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PARNAÍBA-PI
OUTUBRO/ 2022
ANTONIA SILVIA MORAIS DE BRITO
NAIARA GOMES DA SILVA
PARNAÍBA-PI
Outubro/ 2022
Área de Concentração:
Aprovado por:
_______________________________________________
Prof. Dr. Pedro Jorge Sousa dos Santos
Universidade Federal do Delta do Parnaíba
_______________________________________________
Rafael Araujo de Souza
Professor especialista – Seduc-PI
_______________________________________________
Daiana Carvalho Dutra
Professora especialista – Seduc-PI
PARNAÍBA - PI
OUTUBRO/ 2022
Agradecimentos
Primeiramente agradecemos a Deus, por ter nos dados forças durante todo o nosso percurso até
chegar aqui e por não nos deixar desistir dos nossos sonhos.
Agradecemos aos nossos pais (Eurineude Gomes e Pedro Machado) e (Antonia Leni e
Francisco das Chagas), por todo apoio, ajuda e incentivo. Essa caminhada seria bem mais difícil
sem eles.
Agradecemos nosso Orientador Pedro Jorge, que sempre acreditou na nossa capacidade até
quando nós mesmas não acreditávamos. Agradecemos pelo incentivo, pelo apoio, pela ajuda da
realização deste trabalho e por nos repassar seus conhecimentos com maestria durante todo
curso.
Agradecemos também nossos amigos de campo, em especial, Liliana Costa, Levi Castro,
Nicoly Sampaio, que nos ajudou bastante na estrutura do nosso trabalho, ao nosso querido
amigo João Welyson e nossa amiga Isabella França. Com eles, a graduação tornou-se leve e
divertida.
“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser
realizado.”
Roberto Shinyashiki
Resumo
O número de Euler, estudado em logaritmos no ensino médio, e o número π,
visto na geometria, são constantes que pertencem ao conjunto dos números
irracionais, conjunto este estudado durante o ensino básico com superficialidade. O
objetivo do presente trabalho é mostrar que os números π e 𝑒 são de fato números
irracionais através de demonstrações e relacionar o estudo deste conjunto na
formação do professor. A presente pesquisa pautou-se num estudo de caráter
bibliográfico, que foi aplicada durante a construção do referencial teórico e da
engenharia didática, com intuito de coletar informações sobre o conhecimento dos
números irracionais dos alunos da escola Liceu. Em síntese, foi possível observar que
o ensino sobre os números irracionais durante o ensino básico é dado de maneira
superficial e isto pode ser visto como consequência da abordagem vaga com que esse
tema é tratado também na graduação.
.
Abstract
The Euler number, studied in logarithms in high school, and the number π, seen
in geometry, are constants that belong to the set of irrational numbers, a set that was
studied superficially during elementary school. The objective of the present work is to
show the insufficiencies related to the teaching and learning of irrational numbers, with
emphasis on π and 𝑒, in addition, to relate this fact with the formation of the
mathematics teacher. The present research was based on a bibliographic study for the
knowledge of the demonstrations of irrationality and definitions, including didactic
engineering was used for the application of the activities that will be detailed in chapter
4. In summary, it was possible to show that teaching about the irrational numbers
during basic education is given in a superficial way and this is a consequence of the
lack of training of the future mathematics teacher during the degree to
teach on this topic.
Keywords: 𝜋 Number; Euler's number; irrational numbers
Lista de Figuras
2. METODOLOGIA.................................................................................................... 13
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é mostrar que esses números de fato são irracionais,
trazendo um pouco da história e da definição de cada um deles. Além disso, iremos
analisar o conhecimento sobre o número de Euler e o número π de alguns alunos do
ensino médio e refletir como o ensino dos números irracionais no ensino básico está
ligado à forma como o docente estudou esse assunto enquanto aluno do ensino
superior em matemática.
2. METODOLOGIA
A construção do trabalho foi feita a partir de uma revisão bibliográfica que teve
como base trabalhos científicos relacionados aos números irracionais 𝜋 e 𝑒. A
pesquisa foi feita na internet, tendo como base principal o google scholar. Foi utilizada
também a metodologia de pesquisa conhecida como Engenharia Didática. A noção
de Engenharia Didática surgiu na matemática no início do ano de 1980 para trabalhos
de educação matemática. Segundo Artigue (1988), é uma forma de trabalho didático
que se compara com a forma como os engenheiros trabalham, pois, ao realizarem um
projeto, se apoiam em conhecimentos prévios e específicos que conhecem, aceitam
se submeter a um controle de tipo científico, porém necessitam trabalhar objetos mais
complexos que os utilizados depurados da ciência.
A engenharia didática se caracteriza como um esquema experimental baseado
em realizações didáticas em sala de aula, ou seja, na ideia, realização, observação e
análise dos resultados. Pode ser considerada também como pesquisa experimental
pelo registro em que se situa e modo de validação que lhe são associados: a análise
a priori, experimentação e a análise a posteriori. Este tipo de validação é uma
singularidade desta metodologia, pois não é necessário a aplicação de um pré-teste
ou de um pós-teste.
A análise a priori é dada quando há um estudo do objetivo que será trabalhado.
É nesta fase que são levantadas as hipóteses, o ambiente em que as atividades serão
desenvolvidas, as possíveis variáveis. Em nosso trabalho, a análise a priori foram os
questionamentos que fizemos antes da realização deste trabalho, com a finalidade de
definir o que seria feito, a partir do que e o porquê. Assim, nos perguntamos, por
exemplo, “que tipo de atividade podemos realizar para que os alunos se convençam
do valor aproximado do número 𝜋?”, “qual atividade levar para medir os
conhecimentos acerca do número de Euler?”
A experimentação é a aplicação do projeto que foi elaborado, com todos os
dados, variáveis, para tirar conclusões sobre a atividade e imprevistos que ocorreram
durante a aplicação, gerando os resultados. No nosso trabalho, a experimentação foi
o desenvolvimento da atividade na escola, que foi de onde levantamos a maior parte
dos dados para realizar este trabalho, assim como a própria definição de
experimentação traz.
A análise a posteriori é a nossa implicação, a qual chegamos a uma conclusão
levando em consideração as hipóteses e os resultados obtidos, para assim chegar a
um resultado. Neste caso, trazemos este trabalho como sendo a análise a posteriori
dos nossos estudos.
1 1 1 1 1
𝜋 = 4∙( + + + + +⋯)
1 3 5 7 9
𝑥3 𝑥5 𝑥7
𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑥) = 𝑥 − ( ) + ( ) − ( ) + ⋯ −1 ≤𝑥 ≤ 1
3 5 7
Logo,
𝜋 1 1 1 1
( ) = ( ) ∙ (1 − + − +⋯)
6 √3 3∙3 5∙3∙3 7∙3∙3∙3
E essa é uma série que converge mais rápido, pois para se obter quatro casas
decimais certas é necessário apenas de nove termos da série.
No ano de 1706, o matemático inglês John Machin introduziu uma variação a
fórmula de Gregory, com um aumento significativo da convergência, ou seja, os
resultados desejados eram encontrados de forma bem mais rápida. Através dela, ele
conseguiu calcular as primeiras cem casas decimais do número 𝜋. Inclusive, essa
fórmula é usada até hoje por programas computacionais para calcular os dígitos de π.
A fórmula encontrada por Machin (GUIDORIZZI, 1999), é dada por:
𝜋 1 1
= 4 ∙ 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( ) − 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( ).
4 5 239
Shanks, um inglês, usou a fórmula de Machin para calcular 𝜋 até as 707 casas
decimais, das quais somente 527 estavam corretas. Em 1949 foi utilizado um
computador para calcular 𝜋 até as 2000 casas decimais (BALTAZAR, 2010). Em 1961
conseguiu-se através da computação a aproximação de 𝜋 em torno das 100.265
casas decimais. Mais tarde, em 1967, aproximou-se até as 500.000 casas decimais.
A utilização de programas computacionais associados a métodos de cálculos
mais eficientes, tornou possível o descobrimento de milhares de casas decimais para
o número 𝜋 em um tempo bem menor. Em 2002, os pesquisadores japoneses Kanada
e Takahashi bateram o record de obter o valor aproximado de 𝜋 com maior precisão
com mais de um trilhão de casas decimais .
Na utilização do número 𝜋 para cálculos não se faz necessário o conhecimento
de tantas casas decimais desta constante, geralmente, se usa duas ou até três casas
decimais. Contudo, o estudo do cálculo deste número é de extrema importância, um
exemplo disto é a sua utilização para testar a eficiência de novos computadores, pois,
por exigir uma computação intensa e precisa, o cálculo de milhões de casas de 𝜋
serve como uma espécie de parâmetro para verificar a velocidade dos processadores.
Em grande parte das aplicações de 𝜋, a aproximação de uma ou duas
casas decimais já é suficiente para se obter precisão em construções, desenhos, entre
outras aplicabilidades. Já em cálculos científicos, a aproximação é dada com quatro
casas decimais. Por exemplo, o valor de 𝜋 com a utilização de onze casas decimais
permite calcular a circunferência da terra com precisão.
O número 𝑒, embora seja mais conhecido como número de Euler, teve como
colaboradores para o seu surgimento não só Leonard Euler, mas outros dois grandes
matemáticos: John Napier e Jacob Bernoulli. A descoberta do número 𝑒 começou com
John Napier, um matemático escocês, por meio da necessidade de criar um atalho
computacional para calcular números muito grandes, pois na época era um problema
para os astrônomos, que sempre caiam em cálculos extremamente amplos e sem
precisão.
Assim como a multiplicação é um “atalho” para a adição de parcelas iguais e os
expoentes, para a multiplicação de fatores iguais, Napier quis criar um “atalho” para
os expoentes. Por isso, ele criou “o número artificial” que tinha como objetivo substituir
a tarefa cansativa de multiplicar dois números por uma tarefa mais simples, somar
dois outros números, ou seja, multiplicar dois números seria equivalente a somar os
expoentes das potências. Por exemplo, “4.4 = 16” é equivalente a “22 . 22 = 22+2 =
24 = 16” . Esse número ficou conhecido como logaritmo. Em 1614 foi publicado por
Napier o livro Mirifici Logarithmorum Canonis Descriptio, onde foi discutida a ideia
original dos logaritmos. Esta obra revolucionou a matemática e permitiu calcular
equações de modo mais simples e rápido.
Ao calcular números exponenciais, Napier percebeu uma propriedade implícita:
na multiplicação de potências de mesma base, soma-se o expoente. A tabela abaixo
é um exemplo dessa propriedade:
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2𝑛 2 4 8 16 32 64 128 256 512 1024
Fonte: Autores
Observe, por exemplo, que 23 = 8 e 27 = 128. Além disso, veja que somando
os expoentes (3+7) obtemos o valor 10, e que ao multiplicamos os resultados de
23 𝑒 27 (8.128), obtemos o valor 1024. Note que 1024 é resultado de 210 .
Napier fez uma tabela similar a essa, com a ideia de facilitar o cálculo de dois
números quaisquer, além disso, ele queria preencher as lacunas, ou seja, queria que
a sequência de números da segunda linha fosse formada por números cuja razão se
aproximasse de 1, o que lhe daria mais chance de achar qualquer número, pois essa
razão seria uma fórmula geral. Na tabela acima, a razão entre os números da segunda
4 8 16 1024
linha é 2, por exemplo, “2 = 4 = 8 = ⋯ = 512 = 2”, isso gera essas lacunas.
1
Napier teve uma ideia utilizando a razão (1 – ) com resultado aproximado a
107
0,9999999 e, para que as casas decimais não se repetissem, ele multiplicou as
potências obtidas com essa razão por 107 . Napier propôs a tabela abaixo como reflexo
dessas conclusões, foi formada na primeira linha pelos expoentes L e na segunda por
1 𝐿
números 𝑁 = 107 . (1 + 107 ) , ficando da seguinte forma:
L 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
N 107 9999999 9999998 9999997 9999996 9999995 9999994 9999994 9999992 9999991 9999990
Fonte: Autores
De forma geral, se n for o período para aplicar a taxa de juros durante o ano
1 𝑛
teríamos a fórmula (1 + 𝑛) para calcular o montante. Esta é a fórmula geral que
relaciona o número de Euler com a matemática financeira.
Assim, a cada valor que atribuímos a n, a fórmula nos leva a um termo dessa
sequência, a partir disso Bernoulli encontrou um número entre 2 e 3 quando n tende
ao infinito, e Leibniz (1646-1716) foi responsável pela primeira aparição propriamente
dita do número 𝑒, em 1690 como o limite dessa sequência numérica.
Por último, destaca-se a contribuição que Leonard Euler trouxe para o
surgimento do número 𝑒: um matemático importantíssimo na história da matemática
nascido na suíça em 1707. Foi ele quem denotou o número de Euler com o símbolo
e, utilizando-o também para se referir a base dos logaritmos naturais. Em sua obra
Mechanica, de 1736, o número 𝑒 foi impresso pela primeira vez e apresentado como
aproximação com 23 casas decimais obtida por meio da seguinte série:
1 1 1 1 1 1
∑ = + + + + ⋯+ + ⋯
𝑛! 1! 2! 3! 4! 𝑛!
Portanto, podemos concluir que a existência do número de Euler se deu através de
etapas, começando pela criação dos logaritmos, depois pela ideia de relacionar o
número e com a matemática financeira e, assim, finalmente foi possível encontrar uma
aproximação para o número de Euler com o conceito de limite.
Nesta seção, iremos apresentar algumas definições importantes que serão utilizados
nas demonstrações das definições e da irracionalidade do número 𝜋 e do número 𝑒.
20
Tal número 𝐿, que quando existe é único, será indicado por lim 𝑓(𝑥).
𝑥→𝑝
Assim
É dada por:
𝑏 𝑛
𝑛 𝑛!
𝐶𝑛,𝑝 = (𝑝 ) = 𝑝!(𝑛−𝑝)!
Sabe-se que 𝜋 é dado pela razão entre o comprimento (𝑐) e o diâmetro (𝑑) de
𝑐
uma circunferência: 𝑐 = 𝜋𝑑 ⇒ 𝜋 =
𝑑
Disso, iremos analisar separadamente quatro situações, em que polígonos
regulares estão inscritos e circunscritos a uma circunferência. Considere como sendo
𝐿 o lado do polígono regular circunscrito, 𝑙 como sendo o lado do polígono inscrito ao
círculo, e 𝑐 o comprimento da circunferência. Vamos comparar os perímetros dos
polígonos regulares inscritos e circunscritos ao círculo, com o comprimento da
circunferência.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
𝑐 < 4𝑑 (𝑖𝑖)
𝑙2 + 𝑙2 = 𝑑2
2𝑙 2 = 𝑑 2
𝑑2 𝑑√2 𝑑√2
𝑙2 = ⇒𝑙= ⇒𝑙= (𝑖𝑖𝑖)
2 √2 2
Fonte: Autores
27
Fonte: Autores
Temos que:
𝐿2
𝑅2 + 2
= 𝐿2
2
𝐿
𝑅2 + = 𝐿2
4
2 2
𝐿2
𝑅 =𝐿 −
4
2
4𝐿 𝐿2 3𝐿2
𝑅2 = − ⇒ 𝑅2 = .
4 4 4
𝑑
Como 𝑅 = 2 , então
𝑑 2 3𝐿2 𝑑 √3𝐿2 √3 𝑑 √3 𝑑√3
( ) = ⇒ = =𝐿 ⇒𝐿= ∙ ⇒𝐿=
2 4 2 √4 2 √3 √3 3
223 22
Caso 𝑛 = 96: <𝜋< ∴ 3,1408 < 𝜋 < 3,1428.
71 7
Pois, temos que: 𝑃𝑁− < 2𝜋𝑅 < 𝑃𝑁+ ; sendo 𝑅 = 1 e dividindo toda a inequação por 2
1 1
chega-se em 2 𝑃𝑁− < 𝜋 < 2 𝑃𝑁+ .
𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) = 𝑦
𝑙
𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) = ⇒ 2𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) = 𝑙 ⇒ 2𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) ∙ 𝑁 = 𝑙 ∙ 𝑁
2
1
𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) ∙ 𝑁 = 𝑃 −
2 𝑁
Analogamente
𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) = 𝑥
𝐿
𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) = ⇒ 2𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) = 𝐿 ⇒ 2𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) ∙ 𝑁 = 𝐿 ∙ 𝑁
2
1
𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) ∙ 𝑁 = 𝑃 +
2 𝑁
Então
1 1
𝑃 − = 𝑁 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑛 ) e 𝑃𝑁+ = 𝑁 ∙ 𝑡𝑎𝑛(𝜃𝑛 ) (1)
2 𝑁 2
Fonte: Autores
30
De forma mais detalhada na Figura 7, veja que o ângulo 𝐴Ô𝐵 = 30°. Como o
raio da circunferência vale 1, ou seja 𝐴𝑂 = 1. Perceba que 𝐴𝐵 é metade do lado do
𝐴𝐵
hexágono inscrito, e sabemos que 𝑠𝑒𝑛(30°) = 1 ⇒ 𝐴𝐵 = 𝑠𝑒𝑛(30°). Logo, com essas
informações podemos concluir que o semiperímetro do hexágono inscrito é 6 vezes o
lado 𝐴𝐵.
1
𝑃 − = 6𝑠𝑒𝑛(30°)
2 𝑁
De maneira semelhante acontece com 𝐶𝐷, temos que 𝑂𝐷 = 1 pois é o raio da
𝐶𝐷
circunferência, então, 𝑡𝑎𝑛(30°) = 1 ⇒ 𝐶𝐷 = 𝑡𝑎𝑛(30°). Como 𝐶𝐷 é metade do lado do
hexágono circunscrito, seu semiperímetro será dado por
1
𝑃 + = 6𝑡𝑎𝑛(30°)
2 𝑁
A próxima etapa é estimar os semiperímetros dos polígonos regulares de 12
lados a partir dos hexágonos, dividindo cada lado destes ao meio, e assim
sucessivamente até se obter um polígono regular de 96 lados. Isto corresponde a cada
1
etapa uma mudança de 𝜃𝑁 para 2 𝜃𝑁 , para qual serão necessárias as identidades
trigonométricas:
1 1 1 1 1
𝜃 = 𝑠𝑒𝑛(𝜃) + e 𝜃 = √1 + 𝜃 (2)
𝑡𝑎𝑛( ) tan(𝜃) 𝑠𝑒𝑛( ) 𝑡𝑎𝑛2 ( )
2 2 2
1
𝛼+ 𝛽< 𝜃 <𝑎+𝑏 (4)
𝑡𝑎𝑛( )
2
2
1
(𝛼 + 𝛽)2 + 1 < ( 𝜃
) + 1 < (𝑎 + 𝑏)2 + 1
𝑡𝑎𝑛 ( 2)
1
√(𝛼 + 𝛽)2 + 1 < 𝜃 < √(𝑎 + 𝑏)2 + 1 (5)
𝑠𝑒𝑛( )
2
Após encontrar tais relações, iniciamos os cálculos a partir do hexágono regular, para
os quais o valor de 𝜃6 = 30°. Então, sendo
√3 1
tan(30°) = ⇒ 𝑡𝑎𝑛𝜃 = √3
3 6
1 1 1
sen(30°) = ⇒ =2⇒ =2
2 𝑠𝑒𝑛(30°) 𝑠𝑒𝑛(𝜃6 )
1
De (3), 𝛽 = 𝑏 = 2 (pois, 𝑠𝑒𝑛(30°) = 2) e as aproximações racionais para √3 usadas por
Arquimedes são:
265 1351
< √3 <
153 780
Logo,
265 1351
+ 2 < √3 + 2 < +2
153 780
1 1
Como 𝑡𝑎𝑛𝜃 = √3 e 𝑠𝑒𝑛(𝜃 ) = 2, então
6 6
265 1 1 1351
+ 2 < tan(30°) + 𝑠𝑒𝑛(30°) < +2
153 780
265 1 1 1351
+2< + < +2
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃6 ) 𝑠𝑒𝑛(𝜃6 ) 780
E por (4), obtemos
571 1 2911
< <
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃12 ) 780
A estimativa para 𝑠𝑒𝑛(𝜃12 ) vem de (5)
32
571 2 1 2911 2
√ 1+ ( ) < √
< 1+( )
153 𝑠𝑒𝑛(𝜃12 ) 780
1 3
591 √349450 1 √9082321 3013
8 4
< < 𝑠𝑒𝑛(𝜃 < <
153 153 12 ) 780 780
Assim,
1 3
571 1 2911 591 1 3013
8 4
< 𝑡𝑎𝑛(𝜃 < 𝑒 < 𝑠𝑒𝑛(𝜃 <
153 12 ) 780 153 12 ) 780
• Para 𝑠𝑒𝑛(𝜃24 )
2
1
1162
8 1 1823 2
√1 + ( ) < < √1 + ( )
153 𝑠𝑒𝑛(𝜃24 ) 240
1 33 9
1172 √1373943 1 1838
8 64 √3380929 11
< < 𝑠𝑒𝑛(𝜃 < =
153 153 24 ) 240 240
Então,
1 1 9
1162 1 1823 1172 1 1838
8 8 11
< 𝑡𝑎𝑛(𝜃 < 𝑒 < 𝑠𝑒𝑛(𝜃 <
153 24 ) 240 153 24 ) 240
1 9
2334 4 1 1838 11 1007
< < =
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃48 ) 240 66
• Para 𝑠𝑒𝑛(𝜃48 )
33
2
1 2
2334 4 1 1007 2
√1 + ( ) < √1 + ( ) < √1 + ( )
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃48 ) 66
1 1 1 1
2339 4 √5472132 1 √1018405 1009 6
16 16
< < < <
153 153 𝑠𝑒𝑛(𝜃48 ) 66 66
Logo,
1 1 1
2334 4 1 1007 2339 4 1 1009 6
< < 𝑒 < <
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃48 ) 66 153 𝑠𝑒𝑛(𝜃48 ) 66
Faremos agora para a última etapa, aproximações para 𝑡𝑎𝑛(𝜃96 ) e 𝑠𝑒𝑛(𝜃96 ).
• Para 𝑡𝑎𝑛(𝜃96 )
1 1 1
2334 4 2339 4 1 1007 1009 6
+ < < +
153 153 𝑡𝑎𝑛(𝜃96 ) 66 66
1 1
4673 2 1 2016 6
< <
153 𝑡𝑎𝑛(𝜃96 ) 66
• Para 𝑠𝑒𝑛(𝜃96 )
De forma simplificada, temos
1 1
1 √4069284 2017 4
6
< <
𝑠𝑒𝑛(𝜃96 ) 66 66
Agora, invertendo as desigualdades e multiplicando por N=96, temos
96 ∙ 153 1 22 96 ∙ 66 10
96𝑡𝑎𝑛(𝜃96 ) < 1 <3 = 𝑒 96𝑠𝑒𝑛(𝜃96 ) > 1 >3
4673 2 7 7 2017 4 71
Logo,
10 1 1 22
3 < 𝑃96− < 𝜋 < 𝑃96+ <
71 2 2 7
o número 𝑒 através da geometria, em seguida, mostrando que ele pode ser definido
como o limite de uma sequência e como a soma de uma série numérica.
O número de Euler tem uma interpretação gráfica: a área de uma função abaixo do
1
gráfico da curva 𝑓(𝑥) = 𝑥 para 𝑥 > 0.
1
Figura 8 – Gráfico da curva 𝑓(𝑥) =
𝑥
O número 𝑒 é definido como sendo o número tal que a área pintada nos tons de azul
é igual a 1.
Veremos abaixo, que é possível enxergar o número e como o limite de uma sequência.
Para isso, considere um ponto no eixo x, vamos chamar este ponto de 𝑥 + 1.
35
1
Figura 9 – Gráfico da curva 𝑓(𝑥 + 1) =
𝑥+1
1
𝑛 1 1
𝑛+1 < 𝑙𝑛 (1 + ) <
𝑛 𝑛
𝑛
36
1 𝑛 1 1
. < 𝑙𝑛 (1 + ) <
𝑛 (𝑛 + 1) 𝑛 𝑛
1 1 1
< 𝑙𝑛 (1 + ) <
𝑛+1 𝑛 𝑛
Multiplicando toda a desigualdade por n, obtemos
𝑛 1
< 𝑛. 𝑙𝑛 (1 + ) < 1
𝑛+1 𝑛
𝑛 1 𝑛
< 𝑙𝑛 (1 + ) < 1
𝑛+1 𝑛
Agora, vamos passar a exponencial de base e
𝑛 1 𝑛
𝑒 𝑛+1 < 𝑒 𝑙𝑛(1+𝑛) < 𝑒 1
𝑛 1 𝑛
𝑒 𝑛+1 < (1 + ) < 𝑒
𝑛
Passando o limite na desigualdade acima com 𝑛 → ∞, temos
1 𝑛
𝑒 ≤ lim (1 + ) ≤ 𝑒
𝑛→∞ 𝑛
Logo,
1 𝑛
Lim (1 + 𝑛) = 𝑒 ∎
𝑛→∞
1 𝑛 1 𝑚+1
(1 + ) < (1 + )
𝑛 𝑚
Demonstração:
A inequação pode ser facilmente demonstrada utilizando a desigualdade entre as
médias aritméticas e geométricas.
𝑎1 +𝑎2 +𝑎3 +...+𝑎𝑛
1) 𝑛√𝑎1 ∙ 𝑎2 ∙ 𝑎3 ∙ … ∙ 𝑎𝑛 ≤ , onde 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , … , 𝑎𝑛 ∈ ℝ+
𝑛
Além disso,
𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛
2) 𝑛√𝑎1 ∙ 𝑎2 ∙ 𝑎3 ∙ … ∙ 𝑎𝑛 = ⇔ 𝑎1 = 𝑎2 = 𝑎3 = ⋯ = 𝑎𝑛
𝑛
1 1
Dessa forma, como (1 − 𝑚+1) < (1 + 𝑛) , para todo 𝑚, 𝑛 ∈ ℕ, obtemos
1 1
𝑚+𝑛+1 1 𝑛 1 𝑚+1 𝑛. (1 + 𝑛) + (𝑚 + 1). (1 − 𝑚+1)
√(1 + ) . (1 − ) <
𝑛 𝑚+1 𝑚+𝑛+1
𝑛+1+𝑚+1−1
= =1
𝑚+𝑛+1
𝑚+𝑛+1
1 𝑛 1 𝑚+1
√(1 + ) . (1 − ) < 1
𝑛 𝑚+1
1 𝑛 1 𝑚+1
(1 + ) . (1 − ) < 1𝑚+𝑛+1
𝑛 𝑚+1
1 𝑛 1 𝑚+1
(1 + ) . (1 − ) < 1 , ∀𝑚, 𝑛 ∈ ℕ
𝑛 𝑚+1
1 𝑛 1
(1 + ) < 𝑚+1
𝑛 1
(1 − 𝑚+1)
1 𝑛 1 −(𝑚+1)
(1 + 𝑛) < (1 − 𝑚+1) , ∀𝑚, 𝑛 ∈ ℕ
Para concluir este passo, vamos desenvolver algebricamente o lado direito da última
desigualdade, daí
38
−(𝑚+1)
1 𝑚 + 1 − 1 −(𝑚+1)
(1 − ) = ( )
𝑚+1 𝑚+1
𝑚 −1.(𝑚+1)
=( )
𝑚+1
𝑚 + 1 𝑚+1
=( )
𝑚
1 𝑚+1
= (1 + )
𝑚
Logo,
1 𝑛 1 𝑚+1
(1 + 𝑛) < (1 + 𝑚) , ∀𝑚, 𝑛 ∈ ℕ . ∎
1 𝑛
Proposição 1.2: A sequência (𝑥𝑛 )𝑛∈ℕ de termo geral 𝑥𝑛 = (1 + 𝑛) , é monótona
crescente, isto é, 𝑥𝑛 < 𝑥𝑛+1 .
Demonstração:
1 𝑛 1 𝑚+1
A partir da inequação (1 + ) < (1 + ) da proposição 1.1, fazendo
𝑛 𝑚
𝑛(𝑛+2)
1 1 𝑛+2
(1 + ) < (1 + )
𝑛(𝑛 + 2) 𝑛+1
𝑛
(𝑛 + 1)2
=( )
𝑛(𝑛 + 2)
(𝑛 + 1)2𝑛
= 𝑛
(𝑛(𝑛 + 2))
(𝑛 + 1)2𝑛
= 𝑛
𝑛 . (𝑛 + 2)𝑛
Obtemos,
(𝑛 + 1)2𝑛 1 𝑛+2
< (1 + ) = ( )
𝑛𝑛 . (𝑛 + 2)𝑛 𝑛+1 𝑛+1
(𝑛 + 1)𝑛 (𝑛 + 2)𝑛 𝑛 + 2
< .( )
𝑛𝑛 (𝑛 + 1)𝑛 𝑛 + 1
E, portanto,
𝑛+1 𝑛 𝑛 + 2 𝑛+1
( ) <( )
𝑛 𝑛+1
1 𝑛 1 𝑛+1
(1 + ) < (1 + )
𝑛 𝑛+1
Logo,
𝑥𝑛 < 𝑥𝑛+1. ∎
1 𝑛
Pela proposição 1.1 a sequência cujo termo geral é 𝑥𝑛 = (1 + 𝑛) é limitada, pois
tomando 𝑚 = 1, temos
1 𝑛 1 1+1
(1 + ) < (1 + ) = 22 = 4
𝑛 1
Proposição 1.3 O número e é o limite da sequência (𝑠𝑛 )𝑛∈ℕ cujo termo geral é dado
por
1 1 1
𝑠𝑛 = 1 + + + ⋯+ + ⋯
1! 2! 𝑛!
isto é,
∞
1
𝑒=∑
𝑛!
𝑛=0
Demonstração:
Nesta demonstração vamos utilizar a expressão de expansão do Binômio de Newton,
daí
1 𝑛 𝑛 𝑛−0 1
0
𝑛 𝑛−1 1
1
𝑛 𝑛−2 1
2
𝑛 𝑛−𝑛 1
𝑛
(1 + ) = ( ) 1 . ( ) + ( ) 1 . ( ) + ( ) 1 . ( ) + ⋯ + ( ) 1 .( )
𝑛 0 𝑛 1 𝑛 2 𝑛 𝑛 𝑛
𝑛 𝑛 1𝑛 1 𝑛 1𝑛 1 𝑛 1𝑛 1
= ( ) 1.1 + ( ) . ( ) + ( ) 2 . ( 2 ) + ⋯ + ( ) 𝑛 . ( 𝑛 )
0 1 1 𝑛 2 1 𝑛 𝑛 1 𝑛
𝑛 𝑛 1 𝑛 1 𝑛 1
= ( ) + ( ) (𝑛) + ( ) (𝑛2 ) + ⋯ + ( ) (𝑛𝑛) (1)
0 1 2 𝑛
Como,
𝑛 𝑛!
( )=
𝑘 𝑘! (𝑛 − 𝑘)!
Temos que,
𝑛 𝑛 𝑛 𝑛(𝑛−1) 𝑛 𝑛(𝑛−1)…(𝑛−𝑘+1) 𝑛
( ) = 1, ( ) = 𝑛, ( ) = 2! ,...,( ) = ,...,( ) = 1 (2)
0 1 2 𝑘 𝑘! 𝑛
1 1 2 𝑛−1
+ (1 − ) (1 − ) … (1 − ) (3)
𝑛! 𝑛 𝑛 𝑛
Como cada fator entre parênteses no membro direito da igualdade (3) é não negativo
e menor que 1, podemos concluir que
41
1 𝑛 1 1
(1 + ) ≤ 1 + 1 + + ⋯ + = 𝑠𝑛 , ∀𝑛 ∈ ℕ
𝑛 2! 𝑛!
Além disso, fixando 𝑘 ≥ 1 arbitrário, temos que, se 𝑛 > 𝑘, entã𝑜,
1 𝑛 1 1 1 1 2 𝑘−1
(1 + 𝑛) > 1 + 1 + 2! . (1 − 𝑛) + ⋯ + 𝑘! (1 − 𝑛) (1 − 𝑛) … (1 − ).
𝑛
(4)
Assim, aplicando o limite com 𝑛 → ∞ nos dois membros da desigualdade (4), obtemos
1 1
𝑒 ≥1+ 1+ + ⋯ + = 𝑠𝑘 , ∀𝑘 ∈ ℕ
2! 𝑘!
Portanto,
1 𝑛
(1 + ) ≤ 𝑠𝑛 ≤ 𝑒
𝑛
1 𝑛
𝑒 = lim (1 + ) ≤ lim 𝑠𝑛 ≤ 𝑒
𝑛→∞ 𝑛 𝑛→∞
Curiosidade: A forma:
∞
1
𝑒=∑
𝑛!
𝑛=0
Nos permite calcular aproximações para o número de Euler, por exemplo, se n=4, temos
4
1 1 1 1 1 1 1 1
∑ = 1+ + + + = 1+1+ + +
𝑛! 1! 2! 3! 4! 2 6 24
𝑛=0
= 2 + 0,5 + 0,16666667 + 0,04166667 = 2,70833334
Agora, se n=6
6
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
∑ = 1+ + + + + + =1+1+ + + + +
𝑛! 1! 2! 3! 4! 5! 6! 2 6 24 120 720
𝑛=0
= 2 + 0,5 + 0,16666667 + 0,04166667 + 0,00833333 + 0,00138889
= 2,71805556
Note que, para n=6 já é uma aproximação para o valor de e com precisão de 3 casas
decimais.
42
Número irracional é aquele que não pode ser dado como a razão entre dois
inteiros, ou seja, não é racional. É também um número que não pode ser escrito como
uma dizima periódica.
Neste subtópico, veremos como se dão, de forma detalhada, os cálculos da
prova da irracionalidade dos números 𝜋 e 𝑒.
3.5.1. Número 𝝅
Para 𝑥 = 0, tem-se
𝑘
1 𝑘
𝐷 𝑓(0) = ∑ ( ) 𝐷 𝑗 𝑥 𝑛 |𝑥=0 ∙ 𝐷𝑘−𝑗 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑘
𝑛! 𝑗
𝑗=0
Logo,
• Se 𝑘 < 𝑛 ⇒ 𝐷𝑘 𝑓(0) = 0 ∈ ℤ
43
• Se 𝑘 = 𝑛
1 𝑛
𝐷𝑘 𝑓(0) = ( ) 𝑛! ∙ 𝐷𝑛 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑛! 𝑛
1
= ∙ 1 ∙ 𝑛! ∙ (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑛!
= (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
= 1𝑛 = 1 ∈ ℤ .
• Se 𝑘 > 𝑛
1 𝑘
𝐷𝑘 𝑓(0) = ( ) 𝐷 𝑗 𝑥 𝑛 |𝑥=0 ∙ 𝐷𝑘−𝑛 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑛! 𝑛
1 𝑘
= ( ) 𝑛! ∙ 𝐷𝑘−𝑛 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑛! 𝑛
1 𝑘 𝑘−𝑛
= ( )𝐷 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0
𝑛! 𝑛
Analisando (𝐷𝑘−𝑛 (1 − 𝑥)𝑛 |𝑥=0 ) com 𝑘 > 𝑛, tem-se
(1 − 𝑥)𝑛 é um polinômio de grau 𝑛
⇒ 𝐹(1) ∈ ℤ.
𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥)
(10)0 < 𝑓(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) <
𝑛!
Calculando a integral definida em (10) tem-se
1 1
𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥)
0 < ∫ 𝑓(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) 𝑑𝑥 < ∫ 𝑑𝑥
0 0 𝑛!
1 𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥)
Desenvolvendo ∫0 𝑑𝑥, temos
𝑛!
1 1
𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) 1 1 1 𝑐𝑜𝑠(𝜋𝑥) 1 𝑐𝑜𝑠(𝜋) 𝑐𝑜𝑠(0)
∫ 𝑑𝑥 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥)𝑑𝑥 = [− ]| = [− − (− )] =
0 𝑛! 𝑛! 0 𝑛! 𝜋 0
𝑛! 𝜋 𝜋
1 1 1 2
= [ + ]=
𝑛! 𝜋 𝜋 𝑛! 𝜋
Portanto
1
2
0 < ∫ 𝑓(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) 𝑑𝑥 <
0 𝑛! 𝜋
Multiplicando toda a desigualdade por 𝜋𝑝𝑛 , tem-se
1
2
0 < 𝜋𝑝𝑛 ∫ 𝑓(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) 𝑑𝑥 < 𝜋𝑝𝑛
0 𝑛! 𝜋
1
𝑛
2𝑝𝑛
(11) 0 < 𝜋𝑝 ∫ 𝑓(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝜋𝑥) 𝑑𝑥 <
0 𝑛!
2𝑝𝑛 2𝑝𝑛
Como lim = 0, ∃ 𝑛0 𝜖 ℕ tal que para 𝑛 > 𝑛0 , então < 1.
𝑛→+∞ 𝑛! 𝑛!
2𝑝𝑛 2𝑝𝑛
Se ∑ < +∞, então → 0.
𝑛! 𝑛!
p 1 1 1 1 1 1 1
∙ q! = (1 + 1 + + + ⋯ + + + + + ⋯ + + ⋯ ) ∙ q!
q 2! 3! (q − 1)! q! (q + 1)! (𝑞 + 2)! n!
1 1 1 1 1 1
= 1 ∙ 𝑞! + 1 ∙ 𝑞! + ∙ 𝑞! + ∙ 𝑞! + ⋯ + ∙ 𝑞! + ∙ 𝑞! + ∙ 𝑞! +
2! 3! (𝑞 − 1)! 𝑞! (𝑞 + 1)! (𝑞 + 2)!
1
∙ 𝑞! + ⋯ + ∙ 𝑞! + ⋯
𝑛!
Utilizando manipulações algébricas, obtemos
p 1 1 1
∙ q(q − 1)! = q! + q! + ∙ q ∙ …∙ 3∙ 2 ∙ 1+ ∙ q ∙ …∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 + ⋯+
q 2∙1 3∙2∙1 (q − 1)!
1 1 1 1
∙ q(q − 1)! + ∙ q! + ∙ q! + ∙ q! + ⋯ + q! ∙
q! (q + 1) ∙ q! (𝑞 + 2)(𝑞 + 1)𝑞! n!
+⋯
48
Note que,
1 1
≤
𝑞+1 3
1 1 1 1
≤ . = 2
(𝑞 + 2)(𝑞 + 1) 3 3 3
1 1 1 1 1
≤ ∙ ∙ = 3
(𝑞 + 3)(𝑞 + 2)(𝑞 + 1) 3 3 3 3
⋮
1 𝑞 ∙ (𝑞 − 1) ∙ (𝑞 − 2) ∙. . .∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
. 𝑞! =
𝑛! 𝑛 ∙ (𝑛 − 1) ∙ (𝑛 − 2) ∙. . .∙ (𝑞 + 1) ∙ 𝑞 ∙ (𝑞 − 1) ∙ (𝑞 − 2) ∙. . .∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
1 1
= ≤ 𝑛−𝑞
𝑛 ∙ … ∙ (𝑞 + 1) 3
Assim,
1 1 1 1 1 1
+ + ⋯ + ∙ q! + ⋯ ≤ + 2 + ⋯ + n−q + ⋯ (3)
q + 1 (q + 1)(q + 2) n! 3 3 3
Observe que
1 1 1
+ 2 + ⋯ + 𝑛−𝑞 + ⋯
3 3 3
É a soma dos termos de uma progressão geométrica infinita
49
1 1 1
( , 2 , … , 𝑛−𝑞 , … ) (4)
3 3 3
1 1
Cujo o primeiro termo é 3 e a razão também é 3;
A soma dos termos de uma progressão geométrica é dada pela seguinte formula:
𝑎1
𝑆=
1 − 𝑟
Daí, substituindo o primeiro termo e razão da progressão geométrica (4), temos
1 1
3 3 1
1 = 2 =
1−3 2
3
Portanto, como
1 1 1 1
+ 2 + ⋯ + n−q … =
3 3 3 2
Logo, De (2) e (3), temos que
1
𝑝(𝑞 − 1)! − (𝑞! + 𝑞! + 3 ∙ 4 ∙ … ∙ 𝑞 + ⋯ + 𝑞 + 1) ≤
2
1
o que é um absurdo, pois não existe número inteiro entre 0 𝑒 . O absurdo ocorreu ao
2
supor que 𝑒 é um número racional; portanto, 𝑒 é um número irracional.
∎
50
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pedimos aos alunos que organizassem os dados obtidos numa folha de papel,
usando o modelo da tabela 4, dessa forma a facilitar a percepção que as razões
encontradas sempre eram entre 3,1 e 3,4.
𝑥 𝑐𝑚 𝑦 𝑐𝑚 𝑥
= 𝑘 𝑐𝑚
𝑦
Fonte: Tabela das autoras
Trio 1 59 𝑐𝑚 18 𝑐𝑚 59
= 3,27 𝑐𝑚
18
Trio 2 26 𝑐𝑚 8 𝑐𝑚 26
= 3,25 𝑐𝑚
8
Trio 3 35 𝑐𝑚 11 𝑐𝑚 35
= 3,18 𝑐𝑚
11
Trio 4 27 𝑐𝑚 8,5 𝑐𝑚 27
= 3,17 𝑐𝑚
8,5
55
𝑀 = 𝐶. (1 + 𝑖)𝑡 .
57
Período Montante
1º trimestre 1+0,25=1,25
Agora qual seria o montante se o juro de 100% ao ano fosse divido em 12 meses.
Período Montante
Com base nesse exemplo, podemos perceber que ele não exige de uma
matemática mais sofisticada para saber como se dar a aproximação do número de
Euler, com isso ele se torna uma ótima opção para ensinar o número de Euler no
ensino básico.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi apresentado neste trabalho uma pesquisa sobre números irracionais, com
ênfase nos números 𝜋 e 𝑒, números estes vistos tanto no ensino básico quanto na
graduação em matemática. Um dos nossos objetivos, assim como foi mencionado na
introdução deste trabalho, foi mostrar como o ensino relacionado aos números
irracionais no ensino básico é dado de maneira superficial, apenas como
complemento para outros temas. Através de estudos realizados em artigos e trabalhos
acadêmicos, vimos que parte disso se deve a uma grande disparidade do tratamento
dispensado na formação de professores de matemática do ensino básico.
Diante dos resultados da tabela 4 é perceptível que os alunos da amostra
tiveram um baixo desempenho na atividade, especialmente na questão em que é
questionado se o número 𝑒 é um número irracional, erro este que não era para
acontecer de forma tão numerosa como foi.
A partir de todos os questionamentos e levantamentos de dados que foram
desenvolvidos antes, durante e após a aplicação das atividades na escola e de todos
os estudos realizados, concluímos que o presente trabalho alcançou seus objetivos,
demonstrando a irracionalidade dos números 𝜋 e 𝑒 de forma definida e
contextualizada, além disso, através das pesquisas e dos resultados obtidos, foi
possível concluir que de fato o ensino com relação aos números irracionais, tendo
como foco o 𝜋 e o 𝑒, é dado de forma superficial, tal que o interesse é apenas usá-los
como instrumentos para o desenvolvimento de outros temas. Isto explica o fato da
pergunta com o maior número de acertos (56,7%) do questionário ser: “O número e é
base dos logaritmos naturais?”.
Contudo, essas dificuldades encontradas no ensino básico com relação a este
tema também se devem ao fato do excesso de formalismo durante um curso superior
em matemática. Este excesso não capacita o futuro docente para ensinar números
irracionais na educação básica, e por este motivo se faz necessário que haja uma
preocupação maior com relação ao estudo de maneira mais aprofundada sobre este
conjunto numérico durante a graduação, como por exemplo uma emenda, com o
intuito de conhecer pelo menos as demonstrações da irracionalidade dos números
irracionais mais utilizados durante o ensino básico, que no caso foi nosso objeto de
estudo para este trabalho, as constantes 𝜋 e 𝑒.
60
REFERÊNCIAS
A HISTÓRIA do Número de Euler (E). [S. l.], 5 maio 2012. Disponível em:
https://ichi.pro/pt/a-historia-do-numero-de-euler-e-154585160524699. Acesso em: 29
ago. 2022.
KELLER, Flavia Adolf Lutz. Descobrindo o número pi. Orientador: Prof. Dr. Renato
José de Moura. 2013. 66 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática) - Rede
Nacional da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013. Disponível em:
https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/5950/5498.pdf?sequence=1&isAll
owed=y. Acesso em: 14 set. 2022.
OLIVEIRA, João Milton. "A Irracionalidade e Transcendência do Número π". 2013.
Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática) - Universidade Estadual Paulista,
São Paulo, 2013. Disponível em:
http://www1.rc.unesp.br/igce/pos/profmat/arquivos/dissertacoes/A%20Irracionalidade
%20e%20Transcend%C3%AAncia%20do%20N%C3%BAmero%20Pi.pdf. Acesso
em: 14 set. 2022.
OLIVEIRA, Raul Rodrigues de. "Média geométrica"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/matematica/media-geometrica.htm. Acesso em 10 de
setembro de 2022.
SÁ, Robison. História dos Logaritmos. [S. l.], 22 fev. 2015. Disponível em:
https://www.infoescola.com/autor/robison-sa/2453/. Acesso em: 29 ago. 2022.