
§2° O acolhimento provisério descrito no §1° deve ser vinculado ao
atendimento futuro do beneficiario em politicas públicas de acesso à moradia.

Art. 27 O INSS deve garantir a celeridade e prioridade na andlise dos processos das
em situagio de rua, bem como facilitar o acesso dessa populagio 20
pessoas
requerimento da aposentadoria, pensoes e beneficios.
Pardgrafo único. Para facilitar o acesso da população em situagio de rua, o INSS
em
poderé realizar ações itinerantes nos territérios de grande concentracio de pessoas
situagdo de rua.

Art. 28 A populagio em situagio de rua serd priorizada no processo de


10.835
implementagdo gradativa de uma renda básica de cidadania nos termos da Lei nº.
de 2004.

a que
Art. 29 O Poder Piblico promovera programas de inclusio social ¢ produtiv
tenham a populagio em situagio de rua como publico-alvo prioritirio, incluindo-se

modalidade especificamente voltada a populacdo em situação de rua.

§1° O Estado deve priorizar a aquisicio de produtos elaborados e servigos


produzidos diretamente pelas pessoas em situagio de rua e incentivar projetos
que promovam a aquisição de produtos claborados pelas pessoas em situação
de rua.

Assinado eletronicamente pelofa) Dep. Erika Hilton


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PLn.2245/2023
§2° Os entes federados devem promover o acesso de iniciativas de economia
solidária da população em situação de rua a instrumentos de fomento, linhas
de microcrédito, a meios de produção, mercados e ao conhecimento e
formação nas tecnologias sociais necessárias ao seu desenvolvimento

Art. 30 Os entes federativos que aderirem 2 PNTC PopRua deverão implementar

Apresentacdo:
Incubadoras Sociais para População em Situação de Rua como estratégia para fomentar o
cooperativismo dos grupos de pessoas em situação de rua e/ou com trajetória de vida
nas ruas, tendo como base o modelo de organização da economia solidária, com foco na
autonomia e na autogestão.

$1º As Incubadoras Sociais devem garantir as condições de trabalho, espaço


físico e equipamentos que se fizerem necessários ao desenvolvimento dos
projetos solidários da população em situação de rua.
§2° Serão oferecidas formações às pessoas em situação de rua para estimular
a
organização pessoal e a socialização por meio de atividades coletivas e apoiar
o processo de retomada dos vínculos interpessoais, familiares e comunitários
com vistas à geração de renda.
$3º As Incubadoras devem propor ações de formação e capacitação em
cooperativismo e associativismo social para técnicos e gestores que atuem
junto às pessoas em situação de rua.
§3° As Incubadoras devem disponibilizar recursos e formação para o
desenvolvimento de artistas em situação de rua, facilitando
seu acesso à renda
através da cultura.

Art. 31 As Cooperativas Sociais voltadas ou formadas por pessoa


s em situação de
rua organizarão seu trabalho, especialmente no que diz respeit
o a instalações, horários e
jornadas, no sentido de minimizar as dificuldades gerais
e individuais das pessoas em
situação de rua que nelas trabalharem, e desenvolverão e execut
arão programas especiais
de treinamento com o objetivo de aumentar-lhes a produt
ividade e a independência
econômica e social.

Art. 32 Os entes federados devem promover projetos de


inclusão de catadoras e
catadores de materiais recicláveis, conforme previstos na Polític
a Nacional de Resíduos
Sólidos, Lei nº 12.305/2010, e na Política Nacional de
Saneamento, Lei nº 11.445/2007.

Art. 33 O Poder Piblico, em todas as esferas federativas, deverá promover a


profissionalizagdo, formacio ¢ fomento de artistas em situação de rua, garantindo seu
acesso à renda por meio das atividades culturais e visibilidade de
seu trabalho como porta
de saida das ruas.

Assinado eletronicamente pelofa) Dep. Frika Hilton


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PLn.2245/2023
Art. 34 O Comité Intersctorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica
Nacional para Populagio em Situagio de Rua (CIAMP Rua), por meio de Grupo de =
Trabalho especifico, será responsavel pelo continuo acompanhamento, construgao de T
ditetrizes para implementacio, monitoramento e aperfeicoamento da Politica Nacional de
g3
&
Trabalho Digno e Cidadania para Populagio em Situação de Rua. g2
|
3
Parigrafo tnico. Serd assegurada participagdo social nos demais entes federativos &ê
que aderirem à PNTC PopRua por meio dos comités intersetoriais de monitoramento de
politicas públicas para população em situagio de rua locais com participagio direta de
pessoas em situagao de rua.

Art. 35 Os entes federados devem constituir grupos de trabatho interfederativos,

para mapeamento ¢ levantamento das demandas educacionais e de trabalho das pessoas


em situacio de rua.
Pardgrafo único. No aperfeicoamento e avaliagio da Politica Nacional de Trabalho
Digno e Cidadania para Populagio em Situagio de Rua serdo considerados dados
censitirios nacionais e locais periédicos sobre a população em situação de rua.

Art. 36 A Unido, Estados, Municipios ¢ o Distrito Federal devem criar fluxos de

trabalho especificos com os órgãos de fiscalização, a fim de garantir o cumprimento dos


legislação, além de combater as violagdes de direitos e promover o
dispositivos desta
de seus
trabalho decente de pessoas em situação de rua, em especial com a efetivagio
direitos trabalhistas e previdencidrios.

projetos de
Art. 37 Os entes federados devem fomentar e divulgar pesquisas,
gias de qualificagio
extensio ¢ produgio de conhecimento sobre metodologias e tecnolo
ão em situagio de
social e profissional destinadas a inclusio social e produtiva da populaç
ente com a populagio
rua, nas universidades, redes de ensino e setores que atuam diretam
das por pessoas em
em situação de rua, com o incentivo a pesquisas participativas integra
situação de rua.
São consideradas iniciativas de interesse para fomento e
Parigrafo único.
divulgacio, entre outras:
abarcam projetos que auxiliem na identificagdo e
1 - aquelas que
e tecnologias de qualificagio social e
desenvolvimento de metodologias
profissional da populagio em situação de rua;
inovadoras ¢
M - que promovam O desenvolvimento de abordagens
praticos da qualificagao
formulacio de solugdes criativas para 0s problemas
social e profissi(mal de pessoas em situação de rua;
de democratizagio e
11 - que favoregam o desenvolvimento de experiéncias
s de Qualificagio
ampliagio do controle social sobre as Politicas Publica
Profissional para pessoas em situagao de rua.

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Erika Hilton


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28/04/2023 11:39:55.650 - MESA

PL n.2245/2023
Art. 38 Os entes federados devem garantir a produção e divulgação ampla de
indicadores das ações de inclusão das pessoas em situação de rua a partir da PNTC
PopRua, assegurando a transparência dos dados.

ação
Apresent:
Art. 39 Os entes federados devem garantir campanhas de sensibilização e
engajamento nas agências de contratação e no setor privado para a capacitação, emprego
e inclusão de pessoas com histórico de situação de rua, adotando medidas como
desconsiderar o uso do endereço como documento eliminatório para candidatuta do
profissional, visando minimizar as barreiras institucionais.

Art. 40 À Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para População em


Situação de Rua deverá ser implementada de forma descentralizada e articulada entre a
União, Estados, Distrito Federal, Municípios que dela aderirem por meio de instrumento
próprio.

$1º O instrumento de adesão definirá as atribuições e as responsabilidades a


serem compartilhadas.
$2º Os entes da Federação que tiverem pessoas em situação de rua
cadastradas no Cadastro Único da Assistência Social - CadÚnico deverão
adetit à PNTC PopRua no prazo máximo de dois anos da publicação desta
Lei, cabendo regulamentação do Poder Executivo deste dispositivo.

Art. 41 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

kel
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x
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===

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Erika Hilton


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O primeiro e único Censo Nacional' sobre a população em situação de rua, S c
realizado em 2009, comprovou que as pessoas em situação de rua são trabalhadoras e € —
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trabalhadores que vivem nas ruas do pais. De fato, 70,9% dos recenseados exerciam
alguma atividade remunerada e 58,6% afirmaram ter alguma profissão. &&
Esses dados demonstram crencas estabelecidas na sociedade de que a populagio em
situacdo de rua seria composta por pessoas que pedem dinheiro para sobreviver.
Contudo, constatou-se também que a maior parte dos trabalhos realizados situa-se na
chamada economia informal, pois apenas 1,9% dos entrevistados afirmaram estar
trabalhando com carteira assinada no momento do recenseamento e 47,7% afirmou
nunca ter trabalhado com vinculo empregaticio reconhecido formalmente.
Após mais de uma década e mesmo com a vigéncia da Politica Nacional para a
População em Situação de Rua a realidade das ruas agravou-se, estimando-se 281.472

pessoas em situagio de rua no pafs, um crescimento de 211% de 2012 a 2022.


Na raiz dessa crise humanitiria sem precedentes está a auséncia de politicas públicas
estruturantes, principalmente aquelas que promovam o acesso da populagio cm situagio
de rua à motadia e ao trabalho. O pesquisador ¢ referéncia na temdtica Luiz Kohara
ilustra a questão:
“Pesquisas revelam que antes de ir para a rua, grande parte dessas pessoas
trabalhava em atividades pouco qualificadas, principalmente na área da
construção civil, servicos domésticos e de limpeza, serviços de reparação e
comércio informal. Vivenciavam intensa mobilidade de trabalho geralmente
no setor informal, em funções desqualificadas e superexploradas. Com as
mudanças do mundo do trabalho, cada vez mais competitivo e exigente em
relação à qualificação tecnológica, pessoas com baixa qualificação são
consideradas descartáveis.”?

A relevância do trabalho como porta de saída das ruas é verbalizado pelas próprias
pessoas em situação de rua. Dados censitários mais recentes da cidade de São Paulo, o
município que sozinho concentra mais pessoas em situação de rua que todas as outras
capitais do país, revelam que a maioria dos entrevistados, ao serem questionados sobre o
que mais os ajudaria a sair das ruas, responderam que seria a obtenção de um emprego
fixo? (37,2%).

'https://wwwmds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia social/Livros/Rua aprendendo, a contar.pdf


? https:/ /gaspargarcia.org.br/ausencia-de-politicas-publicas-cfetivas-para-populacao-de-rua/
*htips://app.powerbi.com/view?r=ey]rIjoiOWFmZjhkODYtMDk2Z CO0OOTdILThj|MGIODNjOTRIYWQyMzFm
TiwidCI6ImEOZTA2MDVILWUzOTUNDZIYS liMmE4LThINJEINGM5MGUwNy] 9&pageName=ReportSectio
nbesd12333b569188a388

Assinado eletronicamente pelo(a) De Hilton


Para verificar a atura, ttps:/finfoleg-autenticidade: inatura.camara.Jeg.br/CD232795894700
0: 28/04/2023 11:39:55.650 - MESA

PL n.2245/2023
Nesse sentido, o Projeto de Lei apresentado, que institui a Política Nacional de
Trabalho Digno, Renda e Cidadania para População em Situação de Rua, busca responder
de forma ampla às dificuldades de acesso ao trabalho e renda por pessoas em situação de
fua, apresentando incentivos à geração de empregos e contratação de pessoas em situação
de rua, iniciativas de fomento à permanência para qualificação profissional e elevação da
escolaridade, além de medidas para facilitar o acesso à renda, associativismo e

Apresentaç
empreendedorismo solidário dessa população.
Trata-se de uma iniciativa legislativa fundada no conceito de Trabalho Decente,
formalizado pela Organização Internacional do Trabalho - OIT em 1999, entendendo o
direito ao trabalho como condição fundamental para a superação da pobreza e redução
das desigualdades sociais. Está alinhada, ainda, com a Constituição Federal de 1988,
principalmente os artigos 6º e 7º, reconhecendo o trabalho como um direito social que dá
à pessoa a oportunidade de inclusão e traz dignidade à sua vida.
Por fim, o Projeto de Lei reconhece a importância da Economia Solidária para
pessoas que estão em situação de rua, uma vez que têm mais dificuldade de se inserirem
no mercado de trabalho formal. A proposta, ainda, auxilia a promover gradativamente a
universalização do direito dos trabalhadores em situação de rua à qualificação, com o
objetivo de contribuir para o aumento da probabilidade de obtenção de emprego e
trabalho decente.

Solicitamos, então, apoio aos nobres pares para a aprovação deste Projeto de Lei.

Sala das Sessões, em 28 de abril de 2023.

Erika Hilton
Deputada Federal - PSOL/SP

0 eletronicamente pelo(s) Dap. Erika Hilton


sse https://infoleg autenticidade assinatura,camara leg br/CD232795894700
Comportamento

Água de graça é gentileza que até assusta na


Rua 13 de Maio
Solange decidiu disponibilizar galão de água gelada após ver gente
até passando mal com calor
Por Aletheya Alves | 21/10/2023 07:30

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Água gelada foi ideia de Solange após ver gente passando mal. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na entrada de uma das lojas da Rua 13 de Maio, Solange Andrade ainda não entende o motivo de tanto
burburinho. Isso porque há algumas semanas decidiu disponibilizar água de graça no local e, desde então,
até “assustadas” as pessoas ficam com a gentileza.
Él
plataforma
o oA s ]

“Beba agua a vontade”, diz o anúncio colado no galdo de água para não deixar ninguém
com dúvida. Mas,
apesar disso, a curiosidade e a falta de costume com gestos parecidos tém feito com que os olhares sigam
confusos, conta a empresaria.

Rindo, Solange explica que ja tinha se tornado pratica dividir sua água com quem
passava pela rua, mas de
uma forma diferente. “Eu ficava tomando tereré aqui na frente as pessoas pediam um copo de agua. Claro
que ndo ia negar, entao buscava copo plastico e dava”.

Naloja da Rua 13 de Maio, a gentileza tem chamado atenção. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com as últimas ondas de calor, os pedidos por dgua aumentaram, mas ver uma senhora passando mal foi
o que gerou a ideia do bebedouro.

“Ela passou r o filtro ficava


na parte de t
CAMPO GRANDE .

resposta dos
De ajudar no valor da água ate querer comprar copos plasticos, a empresaria narra que a
clientes e de quem passa por perto tem sido variada. "Acho que não estão acostumados mesmo porque é
não achei
uma coisa tão simples. Quando comegou a chamar atenção fiquei até com vergonha porque
que fosse dar isso”", diz

por ela € que a agua realmente não tem nenhuma relacao com querer algo das
Outro ponto destacado
nada nas minhas vendas, por exemplo. É só para as pessoas conseguirem tomar
pessoas. "Isso ndo mudou
água, nada mais”, completa,
gentileza. "É algo
Para ela, o ato também pode servir de ideia para outras pessoas da cidade no sentido da
facil, se mais gente fizesse isso, talvez seria melhor”.

icial
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