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Unidade II
5 SEGURANÇA COM RADIOISÓTOPOS
São conhecidos mais de 3 mil isótopos instáveis na natureza, dos quais, pouco mais de 80 são
de ocorrência natural, sendo o restante produzido artificialmente. Considera-se isótopo radioativo,
radioisótopo ou radionuclídeo aquele que é instável, ou seja, pode passar por um processo chamado
decaimento radioativo ou desintegração radioativa.
As importantes aplicações das radiações ionizantes na medicina podem salvar vidas através de
radiodiagnóstico e radioterapia. Como essas radiações também produzem danos biológicos, seu uso
deve ser feito de forma criteriosa, a partir de avaliação de riscos e benefícios.
Apesar de existirem milhares de isótopos radioativos, nem todos podem ser aproveitados pela medicina.
Sua utilização em procedimentos de medicina nuclear envolve requisitos, conforme determinação da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
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BIOSSEGURANÇA
A medicina nuclear é a área da medicina em que são utilizados os radioisótopos, com o objetivo
de realizar diagnósticos ou como parte de terapias. Radioisótopos administrados a pacientes passam a
emitir suas radiações do lugar (no caso, órgão) onde têm preferência em ficar. Um exemplo prático bem
conhecido é o uso do iodo-131 (I-131), que emite partículas beta e radiação gama, com meia-vida de
oito dias. O elemento iodo, radioativo ou não, é absorvido pelo organismo humano preferencialmente
pela glândula tireoide, onde se concentra. O funcionamento da tireoide influi muito no comportamento
das pessoas e tem relação direta com a absorção do iodo pela tireoide.
É muito importante ressaltar que o fato de ser radioativo não implica qualquer influência no
comportamento de um elemento químico em relação aos demais elementos.
Os radiofármacos utilizados em medicina no Brasil são, em grande parte, produzidos pelo Instituto
de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), da CNEN, em São Paulo. Esses produtos são distribuídos
semanalmente pelo Ipen para os locais que os utilizam.
O ideal é que tenham meia-vida curta, sejam eliminados rapidamente pelo organismo, absorvidos
em maior quantidade por um órgão específico e liberem baixa quantidade de radiação. É o caso do
iodo‑131, utilizado tanto na avaliação da tireoide quanto no combate a lesões nessa glândula.
Pacientes com metástase óssea têm a dor reduzida a partir da injeção de doses de samário-153,
como tratamento paliativo para a dor. O cobalto-60 e césio-137 são aplicados na radioterapia, enquanto
o sódio-24 trata lesões vasculares.
A radioterapia teve origem na aplicação do elemento rádio pelo casal Curie, para destruir células de
câncer. A partir daí, outros radioisótopos com maior rendimento foram utilizados. O iodo-131 também
pode ser usado em terapia para eliminar lesões, identificadas em diagnósticos da glândula tireoide,
aplicando-se, no caso, dose superior àquelas usuais para diagnósticos.
O iodo radioativo apresenta as características ideais para aplicação na medicina. Apresenta meia‑vida
curta; é absorvido preferencialmente por um órgão, no caso, a tireoide; é eliminado rapidamente do
organismo e a energia da radiação gama é baixa. Fontes radiativas de césio-137 e cobalto-60 são usadas
para eliminar células de tumores, mais sensíveis à radiação do que os tecidos normais.
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Unidade II
Lembrete
As fontes radioativas, conforme citado, devem ser hermeticamente fechadas e blindadas para
impedir vazamentos. Em setembro de 1987, aconteceu o maior acidente radiológico do Brasil, na capital
do estado de Goiás, Goiânia. A fonte responsável pelo desastre foi um equipamento utilizado para
tratamentos de radioterapia que foi abandonado em uma clínica desativada.
O equipamento contendo o césio-137 foi encontrado por catadores de lixo e levado para um
ferro‑velho com a intenção de vender as partes que continham aço e chumbo. Ao desmontar o
equipamento, um dos catadores encontrou uma cápsula contendo um pó de cor branca que no escuro
apresentava brilho azul forte. Sem nenhuma noção do perigo, ele mostrou o material para a família,
amigos e vizinhos, desencadeando a contaminação que levou a centenas de vítimas diretas e indiretas
por causa da radioatividade do cloreto de césio.
Os sintomas de intoxicação se iniciaram poucas horas após o contato com o césio-137, levando
pessoas com tontura, diarreia e vômito aos hospitais. Inicialmente os médicos acharam que se tratasse
de uma doença infecciosa. Somente no final de setembro o acidente radioativo foi confirmado por um
físico nuclear que foi ao ferro-velho e utilizou detectores, encontrando altos níveis de radiação. A CNEN
foi acionada para implementar um plano de emergência.
Os efeitos da radiação foram sentidos por moradores que tiveram o contato direto com o material
e por médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais que trabalharam no acidente. Dados oficiais
apresentaram quatro vítimas fatais um mês após o contato com a substância, embora existam
estimativas de que mais pessoas morreram em decorrência de complicações. As principais causas
relatadas foram hemorragia e infecção generalizada. Cerca de 112.800 pessoas foram monitoradas e
agrupadas de acordo com a exposição e sintomas apresentados.
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BIOSSEGURANÇA
Saiba mais
O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo é dependente de vários fatores: dose absorvida;
taxa de exposição, crônica ou aguda; e da forma da exposição, se foi no corpo inteiro ou localizada.
Qualquer dose absorvida, inclusive das doses provenientes de radiação natural, apresenta potencial
para induzir alterações celulares e câncer ou matar células. As questões que devem ser consideradas
referem-se às probabilidades de danos e de mutações precursoras de câncer, além do número de células
mortas. Quanto maiores forem as doses aplicadas e absorvidas, maiores as probabilidades de dano, de
mutações precursoras de câncer e de morte celular.
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Unidade II
Danos podem ser reparados, mas mutações podem tanto representar falhas nos mecanismos de
reparo como nos mecanismos de eliminação de células, inviabilizados pelo dano.
A morte celular, resultante de quebras na molécula de DNA, da mesma forma que a eliminação de
células mutantes, pode ocorrer em razão de um mecanismo de eliminação de produtos inviabilizados
pela presença de danos. Assim, as questões principais a serem consideradas envolvem o número de
células destruídas, o momento ou estágio de vida em que a morte celular ocorre e o gênero do indivíduo
irradiado. Independentemente do caso, o desenvolvimento de sintomatologia clínica reflete a morte de
uma quantidade significativa de células, com comprometimento de órgão e tecidos.
Rejeito radioativo é qualquer material resultante de atividades humanas que contenha radionuclídeos
em quantidades superiores aos limites de isenção de acordo com Norma da CNEN e para o qual a
reutilização é imprópria ou ainda não prevista – Resolução CNEN 014/89 (CNEN, 1990).
A Norma CNEN NE 6.05 trata da gerência de rejeitos radioativos em instalações radiativas. Apesar
de representar um marco na gestão dos rejeitos radioativos e nortear projetos de sistemas de gestão
dessas instalações, aborda os tópicos de forma generalizada, sem considerar aspectos particulares das
diferentes instalações, como é o caso dos serviços de medicina nuclear (BARBOZA, 2009).
Já a Norma CNEN NE 6.06 trata da seleção e escolha de locais para depósitos de rejeitos radioativos.
Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos aplicáveis ao processo de seleção e escolha de
locais para depósitos desses rejeitos, buscando o confinamento seguro desses materiais pelo tempo que
se fizer necessário à proteção e segurança do homem e do meio ambiente (CNEN, 1990).
6 BIOTERISMO
É fundamental ter consciência de que o animal, como ser vivo, possui hábitos de vida próprios da
sua espécie, apresenta memória, preserva o instinto de sobrevivência e é sensível à angústia e à dor,
razões que preconizam posturas éticas tanto na criação quanto na pesquisa. Na maioria dos países, a
produção e padronização dos animais de laboratório mais utilizados em pesquisa encontram-se em
pleno aperfeiçoamento.
As técnicas atuais de engenharia genética e de biologia molecular abriram muitos caminhos para a
criação e produção desses animais. Tudo converge para a aquisição de modelos genéticos, ecológica e
sanitariamente definidos, solicitados para a realização dos trabalhos dos pesquisadores.
A área dos transplantes de órgãos e tecidos é cada dia mais impulsionada, bem como a de produção
de derivados biológicos para uso em humanos com base na obtenção de animais transgênicos. O controle
das doenças hereditárias também se desenvolve à proporção que os dias passam.
Essa diretriz, assim como a legislação brasileira, estabelece a responsabilidade primária das CEUAs
em determinar se a utilização de animais é justificada e garante a adesão aos princípios de substituição
(replacement), redução (reduction) e refinamento (refinement).
Vale ressaltar que, sempre que possível, as pesquisas com animais devem ser substituídas por ensaios
in vitro e outros.
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Unidade II
Para que o manejo de animais de laboratório seja conduzido de maneira adequada, é necessária
a interação de fatores físicos, químicos e biológicos, além do profissionalismo e da responsabilidade
do bioterista.
Biotérios são instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a diversos tipos
de ensaios controlados com o objetivo de atender às necessidades dos programas de pesquisa, ensino,
produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas, farmacológicas e biotecnológicas.
Os biotérios podem ser classificados em dois tipos básicos: criação e experimentação. Os de criação
são destinados à reprodução e/ou manutenção das diferentes espécies e linhagens de animais, com
foco na manutenção dos padrões genéticos e sanitários das colônias. Já os biotérios de experimentação
são para o desenvolvimento de experimentos e testes com animais selecionados para aquele fim.
Vale ressaltar que os cuidados éticos são fundamentais em qualquer situação (BORBA et al., 2009).
As instalações devem ser específicas para esse fim, sendo projetadas de forma a atender às
recomendações para a criação e/ou manutenção de animais, bem como às necessidades particulares de
cada instituição. Instalações adequadas para criar ou manter animais de laboratório garantem que suas
necessidades básicas serão totalmente atendidas, para que possam sobreviver e tenham assegurado seu
desenvolvimento fisiológico. Os ambientes devem possuir temperatura, umidade, ventilação e pressão
conforme as exigências de cada espécie a ser criada ou mantida, e de acordo com a finalidade do biotério.
Como regra geral, recomenda-se a seguinte distribuição de áreas: 46% para sala de animais e
quarentena; 14% para circulação (corredores); 14% para depósitos (alimentos, materiais e insumos);
11% para higienização e esterilização; 8% para laboratório; 7% para administração (COUTO, 2002).
A estrutura física deve possuir três elementos básicos: salas de animais, corredor de distribuição e
corredor de recolhimento. As salas de animais devem estar compreendidas entre os dois corredores.
O fluxo de acesso e retorno das salas de animais, efetuado por corredores independentes, permite
diferenciar duas áreas distintas, segundo Couto (2002):
• Área destinada ao preparo do material a ser enviado para as salas de animais, incluindo o corredor
de distribuição, denominada área de preparo/corredor de acesso ou de distribuição de materiais,
ou “área limpa”.
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BIOSSEGURANÇA
É importante também ressaltar que o fluxo de animais entre as salas de criação e de experimentação
é unidirecional. Se o animal é retirado da sala de criação e vai para a de experimentação, ele não pode
retornar de forma alguma.
Vale salientar a importância da existência de um acesso independente para os bioteristas que trabalham
na área de criação, uma área para materiais e insumos processados e uma área de higienização e desinfecção/
esterilização com acesso próprio, bem como um depósito de materiais e insumos não processados.
O modelo animal a ser criado deve estar de acordo com as pesquisas e os testes a serem realizados.
O pesquisador trabalha com modelos animais que diferem do homem, embora possam ser comparados
com o homem, considerando-se, principalmente, uma semelhança geral sob o aspecto de caracteres
anatômicos e fisiológicos. Os animais criados para esse fim deverão possuir as seguintes características:
fácil manejo; prolificidade; docilidade; pequeno porte; baixo consumo alimentar; fisiologia conhecida e
ciclo reprodutivo curto.
Para o cuidado no biotério, devem ser adotadas rotinas diárias para poder cumprir um programa
de produção, de controle ou de pesquisa. Os procedimentos operacionais dos equipamentos devem ser
rigorosamente observados para sua melhor utilização e para a segurança do operador.
As atividades desenvolvidas em um biotério exigem pessoal qualificado para que sejam obtidos
bons resultados. Além de pessoal capacitado, bem treinado e que goste de animais, o bioterista deve
apresentar alguns requisitos conforme acentuado a seguir, de acordo com Andrade (2002):
• A saúde deve ser controlada, periodicamente, para assim evitar a transmissão de doenças aos
animais. A periodicidade desse controle depende do tipo de biotério e das condições particulares
de cada instituição.
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Unidade II
• Para que possa cumprir com acerto todas as tarefas e determinações, deve possuir autocontrole e
disciplina, além de ser tranquilo nas ações, a fim de evitar o estresse dos animais.
• Para desenvolver seu trabalho sem causar nenhum prejuízo aos animais, o bioterista deve ter
responsabilidade suficiente para não deixar, sob hipótese nenhuma, de executar suas tarefas,
principalmente, quando se trata de alimentação dos animais; respeito para com o animal, como
um ser vivo, que sente dor, fome, sede e medo, para que possa ter assegurada a sua sobrevivência.
• Deve ter o máximo de cuidado com o material de trabalho, a fim de se preservá-lo e tê-lo sempre
à disposição.
É importante ressaltar que todos os materiais que entram em contato com os animais mantidos
em isoladores, como maravalha, ração e água, são sempre esterilizados com utilização de autoclaves
específicas para esse fim. Abaixo são apresentadas imagens de equipamentos e manuseio de animais
em laboratório.
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BIOSSEGURANÇA
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Unidade II
A)
B)
As doenças podem ser transmitidas do homem para os animais e vice-versa, como ocorre no caso
das zoonoses. Essa transmissão pode ser evitada por monitoramento cuidadoso da saúde dos animais e
dos técnicos. Andrade (2002), falando de biossegurança em biotérios, faz as seguintes colocações:
• O hábito de lavar as mãos antes e após manipular qualquer animal reduz o risco de disseminar
doenças, bem como o de autoinfecção. Para facilitar esses procedimentos, cada sala de animal
deveria ser provida de uma pia, sabão e toalha de papel.
• Fumar, comer ou beber não deve ser permitido em qualquer sala de animal ou em outra área em
que existam microrganismos patogênicos ou que tenham sido manipulados recentemente.
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BIOSSEGURANÇA
• Pessoas com ferimentos abertos não devem trabalhar onde haja a possibilidade de ter contato
com microrganismos patogênicos, a não ser que os ferimentos possam ser protegidos.
• As roupas de laboratório usadas em áreas de risco devem ser autoclavadas antes de serem lavadas.
• Sapatos descartáveis ou protetores de sapatos devem ser usados como barreira em áreas de alto
risco e se houver necessidade de manipular material contaminado, deve-se usar luvas de borracha.
• Animais experimentalmente infectados com patógenos devem ser mantidos em gaiolas protegidas
no fundo e dos lados, em vez de gaiolas de arame ou tela. Essas gaiolas devem ser manuseadas
adequadamente e os técnicos devem usar luvas protetoras, até mesmo quando fornecem alimentos
a esses animais.
• Se agentes altamente infecciosos ou nocivos são manipulados, o animal deve ser isolado em unidade
de fluxo laminar ou mesmo em isoladores, nos quais o ar que entra e sai é convenientemente
filtrado, por meio de filtros absolutos (filtro Hepa).
Animais são reservatórios naturais de várias zoonoses, constituindo risco biológico importante nos
biotérios. Podem abrigar ou serem susceptíveis a agentes infecciosos e levar doenças ao ser humano.
Também apresentam potencial alergênico para quem os manipulam. Dependendo da sensibilidade
do indivíduo, podem desencadear reações de hipersensibilidade, tanto de baixa gravidade quanto até
doença respiratória grave (MAJEROWICZ, 2013).
É de extrema importância a utilização de animais com padrão sanitário certificado, o que reduz o
potencial de veicularem ou serem portadores de agentes infecciosos. Além disso, pode ser necessário um
período de quarentena previamente definido, antes de sua utilização em pesquisa ou testes, buscando
prevenir infecções para técnicos e animais.
Vale ressaltar que a susceptibilidade do técnico depende de seu estado imunológico. Existem três
outros fatores que podem estar ligados ao desenvolvimento de doenças por trabalho em biotérios,
conforme apresentado em seguida: se houver escape do agente da área de experimentação; se o agente
for transmitido para o técnico ou se o agente invadir o local de trabalho.
Práticas de biossegurança e outros métodos para o controle dos riscos biológicos conhecidos devem
ser utilizados. O total conhecimento dos fatores apresentados anteriormente e, em especial, do agente
manipulado, possibilita a seleção apropriada das medidas de biossegurança.
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Unidade II
Saiba mais
São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e do tempo de exposição a
eles, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 2020b).
Em laboratórios, os riscos físicos, químicos e biológicos representam considerável ameaça à saúde dos
trabalhadores, tendo em vista sua predisposição à ocorrência de acidentes de trabalho, com afastamento
temporário ou definitivo do profissional da atividade (VIEIRA; PADILHA, 2008).
Para efetuar a avaliação dos riscos ambientais, é importante conhecer os tipos de risco a serem
avaliados, bem como aqueles a serem quantificados de forma numérica, com atribuição de um valor
de concentração ou exposição do funcionário ao agente. Os riscos também podem ser avaliados de
maneira subjetiva, quando a presença do risco é caracterizada sem efetuar medições que comprovem
sua existência no ambiente de trabalho.
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BIOSSEGURANÇA
Vale ressaltar que o colaborador precisa conhecer os tipos de riscos a que pode estar exposto
no exercício da atividade. Relembrando o que foi dito anteriormente, os riscos são classificados em
cinco grupos:
• Riscos físicos: aqueles provocados por algum tipo de energia (calor, frio, ruídos, vibrações,
radiações etc.), relacionados com os equipamentos ou o ambiente.
• Risco de acidentes: causados pelo uso de máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade
de incêndio/explosão, armazenamento inadequado, iluminação, queda, cortes etc.
O ambiente de trabalho também deve ser avaliado com utilização de metodologias descritas nas
normas de higiene ocupacional (NHOs), com descrição detalhada de cada agente causador de risco.
As técnicas apresentadas nas normas devem ser seguidas na íntegra para que a coleta realizada seja
considerada válida.
Possibilita a identificação do risco que pode estar presente no ambiente, sem que a ele seja atribuído
um valor para provar que ele realmente está no local de trabalho. É uma etapa anterior à avaliação
quantitativa, quando ocorre a verificação, sem medições, do que pode ser considerado risco químico,
físico ou biológico.
Essas avaliações são feitas para identificar todos os riscos no ambiente de trabalho, possibilitando,
em etapas posteriores, efetuar as avaliações quantitativas dos riscos identificados.
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Unidade II
São avaliações importantes para fins de laudos técnicos, periciais, caracterização de insalubridade e
identificação da concentração ou exposição do trabalhador ao risco. Assim, é possível implementar uma
medida de controle com o objetivo de proteger a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
Os agentes classificados como quantitativos são aqueles que têm um parâmetro comparativo,
apresentando valores de referência que as normas regulamentadoras brasileiras (NRs) ou as demais
normas técnicas nacionais e internacionais definem como limite. Quando o limite para determinada
exposição deixa de ser seguro aos trabalhadores, ele passa a ser chamado de limite de tolerância (LT).
Diversas definições podem ser adotadas para o mapa de risco. Teixeira e Valle (1996) o definem
como uma representação gráfica do local de trabalho onde são registrados os riscos ambientais, suas
naturezas e intensidades, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores, estando vinculados
direta ou indiretamente ao processo, à organização e às condições de trabalho.
Já de acordo com a Portaria n. 5, do Ministério do Trabalho e Emprego, o mapa de risco pode ser
simplificado como “uma representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos
locais de trabalho” (BRASIL, 1992).
O mapa de risco reproduz o leiaute do ambiente de trabalho sob análise, localizando e informando
os fatores de riscos presentes através de uma legenda. O leiaute deve representar de maneira fiel o local
em que a atividade é executada.
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BIOSSEGURANÇA
O modelo atual do mapa de risco foi estabelecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e passa
por atualizações desde 1994. A NR-5 determina que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa)
das empresas seja a responsável por sua elaboração, com participação de todos os trabalhadores
expostos aos riscos, com auxílio do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho (SESMT).
O mapa é de leitura fácil e serve para auxiliar na conscientização dos riscos, sendo considerado
eficiente para prevenção. É um documento obrigatório, auxilia no diagnóstico e alerta os colaboradores
que atuam na empresa sobre os riscos aos quais estão vulneráveis.
Para sua elaboração, é necessário conhecer o processo e a rotina do trabalho; trabalhadores e jornada
de trabalho; instrumentos e materiais de trabalho, além do ambiente de trabalho. Os riscos devem ser
identificados e separados por grupos, conhecendo sua intensidade, concentração e tempo de exposição
dos trabalhadores.
O mapa de riscos é elaborado sobre a planta baixa do local, indicando os riscos com círculos de
cores e tamanhos diferentes. Os riscos físicos são representados pela cor verde; os químicos, pela cor
vermelha; e os biológicos, pela cor marrom; e ergonômicos, pela cor amarela; e os riscos de acidente, pela
cor azul. Já considerando a intensidade ou concentração, os círculos variam de tamanho, em pequeno,
médio e grande.
O que interessa aos trabalhadores é que sua elaboração seja um processo pedagógico em que
se ampliem os espaços de elaboração da identidade desses trabalhadores e que exerçam realmente
o seu papel. A figura a seguir mostra um exemplo de um mapa de risco. Ela apresenta as diversas
salas, indicando os perigos associados às atividades executadas ali e o número de pessoas envolvidas
nessas atividades.
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Unidade II
Observação
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BIOSSEGURANÇA
Como primeira recomendação, reforça-se o cumprimento das normas estabelecidas pelos órgãos
competentes, incluindo a utilização de equipamentos de proteção individual, medidas de manuseio e
descarte apropriado dos materiais. Os profissionais devem ter conhecimento do assunto e materiais para
utilização que ofereçam maior segurança durante seu manuseio e descarte.
Desde a publicação dos padrões estabelecidos, uma grande variedade de dispositivos tem sido
desenvolvida para reduzir os riscos com acidentes com perfurocortantes. O uso de dispositivos inovadores
para agulhas ou sistemas sem agulha com ports autosselantes reduz o risco de acidentes. Vale lembrar
que em qualquer etapa do procedimento de coleta poderá ocorrer algum acidente.
As condições de trabalho que possam contribuir para um aumento no número de ferimentos com
seringas incluem:
• Funcionários com menor experiência profissional, mais sujeitos a sofrer lesões com agulhas do
que aqueles mais experientes.
Ainda que a prevenção de exposição ao sangue seja considerada uma medida primária para prevenção
da infecção ocupacional, o manuseio cuidadoso desse material é importante para a promoção da
segurança do ambiente de trabalho.
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Unidade II
O laboratório deve ter um programa para reportar incidentes, injúrias, acidentes e doenças
ocupacionais, bem como os perigos potenciais. A documentação do incidente deverá ser feita
detalhadamente, com descrição completa do evento, a causa provável, recomendações para prevenir
incidentes similares e ações para que haja adesão às normas estabelecidas pelos profissionais.
A geração de resíduos pelas diversas atividades humanas constitui grande desafio a ser enfrentado
pelas administrações municipais, especialmente considerando os grandes centros urbanos.
Grandes investimentos são feitos em sistemas e tecnologias de tratamento desses resíduos. No Brasil,
órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes
agentes no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde com o objetivo de
preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade.
Os esforços no sentido da gestão correta dos RSS remontam ao início da década de 1990, buscando
o correto gerenciamento desses resíduos, bem como a responsabilização do gerador. Um marco desse
esforço foi a publicação da Resolução Conama n. 005/93, que definiu a obrigatoriedade aos serviços de
saúde de elaborarem o plano de gerenciamento de seus resíduos, o que foi reforçado, posteriormente,
com as publicações da Resolução RDC n. 306/2004 e Resolução Conama n. 358/2005.
Os geradores dos resíduos de serviços de saúde são todos os serviços relacionados com o atendimento
à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;
laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem
atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de
manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses;
distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e
controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura,
serviços de tatuagem, entre outros similares.
É importante lembrar que os RSS correspondem a parte importante do total de resíduos sólidos
urbanos pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente. Sua classificação evolui
com a introdução de novos tipos de resíduos e o conhecimento de seu comportamento no ambiente, o
que permite estabelecer uma gestão adequada e segura dos riscos identificados.
São classificados em função de suas características e riscos que podem acarretar. De acordo com a
Resolução RDC n. 306/2004 da Anvisa e a Resolução Conama n. 358/2005, os RSS são classificados em
cinco grupos:
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BIOSSEGURANÇA
• Grupo A: engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.
Exemplo: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas
transfusionais contendo sangue, entre outras.
• Grupo B: contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio
ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e
toxicidade. Exemplo: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo
metais pesados, entre outros.
• Grupo D: não apresenta risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente,
podendo ser equiparado aos resíduos domiciliares. Exemplo: sobras de alimentos e do preparo de
alimentos, resíduos das áreas administrativas etc.
Para avaliar os riscos potenciais dos resíduos, considera-se que os estabelecimentos de saúde
vêm passando por evolução no que diz respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o
incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. Como
resultado, verifica-se a geração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com componentes
mais complexos, muitas vezes, mais perigosos para o homem que os manuseia bem como para o meio
ambiente que os recebe.
Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção especial
em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
tratamento e disposição final) em decorrência dos graves riscos que podem oferecer, por apresentarem
componentes químicos, biológicos e radioativos.
Entre os componentes biológicos, destacam-se os que contêm agentes patogênicos que podem
causar doença, e entre os radioativos estão os utilizados em procedimentos de diagnóstico e terapia,
com materiais emissores de radiação ionizante.
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Unidade II
Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das políticas
públicas pelos resíduos de serviços saúde (Anvisa e Conama), esses resíduos representam um potencial
de risco em duas situações: para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo e para o
meio ambiente, como consequência da destinação inadequada de qualquer tipo de resíduo, alterando
as características do meio.
O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos
materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo desses resíduos.
O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o documento que aponta
e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, correspondendo às etapas de segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Deve considerar
as características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente. Respeitando
os princípios da biossegurança, deve empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para
prevenir acidentes.
O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. Devem fazer parte do plano ações para
emergências e acidentes, ações de controle integrado de pragas e de controle químico, compreendendo
medidas preventivas e corretivas assim como de prevenção de saúde ocupacional.
Os recipientes de coleta interna e externa, assim como os locais de armazenamento onde são
colocados os RSS, devem ser identificados em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando
símbolos, cores e frases, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos
específicos de cada grupo de resíduos. A simbologia adequada está apresentada a seguir:
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BIOSSEGURANÇA
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Unidade II
Descontaminação é o processo que envolve redução ou eliminação do risco biológico por meio
da remoção de microrganismos patogênicos de objetos e superfícies contaminados, tornando-os
seguros para serem manuseados. O processo pode ser químico, com uso de soluções germicidas, ou
físico, por lavagem, autoclavação e incineração.
Para decidir o destino e o tratamento final dos resíduos segregados, é necessário conhecer e
analisar vários fatores, como tipo de material, agente biológico, métodos de descontaminação,
bem como protocolos disponíveis. São necessários cuidados especiais para perigos de outra natureza,
como produtos químicos ou materiais perfurocortantes, para minimizar ou controlar esses riscos.
O quadro seguinte apresenta os resíduos produzidos em laboratório e o destino recomendado.
Conforme apresentado anteriormente, existem requisitos essenciais que devem ser respeitados no
manuseio de resíduos contaminados, sendo necessária a adoção de processos de identificação e de
segregação, antes de proceder à descontaminação e ao descarte.
Vale ressaltar que a descontaminação pode ocorrer no local de trabalho ou fora. Caso tenha de ser
efetuada em outro local, os resíduos contaminados devem ser embalados com material apropriado para
depois serem transferidos ao local onde ocorrerá a descontaminação.
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BIOSSEGURANÇA
Saiba mais
É importante ressaltar que partículas, incrustações, gorduras e qualquer outro tipo de sujidade
funcionam como uma camada protetora dos microrganismos. Assim, antes de se executar uma
desinfecção, é fundamental que se faça a limpeza prévia.
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Unidade II
maior for o tempo em temperatura alta, maior será a morte celular. Quanto mais alta a temperatura,
mais rápido esse processo acontece. Esse é o chamado binômio tempo x temperatura.
Quando se aumenta a temperatura, tanto a membrana celular quanto as proteínas são afetadas. Isso
porque os ácidos graxos que compõem a parede celular aumentam sua permeabilidade, permitindo a
entrada de substâncias indesejáveis no interior da célula. Além disso, o aumento da temperatura acelera
as reações dentro das células, atingindo níveis inaceitáveis para o funcionamento celular, ou, ainda,
desnaturando proteínas.
Consideram-se altas as temperaturas acima de 60 °C. O tempo de exposição vai depender do tipo de
microrganismo (forma vegetativa ou esporulada) e da quantidade de células a serem eliminadas. Cada
microrganismo tem características próprias na determinação desses parâmetros.
Lembrete
Até 1952, o leite era vendido de porta em porta, vindo diretamente da fazenda produtora. Porém,
nessa mesma época, ocorria no Brasil um surto de tuberculose. A bactéria responsável por esse surto era
a Mycobacterium bovis, a da tuberculose bovina.
Ao perceber essa relação, foi instituída a obrigação da pasteurização do leite, proibindo o comércio
in natura (Decretos n. 39.093/1956 e 66.183/1970). Os parâmetros de pasteurização são fixados por lei
(BRASIL, 1952) nos seguintes valores:
Esses valores são calculados para a eliminação da M. bovis. Além disso, a pasteurização não é um
processo para recuperar um leite de má qualidade, mas um tratamento para prolongar a conservação
do leite, sem alterar suas propriedades organolépticas, físicas e nutritivas. Por esse motivo, o binômio
tempo x temperatura é muito bem estabelecido.
84
BIOSSEGURANÇA
Nem todos os materiais suportam temperaturas elevadas. Para esses casos, é necessário lançar
mão de produtos químicos para fazer a desinfecção, tomando muito cuidado na avaliação da
compatibilidade química com os utensílios. A desinfecção química acontece porque algumas substâncias
têm a capacidade de danificar a parede celular.
A desinfecção por produtos químicos pode ser dividida em três níveis, dependendo da resistência do
microrganismo a ser combatido:
Ocorre quando há eliminação de bactérias, alguns fungos e vírus, exceto micobactérias e esporos.
Um dos produtos mais utilizados nesse processo é o quaternário de amônia, utilizado na limpeza de
superfícies, paredes e mobiliários. Como vantagem, é pouco tóxico para humanos, embora possa causar
irritações na pele. Antes de utilizar qualquer produto, é preciso verificar as orientações do fabricante.
Ocorre quando há a eliminação das micobactérias como o bacilo da tuberculose, bactérias na forma
vegetativa, vírus, fungos, com exceção de esporos. São utilizados para esse fim o álcool etílico a 70%,
compostos fenólicos entre 2 e 5% e hipoclorito de sódio a 1%.
O hipoclorito a 1%, além de outros compostos clorados, tem ação rápida e baixo custo, mas é corrosivo
para metais, inclusive o aço inox. É irritante das vias respiratórias e inativado por matéria orgânica.
O álcool etílico a 70% também é de ação rápida e de baixo custo, mas ataca plásticos, borrachas e
verniz, além de ser inflamável. Curiosamente, o aumento da concentração do álcool reduz a eficiência
do produto, pois ele evapora antes de degradar a parede celular dos microrganismos.
Elimina micobactérias e esporos, além dos microrganismos citados anteriormente. Os produtos mais
usados são o glutaraldeído a 2% e o ácido peracético.
85
Unidade II
O ácido peracético a 0,2% precisa de tempo de exposição de 5 a 10 minutos, é pouco tóxico, mas
bastante irritante das vias aéreas. É corrosivo para metais (aço, bronze, latão, ferro galvanizado).
Observação
8.4 Esterilização
Existem vários métodos de esterilização. A escolha do método mais eficiente dependerá do tipo de
produto usado. São utilizados agentes químicos, físicos e físico-químicos conforme o tipo de material
laboratorial e sua resistência ao vapor ou calor.
O uso da autoclave é o método mais usado nas instituições de saúde e pesquisa, assegurando a
completa destruição de microrganismos. Esse processo geralmente envolve aquecimento da água em
uma câmara sob pressão gerando vapor sob uma pressão de 15 psi, o que ocorre em temperatura de
cerca de 121 °C, por tempo mínimo de 15 minutos. O tempo é medido após a temperatura do material
envolvido atingir 121 °C. O fator crítico nessa fase é a garantia que não fique ar preso no interior da
autoclave, o que pode impedir que a temperatura no interior do aparelho atinja os 121 °C.
86
BIOSSEGURANÇA
Observação
Outro processo de esterilização bastante difundido é aquele que ocorre por meio de radiações.
As mais usadas são a radiação gama, as micro-ondas e a radiação ultravioleta.
A radiação gama, emitida pelo cobalto-60 ou pelo césio-137, é utilizada em materiais sensíveis
ao calor, mas sua eficiência é condicionada à densidade do material, que vai determinar o grau de
penetração da radiação. Afeta diretamente alguns processos fisiológicos, eliminando microrganismos e
inativando enzimas.
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com frequência em torno de 2,5 GHz. Elas afetam
diretamente a água, elevando sua temperatura.
A radiação ultravioleta, além de afetar diretamente os processos fisiológicos, forma como resíduo
o ozônio, uma substância que ataca a parede celular dos microrganismos, porém sua penetrabilidade é
menor que a da radiação gama.
Existem duas formas de esterilização com produtos químicos: com produtos líquidos e com
produtos gasosos.
A esterilização com produtos líquidos é feita por meio da imersão do utensílio num banho contendo
o produto. Os esterilizantes mais utilizados nesse processo são o glutaraldeído a 2%, o ácido peracético
a 0,2% e o peróxido de hidrogênio a 6%. São produtos semelhantes aos da desinfecção, mas o tempo
de exposição é maior.
Essa imersão deve ser feita com muito cuidado para que não fiquem bolhas de ar adsorvidas nas
superfícies dos utensílios, tendo em vista que essas bolhas não permitem o contato entre a superfície a
ser esterilizada e o produto esterilizante. Por essa razão, não é recomendável a esterilização por produtos
líquidos. Esse problema não ocorre com o uso de produtos químicos gasosos.
87
Unidade II
O produto gasoso de esterilização mais comum, muito usado em hospitais, é o óxido de etileno (EtO).
Apesar de ser inflamável e carcinogênico, quando misturado com dióxido de carbono (8,5% de EtO e
91,5% de CO2), torna-se seguro para trabalhar.
O óxido de etileno é um gás incolor e muito reativo. A esterilização ocorre por alquilação, quando o
EtO substitui um átomo de hidrogênio por um grupo alquilo, inibindo a produção de proteínas específicas.
Dessa forma, o EtO penetra nas células microbianas e reage principalmente com os materiais nucleares,
provocando danos ao DNA, resultando na incapacidade da célula para metabolizar e se reproduzir
normalmente, levando à morte do microrganismo.
Por ser um processo de baixa temperatura (tipicamente entre 37 e 63 °C), é usado principalmente para
produtos que não suportam o calor e/ou vapor da esterilização por outras técnicas, como a autoclave.
O grande problema dos riscos biológicos é que não vemos os microrganismos. Por isso, é necessário
que se façam testes para verificar se a esterilização foi eficiente, de fato.
O teste mais seguro para garantir que o produto foi esterilizado é promover a cultura dos
microrganismos, o que leva dias para apresentar algum resultado. Em um hospital onde se fazem
milhares de esterilizações por mês, isso seria inviável.
Para resolver essa questão, fazem-se avaliações práticas periódicas dos procedimentos e dos
equipamentos, colocando-se indicadores químicos ou biológicos da eficiência da esterilização.
Para exemplificar, veja a situação apresentada. Um laboratório comprou uma autoclave nova. Apesar
de nova, não dá para garantir que o equipamento é eficiente, pois, se a distribuição de temperaturas
no interior dele não for uniforme, alguma região do equipamento pode não ser esterilizada. Algo
semelhante acontece no forno de um fogão doméstico que não apresenta a mesma temperatura em
todos os locais. Como consequência, a característica do produto assado não é homogênea.
88
BIOSSEGURANÇA
Se, após alguns dias, o equipamento continuar eficiente, o tempo entre os testes pode ser estendido,
já que o equipamento tem se mostrado confiável.
• Tiras indicadoras: são tiras impregnadas com tinta termoquímica que muda de coloração quando
exposta à temperatura. São colocadas sobre todos os produtos a serem esterilizados.
• Teste Bowie e Dick: teste semelhante às tiras indicadoras que avalia a remoção de ar, penetração
do vapor, tempo e temperatura. Normalmente, é usado na primeira operação do dia.
Os artigos não críticos são aqueles que não entram em contato com pacientes ou que interagem
apenas com a pele íntegra. Apesar de apresentarem baixo risco de transmissão de infecções, podem
servir de disseminação de microrganismos entre os pacientes, a exemplo de comadres, jarros, bacias,
aparelhos de pressão e termômetros.
Os artigos semicríticos são os que entram em contato com a membrana mucosa que reveste os
órgãos internos, como tubo digestivo, intestino ou pulmões, ou com a pele não íntegra. A pele íntegra
é impermeável a microrganismos, o mesmo não ocorrendo com a rompida. Nessa categoria, estão os
endoscópios, equipamentos de terapia respiratória etc.
Os artigos críticos são aqueles que penetram em tecidos ou têm contato com o sangue ou secreções,
constituindo alto risco de infecção. Como exemplo desses materiais, estão as agulhas hipodérmicas,
instrumentos cirúrgicos, cateteres etc.
Observação
Resíduos infectantes
• Sangue humano e hemoderivados: composto por bolsas de sangue com prazo de utilização
vencida, inutilizada ou com sorologia positiva, amostras de sangue para análise, soro, plasma e
outros subprodutos.
As disposições inadequadas dos resíduos gerados em laboratório poderão constituir focos de doenças
infectocontagiosas, caso não sejam observados os procedimentos para seu tratamento.
O lixo contaminado deve ser embalado em sacos plásticos para o lixo tipo 1, de capacidade máxima
de 100 litros, indicados pela NBR 9190 da ABNT (2002). Os sacos devem ser totalmente fechados, de
forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos
íntegros até o processamento ou destinação final do resíduo. Não se admite abertura ou rompimento
de saco contendo resíduo infectante sem tratamento prévio.
Em caso de derramamento do conteúdo, todo o material deve ser coberto com uma solução
desinfetante (por exemplo, hipoclorito de sódio a 10.000 ppm), para posterior recolhimento. Todos os
utensílios que entrarem em contato direto com o material deverão passar por desinfecção posterior.
Os sacos plásticos deverão ser identificados com o nome do laboratório de origem, sala, técnica
responsável e data do descarte. Esse material deve ser autoclavado a 121 °C durante pelo menos
20 minutos.
90
BIOSSEGURANÇA
Resíduos perfurocortante
Resíduos radioativos
São compostos por materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos com baixa atividade
provenientes de laboratórios de pesquisa em química e biologia, laboratórios de análises clínicas e
serviços de medicina nuclear.
São normalmente sólidos ou líquidos (seringas, papel absorvente, frascos, líquidos derramados,
urina, fezes etc.). Resíduos radioativos, com atividade superior às recomendadas pela CNEN, deverão ser
acondicionados em depósitos de decaimento (até que suas atividades se encontrem dentro do limite
permitido para sua eliminação). Os procedimentos específicos para descarte são apresentados na Norma
CNEN NN 6.02 (CNEN, 2014).
Resíduos químicos
A Resolução Conama n. 358 (BRASIL, 2005b) define Resíduo Químico de Serviços de Saúde (RQSS),
como “material ou substância com característica de periculosidade, quando não forem submetidos a
processo de reutilização ou reciclagem, que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade”.
Compõem o grupo dos RQSS os seguintes materiais (BRASIL, 2005b): produtos hormonais,
antimicrobianos, citostáticos e antineoplásticos; imunossupressores, digitálicos, imunomoduladores e
antirretrovirais; resíduos saneantes, desinfetantes, desinfestantes, resíduos contendo metais pesados,
reagentes para laboratório e seus recipientes; efluentes de processamento de imagem, como os
reveladores e fixadores ou de equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas, além de
outros produtos tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos.
91
Unidade II
Vale ressaltar que entre os resíduos químicos citados anteriormente existem aqueles que são
considerados de alta periculosidade, por serem mais corrosivos, reativos, inflamáveis, tóxicos, explosivos
e radioativos. São compostos químicos de alta persistência e baixa biodegradabilidade, como bifenilas
policloradas (PCBs); trifenilas policloradas (PCTs); catalisadores gastos, não limpos e não tratados;
solventes; pesticidas de alta persistência; sais de cianato, nitritos; ácidos e bases; explosivos; cádmio e
seus compostos; mercúrio e seus compostos; substâncias carcinogênicas (FEEMA, 1990).
Devem ser consideradas todas as etapas de seu descarte com a finalidade de minimizar, não só
acidentes decorrentes dos efeitos agressivos imediatos (corrosivos e toxicológicos), como os riscos
cujos efeitos venham a se manifestar em mais longo prazo, tais como os teratogênicos, carcinogênicos
e mutagênicos.
A coleta desses tipos de resíduos deve ter periodicidade estabelecida e devem ser tratados antes de
descartados. Os que não puderem ser recuperados devem ser armazenados em recipientes próprios para
posterior descarte. No armazenamento de resíduos químicos, deve ser considerada a compatibilidade
dos produtos envolvidos, bem como a natureza e o volume.
Quando um laboratório adquire um produto químico no Brasil, o recipiente desse produto deve
possuir um rótulo contendo informações de acordo com o especificado na norma NBR 14725.
Agora, descreveremos a simbologia especificada na norma NBR 7500, além de discutirmos outras
maneiras de se especificarem as características de produtos químicos e contaminantes biológicos.
Rotulagem em fracionamentos
92
BIOSSEGURANÇA
Esses frascos podem representar um perigo, tendo em vista que o acúmulo de vários frascos pode
dificultar a identificação dos conteúdos pelo trabalhador.
Cada laboratório possui, especificado nas suas rotinas de trabalho, algum procedimento de rotulagem
de fracionamentos, porém algumas informações são fundamentais. Todos esses frascos devem conter
um rótulo com as seguintes informações:
• Nome do produto.
• Quem o preparou.
• Data de preparo.
• Data de validade.
Material contaminado
Todo material contaminado deve ser coletado em separado do lixo comum. Esse material deve ser
recolhido em sacos plásticos brancos com o símbolo de risco biológico. Esse símbolo é internacional e,
no Brasil, é reconhecido na norma NBR 7500:2003.
Saiba mais
Caso haja necessidade de armazenamento desses resíduos, estes devem ser depositados em baldes
de lixo que apresentem a indicação de lixo contaminado não autoclavado.
Resíduos líquidos devem conter a descrição da natureza do soluto e do solvente, com respectivas
concentrações. A informação deve ser a mais exata possível.
93
Unidade II
• Precaução: evitar contato com o ar, a formação de misturas inflamáveis gás-ar e manter
afastadas de fontes de ignição.
Saiba mais
Saiba mais
Tóxicos (T)
• Classificação: agentes químicos que, ao serem introduzidos no organismo por inalação, absorção
ou ingestão, podem causar efeitos graves e/ou mortais.
• Precaução: evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com
produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
94
BIOSSEGURANÇA
Saiba mais
• Classificação: a inalação, ingestão ou absorção através da pele provoca danos muito graves à
saúde na maior parte das vezes ou mesmo a morte.
• Precaução: evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com
produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
Saiba mais
Corrosivo (C)
• Classificação: esses produtos químicos causam destruição de tecidos vivos e/ou materiais inertes.
• Precaução: não inalar os vapores e evitar o contato com a pele, os olhos e o vestuário.
Saiba mais
Oxidante (O)
95
Unidade II
• Precaução: evitar qualquer contato com substâncias combustíveis. Perigo de incêndio. O incêndio
pode ser favorecido, dificultando a sua extinção.
Saiba mais
Nocivo (Xn)
• Classificação: agentes químicos que, por inalação, absorção ou ingestão, produzem efeitos de
menor gravidade.
• Precaução: evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com
produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
Saiba mais
Irritante (Xi)
• Classificação: esse símbolo indica substâncias que podem desenvolver ação irritante sobre a pele,
os olhos e o trato respiratório.
Saiba mais
96
BIOSSEGURANÇA
Explosivo (E)
• Classificação: agentes químicos que, pela ação de choque, percussão ou fricção, produzem
centelhas ou calor suficiente para iniciar um processo destrutivo por meio de violenta liberação
de energia.
Saiba mais
Diamante de Hommel
Essa simbologia foi proposta pela Associação Nacional dos EUA para Proteção contra Incêndios (NFPA),
por meio da norma NFPA 704 e é adotada internacionalmente.
Inflamabilidade
Riscos
específicos
97
Unidade II
Riscos à saúde
Riscos específicos
COR – Corrosivo
Inflamabilidade
4 – Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis (ponto de fulgor abaixo de 23 °C, gás propano)
2 – Substâncias que entram em ignição quando aquecidas moderadamente (ponto de fulgor abaixo
de 93 °C, diesel)
1 – Substâncias que precisam ser aquecidas para entrar em ignição (ponto de fulgor acima de 93 °C,
óleo de milho)
Reatividade
4 – Pode explodir
Exemplo
Se estiverem contidos em um frasco álcool etílico (cujos números referentes a riscos são azul = 0;
vermelho = 3; e amarelo = 0) e acetonitrila (azul = 2; vermelho = 3; e amarelo = 0), constata-se, por
meio desses números, que a substância mais perigosa delas é a acetonitrila e que os números com os
quais deve ser preenchido o diamante são os referentes a essa substância, mesmo que esteja presente
em menor quantidade no frasco. Como a acetonitrila não possui riscos específicos, o diamante deve
ficar da seguinte forma:
3
2 0
Prevenir incêndios é tão importante quanto saber apagá-los ou mesmo saber como agir
corretamente quando eles ocorrem. O início de incêndio e outros sinistros de menor vulto podem
deixar de transformar-se em tragédia se forem evitados e controlados com segurança por pessoas
devidamente treinadas. Na maioria das vezes, o pânico dos que tentam se salvar faz mais vítimas
que o próprio acidente.
Uma das principais providências que a Comissão Interna de Biossegurança pode tomar para
que qualquer acidente seja controlado é alertar todos os trabalhadores sobre as devidas precauções
quando ocorrer algum distúrbio ou tumulto causados por incidentes, como vazamentos de gás,
fumaça, fogo e vazamento de água.
99
Unidade II
O primeiro passo é detalhar em procedimentos operacionais padrões que deverão ser distribuídos
para todos os trabalhadores, contendo informações sobre todas as precauções necessárias, como os
cuidados preventivos; a conscientização sobre o planejamento de como atuar na hora do abandono
do local de trabalho; a indicação de medidas práticas sobre o combate e a retirada.
• Ponto de fulgor: temperatura (uma para cada combustível), na qual um combustível desprende
vapores suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas não em quantidade
suficiente para manter a combustão.
• Ponto de ignição: temperatura necessária para inflamar os vapores que estejam se desprendendo
de um combustível.
O fogo é um processo químico de transformação. Resulta de uma reação química que desprende luz
e calor devido à combustão de materiais diversos. Os elementos que compõem o fogo são combustível,
comburente (oxigênio), calor e reação em cadeia. Esse quarto elemento, também denominado
transformação em cadeia, vai formar o quadrado ou tetraedro do fogo (figura seguinte), substituindo o
antigo triângulo do fogo.
Calor
Reação
em cadeia
Comburente Combustível
100
BIOSSEGURANÇA
Partindo do princípio de que para haver fogo são necessários o combustível, o comburente e o
calor, formando o triângulo do fogo ou, mais modernamente, o quadrado ou tetraedro do fogo, quando
já se admite a ocorrência de uma reação em cadeia, para a extinção do fogo, basta retirar um desses
elementos. Com a retirada de um dos elementos do fogo, têm-se os seguintes métodos de extinção:
extinção por retirada do material, por abafamento, por resfriamento e extinção química.
Observação
Existem vários equipamentos que auxiliam no combate a incêndios. Os principais são os hidrantes,
os extintores e os sprinklers.
Os hidrantes são grandes sistemas de equipamentos interligados por tubulações. São compostos,
basicamente, por reservatórios de água, bombas de incêndio, tubulações, hidrantes, abrigos e registros
de recalque. O sistema de hidrantes tem como objetivo dar continuidade à ação de combate a incêndios
até o domínio e possível extinção.
Os extintores de incêndio são a melhor ferramenta para combater pequenos fogos, principalmente na
sua fase inicial. São equipamentos móveis, muitas vezes, portáteis, distribuídos em pontos estratégicos,
de modo que seja possível extinguir um princípio de incêndio nos primeiros minutos. Essa é a função
do extintor: apagar o incêndio no começo, quando ainda é pequeno. Contudo, depois que o incêndio se
alastrou, o extintor perde muito de sua eficiência.
101
Unidade II
• Classe A: usado em combustíveis que, quando queimam, deixam resíduos (madeiras, papel,
borrachas etc.). São indicados os extintores de água ou espuma.
• Classe B: usado em incêndios que não deixam resíduos. Esses combustíveis são, normalmente,
líquidos (álcool, gasolina etc.). São indicados os extintores de dióxido de carbono, espuma ou pó
químico seco.
• Classe C: usado nos incêndios em que a eletricidade é um elemento presente. Nesses incêndios,
o extintor tem uma carga de pó químico seco e gás carbônico.
Esse tipo de incêndio exige extintores com agentes especialmente produzidos para combatê-los,
pois se trata de um incêndio em que há metais pirofóricos.
Os pirofóricos são metais com capacidade de entrar em combustão. Um exemplo comum de material
pirofórico é a pedra de isqueiro, que, na verdade, é uma liga de ferro-cério que solta faíscas quando
atritada. Outros exemplos de pirofóricos: metais alcalinos e alcalino-terrosos, selênio, antimônio,
alumínio ou chumbo pulverizado, zinco, titânio, urânio e zircônio.
Para uma chama desse tipo, é necessário o uso de um extintor de classe D, abastecido com cloreto de
sódio, cujo ponto de fusão é em torno de 800 °C. Ao derreter, o cloreto de sódio recobre toda a superfície
e, após o resfriamento, impede a penetração de oxigênio, interrompendo a reação.
Observação
102
BIOSSEGURANÇA
Exemplo de aplicação
Texto 1. A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), no seu art. 3º, e a Lei dos
Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98), arts. 54 e 56, responsabilizam administrativa, civil e criminalmente
as pessoas físicas e jurídicas, autoras e coautoras de condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente.
Com isso, as fontes geradoras ficam obrigadas a adotar tecnologias mais limpas, aplicar métodos de
recuperação e reutilização sempre que possível, estimular a reciclagem e dar destinação adequada,
incluindo transporte, tratamento e disposição final.
Texto 2. De acordo com a RDC Anvisa n. 306/04 e a Resolução Conama n. 358/2005, são definidos como
geradores de RSS todos os serviços relacionados ao atendimento à saúde humana ou animal, inclusive
os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para
a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços
de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e
pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades
móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre outros similares.
Resolução
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os pacientes não são os geradores de RSS e não podem ser responsabilizados pela má
destinação dos resíduos.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: as faculdades da área da saúde são geradoras de RSS e precisam de coleta de lixo especial.
103
Unidade II
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Resumo
104
BIOSSEGURANÇA
105
Unidade II
106
BIOSSEGURANÇA
Exercícios
Tendo como base as características do mapa de risco fornecido, são apresentadas algumas afirmativas.
Interprete o mapa e use seus conhecimentos para avaliá-las.
I – Pode-se observar claramente que todos os tipos de risco estão representados no mapa.
II – Ferramentas como essa têm como objetivo conscientizar os profissionais que trabalham no local
sobre os riscos a que podem estar expostos; busca-se a participação dessas pessoas na elaboração do
mapa e na prevenção dos riscos existentes.
III – Apesar da ausência do risco ergonômico, todos os demais estão representados e apresentam a
mesma intensidade.
107
Unidade II
A) Apenas a I é correta.
B) Apenas a II é correta.
E) Nenhuma é correta.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: de fato, todos os tipos de risco estão representados no mapa, o que pode ser comprovado
pelas cinco cores dos círculos, ou seja, verde (riscos físicos), vermelho (risco químico), marrom (risco
biológico), amarelo (risco ergonômico) e azul (risco de acidente).
II – Afirmativa correta.
Justificativa: um mapa de risco serve como uma maneira de comunicação visual a todos os
frequentadores do espaço, no caso da figura, um laboratório, sobre os riscos aos quais estarão sujeitos.
O envolvimento de profissionais do próprio espaço na elaboração e na atualização dessa ferramenta
é importante porque são esses profissionais que conhecem os processos e as rotinas de trabalho, os
trabalhadores e as jornadas, os instrumentos e os materiais, além do próprio ambiente.
Justificativa: o risco ergonômico é indicado pela cor amarela dos círculos e a observação do mapa
permite a identificação desses elementos. Por sua vez, a intensidade dos riscos é representada pelo
tamanho dos círculos e pode ser pequena (círculo pequeno), média (círculo médio) e grande (círculo
grande). Sendo assim, pode-se observar que os riscos estão representados em duas intensidades
diferentes (pequena e grande), e não apenas em uma.
108
BIOSSEGURANÇA
Figura 27
Seu local de trabalho passou por um termo de ajustamento de conduta, e uma das modificações
implementadas foi a sinalização nos ambientes de trabalho. Em um deles, foi possível observar a placa
representada na imagem afixada em uma das paredes, próximo a alguns frascos. Trata-se do diamante de
Hommel, que, como já esperado, não revela qual é a substância contida nos frascos, mas informa todos
os riscos relacionados a ela como inflamabilidade, risco à saúde, riscos específicos e reatividade. Assim,
com base no exposto e em seus conhecimentos sobre essa simbologia, assinale a alternativa correta.
A) Quanto ao risco à saúde, trata-se de uma substância letal; quanto à inflamabilidade, corresponde
a gases inflamáveis ou líquidos muito voláteis; quanto à reatividade, é uma substância instável
se aquecida; quanto aos riscos específicos, trata-se de uma substância que não pode ser
misturada com a água.
B) Quanto ao risco à saúde, trata-se de uma substância letal; quanto à inflamabilidade, corresponde
a substâncias que entram em ignição à temperatura ambiente; quanto à reatividade, é uma
substância estável; quanto aos riscos específicos, trata-se de um reagente com a água.
C) Quanto ao risco à saúde, trata-se de uma substância não perigosa ou de risco mínimo; quanto
à inflamabilidade, corresponde a substâncias que não queimam; quanto à reatividade, é uma
substância que pode gerar reação química violenta; quanto aos riscos específicos, trata-se de um
oxidante forte.
D) Quanto ao risco à saúde, trata-se de uma substância levemente perigosa; quanto à inflamabilidade,
corresponde a substâncias que entram em ignição quando aquecidas moderadamente; quanto à
reatividade, é uma substância que pode explodir com choque mecânico ou calor; quanto aos
riscos específicos, trata-se de uma substância corrosiva.
E) Quanto ao risco à saúde, trata-se de uma substância levemente perigosa; quanto à inflamabilidade,
corresponde a gases inflamáveis ou líquidos muito voláteis; quanto à reatividade, é uma substância
que pode explodir com choque mecânico ou calor; quanto aos riscos específicos, trata-se de um
oxidante forte.
Análise da questão
As respostas baseiam-se na leitura da simbologia do diamante de Hommel. Para tanto, deve-se fazer
a análise da posição dos quadrantes e do símbolo usado em cada um. A figura a seguir resume os pontos
importantes. Os textos das alternativas foram elaborados utilizando-se uma descrição mais próxima
àquela empregada no livro-texto.
Figura 28
Sendo assim, a alternativa que corresponde às descrições corretas de cada risco representado na
simbologia é aquela que apresenta os elementos a seguir.
• Risco à saúde (azul com numeral 1): trata-se de uma substância levemente perigosa.
• Reatividade (amarelo com numeral 3): é uma substância que pode explodir com choque
mecânico ou calor.
110
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
CONTÁGIO. Direção: Steven Soderbergh. Estados Unidos: Warner Bros, 2011. 116 min.
EPIDEMIA. Direção: Wolfgang Petersen. Estados Unidos: Warner Bros, 1995. 127 min.
FÁBRICA de loucuras. Direção: Ron Howard. Estados Unidos: Paramount Pictures, 1986. 112 min.
Textuais
ABERGO. O que é ergonomia. [s.d]. Disponível em: https://url.gratis/jYTtQq. Acesso em: 17 jan. 2022.
ABNT. NBR 7500: símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.
Rio de Janeiro, 2001.
ABNT. NBR 9190: sacos plásticos para acondicionamento de lixo. Requisitos e métodos de ensaio.
Rio de Janeiro, 2002.
ABNT. NBR 14725-3: produtos químicos – informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte
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de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus
derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga
a Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória n. 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os
arts. 5º , 6º , 7º , 8º , 9º , 10 e 16 da Lei n. 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências.
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Informações:
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