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Interação e participação no
Facebook durante a
revista compolítica
campanha para a Câmara 2017, vol. 7(1)
dos Deputados em 2014 compolitica.org/revista
ISSN: 2236-4781
[Elections and social media: DOI: 10.21878/compolitica.2017.7.1.275
Open Access Journal
Interaction and participation on
Facebook during the
campaign for the Brazilian
Chamber of Deputies in 2014]
Letícia Capone
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro]
Resumo
Esta pesquisa procura analisar o potencial interativo e participativo das páginas de campanha no
Facebook de candidatos à Câmara dos Deputados nas eleições de 2014 no Brasil. Para tanto, é objeto
específico deste trabalho observar o conteúdo publicado nas fanpages de oito candidatos à reeleição para
deputado federal pelo Rio de Janeiro durante os 30 últimos dias de propaganda eleitoral na web, de 1 de
setembro a 3 de outubro de 2014. Com base em métodos qualitativos e quantitativos aplicados sobre as
840 publicações coletadas nos oito perfis, ficou claro observar que: a) não parece haver relação entre a
incidência de postagens e número de ações de interação alcançadas; b) parece haver relações
significativas entre os temas "plataforma de campanha" e "registro de atividades" com o número de
compartilhamentos e comentários.
Palavras-chave: comunicação política; internet; eleições; campanhas digitais.
Abstract
The intention of this research is to analyze the potential of interaction and participation of citizens with
politicians in campaign for the Brazil's Chamber of Deputies in the country's 2014 elections on their official
Facebook fanpages. For this, it observed all the posts made by eight candidates for re-election as a federal
deputy for Rio de Janeiro during the last 30 days of the campaign. Based on qualitative and quantitative
methods applied on 840 publications, collected in 8 different profiles, it was observed that: a) it seems that
there is no relationship between the incidence of posts and the number of interactive activities achieved; b)
It seems that there is a relation between “campaign platform” and “activity log" posts and the possibility of
shares and comments.
Keywords: political communication; internet; elections; digital campaigns.
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Felipe MURTA
Arthur ITUASSU
Letícia CAPONE
Luiz LEO
Roberta LA ROVERE
A
maciça participação de políticos em perfis nas mídias digitais, fenômeno
recente e facilmente identificável – principalmente durante períodos eleitorais,
bem como a instantânea popularidade que alguns alcançaram no ambiente
online, têm levado muitos estudiosos a sugerir que uma nova geração de ferramentas da
internet (em particular as mídias sociais) está permitindo que políticos comuniquem-se
diretamente com os cidadãos (Golbeck, 2010; Gueorguieva, 2008; Vaccari, 2013). É
justamente nesse contexto que esta pesquisa está inserida, tendo como proposta analisar o
potencial participativo e de interação dos cidadãos com candidatos às eleições de 2014 no
Facebook.
Para tanto, foi feita uma análise sobre o conteúdo digital publicado nas fanpages – perfis
profissionais no Facebook –, de oito candidatos à reeleição como deputado federal pelo
Rio de Janeiro nas últimas eleições para o cargo: Alessandro Molon, Chico Alencar,
Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro, Jean Wyllys, Leonardo Picciani, Pedro Paulo e Rodrigo
Maia, durante os 33 últimos dias permitidos por lei de propaganda eleitoral na web, de 1
de setembro a 3 de outubro de 2014. Dessa forma, são objetos desta pesquisa todas as
postagens produzidas pelos candidatos e/ou assessorias de comunicação de cada um deles
no Facebook, compreendidas no lapso temporal proposto, assim como seus respectivos
potenciais de viralização e ações de interação. Foram coletadas e analisadas ao todo 840
publicações.
Uma vez coletado o material da pesquisa, este trabalho propõe uma análise sobre os
possíveis potenciais de viralização, com base em uma tipologia de posts desenvolvida a
partir dos trabalhos de Nielsen e Vaccari (2014) e Braga (2014). Assim, foi contabilizada
a incidência das três ações possíveis de interação permitidas pela plataforma escolhida –
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As questões principais que norteiam as análises sobre o conteúdo publicado nas mídias
sociais são: qual tipo de postagem é privilegiado pelos candidatos nas suas fanpages e
qual gera mais interação. O objetivo é avaliar se existe algum tipo de conteúdo que
promove maior participação dos cidadãos nas campanhas e se é possível relacionar a
mobilização dos eleitores – ou até mesmo a militância – com questões específicas de
políticas públicas ou apenas ao apoio de potenciais eleitores à campanha do candidato de
forma geral.
Individualmente, Molon, além de ter sido relator do Marco Civil da Internet, é um grande
incentivador e usuário dos veículos de comunicação online. Em setembro de 2015, por
divergências ideológicas com sua antiga base de filiação política, o candidato rompeu
com seu antigo partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), e filiou-se ao partido Rede
Sustentabilidade. Molon também foi candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições
de 2016.
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Chico Alencar, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi o sexto mais votado entre
os deputados federais do Rio de Janeiro em 2014, sendo reeleito para o seu quarto
mandato consecutivo. Com uma trajetória política ligada ao PT, com quem rompeu em
2005, vem sendo escolhido pelos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional como o
melhor deputado do país desde 2009.
Leonardo Picciani reelegeu-se e cumpre seu terceiro mandato como deputado federal pelo
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Durante esse tempo, presidiu a
Comissão de Constituição e Justiça, assumiu a Secretaria de Estado de Habitação por dois
anos e foi relator da CPI da pirataria.
Pedro Paulo já foi eleito duas vezes deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro,
passou pela subprefeitura da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, pela secretaria municipal de
Meio Ambiente e pela Casa Civil da Prefeitura do Rio. Como Molon, também foi
candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2016.
Jean Wyllys (PSOL) ganhou projeção após participar e vencer um reality show de grande
alcance na TV brasileira, o Big Brother Brasil. Foi eleito pela primeira vez em 2010 e,
em 2014, foi reeleito como o sétimo mais votado entre os deputados federais do Rio.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados desde julho de 2016, foi eleito para
seu primeiro mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro aos 28 anos. Atuou como
presidente das comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público, Finanças e
Tributação; Constituição, Justiça e de Cidadania; Fiscalização Financeira e Controle;
Legislação Participativa; e Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
Já Bolsonaro é militar da reserva filiado ao Partido Progressista (PP) e cumpre seu sexto
mandato na Câmara dos Deputados. Foi o deputado mais votado do estado com apoio de
aproximados 6% do eleitorado fluminense (464 mil votos) nesta última eleição. Titular da
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O Facebook também não foi escolhido por acaso. Fundado em 2004 por estudantes da
Universidade de Harvard para ser uma rede social restrita aos seus colegas de estudo, a
plataforma social passou, em 2007, a ser a mais popular entre as mídias sociais no
planeta. Em 2014, o Facebook já contabilizava mais de 1 bilhão de usuários ativos e o
sucesso de público no Brasil não foi diferente. Logo a mídia social se tornou uma das
mais importantes para a comunicação social e política nos últimos anos, atraindo
instituições públicas, atores sociais e políticos diversos, veículos de comunicação e
jornalistas, partidos, movimentos sociais e eleitores que interagem, consomem, produzem
e circulam informações gerais (Parmelee, Bichard, 2012; Effing et al., 2011).
curtidor. Foi intenção principal da pesquisa observar três pontos específicos: 1) que
candidato aparece com maior potencial de viralização no Facebook durante o período
eleitoral analisado?; 2) que tipo de postagem cada um dos candidatos privilegia?; e 3) que
tipo de postagem apresenta maior potencial de viralização no ambiente eleitoral
analisado?
Em primeiro lugar, não foi encontrada qualquer relação entre a incidência de postagens
com o número de ações de interação alcançadas – ou seja, uma frequência ou número
maior de postagens não necessariamente faz que os cidadãos se tornem mais engajados
com o conteúdo publicado no Facebook. Foi possível observar também, e com certa
clareza, que, com a presença de Jair Bolsonaro na amostra, os dados não apresentaram
qualquer relação estatisticamente significativa entre o tipo de postagem (nas categorias
utilizadas para a análise) e o número de interações obtidas. No entanto, ao omitir os
números de Bolsonaro por causa de seu perfil como “outlier” – ou seja, como caso
excepcional de desempenho em função de fatores sociais complementares – foi possível
perceber relações significativas entre, por exemplo, os temas "plataforma de campanha" e
"registro de atividades" com o número de compartilhamentos e novamente "plataforma de
campanha" com o número de comentários. Outra conclusão, essa mais óbvia, diz respeito
à importância do número de curtidores para o maior acúmulo de dados de interação.
Dessa forma, este trabalho possui mais três seções além desta introdutória. Na próxima
seção, está a discussão teórica que serve de referência para a análise sobre os potenciais
que a internet traz, não apenas para aprimorar a participação civil nos processos políticos
e de interesse público, como também sobre o uso dessas novas ferramentas em ambiente
eleitoral. Em seguida, são apresentados a metodologia desenvolvida aqui para teste e os
resultados empíricos alcançados, que nos servem de hipóteses para futuras pesquisas,
apresentadas na seção final.
Antes de iniciar a discussão teórica a respeito da atuação das campanhas eleitorais nas
mídias sociais, é preciso ter a compreensão de que a comunicação política pode ser
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definida como “o conjunto das mensagens que circulam dentro de um sistema político,
condicionando-lhe toda a atividade, desde a formação das demandas e dos processos de
conversão às próprias respostas do sistema” (Panebianco, 2000 p. 200). Dentro deste
contexto se encaixam as mídias sociais e seus perfis de campanhas eleitorais.
O cenário político digital só começou a ter efetividade real e imediata com a chegada das
novas ferramentas, tendo em vista a grande velocidade do desenvolvimento tecnológico e
o crescimento progressivo do número de cidadãos com acesso à Internet. No caso
específico do Brasil, foi a partir das eleições de 2010 que a presença e atuação virtual dos
candidatos deram um salto: no primeiro ano de propaganda eleitoral permitida em uma
rede social, no caso, o Twitter, esse fenômeno foi algo não apenas percebido no
comportamento estratégico das campanhas, mas também no comportamento dos usuários,
o que levou as ferramentas digitais a ganharem uma importância ainda maior (Marques;
Sampaio; Aggio, 2013).
O uso da internet nas campanhas evoluiu muito até hoje, deixando de consistir apenas na
divulgação do dia a dia dos candidatos, em pedidos de votos ou na discussão de suas
plataformas de campanha. A web passou a ser também um espaço disponível a
ferramentas que permitam às equipes de campanha conhecer melhor seu eleitorado e
assim moldar suas estratégias, adequando da maneira mais precisa as publicações às
expectativas da população (Farrel, 2012; Karlsson, 2013).
Num passo dissonante, pesquisas empíricas do mesmo campo de estudo, mas voltadas
para a análise do comportamento de cidadãos e não de políticos na web, vão sugerir que é
precipitado afirmar que a comunicação direta em larga escala entre as pessoas e os
políticos seja a norma online. Isto porque plataformas como o Facebook, por exemplo,
atribuem aos seus usuários o poder de controlar os conteúdos que serão “curtidos” e
compartilhados no processo de comunicação. Como resultado, para que a comunicação
direta entre políticos e cidadãos ocorra nessa rede social em especial, os “curtidores”
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devem optar por se envolver em tal relação, como indica Pippa Norris (2003, p.9) ao
apontar para o caráter fragmentado da internet como recursos de engajamento cívico.
Tratando apenas do âmbito eleitoral, as mídias digitais podem oferecer alternativas reais
para a evolução do cenário das campanhas – como é o caso do fomento de espaços
públicos onde haja o livre diálogo e não apenas a já conhecida comunicação unilateral.
Na visão de autoras como Stromer-Galley (2000), locais online de participação e
deliberação como as mídias sociais, salas de bate-papo, fóruns de debate online ou até
mesmo o simples disparo de e-mail marketing atribuem maior legitimidade às pretensões
eleitorais de agentes do campo político, ampliando a participação do cidadão.
Nos últimos anos, e muito graças à expansão do uso das mídias sociais, passou a se
destacar o diálogo entre os próprios eleitores, a prescindir de uma comunicação dialógica
com o partido ou candidatos, em vista da criação de mobilizações e atividades políticas
em torno de uma candidatura (Aggio, 2010). Tratando o assunto de forma mais ampla, os
new media abrem espaço para toda uma nova discussão acerca não apenas do sucesso
estratégico de campanhas, mas também de possíveis mecanismos que possibilitem o
fortalecimento de propriedades cívicas e democráticas junto à sociedade.
Se por um lado é quase um axioma dizer que a internet tem um grande potencial de tornar
a participação civil mais fácil e veloz, permitindo aos cidadãos participarem das decisões
tomadas nas esferas governamentais, nada disso é possível sem que haja a boa vontade
dos governantes a responder ou atender às demandas civis (Klotz, 2007).
Fenômeno semelhante a este foi percebido por Jennifer Stromer-Galley em sua avaliação
sobre a comunicação política digital em campanhas para governador nos Estados Unidos
em 1998. Nesse caso, em particular, a autora percebe certa falta de boa vontade em
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permitir que cidadãos interagissem com seus representantes e interferir, de alguma forma,
nos processos decisórios. A pesquisa em questão comprovou que o disparo de e-mail
marketing, uma das ferramentas mais utilizadas na época, servia apenas como mais um
instrumento de relações públicas e disseminação de informação de campanha, em vez de
funcionar como meio de incrementar a participação popular (Stromer-Galley, 2006, p. 6).
A aceitação do grande público à plataforma foi tão imediata que, três anos após seu
lançamento – em 2007– o Facebook passou a ser a mais popular entre as mídias sociais
do planeta. Este dado é significativo porque examinar a relevância dos políticos atuais na
web envolve não apenas monitorar a presença e uso dessas várias ferramentas de internet
por suas campanhas, mas olhar mais de perto para as plataformas onde as pessoas e os
políticos realmente se encontram online (Vaccari, 2013; Nielsen, 2011). Esse foi o
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motivo principal para que essa pesquisa optasse pelo Facebook e não pelo Twitter, por
exemplo.
A análise sobre os padrões de utilização desses recursos vai demonstrar na prática que a
escolha dos temas das publicações não está vinculada ao maior objetivo estratégico das
campanhas eleitorais no uso das mídias sociais: alcançar o máximo de visibilidade e
impacto para conquistar eleitores e votos. No caso do Facebook, esses fatores costumam
ocorrer de duas formas: (a) o mais restrito se refere à visibilidade produzida a partir da
rede de curtidores de uma fanpage; (b) o outro modo permite estender essa visibilidade às
redes dos amigos dos curtidores dos perfis através das ações de interação entre o
comunicador e o receptor da informação: curtir, compartilhar e comentar.
Metodologia
Parte embrionária de uma pesquisa empírica mais ampla, o artigo propõe observar como
repercutiu entre os internautas o conteúdo produzido por oito diferentes candidatos no
Facebook durante campanha para deputado federal pelo Rio de Janeiro, em 2014, a partir
dos dados de interação oferecidos pela própria plataforma. Com auxílio do software
Digicamp, desenvolvido para a análise de big data e crowling digital, foi possível
rastrear, coletar e organizar um total de 840 publicações nas fanpages e seus índices de
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mandato (como o post em que Chico Alencar expôs suas ideias e projetos de lei
para a área da Segurança Pública).
e) Feitos do passado – tema voltado para definir os posts que enaltecem antigas
conquistas políticas do candidato em outros mandatos (a exemplo do post em que
Jean Willys lembrava sua atuação durante a discussão de PEC das Domésticas).
A partir daí, o material foi destrinchado, tendo em vista dois eixos principais. Na prática,
foi primeiramente observado o potencial de alcance e visibilidade de cada postagem
através de uma análise quantitativa de cada uma das ações de interação citadas
anteriormente. Dito isso, torna-se necessário elucidar que, quanto maior for o número de
curtidas e compartilhamentos, maior o número de pessoas potencialmente impactadas
com a publicação, bem como quanto maior for o número de comentário e a repercussão
provocada, melhor será a sua reputação no espaço virtual analisado.
Com isso, as questões de trabalho desenvolvidas foram: 1) que candidato aparece com
maior potencial de interatividade com seus curtidores no Facebook durante o período
eleitoral analisado; 2) qual a interferência do contexto sociopolítico no desempenho dos
candidatos nas redes sociais?; 3) que tipo de postagem cada um dos candidatos
privilegia?; 4) que tipo de postagem apresenta maior potencial de interação no ambiente
eleitoral analisado?
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Análise e Resultados
O primeiro resultado que surge da análise dos dados é que, aparentemente, nenhuma
relação pode ser extraída da dinâmica de interações dos candidatos em relação à tipologia
das postagens especificada neste artigo. Como se vê na Tabela 1 – a primeira das
matrizes de correlação (Pearson) desenvolvidas aqui – a variável "interações" não mostra
correlação nem com o número, nem com o tipo de postagem (ver todos os valores de "R"
e "p" na primeira coluna da tabela).
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Legenda:
RA - Registro de Atividade
AT - Apoio de Terceiros
PV - Pedido de Voto
PC - Plataforma de Campanha
FP - Feitos do Passado
Ev - Eventos
Pe – Pessoal
A ausência de relação também foi testada e comprovada com as correlações entre número
de compartilhamentos, curtidas e comentários – que constituem o quesito "interações" – e
a tipologia das postagens. Tal fenômeno, claro, pode estar relacionado a muitos
elementos. Algumas possibilidades são a pequena amostra (oito candidatos) ou algum
problema nas categorias ou na análise qualitativa das postagens. Outro fator que pode ter
interferido negativamente é a presença de Jair Bolsonaro (outlier) na amostra, dada sua
enorme diferença em relação aos outros candidatos, no que diz respeito ao
aproveitamento do Facebook como ferramenta de campanha, como se vê na Tabela 2 e
nos Gráficos 2 e 3, a seguir. Para perceber o fenômeno, foi utilizada como padrão de
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Legenda:
avgcomp - média de compartilhamentos
avg curtidas - média de curtidas
avgcoment - média de comentários
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Quando, por exemplo, se retira Jair Bolsonaro da amostra, é possível perceber uma
relação significativa (Correlação de Pearson) entre o número de compartilhamentos e os
tipos "registro de atividades" (RA) (R = 0.8714, p = 0.01062) e "plataforma de
campanha" (PC) (R = 0.8073, p = 0.02812), bem como entre o número de comentários e
o tipo de postagem "plataforma de campanha" (PC) (R = 0.7822, p = 0.03763), como se
vê abaixo na Tabela 3. A dinâmica parece denotar um incentivo para postagens desse
tipo, com maior capacidade de visibilidade e alcance no ambiente eleitoral analisado.
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Legenda:
RA - Registro de Atividade
AT - Apoio de Terceiros
PV - Pedido de Voto
PC - Plataforma de Campanha
FP - Feitos do Passado
EV - Eventos
PE – Pessoal
Plataforma de Plataforma de
Jair Bolsonaro Campanha Campanha Pedido de Voto
Leonardo Plataforma de
Picciani Eventos Eventos Campanha
Eduardo Plataforma de
Cunha Pedido de Voto Campanha Pedido de Voto
Para além do contexto da tipologia das postagens, outras conclusões, que podem servir de
hipóteses para estudos futuros, podem ser extraídas dos números. A primeira que parece
advir dos dados é a de que não importa o número de postagens, pois não é postando mais
que um candidato consegue aumentar seu número de curtidores ou de compartilhamentos.
A partir da amostra analisada (Tabelas 1 e 3), não há relação estatisticamente
significativa entre o número de postagens e o de interações de um candidato (R = 0.3967,
p = 0.37814).
Considerações finais
Assim, resumidamente, os resultados apontam para quatro conclusões que, dado o caráter
de teste metodológico desta pesquisa, podem servir de hipóteses para estudos futuros. Em
primeiro lugar, é importante destacar a ideia de que este artigo não encontrou qualquer
relação entre o número de postagens ou o número de interações. Ou seja, um candidato
interessado em ter mais interações, ao menos no Facebook, deve se preocupar,
teoricamente, mais com a qualidade das postagens do que com a sua quantidade.
Em segundo lugar, com a presença de Jair Bolsonaro (outlier) na amostra, os dados não
apresentaram também qual relação estatisticamente significativa entre o tipo de
postagem, nas categorias utilizadas na análise, e o número de interações. No entanto, ao
se retirar Bolsonaro da amostra, foi possível perceber relações significativas entre os tipos
"plataforma de campanha" e "registro de atividades" com o número de
compartilhamentos e novamente "plataforma de campanha" com o número de
comentários. A partir desse resultado, esta pesquisa suscita a hipótese de que o tipo
"plataforma de campanha" apresenta grande potencial de viralização no Facebook, algo
que pode inclusive trazer o benefício democrático de tornar mais claro para o cidadão
quais as propostas de cada candidato.
Outra conclusão, esta mais óbvia, revelada pelos dados, diz respeito à importância do
número de curtidores para o maior acúmulo de dados de interação. Conforme indicado
pelos números, tudo indica que quanto maior o número de curtidores, maior o potencial
de compartilhamentos, curtidas e comentários em cada uma das postagens, não
importando o tema da publicação. Por fim, a última diz respeito à importância do número
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Os autores
Felipe Murta é mestre no PPGCOM/PUC-Rio. femurpi@gmail.com