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Segurança do Trabalho

Algumas situações podem resultar nos mesmos agravos à saúde. Por exemplo,
fraturas podem ser geradas por quedas de níveis diferentes, mas também podem ser
causadas por impactos de materiais, por prensamento em máquinas, entre outros.

Já outras situações podem ser agrupadas pelo tipo de agente envolvido. Por
exemplo, perda auditiva e catarata ocupacional podem ser geradas por formas de energia,
uma acústica e outra eletromagnética, respectivamente. Devido a tais características, as
situações são agrupadas por tipo de agente e definidas como riscos ocupacionais.

Os riscos ocupacionais que podem estar presentes no ambiente de trabalho são


divididos em cinco categorias, de acordo com a Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de
1994: riscos físicos, riscos químicos, riscos biológicos, riscos ergonômicos e riscos de
acidentes. Ainda, os riscos físicos, químicos e biológicos são classificados como riscos
ambientais.

Veja a seguir os cinco grupos de riscos:

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Riscos físicos

Ruídos, vibrações, frio, calor, radiações não ionizantes, radiações ionizantes,


pressões anormais, umidade.

Riscos químicos

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Poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos e


produtos químicos em geral.

Riscos biológicos

Vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos.

Riscos ergonômicos

Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de


postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos,
trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas e outras situações
causadoras de estresse físico e/ou psíquico.

Riscos de acidente

Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas


inadequadas ou defeituosas, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão,
armazenamento inadequado e outras situações de risco que poderão contribuir para a
ocorrência de acidentes.

As cinco categorias de risco e o controle delas são trabalhados pela maioria das
normas regulamentadoras (NRs), de forma geral ou específica para algumas atividades
econômicas, abrangendo um ou mais riscos. Alguns exemplos são a NR-9, voltada aos
riscos ambientais, a NR-17, relacionada às questões ergonômicas, e a NR-35, destinada
ao controle dos riscos de acidentes associados ao trabalho em altura.

Classificação dos riscos ocupacionais


Riscos físicos

Os riscos físicos são as formas de energia presentes (por exemplo, energias


sonoras, eletromagnéticas, de pressão, térmicas e mecânicas) no ambiente de trabalho e
capazes de gerar doenças ocupacionais. Os agentes físicos associados a tais energias
são o ruído, o ultrassom e o infrassom, as vibrações, as temperaturas extremas, as
radiações ionizantes e não ionizantes, as pressões anormais e a umidade.

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O ruído, um agente muito presente em diversas atividades, é dividido em ruído


contínuo, intermitente e de impacto. Os dois primeiros se diferenciam apenas pela
amplitude das oscilações e, em termos práticos, são avaliados da mesma maneira. Já o
ruído de impacto tem uma característica quase impulsiva, ocorrendo por breves instantes
de tempo e com intervalos entre impactos respeitando certo critério. O ruído
contínuo/intermitente ocorre, por exemplo, na operação de uma betoneira, no corte de
madeira com ferramentas elétricas. O ruído de impacto pode ser encontrado na operação
de um bate-estacas.

A exposição ao ruído tem como principal problema associado a perda auditiva.


Quando o ruído está em faixas não audíveis (abaixo de 20 Hz e acima de 20 kHz), pode
ser caracterizado como infrassom ou ultrassom.

O agente de risco vibração é dividido em vibração de mãos e braços e vibração de


corpo inteiro e exige o contato do trabalhador com a fonte de vibração. Um trabalhador
que utiliza uma furadeira para colocar estruturas segura a ferramenta com as mãos e,
assim, se expõe à vibração de mãos e braços. Um operador de empilhadeira (figura 1) que
realiza atividades de descarregamento de materiais está exposto à vibração de corpo
inteiro por meio do assento e pode estar exposto também à vibração de mãos e braços no
próprio volante do veículo.

As vibrações podem causar danos aos nervos, aos músculos, ao sistema circulatório,
aos ossos e às articulações.

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Figura 1 – Exposição à vibração na operação de empilhadeira


Fonte: <http://www.valinhos.sp.gov.br/noticias/senai-valinhos-abre-inscricao-para-o-curso-
de-operacao-de-empilhadeira>.

As temperaturas extremas se dividem em calor e frio. O agente calor, também


chamado de sobrecarga térmica, é uma combinação de dois fatores, um ligado às
temperaturas do ambiente e outro associado ao esforço realizado pelo trabalhador.

São exemplos de situações que expõem o trabalhador ao calor: a operação de fornos


e o trabalho a céu aberto com ou sem demanda física elevada, por exemplo, abertura de
valas manualmente (figura 2) ou entrega de correspondências realizadas a pé,
respectivamente.

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Figura 2 – Exposição ao calor na abertura de vala


Fonte:
<https://www.tubarao.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/16675/codNoticia/164363>.

A exposição ao frio ocorre principalmente em ambientes refrigerados, como no


interior de câmaras frigoríficas, e pode resultar em ulcerações e hipotermia, por exemplo.

As radiações ionizantes se dividem em radiações eletromagnéticas e corpusculares e


contêm energia suficiente para ionizar átomos, desestabilizando moléculas e
comprometendo as células do organismo. Os efeitos mais críticos estão associados ao
desenvolvimento de câncer.

As radiações eletromagnéticas ionizantes nada mais são do que os raios X e a


radiação gama (figura 3), utilizados na indústria, por exemplo, para realizar radiologia
industrial e controle de nível em determinados processos em que o controle por meio de
elementos tradicionais não é possível.

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Na medicina, os raios X são utilizados para gerar radiografias. A radiação alfa, a


radiação beta e a emissão de nêutrons são radiações ionizantes corpusculares. A radiação
beta tem uso medicinal no combate a alguns tipos de câncer.

Figura 3 – Gamagrafia de peça metálica


Fonte: <http://www.sidercnd.com/radiographic-and-gammagraphic-inspections-rt/>.

As radiações não ionizantes de interesse na área de segurança são as micro-ondas,


a radiação infravermelha, o ultravioleta (figura 4) e o laser. Esses agentes também são
radiações eletromagnéticas, mas de energia inferior. A exposição ao laser ou às micro-
ondas ocorre em atividades específicas. Já a exposição às demais radiações são
relativamente comuns.

A presença de radiação infravermelha é avaliada como calor. Contudo, em ambientes


com fontes térmicas substanciais, tais como operação envolvendo aberturas de fornos,
siderurgia e metalurgia, proteções adicionais ao trabalhador são necessárias para evitar
queimaduras e danos aos olhos. A exposição à radiação ultravioleta ocorre durante a
exposição à carga solar e em atividades de solda elétrica.

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Figura 4 – Exposição à radiação ultravioleta e a fumos metálicos (um risco químico)


durante atividade de solda
Fonte: <https://safe-welding.com/hazardous-substances-in-welding-fumes-how-they-affect-
the-human-body/>.

A exposição a pressões no ambiente de trabalho pode ocorrer pela injeção de ar


comprimido na construção de túneis e fundações, para garantir a estabilidade do solo e
evitar que infiltrações de água ocorram. Quando tal estratégia é utilizada com
trabalhadores operando nesses ambientes, perfis de compressão e descompressão são
aplicados para evitar a ocorrência de necrose óssea, embolia gasosa arterial, acidente
vascular cerebral, entre outros.

A umidade é considerada um risco físico. Atividades com exposição direta a água


líquida ou em névoa, como lavagem de utensílios (figura 5) em um hotel ou lavagem de
carros, são consideradas situações de exposição a esse agente.

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Figura 5 – Exposição à umidade durante lavagem de louça


Fonte: <http://inopak.com/food-service-soap-hand-cleaning-products>.

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Riscos químicos

Os riscos químicos referem-se à exposição do trabalhador a poeiras, fibras,


fumos, névoas, neblinas, gases e vapores de produtos químicos. As vias de exposição
são a cutânea, a respiratória e a digestiva. Porém, as vias apresentam características
de absorção diferentes, de modo que um agente pode não ser absorvido, por
exemplo, por contato com a pele, mas apresentar rápida absorção pelo sistema
respiratório.

Poeiras e fumos são partículas sólidas. As poeiras são geradas por processos
mecânicos (por exemplo, abrasão e corte) e encontradas nos mais diversos processos
industriais (beneficiamento de madeiras, extração de pedras, construção civil,
processamento de cereais). Quando a partícula sólida contiver um comprimento maior
que o próprio diâmetro, é classificada como uma fibra. Por exemplo, em atividades de
lixamento de tábuas, há geração de poeira de madeira. O material é dividido e lançado
no ambiente pelo processo de abrasão da superfície.

Já os fumos originam-se do processo de vaporização de um material sólido por


meio de aquecimento. Quando esse material vaporizado se afasta da fonte térmica,
ele retorna à sua fase sólida. Também é possível que esse vapor reaja com os outros
elementos e acabe formando um composto com ponto de ebulição elevado, o que
acaba por forçar uma transição de fase novamente, gerando o sólido. Fumos são
tipicamente encontrados nas atividades de solda (figura 4) e na pavimentação a
quente de vias.

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Figura 6 – Exposição à poeira contendo sílica livre cristalizada


Fonte: <https://www.nbcnews.com/health/health-news/dangerous-dust-government-
pushes-improve-workplace-safety-n72121>.

A diferença entre névoas e neblinas, ambas partículas líquidas suspensas no ar,


também está relacionada à forma de geração. Névoas são geradas pela ruptura
mecânica de um líquido, a exemplo do que ocorre na pintura com pistola (figura 7).
Neblinas são geradas por aquecimento de um líquido e pela vaporização deste, com
posterior resfriamento e retorno à fase líquida. Em processos de galvanoplastia (figura
8), podem-se encontrar neblinas ácidas provenientes dos banhos de tratamentos de
peças metálicas.

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Figura 7 – Exposição à névoa de tinta e à névoa e a vapores do solvente


Fonte: <https://opintorconsultoria.com/wp-content/uploads/2017/07/p1.jpg>.

Figura 8 – Tratamento superficial de peça metálica com possibilidade de geração


de neblinas ácidas
Fonte: <https://www.terra.com.br/noticias/dino/conheca-mais-detalhes-sobre-a-
galvanoplastia-e-sua-
importancia,8a269cc5be4a38eeb69047ac53242f3a3drimgak.html>.

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Vapores são originados de um produto líquido nas condições de uso – produtos


estes com certas propriedades físico-químicas que permitem a tais substâncias
volatilizar parte do conteúdo destas.

Por exemplo, em um posto de abastecimento de combustíveis, é possível sentir


o cheiro de gasolina. Tal gasolina que está no ambiente é definida como vapor de
gasolina, e não como gás de gasolina, pois o produto, nas condições de uso,
encontra-se líquido.

Os gases, por sua vez, são o estado físico esperado das substâncias que, na
condição ambiental, já são naturalmente gases, como é o caso do gás nitrogênio, do
metano e do óxido de etileno.

Para definir um risco químico, não basta indicar se a substância é um gás, um


vapor ou qualquer outra forma. Também é importante destacar explicitamente o
agente, por exemplo, poeira de cedro-vermelho, vapor de acetona, névoa de óleo
mineral.

Os efeitos nocivos dos agentes químicos estão associados à estabilidade, à


característica química e à afinidade deles com sistemas ou órgãos do corpo humano.
Dessa forma, os agentes são classificados conforme o tipo de efeito que causam. Há
agentes nefrotóxicos e hepatotóxicos, toxinas pulmonares, toxinas do sistema
hematopoiético, neurotoxinas, asfixiantes, entre outros, sendo possível separá-los
pela forma de ação que geram (sistêmica ou local).

Um agente de efeito sistêmico é aquele que provoca danos em local diferente ao


do ponto de contato. Por exemplo, fumos de cádmio são absorvidos pelo pulmão, mas
apresentam efeitos sobre rins, fígado e ossos. Já substâncias irritantes primárias,
como amônia, provocam o dano no ponto de contato, como nas mucosas dos olhos e
do sistema respiratório.

Riscos biológicos

Os agentes biológicos causadores de riscos são definidos como bactérias,


protozoários, vírus e microrganismos que, de forma geral, possam entrar em contato
com o trabalhador durante as atividades laborais e causar algum prejuízo à saúde

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deste. Trabalhadores de hospitais, clínicas de odontologia e postos de saúde, por


exemplo, podem estar expostos a agentes causadores de hepatite, meningite,
tuberculose, HIV.

Nesses ambientes, pode-se ter contato com agentes biológicos específicos em


função das atividades envolvidas. Portanto, é preciso trabalhar com parâmetros como
virulência, patogenicidade, transmissibilidade e permanência do agente no ambiente,
a fim de definir a melhor forma de controle.

Em outros casos, os agentes biológicos são tratados de modo amplo (por


exemplo, no caso de profissionais de higienização, trabalhadores da construção civil,
da agroindústria e do extrativismo vegetal e trabalhadores da coleta e do
processamento de resíduos). Nessas atividades, os parâmetros destacados têm um
papel secundário na avaliação, devido ao perfil de exposição. Ainda assim, medidas
de controle devem ser adotadas.

Figura 9 – Exposição ao risco biológico na manipulação de resíduos


Fonte: <http://www.sjp.pr.gov.br/sao-jose-dos-pinhais-destina-corretamente-mais-de-
50-toneladas-de-lixo-por-dia/>.

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Na área da saúde ou em outras, a pele representa uma barreira para a maioria


dos agentes biológicos. Em atividades que podem expor os trabalhadores a objetos
que provoquem cortes ou punções, cuidados adicionais devem ser adotados, pois a
proteção fornecida pela pele será comprometida, tornando o ferimento uma via
potencial de contaminação.

A exposição aos agentes pode ocorrer pelo contato com fluidos corporais,
excrementos de animais ou líquidos contaminados. Nesses casos, existe uma
probabilidade de contaminação da vestimenta do trabalhador, e ele pode ficar exposto
ao agente biológico ao longo de toda a jornada, mesmo que a atividade tenha durado
apenas alguns instantes.

Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos estão associados a situações que geram estresse físico


ou psíquico. Situações que envolvem postura estática, esforço físico intenso, repetição
de movimentos, trabalho em posição inadequada – gerada pelas características da
atividade ou pelo próprio mobiliário de trabalho – e monotonia representam algumas
condições geradoras de estresse físico. Situações que envolvem conforto nos
ambientes de trabalho (por exemplo, conforto térmico, conforto acústico e nível de
iluminamento) também são consideradas riscos ergonômicos.

A operação de caixa de supermercado (figura 10), por exemplo, é uma atividade


que expõe trabalhadores a riscos ergonômicos, pois eles executam a atividade
sentados ao longo do dia, em posição estática, além de, eventualmente, passarem
pelo caixa objetos de elevada massa, provocando esforço excessivo das costas e
torção do tronco durante o movimento da carga.

Os trabalhadores de frigoríficos (figura 11) na linha de desossa realizam uma


série de movimentos para separar a carne dos ossos. Os movimentos são repetidos
incessantemente ao longo da jornada e acabam por gerar lesões nos tendões, nos
nervos, nos músculos e no sistema vascular dos membros envolvidos, a médio e
longo prazos, se medidas adequadas não forem empregadas para evitá-las.

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Figura 10 – Caixa de supermercado exposta à demanda ergonômica


Fonte: <http://voxms.com.br/wp-content/uploads/2018/04/caixa-supermercado.jpg>.

Figura 11 – Trabalhador limpando cortes de carne e executando movimentos


repetitivos
Fonte: <http://www.iagro.ms.gov.br/tour-virtual-pela-planta-de-desossa-e-
industrializados-da-plena-alimentos-em-contagem-mg/>.

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O estresse psíquico nos ambientes de trabalho está ligado à monotonia, aos


trabalhos com exigências severas de produtividade ou com controle inflexível de
prazos e metas, à demanda de atenção constante, às demandas ou às instruções
conflitantes, à exigência de decisões extremas frequentes etc.

Dois exemplos que ilustram situações que podem gerar sobrecarga psíquica de
trabalhadores são as atividades de operadores de voo e técnicos em enfermagem. Os
operadores de voo, embora auxiliados por uma série de instrumentos eletrônicos,
devem ter constante atenção, verificando se condições adequadas estão presentes
para as manobras de aeronaves e entrando em contato com pilotos para informar a
situação atual. Nessa atividade, um pequeno descuido pode resultar em um grave
acidente.

No caso dos técnicos em enfermagem, em especial aqueles ligados ao


atendimento de doentes terminais e de doentes neurológicos, a carga psicológica, por
lidar com o sofrimento e a morte frequentes, é enorme e ainda está associada a outros
fatores ergonômicos, como jornadas prolongadas e esforço físico em posições
inadequadas nas atividades de movimentação desses pacientes.

A ergonomia pode ser dividida em ergonomia física, cognitiva e


organizacional.

A ergonomia física foca na relação entre a atividade executada e as


características biomecânicas do trabalhador, tendo como objetivo tornar o posto de
trabalho compatível com as características físicas do funcionário.

A ergonomia cognitiva está voltada à adaptação das atividades relacionadas às


demandas mentais dos trabalhadores, objetivando tornar mais claras tais atividades e
auxiliar na execução destas.

Por fim, a ergonomia organizacional está relacionada aos processos de


trabalho e à relação destes com a comunicação entre as partes, à gestão da
qualidade, à divisão de tempo entre as atividades, entre outros. O objetivo da
ergonomia organizacional é adaptar os processos da empresa aos trabalhadores.

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A ergonomia física está relacionada a situações geradoras de estresse físico. Já


a ergonomia cognitiva pode estar relacionada ao estresse psicológico. As questões de
ergonomia organizacional impactam os processos de trabalho e, consequentemente,
sobrecarregam os estados físico e psicológico dos trabalhadores.

Quando um processo não é adequado ergonomicamente, resulta, a médio e


longo prazos, em doenças ocupacionais e na queda da produtividade.

Riscos de acidentes

Quando um agente ou uma situação no ambiente de trabalho tem potencial para


causar um dano imediato ao trabalhador (fraturas, cortes, quedas, choque elétrico,
queimaduras, incêndio, morte e outras situações equivalentes), tal agente é
classificado como risco de acidente.

Os riscos de acidentes referem-se à presença de energia elétrica, à


probabilidade de incêndio e explosões, à existência de animais peçonhentos no
ambiente ou podem estar relacionados a alguma característica de execução da
atividade, com equipamentos inadequados ou defeituosos, sem proteção de
elementos, sem instruções da forma de uso e sem caraterísticas do ambiente.

Em manutenção de redes elétricas energizadas (figura 12) ou em proximidade


destas, na operação de equipamentos elétricos com cabos de alimentação danificados
ou em locais úmidos, a presença de eletricidade é um fator a ser considerado na
avaliação de riscos. A eletricidade é especialmente crítica, pois, além do potencial
para causar graves ferimentos, a presença dela não pode ser constatada por uma
inspeção visual.

Já nas operações de transferência de combustível entre um caminhão-tanque e


uma aeronave ou um posto de combustível, na manipulação de explosivos ou na
verificação de detonações que falharam, em depósitos de materiais inflamáveis, o
risco de incêndio ou de explosões é relevante.

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Figura 12 – Atividade com exposição à eletricidade em rede de distribuição


Fonte: <http://www.eletrobrasamazonas.com/cms/index.php/eletrobras-realiza-
melhorias-na-rede-eletrica-e-reforca-equipes-durante-a-copa-do-mundo/>.

Máquinas e equipamentos são elementos que podem causar acidentes, seja pela
ausência de proteções em sistemas mecânicos (engrenagens, correias), seja pelas
próprias zonas de operação que realizam conformações mecânicas (cortes, furos,
impactos, entre outros).

A probabilidade de acidente com tais dispositivos é elevada quando são


utilizados equipamentos inadequados, como no caso de corte de materiais com serra
circular, usando discos impróprios para o material ou com capacidade máxima de
rotação inferior à da máquina. Essa situação pode gerar um contragolpe do disco ou a
própria ruptura deste, ambos acidentes com potencial de ferimentos graves.

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Figura 13 – Prensa com zonas perigosas protegidas por sistemas fixos (grade
em amarelo)
Fonte: <http://portaldostrabalhadores.com.br>.

Ambientes desorganizados, com materiais acumulados nas vias de circulação e


com armazenamento realizado incorretamente, como no caso de empilhamento além
da capacidade segura, ou com materiais empilhados e escorados em paredes não
projetadas para tanto, contribuem para ocorrerem acidentes. Ambientes com pouca
iluminação que prejudiquem a percepção da existência de elementos representam
outra condição de risco associada ao ambiente.

As situações de acidentes, na maioria das vezes, são fáceis de serem


identificadas e avaliadas quanto ao potencial de dano quando comparadas aos
demais riscos. Por exemplo, um trabalhador em um açougue cortando algo com uma
faca: aqui, é razoável imaginar que ele pode se cortar com a lâmina, mas não é
possível prontamente afirmar se ele poderá desenvolver uma lesão por esforço
repetitivo devido à atividade que exerce.

A escolha inadequada de equipamentos de proteção pode contribuir para a


ocorrência de acidentes. Para os trabalhadores que operam ferramentas rotativas e
utilizam luvas, se houver a possibilidade de a luva entrar em contato com a superfície

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que está em rotação, existe uma chance substancial de a mão do funcionário ser
puxada para o mecanismo de transmissão de força. O mesmo pode ocorrer com
vestimentas longas, como camisas, e cabelos longos.

Em atividades em que há ruído, a escolha incorreta de protetores auditivos pode


resultar em superatenuação. Se nesse ambiente for importante a comunicação entre
funcionários ou houver alarmes sonoros, talvez o trabalhador não consiga identificar
um alerta ou um aviso de uma máquina.

Exposições descontroladas a agentes físicos (por exemplo, calor) ou a agentes


químicos podem resultar em um acidente devido a um mal súbito provocado pelo
agente. Em situações que envolvem esforço físico extremo durante grandes intervalos
de tempo, uma queda do nível de açúcar no sangue também pode resultar em um
acidente.

A forma como as atividades são organizadas pode contribuir para acidentes.


Uma demanda por atendimentos, por exemplo, em atividades no setor elétrico de
distribuição pode acabar forçando que as atividades sejam realizadas mais rápida e
descuidadamente, o que contribui para elevar o risco de choque elétrico.

Além dos fatores diretos que resultam no acidente, tais como operação de
equipamentos sem autorização, falha na sequência de procedimentos, uso de
proteções inadequadas etc., existem outros fatores que suportam tais situações, os
quais estão relacionados, por exemplo, à capacidade física, à falta de conhecimento, à
falha na supervisão e à compra inadequada. Esses pontos devem ser considerados
na proposição de controles para esse risco ocupacional.

Identificação de riscos ocupacionais


A prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais por meio de medidas de
controle adequadas somente pode ser realizada após a identificação dos agentes de
riscos que estão presentes no ambiente. Na etapa de levantamento inicial de riscos
ocupacionais, duas situações são possíveis: as atividades são executadas sempre no
mesmo ambiente e da mesma maneira ou são executadas em ambientes variados,
mas com a mesma finalidade.

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Quando uma tarefa é realizada da primeira maneira, um levantamento de riscos


e um controle na modificação dos processos envolvidos são suficientes para definir as
formas de controle.

Tal levantamento pode ser realizado com uma check list que contemple as
seguintes informações:

Cargo

Atividade desenvolvida e duração dela

Substâncias e máquinas utilizadas

Identificação dos prováveis riscos

Normalmente, nesse levantamento, as medidas de controle são propostas em


um segundo momento, ou seja, não é durante o reconhecimento que o potencial de
dano é avaliado e que a melhor estratégia é definida.

Em atividades executadas em ambientes variados, além dos riscos inerentes,


outros riscos podem estar presentes em situações específicas. Por exemplo, nos
trabalhos de conservação de fachadas de prédios, existe risco de acidente associado
ao trabalho em altura. Contudo, se a atividade envolver pintura ou for realizada nas
proximidades das instalações elétricas, então outros riscos devem ser considerados –
no caso, um químico (envolvendo a tinta) e outro de acidente (envolvendo
eletricidade). Portanto, cabe realizar uma avaliação padronizada em cada local, para
identificar todos os riscos e definir as medidas de controle adequadas.

A avaliação é feita por meio de ferramentas específicas, como a análise


preliminar de riscos (APR), a qual avalia cada situação com base no potencial de
gravidade do acidente ou da doença, na probabilidade de ocorrência e na frequência
de exposição. Dessa forma, podem-se definir o nível de riscos e as medidas
adequadas.

A check list ou as APRs podem ser utilizadas em ambas as situações descritas.


O profissional de segurança do trabalho deve utilizar a ferramenta mais adequada ao
processo analisado e a que estiver mais habituado.

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Ao avaliar os riscos ocupacionais no ambiente de trabalho, podem-se também


encontrar situações de trabalho que exponham o trabalhador a mais de um tipo de
risco. Inicialmente, os riscos são avaliados independentemente. Porém, há certas
combinações de riscos que requerem atenção especial, pois normalmente envolvem
um agente ambiental.

É o caso, por exemplo, do trabalhador de roçagem, o qual tem uma demanda


ergonômica por sustentar o equipamento ao longo da atividade ao mesmo tempo que
está exposto à vibração. Ambos os agentes têm potencial para danos nos mesmos
sistemas do corpo. Sendo assim, a exposição conjunta pode resultar em um agravo
maior do que os riscos analisados individualmente.

Observe os exemplos a seguir. Neles, será apresentado um levantamento de


riscos para atividades de roçagem e pavimentação de vias. O levantamento indica a
existência dos riscos, mas não é avaliado o potencial de dano ao trabalhador, em
função de características da atividade ou das proteções existentes.

Exemplo 1 – Atividade de roçagem

Observe a imagem a seguir. Nela, o trabalhador está realizando a atividade de


roçagem. Que riscos podem ser levantados quanto à atividade em questão?

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Figura 14 – Trabalhador em atividade de roçagem


Fonte: <http://agencia.sorocaba.sp.gov.br/prefeitura-realiza-rocagem-e-limpeza-em-
16-bairros/>.

Riscos ocupacionais que podem ser levantados

Riscos físicos

Exposição a ruído intermitente produzido pelo próprio equipamento

Exposição à vibração produzida pelo próprio equipamento e transmitida


ao trabalhador pelas empunhaduras da máquina, caracterizando uma
vibração de mãos e braços

Exposição ao calor devido à exposição ao sol e ao trabalho com esforço

Exposição à radiação ultravioleta

Riscos químicos

Exposição a gasolina devido à possibilidade de contato com o


combustível líquido durante o abastecimento da roçadeira

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Riscos biológicos

Contato com vetores de transmissão de doenças, tais como mosquitos

Contato com áreas alagadas e contaminadas por alguma bactéria, algum


protozoário ou algum fungo

Riscos ergonômicos

Postura em pé mantida por longo tempo

Flexão do pescoço continuamente na direção do ponto de roçagem

Sustentação do equipamento pelo trabalhador durante todo o período da


atividade

Posição predominantemente estática dos membros superiores e


preensão constante da empunhadura

Exigência de atenção constante com pessoas no entorno

Riscos de acidente

Projeção de material pelo sistema de roçagem (lâmina ou linha), tais


como pedras e madeira, contra o trabalhador

Atropelamento (se a atividade for realizada próxima a vias)

Presença de animais peçonhentos

Queda de mesmo nível devido a irregularidades e presença de materiais


no solo

Exemplo 2 – Atividade de pavimentação de vias

Observe a figura a seguir. Com relação à pavimentação de vias, que riscos


ocupacionais poderiam ser levantados?

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Figura 15 – Atividade de pavimentação de vias


Fonte: <https://www.jornaldooeste.com.br/noticia/prefeitura-de-nova-santa-rosa-
realiza-pavimentacao-asfaltica-na-linha-gabiroba>.

Riscos ocupacionais que podem ser levantados

Riscos físicos

Exposição a ruído intermitente gerado pelos equipamentos e pelos


veículos utilizados na pavimentação

Exposição à vibração de corpo inteiro nos veículos de pavimentação


transmitida pelo contato direto com os assentos

Exposição ao calor devido à exposição ao sol ou ao ambiente quente e


ao trabalho com esforço

Exposição à radiação ultravioleta devido à exposição ao sol

Riscos químicos

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Exposição a vapores e a fumos de asfalto originados do aquecimento do


produto de pavimentação (a composição dos fumos e dos vapores
depende da tecnologia e das temperaturas empregadas, mas pode
conter hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, como fluoreno,
benzo(a)antraceno e benzo(a)pireno)

Exposição a substâncias utilizadas para limpeza de máquinas ou


preparação de asfalto (por exemplo, querosene)

Riscos biológicos

Contato com vetores de transmissão de doenças, tais como mosquitos

Riscos ergonômicos

Repetição do movimento em função dos comandos executados pelo


trabalhador na máquina

Postura inadequada ao sentar no assento da máquina

Riscos de acidente

Queimaduras devido ao contato com superfícies aquecidas de máquinas


ou com o próprio asfalto ainda quente

Atropelamento dos trabalhadores que realizam atividades no solo por


veículos de pavimentação ou por outros veículos que circulam pela via

Corte, prensamento e esmagamento em elementos cortantes ou em


partes móveis das máquinas

As estratégias de controle para os diversos riscos dependem diretamente da


identificação destes, das rotinas e das atividades desempenhadas e das máquinas e
dos produtos empregados. Uma atividade poderá ser desenvolvida com segurança, na
presença de riscos ocupacionais, desde que o nível de risco seja corretamente
controlado.

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