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Despigmentantes
Conteudista
Prof.ª M.ª Thaís Brienza
Revisão Textual
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
OBJETIVO DA UNIDADE
• Reconhecer os diferentes tipos de protetores solares e ter o conheci-
mento para a escolha de um filtro solar adequado e sua importância nas
hipercromias.
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Introdução
A agressão que a radiação solar provoca na pele não se limita apenas às queima-
duras solares, ela é capaz de causar fotoenvelhecimento, aumento na síntese de
melanina, alterações nas células e nas fibras de colágeno e elastina, imunossu-
pressão e câncer de pele. Com isso, ao final desta Unidade, você deve aprender
a identificar os protetores solares e seus respectivos filtros solares, reconhecer o
espectro de proteção ultravioleta oferecido pelos produtos cosméticos, analisar
os veículos empregados nos protetores e a resistência à água, ao suor, à come-
dogenicidade dos fotoprotetores, além de ter o conhecimento para a escolha de
um filtro solar adequado e sua importância nas hipercromias.
O homem sempre teve uma relação com o Sol, de modo a acreditar sempre nos
seus benefícios, desde os tempos antigos, visando a buscar seus efeitos terapêu-
ticos. É imprescindível citar que a radiação ultravioleta, especialmente do tipo
UVB, é precursora da vitamina D (Figura 1), uma vitamina que auxilia na fixação
de cálcio nos ossos, podendo evitar doenças como raquitismo e osteoporose.
Sua ação positiva sobre o humor, levando à sensação de bem-estar, atua na pro-
dução de melatonina, hormônio que contribui com a qualidade do sono e previ-
ne transtornos mentais, como a depressão.
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A exposição ao Sol acelera o envelhecimento cutâneo pela ação da radiação solar
sobre a pele (RIBEIRO, 2010).
O Sol emite vários tipos de radiação (Figura 2), que é dividida em ultravioleta (UV),
com comprimento de onda que varia de 100 a 400 nm, luz visível (VIS), de 380 a 760
nm e infravermelha (IV), com comprimento de onda acima do visível (Figura 3).
Assim, para a fotoproteção, temos de prestar atenção à radiação UV, e ela pode
ser dividida em:
UVC ou Ultravioleta C
Vai de 100 nm a 290 nm, apresenta o menor comprimento, não atinge a superfície
da pele, sendo filtrada pela camada de ozônio. A maioria dos pesquisadores afir-
mam que essa radiação é completamente absorvida, na estratosfera, pela camada
de ozônio. Ela é germicida e pode ser considerada a mais danosa para os seres
vivos, por suas características penetrantes e por provocar severas queimaduras e
ações mutagênicas;
UVB ou Ultravioleta B
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UVA ou Ultravioleta A
Tem comprimento de onda de 320 a 400 nm, é a menos energética, porém, pene-
tra mais profundamente a pele, atinge a derme e promove alterações nas fibras
de colágeno e elastina. A exposição crônica provoca o fotoenvelhecimento, no
qual estruturas da matriz extracelular que dão suporte à pele ficam danificadas,
contribuindo para a formação de rugas e flacidez cutânea. A maioria dos seus da-
nos está relacionada ao estresse oxidativo. Sua incidência é contínua o ano todo,
inclusive no inverno (REBELLO, 2016; RIBEIRO, 2010).
Saiba Mais
As radiações são expressas na forma de nanômetros (nm), que
representam a milésima parte do milímetro. No Sol, ocorrem
constantes reações nucleares que transformam hidrogênio em
hélio, liberando uma enorme quantidade de energia na forma de
ondas eletromagnéticas, as radiações solares (REBELLO, 2016;
RIBEIRO, 2010).
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Figura 3 – Espectro Solar
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração do Espectro solar, sobre fundo branco. Da esquerda para a direita, 100 nm
radiação UVC; 280 nm radiação UVB, 315 nm radiação UVA. A partir dos 400 nm, luz visível e, a partir de 700,
infravermelho. Fim da descrição.
Importante
Sabe-se que o ângulo de incidência das radiações também contribui
para o aumento ou a diminuição do UV, ou seja, quanto menor a la-
titude (distância do Equador), maior a intensidade da radiação. Ou-
tro fator que interfere é a altitude. A cada 300m de elevação, temos
um aumento de 4% na intensidade da radiação (RIBEIRO, 2010).
A radiação UVB tem relação mais direta com os danos do câncer de pele que a
radiação UVA, visto que a porção UVB é mais energética, ou seja, promove danos
aos cromossomos, com posteriores mutações.
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• Carcinoma espinocelular: origina-se na camada média da epiderme, apre-
sentando menor frequência que o basocelular;
Importante
Muito difundidas no Brasil indiscriminadamente, as câmaras de
bronzeamento artificial foram proibidas pela ANVISA – Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária, desde 11 de novembro de
2009, devido aos riscos causados à saúde da população, re-
lacionados ao uso do equipamento e à falta de manutenção
adequada desses equipamentos.
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Mecanismos de Fotoproteção
A fotoproteção pode ser definida como um conjunto de medidas destinadas a
atenuar o efeito danoso da radiação ultravioleta sobre a pele. A fotoproteção
é a arma mais eficaz na prevenção quanto aos efeitos danosos da radiação
solar, como a proteção mecânica exercida pelas roupas e acessórios, a foto-
educação e os protetores solares, como demonstrado na Figura 5 (STEINER;
ADDOR, 2014).
O filtro ideal não deve ser sensibilizante, irritante, tóxico, mutagênico ou volátil.
Não pode e nem deve ser absorvido pela pele, sofrer qualquer alteração de cor e
textura, e nem manchar a pele ou as roupas. Deve ser compatível com os demais
componentes da formulação e com o material da embalagem.
De nada irá adiantar todas essas características se o filtro solar não apresentar
amplo espectro de absorção, reflexão e/ou espalhamento para determinada ra-
diação ultravioleta. Para essa ação, podem ser utilizados os filtros solares quími-
cos e/ou físicos, como será descrito a seguir (MATOS, 2014).
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Filtro Solar Físico e Químico
Os filtros solares são produtos com propriedades de absorver, refletir e disper-
sar a radiação que incide sobre a pele (RIBEIRO, 2010) e são classificados como
orgânicos ou inorgânicos, ou denominados “químicos” ou “físicos”, respectiva-
mente (COSTA, 2012).
O filtro físico é aquele que protege a pele graças aos fenômenos físicos de refle-
xão e espalhamento.
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a radiação UVB e apresentam baixa absorção em relação à UVA (RIBEIRO,
2010; COSTA, 2012). As substâncias denominadas Tinosorb M® e Tinosorb
S® apresentam proteção UVA e UVB (RIBEIRO, 2010; REBELLO, 2016).
Nem mesmo é possível ter a associação de filtro físico e químico e obter bons
resultados contra a radiação UVA e UVB (REBELLO, 2016).
Veja, na Figura a seguir, a diferença entre uma pele com e sem fotoproteção:
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Fator de Proteção Solar
Para que o usuário do protetor solar tenha conhecimento da capacidade de
proteção do cosmético, constam nos rótulos desses produtos alguns dados
que precisamos aprender a interpretar. Portanto, pensando nos tipos de radia-
ção que temos e nos filtros solares, nos rótulos também é necessário aparecer
informações quanto à capacidade de proteção do produto cosmético em rela-
ção à radiação UVA e UVB.
Assim, faz-se para cada voluntário a razão entre a DEM com proteção e a
DEM sem proteção. O FPS do cosmético deve ser calculado com base em
uma média de resultados encontrados na análise de 10 a 20 voluntários.
Figura 7
Fonte: Adaptada de MATOS, 2014
Dessa forma, o FPS mede a proteção oferecida por um determinado filtro solar
contra o aparecimento de eritema cutâneo, que é provocado basicamente pela
radiação UVB (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).
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Tabela 1 – Comparativo entre o valor de FPS e a sua
proteção equivalente em porcentagem
2 50
8 87,5
15 93,3
30 96,6
50 98
64 99
A sigla PPD (Persistent Pigment Darkening) indica a proteção contra a radiação UVA.
Essa radiação é pigmentógena, sendo responsável pela pigmentação tardia e/ou
persistente que aparece na pele, horas após a exposição ao Sol (RIBEIRO, 2010;
STEINER; ADDOR, 2014).
No entanto, para a radiação UVA, existem outras formas de indicar a proteção nos
rótulos dos protetores solares. Há Empresas que adotam a indicação por porcen-
tagem, outras pela representação com cruz (+), e outras com uma numeração,
como exemplificado na Tabela 2. Se no rótulo estiver escrito 97% de proteção UVA,
indica que apenas 3% de radiação está alcançando a nossa pele (MATOS, 2014).
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Tabela 2 – Nível de proteção da radiação UVA
+ Baixa 4
++ Média 8
+++ Ultra 20
Atualmente, diversos ativos com ação antioxidante foram inseridos nas formula-
ções de proteção solar a fim de reverter os danos oxidativos decorrentes da radia-
ção solar. Um desses ativos fotoprotetores com ação antioxidante e muito utiliza-
do nos fotoprotetores orais é o Polypodium leucotomus (STEINER; ADDOR, 2014).
O Polypodium leucotomos (PL), extrato seco obtido das raízes de uma espécie de
samambaia, exerce ação fotoprotetora mediante seus mecanismos antioxidan-
tes, ação anti-inflamatória e estimulante da imunidade.
Mais recentemente, alguns estudos elucidaram que, além da radiação UV, ondas
de maior comprimento de onda, como a radiação infravermelha e, principalmen-
te, a luz visível são capazes de desencadear fenômenos biológicos na pele, como
a pigmentação da pele. Melasma e hipercromia pós-inflamatória, são exemplos
de discromias, que também podem ser desencadeadas pela ação da luz visível
ou infravermelho.
Como opção de proteção extra, atualmente, sabe-se que temos os filtros inorgâ-
nicos ou pigmentos a serem utilizados nesses casos, pois são capazes de prote-
ger contra a ação da luz visível (STEINER; ADDOR, 2014).
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Alguns fatores influenciam na eficiência dos Filtros Solares, tais como:
Para oferecer um filtro solar ao consumidor, é necessário que ele seja incorpo-
rado a um veículo. Os veículos são responsáveis por distribuir esses ativos na
superfície cutânea e, ainda, determinarão a forma de apresentação desse cos-
mético (MATOS, 2014).
São o melhor veículo para os filtros solares. As emulsões A/O são mais ade-
quadas para a proteção da pele, porém, apresentam elevado teor lipofílico.
Assim, as emulsões O/A constituem os sistemas mais empregados e garantem
a adequada proteção com um sensorial mais confortável para o usuário (FLOR;
DAVALOS; CORREA, 2007);
Gel
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Loções hidroalcóolicas
Formas de
Características Indicação
Apresentação
Todos os tipos de
Sérum Sensorial leve. Secagem rápida.
pele.
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Como já descrito, vale lembrar que o protetor solar deve ter como características:
ser atóxico, não sensibilizante, não irritante e não mutagênico, não ser volátil,
não ser absorvido pela pele, não alterar a cor ou manchar a pele e as vestimen-
tas, ser incolor, ser compatível com o material de acondicionamento e apresen-
tar estabilidade no produto final (FLOR; DAVALOS; CORREA, 2007).
Importante
A escolha do veículo do filme deve levar em consideração o
biotipo de pele, evitando veículos lipofílicos para peles mistas
ou peles oleosas.
Melanogênese
Denominamos o processo de melanogênese o processo pelo qual temos a pro-
dução de melanina pelos melanócitos, na região da epiderme. Essa reação ocor-
re como uma forma de proteção do organismo (especialmente do DNA celular)
aos danos externos, como as radiações ultravioletas (REBELLO, 2016).
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Figura 8 – Melanina e melanócito
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da melanina e do melanócito, sobre fundo branco. Imagem da epiderme, com
todos os seus estratos. De cima para baixo: estrato córneo, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal.
No estrato basal, o melanócito desenhado em marrom e a célula de Merkel, em azul. Fim da descrição.
Importante
Como o Sol é um desencadeador da melanogênese, é primordial
utilizar o protetor solar – Figura 9 (REBELLO, 2016).
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Figura 9 – Ação do Sol na pigmentação da pele
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da ação do Sol na pigmentação da pele, sobre fundo branco. Imagem da esquer-
da, uma mulher sorrindo, porque está protegida pelo protetor solar. No centro, imagem da pele sofrendo ação
do sol, metade protegida com protetor solar e metade sem. À direita, imagem de uma mulher preocupada, com
manchas no rosto. Fim da descrição.
Ativos Despigmentantes
As ações dos ativos que podem atuar sobre a pigmentação cutânea são diversas.
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Tabela 4 – Ativos despigmentantes e seus mecanismos de ação
Inibidor da
transferência Sequestrantes
Inibidor da Renovadores
da melanina dos íons cobre
melanogênese epidérmicos
para os e ferro
queratinócitos
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MATERIAL COMPLEMENTAR
Leituras
Vídeos
FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores solares, Quim. Nova, São Paulo, v.
30, n. 1, 153-158, 2007.
SCHALKA, S. et al. Proteção oferecida por fotoprotetores contra luz visível – uma pro-
posta de avaliação. Surg. Cosmet. Dermatol., São Paulo, v. 3, n. 4, p. 45-52, 2012.
STEINER, D. et al. Tratamento do melasma: uma revisão sistemática. Surgical & Cos-
metic Dermatology, [s.l.], v.1, n. 2, p.87-94, 2009.
TUCHINDA, C. et al. Novel emerging sunscreen technologies. Dermatol. Clin., [s.l.], v. 24,
n.1, p.105-17, 2006.