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Fotoproteção Solar e Ativos

Despigmentantes

Conteudista
Prof.ª M.ª Thaís Brienza

Revisão Textual
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
OBJETIVO DA UNIDADE
• Reconhecer os diferentes tipos de protetores solares e ter o conheci-
mento para a escolha de um filtro solar adequado e sua importância nas
hipercromias.

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Introdução
A agressão que a radiação solar provoca na pele não se limita apenas às queima-
duras solares, ela é capaz de causar fotoenvelhecimento, aumento na síntese de
melanina, alterações nas células e nas fibras de colágeno e elastina, imunossu-
pressão e câncer de pele. Com isso, ao final desta Unidade, você deve aprender
a identificar os protetores solares e seus respectivos filtros solares, reconhecer o
espectro de proteção ultravioleta oferecido pelos produtos cosméticos, analisar
os veículos empregados nos protetores e a resistência à água, ao suor, à come-
dogenicidade dos fotoprotetores, além de ter o conhecimento para a escolha de
um filtro solar adequado e sua importância nas hipercromias.

Espectro da Radiação Solar e Tipos de


Radiação Ultravioleta

O homem sempre teve uma relação com o Sol, de modo a acreditar sempre nos
seus benefícios, desde os tempos antigos, visando a buscar seus efeitos terapêu-
ticos. É imprescindível citar que a radiação ultravioleta, especialmente do tipo
UVB, é precursora da vitamina D (Figura 1), uma vitamina que auxilia na fixação
de cálcio nos ossos, podendo evitar doenças como raquitismo e osteoporose.
Sua ação positiva sobre o humor, levando à sensação de bem-estar, atua na pro-
dução de melatonina, hormônio que contribui com a qualidade do sono e previ-
ne transtornos mentais, como a depressão.

E, para finalizar os benefícios, esse tipo de radiação proveniente do sol também


pode trazer benefícios para o sistema imunológico (MATOS, 2014):

Figura 1 – Síntese da vitamina D pelo sol


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da síntese de vitamina D pelo Sol, sobre fundo branco. Ao centro, uma imagem
de um Sol. Dentro está escrito vitamina D. Ao lado, alguns alimentos que são fonte de vitamina D: leite, queijos,
ovos. Fim da descrição.

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A exposição ao Sol acelera o envelhecimento cutâneo pela ação da radiação solar
sobre a pele (RIBEIRO, 2010).

Sabe-se que o dano cutâneo é atribuído, dentre outros fatores, ao aumento da


incidência de radiação solar devido à depleção da camada de ozônio, exposições
prolongadas e excessivas e exposição em horários inadequados (STEINER;
ADDOR, 2014; REBELLO, 2016).

O Sol emite vários tipos de radiação (Figura 2), que é dividida em ultravioleta (UV),
com comprimento de onda que varia de 100 a 400 nm, luz visível (VIS), de 380 a 760
nm e infravermelha (IV), com comprimento de onda acima do visível (Figura 3).

Assim, para a fotoproteção, temos de prestar atenção à radiação UV, e ela pode
ser dividida em:

UVC ou Ultravioleta C

Vai de 100 nm a 290 nm, apresenta o menor comprimento, não atinge a superfície
da pele, sendo filtrada pela camada de ozônio. A maioria dos pesquisadores afir-
mam que essa radiação é completamente absorvida, na estratosfera, pela camada
de ozônio. Ela é germicida e pode ser considerada a mais danosa para os seres
vivos, por suas características penetrantes e por provocar severas queimaduras e
ações mutagênicas;

UVB ou Ultravioleta B

Apresenta comprimento de onda de 290 nm a 320 nm, parcialmente filtrado pela


Camada de Ozônio, chegando à superfície da terra em torno de 5%, atinge par-
cialmente a pele, tendo absorção em torno de 30% dessa radiação, penetra a epi-
derme e atinge os queratinócitos e melanócitos, altera sua coloração, provocando
eritema (vermelhidão) e relaciona-se ao câncer de pele. Apenas uma pequena
porção é capaz de atingir a derme e está associada à síntese de vitamina D;

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UVA ou Ultravioleta A

Tem comprimento de onda de 320 a 400 nm, é a menos energética, porém, pene-
tra mais profundamente a pele, atinge a derme e promove alterações nas fibras
de colágeno e elastina. A exposição crônica provoca o fotoenvelhecimento, no
qual estruturas da matriz extracelular que dão suporte à pele ficam danificadas,
contribuindo para a formação de rugas e flacidez cutânea. A maioria dos seus da-
nos está relacionada ao estresse oxidativo. Sua incidência é contínua o ano todo,
inclusive no inverno (REBELLO, 2016; RIBEIRO, 2010).

Saiba Mais
As radiações são expressas na forma de nanômetros (nm), que
representam a milésima parte do milímetro. No Sol, ocorrem
constantes reações nucleares que transformam hidrogênio em
hélio, liberando uma enorme quantidade de energia na forma de
ondas eletromagnéticas, as radiações solares (REBELLO, 2016;
RIBEIRO, 2010).

Figura 2 – Tipos de Radiação Ultravioleta


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração dos tipos de radiação ultravioleta, sobre fundo azul escuro. No canto superior
esquerdo, a imagem de um Sol. No centro, refletindo na terra, as radiações UVC, na seta amarela, UVB, na seta
vermelha e UVA, na seta verde. Ao lado, imagem representando a terra. Fim da descrição.

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Figura 3 – Espectro Solar
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração do Espectro solar, sobre fundo branco. Da esquerda para a direita, 100 nm
radiação UVC; 280 nm radiação UVB, 315 nm radiação UVA. A partir dos 400 nm, luz visível e, a partir de 700,
infravermelho. Fim da descrição.

Importante
Sabe-se que o ângulo de incidência das radiações também contribui
para o aumento ou a diminuição do UV, ou seja, quanto menor a la-
titude (distância do Equador), maior a intensidade da radiação. Ou-
tro fator que interfere é a altitude. A cada 300m de elevação, temos
um aumento de 4% na intensidade da radiação (RIBEIRO, 2010).

De todos os efeitos do Sol na pele, certamente, o mais preocupante é o câncer


de pele. Quanto ao câncer de pele, há evidências de que a radiação UV promove
alterações no sistema imunológico, fazendo com que ele não seja capaz de reco-
nhecer antígenos tumorais e/ou destruir células malignas, além de a radiação UV
também provocar diversas lesões no DNA celular.

A radiação UVB tem relação mais direta com os danos do câncer de pele que a
radiação UVA, visto que a porção UVB é mais energética, ou seja, promove danos
aos cromossomos, com posteriores mutações.

Diferentes estudos demonstraram a correlação da radiação UV e o desenvolvi-


mento de câncer, como:

• Carcinoma basocelular: é o mais frequente. Origina-se na camada mais


profunda da epiderme, tem relação direta com a exposição cumulativa do sol
sobre a pele;

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• Carcinoma espinocelular: origina-se na camada média da epiderme, apre-
sentando menor frequência que o basocelular;

• Melanoma maligno: considerado o mais raro e o mais agressivo, sendo resultante


da transformação maligna dos melanócitos (RIBEIRO, 2010; STEINER; ADDOR, 2014).

Importante
Muito difundidas no Brasil indiscriminadamente, as câmaras de
bronzeamento artificial foram proibidas pela ANVISA – Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária, desde 11 de novembro de
2009, devido aos riscos causados à saúde da população, re-
lacionados ao uso do equipamento e à falta de manutenção
adequada desses equipamentos.

Outro fenômeno que a Ciência já verificou é a correlação particularmente da


radiação UVA ao fotoenvelhecimento, no qual se evidencia uma pele ressecada,
rugas profundas, telangectasias, pigmentação irregular, efélides e lentigo solar.

A exposição excessiva e crônica ao Sol é capaz de produzir aumento de radi-


cais livres, que interferem nos mecanismos celulares que contribuem para o
fotoenvelhecimento – Figura 4 (STEINER; ADDOR, 2014; REBELLO, 2016).

Figura 4 – Penetração e alterações na pele relacionadas às radiações UVA e UVB


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da penetração e alterações na pele relacionadas às radiações UVA e UVB, sobre
o fundo branco. À esquerda, desenho de uma mulher com linhas de expressão. No centro, uma imagem das
camadas da pele, com duas setas: vermelha, representando a radiação UVA e a azul, representando a radiação
UVB. À direita, desenho de uma mulher jovem. Fim da descrição.

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Mecanismos de Fotoproteção
A fotoproteção pode ser definida como um conjunto de medidas destinadas a
atenuar o efeito danoso da radiação ultravioleta sobre a pele. A fotoproteção
é a arma mais eficaz na prevenção quanto aos efeitos danosos da radiação
solar, como a proteção mecânica exercida pelas roupas e acessórios, a foto-
educação e os protetores solares, como demonstrado na Figura 5 (STEINER;
ADDOR, 2014).

O protetor solar é um cosmético cujos ativos são os chamados filtros solares.


Sua ação se concentra em minimizar os efeitos das radiações UV, à medida
que reduz a entrada dessas radiações nos locais em que o cosmético é aplica-
do, seja na pele, seja nos lábios ou nos cabelos.

O filtro ideal não deve ser sensibilizante, irritante, tóxico, mutagênico ou volátil.
Não pode e nem deve ser absorvido pela pele, sofrer qualquer alteração de cor e
textura, e nem manchar a pele ou as roupas. Deve ser compatível com os demais
componentes da formulação e com o material da embalagem.

De nada irá adiantar todas essas características se o filtro solar não apresentar
amplo espectro de absorção, reflexão e/ou espalhamento para determinada ra-
diação ultravioleta. Para essa ação, podem ser utilizados os filtros solares quími-
cos e/ou físicos, como será descrito a seguir (MATOS, 2014).

Figura 5 – Formas de fotoproteção


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração das formas de fotoproteção, sobre fundo de praia amarelo e laranja. No centro,
desenho de toalhas, protetores solares, óculos de sol, chapéu, bolsa de palha e guarda sol. Fim da descrição.

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Filtro Solar Físico e Químico
Os filtros solares são produtos com propriedades de absorver, refletir e disper-
sar a radiação que incide sobre a pele (RIBEIRO, 2010) e são classificados como
orgânicos ou inorgânicos, ou denominados “químicos” ou “físicos”, respectiva-
mente (COSTA, 2012).

O filtro físico é aquele que protege a pele graças aos fenômenos físicos de refle-
xão e espalhamento.

Esses fenômenos são possíveis graças à ação de substâncias químicas inorgâni-


cas como os óxidos metálicos.

• Filtro físico: é pós-inertes e opaco, insolúvel em água. O óxido de zinco e o


dióxido de titânio são representantes dessa classe de filtros que dispersa a
radiação UV. Esses filtros formam uma barreira sobre a pele, refletindo ou es-
palhando a radiação UVA e UVB (RIBEIRO, 2010; REBELLO, 2012; COSTA, 2012).

O tamanho da partícula do filtro físico determinará o comprimento de onda es-


pecífico de reflexão e espalhamento da radiação UV. Quanto menor o tamanho
da partícula, maior a capacidade de reflexão e espalhamento homogêneo.

Com isso, a indústria cosmetológica desenvolveu filtros físicos com partículas


de tamanho extremamente reduzidos, chegando a obter até mesmo o aspecto
transparente, diferentemente do aspecto esbranquiçado da maioria dos prote-
tores solares de antigamente.

O filtro químico é totalmente diferente do físico, tanto pelo aspecto molecular


quanto pelo mecanismo de ação fotoprotetora. As moléculas do filtro químico
são orgânicas, ou seja, são capazes de absorver a radiação UV, transformando-a
em outra radiação menos energética e não danosa. De acordo com a moléculas,
pode-se ter a absorção da radiação UVA e UVB.

• Filtro químico: atua por absorção da radiação UV, que é transformada em


radiações com energias menores e inofensivas ao homem. Não é indicado
para crianças menores de 6 meses. O Ácido Para-Aminobenzoico (PABA) é
um dos filtros mais antigos. Filtra a radiação UVB, mas não costuma ser utili-
zado hoje em dia por causa de algumas limitações, pois é um dos alergênios
mais comuns em filtros solares e mancha as roupas quando em contato
físico. Temos, também, o Salicilato de Trietanolamina e o Salicilato de Octila
(filtra radiação UVB), e os mais utilizados, o metoxinamato de 2-etil-hexi-
la ou parametoxinamato de octila e, ainda, as benzofenonas que filtram

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a radiação UVB e apresentam baixa absorção em relação à UVA (RIBEIRO,
2010; COSTA, 2012). As substâncias denominadas Tinosorb M® e Tinosorb
S® apresentam proteção UVA e UVB (RIBEIRO, 2010; REBELLO, 2016).

Nem mesmo é possível ter a associação de filtro físico e químico e obter bons
resultados contra a radiação UVA e UVB (REBELLO, 2016).

Os protetores solares formulados com filtros inorgânicos têm baixa aceitação


cosmética, por provocar coloração esbranquiçada na pele, sendo uma alternativa
a inclusão na formulação de partículas pigmentares, como o óxido de ferro,
produzindo efeito de base no produto (Protetor Solar colorido ou pigmentado),
muito bem aceito, principalmente, pelas mulheres (SCHALKA et al., 2012;
TUCHINDA et al., 2006).

Veja, na Figura a seguir, a diferença entre uma pele com e sem fotoproteção:

Figura 6 – Pele com e sem fotoproteção


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da pele com e sem fotoproteção sobre fundo branco. No centro, duas imagens
da pele. Na imagem da esquerda, uma representação da pele sem proteção solar. Na imagem da direita, uma
representação com a radiação UV refletida. Fim da descrição.

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Fator de Proteção Solar
Para que o usuário do protetor solar tenha conhecimento da capacidade de
proteção do cosmético, constam nos rótulos desses produtos alguns dados
que precisamos aprender a interpretar. Portanto, pensando nos tipos de radia-
ção que temos e nos filtros solares, nos rótulos também é necessário aparecer
informações quanto à capacidade de proteção do produto cosmético em rela-
ção à radiação UVA e UVB.

Os filtros solares são classificados de acordo com um sistema de Fator de Prote-


ção Solar (FPS), que é uma classificação dada pelo FDA em 1978 e, de acordo com
a metodologia, deve-se aplicar o protetor solar a ser testado em uma área da
pele de voluntários na concentração de 2 mg/cm2. Esses voluntários serão sub-
metidos a doses progressivas de radiação ultravioleta de luz artificial e, após 16 a
24 horas de exposição, realiza-se a leitura da Dose Eritematosa Mínima (DEM) da
área com protetor solar e de uma área sem protetor solar.

Assim, faz-se para cada voluntário a razão entre a DEM com proteção e a
DEM sem proteção. O FPS do cosmético deve ser calculado com base em
uma média de resultados encontrados na análise de 10 a 20 voluntários.

Figura 7
Fonte: Adaptada de MATOS, 2014

Dessa forma, o FPS mede a proteção oferecida por um determinado filtro solar
contra o aparecimento de eritema cutâneo, que é provocado basicamente pela
radiação UVB (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

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Tabela 1 – Comparativo entre o valor de FPS e a sua
proteção equivalente em porcentagem

FPS Proteção (%)

2 50

8 87,5

15 93,3

30 96,6

50 98

64 99

Fonte: Adaptada de MATOS, 2014

A porcentagem de proteção oferecida por um FPS 15 é de 93,3% e a de um FPS


30 é de 96,6%, como visto na Tabela 1. Portanto, mesmo duplicando o valor do
FPS (tempo de proteção), a capacidade de proteção aumenta pouco. Como essa
diferença tende a ser cada vez menor à medida que aumentamos o valor do FPS,
generaliza-se que acima do FPS 30 são todos iguais.

É super importante lembrar que esses valores de tempo levam em consideração


o produto sobre o local a ser protegido, e com a quantidade aplicada adequada.
À medida que a pessoa transpira ou realiza alguma atividade que possa remover
esse produto do local de aplicação, esse valor não será o mesmo. Por isso, o re-
toque do protetor solar é imprescindível.

A sigla PPD (Persistent Pigment Darkening) indica a proteção contra a radiação UVA.
Essa radiação é pigmentógena, sendo responsável pela pigmentação tardia e/ou
persistente que aparece na pele, horas após a exposição ao Sol (RIBEIRO, 2010;
STEINER; ADDOR, 2014).

No entanto, para a radiação UVA, existem outras formas de indicar a proteção nos
rótulos dos protetores solares. Há Empresas que adotam a indicação por porcen-
tagem, outras pela representação com cruz (+), e outras com uma numeração,
como exemplificado na Tabela 2. Se no rótulo estiver escrito 97% de proteção UVA,
indica que apenas 3% de radiação está alcançando a nossa pele (MATOS, 2014).

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Tabela 2 – Nível de proteção da radiação UVA

Nível de Proteção Uva PPD

+ Baixa 4

++ Média 8

+++ Alta (97%) 12

+++ Muito alta 16

+++ Ultra 20

Fonte: Adaptada de MATOS, 2014

É importante citar que, com a entrada dos cosméticos multifuncionais, há uma


variedade de cosméticos fotoprotetores com outros benefícios cosméticos,
como hidratação, ação antioxidante, controlador de oleosidade e firmador e
maquiagem. Dessa forma, sempre será possível encontrar um produto que
atenda às necessidades do seu cliente e até mesmo supere as suas expectati-
vas (MATOS, 2014).

Atualmente, diversos ativos com ação antioxidante foram inseridos nas formula-
ções de proteção solar a fim de reverter os danos oxidativos decorrentes da radia-
ção solar. Um desses ativos fotoprotetores com ação antioxidante e muito utiliza-
do nos fotoprotetores orais é o Polypodium leucotomus (STEINER; ADDOR, 2014).

O Polypodium leucotomos (PL), extrato seco obtido das raízes de uma espécie de
samambaia, exerce ação fotoprotetora mediante seus mecanismos antioxidan-
tes, ação anti-inflamatória e estimulante da imunidade.

Mais recentemente, alguns estudos elucidaram que, além da radiação UV, ondas
de maior comprimento de onda, como a radiação infravermelha e, principalmen-
te, a luz visível são capazes de desencadear fenômenos biológicos na pele, como
a pigmentação da pele. Melasma e hipercromia pós-inflamatória, são exemplos
de discromias, que também podem ser desencadeadas pela ação da luz visível
ou infravermelho.

Como opção de proteção extra, atualmente, sabe-se que temos os filtros inorgâ-
nicos ou pigmentos a serem utilizados nesses casos, pois são capazes de prote-
ger contra a ação da luz visível (STEINER; ADDOR, 2014).

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Alguns fatores influenciam na eficiência dos Filtros Solares, tais como:

• Veículo: emulsões e cremes em geral tornam possível obter FPS mais


alto. As nanoemulsões podem fornecer um FPS mais alto (REBELLO, 2016;
RIBEIRO, 2010);

• Altas concentrações de etanol, óleo mineral e vaselina sólida reduzem o


comprimento de onda máximo de absorção dos Filtros, reduzindo sua efi-
ciência (REBELLO, 2016).

Formas de Apresentação dos Protetores


Solares

Considerando que a principal função de um protetor solar é proteger a pele por


meio da ação dos filtros físicos e/ou químicos, conclui-se que os filtros são os
ativos da formulação cosmética dos protetores solares.

Para oferecer um filtro solar ao consumidor, é necessário que ele seja incorpo-
rado a um veículo. Os veículos são responsáveis por distribuir esses ativos na
superfície cutânea e, ainda, determinarão a forma de apresentação desse cos-
mético (MATOS, 2014).

Os principais veículos empregados em preparações fotoprotetoras podem ser:

Cremes e loções emulsionadas

São o melhor veículo para os filtros solares. As emulsões A/O são mais ade-
quadas para a proteção da pele, porém, apresentam elevado teor lipofílico.
Assim, as emulsões O/A constituem os sistemas mais empregados e garantem
a adequada proteção com um sensorial mais confortável para o usuário (FLOR;
DAVALOS; CORREA, 2007);

Gel

Obtido por meio de um espessante hidrofílico. A obtenção de géis transparen-


tes é uma tarefa técnica extremamente delicada e que a presença de filtros
inorgânicos confere aspecto opaco e menor nível de proteção, sendo necessá-
rio utilizar associação de filtros químicos solúveis em álcool para obter FPS alto
(FLOR; DAVALOS; CORREA, 2007; RIBEIRO, 2010);

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Loções hidroalcóolicas

Compostas, principalmente, de água e de álcool, apresentando ótima espalha-


bilidade e secagem rápida. Seu emprego tem sido questionado em razão dos
baixos níveis de proteção obtidos e ao efeito deletério do álcool etílico sobre a
pele (FLOR; DAVALOS; CORREA, 2007).

Tabela 3 – Diversas formas de apresentação do protetor solar,


de acordo com a sua indicação

Formas de
Características Indicação
Apresentação

Fluído com secagem rápida e Peles lipídicas, mistas


Solução
toque seco e/ou acneicas.

Peles lipídicas, mistas


Gel Deixa película de gel sobre a pele.
ou acneicas.

Todos os tipos de
Sérum Sensorial leve. Secagem rápida.
pele.

Geralmente mais gorduroso. Peles normais a


Emulsão
Pode ser loção ou creme. alípicas.

Peles lipídicas, mistas


Pó Toque seco e aveludado
ou acneicas.

Toque seco e geralmente tem


Spray Corporal
sensação de refrescância.

Stick Bastão com cor. Efeito base.

Fonte: Adaptada de MATOS, 2014

As formulações resistentes à água e/ou ao suor devem conter formadores de fil-


me que fixam os Filtros na pele, impedindo sua retirada ao entrarem em contato
com a água. São exemplos desses agentes formadores de filme: PVP, tricotanil e
hexadeceno. Alguns silicones também podem promover aumento do FPS e con-
ferir resistência à água (REBELLO, 2016).

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Como já descrito, vale lembrar que o protetor solar deve ter como características:
ser atóxico, não sensibilizante, não irritante e não mutagênico, não ser volátil,
não ser absorvido pela pele, não alterar a cor ou manchar a pele e as vestimen-
tas, ser incolor, ser compatível com o material de acondicionamento e apresen-
tar estabilidade no produto final (FLOR; DAVALOS; CORREA, 2007).

Importante
A escolha do veículo do filme deve levar em consideração o
biotipo de pele, evitando veículos lipofílicos para peles mistas
ou peles oleosas.

Melanogênese
Denominamos o processo de melanogênese o processo pelo qual temos a pro-
dução de melanina pelos melanócitos, na região da epiderme. Essa reação ocor-
re como uma forma de proteção do organismo (especialmente do DNA celular)
aos danos externos, como as radiações ultravioletas (REBELLO, 2016).

Uma série de fatores pode influenciar a reação de melanogênese e, entre os


principais, destaca-se o envelhecimento cutâneo, a exposição solar, a gravidez e
os tratamentos e/ou distúrbios hormonais.

Com o envelhecimento natural, a quantidade de melanócitos diminui. Os mela-


nócitos restantes aumentam de volume (em muitos casos, a pele torna-se mais
clara). Por outro lado, com a exposição solar, o número dos melanócitos aumen-
ta, sob a ação da radiação UVB, que também estimula a enzima tirosinase. A
radiação UVA fotoxida os precursores incolores da melanina (melanina preexis-
tentes), escurecendo-os (MATOS, 2014).

A melanogênese é uma reação bioquímica que envolve o aminoácido tirosina e a en-


zima tirosinase. Essa reação ocorre dentro dos melanossomas (vesículas carreadoras
de melanina), que são formados no interior dos melanócitos, a partir da organela cha-
mada Complexo de Golgi (RIBEIRO, 2010).

Conforme imagem a seguir (Figura 8), conseguimos observar o melanócito no es-


trato germinativo ou basal da epiderme, com seus prolongamentos dendríticos,
atingindo os queratinócitos do estrato espinhoso.

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Figura 8 – Melanina e melanócito
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da melanina e do melanócito, sobre fundo branco. Imagem da epiderme, com
todos os seus estratos. De cima para baixo: estrato córneo, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal.
No estrato basal, o melanócito desenhado em marrom e a célula de Merkel, em azul. Fim da descrição.

O melasma é uma disfunção caracterizada por uma hipermelanose crônica, ad-


quirida, que afeta áreas fotoexpostas da pele. Sabe-se que, quando ocorre a ex-
posição solar, fatores hormonais e predisposição genética podem desencadear
estímulos a melanogênese.

Devido à sua natureza recorrente e refratária, o tratamento do melasma é di-


fícil e tem como objetivo a prevenção ou a redução da área afetada. Os princí-
pios de tratamento dessa disfunção incluem a proteção contra a radiação ultra-
violeta (UV) e a inibição da atividade dos melanócitos e da síntese da melanina
(STEINER et al., 2009).

Importante
Como o Sol é um desencadeador da melanogênese, é primordial
utilizar o protetor solar – Figura 9 (REBELLO, 2016).

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Figura 9 – Ação do Sol na pigmentação da pele
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da ação do Sol na pigmentação da pele, sobre fundo branco. Imagem da esquer-
da, uma mulher sorrindo, porque está protegida pelo protetor solar. No centro, imagem da pele sofrendo ação
do sol, metade protegida com protetor solar e metade sem. À direita, imagem de uma mulher preocupada, com
manchas no rosto. Fim da descrição.

Ativos Despigmentantes
As ações dos ativos que podem atuar sobre a pigmentação cutânea são diversas.

Os principais ativos utilizados no clareamento da pele são fundamentados nas


ações desses princípios ativos:

• Inibição da melanina, que ocorre nos melanócitos a partir da ação da


enzima tirosinase (enzima cobre dependente) sobre a tirosina para a for-
mação de melanina;

• Interrupção da transferência da melanina para os queratinócitos;

• Quelação dos íons cobre e ferro;

• Estímulo à renovação celular (como peeling), descamação epidérmica


(REBELLO, 2016).

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Tabela 4 – Ativos despigmentantes e seus mecanismos de ação

Inibidor da
transferência Sequestrantes
Inibidor da Renovadores
da melanina dos íons cobre
melanogênese epidérmicos
para os e ferro
queratinócitos

Ácido Alfa Lipoico Belides Ácido fítico Alfa-


Ácido ascórbico Cosmocair C250® Ácido kójico hidroxiácidos
Ascorbosilane C® Melableach Antipollon HT Ácido glicólico
Ácido azelaico Hidroquinona Biofermentado Ácido mandélico
Ácido fítico Vitamina B3 de Aspergillus Ácido retinoico
Ácido glicirrízico WhitessenseTM Melableach Ácido salicílico
Ácido kójico Emblica Dermawhite
Ácido láctico Skin Whitening Extrato de
Antipollon Complex (SWC) Grapefruit
Arbutin Renew Zyme®
Belides
Biowhite
Dermawhite
Flavonoides
Hidroquinona
Licorice
Melableach
Melawhite
Melfade
Oligopeptídios
Sepiwhite MSH®
Skin Whitening
Complex (SWC)

Fonte: Adaptada de MATOS, 2014

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Leituras

Saúde Destaca Importância do Uso de Protetor Solar


https://bit.ly/3n9uzYM
Bronzeamento Artificial: Veja Problemas que o Procedimento
Estético Pode Causar e quais Cuidados Tomar no Bronzeamento
https://bit.ly/3VjrGkH

Vídeos

Produção de Melanina pelo Melanócito, Chamada de Melanogênese


https://youtu.be/Ba8E787KT0Y

Como o Melanócito Pigmenta Nossa Pele?


https://youtu.be/VKuUMPx_N1I

Tirosinase a Anzima Mais Importante na Síntese de Melanina


https://youtu.be/QT1FO1Q2NeQ

Por que a Radiação UV Forma Radicais Livres que Mancham a Nossa


Pele?
https://youtu.be/2cTAqf1J31s

Ação da Vitamina C como Clareador de Pele


https://youtu.be/aCACAPfCohc

Mecanismo de Ação dos Protetores Solares


https://youtu.be/UAMSErXJBdQ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, A. D. Tratado Internacional de Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores solares, Quim. Nova, São Paulo, v.
30, n. 1, 153-158, 2007.

HARRIS, M. I. Pele – Do nascimento à maturidade. São Paulo: SENAC, 2017.

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