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Introdução

Vários fatores e circunstâncias promoveram o interesse pelo estudo do desenvolvimento humano que
incide sobre os estudantes do ensino superior. Destacamos o contributo de uma nova perspetiva do ciclo
de vida no desenvolvimento humano, que chama a atenção para o período além da adolescência, o jovem
adulto, como etapa onde ocorrem mudanças significativas a vários níveis e o facto desta população se
encontrar mais acessível à investigação, pois nesses estabelecimentos encontramos os investigadores e
investigados.
Esta população jovem adulta, ao ingressar no ensino superior, fica sujeita a condicionalismos que exigem
uma significativa alteração no seu quotidiano, (separação da família, adaptação a uma nova residência, a
novos colegas, a novos métodos de ensino…) que implica tomadas de decisão diversas, experiência que
poderá ser coroada de êxito ou, pelo contrário, potenciar uma situação stressante e prejudicar os níveis de
desenvolvimento atingidos até aí.
Keniston (1965, 1971) foi dos primeiros autores americanos a dedicar-se a este tema, realçando que a
influência familiar se perde no ensino superior, pela redução do contacto, ao mesmo tempo que aumentam
outras influências sociais. Mas já entre as décadas de 30 e 50, nos Estados Unidos, se realizaram alguns
trabalhos sobre o impacto do ensino superior nos valores morais dos estudantes e, a partir de então, os
estudos que recaem na população de alunos que frequenta o ensino superior têm-se multiplicado.
A partir da década de 80 assiste-se a uma mudança quantitativa e qualitativa, favorecida quer pelo
desenvolvimento nas técnicas e instrumentos de recolha e tratamento de dados, como pelos avanços nos
desenhos de investigação. Concluímos da necessidade de perspetivar a finalidade e objetivos do ensino
superior numa dimensão que valoriza o aluno de forma holística: mais do que formar perfis profissionais
preparados para o desempenho de uma atividade particular, pretende-se formar indivíduos com
competências abrangentes - de natureza social, emocional, ética e cognitiva - que lhes permitam enfrentar
um mundo em permanente transformação.
Apesar de algumas diferenças relativas quer às metodologias adotadas quer aos resultados, a maior parte
dos autores acredita que uma grande parte dos ganhos durante o ensino superior, no pensamento crítico e
no raciocínio pós-formal, é atribuível unicamente à exposição a este nível de ensino. No entanto há outras
condicionantes que podem estar presentes. Um exemplo é que, se tomarmos em consideração as
característicacas individuais dos alunos, a investigação apresenta efeitos distintos em função do género e
raça. Na maior parte dos casos, é de assinalar as o impacto positivo do ensino superior no
desenvolvimento do pensamento pós-formal, com melhorias que se traduzem, fundamentalmente, numa
diminuição do dualismo e menores variações no relativismo e no compromisso. No entanto, há situações
em que não se registam alterações significativas, ou se encontram mesmo valores de pensamento
inferiores nos finalistas.
Metodologia
O estudo apresentado incluiu 824 participantes, alunos de licenciatura a frequentar o primeiro (505) e
último (319) anos de seis cursos da Universidade de Coimbra, no ano letivo de 2003/2004. É uma amostra
abrangendo nove cursos de seis faculdades, maioritariamente feminina, correspondendo às características
da população abrangida.
Concluiu-se que, apesar do padrão semelhante entre géneros, a análise dos resultados leva-nos a verificar
um resultado nitidamente favorável às raparigas, apresentando o género feminino valores médios de
dualismo (nos conteúdos Carreira e Educação) mais baixos e os de relativismo e compromisso mais
elevados. Essas diferenças só não são significativas no compromisso e no relativismo da Educação. No
IDCP final, as diferenças inter-género mantêm-se.
Já no que diz respeito à comparação entre os índices de pensamento de caloiros e finalistas permite-nos
perceber o impacto positivo da frequência do ensino superior no desenvolvimento cognitivo. De facto,
constatamos diferenças consideráveis em quase todos os níveis das duas dimensões do IDCP com os
alunos finalistas a apresentarem um perfil de pensamento menos dualista e mais relativista.
Uma análise mais atenta evidencia especificidades favoráveis a algumas faculdades (nomeadamente de
Direito e Psicologia), com alterações positivas no dualismo e, respetivamente, no relativismo e
compromisso, e desfavoráveis a outras, destacando-se pela negativa a faculdade de Farmácia, que não
apresenta evolução significativa no pensamento, acontecendo mesmo situações de melhores resultados
nos caloiros.
Os resultados a que chegou o presente estudo está de acordo com os pressupostos teóricos que tem
vindo a ser defendido pela investigação e que defende a evolução do pensamento ao longo do ensino
superior, através da diminuição do dualismo e do aumento do relativismo e do compromisso. Estas
conclusões estão de acordo com a maior parte dos estudos realizados anteriormente, embora com
algumas variantes e especificidades.
Outros trabalhos realizados em Portugal concluíram de modo um pouco diferente, registando posições
menos dualistas.
Apesar da enorme harmonia nesta matéria, há autores que apresentam resultados divergentes,
principalmente com a introdução de variáveis de controlo (idade, a raça e o género, características
institucionais). Genericamente, as conclusões evidenciam um efeito positivo do ensino superior no
desenvolvimento cognitivo, sobretudo porque os alunos se tornam menos dualistas.

Porém, parece importante uma reflexão sobre a possibilidade de o ensino superior se constituir como um
contributo mais decisivo, no relativismo e compromisso, verificando quais as formas de organização do
ensino mais favoráveis. Aqui, assumem grande relevo os currículos, métodos de ensino e avaliação,
modelos de organização, possibilidades de participação e de envolvimento dos alunos, etc.. Pereira e
Medeiros (2005) defendem, por exemplo, que a formação deve privilegiar um perfil de profissional que
requer, frequentemente, tomadas de decisão independentes e críticas, numa dimensão auto-formativa e
não de execução de tarefas, ainda que técnicas.

Com a leitura deste trabalho posso concluir que realmente este estudo esta a ser feito desde ha muito
tempo
e que todos chegam aconclusao que o ensino superior é imortante no desenvolvimento intelectual dos
alunos.

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