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CORPO DOCENTE

Lorena Ocampos (coordenadora). Juíza de Direito Substituta no Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e Territórios (TJDFT). Mestranda em Direito no Curso de mestrado acadêmico, área
de concentração em Direito Constitucional Penal pelo Instituto de Direito Público de Brasília
(IDP). Especialista em Direito pela União Pioneira de Integração Social (UPIS) em Convênio com
a Escola da Magistratura do DF (ESMA). Professora de Processo Penal e Sentença Criminal em
pós-graduação e cursos preparatórios para concurso público. Palestrante.

Eric Scapim. Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Foi Juiz de Direito
nos Tribunais de Justiça dos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo Especializado em
Direito Público e Privado pela Emerj Especializado em Psicologia Jurídica pela Universidade
Cândido Mendes - AVM Mestrando em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela UFRJ -
NEPPDH Professor da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ e da Escola de
Administração Judiciária - ESAJ - do TJRJ, além de cursos preparatórios para concurso. Coautor
do livro - TJRJ - Juiz Estadual - Coleção Preparando para concursos; Editora Juspodivm Professor
Formador de Magistrados pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados
- ENFAM.

Gustavo Fernandes Sales. É Juiz de Direito Substituto do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e dos Territórios, tendo sido aprovado em 4o lugar e tendo obtido a nota mais alta do seu
concurso na prova de Sentença Penal (2a fase). Entre os anos de 2016 e 2017, foi aprovado
ao mesmo tempo para os cargos de Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 4a Região,
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás e Juiz de Direito do TJDFT, tendo
abandonado os concursos do MPSC (Promotor de Justiça) e TJRS (Juiz de Direito) em fases
avançadas, este último quando ocupava o 2o lugar geral no certame. Foi aprovado para o cargo
de técnico judiciário do TJDFT aos 19 anos, quando cursava o segundo ano da faculdade de
Direito. Entre outros concursos, foi, também, aprovado para analista judiciário do MPU, oficial
de justiça do TRF-1a Região e policial legislativo federal na Câmara dos Deputados. É bacharel
em Direito pelo UniCEUB e pós-graduado pela Fundação Escola Superior do Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios. Exerce atividade docente em diversos cursos preparatórios
para concursos, lecionando Direito Constitucional e Administrativo. É, ainda, professor do curso
de pós-graduação da Escola da Magistratura do Distrito Federal - ESMA-DF. É autor de obras
jurídicas.

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Mario Celegatto. Mario Celegatto é Juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Mestre em
Direito pela Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; Professor de Direito Processual
Civil, Direito do Consumidor e Direito Civil; Membro da ABDPro - Associação Brasileira de Direito
Processual; Diretor do Núcleo EAD da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Professor
da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Professor de Curso CEI; Professor em Diversos
Cursos de Pós-graduação; Formador de Magistrados Certificado pela ENFAM (Escola Nacional
de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados); Especialista em Direito Processual; Bacharel
em Direito pela PUC-MG, Consultor Científico da Editora Appris; Palestrante; Autor de Obras
Jurídicas (instagram: mario_celegatto / e-mail: mario_celegatto@yahoo.com.br).

Renata Bolzan Jauris. Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná. Professora da Escola da
Magistratura do Paraná. Foi Defensora Pública e Procuradora da Administração Federal Indireta.
Mestre em Direito pela Universidade Estadual de Londrina.

Renata Chamma. Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Pós Graduada em Direito Público e Privado pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de
Janeiro (EMERJ), Pós Graduanda em Direito Ambiental e Urbanístico pela PUC/MG. Aprovada
no Concurso para o Cargo de Juiz Leigo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
Professor(a) Revisora de Direito Ambiental do Concurso Público para Ingresso na Carreira de
Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará (2016). Advogada e Consultora Jurídica. Palestrante.
Professora de Direito Ambiental na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ
(desde 2012), no Curso de Pós Graduação de Direito Ambiental e Agronegócios do Instituto Julio
Cesar Sanches - Palmas/TO (desde 2019), no Curso de Pós Graduação em Direito Público do
Curso Verbo Jurídico (2020), no Curso de Pós Graduação em Direito Imobiliário da Universidade
Cândido Mendes - UCAM (2012 - 2015), no Curso de Pós Graduação em Direito Ambiental e
Responsabilidade Civil da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (2014 - 2015), e
Professora de Direito Ambiental e Urbanístico em Cursos Jurídicos.

Milton Bandeira Neto. Procurador da Fazenda Nacional. Membro do Conselho Editorial da Revista
Fórum de Direito Tributário. Foi Diretor-Geral do Centro de Altos Estudos da Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional - PGFN (2014 a 2018). Foi representante da PGFN no Sistema de Escolas
de Governo da União - SEGU (2014 a 2018). Membro do Comitê Avaliador da Pós-graduação
da Escola da Advocacia-Geral da União - AGU. Foi editor da Revista da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (2015 a 2018). Pós-graduado em Direito Público (2011). Pós-graduando em
Gestão Pública. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2005). É Coach
certificado pela Internacional Associationof Coaching - IAC, atuando nas áreas de Personal,
Professional Coach e Coach para Concursos Públicos. Autor de diversas obras jurídicas das

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editoras Saraiva e JusPodivm - Direito Tributário, com participação em mais de 10 livros.

Antonio Evangelista de Souza Netto. Juiz de Direito de Entrância Final do Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná. Pós-doutor em Direito pela Universidade de Salamanca - Espanha. Pós-
doutorando em Direito pela Universitá degli Studi di Messina - Itália. Pós-doutorando em Direito
pela Universidade de Coimbra - Portugal. Pós-doutorando em Direito Pela Università degli
Studi Mediterranea di Reggio Calabria - Itália. Doutor em Filosofia do Direito pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP (2014). Mestre em Direito Empresarial pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP (2008). Vice-Presidente da Comissão de Empresas
Familiares e Holding do Instituto Brasileiro de Direito de Família-IBDFAM. Membro da comissão
de mediação empresarial do Fórum Nacional de Juízes de Competência Empresarial - FONAJEM.
Vice-Diretor do Departamento de Cursos para o Público Externo e Ensino à Distância da Escola
da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - EMAP. Coordenador do Núcleo de
EAD da Escola da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - EMAP. Coordenador
do Centro Judiciário de Solução de Conflitos Empresariais - CEJUSC Recuperação Empresarial.
Professor Colaborador do PPGD - Mestrado e Doutorado da Unicuritiba. Professor do Programa
de Pós-graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUC/PR. Professor do
Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove-SP). Professor
da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM. Professor da
Escola da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo - EMES. Professor
da Escola da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - EMAP. Professor em
cursos de pós-graduação. Parecerista da revista do curso de mestrado e doutorado em direito
da Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo - FADISP. Diretor Científico da Coleção Processo
e Constituição da Editora Prismas. Participates in Judicial Exchange at Harvard University - Law
School. Membro do Fórum Nacional de Juízes de Competência Empresarial - FONAJEM Membro
da Academia de Cultura de Curitiba/PR - ACCUR Membro da Soberana Ordem do Mérito de Saint
Yves de Tréguier - França. Membro do Instituto Brasileiro da Insolvência - IBAJUD. Membro do
Instituto Brasileiro de Direito da Empresa - IBDE Membro do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa - IBGC Membro do Fórum Nacional de Juízes Criminais - FONAJUC. Comendador da
Ordem do Mérito Cívico e Cultural - SBHM.

Bruno Gaspar de Oliveira Corrêa. Promotor de Justiça (MPRJ). Graduado pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC-RIO). Pós-graduado em Criminologia pelo Instituto Superior do
Ministério Público (ISMP/MPRJ), professor de Direito Eleitoral da EMERJ, IBMEC e cursos
preparatórios.

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Danielle Burichel. Juíza de Direito (TJPE). Mestra em Direito pela Faculdade Damas da Instrução
Cristã, na linha de pesquisa história das ideias penais. Especialista em Direito Público pela
Universidade Potiguar. Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Unama, com ênfase
em Direitos da Infância e Juventude. Professora em cursos de graduação, Pós-graduação e
preparatórios.

Rodrigo de Carvalho Assumpção. Juiz de Direito no TJMG. Mestrando em Direito pela


Universidade de Salamanca.

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SUMÁRIO

CORPO DOCENTE................................................................................................................................... 2
CRONOGRAMA...................................................................................................................................... 7
QUESTÕES OBJETIVAS SEM GABARITO COMENTADO.......................................................................... 8
DIREITO CIVIL................................................................................................................................... 8
DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................................................................................... 11
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................ 12
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE................................................................................... 13
DIREITO PENAL............................................................................................................................... 14
DIREITO PROCESSUAL PENAL........................................................................................................ 16
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................ 18
DIREITO ELEITORAL........................................................................................................................ 21
DIREITO EMPRESARIAL.................................................................................................................. 22
DIREITO TRIBUTÁRIO..................................................................................................................... 24
DIREITO AMBIENTAL...................................................................................................................... 25
DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................ 25
GABARITO............................................................................................................................................ 28
QUESTÕES OBJETIVAS COM GABARITO COMENTADO....................................................................... 29
DIREITO CIVIL................................................................................................................................. 29
DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................................................................................... 35
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................ 40
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE................................................................................... 43
DIREITO PENAL............................................................................................................................... 48
DIREITO PROCESSUAL PENAL........................................................................................................ 53
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................ 58
DIREITO ELEITORAL........................................................................................................................ 69
DIREITO EMPRESARIAL.................................................................................................................. 72
DIREITO TRIBUTÁRIO..................................................................................................................... 78
DIREITO AMBIENTAL...................................................................................................................... 81
DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................ 87

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CRONOGRAMA

Rodada Publicação

1ª Rodada 29/10/2021

2ª Rodada 05/11/2021

3ª Rodada 12/11/2021

4ª Rodada 19/11/2021

5ª Rodada 26/11/2021

6ª Rodada 03/12/2021

7ª Rodada 10/12/2021

8ª Rodada 17/12/2021

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM GABARITO COMENTADO

🏳 DIREITO CIVIL

QUESTÃO 1. Para a celebração de um contrato de locação de imóvel residencial, a “Imobiliária DEF Imóveis”
exigiu de José, pretenso locatário, a prestação de alguma das garantias previstas na Lei do Inquilinato.
Diante da confiança que lhe depositava, após ser indagado para tanto, Maurício, irmão de José, oferece
à administradora da locação como caução o único imóvel de sua propriedade, onde, inclusive, reside
com sua família. Em razão de problemas de ordem financeira, José torna-se inadimplente. Não sendo
possível a satisfação da dívida de forma extrajudicial, a “Imobiliária DEF Imóveis” propõe ação de cobrança
objetivando o recebimento das parcelas inadimplidas. Nada obstante tenham sido regularmente citados,
José e Maurício quedam-se inertes, o que desaguou no julgamento antecipado da lide, oportunidade em
que os pedidos deduzidos pela administradora do imóvel foram acolhidos. Em sede de cumprimento de
sentença, José e Maurício são intimados para o pagamento espontâneo da quantia. Entretanto, mais uma
vez, permanecem inertes, momento em que a “Imobiliária DEF Imóveis” pleiteou pela penhora do imóvel
entregue por Maurício como garantia da locação, penhora esta deferida pelo Magistrado. Inconformado
com a possibilidade de perda de seu único imóvel, Maurício contrata advogado para lhe representar na
ação que tramita em fase de cumprimento de sentença. Após minuciosa análise dos autos, o procurador
de Maurício apresenta exceção de pré-executividade, onde suscita, dentre ou outros, a impenhorabilidade
do bem constritado por qualificar-se como bem de família. Diante da situação hipotética e atento à atual
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alternativa CORRETA:

A) A impenhorabilidade suscitada não deverá ser acolhida, haja vista que, nada obstante o bem
de família seja impenhorável, não podendo, portanto, responder por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos
que sejam seus proprietários e nele residam, a lei põe a salvo de tal impenhorabilidade as hipóteses
em que o imóvel é entregue como forma de fiança em contratos de locação, o que se verificou na
hipótese em apreço.

B) A impenhorabilidade suscitada deverá ser acolhida, uma vez que a proteção constitucional ao bem
de família transcende a toda e qualquer espécie de obrigação contraída pelos cônjuges ou pelos pais
ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, de sorte que, ainda que tenha sido entregue
como forma de garantia para o adimplemento de obrigação decorrente de contrato de locação, não
poderá ser objeto de penhora por constituir o único bem de propriedade de João.

C) A impenhorabilidade suscitada deverá ser acolhida, visto que, em se tratando de bem de família,
já que o único de propriedade de Maurício onde ele estabeleceu sua residência, não pode responder
por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza contraída

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pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. O fato de
o imóvel ter sido entregue por Maurício como caução imobiliária não afasta a possibilidade de
oposição da impenhorabilidade em face do credor, já que tal modalidade de garantia não consta do
rol de exceções à impenhorabilidade previstas na legislação.

D) A impenhorabilidade suscitada não deverá ser acolhida, haja vista que, por ter sido entregue como
forma de garantia de adimplemento de contrato de locação residencial, Maurício renunciou a regra de
impenhorabilidade do bem de família.

QUESTÃO 2. De acordo com o Código Civil, a imagem da pessoa natural, composta por sua imagem retrato
(representação gráfica do indivíduo) e por sua imagem atributo (conjunto de características pela qual
determinada pessoa é conhecida) não pode ser utilizada por terceiros com fins comerciais, exceto se
acompanhada de expressa autorização. Tendo em vista as normas aplicáveis aos direitos da personalidade,
no que diz respeito da publicação de biografias não autorizadas, é correto afirmar que:

A) Em que pese a Constituição Federal garanta a livre manifestação do pensamento, em razão da


proteção dos direitos de imagem que são igualmente garantidos a todo e qualquer cidadão, é vedada a
publicação de biografia sem prévia autorização do biografado, ainda que em seu teor apenas contenha
afirmações benéficas e honrosas ao biografado.

B) Como a publicação de biografia consagra a garantia constitucional à informação, não se faz necessária
a prévia autorização do biografado para a publicação de sua biografia, vedada a aplicação de sanções
ao autor da obra em razão do conteúdo de sua publicação.

C) A publicação de biografia dispensa prévia autorização do biografado se, a posteriori, os lucros


advindos com a comercialização da obra forem repartidos proporcionalmente entre o biógrafo e o
biografado ou seus parentes, caso falecido.

D) Diante do fato de a CF/88 vedar de forma expressa a censura prévia, a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal caminha no sentido de dar aos arts. 20 e 21 do CC/02 interpretação conforme à
Constituição, sem redução de seu texto, para fins de dispensar o biógrafo da necessidade de autorização
do biografado ou de seus parentes para a publicação da obra.

QUESTÃO 3. O direito real de habitação é entendido como a faculdade que tem o cônjuge supérstite,
independente do regime de bens de seu casamento, de permanecer residindo na morada do casal após
o falecimento de seu consorte. Sobre o tema, e a luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
julgue os itens a seguir:

I) A inexistência de outros bens imóveis no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente é requisito


para o reconhecimento do direito real de habitação.

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II) O direito real de habitação pode ser exercido tanto pelo cônjuge como pelo companheiro supérstite.

III) O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir
remuneração do companheiro ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel, ainda que
proprietário de outros bens imóveis.

IV) Por constituir direito personalíssimo e exercitável apenas e tão somente pelo companheiro ou
cônjuge sobrevivente, é lícita a cobrança de aluguel em face do filho ou filha que reside com o cônjuge ou
companheiro supérstite.

Estão CORRETAS as assertivas presentes nos itens:

A) II e III.

B) I e IV.

C) I e III.

D) II e IV.

QUESTÃO 4. De acordo com o Código Civil, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo, sendo que haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, ou seja, de
forma objetiva, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. À luz da atual jurisprudência
dos tribunais, é CORRETO afirmar:

A) A omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material do filho não gera danos
morais, uma vez que Direito de Família é regido por princípios próprios, que afastam a responsabilidade
civil extracontratual decorrente de ato ilícito.

B) Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da
perda de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral.

C) Se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade,
responderá o síndico do condomínio perante o ofendido, de forma pessoal por ser o gestor do edifício,
assegurado o direito de regresso.

D) O direito à indenização por danos morais, por possuir natureza personalíssima, não se transmite com
o falecimento do titular, razão pela qual, os herdeiros da vítima não possuem legitimidade ativa para
ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.

QUESTÃO 5. O erro, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores constituem-se
como defeitos do negócio jurídico que os sujeitam a anulação. A respeito de tais institutos, é CORRETO

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afirmar que:

A) Ainda que acidental, o dolo, por constituir vício que macula a lisura da vontade externada pelo
indivíduo, sempre anulará o negócio jurídico.

B) Se possível o atendimento posterior, em novo negócio jurídico formal, dos requisitos que se
encontravam ausentes por ocasião de sua celebração, é possível a confirmação e a conversão do
negócio jurídico originariamente inválido.

C) O negócio jurídico eivado de erro de direito é nulo, mas pode ser confirmado pelas partes, e
convalesce pelo decurso do tempo.

D) O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o
negócio jurídico se, por seu contexto e pelas circunstâncias que lhe são afetas, se puder identificar a
coisa ou a pessoa cogitada.

🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 6. Acerca das formas contemporâneas de resolução de conflitos, assinale a assertiva INCORRETA.

A) Pode-se dizer que a principais vantagens da negociação é evitar as incertezas e gastos com a
propositura de uma demanda.

B) Tanto na conciliação quanto na mediação há um terceiro imparcial que contribuirá para a busca da
solução do conflito.

C) Ficam impedidos de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes, os conciliadores e


mediadores, pelo prazo de 2 (dois) anos, contado da última audiência que atuaram.

D) É possível na arbitragem a cláusula compromissória.

QUESTÃO 7. No tocante aos movimentos de acesso à Justiça, marque a alternativa INCORRETA.

A) O acesso à Justiça é considerando um princípio essencial ao funcionamento do Estado de Direito.

B) Segundo a teoria de Kazuo Watanake, pode-se dizer que o direito à preordenação dos instrumentos
processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos compõe o direito de acesso à Justiça.

C) É possível citar a questão geográfica como uma barreira ao acesso à Justiça.

D) A ampliação do acesso à Justiça restringe-se ao aperfeiçoamento dos institutos e regras processuais.

QUESTÃO 8. No tocante aos princípios gerais do Direito Processual Civil, assinale a alternativa INCORRETA.

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A) Um dos aspectos que diferenciam a norma-regra da norma-princípio, é que esta regula situações
mais maleáveis, admitindo ponderações no caso concreto, enquanto aquela regularia de forma
pontual, sendo aplicada ou não ao caso.

B) É um exemplo de igualdade formal a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC.

C) Com base no princípio do contraditório e ampla defesa, as partes têm a garantia de um verdadeiro
diálogo ao longo do processo, possibilitando a influência na decisão.

D) Pode-se dizer que o princípio do devido processo legal possui aspecto processual e substancial.

QUESTÃO 9. Quanto aos métodos de interpretação da norma jurídica, marque a assertiva INCORRETA.

A) Teleológico é aquele que a norma é interpretada de acordo com as demais regras do ordenamento
jurídico.

B) O método comparativo baseia-se na comparação com os ordenamentos estrangeiros.

C) O método gramatical nada mais é do que o sentido literal das palavras utilizadas pela norma.

D) Histórico observa as causas que determinaram o surgimento da norma.

QUESTÃO 10. Acerca da jurisdição, marque a assertiva INCORRETA.

A) A característica da substitutividade é consubstanciado na substituição das partes pelo juiz para


solucionar o conflito, agindo com imparcialidade.

B) Excepcionalmente, pode-se falar na prorrogação da jurisdição para fora do limite territorial fixado
em lei.

C) Imparcialidade implica a existência de partes no processo (autor e réu), não considerando o juiz
como uma delas.

D) Pode-se dizer que no Brasil é adotada a jurisdição de equidade.

🏳 DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 11. Eric se inscreveu em uma instituição de ensino superior, próxima da sua residência, que
oferecia curso por mensalidade razoável e horários compatíveis com o exercício de suas demais funções
para realização do curso de graduação de psicologia. Contudo, concluídos os estudos, Eric soube que o
curso ainda não era reconhecido pelo Ministério da Educação e, em razão disso, não poderia obter o
diploma. Sentindo-se ludibriado pela situação, pretende ser reparado pelos gastos na realização do curso.
Diante dessa situação, assinale a alternativa correta, considerando também entendimento jurisprudencial

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sumulado sobre a questão.

A) A questão retrata a hipótese de culpa concorrente, eis que caberia à instituição de ensino informar
ao autor, assim como competia ao autor buscar informações sobre o curso antes da realização da
matrícula.

B) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor,


ainda que comprove que deu prévia e adequada informação a Eric antes de ele efetivar a matrícula.

C) A instituição de ensino deve reparar Eric pelos danos suportados para a realização do curso, se restar
comprovado que houve dolo ou culpa da instituição, por tratar-se de hipótese de responsabilidade
subjetiva.

D) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos sofridos pelo aluno/consumidor que
realiza curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, mas exime-se da responsabilidade se
provar que o aluno foi prévia e adequadamente informado do fato.

QUESTÃO 12. A Lei n.º 14.181/2021 trata da questão do superendividamento, já bastante discutida na
jurisprudência e na doutrina no âmbito do Direito do Consumidor. Dentre as opções abaixo, marque a
alternativa CORRETA acerca das mudanças realizadas no CDC pela referida Lei.

A) Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural


ou jurídica saldar suas dívidas de consumo sem comprometer seu mínimo existencial.

B) Constatado o superendividamento do consumidor, o juiz poderá instaurar processo de repactuação


de dívidas, de ofício ou a requerimento do consumidor, com vistas à realização de audiência
conciliatória, presidida por ele ou por conciliador para apresentação de proposta de pagamento dos
credores.

C) O não comparecimento injustificado de qualquer dos credores, ou de seu procurador com poderes
especiais e plenos para transigir, embora intimados, à audiência de conciliação de que trata o CDC
acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, apesar de
não os sujeitar ao plano de repactuação eventualmente homologado.

D) O pedido do consumidor de repactuação de dívidas não importará em declaração de insolvência


civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação
das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação.

🏳 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

QUESTÃO 13. Diante da constatação da prática de ato infracional cometido com emprego de violência ou

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grave ameaça contra a pessoa, deverá o juiz:

A) Determinar a internação provisória do adolescente, dada a necessidade imperiosa da medida,


diante da gravidade em abstrato da conduta.

B) Aguardar a apresentação pelo Ministério Público da competente representação infracional para


que possa determinar a privação de liberdade do adolescente.

C) Determinar a liberação do adolescente depois de ultrapassados 45 (quarenta e cinco) dias de


internação, exceto se subsistirem razões para que ele deva permanecer privado de liberdade e já
tenha se encerrado a colheita da prova oral em instrução processual.

D) Concluir o procedimento e sentenciar o processo de apuração de ato infracional em até 45 (quarenta


e cinco) dias, sob pena de liberação compulsória do adolescente internado provisoriamente.

QUESTÃO 14. A respeito do Conselho Tutelar, órgão encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento
dos direitos da criança e do adolescente, assinale a alternativa correta:

A) A vigilância da comunidade a respeito da situação de suas crianças e adolescentes é exercida


pelo Conselho Tutelar, razão pela qual, insere-se em suas atribuições o atendimento de crianças e
adolescentes em situação de risco, aplicando-lhes as medidas protetivas pertinentes ao caso.

B) O Conselho Tutelar é composto por cinco conselheiros escolhidos pela população local para mandato
de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.

C) Tem como uma de suas principais atribuições, determinar o afastamento do convívio familiar das
crianças e adolescentes em situação de risco.

D) Dentre suas atribuições, não se insere a de promover a execução de suas decisões, as quais deverão
passar pelo crivo da Justiça da Infância e Juventude, a qual possui competência para conhecer de casos
encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 15. Sobre o estado de necessidade, assinale a alternativa correta.

A) Segundo a teoria diferenciadora, não é possível o estado de necessidade exculpante, mas apenas
o justificante.

B) É cabível o estado de necessidade em crime permanente.

C) Não se admite legítima defesa contra quem age em estado de necessidade.

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D) Não é possível estado de necessidade recíproco.

QUESTÃO 16. No que concerne à nova figura típica do artigo 147-A do Código Penal, assinale a alternativa
correta:

A) É de ação penal pública incondicionada, e o crime se tipifica sem prejuízo das penas correspondentes
à violência.

B) Não exige reiteração da conduta para sua consumação, bastando um único ato do agente para
caracterização do crime. Ademais, admite tentativa.

C) Revogou a contravenção penal de molestamento, (art. 65 do DL 3.688/41), contendo em seu escopo,


integralmente, os elementos constitutivos típicos da norma revogada.

D) A pena é aumentada de metade se o crime é cometido contra criança, adolescente ou idoso; contra
mulher por razões da condição de sexo feminino; mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou
com o emprego de arma.

QUESTÃO 17. Assinale a alternativa correta, com fundamento na jurisprudência majoritária dos tribunais
superiores:

A) Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha.

B) Conforme entendimento majoritário, a mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida


pela Lei 13.964/2019, (“Pacote Anticrime”), retroage para alcançar os processos penais que já estavam
em curso.

C) É inconstitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor


ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.

D) Para fins do art. 33, §4º, da Lei de Drogas (tráfico privilegiado), incumbe ao réu o ônus da prova de
que ele é primário, possui bons antecedentes e não se dedica a atividades criminosas, nem integra
organização criminosa.

QUESTÃO 18. Considere as seguintes afirmações:

I. A natureza jurídica da sentença concessiva de perdão judicial, no homicídio culposo, segundo orientação
sumulada do Superior Tribunal de Justiça, é condenatória, não subsistindo efeitos secundários.

II. Com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não configurar a qualificadora, a depender da causa
que a originou.

III. O privilégio do “relevante valor moral” é incompatível com o homicídio cometido com o emprego de

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veneno.

IV. O feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados pela mulher em razão de seu
gênero feminino ou quando estiver atrelado à violência doméstica e familiar.

Conclui-se que está correto o que se afirma em:

A) I e II.

B) II e III.

C) III e IV.

D) II e IV.

QUESTÃO 19. Sobre a aplicação da pena, assinale a alternativa correta, considerando a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça.

A) Na segunda fase de dosimetria da pena, a incidência de atenuante pode conduzir a pena abaixo do
mínimo legal, levando em conta o princípio da individualização da pena.

B) No crime de roubo, a existência de duas ou mais causas de aumento de pena impõem a exasperação
da pena tão somente em razão do número de majorantes existentes.

C) Não incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, “d”, do Código Penal, na chamada confissão
qualificada, ainda que o magistrado utilize a confissão para fundamentar a sua conclusão pela
condenação do réu.

D) É possível, na segunda fase da dosimetria, a compensação da agravante da reincidência com a


atenuante da confissão espontânea.

🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 20. Um servidor vinculado a uma das instituições dispostas no art. 144 da Constituição da
República é investigado pela prática do crime de tráfico de pessoas. Nesta hipótese, considerando as
disposições do Código de Processo Penal:

A) Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

B) O inquérito policial deverá ser instaurado no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contado do registro

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da respectiva ocorrência policial.

C) Neste caso, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.

D) O membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar de quaisquer órgãos


do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou
de suspeitos.

QUESTÃO 21. João foi investigado pela prática de furto em 02.06.2016. Na ocasião, ele foi acusado de
subtrair 20 semoventes de propriedade de Pedro. Sua certidão de antecedentes criminais não possuía
qualquer mácula. Em 03.01.2017, a denúncia foi recebida, e, nesta data, sua defesa requereu ao Ministério
Público que lhe fosse possibilitada a realização de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP). Nesta hipótese,

A) Segundo jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, o art. 28-A do Código de


Processo Penal deverá ser aplicado, desde que o réu preencha os requisitos legais e o acordo seja
necessário e suficiente para a reparação e prevenção do crime.

B) Não caberá a aplicação do Acordo de Não Persecução Penal ao presente caso, pois a pena máxima
do crime é superior a 4 (quatro) anos.

C) Considerando que a denúncia já foi recebida, o Acordo de Não Persecução Penal não será aplicado
ao presente caso, não se admitindo a sua retroatividade, conforme entendimento majoritário do
Superior Tribunal de Justiça.

D) Se for oferecido o Acordo de Não Persecução Penal e o réu aceitá-lo, a sua celebração constará em
sua certidão de antecedentes criminais.

QUESTÃO 22. Sobre as provas no processo penal, assinale a alternativa correta, em consonância com as
orientações predominantes do Superior Tribunal de Justiça:

A) As provas inicialmente produzidas no inquérito policial e reexaminadas na instrução criminal violam


o ar. 155 do Código de Processo Penal, que diz que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova produzida em contraditório judicial.

B) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes


e a reincidência, não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária.

C) Havendo registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do processo penal, é necessária


sua degravação ou transcrição, sob pena de nulidade do processo.

D) O assistente de acusação não pode arrolar testemunhas, considerando que a sua atuação é

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meramente acessória.

QUESTÃO 23. Em relação à prisão preventiva e às medidas cautelares alternativas à prisão, dispõe o Código
de Processo Penal e a jurisprudência dos tribunais superiores:

A) Para a lavratura do auto de prisão em flagrante é necessária a elaboração do laudo toxicológico


definitivo em relação à droga apreendida.

B) O auto de prisão em flagrante é nulo quando o autuado não for assistido por defensor técnico.

C) O juiz somente pode substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for maior de
setenta anos e extremamente debilitado por motivo de doença grave.

D) A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo
e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
adotada.

QUESTÃO 24. Em relação ao Código de Processo Penal, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para as assertivas
adiante e marque a alternativa com a sequência correta.

( ) A confissão será indivisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no
exame das provas em conjunto.

( ) A expedição de carta precatória suspenderá a instrução criminal.

( ) O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar
o novo endereço ao juízo.

( ) Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com prazo de 30 dias.

Está correta a sequência:

A) V – F – F – F.

B) V – V – V – F.

C) F – F – V – F.

D) F – V – V – V.

🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 25. Julgue os itens a seguir:

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I – Divisa-se, com o povo hebreu, um primeiro movimento tendente a assegurar determinada organização
social com algum tipo de limitação do poder dos governantes, vale dizer, um primeiro movimento
constitucionalista.

II – Não há falar-se em constitucionalismo na Idade Média, em face dos regimes absolutistas, nos quais os
governantes não visualizavam limites a seu poder, considerado divino, e suas decisões estavam acima das
leis e de qualquer controle jurídico.

III – O traço mais marcante do modelo constitucional inglês está no não acolhimento das técnicas
tradicionais do constitucionalismo, especialmente porque refuta o seu dogma fundamental, que é a
constituição escrita.

IV – O constitucionalismo moderno inaugura-se a partir do advento das Constituições escritas dos Estados
Unidos da América (1787) e da França (1791), deitando raízes, portanto, nos modelos norte-americano e
francês, não obstante a existência de importantes precedentes históricos.

A) Todos os itens estão corretos.

B) Estão corretos somente os itens I e II.

C) Estão corretos somente os itens I, III e IV.

D) Estão corretos somente os itens III e IV.

QUESTÃO 26. Julgue os itens a seguir:

I – É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de internet móvel e banda
larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura mensal, gráficos sobre o registro médio diário de
entrega da velocidade de recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.

II – As varas especializadas em matéria agrária não possuem, necessariamente, competência restrita


apenas à matéria de sua especialização.

III – É inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui competência a juízes estaduais para julgar
matérias de competência da justiça federal.

IV – Constituições estaduais podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias
legislativas para mandatos consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez.

A) Estão corretos todos os itens.

B) Estão corretos os itens I, III e IV, somente.

C) Estão corretos os itens II e III, somente.

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D) Está correto o item IV, somente.

QUESTÃO 27. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Na concepção moderna, o poder constituinte é um poder de fato e um poder de Direito, isto é, tem
natureza híbrida.

B) O poder constituinte originário não se esgota ou se exaure quando edita uma constituição.

C) As limitações temporais impedem a modificação das normas constitucionais por certo período de
tempo, geralmente após a promulgação da nova constituição, ou a partir de uma determinada data.
Foi o que ocorreu nos quatro primeiros anos de vigência da Constituição de 1824.

D) No Brasil, prevalece a tese de que as normas que consagram cláusulas pétreas são juridicamente
vinculantes, mas não são imunes a alterações. Assim, podem ser alteradas por um procedimento mais
dificultoso, a exemplo da dupla revisão, consagrada também no Direito português.

QUESTÃO 28. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental os legitimados para a ação


direta de inconstitucionalidade.

B) Os princípios constitucionais do sistema financeiro e orçamentário, em razão da imbricação com o


princípio da separação dos Poderes, são considerados preceitos fundamentais para fins de ADPF.

C) Segundo o STF, a tutela sobre o descumprimento de preceito constitucional alcança um universo


de comportamentos estatais mais amplo do que a de inconstitucionalidade, a abranger a lesão à
Constituição resultante de “ato do Poder Público” outro que não apenas a “lei ou ato normativo”,
sempre que traduza efetivo e material descumprimento da Constituição.

D) O Supremo Tribunal Federal, por decisão de dois terços de seus membros, poderá deferir pedido
de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental. Permite-se a concessão
de liminar monocraticamente em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda em
período de recesso.

QUESTÃO 29. Sobre os princípios fundamentais, assinale a alternativa correta:

A) Um dos princípios fundamentais do Título I da Constituição Federal de 1988 diz respeito ao sistema
de governo, expressão que designa o modo como se relacionam os poderes que ditam, primariamente,
os rumos políticos do Estado: o Executivo e o Legislativo.

B) O modelo de democracia adotado pela Constituição brasileira de 1988 é o semidireto, vale dizer,

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o de democracia representativa com alguns institutos de participação direta do povo nas funções
de governo e na formação da vontade política nacional, a exemplo do plebiscito, do referendo, da
iniciativa popular de leis e do veto popular.

C) A Constituição de 1988 situa a República como princípio constitucional sensível a ser observado
pelos Estados federados, sob pena de intervenção federal. Todavia, a república não está expressamente
prevista como cláusula pétrea, ao contrário do que ocorria na Constituição brasileira de 1969.

D) A repartição horizontal de poder diz respeito à distribuição das competências entre os entes
políticos, como ocorre no Estado Federal.

🏳 DIREITO ELEITORAL

QUESTÃO 30. Sobre crimes eleitorais, assinale a alternativa CORRETA:

A) Quando o Código Eleitoral não indicar o grau mínimo da pena, entende-se que será ele de seis
meses para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.

B) A Justiça Eleitoral tem competência para julgar os crimes comuns conexos aos crimes eleitorais.

C) Os crimes eleitorais contra a honra são de ação penal privada.

D) Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, no prazo
de 15 dias.

QUESTÃO 31. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Os partidos políticos podem, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição
majoritária.

B) O partido político coligado somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo
eleitoral quando questionar a validade da própria coligação.

C) A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária


entre os candidatos e a respectiva coligação.

D) A coligação deverá usar, na propaganda, as legendas de todos os partidos que a integram.

QUESTÃO 32. Assinale a alternativa CORRETA:

A) É permitida a propaganda política paga no rádio e na televisão.

B) Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares,

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inclusive de bandeiras ao longo de vias públicas.

C) A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares pode ser remunerada.

D) A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado,


não depende de licença da polícia.

QUESTÃO 33. Assinale a alternativa CORRETA:

A) O Procurador-Geral Eleitoral designará o Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu


substituto, dentre os Procuradores Regionais da República, ou, onde não houver, dentre os Procuradores
da República vitalícios, para um mandato de quatro anos.

B) O Procurador-Geral Eleitoral poderá assistir as sessões do Tribunal, sem tomar parte nas discussões.

C) O Procurador-Geral Eleitoral poderá expedir instruções aos Juízes Eleitorais dos Tribunais Regionais
Eleitorais.

D) O Procurador-Geral Eleitoral deverá oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal Superior


Eleitoral.

QUESTÃO 34. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) As pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro para campanhas eleitorais, desde que
obedecido o limite de 10% (dez por cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano
anterior à eleição.

B) É permitido, a partido e candidato, receber doação em dinheiro ou estimável em dinheiro,


procedente de entidade de classe ou sindical.

C) O ajuizamento de representação para punir o doador que ultrapassou o limite legal deve ocorrer
até o final do exercício financeiro do ano seguinte ao da apuração. D) A doação realizada na forma
de prestação de serviços próprios do doador não pode ultrapassar o valor estimado de R$ 40.000,00
(quarenta mil reais) por doador.

🏳 DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 35. Acerca da empresa, assinale a alterativa CORRETA.

A) De acordo com a teoria dos atos do comércio, empresário é o sujeito que pratica uma atividade
econômica organizada com o fim de lucro.

B) A teoria da empresa, adotada pelo Código Comercial Brasileiro, é mais abrangente que a teoria dos

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atos do comércio.

C) Embora o Código Civil não defina o que é empresa, é possível afirmar que empresário é o sujeito
que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.

D) A obtenção do lucro é um requisito indispensável para a caracterização da empresa.

QUESTÃO 36. Quanto aos usos e práticas empresariais, assinale a assertiva CORRETA.

A) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete às Juntas Comerciais.

B) Os usos e práticas empresariais não são registráveis.

C) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete à Câmara de Comércio Exterior (COMEX).

D) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete ao Departamento Nacional de Registro


Empresarial e Integração (DREI).

QUESTÃO 37. Quanto às características do Direito Empresarial, assinale a assertiva INCORRETA.

A) O Direito Empresarial é cosmopolita.

B) O Direito Empresarial é fragmentado.

C) O Direito Empresarial é dinâmico.

D) O Direito Empresarial é formal.

QUESTÃO 38. Com relação aos princípios do Direito Empresarial assinale a assertiva INCORRETA.

A) De acordo com previsão expressa do Código Civil, a constituição das sociedades empresárias deve
ser orientada pelo princípio societário da livre iniciativa.

B) A liberdade de competição, a função social da empresa e a boa-fé são alguns dos princípios gerais
do Direito Empresarial.

C) O princípio da livre concorrência está previsto na Constituição Federal e em diversas normas


infraconstitucionais.

D) A empresa cumpre sua função social quando, entre outras coisas, observa a legislação aplicável.

QUESTÃO 39. Sobre o registro empresarial, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Nos atos submetidos a registro poderão ser utilizados timbres e marcas d’água.

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B) As cooperativas podem optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ) como nome empresarial.

C) A denominação pode ser formada por qualquer palavra da língua estrangeira.

D) Considerando o princípio da anterioridade, a Junta Comercial não arquivará ato com nome
empresarial idêntico a outro já registrado, exceto se em outra Unidade Federativa.

🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO

QUESTÃO 40. A respeito das imunidades tributárias, marque a resposta CORRETA:

A) A União não poderá cobrar taxa em razão do exercício de poder de polícia das autarquias estaduais
em face da imunidade tributária recíproca conferida pela Constituição Federal.

B) A imunidade tributária recíproca abrange sociedade de economia mista prestadora de serviço


público obrigatório ainda que suas ações sejam negociadas em bolsa de valores.

C) Não incide Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre os serviços notoriais e de
registro.

D) Imóvel pertencente a entidade educacional sem fins lucrativos permanecerá imune ao Imposto
Predial e Territorial Urbano – IPTU ainda que esteja alugado a terceiro não abrangido pela imunidade
tributária.

QUESTÃO 41. A respeito das disposições constitucionais concernentes aos princípios tributários, bem
como a jurisprudência consolidada no âmbito dos tribunais superiores, assinale a resposta CORRETA:

A) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio do não confisco veda à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, conjunta ou separadamente, estabelecer
tributos com efeitos confiscatórios.

B) As multas tributárias por sua natureza sancionatória poderão ultrapassar o valor da obrigação
tributária principal sem que configure caráter confiscatório.

C) O princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos


antes da vigência da lei que os instituiu ou aumentou, mas não impede a cobrança caso o fato gerador
ainda não esteja completo na data da vigência da lei que majorar o tributo.

D) O princípio da uniformidade geográfica veda à União estabelecer benefícios fiscais que não sejam
uniformes em todo o território nacional como forma de distinção ou preferência em relação a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro.

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🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 42. No que tange ao Direito Fundamental ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e sua
proteção constitucional, assinale a alternativa CORRETA.

A) Compete exclusivamente aos Estados e Municípios preservar o meio ambiente e combater a


poluição em todas as suas formas.

B) Os municípios brasileiros não possuem competência para legislar sobre a proteção ambiental.

C) Incumbe ao Poder Público exigir, na forma da lei, Avaliação de Impactos Ambientais, às hipóteses
de atividades ou empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental.

D) A propriedade urbana cumpre a sua função socioambiental quando atende às exigências


fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

QUESTÃO 43. Acerca dos instrumentos de tutela e proteção ambiental, assinale a alternativa INCORRETA.

A) O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou


empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

B) O Zoneamento Ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, é um instrumento de


organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades
públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a
qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

C) Concessão Florestal é a delegação gratuita, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo
florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante
licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de
licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

D) Servidão Ambiental é que um instrumento econômico da Política Nacional de Meio Ambiente,


com natureza de direito real, que impõe a sua averbação junto à matrícula do imóvel no Cadastro
Ambiental Rural, para fins de controle de atividades como desmatamento, e ampla publicidade
ao terceiro adquirente de boa-fé.

🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 44. Assinale a alternativa INCORRETA:

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A) Em sentido formal ou orgânico, a expressão administração pública designa os entes que exercem a
atividade administrativa.

B) Em sentido material ou funcional, a expressão administração pública designa a própria função


administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo.

C) Em sentido amplo, a Administração Pública objetiva compreende tanto a função política quanto a
função administrativa.

D) A função introversa da Administração Pública refere-se à atividade-fim da Administração, que


objetiva atender interesses públicos primários em benefício direto dos cidadãos.

QUESTÃO 45. De acordo com as disposições da Lei n.º 9.986/00, em especial a partir das alterações
promovidas pela Lei n.º 13.848/2019, julgue os itens a seguir:

I – O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada de Agência Reguladora perderá o mandato,


entre outras hipóteses, em caso de condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em
processo administrativo disciplinar.

II – O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada de Agência Reguladora perderá o mandato,


entre outras hipóteses, caso exerça qualquer outra atividade profissional, ressalvado o exercício do
magistério, havendo compatibilidade de horários.

III – É vedado ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada da Agência Reguladora emitir
parecer sobre matéria de sua especialização, ainda que em tese, ou atuar como consultor de qualquer
tipo de empresa.

IV – É vedado ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada da Agência Reguladora participar


de sociedade simples ou empresária ou de empresa de qualquer espécie, na forma de controlador, diretor,
administrador, gerente, membro de conselho de administração ou conselho fiscal, preposto ou mandatário.

A) Estão corretos todos os itens.

B) Estão corretos os itens I e III, somente.

C) Estão corretos os itens III e IV, somente.

D) Está correto o item I, somente.

QUESTÃO 46. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Atos negociais são atos ampliativos por meio dos quais a Administração Pública concede direitos a
particulares, sempre em virtude de requerimento destes, não podendo ser conferidos de ofício.

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B) Autorização é o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração confere ao


particular a faculdade de desempenhar uma atividade material, ou a faculdade de usar privativamente
um bem público, a título precário, ou por meio do qual delega ao particular a exploração de serviço
público.

C) A licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração confere ao particular
que preenche os requisitos legais a faculdade de exercer uma atividade. Se o interessado preenche os
requisitos legais para a concessão da licença, tem ele direito a obtê-la.

D) Por se tratar de ato vinculado, não é possível a revogação, pelo Poder Público, de qualquer tipo de
licença.

QUESTÃO 47. Assinale a alternativa CORRETA:

A) É pacífico tanto no STF quanto no STJ que é inviável a aplicação da pena de cassação de aposentadoria
no âmbito da ação de improbidade administrativa.

B) Para o STJ, a decisão de recebimento da petição inicial da ação de improbidade pode fundamentar-
se no princípio do in dubio pro societate.

C) Segundo firmou o STJ, na ação de improbidade administrativa, as sanções de suspensão de direitos


políticos e de proibição de contratar com o Estado ou receber incentivos fiscais e creditícios podem ser
fixadas aquém do mínimo legal, se totalmente favoráveis ao réu as circunstâncias do fato.

D) Segundo o STJ, na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento
da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as
demais sanções previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/1992.

QUESTÃO 48. A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados


a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos,
imputáveis aos agentes públicos, abarcando, inclusive, comportamentos lícitos desses agentes.

B) A teoria do risco administrativo, como fundamento da responsabilidade estatal, fulmina a ideia de


culpa e passa a se basear na configuração do nexo de causalidade.

C) A teoria da culpa do serviço ou culpa administrativa possibilita a configuração da responsabilidade


objetiva do Estado, decorrendo do fato de o serviço não ter funcionado, ter funcionado
intempestivamente ou ter funcionado mal.

D) Pela teoria do risco integral, a responsabilidade estatal é objetiva e não há causas que a excluem.

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GABARITO
Q. 1 - GABARITO: C 31 Q. 24 - GABARITO: C 58 Q. 47 - GABARITO: D 92

Q. 2 - GABARITO: D 32 Q. 25 - GABARITO: C 60 Q. 48 - GABARITO: C 94

Q. 3 - GABARITO: A 33 Q. 26 - GABARITO: A 62

Q. 4 - GABARITO: B 34 Q. 27 - GABARITO: D 64

Q. 5 - GABARITO: D 35 Q. 28 - GABARITO: D 66

Q. 6 - GABARITO: C 36 Q. 29 - GABARITO: C 68

Q. 7 - GABARITO: D 37 Q. 30 - GABARITO: B 69

Q. 8 - GABARITO: B 38 Q. 31 - GABARITO: C 70

Q. 9 - GABARITO: A 39 Q. 32 - GABARITO: D 71

Q. 10 - GABARITO: D 40 Q. 33 - GABARITO: D 71

Q. 11 - GABARITO: D 41 Q. 34 - GABARITO: B 72

Q. 12 - GABARITO: D 43 Q. 35 - GABARITO: C 74

Q. 13 - GABARITO: D 45 Q. 36 - GABARITO: A 74

Q. 14 - GABARITO: A 48 Q. 37 - GABARITO: D 75

Q. 15 - GABARITO: C 49 Q. 38 - GABARITO: A 77

Q. 16 - GABARITO: D 50 Q. 39 - GABARITO: D 78

Q. 17 - GABARITO: A 51 Q. 40 - GABARITO: D 80

Q. 18 - GABARITO: D 52 Q. 41 - GABARITO: C 81

Q. 19 - GABARITO: D 53 Q. 42 - GABARITO: D 84

Q. 20 - GABARITO: A 54 Q. 43 - GABARITO: C 86

Q. 21 - GABARITO: C 55 Q. 44 - GABARITO: D 88

Q. 22 - GABARITO: B 56 Q. 45 - GABARITO: A 90

Q. 23 - GABARITO: D 57 Q. 46 - GABARITO: D 91

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QUESTÕES OBJETIVAS COM GABARITO COMENTADO

PROFESSORA RENATA BOLZAN JAURIS


E-mail: profcei.renatajauris@gmail.com

🏳 DIREITO CIVIL

QUESTÃO 1. Para a celebração de um contrato de locação de imóvel residencial, a “Imobiliária DEF Imóveis”
exigiu de José, pretenso locatário, a prestação de alguma das garantias previstas na Lei do Inquilinato.
Diante da confiança que lhe depositava, após ser indagado para tanto, Maurício, irmão de José, oferece
à administradora da locação como caução o único imóvel de sua propriedade, onde, inclusive, reside
com sua família. Em razão de problemas de ordem financeira, José torna-se inadimplente. Não sendo
possível a satisfação da dívida de forma extrajudicial, a “Imobiliária DEF Imóveis” propõe ação de cobrança
objetivando o recebimento das parcelas inadimplidas. Nada obstante tenham sido regularmente citados,
José e Maurício quedam-se inertes, o que desaguou no julgamento antecipado da lide, oportunidade em
que os pedidos deduzidos pela administradora do imóvel foram acolhidos. Em sede de cumprimento de
sentença, José e Maurício são intimados para o pagamento espontâneo da quantia. Entretanto, mais uma
vez, permanecem inertes, momento em que a “Imobiliária DEF Imóveis” pleiteou pela penhora do imóvel
entregue por Maurício como garantia da locação, penhora esta deferida pelo Magistrado. Inconformado
com a possibilidade de perda de seu único imóvel, Maurício contrata advogado para lhe representar na
ação que tramita em fase de cumprimento de sentença. Após minuciosa análise dos autos, o procurador
de Maurício apresenta exceção de pré-executividade, onde suscita, dentre ou outros, a impenhorabilidade
do bem constritado por qualificar-se como bem de família. Diante da situação hipotética e atento à atual
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alternativa CORRETA:

A) A impenhorabilidade suscitada não deverá ser acolhida, haja vista que, nada obstante o bem de família
seja impenhorável, não podendo, portanto, responder por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus
proprietários e nele residam, a lei põe a salvo de tal impenhorabilidade as hipóteses em que o imóvel é
entregue como forma de fiança em contratos de locação, o que se verificou na hipótese em apreço.

B) A impenhorabilidade suscitada deverá ser acolhida, uma vez que a proteção constitucional ao bem de
família transcende a toda e qualquer espécie de obrigação contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos
que sejam seus proprietários e nele residam, de sorte que, ainda que tenha sido entregue como forma de
garantia para o adimplemento de obrigação decorrente de contrato de locação, não poderá ser objeto de
penhora por constituir o único bem de propriedade de João.

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C) A impenhorabilidade suscitada deverá ser acolhida, visto que, em se tratando de bem de família, já que o
único de propriedade de Maurício onde ele estabeleceu sua residência, não pode responder por qualquer
tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza contraída pelos cônjuges ou
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. O fato de o imóvel ter sido entregue por
Maurício como caução imobiliária não afasta a possibilidade de oposição da impenhorabilidade em face
do credor, já que tal modalidade de garantia não consta do rol de exceções à impenhorabilidade previstas
na legislação.

D) A impenhorabilidade suscitada não deverá ser acolhida, haja vista que, por ter sido entregue como
forma de garantia de adimplemento de contrato de locação residencial, Maurício renunciou a regra de
impenhorabilidade do bem de família.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: De fato, a lei põe a salvo da regra da impenhorabilidade do bem de família prevista na
Lei 8.009/1990 as obrigações decorrentes de fiança concedida em contrato de locação. Entretanto, na
hipótese narrada, o imóvel não foi entregue a título de fiança, mas sim a título de caução, modalidade de
garantia diversa daquela cuja proteção prevê a lei mencionada (art. 3º, III, da Lei 8.009/1990).

B) INCORRETA: O art. 3º da Lei 8.009/1990 estabelece uma série de obrigações para as quais a exceção de
bem de família não poderá ser oposta, quais sejam: pelo titular do crédito decorrente do financiamento
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função
do respectivo contrato; pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos
responderão pela dívida; para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar; para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar; por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; e por obrigação decorrente de fiança
concedida em contrato de locação.

C) CORRETA: De acordo com o STJ: “Imóvel bem de família oferecido como caução imobiliária em contrato
de locação não pode ser objeto de penhora”. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.873.203/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 24/11/2020. Info. 683). Conforme comentários, “O inciso VII do art. 3º fala em “fiança”, mas
isso é diferente de caução, tanto que o art. 37 da Lei de Locações (Lei nº 8.245/91) trata separadamente das
duas garantias. As hipóteses excepcionais nas quais o bem de família pode ser penhorado estão previstas,
taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses não admitem interpretação extensiva. Assim,
não é possível a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução
em contrato de locação”.

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D) INCORRETA: A simples entrega do único imóvel do fiador como forma de garantia de adimplemento do
contrato de locação não importa na renúncia à regra da impenhorabilidade do bem de família prevista na
Lei 8.009/1990.

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 2. De acordo com o Código Civil, a imagem da pessoa natural, composta por sua imagem retrato
(representação gráfica do indivíduo) e por sua imagem atributo (conjunto de características pela qual
determinada pessoa é conhecida) não pode ser utilizada por terceiros com fins comerciais, exceto se
acompanhada de expressa autorização. Tendo em vista as normas aplicáveis aos direitos da personalidade,
no que diz respeito da publicação de biografias não autorizadas, é correto afirmar que:

A) Em que pese a Constituição Federal garanta a livre manifestação do pensamento, em razão da proteção
dos direitos de imagem que são igualmente garantidos a todo e qualquer cidadão, é vedada a publicação
de biografia sem prévia autorização do biografado, ainda que em seu teor apenas contenha afirmações
benéficas e honrosas ao biografado.

B) Como a publicação de biografia consagra a garantia constitucional à informação, não se faz necessária
a prévia autorização do biografado para a publicação de sua biografia, vedada a aplicação de sanções ao
autor da obra em razão do conteúdo de sua publicação.

C) A publicação de biografia dispensa prévia autorização do biografado se, a posteriori, os lucros advindos
com a comercialização da obra forem repartidos proporcionalmente entre o biógrafo e o biografado ou
seus parentes, caso falecido.

D) Diante do fato de a CF/88 vedar de forma expressa a censura prévia, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal caminha no sentido de dar aos arts. 20 e 21 do CC/02 interpretação conforme à Constituição, sem
redução de seu texto, para fins de dispensar o biógrafo da necessidade de autorização do biografado ou
de seus parentes para a publicação da obra.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETO: Por ocasião do julgamento da ADI 4815, o STF deu aos artigos 20 e 21 do CC/02 interpretação
conforme à Constituição, sem redução de texto, para fins de dispensar o biógrafo da necessidade de
autorização do biografado ou de seus parentes para a publicação do texto. Segundo a Suprema Corte: “A
liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra norma constitucional (inc. IV
do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar
a resguardar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do
direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem”.

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B) INCORRETO: O STF afirmou expressamente que eventuais abusos no exercício do direito à informação
serão sancionados a posteriori. Ou seja, prevalece a liberdade de informação, podendo a biografia ser
publicada independentemente de autorização, caso em que será punido posterior abuso.

C) INCORRETO: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4815, reconheceu a possibilidade de


publicação de biografia independentemente de qualquer espécie de autorização do biografado e não a
condiciona a repartição de lucros com o biografado ou seus parentes.

D) CORRETO: Eis o teor de parte da ementa da ADI 4815: “Ação direta julgada procedente para dar
interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em
consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação
artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes)”.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 3. O direito real de habitação é entendido como a faculdade que tem o cônjuge supérstite,
independente do regime de bens de seu casamento, de permanecer residindo na morada do casal após
o falecimento de seu consorte. Sobre o tema, e a luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
julgue os itens a seguir:

I) A inexistência de outros bens imóveis no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente é requisito


para o reconhecimento do direito real de habitação.

II) O direito real de habitação pode ser exercido tanto pelo cônjuge como pelo companheiro supérstite.

III) O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir
remuneração do companheiro ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel, ainda que
proprietário de outros bens imóveis.

IV) Por constituir direito personalíssimo e exercitável apenas e tão somente pelo companheiro ou
cônjuge sobrevivente, é lícita a cobrança de aluguel em face do filho ou filha que reside com o cônjuge ou
companheiro supérstite.

Estão CORRETAS as assertivas presentes nos itens:

A) II e III.

B) I e IV.

C) I e III.

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D) II e IV.

💡 GABARITO COMENTADO

I) INCORRETO: De acordo com a Edição nº 133 dos Informativos em Teses do STJ: “A inexistência de outros
bens imóveis no patrimônio de cônjuge/companheiro sobrevivente não é requisito para o reconhecimento
do direito real de habitação”. Ainda de acordo com a corte superior: “O cônjuge sobrevivente tem direito real
de habitação sobre o imóvel em que residia o casal, desde que seja o único dessa natureza e que integre o
patrimônio comum ou particular do cônjuge falecido no momento da abertura da sucessão. A lei não impõe
como requisito para o reconhecimento do direito real de habitação a inexistência de outros bens, seja de que
natureza for, no patrimônio próprio do cônjuge sobrevivente”. (STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp. 1.554.976/RS.
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 25/5/2020).

II) CORRETO: De acordo com a Edição nº 133 dos Informativos em Teses do STJ: “O direito real de habitação
pode ser exercido tanto pelo cônjuge como pelo companheiro supérstites”. A jurisprudência do STJ admite o
direito real de habitação do companheiro sobrevivente tanto no casamento como na união estável (STJ. 4ª
Turma. AgInt no REsp. 1.813.143/SP. Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 16/8/2021).

III) CORRETO: O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir
remuneração do(a) companheiro(a) ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel. (STJ. 3ª
Turma. REsp. 1.846.167/SP. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/2/2021. Info. 685)

IV) INCORRETO: Os herdeiros não podem exigir remuneração da companheira sobrevivente, nem da
filha que com ela reside no imóvel. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.846.167/SP. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 09/2/2021. Info. 685)

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 4. De acordo com o Código Civil, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo, sendo que haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, ou seja, de
forma objetiva, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. À luz da atual jurisprudência
dos tribunais, é CORRETO afirmar:

A) A omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material do filho não gera danos morais,
uma vez que Direito de Família é regido por princípios próprios, que afastam a responsabilidade civil
extracontratual decorrente de ato ilícito.

B) Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da

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perda de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral.

C) Se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade,
responderá o síndico do condomínio perante o ofendido, de forma pessoal por ser o gestor do edifício,
assegurado o direito de regresso.

D) O direito à indenização por danos morais, por possuir natureza personalíssima, não se transmite com o
falecimento do titular, razão pela qual, os herdeiros da vítima não possuem legitimidade ativa para ajuizar
ou prosseguir a ação indenizatória.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETO: A omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material do filho gera danos
morais, passíveis de compensação pecuniária. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.087.561-RS, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 13/6/2017 – Info. 609).

B) CORRETO: Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a
aplicação da perda de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral. (STJ. 3ª
Turma. REsp 1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 – Info. 683).

C) INCORRETO: Enunciado 557 CJF: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio
edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de
regresso.

D) INCORRETO: Súmula 642 do STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento
do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.

💡 GABARITO: B

QUESTÃO 5. O erro, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores constituem-se
como defeitos do negócio jurídico que os sujeitam a anulação. A respeito de tais institutos, é CORRETO
afirmar que:

A) Ainda que acidental, o dolo, por constituir vício que macula a lisura da vontade externada pelo
indivíduo, sempre anulará o negócio jurídico.

B) Se possível o atendimento posterior, em novo negócio jurídico formal, dos requisitos que se encontravam
ausentes por ocasião de sua celebração, é possível a confirmação e a conversão do negócio jurídico
originariamente inválido.

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C) O negócio jurídico eivado de erro de direito é nulo, mas pode ser confirmado pelas partes, e convalesce
pelo decurso do tempo.

D) O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o
negócio jurídico se, por seu contexto e pelas circunstâncias que lhe são afetas, se puder identificar a coisa
ou a pessoa cogitada.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETO: Conforme dispõe o art. 146 do CC/02, “o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas
e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. Assim,
somente o dolo essencial é que tem o condão de propiciar a nulidade do negócio jurídico, exegese do art.
145 do CC/02.

B) INCORRETO: O negócio jurídico anulável pode ser confirmado pelas partes, expressa ou tacitamente,
salvo o direito de terceiro. Isto significa dizer que, se as partes assim desejarem, pode ser simplesmente
confirmado o negócio jurídico originariamente inválido, sem que seja necessária a celebração de nova
avença para tal fim.

C) INCORRETO: O erro é causa que gera a anulabilidade do negócio jurídico, e não a sua nulidade (art. 138
do CC/02).

D) CORRETA: Vide art. 142 do CC/02.

💡 GABARITO: D

PROFESSOR MÁRIO CELEGATTO


E-mail: profcei.celegatto@gmail.com

🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 6. Acerca das formas contemporâneas de resolução de conflitos, assinale a assertiva INCORRETA.

A) Pode-se dizer que a principais vantagens da negociação é evitar as incertezas e gastos com a propositura
de uma demanda.

B) Tanto na conciliação quanto na mediação há um terceiro imparcial que contribuirá para a busca da
solução do conflito.

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C) Ficam impedidos de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes, os conciliadores e


mediadores, pelo prazo de 2 (dois) anos, contado da última audiência que atuaram.

D) É possível na arbitragem a cláusula compromissória.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: De fato. A negociação, quando possível, visa preservar o relacionamento entre as partes
envolvidas, o que é extremamente útil e tem como vantagens evitar as incertezas e os custos de um processo
judicial, privilegiando uma resolução pessoal e rápida.

B) CORRETA: Isto se extrai da análise dos artigos 165 a 175 do Código de Processo Civil.

C) INCORRETA: CPC, Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado
do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das
partes.

D) CORRETA: A arbitragem pode ser convencionada cláusula compromissória (antes do litígio) ou compromisso
arbitral (após o surgimento do litígio), sendo certo, ainda, que o procedimento arbitral pode se dar pelas
regras ordinárias de direito ou por equidade, conforme a expressa vontade das partes (lei nº 9.307/96, art.
2º).

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 7. No tocante aos movimentos de acesso à Justiça, marque a alternativa INCORRETA.

A) O acesso à Justiça é considerando um princípio essencial ao funcionamento do Estado de Direito.

B) Segundo a teoria de Kazuo Watanake, pode-se dizer que o direito à preordenação dos instrumentos
processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos compõe o direito de acesso à Justiça.

C) É possível citar a questão geográfica como uma barreira ao acesso à Justiça.

D) A ampliação do acesso à Justiça restringe-se ao aperfeiçoamento dos institutos e regras processuais.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Mauro Cappelletti reconhece o acesso à Justiça como princípio essencial ao funcionamento do
Estado de direito. Isso porque um Estado estruturado sob esse postulado deve garantir, na sua atuação como
um todo, isonomia substancial aos cidadãos. Na função jurisdicional, esse dever de igualdade se expressa,
precisamente, pela garantia de acesso à Justiça. (Dimensioni della Giustizia nelle società Contemporanee.

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Bologna: Mulino, 1994, p. 72-73).

B) CORRETA: Na teoria de Kazuo Watanabe, compõem o direito de acesso à Justiça: a) o direito à informação e
perfeito conhecimento do direito substancial e à organização de pesquisa permanente, a cargo de especialistas,
orientada à aferição constante da adequação entre a ordem jurídica e a realidade socioeconômica do País;
b) direito de acesso à Justiça adequadamente organizada e formada por juízes inseridos na realidade social
e comprometidos com o objetivo de realização da ordem jurídica justa; c) direito à preordenação dos
instrumentos processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos; d) direito à remoção de todos
os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à Justiça com tais características.

C) CORRETA: A barreira ao acesso à Justiça pela questão geográfica fica caracterizada diante da dificuldade
de um indivíduo individualmente, postular direitos da coletividade e pela dispersão das pessoas afetadas,
impedindo a formulação de estratégia jurídica comum.

D) INCORRETA: Paulo Cesar Pinheiro Carneiro, elenca princípios (acessibilidade, operosidade, utilidade e
proporcionalidade), que em sendo observados conduziram para o aperfeiçoamento dos institutos e regras
processuais, sem dúvida conduzirão à ampliação do efetivo acesso à Justiça. Todavia, as reformas não podem
se restringir ao plano jurídico-normativo, é preciso que haja a adoção de medidas práticas que realmente
efetivem tais mudanças no plano dos fatos.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 8. No tocante aos princípios gerais do Direito Processual Civil, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Um dos aspectos que diferenciam a norma-regra da norma-princípio, é que esta regula situações mais
maleáveis, admitindo ponderações no caso concreto, enquanto aquela regularia de forma pontual, sendo
aplicada ou não ao caso.

B) É um exemplo de igualdade formal a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC.

C) Com base no princípio do contraditório e ampla defesa, as partes têm a garantia de um verdadeiro
diálogo ao longo do processo, possibilitando a influência na decisão.

D) Pode-se dizer que o princípio do devido processo legal possui aspecto processual e substancial.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Canotilho defende que as regras e os princípios devem ser entendidos como espécies do gênero
norma, de modo que teríamos normas-regras e normas-princípios. Sendo que ambas teriam aplicação
prática e força cogente. Mas, enquanto a norma-regra regularia aspectos pontuais, sendo aplicada ou não –

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de forma peremptória –, a norma-princípio regularia situações mais elásticas, comportando ponderações no


caso concreto, em virtude do seu maior grau de abstração.

B) INCORRETA: Na verdade trata-se de um exemplo de igualdade material. Isto porque, a igualdade formal
estabelece que o Direito não deve estabelecer diferenças entre os indivíduos, já a igualdade material visa
assegurar um tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais (na medida de suas diferenças),
conforme a máxima aristotélica.

C) CORRETA: de fato. O princípio impõe que seja observado verdadeiro diálogo, com participação das partes,
que é a garantia não apenas de ter ciência de todos os atos processuais, mas de ser ouvido, possibilitando
a influência na decisão. Assim, permite que as partes, assim como eventuais interessados, participem
ativamente da formação do convencimento do juiz.

D) CORRETA: Apesar da garantia do devido processo legal tenha surgido com índole eminentemente
processual, adquiriu, depois, relevante aspecto de direito material. Aspectos: a) Material: a garantia do
trinômio vida, liberdade e propriedade. Não basta a regularidade formal da decisão, é necessário que esta
seja substancialmente razoável. b) Processual: garantia do pleno acesso à Justiça, é o direito a ser processado
e processar de acordo com as normas previamente estabelecidas para tanto.

💡 GABARITO: B

QUESTÃO 9. Quanto aos métodos de interpretação da norma jurídica, marque a assertiva INCORRETA.

A) Teleológico é aquele que a norma é interpretada de acordo com as demais regras do ordenamento
jurídico.

B) O método comparativo baseia-se na comparação com os ordenamentos estrangeiros.

C) O método gramatical nada mais é do que o sentido literal das palavras utilizadas pela norma.

D) Histórico observa as causas que determinaram o surgimento da norma.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Na verdade conceituou a interpretação sistemática, sendo que o critério teleológico busca
analisar o fim social da norma, a vontade da lei.

B) CORRETA: Comparativo: baseia-se na comparação com os ordenamentos estrangeiros, buscando no


direito comparado subsídios à interpretação da norma, sobretudo a partir da observação da experiência
vivida por outros países com a adoção daquela norma.

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C) CORRETA: Literal ou gramatical: leva em consideração o significado literal das palavras que formam a
norma. O intérprete utiliza-se, tão somente, de sua sintaxe. Em virtude de sua precariedade, consiste em
pressuposto interpretativo mais que um método propriamente dito.

D) CORRETA: Histórico: a norma é interpretada em consonância com os seus antecedentes históricos,


resgatando as causas que a determinaram, verificando o contexto histórico e político em que surgiram.
Sua relevância é pontual, como para afastar um sentido que a norma tenha rejeitado expressamente. Um
parâmetro concreto dessa vontade do legislador é a Exposição de Motivos que acompanha a lei.

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 10. Acerca da jurisdição, marque a assertiva INCORRETA.

A) A característica da substitutividade é consubstanciado na substituição das partes pelo juiz para


solucionar o conflito, agindo com imparcialidade.

B) Excepcionalmente, pode-se falar na prorrogação da jurisdição para fora do limite territorial fixado em
lei.

C) Imparcialidade implica a existência de partes no processo (autor e réu), não considerando o juiz como
uma delas.

D) Pode-se dizer que no Brasil é adotada a jurisdição de equidade.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: O que diferencia a administração da jurisdição é o caráter substitutivo desta última, pois o juiz
substitui as partes na atividade de dirimir o conflito entre elas instaurado, agindo com imparcialidade.

B) CORRETA: Pelo princípio da territorialidade, o juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite
territorial fixado na lei. A exceção a esse limite está prevista apenas no art. 60 do CPC/2015, segundo o
qual a competência do juiz prevento prorroga-se para a parte do imóvel que esteja localizado em Estado,
comarca, seção ou subseção judiciária diversos, e no art. 255 do CPC/2015, que prevê que atos de citação,
intimação, notificação, penhora e quaisquer atos executivos poderão ser cumpridos pelos oficiais de Justiça
em comarcas contíguas, que não aquela da competência do juízo.

C) CORRETA: Yarshell citado por Fredie Didier afirma que a imparcialidade implica a existência de partes
no processo (autor e réu), não considerando o juiz como uma delas – e sustentando na afirmativa de que
ninguém pode ser juiz em causa própria –, bem assim na independência do juiz – entendida como a não
subordinação nem ao autor nem ao réu. O autor conclui que, conforme já exposto, “a jurisdição implica,

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pois, heterorregulação: regulação de relações estranhas ao julgador; não de relações de que seja parte”.

D) INCORRETA: A jurisdição também é classificada quanto à submissão ao direito positivo, dividida em de


direito e de equidade. No Brasil, é adotada a jurisdição de direito, cumprindo ao magistrado decidir de acordo
com o ordenamento jurídico, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal.
Não significa com isso dizer que o juiz fica adstrito de forma absoluta à letra da lei. Pelo contrário, o exercício
da jurisdição deve observar os fins sociais, a exigência do bem comum e os valores constitucionalmente
relevantes, como, aliás, é expresso no art. 8º do CPC.

💡 GABARITO: D

PROFESSOR ERIC SCAPIM


E-mail: profcei.eric.scapim@gmail.com

🏳 DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 11. Eric se inscreveu em uma instituição de ensino superior, próxima da sua residência, que
oferecia curso por mensalidade razoável e horários compatíveis com o exercício de suas demais funções
para realização do curso de graduação de psicologia. Contudo, concluídos os estudos, Eric soube que o
curso ainda não era reconhecido pelo Ministério da Educação e, em razão disso, não poderia obter o
diploma. Sentindo-se ludibriado pela situação, pretende ser reparado pelos gastos na realização do curso.
Diante dessa situação, assinale a alternativa correta, considerando também entendimento jurisprudencial
sumulado sobre a questão.

A) A questão retrata a hipótese de culpa concorrente, eis que caberia à instituição de ensino informar ao
autor, assim como competia ao autor buscar informações sobre o curso antes da realização da matrícula.

B) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor, ainda
que comprove que deu prévia e adequada informação a Eric antes de ele efetivar a matrícula.

C) A instituição de ensino deve reparar Eric pelos danos suportados para a realização do curso, se restar
comprovado que houve dolo ou culpa da instituição, por tratar-se de hipótese de responsabilidade
subjetiva.

D) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos sofridos pelo aluno/consumidor que
realiza curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, mas exime-se da responsabilidade se provar
que o aluno foi prévia e adequadamente informado do fato.

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💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Não há que se falar em culpa concorrente, uma vez que o ofendido não contribuiu em
nada para o evento danoso e, portanto, não há que se falar em concorrência de culpas ou fato exclusivo do
consumidor, na forma do art. 14, §3º, II do CDC para excluir a responsabilidade do fornecedor.

B) INCORRETA: caso o fornecedor cumpra efetivamente o direito essencial de informação do qual o


consumidor é titular (art. 6º, II e III do CDC), informando o consumidor da ausência de registro no MEC
quando da matrícula não haverá cometido nenhum ato ilícito e, portanto, não há que se falar em dever de
reparação.

C) INCORRETA. A assertiva se mostra equivocada, tendo em vista que a responsabilidade do fornecedor de


serviços responde de forma objetiva por eventual fato ocorrido, nos termos do art. 14, caput do CDC:

“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação


dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
D) CORRETA. A alternativa retrata o disposto na Súmula 595 do STJ:

“As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor
pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada
prévia e adequada informação.”

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 12. A Lei n.º 14.181/2021 trata da questão do superendividamento, já bastante discutida na
jurisprudência e na doutrina no âmbito do Direito do Consumidor. Dentre as opções abaixo, marque a
alternativa CORRETA acerca das mudanças realizadas no CDC pela referida Lei.

A) Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural ou


jurídica saldar suas dívidas de consumo sem comprometer seu mínimo existencial.

B) Constatado o superendividamento do consumidor, o juiz poderá instaurar processo de repactuação de


dívidas, de ofício ou a requerimento do consumidor, com vistas à realização de audiência conciliatória,
presidida por ele ou por conciliador para apresentação de proposta de pagamento dos credores.

C) O não comparecimento injustificado de qualquer dos credores, ou de seu procurador com poderes
especiais e plenos para transigir, embora intimados, à audiência de conciliação de que trata o CDC
acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, apesar de não os
sujeitar ao plano de repactuação eventualmente homologado.

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D) O pedido do consumidor de repactuação de dívidas não importará em declaração de insolvência civil e


poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das obrigações
previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação.

💡 GABARITO COMENTADO

A questão versa sobre a recente alteração do CDC realizada pela Lei 14.181/2021 que trata do
superendividamento. Apesar de já ser debatida há bastante tempo na jurisprudência, o PL 3515/2015 foi
finalmente votado no Congresso e, através de um substitutivo, foi aprovado e publicado. Trata-se de matéria
nova e de suma importância no âmbito do direito do consumidor, notadamente por tratar de questões
relacionadas com o direito material e o direito processual. O tema foi objeto, inclusive, de prova discursiva
do concurso da magistratura do TJRJ realizado em julho de 2021 e há grandes chances de ser cobrado em
provas objetivas.

A) INCORRETA: De acordo com o art. 54-A, §1º do CDC, somente as pessoas naturais podem ser consideradas
em superendividamento, não se estendendo às pessoas jurídicas. Vejamos: Art. 54-A (...) § 1º Entende-se
por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a
totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos
termos da regulamentação.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 104-A do CDC, o juiz poderá instaurar o procedimento de pactuação a
partir do pedido do consumidor e não de ofício. Vejamos:

Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá


instaurar processo de repactuação de dívidas, com vistas à realização de audiência conciliatória,
presidida por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores
de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de
plano de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial,
nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente
pactuadas.
C) INCORRETA: Trata-se de questão incorreta, diante do previsto no § 2º do art. 104-A do CDC, que estipula
que caso o credor não compareça de forma injustificada à audiência, será compulsoriamente incluído no
plano. Vejamos a dicção legal:

Art. 104-A (...) § 2º O não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com
poderes especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo
acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como a
sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente for certo e

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conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o
pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória.

D) CORRETA: Trata-se de questão correta, diante do previsto no art. 104-A, §5º do CDC, incluído pela Lei
14.181/21. Vejamos a dicção legal:

(...) §5º - O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em
declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois)
anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem
prejuízo de eventual repactuação.

💡 GABARITO: D

PROFESSORA DANIELLE BURICHEL


E-mail: profcei.danielleburichel@gmail.com

🏳 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

QUESTÃO 13. Diante da constatação da prática de ato infracional cometido com emprego de violência ou
grave ameaça contra a pessoa, deverá o juiz:

A) Determinar a internação provisória do adolescente, dada a necessidade imperiosa da medida, diante


da gravidade em abstrato da conduta.

B) Aguardar a apresentação pelo Ministério Público da competente representação infracional para que
possa determinar a privação de liberdade do adolescente.

C) Determinar a liberação do adolescente depois de ultrapassados 45 (quarenta e cinco) dias de internação,


exceto se subsistirem razões para que ele deva permanecer privado de liberdade e já tenha se encerrado
a colheita da prova oral em instrução processual.

D) Concluir o procedimento e sentenciar o processo de apuração de ato infracional em até 45 (quarenta e


cinco) dias, sob pena de liberação compulsória do adolescente internado provisoriamente.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A mera gravidade em abstrato do ato infracional, seja ele qual for, não é fundamento válido
por si só para a decretação da internação provisória. É fundamental que o juiz fundamente concretamente

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que a medida de internação provisória é de imperiosa necessidade. É o que dispõe o art. 108 do ECA:

“ECA, Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo
de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se
em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.”
B) INCORRETA: A apresentação de representação pelo Ministério Público não é condição sine qua non
para a privação de liberdade do adolescente. O ECA prevê a hipótese de privação de liberdade antes
mesmo do oferecimento da representação do adolescente em virtude de sua apreensão em flagrante. A
internação provisória, por sua vez, pode ser decretada antes da sentença. A lei não estabelece como marco
necessário o oferecimento da representação infracional pelo Ministério Público, ou seja, a apresentação
da peça inaugural em processo de apuração de ato infracional, para que possa determinar a decretação da
internação provisória do adolescente infrator, embora na prática o que mais aconteça é o juiz decretar a
internação provisória por ocasião do recebimento da representação ministerial, nos ternos do art. 184 do
ECA. Atente-se que o referido artigo do Estatuto, refere-se à possibilidade de o juiz não apenas decertar, mas
manter a internação provisória na ocasião do recebimento da representação e designação de audiência de
apresentação no processo de apuração de ato infracional. Vejamos:

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de


apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. § 1º O adolescente e seus pais
ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à
audiência, acompanhados de advogado. § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. § 3º Não sendo localizado o
adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando
o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. § 4º Estando o adolescente internado,
será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
C) INCORRETA: De fato, ultrapassados os 45 (quarenta e cinco) dias de internação, impõe-se a liberação
do adolescente. O equívoco na assertiva é afirmar que eventualmente a internação provisória pode ser
prolongada para além dos 45 dias, o que terminantemente não é permitido. Ademais, independentemente
de haver ou não sido colhida toda a prova oral no processo de apuração de atro infracional, o adolescente
deverá ser liberado se não houver sentença aplicando-lhe uma medida socioeducativa de internação (art.
122 do ECA). Não tem aplicabilidade no âmbito dos procedimentos da infância e juventude a súmula n. 52 do
STJ, portanto, a alegação de excesso de prazo de segregação não fica superada com a ocorrência do término
da instrução processual. A jurisprudência não vem interpretando de maneira flexível o prazo de 45 dias da
internação provisória, de sorte que, em havendo o decurso do aludido lapso, o adolescente deve ser posto
em liberdade imediatamente. O STJ fixou a seguinte tese:

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“A internação provisória prevista no art. 108 do ECA não pode exceder o prazo máximo e
improrrogável de 45 dias, não havendo que se falar na incidência da Súmula n. 52 do STJ.
(Jurisprudência em teses STJ)”
D) CORRETA: O prazo máximo do processo de apuração de ato infracional estando o adolescente em
internação provisória é de 45 dias, é o que dispõe o art. 183 do ECA:

“Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o


adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.”
Caso o prazo aludido acima não seja observado, impõe-se a liberação do adolescente, haja vista que a
internação provisória mão pode exceder os 45 (quarenta e cinco dias).

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 14. A respeito do Conselho Tutelar, órgão encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento
dos direitos da criança e do adolescente, assinale a alternativa correta:

A) A vigilância da comunidade a respeito da situação de suas crianças e adolescentes é exercida pelo


Conselho Tutelar, razão pela qual, insere-se em suas atribuições o atendimento de crianças e adolescentes
em situação de risco, aplicando-lhes as medidas protetivas pertinentes ao caso.

B) O Conselho Tutelar é composto por cinco conselheiros escolhidos pela população local para mandato de
4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.

C) Tem como uma de suas principais atribuições, determinar o afastamento do convívio familiar das
crianças e adolescentes em situação de risco.

D) Dentre suas atribuições, não se insere a de promover a execução de suas decisões, as quais deverão
passar pelo crivo da Justiça da Infância e Juventude, a qual possui competência para conhecer de casos
encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

💡 GABARITO COMENTADO

O Conselho Tutelar, apesar de não ser órgão jurisdicional, recorrentemente aprece em questões de concursos
públicos para ingresso na magistratura, dada a sua relevância na atuação em prol dos direitos das crianças
e dos adolescentes. É órgão permanente e está inserido na estrutura dos municípios, razão pela qual os
cinco conselheiros tutelares, os quais exercem mandato eletivo, são remunerados pelos cofres municipais.
É importante revisar a composição, forma de ingresso e atribuições, porque também podem ser cobrados
em questões. Ressalte-se que o art. 131 do ECA estabelece que o Conselho Tutelar é órgão permanente e
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança

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RODADA 01

e do adolescente.

A) CORRETA: O teor da referida assertiva está em conformidade com o teor do art. 136, I, do ECA, que
confere ao Conselho Tutelar a atribuição de aplicar medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII, do ECA:

“Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: I - atender as crianças e adolescentes nas
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;”
“Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da
sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão
de sua conduta.”
“Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no
art. 101.”
“Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção
da família, da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos
VII - acolhimento institucional;.”
Com relação à possibilidade de no Conselho Tutelar aplicar a medida prevista no art. 101, VII, atentem-se
que, embora conste da lei, a doutrina é refratária, justamente por importar no mais das vezes a retirada da
convivência familiar, o que só é autorizado por decisão judicial, como vimos nos comentários da alternativa
A. Vejamos a lição do Promotor de Justiça Murillo José Digiácomo a respeito do tema (https://mppr.mp.br/
arquivos/File/OConselhoTutelareamedidadeabrigamento.pdf):

“2 - O Conselho Tutelar não pode (nem deve, até mesmo por questões ideológicas e de
princípios), aplicar a medida de acolhimento institucional quando isto importe na retirada
da criança ou adolescente da companhia de seus pais ou responsável, pois toda e qualquer
intervenção do órgão deve ser dirigida à manutenção da integridade familiar, que se dará
através da aplicação de medidas do art. 101 e, em especial, art. 129, ambos da Lei nº 8.069/90

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(com o encaminhamento a programas específicos previstos no art.90, incisos I e II, da Lei nº


8.069/90 e Lei nº 8.742/93), que visem a promoção social da família e o fortalecimento dos
vínculos familiares;”
B) INCORRETA: O art. 132 do ECA sofreu recente alteração pela Lei 13.824/2019, ao estabelecer que poderão
ser os conselheiros tutelares reconduzidos por sucessivas vezes:

“Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá,
no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local,
composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro)
anos, permitida recondução por novos processos de escolha.”
Vale lembrar que, para poder se candidatar ao Conselho Tutelar de determinado município, exige-se idade
superior a vinte e um anos, residência no município e reconhecida idoneidade moral (art. 133, ECA).

C) INCORRETA: O Conselho Tutelar não possui atribuição para determinar o afastamento da criança e do
adolescente do convívio familiar. Mesmo nas hipóteses de situação de risco, a determinação deve partir da
autoridade judiciária, mediante procedimento próprio. O art. 101, §2º, do ECA, assim estabelece:

“Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência
ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança
ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e
importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse,
de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
exercício do contraditório e da ampla defesa.”
Por sua vez, estabelece o aludido art. 130 do ECA:

“Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
afastamento do agressor da moradia comum.”
Ao Conselho Tutelar cabe apresentar notícia de fato ao Ministério Público sobre a necessidade de afastamento
da criança ou adolescente do convívio familiar, consoante estabelece o art. 136, parágrafo único, do ECA:

“Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:


Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário
o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas
para a orientação, o apoio e a promoção social da família.”

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D) INCORRETA: O art. 136, III, a do ECA elenca dentre as atribuições do Conselho Tutelar a de promover
a execução de suas atribuições. Somente nos casos de afastamento do convívio familiar e diante de
descumprimento injustificado de suas deliberações, é que deverá ser provocado o Poder Judiciário, conforme
previsão contida no art. 148, VII.

“ECA, Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:


III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços
públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; b)
representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas
deliberações.”
“ECA, Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.”
💡 GABARITO: A

PROFESSOR RODRIGO ASSUMPÇÃO


E-mail: profcei.rodrigoassumpção@gmail.com

🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 15. Sobre o estado de necessidade, assinale a alternativa correta.

A) Segundo a teoria diferenciadora, não é possível o estado de necessidade exculpante, mas apenas
o justificante.

B) É cabível o estado de necessidade em crime permanente.

C) Não se admite legítima defesa contra quem age em estado de necessidade.

D) Não é possível estado de necessidade recíproco.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Sobre a necessidade (ou não) de sopesar o valor do bem sacrificado em detrimento do bem
protegido no estado de necessidade, são duas as teorias: 1) teoria diferenciadora, que afirma que se o
bem sacrificado tiver valor menor ou igual ao bem protegido, ocorrerá o estado de necessidade justificante,
ao passo que se o bem sacrificado for de maior valor que o bem protegido, haverá estado de necessidade
exculpante; 2) teoria unitária, que não reconhece o estado de necessidade exculpante.

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B) INCORRETA. Como é cediço, o crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo.
Neste diapasão, considerando que a atualidade é um dos requisitos do estado de necessidade, há manifesta
incompatibilidade do instituto com o crime permanente. O exemplo do insigne Rogério Sanches Cunha
clarifica a questão: “mãe que submete o filho ao cárcere privado para impedi-lo de continuar usando drogas”.
Com a propriedade que lhe é peculiar, o mesmo doutrinador assevera que poderá concorrer a inexigibilidade
de conduta diversa, com exclusão de culpabilidade do autor.

C) CORRETA. Não há falar em legítima defesa contra estado de necessidade, haja vista que o primeiro exige
uma agressão injusta, ao passo que no último caso o agente atua para afastar perigo atual.

D) INCORRETA. Considerando que os interesses são legítimos, é possível que duas pessoas enfrentem
o mesmo perigo. Com efeito, não se pode exigir do titular do bem em risco que deixe de atuar quando
encontrar-se diante da mesma situação de perigo de outro, como no caso dos náufragos que disputam um
salva-vidas.

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 16. No que concerne à nova figura típica do artigo 147-A do Código Penal, assinale a alternativa
correta:

A) É de ação penal pública incondicionada, e o crime se tipifica sem prejuízo das penas correspondentes
à violência.

B) Não exige reiteração da conduta para sua consumação, bastando um único ato do agente para
caracterização do crime. Ademais, admite tentativa.

C) Revogou a contravenção penal de molestamento, (art. 65 do DL 3.688/41), contendo em seu escopo,


integralmente, os elementos constitutivos típicos da norma revogada.

D) A pena é aumentada de metade se o crime é cometido contra criança, adolescente ou idoso; contra
mulher por razões da condição de sexo feminino; mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com
o emprego de arma.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. A ação penal será pública condicionada a representação da vítima, por expressa previsão
do artigo 147-A §3º. A segunda parte da alternativa está correta, pois, o tipo penal expressamente prevê o
que a doutrina chama de cúmulo material obrigatório, no 147-A §2º, que prevê que “as penas deste artigo
são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência”. Desse modo, se algum ato de perseguição for
feito com o emprego de violência, o agente responderá pelo delito do art. 147-A em concurso com o crime

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violento (ex: lesão corporal).

B) INCORRETA. O tipo do art. 147-A do CP é crime habitual, ou seja, somente se configura com a prática
reiterada de condutas. O tipo contém uma exigência expressa de habitualidade ao mencionar que o crime se
configura com a conduta de perseguir “reiteradamente” alguém. Sendo um crime habitual, por consequência,
não admite tentativa.

C) INCORRETA. A Lei nº 14.132/2021, que criou o crime de stalking, de fato, revogou a contravenção de
molestamento (art. 65 do DL 3.688/41), punindo de forma mais severa essa conduta. No entanto, não
existe uma identidade total entre os elementos objetivos das infrações. Diante disso, podemos diferenciar
duas situações: 1ª) o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar
a sua conduta no caso concreto, percebe-se que ela se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP.
Nesta primeira situação, não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica. O indivíduo
continuará respondendo pela contravenção penal do art. 65, pelo princípio da continuidade normativa. 2ª)
o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar a sua conduta no caso
concreto, percebe-se que ela não se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP. Ocorre, por exemplo, no
caso em que alguém tenha molestado uma única vez a vítima. Como não houve habitualidade, a conduta
não configura o art. 147-A do CP. Nesta segunda hipótese, houve abolitio criminis, acarretando a extinção
da punibilidade.

D) CORRETA. É o que dispõe o artigo 147-A, §1º, do Código Penal.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 17. Assinale a alternativa correta, com fundamento na jurisprudência majoritária dos tribunais
superiores:

A) Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha.

B) Conforme entendimento majoritário, a mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida


pela Lei 13.964/2019, (“Pacote Anticrime”), retroage para alcançar os processos penais que já estavam em
curso.

C) É inconstitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao


motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.

D) Para fins do art. 33, §4º, da Lei de Drogas (tráfico privilegiado), incumbe ao réu o ônus da prova de que
ele é primário, possui bons antecedentes e não se dedica a atividades criminosas, nem integra organização
criminosa.

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💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA. Conforme decidiu o STF e o STJ, é atípica a conduta de importar pequena quantidade de
sementes de maconha. STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info
915). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.624.564-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 683).

B) INCORRETA. O entendimento majoritário é de que não retroage a norma prevista no § 5º do art. 171 do
CP, incluída pela Lei 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”), que passou a exigir a representação da vítima como
condição de procedibilidade para a instauração de ação penal, nas hipóteses em que o Ministério Público
tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor do novo diploma legal. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma.
HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020. STF. 1ª Turma. HC 187341/
SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020 STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar
Mendes, julgado em 24/08/2020. Registre-se a existência de posição minoritária em sentido diverso.

C) INCORRETA. Conforme decidiu o STF, é constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação


para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
O direito ao exercício de atividades profissionais (art. 5º, XIII) não é absoluto e a restrição imposta pelo
legislador se mostra razoável. STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020
(repercussão geral – Tema 486) (Info 966).

D) INCORRETA. Conforme decidido pelo STF, militará em favor do réu a presunção de que é primário e de
bons antecedentes e de que não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa. O
ônus de provar o contrário é do Ministério Público. STF. 2ª Turma. HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 18. Considere as seguintes afirmações:

I. A natureza jurídica da sentença concessiva de perdão judicial, no homicídio culposo, segundo orientação
sumulada do Superior Tribunal de Justiça, é condenatória, não subsistindo efeitos secundários.

II. Com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não configurar a qualificadora, a depender da causa
que a originou.

III. O privilégio do “relevante valor moral” é incompatível com o homicídio cometido com o emprego de
veneno.

IV. O feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados pela mulher em razão de seu
gênero feminino ou quando estiver atrelado à violência doméstica e familiar.

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Conclui-se que está correto o que se afirma em:

A) I e II.

B) II e III.

C) III e IV.

D) II e IV.

💡 GABARITO COMENTADO

I) INCORRETO. A Súmula nº 18 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que “a sentença concessiva do perdão
judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.

II) CORRETO. É a orientação do Superior Tribunal de Justiça (HC 83309/MS).

III) INCORRETO. Conforme sobredito, a assertiva II está correta, mas a assertiva III está incorreta, pois o caso
trata do homicídio privilegiado-qualificado, sendo compatíveis as circunstâncias do relevante valor moral, de
natureza subjetivo e do emprego de veneno, de caráter objetivo.

IV) CORRETO. É a posição do Superior Tribunal de Justiça (AgRg no REsp n. 1.741.418/SP, Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, DJe 15/6/2018).

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 19. Sobre a aplicação da pena, assinale a alternativa correta, considerando a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça.

A) Na segunda fase de dosimetria da pena, a incidência de atenuante pode conduzir a pena abaixo
do mínimo legal, levando em conta o princípio da individualização da pena.

B) No crime de roubo, a existência de duas ou mais causas de aumento de pena impõem a


exasperação da pena tão somente em razão do número de majorantes existentes.

C) Não incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, “d”, do Código Penal, na chamada confissão
qualificada, ainda que o magistrado utilize a confissão para fundamentar a sua conclusão pela
condenação do réu.

D) É possível, na segunda fase da dosimetria, a compensação da agravante da reincidência com a


atenuante da confissão espontânea.

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💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Está em desconformidade com a Súmula nº 231 do STJ, que diz: “A incidência da circunstância
atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”.

B) INCORRETA. A Súmula nº 443 do STJ, tem sentido diametralmente oposto: “O aumento na terceira fase de
aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige motivação concreta, não sendo suficiente para a
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.

C) INCORRETA. Se o magistrado utilizar a confissão qualificada (quando o acusado admite a prática do


fato, mas alega, em sua defesa, teses defensivas descriminantes ou exculpantes), ela deve ser considerada
na segunda fase de dosimetria da pena. É o que preconiza a Súmula 545 do STJ: “Quando a confissão for
utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d,
do Código Penal”.

D) CORRETA. É o teor do Tema 585 do STJ: “É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação
da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência”.

💡 GABARITO: D

PROFESSOR RODRIGO ASSUMPÇÃO


E-mail: profcei.rodrigoassumpção@gmail.com

🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 20. Um servidor vinculado a uma das instituições dispostas no art. 144 da Constituição da
República é investigado pela prática do crime de tráfico de pessoas. Nesta hipótese, considerando as
disposições do Código de Processo Penal:

A) Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

B) O inquérito policial deverá ser instaurado no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contado do registro
da respectiva ocorrência policial.

C) Neste caso, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.

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D) O membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar de quaisquer órgãos do


poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA. É a literalidade do artigo 13-B, §4º, do Código de Processo Penal. No entanto, este dispositivo
é questionado por grande parte da doutrina, já que a atuação supletiva do Delegado de Polícia menoscaba
cláusula de reserva jurisdicional, já que em tese haveria quebra de sigilo de dados.

B) INCORRETA. Na hipótese em apreço (crimes relacionados ao tráfico de pessoas), o inquérito deverá ser
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, na forma do art. 13-B, §3º, do Código de Processo
Penal. Se o prazo for extrapolado, a única consequência possível será de natureza correcional.

C) INCORRETA. Esta hipótese se restringe aos casos em que as autoridades mencionadas “figurarem como
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais,
cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional,
de forma consumada ou tentada”, na forma do art. 14-A, caput, do Código de Processo Penal. Muita atenção
a esta norma, que foi incluída no ordenamento por ocasião da Lei nº 13.964/19 (“Pacote Anticrime”).

D) INCORRETA. O Código de Processo Penal autoriza à autoridade policial e ao promotor de justiça que
requisitem diretamente as informações contidas na assertiva, mas esta requisição se restringe aos crimes
previstos no art. 148, 149, 149-A, 158, §3º e 159, todos do Código Penal, e no art. 239, do ECA. É importante
que o candidato tenha bastante atenção em relação a este dispositivo legal.

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 21. João foi investigado pela prática de furto em 02.06.2016. Na ocasião, ele foi acusado de
subtrair 20 semoventes de propriedade de Pedro. Sua certidão de antecedentes criminais não possuía
qualquer mácula. Em 03.01.2017, a denúncia foi recebida, e, nesta data, sua defesa requereu ao Ministério
Público que lhe fosse possibilitada a realização de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP). Nesta hipótese,

A) Segundo jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, o art. 28-A do Código de Processo
Penal deverá ser aplicado, desde que o réu preencha os requisitos legais e o acordo seja necessário e
suficiente para a reparação e prevenção do crime.

B) Não caberá a aplicação do Acordo de Não Persecução Penal ao presente caso, pois a pena máxima do
crime é superior a 4 (quatro) anos.

C) Considerando que a denúncia já foi recebida, o Acordo de Não Persecução Penal não será aplicado ao

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presente caso, não se admitindo a sua retroatividade, conforme entendimento majoritário do Superior
Tribunal de Justiça.

D) Se for oferecido o Acordo de Não Persecução Penal e o réu aceitá-lo, a sua celebração constará em sua
certidão de antecedentes criminais.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento diverso: “Esta Corte Superior sedimentou
a compreensão de que a possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução penal, previsto no
artigo 28-A do Código de Processo Penal, inserido pela Lei n. 13.964/2019, é restrita aos processos em curso
até o recebimento da denúncia, o que não se enquadra na hipótese em apreço”. (AgRg no AREsp 1909408/
SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe 13/10/2021).

B) INCORRETA. O “abigeato”, que tem pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, foi incluído no Código
Penal pela Lei nº 13.330/2016, publicada em 2 de agosto de 2016, portanto, não pode ser aplicado ao fato
sob exame, que foi praticado em 02.02.2016. Noutra ponta, para que o investigado faça jus ao ANPP, o
parâmetro é a pena mínima de 4 anos, e não a pena máxima, circunstância que o candidato deve prestar
bastante atenção.

C) CORRETA. Conforme sobredito, é a orientação pacificada do Superior Tribunal de Justiça. Segue trecho
de acórdão da 6ª Turma: “O caráter predominantemente processual, em que pese ter reflexos penais, e a
própria razão de ser do instituto - evitar a deflagração de processo criminal -, conduzem a se sustentar que sua
retroatividade, diversamente do que ocorre com as normas híbridas com prevalente conteúdo material (de
que é exemplo o dispositivo que condiciona a ação penal à prévia representação da vítima), deve ser limitada
ao recebimento da denúncia, isto é, à fase pré-processual da persecutio criminis”. (AgRg no REsp 1937513/
SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 21/09/2021).

D) INCORRETA. Malgrado seja exigida a confissão formal e circunstanciada do investigado (requisito cuja
validade é questionada pela doutrina), a aceitação do ANPP não macula a certidão de antecedentes criminais
do investigado, conforme previsão contida no art. 28, §12 do CPP).

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 22. Sobre as provas no processo penal, assinale a alternativa correta, em consonância com as
orientações predominantes do Superior Tribunal de Justiça:

A) As provas inicialmente produzidas no inquérito policial e reexaminadas na instrução criminal violam


o ar. 155 do Código de Processo Penal, que diz que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da

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prova produzida em contraditório judicial.

B) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e


a reincidência, não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária.

C) Havendo registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do processo penal, é necessária sua
degravação ou transcrição, sob pena de nulidade do processo.

D) O assistente de acusação não pode arrolar testemunhas, considerando que a sua atuação é meramente
acessória.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Não é esse o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que permite a utilização destes
elementos de prova, desde que eles sejam confirmados em juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa. Neste sentido: HC 381186/DF; HC 371739/PR; AgRg no HC 256894/MT.

B) CORRETA. É o entendimento pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a conferir os julgados:


HC 269322/SP; HC 426265/SP e HC 411246/PE.

C) INCORRETA. O Superior Tribunal de Justiça entende que a degravação ou transcrição é prescindível, salvo
se houver comprovação de sua necessidade. Neste sentido: HC 336112/SC; HC 177195/SP e RHC 40875/RS.

D) INCORRETA. O assistente de acusação é um órgão auxiliar, e o art. 271 do Código de Processo Penal
permite que ele produza qualquer tipo de prova, pois se houvesse tal impedimento obstar-se-ia o livre
exercício de suas funções no processo. O juiz é que irá averiguar se as provas são pertinentes ou não ao
processo, devendo indeferir a produção daquelas consideradas inúteis ou protelatórias.

💡 GABARITO: B

QUESTÃO 23. Em relação à prisão preventiva e às medidas cautelares alternativas à prisão, dispõe o Código
de Processo Penal e a jurisprudência dos tribunais superiores:

A) Para a lavratura do auto de prisão em flagrante é necessária a elaboração do laudo toxicológico definitivo
em relação à droga apreendida.

B) O auto de prisão em flagrante é nulo quando o autuado não for assistido por defensor técnico.

C) O juiz somente pode substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for maior de setenta
anos e extremamente debilitado por motivo de doença grave.

D) A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e

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existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Em conformidade com o art. 50, §1º, do CPP, é desnecessária a elaboração do laudo
toxicológico definitivo, bastando, para tanto, a confecção de laudo de constatação de natureza e quantidade
da droga. Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça: RHC 97517/RS; HC 388361/SP; RHC 76870/MG.

B) INCORRETA. O Superior Tribunal de Justiça entende que “eventual nulidade no auto de prisão em flagrante
devido à ausência de assistência por advogado somente se verifica caso não seja oportunizado ao conduzido
o direito de ser assistido por defensor técnico, sendo suficiente a lembrança, pela autoridade policial, dos
direitos do preso previstos no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal”. Neste sentido: HC 442334/RS; RHC
60502/RS e RHC 39284/SP.

C) INCORRETA. As hipóteses que permitem a substituição da prisão preventiva pela domiciliar estão previstas
no artigo 318, do CPP, e não são cumulativas. Nesta senda, é possível que esta benesse seja concedida ao
maior de 80 anos, como também ao agente que for extremamente debilitado por motivo de doença grave.
No caso do artigo 318-A, a mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência só terá a prisão substituída por domiciliar quando concorrerem as duas hipóteses previstas nos
incisos I e II do indigitado artigo.

D) CORRETA. É a literalidade do art. 312, §2º, do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”).
A alteração está em consonância com o entendimento dos tribunais superiores acerca da necessidade de
contemporaneidade dos fatos ou que sobrevenham fatos novos para fundamentar a prisão.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 24. Em relação ao Código de Processo Penal, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para as assertivas
adiante e marque a alternativa com a sequência correta.

( ) A confissão será indivisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no
exame das provas em conjunto.

( ) A expedição de carta precatória suspenderá a instrução criminal.

( ) O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar
o novo endereço ao juízo.

( ) Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com prazo de 30 dias.

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Está correta a sequência:

A) V – F – F – F.

B) V – V – V – F.

C) F – F – V – F.

D) F – V – V – V.

💡 GABARITO COMENTADO

Item 1 – Falso. A confissão é divisível, conforme preconiza o art. 200 do Código de Processo Penal.

Item 2 – Falso. A expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal, em conformidade com o
artigo 22, §1º, do Código de Processo Penal.

Item 3 – Verdadeiro. É a literalidade do artigo 367 do Código de Processo Penal, incluído pela Lei n. 9.271,
de 17.4.1996. Antes desta alteração, o processo seguia à revelia do acusado, na forma do artigo 366 do
indigitado Código, em redação anterior à precitada lei.

Item 4 – Falso. O prazo do edital é de 15 dias, em conformidade com o artigo 361 do Código de Processo
Penal.

💡 GABARITO: C

PROFESSOR GUSTAVO FERNANDES


E-mail: profcei.gustavofernandes@gmail.com

🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 25. Julgue os itens a seguir:

I – Divisa-se, com o povo hebreu, um primeiro movimento tendente a assegurar determinada organização
social com algum tipo de limitação do poder dos governantes, vale dizer, um primeiro movimento
constitucionalista.

II – Não há falar-se em constitucionalismo na Idade Média, em face dos regimes absolutistas, nos quais os
governantes não visualizavam limites a seu poder, considerado divino, e suas decisões estavam acima das
leis e de qualquer controle jurídico.

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III – O traço mais marcante do modelo constitucional inglês está no não acolhimento das técnicas
tradicionais do constitucionalismo, especialmente porque refuta o seu dogma fundamental, que é a
constituição escrita.

IV – O constitucionalismo moderno inaugura-se a partir do advento das Constituições escritas dos Estados
Unidos da América (1787) e da França (1791), deitando raízes, portanto, nos modelos norte-americano e
francês, não obstante a existência de importantes precedentes históricos.

A) Todos os itens estão corretos.

B) Estão corretos somente os itens I e II.

C) Estão corretos somente os itens I, III e IV.

D) Estão corretos somente os itens III e IV.

💡 GABARITO COMENTADO

I) CORRETA: Com base nos ensinamentos de KARL LOEWENSTEIN (apud TAVARES, 2018, p. 25-6), divisa-se,
com o povo hebreu, um primeiro movimento tendente a assegurar determinada organização do Estado
com algum tipo de limitação do poder dos governantes. No Estado teocrático dos hebreus, a imposição da
denominada “lei do Senhor” estabelecia limites ao poder político. Os governantes que ultrapassassem os
limites bíblicos estariam sujeitos à fiscalização e à punição dos profetas, dotados de legitimidade popular
(BULOS, 2019, p. 67). Em síntese, pode-se afirmar que o nascimento do movimento constitucionalista se
deu entre os hebreus.

II) INCORRETA: Por muitos séculos na Idade Média os regimes absolutistas prevaleceram. Os governantes não
visualizavam limites a seu poder, considerado divino, e suas decisões estavam acima das leis e de qualquer
controle jurídico.

No entanto, é ainda na Idade Média que ressurge o constitucionalismo, mediante a aparição de documentos
que impunham balizas para a atuação do soberano – a exemplo da Magna Carta de 1215 – e do reconhecimento
do Direito natural ao qual o rei devia respeito (TAVARES, 2018, p. 27).

Quanto às balizas do Direito natural, UADI BULOS (2019, p. 69-70) afirma que já na Idade Média pode
ser encontrada “a ideia de constitucionalismo jungida aos reclamos de limitação do poder arbitrário”, em
especial diante das concepções jusnaturalista. Se os atos do soberano fossem contrários ao jus naturale, que
estava em patamar hierárquico superior, eram declarados nulos pelo juiz competente, perdendo seus efeitos
vinculatórios.

III) CORRETA: O constitucionalismo inglês reflete modelo singular, historicista, baseado na continuidade

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das tradições imemoriais e baseado em uma Constituição não escrita, composta de textos esparsos,
convenções constitucionais e princípios da common law, desenvolvidos pelos tribunais. Até por isso é difícil
classificar o modelo inglês como meramente moderno, já que assenta raízes em tradições e atos solenes
que remontam à invasão normanda da ilha em 1066, sendo estudado por muitos autores em conjunto com
o constitucionalismo medieval.

O traço mais marcante do modelo político inglês está no não acolhimento das técnicas tradicionais do
constitucionalismo, especialmente porque refuta o seu dogma fundamental, que é a constituição escrita.
As provisões da dita Constituição britânica são recolhidas de diversas fontes materiais que, em conjunto,
formam o corpo de Inglaterra, Escócia e País de Gales.

IV) CORRETA: As duas versões mais influentes do constitucionalismo moderno são a norte-americana e a
francesa. Assim é que, levando-se em conta que o modelo inglês é marcado por elementos singulares, pode-
se asseverar que o constitucionalismo moderno inaugura-se a partir do advento das Constituições escritas
dos Estados Unidos da América (1787) e da França (1791) (BULOS, 2019, p. 71), deitando raízes, portanto,
nos modelos norte-americano e francês, não obstante a existência de importantes precedentes históricos.

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 26. Julgue os itens a seguir:

I – É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de internet móvel e banda
larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura mensal, gráficos sobre o registro médio diário de
entrega da velocidade de recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.

II – As varas especializadas em matéria agrária não possuem, necessariamente, competência restrita


apenas à matéria de sua especialização.

III – É inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui competência a juízes estaduais para julgar
matérias de competência da justiça federal.

IV – Constituições estaduais podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias
legislativas para mandatos consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez.

A) Estão corretos todos os itens.

B) Estão corretos os itens I, III e IV, somente.

C) Estão corretos os itens II e III, somente.

D) Está correto o item IV, somente.

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💡 GABARITO COMENTADO

I) CORRETA: Informativo 1033-STF: “É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de
serviços de internet móvel e banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura mensal,
gráficos sobre o registro médio diário de entrega da velocidade de recebimento e envio de dados pela rede
mundial de computadores.”

Normas sobre direito do consumidor admitem regulamentação concorrente pelos estados-membros, nos
termos do art. 24, V, da Constituição Federal. O fato de trazer a representação da velocidade de internet, por
meio de gráficos, não diz respeito a matéria específica de contratos de telecomunicações (CF, art. 22, IV),
tendo em vista que tal serviço não se enquadra em nenhuma atividade de telecomunicações definida pelas
Leis 4.117/1962 e 9.472/1997.

A intervenção estatal no domínio econômico para defesa do consumidor é legítima e tem fundamento na CF
(art. 170, V). (ADI 6893/ES, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 8.10.2021).

II e III) CORRETAS: Informativo 1032-STF: “As varas especializadas em matéria agrária (CF, art. 126) não
possuem, necessariamente, competência restrita apenas à matéria de sua especialização.”

O intuito constitucional não é que varas especializadas em direito agrário julguem exclusivamente essa
matéria (e nenhuma outra mais). Em muitos casos, aliás, faz-se de todo conveniente que o conflito agrário
seja compreendido em sua complexidade inerente, o que implica o exame de outros aspectos envolvidos,
como são os de natureza ambiental e minerária.

Nos termos do art. 125, § 1º, da CF, incumbe à lei de organização judiciária, cuja iniciativa pertence ao
respectivo tribunal de justiça, especializar varas em razão da matéria, de modo a tornar mais eficiente a
prestação do serviço jurisdicional na esfera do ente federativo.

No mesmo julgado, o STF decidiu que “é inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui competência
a juízes estaduais para julgar matérias de competência da justiça federal.”

É atribuição do Congresso Nacional a edição da lei que autorize que causas de competência da justiça
federal também possam ser processadas e julgadas pela justiça estadual (CF, art. 109, § 3º). Sobre o tema,
há regulamentação específica no âmbito infraconstitucional, consagrada no art. 15 da Lei 5.010/1966,
recepcionada pela ordem constitucional vigente. (ADI 3433/PA, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual
finalizado em 1º.10.2021)

IV) CORRETA: Informativo 1031-STF: “Constituições estaduais podem prever a reeleição de membros das
mesas diretoras das assembleias legislativas para mandatos consecutivos, mas essa recondução é limitada
a uma única vez.”

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Não incide o princípio da simetria relativamente à norma inscrita no art. 57, § 4º, da Constituição Federal.
A autonomia de cada um dos entes federados, por outro lado, confere o poder de auto-organização nesse
tema, que, todavia, não é ilimitado, sob pena de ofensa aos princípios republicano e democrático, que exigem
a alternância de poder e a temporariedade desse tipo de mandato. (ADI 6720/AL, relator Min. Roberto
Barroso, julgamento virtual finalizado em 24.9.2021).

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 27. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Na concepção moderna, o poder constituinte é um poder de fato e um poder de Direito, isto é, tem
natureza híbrida.

B) O poder constituinte originário não se esgota ou se exaure quando edita uma constituição.

C) As limitações temporais impedem a modificação das normas constitucionais por certo período de
tempo, geralmente após a promulgação da nova constituição, ou a partir de uma determinada data. Foi o
que ocorreu nos quatro primeiros anos de vigência da Constituição de 1824.

D) No Brasil, prevalece a tese de que as normas que consagram cláusulas pétreas são juridicamente
vinculantes, mas não são imunes a alterações. Assim, podem ser alteradas por um procedimento mais
dificultoso, a exemplo da dupla revisão, consagrada também no Direito português.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Na concepção moderna, o poder constituinte é um poder de fato e um poder de Direito, isto é,
tem natureza híbrida. Nesse sentido, LUÍS ROBERTO BARROSO (2019, p. 128), afirma que “é fora de dúvida
que o poder constituinte é um fato político, uma força material e social, que não está subordinado ao
Direito positivo preexistente”. Na sequência, após trabalhar os condicionamentos pré e pós-constituintes,
complementa dizendo que “o poder constituinte, portanto, é também um poder de Direito. Ele está fora
e acima do Direito posto preexistente, mas é limitado pela cosmovisão da sociedade – suas concepções
sobre ética, dignidade humana, justiça, igualdade, liberdade – e pelas instituições jurídicas necessárias à sua
positivação. Fora daí pode haver dominação e outorga, mas não constitucionalismo democrático” (BARROSO,
2019, p. 131).

É a posição que defendem, também, SOUZA NETO e SARMENTO (2014, p. 265): “(...) apesar da sua dimensão
política, ele [o poder constituinte originário] também pertence à esfera do Direito, uma vez que, como já
salientamos anteriormente, não é onipotente, estando sujeito a limites e condicionamentos não só sociais,
como também jurídicos, atinentes ao respeito ao conteúdo mínimo dos direitos humanos e à observância de

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procedimento democrático na elaboração da Constituição.”

B) CORRETA: O poder constituinte originário não se esgota ou se exaure quando edita uma constituição.
Ele passa a hibernar, mas continua apto a se manifestar a qualquer momento (permanece no povo), uma vez
que subsiste fora da constituição (MENDES; BRANCO, 2019, p. 103). Reforça esse entendimento o fato de
que o poder constituinte pertence ao povo, e não à Assembleia Constituinte.

Mas, que fique claro: o poder constituinte não continua em um exercício atemporal e incessante, caminhando
ao lado dos poderes constituídos e da legislatura ordinária, pois isso geraria insegurança e eliminaria o
próprio fundamento da força jurídica superior de uma constituição. O exercício do poder constituinte cessa
logo após o encerramento daquele momento excepcional de criação da Lei Maior, mas não essa força ou
energia não desaparece e pode irromper a qualquer momento, se surgirem as condições sociais e políticas
adequadas para tanto.

C) CORRETA: De fato, as limitações temporais impedem a modificação das normas constitucionais por certo
período de tempo, geralmente após a promulgação da nova constituição, ou a partir de uma determinada
data.

Foi o que ocorreu nos quatro primeiros anos de vigência da Constituição de 1824. De acordo com seu art.
174, “se passados quatro annos, depois de jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que algum dos seus
artigos merece reforma, se fará a proposição por escripto, a qual deve ter origem na Camara dos Deputados,
e ser apoiada pela terça parte delles”.

A CF/88 não previu limitações de ordem temporal para as emendas constitucionais.

D) INCORRETA: Existem três correntes doutrinárias a respeito da viabilidade das cláusulas de eternidade
(MENDES; BRANCO, 2019, p. 120-1):

(1) A primeira é majoritária e advoga a sua legitimidade e eficácia jurídica. Assim, seriam limitações
vinculantes e imprescindíveis à preservação da identidade da constituição. Nesse sentido, temos, entre
muitos outros, a posição de JOSÉ AFONSO DA SILVA (2017, p. 68) e a aceitação de PAULO BONAVIDES (2016,
p. 204-6).

(2) Há os que sustentam ser juridicamente inaceitáveis as cláusulas pétreas, haja vista a alegada equivalência
de substância entre os poderes constituintes originário e de reforma. Ambos seriam expressão da vontade
soberana do povo, não havendo falar-se em autolimitação de uma vontade nacional, que não teria
força jurídica, mas, se muito, política. Defendem esta tese os professores KARL LOEWENSTEIN e JOSEPH
BARTHÉLEMY (MENDES; BRANCO, 2019, p. 120).

(3) Por fim, outros entendem que as normas que consagrem cláusulas pétreas são juridicamente vinculantes,
mas não seriam imunes a alterações. Defende-se a tese da dupla revisão (JORGE MIRANDA), ou mesmo

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uma possibilidade excepcional de mutabilidade por via de procedimento especial, que conte com ampla
participação popular (CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA).

Anote-se que, na doutrina pátria, não encontrou acolhida a famosa teoria da dupla revisão (reforma em
dois tempos ou teoria da revisibilidade das cláusulas proibitivas de revisão), segundo a qual seria possível
a alteração ou a eliminação dos limites materiais, por uma primeira emenda, com a subsequente aprovação
de reforma em matérias anteriormente protegidas, por uma segunda emenda.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 28. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental os legitimados para a ação direta
de inconstitucionalidade.

B) Os princípios constitucionais do sistema financeiro e orçamentário, em razão da imbricação com o


princípio da separação dos Poderes, são considerados preceitos fundamentais para fins de ADPF.

C) Segundo o STF, a tutela sobre o descumprimento de preceito constitucional alcança um universo de


comportamentos estatais mais amplo do que a de inconstitucionalidade, a abranger a lesão à Constituição
resultante de “ato do Poder Público” outro que não apenas a “lei ou ato normativo”, sempre que traduza
efetivo e material descumprimento da Constituição.

D) O Supremo Tribunal Federal, por decisão de dois terços de seus membros, poderá deferir pedido de
medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental. Permite-se a concessão de
liminar monocraticamente em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda em período
de recesso.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Veja-se a redação da Lei 9.882/99, art. 2o: “Podem propor arguição de descumprimento de
preceito fundamental: I – os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade; II – (VETADO).”

Em razão dos vetos presidenciais ao projeto de lei, a legitimidade ativa para a propositura da ADPF é idêntica
à da ADI, da ADC e da ADO (CF, art. 103).

O inciso II do art. 2º, vetado, atribuía legitimidade a “qualquer pessoa lesada ou ameaçada por ato do Poder
Público”. Nas razões do veto – mantido pelo Congresso Nacional –, constou que a admissão de um acesso
individual e irrestrito seria incompatível com o controle concentrado de legitimidade dos atos estatais.

B) CORRETA: O “preceito fundamental” é um conceito em construção, cujos contornos ainda não estão

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definitivamente delimitados. É de se esperar que, a cada caso concreto, a Suprema Corte vá ampliando e
moldando o rol de normas que servem como parâmetro da ADPF.

Para a doutrina, seguramente estão incluídos no conceito (NOVELINO, 2019, p. 255):

a) Os princípios fundamentais (arts. 1º a 4º);

b) Os direitos e garantias fundamentais (arts. 5º a 17, além dos direitos fundamentais heterotópicos);

c) Os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII);

d) As cláusulas pétreas (art. 60, § 4o).

Em continuidade à lista doutrinária, o STF já entendeu que também se enquadram no conceito:

a) Os princípios constitucionais do sistema financeiro e orçamentário, em especial o art. 167, IV, da CF –


dispositivo relacionado ao princípio da legalidade orçamentária –, em razão da imbricação com o princípio
da separação dos Poderes (art. 2º, CF) (ADPF 387, j. 23.3.17);

b) O regime constitucional dos precatórios (art. 100, CF) também é considerado um preceito fundamental,
“uma vez que é o mecanismo de racionalização dos pagamentos das obrigações estatais oriundos de
sentenças judiciais, ao mesmo tempo em que permite a continuidade da prestação de serviços públicos e,
consequentemente, a efetivação dos próprios direitos fundamentais” (ADPF 387, j. 23.3.17); e

c) O direito à saúde, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 196 e 225 da Constituição
Brasileira) e os princípios da livre iniciativa e da liberdade de comércio (arts. 170, inc. I e VI e seu parágrafo
único) (ADPF 101, j. 24.6.09).

C) CORRETA: ANDRÉ RAMOS TAVARES (2001a, p. 55-60) defende que o termo “descumprimento” é mais
amplo do que o vocábulo “inconstitucionalidade”, incluindo não somente a ofensa direta à Constituição, mas,
também, outras formas de incompatibilidade com a Lei Maior, perpetradas por particulares1 ou mediante
atos materiais em geral (não normativos).

Em que pese não haver nada na Constituição que leve a essa diferenciação, a diferenciação proposta entre
“descumprimento” e “inconstitucionalidade” parece ter sido adotada pela Lei 9.882/99 e tem por vantagem
possibilitar, sem maiores dificuldades, a análise abstrata, pelo STF, de atos emanados do Poder Público que
não violam diretamente a Constituição Federal, como decretos, regulamentos etc.

Essa lição é, ao menos parcialmente, acolhida pelo STF. No julgamento da ADPF 405-MC, realizado em
14.6.17, a relatora, ministra Rosa Weber, destacou que, em certo sentido, “a tutela sobre o descumprimento
de preceito constitucional alcança um universo de comportamentos estatais mais amplo do que a de

1 Veremos que a Lei 9.882/99 não admitiu essa largueza toda defendida pela doutrina, já que é clara ao dispor que o objeto deve
ser “ato do Poder Público” (art. 1º, caput).

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inconstitucionalidade, a abranger a lesão à Constituição resultante de ‘ato do Poder Público’ outro que não
apenas a ‘lei ou ato normativo’, sempre que traduza efetivo e material descumprimento da Constituição”
(ADPF 405 MC, j. 14.6.17).

D) INCORRETA: Nos termos do art. 5o da Lei 9.882/99, “o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria
absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de
preceito fundamental”.

Há três situações, contudo, em que a lei de regência permite a concessão de liminar monocraticamente: (a)
“em caso de extrema urgência”; (b) “ou perigo de lesão grave”; (c) “ou ainda, em período de recesso” (art.
5º, § 1o). Nesses casos, o relator concederá a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.

Para a decisão liminar, caso entenda pertinente, “o relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis
pelo ato questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo
comum de cinco dias” (art. 5º, § 2o).

Sobre o conteúdo da liminar, o legislador optou por conferir amplas possibilidades ao Tribunal, abarcando,
inclusive, a autorização atribuída pela Lei 9.868/99 à ADC (suspensão dos processos), sem estabelecer
expressamente, contudo, prazo de 180 dias para a eficácia da cautelar. Nesse sentido, dispõe o § 3o do art.
5º:

“Art. 5º, § 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento
de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com
a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa
julgada.”

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 29. Sobre os princípios fundamentais, assinale a alternativa correta:

A) Um dos princípios fundamentais do Título I da Constituição Federal de 1988 diz respeito ao sistema de
governo, expressão que designa o modo como se relacionam os poderes que ditam, primariamente, os
rumos políticos do Estado: o Executivo e o Legislativo.

B) O modelo de democracia adotado pela Constituição brasileira de 1988 é o semidireto, vale dizer, o de
democracia representativa com alguns institutos de participação direta do povo nas funções de governo e
na formação da vontade política nacional, a exemplo do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular de
leis e do veto popular.

C) A Constituição de 1988 situa a República como princípio constitucional sensível a ser observado pelos
Estados federados, sob pena de intervenção federal. Todavia, a república não está expressamente prevista

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como cláusula pétrea, ao contrário do que ocorria na Constituição brasileira de 1969.

D) A repartição horizontal de poder diz respeito à distribuição das competências entre os entes políticos,
como ocorre no Estado Federal.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil estão previstos no Título I


da Constituição Federal (arts. 1º a 4º), encabeçando, portanto, o texto constitucional. Constituem o que
a doutrina abalizada costuma nominar “catálogo de abertura do texto constitucional”. Antes de qualquer
outra coisa, o legislador constituinte houve por bem declarar os princípios fundantes do Estado brasileiro,
para só depois dispor sobre outras temáticas.

Os princípios fundamentais extraídos do Título I da Constituição Federal de 1988 são os seguintes:

a) Definidor do tipo de Estado: princípio do Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput);

b) Definidor do regime político: princípio democrático (art. 1º, caput e parágrafo único);

c) Definidor da forma do Estado: princípio federativo (art. 1º, caput);

d) Definidor da forma de governo: princípio republicano (art. 1º, caput);

e) Referente à organização dos poderes: princípio da separação dos poderes (art. 2º);

Quanto ao sistema de governo, a questão realmente traz uma definição adequada; porém, o presidencialismo
não se trata de um princípio fundamental, não sendo mencionado no Título I da CF/88.

B) INCORRETA: Democracia semidireta é a democracia representativa com alguns institutos de participação


direta do povo nas funções de governo e na formação da vontade política nacional (SILVA, 2017, p. 138).
Assim, quando a Constituição de 1988 proclama, no parágrafo único do seu art. 1º, que o povo exerce o
poder por meio de representantes eleitos (democracia indireta) ou diretamente (democracia direta), ela
consagra o modelo misto ou híbrido conhecido como democracia semidireta.

Os instrumentos da democracia semidireta estão previstos no art. 14, sendo eles o plebiscito, o referendo e
a iniciativa popular de leis.

O nosso sistema não prevê o veto popular, tampouco o recall.

O veto popular é mecanismo pelo qual parcela expressiva de cidadãos, definida no direito positivo (1%, 5%
etc.), pode manifestar oposição a lei ou ato normativo, devidamente elaborado pelos órgãos competentes,
em vias de ser posto em execução.

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A Lei Orgânica do Município de Aracaju prevê o veto popular, já tendo sido impugnada perante o STF, na
ADPF 385. Após manifestação do Ministério Público pela inconstitucionalidade da lei em razão da divergência
em relação ao modelo central da Constituição, que não acolheu o instituto, e por violação ao modelo de
processo legislativo federal e ao relacionamento entre os poderes (só o Executivo teria prerrogativa de vetar
projetos de lei), a ação foi extinta sem resolução de mérito, por questões formais.

C) CORRETA: A Constituição de 1988 situa a República como princípio constitucional sensível a ser observado
pelos Estados federados, sob pena de intervenção federal (art. 34, VII, “a”).

Todavia, a república não está expressamente prevista no art. 60, § 4º, como cláusula pétrea, ao contrário
do que ocorria nas Constituições republicanas pretéritas. A Constituição brasileira de 1969, por exemplo,
previa em seu art. 47, § 1º, que “não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a
Federação ou a República”.

Em provas de concurso público, é preciso ter atenção. Se o examinador questionar se a forma de governo
republicana é cláusula pétrea no Brasil, colocando no enunciado expressão do tipo “À luz do texto
constitucional...”, “Conforme disposto no art. 60, § 4º, da CF...”, “É cláusula pétrea expressa na Constituição...”,
ou apenas questionar de maneira genérica, a resposta deve ser negativa.

Mais polêmico é o enquadramento da forma republicana de governo como cláusula pétrea implícita na
Constituição Federal, havendo posições doutrinárias em sentido positivo.

D) INCORRETA: Alguns autores utilizam a expressão repartição horizontal do poder – sob a ideia de
instrumento apto a evitar a concentração do poder político nas mãos de um único superórgão (separação
de poderes ou funções estatais) – em diferenciação à expressão repartição vertical do poder, que cuida das
formas de Estado (a exemplo do Estado Federal, com repartição de competências entre os entes federados).

REPARTIÇÃO HORIZONTAL DO PODER REPARTIÇÃO VERTICAL DO PODER


Critério funcional de repartição do poder Critério espacial/territorial de repartição do poder
Divisão das funções estatais Distribuição das competências entre os entes
políticos
Separação dos poderes (CF, art. 2º) Federação (CF, art. 18)

A questão inverte os conceitos.

💡 GABARITO: C

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PROFESSOR BRUNO GASPAR DE OLIVEIRA CORRÊA


E-mail: profcei.brunogaspar@gmail.com

🏳 DIREITO ELEITORAL

QUESTÃO 30. Sobre crimes eleitorais, assinale a alternativa CORRETA:

A) Quando o Código Eleitoral não indicar o grau mínimo da pena, entende-se que será ele de seis meses
para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.

B) A Justiça Eleitoral tem competência para julgar os crimes comuns conexos aos crimes eleitorais.

C) Os crimes eleitorais contra a honra são de ação penal privada.

D) Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, no prazo de 15
dias.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Se o Código Eleitoral não indicar o grau mínimo, será ele de quinze dias para a pena de
detenção e de um ano para a pena de reclusão (art. 284 do Código Eleitoral).

B) CORRETA: O STF afirmou a competência Justiça Eleitoral para julgamento dos crimes eleitorais e dos
comuns que lhe forem conexos - Agravo Regimental, nos autos do Inquérito nº 4435/DF (arts. 35, II e 364 do
Código Eleitoral).

C) INCORRETA: Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública, inclusive os crimes contra a honra
praticados na propaganda eleitoral. (art. 355 do Código Eleitoral).

D) INCORRETA: O prazo para a interposição de recurso é de 10 dias (art. 362 do Código Eleitoral).

💡 GABARITO: B

QUESTÃO 31. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Os partidos políticos podem, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária.

B) O partido político coligado somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo
eleitoral quando questionar a validade da própria coligação.

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C) A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os


candidatos e a respectiva coligação.

D) A coligação deverá usar, na propaganda, as legendas de todos os partidos que a integram.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Seguindo a vedação prevista no art. 17, §1º da CF/88, a Lei nº 14.211/2021, modificou a redação
do art. 6º da Lei nº 9.504/97, afastando a possibilidade de coligação em eleição proporcional. Dessa forma,
as coligações somente são permitidas nas eleições majoritárias.

B) CORRETA: Durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para a
impugnação do registro de candidatos, o partido político não poderá atuar de forma isolada no processo
eleitoral, salvo para questionar a validade da coligação da qual fizer parte (art. 6º, § 4º, da Lei nº 9.504/97).

C) INCORRETA: A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária


entre os candidatos e os respectivos partidos. Tal responsabilidade não alcança outros partidos integrantes
de uma mesma coligação (art. 6º, § 5º, da Lei nº 9.504/97).

D) CORRETA: Será irregular a propaganda de coligação que omitir a legenda de partido que a integra (art. 6º,
§ 2º, da Lei nº 9.504/97).

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 32. Assinale a alternativa CORRETA:

A) É permitida a propaganda política paga no rádio e na televisão.

B) Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares,


inclusive de bandeiras ao longo de vias públicas.

C) A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares pode ser remunerada.

D) A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não
depende de licença da polícia.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A lei veda expressamente qualquer tipo de propaganda política paga no rádio e na televisão
(art. 36, § 2º, da Lei nº 9.504/97).

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B) INCORRETA: A lei permite a colocação de bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que
não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos (art. 37, § 2º, I, da Lei nº 9.504/97).

C) INCORRETA: É vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para a veiculação de propaganda
eleitoral em bem particular (art. 37, § 8º da Lei nº 9.504/97).

D) CORRETA: Art. 39 da Lei nº 9.504/97.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 33. Assinale a alternativa CORRETA:

A) O Procurador-Geral Eleitoral designará o Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu substituto,
dentre os Procuradores Regionais da República, ou, onde não houver, dentre os Procuradores da República
vitalícios, para um mandato de quatro anos.

B) O Procurador-Geral Eleitoral poderá assistir as sessões do Tribunal, sem tomar parte nas discussões.

C) O Procurador-Geral Eleitoral poderá expedir instruções aos Juízes Eleitorais dos Tribunais Regionais
Eleitorais.

D) O Procurador-Geral Eleitoral deverá oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal Superior


Eleitoral.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA. Art. 76 da LC 75/93. O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu substituto, será
designado pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da República no Estado e no
Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, para um mandato de
dois anos.

B) INCORRETA. O Ministério Público tem legitimidade para atuar em todas as fases do processo eleitoral,
tanto como parte como na qualidade de fiscal da lei, podendo tomar parte nas discussões estabelecidas nas
sessões realizadas no Tribunal (art. 24, I do Código Eleitoral).

C) INCORRETA. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral expedir instruções
aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais. Não pode, no entanto, direcioná-las aos
Juízes Eleitorais dos TREs (art. 24, VIII do Código Eleitoral).

D) CORRETA. Art. 24, III do Código Eleitoral.

💡 GABARITO: D

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QUESTÃO 34. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) As pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro para campanhas eleitorais, desde que obedecido
o limite de 10% (dez por cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição.

B) É permitido, a partido e candidato, receber doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, procedente


de entidade de classe ou sindical.

C) O ajuizamento de representação para punir o doador que ultrapassou o limite legal deve ocorrer até o
final do exercício financeiro do ano seguinte ao da apuração. D) A doação realizada na forma de prestação
de serviços próprios do doador não pode ultrapassar o valor estimado de R$ 40.000,00 (quarenta mil
reais) por doador.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A doação realizada por pessoa física será considerada lícita, desde que não ultrapasse o limite
legal (art. 23, § 1º da Lei 9.504/97).

B) INCORRETA: A lei veda expressamente que candidato ou partido receba doação de entidade de classe ou
sindical (art. 24, VI da Lei 9.504/97).

C) CORRETA: A representação deverá ser proposta até 31 de dezembro do ano seguinte ao da apuração (art.
24-C, § 3º da Lei 9.504/97).

D) CORRETA: Trata-se de exceção à regra do caput do art. 23 e o serviço prestado deve ser próprio do doador
(art. 23, § 7º da Lei 9.504/97).

💡 GABARITO: B

PROFESSOR ANTONIO EVANGELISTA DE SOUZA NETTO


E-mail: profcei.antonionettoaesn@gmail.com

🏳 DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 35. Acerca da empresa, assinale a alterativa CORRETA.

A) De acordo com a teoria dos atos do comércio, empresário é o sujeito que pratica uma atividade
econômica organizada com o fim de lucro.

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B) A teoria da empresa, adotada pelo Código Comercial Brasileiro, é mais abrangente que a teoria dos atos
do comércio.

C) Embora o Código Civil não defina o que é empresa, é possível afirmar que empresário é o sujeito que
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.

D) A obtenção do lucro é um requisito indispensável para a caracterização da empresa.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Com a Teoria da Empresa, adotada pelo Código Civil Italiano de 1942, e, posteriormente,
pelo Código Civil Brasileiro de 2002, a caracterização do comerciante deixa de ser baseada na prática de atos
comerciais (atos de mercancia) e passa a ser fundada no exercício de uma atividade econômica. A diferença
essencial entre ato e atividade repousa na natureza sequencial dessa última. O ato é singular, praticado
individualmente. A atividade é formada por uma sequência de atos, praticados de maneira conjugada, no
decorrer do tempo. O Código Civil não conceitua empresa, apenas define o empresário como sendo aquele
que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou
serviços (art. 966).

B) INCORRETA: Como visto, a teoria da empresa foi acolhida pelo Código Civil Brasileiro de 2002 e não pelo
Código Comercial de 1850. Lei nº 556/1850 (Código Comercial): Art. 18 - Serão reputadas comerciais, todas
as causas que derivarem de direitos e obrigações sujeitos às disposições do Código Comercial, com tanto
que uma das partes seja comerciante. Decreto nº 737/1850 (Determinada a ordem do Juízo no Processo
Comercial): Art. 10. Competem à jurisdição comercial todas as causas que derivarem de direitos e obrigações
sujeitas às disposições do Comercial, contanto que uma das partes seja comerciante (art. 18 Tit. unico
Codigo); Art. 19. Considera-se mercancia: § 1º A compra e venda ou troca de efeitos moveis ou semoventes
para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso. § 2º
As operações de câmbio, banco e corretagem. § 3° As empresas de fabricas; de com missões ; de depósitos
; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos. (Vide Decreto nº 1.102,
de 1903) § 4.° Os seguros, fretamentos, risco, e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo. § 5. ° A
armação e expediç1to de navios.

C) CORRETA: Apesar de o Código Civil não apresentar uma definição expressa de empresa, pela leitura do
artigo 966 pode-se deduzir que empresa é uma atividade economicamente organizada para a produção ou
circulação de produtos ou serviços com o fim de lucro.

D) INCORRETA: A empesa sempre será uma atividade econômica com fim lucrativo. Em que pese a empresa
deva ser estruturada com o fim de se obter lucro, nem sempre o lucro será alcançado. Por influência de

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inúmeros fatores é possível que, apesar de todos os esforços do empresário, a empresa não dê lucro. Isso
não exclui a natureza empresarial da atividade. Para ser considerada empresa basta que a atividade seja
organizada com o fim de obter lucro, ainda que ele não seja concretamente alcançado. Se o alcance concreto
do lucro fosse uma condição elementar à caracterização da empresa, somente os empreendimentos
lucrativos poderiam ser considerados empresariais. Essa orientação não seria razoável.

💡 GABARITO: C

QUESTÃO 36. Quanto aos usos e práticas empresariais, assinale a assertiva CORRETA.

A) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete às Juntas Comerciais.

B) Os usos e práticas empresariais não são registráveis.

C) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete à Câmara de Comércio Exterior (COMEX).

D) O assentamento dos usos e práticas empresariais compete ao Departamento Nacional de Registro


Empresarial e Integração (DREI).

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: O assentamento dos usos e práticas empresariais compete às Juntas Comerciais, nos termos
do art. 8º, inciso VI, da Lei nº 8.934/94 (Lei do Registro de Empresas) e do Decreto nº 1.800/96, alterado
pelo Decreto nº 10.173/2019. O procedimento de assentamento dos usos ou práticas empresariais, entre
outros, deve observar os artigos 7º, inciso VI e VII, alínea “b”, e os artigos 87 e 88 do Decreto nº 1.800/96.
Conforme os referidos artigos, além de proceder ao assentamento dos usos e práticas empresariais, as Juntas
Comerciais devem prestar ao prestar ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração – DREI,
as informações necessárias à catalogação dos assentamentos de usos e práticas empresariais procedidos2.

B) INCORRETA: conforme indicado acima.

C) INCORRETA: conforme indicado acima.

D) INCORRETA: conforme indicado acima.

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 37. Quanto às características do Direito Empresarial, assinale a assertiva INCORRETA.

2 O procedimento de assentamento dos usos e práticas comerciais será estudado no Capítulo de Registro de Empresas
(CAPÍTULO XXV - Item 4.2.7.).

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A) O Direito Empresarial é cosmopolita.

B) O Direito Empresarial é fragmentado.

C) O Direito Empresarial é dinâmico.

D) O Direito Empresarial é formal.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA. Cosmopolita é a pessoa que se considera cidadã do mundo, que não tem pátria específica.
O termo refere-se ao fato de que alguém pertence ao mundo. O Direito Empresarial de certa forma
também pode ser considerado cosmopolita considerando que as suas normas são essencialmente comuns,
independentemente do Estado que as crie.

B) CORRETA. Por ser dividido em inúmeros ramos, o Direito Empresarial é fragmentado. São ramos do Direito
Empresarial, por exemplo, o direito societário, o direito cambial, o direito falimentar, entre outros.

C) CORRETA. A empresa é uma atividade de risco, instável e submetida aos efeitos da flutuação dos mercados.
Assim, o Direito Empresarial deve dinâmico e elástico, preferencialmente composto por normas mais flexíveis
e maleáveis.

D) INCORRETA. Como as práticas empresariais precisam ser céleres e livres de amarras burocráticas, as normas
que formam o Direito Empresarial naturalmente são vocacionadas a garantir mais informalidade às atividades
dos empresários. A doutrina elenca as seguintes características do Direito Empresarial: i) cosmopolitismo,
considerando a sua transcendência sobre os limites territoriais dos Estados; ii) fragmentaridade, pois o Direito
Empresarial possui ramos diversos, como o direito societário, falimentar, cambial etc.; iii) informalismo,
tendo em conta que as práticas comerciais precisam ser céleres, sem entraves burocráticos; iv) dinamismo
e elasticidade. A atividade empresarial pressupõe risco e se desenvolve de acordo com a flutuação do
mercado. Por isso as normas precisam ser flexíveis e facilmente adaptáveis às mudanças; e v) onerosidade,
considerando que as atividades empresariais sempre objetivam o lucro. FORGIONI, Paula A. A interpretação
dos negócios jurídicos empresariais. Tratado de Direito Comercial. Fabio Ulhoa Coelho (coord.), volume 5:
Obrigações e Contratos Empresariais. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 92.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 38. Com relação aos princípios do Direito Empresarial assinale a assertiva INCORRETA.

A) De acordo com previsão expressa do Código Civil, a constituição das sociedades empresárias deve ser
orientada pelo princípio societário da livre iniciativa.

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B) A liberdade de competição, a função social da empresa e a boa-fé são alguns dos princípios gerais do
Direito Empresarial.

C) O princípio da livre concorrência está previsto na Constituição Federal e em diversas normas


infraconstitucionais.

D) A empresa cumpre sua função social quando, entre outras coisas, observa a legislação aplicável.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Os Princípios Gerais do Direito Empresarial são princípios aplicáveis a todos os ramos do
Direito Empresarial. Além dos Princípios Gerais, também existem Princípios Específicos, incidentes apenas
aos ramos específicos do Direito Empresarial, como no caso dos princípios do direito societário, dos
princípios dos títulos de crédito etc. O Princípio da livre iniciativa está indicado, art. 1º, inciso IV, e no art.
170 da Constituição Federal. Conforme previsto no art. 1º da Constituição Federal, a República Federativa
do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] IV – os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa. O art. 170 da Constituição Federal, por sua vez, estabelece que a ordem econômica, com
fundamento na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por finalidade assegurar a todas
as pessoas uma existência digna, de acordo com os ditames da justiça social. Para Fábio Ulhoa Coelho, o
princípio da livre-iniciativa se fundamenta em quatro fatores: i) a imprescindibilidade da empresa privada
para que a sociedade tenha acesso aos bens e serviços essenciais à sua existência; ii) a busca do lucro
é o que move os empresários; iii) o investimento privado necessita de segurança jurídica; iv) a empresa
privada gera empregos e riquezas para a sociedade. André Ramos Tavares explica que “[...] A livre iniciativa
empresarial é uma forma de liberdade individual e [...] exatamente por isso é considerada fundamental no
modelo de economia capitalista, pois enseja a criação de entidades empresariais privadas que irão constituir
grande parte das relações econômicas do chamado mercado. É também um dos esteios da Constituição
econômica brasileira de 1988.” TAVARES, André Ramos. Livre iniciativa empresarial. Enciclopédia jurídica
da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo:
Direito Comercial. Fábio Ulhoa Coelho, Marcus Elidius Michelli de Almeida (coord. de tomo). 1. ed. São
Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017.

B) CORRETA: O Substitutivo ao projeto de lei do Senado Federal nº 487/2013, denominado Projeto do Novo
Código Comercial (PNCC), tem natureza essencialmente principiológica. De acordo com o art. 5º do PNCC,
são princípios comuns a todas as divisões do direito comercial: i) Liberdade de iniciativa empresarial; ii)
Liberdade de competição; iii) Função econômica e social da empresa; e iv) Ética e boa-fé. Decorre do princípio
da liberdade de iniciativa empresarial: i) O reconhecimento da imprescindibilidade, no sistema capitalista,
da empresa privada para o atendimento das necessidades de cada um e de todos; ii) O reconhecimento do

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lucro obtido com a exploração regular e lícita de empresa como o principal fator de motivação da iniciativa
privada; e iii) O reconhecimento da importância, para toda a sociedade, da proteção jurídica assegurada ao
investimento privado, feito com vistas ao fornecimento de produtos e serviços, à criação, consolidação ou
ampliação de mercados consumidores, à inovação e ao desenvolvimento econômico do país. A liberdade de
iniciativa empresarial e de competição será protegida no âmbito do Código Comercial mediante a coibição
da concorrência desleal e de condutas parasitárias (art. 7º). Considera-se que a empresa cumpre sua função
econômica e social ao gerar empregos, tributos e riqueza, ao contribuir para o desenvolvimento econômico
da comunidade em que atua, e ao adotar práticas empresariais com observância de toda legislação aplicável
à sua atividade. (art. 8º). Pelo princípio da ética e boa-fé, o empresário deve buscar a realização de seus
interesses na exploração da atividade empresarial cumprindo rigorosamente a lei. (art. 9º).

C) CORRETA: O Princípio da liberdade de Concorrência, de certa forma relacionado ao princípio da livre


iniciativa, está indicado no inciso IV do artigo 170 da Constituição Federal. Além disso, a livre concorrência
está tutelada em diversas normas infraconstitucionais, inclusive na lei n. 12.529/11 e nos artigos 195 e
seguintes da lei n. 9.279/96, que tratam dos crimes de concorrência desleal.

D) CORRETA: De acordo com o art. 8º do PNCC, citado acima, considera-se que a empresa cumpre sua função
econômica e social ao gerar empregos, tributos e riqueza, ao contribuir para o desenvolvimento econômico
da comunidade em que atua, e ao adotar práticas empresariais com observância de toda legislação aplicável
à sua atividade.

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 39. Sobre o registro empresarial, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Nos atos submetidos a registro poderão ser utilizados timbres e marcas d’água.

B) As cooperativas podem optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ) como nome empresarial.

C) A denominação pode ser formada por qualquer palavra da língua estrangeira.

D) Considerando o princípio da anterioridade, a Junta Comercial não arquivará ato com nome empresarial
idêntico a outro já registrado, exceto se em outra Unidade Federativa.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Conforme o disposto no Art. 9º-A, da Instrução Normativa nº 81/2020, alterada pela Instrução
Normativa nº 55/2021, ambas do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI): “Art.
9º-A. Nos atos submetidos a registro poderão ser usados elementos gráficos, como imagens, fluxogramas e

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animações, dentre outros (técnicas de visual law), bem como timbres e marcas d’água.”

B) CORRETA: Conforme o disposto no art. 35-A da Lei nº 8.934/1995, incluído pela Lei nº 14.195/2021: “Art.
35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo societário ou
jurídico, quando exigida por lei.” No mesmo sentido é o Art. 18-A, da Instrução Normativa nº 81/2020,
alterada pela Instrução Normativa nº 55/2021, ambas do Departamento Nacional de Registro Empresarial
e Integração (DREI): “Art. 18-A. O empresário individual, a empresa individual de responsabilidade limitada
(EIRELI), a sociedade empresária e a cooperativa podem optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo
societário ou jurídico, quando exigida por lei.”

C) CORRETA: De acordo com o art. 18, §3º, da Instrução Normativa nº 81/2020, alterada pela Instrução
Normativa nº 55/2021, ambas do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI): “Art.
18. [...] § 3º A denominação é formada por quaisquer palavras da língua nacional ou estrangeira, sendo
facultada a indicação do objeto.”

D) INCORRETA: De acordo com o art. 23, caput, da Instrução Normativa nº 81/2020, alterada pela Instrução
Normativa nº 55/2021, ambas do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI): “Art.
23. Observado o princípio da novidade, a Junta Comercial não arquivará atos com nome empresarial idêntico
a outro já registrado.”

💡 GABARITO: D

PROFESSOR MILTON BANDEIRA NETO


E-mail: profcei.miltonbandeira@gmail.com

🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO

QUESTÃO 40. A respeito das imunidades tributárias, marque a resposta CORRETA:

A) A União não poderá cobrar taxa em razão do exercício de poder de polícia das autarquias estaduais em
face da imunidade tributária recíproca conferida pela Constituição Federal.

B) A imunidade tributária recíproca abrange sociedade de economia mista prestadora de serviço público
obrigatório ainda que suas ações sejam negociadas em bolsa de valores.

C) Não incide Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre os serviços notoriais e de registro.

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D) Imóvel pertencente a entidade educacional sem fins lucrativos permanecerá imune ao Imposto Predial
e Territorial Urbano – IPTU ainda que esteja alugado a terceiro não abrangido pela imunidade tributária.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir IMPOSTOS
sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros” (art. 150, VI, a, da CF). A seu turno, o art. 150, §
2º, da CF, estende a imunidade às autarquias e fundações públicas nos seguintes termos: “é extensiva às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda
e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes” É imunidade tipicamente
subjetiva, alcançando as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, DF e Municípios). Com relação
às autarquias e fundações públicas, vale frisar, a imunidade abrange somente os IMPOSTOS incidentes
sobre o patrimônio (ex.: IPTU), renda (ex.: IR) e serviços (ex.: ISS), desde que vinculados às suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.

B) INCORRETA: “A sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em Bolsas de Valores,
e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas, não está
abrangida pela regra de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição, unicamente em
razão das atividades desempenhadas” (RE 600.867). No julgado o STF entendeu que a SABESP, Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, mesmo sendo prestadora de serviço público obrigatório,
que possui suas ações negociadas até no mercado internacional (New York Stock Exchange), objetivando a
remuneração de seus acionistas (Estado e particulares) não poderia ser abrangida pela imunidade tributária
recíproca. Recorde-se que em outros casos o STF estendeu a imunidade tributária recíproca que, conforme
comentário anterior, somente abrangeria as autarquias e fundações públicas, às empresas públicas e
sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do
Estado, a exemplo dos Correios, que não possui acionistas particulares (RE 407.099) e da CODESP, Companhia
de Docas do Estado de São Paulo (RE 253.472), cuja participação privada é ínfima.

C) INCORRETA: O STF entendeu que “as pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação,
porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção
prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos serviços
confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata
de entidades políticas federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo,
serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados. Não há diferenciação que
justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas” (ADI
3089). Dessa forma, a Corte concluiu que incide ISS nas atividades dos serviços notoriais e de registro.

D) CORRETA: É vedado à União, Estados, DF e Municípios instituir IMPOSTOS sobre o patrimônio, a renda

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e os serviços, relacionados às finalidades essenciais dos partidos políticos, inclusive suas fundações, e
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei” (art. 150, VI, c, da CF). Nos termos do dispositivo, a imunidade
somente abrange os IMPOSTOS, imunizando somente o patrimônio, renda e serviços vinculados às suas
finalidades essenciais. Entretanto, em interpretação ampliativa, o STF na Súmula Vinculante nº 52 afirma
que: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas”.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 41. A respeito das disposições constitucionais concernentes aos princípios tributários, bem
como a jurisprudência consolidada no âmbito dos tribunais superiores, assinale a resposta CORRETA:

A) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio do não confisco veda à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, conjunta ou separadamente, estabelecer tributos com
efeitos confiscatórios.

B) As multas tributárias por sua natureza sancionatória poderão ultrapassar o valor da obrigação tributária
principal sem que configure caráter confiscatório.

C) O princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes
da vigência da lei que os instituiu ou aumentou, mas não impede a cobrança caso o fato gerador ainda não
esteja completo na data da vigência da lei que majorar o tributo.

D) O princípio da uniformidade geográfica veda à União estabelecer benefícios fiscais que não sejam
uniformes em todo o território nacional como forma de distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Leandro Paulsen define confisco “como a tomada compulsória da propriedade privada pelo
Estado, sem indenização. O inciso comentado (IV) refere-se à forma velada, indireta, de confisco, que pode
ocorrer por tributação excessiva, (...) ensejando atentado ao próprio direito de propriedade. (...) Se tornar
inviável a manutenção da propriedade, o tributo será confiscatório” (PAULSEN). Nos termos da Constituição,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco
(art. 150, IV). O STF entende que “(...) a identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da
totalidade da carga tributária, mediante a verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte para
suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à

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mesma pessoa política que os houver instituído” (STF, ADI 2.010-2/DF, DJ 12/04/2002). Dessa forma, para o
STF, deve-se analisar o montante de todos os tributos exigidos pela mesma pessoa jurídica de direito público
(União, Estado, DF ou Município) para verificar se há (ou não) caráter confiscatório na tributação.

B) INCORRETA: O STF no RE 748.257 firmou entendimento no sentido de que são confiscatórias as multas
fixadas em 100% ou mais do valor do tributo devido.

C) CORRETA: O princípio da irretroatividade informa que é vedada a cobrança de tributo em relação a fatos
geradores ocorridos antes da vigência da lei que os instituiu ou aumentou (art. 150, III, a, da CF). Desta
forma, não basta que a lei tenha sido publicada, necessário que ela esteja vigente para alcançar os fatos
geradores ocorridos a partir de então. A seu turno, o CTN no art. 105 dispõe: “a legislação tributária aplica-
se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes assim entendidos aqueles cuja ocorrência
tenha tido início mas não esteja completa”. Pendentes seriam aqueles fatos geradores periódicos (não
instantâneos), podendo ser considerados ocorridos em determinado momento legalmente previsto
(periódico simples), a exemplo do IPVA em 1ª de janeiro de cada ano; ou dentro de determinado período de
tempo (periódico composto ou complexivo), a exemplo do IR.

D) INCORRETA: Nos termos da Constituição, é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em
todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I, da CF). Este
princípio, destinado especificamente à União, possui dois fundamentos: princípio da isonomia e princípio do
pacto federativo. A parte final do dispositivo permite a concessão de incentivos fiscais (ex.: isenção de IPI)
visando promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país (ex.:
Zona Franca de Manaus).

💡 GABARITO: C

PROFESSORA RENATA CHAMMA


E-mail: profcei.renatachamma@gmail.com

🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 42. No que tange ao Direito Fundamental ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e sua
proteção constitucional, assinale a alternativa CORRETA.

A) Compete exclusivamente aos Estados e Municípios preservar o meio ambiente e combater a poluição

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em todas as suas formas.

B) Os municípios brasileiros não possuem competência para legislar sobre a proteção ambiental.

C) Incumbe ao Poder Público exigir, na forma da lei, Avaliação de Impactos Ambientais, às hipóteses de
atividades ou empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental.

D) A propriedade urbana cumpre a sua função socioambiental quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Diferente do disposto na assertiva, a CRFB/88 estabeleceu, em seu art. 23, VI, da CRFB/88,
a chamada competência material comum, de modo que a preservação do meio ambiente e o combate à
poluição são tarefas de competência de todos os entes federativos. Dito de outra forma, União, Estados, DF
e Municípios podem exercer regularmente o poder de polícia ambiental, com atribuições fiscalizatórias, e
limitadoras aos direitos individuais.

Isso se justifica pelo fato de que o dever constitucional de proteção ao direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado recai sobre o Poder Público federal, estadual, distrital e municipal, bem como
sobre a coletividade, descentralizando a tutela ambiental em busca da higidez necessária.

B) INCORRETA: Nos termos do art. 24, VI, CRFB/88, compete concorrentemente a União, Estados e DF
legislarem sobre a proteção do meio ambiente e seus recursos. Nesse contexto, pelo menos expressamente,
os municípios não foram contemplados pela competência legislativa concorrente.

Apesar dessa omissão, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) é firme no sentido de que os
Municípios são competentes para legislar sobre o meio ambiente junto à União e aos Estados, desde que
seja observado o relevante interesse local e que o regramento estabelecido pela norma municipal esteja em
harmonia ao condomínio legislativo estabelecido constitucionalmente.

Esse entendimento pode ser verificado no julgamento da ADPF 567, em que o STF validou a eficácia de
lei municipal que proibiu o manuseio, a utilização, a queima e soltura de fogos de artifício ruidosos, em
decorrência das consequências negativas inerentes aos efeitos sonoros que lhe são característicos, decidindo
que “(...) O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades competentes do Estado
Federal é o da predominância do interesse, competindo à União atuar em matérias e questões de interesse
geral; aos Estados, em matérias e questões de interesse regional; aos Municípios, assuntos de interesse
local e, ao Distrito Federal, tanto temas de interesse regional quanto local. As competências municipais,
dentro dessa ideia de predominância de interesse, foram enumeradas no art. 30 da Constituição Federal, o
qual expressamente atribuiu aos Municípios a competência para legislar sobre assuntos de interesse local

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(art. 30, I) e para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (art. 30, II). A jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal já assentou, em sede de repercussão geral, que a disciplina do meio ambiente
integra o conceito de interesse local referido no art. 30, I, da Constituição Federal. (...)”.

C) INCORRETA: Diferentemente do disposto na assertiva, o art. 225, §1°, IV, CRFB/88, dispõe que incumbe
ao Poder Público exigir, na forma da lei, o estudo prévio de impacto ambiental em casos de atividades ou
empreendimentos causadores de significativa degradação ao meio ambiente, a que se dará publicidade.

Esse estudo prévio de impacto ambiental é espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental (AIA),
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, como se verifica a partir da leitura do art. 9°, III, Lei n°
6.938/81. Ou seja, trata-se de estudo de impacto ambiental elaborado em situações de maior complexidade,
cujos danos causados ao meio ambiente são de maior extensão e densidade.

Sua regulamentação está prevista na Resolução Conama n° 01/86, que estabelece de forma exemplificativa
as atividades e empreendimentos em que se presume a causação de significativa degradação do meio
ambiente, importando a elaboração do chamado EIA-RIMA.

Sendo ele um estudo técnico, desenvolvido por equipe multidisciplinar e custeado pelo proponente, verifica-
se a existência de um conteúdo mínimo a ser observado quando da sua elaboração, nos termos do art.
6° e 8°, da referida resolução. Destaca-se, todavia, que o seu conteúdo, para que seja permitida a efetiva
participação popular em eventual audiência pública em licenciamento ambiental, precisa ser traduzido para
uma linguagem mais simples e objetiva, e reunido no chamado Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente
(RIMA).

Portanto, não é a avaliação de impacto ambiental (AIA) que deve ser exigida nas hipóteses de atividades
ou empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental, mas o estudo prévio de impacto
ambienta, com assento constitucional, nos termos do art. 225, 1
­ °, IV, CRFB/88.

D) CORRETA: Nos termos do art. 182, § 2º, CRFB/88, a propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Ocorre, porém,
que a doutrina moderna, assim como a jurisprudência pátria defendem que o princípio da função social
da propriedade recebeu uma vertente ecológica, no que tange à necessidade de tutela e proteção do meio
ambiente artificial.

Sendo assim, podemos afirmar que a política urbana se encontra fundamentada nos preceitos informativos
do Princípio da Função Socioambiental da Propriedade Urbana, que determina que a propriedade urbana
cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no
plano diretor (art. 182, §2°, CRFB/88 c/c art. 39, caput, Lei n° 10.257/01).

É por isso, inclusive, que, havendo solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, surge para
o poder público municipal, a faculdade de, mediante lei específica, como é o Estatuto da Cidade (Lei n°

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10.257/01), impor que o proprietário promova o seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente,
de: (a) parcelamento ou edificação compulsórios; (b) imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana progressivo no tempo; (c) desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 43. Acerca dos instrumentos de tutela e proteção ambiental, assinale a alternativa INCORRETA.

A) O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou


empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

B) O Zoneamento Ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, é um instrumento de


organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades
públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a
qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

C) Concessão Florestal é a delegação gratuita, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo
florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante
licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação
e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

D) Servidão Ambiental é que um instrumento econômico da Política Nacional de Meio Ambiente, com
natureza de direito real, que impõe a sua averbação junto à matrícula do imóvel no Cadastro Ambiental
Rural, para fins de controle de atividades como desmatamento, e ampla publicidade ao terceiro adquirente
de boa-fé.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Nos termos do art. 2°, I, LC n° 140/11 c/c art. 1° Resolução CONAMA n° 237/97, licenciamento
ambiental é o procedimento administrativo utilizado para garantir a melhor localização para instalação
e operacionalização de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente causadoras de danos ao meio ambiente.

Trata-se de instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, nos termos do art. 9°, IV, Lei n° 6.938/81,
que poderá ser realizado pela União, Estados ou Municípios, como decorrência da competência material

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comum, estabelecida no art. 23, VI, CRFB/88.

Todavia, apesar de todos os entes poderem licenciar determinada atividade ou empreendimento, no caso
concreto apenas um único ente será, de fato, o competente. Para tanto, a LC n° 140/11 fixou a competência
da União, Estados e Municípios por meio da adoção de alguns critérios, como, por exemplo, a extensão do
dano/impacto causado, a dominialidade do bem, ou, ainda, o critério do ente instituidor da Unidade de
Conservação, no sentido de que o ente que instituiu a unidade de conservação será aquele que, em regra,
realizará o licenciamento ambiental.

Nesse contexto, portanto, o art. 7°, XIV, LC n° 140/11 estabelece a competência da União, ao passo que o art.
8°, XIV, dispõe sobre a competência dos Estados e, por fim, o art. 9°, XIV, elenca as competências municipais.

B) CORRETA: Nos termos do art. 9°, II, Lei n° 6.938/81 c/c art. 2°, Dec. n° 4.297/02, o zoneamento ambiental,
também conhecido como zoneamento ecológico econômico é um instrumento de organização do território
a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece
medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos
hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria
das condições de vida da população.

Trata-se de instrumento de tutela ambiental que tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as
decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta
ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços
ambientais dos ecossistemas, levando em consideração, na distribuição espacial das atividades econômicas,
a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições
e alternativas de exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de
atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais.

Destaco que, nos termos dos arts. 7°, IX e 8°, IX, da LC n° 140/11, compete à União elaborar o zoneamento
ambiental de âmbito nacional e regional, e aos Estados elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual,
em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional, competindo aos Municípios, nos
termos do art. 9°, IX, LC n° 140/11, elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais.

C) INCORRETA: A concessão florestal, como instrumento econômico da Política Nacional do Meio Ambiente,
à luz do disposto no art. 9, XIII, Lei n° 6.938/81 c/c art. 3°, VII, Lei n° 11.284/06, é a delegação onerosa, feita
pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e
serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda
às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco e por prazo determinado.

Em outras palavras, trata-se de um instrumento econômico da Política Nacional do Meio Ambiente, que

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permite a exploração econômica dos subsídios florestais, desde que de forma sustentável, e em observância
ao plano de manejo elaborado e às normas editadas pelo Poder Legislativo.

Isto é, nos termos do art. 14, Lei n° 11.284/06, a concessão florestal terá como objeto a exploração de
produtos e serviços florestais, contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública,
com perímetro georreferenciado, registrada no respectivo cadastro de florestas públicas e incluída no lote
de concessão florestal.

Destaca-se, contudo, que apesar de a concessão florestal ter por objeto essa exploração dos bens e serviços
florestais, contratualmente especificados, é vedada a outorga de direitos referentes (1) a titularidade
imobiliária ou preferência em sua aquisição; (2) acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e
desenvolvimento, bioprospecção ou constituição de coleções; (3) uso dos recursos hídricos acima do
especificado como insignificante, nos termos da Lei n° 9.433/97; (4) exploração dos recursos minerais; (5)
exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre; (6) comercialização de créditos decorrentes da
emissão evitada de carbono em florestas naturais. É o que dispõe o art. 16, §1°, Lei n° 11.284/06.

D) CORRETA: O art. 9°, XIII, c/c arts. 9-A, 9-B, 9-C, todos da Lei n° 6.938/81, dispõe que a servidão ambiental
é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, que se configura quando o proprietário
ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, por instrumento público ou particular ou por termo
administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limita o uso de toda a sua propriedade ou de
parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão
ambiental.

Importante mencionar que a servidão ambiental poderá ser instituída de forma gratuita ou onerosa, e
poderá se dá por prazo determinado (mínimo de 15 anos) ou de forma perpétua, sendo a restrição ao uso
ou à exploração da vegetação dessa área, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.

Tratando-se de um ônus ao direito de propriedade, segundo dispõe o art. 9°-A, §4°, I, Lei n° 6.938/81, o
instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve ser objeto de averbação na matrícula do
imóvel no registro de imóveis competente. Todavia, como prevalece o entendimento de que a servidão
ambiental somente é instituída em imóveis rurais, hoje, segundo a doutrina, após o advento da Lei n°
12.651/12, que instituiu o Código Florestal, a referida averbação se dará junto à matrícula do imóvel no
Cadastro Ambiental Rural – CAR.

💡 GABARITO: C

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PROFESSOR GUSTAVO FERNANDES


E-mail: profcei.gustavofernandes@gmail.com

🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 44. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Em sentido formal ou orgânico, a expressão administração pública designa os entes que exercem a
atividade administrativa.

B) Em sentido material ou funcional, a expressão administração pública designa a própria função


administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo.

C) Em sentido amplo, a Administração Pública objetiva compreende tanto a função política quanto a
função administrativa.

D) A função introversa da Administração Pública refere-se à atividade-fim da Administração, que objetiva


atender interesses públicos primários em benefício direto dos cidadãos.

💡 GABARITO COMENTADO

A e B) CORRETAS: Consoante a doutrina, sob a presente perspectiva, são dois os sentidos para a expressão
Administração Pública:

(a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico: “designa os entes que exercem a atividade administrativa;
compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que
se triparte a atividade estatal: a função administrativa” (DI PIETRO, 2019, p. 74).

(b) em sentido objetivo, material ou funcional: “designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes;
nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente,
ao Poder Executivo” (DI PIETRO, 2019, p. 74).

C) CORRETA: Também costuma-se diferenciar um sentido amplo e um sentido estrito para a Administração
Pública (DI PIETRO, 2019, p. 74):

(a) em sentido amplo, a Administração Pública subjetiva compreende tanto os órgãos governamentais,
supremos (Governo), que têm a incumbência de planejar, traçar os planos de ação, fixar os objetivos do
Estado, como também os órgãos administrativos, subordinados, que executam os planos governamentais.
No aspecto objetivo, a Administração Pública em sentido amplo compreende a função política e a função

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administrativa;

(b) em sentido estrito, a Administração Pública engloba apenas os órgãos administrativos (no aspecto
subjetivo) e somente a função administrativa (no aspecto objetivo), excluindo-se, portanto, os órgãos
governamentais e a função política.

D) INCORRETA: Uma última classificação está intimamente relacionada ao objeto do Direito Administrativo.
Com efeito, parcela da doutrina procura diferenciar a função administrativa segundo a sua abrangência:

(a) Função externa (extroversa): refere-se à atividade-fim da Administração Pública, que objetiva atender
interesses públicos primários em benefício direto dos cidadãos (CARVALHO, 2019, p. 34). A gestão externa
dos interesses dos administrados conforma a administração extroversa.

(b) Função interna (introversa): atine à atividade-meio da Administração Pública, que atende as
necessidades da coletividade apenas de forma indireta, já que busca primordialmente concretizar
o interesse da própria máquina administrativa (interesse público secundário). Diz respeito a normas e
ações que tratam do pessoal, dos bens e da estrutura organizacional da Administração (CARVALHO, 2019,
p. 35). Como condição para desempenhar a gestão externa dos interesses dos administrados, o Estado deve
satisfazer seus próprios interesses institucionais, instrumentais, que, ao atenderem à gestão interna de seu
pessoal, conformam a administração introversa.

A questão erra por inverter os conceitos.

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 45. De acordo com as disposições da Lei n.º 9.986/00, em especial a partir das alterações
promovidas pela Lei n.º 13.848/2019, julgue os itens a seguir:

I – O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada de Agência Reguladora perderá o mandato,


entre outras hipóteses, em caso de condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em
processo administrativo disciplinar.

II – O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada de Agência Reguladora perderá o mandato,


entre outras hipóteses, caso exerça qualquer outra atividade profissional, ressalvado o exercício do
magistério, havendo compatibilidade de horários.

III – É vedado ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada da Agência Reguladora emitir
parecer sobre matéria de sua especialização, ainda que em tese, ou atuar como consultor de qualquer
tipo de empresa.

IV – É vedado ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada da Agência Reguladora participar

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de sociedade simples ou empresária ou de empresa de qualquer espécie, na forma de controlador, diretor,


administrador, gerente, membro de conselho de administração ou conselho fiscal, preposto ou mandatário.

A) Estão corretos todos os itens.

B) Estão corretos os itens I e III, somente.

C) Estão corretos os itens III e IV, somente.

D) Está correto o item I, somente.

💡 GABARITO COMENTADO

I) CORRETA: A Lei 9.986/00 traz algumas previsões gerais importantes sobre a gestão de recursos humanos
das agências reguladoras. O tema se mostra ainda mais importante por conta de alterações recentes
promovidas pela Lei 13.848/2019.

Pelo art. 9º, o membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada somente perderá o mandato:

I - em caso de renúncia;

II - em caso de condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em processo administrativo


disciplinar;

III - por infringência de quaisquer das vedações previstas no art. 8º-B desta Lei.

II) CORRETA: O inciso III do art. 9º da Lei 9.986/00, visto acima, conjugado com o art. 8º-B, II, fundamenta o
acerto do item.

III e IV) CORRETAS: É o que consta do art. 8º-B: Ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada
é vedado:

I - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas;

II - exercer qualquer outra atividade profissional, ressalvado o exercício do magistério, havendo


compatibilidade de horários;

III - participar de sociedade simples ou empresária ou de empresa de qualquer espécie, na forma de


controlador, diretor, administrador, gerente, membro de conselho de administração ou conselho fiscal,
preposto ou mandatário;

IV - emitir parecer sobre matéria de sua especialização, ainda que em tese, ou atuar como consultor de
qualquer tipo de empresa;

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V - exercer atividade sindical;

VI - exercer atividade político-partidária;

VII - estar em situação de conflito de interesse, nos termos da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.

💡 GABARITO: A

QUESTÃO 46. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) Atos negociais são atos ampliativos por meio dos quais a Administração Pública concede direitos a
particulares, sempre em virtude de requerimento destes, não podendo ser conferidos de ofício.

B) Autorização é o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração confere ao


particular a faculdade de desempenhar uma atividade material, ou a faculdade de usar privativamente um
bem público, a título precário, ou por meio do qual delega ao particular a exploração de serviço público.

C) A licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração confere ao particular
que preenche os requisitos legais a faculdade de exercer uma atividade. Se o interessado preenche os
requisitos legais para a concessão da licença, tem ele direito a obtê-la.

D) Por se tratar de ato vinculado, não é possível a revogação, pelo Poder Público, de qualquer tipo de
licença.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Atos negociais são aqueles atos ampliativos por meio dos quais a Administração Pública
concede direitos a particulares, em virtude de requerimento destes. Não se confundem com os contratos,
pois emanam de vontade unilateral do Poder Público.

Essa declaração unilateral da Administração é coincidente com a pretensão do particular, tendo por objetivo,
como dito, a atribuição de certos direitos e vantagens ao interessado.

Segundo CARVALHO FILHO (2019, p. 147), possuem três características básicas: 1) decorrem de anuência
do Poder Público para que o interessado pratique certa atividade; 2) nunca são conferidos de ofício; 3) são
sempre necessários para legitimar a atividade a ser desempenhada pelo interessado.

B) CORRETA: Os principais atos negociais são a autorização, a permissão e a licença, formalizadas por meio
de alvará.

A autorização é o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração confere ao particular
a faculdade de desempenhar uma atividade material (autorização como ato de polícia, como a autorização

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para portar arma de fogo, embora a lei utilize o nome “licença”), ou a faculdade de usar privativamente um
bem público, a título precário (autorização de uso) ou por meio do qual delega ao particular a exploração de
serviço público (autorização de serviço público).

C) CORRETA: De fato, a licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração confere
ao particular que preenche os requisitos legais a faculdade de exercer uma atividade. Cabe à autoridade tão
somente verificar se, em dado caso concreto, foram preenchidos os requisitos exigidos por lei e, em caso
afirmativo, expedir o ato, sem qualquer discricionariedade. Os exemplos clássicos são a licença para dirigir
veículos automotores e a licença para construir.

Conforme aponta CARVALHO FILHO (2019, p. 147-8), “se o interessado preenche os requisitos legais para a
concessão da licença, tem ele direito a obtê-la, e, se houver denegação, admissível será até mesmo mandado
de segurança para superar o abuso (art. 5º, LXIX, CF)”. O mesmo é válido para a omissão em expedir o alvará
de licença.

D) INCORRETA: Em relação à licença para construção, a doutrina e a jurisprudência entendem que, não
obstante seja ato vinculado, a sua revogação pelo Poder Público é possível, desde que justificada por razões
de interesse público supervenientes, sendo cabível a indenização ao particular pelos prejuízos comprovados
(STJ, REsp 1.011.581/RS, j. 20.8.08; STF, RE 105.634, j. 20.9.85).

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 47. Assinale a alternativa CORRETA:

A) É pacífico tanto no STF quanto no STJ que é inviável a aplicação da pena de cassação de aposentadoria
no âmbito da ação de improbidade administrativa.

B) Para o STJ, a decisão de recebimento da petição inicial da ação de improbidade pode fundamentar-se
no princípio do in dubio pro societate.

C) Segundo firmou o STJ, na ação de improbidade administrativa, as sanções de suspensão de direitos


políticos e de proibição de contratar com o Estado ou receber incentivos fiscais e creditícios podem ser
fixadas aquém do mínimo legal, se totalmente favoráveis ao réu as circunstâncias do fato.

D) Segundo o STJ, na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento
da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as
demais sanções previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/1992.

💡 GABARITO COMENTADO

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A) INCORRETA: Apesar de essa posição ser encontrada no âmbito do STJ (EREsp 1.496.347, j. 24.02.21), a
1ª Turma do STF decidiu recentemente pela constitucionalidade da conversão da pena de perda do cargo
público em cassação de aposentadoria, no âmbito da ação de improbidade administrativa. (ARE 1321655
AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 23/08/2021).

B) INCORRETA: No REsp 1.570.000-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, Primeira
Turma, por maioria, julgado em 28/09/2021 (Informativo 711), o STJ assentou que a decisão de recebimento
da petição inicial da ação de improbidade não pode limitar-se ao fundamento de in dubio pro societate.

Constou que a decisão de recebimento da petição inicial, incluída a hipótese de rejeição, deve ser adequada
e especificamente motivada pelo magistrado, com base na análise dos elementos indiciários apresentados,
em cotejo com a causa de pedir delineada pelo Ministério Público. Essa postura é inclusive reforçada,
atualmente, pelos arts. 489, § 3º, e 927 do CPC/2015.

Nessa linha, convém anotar que a decisão de recebimento da inicial da ação de improbidade não pode
limitar-se à invocação do in dubio pro societate, devendo, antes, ao menos, tecer comentários sobre os
elementos indiciários e a causa de pedir, ao mesmo tempo que, para a rejeição, deve bem delinear a situação
fático-probatória que lastreia os motivos de convicção externados pelo órgão judicial.

C) INCORRETA: O STJ já decidiu que as sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar
com o Estado ou receber incentivos fiscais e creditícios não podem ser fixadas aquém do mínimo legal (REsp
1.582.014/CE, j. 7.4.16 – Info 581).

D) CORRETA: O Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido de que “a declaração da


prescrição das sanções aplicáveis aos atos de improbidade administrativa não impede o prosseguimento
da demanda quanto à pretensão de ressarcimento dos danos causados ao erário” (REsp 1.331.203/DF, Rel.
Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe de 11/04/2013). Mais recentemente, no REsp 1.899.455-AC
(Informativo 710), o Tribunal renovou o entendimento: “Na ação civil pública por ato de improbidade
administrativa é possível o prosseguimento da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário,
ainda que sejam declaradas prescritas as demais sanções previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/1992.”

💡 GABARITO: D

QUESTÃO 48. A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a


terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, imputáveis
aos agentes públicos, abarcando, inclusive, comportamentos lícitos desses agentes.

B) A teoria do risco administrativo, como fundamento da responsabilidade estatal, fulmina a ideia de

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culpa e passa a se basear na configuração do nexo de causalidade.

C) A teoria da culpa do serviço ou culpa administrativa possibilita a configuração da responsabilidade


objetiva do Estado, decorrendo do fato de o serviço não ter funcionado, ter funcionado intempestivamente
ou ter funcionado mal.

D) Pela teoria do risco integral, a responsabilidade estatal é objetiva e não há causas que a excluem.

💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A responsabilidade civil é o fenômeno jurídico que impõe à Administração Pública a obrigação
de compor o dano causado a terceiros por agentes públicos, no desempenho de suas atribuições ou a
pretexto de exercê-las (MEIRELLES, 2016, p. 779).

Não apenas quando exerce a função administrativa, mas também, excepcionalmente, quando pratica as
funções legislativa e jurisdicional, o Estado, pessoa jurídica que é, pode ser responsabilizado quando, por
ações ou omissões, praticar ato ilícito ou, ainda que lícito, causar ônus maior do que o imposto aos demais
membros da sociedade (violação ao princípio da isonomia).

Em suma, na breve síntese de DI PIETRO (2019, p. 821), a responsabilidade extracontratual do Estado


“corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos
comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”.

B) CORRETA: Em determinado momento, ganhou força a teoria do risco – que fundamenta a responsabilidade
objetiva do Estado –, reconhecida constitucionalmente no Brasil em 1946 (art. 194). A teoria do risco decorre
do reconhecimento da maior força jurídica, política e econômica do Estado, com suas prerrogativas. Diante
dessa constatação, CARVALHO FILHO (2019, p. 598) ensina: “(...) passou-se a considerar que, por ser mais
poderoso, o Estado teria que arcar com um risco natural decorrente de suas numerosas atividades: à maior
quantidade de poderes haveria de corresponder um risco maior. Surge, então, a teoria do risco administrativo,
como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado”. O risco e a solidariedade social são os suportes
desta doutrina. Não mais se exige a falta do serviço, mas o fato do serviço (MEIRELLES, 2016, p. 781).

A ideia de culpa é fulminada pela de nexo de causalidade. Não mais interessa se o serviço funcionou bem ou
mal, mas apenas se foi praticado um ato por um agente do Estado (conduta) que causou dano ao particular
(anormal e específico) (DI PIETRO, 2019, p. 825), havendo nexo de causalidade entre o ato e o dano.

C) INCORRETA: Pela teoria da culpa do serviço (faute du service) ou culpa administrativa, a responsabilidade
ocorre não em razão da culpa individual do agente público, mas do fato de o serviço não ter funcionado, ter
funcionado intempestivamente ou ter funcionado mal. Embora a responsabilidade seja independente de
dolo ou culpa do agente público, não se pode falar que é objetiva, porque o lesado ainda terá de demonstrar

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a inadequação do serviço devido ou prestado pelo Estado (culpa anônima). Conforme explica MEIRELLES
(2016, p. 781), “esta teoria ainda pede muito da vítima, que, além da lesão sofrida injustamente, fica no
dever de comprovar a falta do serviço para obter a indenização”.

Por isso, o erro da questão.

D) CORRETA: Teoria do risco integral: a responsabilidade é objetiva e não há causas que a excluem. O ente
público é reputado garantidor universal. Segundo parte da doutrina, é abandonada na prática, por conduzir ao
abuso e à iniquidade social (MEIRELLES, 2016, p. 782), mas entende-se que está prevista, excepcionalmente,
para os casos de danos causados por acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei 6.453/77),
nas hipóteses de danos derivados de atos terroristas ou de guerra (Leis 10.309/01 e 10.744/03) e em casos
de dano ambiental (STJ, REsp 1.374.284-MG, j. 27.8.14; AgInt no AREsp 1.461.332/ES, j. 29.10.19).

💡 GABARITO: C

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