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SATOSHI NAKAMOTO:
A HISTÓRIA MAL CONTADA
Relatório Mensal 10/2022
RELATÓRIO MENSAL
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O GRANDE MARCO DA
DESCENTRALIZAÇÃO
“O único caminho para controlar o caos e a complexidade é abrindo-
se mão de parte do controle” - Gyan Nagpal.
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O GRANDE MARCO DA
DESCENTRALIZAÇÃO
Se eu tivesse que escolher uma única palavra para definir o trabalho de Satoshi,
eu diria que essa palavra seria “descentralização”: a essência da sua raiz, e a sua
grande contribuição para um mundo que carece desesperadamente de mais
confiança, ou mesmo do resgate de uma confiança há tempos perdida…
Neste caso, talvez seja a confiança nos governos, que têm se mostrado
incapazes de endereçar as novas ondas de desigualdade e convulsão social; ou a
confiança nos bancos, que reforçam, ampliam, e exploram esta desigualdade em
intermináveis ciclos de manipulação e extração econômica; ou ainda, quem sabe,
não estejamos falando da própria confiança que nos atrela uns aos outros,
enquanto competimos neste grande tabuleiro de “Banco Imobiliário” que se
tornou a vida humana no planeta Terra.
RELATÓRIO MENSAL
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O QUE É BITCOIN?
“Desculpe o balde de água-fria… Mas escrever uma descrição dessa
‘coisa’ para o público geral é uma tarefa muito difícil” – Satoshi
Nakamoto, sobre o Bitcoin (2010).
E após muito pensar para encontrar um jeito de explicar o Bitcoin sem falar em
meios de pagamento ou em reservas de valor, finalmente cheguei à seguinte
definição:
Eu sei que foi muita coisa de uma vez só, mas para facilitar vamos dividir essa
definição por partes…
RELATÓRIO MENSAL
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O QUE É BITCOIN?
UMA FERRAMENTA GLOBAL DE CONTABILIDADE
O Bitcoin pode ser imaginado como uma planilha digital que registra diversas
carteiras, cada uma das quais tendo o seu próprio saldo.
É por isso que muitas vezes vemos o Bitcoin ser explicado como algum tipo de
“ledger”, que se traduz para o português em “livro-razão”, ou um registro de
transações e consolidação de valores. Livros-razão são uma ferramenta
fundamental para a organização humana, e quase tão antigos quanto a arte da
escrita.
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O QUE É BITCOIN?
DE LIVRE ACESSO E OPERAÇÃO
O Bitcoin não é um livro-razão escrito, mas sim uma versão digital que funciona
como um sistema computadorizado, disponível para acesso através da internet.
Uma das principais características deste sistema é que ele não filtra ou censura
as atividades dos seus usuários, estando disponível para qualquer um que
queira criar uma carteira e interagir, seja recebendo ou enviando BTCs para outras
carteiras.
Ao mesmo tempo, o Bitcoin também não é mantido por uma entidade central,
como o serviço de e-mails da Google, ou as redes sociais que conhecemos como
Instagram e Facebook, nem por um banco privado como seria o caso dos serviços
de internet banking do Itaú, da Caixa Econômica ou do Branco do Brasil.
Por funcionar deste jeito, o Bitcoin consegue garantir que qualquer um que deseje
interagir com a rede tenha essa possibilidade, uma vez que não tendo um ponto
central de operação, fica impossível coordenar ações como sanções, censuras ou
falsificações no nível dos operadores.
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O QUE É BITCOIN?
DE LIVRE ACESSO E OPERAÇÃO
Aliás, você sabia que esse não é o primeiro título que o Satoshi pensou para o
artigo do Bitcoin? Vamos abordar essa curiosidade e muitas outras logo mais!
RELATÓRIO MENSAL
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O QUE É BITCOIN?
CONFIÁVEL E TRANSPARENTE
Isto é ótimo! Mas um novo problema que surge é saber se estes operadores
todos irão de fato cooperar entre si, ou se irão tentar sabotar uns aos outros, a
fim de tirarem o melhor proveito para si próprios, mesmo que isso signifique
prejudicar a rede e os seus usuários.
O mais importante sobre essa dinâmica de recompensas é saber que ela cria um
“jogo econômico”, onde o comportamento honesto destes operadores junto à
rede oferece mais incentivos financeiros do que os lucros que poderiam ser
obtidos através de uma fraude.
“O valor que pode ser roubado deverá ser sempre menor do que o
esforço requerido para roubá-lo”.
Isso cria uma situação única, onde a confiança que normalmente deveria ser
atribuída a boa-vontade e ao caráter dos operadores do sistema se torna
desnecessária. Mesmo os operadores que poderiam se tornar corruptos não irão
atuar contra a rede, já que isso significaria prejuízo certo para os seus bolsos.
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O QUE É BITCOIN?
CONFIÁVEL E TRANSPARENTE
Ainda, todas as operações conduzidas neste sistema contábil, bem como todos os
saldos de todas as carteiras, são publicamente expostos e auditáveis. O código-
fonte do sistema também é aberto e pode ser conferido por qualquer um.
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O QUE É BITCOIN?
INCONFISCÁVEL, ANTI-INFLACIONÁRIA E ESCASSA
Para garantir essa proteção, claro, os usuários devem criar suas próprias
carteiras e protegerem suas “chaves privadas”, que são conjuntos de caracteres
similares a uma senha. Uma chave privada confere ao usuário o poder de assinar
as suas transações na rede, dando a legitimidade necessária para transferência
dos seus fundos, e sem a qual o dinheiro não pode ser movimentado de forma
alguma.
Como moeda, o BTC é anti-inflacionário e escasso; por uma regra fixa que limita
a emissão máxima em 21 milhões de BTC. Algo bem diferente do
comportamento de uma moeda fiduciária, como dólar ou real, cuja emissão é
ilimitada enquanto os bancos centrais dos respectivos países desejarem
“imprimir” mais dinheiro.
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O QUE É BITCOIN?
INCONFISCÁVEL, ANTI-INFLACIONÁRIA E ESCASSA
Uma vez que se entendam essas características essenciais do Bitcoin, creio que
temos melhores condições de mergulhar na história de Satoshi, levantando
algumas questões muito importantes:
• Para que Satoshi acredita que o Bitcoin deveria ou poderia vir a servir?
Alguns podem argumentar que antes seria melhor aprofundar mais a explicação
técnica do Bitcoin, esmiuçando-se todos os detalhes da rede, como o algoritmo
criptográfico SHA-256, os pormenores do mecanismo Proof-of-Work, ou quem
sabe até mesmo a clássica explicação teórica do Problema dos Generais
Bizantinos e a definição dos (não tão) complicados Ataques Sybil.
Eu entendo esse argumento, mas sinto que já estamos fazendo isso há tempo
demais…
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
“Sobre a criptografia, deve-se reconhecer que nenhuma quantidade
de violência será algum dia capaz de resolver um problema
matemático” - Jacob Appelbaum, Cypherpunks: Freedom and the
Future of the Internet (2016).
O primeiro deles foi o livro “Admirável Mundo Novo”, escrito por Aldous Huxley e
publicado em 1932, e o segundo foi “1984”, escrito por George Orwell e publicado
em 1949.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Abaixo, uma tabela de comparação entre Orwell e Huxley:
Orwell temia que a verdade fosse Huxley temia que a verdade fosse
ocultada da população esvaída pelo ralo da irrelevância
Orwell temia que o medo nos Huxley temia que o desejo nos
arruinasse arruinasse
Ainda assim, para que o futuro de ambos pudesse se concretizar, ainda havia uma
peça tecnológica que estava faltando: uma infraestrutura de comunicação capaz
de atuar em massa, conectando em tempo real todas as pessoas e aparelhos,
em todos os lugares.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Inicialmente desacreditada por críticos da época, e inclusive comparada a uma
máquina de fax, a Internet ainda levou mais uns 20 anos para que fosse
realmente levada a sério pelo grande público, subitamente catapultando a
humanidade rumo à era da informação.
80%
60%
20%
0%
1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014
Ainda assim, desde o final dos anos 80, e bem antes do grande público ser
tomado de surpresa pela explosão da internet, já havia um seleto grupo de
pensadores (incluindo matemáticos, economistas, hobbistas da computação,
hackers e engenheiros eletrônicos) que se preocupava gravemente com os
rumos que esta nova invenção poderia tomar.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Um destes pensadores foi Phil Salin, um economista e hobbista de computação
que se dedicou a estudar as possibilidades de como evoluir as ciências
econômicas através do uso dos computadores.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Outra curiosidade é que foi na AMIX onde se criaram os primeiros rudimentos do
que conhecemos hoje como sistemas de avaliação e reputação que são utilizados
em plataformas como Uber e iFood.
May também era um libertário por natureza, mas sendo mais radical ele
enxergou na AMIX uma séria limitação, uma vez que as negociações ali eram
muito transparentes e abertas, e dependendo do que viesse a ser negociado a
privacidade poderia ser um fator desejável, ou até mesmo necessário.
Na visão de Tim May, a AMIX deveria evoluir a fim de se tornar “um meio
tecnológico para minar o poder de todos governos”.
Para tanto, ele considerou o uso de técnicas de criptografia como uma forma de
garantir que as transações da plataforma passassem a ser privadas, anônimas e
imunes a possíveis esforços de espionagem e intervenção do governo; ele
chamou esta nova versão de “BlackNet”.
Mais tarde, Tim May veio a escrever o famoso “Manifesto Cripto Anarquista” e a
fundar o grupo de e-mails dos “Cypherpunks”, tornando-se assim o pai do
movimento Cypherpunk, no início nos anos 90.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Abaixo, uma tabela de comparação entre os “High-Tech Hayekians” e os
“Cypherpunks”:
A tecnologia pode ser utilizada para A tecnologia pode ser utilizada como
implementar mercados mais arma de resistência que garanta a
eficientes, mesmo que ainda sujeitos liberdade dos indivíduos e evada
à algum tipo de regulação regulações
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Só não estamos falando de qualquer tipo de criptografia, mas sim de um tipo
particular chamado de “encriptação assimétrica”, que foi inventada em 1976 e
evoluída até se tornar um padrão inquebrável e indecifrável por qualquer
computador que a humanidade possua ou possa construir (pelo menos até a
chegada dos computadores quânticos).
Basta lembrar que a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial foi
assegurada em boa parte pelos esforços de Alan Turing — o “Pai da Computação”
— que quebrou a criptografia comum utilizada nas comunicações da Alemanha
Nazista, no ano de 1943.
Enigma, a máquina criada por Alan Turing para quebrar a criptografia Nazista
RELATÓRIO MENSAL
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Temendo as implicações de um sistema de criptografia inquebrável nas mãos de
pessoas comuns, o governo americano conduz desde 1977 o que se chama de
“As Guerras Cripto”, que são diversas investidas contra pesquisadores e
empresas que têm contribuído neste ramo de tecnologia.
Alguns exemplos são o cientista Mark S. Miller, que distribuiu várias cópias de um
artigo descrevendo o funcionamento da criptografia assimétrica sob o risco de
ir preso, ou o desenvolvedor Phil Zimmermann, que foi investigado pelo governo
após criar o software de criptografia PGP, que hoje é utilizado para proteger
bancos e instituições financeiras ao redor do mundo inteiro.
Mesmo tendo perdido a maior parte das batalhas, até hoje o governo americano
ainda luta para exercer mais poder sobre a criptografia. Em Outubro de 2022,
por exemplo, o Departamento de Justiça dos EUA emitiu um comunicado
apelando para que empresas de tecnologia não utilizem criptografia ponta-a-
ponta em seus produtos, a fim de que as forças da lei possam solicitar
informações pessoais em casos de investigação.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Tim May e os Cypherpunks já estavam muito cientes destas implicações quando
decidiram escolher a criptografia assimétrica e as ciências socioeconômicas como
algumas das suas principais ferramentas de ativismo.
Uma das premissas do movimento, por sua vez, era a criação de algum tipo de
ferramenta que desse mais poder e liberdade para as relações humanas
individuais, ou “ponto-a-ponto”. E do mesmo jeito que a internet havia criado o
livre fluxo de informações, eles chegaram a conclusão que um dinheiro digital,
criptográfico e anônimo seria necessário para criar o livre fluxo de riquezas.
Desta premissa é que emergiram alguns dos grandes nomes que marcaram o
mundo cripto. Ativistas contemporâneos de Satoshi e que contribuíram de forma
significativa para a criação do Bitcoin, figurando como seus predecessores e/ou
colaboradores.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
David Chaum (DigiCash) - 1989
David foi um dos pioneiros em utilizar encriptação assimétrica para criar uma
moeda digital com transações privadas e anônimas, chamada DigiCash e depois
eCash. Sediada em Amsterdam, a empresa teve problemas com o governo dos
EUA e o banco central da Holanda, sendo impedida de atuar com o varejo e
eventualmente falindo em 1998.
Curiosidade: Adam Back hoje é CEO da Blockstream, uma empresa que presta
serviços e desenvolve produtos relacionados à rede do Bitcoin, como uma
implementação da Lightning Network.
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Wei Dai (B-Money) - 1998
B-Money foi uma proposta teórica realizada pelo estudante de graduação da Wei
Dai, da Universidade de Washington.
Outra proposta interessante no BitGold, é que a rede seria mantida por um grupo
de operadores obrigado a solucionar equações matemáticas como prova de
trabalho para poderem atualizar uma lista encadeada de transações, chamada
“registry”, mas que se comporta de forma muito similar a uma “blockchain”. Do
mesmo jeito que o B-Money, o BitGold nunca chegou a ser implementado.
RELATÓRIO MENSAL
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CYPHERPUNKS: A PRÉ-HISTÓRIA
DO BITCOIN
Hal Finney (RPOW) - 2004
Inspirado pelos trabalhos de Adam Back, Wei Dai e Nick Szabo, Finney foi o
primeiro cypherpunk a juntar várias destas ideias diferentes e de fato
implementar um protótipo funcional, chamado RPOW ou “Reusable Proof-of-
Work”.
O RPOW ainda tinha suas próprias limitações, sendo a primeira que ele não tinha
um limite máximo de tokens, estando sujeito a inflação, e segunda que sua
operação ainda dependia, até certo ponto, de um servidor centralizado.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
“Nos últimos 20 anos, as técnicas básicas para se realizar toda
sorte de coisas que pareciam impossíveis acabaram de surgir.
Coloque-as em prática!” – Matt Blaze, membro da comunidade
Cypherpunk
Foi justamente em Outubro deste ano que Satoshi Nakamoto, uma figura até
então desconhecida, decidiu anunciar pela primeira vez a sua proposta para uma
moeda global e descentralizada, em um e-mail publicado para um grupo de
criptógrafos com o título “Bitcoin P2P e-cash paper”, no dia 31 de Outubro de
2008.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
22/08/2008 – SATOSHI MANDA E-MAIL PRIVADO PARA WEI DAI
Muito embora alguns achem que o Bitcoin surgiu como uma resposta à crise de
2008, o fato é que Satoshi já vinha trabalhando nele desde 2007, de forma
completamente anônima e desconhecida do mundo.
É curioso notar que a indicação para o contato de Wei Dai veio por Adam Back,
idealizador do HashCash. Tudo indica que Satoshi desconhecia o protocolo B-
Money, muito embora estivesse claramente inspirado por outros protocolos que
vieram depois dele e que já haviam incorporado suas ideias. Ainda assim, Satoshi
fez questão de pegar as informações com Wei Dai para citar o seu trabalho.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
22/08/2008 – SATOSHI MANDA E-MAIL PRIVADO PARA WEI DAI
Outra curiosidade é que Satoshi revela para Wei o título provisório do white-
paper do Bitcoin, que até o momento era “Electronic Cash Without a Trusted Third
Party”, e não “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”.
Possivelmente Satoshi ainda não havia bolado o nome Bitcoin até aquele
momento, ou não queria revelá-lo antes da hora. Para quem se interessar, aqui é
possível revisar todas as diferenças entre a versão que Satoshi enviou para Wei
Dai sem menção ao Bitcoin e a versão final que foi publicada depois.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
31/10/2008 – SATOSHI ENVIA 1º E-MAIL PÚBLICO
Uma delas foi Hal Finney, o criador do protocolo RPOW e ativista cypherpunk.
Finney fez uma longa lista de perguntas a Satoshi, eventualmente passando a se
tornar um dos colaboradores mais próximos de Satoshi no início do Bitcoin.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
03/01/2009 – SATOSHI LANÇA A 1ª VERSÃO DO BITCOIN
A capa do jornal daquele dia indicava que um segundo resgate aos bancos
poderia ser feito.
Neste e-mail Satoshi explica que só haverá 21 milhões de moedas, e que muito
embora a mineração seria iniciada de forma muito fácil, ela ficaria cada vez mais
difícil no futuro.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
11/01/2009 – HAL FINNEY COLOCA EM EXECUÇÃO UM NÓ
Três dias depois do lançamento da versão 0.1, Hal Finney já havia colocado em
execução um dos primeiros nós de mineração — senão o primeiro — de toda a
história da rede do Bitcoin, além daquele que o próprio Satoshi executava:
Esta foi a primeira ocasião em que Satoshi decidiu anunciar o Bitcoin fora do
circuito fechado da lista de e-mails “Cryptographers”, fazendo um post no fórum
P2P, um ambiente de discussão dedicado à promoção e ao estudo das
tecnologias ponto-a-ponto.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
11/02/2009 – SATOSHI ANUNCIA O BITCOIN NO FÓRUM P2P
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
15/08/2010 – 1º PROBLEMA GRADE DO BITCOIN
Um alerta foi feito no fórum do Bitcoin pelo desenvolvedor Jeff Garzik, que
colocou a comunidade em um estado frenético, enquanto todos os envolvidos
corriam para entender o que havia acontecido e buscar uma solução antes que
fosse tarde demais.
Nesse caso, foi o próprio Satoshi quem tomou a frente, publicando uma versão
corrigida do software do Bitcoin em menos de 5 horas, e convocando a
comunidade a atualizar os seus nós de mineração.
Esse foi um de dois incidentes em que a rede do Bitcoin fora do ar, uma vez que
todos os nós de mineração tiveram que ser desligados enquanto a atualização
estava em andamento.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
27/09/2010 – DESENVOLVEDORES QUESTIONAM O SATOSHI
• Gavin Andresen: Satoshi é o guardião da porta, todo o código passa por ele.
Em outubro de 2010, Satoshi deu acesso direto para que Gavin Andresen pudesse
modificar o código do Bitcoin sem que sua permissão fosse mais necessária,
sendo essa uma etapa fundamental a ser cumprida antes que ele pudesse deixar
a liderança do projeto.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
10/11/2010 – WIKILEAKS E DOAÇÕES EM BITCOIN
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
10/11/2010 – WIKILEAKS E DOAÇÕES EM BITCOIN
Ainda assim, já era tarde demais para o apelo de Satoshi, já que um artigo na
revista PC World foi publicado em menos de uma semana, relacionando a
Wikileaks com o Bitcoin.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
12/12/2010 – A ÚLTIMA COMUNICAÇÃO PÚBLICA DE SATOSHI
No dia 12 de dezembro de 2010 Satoshi postou pela última vez no Bitcoin Fórum,
lançando a versão 0.3.19 do Bitcoin, e deixando algumas poucas orientações
técnicas para serem trabalhadas na próxima versão.
Na semana seguinte, Gavin Andresen fez uma nova postagem, dizendo que
possuía “as bênçãos" de Satoshi para continuar o desenvolvimento do Bitcoin,
assumindo um papel mais ativo no gerenciamento do projeto.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
26/04/2011 – A ÚLTIMA COMUNICAÇÃO PRIVADA DE SATOSHI
De acordo com e-mails privados que Gavin Andresen forneceu para uma
reportagem de Pete Rizzo, Satoshi haveria dito em janeiro de 2011 para que
Andresen se tornasse mais ativo na comunicação com o público, uma vez que o
Satoshi “não queria se relacionar com a mídia”, e que Andresen seria a “melhor
pessoa para dar entrevistas”.
RELATÓRIO MENSAL
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A LINHA DO TEMPO DE
SATOSHI NAKAMOTO
26/04/2011 – A ÚLTIMA COMUNICAÇÃO PRIVADA DE SATOSHI
Em 26 de Abril de 2011, Satoshi escreve para Andresen, no que seria sua última
comunicação privada e confirmada, dizendo:
“Eu gostaria que você não continuasse se referindo a mim como uma
figura misteriosa, a imprensa apenas distorce isso pelo ângulo de uma
moeda pirata. Talvez seja melhor falar sobre o projeto código-aberto e
dar mais crédito para os seus desenvolvedores que estão contribuindo;
isso ajuda a motivá-los”.
Andresen respondeu para Satoshi, mas não sabemos o teor da sua resposta, além
do fato de que Andresen avisou a Satoshi que havia sido convidado para falar
sobre o Bitcoin em um evento organizado pela CIA.
Último registro histórico confirmado de Satoshi, de acordo com o Nakamoto Studies Institute
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
“A raiz do problema com as moedas convencionais é toda confiança
que é exigida para que elas funcionem” - Satoshi Nakamoto.
Esta talvez seja uma das perguntas mais controversas envolvendo o Bitcoin, e
que com certeza gera muitas teorias, algumas mais sensatas, e outras bem mais
conspiratórias!
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
Descartando-se a possibilidade de que Satoshi Nakamoto seja um alienígena,
um viajante do tempo, ou mesmo a segunda vinda de Jesus, os candidatos mais
prováveis seriam alguns dos cypherpunks envolvidos na história do Bitcoin.
Alguns especularam ainda que Satoshi poderia ser Elon Musk, mas Elon, por sua
vez, acredita que Satoshi seja na verdade o cypherpunk Nick Szabo. Já Vitalik
Buterin, criador da Ethereum, acredita que a real identidade do criador do Bitcoin
seja o seu primeiro aliado público, Hal Finney.
Outros acreditam que Satoshi possa ter sido um grupo de pessoas que criou o
pseudônimo para se proteger de possíveis retaliações contra a sua criação,
possivelmente um ou mais dos cypherpunks notórios fazendo parte deste
coletivo.
Até hoje, não sabemos se isto foi uma pegadinha dos Cypherpunks ou do próprio
Hal Finney, que realmente seria
Satoshi, ou uma grande piada
cósmica, uma vez que Dorian
não tinha quaisquer condições
de realmente ser o Satoshi
Nakamoto, criador do Bitcoin.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
Dois anos depois, em 2016, Craig Wright, um cientista da computação que
trabalhou em projetos cripto, alegou ser Satoshi Nakamoto. Porém, a
comunidade como um todo, e em especial diversos representantes do movimento
Cypherpunk, rejeitaram suas alegações.
Ao ser desafiado a
movimentar algum dos BTCs
originais minerados por
Satoshi, Craig se mostrou incapaz de
fazê-lo, alegando que havia esmagado os
discos rígidos que mantinham as chaves
privadas das antigas carteiras.
Ao meu ver, a melhor maneira de responder a essa pergunta é voltar aos escritos
de Satoshi, e procurar entender como ele pensava e o que ele teve para dizer
enquanto atuou com o seu pseudônimo.
A fim de buscar melhor estes insights, separei alguns momentos ilustres onde
Satoshi se manifestou, compartilhando suas opiniões e pensamentos.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
SATOSHI EXPLICANDO BITCOIN PARA OS 1º INTERESSADOS
Mike Hearn foi um dos primeiros curiosos a indagar Satoshi sobre o Bitcoin, e
acabou eventualmente colaborando como um dos primeiros programadores do
projeto.
Aqui Satoshi deixa claro que apesar de ter criado Bitcoin com o propósito de ser
um meio de pagamento não centralizado, ele considerava que o futuro do projeto
estava em aberto, inclusive um futuro onde cada Bitcoin valeria muito mais que
um dólar.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
SATOSHI EXPLICANDO BITCOIN PARA OS 1º INTERESSADOS
Algo assim nunca chegou a ser implementado, mas quando vemos hoje a
polêmica em torno da Ethereum considerando transações reversíveis e todas as
críticas feitas por Bitcoin Maximalistas, é como se ninguém soubesse que o
próprio Satoshi considerava isto algo razoável a ser oferecido nos primeiros dias
do Bitcoin.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
A 1ª DISCUSSÃO SOBRE O MODELO ECONÔMICO DO BITCOIN
Nesta época ainda não haviam corretoras globais com livros de ofertas para
negociar Bitcoin, então Satoshi discutia com a comunidade que o preço do Bitcoin
deveria estar de algum modo atrelado ao custo dos mineradores.
Do mesmo jeito que uma commodity como soja ou milho exige um esforço para
ser produzida, e só será produzida se der lucro, Satoshi acreditava que a atividade
de mineração de Bitcoin precisava dar lucro para os mineradores, caso contrário
a mineração diminuiria e a rede se tornaria menos segura.
Esta é uma discussão relevante até os dias de hoje, enquanto alcançamos uma
máxima história de mineração em BTC, ao mesmo tempo em que os mineradores
estão obtendo cada vez menos lucros com a atividade.
“No futuro, quando a geração de novas moedas for apenas uma pequena
fração de todas as moedas já mineradas, o preço do mercado é que vai ditar o
custo da produção, e não o contrário.”
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
A 1ª DISCUSSÃO SOBRE CORRETORAS
Do mesmo jeito que de costume, Satoshi esperou que o post ganhasse atenção
suficiente, e depois fez um único comentário com a sua opinião:
“Quando houver escala o suficiente, talvez haja uma corretora que case ordens
de compra e venda diretamente dos usuários, de modo similar a como o E-Bay
funciona.”
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
OPINIÃO DO SATOSHI SOBRE BITCOINS PERDIDOS
“Eu penso que é o mesmo caso para o Bitcoin. A utilidade dos intercâmbios
que são permitidos pelo Bitcoin irão exceder em muito o custo elétrico que ele
requer. Assim, a não existência do Bitcoin é que seria o grande prejuízo.”
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
A 1ª DISCUSSÃO SOBRE TRANSAÇÕES PRIVADAS
Em agosto de 2010 o usuário “red” fez um post argumentando que seria bom que
o Bitcoin oferecesse transações privadas, uma vez que na rede tudo ainda era
público e aberto.
Essa discussão realmente deixou Satoshi interessado, tanto que ele chegou a
comentar três vezes nas discussões que se desdobraram, algo bem incomum
para o seu padrão de participação anterior.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
A 1ª DISCUSSÃO SOBRE TRANSAÇÕES PRIVADAS
“Bitcoin não tem dividendos nem potencial para futuros dividendos, então
não são como ações. São mais como um colecionável ou uma commodity.”
E de fato, hoje o Bitcoin é o único criptoativos que pode ser classificado como uma
commodity, segundo o presidente da SEC.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
SATOSHI FOLGADO E O COMPRADOR DAS PIZZAS DE BITCOIN
Muitas pessoas conhecem o fato de que alguém comprou duas pizzas em 2010
por 10 mil bitcoins, no dia que ficou eternizado como o “Bitcoin Pizza Day”.
O que menos pessoas sabem é que o comprador destas pizzas foi Laszlo
Hanycez, um dos primeiros colaboradores e programadores do Bitcoin, e que
costumava se comunicar regularmente com Satoshi.
Laslzo também foi o primeiro usuário de Bitcoin a adaptar uma placa de vídeo
para tornar a mineração mais eficiente, e o responsável pela primeira versão de
Bitcoin para Macintosh.
Em uma curiosa reportagem, Laszlo disse que Satoshi solicitava a ele que
resolvesse vários bugs e que programasse no Bitcoin, mesmo sem que ele
houvesse sido oficialmente convidado ou tivesse aceitado entrar no time de
desenvolvimento.
Laszlo compartilha ainda que achava Satoshi provocava nele uma “sensação
estranha”, e que algumas vezes deixava passar os seus pedidos; e quanto a
qualquer pergunta pessoal que Laslzo fizesse, Satoshi simplesmente as ignorava.
RELATÓRIO MENSAL
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QUEM FOI SATOSHI NAKAMOTO?
O DEPOIMENTO DE HAL FINNEY
Diagnosticado com uma doença terminal desde 2009, Hal Finney deu seu último
depoimento no fórum do Bitcoin em março de 2013, com uma emocionante carta
de despedida intitulada “Bitcoin e Eu (Hal Finney)”.
A carta inteira é bem grande para ser colocada na íntegra em um relatório que já
está extenso, mas separei aqui o que considero uma opinião muito genuína de
Hal sobre quem era Satoshi:
Hal Finney
RELATÓRIO MENSAL
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O SATOSHI HUMANO
“Visão sem ação é apenas um sonho. Ação sem visão é só passar o
tempo. Visão com ação pode mudar o mundo” - Joel A. Barker
Satoshi, seja quem tenha sido, com certeza possui um papel fundamental no
desenvolvimento do mundo cripto, mas reduzi-lo a isso seria um demérito às
suas contribuições.
Espero que o resgate deste Satoshi humano (ao invés do Satoshi mitológico) sirva
de inspiração para elevar o grau da nossa comunidade cripto; para que
possamos cada vez mais focar em trocas de ideias saudáveis e soluções reais que
transformem o mundo, ao invés de nos perdermos em rixas de moedas e
ideologias mal-informadas.
E o fato é que depois de tudo que aprendi lendo as palavras de Satoshi, não
consigo de jeito algum enxergá-lo como um Bitcoin Maximalista, e creio que
todos aqueles que estão seguindo por esse caminho, talvez não tenham ainda
compreendido como o criador daquilo que escolhem reverenciar realmente
pensava.
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O SATOSHI HUMANO
“Visão sem ação é apenas um sonho. Ação sem visão é só passar o
tempo. Visão com ação pode mudar o mundo” - Joel A. Barker
Satoshi possuía uma postura firme mas humilde, uma disposição sensata e
afiada para novas ideias, além de um inabalável temperamento que não se
deixava levar por acusações e discórdias, mas que se dedicava exclusivamente
ao resultado de sua obra.
Eu, pessoalmente, acho possível que Hal Finney tenha atuado como Satoshi, ou
pelo menos como uma parte de Satoshi. Mas, mais importante do que isso, eu
sinto que Finney foi aquele que melhor compreendeu a alma por trás do
pseudônimo — ou como o próprio Finney destacou: Satoshi mostrou, pelo tempo
que existiu como Satoshi, todos os sinais de um ser inteligente, sincero e muito
brilhante…
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O SATOSHI HUMANO
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DA MERCURIUS CRYPTO
Orlando Telles
Diretor de Research e co-fundador da Mercurius Crypto. Atua com uma
visão ampla do mercado cripto, abrangendo desde as especificações
técnicas dos protocolos até a interação econômica entre eles, com uma
forte especialidade na arquitetura de protocolos de primeira camada.
Rafael Castaneda
Bacharel em Ciências da Computação e Mestre em Sistemas e
Computação pelo IME/RJ. Atuou profissionalmente em arquiteturas de
software há mais de 20 anos. Se juntou à Mercurius em 2021 como
analista de mercado e especialista em infraestrutura de blockchains.
Nicole Haddad
Bacharel em Ciências Econômicas, durante sua graduação, adquiriu 5
anos de experiência no mercado financeiro. Passou pela Aditus
Consultoria Financeira, Itaú Unibanco, SulAmérica Investimentos e
Pipeline Tech M&A. Entusiasta desde 2015, é analista de criptoativos
desde 2021 na Mercurius Crypto.
Carlos Henrique
Estudante da FEA-USP, Carlos iniciou sua trajetória no mercado
tradicional, com análises de empresas na Prometheus Asset
Management Jr. Se juntou ao time da Mercurius em 2021, atuando como
analista de criptoativos e Head de conteúdo.
Caio Ortega
Estudante do CECS-UFABC, Caio possui uma trajetória profissional
diversa, acumulando experiências no auxílio à tomada de decisão,
confeccionando relatórios, planilhas e mapas, além de aplicativos e
bancos de dados com ferramentas low-code e softwares livres.
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utilizado. Por isso, o destinatário deste relatório deve sempre desenvolver suas próprias
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devem partir do perfil de risco do investidor.