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Radiação não ionizante

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Radiações não ionizantes são as radiações


cuja energia é insuficiente para ionizar átomos
ou moléculas, ou seja, possuem energia inferior
a 10 ou 12 eV.[1] Portanto, a radiação não
ionizante refere-se à radiação eletromagnética
que possui comprimento de onda maior que 100
nm (ou ainda, com frequências menores que
3x1015Hz), abrangendo o todo o espectro
eletromagnético com frequências iguais ou
inferiores às do ultravioleta próximo, vide a
figura 1.

Porém, para fins de práticos de proteção Figura 1: Espectro eletromagnético apresentando as regiões de
radiológica, também podem ser considerados radiações ionizantes e não ionizantes
radiações não ionizantes os campos elétricos e
magnéticos estáticos, bem como o transporte de energia através da matéria sob a forma de vibrações
mecânicas, como ultrassom e infrassom.[2]

O espectro da radiação não ionizante


O espectro da radiação não ionizante pode ser subdividido em três grandes categorias, historicamente
chamados de: óptico, radiofrequência e elétrico.[3]

Óptico

O espectro óptico é aquele no qual a energia é associada à luz ou suas radiações vizinhas (infravermelho e
ultravioleta).[3]

Radiofrequência

O espectro de radiofrequência inclui frequências abaixo e acima das tradicionais ondas de rádio,
compreendendo tipicamente as frequências entre 10 kHz até 300 GHz.[3]

As frequências na faixa entre 300 MHz até 300 GHz são conhecidas como micro-ondas.[4]

Elétrico
O espectro elétrico compreende aquele no qual a energia é usualmente
transmitida por fios ou cabos com uma frequência de 50 e 60  Hz. O
espectro elétrico cobre a maioria dos equipamentos eletroeletrônicos e
tradicionalmente tem seu limite superior como sendo 20  kHz. Ondas
nessas frequências podem irradiar e propagar-se no espaço da mesma
forma que as ondas eletromagnéticas de frequência mais altas.[3]

Riscos à saúde

Ultravioleta Símbolo internacional de


advertência de radiação não
O ultravioleta (radiação ultravioleta), pode ser dividida em UVA, UVB e ionizante.[5]
UVC, esta classificação foi feita por dermatologistas e introduzida na
década de 1930 e segue-se abaixo:

UVA com comprimento de onda de 400 a 315 nm;


UVB com comprimento de onda de 315 a 280 nm;
UVC com comprimento de onda de 280 a 100 nm.

A UVA, conhecida como luz negra, pode ser subdividida em UVA-I (340 a
400 nm) e UVA-II (315 a 340 nm). A UVA-I possui a maior profundidade
de penetração na pele e pode induzir câncer. A UVA-II possui potencial
para causar eritemas, alterar o sistema imune e causar câncer. A UVB
também conhecida como luz eritematogênica, por causar eritema
(queimadura de pele) e a UVC é conhecida por luz germicida, por ser
capaz de destruir os germes.[6]

Os efeitos indesejáveis da radiação ultravioleta ocorrem principalmente


na pele e nos olhos. A exposição sem proteção adequada é cancerígena Símbolo internacional de
para a pele, causa depressão imunológica, fotoenvelhecimento, além de advertência de radiação óptica.[5]
causar lesões oculares como ceratoconjuntivite, pterígio e catarata.[6]

Infravermelho

O infravermelho (radiação infravermelha), possui comprimento de onda de 700 nm a 1 mm. O infravermelho


próximo (700 nm a 1400 nm) atravessa o cristalino do olho e chega até a retina. Altos níveis dessa radiação
podem causar uma variedade de problemas oculares entre ele o escotoma. Outros problemas variam de
simples vermelhidão até inchaço do olho e hemorragias. Longas exposições podem causar catarata.[1]

Luz visível de alta intensidade

A luz visível ocorre na região de 380 nm (violeta) a 750 nm (vermelho). Ela passa pela córnea, cristalino e é
focalizada na retina. Se a intensidade da luz visível for muito alta, danos podem ser causados à retina e outras
partes do olho.[1]

Laser
O laser é uma fonte intensa, coerente e direcional de radiação óptica.
Alguns lasers podem ser um risco à saúde dependendo da intensidade, do
comprimento de onda, da duração da exposição e da parte do corpo
afetada. Os efeitos do laser são essencialmente os mesmos da luz visível,
ultravioleta e infravermelho, sendo que o maior perigo é oferecido ao
olho, podendo causar desde vermelhidão até carbonização.[1]

Micro-ondas

As micro-ondas são radiações eletromagnéticas com comprimento de


onda entre 1  m e 1  mm (ou seja, frequências entre 300  MHz e Símbolo internacional de
300 GHz)[4]. advertência de laser.[5]

As que possuem comprimento de onda menor que 3 cm (frequências


acima de 10 Ghz) são absorvidas na parte superficial da pele, as com comprimentos de onda entre 3 e 10 cm
(entre 10 e 3 GHz) penetram de 1 a 10 mm na pele e as com comprimentos de onda entre 25 e 200 cm (1,2 e
0,15 GHz) penetram em tecidos profundos e órgãos. Os tecidos humanos são essencialmente transparentes
para micro-ondas com comprimentos de onda maiores que 200 cm (abaixo de 0,15 GHz).[1]

As micro-ondas absorvidas são convertidas, principalmente, em calor. O aumento da temperatura em tecidos


profundos pode causar danos antes que a pessoa perceba o aquecimento.[1]

O maior perigo das micro-ondas é para os olhos, onde parecem ter um efeito cumulativo no cristalino,
produzindo cataratas. Há alguma evidência de que as micro-ondas também afetam o sistema nervoso central
de várias maneiras. Elas também afetam o funcionamento de alguns tipos de marca-passos cardíacos.[1]

Monitores de vídeo

Na década de 1980 quando houve um grande aumento na automação de escritórios, surgiram controvérsias
relacionadas aos efeitos nocivos de radiações não ionizantes emitidas por monitores de computador. Grande
parte da preocupação surgiu de grupos de trabalhadoras de escritórios que sofreram abortos ou geraram
crianças com defeitos congênitos. Um estudo de 5 anos mostrou que não havia efeito sobre abortos para
mulheres que trabalham com monitores por menos de 20h por semana e uma incidência de aborto
espontâneo 5% maior para aquelas que trabalham com monitores mais de 20 horas por semana. Porém a
controvérsia parece ter desaparecido porque os estudos não mostraram um vínculo forte entre o uso de
monitores e abortos espontâneos. Como consequência positiva, os fabricantes diminuíram os níveis de
emissões e com o advento das telas planas, esses níveis caíram ainda mais.[1]

Outros estudos também sugeriam algum tipo de anormalidades em cromossomos de linfócitos expostos a
monitores do tipo tubo de raios catódicos.[7]

Radiofrequência e câncer

Se as radiações não ionizantes na faixa da radiofrequência (incluindo-se aí as micro-ondas) causam ou não


câncer, tem estado em debate desde 1960. Pode-se dizer que os cientistas que estudam a área dividem-se em
dois grupos:

aqueles que advogam que os efeitos nocivos da radiofrequência são devidos apenas ao aquecimento,
uma vez que a radiofrequência não possui energia suficiente para causar ionizações, e portanto, abaixo
dos limites térmicos estabelecidos essa radiação é segura;
aqueles que acreditam que a radiofrequência é nociva em níveis bem menores que aqueles
determinados pelos limites térmicos. Eles acreditam que ela possa causar câncer, problemas
reprodutivos e uma variedade de outros sintomas.[8]

A despeito do debate ainda em curso, é interessante salientar a posição de algumas autoridades chave sobre
esse assunto:
A Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (cuja sigla em inglês é ICNIRP),
que é uma organização científica independente que provê recomendações e orientações, e que presta
apoio a Organização Mundial de Saúde (OMS), advoga que efeitos agudos e de longo prazo pela
exposição à radiofrequência, na faixa de 100 kHz a 300 GHz, abaixo do limite térmico não apresentam
evidencia conclusiva de efeitos adversos à saúde.[8][9]
A Agência Nacional de Telecomunicações brasileira (ANATEL), advoga que de acordo com os estudos
desenvolvidos na OMS, não há evidências científicas convincentes de que a exposição humana a
valores de campos eletromagnéticos abaixo dos limites estabelecidos cause efeitos adversos à
saúde.[10]
O Ministério da Saúde do Brasil, reconhece os dois pontos de vista antagônicos expostos acima e
declara que, por ser uma discussão ampla, ainda, não há estudos conclusivos sobre os efeitos dessas
radiações não ionizantes sobre a saúde humana.[11]

Ver também
Radiação ionizante

Referências
1. Roger L. Brauer (2006). «Capítulo 21: Nonionizing Radiation». Safety and Health for Engineers (em
inglês) 2 ed. Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons. p. 383-398. ISBN 978-0471291893
2. ICNIRP (1985). «Review of Concepts,Quantities,Units and Terminology for Non-Ionizing Radiation
Protection» (http://www.icnirp.org/cms/upload/publications/INIRCReview.pdf) (PDF). Health Physics. 49
(6): 1329-1362. Consultado em 7 de outubro de 2017
3. Michaelson, Sol M. (1987). «Capítulo 1: Historical perspective». Biological effects and health implications
of radiofrequency radiation (em inglês). Nova York: New York Plenum Press. ISBN 0-306-41580-1
4. David M. Pozar (1990). «Capítulo 1: Introduction». Microwave Engineering (em inglês). [S.l.]: Addison-
Wesley. p. 1. ISBN 0-201-50418-9
5. «Online Browsing Plataform» (https://www.iso.org/obp/ui#search) (em inglês). Símbolos de segurança
usados em locais de trabalho e áreas públicas - ISO 7010. International Organization for Standardization
- ISO. Consultado em 12 de outubro de 2017
6. Emico Okuno, Maria Apparecida C. Vilela (2005). «Capítulo 3: Efeitos biológicos». Radiação ultravioleta:
características e efeitos. São Paulo: Livraria da Física. ISBN 85-88325-31-4
7. «Alterações cromossômicas causadas pela radiação dos monitores de vídeo de computadores» (http://w
ww.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102002000300012&lng=en&nrm=iso&tlng=p
t). doi:10.1590/S0034-89102002000300012 (https://dx.doi.org/10.1590%2FS0034-89102002000300012)
8. Magda Havas (2017). «When theory and observation collide: Can non-ionizing radiation cause cancer?».
Elsevier. Environmental Pollution. 221: 501-505
9. ICNIRP. «High Frequency (100 kHz - 300 GHz)» (http://www.icnirp.org/en/frequencies/highfrequency/inde
x.html) (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2017
10. ANATEL (Agosto de 2016). «Exposição a campos Eletromagnéticos» (http://www.anatel.gov.br/setorregul
ado/exposicao-a-campos-eletromagneticos). Consultado em 12 de outubro de 2017
11. Portal do Governo Brasileiro - Ministério da Saúde (30 de maio de 2017). «Radiação não ionizante» (htt
p://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigifis/radiacao-nao-ionizante).
Consultado em 4 de setembro de 2019

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