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INTRODUÇÃO
É natural que qualquer pessoa se sinta triste quando é criticada ou a ela se faz
oposição, ainda mais quando se faz o que é certo e de acordo com a vontade de Deus.
O apóstolo Paulo expressa os seus sentimentos nessa segunda carta aos Coríntios,
provavelmente por ter sofrido oposição de alguns crentes que o ofenderam muito. Não
sabemos os detalhes do que tenha ocorrido na viagem que fez após ter fundado a igreja
em Corinto, em 51-52 d.C., mas nessa carta ele vai defender o seu ministério e motivar
cada cristão a exercitar o ministério da reconciliação.
Segundo o Comentário Expositivo Hagnos a Segunda Carta aos Coríntios é a carta mais
pessoal do apóstolo Paulo. Há um consenso praticamente unânime acerca de sua
autoria. E. P. Gould categoricamente afirma que não há dúvidas de que essa carta foi
escrita pelo apóstolo Paulo. A epístola é citada por Irineu, Atenágoras, Clemente de Ale-
xandria e Tertuliano, todos pertencentes ao século 1. Essa é a sua carta mais
autobiográfica. Nela, o apóstolo conta suas lutas mais renhidas e suas maiores aflições de
agonia. Nessa carta, Paulo abre as cortinas da alma e mostra suas dores mais profundas,
suas tensões mais íntimas e suas experiências mais arrebatadoras. Robert Gundry afirma
corretamente que mais do que qualquer outra epístola de Paulo, 2 Coríntios, permite-nos
sondar os sentimentos íntimos do apóstolo sobre si mesmo, sobre seu ministério
apostólico e sobre seu relacionamento com as igrejas que fundava e nutria. Nessa mesma
linha de pensamento, Simon Kistemaker diz que nenhum outro livro do Novo
Testamento retrata uma angústia emocional, física e espiritual com tanta profundidade e
amplitude.
Vamos ler a Bíblia em 2 Coríntios 1:12-14 (NVI) – “Este é o nosso orgulho: A nossa
consciência dá testemunho de que nos temos conduzido no mundo, especialmente em
nosso relacionamento com vocês, com santidade e sinceridade provenientes de Deus, não
de acordo com a sabedoria do mundo, mas de acordo com a graça de Deus. 13 Pois nada
lhes escrevemos que vocês não sejam capazes de ler ou entender. E espero que, 14 assim
como vocês nos entenderam em parte, venham a entender plenamente que podem
orgulhar-se de nós, assim como nos orgulharemos de vocês no dia do Senhor Jesus”
ORAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Paulo escreveu essa carta da Macedônia, provavelmente no ano 57 d.C.,
aproximadamente um ano depois da primeira. Tudo indica que ele escreveu outra carta,
conforme sugerem 2 Co 2:3 e 7:8, o que causou muita tristeza na Igreja. Parece que a
situação entre Paulo e os membros daquela igreja piorou depois que eles leram as cartas.
A Igreja tinha uma série de erros graves, os quais Paulo procurou corrigir, mas alguns
membros diziam que Paulo não tinha autoridade apostólica para resolver problemas da
igreja. A segunda carta aos Coríntios busca sanar essa questão e, por isso, tem o objetivo
pastoral de trazer consolo em meio ao sofrimento. Vejamos então, alguns aspectos da
carta que são importantes para nós hoje.
Vamos ler a Bíblia em 2 Coríntios 11:23-29 (NVI) – “São eles servos de Cristo? — estou
fora de mim para falar desta forma — eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui
encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas
vezes. 24 Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. 25 Três vezes fui golpeado
com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia
exposto à fúria do mar. 26 Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei
perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos
gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos
irmãos. 27 Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e
muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. 28 Além disso, enfrento diariamente
uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas. 29 Quem está
fraco, que eu não me sinta fraco? Quem não se escandaliza, que eu não me queime por
dentro? ”
Vamos ler a Bíblia em 2 Coríntios 5:19 (NVI) – “Deus em Cristo estava reconciliando
consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a
mensagem da reconciliação”
@ O Comentário Bíblico Beacon diz que… Para Paulo e para os coríntios a reconciliação
foi realizada. O caminho agora está aberto para todos, e ao apóstolo foi confiado o
ministério da reconciliação. Como reconciliados com Deus, temos o privilégio de animar a
outros para que façam o mesmo, e dessa maneira somos aqueles que têm "o ministério
da reconciliação". A "carta triste" foi motivada pela ofensa de uma determinada pessoa
da igreja de Corinto tinha cumprido o seu propósito, esta pessoa agora deveria ser
completamente perdoada por todos. De fato este assunto toca o âmago da dissensão
entre Paulo e os coríntios.
Vamos ler a Bíblia em 2 Coríntios 4:7 (VIVA) – “Entretanto, este tesouro precioso - esta
luz e este poder que agora brilham dentro de nós - está encerrado num recipiente
perecível, isto é, no nosso corpo fraco. Todo mundo pode ver que o poder glorioso que
está dentro de nós tem que vir de Deus e não é nosso próprio”
@ O Comentário do NT Barclay diz que… Paulo começa esta passagem com a idéia de
que poderia ocorrer que os privilégios e a glória de que goza um cristão o levassem a
orgulho. Mas a própria vida está desenhada para que o homem não caia no orgulho. Por
muito grandes que sejam estes privilégios e glória ainda se trata de um mortal; ainda é
vítima das circunstâncias; vê-se envolto numa situação humana sobre a qual não tem
controle; está sujeito às mudanças e às oportunidades da vida humana; é dono de um
corpo mortal com toda sua fraqueza e dor. Assemelha-se a um homem com um tesouro
precioso, mas que está contido num recipiente de barro, que é fraco em si mesmo e não
tem valor. Falamos muito sobre o poder do homem, e das vastas forças que domina. Mas
a característica real do homem não é seu poder, mas sim sua fraqueza.
Qual seria a razão para não desanimar desse árduo ministério de levar o tesouro a
todas as pessoas? Ele responde dizendo que é pelo “espírito da fé, conforme está
escrito: Eu cri; por isso é que falei” (4:13), referindo-se ao Salmo 116:10 (na versão
Septuaginta). Esse é o alimento diário de cada crente, que com uma fé genuína tem
condições de falar da graça de Deus e superar todas as tribulações. Essa fé age na vida do
crente de forma presente, mas também o leva para o futuro, na certeza da ressurreição:
“aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus e nos
apresentará convosco” (4:14). Portanto, o grande propósito do nosso ministério (4:15) é
a glória de Deus e esta razão, para o apóstolo Paulo, tornava firme e inabalável a sua
esperança a ponto de suportar todos os infortúnios, para que Deus fosse honrado em
todos os lugares. Mas a graça de Deus é tão abundante que, apesar de ser a sua glória o
objetivo final, durante a caminhada o amor entre os irmãos cresce, e outros também são
beneficiados pelo mesmo amor de Deus. Quando a graça é multiplicada, mais pessoas
são salvas e abençoadas, e mais e mais Deus é honrado. A razão pela qual Paulo não
desanimava era porque a glória de Deus se manifestava através do desempenho do
ministério a ele confiado e se reanimava dizendo: “embora o homem exterior (o corpo
físico) se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia” (4:16). É
assim também com você?
Paulo finaliza esse capítulo incentivando os crentes de Corinto a continuar a jornada
cristã, comparando o que é momentâneo e o que é eterno. Embora as tribulações
tenham sido severas, para ele foi como se fossem leves e breves se comparadas com “o
eterno peso de glória” (4:17). A fé nos convoca a nos identificarmos com Cristo em seus
sofrimentos, para que também possamos desfrutar de sua glória. Sim, somente pela fé
podemos ver o mundo invisível, pois as coisas visíveis fisicamente são temporais, mas as
que não se veem são eternas (v.18).
CONCLUSÃO
A segunda epístola aos Coríntios é uma carta muito pessoal, que demonstra toda a
emoção do apóstolo Paulo. Assim como ele, todos nós somos surpreendidos diariamente
por problemas e tribulações, mais ainda quando se trata do ministério cristão, passamos
por perseguições e críticas de todo jeito, até mesmo internamente na igreja.
Aprendemos que o consolo e o encorajamento divino estão presentes em meio ao
sofrimento e às dificuldades, e que somos fortalecidos para que sejamos portadores do
ministério da consolação. Mas também aprendemos que o poder de Deus é manifestado
por meio da fraqueza e, embora sejamos vasos de barros, levamos um tesouro conosco.
Quando nos identificamos com Cristo em seu sofrimento e morte, podemos ter
esperança e aguardar a ressurreição, para assim experimentar a sua glória.