O documento discute a saúde e segurança ocupacional em unidades de medicina nuclear e radioterapia. Apresenta os riscos físicos das radiações ionizantes e não ionizantes no ambiente de trabalho e as normas de proteção radiológica da CNEN e NR-15. Também descreve os equipamentos e métodos de dosimetria utilizados para monitoramento individual e ambiental nas unidades.
Descrição original:
Título original
Saúde e segurança do ocupacional em unidades de Medicina Nuclear e Radioterapia
O documento discute a saúde e segurança ocupacional em unidades de medicina nuclear e radioterapia. Apresenta os riscos físicos das radiações ionizantes e não ionizantes no ambiente de trabalho e as normas de proteção radiológica da CNEN e NR-15. Também descreve os equipamentos e métodos de dosimetria utilizados para monitoramento individual e ambiental nas unidades.
O documento discute a saúde e segurança ocupacional em unidades de medicina nuclear e radioterapia. Apresenta os riscos físicos das radiações ionizantes e não ionizantes no ambiente de trabalho e as normas de proteção radiológica da CNEN e NR-15. Também descreve os equipamentos e métodos de dosimetria utilizados para monitoramento individual e ambiental nas unidades.
SAÚDE E SEGURANÇA DO OCUPACIONAL EM UNIDADES DE MEDICINA
NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Marcelo Nery dos Santos
Engenheiro Ambiental
INTRODUÇÃO
Com o avanço do conhecimento científico na sociedade, a descoberta de técnicas e a
criação de novas tecnologias visam um maior conforto humano. A descoberta da radiação nuclear, que é um fenômeno natural e inevitável, fez com que a comunidade científica no século XX dedicasse seus maiores esforços para a mais proveitosa aplicação dessa energia contida no núcleo de um átomo. Essas descobertas acarretaram, primeiramente, em tragédias para a sociedade, com a sua aplicação em atividades bélicas, porém as aplicações pacíficas da energia nuclear foram se destacando ao longo das décadas vindouras. Uma das aplicações da energia nuclear (além da produção de energia elétrica, agricultura, indústria, etc.) é na medicina, transformando esse grande temor da sociedade em um aliado da vida humana. Porém o uso da energia nuclear inspira grandes cuidados para o trabalhador, fazendo com que organismos internacionais e nacionais regulamentem atividades de serviços de saúde em prol da proteção ao trabalhador.
REFERENCIAL TEÓRICO
Um dos principais tipos de riscos considerados dentro da higiene e saúde ocupacional é
o risco físico. Este se manifesta em diversas formas que difere dos riscos biológicos (onde há a exposição a um agente biológico) ou químicos (onde há a exposição a um agente químico que possa causar toxicidade no organismo ou mesmo contaminar o ar do ambiente ocupacional). Os riscos físicos, por sua vez, dependem das condições de temperatura, pressão, ruído e as radiações incidentes no ambiente ocupacional. As radiações se subdividem em duas categorias importantes, as radiações não-ionizantes e as radiações ionizantes. Radiações não-ionizantes podem acarretar em malefícios ao trabalhador em função da intensidade da exposição. A radiação não-ionizante mais comum é a própria luz visível, que sua incidência excessiva pode causar problemas na visão do trabalhador. Outras radiações desta categoria, consideradas pelo anexo 7 da NR-15 são a radiação das microondas os raios ultravioleta (menores que 320 nanômetros) os lasers (BRASIL, 1978). As radiações ionizantes possuem a propriedade de retirar ou adicionar de um elétron nas camadas mais externas do átomo, ocorrendo um desequilíbrio molecular no objeto atingido – sendo esse objeto um tecido vivo, pode acarretar em vários danos, desde queimaduras leves até câncer e síndromes hereditárias. A radiação ionizante, por sua vez, se subdivide em duas categorias: a radiação corpuscular e a radiação eletromagnética. Radiação corpuscular nada mais é do que a emissão de partículas a partir de um núcleo atômico instável. Essa partícula é “expelida” do núcleo com energia relativamente alta, fazendo com que a ionização ocorra devido ao choque dessa partícula energizada com o material receptor (HINRICKS, CLEINBACH, 2004). A radiação eletromagnética é a emissão de raios eletromagnéticos (sem massa, somente energia) a partir do núcleo atômico instável. Esses raios também contêm uma energia relativamente alta e desestabilizam os elétrons mais externos dos átomos atingidos, ocorrendo assim a ionização. A diferença crucial é que a radiação eletromagnética é muito mais penetrante do que a corpuscular, fazendo assim com que a maior parte da segurança radiológica em unidades de saúde – e em outros ramos - seja para “blindar” o corpo humano de doses excessivas dessas radiações. O limite das doses, são de 20 mSv por ano, não podendo ultrapassar 50 mSv dentro do período de 1 ano, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, 2018 p. 53), o Sievert (Sv) é a unidade de medida que estima o efeito biológico de uma dose absorvida por um organismo (RODITI, 2005 p. 68). Fontes radioativas são utilizadas e presentes em diversos meios na sociedade, um desses meios é a medicina. A medicina nuclear – ramo da medicina diagnóstica – utiliza de fontes radioativas, como o Iodo-123 ou Iodo-131 para a detecção de anomalias na tireoide. Também é utilizado o Tecnécio-99m para detecção de anomalias na tireoide e também em outras partes do organismo. Na radioterapia – ramo da medicina terapêutica – os materiais mais utilizados para o tratamento de tumores malignos são o césio-137, o cobalto-60 e o irídio- 192 (SCAFF, 1997). Para a segurança do indivíduo ocupacionalmente exposto (termo que a CNEN utiliza para os trabalhadores na área nuclear ou radiológica) a CNEN dispõe de um conjunto de normas para Radioproteção, que seria a CNEN 3.01 de Março de 2014 endossado pelo Anexo 5 da NR-15 (BRASIL, 2018). Para serviços de Medicina Nuclear, as normas de radioproteção são mais específicas (NN 3.05/2013), pois a capacidade de contaminação do local pelas fontes radioativas e muito maior. Para os serviços de radioterapia a norma regente é a norma CNEN NE-6.10/2014. Esta norma se diferencia da norma de Medicina Nuclear devido ao fato de as fontes serem diferenciadas. A fiscalização está a cargo da ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), segundo a portaria no 453/98, sendo competência dos órgãos de Vigilância Sanitária dos Estados e Municípios (AUGUSTO, 2009). Em unidades de radioterapia é comum a prática do uso de dosímetros - perante o método TLD – em diferentes partes do corpo. Este método consta no uso de cristais termoluminescentes que absorvem a radiação local (a absorção deve ser maior que 0,2 μGy) (BATISTA, 2011). Em unidades onde pode haver contaminação de superfície, o uso de equipamentos eletrônicos como Sondas Pancake e indispensável. Contadores-Geiger são utilizados para o levantamento radiométrico e/ou a dosimetria do ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGUSTO, J. V.; Conceitos básicos de física e proteção radiológicas; Editora Atheneu,
1a Ed., São Paulo, 2009.
BRASIL, Portaria MTB 1.084, de 18 de dezembro de 2018, NR-15 Atividades e
BRASIL, Portaria MTB 3.214, de 8 de julho de 1978, NR-15 Atividades e Operações
Insalubres – Anexo nº 7 – Radiações Não-Ionizantes; https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos- especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-15-anexo-07.pdf Acessado dia 08/07/2022 BATISTA, Bernardo José Braga; Avaliação de dosímetros termoluminescentes para uso em radioterapia com fótons de alta energia; dissertação de mestrado; Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011; https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/43/43134/tde-26042012- 152350/publico/DissertacaoBatistaBernardo.pdf acessado dia 09/07/2022 HINRICHS, R. A., KLEINBACH, M. Energia e Meio Ambiente; Editora Pioneira Thomson Learning; tradução da 3a edição norte-americana; São Paulo – SP; 2004.
IAEA, International Atomic Energy Agency; Occupational Radiation Protection -
General Safety Guide No. GSG-7; Vienna, 2018 https://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/PUB1785_web.pdf Acessado dia 09/07/2022
RODITI, I. Dicionário Houaiss de Física; Editora Objetiva; 1a Ed, Rio de Janeiro – RJ, 2005.
SCAFF, L. A. M; Física da Radioterapia. Ed. Sarvier; São Paulo – SP; 1997.