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CULTURA

A INFORMAÇÃO PÚBLICA E O PAPEL DA TV UNIVERSITÁRIA

Autores:

Gustavo Telles da Silva (Relator)


E-mail: gtellesdasilva@gmail.com

Marcus Wagner de Seixas (Coordenador)


E-mail: mwseixas@ig.com.br

Resumo (1000)

O Programa do Laboratório da TV Universitária de Volta Redonda é uma ação


de extensão vinculada ao curso de Direito do Instituto de Ciências Humanas e Sociais
da Universidade Federal Fluminense polo Volta Redonda, e tem como objetivo
precípuo levar conhecimento jurídico, cultural e educacional para toda a comunidade
acadêmica e também para a população local, além de se propor a formar educadores
culturais através da mídia digital. Do objetivo de levar conhecimento cultural, jurídico e
educacional para a população local se retira o próprio sentido da ação de extensão, visto
que, há com isto o verdadeiro estreitamento do diálogo entre a Universidade e a
comunidade. Desta forma, não há melhor caminho de se por em prática este tipo de
comunicação se não estando próximo e em diálogo direto com as pessoas, o que ocorreu
de forma concreta com recolhimento de assinaturas ao projeto de iniciativa popular
promovido peloMovimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) em parceria
com a OAB Federal entre outras importantes entidades do país, no dia 16 de agosto de
2013, como atividade da ação de extensão.

Palavras chave (50)

Mídia, Cultura, Comunidade e Comunicação.

Abstract (1000)

The Program of the University TV Laboratory is an academic Project linked to


the course of law at the Institute of Human and Social Sciences, Federal Fluminense
University campus Volta Redonda city, and has as main objective to take legal
knowledge, cultural and educational for the whole academic community and also to the
local population, in addition to proposing to form cultural educators through digital
media. The aim of bringing cultural knowledge, law and education for the local
population retires the very meaning of the academics projects, because with that we
have the real closer dialogue between the University and the community. Thus, there is
no better way to put into practice this type of communication is not close and direct
dialogue with the people, which occurred in a concrete way with gathering signatures to
design the popular initiative sponsored by Federal OAB on 16 August 2013, as an
activity of the academic project.

Key Words (50)

Media, Culture, Community and Communication.


Introdução (Justificativa, o Problema, Objetivos - geral e específicos) (4000)

A Constituição Federal, no capítulo que reserva à Comunicação Social,


estabelece que a produção e programação das emissoras de rádio e televisão deverão
atender ao princípio da preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas. De certo, o que se observa através de um olhar superficial sobre a
realidade da população como um todo e sua relação com a mídia, seja qual for a sua
forma, é que esta última não se mostra preocupada com o estabelecido pela Carta
Magna. O que se vê é uma população desatenta às demandas que lhe são impostas,
como é o caso da Reforma Política que tanto se fala, mas pouco se entende.
As concessões dos canais universitários se dão através de um anseio de fomento
à educação, à cultura e à cidadania, conceitos tão importantes e tão caros à comunidade.
Além disto, o papel da Universidade ultrapassa o de formar um bom profissional, é
necessário que a instituição colabore para mudar a realidade da comunidade na qual está
inserida, o que faz através de seus membros, corpos discente e docente. Então, por meio
de uma preocupação com a informação midiática acessada pela comunidade, e diante do
papel transformador que possui a Universidade, o Laboratório da TV Universitária de
Volta Redonda procura viabilizar o mandamento constitucional com ações concretas.
Foi o caso da ação de esclarecimento sobre a Reforma Política, com a coleta de
assinaturas para o projeto de Lei de iniciativa popular do Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral (MCCE), um grupo formado por importantes entidades do país, que
se uniram para levar à população brasileira uma questão político-jurídica que apesar de
latente nos “feudos” do conhecimento não era acessível à população por conta da
irresponsabilidade social da mídia de massa, visando desencadear um importante passo
para a realidade política e social do Brasil.

Desenvolvimento com Fundamentação Teórica (6000)

Uma breve retrospectiva histórica aponta que as universidades sempre


desempenharam importantíssimo papel no desenvolvimento das sociedades, visto que
sempre foram núcleos de reunião dos ditos “intelectuais” de todas as gerações e estes
eram os personagens principais das revoluções sociais que ditaram o caminhar da
humanidade. Difícil encontrar exemplo mais esclarecedor que o movimento Iluminista,
século XVIII, instaurador do pensamento científico e da supervalorização da razão,
abraçado pelos universitários europeus.
Todavia, alcançado determinado nível de desenvolvimento pelas
civilizações modernas e apesar da democratização dos seus espaços, questionou-se a
gradativa perda da importância sociopolítica das universidades, que tendiam a meras
instituições de ensino superior, limitadas à formação de profissionais capacitados.
Alegava-se, com isso, o impacto cada vez menor que as universidades produziam nas
comunidades a que pertenciam. Inegavelmente, percebia-se a sua desvalorização e
surgia uma nova problemática: como impedir a degradação do ensino superior e
estimular a sua reaproximação da comunidade?
Diversas foram as propostas, das quais muitas transformaram-se em
políticas públicas, mas destaca-se a utilização da tecnologia, mais especificamente dos
instrumentos de comunicação, como meio de se restabelecer um vínculo entre o
ambiente acadêmico e a realidade da comunidade. O referido destaque às tecnologias de
comunicação se deve ao fato de serem ferramentas de difusão de informação com
grande abrangência e fácil acesso. Nesse sentido, as TVs Universitárias são projetos que
conquistam respeito e apresso popular na tarefa que desenvolvem, que é a de oferecer
não apenas à comunidade local (apresentam potencial de difusão muito abrangente)
informação, cultura e conhecimento com responsabilidade, colaborando no exercício da
cidadania por um número expressivo de sujeitos.
A ideia de TV Universitária surge em meados da década de 60 com o
Decreto Lei 236 de 1967, que estabelecia as TVs educativas, definidas pelo Art. 13 do
referido decreto:

Art 13. A televisão educativa se destinará à divulgação de programas


educacionais, mediante a transmissão de aulas, conferências, palestras
e debates.(BRASIL, 1967).

A partir de um conceito amplo de TV Educativa e tendo estabelecido que


caberia à União, aos Estados, aos Municípios, às universidades e às fundações executar
este tipo de serviço, o Decreto Lei preparou um terreno fértil para as TVs Universitárias,
de modo que ainda em 1967 surgiu a primeira, a partir de uma TV Educativa de Recife.
Apesar deste impulso inicial, as TVs Universitárias não encontraram efetiva
consolidação naquela década, somente sendo concretizadas mais recentemente, em
meados dos anos 90, quando retiraram da Constituição Federal de 88 importante
respaldo legal para o seu desenvolvimento, visto que a Carta Magna reservava um
Capítulo para a Comunicação Social, tendo estabelecido preceitos como o Art. 221, I e
II, que disciplina:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e


televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção
independente que objetive sua divulgação;

O Laboratório da TV Universitária de Volta Redonda (TVR), então, é


constituído a partir de vetores desenvolvidos desde a década de 90 e que convergiram
nos últimos 10 anos na criação de diversos laboratórios de televisão universitária pelo
Brasil, sendo suas ações embasadas pelos compromissos assumidos por este tipo de
mídia com a comunidade acadêmica e local. A campanha de recolhimento de
assinaturas ao projeto de iniciativa popular para a Reforma Política, promovida pelo
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, e apoiado pela OAB Federal, importante
entidade que integra o movimento e a qual a TVR firmou esta parceria é justificada pelo
anseio de levar à comunidade a informação que ela necessita. Segundo o sociólogo
Manuel Castells, “as tecnologias de comunicação e informação são particularmente
sensíveis aos efeitos dos usos sociais das próprias tecnologias 1”.
O Jornalismo Público, tipo amplamente usado pelas TVs Educativas e
adotado pela TVR, é formado através da elaboração de conteúdo midiático que sirva ao
interesse público. As teorias adotadas nesta composição jornalística visa atender aos
preceitos de cidadania e democracia e por esta razão é tão compatível com as televisões
desenvolvidas nas universidades. Defensor da ideia de que a informação é uma
necessidade social e de que a população se aproxima da cidadania e da democracia

1
Castells, Manuel. DebatesPresidência da República. A Sociedade em Rede, do conhecimento à Acção
Popular. Março de 2005. Portugal.
quando ela é bem apresentada, o jornalista e pesquisador Victor Israel Gentilli entende
que,

O jornalismo, como um processo de reconstrução da realidade, é


fundamental e indispensável para a vida do homem moderno: para que
ele se localize no mundo, em seu país, em sua cidade, situe-se diante
do conjunto de circunstancias que o cerca, organize sua vida a partir
do conhecimento do volume de oportunidades que lhe são oferecidas,
tome suas decisões e faça suas escolhas a respeito dos assuntos que
lhe interesse. (GENTILLI, 1995, p. 199).

Desta forma, as ações promovidas pela TV Universitária de Volta


Redonda, exemplificadas neste artigo, são frutos da conjugação dos ideais perseguidos
pela Universidade no contexto social, com a ideia de que há uma profunda relação entre
a qualidade da imprensa e a vida pública, como evidencia Carlos Alvarez Teijeiro
(2002, p. 222) ao falar que “a imprensa é um dos colaboradores da vida nacional, e
quando se deteriora como tem ocorrido nos anos recentes, também sofre a vida
pública”.

Metodologia (2000)

A grande pergunta de um projeto que se propõe a produzir informações


coerentes e úteis para as pessoas é como conjugar aquilo que desenvolvemos dentro da
universidade, nas reuniões periódicas do projeto, com a realidade da comunidade, do
país. O ponto de ligação entre a produção “universitária” e a realidade social é bastante
complexo e exige grande reflexão e inteligência.
A possibilidade de ser ter um projeto de lei de iniciativa popular é disciplinada
pela Constituição Federal, mais precisamente em seu Art. 61, §2º, que diz:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a


qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-
Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos
nesta Constituição.

§2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à


Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles.

Como pode ser visto pela leitura do parágrafo segundo do artigo 61 da


Constituição da República Federativa do Brasil é quepara tornar possível um projeto de
lei de inciativa popular é necessário um número muito grande de assinaturase isto só se
torna possível com a conscientização da população através da informação. O
envolvimento da ação de extensão da TVR com a campanha do MCCE, em parceria
com a OAB Federal foi o método pensado pelo projeto para que ao menos na região de
abrangência da TV Universitária fosse possível, através do Jornalismo Público, levar à
informação, a discussão e o pensamento crítico à comunidade, efetivando a ligação
entre a ação pensada na universidade e a vida pública.
Resultado com Discussão (2000)

O Jornalismo Público, desde a edificação do seu conceito que se confunde com a


própria difusão das TVs Universitárias pelo país na década de 90, vem sendo adotado
como um meio eficaz de transformar, através das universidades e de seus projetos a vida
não só da população local, como também da população nacional. O que se espera de
uma TV Universitária é a produção de informação, mas, sobretudo que esta informação
esteja ligada a um objetivo precípuo que é o fazer pensar. A TV Universitária de Volta
Redonda, cada vez mais vem recebendo demandas da comunidade acadêmica da
Universidade Federal Fluminense, visto que o projeto está atuando em parceria com os
diversos Institutos que compõem o polo universitário. A meta do laboratório está sendo
alcançada através desta integração, não só da comunidade com o ambiente acadêmico,
mas da própria instituição internamente.
A parceria com a campanha exemplificada neste artigo, assim como todas as
ações da TVR, foi registrada em vídeo e divulgada no canal UFFTUBE, canal de
postagem de vídeos da Universidade Federal Fluminense. A ação de quatro alunos
bolsistas do projeto, juntamente com o coordenador possibilitou através da gravaçãoque
a ação continuasse ativa e em pleno funcionamento, mas agora em espaço virtual e
podendo atingir um número indeterminado de pessoas. Exemplo disto é que o vídeo
figura como sendo o segundo mais visualizado dentre todos os outros que estão no canal
do Instituto de Ciências Humanas e Sociais de Volta Redonda.
O resultado da atuação do tipo de mídia utilizada por uma TV Universitária em
ações como "projetos de lei de inciativa popular", com temas tão importantes para a
nação como é a Reforma Política, é o de criar uma reação em cadeia por todo o país,
onde existisse um projeto comprometido com a cidadania e ademocracia e com isso
amenizar alguns tantos problemas que pensávamos estar fadados a suportar.

Considerações Finais (3000)

Incialmente, ao se pensar no papel de um projeto chamado “TV”, seria possível


imaginar muitas coisas, mas a maioria delas estaria ligada a ideia de mídia de massa que
se acostumou a apreciar em nosso país. Porém, uma TV que se diz Universitária carrega
consigo um título que por si mesmo expressa importantes lições, visto que é possível
determinar o papel decisivo que possui a universidade na sociedade, desde os tempos
mais antigos.
A conjugação, de certo modo homogênea, de mídia, cultura, reforma política,
comunidade e universidade faz lembrar a atuação do Centro Popular de Cultura (CPC)
durante o período de ditadura, movimento cultural que uniu artistas e intelectuais com
forte ideologia política, que pretendia através das artes promover conscientização e
mobilização popular. O ideal perseguido era sair em busca do povo, instruí-lo, informa-
lo sobre a realidade brasileira e com isso desencadear uma reação de pensamento, de
discussão interna e de despertar para a realidade, tudo isto através da arte, pois
entendiam que fora da arte política não existe arte popular.
A ação de extensão é um meio extremamente frutífero que possui a universidade
para conseguir grandes objetivos de forma eficaz e duradoura. O movimento dinâmico
que a caracteriza, onde o aluno está em constante contato com o professor e com a
comunidade, produzindo e aprendendo, colabora de forma direta na formação
acadêmica e cidadã e faz com que a universidade fique enraizada permanentemente
dentro do estudante e do local onde está inserida. A TVR e todas as ações que são
produzidas por intermédio dela, vêm trazendo constante renovação e ânimo para aqueles
que produzem e que recebem suas produções e isto traduz o intuito cerne da extensão,
que é de contribuir da melhor forma para o crescimento da universidade, do aluno e da
comunidade.

Referências (2000)

ABTU - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TELEVISÃO UNIVERSITÁRIA. As


perguntas mais comuns sobre televisão universitária, a ABTU e a RITU. Disponível
em<http://www.abtu.org.br>. Acesso em 17 jan. 2013.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 17 de
Jan 2013.

Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967. Complementa e modifica a Lei número


4.117 de 27 de agosto de 1962. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0236.htm> Acesso em 17 de
jan. 2013.

GENTILLI, V. Democracia de Massas: Cidadania e Informação. Escola de


Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1995.

TEIJEIRO, Carlos Alvarez. Comunicación, Democracia y Ciudadania: fundamentos


teóricos delPublicJournalism. Ciccus-LaCrujía, 2002. Buenos Aires.

MAGALHÃES, C. TV Universitária: a televisão utópica. Disponível em:


<http://www.abtu.org.br/site/index.php?option=com_filecabinet&view=files&id=1>.
Acesso em: 03 fev. 2013

RAMOS, Carla Michele. O papel dos artistas e intelectuais do Centro Popular de


Cultura (1961-1964) na construção de uma nova sociedade. Disponível em:
<http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/segundosimposio/carlamicheleramos.pdf>
Acessado em: 13 de Jan 2013.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

MCCE – MOVIMENTO DE COMBATE À CORRUPÇÃO ELEITORAL. Disponível


em: <http://www.mcce.org.br/site/index.php#>. Acesso em 17 Jan 2013.

OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL CONSELHO FEDERAL.


Disponível em: <http://www.oab.org.br/>. Acesso em 17 de Jan 2013.

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