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“Por que as eleições se transformaram em um grande evento midiático

contemporâneo?”

Lara Ximenes Braga dos Santos

Em 2020, após a eleição do presidente Joe Biden nos Estados Unidos, o candidato
republicano perdedor foi banido das principais redes sociais, visto que utilizou-as para
duvidar do sistema de votação americana, divulgar falsas informações e incitar violência. As
declarações dele em mídias sociais são constantemente ligadas ao ataque ao Capitólio em
janeiro de 2021. Esse fato exemplifica o poder da mídia políticamente e porque candidatos e
partidos se utilizam dessa ferramenta para influenciar resultados de eleições.

Estudos da ciência política que procuram entender esses fenômenos definiram algumas
motivações para o comportamento eleitoral. Alguns aspectos são:

i) A situação econômica e política vigente.


(ii)O grau de conhecimento e aceitação que os eleitores têm
dos candidatos.
(iii) O perfil das coligações partidárias construí-das tendo em
vista a eleição.
(iv) A dedicação dos cabos eleitorais que susten-tam o
“corpo-a-corpo” da campanha.
(v) O apoio de líderes com projeção municipal, estadual e
nacional.
(vi)A agenda proposta e/ou adotada pelos me-dia e, claro,
pelos integrantes do campo da política e por eleitores.
(vii) A variedade da cobertura jornalística, com seus
enquadramentos e ênfases.
(viii) Os formatos e conteúdos que caracterizam o Horário
Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE).
(ix) O desempenho dos concorrentes nos debates públicos.
(x) Os resultados das sondagens de intenção de voto
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Mont’Alverne C. , Jamil Marques P. Mídias sociais e eleições.

Consequentemente, a eleição de um candidato ou de outro se baseia, querendo ou não, na sua


atividade na comunicação de massa.

Segundo Robert K. Merton e Paul F. Lazarsfeld, a mídia tem usos efetivos para objetivos
sociais e uma das condições para esse uso é a monopolização. No texto Comunicação de

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Massa, o gosto popular e a comunicação, os autores citam que “a propaganda de um partido
neutraliza o efeito da propaganda do outro. Se ambos os partidos fossem fazer sua campanha
somente mediante comunicações de massa, pe muito provavél que o efeito líquido fosse de se
manter a atual distribuição de votos.” Portanto, vemos um cenário onde a comunicação de
massa é essencial.

A monopolização em canais televisivos e radiofônicos muitas vezes não se demonstra


possível durante os breves conteúdos do horário gratuito eleitoral. Demonstram-se. porém,
variadas maneiras de contornar essa “neutralização”, tanto pelos meios tradicionais quanto
pelo mais atual: a internet.

Nas mídias televisivas e radiofônicas, emissoras com cunho político deliberadamente


demonstrados influenciam opiniões pela outra condição citada pelos autores Merton e
Lazarsfeld: a canalização. Quando telespectadores buscam uma mídia que concorde com seus
ideais, muitas vezes poderão receber informações e opiniões e não contestá-las porque elas
canalizam crenças e padrões já existentes para eles.

O outro meio de comunicação em massa é a internet. A internet pode servir como meio de
monopolização quando o receptor escolhe acompanhar e seguir apenas as contas que
interessam aos seus valores. Mas outra eficácia dela é a suplementação, o contato direto. É
possível interagir e acompanhar seus candidatos em um clique de distância, tornando-os mais
próximos ao eleitor. Essa proximidade causa uma grande eficácia em comunicar ideias e
tornar a propaganda suficiente.

Assim, a capacidade das comunicações em massa são o motivo das eleições se tornarem um
grande evento midiático contemporâneo.

Referências bibliográficas
1. Mont’Alverne C. e Jamil Marques P Mídias sociais e eleições.
2. Lazarsfeld F. P. e Merton K. R. Comunicação de Massa, o gosto popular e a comunicação

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