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TUDO SOBRE O
SHANGHAI FORK
13/02/2023

DESMISTIFICANDO OS SAQUES 03.

GARGALOS DA ETHEREUM 04.

ETHEREUM PROOF-OF-STAKE 08.

SHANGHAI FORK: TO DUMP OR NOT TO DUMP? 13.

RESUMINDO... 25.

BÔNUS PARA ASSINANTES! 26.

TUDO SOBRE O SHANGHAI FORK


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O PROBLEMA
DO BITCOIN
14/03/2023

A PROPOSTA DO BITCOIN 03.

O FUNCIONAMENTO TÉCNICO DA MINERAÇÃO 07.

IMPORTÂNCIA DA RECEITA PARA A SEGURANÇA 10.

O PERIGO QUE O BITCOIN ENFRENTARÁ 13.

SOLUÇÕES PARA O BITCOIN... 17.

QUAL SERÁ O FUTURO DO BITCOIN? 20.

TUDO SOBRE O SHANGHAI FORK


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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
A PROPOSTA DO BITCOIN

O que é o Bitcoin? Para algumas pessoas, o outro


digital, para outras, a moeda do futuro. Existe até
mesmo quem diga que o Bitcoin deve servir como
uma rede para armazenar NFTs, imagens digitais
colecionáveis, como obras de arte virtuais e
únicas. Apesar dessas muitas teorias, o objetivo
do Bitcoin no momento de sua criação era esse:
substituir o sistema financeiro atual.

Satoshi Nakamoto, o criador anônimo do Bitcoin, não foi o primeiro a criticar o


sistema financeiro como conhecemos hoje. Muitos economistas acusam as
poderosas entidades que conduzem os rumos da economia de atuarem de
maneira falha ou até mesmo corrupta, e de criarem muito mais problemas do que
dizem resolver.

Supostamente entidades como governos, bancos centrais, bancos comerciais,


empresas de cartão de crédito, entre outras, seriam responsáveis por criar ciclos
de destruição na economia, em que concentrariam o dinheiro nas mãos dos
poderosos às custas da população comum.

Esse ciclo só seria possível devido ao controle centralizado da moeda e das taxas
de juros nas mãos do governo. Ou seja, Estados são capazes de criar mais
dinheiro para se beneficiarem disso às custas da geração de inflação para o
restante da população, além de alterarem as taxas de juros de curto prazo para
aquecer ou desaquecer a economia para atingir objetivos políticos próprios.

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
O ciclo de destruição baseado no poder centralizado funcionaria, de maneira
simplificada, da forma descrita abaixo. Usando como exemplo o governo dos
Estados Unidos, uma vez que o dólar é considerado a moeda global e a taxa de
juros americana a taxa-base global, sendo assim o ciclo dos Estados Unidos é o
com maior impacto no restante do mundo:

Padrão dólar permite


impressão de dinheiro
pelo governo

Resgate ao sistema,
concentração de riqueza FED define taxas de
e repetição do ciclo juros, manipulando
ciclos de mercado

Estímulo gera realização Emissão de crédito


de investimentos que artificialmente estimulada
acabam quebrando em bancos comerciais

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
Um dos maiores exemplos desse ciclo aconteceu durante a crise de 2008. Após
receberem estímulos financeiros e realizarem investimentos insustentáveis,
muitos bancos quebraram ou precisaram ser resgatados pelo governo dos
Estados Unidos. Esse acontecimento reviveu as críticas ao sistema monetário
centralizado, e foi observado pelo próprio Satoshi Nakamoto.

Uma das provas que Satoshi Nakamoto criou o Bitcoin para ser uma alternativa
ao sistema financeiro centralizado foi encontrada no primeiro bloco minerado na
rede do Bitcoin. Nesse bloco Satoshi Nakamoto inseriu a imagem abaixo, como
uma forma de crítica ao sistema. A imagem mostra uma manchete de jornalística
de setembro de 2009, anunciando que o governo realizaria um novo resgate aos
bancos devido às consequências geradas na crise de 2008.

Mensagem gravada no primeiro bloco do bitcoin por Satoshi Nakamoto

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
A maneira como o Bitcoin pretende oferecer uma alternativa ao sistema
financeiro atual é pela substituição dos entes centralizados, como governos e
bancos centrais, por uma rede de computadores centralizada e que
supostamente não pudesse ser controlada para fins corruptos.

Para fazer isso a rede do Bitcoin deve ser capaz de realizar as atividades de
emissão, custódia e transferência. Emissão significa definir quantas moedas
serão criadas, algo definido atualmente por governos e bancos centrais. Custódia
significa garantir que as moedas estarão guardadas em segurança, papel
cumprido convencionalmente pelos bancos comerciais comuns. Transferência é a
capacidade de enviar valores de uma pessoa para a outra, realizada por empresas
de cartão de crédito e outras do tipo.

Emissão

Custódia

Transferências

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
O FUNCIONAMENTO TÉCNICO DA MINERAÇÃO

Para substituir os intermediários centralizados por uma rede de computadores


descentralizada, o Bitcoin usa uma tecnologia chamada “blockchain”, uma
“corrente de blocos”. Cada um desses blocos armazena transações que foram
realizadas pelos usuários da rede, e olhando o histórico de todos os blocos
podemos saber quantos bitcoins em “saldo” cada usuário tem. Mas… como fazer
todos esses computadores concordarem sem terem um líder? Para isso existe
algo chamado “mecanismo de consenso”, que utiliza uma prova de trabalho para
garantir que os participantes da rede possuam a mesma versão da blockchain.

Novo bloco sendo minerado

A blockchain fica armazenada em muitos computadores espalhados ao redor do


mundo, e alguns desses computadores trabalham para aprovar novas transações,
eles são chamados de mineradores. Sempre que um usuário quer realizar uma
nova transação ele a envia para os mineradores em troca do pagamento de uma
taxa. O minerador seleciona as transações de vários usuários para criar um bloco,
e então começa o trabalho para tentar incluir esse bloco na corrente atual. Caso
ele consiga incluir o bloco, ele envia a nova cópia da blockchain para os outros
mineradores da rede.

Para conseguir minerar o bloco, o minerador precisar ser capaz de solucionar um


desafio matemático para descobrir um “número mágico” chamado “Nonce”. A
rede do bitcoin passa periodicamente por um ajuste de dificuldade da mineração,
para que cada bloco demore 10 minutos para ser minerado. Quanto mais poder
computacional um minerador tiver, maior é a chance dele descobrir o bloco antes
dos seus concorrentes.

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
O FUNCIONAMENTO SOCIAL DA MINERAÇÃO

Além da parte técnica, a mineração também envolve uma parte social. Para que
os mineradores se comportem da forma correta é preciso que os seus incentivos
individuais para lucrar sejam os mesmos incentivos para manter a rede do bitcoin
segura.

Um exemplo de ataque que um minerador com grande parte do poder


computacional poderia realizar para lucrar agindo de forma desonesta seria o
ataque de gasto duplo. Nesse ataque o minerador venderia seus bitcoins,
registrando a transferência na blockchain para o comprador e recebendo dinheiro
comum em troca no mundo real.

Depois disso o minerador reconstruiria uma nova blockchain refazendo o último


bloco, mas nessa versão a transferência de bitcoin nunca aconteceu. Dessa forma,
como os outros mineradores consideram como verdadeira a corrente de blocos
mais longa, o minerador desonesto acabaria tanto com os bitcoins quanto com o
dinheiro do comprador, e poderia gastar seus bitcoins de novo, um “gasto duplo”.

O FUTURO DO BITCOIN
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COMO O BITCOIN FUNCIONA?
Os ataques de gasto duplo não são realizados pelos grandes grupos de mineração
do Bitcoin, mesmo que a junção de dois ou três desses grupos (chamados de
pools) historicamente tenha sido capaz de somar mais de 50% do poder de
mineração da rede. Essa proteção só acontece porque os incentivos individuais
dos mineradores estão alinhados com os interesses coletivos da rede do Bitcoin.

Os usuários são capazes de aumentar a sua proteção contra gastos duplos


esperando um tempo maior antes de enviarem seu dinheiro em troca de uma
transferência. Dessa forma acontece uma passagem maior de blocos e se torna
mais difícil a concretização de um ataque.

Além disso, caso um minerador cometa um ataque, a tendência é que o preço do


Bitcoin caia. Isso faria a expectativa de lucros do minerador cair, de forma que as
consequências futuras do ataque gerariam mais prejuízo do que lucro para o
atacante.

Apesar desses incentivos funcionarem bem na maioria das vezes, existe um


problema enorme que pode gera a morte ou queda drástica do bitcoin no longo
prazo caso não seja solucionado. Esse problema é a tendência de queda da receita
da rede, que tende a deixá-la mais vulnerável à ataques no decorrer dos próximos
anos.

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
A IMPÔRTANCIA DA RECEITA PARA A SEGURANÇA

O valor mais importante para garantir a segurança da rede do Bitcoin é a receita


que remunera os mineradores, ou seja, o dinheiro que eles recebem. Quanto mais
receita for gerada, mais os mineradores serão capazes de bancar os custos da sua
operação, que são compostos principalmente pelo pagamento de energia elétrica
para fazer seus computadores funcionarem. Quanto maior for o custo total sendo
investido na rede, maior será o custo de realizar um ataque contra ela, já que para
realizar um ataque é necessário possuir uma grande parcela do poder
computacional que está sendo gerado.

A receita gerada pela rede tem duas origens: a criação de novos bitcoins e as
taxas que os usuários pagam para realizar transações.

Lá em 2009, quando o bitcoin teve seu início, a criação de novos bitcoins era de
50 bitcoins por bloco. A cada 4 anos acontece um evento chamado halving e o
número de bitcoins emitidos por bloco cai pela metade, isso é feito para que no
futuro exista uma quantidade máxima de 21 milhões de unidades de bitcoin.
Atualmente, após três halvings, já foram emitidos mais de 19 milhões de bitcoins
e são atualmente criados 6,25 bitcoins por bloco. A previsão é que o último bitcoin
seja minerado em 2140.

Quanto maior o preço em dólares do bitcoin, maior tende a ser a receita advinda
da criação de novos bitcoins, porém ela tende a diminuir a cada halving.A receita
obtida por meio das taxas é a soma das taxas pagas por todos os usuários quando
enviam suas transações para serem incluídas nos blocos pelos mineradores, ela
depende do nível de disputa entre os usuários. Quanto maior a demanda para
realizar transações, mais caras tendem a ser as taxas que os usuários pagam,
uma vez que o espaço do bloco é limitado e os mineradores tendem a escolher as
transações que pagam mais taxas. No entanto, essa receita não é afetada
diretamente pelo preço do bitcoin.

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
Naturalmente, a tendência é que a parte da receita que advém da criação de
novos bitcoins seja reduzida ao longo dos anos. Atualmente essa fonte é
responsável por mais de 98% da receita total da rede. Dessa forma, para que
tenha um futuro seguro, a rede deve apresentar um aumento de demanda por
transações para que os mineradores continuem conseguindo se financiar apenas
a partir das taxas pagas pelos usuários, que hoje representam apenas 2% da
receita total.

Divisão da receita entre criação de bitcoins (rosa) e taxas pagas (azul) – The Block

Apesar dessa necessidade, a receita obtida por meio do pagamento de taxas não
tem apresentado sinais de sustentabilidade. Mesmo com o preço do Bitcoin
crescendo, a receita das taxas cresce apenas nos momentos de grande
crescimento do preço, e depois se estabiliza. Além disso, no último ciclo de alta de
2021 sequer ocorreu esse aumento temporário relevante no fluxo de taxas de
transação.
Preço do Bitcoin vs Receita gerada por taxas - Glassnode

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
A tendência à diminuição de taxas tem diversas causas, mas a principal é o
crescimento do uso de soluções de escalabilidade da rede do bitcoin, dessa
podemos destacar o Segwit, a Lightning Netowork.

O Segwit é uma técnica de compressão dos dados de transações que permite


incluir mais transações sem precisar aumentar o tamanho de um bloco. Em 2019
e 2021 a adoção do Segwit apresentou saltos e hoje ele é utilizado em quase
1005 dos blocos criados.
Percentual de utilização do Segwit – BlockChair

A Lightning Network é conhecida como segunda camada do bitcoin, ela funciona


com a criação de canais de comunicação alternativos. Nesses canais muitas
transações podem ser realizadas e só depois enviadas juntas para a rede principal
pagando uma única taxa.
Número de canais da Lightning Network – Galaxy Research

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
POR QUE ISSO PODE SER UM PERIGO PARA O BITCOIN?

Existem diversas visões no mercado que ajudam a explicar como a queda


na receita tende a impactar negativamente a segurança do bitcoin, aqui vamos
mostrar três delas.

1- Segurança como um percentual do valor armazenado na rede

A primeira teoria vê a necessidade de segurança da rede como um


percentual do valor total guardado por ela. Essa linha de raciocínio já foi exposta
por grandes mentes do mercado, como Hasu e Nic Carter. A ideia aqui é pensar na
rede do Bitcoin como um cofre, responsável por armazenar o valor equivalente à
soma de todos os Bitcoin disponíveis no mercado. Nesse sentido, quanto maior
for a riqueza armazenada em um cofre, maior deve ser o aparato de segurança
para assegurar que esse cofre não seja corrompido.

Não se sabe exatamente qual seria esse percentual mínimo de receita para
garantir a segurança da rede, no entanto ao longo dos últimos anos esse número
variou bastante, indo da faixa dos quase 5% em 2017 para patamares de menos
de 2% ao final de 2022. Caso essa teoria se comprove, para garantir que o Bitcoin
permaneça seguro a receita gerada a partir das taxas no longo prazo deverá ser
capaz de crescer de forma proporcional ao crescimento no preço do Bitcoin, algo
que não podemos observar na maneira como o mercado de taxas se comportou
nos últimos anos.

Caso o mercado de taxas não se adaptasse restariam para o Bitcoin duas


alternativas: se tornar vulnerável a ataques ou observar o seu valor caindo no
mercado em resposta ao gasto com segurança capaz de comportar menos valor
armazenado.

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
2- O custo de segurança como um valor objetivo

Essa escola de pensamento acredita que a rede do Bitcoin estará segura a


partir de um patamar mínimo de gastos para o mantimento da segurança. Em
comparação com a teoria anterior, essa pode ser mais otimista (ou menos
pessimista) quanto ao futuro do Bitcoin. Aqui a ideia seria considerar que, desde
que as taxas da rede sejam capazes de garantir uma receita mínima para os
mineradores (por exemplo, 20 bilhões de dólares ao ano), o Bitcoin estaria seguro.

Essa teoria é especialmente interessante quando pensamos na defesa


contra ataques de entes externos, como Estados-nação, que não sejam
participantes ativos da rede (como os mineradores), e portanto teriam seus
incentivos relativamente mais deslocados da estrutura interna de incentivos
estabelecida pela própria rede. No caso desses atacantes a capacidade de possuir
um patamar mínimo de “força bruta” para resistir pode fazer mais sentido do que
apenas estabelecer um percentual de segurança compatível com o valor de
mercado.

O problema nesse caso está na falta de tendência apresentada para o


crescimento da receita advinda das taxas, somada ao fato que hoje, como vimos,
essa linha de receita é insignificante para a manutenção da rede. Dessa forma,
mesmo que não fosse necessário um crescimento da receita que acompanhasse o
preço no longo prazo, seria necessário no mínimo que a disputa por espaço de
bloco se tornasse mais acirrada para que o Bitcoin tivesse a segurança da sua rede
assegurada de acordo com essa tese.

O FUTURO DO BITCOIN
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
3- Receita é incentivadora comprometimento dos mineradores

A ideia aqui é partir do princípio que a dinâmica competitiva do mercado de


mineração faz com que o lucro dos mineradores tende a zero. O motivo para essa
presunção por parte do artigo referido é o mesmo que foi exposto no capítulo dois
do presente estudo: devido à elevada concorrência e dificuldade em se
estabelecer diferenciais competitivos neste setor, o mercado de mineração de
Bitcoin estaria enquadrada na categoria de concorrência perfeita. Isso pressiona
os lucros fazendo com que os custos tendam a se encontrar com a receita no
longo prazo.

Partindo da ideia que um minerador hipotético possui lucro zero ao agir de


forma honesta na rede, entram em ação três fatores que podem fazer o
minerador agir ou não de maneira desonesta. A recompensa adquirida a partir do
ataque é o primeiro fator, que estimula o minerador a agir de maneira desonesta
para lucrar. Os outros dois fatores são a variação negativa de preço e o
comprometimento de longo prazo do minerador, ambos estimulam o
comportamento honesto por serem elementos que podem fazer com que o
minerador atacante saia no prejuízo. Vamos entender agora detalhadamente por
cada um desses três fatores:

1- Recompensa pela realização do ataque: esse é o fator mais simples de


entender, ele se refere ao ganho extra que um minerador pode conseguir ao
atacar a rede. Essa recompensa pode envolver todos os tipos de ganhos
que listamos no capítulo três deste estudo, como ganhos provenientes de
ataques de gasto duplo e possíveis ganhos não-financeiros.

2- Queda de preço: aqui estamos nos referindo à queda que o preço do


Bitcoin sofreria no mercado após a rede sofrer um ataque bem sucedido.
Essa queda no preço diminui a recompensa prevista pela realização do
ataque (fator 1), mas também gera um prejuízo para o minerador
dependendo do seu nível de comprometimento de longo prazo com a rede
(fator 3).

O FUTURO DO3-BITCOIN
Comprometimento de longo prazo do minerador: mineradores tendem a
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O GRANDE PROBLEMA DO BITCOIN
3- Comprometimento de longo prazo do minerador: mineradores tendem a
adiantar custos de operação para conseguir competir com outros
mineradores. Esse adiantamento de custos vai desde o investimento inicial
em máquinas até o estabelecimento de contratos de longo prazo para a
compra de energia elétrica. Esse comprometimento faz com que o
minerador já “comece sua operação no prejuízo”. Por exemplo, um nível de
comprometimento de 50% para um investimento inicial em maquinário que
tenha duração de dois anos significa que todo o primeiro ano de Bitcoin
minerados será usado apenas para bancar esses custos que foram
adiantados pelo minerador. Caso o preço do Bitcoin caia após o
comprometimento de longo prazo do minerador ter sido estabelecido, isso
tende a ser péssimo para ele em termos financeiros. Nesse quesito
assumimos que quanto maior for a perspectiva de geração de receita pela
rede, maior tende a ser o nível de comprometimento que os mineradores
estão dispostos a assumir.

Altos níveis de queda de preço e comprometimento de custos por parte do


minerador faz com que ataques se tornem uma atividade geradora de prejuízo,
isso porque a queda no preço faz com que a perspectiva para pagar o custo que já
foi assumido piore. Em outras palavras, de acordo com essa teoria, para manter a
rede segura devemos buscar o maior nível de comprometimento de custos de
longo prazo possível por parte dos mineradores, para que isso torne os ataques
menos vantajosos para eles.

Como assumimos que o comprometimento dos mineradores tende a ser


maior quando as perspectivas de geração de receita da rede são maiores, a queda
na receita da rede no longo prazo colocaria o Bitcoin em situação de
vulnerabilidade cada vez maior.

O FUTURO DO BITCOIN
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O FUTURO DO BITCOIN
AS SOLUÇÕES PARA O BITCOIN

Existem três caminhos que o Bitcoin pode escolher no futuro para solucionar o
seu problema de receita decrescente: aumentar o valor das taxas pagas por cada
transação, aumentar o número total de transações no bloco ou criar alguma
forma de subsídio, como cancelando os próximos halvings para manter a
impressão de bitcoins.

1- Aumento na taxas de cada transação

Essa solução demandaria que a procura pelo


espaço de bloco do bitcoin aumentasse
muito, e uma das formas de fazer isso seria
com transações especiais que consumam
muito mais espaço de armazenamento do
que transações comuns. Um exemplo
seriam as transações utilizadas para
registrar NFTs que ganharam popularidade
no começo de 2023.

Outra alternativa seria transformar o Bitcoin em uma camada de segurança para


outras redes do mercado cripto depositarem os dados de suas transações, de
forma parecida com o que a Lightning faz hoje, mas guardando dados mais
complexos e valiosos.

Quanto mais esse tipo de transação conseguir casos de uso perenes, maior tende
a ser a receita dos mineradores. O desafio aqui seria justamente conseguir fazer
isso de forma que a procura por espaço de bloco fosse constante. O mercado de
NFTs em outras redes como a Ethereum e Solana ainda se mostra bastante
especulativo e sujeito a alterações bruscas de movimentação.

O FUTURO DO BITCOIN
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O FUTURO DO BITCOIN
No passado o Bitcoin já teve alguns usos parecidos com esses, como para
registrar dados de outras criptos por meio do protocolo Veriblock e para
movimentar stablecoins, no entanto esses usos foram abandonados por volta de
2019 com a popularização da Ethereum e outras redes de contratos inteligentes.

Transações especiais apresentaram pico em 2019 – TransactionFee.info

2- Aumento no total de transações enviadas

A segunda alternativa para o futuro do Bitcoin seria aumentar o número total de


transações, para que a receita somada gerada por elas crescesse. Essa
possibilidade provavelmente passaria por aumentar o tamanho dos blocos do
Bitcoin, o que exigiria uma atualização no software que precisaria ser aceita pelos
mineradores e pelos investidores.

No passado a comunidade do Bitcoin já se recusou a aumentar o seu tamanho de


bloco devido ao aumento da exigência de armazenamento que isso geraria para
guardar todo o histórico do bitcoin, e possivelmente gerando mais centralização.
Além disso os requisitos para a validação das transações poderiam crescer.

Para funcionar, essa solução também precisaria de uma demanda muito grande
para a realização de transações por parte dos investidores, que hoje preferem
investir para o longo prazo e fazendo poucas transações.

O FUTURO DO BITCOIN
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O FUTURO DO BITCOIN
3- Aumento no subsídio da rede

Subsidiar a receita da rede poderia manter a receita dos mineradores alta. Isso
poderia ser feito por meio do patrocínio de empresas interessadas na
permanência do Bitcoin, como corretoras, ou em último caso talvez precise ser
feito por meio de uma criação de Bitcoins maior do que a prevista.

Essa alternativa também demandaria uma atualização no software do Bitcoin, e


isso só funcionaria com o apoio da comunidade, que atualmente consideraria
inadmissível quebrar a regra do teto máximo de 21 milhões de Bitcoins a serem
emitidos.

Essa emissão poderia abalar os fundamentos do Bitcoin como uma boa reserva
de valor a longo prazo, fazer com que ele perca uma das suas possíveis vantagens
em comparação à outras criptos de primeira camada, como a Ethereum. Ainda
assim, talvez seja uma alternativa melhor do que ver a receita dos mineradores
caindo ao ponto da rede do Bitcoin se tornar insegura.

Taxa prevista de Inflação do Bitcoin vs Total em circulação – Crypto Potato

O FUTURO DO BITCOIN
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O FUTURO DO BITCOIN
QUAL CAMINHO SERÁ ESCOLHIDO PELO BITCOIN?

É difícil prever qual será o caminho adotado pela comunidade do Bitcoin para
solucionar o seu problema, caso nada seja feito é provável que a falta de
segurança da rede impeça o potencial de crescimento dessa cripto. Da mesma
forma que uma corda estendida sempre se rompe em seu ponto mais fraco, é
provável que os caminhos alternativos do Bitcoin sejam escolhidos na medida em
que se fizerem necessários e que exigirem mudanças menos drásticas.

Por esses motivos, o provável é que os primeiros caminhos escolhidos seja,


respectivamente o 1 e 2, mais receita por taxas e maior número de taxas. O
caminho um não demanda atualização no software do Bitcoin, e o caminho 2
demanda uma atualização menos drástica do que abolir o máximo de 21 milhões.

A questão é que os caminhos 1 e 2 dependem de uma demanda orgânica pela


rede do Bitcoin que simplesmente não existe hoje, mesmo com toda a valorização
que a cripto sofreu desde sua criação. Além disso, as soluções de escalabilidade
continuam atuando como uma força que diminui a demanda por espaço de bloco
no Bitcoin.

Em último caso as convicções da comunidade do Bitcoin podem ser colocadas a


prova, pois talvez o caminho 3 se faça necessário, ultrapassar o limite de 21
milhões de Bitcoins. Nesse momento é possível que a comunidade opte por
manter o Bitcoin como uma cripto menor e mais nichada para manter suas
propriedades, sob a pena de perder sua liderança no mercado.

Esperamos que esse estudo ajude a demonstrar para o mercado o dilema de


longo prazo no qual o Bitcoin se encontra, para que a conscientização em busca
soluções floresça. O futuro exato é imprevisível, pois como falamos aqui
blockchains não são apenas construções tecnológicas, são também máquinas
sociais que dependem de incentivos para produzirem o resultado previsto.

O FUTURO DO BITCOIN
CONHEÇA O TIME DE ANÁLISE DA
MERCURIUS RESEARCH
Nicole Haddad
Bacharel em Ciências Econômicas, adquiriu 5 anos de experiência no
mercado financeiro. Passou por uma consultoria financeira de risco, pelo
Itaú Unibanco, trabalhou com análise de empresas do segmento de
varejo e tecnologia na SulAmérica Investimentos e na Pipeline Tech
M&A. Entusiasta de cripto desde 2015, usa o aprendizado do mercado
financeiro tradicional para fazer suas análises de criptoativos na
Mercurius Crypto desde 2021.

Carlos Henrique
Estudante da FEA-USP, iniciou sua trajetória profissional no mercado
financeiro por meio da análise fundamentalista de empresas listadas na
bolsa de valores, na Prometheus Asset Management Jr. Interessado pelo
mercado cripto desde meados de 2015, se juntou ao time de análise de
criptoativos da Mercurius em 2021, ampliando seus conhecimentos
técnicos e dinâmicos sobre o mercado.

Caio Ortega
Estudante do CECS-UFABC, possui uma trajetória profissional diversa,
acumulando experiências no auxílio à tomada de decisão,
confeccionando relatórios, planilhas e mapas, além de aplicativos e
bancos de dados com ferramentas low-code e softwares livres.
Moderador da comunidade da Mercurius desde 2021, atualmente atua
no Suporte PRO e compõe o time de análise de criptoativos da Research.

Guilherme Assis
Natural de Belo Horizonte - MG, cursa Sistemas de Informação e
Ciências Econômicas. Já trabalhou como engenheiro de sistemas e com
banco de dados na Sankhya, empresa de ERP. Teve seu primeiro contato
com cripto em 2016 e em fevereiro de 2022 se tornou assinante da
Mercurius PRO. Hoje, faz parte do time de atendimento do Suporte PRO
e produz o Minuto Cripto, a newsletter da Mercurius.
CONHEÇA O TIME DE ANÁLISE DA
MERCURIUS GESTORA
Gabriel Bearlz
Em 2018, entrou na FEA-USP no curso de Ciências Econômicas. Teve
uma trajetória profissional no mercado financeiro tradicional, atuando
com análise de crédito na casa de Wealth Management Lakewood e na
Gestora de Recursos NAVI Capital. Foi convidado pelos fundadores da
Mercurius a compor o time e entrar como sócio na empresa em 2020,
trazendo sua expertise do mercado financeiro.

Igor Costa
Nascido e criado no Espírito Santo, estudou eletromecânica no ensino
médio, onde teve o primeiro contato com o mundo de tecnologia. Entrou
no curso de Engenharia Naval na USP em 2017 e fez parte da Empresa
Júnior onde realizou projetos de eletrônica e automação. Em 2021,
descobriu o mundo cripto através da mineração de Ethereum e, em
seguida, conheceu a Mercurius, e atualmente compõe o time de análise
de ativos.

Gabriel Rebelo
Carioca da gema, em 2016 prestou serviço no CPOR-RJ onde aprendeu
sobre gestão e alocação de pessoas e como liderar em situações de
estresse. Também já cursou faculdade de Física, mas deu uma pausa nos
estudos acadêmicos para se mudar para São Paulo e trabalhar com
análise de criptoativos. É do time da Mercurius desde 2021, e já passou
por diversas frentes do negócio – área comercial, pelo Suporte PRO, e
atualmente é analista fundamentalista dos protocolos cripto.
DISCLAIMER
Este relatório foi elaborado por analistas da Mercurius Crypto, e é de uso exclusivo de
seu destinatário, não podendo ser reproduzido ou distribuído a terceiros sem
autorização expressa.

O estudo feito internamente foi baseado em informações disponíveis ao público,


consideradas confiáveis na data de publicação deste relatório. Reiteramos que as
opiniões e estimativas apresentadas aqui são passíveis de mudanças e alterações –
nos reservamos ao direito de estarmos errados.

Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários, produtos de


investimento ou gestão, ou ainda outros instrumentos financeiros. Nossas análises,
informações e estratégias de investimento possuem apenas um caráter informativo, a
fim de difundir o conhecimento sobre o mercado dos criptoativos.

Qualquer investimento em renda variável pode causar perda parcial ou total do capital
utilizado. Por isso, o destinatário deste relatório deve sempre desenvolver suas próprias
análises e estratégias de investimento. Além disso, quaisquer decisões de investimento
devem partir do perfil de risco do investidor.

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