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Animais Selvagens e Exóticos

Esta seção destina-se aos profissionais que atuam permanente ou esporadicamente na clínica, cirurgia, criação e proteção
dos animais selvagens e exóticos. Trata-se de um campo de imensas possibilidades, onde o médico-veterinário deve
aumentar sua presença. A temática é sempre internacional, dentro da visão universalista de nossa publicação. Solicitamos
aos articulistas brasileiros e estrangeiros, que enviem seus trabalhos buscando assuntos de uso prático e com abundância
de ilustrações.

Contenção física de ouriços-cacheiros (Sphiggurus spp.)


para aplicação de injeções intramusculares
Relatam-se os resultados da avaliação de dois métodos de contenção física de ouriços-cacheiros (Sphiggurus spp.),
empregados previamente à aplicação de injeções intramusculares. O primeiro método usa tubos de PVC para conter o
corpo dos animais, e foi testado em sete indivíduos. O segundo método emprega um poleiro de madeira, e aproveita
particularidades comportamentais e o hábito arborícola da espécie, e foi testado em quatro indivíduos. Ambos os
métodos se mostraram plenamente eficientes, possibilitando a aplicação de injeções intramusculares em exemplares de
ouriços-cacheiros, de maneira simples e segura, tanto para os animais quanto para os operadores.
J. R. PACHALY*, R. R. LANGE **, T. C. C. MARGARIDO ***, E. M. G. CIFFONI **

INTRODUÇÃO a qual se trabalhará. Tais pontos são, princi-


Summary palmente, as particularidades anatômicas, o
This article reports the results of the Os animais selvagens apresentam comportamento e os métodos de defesa
evaluation of two methods of physical (Pachaly et al., 1993).
restraint of South-American porcupines peculiaridades anatômicas e fisiológicas que
(5FDECCKHKI spp.), used prior to algumas vezes são bastante diversas das Em termos gerais, a contenção dos
intramuscular injections of drugs. The first observadas em animais domésticos. Os animais selvagens, tanto cativos quanto de
method uses tubes of PVC to restraint the
body of the animals, and was tested in clínicos e pesquisadores que trabalham com vida livre, pode ser realizada por meios físicos,
seven individuals. The second method tais animais defrontam, portanto, com diver- farmacológicos, ou pela associação de ambos.
uses a wooden perch, and takes Qualquer que seja o meio empregado, o méto-
advantage of behavioral characteristics sos problemas, quando necessitam realizar
and arboreal habits of the species. It was procedimentos médicos ou de manejo. do selecionado deve permitir plena segurança
tested in four individuals. Both methods É difícil conduzir determinados estudos para o paciente e para a equipe envolvida,
proved to be efficient, permitting
intramuscular injections in an easy and em espécies selvagens, devido a uma multipli- bem como a realização adequada do procedi-
safe way, for both animals and personnel. cidade de fatores limitantes. Tais fatores mento médico ou de manejo que causou a
incluem a enorme variedade de espécies de necessidade de contenção (Pachaly, 1997).
*José Ricardo Pachaly, Médico- répteis, aves e mamíferos mantidos em A contenção física de animais selvagens
Veterinário, M.Sc., Dr.Sc., Pesqui- compreende o confinamento do animal que
sador e Professor Titular de Medicina cativeiro em parques zoológicos e criadouros,
de Animais Selvagens, Odontologia e o pequeno número de animais cativos de se pretende conter, a restrição de seus movi-
Veterinária e Zoologia de Deute- cada espécie alojados em cada uma das citadas mentos defensivos e, finalmente, sua subju-
rostômios na Universidade Para- gação, permitindo acesso seguro a seu corpo.
naense (UNIPAR), Umuarama, PR, instituições, não se prestando, portanto, à
Pesquisador da Sociedade de Pesquisa experimentação biomédica. São empregados diversos equipamentos e téc-
em Vida Selvagem (SPVS), Curitiba, Assim, sempre que se dispuser de uma nicas, cuja indicação e utilização varia com os
PR, BRASIL. Membro do Comitê diversos grupos taxonômicos (Pachaly, 1997).
Científico Internacional de A Hora população expressiva de determinada espécie
Veterinária – pachaly@uol.com.br selvagem, em cativeiro, é de fundamental Os ouriços-cacheiros (gêneros Sphig-
**Rogério Ribas Lange, Médico- importância que se aproveite a oportunidade gurus e Coendou) estão entre os roedores mais
Veterinário, M.Sc., Professor Assis- característicos da fauna neotropical, e são
tente da Universidade Federal do Pa- para implementar estudos que contribuam
raná (UFPR), Curitiba, PR, BRASIL. para a melhoria das condições de trabalho incluídos por Woods (1992) e Nowak (1999)
***Teresa Cristina Castellano clínico e de pesquisa com tais animais. na Família Erethizontidae, que pertence à
Margarido, Bióloga, M.Sc., Dr.Sc. Sub-Ordem Hystricogmathi da Ordem
Curadora da Coleção de Mamíferos A grande diferença entre o trabalho com
do Museu de História Natural Capão animais domésticos e selvagens encontra-se Rodentia. Os ouriços-cacheiros de ocorrência
da Imbuia (MHNCI), Departamento nos métodos de abordagem e contenção. Dentre natural no sul do Brasil pertencem ao gênero
de Zoológico da Prefeitura Municipal Sphiggurus Cuvier, 1825 (Woods, 1992;
de Curitiba, PR, BRASIL. estes, a contenção é o que mais limita a
****Elza Maria Galvão Ciffoni, qualidade da medicina aplicada aos animais Nowak, 1999) e, como tantos outros represen-
Médica-Veterinária, M.Sc. Vice-Presi- selvagens (Pachaly et al., 1993; Pachaly, 1997). tantes da fauna neotropical, ainda são pouco
dente Técnico-Científico da Sociedade estudados no que tange a aspectos biomédicos.
Paranaense de Medicina Veterinária Para que se possa abordar e conter de
(SPRMV). Doutoranda do Programa modo eficiente os animais selvagens, é Os ouriços-cacheiros (Figura 1) medem
de Pós Graduação em Processos Bio- necessário conhecimento prévio de pontos entre 50 e 90 cm de comprimento total, e
tecnológicos da UFPR, Curitiba, PR, pesam entre 1,5 e 2,0 kg. A parte superior do
BRASIL. fundamentais da biologia de cada espécie com

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Departamento de Zoológico da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente da Prefeitura Municipal de Curitiba – PR.
O segundo método foi testado em outros quatro animais
(dois machos e duas fêmeas), pesando de 0,95 a 2,00 Kg
(1,48±0.40 Kg), atendidos pela equipe do Setor de Clínica
de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Univer-
sidade Paranaense – UNIPAR, na cidade de Umuarama –
PR, e em municípios circunvizinhos, num raio de até 170
Km. Neste caso, os animais eram provenientes de pequenas
áreas de mata existentes em propriedades rurais, e haviam
sido atacados por cães domésticos.
Primeiro Método – Contenção de ouriços-cacheiros
(Sphiggurus spp.) empregando tubos de policloreto de vinila (PVC).
Cada animal foi removido diretamente em seu recinto,
Figura 1 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro
(Sphiggurus spp.). após ser tangido para o interior de caixas de madeira previa-
mente pesadas.
corpo é coberta por espinhos e pêlos lon-gos, o que lhe dá Com o animal em seu interior, cada caixa era novamente
uma tonalidade cinza-amarelada. A parte inferior do corpo é pesada, e descontando-se o peso prévio, obtinha-se o peso do
acinzentada, e não apresenta espinhos. O focinho é curto e animal, a fim de se calcularem as doses de drogas indicadas
rombudo, a cabeça e as orelhas são pequenas, e os olhos são para cada indivíduo. A caixa era então colocada sobre o piso
grandes. Os membros são curtos e apresentam quatro dedos, cimentado de um galpão fechado e sua porta era aberta. Ao
providos de grandes unhas Como em todos os roedores, os sair da caixa, o animal passava então a caminhar livremente,
dentes incisivos são fortes e apresentam tonalidade amarelada sempre procurando afastar-se das pessoas presentes.
em sua face anterior. A cauda é coberta por espinhos, com Um operador calçando luvas de couro capturava então
exceção da porção terminal, que é nua e preênsil. Na base o animal, segurando-o firmemente pela extremidade da cauda,
desta, os espinhos são compridos, e vão ficando mais curtos desprovida de espinhos. Nesta situação, a tendência do ouriço-
no sentido distal, de modo que, próximo à ponta, são bem cacheiro é procurar afastar-se de seu captor.
pequenos (Silva, 1994). Para conter o corpo dos animais foram empregados
Os espinhos, córneos e fortes, constituem um meio de tubos de policloreto de vinila (PVC), com diâmetros variando
defesa bastante eficiente, e dificultam sobremaneira o manejo entre 100,00 e 150,00 mm. O diâmetro do tubo era escolhido
de tais animais. Quando o ouriço-cacheiro é abordado, de acordo com o porte dos animais, devendo adequar-se à
encolhe o corpo, baixando a cabeça e eriçando os espinhos circunferência do tórax de cada indivíduo. Uma das extremi-
da cauda e da porção superior do corpo. dades do tubo era mantida aberta, e a outra era fechada com
Os ouriços-cacheiros têm hábitos arborícolas e vivem uma tampa apropriada, também de PVC. Durante o proce-
em matas, andando nos galhos das árvores com lentidão, segu- dimento de contenção, o tubo era colocado horizontalmente
rança e habilidade. Quando trepados, utilizam a ponta da cauda no solo, sendo seguro em sua extremidade fechada e
como um membro auxiliar que, inclusive, pode sustentar todo posicionado por um segundo operador.
o corpo, se isto for necessário. Alimentam-se de frutos e folhas. Aproveitando a movimentação do animal em sua
É possível observá-los durante o dia, mas é mais comum tentativa de fugir do captor, ele era tangido em direção à
encontrá-los nas horas de crepúsculo e à noite (Silva, 1994). extremidade aberta do tubo (Figura 2), até penetrar no mesmo
(Figura 3). Sempre seguro pelo primeiro operador, permitia-
MATERIAL E MÉTODOS se que o animal penetrasse no tubo até o momento em que
apenas sua cauda estivesse visível (Figura 4).
Foram realizados experimentos visando testar a efi-
ciência de dois diferentes métodos de contenção física de
ouriços-cacheiros (Sphiggurus spp.) previamente à aplicação
de injeções intramusculares de drogas anestésicas ou seda-
tivas. O objetivo principal do trabalho foi viabilizar a execução
de parte de um projeto de pesquisa destinado a estudar os
efeitos de diversos sedativos alfa2-adrenérgicos em roedores
da fauna meridional brasileira.
Os métodos foram testados em duas populações
distintas, sendo utilizado um total de 11 exemplares saudáveis
de Sphiggurus spp.
O primeiro método foi testado em sete animais (dois
machos e cinco fêmeas), pesando 1,12 a 1,95 Kg (1.67±0.30
Figura 2 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro (Sphiggurus
Kg), pertencentes a um plantel mantido temporariamente no spp.) sendo tangido em direção à extremidade aberta de um
Criadouro Científico do Museu de História Natural do tubo de PVC colocado sobre o solo, em posição horizontal.

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Os quatro animais empregados na avaliação deste
método foram capturados da mesma maneira já mencionada,
por um operador que segurava firmemente a extremidade da
cauda de cada indivíduo. Como esta região do corpo é
desprovida de espinhos, optou-se por não empregar luvas de
couro.
Ao invés de mantê-lo sobre o solo, o operador levantava
então o animal, mantendo-o pendurado pela extremidade da
cauda, segura por sua mão direita (Figura 7). Nesta situação,
a tendência do ouriço-cacheiro é elevar seu corpo, e procurar
subir no braço do operador. Para evitar que isso aconteça, o
operador balançava o corpo do animal, mantendo-o
pendurado.
Aproveitando o hábito arborícola do animal, e sua
Figura 3 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro tendência em afastar-se de seu captor, este segundo método
(Sphiggurus spp.) entrando em um tubo de PVC colocado empregou um galho de árvore, usado como poleiro. Este
sobre o solo, em posição horizontal. O operador, com as
mãos protegidas por luvas de couro, segura a cauda do poleiro era seguro pela mão esquerda do operador, e sua
animal enquanto direciona seu corpo para o tubo. extremidade distal era posicionada sobre um suporte (mesa
ou cadeira). Deste modo o poleiro era mantido elevado em
relação ao solo, e em posição horizontal.
Com a mão direita, o operador balançava então o corpo
do animal em direção ao poleiro. Ao atingi-lo, o ouriço-
cacheiro imediatamente subia e se agarrava firmemente, e
procurava se afastar, tentando andar pelo poleiro.
Aproveitando esta situação, um segundo operador realizava
a aplicação da injeção intramuscular, na face traseira da coxa
direita do animal.

Figura 4 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro


(Sphiggurus spp.) com todo o corpo contido no interior de
um tubo de PVC colocado sobre o solo, em posição
horizontal. O operador, com as mãos protegidas por luvas
de couro, mantém o animal em posição.

Neste momento o tubo era erguido e colocado em


posição vertical, ficando a extremidade fechada apoiada sobre
o solo. Deste modo, o animal ficava pendurado dentro do
tubo, e o operador gradualmente tracionava seu corpo pela
cauda, até expor as extremidades dos membros pelvinos, que
eram então seguras por suas mãos enluvadas (Figura 5). Deste
modo era possível expor a face interna das coxas do animal,
possibilitando então a aplicação de injeção intramuscular,
feita pelo segundo operador (Figura 6).
Segundo Método – Contenção de ouriços-cacheiros
(Sphiggurus spp.) empregando um poleiro de madeira
Como no primeiro método, cada animal encontrava-se
dentro de uma caixa de madeira previamente pesada, o que
possibilitava conhecer seu peso e realizar o cálculo das doses
individuais de drogas. Da mesma forma, a caixa era então
colocada sobre o piso de uma sala fechada, e sua porta era Figura 5 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro
(Sphiggurus spp.) contido no interior de um tubo de PVC
aberta. Ao sair da caixa, o animal passava então a caminhar apoiado sobre o solo, em posição vertical. O operador,
livremente, sempre procurando afastar-se das pessoas com as mãos protegidas por luvas de couro, segura a
presentes. cauda e as extremidades dos membros pelvinos do animal.

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RESULTADOS E CONCLUSÕES

O emprego de ambos os métodos mostrou-se plenamente


eficiente, possibilitando a aplicação de injeções intramuscu-
lares em exemplares de ouriços-cacheiros, de maneira simples
e segura, tanto para os animais quanto para os operadores.
Os resultados permitem indicar os métodos testados como
adequados para a contenção física de Sphiggurus spp., e
sugerem também que sejam eficientes para os outros ouriços-
cacheiros sul-americanos, do gênero Coendou.
O segundo método mostrou-se menos estressante para
os animais, além de ser mais rapidamente executável. Ne-
Figura 6 – Injeção intramuscular sendo aplicada na face nhum dos quatro animais avaliados tentou voltar-se contra o
interna da coxa de um exemplar adulto de ouriço-cacheiro operador que segurava sua cauda, mesmo no momento da
(Sphiggurus spp.), contido no interior de um tubo de PVC aplicação da injeção.
apoiado sobre o solo, em posição vertical. Enquanto o Na execução de ambos os métodos aproveitou-se o
primeiro operador, com as mãos protegidas por luvas de
couro, segura a cauda e as extremidades dos membros padrão comportamental da espécie, de tentar fugir de seu
pelvinos do animal, o segundo operador introduz a agulha, captor, e no segundo método aproveitou-se também o hábito
comprime o êmbolo e injeta o conteúdo da seringa. arborícola dos ouriços-cacheiros.
Técnicas que utilizam o conhecimento prévio de
condições anatômicas, fisiológicas e comportamentais de ani-
mais selvagens são altamente indicadas para otimizar as
condições de manejo, especialmente em procedimentos de
contenção física. O desenvolvimento de métodos assim emba-
sados reduz o estresse para os pacientes, e eleva os índices de
segurança tanto para os animais quanto para as equipes
envolvidas em sua contenção.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio financeiro da Fundação


Araucária, que viabilizou a execução deste trabalho.

Figura 7 – Exemplar adulto de ouriço-cacheiro REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


(Sphiggurus spp.) recém capturado, sendo seguro pela
extremidade da cauda, que não apresenta espinhos. O Nowak, R.M. Walker’s mammals of the world, Baltimore:
operador deve balançar o animal, evitando que ele eleve o
corpo e suba em seu braço. The Johns Hopkins University Press, 1999. 6 ed., v. 2,
1936 p. p. 1652-1656.
Pachaly, J.R.; Werner, P.R.; Schimanski, J.C. & Ciffoni,
E.M.G. Estresse por captura e contenção em animais
selvagens. A hora veterinária, Porto Alegre, v. 13, n. 74,
p. 47-52, 1993.
Pachaly, J.R. Abordagem racional do problema da fuga de
grandes carnívoros e primatas em zoológicos e circos. A
hora veterinária, Porto Alegre, v. 17, n. 98, p. 5-8, 1997.
Silva, F. Mamíferos silvestres do Rio Grande do Sul. 2. ed.
Figura 8 – Injeção intramuscular sendo aplicada na face Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do
traseira da coxa de um exemplar adulto de ouriço- Sul, 1994. 244 p. p. 188-191.
cacheiro (Sphiggurus spp.), apoiado sobre um poleiro de Woods, C.A. Suborder Hystricognathi. In: WILSON, D.E.;
madeira. Com uma das mãos, o primeiro operador segura
a extremidade da cauda do animal, que tenta se afastar. A REEDER, D.M. Mammal species of the world - A
outra mão segura a extremidade proximal do galho. taxonomic and geographic reference. 2. ed. Washington:
Enquanto isso, o segundo operador introduz a agulha,
comprime o êmbolo e injeta o conteúdo da seringa. Smithsonian Institution Press, 1992. 1206 p. p. 771-806.

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