USO DE PRESILHAS DE NÁILON EM DERMORRAFIAS DE DESCORNA PLÁSTICA DE BOVINOS:

RELATO DE TÉCNICA
Use of nylon cable ties in plastic dermoraphies of cattle dehorning
Eraldo Barbosa Calado4; Regina Valéria da Cunha Dias4; Muriel Magda Lustosa Pimentel1; José Renato Gurgel
Godeiro1; Maisa Oliveira de Freitas1; Cassio dos Santos Rocha2; Edmar Antônio de Sa Teles3; Antônio Catunda Pinho
Neto2; Jaqueline de Oliveira Soares2; Heloísa de Paula Pedroza5.
Mestrando (a) em Ciência Animal – Universidade Federal Rural do Semi – Árido – UFERSA
1

² Graduando (a) em Medicina Veterinária – Universidade Federal Rural do Semi – Árido- UFERSA
³ Médico Veterinário autônomo
4 Prof.(a) Dr. (a) Departamento de Ciências Animais – UFERSA – calado@ufersa.edu.br
5Mestranda – Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

INTRODUÇÃO
A descorna de bovinos adultos é uma cirurgia invasiva, indicada em casos de
agressividade, fraturas de corno ou de cornos com conformação anormal (1,9). A
dermorrafia evita lacerações e perfurações de pele, aumentando a qualidade do couro
(3), além de viabilizar o manejo e a uniformização do rebanho, ao requerer menor
espaço nos cochos durante a alimentação (4). Para a descorna cirúrgica, existem
diferentes técnicas de dermorrafia (2,3,5,9).
Neste estudo, avaliou-se a aplicabilidade do uso de presilhas de náilon,
alternativamente às técnicas de dermorrafias na descorna cirúrgica de bovinos com
utilização de outras materiais na síntese. O estudo teve início em 2008 durante as
aulas de Clínica Cirúrgica de Grandes Animais da UFERSA.
RELATO DE TÉCNICA
Foram utilizados 20 vacas mestiças da raça Holandesa, com peso médio de
350kg. Os animais foram submetidos a jejum alimentar de 24 horas e hídrico e 12
horas.
Os animais foram sedados com do cloridrato de xilazina a 2%, na dose de 8mg
IV por animal. Os animais foram contidos mecanicamente pela técnica de Rueff. As
bases dos cornos foram tricotomizadas e realizadas antissepsia e assepsia com sabão
neutro e solução alcoólica iodada, respectivamente. Após esses procedimentos, foi
feita diérese elíptica de pele, dissecação e liberação de pele e tecido subcutâneo dos
cornos, utilizou-se serra em arco para exérese dos cornos. Presilhas de náilon, com
tamanho 12,0 x 2,5mm, foram previamente lavadas com solução de clorexidine 2%,
após retirado o excesso em água corrente, foram posteriormente imersas em álcool
70% e após secagem, esterilizadas por autoclavagem. Para sutura foi utilizada agulha
traumática torneada em aço inoxidável, com olho simples fechado, na extremidade
posterior (próximo a ponta), com três milímetros de diâmetro e 25cm de
comprimento, e em alguns animais foi utilizada agulha de Bünner para colocação das
presilhas.
A ponta de cada presilha foi posicionada no “olho” da agulha, que teve sua
ponta dobrada digitalmente, para proporcionar maior apoio em sua passagem pelas
duas bordas e aplicado tracionamento retrógado com presilha fixada na agulha,
posicionando cada presilha a uma distância de um centímetro das bordas cirúrgicas
e semelhante distância entre presilhas. No pós-operatório foi administrado
antibiótico (pentabiótico reforçado®) por via intramuscular, a cada 24 horas,
durante 5 dias. As cicatrizações ocorreram por primeira intenção e a retirada das
presilhas, aos dez dias pós-cirúrgicos, foi facilitada com uso de um alicate cortador
de pinos.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Os fios inabsorvíveis são os mais utilizados na sutura da pele, principalmente,
o fio de algodão. Entretanto este possui a desvantagem de ser capilar e possibilitar
reações corporais do tipo “corpo estranho” (7). Sendo assim, o uso das presilhas
além de diminuição de custos e facilidade em ser encontrada, possui vantagem entre
as demais técnicas citadas na literatura, devido a estética do animal com melhor
justaposição de bordas cirúrgicas, além disso, não foi observado reações por corpo
estranho.
No pós-operatório da descorna com grampos descrito por (3), foram retirados
com alicate para anéis de retenção aos 18 dias e foi recomendado que os animais
operados permanecessem separados do rebanho, até completar a cicatrização. No
presente estudo, pois o pós operatório durou apenas 10 dias, não sendo necessário
separação dos animais para cicatrização, otimizando tempo e manejo.
A recomendação para uso de presilhas em descornas cirúrgicas de bovinos
justifica-se pela facilidade em sua obtenção em qualquer mercado local, o baixo
custo deste dispositivo, além de que esta técnica proporcionou suturas com
facilidade de aposições de bordas cirúrgicas, evitando tensão exagerada na
aproximação das bordas, eficiência na aplicação e rapidez de manobras, tanto para
colocação quanto para retirada das presilhas, quando comparadas às técnicas
descritas na literatura.