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Histórico da IoT

Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer o surgimento da IoT.


„„ Identificar os primeiros dispositivos conectados.
„„ Descrever o surgimento da IoT no Brasil.

Introdução
Cada vez mais objetos e dispositivos com tecnologia para acesso à internet
e para intercomunicação servem para facilitar o dia a dia das pessoas. Essa
capacidade permite que uma grande quantidade de informações possa
ser trocada mesmo em plataformas distintas e com alta velocidade de
dados. Essas tecnologias apresentam enorme potencial para promover
negócios rentáveis em diversos ramos e países, estimulando incansáveis
pesquisas inovadoras em tecnologia da informação.
Neste capítulo, você vai aprender como a Internet das Coisas (IoT,
do inglês Internet of Things) surgiu a partir da evolução tecnológica no
decorrer dos anos, principalmente com a criação da rede mundial de
computadores. Além disso, vai conhecer as tecnologias e os primeiros
aplicativos utilizados na IoT em termos globais e como o Brasil adotou e
vem adotando estratégias para sua expansão.

1 Surgimento da IoT
Na década de 1960, surgiram os primeiros desenvolvimentos da tecnologia
de comunicação entre computadores que hoje chamamos de internet. Com a
criação da Advanced Research Projects Agency Network (ARPANet), pro-
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jeto vinculado ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, foi possível


interligar centros de pesquisas e universidades, com o intuito de mostrar o
poderio tecnológico do país em relação à antiga União Soviética (CASTELLS,
2003). De acordo com Ferrasi e Morgado (2016), a rede inicial expandiu-se e
mostrou-se efetiva e, com seu avanço, recebeu novas configurações e finali-
dades. Com seu aprimoramento, foi possível criar redes em escala mundial e
permitir a comunicação entre países e continentes. É possível definir a internet
como sendo um conjunto de equipamentos interconectados fisicamente, e a
Wide World Web como sendo um conjunto de aplicações que atuam em uma
camada sobre a internet.

Para definir um padrão de como os equipamentos e sistemas operacionais devem fun-


cionar nesse ambiente, foi criado o modelo de referência Open System Interconection
(OSI) pela International Organization for Standardization (ISO). Esse modelo foi criado
em 1970 e formalizado em 1983. Ele consiste em sete camadas (física, enlace, rede,
transporte, sessão, apresentação e aplicação), cada qual com uma função específica
para uma efetiva comunicação entre dois dispositivos. Além desse modelo, foi criado
o TCP/IP, que recebe o nome de dois protocolos mais importantes da arquitetura: o
Transmission Control Protocol (TCP) e o protocolo Internet Protocol (IP) (CARVALHO
JUNIOR et al., 2017).

A internet sofreu grandes modificações ao longo do tempo e suas poten-


cialidades podem ser divididas em três gerações. No Quadro 1, é possível
distinguir as principais características encontradas nas três gerações.
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Quadro 1. Características das gerações Web

Web 1.0 Web 2.0 Web 3.0

Comunicação Broadcast Interativa Engajada/


aplicada

Informação Estática/apenas Dinâmica Portátil & pessoal


leitura

Foco Organização Comunidade Individual

Pessoal Home pages Blogs/wikis Lifestreams

Conteúdo Posse Compartilhamento Curadoria

Interação Web forums Web applications Smart applications

Busca Diretórios Palavras-chave/tags Contexto/


relevância

Métrica Visitas à página Custo por click Engajamento do


usuário

Publicidade Banners Interativa Comportamental

Pesquisa Britannica Online Wikipedia Web Semântica

Tecnologias HTML/FTP Flash/Java/XML RDF/RDFS/OWL

Fonte: Adaptado de Magrani (2018).

Vejamos as principais definições de cada uma dessas gerações (MAGRANI,


2018).

„„ Web 1.0: surgiu em meados dos anos 1980, sendo caracterizada pela
possibilidade de conexão entre pessoas. Essa conexão era realizada
por sites que apresentavam conteúdos estáticos e sem interatividade
com o usuário, criados, portanto, somente para leitura (read-only).
Outro ponto apresentado na Web 1.0 era a restrição de aplicativos, que
não podiam ser alterados ou ter seu funcionamento visualizado. Sites
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de e-commerce, por exemplo, apenas disponibilizavam catálogos em


formato virtual, não permitindo a interação do usuário para efetuar uma
compra ou se registrar para receber novidades de produtos da empresa.
„„ Web 2.0: a transição entre Web 1.0 e Web 2.0 não ocorreu de forma clara.
Enquanto a Web 1.0 foi identificada como a “web do conhecimento”, a
Web 2.0 foi considerada a “web da comunicação”. Essa mudança não
ocorreu por alguma inovação tecnológica, e sim por meio de uma nova
forma de utilizar as ferramentas que estavam disponíveis. A Web 2.0
permitiu a interação constante de usuários, graças a redes sociais, wikis
e blogs. Essa interação foi denominada read-write (leitura e escrita).
Sites como Amazon passaram a criar ferramentas de classificação de
produtos e permitiram locais de comentários aos usuários.
„„ Web 3.0: utiliza a internet para cruzar dados. O conceito de Web 3.0 ainda
é fluido e alvo de críticas, mas apresenta algumas características que o
distinguem das ondas anteriores. Sua principal diferença são os polos de
conexão, em que objetos interagem com pessoas e com outros objetos.

De acordo com Pacheco (2018), grupos de trabalho focados na padronização


da internet vêm envidando esforços para permitir a comunicação direta da rede
de sensores com a internet pelo uso de padronização de protocolos (Figura 1).
Esse recurso permite benefícios para a implementação da IoT, pois facilita o
acesso à informação pelos dispositivos dos usuários. Vários trabalhos estão
em andamento para criar versões de protocolos já utilizados na internet para
que possam ser utilizados nas redes de sensores.

Figura 1. Rede de sensores sem fio.


Fonte: Pacheco (2018, p. 2).
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A IoT surgiu graças aos avanços das tecnologias de miniaturização de


componentes eletrônicos e das tecnologias de comunicação sem fio. O pa-
radigma IoT estabelece que diversos itens do cotidiano podem ter acesso à
internet, o que contribui para uma diversidade de benefícios à população. A
previsão é que bilhões de “coisas” sejam capazes de conectar-se à internet
para prover os mais diversos tipos de informações aos usuários (PACHECO,
2018). De acordo com Carvalho Júnior et al. (2017), a IoT surgiu com o intuito
de disponibilizar a rede de computadores para dispositivos usáveis por seres
humanos, como carros, câmeras e relógios. Esses dispositivos inteligentes
conseguem acessar a internet automaticamente sem a intervenção humana.
O conceito de IoT e suas soluções envolvem diversas áreas, como planeja-
mento urbano, produção agrícola, logística, produção industrial, transporte de
pessoas, saúde, preservação do meio ambiente, entre outras. Graças à inserção
social da tecnologia, com capacidade de solucionar problemas diversos pre-
sentes no cotidiano das pessoas e na vida econômica dos países, a IoT torna-se
uma ferramenta indispensável, não apenas por conectar dispositivos inani-
mados com capacidade de acessar a internet, mas por proporcionar melhoria
na qualidade de vida das pessoas (DE GODOI; ARAÚJO, 2019). Portanto,
a IoT pode ser entendida como uma infraestrutura global voltada para a era
digital, promovendo serviços avançados por meio da interconexão das coisas.

De acordo Magrani (2018), Kevin Ashton propôs no ano de 1999 o termo IoT. Ashton reforçou
seu conceito e afirmou, em um artigo que descreve a tecnologia de identificação por
radiofrequência (RFID), que as pessoas necessitam conectar-se com a internet por meios
variados, devido à falta de tempo proporcionada pela rotina do novo cotidiano. Ele ainda
enfatiza que é necessário armazenar dados até mesmo do movimento de nossos corpos
com uma precisão cada vez mais refinada. Apesar do termo criado por Ashton, a discussão
sobre “coisas” conectadas está presente desde os primórdios das tecnologias da informação.

Silvio Meira (2016, documento on-line) apresenta uma explicação bastante


prática do que seriam esses objetos e dispositivos no contexto presente:

Coisas, aqui, são dispositivos que têm, em alguma intensidade, capacidades


de computação, comunicação e controle […]. Se não tem sensores ou atua-
dores que lhe permitem características de controle, um objeto está no plano de
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computação e comunicação, é uma máquina em rede; se não tem capacidade


de comunicação, é um sistema de controle digital; se não tem capacidades
computacionais, é o que antigamente se chamava (e ainda existem hoje)
sistemas de telemetria. Coisas, aqui para nós, têm as três características, e
todas elas digitais. A gente até poderia dizer que coisas, no sentido de IoT,
são objetos digitais completos.

A IoT apresenta diversos desafios, principalmente por lidar com uma imensa
quantidade de dados gerados. Suas limitações em relação a armazenamento,
processamento e comunicação são supridas com o uso de computação em
nuvem. Portanto, essas tecnologias complementam uma à outra. Enquanto a
IoT produz uma imensa quantidade de dados, a computação em nuvem fornece
mecanismos para driblar suas limitações de armazenamento e processamento
dos dados. A combinação das duas tecnologias é conhecida como Cloud of
Things (CoT, ou Nuvem de Coisas).

2 Primeiros dispositivos conectados


A partir dos benefícios alcançados com a internet na década de 1990, foi
possível desenvolver os primeiros objetos conectados. O primeiro dispositivo
capaz de se conectar com rede mundial de computadores foi uma torradeira
elétrica criada por John Romkey para ser colocada em exposição uma feira
de tecnologia da informação ocorrida na Inglaterra em 1990. Hoje em dia,
diversos equipamentos são capazes de realizar essa conexão, como sistemas
de som, lâmpadas, geladeiras, máquinas de lavar, televisores, entre outros
(DE GODOI; ARAÚJO, 2019).
De acordo com Venanzi, Leandro e Silva (2019), as aplicações da IoT
possuem utilidades significativas para diferentes setores do conhecimento
humano. Com o seu uso, é possível expandir as tecnologias de diversas tarefas
específicas de cada setor e, consequentemente, gerar uma economia futura.
Com a IoT, é possível realizar tarefas que antes eram inexistentes por falta de
pessoas especializadas, precisão, custo e tempo. A partir disso, as empresas
passam a aprimorar suas atividades e processos em geral e a adquirir mais
autonomia, tempo e controle.
De acordo com Santos et al. (2016), a IoT pode ser entendida como a
combinação de diversas tecnologias de comunicação e a integração de objetos
em um ambiente físico ao mundo virtual. A Figura 2 ilustra os blocos básicos
para a construção da IoT.
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Figura 2. Blocos básicos da IoT.


Fonte: Santos et al. (2016, p. 6).

„„ Identificação: tecnologias empregadas para identificar os objetos


(RFID, Near Field Communication [NFC] e endereçamento IP).
„„ Sensores ou atuadores: coletam informações sobre o contexto onde
os objetos se encontram e armazenam os dados em data warehouse,
centros de armazenamento ou nuvens.
„„ Comunicação: abrange diversas técnicas usadas para conectar objetos
inteligentes. Algumas das tecnologias empregadas são WiFi, IEEE
802.15.4, Bluetooth e RFID.
„„ Computação: unidade de processamento (microcontroladores, proces-
sadores e FPGAs). Executa algoritmos locais nos objetos inteligentes.
„„ Serviços: engloba serviços de identificação (responsáveis por mapear
Entidades Físicas em Entidades Virtuais), de agregação de dados (co-
letam e sumarizam dados homogêneos ou heterogêneos obtidos dos
objetos inteligentes), de colaboração e inteligência (tomam decisões e
reagem de modo adequado a um determinado cenário) e de ubiquidade
(promovem serviços de colaboração e inteligência em qualquer momento
ou lugar necessários).
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„„ Semântica: habilidade de extração de conhecimento dos objetos na IoT.


Podem ser usadas técnicas de Resource Description Framework (RDF),
Web Ontology Language (OWL) e Efficient XML Interchange (EXI).

De acordo com Ferreira, Seifert e Venanzi (2020), a IoT é composta por


diversas tecnologias que atuam como ferramentas para proporcionar as inú-
meras atividades oferecidas:

„„ RFID — tecnologia que permite a identificação em tempo real e auto-


mática de um objeto. De acordo com Moraes et al. (2018), a criação da
tecnologia ocorreu em 1948, por Harry Stockman. Atualmente o sistema
tem sido amplamente utilizado para controle de animais, localização
de materiais e produtos, controle de acesso eletrônico, gerenciamento
de rota e permissão de acesso a ambientes, controle de pagamento em
pedágios, controle de ponto de funcionários, entre outros. Observando
a Figura 3, é possível entender as características dessa tecnologia em
um Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP) e em um software
de Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM).

Figura 3. Funcionamento do sistema RFID em gestão empresarial.


Fonte: Haddad, Rizzotto e Maldonado (2016, p. 3).
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„„ Wireless Sensor Network (WSN) — são sensores de rede sem fio


que permitem coletar, processar, analisar e disseminar informações.
De acordo com João, Souza e Serralvo (2020), essa tecnologia incita
grande interesse em pesquisas em diversas disciplinas, principalmente
pelo fácil acesso a microprocessadores com comunicação sem fio.
A WSN é responsável por monitorar condições ambientais e físicas
nos setores de segurança e proteção, em conjunto com a tecnologia
de RFID.
„„ Middleware — camada de software entre o sistema operacional e os
aplicativos.
„„ Computação em nuvem — termo geral para qualquer coisa que envolva
a entrega de serviços alocados na internet.
„„ Big data — maneira rápida e eficiente de gerenciar e utilizar gran-
des volumes de dados. De acordo com Furlan e Laurindo (2017),
o termo big data refere-se ao alto volume de dados virtuais, que
são complexos, diversos, heterogêneos e que provêm de múltiplas
e autônomas fontes, com controles distribuídos e descentraliza-
dos. Com essa tecnologia agregada a sensores, é possível capturar
grandes quantidades de dados e transmiti-los para ferramentas
de business intelligence e analytics, a serem usados para resolver
problemas de negócios e fornecer serviços de valor agregado aos
clientes (KIM, 2016).
„„ Data analytics — considerado um desdobramento da big data, essa
tecnologia identifica não somente poderosos programas de software
capazes de tratar dados, como também as técnicas que visam trans-
formá-los em informações úteis à organização interessada.

As tecnologias digitais transformam a maneira como interagimos com nosso


ambiente e com as pessoas ao nosso redor. Esses recursos estão presentes no
cotidiano das pessoas e são formados pela computação em nuvem, IoT, cidades
inteligentes, big data, inteligência artificial, robótica avançada, biotecnologia,
mobilidade sem fio, impressão tridimensional, entre outras (JOÃO; SOUZA;
SERRALVO, 2020).
Para Vashi et al. (2017), o acesso a novas fontes de informação, o
aumento de dispositivos de comunicação e a evolução de sistemas móveis
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permitiram novas aplicações revolucionárias que auxiliaram a expansão da


IoT. O uso de uma estrutura escalável em nuvem permite a flexibilidade
necessária para atender às demandas de diferentes setores. A revolução
radical da internet não se trata apenas de uma rede que interage e conecta
objetos; ela também verifica padrões na rede para fornecer informações,
comunicação e novas aplicações. Portanto, tecnologias sem fio, RFID,
Bluetooth e serviços de dados por telefone impulsionam ainda mais a
evolução da IoT.
Existem três fatores essenciais que ajudam a difundir a IoT: cidades, fábricas
e humanos (KIM, 2016). A partir daí, de acordo com Vashi et al. (2017), os
três componentes fundamentais para a existência da IoT são:

„„ interfaces de exibição que podem ser acessadas em diferentes platafor-


mas e projetas para diferentes aplicações;
„„ middleware, sistema de interface para vários dispositivos, ferramentas
de desenvolvimento para análise de dados e armazenamento sob
demanda;
„„ hardware, sensores e triggers agrupados com comunicação.

Como perspectiva de aplicação prática em larga escala, João, Souza e


Serralvo (2019, documento on-line) pitam um cenário bastante detalhado:

A IoT constitui um novo paradigma que combina aspectos de tecnologias


de computação, redes de sensores sem fio, protocolos de comunicação da
internet, tecnologias de sensoriamento, comunicação e dispositivos com
tecnologias incorporadas. As cidade inteligentes avançam para um ambiente
integrado e inteligente, onde a IoT é usada para interconectar, interagir,
controlar e fornecer insights sobre os vários sistemas fragmentados dentro
das cidades. Um grande número de dispositivos interconectados, bem
como uma quantidade significativa de dados gerados por eles, oferece
oportunidades sem precedentes para enfrentar os desafios urbanos. Tais
tecnologias são mescladas a sistemas urbanos para formar um ambiente
onde os mundos real e digital se encontram e estão continuamente em
interação sinérgica.
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3 Surgimento da IoT no Brasil


Com a difusão da internet pelo Brasil, as discussões relacionadas ao uso da
tecnologia aumentaram. Essa relação foi chamada na época de sociedade
da informação e era representada por um modelo de referência (Figura 4),
que buscava apontar os níveis em relação às implementações de tecnologia
de informação e comunicação (TICs). Para o modelo proposto, as TICs
foram decompostas em três níveis, apresentadas nas camadas horizontais
de uma matriz de referência: infraestrutura, serviços e aplicações (MA-
GRANI, 2018).

Figura 4. Modelo de referência quanto aos níveis de implementação de TICs.


Fonte: Magrani (2018, p. 158).

De acordo com Magrani (2018), o processo evolutivo da internet veio a


ser consagrado na chamada Espiral Meira-Campos, mostrada na Figura 5 e
apresentada pela primeira vez pelos professores Silvio Meira e Ivan Moura
Campos, membros do primeiro Comitê Gestor da Internet no Brasil. A espiral
configura um modelo para que fosse possível entender como a internet original
poderia evoluir para uma Fase 2 com a predominância da banda larga. Essa
fase ficou conhecida como Internet 2 nos Estados Unidos.
24 Histórico da IoT

Figura 5. Espiral Meira-Campos.


Fonte: Magrani (2018, p. 157).

Na pesquisa realizada por Magrani (2018) entre os anos 2000 e 2015,


conclui-se que o setor de serviços da economia brasileira era representado
por mais de 70% do valor adicionado no país (72% do PIB nacional) e que ele
poderia ser desenvolvido a partir da IoT, com desdobramentos importantes
para o restante da economia. A estratégia nacional para o ecossistema de IoT,
ilustrado na Figura 6, composto pelos seus atores globais e nacionais, propõe
que ele seja desenvolvido em território nacional a partir dos seus principais
serviços, plataformas globais de produtos e serviços que possuam sólidas
arquiteturas de negócio.
Histórico da IoT 25

Figura 6. Visão estratégica da IoT no Brasil.


Fonte: Magrani (2018, p. 169).

Assim, a estratégia nacional é baseada em três pilares:

1. consolidar um ecossistema de IoT capaz de desenvolver plataformas


de produtos e serviços globais no Brasil e que respeite as arquiteturas
de padrões, tecnologias e negócios;
2. direcionar o ecossistema IoT para a combinação do setor industrial com
o setor de serviços da economia brasileira;
3. criar condições para que novos negócios gerados pelo novo ecossistema
de IoT aumente a produtividade de todos os setores da economia.
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No Brasil, o Comitê Gestor da Internet foi fundamental para o desenvol-


vimento da Internet das Pessoas (IoP) no território nacional. Ao longo de 21
anos de existência, o Comitê exerce uma contribuição valiosa para assegurar
os padrões e serviços compatíveis com a IoP mundial. Dessa forma, espera-se
que a IoT assuma a experiência da IoP no Brasil.
Para Magrani (2018), em termos de impacto, a globalização manifesta-
-se como um fenômeno em constante expansão, devido à digitalização e ao
aumento mundial do tráfego de dados. Seu crescimento levará ao desenvolvi-
mento de segmentos de mercado, indústrias e países que melhor entenderem e
aproveitarem a oportunidade para criar o futuro. O Brasil mostra-se relevante
no contexto internacional de inovação e empreendedorismo.
Apesar do potencial revelado pelo país em gerar inovação, o Brasil ainda
apresenta problemas pontuais na criação de empresas de visibilidade tecnoló-
gica mundial e de melhoria em sua estrutura de rede. A IoT é uma expressão
muito utilizada nos dias de hoje, mas é preciso que as empresas atuem de
modo conjunto, com o intuito de criar soluções reais para problemas atuais
e, dessa forma, evitar o risco da IoT concentrar-se na internet das coisas
inúteis (MAGRANI, 2018). Investimentos em políticas públicas e no alcance
da tecnologia em âmbito nacional permitem que novas ideias úteis de origem
nacional e com expansão global sejam criadas. Para que isso seja possível, é
fundamental uma constante melhoraria tecnológica para o mercado de IoT.

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28 Histórico da IoT

Leituras recomendadas
SINCLAIR, B. IoT: como usar a "internet das coisas" para alavancar seus negócios. Belo
Horizonte: Autêntica Business, 2018.
WAHER, P. Learning internet of things. Birmingham: Packt Publishing, 2015.

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